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UNIDADE II

Estética

Profa. Bettina Brasil


Apresentação

 Trabalharemos nesta disciplina a transformação da estética ao longo do tempo e em


diferentes momentos da história da Filosofia, desde a Grécia, com Platão e Aristóteles, até a
era pós-moderna.

 Já passamos pelo entendimento da estética na Grécia, com Platão e Aristóteles, e agora


acompanharemos a visão da modernidade sobre a estética.
A Estética na Modernidade

 O Renascimento foi o primeiro grande movimento artístico, científico, literário e filosófico da


modernidade. Marcou a passagem da Idade Média para a Moderna.

 Após esse período, e com o início da Idade Moderna, surge o racionalismo, que marcará o
desenvolvimento da estética no período.

 Descartes e Espinosa são pensadores desse período.

 Acontece, nesse período, uma separação importante entre a


Ciência e a Filosofia.

 O Renascimento data de meados do séc. XIV até o séc. XVI.


A Estética na Modernidade

Rafael. A Escola de Atenas, 1509. Vaticano.


Fonte: Domínio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=63399941
A Estética na Modernidade

 O racionalismo é consequência da influência do pensamento europeu e o ideário de que a


ciência resultaria em respostas absolutas.

 Um período convicto da soberania do homem racional.

 Existia a crença de que o mundo poderia ser controlado uma vez estudado, categorizado,
organizado e entendido através das faculdades intelectuais.

 Ou seja, o controle e a ordem aperfeiçoariam a recente civilização moderna.


A Estética na Modernidade

 David Hume (1711-1776) trouxe para a Estética a teoria do gosto. Para ele, o belo depende
da capacidade sensitiva e racional do homem, que julga o que sente.

“O belo ainda existe, e só é possível de ser notado por meio de uma sofisticação das
“O belo ainda existe, e só é possível de ser notado por meio de uma sofisticação das
capacidades sensitivas e racionais do apreciador.” (SILVA, 2017)

 O julgamento da beleza dependeria da presença ou ausência


do prazer na mente, tendo assim um caráter subjetivo que,
influenciado pelas memórias e experiências de cada sujeito,
produziria diferentes julgamentos de belo e feio sobre os
objetos estéticos.
A Estética na Modernidade

 Hume afirma que não existe uma definição metafísica de arte.

 Para ele, a beleza não é uma qualidade das próprias coisas, existe apenas no espírito que as
contempla, e cada espírito percebe uma beleza diferente.

 Para Hume, não existe uma definição universal sobre o belo.

 Hume afirma que também o gosto é uma questão de hábito e que varia conforme a realidade
e experiência vividas.
A Estética na Modernidade

 No século XVIII, um problema ganha força, que é saber se o belo é sentimento subjetivo ou
objetivo, e os autores tentarão responder isso nas suas obras. Essa discussão ainda estava
viva na época em que Hume viveu.

 Hume, ao longo de sua obra, e contrariando os subjetivistas, busca o “Padrão do Gosto”,


mesmo admitindo a existência de certa variedade de gostos no mundo.

Hume se depara com uma pergunta que ainda é atual:

 Em que medida o fenômeno do gosto não está limitado ao


relativismo de sua variedade subjetiva e, do ponto de vista
filosófico, reivindica um critério objetivo e social expresso pelo
padrão do gosto?
Kant e o juízo do gosto

 Já para Kant (1724-1804), a concepção do belo só pode emanar do sentimento humano.


Os juízos estéticos são pura e somente frutos da experiência subjetiva dos indivíduos.

 Kant elabora sua teoria estética na obra Crítica do Juízo do Gosto (Crítica da Faculdade
do Juízo).

 É um marco na história do pensamento estético. Confirma e consagra o reconhecimento pela


natureza peculiar da experiência e sentimentos estéticos.

 E o reconhecimento fundamental da experiência estética no


sistema das realizações superiores do espírito.
Kant e o juízo do gosto

 Kant é bem conhecido pela sua trilogia crítica (Crítica


da Razão Pura [conhecimento], Crítica da Razão
Prática [moral] e Crítica do Juízo do Gosto [estética]).

 Para ele, captar, interpretar e compreender o objeto de


estudo é um método designado por ele como “Crítica”.

Immanuel Kant. Johann Gottlieb Becker (1720-1782).


