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Sumário

Introdução..........................................................................................................................................2
1.1. Objectivos...............................................................................................................................2
1.1.1. Geral...................................................................................................................................2
1.1.2. Específicos..........................................................................................................................2
1.2. Metodologia............................................................................................................................2
2. Definição de Teoria....................................................................................................................3
2.1. Sinónimos de Teoria...............................................................................................................3
2.2. Funções da Teoria...................................................................................................................3
3. Definição etimológica do Belo...................................................................................................3
3.1. O Belo segundo Platão...........................................................................................................4
3.2. O belo segundo Sócrates.........................................................................................................5
3.3. O Belo segundo Aristóteles....................................................................................................7
3.4. O Belo em Baumgarten..........................................................................................................9
3.5. O Belo segundo Kant............................................................................................................10
3.6. O conceito do belo em Hegel................................................................................................11
3.7. A arte e o belo segundo Lessing...........................................................................................13
3.7.1. O Belo segundo Lessing...................................................................................................13
3.8. Ideia do Belo em Geral.........................................................................................................14
4. Conclusão.................................................................................................................................20
5. Bibliografia...............................................................................................................................21
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Introdução
No presente trabalho, abordamos acerca das teorias do Belo, onde desenvolvemos
teorias de diferentes filósofos como Platão, Aristóteles, Baumgarten, Hegel, Kant, Lessing e
Sócrates que defendem pensamentos diferentes uns dos outros como é o caso do pensamento
de Aristóteles sobre a arte e sua ligação com outros campos do conhecimento é diferente do
pensamento do seu mestre, o Platão. Aristóteles admite que as essências não se encontram em
um mundo ideal, mas estão contidas no mundo sensível, diferente do Platão que admite que
este valor é derivado de uma Beleza Universal. As coisas são belas na medida em que
participam da transcendência desta beleza essencial.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
 Conhecer a Arte

1.1.2. Específicos
 Definir teoria;
 Definir o Belo;
 Desenvolver as Teorias do Belo

1.2. Metodologia
Para a realização do presente trabalho usou-se a metodologia de pesquisas
bibliográficas em:

 Pesquisas de artigos da Web;


 Livros electrónicos;
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2. Definição de Teoria
Segundo o dicionário online (2017), de português, Teoria é um substantivo feminino:

 Conhecimento não prático, ideal, independente das aplicações.


 O que se desenvolve por suposição;
 De teor hipotético;
 Conjuntura: tenho uma teoria, mas ainda não consegui comprová-la. Conjunto de
regras, de leis sistematicamente organizadas, que servem de base a uma ciência;
 Essas regras. Conjunto sistematizado de opiniões, de ideias sobre um assunto.
Julgamento ou opinião que se pauta nessas opiniões.
 Conhecimento geral, não específico; generalidade.
 [Popular] Coisa irrealizável; utopia ou ilusão.
 [Astronomia] Agrupamento dos elementos utilizados para medir ou calcular os
movimentos de um astro, ou planeta. Etimologia (origem da palavra teoria). Do latim
teoria.ae; pelo grego theoría.as.

2.1. Sinónimos de Teoria


Teoria é sinónimo de: doutrina, ensinamento, fundamento, ideia, princípio, utopia,
ilusão, generalidade, conjuntura. (Dicionário Online de português, 2017).

2.2. Funções da Teoria


A função mais importante de uma teoria é explicar: dizer-nos por quê? Como?
Quando? Os fenómenos ocorrem. Outra função da teoria é sistematizar e dar ordem ao
conhecimento sobre um fenómeno da realidade. Também, uma função da teoria – associada
com a função de explicar – é a da predição. Isto é, fazer inferências sobre o futuro, orientar-
nos como se vai manifestar ou ocorrer um fenómeno, dadas certas condições. Todas as teorias
oferecem conhecimentos - explicações e predições sobre a realidade - a partir de diferentes
perspectivas, portanto algumas se encontram mais desenvolvidas que outras e cumprem
melhor suas funções. Para decidir sobre o valor de uma teoria pode-se, segundo, Sampieri
(1996), levar em consideração os seguintes critérios: (1) capacidade de descrição, explicação
e predição; (2) consistência lógica; (3) perspectivas; (4) fertilidade lógica e (5) parcimónia.

3. Definição etimológica do Belo


Segundo o site audaces.com (2018), no caso da etimologia, a palavra “belo” vem do
latim “bellus”, que significa “lindo, bonito, encantador”.
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Muito usado na época clássica apenas para mulheres e crianças, enquanto para os
homens tinha sentido pejorativo e um ar apolíneo, de Apolo, o deus da beleza e da guerra.

No entanto, o termo, antes de sua definição latina, pode ter vindo também do indo-
europeu DW-EYE, aproximando-o de outros termos, como bónus, de “bom”, e bene, de
“bem”.

Nos dias atuais, o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o belo como algo
“que tem forma ou aparência agradável, perfeita, harmoniosa. Que desperta sentimentos de
admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de perfeição.”

A beleza é comummente descrita como uma característica de objectos que torna esses
objectos prazerosos de perceber. Junto com a arte e o gosto, é o tema principal da estética, um
dos ramos maiores da filosofia.

Como valor estético positivo, ela é contrastada com a fealdade como sua contraparte
negativa. Junto com a verdade e o bem, é um dos transcendentais, que muitas vezes são
considerados os três conceitos fundamentais da compreensão humana.

3.1. O Belo segundo Platão


Em relação à beleza que se atribui às coisas e às obras, Platão admite que este valor é
derivado de uma Beleza Universal. As coisas são belas na medida em que participam da
transcendência desta beleza essencial. (Rudge, 2012).

