Platão e sua Ideia

Vida e ideias de Platão

Platão, nascido em Atenas por volta de 428 ou 427 a.C., é
amplamente reconhecido como um dos mais influentes
filósofos da história ocidental. Discípulo de Sócrates e
professor de Aristóteles, Platão fundou a Academia em
Atenas, considerada por muitos como a primeira instituição
de ensino superior do mundo ocidental. Sua obra escrita
abrange uma variedade de temas, incluindo ética, política,
metafísica e epistemologia, e é composta principalmente por
diálogos, onde Sócrates frequentemente desempenha o papel
principal. Entre suas obras mais conhecidas estão "A
República", onde Platão apresenta sua visão utópica de uma
sociedade ideal, e "Fedro", que explora a natureza do amor e
da retórica. Sua influência perdura até os dias de hoje,
moldando a filosofia, a política e o pensamento humano ao
longo dos séculos.
Sua carreira literaria e dividida em quatro períodos:
1º período ele escreveu Apologia de Socrates, Crito, Protagoras e Republica (Livro 1);
2º período compôs Crátilo, Górgias e Lísis. Entre 0 segundo e terceiro períodos, fundou
sua Academia;
3º período produziu Menon, Fédon, Fédro, Símposio e 0 restante de Republica. Antes do
seu último período literário, nasceu seu famoso pupilo, Aristóteles;
4º período, escreveu Parmênides, Tecteto, O sofista, O estadista, Filebo, Timeu, Crítias e
Leis.
Mundo inteligível: Ideias, Formas
Platão desenvolveu um conceito fundamental que permeia sua
filosofia: o das Ideias ou Formas. Para ele, o mundo sensível ao
nosso redor é apenas uma sombra imperfeita e mutável das
realidades eternas e imutáveis que ele chamava de Ideias ou
Formas. Essas Ideias são os padrões perfeitos e universais das
coisas, como beleza, justiça e bondade, que existem
independentemente de nossa percepção delas. Platão
argumentou que o conhecimento verdadeiro só pode ser
alcançado por meio da contemplação dessas Ideias através da
razão, em vez de pelos sentidos. Assim, ele propôs uma
distinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível, onde as
Ideias residem, e enfatizou a busca pela verdade e pelo
conhecimento como um processo de ascensão da caverna das
aparências para a luz da compreensão das Ideias. Esse conceito
influenciou profundamente a filosofia ocidental, moldando
ideias subsequentes sobre epistemologia, metafísica e ética.
A solução filosófica de Platão: o Dualismo

O dualismo filosófico de Platão é central em sua teoria das

formas ou ideias. Segundo Platão, o mundo sensível,
percebido pelos sentidos, é caracterizado pela imperfeição
e mutabilidade, enquanto o mundo das formas, acessível
apenas pela razão, é o repositório de conceitos universais e
imutáveis, que representam a verdadeira realidade. Nessa
dualidade, o mundo das formas é considerado mais real e
permanente do que o mundo sensível. Platão argumenta
que o conhecimento verdadeiro só pode ser alcançado
através da contemplação das formas, enquanto o mundo
sensível oferece apenas opiniões e ilusões. Essa dicotomia
entre o mundo sensível e o mundo das formas influenciou
profundamente o pensamento ocidental.
Teoria das 3 almas de Platão
Metafisica de Platão. Platão acreditava que o
universo é eterno, o processo eterno pelo qual
o Criador (Demiurgo) contemplava o Bem (o
agathos) e transbordava de Formas (eidos)
que formavam o mundo material (chaos) para
sempre, formando-o no cosmo. A criação,
então, é um processo eterno de criação ex-
materia. Logo, a realidade é um dualismo
básico de Forma e matéria, ambas coeternas.
O ser humano
Por exemplo, todos os seres humanos, compartilham uma Forma ou
Essência de humanidade. E humanidade existe como a Forma pura no
mundo real, 0 mundo espiritual por trás do mundo material. E cada uma
dessas Formas puras vem da Forma que contém todas as Formas em sua
natureza absolutamente perfeita.
Visão platônica de Deus. Para Platão, Deus não era a Forma
absoluta (agathos), mas o Formador (o Demiurgo). Seu argumento
para o Demiurgo (Formador do mundo) assumiu a seguinte forma:
1) O cosmo seria o caos sem formas, ou seja, a matéria pura sem
estrutura e disforme. 2) O caos (sem forma) e maligno, e o cosmo
(forma) é bom. 3) Todas as formas do bem no mundo vem de um
Formador Bom além do mundo (o caos não pode se transformar
no cosmo). 4) O Formador não pode fazer formas boas sem uma
Forma do Bem como padrão. 5) A Forma segundo a qual formas
mutáveis são formadas deve ser uma Forma imutável. Apenas o
imutável pode ser a base para o mutável. Apenas o Inteligível
(Ideal) pode ser a base para as Ideias. 6) Portanto, há um
Formador (Demiurgo) e a Forma (Bem) segundo a qual todas as
coisas são formadas.
O tal motor
Platão ofereceu um argumento a favor de um Primeiro Motor (ou Alma universal). Assim como
a Forma é necessária para explicar a fonte das Formas puras, e o Formador é necessário para
explicar a existência das coisas formadas, o Primeiro Motor é necessário para explicar a
existência de movimento no mundo. Logo, há um Motor Supremo (alma).
Alegoria da Caverna
A influência de Platão sobre o pensamento posterior.
A filosofia de Platão tem muitos valores duradouros. Uma
lista incompleta incluiria pelo menos os fatores a seguir:
Fundacionalismo. A defesa que Platão fez dos primeiros
princípios tem sido muito útil para os apologistas
cristãos no argumento contra o agnosticismo e outras
teses anticristãs.
Verdade como correspondência. Como outros filósofos
clássicos, Platão definiu verdade a como
correspondência, dando assim apoio a convicção cristã
de que a verdade metafisica é o que corresponde à
realidade. A verdade é objetiva e não meramente
subjetiva.
Absolutismo epistemológico. Além de a verdade ser
objetiva para Platão, também era absoluta. Os
argumentos de Platão ainda são usados por apologistas
cristãos para defender sua fé na verdade absoluta.
A influência de Platão sobre o pensamento posterior.
Absolutismo moral. Platão também acreditava em
valores absolutos. Isso igualmente está de acordo com a
tarefa da apologética cristã de defender absolutos
morais
Essencialismo ético. Além de acreditar em absolutos
morais, Platão afirmou que eles estão ancorados na
natureza imutável da Forma (o Bem).