Fonte: http://www.philosovieth.de/kant-bilder/bilddaten.html
Kant e o juízo do gosto

 Essa última obra é uma crítica do nosso poder de julgar e uma obra estética que trata da
apreciação e da criação do belo.

 Kant desenvolveu sua obra no meio da discussão entre empiristas e racionalistas, segundo
Noyama (2016, p. 126):

“Os racionalistas defendiam que a razão era inata e que a experiência não poderia promover o
conhecimento verdadeiro, e empiristas defendiam justamente o contrário, que somente a partir
da experiência se poderia iniciar uma caminhada que garantisse o alcance da verdade”.
Kant e o juízo do gosto

 Kant consegue colocar os dois pontos dessa discussão na sua teoria.

Hume: o
conhecimento
começa com a
experiência
Interatividade

Para Kant, a concepção do belo só pode emanar do sentimento humano. Os juízos estéticos
são pura e somente frutos da experiência subjetiva dos indivíduos. Partindo desse
pressuposto, é correto afirmar que:

a) Kant tem uma abordagem universalista na teoria do belo.


b) Kant tem uma abordagem racionalista na teoria do belo.
c) Kant tem uma abordagem essencialista na teoria do belo.
d) Kant tem uma abordagem dialética na teoria do belo.
e) Kant tem uma abordagem subjetivista na teoria do belo.
Resposta

Para Kant, a concepção do belo só pode emanar do sentimento humano. Os juízos estéticos
são pura e somente frutos da experiência subjetiva dos indivíduos. Partindo desse
pressuposto, é correto afirmar que:

a) Kant tem uma abordagem universalista na teoria do belo.


b) Kant tem uma abordagem racionalista na teoria do belo.
c) Kant tem uma abordagem essencialista na teoria do belo.
d) Kant tem uma abordagem dialética na teoria do belo.
e) Kant tem uma abordagem subjetivista na teoria do belo.
A intersubjetividade

 Kant traz o conceito da intersubjetividade para a relação entre juízo e conhecimento.

 A intersubjetividade é a percepção de si próprio como parte deste todo universal relacionado


com outros objetivos, através da representação do objeto ou do universo.

Para Santos (2008, p. 3):


“De tal forma que, se cada indivíduo, no seu ponto de vista, tiver consciência da perspectiva
dos outros em relação a ele mesmo, significa que a relação interna e subjetiva dos pontos de
vista logrou êxito”.
A intersubjetividade

 Kant discute na sua obra o problema do gosto, ou seja, que “cada um tem seu gosto” ou que
“gosto não se discute”.

 Dessa forma, o gosto não poderia servir de critério para o julgamento das obras de arte.
Todo o processo é individual e incomparável entre si.

 Esse pensamento resulta numa questão importante: como ser um avaliador de obras de
arte? Como dar universalidade a esse juízo?

 A resposta não envolve procedimentos lógicos ou científicos.


A intersubjetividade

 Kant afirma que a percepção da beleza é uma experiência estética.


A intersubjetividade

Chauí (2003, p. 282) explica isso de uma forma clara:

“A obra de arte é algo comunicável, aliás, só existe para comunicar-se, oferecendo-se à


sensibilidade dos receptores. Se o artista parte, espontaneamente, da comunicabilidade da
obra é porque, em seu íntimo, reconhece que sentimentos, ideias e opiniões são
compartilháveis. A experiência estética – tanto do lado do artista como do lado do público – é
comunicável e partilhável”.

 A ideia universal da razão é a mesma em todos nós.


 A sensibilidade tem a forma do espaço e tempo, e essas são
categorias universais do entendimento.
 A beleza é uma ideia universal da razão.
A intersubjetividade

 Em relação à particularidade, subjetividade da percepção, para Kant, o sujeito não tem


acesso às coisas tais como elas são em si.

 Nos apropriamos das coisas como elas chegam até nós. Para Kant, as pessoas têm contato
apenas com a aparição fenomênica das coisas tal como as percebemos.

 O objeto do conhecimento é justamente o fenômeno.

 Esse fenômeno deve ser acessível tanto para o sujeito como para todos os outros.
A intersubjetividade

 O que se representa é algo singular e particular, mas o que se


objetiva é que todo e qualquer sujeito possa representar os
elementos que formam o conhecimento da mesma maneira.
A intersubjetividade

 O juízo do gosto não aprofunda o conhecimento do fenômeno.