A noção de beleza, para Platão, assume, primeiro, uma conotação estética, a partir das
condições sensíveis e formais; depois, moral, quando se refere ao desejo da alma em buscar o
Bem; por fim, espiritual ou intelectual, quando almeja o mundo seguro do inteligível, das
formas imutáveis. (Rudge, 2012).

Em relação à beleza que se atribui às coisas e às obras, Platão admite que este valor é
derivado de uma Beleza Universal. As coisas são belas na medida em que participam da
transcendência desta beleza essencial. Como você pode notar, a noção de beleza, para Platão,
assume, primeiro, uma conotação estética, a partir das condições sensíveis e formais; depois,
moral, quando se refere ao desejo da alma em buscar o Bem; por fim, espiritual ou intelectual,
quando almeja o mundo seguro do inteligível, das formas imutáveis.

A ideia de arte platónica está inserida no contexto do seu sistema filosófico e está
ligada directamente ao belo, ao bom e ao verdadeiro. Ou seja, Platão irá traçar um ideal de
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beleza e, consequentemente, qual tipo de arte representaria melhor esse ideal, o que estaria
indissociavelmente lidado ao seu aspecto moral e político.

O belo e o bom são indissociáveis, a arte que não apresentasse esta preocupação com a
moral e a política, deveria, para Platão, ser banida de qualquer cidade em que prevalecesse a
justiça, entendida como manutenção do equilíbrio e unidade da sociedade.

A Arte para Platão deveria contribuir para que todos tivessem uma boa condição de
vida, para que cada cidadão pudesse participar activamente da vida pública, uma vez que seu
bom carácter só poderia ser atestado por realizações em prol da colectividade.

No entanto, segundo Platão, a maioria das obras de arte em nada contribui para o bom
andamento da política. Platão é implacável com a arte que não tem uma utilidade que se situe
no campo ético.

Platão chega a dizer que a arte presta mais um desserviço do que algo que sirva para
conduzir o homem ao desenvolvimento de um conhecimento verdadeiro. Platão gostava
muitíssimo de matemática e da exactidão de seus resultados. Logo, uma arte útil ao
conhecimento verdadeiro seria aquela que trabalhasse com os ensinamentos abstractos do
universo matemático.

Para Platão, a cidade justa deveria permitir apenas a prática de artes que não fossem
imitativas, a fim de ensinar seus guardiães a manter uma conduta una, coerente, apesar das
tentativas de dissensão. Para contribuir com esse tipo específico de educação, Platão concluiu
a parte de A República concernente à arte defendendo que belos, bons e verdadeiros seriam
somente a dança e a música harmónicas, que conciliassem os cidadãos. Por fim, Platão
também admitiu o género lírico que engrandecesse deuses e heróis, estimulando assim o
respeito pelas autoridades; e o género épico, de narrativa simples – sem intervenção de
elementos dramáticos. Segundo o filósofo, na cidade, ninguém deveria imitar ninguém nem
tomar um lugar que pertencesse a outro, de modo que fosse preservada a multiplicidade
característica da política sem romper a unidade necessária a seu bom funcionamento.

3.2. O belo segundo Sócrates


Sócrates, um dos três principais pensadores da Grécia Antiga (Século V – ano 470
a.C.), acreditava que o belo era uma concordância observada pelos olhos e ouvidos, ou seja, o
belo é permissível através dos sentidos sensoriais.
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Na visão de Sócrates, “o belo é o útil”, ou seja, a beleza não está associada à aparência
de um objecto, mas em quão proveitoso ele for, teria então um carácter prático, como o
resultado de um produto ou situação prática. (Audaces, 2017).

Hípias Maior, livro escrito por Platão, apresenta um diálogo entre o sofista Hípias e o
filósofo Sócrates, tendo como objectivo a investigação sobre a natureza do Belo. Nesse
diálogo, Sócrates pretende, por meio do método dialéctico, definir o Belo em si. O sofista
Hípias, por outro lado, tenta estabelecer o que é o belo pelo particular, fazendo com que as
questões sobre o Belo desemboquem em um relativismo, pois, se para os sofistas o
conhecimento é relativo, o que é o belo também será relativo. A partir disso, ocorre um debate
dialéctico entre Sócrates e Hípias em torno da questão do Belo. (Rodrigues, 2019).

Sócrates procura definir o problema da beleza apresentando a mesma pergunta para o


sofista Hípias, e a primeira definição apontada por Hípias é de que o belo é uma bela mulher.
No entanto, Sócrates rejeita a definição relativa de Hípias, pois para ele a questão do belo não
pode ser definida de modo particular, pois, por exemplo, uma bela mulher é feia perante uma
deusa, ou até o mais belo dos macacos é feio perante o ser humano, ou que a mais bela panela
é feia diante de uma bela égua e que essa bela égua é feia diante de uma bela mulher. Com
isso, Sócrates, que diz que o belo é o belo em si e não pode ser belo e não-belo ao mesmo
tempo, não concordará com os exemplos de Hípias, afinal, como algo pode ser belo e não-
belo ao mesmo tempo em comparação com outras coisas? Uma outra definição apresentada
por Hípias é a de que o belo é o ouro. Mas novamente Sócrates o refuta, dizendo que a estátua
da deusa de Atenas, que foi esculpida por Fídias, portanto bela, é feita de marfim. (Rodrigues,
2019).