Universais. Ao contrário do nominalismo, Platão

argumentou, como fazem os cristãos ortodoxos, que há
universais e essências. Na realidade, é parte da fé cristã
que Deus tem uma essência e três pessoas e que Cristo
tem duas essências ou naturezas unidas numa pessoa.
A influência de Platão sobre o pensamento posterior.
Argumentos a favor da existência de Deus. As provas
que Platão ofereceu para a existência do Demiurgo foram
predecessoras das formas cristãs posteriores do
argumento cosmológico ou do argumento da perfeição
de Deus, usadas por Agostinho, Anselmo e Tomás de
Aquino.
Imortalidade. Platão defendeu o que todos os cristãos
ortodoxos acreditam, ou seja, que os seres humanos
tem uma dimensão espiritual em sua composicao, que é
imortal

Capacidade intelectual inata. A maioria dos

apologistas cristãos acredita que há uma capacidade
inata, dada por Deus, na mente humana. Não nascemos
absolutamente vazios, mas com certas capacidades e
habilidades racionais dadas por Deus.
Dimensões negativas.
A despeito das muitas características positivas do sistema
platônico, muitas das ideias de Platão são uma frustração
continua para o cristianismo. Algumas delas são dignas de
nota.
Criação eterna. Ao contrário do cristianismo, que afirma
a criação ex nihilo (do nada), Platão afirmou uma criação
ex materia, a partir de matéria preexistente. Logo, para
Platão o universo material e eterno, não temporal como
acreditam os cristãos.
Dualismo antropológico. Um dos legados mais
duradouros e perturbadores de Platão entre os cristãos é
sua visão dualista dos seres humanos. Para Platão, o
homem é uma alma em um corpo. Na verdade, para ele
os seres humanos estão presos em seus corpos. Disso
resultam o asceticismo (negação do corpo) e a
alienação.
Dimensões negativas.
Deísmo finito. Ao contrário do Deus teísta do
cristianismo que é infinito em poder e perfeição, o deus Otimismo humanista.
de Platão era finito. Mas há boa argumentação para De certa forma Platão e o
demonstrar que Deus é infinito.
pai do humanismo
ocidental. Sua crença de
Reencarnação. O conceito platônico de reencarnação,
como os conceitos orientais, foi condenado pela igreja que os seres humanos são
cristã e é refutado por boas evidências, bíblicas e aperfeiçoáveis pela
racionais educação é contraria ao
Alegorismo. Pelo fato de acreditar que a matéria era ensinamento das
menos real, Platão depreciou a interpretação literal das Escrituras e a experiencia
coisas. No campo da interpretação isso leva a procurar o
significado espiritual ou místico mais profundo do texto. humana universal.
Isso deu origem ao neoplatonismo e a alegoria medieval
(Origenes), problema que ainda assedia a igreja cristã.