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Acolher: abrigo institucional para crianças e adolescentes

ACOLHER: ABRIGO INSTITUCIONAL


PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Reception: Institutional Shelter for Children and Adolescents

Kaylin Cristiane Markus1


Cláudio Renato de Camargo Mello2

Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo Abstract: The present research aims to collect data
coletar dados que servirão de base teórica para a that will serve as the theoretical basis for the
elaboração do anteprojeto - ACOLHER: Abrigo elaboration of the preliminary project - ACOLHER:
Institucional para Crianças e Adolescentes no Institutional Shelter for Children and Adolescents in
município de Panambi-RS. A proposta deve the city of Panambi-RS. The proposal should enable
possibilitar a criação de uma instituição que agregue the creation of an institution that aggregates a set of
um conjunto espaços adequados à promoção de spaces suitable for the promotion of multidisciplinary
atividades multidisciplinares voltadas às necessidades activities focused on the needs of children and
de crianças e adolescentes de 0 a 18 anos de idade, adolescents from 0 to 18 years of age, in situations of
em situação de vulnerabilidade social. Há tanto a social vulnerability. There is a lack of spaces both at
nível nacional como estadual a ausência de espaços the national and state level that support the different
que amparem as diferentes carências de cada idade, e needs of each age, and provide accessibility and care
proporcionem acessibilidade e o atendimento de for people with special needs, seeking to provide a
pessoas portadoras de necessidades especiais, na better quality of life. Based on the research carried
busca de proporcionar uma melhor qualidade de vida. out through legislation and bibliographic review, the
Com base nas pesquisas realizadas através de characteristics, historical data, and the proposed
legislações, e de revisão bibliográfica, foram theme and its feasibility were addressed, followed by
abordadas as características, dados históricos, e a physical survey of the land and analysis of the
quanto ao tema proposto e sua viabilidade, seguido surrounding buildings, preparation of the program of
pelo levantamento físico do terreno e análise das needs, pre-dimensioning, architectural criteria, among
edificações do entorno, elaboração do programa de others. In this way, it is intended to supply this lack
necessidades, pré-dimensionamento, critérios that the city under study presents, by means of a
arquitetônicos, entre outros. Deste modo pretende-se welcoming architecture, guaranteeing the users' well-
suprir esta carência que o município em estudo being, and reintegrating them into society.
apresenta, por meio de uma arquitetura de
acolhimento, garantindo o bem-estar dos usuários, e Keywords: Child care. Quality of life. Social
reintegrando-os à sociedade. vulnerability.

Palavras-chave: Acolhimento infantil. Qualidade de


vida. Vulnerabilidade social.

1
Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil. E-mail:
kaylin.c.m@hotmail.com
2
Coordenador e Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cruz Alta – Unicruz, Cruz
Alta, Brasil. E-mail: cmello@unicruz.edu.br
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RevInt - Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão
ISSN 2358-6036 – v. 9, 2021, p. 155-165.
DOI: https://doi.org/10.33053/revint.v9i1.635 155
Acolher: abrigo institucional para crianças e adolescentes

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Esta pesquisa, elaborada na disciplina de Trabalho de Curso I, do Curso de


Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cruz Alta, tem por objetivo o estudo e coleta de
dados que fundamentarão a elaboração do anteprojeto de um Abrigo Institucional para
Crianças e Adolescentes para o município de Panambi no Estado do Rio Grande do Sul.
Inicialmente as instituições para acolhimento de crianças e adolescentes eram os
antigos orfanatos, colégios internos, e ficaram conhecidas como locais de abandono durante
décadas. Foi somente com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que a criança e o
adolescente passaram progressivamente a garantir seus direitos, e serem vistos como membros
da sociedade.
O abrigo institucional corresponde ao maior percentual de instituições no Brasil,
dentro das modalidades de acolhimento institucional. Atendendo até vinte crianças e
adolescentes entre zero e dezoito anos, de ambos os sexos, em processo ou não de adoção em
um único equipamento. Embora sendo considerado como uma medida provisória e
excepcional, segundo o Instituto Brasileiro do Direito da Família (IBDFAM), crianças e
adolescentes permanecem por 6 meses há mais de três anos nas unidades de acolhimento
(IBDFAM, 2020). O projeto de abrigo institucional, pretende acolher e oferecer um
atendimento adequado e completo tanto para as necessidades físicas, quanto para as
psicológicas dos acolhidos, com idade de 0 a 18 anos, através da qualificação dos ambientes,
indo além das exigências mínimas (dimensão dos ambientes versus número de habitantes)
estabelecidas nas orientações do ECA.
Acolhimento Institucional, de acordo com o Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), é um dos serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade cujo principal
objetivo é promover o acolhimento de famílias ou indivíduos com vínculos familiares
rompidos ou fragilizados, de forma a garantir sua proteção integral. Esse serviço é prestado
em unidades inseridas na comunidade e deve obrigatoriamente possuir características
residenciais. Ou seja, ser um ambiente acolhedor e com estrutura física adequada para atender
às necessidades dos usuários (GESUAS, 2021).
No âmbito deste projeto, o abrigo institucional atenderá um público de crianças e
adolescentes em vulnerabilidade social, cujos vínculos familiares foram violados ou
fragilizados e cuja integridade física e psíquica foram colocadas em risco. Geralmente são
jovens que, por diversos motivos, são submetidos ao trabalho infantil, à dependência química,
que sofreram maus tratos, algum tipo de violência e/ou que foram abusados(as) sexualmente,
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necessitando assim permanecerem afastados de suas famílias por um período determinado.


Desta maneira, entendemos estar contribuindo para a (re)habilitação educacional e pessoal
desses indivíduos por meio da promoção social e da proteção dos seus direitos enquanto
cidadãos.
A implantação do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), no ano de
2019, possibilitou a unificação do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e o Cadastro
Nacional de Crianças e Adolescentes (CNCA). De acordo com o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), em abril de 2021 as instituições de acolhimento brasileiras contam com 30.882
crianças e adolescentes sendo que destes, apenas 4.967 estão disponíveis para adoção. A
região sudeste concentra o maior número de acolhidos 14.255, já a região sul acolhe cerca de
7.332 crianças e adolescentes, destas 3.559 estão no estado do RS que congrega o segundo
maior número no país, ficando atrás do estado de São Paulo (CNJ, 2021).
A região Sul também concentra o segundo maior percentual de crianças e adolescentes
adotados em 2020, e também o segundo maior em número de pretendentes. Ainda assim,
apesar do alto número de pretendentes tanto no Brasil, como no Rio Grande do Sul, somente
0,3% destes, desejam adotar adolescentes, sendo que estes representam 77% do total de
crianças e adolescentes disponíveis. Assim, o número de adolescentes que atingiram a
maioridade é equivalente a 30% em relação aos adotados no ano de 2020 (SUAS, 2019; SNA,
2020).
Ademais devido à emergência sanitária causada pela pandemia de Covid-19 e o
aumento da demanda, e com as novas adequações necessárias, a Associação de Pesquisadores
e Formadores da área da Criança e do Adolescente (NECA), realizou em parceria com outras
instituições um levantamento, quanto aos Serviços de Acolhimento. Os dados coletados foram
observados entre maio e julho de 2020. Ressaltasse que dentro da pesquisa 25 municípios não
tinham o serviço, utilizando dos serviços de acolhimento dos municípios vizinhos, destes 18
municípios da Região Sudeste, 5 da Região Sul. O levantamento traz ainda a problemática já
citada anteriormente, cerca de 3 mil adolescentes poderão chegar à maioridade nos serviços de
acolhimento (SNA, 2020).
Muitos estudos alertam para o fato de que sintomas depressivos e eventos estressores
são comuns em crianças e adolescentes institucionalizados. No aspecto relativo ao espaço
físico, Savi (2008), em sua dissertação de mestrado intitulada “Abrigo ou lar? Um olhar
arquitetônico sobre os abrigos de permanência continuada para crianças e adolescentes em
situação de vulnerabilidade social”, percebeu que abrigos que funcionam em ambientes
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adaptados apresentam uma tendência apresentar problemas de conforto térmico, acústico, de