Hípias apresenta posteriormente a ideia de que belo é ter uma vida bela, com riqueza,
saúde e longevidade, mas Sócrates apresenta vários exemplos históricos e mitológicos que
também derrubam tal teoria, como é o caso do herói Aquiles, que não teve uma vida longa,
porém bela. Sócrates também tenta definir o belo como sendo aquilo que é útil, e o inútil seria
feio, por exemplo, a beleza não estaria nos olhos, mas sim na utilidade dos olhos para
enxergar, ou da utilidade dos ouvidos para ouvir música, para assim enxergar ou ouvir as
coisas belas. Porém, novamente Sócrates e Hípias se vêem em contradição, pois Sócrates
argumenta que a utilidade, que seria bela, é a capacidade de fazer algo, e a inutilidade seria a
incapacidade de fazer algo, mas se um homem for capaz de fazer o mal, diríamos que ele foi
útil em sua má ação, mas a acção não seria bela, portanto, a capacidade e a utilidade não
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seriam também o belo. O Belo, nesses termos, seria então aquilo que possui DYNAMIS, que
significa potencialidade ou capacidade em grego. Percebe-se então que o belo aqui se
relaciona ao que é ético, pois é quando a dynamis é utilizada para o bem é que se pode dizer
que há o belo, logo o feio é a falta ou mal uso de dynamis. Tão pouco Sócrates se vê
satisfeito ao relacionar o belo ao que é bom, ou seja, relacionar o belo ao que é ético, tendo
em vista que nem sempre o belo é a causa do bem ou que o bem é a causa do belo, em outras
palavras, tratam-se de conceitos independentes e que não podem ser vistos como
correlacionados. (Rodrigues, 2019).

Ao perceber as insuficiências do conceito de belo apresentadas até aqui, Sócrates tenta


definir o Belo como aquilo que provoca prazer pelos sentidos da visão e audição, porque
existem a pintura e a música, por exemplo. Porém, novamente Sócrates rejeita tal definição,
pois os outros sentidos também provocam prazer, por exemplo, ao utilizar o paladar para
provar algum alimento delicioso, ou utilizar o olfato para sentir o belo cheiro de uma flor. Por
tudo isso, não poderíamos limitar o belo somente aos sentidos da visão ou da audição, mas
também expandir o que é o belo através dos prazeres despertados pelos outros sentidos. Além
disso, sentir o amor também seria belo, mesmo não estando relacionado directamente aos
cinco sentidos, portanto, sentir prazer vai além de senti-lo por meio dos cinco sentidos. O
mais interessante é que, no final do diálogo de Hípias Maior, o leitor é surpreendido e a
questão sobre o que é o belo em si não se resolve, pois, nas palavras de Sócrates “o que é belo
é difícil”. (Rodrigues, 2019).

3.3. O Belo segundo Aristóteles


Agora vamos falar sobre Aristóteles, que foi o aluno mais ilustre de Platão. O
pensamento de Aristóteles sobre a arte e sua ligação com outros campos do conhecimento é
diferente do pensamento do mestre. (Rudge, 2012).

Nesse sentido, Aristóteles admite que as essências não se encontram em um mundo


ideal, mas estão contidas no mundo sensível. Nessa perspectiva, a observação e a experiência,
com a correspondente atenção às coisas sensíveis, deve participar do conhecimento. (Rudge,
2012).

Vamos destacar passo-a-passo alguns tópicos da epistemologia do filósofo.

Para Aristóteles, as formas de conhecimento estão situadas em três classes. São elas:
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1) Ciências teoréticas – Têm por objecto o saber e a verdade e se materializam na


matemática, na física e na metafísica.

2) Ciências práticas – Estudam as acções elas mesmas e se ligam à práxis, a exemplo da


ética, da política e da economia.

3) Ciências poéticas – As ciências poéticas têm por objecto a produção de uma obra, a
criação de algo, efectivando a passagem do ser em potência para o ser em ato. Elas operam,
portanto, com a noção de poiésis. (Rudge, 2012).

A produção de coisas pode-se dar por três espécies: a natural, relativa à natureza; a
artificial, da arte; e a espontânea, produto do acaso.

Para Aristóteles, o que a natureza e a arte têm em comum é a obtenção de um fim, só


que esse fim para a natureza é uma coisa e para a arte é outra. (Rudge, 2012).

Isso quer dizer que ao contrário da natureza, que tem um fim no seu interior, em si
mesma, a arte tem um fim exterior, na transformação, no movimento e na geração de coisas.
Isso quer dizer que a produção poética é adaptação dos meios disponíveis aos fins almejados.
(Rudge, 2012).

O belo para ele implica certo exagero que beira a mentira, uma vez que muitas
narrativas míticas são irracionais, incompreensíveis. O belo se define justamente por
caracterizá-las com ou sem ênfase, adequando-se à sua grandeza ou pequenez ética. (Rudge,
2012).

Aristóteles não descarta o carácter ético na arte e sua relação com o belo, só que para
ele, diferentemente de Platão, o belo não é necessariamente um exemplo moral a ser seguido,
posto que o belo pode representar tanto exageradamente um ser de carácter elevado como um
ser de carácter inferior. (Rudge, 2012).

Assim como Platão, Aristóteles diz que a arte que imita o belo natural se baseia no
saber mais seguro ao alcance dos seres humanos, ou seja, a matemática.

Isso significa que para Aristóteles, na medida em que a obra de arte preserva a unidade
característica de todo ser, bem como a proporção existente entre os seres vivos, ela se baseia
na matemática, para ressaltar a proporção hierárquica estabelecida pelo único animal político
existente na natureza, o homem. (Rudge, 2012).
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Aristóteles esclarece que nossas reacções diante de algo real diferem do efeito causado
por sua imitação. Contempla-se com prazer, por serem imagens bem feitas, coisas pavorosas
como uma fera assassina ou uma pessoa morta, diante da qual normalmente sentiríamos pena,
piedade. (Rudge, 2012).