 O juízo do gosto é relativo à apreciação do objeto e remete à faculdade da imaginação,


distinguindo se algo é belo ou não.

 Assim, o juízo do conhecimento é objetivo, e o juízo estético é subjetivo.

 Para Kant, o sujeito percebe as coisas a partir das sensações e não pela formulação de
julgamentos racionalmente elaborados.
A intersubjetividade
A intersubjetividade

 A beleza percebida na contemplação de um objeto não é apenas pelo fato de o objeto ser
belo. Ela provoca um sentimento de caráter subjetivo, que é a sensação de prazer.

 Para Kant, um objeto não pode ser belo se o mesmo for aprazível apenas para um sujeito.

 Assim, qualquer indivíduo que contemple livremente um objeto terá a mesma condição de
prazer que outra pessoa.
A intersubjetividade

 O prazer estético é um prazer desinteressado, que é despertado em nós apenas mediante a


relação entre a nossa mente e uma representação.

 Na experiência estética, o nosso entendimento é incapaz de nos fornecer um conceito a


respeito do que experienciamos, resta apenas a intuição.

 O belo é um sentimento universal, possível de ser experimentado por outros,


na mesma condição.

 O belo vai forçar a universalização do juízo do gosto sem a


necessidade de conceitos ou de alguma finalidade.
A intersubjetividade

 Quando ele afirma que o belo agrada universalmente, está criando a ideia do senso comum
estético.

 Ele acredita que, ao compartilhar um objeto que causa prazer, a outra pessoa tem uma
sensação e um sentimento muito parecido com o primeiro indivíduo.

 Voltando ao conceito, para Kant, estética é o conhecimento sensível.

“Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem


entendimento nenhum objeto seria pensado. Pensamentos sem
conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas” (KANT. In:
WERLE, 2005, p. 135).
A intersubjetividade

 A sensibilidade é a capacidade de receber representações por meio do modo como somos


afetados pelos objetos.

 Não pode confundir a sensibilidade com o pensamento.


A intersubjetividade

 Kant, ao introduzir a explicação sobre o belo, mostra que este depende do gosto e é um juízo
reflexivo estético.

 O gosto, então, é relativo ao sujeito e sua capacidade de julgar sobre o que lhe é dado.

 O que lhe é dado lhe causa prazer.

 E esse prazer é um sentimento pautado na faculdade cognitiva do sujeito em relação


ao objeto.
O sublime

 Enquanto o belo só pode ser referido a um objeto com forma, o sublime pode ser provocado
por um objeto sem forma.

 O belo provoca prazer, e o sublime provoca admiração e respeito.

 O belo provoca uma contemplação positiva, e o sublime provoca sentimentos negativos.

 “Todos nós já passamos por uma situação na qual a evidência de nossa pequenez nos fez
respeitar ou temer algo absolutamente maior que nós” (NOYAMA, 2016, p. 132).
Interatividade

Para Kant, um objeto não pode ser belo se o mesmo for aprazível apenas para um sujeito.
Assim, qualquer indivíduo que contemple livremente um objeto terá a mesma condição de
prazer que outra pessoa. Com isso, o belo, para Kant, é:

a) Subjetivo.
b) Universal.
c) Racional.
d) Ao mesmo tempo subjetivo e universal.
e) A verdade.
Resposta

Para Kant, um objeto não pode ser belo se o mesmo for aprazível apenas para um sujeito.
Assim, qualquer indivíduo que contemple livremente um objeto terá a mesma condição de
prazer que outra pessoa. Com isso, o belo, para Kant, é:

a) Subjetivo.
b) Universal.
c) Racional.
d) Ao mesmo tempo subjetivo e universal.
e) A verdade.
Hegel

 Hegel (1770-1831) é um dos filósofos mais influentes e complexos da Filosofia.

 Pretendeu estabelecer um sistema que abrangesse problemas filosóficos de todas as


esferas, religião, ciência, política, conhecimento, ética, direito e moral.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel.


Fonte: http://portrait.kaar.at/
Hegel

 A grande variedade de sistemas filosóficos e muitas vezes contraditórios entre si foi o


motivador para Hegel propor seu próprio sistema, que fosse capaz de abranger todos os
problemas filosóficos.

 Hegel pretende mostrar, na sua obra, o que merece de fato o título de Filosofia.

