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E SUAS APLICAÇÕES
INTRODUÇÃO
BELEZA E BEM
O conceito clássico de Beleza corresponde historicamente ao conceito grego de
Beleza, que caracterizou as obras de arte dos diferentes períodos da história cultural
europeia até finais do século passado, sejam elas clássicas, barrocas, ou românticas,
apesar de concretizarem esse ideal de diferentes formas ou estilos. Na arte os exemplos
mais paradigmáticos do conceito clássico de beleza são as estátuas Apolo de Belvedere
e a Vénus de Milo, uma escultura toda feita de simetria e de harmonia de formas, de
completude, integridade, equilíbrio, intelectualidade, racionalidade, expressando
serenidade e dignidade. É uma arte não imprecisa, não caótica ou abstrata, antes pelo
contrário : muito definida, clara, ordenada, que corresponde aliás ao espírito de clareza
do humanismo grego em que a luz vence as trevas, a razão o obscurantismo, o limitado
o ilimitado, a democracia a tirania, a Filosofia o Mito.
A arte grega seguia regras de harmonia, proporção, e ordem, fazendo jus ao seu
conceito de beleza . Dado que a beleza é ordem, e o bem é a ordem que preside ao nosso
comportamento do ponto de vista ético, os Gregos associavam estética e ética, neste
caso beleza e bem, pois segundo eles o que é belo é bom, e o que é bom é belo. O ideal
grego de beleza não é apenas estético mas ético, dado que a aspiração à beleza é
também uma aspiração à virtude, à excelência humana, entendida como perfeição
simultaneamente física, cívica e moral. Esta conceção clássica de beleza vai-se refletir
nas próprias conceções filosóficas, sendo Platão o seu grande representante. Este
filósofo não dedica nenhuma obra específica à estética, mas em muitas das suas obras
refere-se a este tema, sendo as suas obras Fedro, e O Banquete, aquelas em que ele
expõe os aspetos principais a esse respeito.
Quando Platão fala do belo está-se a referir à ideia de belo em si mesmo, tomado
como essência, e portanto trata-se do belo com as mesmas características que atribui às
outras ideias : imutável, eterno, incriado, imperecível, absoluto. Na sua obra Fedro
considerava que a beleza era a ideia (forma) acima de todas as coisas, incluindo de todas
as ideias. 1A ideia de belo distingue-se das coisas que, apesar de serem belas, não
passam de cópias ou sombras dessa ideia. O belo ideal está na origem de todas as
formas de beleza que podem ser percecionadas nas coisas do mundo sensível. Se o belo
existe no mundo inteligível, e se o homem vive no mundo sensível, coloca-se a questão
de saber como se atinge esse belo absoluto, superior a todas as formas de beleza
particular. No Banquete Platão fala duma dialética ascendente que conduz ao belo
1
Platão, Fedro, Lisboa, Ed. Guimarães Editores, 1998.
inteligível, começando a pessoa por se sentir-se atraída por belos corpos (constituindo o
amor a concretização dessa atração), depois pelas belas almas, e por fim pelas belas
ciências, conduzindo-se assim, numa dimensão intelectual, para a beleza em si. 2 Esta é
dada pela contemplação do belo ideal em toda a sua plenitude, funcionando este no
mundo inteligível como arquétipo da beleza das coisas existentes no mundo sensível. A
beleza das coisas deveria levar o Homem a contemplar e a aspirar à beleza em si
mesma, que existe no mundo das ideias. Por conseguinte, estamos perante uma
conceção de beleza apriorista, transcendente, absoluta, universal, perfeita, e de caráter
ético.
Também em Aristóteles surgem referências dispersas sobre a beleza. Para este
autor, “uma coisa é bela se não se lhe pode acrescentar nem tirar nada”, 3 o que está de
acordo com o ideal de completude e de proporção da conceção clássica de beleza.
Assim, o belo revela-se por exemplo na tragédia, dado que esta apresenta uma certa
unidade de conjunto. Toda a ação se desenrola segundo um plano de continuidade em
que as peripécias ocorrem em momentos exatos, determinados pela estrutura global da
representação. A ordem, a grandeza, a simetria e a unidade são os ingredientes
constitutivos do padrão de beleza a partir do qual Aristóteles julga a beleza nas pessoas,
nas coisas, e nas ações humanas. Aristóteles também viu uma relação entre a beleza e a
virtude, afirmando que “a virtude tem como objetivo a beleza”.4
Portanto, quer em Platão quer em Aristóteles a arte deve ir para além da
realidade, afastando-se dos aspetos sensíveis e particulares das coisas, procurando um
grau superior de perfeição. As personagens devem ser mais belas do que as reais,
aproximando-se do modo universal, absoluto e ideal. Porém, a beleza universal de
Aristóteles não se confunde com a ideia de beleza que Platão faz residir na esfera
transcendental do mundo inteligível. O belo de Aristóteles é ideal também, mas reside
na razão humana que o extrai das coisas, é nelas que o Homem tem de o procurar. Já
não se trata de uma ascese platónica mas de um trabalho intelectual.5
A filosofia medieval, embora marcada por Aristóteles, foi também
profundamente marcada pelo Cristianismo, por isso a estética aliou aos elementos da
conceção clássica outros elementos oriundos das conceções da teologia cristã. Para
Santo Agostinho a beleza sensível exalta a beleza divina, a beleza do mundo é uma
2
Platão, O Banquete, Coimbra, Ed. Atlântida Editora, 1968, pp.94-96.
