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Licenciatura: Filosofia
Introdução
Agostinho de Hipona, (354 d.C. - 430 d.C., Argélia) era um homem da igreja com
inquietações, nas suas obras há soluções a problemas e críticas aos pensadores
Maniqueus1 a sua primeira influência, seguindo-se o neoplatonismo e só depois de tornou
cristão acabando por criar a sua própria abordagem à filosofia.
Nos anos de 380/381 d.C. Agostinho de Hipona, era professor de Artes Liberais
em Cartago, e terá elaborado um tratado de estética perdido denominado “De pulchro et
apto”2, contudo apenas nas “Confissões” verifica-se o interesse do autor pela estética.
1 Maniqueus são adeptos do maniqueísmo – filosofia religiosa criada e divulgada por Maniqueu (filósofo cristão do
século II) que divide o mundo entre o Bem (Deus) e o Mal (Diabo), ao contrário de Agostinho que acreditava que o
universo é UNO e bom.
2 Trad: Sobre o belo e o conveniente
Desenvolvimento
Capítulo I
Para Platão, a cura da alma envolve o “conhecer-se a si mesmo” numa jornada por
intermédio do autoconhecimento, o “conhece-te a ti mesmo”, é condição para a vida
virtuosa.
Para Plotino, o mundo é o melhor dos seres corpóreos, é uno e composto por
harmonia, os que erram são aqueles que ignoram o mundo incapacitados ao ponto de não
compreenderem a beleza. O mundo sensível é o último reflexo do uno, é sombra e reflexo
do mundo inteligível. A beleza é ideia, é algo interior que faz parte da alma e do espírito.
O amor ao belo, a busca da sabedoria e o aperfeiçoamento das virtudes cívicas convertem
o ser humano, purifica-o e liberta-o.
Na tese estóica, o que confere beleza (o que é belo) é a sua proporção, ordem e
simetria, Plotino nega essa ideia e apresenta cinco argumentos refutando a ideia estóica,
porém Agostinho concilia a perspetiva de Plotino com a perspetiva estóica.
3
Platão foi um filósofo e matemático fundador da Academia, nasceu e morreu em Atenas, foi seguidor de
Sócrates, e mestre de Aristóteles.
4
Plotino foi um filósofo grego, neoplatónico, nasceu no ano de 205 em Licopólis e morreu no ano de 270
no Egipto, foi aprendiz de Amônio Sacas, e mestre de Porfírio.
– Aristóteles defendia que a beleza resultava da harmonia das partes do objeto estético
entre si e em relação ao todo – que se observa entre as diferentes partes.
Há inúmeras belezas criadas por Deus, mas a essas juntam-se tantas outras criadas
por artistas e mesmo quando apreciamos essas (criadas por artistas), estamos mesmo
assim a apreciar a obra de Deus, contudo para Agostinho todas as coisas concebidas
devem ser valorizadas, pois todas as coisas são belas.
Para Agostinho, cada um dos seres era isoladamente bom, mas em conjunto será
ainda melhor, ou seja o corpo na sua integridade é mais belo do que os seus membros,
contudo cada membro do corpo tem uma beleza própria.
Capítulo II
5 “Amamos por acaso algo que não seja belo? E o que é o belo, o que é a beleza? O que nos atrai e nos liga ao objeto
que amamos? Se não tivesse harmonia e encanto não seriamos atraídos. Eu via e observava, então que num corpo, uma
coisa é a beleza no seu todo, e outra é a sintonização com outros corpos, e isso é harmonia, tal como a parte em relação
ao todo, o calçado em relação ao pé e coisas semelhantes. Essa consideração brotou-me no espírito, do fundo do
coração, e por isso escrevia alguns livros, não sei se dois ou três, sobre a beleza e a harmonia. Sabes ó Deus, por que
os esqueci e não mais os possuímos. Eles me desapareceram, não sei como.” (Confissões, IV, 13,20)
Também no seu livro “Confissões” desta vez no livro X6, Agostinho mostra que é
um esteta cuidadoso, emocionado e agitado pela beleza e diversidade das formas
particularmente com o brilho das cores, a luz é a rainha das cores, pois está sempre
presente e encontra-se manifestada num dos nossos sentidos, a visão. A luz, rainha das
cores, divulga a luz invisível que vem do criador de tudo e de todas as coisas belas –
Deus, para o autor, não chega sermos providos de olhos, temos de partir da luz visível
que ilumina o mundo para encontrar a luz invisível, única luz.
Agostinho coloca a beleza no objeto, mas concluí que apenas o espírito com
brilho/iluminado, a pode aproveitar realmente, isto é só o coração cheio de graça é que a
pode apreciar e deliciar-se com ela, sem cair por engano numa ilusão.
6 “Os olhos amam a beleza e variedade das formas, o brilho luminoso das cores. Oxalá tais atrativos não me acorrentem
a alma.”
7 Agostinho acredita que Deus cria a matéria informe ex nihilo, que tem a capacidade para arrecadar forma pela
conversão a si. A beleza da criação é inerente à sua existência, desde o momento da sua criação.
8 Trad.: Números
Conclusão
Para o Bispo de Hipona tanto a audição como a visão são sentidos fundamentais,
universais e superiores aos outros, isto porque permitem-nos observar a beleza, pois tanto
a visão como a audição são capazes de compreender a beleza segundo normas
matemáticas e racionais.
Deus por sua natureza é belo, pois é o criador de todas as coisas belas, é a Suma
Beleza, enquanto UNO é a fonte da unidade de todas as coisas onde há unidade,
proporção, equilíbrio, simetria e ritmo.
A vivência estética está presente em todas as artes liberais unida pela beleza,
beleza essa que é uma revelação do divino, e estimulados por essa beleza encontraremos
a beleza de deus, ou seja, o Sumo Belo é uma manifestação das belezas da criação.
Bibliografia