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Introdução à Platão - Aula III - Panorama dos Temas

Platão é um pensador católico. Isso, no sentido grego da palavra "katholikos" que significa "o todo",
"referente a totalidade", ou seja, Platão é um pensador que busca a horizontalidade do
conhecimento, aquele eixo que traça tudo, engloba tudo, que busca um plano comum para
tudo. Ele rejeita a ideia de especialização, que marca a busca do conheciemento na
modernidade, a ideia de que devemos verticalizar, nos aprofundar somente em um ramo do
saber; matemática, biología, ciência política, engenharia química ou engenharia civil por
exemplo. Platão verticaliza sim seu conhecimento, mas sem abandonar a ideia de
horizonatalidade, a ideia de que tudo faz parte de um todo, e o todo, o uno é o que Platão
busca por fim.

No início haviam os poetas, os primeiros condutores da alma da hélade, os primordiais


educadores do conjunto das cidades helenicas. Platão deriva deles, bebe da fonte poética,
incorpora sua forma narrativa em sua obra, pois era um sintetizador de tendencias artísticas e
intelectuais e a poesia é um das três principais fontes da qual ela vai se nutrir. O maior poeta da
hélade foi Homéro que escreveu a Ilíada e a Odisséia, que tratam respectivamente das virtudes
guerreira da coragem, encarnada por Aquiles, e da sabedoria da prudencia encarnada por
Odisseu. Essas virtudes estão no horizonte de Platão. E ele tenta superar não só a poesia como
referencia guia das cidades mas como também tenta superar Aquiles e Odisseu como heróis da
virtude com a fugura de Sócrates. A Repúblia é a nova Odisseia, Platão é o novo Homéro. Serão
agora os diálogos socráticos que se utilizaram das simbologias míticas para tratar das virtudes
essenciais. Platão acredita que a filosofía seja uma melhor forma de se alçar à forma objetiva
dessas virtudes do que a poesia.

Platão não vai retratrar Sócrates se utilizando do formato replicado da poesia Homérica, mas vai
absorver certos aspectos, como a narrativa simbólica e a ideai épica da volta para casa. Os
neoplatonicos inclusive irão tratar a obra de Platão como simbologias que retratam o retorno da
alma para casa. Na Odisseia temos o momento em que Odisseu obstri os ouvidos com cera para
que não seja seduvido pelo canto das serias e assim se desvirtuando de sua jornada. Uma
resistencia de sua parte em relação as distrações provocadas pelo mundo sensível que
impendem que contemplemos os objetos reais da existencia, esse é o retorno da alma para
casa. Platão irá abordar os ostaculos do mundo sensível que impedem que penetremos de
forma mais profunda intima nos mistérios da alma. Mas ele fará isso eliminando o poeta
mimético da sociedade ideal.

A dialética hegeliana da suprassunção fala de superar absorvendo aquilo que é superado e é


exatamente isso que faz Platão em sua obra, ele pretende superar os poetas, os sofistas e
fisiólogos articulando aspectos desses outros intelectuias dentro de sua própria obra.

Agon, luta em grego. Esse sentmento pauta as atividades dos antigos em tudo desde à poetica,
política, esportes e finalmente na filosofia. Povo atletico e competitivo os gregos acreditávam
em superar seus adversários mimetizando-os. Como foi dito acima, superar absorvendo o que
foi superado. Platão não era diferente. Seu objetivo sempre foi substituir o conhecimento dos
poetas, dos fisiólogos, dos sofistas pela filosofia, pelos diálogos socráticos. Para isso, ele
absorvou muito desses seus precendentes, do simbolismo e mitos dos poetas, dos provérbios
sapienciais dos pré-socráticos e da retórica eloquente dos sofistas. Platão quer ser tão bom
quanto os poetas, quer supera-los e por isso absorve o que esses tem de melhor. O próprio
Nietzche posteriormente tentou nessa lógica superar Platão, tentou subistituir Sócrates por
Zaratustra. A disputa está no coração do obra de Platão. E ele faz tudo isso, assimila as formas
narrativas de seus adversários para promover uma apologia à Sócrates. Essa apologia à Sócrates
é o fundamento central de toda sua obra.

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