 Seus estudos sobre estética são resultado de registros de suas aulas na Universidade de
Berlim, entre 1820 e 1830.
Hegel

 O sistema filosófico de Hegel consistiu em descrever a história da Filosofia por analogia


estética: como a apresentação em diversas formas de uma única e mesma ideia.

 A crítica da arte também se torna modelo da crítica filosófica: do mesmo modo que a obra de
arte é representação de uma verdade ideal numa forma sensível, assim também a tarefa da
crítica consiste em desvendar a ideia do fenômeno (manifesto).

 O manifesto pode mudar em cada sistema filosófico, mas o núcleo racional deve ser o
mesmo em todo aquele sistema que mereça o título de Filosofia.
Hegel

 Interessante que Hegel começa a propor o seu sistema alegando que os sistemas filosóficos
até então eram contraditórios, e ele gostaria de propor um sistema que respondesse todos
os fenômenos filosóficos.

 Mas ele chega a entender que essa contraditoriedade, na verdade, é aparente, porque cada
pensador propõe o seu sistema à luz de sua época e das discussões que vivencia.

 Hegel apresenta sua obra na contracorrente de todas as teorias


da estética do sentimento e subjetividade do gosto, ao
reafirmar a objetividade do belo e a possibilidade do
reconhecimento racional do mesmo.
Hegel

 Hegel inicia seu percurso de pensamento sobre estética investigando a estética


como ciência.

 Nesse ponto, ele é influenciado por outros autores, como Kant e Schiller, discutindo a beleza
no campo da filosofia da história.

 Para Hegel, a filosofia estética de Kant reconhece a possibilidade de unificação entre espírito
e natureza através da arte.

 Mas também pensa que é uma limitação, pois essa mesma


teoria fica presa à contradição do sujeito e objeto.
Hegel

 Para Hegel (na Fenomenologia do Espírito), a ideia do belo (que, para ele, é a verdade)
apresenta uma evolução interna, ligada à evolução histórica.

 A diferença entre estética e Filosofia será o fato de que a estética continuará sendo pensada
como a ideia do verdadeiro, numa forma exterior a ele.

 Enquanto que a Filosofia se tornará a expressão da ideia no pensamento, na forma


mais pura.

 Ele também afirma que o termo “Estética” é insuficiente para


tratar da beleza no âmbito da arte.
Hegel

 Hegel afirma que a ciência das sensações tem limites e que está restrita às sensações que
um objeto artístico pode provocar.
Hegel

 Essa ciência teria limites, para Hegel, porque ela não diferencia essas sensações
provocadas pelo objeto artístico das sensações provocadas pela natureza, e isso seria,
então, um problema para ele.

 Dessa discussão resulta a proposta de uma nova nomenclatura: “a autêntica expressão para
nossa ciência é, porém, filosofia da arte ou, mais precisamente, filosofia da bela arte”.

 Hegel exclui o belo natural de suas investigações artísticas.


Hegel

 Hegel justifica diferenciando o belo.


Hegel

 Para Hegel, a beleza artística é superior à beleza natural.

“Ao citar que a beleza artística é nascida do espírito, Hegel pretende dizer que ela é uma
construção e, como tal, tem como principal característica o fato de ser resultado de um
processo de superação e conservação entre espírito e natureza, isto é, entre o homem e a
realidade. Esse processo, necessariamente dialético, faz com que o espírito sempre acumule
mais experiências e forme uma consciência ciente destas, compreendendo-as e refletindo
sobre elas. Segundo Hegel, essa característica já é suficiente para declarar a arte como
superior à natureza, pois a natureza não tem consciência e sua criação não é resultado de
um processo dialético.” (NOYAMA, 2016, p. 147)
Hegel

 Ou seja, para Hegel, diferente do que Platão afirmou, um desenho do Sol, qualquer desenho
que seja, será necessariamente mais belo que o próprio Sol, porque a reflexão do desenhista
sobre o objeto natural confere sua superioridade diante da natureza.

 Dessa forma, percebemos a importância que Hegel dá para a razão.

 A partir dessa racionalidade que Hegel chega à tese do “fim da arte”.

 Essa tese tem três sentidos.


