Introdução à Platão - Aula I

Platão é simplesmente a mais importante filosofo da história da filosofia, Platão é a filosofia e a

filosofia é Platão. Platão é a base fundamental de todo o pensamento ocidental, seu pensamento
não só influencia todos os filósofos que vieram depois – tanto platonistas quanto antiplatonistas –
como é a estrutura sem a qual o pensamento destes não se sustenta. Nas palavras de Martim
Masques da Cunha, todos os filósofos devem se curvar à Platão.
-Platão nos dá uma forma reflexiva e conceitual de pensar, principalmente sobre a alma
humana.

North Whitehead, filósofo americano da matemática, diz que a definição mais segura do que é a
filosofia ocidental, é que ela toda é uma série de notas de rodapé sobre a obra de Platão, ou seja,
elas simplesmente à comentam, no mais à complementam. Todos os homens são platônicos,
Scheling, filósofo idealista alemão do século XIX, diz que cada século tem um Platão que lhe
cabe, pois, a obra deste filósofo é tão monumental que ela contempla, em todos os seus pontos,
algum aspecto filosófico pertencente a qualquer um do filósofos que o sucederam ao longo da
história. A história da filosofia ocidental é a história da recepção do pensamento de Platão.
Platão é essencial para o surgimento da vida intelectual cristã, ele foi de extrema importância
para Santo Agostinho, quem introduz Platão na Fé Cristã. Junto ao cristianismo Platão é o eixo
da civilização ocidental. São João escreve ‘No início era o Verbo’, vê-se Platão nessa frase
bíblica, e ela nos esclarece inclusive o sentido da palavra arche, do original, que significa
origem, base, Platão é justamente essa base para a filosofia, essa origem, não só
cronologicamente como ontologicamente, pois ele à estrutura e continua ser, é perene, perpétuo.
Também vemos na frase o logos, Platão puro. Logos que é o saber, o conhecimento, a razão, a
proporção e até o sentido. Ou seja, o fundamento, a base é o a razão. Platão busco o Logos de
tudo e o Logos do todo. O Logos de cada objeto, que cada ciência se estrutura, e o Logos que
estrutura todo o mundo, em outras palavras o Logos de Deus, ou da Teologia. Teologia que é
invenção de Platão, que é a Revelação objetiva da presença de Deus que presuma a assimilação
subjetiva da fé. A Teologia de Platão é uma teologia natural, aquela que busca um princípio
último e a causa final da realidade.
O próprio Nietzsche, que tenta superar a tradição teológica ocidental diz que ela é o platonismo.
Teologia essa que divide o mundo em duas dimensões, o sensível e o inteligível; o baixo e o alto;
o escuro e o claro; o imanente e o transcendente. E esse pensamento será introduzido no
vocabulário religioso cristão como terra e céu; carne e espírito; pecado e santidade. O filósofo
alemão diz que o cristianismo é o platonismo das massas, quando ele tenta refutar a filosofia de
Platão refuta concomitantemente o cristianismo. Nietzsche gostava muito de um personagem do
diálogo Górgias de Platão, um cínico chamado Cálicles que defendia que a justiça era uma arma
dos fracos para refrear os fortes. Esse pensamento também será refletido no de Nietzsche que
defende o mesmo em relação ao cristianismo, acredita que o amor e a benevolência são
invenções do cristianismo para impedir que os fortes esmaguem os fracos.
 - O cristianismo não é se não o platonismo das massas
Toda a história da filosofia ocidental é fincada em Platão.

A filosofia antiga era uma forma de vida, uma espécie de religião. Seus praticantes eram
iniciados na seita da filosofia, todos aqueles que desejavam enxergar e viver o mundo de uma
forma diferente aceitavam esse convite. Enxergar e viver, pois a prática filosófica exige
conformidade com o pensamento defendido e a ação praticada, pois ela habita duas dimensões; a
intelectual e a moral. Essa consonância é a característica definitiva do Sábio. A vida sempre é
reflexo daquilo que se pensa e quando isso não ocorre o pensamento se torna refém daquilo que
se vive. Mil subterfúgios serão criados para justificar ao pensamento os erros de uma vida com
ele desarmônica, até que eles aprisionem sua autonomia e subvertam finalmente a ordem. Se
inserindo no cristianismo esse pensamento é justamente a ideia de santidade, não basta amar
Cristo, é preciso vive-lo, o deixar penetrar sua vida. Essa ideia é no cristianismo a base da
linguagem espiritual. Não basta falar de Deus é preciso falar com Deus, deixa-lo penetrar sua
vida. O Verbo precisa se fazer carne, o conhecimento precisa ser vivido, a razão incorporada e
ser governadora da ação.
Essa ideia está muito clara em Platão quando se trata de ideais. Ideias não meros produtos do
intelecto humano, não são construtos subjetivos da consciência. Ideias são dados objetivos da
realidade que nos penetram e são amadas porque são belas, imutáveis, perfeitas, perenes, únicas.
O conhecimento é amor e o homem se torna aquilo que ele ama.