3
Aristóteles, Ética a Nicómaco ,8,5, 1106 b 9, Lisboa, Ed. Quetzal Editores, 2004, p. 15.
4
Idem, p. 34.
5
Aristóteles, Poética, Lisboa, Ed. Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1984.
emanação e um reflexo da beleza de Deus, com o qual Santo Agostinho identificava a
própria beleza, quando por exemplo afirma : “Tarde Te amei, ó Beleza tão nova e tão
antiga, tarde Te amei“, a propósito da sua conversão a Deus.6
Mas o mais significativo representante da filosofia estética medieval foi São
Tomás de Aquino. Na sua obra Summa Teológica distingue como características da
beleza a integridade, a justa proporção e a claridade, o que está de acordo com o ideal
clássico de beleza, e a sua associação ao bem. Para São Tomás de Aquino o belo é algo
de racional, de puramente formal. Ao considerar a beleza existente nas coisas do mundo
exterior, refere-se sempre a uma beleza formal, abstrata, intelectualizada, a uma
proporção que lhes é inerente e que tem de ser captada a nível intelectual, e a sua
fruição pelo sujeito traduz-se num prazer puro, sem desejo, sem nada ter a ver com
qualquer forma de prazer sensível, constituindo antes uma pedagogia capaz de
aproximar o Homem de Deus, pois toda a beleza é uma criação divina.7.
No âmbito da associação da beleza ao bem, mais especificamente à virtude, há
também que referir Hegel, com o seu conceito de alma bela, referindo-se a uma
consciência que “vive na ânsia de manchar com a ação e com o existir a honestidade do
seu interior”,8 exprimindo-se somente com palavras, e que se deseja agir perde-se em
absoluta inconsistência. Esta associação entre beleza e bem (no sentido ético), é herdeira
dos ideais estéticos clássicos que impregnaram profundamente a cultura alemã a partir
do século XVIII, através de pensadores como Goethe, Lessing, e Schiller, autores estes
marcados profundamente pelo ideal grego duma indissociação entre o belo e o bem.
Estes autores desenvolveram a ideia segundo a qual a verdadeira beleza, a beleza ideal,
não se dá sem nobreza de alma. Usa-se aqui a palavra belo para descrever a dimensão
moral das pessoas, nomeadamente as suas boas ações. No nosso tempo existem autores
com posições semelhantes, nomeadamente a tentativa de fazer da virtude enquanto
encarnada na forma humana, um aspeto central da experiência da beleza.9
Esta conceção encontra-se também presente no senso comum, quando se tende
direta ou indiretamente a associar a beleza à bondade. Existe uma certa tendência para
ver as pessoas boas como belas, e as pessoas que têm má personalidade, que são
desagradáveis nos seus comportamentos, suscitam a tendência para serem vistas como
6
Santo Agostinho, Confissões , Livraria Apostolado da Imprensa, Braga,1990.
7
São Tomás de Aquino, Suma Teológica, Porto Alegre, Ed. Escola Superior de Teologia São Lourenço
de Brindes, 1980-81, p.87.
8
Hegel, Fenomenologia do Espírito, VI,C.c., Petrópolis, Ed. Vozes, 2002.
9
Ver David E.Cooper, “Beautiful People, Beautiful Things”, in British Journal of Aesthetics, London,
2008, pp.247, 260.
não belas ou menos belas. A beleza é vista como inseparável da bondade, e aquele que
faz qualquer coisa de bom faz ao mesmo tempo qualquer coisa de belo, por isso diz-se
de uma boa ação que é um bela ação, e diz-se também que a pessoa que a realiza tem
beleza interior.
Mas não é apenas no senso comum que existe a associação entre a beleza e o
bem. Entre os filósofos, Kant é um dos melhores exemplos, ao classificar a prática do
bem no sentido moral, de acordo com as categorias do belo e do sublime. Na sua obra
Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, isso sucede várias vezes.