Hegel

Os sentidos da ideia do “fim da arte”:

1. O fim da arte pode ter acontecido na própria Grécia Antiga. Foi o último cenário da arte
intuitiva da realidade humana.
2. Na Grécia Antiga, a arte representava conteúdos imagéticos aceitos universalmente, como
os deuses.
3. A partir da evolução do espírito e do saber científico, ficou mais importante a discussão e
investigação estética do que a própria obra de arte.
Hegel

 Para Hegel, a beleza artística é única e quanto mais as produções se situam acima da
natureza, mais a beleza artística se eleva acima da beleza natural.

 A caracterização da beleza como a verdade racional, controlada pelo sujeito, é superior à


natureza em si.

 O momento central da estética do belo é a ideia, cabendo ao elemento sensível ser apenas
um meio no qual a verdade se torna perceptível.

 O belo é a ideia enquanto unidade imediata do conceito e de


sua realidade e, portanto, é verdadeiro.
Interatividade

Hegel exclui o belo natural da sua investigação estética, porque:

a) O belo natural é uma ideia universal.


b) O belo natural não tem consciência da sua existência.
c) O belo artístico é uma ideia universal.
d) O belo artístico imita a natureza.
e) O belo natural é a essência do belo.
Resposta

Hegel exclui o belo natural da sua investigação estética, porque:

a) O belo natural é uma ideia universal.


b) O belo natural não tem consciência da sua existência.
c) O belo artístico é uma ideia universal.
d) O belo artístico imita a natureza.
e) O belo natural é a essência do belo.
Hegel

 Para Hegel, o belo é a ideia enquanto unidade imediata do conceito e de sua realidade e,
portanto, é verdadeiro.

 Ou seja, a ideia é denominada bela na sua manifestação sensível.

O belo se determina como aparência sensível da ideia,


resultando na coincidência da beleza e da verdade.

 A ideia é a verdade, e tudo que chamamos de verdadeiro é, na


medida em que existe, segundo a ideia.
Hegel

 Para Hegel, a obra de arte é o primeiro elo intermediário entre o que é meramente exterior,
sensível e passageiro e o puro pensar.

 Por sua vez, o belo é a ideia enquanto unidade do conceito e da sua realidade e, portanto, o
verdadeiro.

 Ao contrário, tudo que existe tem, por isso, apenas verdade na medida em que é uma
existência da ideia.

 Então, tudo o que existe só possui verdade na medida em que


existe como ideia.
Hegel

 A arte como tal tem por objetivo a apresentação da verdade.

 Mesmo com a apresentação da verdade enquanto manifestação do espírito invocada pela


arte, essa verdade não atinge a forma plena.

 Isso acontece porque a verdade é sempre histórica.

 Dessa forma, a arte deve ser a apresentação sensível da verdade, ingressada na esfera
da historicidade.
Hegel

 Considerando que a ideia é a verdade, mesmo se a verdade é apresentada sob a forma de


fenômenos sensíveis (obras), Hegel atribui a esses fenômenos uma realidade bem mais
elevada e um devir bem mais verdadeiro do que a realidade cotidiana.

 A superioridade da arte é relacionada com a capacidade dela em exprimir, adequadamente e


de maneira sensível, a verdade da ideia.

 Interessante perceber que, em Hegel, a arte tem por objetivo a apresentação da verdade,
porém a apresentação da verdade, enquanto manifestação do espírito, não atinge sua forma
plena na arte.
Hegel

 Isso acontece, porque, para Hegel, a verdade é sempre histórica.

 A partir daqui, a arte, para Hegel, possui uma mesma e idêntica meta que a religião e
a Filosofia.

 Porém, quando a arte atinge sua forma ideal, ela percebe que não é o meio de expressão
mais adequado da ideia.

 E, portanto, é inferior à representação do divino pela religião e da ideia pela Filosofia.

 A partir daí, ele coloca uma hierarquia para que a arte se


autossupere.
Hegel

Os três momentos para essa autossuperação são:


 simbolismo;
 classicismo;
 romantismo.

Os meios para essa autossuperação são:


 arquitetura;
 escultura;
 pintura;
 música; e
 poesia.
Hegel

 Quando Hegel apresenta os três momentos da arte, ele introduz a historicidade nela.

 Ele também revela, nessa divisão, o sistema filosófico da totalidade, nos três tempos do
processo de vir a ser, que é o procurar, atingir e superar a ideia como verdadeira ideia
do belo.
Hegel

 A arte começa sendo simbólica – e essa é uma forma imperfeita.

 A arte simbólica, por representar a verdade de maneira inferior, ou seja, simbólica, é a forma
mais abstrata e a menos elevada.