Já os efeitos da imitação são, segundo Aristóteles, menos unívocos do que pretendia


Platão, podendo reverter em bons exemplos morais. O ouvinte de uma epopéia ou o
espectador de uma tragédia não repetirão os erros de heróis cruéis, pusilânimes, traiçoeiros,
ou mesmo sentimentais demais. Também não ficarão amedrontados diante das terríveis
ameaças dos deuses, ou comovidos e assim debilitados pelas penas que afligem os
protagonistas das tramas. (Rudge, 2012).

Sócrates (469-399 a.C) em sua obra Hípias (1903), define o Belo como sendo aquilo
que nos agrada, satisfaz os sentidos e traz prazer espiritual. O Belo está relacionado com o
bem, ou seja, quando utiliza sua potencialidade para o bem, pode-se dizer que sua ação será
bela. Neste sentido, Sócrates mantem a atitude racionalista e define beleza como algo que seja
útil, não estando relacionada diretamente sua estética, entretanto reflete em quão proveitoso
for o indivíduo que se apresenta belo.

Em um trecho de Hípias, traduzido por Burnet (1903), temos o exemplo de beleza


associada às práticas do discurso, o trecho afirma que a beleza se coloca além de questões
estéticas, o que as faz belas ou feias não são suas aparências, mas na verdade, segundo o
trecho, cada um possuiria uma beleza específica e a forma como o indivíduo enxerga esta
beleza vai depender do olhar e da circunstância em que este se encontra.

A conclusão de Sócrates sobre o conceito de belo é vaga, o filósofo apresenta


simplesmente que o conceito de belo é difícil. No entanto, seu discípulo Platão em suas obras
Hípias Maior, traduzida por Burnet (1903) e Fedro (250 a.C.) continua suas reflexões acerca
da beleza e estética e elabora a ideia de que o belo estava ligado a algo perfeito e efémero.
Ganha destaque sobre sua relação com o bem e com a virtuosidade.

Ele criou o mundo das ideias onde vivemos os sentimentos puros e se contempla a
verdade, beleza e o amor, estamos conectados interiormente com nós mesmos.

3.4. O Belo em Baumgarten


Baumgarten define Estética, como arte de pensar de modo belo, como arte análoga da
razão, como ciência do conhecimento sensitivo que se contrapõe ao saber filosófico que
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privilegia a abstracção, para melhor entender a visão de mundo. O que Baumgarten afirma é
que não se pode compreender a dimensão da sensibilidade humana com os mesmos
instrumentos do pensamento abstracto. É preciso compreender a sensibilidade como uma
companheira do pensamento conceitual, abstracto. Na discussão estética não se pode cair
numa disputa de qual gosto é melhor ou pior, deve-se compreender como se dá o
conhecimento sensível e como ele se relaciona com a razão. As coisas sensíveis são
apreendidas em nossa mente e se convertem em imagens, esse é o conhecimento sensitivo, um
conjunto de representações. (CEYP, 2010).

Para Baumgarten, o belo é fruto de um consenso, o que não significa gosto individual
e sim um acordo que exige das pessoas destreza, perspicácia, imaginação, criatividade, gosto
refinado e apurado para reconhecer e expressar a força e a elegância do belo. O consenso e
harmonia que se dão entre os que possuem estas qualidades, se conquista pelo exercício
estético, isto é, uma contemplação constante, um convívio regular com as obras de arte, o que
permitiria uma gradual aquisição de hábito de pensar com beleza. (CEYP, 2010).

3.5. O Belo segundo Kant


Kant (1995), em suas pesquisas, criou três grandes campos de conhecimentos:
epistemológico, ética e estética, e para cada um destes campos, ele escreveu uma crítica, aqui
vamos nos aprimorar sobre a faculdade do juízo, tratando de questões sobre estética e o
julgamento entre o belo e o sublime (KANT,1995, p.47).

Segundo o Kant (1995), em um primeiro momento aponta que o conceito de beleza é


um prazer desinteressado e sem intenção de consumo, juízo de beleza. A partir deste conceito,
constrói a proposta de juízo cognitivo, que pode ser testado e comprovado. Por exemplo, o
verde das folhas das árvores ou o marrom da terra que comprovamos através de testes e
observações é passível de análise.

A obra em que o autor expõe sua teoria acerca da estética, como doutrina do belo, em
contraste com Baumgarten, e não como uma ciência dos princípios da sensibilidade, como o
trouxera na Crítica da Razão Pura, é a Crítica da Faculdade do Juízo (1790).

Os juízos aqui referidos não são entendidos no sentido de ponderar, considerar,


raciocinar, avaliar ou discernir, mas sim, especificamente no sentido do gosto, como
faculdade de ajuizamento de objectos que produzem um sentido estético em relação à
representação motivada por um objecto sensível. Assim, com base não em determinações do
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objecto, mas em reflexões do próprio sujeito, as representações dão origem a uma satisfação
(fruição) desinteressada, conforme traz Christel Fricke em seu artigo6. A faculdade de julgar
trabalha com intuições empíricas, isto é, aparecimentos sensíveis (Erscheinung), que passam à
actividade de reflexão que não tem em vista uma determinação conceitual, mas sim deixar
indeterminada a representação produzida pela sensibilidade.