Apresentamos apenas alguns exemplos no que diz respeito à beleza : “(…) a gentileza é
a beleza da virtude (…) a cortesia e a delicadeza são belas”10, (…) “uma certa ternura
que facilmente conduz a um caloroso sentimento de compaixão, é bela” 11, (…)
“somente subordinando a sua inclinação particular a esta inclinação tão ampla podem
aplicar-se de forma apropriada os nossos impulsos bondosos, e gerar o nobre
comportamento que constitui a beleza da virtude”,12 (…) “a bondade é uma condição
bela e sensível do coração”.13
Todavia, louvar a bondade e outras virtudes classificando-as como belas, é algo
que mudou muito no nosso tempo, dado que sobrepondo-se à tendência para ver uma
pessoa como bela pelo facto de ser boa (no sentido moral), hoje existe mais a tendência
para ver uma pessoa como boa pelo facto de ser bela. Em vez de ser considerada bela
por ser boa (apesar desta consideração não ter perdido seu valor), atualmente a
tendência predominante é considerar-se uma pessoa boa por ser bela. Na sociedade de
hoje, pautada exageradamente pela aparência, o critério estético é cada vez mais
determinante para se escolher uma pessoa, não apenas para uma relação amorosa, mas
para as relações humanas em geral, especialmente para o mundo laboral, como se isso
só por si fosse indicador de uma pessoa com qualidades.
Os inquéritos de Psicologia Social confirmam-no : a inteligência, a gentileza, a
boa educação, são associadas à beleza. Em suma, “o que é belo é bom”, como o
resumem Jean-Yves Badouin, e Guy Tiberghien, autores de um estudo sobre as
representações sociais da beleza e dos estereótipos a ela associados.14 A história das
10
Kant, Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, capítulo 2 (“Das qualidades do sublime e
do belo no homem em geral”), Lisboa, Ed. 70, 2012, p. 37
11
Idem, Ibidem, p. 42
12
Idem, Ibidem,
13
Idem, Ibidem, p. 46
14
Jean-Yves Badouin, e Guy Tiberghien, Ce qui est beau… est bien. Psychosociobiologie de la beauté ,
Grenoble, Ed. Presses Universitaires de Grenoble, 2004. Ver também Karen Dion, Ellen Berscheid, e
Elaine Walster, “What is beautiful is good”, in Journal of Pesrsonality & Social Psychology, vol. XXIV,
representações da beleza e do feio confirmam-no. Desde sempre, o imaginário sobre o
feio foi associado ao mal, em correspondência com os monstros, o diabo, o perverso, o
doente. O feio era considerado como algo maléfico, e conduzia à repulsa e ao medo, e a
beleza ao que é bom.15
Porém, quer a tendência para ver uma pessoa como bela pelo facto de ser boa,
quer a tendência para ver uma pessoa como boa pelo facto de ser bela, não
correspondem à realidade dos factos, pois como sabemos, nem todas as pessoas boas
são belas, e nem todas as pessoas belas são boas (em termos de comportamento moral e
de aparência física). Podemos aplicar o conceito de bela alma, ou de beleza interior,
mas apenas em termos morais, aplicando o termo beleza em sentido figurado, e não
porque a pessoa seja fisicamente bela.
Determinados autores contestaram a ligação entre beleza e bem, como por
exemplo Óscar Wilde, para quem o modo de vida estético, no qual o supremo valor é a
beleza, opunha-se à vida virtuosa, e portanto ao bem (no sentido moral). Por exemplo,
uma pessoa atraída por uma pessoa muito bela pode ser tentada a fechar os olhos aos
vícios desta, e neste caso a beleza é inimiga do bem. No caso da beleza artística, os
defensores da arte pela arte, como por exemplo Óscar Wilde, ou Charles de Baudelaire,
tendem a ver a arte ao serviço da beleza, e a ver com desprezo a subordinação da arte à
moral. Óscar Wilde chegou mesmo a afirmar, no prefácio da sua célebre obra O Retrato
de Dorian Gray, que “nenhum artista tem simpatias éticas”. Uma vez que se situa
apenas ao nível das exigências estéticas, a arte e a busca da beleza deve afastar-se de
qualquer outro fim, incluindo o fim moral. Há muitas obras de arte consideradas
imorais, mas que são belas do ponto de vista artístico. Se só pudessem ser consideradas
como obras de arte, nomeadamente como obras belas, aquelas obras que estão ao
serviço do bem (no sentido moral), então teria que se excluir muitas obras importantes
do mundo artístico.
Finalmente, há a referir que se a conduta artística, neste caso enquanto culto da
beleza, não tem que se subordinar à moral, a conduta moral também não deveria deixar-
se levar pela beleza, e devia portanto afastar-se dos critérios estéticos. Ora, muitas
vezes isso não acontece, principalmente nos tempos de hoje, em que as relações
humanas estão demasiado marcadas pela aparência, e em que portanto as pessoas são
alvo de mais atenção e de preferência não tanto devido às suas qualidades morais, mas
nº. 3, Dez., 1972. Ver ainda: Alice Eagly, et al., “What is beautiful is good, but...: A meta-analytic review
of research on the physical attractiveness stereotype”, in Psychological Bulletin, vol. CX, nº. 1, 1991.