privacidade e também desconsideram o comportamento espacial dos abrigados, visto que
foram projetados para outro uso.
Neste contexto, o município de Panambi conta atualmente com a Associação de
Voluntários Casa de Passagem (AVOCAP), uma organização não governamental, constituída
em novembro de 2010, a fim de amparar crianças e adolescentes em vulnerabilidade social.
Com capacidade em âmbito municipal de receber 13 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos.
Atualmente a instituição atende 10 crianças, entre a faixa etária de 0 (1 mês) a 16 anos de
idade. Destas, duas são pessoas com deficiência, e uma é do município de Condor. A
finalidade da instituição é atender crianças de 0 a 6 anos preferencialmente e
excepcionalmente até 18 anos incompletos de ambos os sexos que necessitem de medidas de
proteção especial atendidas no âmbito do município de Panambi e o município limítrofe de
Condor (MAHP, 2021).
Segundo Solange Molz, atual Presidente da instituição, com o início da pandemia em
2020 surgiu a necessidade de um espaço para estudos dos acolhidos, porém através do
patrocínio de uma empresa local foi realizada uma ampliação na casa, para atender as
necessidades mais urgentes. Ainda assim, há problemas estruturais, necessidade de reforma da
área externa e espaço de lazer, e adequações à demanda. Pois a casos onde a instituição não
teve capacidade para atender, precisando encaminhar para outro município. A instituição
apresenta dificuldades em atender de forma adequada a demanda para de cada faixa etária, em
consequência ao espaço limitado e com uma infraestrutura básica, que necessita de recorrentes
reformas (informação verbal).
A justificativa do projeto se baseia através de toda a problemática abordada, a qual se
agravou ainda mais devido a pandemia, e para suprir de forma adequada às necessidades das
crianças e adolescentes acolhidos, garantir espaços pensados de forma a considerar a
particularidade de cada ciclo da vida, além de proporcionar maior conforto e aconchego aos
seus usuários. Aumentando o potencial de atendimento, considerando que hoje a entidade dá
prioridade para ao atendimento de crianças de 0 a 6 anos, onde com a estrutura adequada
poderia atender de modo seguro até aos 18 anos, visto que os adolescentes conforme os dados
apresentados representarem a maioria do total de crianças e adolescentes acolhidos, havendo
mais adolescentes disponíveis para adoção do que pretendentes que desejam adotá-los (CNJ,
2021).

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Com a intenção de alcançar os objetivos propostos e garantir o avanço do


conhecimento teórico, foi realizado três etapas: pesquisas, estudos de caso e anteprojeto.
Sendo desenvolvido o mapeamento do entorno, abordando a caracterização do município de
Panambi - local de implantação do projeto. E a legislação pertinente ao tema para subsidiar a
proposta de anteprojeto desenvolvida.
A Proposta do anteprojeto arquitetônico, abordado no terceiro capítulo situa-se, a
partir do diagnóstico e justificativa da área de intervenção, na análise de seu entorno urbano
imediato e na construção dos elementos metodológicos que fundamentam as intenções
projetuais, sendo: o programa de necessidades, e o pré-dimensionamento das áreas concebidas
– importantes partes integrantes à concepção do Conceito e do Partido Arquitetônico adotado
na solução do projeto.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Levantamento do entorno e condicionantes