Logo na introdução da obra Kant define a faculdade de julgar em geral como “a


faculdade de pensar o particular como contido no universal”, e, com isso, temos a indicação
de uma das questões nucleares de sua teoria estética.

3.6. O conceito do belo em Hegel


Para Hegel (2009), o sentido e a importância das ideias, do raciocínio e da razão estão
directamente ligados em prol de mudanças reais, porque a partir do momento que se tem
consciência da relação ideia e mundo, pode-se promover a sua transformação. Desta forma, o
princípio da ideia absoluta é aquela capaz de promover transformações verdadeiras e reais,
por estabelecer a unidade entre o conceito e a objectividade, da ideia objectiva e da ideia
subjectiva, intermediada pelas suas contradições. Trata-se de uma dialéctica, que para Hegel,
promove uma transformação espiritual para o entendimento do mundo moderno, produzindo
um ser humano que possa viver em dois mundos que se contradizem, o lado racional e o
sensível, mas especificamente, a lógica e a natureza.

Essa proposta hegeliana emerge da crença que o conhecimento para ser válido deve
possuir um sistema integral, ou um conjunto integral de critérios de falsidade ou verdade para
definir se determinado conceito ou ideia se insere numa realidade. A realidade é vista como
uma ordem, um sistema, uma totalidade na qual, peças soltas não valem nada ou, nenhum
dado é válido se não for inserido num sistema.

Com isso, a filosofia hegeliana se posiciona como uma ciência da realidade por
intermédio da dialéctica, que tem de um lado o mundo da lógica, do outro o mundo da
filosofia da natureza, na contradição desses mundos emerge a filosofia do espírito, ou da
mente, relacionada com a formação da consciência humana, que sintetiza os dois mundos
anteriores.

Para Hegel (2001), a consciência nasce abstracta, um eu de possibilidades que para


torna-se um eu concreto, real, deve-se negar, criando sua própria oposição para ser uma
integração. Trata-se de aceitar suas diferentes formas contraditórias que eu pode assumir,
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decorrentes das acções e interpretações para se chegar ao ser objectivo. No entanto, quando
não se desenvolve essa consciência dialéctica, o conhecimento passa a residir no abstracto,
que é um conhecimento incapaz de ser averiguado empiricamente porque não corresponde a
um conceito da realidade.

O abstracto é um conceito que envolve possibilidades abstractas, podendo ser


demonstradas somente no mundo da lógica matemática. Nesse sentido, o abstracto só pode ter
sentido para realidade se for inserido num sistema real da natureza para se chegar a uma
objectividade.

O processo da filosofia do espírito de Hegel (2000) procura ampliar o entendimento e


descrever o caminho dialéctico que envolve os planos nessa relação estrutural. Contudo, esses
não são apresentados como passagens unilaterais de um para outro, ou seja, uma superação de
um determinado momento por outro de maior relevância, mas sim, o estabelecimento de uma
conexão inserido numa totalidade, intermediado por suas contradições.

O primeiro plano, Hegel chama de espírito subjectivo ou mundo sensível, referindo-se


as experiências e as interpretações através da relação do homem com o mundo natural. Um
movimento de oposição entre o mundo dominado pela imediatidade e o mundo
primordialmente humano, dominado pela mediação ou superação da natureza pelo espírito
objectivo.

O segundo plano é o espírito objectivo. Refere-se aquele que promove o


amadurecimento e a autoconsciência da realidade por meio da relação do homem com a
cultura, mostrando que o individuo só pode ser considerado humano no momento em que ele
participa do movimento de manifestação do espírito, que é o movimento constitutivo da
história, importante para o progresso na consciência da liberdade. Neste sentido, o histórico
de um homem constitui um ser livre em sua progressiva manifestação.

O terceiro é o espírito absoluto, o estagio relacionado pelas acções de mudanças


baseadas em ideias consolidadas. É a necessidade de ultrapassar dialeticamente o plano da
história universal, que é o momento mais alto atingido pela dialéctica do espírito objectivo.
(HEGEL, 2000)

Essa proposta de entendimento filosófico será primordial para o entendimento da


concepção do belo, porque através dele, seria possível desenvolvê-lo de forma objectivamente
determinável e racionalmente conhecido. Uma intencionalidade conceitual que se contrapõe
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ao princípio puramente racional do belo, fundada no gosto, uma concepção subjectiva


defendida por muitos intelectuais do século XVIII ao desenvolver o pensamento da estética
direccionada a fundamentar o belo como um sentimento interno do homem para “[...] buscar
não na objectividade do belo, mas no próprio juízo humano a razão do sentimento estético”.
(FERREIRA, 2011, p.82)

A teoria Kantiana se baseava em parte nestas concepções subjectivas, pela pretensão


de fazer do belo uma categoria do juízo, ou seja, fundamentar o juízo que reconhece o belo e
não fundar tal categoria objectivamente. Ferreira (2011) lembra que Hegel reconhece a
unificação entre espírito e natureza através da arte bela, mas nega o seu modo de compreensão
que acabava promovendo uma separação destes, por desconsiderar as contradições entre
sujeito e objecto. O “[...] ato supremo da razão, o qual inclui em si todas as ideias, é também
um ato estético, e que verdade e bondade só na beleza estão irmanadas”. (HEGEL, 2009,
p.04) Nesse sentido, o filósofo deve obrigatoriamente adquirir uma força estética,
considerando a arte, um meio de se tornar, um homem livre.