15
Umberto Eco (dir.), História do Feio, Lisboa, Ed. Difel, 2007.
devido à sua beleza física.
BELEZA E VERDADE
Assim como existe a tendência para associar a beleza ao bem, existe também a
tendência para associar a beleza à verdade, por exemplo quando se diz que “mentir é
feio”, ou que “dizer a verdade é bonito”. Neste caso, a associação entre a beleza e a
verdade é também uma associação entre a beleza e o bem, pois o campo de referência
subjacente é a moral, a prática da virtude. A associação da verdade à beleza, e da beleza
à verdade, tem servido de inspiração para diversos autores. Uma das mais célebres é a
do poeta inglês John Keats, um dos expoentes do movimento romântico, que em 1819
escreveu : “A beleza é verdade, e a verdade é beleza – eis tudo o que sabeis na Terra, e
tudo o que precisais saber” (Ode sobre uma urna grega, estrofe V).
Porém, a associação da beleza à verdade, e da verdade à beleza, está presente
em diversas áreas. Por exemplo na Ciência, matemáticos e físicos atribuem beleza a
teoremas e teorias, criando uma estética da verdade. O mais belo é aquilo em que se
consegue explicar muito com pouco, e os teoremas e teorias mais belos são também os
mais simples, e sendo dadas duas ou mais explicações para o mesmo fenómeno, vence a
mais simples. Esse critério é conhecido como a lâmina de Ockam, atribuído a William
de Ockam, teólogo inglês do século XIV. Na sequência de outros cientistas, Einstein era
também defensor da beleza como critério de verdade em teorias científicas : uma teoria
tem que ser bela para estar correta. A ideia de harmonia do mundo exprime a ideia de
beleza, e a busca por simetria na Matemática e na Física é uma busca por beleza.
Mas enquanto existe a tendência, como vimos no capítulo anterior, para ver uma
pessoa boa como bela, não existe a tendência para ver a pessoa cuja Vida é a busca da
verdade (o cientista, o filósofo, o intelectual) como uma pessoa bela. Pelo contrário,
seguindo-se aqui os estereótipos tradicionais quanto a padrões estéticos, essa pessoa é
vista como alguém que tem por exemplo óculos redondos, longas barbas, alguém que é
descuidado no aspeto exterior, distraído, etc. Do ponto de vista da beleza enquanto
motor de atração física, o cientista, o filósofo, o intelectual não são portanto os melhores
exemplos, segundo os estereótipos criados sobre eles. A virilidade, que muito contribui
para os critérios sobre a beleza masculina, não é vista como uma característica do
intelectual. Porém, existe aqui uma ambivalência, pois se por um lado o intelectual, de
acordo com os estereótipos, não é visto como o melhor exemplo de sedução física, por
outro as pessoas inteligentes atraem, fascinam, causam admiração, e isso constitui
também uma mais valia na apreciação de uma pessoa. Por isso, seguindo o estereótipo
segundo o qual a inteligência é uma característica do sexo masculino, muitas pessoas
dizem-se atraídas pelos homens mais inteligentes, e consideram essa qualidade um fator
importante na escolha de um homem, como se a inteligência num homem reforçasse a
sua própria masculinidade e beleza, e portanto a atração que algumas pessoas sentem
pelo sexo masculino, enquanto critério dessa atração.
Pelo contrário, segundo os estereótipos, a beleza física da mulher não anda
geralmente associada à inteligência, e este último atributo não constitui motivo de
atração da mulher. O estereótipo segundo o qual “as loiras são burras”, está muito
determinado pela ideia segundo a qual as mulheres belas não são inteligentes, e que o
chamado belo sexo impõe-se pela beleza, e não pela inteligência. As mulheres cuja
preocupação é a busca da verdade, no sentido intelectual, são alvo de estereótipos e
preconceitos, visíveis não apenas na opinião pública, mas mesmo em determinados
filósofos, de que Kant é um dos melhores exemplos, ao afirmar :
“A meditação profunda e a contemplação prolongada são nobres, mas árduas,
e não convém àquela pessoa cujos encantos espontâneos não têm senão de mostrar
uma natureza bela. O estudo laborioso ou a reflexão penosa, ainda que uma mulher
neles progrida longamente, estragam os méritos peculiares do seu sexo, e se a raridade
desta condição a converte em objeto de fria admiração, ao mesmo tempo, debilita os
encantos que lhe permitem exercer o seu ascendente sobre o sexo oposto. Uma mulher
que tenha a cabeça atafulhada de grego, ou que sustente discussões fundamentadas
acerca de mecânica, parece que apenas lhe falta uma boa barba, pois com ela o seu
rosto talvez consiga expressar melhor a profundidade a que aspira”.16
Kant está aqui muito marcado pela imagem sobre o filósofo, uma atividade
tradicionalmente considerada pertencente ao sexo masculino. Por um lado temos os
estereótipos sobre o homem e a mulher, relacionando-o com a beleza, de que acabámos
de falar, por outro lado temos os estereótipos sobre os próprios filósofos.