 Esse simbolismo tem sua autossuperação na arte clássica. Na arte clássica se atinge a
beleza perfeita pela adequação perfeita entre forma e conteúdo, entre apresentação sensível
e ideia.

 O limite da arte clássica é o fato de que essa representação


permanece na ordem da estética, da sensibilidade.
Hegel

 A forma romântica é a superação do clássico: pois não supõe mais divisão entre o finito e o
infinito no mundo exterior. É a arte interiorizada.

 A partir dessa hierarquia, percebe-se que a arquitetura é a arte menos elevada, pois
depende da matéria corpórea para se representar.

 A escultura, por sua vez, deixa de ser somente mecânica para dar forma e individualidade, e,
por isso, a escultura supera a arquitetura.

 A pintura pode apresentar formas para além da espacialidade


física.
Hegel

 A música é o primeiro gênero artístico estético que consegue se desvincular totalmente da


espacialidade. Essa arte atinge um grau mais profundo de subjetividade, pois o som se
encontra no espaço.

 A poesia, por sua vez, atinge o sentimental através do som, e também é dotada de
significado, representando mais autenticamente a ideia.

 Por fim, para Hegel, a poesia é a arte que aspira a história da estética, onde desaparece a
pura sensibilidade para dar lugar à espiritualidade.
Hegel

Por fim, considerando a trajetória da arte, percebemos que:

 Para os Antigos, a obra é entendida como um microcosmo – o que permite pensar que exista
fora dela, no macrocosmo, um critério objetivo e substancial do belo.

 Para os Modernos, a obra só ganha sentido em referência à subjetividade, vindo a se tornar.

 Para os Contemporâneos, a obra é expressão pura e simples


da individualidade: estilo absolutamente singular que não quer
ser mais em nada um espelho do mundo, mas sim a criação de
um mundo, o mundo interior do qual se move o artista e no qual
temos, sem dúvida, permissão de ingressar, mas que de modo
algum se impõe a nós como um universo a priori comum
(REZENDE, 2009).
Interatividade

O belo tem uma evolução histórica, assim como uma hierarquia nas obras de arte.
Segundo Hegel, a hierarquia da obra de arte mostra que:

a) A arquitetura é a arte mais elevada, porque depende da matéria corpórea, ou seja, do


fenômeno, para se representar.
b) A escultura é a arte mais elevada, porque dá forma à individualidade.
c) A pintura é a arte mais elevada, porque não precisa de espaço para transmitir sua ideia.
d) A música é a arte mais elevada, porque toca o sentimento das pessoas, mesmo na
ausência do espaço.
e) A poesia é a arte mais elevada, porque atinge o sentimento
não só pelo som, mas também pelo significado.
Resposta

O belo tem uma evolução histórica, assim como uma hierarquia nas obras de arte.
Segundo Hegel, a hierarquia da obra de arte mostra que:

a) A arquitetura é a arte mais elevada, porque depende da matéria corpórea, ou seja, do


fenômeno, para se representar.
b) A escultura é a arte mais elevada, porque dá forma à individualidade.
c) A pintura é a arte mais elevada, porque não precisa de espaço para transmitir sua ideia.
d) A música é a arte mais elevada, porque toca o sentimento das pessoas, mesmo na
ausência do espaço.
e) A poesia é a arte mais elevada, porque atinge o sentimento
não só pelo som, mas também pelo significado.
Referências

 CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Afiliada, 2003.


 HEGEL, G. W. F. A fenomenologia do espírito. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os
Pensadores).
 KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. Tradução: Valério Rohden e Antônio Marques. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1993.
 NOYAMA, S. Estética e filosofia da arte. Curitiba: InterSaberes, 2016.
 REZENDE, C. C. O momento hegeliano da estética: a autossuperação da arte. Kinesis, v. 1,
n. 1, p. 12-21, 2009.
 SANTOS, R. E. Sobre o lugar do juízo do gosto na estética kantiana. Revista Estética e Arte,
n. 3, v. 3, p. 1-12, 2008.
 SILVA, R. A. Caminhos da filosofia. Curitiba: InterSaberes,
2017.
 WERLE, M. A. O lugar de Kant na fundamentação da estética
como disciplina filosófica. DoisPontos, Curitiba; São Carlos, v.
2, n. 2, p. 129-143, 2005.
ATÉ A PRÓXIMA!

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