O lote escolhido localiza-se no Bairro Becker, sendo delimitado a norte pela rua
Delegado Vanin, a leste pela rua Azaleia, a sul faz divisa a um lote lindeiro, e a oeste por lotes
residências diversas (Figura 30). Possui dimensão total de 12.430,00 m², destes 4.315m²
correspondem a Área de Preservação Permanente (APP), restando 8.115,00 m² de área livre.
O loteamento onde está inserido é destinado a edificações residenciais, conforme orientação
técnica do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), e está
em constante desenvolvimento, não contando ainda com nenhum equipamento público. Ainda
outro diferencial para escolha do terreno, é o sistema de coleta de esgoto (quase inexistente no
município), além de contar com acesso facilitado pela Rua 25 de Julho (rua de acesso bairro
ao centro).
Quanto a caracterização do entorno, as edificações são residências, térreas e em
alvenaria. Apesar de não aparecer na abrangência do estudo, há no entorno minimercados,
escolas e lojas a cerca de 600 metros. Ademais, a Rua Vinte e Cinco de Julho, conta com
transporte urbano coletivo a cada 30 minutos. Em razão ainda, de ser um loteamento recente,
as ruas contam todas com pavimentação asfáltica, porém poucas possuem calçadas adequadas,
e nenhuma conta com rampas acessíveis.

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Figura 1 – Entorno do Terreno em Estudo.

Fonte: GeoMaps, modificado pela autora (2021).

O lote possui um declive levemente acentuado com cerca de 8 metros. Possui dois
ventos dominantes, na época mais quente predominam os ventos Leste e na mais fria os
ventos Norte. A testada principal do lote localiza-se a norte, e recebe a maior incidência solar,
além das faces localizadas no eixo leste e oeste. Fatores que junto ao declive do terreno e ao
fato de que as edificações do entorno são térreas, contribuem e facilitam para o conforto
ambiental. Localizado na Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), onde conforme a Lei
Complementar Nº 008, que institui o Plano Diretor do Município de Panambi, são espaços
destinados para instalação de loteamentos populares ou para a instalação de equipamentos
urbanos e comunitários adequados aos interesses e necessidades da população.
Encontra-se com infraestrutura disponível, como água, luz, coleta seletiva de lixo, e
também um dos poucos bairros do município que conta com sistema de coleta de esgoto
disponível (conforme já citado anteriormente). O abastecimento de água é fornecido pela
Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), e de energia elétrica é de
responsabilidade da Hidroelétrica Panambi (HIDROPAN). Evidencia-se a falta de
equipamentos comunitários no entorno imediato, não há presente nenhum espaço de lazer para

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as crianças, adolescentes ou adultos. A Rua Vinte e Cinco de Julho, conta com parada de
ônibus facilitando o acesso ao transporte público.

Figura 2 - Tabela de ÍndiceS.

Fonte: Autores (2021).

De acordo com o Plano Diretor do município de Panambi, foi elaborado e calculado os


índices (Figura 2), atendendo aos índices urbanísticos, com cálculo segundo a elaboração do
projeto até a conclusão desta etapa. Após as análises do terreno e entorno, foi possível
identificar que o lote escolhido é adequado para a implantação do anteprojeto de um abrigo
institucional, pois o local favorece a interação dos acolhidos e a sociedade, a fim de dar o
sentimento de um lar e de pertencimento as estas crianças e adolescentes, além de também
agir na comunidade de forma a proporcionar espaços de lazer e aprendizado.

3.2 Conceito e desenvolvimento da proposta

Conforme estudo das análises e estudos de caso elaborou-se o programa de


necessidade, para alcançar o objetivo da proposta. Os espaços como dormitórios das crianças
e adolescentes, foram definido como setor íntimo; as áreas como lavanderia, cozinha,
despensa, depósito de lixo, central de gás e estacionamento foram direcionadas ao setor de
serviço; para espaços de vivência cotidiana, como refeitório, salas de TV e jogos entre outros,
foi definido o setor de uso comum; já quanto às salas de estudo, salas de aula, laboratórios e
biblioteca foi designado o setor educacional; e por fim o setor administrativo que agrega
atendimentos às famílias e aos acolhidos bem a como diretoria, coordenação e salas de
acompanhamento, sendo inicialmente pensado em um único bloco (Figura 3). Tendo seu
dimensionamento no total de 1224m².