No que diz respeito à Filosofia, há diversas formas de relacionar a verdade com
a beleza. Selecionamos aqui um autor que estabelece uma relação importante entre a
verdade e a beleza : Walter Benjamin, devido ao facto de ser um autor onde essa relação
16
Kant, Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, o. c., pp. 58-59.
é mais pertinente, nomeadamente entre Filosofia e beleza. 17 Em relação à tradição
filosófica sobre a beleza, este autor vai beber a Platão algumas das suas ideias. Ao
recuperar e interpretar Platão de um modo próprio, Benjamin caracteriza e vê a verdade
como matéria de contemplação, e desta forma também a Filosofia, em oposição ao
conhecimento, que está marcado pela aquisição. Ao mesmo tempo Walter Benjamin vai
buscar ao Banquete de Platão a definição de que a verdade é bela, podendo assim
Benjamin responder à confusão entre mero conhecimento e Filosofia. Segundo
Benjamin, confunde-se uma coisa que já Platão sabia serem distintas. As ideias, que são
o Ser, isto é, a verdade, para Platão nunca podem ser de facto adquiridas, elas não são
objeto de posse. Neste sentido, há uma certa distância entre a Filosofia e o seu objeto,
ao contrário do que sucede com as ciências.
É na Filosofia, segundo Walter Benjamin, que persiste a unidade de todos os
problemas que fascinam o interrogar do Homem, nomeadamente aquilo que é
denominado por este autor, na sua obra sobre o barroco alemão, como verdade.18 Para
Benjamin a verdade tem a ver com contemplação de ideias, as quais constituem um
dado prévio, para além de qualquer questionação. É apanágio da verdade a sua unidade,
que é imediata e direta, por isso a verdade é desde logo apresentação de si própria.
Pelo contrário, segundo Walter Benjamin, o conhecimento não tem a ver com
verdade, ele é antes um produto das nossas operações mentais, que tem a ver com o
entendimento e com conceitos. Segundo Benjamin, enquanto a verdade se orienta para o
universal, o conhecimento orienta-se para o singular. O conhecimento é algo mediato,
mediação essa operada por metodologias e tem portanto a ver com induções e deduções,
enquanto a verdade é, por natureza, apresentação desde logo de si própria. É neste
aspeto que, segundo Benjamin, a verdade tem a ver com a beleza, que é desde logo
apresentação de si própria, numa unidade e numa totalidade que se oferece à
contemplação. Para Walter Benjamin “a compreensão da conceção platónica da relação
entre verdade e beleza não é apenas um objetivo supremo de cada projeto da Filosofia
da arte, como também é indispensável para a determinação do conceito de verdade”.19
A verdade tem unidade, tal como a beleza, porque é um reino de ideias que se
auto-apresenta, como a beleza, entendendo Walter Benjamim a verdade enquanto reino
da Filosofia, e nesta o seu estilo: “a arte do descontínuo em oposição à cadeia das
17
O texto que se segue deve muito às aulas da professora Maria Filomena Molder, num seminário sobre
Walter Benjamin, no Mestrado em Estética e Filosofia da Arte, na Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa.
18
Walter Benjamin, Origem do Drama Trágico Alemão, Lisboa, Ed. Assírio & Alvim, 2004.
19
Walter Benjamin, o.c.,p.210.