3.7. A arte e o belo segundo Lessing


Quem primeiro comparou a pintura a poesia era homem de gosto apurado, no espírito
do qual estas artes produziram análogos efeitos. Verificava que uma e outras nus oferecem
como presentes coisas ausentes, nus dão a aparência como realidade, nus agradam, enfim,
enganando-nos. O segundo a compara-las, querendo penetrar no âmago do nosso prazer,
descobriu que tanto a pintura como a poesia provém da mesma e única fonte. A beleza cuja
noção nos vem em primeiro lugar dos objectos materiais, possui regras gerais que se aplicam
a várias coisas: as acções, pensamentos, bem como as formas. Um terceiro, ao reflectir sobre
o valor e a distribuição destas regras gerais, observou que umas predominam na pintura,
outras na poesia, e que, por conseguinte, mediante umas, a poesia pode vir em auxílio da
pintura, e, mediante outras, a pintura pode vir em auxílio da poesia, recorrendo a comentários
e exemplos. O primeiro rta amador; o segundo filósofo e o terceiro o crítico.

3.7.1. O Belo segundo Lessing


Lessing defende também que o belo é a imitação perfeita de um objecto. O artista
grego pintava apenas o belo; até o belo vulgar, o belo dos géneros inferiores, não era para ele
mais do que um assunto acidental, um exercício, uma distracção. O que na obra devia agradar
e a perfeição do próprio objecto; demasiado grande para pretender que o espectador se
contentasse com o frio prazer que nasce do parecido, da reflexão sobre a habilidade da
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execução, nada lhe era mais caro, nada lhe parecia mais nobre, que a finalidade da arte. "quem
poderá pintar-te quando ninguém te quer ver ?", Dizia um antigo poeta epigramático, ao falar
de um homem disforme. Mas um artista moderno dita: "ainda que sejas o mais disforme
possível, isso não me impedira de pintar-te, ainda que ninguém te queira ver, desejarão no
entanto ver o meu quadro, não porque te represente, mas por ser uma prova do meu talento,
que foi capaz de reproduzir com tanta exactidão semelhante monstro".

3.8. Ideia do Belo em Geral


Chamamos à bela ideia do belo. Este deve ser concebido como ideia e, ao mesmo
tempo, como a ideia sob forma particular; quer dizer, como ideal. O belo é a ideia; não a ideia
abstracta, anterior à sua manifestação, não realizada, mas a ideia concreta ou realizada,
inseparável da forma, como esta o é do princípio que nela aparece. Ainda menos devemos ver
na ideia uma pura generalidade ou uma colecção de qualidades abstraídas dos objectos reais.
A ideia é o fundo, a própria essência de toda a existência, o tipo, unidade real e viva da qual
os objectos visíveis não são mais que a realização exterior. Assim, a verdadeira ideia, a ideia
concreta, é a que resume a totalidade dos elementos desenvolvidos e manifestados pelo
conjunto dos seres. Numa palavra, a ideia é um todo, a harmoniosa unidade deste conjunto
universal que se processa eternamente na natureza e no mundo moral ou do espírito.

Agora, se dizemos que a beleza é a ideia, é porque beleza e verdade, num certo
aspecto, são idênticas. Há, contudo, uma diferença entre o verdadeiro e o belo. O verdadeiro é
a ideia considerada em si mesma, no seu princípio geral e em si e pensada como tal. Não
existe, pois, para a razão sob a sua forma exterior e sensível, mas no seu carácter geral e
universal.

Define-se, pois, o belo: a manifestação sensível da ideia (Dassinnlich Scheinen der


Idee).

No belo, a forma sensível nada é sem a ideia. Os dois elementos do belo são
inseparáveis. Aqui está porque, do ponto de vista da razão lógica ou da abstracção, o belo não
pode compreender-se. A razão lógica (Verstand) nunca apreende mais que um dos lados do
belo: fica no finito, no exclusivo e falso. O belo, pelo contrário, é em si mesmo infinito e
livre.

I – O carácter infinito e livre reconhecia-se quer no sujeito, quer no objecto, e neste do


duplo ponto de vista teórico e prático 1º O objecto, no seu aspecto teórico (especulativo), é
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livre, visto que não está equilibrado como uma simples existência particular e individual, que,
como tal, tem a sua ideia subjectiva (sua íntima essência e a própria razão de ser) fora de si
mesma, desenvolve-se sem regra e sem lei, dispersa-se e perde-se na multiplicidade das
relações exteriores. Porém, o objecto belo deixa ver a sua própria ideia realizada na sua
existência mesma e nessa unidade interior que constitui a sua vida. Por ela, o objecto (...)
libertou-se de toda a dependência do que não seja ele mesmo. Perdeu o seu carácter finito e
limitado para se transformar em infinito e livre.

Por outro lado, o sujeito, o eu, em sua relação com o objecto, cessa igualmente de ser
uma simples abstracção, um sujeito que percepciona e observa fenómenos sensíveis e os
generaliza. Chega a ser concreto neste objecto, porque toma nele consciência da unidade da
ideia e da sua realidade, da reunião concreta dos elementos que anteriormente estavam
separados no eu e no seu objecto.

II-Sob o aspecto prático, como foi demonstrado anteriormente, não existe o desejo na
contemplação do belo. O sujeito retira os próprios fins perante o objecto, que considera como
existindo por si mesmo, como tendo fim próprio e independente. Por isso, o objecto é livre,
visto que não é um meio, mas um instrumento afecto a outra existência. Por seu turno, o
sujeito (o espectador) sente-se inteiramente livre porque a distinção entre os seus fins e os
meios para satisfazê-los desaparece nele, porque, para ele, a necessidade e o dever de
preencher estes fins, realizando-os e objectivando-os, não o retêm na esfera do finito, e, pelo
contrário, tem ante si a ideia e o fim realizado de modo perfeito.

Eis aqui porque a contemplação do belo revela algo de liberal; permite ao objecto
manter-se na sua existência livre e independente. O sujeito que contempla não sente qualquer
necessidade de possui-lo ou de utilizá-lo.

Ainda que livre e fora de todo o alcance exterior, o objecto belo contém todavia, e
deve conter em si, a necessidade como relação necessária que mantém a harmonia entre os
seus elementos; não aparece, porém, sob a forma da necessidade, porquanto deve dissimular-
se sob a aparência de uma disposição acidental onde não penetra qualquer intenção.

De outro modo, as diferentes partes perderão a propriedade de serem por si mesmas e


para si mesmas. Estão ao serviço da unidade ideal, que as mantém sob a sua dependência.
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Em virtude deste carácter livre e infinito que reveste a ideia do belo, como o objecto
belo e a contemplação dele, o domínio do belo escapa à esfera das relações fintas e eleva-se à
região da ideia e da sua verdade.

A estética surge do sistema filosófico de Hegel (1770 – 1831) como parte importante
da filosofia do espírito. Na estética hegeliana se encontra impressionantes discursos ou
conferências ministradas por Hegel na Universidade de Berlim que foram registadas por
amigos, discípulos e ouvintes.

Na introdução da Estética, Hegel apresenta com precisão seu objectivo, que consiste
em mostrar que a filosofia da arte “forma um anel necessário ao conjunto da filosofia”. Aqui
não se pretende criar uma metafísica qualquer da arte, mas pretende-se dar início a este
tratado tendo como ponto de partida o “reino do belo”, do “domínio da arte”. É conveniente
que a filosofia do belo seja inserida no conjunto do sistema filosófico.

A estética hegeliana não trata de questões das belezas diversas inerentes às variadas
manifestações artísticas, pois tamanha diversidade impossibilitaria edificar uma ciência com
validade universal. O ponto de partida se dá na ideia de Belo, de onde provém o conceito. O
belo que interessa Hegel é o belo artístico, que se origina da produção do homem, excluindo
assim o belo natural. Na concepção de Hegel o Belo artístico é sempre superior ao belo
natural, sendo ele uma produção do espírito, e o espírito “sendo superior à natureza, sua
superioridade se comunica igualmente aos seus produtos, e por consequência, à arte”
(HEGEL, p.2).

O conceito hegeliano de belo ideal é a harmonia perfeita entre forma e conteúdo. Para
Hegel, o conteúdo da arte é sempre o absoluto. A arte evoluiu gradativamente, substituindo o
princípio estático ou plástico de beleza ideal, pelo princípio activo e reflexivo da
subjectividade autoconsciente, de forma temporal e geográfica. O espírito absoluto é
concebido, ele se manifesta hierarquicamente através da arte, religião e filosofia, como
realização do espírito humano na história do mundo. A história e a arte evoluem na direcção
que vai de leste para oeste. Do oriente, com sua relação primitiva com a natureza, para o
ocidente com suas formas espirituais ou racionais de produção cultural. É algo que resulta não
se revelando imediatamente. Para Hegel, a superioridade ou liberdade do espírito, pode ser
identificada na arte. É um processo de idealização ou espiritualização da matéria sensível.
Para ele, a natureza não possui uma forma ideal, ela não realiza efectivamente a beleza. O
ideal é um produto da actividade humana, fenómeno puramente artístico. O espírito se
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encontra na natureza na forma latente de um “ser-em-si” não podendo ser apreendido


sensivelmente, mas apenas pelo pensamento.

Neste artigo, investigaremos o desenvolvimento do que está contido no conceito de


ideal pela arte. Hegel incorpora a arte ao movimento do conceito, sua função é tornar a ideia
acessível a nossa contemplação, através da forma sensível. Para que isto aconteça é necessária
a fusão e interpretação da ideia, do conteúdo e da forma. Assim, atinge o conceito da essência
absoluta do belo artístico. O conteúdo passa por uma evolução, através das representações
concretas da arte. As formas artísticas, na medida em que forem decifradas, dão ao espírito a
consciência de si próprio. Estas relações se apresentam de três formas: na arte simbólica, na
arte clássica e na arte romântica.

Na arte simbólica, a ideia acede à consciência de maneira indeterminada, absoluta e


defeituosa. A forma é direta e natural, exterior e indiferente incapaz de se harmonizar e
encontrar sua verdadeira expressão artística. O homem ainda não consegue dominar as
grandes forças da natureza, ele as concebe como infinito e absoluto. Para Hegel, esta etapa
corresponde à religião da natureza. A adequação da ideia a forma, se dá na arte clássica.

A forma que a ideia utiliza conforma-se em si e para si, com o conceito descobre a
forma da figura humana, pra representá-la, exteriorizá-la e manifestá-la. O espiritual se
manifesta em sua existência no tempo, atreves da forma humana. Há a descoberta de que o
absoluto está no homem e que o divino tem forma humana. As relações entre o homem e a
natureza passam a ser de carácter social, é o que Hegel chama de religião da individualidade
espiritual. Mas, a arte clássica acaba se sucumbindo por não conseguir ultrapassar a expressão
da espiritualidade através da forma humana, sem se deixar absolver inteiramente pelo sensível
e corporal. Não encontra na corporalidade humana os elementos adequados a sua existência.
O absoluto só pode encontrar sua expressão na espiritualidade pura, que é a beleza que
realmente importa. O espírito absoluto livre em si e para si, só existe como espírito. Com
classicismo, a arte adequou a ideia à forma. Por ser apenas arte, não conseguiu libertar a ideia
do sensível. Houve a ruptura do conteúdo e da forma, provocando um regresso da arte à
oposição que existia na arte simbólica.

A estética e a arte têm a tarefa de fornecer formas concretas e cada vez mais efectivas
da liberdade, alcançando uma harmonia livre e acabada. A forma da arte romântica cumpre
essa tarefa, pois, possui um conteúdo mais elevado do que da arte clássica. Alcançou a ideia
de que o espírito é síntese entre finito e infinito, humano e divino e é neste momento que
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podemos dizer que nasce a arte romântica ou cristã. Ela procura erguer-se a um nível superior,
através da cisão entre a verdade e a representação sensível. O conceito e a unidade subsistem,
mas concebidos segundo o espírito, independente do sensível. A verdade só existe no espírito,
pelo espírito e para o espírito, e que só através dele se pode manifestar. O espírito toma
consciência do fato de que é unidade entre o finito e o infinito. A arte romântica adquire um
conteúdo que evoca representações conhecidas. Do deus grego da arte clássica, passa para o
deus cristão, que é o absoluto, logo interioridade para si. A arte romântica esforça-se para
ultrapassar a si própria, sem transpor os limites da arte. Na arte romântica o ser- em- si, o
espiritual o subjectivo serve para exprimir tudo o que se refere ao saber, ao sentimento a alma.

A unidade absoluta entre o mundo exterior e o conteúdo deixam de existir, o sensível,


a matéria em geral só na alma encontra a significação. A ideia é livre e independente, o
espírito alcançou um estado em que pode ser para si, está liberto da representação sensível da
forma, que aparece como simbólica. A livre e concreta espiritualidade constitui o objecto da
arte. O romantismo apresenta às nossas profundidades espirituais procurando satisfazer a
nossa interioridade subjectiva, a alma o sentimento que enquanto participante do espírito,
aspira à liberdade para si. No romantismo, a ideia em comunhão com a alma e o espírito,
subtrai-se a união com o sensível e o exterior, procura em si própria a sua realidade. Não é
preciso a meios sensíveis para se manifestar, alcança o mais alto grau de perfeição, Hegel
chama este momento de religião absoluta ou revelação, o cristianismo.

Depois desse retorno espiritual a si mesmo, a obra de arte tem uma importância cada
vez menos decisiva, é superada pela religião. Hegel diagnostica o “fim da arte” como
superação da imediatez da experiência estética. Assim é apresentada a progressão do espírito
nas três etapas: a arte, a religião e a filosofia, que é considerado como caminhos para a
liberdade.

A liberdade é o eixo fundamental de toda filosofia hegeliana, pra Hegel “a liberdade


consiste em superar a exterioridade das coisas: o sujeito reconhece no objecto sua própria
obra, sua criação” (GARAUDY, p.168).

Estas etapas são momentos de fusão do objecto e do sujeito, do aprofundamento do


conhecimento do absoluto, concebido como substância e como sujeito.

A segunda etapa deste processo é a religião. A consciência da religião toma a forma da


representação, o absoluto desloca-se da objectividade da arte para interioridade do sujeito.
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Em seguida temos a filosofia, que é a superação da religião. Nesta o pensamento


racional e livre realizam a unidade perfeita do sujeito e do objecto na transparência racional
absoluta do puro saber.

Segundo Hegel, “a arte, a religião e a filosofia diferem somente pela forma, seu
objecto é o mesmo. Seu objecto comum é a elevação do espírito finito à liberdade que é a
verdade absoluta, a consciência da unidade do finito e do infinito” (GARAUDY, p.168-9).

A filosofia da arte incorpora a história da arte, para pensar o sistema da arte, como um
sistema filosófico, uma perspectiva nova de entender a estética. Dá a ela uma dimensão
histórica, coisas que eram pensadas como características artísticas, passam a ser reflexões
filosóficas. O pensar constitui a essência íntima do espírito, e valoriza a interpretação da arte,
pois esta nasce do espírito e são guiadas por ele. A tarefa da arte só pode realizar-se
historicamente. Introduzindo a historicidade no interior da verdade, Hegel estabelece a
primazia do divino e do inteligível. Incube ao filósofo, e não mais ao artista, a tarefa de
reconciliar o espírito e o mundo. A filosofia é o momento definitivo em que o espírito se
possui em si mesmo. A arte, em seu desenvolvimento histórico está destinada a morrer, para
que sejam formas mais elevadas.
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4. Conclusão
Terminado o desenvolvimento do trabalho, concluímos que o belo é um tópico vasto
que abrange várias definições o que proporcionou análise de todas teorias e concordamos com
a abordagem do filósofo Hegel (2001), que para ele a consciência nasce abstracta, um eu de
possibilidades que para torna-se um eu concreto, real, deve-se negar, criando sua própria
oposição para ser uma integração. Trata-se de aceitar suas diferentes formas contraditórias
que eu pode assumir, decorrentes das acções e interpretações para se chegar ao ser objectivo.
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5. Bibliografia
ANGIONI, L. (2019). Platão. Hípias Maior. Archai 26, e02608. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/archai/a/9GR55Yskv9ZNmYz3RTHXdkP/?format=pdf&lang=pt

CEYP (2010). Baumgarten e o Belo. PP: 1,2. Paraná.

SILVA, Marcos Vieira da. A questão do Belo na obra Hípias Maior, um diálogo de
Sócrates com Hípias de Élide. Disponível em: https://silvasud.wordpress.com/2012/04/21/o-
belo-em-hipias-maior/

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