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Figura 3 - Estudo em Zoneamento (A) Proposta inicial (B) Proposta em desenvolvimento.

Fonte: Autores (2021).

A música "Canção infantil" de Cesar MC, traz uma denúncia acerca da realidade de
muitas criança e adolescentes do Brasil e da América Latina e em conjunto com a música
LAR de Geovanna Jainy dão norte ao projeto. Foram escolhidas palavras chaves a partir das
duas letras. Estas crianças e adolescentes necessitam de um LAR com uma PORTA para
ABRIR e ENTRAR. Espaço de AMOR, e uma cama ACONCHEGANTE onde se sintam,
mesmo em meio a TEMPESTADE PERTO DO CÉU, e onde tenham um DOCE SONHO.
Muito além de apenas um abrigo é um lar, e mesmo que temporário, pode auxiliar nesse
período da vida destas crianças e adolescentes
Assim os blocos foram dispostos no terreno seguindo a declividade do terreno de
forma crescente buscando a oportunizar não apenas um abrigo mas um lar que beneficie estas
crianças e adolescentes; os blocos foram disposto e zoneados para seguir em direção a
proporcionar esta evolução, definido com o setor íntimo os 2 blocos de acolhimento de 0 a 12
anos na área mais baixa para o segundo bloco de 12 a 18 até o espaço voltado ao aprendizado
no nível mais alto do terreno com o setor educacional, administrativo e o setor de uso comum
para convivência. Após estudo os blocos foram dispostos de forma a valorizar a área de APP e
também o visual proporcionado pela declividade do terreno. Separando o bloco administrativo
e educacional dos 2 blocos de acolhimento, cumprindo a normativa do ECA.
Os acessos estariam dispostos em três áreas, uma para estacionamento e acesso de
serviço e dois acessos de pedestres. O acesso pela rua Azaleia, seria voltado para o setor
educacional e área de lazer externa (Figura 4).

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Figura - 4 Implantação.

Fonte: Autores (2021).

Os dois blocos de acolhimento seguem o mesmo modelo, considerando a disposição


dos ambientes de forma a assemelhar-se a uma casa tradicional, tendo porem a separação dos
dormitórios por sexo, com exclusão do berçário. A área externa foi composta para
proporcionar atividades diversas tanto para as crianças como para os adolescentes entre elas:
trilha ecológica, anfiteatro ao ar livre; academia; lounge; horta e pomar; playground; espaço
de contemplação e área para piqueniques

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema referente às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social,


ganhou ainda mais relevância com a situação que ainda persiste da pandemia, sendo
necessário desde já começar a se pensar novas formas de se projetar a arquitetura na busca de
possibilitar o convívio social, ainda mais frente a crianças e adolescente que já enfrentam
situações difíceis.

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Em consequência aos estudos e análises desenvolvidos ao longo desta etapa inicial,


com intuito de proporcionar um espaço ideal, várias questões foram abordadas desde a
pesquisa, os estudos do terreno, e a proposta. O projeto Acolher: Abrigo Institucional para
Crianças e Adolescentes visa muito além do acolhimento, proporcionar ambientes
aconchegantes com uma estrutura física adequada e acessível, a fim de promover a interseção
da comunidade, através da criação de espaços de convivência coletivos e de aprendizado para
os adolescentes. Em síntese, por meio desta proposta, entendemos estar contribuindo com a
formação da identidade, desenvolvendo o sentimento afetivo e o sentido de pertencimento ao
espaço vivido, na intenção de amenizar o impacto deste período na vida de seus usuários.

REFERÊNCIAS

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