deduções ; a perseverança do tratado em oposição ao gesto do fragmento; a repetição
dos motivos em oposição ao universalismo raso; a plenitude da positividade concisa em
oposição à polémica negativa”.20
Como afirma Filomena Molder, “uma atenção extremamente exata e meticulosa,
uma definição minuciosa dos pormenores, a escolha rigorosa da iluminação adequada, a
observação dos contrastes, das mínimas metamorfoses, numa palavra, a obediência às
minúcias da coisa é o fruto de um amor pela exatidão, e Walter Benjamin não ignora a
afinidade parental entre exatidão e beleza. Em cada coisa arde um fogo, o fogo de cada
coisa ilumina-a em cada ponto de combustão, nos seus pormenores. A Filosofia não
deve suspender a sua tarefa de descobrir a beleza nas coisas, afundando-se nos seus
pormenores, remexendo nas suas cinzas ardentes, procurando a sua ideia no seu brilho
próprio”.21
Um outro sentido da conceção de verdade como beleza tem a ver com os graus
de ascensão erótica, em que a verdade não é tão bela em si quanto para aquele que a
procura, e que tem a ver com as relações amorosas, pois só o amante vê no amado a
beleza. Aqui a luta por algo que se acha belo recebe uma figura (o amado), mas o
amado é uma verdade para o amante, belo em si não é para aquele que o ama, é uma
inquietação, uma nostalgia, um desejo, uma aspiração, por isso a beleza é o nome que
damos ao que procuramos, e portanto o belo não se fixa num conjunto de regras de
acordo com a conceção clássica de beleza (harmonia, simetria, ordem), pois podemos
até achar beleza no disforme, no que é desordenado, por isso, como afirma Walter
Benjamin, “o Trauespiel alemão não podia ser mais árido. O seu brilho esmoreceu,
porque era o mais grosseiro possível. O que perdura é o pormenor bizarro das
referências alegóricas : um objeto do saber que se anicha nos edifícios de ruínas
intelectualmente elaboradas.”22
Walter Benjamim diferencia-se das noções clássicas sobre a beleza, e poderia
parecer que este autor se afasta de Platão ao afirmar que a beleza corresponde àquilo
que os homens procuram (pois Platão atribui à beleza um ser em si), caindo portanto
Walter Benjamin num relativismo. Porém, este autor tem o cuidado de se defender
dessa eventual acusação, afirmando que “se há um sopro de relativismo, não é porque a
beleza, longe disso, que deve inerir à verdade, se tenha convertido num epíteto
metafórico. A essência da verdade, enquanto reino das ideias, que se auto-apresenta,
20
Walter Benjamin, Origem do Drama Trágico Alemão, o.c., prefácio, p.9.
21
Maria Filomena Molder, Semear na Neve, Lisboa, Relógio D’Água Editores,1999,p.132.
22
Walter Benjamin, Origem do Drama Trágico Alemão, o.c., prefácio, p.28.
garante, ao invés, que o discurso sobre a beleza do verdadeiro nunca pode ser afetado.
Aquele momento da apresentação é no seio da verdade o refúgio da beleza em geral. O
belo permanece na ordem do brilho, vulnerável, enquanto se afirmar francamente como
tal. O seu brilho, que seduz tanto tempo quanto ele nada mais quiser a não ser brilhar,
arrasta atrás de si a perseguição do intelecto e a sua inocência só é reconhecida no caso
de se refugiar no altar da verdade”.23
Por outro lado, a unidade dos problemas filosóficos, e o ideal dos mesmos,
manifesta-se sempre que a contemplação descobre a beleza nas obras de arte, que
segundo Walter Benjamin são irmãs da Filosofia, o que significa transformar as obras
de arte em objetos de sabedoria. Reforçando a inter-relação entre o estético e o
filosófico, Walter Benjamim apoia-se em Platão, nomeadamente na crença platónica
expressa no Fedro, sobre a unidade entre a perceção espiritual do belo e a ordem
verdadeira do mundo, consistindo a função da beleza ser uma manifestação sensível da
ideia, e cerrar o abismo aberto entre esta e o real. Isso significa que a beleza não é
aparência mas essência, pois se tivesse a ver com aparência tinha a ver com falsidade,
mas dado que tem a ver com a ideia em sim (enquanto apanágio da beleza), tem a ver
com a verdade.
Conforme sublinha um outro autor a este propósito, Gadamer, “Platão concebe
juntas as vivências do amor que despertam com a perceção espiritual do belo e da
ordem verdadeira do mundo. Graças ao belo se consegue de novo, com o tempo, a
recordação do mundo verdadeiro. Este é o caminho da Filosofia. Ele chama belo ao que
mais brilha e mais nos atrai, digamos à visibilidade do ideal. Isso que brilha de tal
maneira ante tudo o mais, que leva em si tal luz de verdade e retidão, é o que
percebemos como belo na Natureza e na Arte, e o que nos força a afirmar que isso é o
verdadeiro”.24
Também em Walter Benjamin “a beleza não é ela própria aparência, não é
envoltura para outra coisa, ela própria não é manifestação mas absolutamente essência,
que persiste enquanto tal, que só é essencialmente ela própria sob a forma da envoltura.
O belo não é nem o envoltório nem o objeto envolto, mas o objeto no seu envoltório”. 25
Isso significa que a beleza tem como conteúdo a verdade, mas que a beleza não se
manifesta no retirar da envoltura mas precisamente na persistência e intensificação da
23
Walter Benjamin, Idem,p.8.
24
Hans-Georg Gadamer, A Atualidade do Belo, tradução espanhola, ” La actualidad de lo bello”,
Barcelona, Ed.Paidós,1991, p.52.
25
Walter Benjamin, Origem do Drama Trágico Alemão, o.c., p. 194.
envoltura. Esta relação entre beleza e verdade mostra como a verdade é diferente do
objeto do conhecimento, manipulando-o e dominando-o. Ora, a beleza escapa-se sempre
daquele que usa o intelecto, a beleza mostra a sua irresolubilidade por constituir em si
própria um mistério, por isso está ligada à tarefa humana de procurar o que atrai,
constituindo aquilo que os homens procuram, mesmo indiretamente. Também a beleza
não corresponde a um ter, como sucede no conhecimento, mas sim a um ser. Assim, se a
beleza é como a verdade, isso significa transformar a busca da beleza numa busca da
verdade, em que, por consequência, a própria beleza possa, como ideal, ser alvo da
própria sabedoria.
BELEZA E ARTE
BELEZA E NATUREZA
Por vezes é difícil distinguir entre a beleza que provém das mãos do Homem
(como por exemplo a da arte), e a beleza que provém da Natureza, de modo a que se
possa distinguir realmente entre beleza artística e beleza natural, pois por exemplo as
tulipas, os cavalos, os cães de exposição, etc., são exibidos pela sua beleza, mas o
mérito vai para os seus criadores.
Porém, que arte e beleza podem ser, e são de facto, coisas diferentes, prova-o
melhor do que qualquer outro exemplo a beleza existente na Natureza. Para os
esteticistas, a sensibilidade para a beleza natural era um reflexo da beleza artística, dado
que aprendemos a perceber o belo na Natureza guiados pela criação do artista29, mas que
utilidade terá esta última hoje, para nos guiarmos para a beleza na Natureza, tendo em
29
Cf por exemplo Óscar Wilde, O Declínio da Mentira, Ed. Vega, Lisboa 1991, pp.53-54.
conta a arte contemporânea, muitas vezes pouco ou nada preocupada com a beleza ? não
teríamos antes que experimentar a beleza natural para desfrutarmos de beleza ?
Se a beleza pode não ter atualidade na arte, na Natureza continua a ter.
Restar-nos-ia valorizar então a Natureza como compensação para o facto da arte
contemporânea carecer muitas vezes de beleza, vendo na Natureza a eterna beleza, dado
que não muda ao longo dos tempos, e por outro lado porque a beleza na Natureza é
uma beleza para todos, pois não depende de contextos sociais, económicos, e
culturais. No século XVIII desenvolveu-se mesmo a conceção de que a beleza natural
é o paradigma da beleza (conceção sem dúvida de algum modo herdeira da própria
conceção de arte como imitação da Natureza). Quando no capítulo anterior nos
referimos a um não sei o quê que está para além das regras e da perícia técnica da arte,
constituindo isso a beleza, e que uma obra de arte pode não ser perfeita quanto a regras
ou a perícia mas quanto a beleza, isso conduz-nos à gratuidade plena da beleza, a um
desinteresse perfeito, a um dom que a Natureza apresenta, mais do que a arte, dado que
esta última está sujeita a variações culturais e temporais. É especialmente Kant quem
chama a atenção para a peculiaridade e a superioridade da beleza da Natureza,
pois para este filósofo o elemento determinante da beleza é a sua naturalidade ou
espontaneidade, o facto de ser produzida “sem conceito”, quer no caso de um
objeto natural, quer no de uma obra de arte. (...) A beleza reside na forma de
finalidade de um objeto, apreendida sem a representação de um fim, pela simples
reflexão sobre o sentimento de harmonia resultante do livre jogo das faculdades
do sujeito (imaginação e entendimento).
Segundo Kant, o modelo desta “finalidade sem fim” é a própria Natureza que,
“sem intenção”, de um modo casual e contingente, independentemente de quaisquer
regras, produz objetos cuja forma se manifesta apta a suscitar em nós uma satisfação
desinteressada. Soubéssemos nós que uma bela flor, em tudo idêntica ao seu original,
era afinal obra da atividade consciente e da perícia técnica de um artífice, todo o nosso
prazer desapareceria. A ideia de que foi a Natureza que produziu o objeto, sem a nossa
intervenção, tem de estar associada à satisfação estética”.30
Apesar da valorização por Kant do belo da Natureza, é um questão estética
importante perguntar se o belo da Natureza é de facto superior, e até mesmo existente.
Por exemplo, para Baudelaire não há um belo natural, pois o belo propriamente dito é
30
Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Sobre o belo natural em Kant, Introdução à Filosofia, Lisboa, Texto
Editora,1993,p.280.
sempre uma criação da arte,31 e Benedetto Croce negava o belo natural, 32
assim como
outros autores contemporâneos, que afastam do domínio da estética os sentimentos que
provocam por exemplo a beleza de um pôr do sol, a beleza de uma montanha, a beleza
das grutas (estalactites e estalagmites) , incluindo a beleza dos animais e a do corpo
humano, pois segundo esses autores, encontram-se fora do campo da arte. Alguns
autores defendem mesmo que só podemos olhar esteticamente para a Natureza se
trouxermos para ela as atitudes e expetativas que retiramos da apreciação da arte.33
Por outro lado, o homem comum tem tendência para ver mais na arte a função
lúdica, a distração, enquanto que para a Natureza tende a olhar principalmente de forma
utilitária, com olhos de quem quer tirar proveito dela, ou mesmo de quem a quer
dominar (por exemplo uma árvore : abrigar do sol, dar madeira, frutos, etc. ; um rio :
irrigação dos solos, pesca, navegação, etc.). A ideia de utilidade associa-se mais à
Natureza (o que trai o espírito da gratuidade e desinteresse da Natureza), enquanto que a
ideia de não utilidade, de algo supérfluo, é considerada fundamentalmente para a arte.
O homem comum tende a ver a beleza na Natureza como algo acessório e eventual, de
dispensável, enquanto que, pelo contrário, da arte tende a ver e a esperar beleza. O
Homem comum não se refere imediatamente à Natureza na procura de beleza (até
porque há Natureza não bela), nessa procura tende a deixar a Natureza em plano
secundário, enquanto que da arte espera prioritariamente beleza, apesar da beleza variar
consoante as culturas e as épocas e de, como referimos, a preocupação em criar beleza
se encontrar afastada de muitos estilos e obras de arte contemporâneas.
36
Daniel S. Hamermesh, e Jason Abrevaya, “Beauty is the Promise of the Hapiness ?”, in European
Economic Review, vol. 64,, (2013), Ed. Elsevier, pp. 351-368. A este propósito, pode também ver-se a
seguinte obra de Daniel Hamermesh : Beauty Pays. Why attractive people are more successful,
Princeton, Ed. Princeton University Press, 2013.
37
R.M., “Belo/Feio”, Enciclopédia Einaudi, vol. 2 , Lisboa, Ed. Imprensa Nacional Casa da Moeda,
1984,p. 37.
Na beleza do ser humano, ligada à aparência da pessoa, há diversas espécies : a
graciosidade das crianças, o seu encanto, e que não é a beleza física no sentido comum
do termo. Existe ainda o charme de algumas pessoas, que também não é propriamente
beleza física, no sentido comum do termo, mas sim um determinado estilo, uma
expressão, a sua forma de andar, de olhar, etc. Importa aqui salientar que o charme não
é um mero resultado físico como na beleza do corpo por si mesmo, mas que é também,
devido a determinadas maneiras da pessoa, um resultado do seu ambiente cultural e da
educação recebida.
Ainda distinto da beleza física no sentido comum do termo, existe também
aquilo que podemos denominar como a aura ou o magnetismo de determinadas pessoas,
aquelas que parecem clarear o ambiente só com a sua presença e que atraem outras
pessoas, não no sentido propriamente físico. Pode ser um rosto ao qual falta
proporção, simetria, mas que encanta, pode ser um rosto que não tem feições
corretas, os seus olhos não serem rasgados, nem os seus lábios serem encarnados
ou bem desenhados, nem a fronte ampla, nem o corpo delicado, mas que tem um
não sei quê que tanto atrai, em certas pessoas que têm uma atmosfera por vezes
magnética, como os astros. Trata-se de uma atmosfera com uma irradiação vital,
subtilíssima, imponderável, e que a Ciência não define. O que há no mais fundo
nessa individualidade, a essência das suas energias, constitui a característica dessa
irradiação, produzindo efeitos que só por este facto se explicam, tratando-se de pessoas
que são como um astro minúsculo, que contém em si como que um reflexo do sistema
planetário.
Há mesmo determinadas pessoas de idade, que à medida que vão envelhecendo,
se vão tornando belas, com uma aparência física atrativa, embora não seja no sentido
vulgar da beleza física. “Joseph Murphy conta que, certa vez, quando foi proferir uma
palestra em Bombaim, na Índia, apresentaram-lhe um homem que tinha cento e dez
anos de idade. E disse Murphy : Possuía o rosto mais belo que já vi em toda a minha
vida. Parecia transfigurado pela radiação de uma luz interior. Havia uma beleza
extraordinária em seus olhos, indicando que envelhecera com alegria e que as luzes da
sua mente não se haviam obscurecido”.38
Portanto, além da diferença da aplicação do conceito de beleza em cada uma das
diversas áreas que aqui analisámos, como por exemplo na Arte (para os diversos tipos
38
Lauro Trevisan, O Poder Infinito da sua Mente, Lisboa, Ed. Dinalivro,1989.
de arte, os diversos estilos, as correntes artísticas, etc.), ou na Natureza (para as
paisagens, os animais, os acontecimentos como o pôr do sol, etc.), também no corpo
humano atribui-se o conceito de beleza a coisas muito diferentes: ao corpo trajado e
adornado, ao corpo do ponto de vista físico, à graciosidade das crianças, ao charme de
alguns indivíduos, ao magnetismo de determinadas pessoas, ao encanto de certos idosos,
etc. A tudo isso se aplica a palavra beleza, uma aplicação portanto diversificada, por
vezes inapropriada e incongruente, e com consequências e implicações muito diversas
entre si, conforme fomos mostrando ao longo deste artigo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS