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CENTRO DE ACOLHIMENTO E ATENÇÃO SOCIAL

Criança e adolescente

Foto: James Akena, Adaptado pelo autor


MARTIN GABRIEL RAMOS

CENTRO DE ACOLHIMENTO E ATENÇÃO SOCIAL


Criança e adolescente

Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao


Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universida-
de do Sul de Santa Catarina como requisito par-
cial á obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Prof. Me. Cristiano Fontes de Oliveira

FLORIANÓPOLIS
2019
AGRADECIMENTOS

Acredito que conquistas são alcançadas co- A todas as pessoas que se fizeram importan-
letivamente e, a vivência que me trouxe até tes e presentes, especialmente ao meu orien-
esse momento, legitimou minha opinião. tador Cristiano pela empatia e suporte, meu
muito obrigado.
Com minha mãe compreendi o real signifi-
cado de relações e a importância destas em
minha jornada. Ao meu pai, reconheço hoje
com mais clareza seus ensinamentos. Eterna
gratidão a vocês pela oportunidade e co-
laboração, para que fosse possível, atingir
meus sonhos.

A minha irmã, pela sua competência como


uma boa ouvinte nos momentos que precisei
conversar. Pelos meus afilhados, que nas ho-
ras de lazer me faziam esquecer te todas as
responsabilidade e viver o presente.

A Letícia, minha namorada, por caminhar ao


meu lado desde minha formação no ensino
médio e vivenciar comigo experiencias boas
e ruins, sem perder sua positividade no olhar.
Reconheço sua sensibilidade de perceber em
mim o amor pelas crianças e me direcionar
para o tema escolhido.

Aos meus colegas de graduação, por me


acompanharem nessa trajetória que deman-
dou tanto esforço de todos, mas que juntos
vivenciamos esse momento.
Não existe revelação mais nítida da alma de uma sociedade do que a
forma como esta trata as suas crianças.
Nelson Mandela
RESUMO

O abrigo institucional é umas das modali-


dades de acolhimento presente na legisla-
ção brasileira, sustentadas pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente. Pratica o amparo
e proteção a menores em situação de vul-
nerabilidade social que possuem seus direi-
tos violados e, dessa forma, são afastados
do convívio familiar. Este local exerce apoio
até que seja possível o retorno a família de
origem ou, em último caso, conduzido para
adoção.

O Centro de Acolhimento e Atenção Social é


um projeto de arquitetura, desenvolvido com
base em dados da real situação em Florianó-
polis/SC, quando se trata de serviços gera-
dores de proteção a criança. Localizado no
bairro Jardim Atlântico, é um equipamento
promovido para sanar as carências das regi-
ões de seu entorno, de forma qualificada por
uma arquitetura condizente com suas funções.

Sendo assim, este trabalho apresentado ao


curso de Arquitetura e Urbanismo, irá compor
toda a etapa de revisão de literatura, estudo
de um projeto de mesma tipologia e análises
da área para o lançamento e estruturação de
um partido arquitetônico.

Palavras-chave: Abrigo; Criança e adoles-


cente; Centro de acolhimento; Partido arqui-
tetônico; Arquitetura e Urbanismo.
SUMÁRIO

08 INTRODUÇÃO

09 LOCALIZAÇÃO

10 OBJETIVOS
10 - Objetivo geral
10 - Objetivos específicos

11 METODOLOGIA

12 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
12 - A criança e o adolescente no Brasil
15 - A situação em Florianópolis
18 - Conceitos gerais
24 - Modelo atual de acolhimento institucional

28 ESTUDO DE CASO
30 - Conceituação
32 - Implantação e programa de necessidades

44 ANÁLISE DA ÁREA
46 - Mapa localização e bairros
48 - Mapa Plano diretor
50 - Mapa equipamentos

52 PARTIDO ARQUITETÔNICO
54 - O terreno
58 - Introdução ao projeto
60 - Implantação
62 - Programa de necessidades
64 - Corte esquemático
66 - Estrutura
68 - Moodboard
69 - Plantas e maquete eletrônica

78 CONSIDERAÇÕES FINAIS

79 REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

Crianças e adolescentes representam O “Centro de acolhimento e atenção so-


26% da população atual de Florianópo- cial” tem como proposta a junção de equi-
lis. Mesmo residindo na capital reconheci- pamentos, de importância em uma escala
da pelo maior IDHM do Brasil, 1 em cada de bairro, de um abrigo institucional provi-
7 estão vulneráveis a extrema pobreza, com sório para menores afastados do convívio
renda domiciliar per capita igual ou infe- familiar, até que seja possível o retorno a
rior a R$255,00 mensais (ICOM, 2016). sua família ou, na falta dessa possibilida-
de, como último caso, encaminhado para
Recorrendo a dados referentes às adoção, juntamente com um centro que pri-
reais situações na cidade de Florianópolis- vilegie o convívio familiar de maneira assis-
-SC, percebe-se a necessidade de atenção tida, com equipamentos que gerem apoio
social que essas famílias deveriam possuir. psicológico, recreativos e educacional.
É direito à todos elementos básicos funda-
mentais para a dignidade, no entanto a re- Na região continental de Florianópolis/SC, o
alidade que vivenciamos não traz garantias. terreno encontra-se no bairro Jardim Atlân-
tico, em uma ACI (Área Comunitária Institu-
A falta de equipamentos públicos, educação, cional) com uma gama de equipamentos de
saúde e até mesmo assistência social, acarre- saúde e educação, possuindo em seu entorno
tam na atual realidade, principalmente para o bairro da Coloninha e Monte Cristo, comu-
crianças e adolescentes, que em alguns casos nidades desassistidas com grandes carências.
não tem acesso a seus direitos ou nem sa-
bem que os mesmos existem. Desta forma, o
tema do atual projeto nasceu da necessidade
de realizar um local com uma diversidade de
usos, todos públicos, voltados para a atenção
social de crianças e adolescentes, por acredi-
tar que neste período são formadas suas in-
dividualidades que merecem ser legitimadas.

8
LOCALIZAÇÃO Figura 1 - Localização em escala
de cidade e bairro

Fonte: Elaboração própria (2019).

Florianópolis

O terreno de escolha para o desenvolvimento


do projeto localiza-se na região continental
de Florianópolis-SC, no bairro Jardim Atlân- Centro
tico. Possui uma área de aproximadamente BR-282
4500 m² (53m x 85m)
Região Continental

Figura 2 - Terreno com


entorno imediato

Fonte: Adaptado de
JARDIM ATLÂNTICO,
([2019]).

9
OBJETIVOS

GERAL ESPECÍFICOS

Desenvolver um projeto de arquitetu- - Analisar referências textuais, que demons-


ra, de um centro de acolhimento institucional trem o atual cenário dos parâmetros sociais,
provisório para crianças e adolescentes em econômicos e educativos.
situações de vulnerabilidade, localizado no
bairro Jardim Atlântico em Florianópolis-SC. - Verificar projetos de cunho social, que pri-
vilegiam a criança e o adolescente e realizar
um estudo de caso para uma melhor com-
preensão da funcionalidade desses espaços.

- Analisar a área identificando e compreen-


dendo os equipamentos presentes no bairro,
o zoneamento proposto no plano diretor e a
condição socioeconômica das comunidades
existentes no entorno.

- Elaborar um partido geral para propor a


etapa de anteprojeto com base em princípios
legais, sociais e arquitetônicos.

10
METODOLOGIA

Principia-se com pesquisas e registros teóri-


cos, através de documentos públicos, nor-
mas, livros, revistas e páginas online, como
exemplo o relatório “Sinais Vitais” realizado
pelo ICOM (Instituto Comunitário Grande
Florianópolis) e as “Orientações Técnicas:
Serviços de Acolhimento para Crianças e
Adolescentes”, na possibilidade de agregar
um conhecimento inicial sobre o tema deba-
tido para execução das próximas etapas.

Com a escolha do terreno já definida, é pos-


sível realizar análises por meio fotográfico,
topográfico, visitas para uma avaliação do
real potencial e do entorno e compreensão
dos equipamentos públicos, que esclarecerão
dúvidas pertinentes e identificarão as necessi-
dades dos possíveis usuários, para que estas
estejam enquadradas no programa de neces-
sidades. O estudo de caso completará a pri-
meira etapa de pesquisas, abordando temas
arquitetônicos, construtivos e sociais que irão
solidificar as escolhas de projeto.

Com a compreensão da fundamentação teó-


rica é possível iniciar o partido arquitetônico,
que abrangerá as principais características
de projetos definidas através das análises
anteriores, desenvolvendo croquis, diretrizes,
implantação, estudo de fluxos e entre outros, Figura 3 - Menores em situação de acolhimento
que tem como objetivo final a elaboração do institucional
Fonte: Adaptado de BORGES (2017).
anteprojeto.
11
A SITUAÇÃO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE NO BRASIL

Segundo a estimativa do IBGE (2010) das ENTIDADES DE ACOLHIMENTO


mais de 206 milhões de pessoas no Brasil, Acre 17
cerca de 57,6 milhões são menores de 18 Alagoas 69
anos. Amazonas 14
Amapá 16
A cada dia a população se torna mais urbana Bahia 118
e com isso surge vantagens, mas ao mesmo Ceará 130
tempo, desvantagens. A desigualdade só ten- Distrito Federal 18
de a crescer e dessa forma um grande nu- Espírito Santo 113
mero de crianças e adolescentes não desfru- Goiás 150
tam de seus direitos e recursos essenciais. As Maranhão 49
dificuldades encontradas são muitas, onde a Minas Gerais 654
violação dos direitos esta presentes no coti- Mato Grosso do Sul 140
diano de diversos menores (UNICEF, 2012). Mato Grosso 85
Pará 163
O Brasil possui uma das mais desenvolvidas Paraíba 55
legislações referentes a proteção da criança e Pernambuco 95
do adolescente, mas sua aplicação nem sem- Piauí 14
pre é efetiva, no qual políticas públicas ne- Paraná 577
cessitam de uma atenção para compor toda Rio de Janeiro 237
a diversidade presente no país (UNICEF, 2012). Rio Grande do Norte 22
Rondônia 47
Nos casos de violação física ou psicológica Roraima 4
e afastamento do convívio familiar os jovens Rio Grande do Sul 484
tem direito ao acesso a unidades de acolhi- Santa Catarina 210
mento de maneira gratuita, disponibilizado Sergipe 56
pelo governo ou por programas sem fins São Paulo 1016
lucrativos. Dessa forma, será apresentado os Tocantins 35
dados referentes aos serviços oferecidos e
seus usuários (UNICEF, 2012). Fonte: Adaptado de CNJ (2019).

12
ACOLHIDOS POR ESTADO ACOLHIDOS POR SEXO ACOLHIDOS POR IDADE

Acre 230 Masculino 24267 0 anos 1845


Alagoas 683 Feminino 23163 1 ano 1810
Amapá 336 2 anos 1572
Amazonas 347 3 anos 1579
Bahia 1489 4 anos 1529
Ceará 1269 5 anos 1598
Distrito Federal 404 6 anos 1678
Espírito Santo 1118 7 anos 1715
Goiás 1644 8 anos 1784
Maranhão 463 9 anos 1972
Mato Grosso 651 10 anos 2104
Mato Grosso do Sul 1038 11 anos 2206
Minas Gerais 4826 12 anos 2394
Pará 1210 13 anos 2739
Paraíba 572 14 anos 2917
Paraná 3535 15 anos 3114
Pernambuco 1496 16 anos 3134
Piauí 538 17 anos 2883
Rio de Janeiro 4745 18 anos 1475
Rio Grande do Norte 288 19 anos 978
Rio Grande do Sul 4756 20 anos 804
Rondônia 350 21 anos 679
Roraima 215 22 anos 625
Santa Catarina 1786 23 anos 495
São Paulo 12872 24 anos 447
Sergipe 384 25 anos 354
Tocantins 185 26 anos 234
27 anos 42
Sem data
341
Fonte: Adaptado de CNJ (2019). cadastrada
13
Com 31 mortes diárias por homicídio de Com a apresentação deste dados, é difícil re-
jovens com até 18 anos, segundo UNICEF lacionar os números e entender os motivos
([2016]), sendo o Brasil o local que mais de tantas crianças ainda estarem na fila para
mata crianças no mundo, com números su- adoção. Após o momento em que são ve-
perando a países como Síria e Iraque, regiões rificados os requisito impostos pelos preten-
em constante conflito, há uma grande parce- dentes, é possível uma melhor compreensão.
la de crianças que não possui o apoio fami- Cerca de 9.595 (34,13%) aceitam apenas a
liar necessário para seu desenvolvimento. raça branca e mais de 75% tem pretensão de
crianças com até 3 anos (CNJ, 2012).
Os motivos são diversos, nem sempre por
desinteresse de seus cuidadores, onde mui- É uma corrida contra o tempo, porque após
tos sofrem com o sistema e não conseguem os 3 anos de idade a probabilidade de ado-
alcançar o mínimo necessário para a sobre- ção baixa para 25%, onde as chances podem
vivência. Há também a realidade de abando- diminuir ainda mais se você for menino, ne-
no, violência sexual e psicológica entre outros gro ou possuir alguma deficiência, por mais
motivos. O Estatuto da Criança e do Adoles- singela que seja (CNJ, 2012).
cente prevê a segurança e o apoio através
de acolhimento e exemplifica a importância, Os dados entristecem quando 80,20% não
sempre que possível, do convívio familiar, aceitam adotar irmãos, sendo visto que a
primeiramente de maneira assistida e super- probabilidade das famílias, sem condições de
visionada por profissionais qualificados, na assegurar os direitos aos menores, de terem
tentativa do retorno dos jovens a sua família mais de um filho é alta (CNJ, 2012).
de origem (UNICEF, 2012).
O estado com maior relação de candidatos
Em contraponto, quando não há possibilida- para adoção é São Paulo, seguido pelo Rio
de ao retorno a família de origem, o cami- Grande do Sul. Santa Catarina ocupa a 5ª
nho a seguir é a adoção. No Brasil cerca de posição (CNJ, 2012).
28.114 pessoas ou famílias são pretendentes
cadastrados para o processo de adoção, já o
numero de crianças é de 5.884 cadastradas
(CNJ, 2012).
14
A SITUAÇÃO EM FLORIANÓPOLIS

Em Florianópolis, as principais causas de


procura aos serviços de acolhimento foram a
negligência nos cuidados pela família, aban-
dono familiar, uso de substâncias químicas
pelos cuidadores, situação de rua e violência
física e sexual (ICOM, 2016).

Desta procura, os bairros com maior deman-


da de vagas em abrigos foram o Monte cris-
to, Ingleses e centro com 44, 28 e 20 acolhi-
dos em um ano, respectivamente, totalizando
260 crianças e adolescentes utilizando esses
serviços em Florianópolis. Dos quatro mode-
los de acolhimento, a capital só disponibiliza
para seus usuários o apoio através de Abrigo
Institucional e Casa-Lar, não tendo represen-
tatividade para os Serviços de Acolhimento
em Família Acolhedora e República (ICOM,
2016).

Possui atualmente 11 casas acolhedoras,


duas administradas pelo poder público, atra-
vés da Secretaria Municipal de Assistência
Social (SEMAS), e outras 9 com seus serviços
oferecidos por Organizações da Sociedade
Civil (OSC), que são projetos com finalidade
púbica sem fins lucrativos. Estima-se o valor
de R$ 2,3 mil por criança, para que seja pos-
sível o acolhimento através das organizações,
Figura 4 - Criança em situação de vulnerabilidade de maneira a disponibilizar toda a estrutura e
Fonte: Adaptado de IMAGES (2017).
apoio necessário (ICOM, 2016).
15
Os locais de proteção a criança e adoles- educação de 0,538 para 0,8 em 2010. De-
cente são: monstrando através da tabela a seguir, nota-
-se esse avanço, principalmente em relação a
- Abrigo de Coqueiros (SEMAS) frequência ao ensino fundamental de jovens
- Abrigo Jardim Atlântico (SEMAS) com até 13 anos e um alta nos índices de
- Lar São Vicente de Paulo (OSC) conclusão do ensino médio, mas que ainda
- Casa-Lar Nossa Senhora do Carmo (OSC) não são os ideais. Percebe-se que o valores
- Casa-Lar Luz do Caminho (OSC) de frequência e conclusão dos estudos são
- Lar Recanto do Carinho (OSC) distintos, comprovando a desistência escolar
- Casa-Lar Semente Viva (OSC) ao passar dos anos (ICOM, 2016).
- Casa de Acolhimento Filhos (OSC) 1991 2010
- Casa-Lar Emaús (OSC)
- Casa de Acolhimento de Crianças e Ado- % de 5 a 6 anos
lescentes I Jardim Atlântico (OSC) 48,08% 93,06%
frequentando a escola
- Casa de Acolhimento de Crianças e Ado-
lescentes II Coqueiros (OSC) % de11 a 13 anos
frequentando aos anos 66,57% 93,09%
Os dados do censo de 2015, comprovam finais do ensino
que a capital já possui 469.690 habitantes, fundamental
desse total, 120.289 são menores de 18 anos
de idade, representando 26% da população. % de15 a 17 anos 49,00% 70,60%
Quando se trata de investimento em políticas com ensino
fundamental completo
públicas para essa faixa etária, em 2014 as
despesas em educação, saúde e assistência % de 18 anos ou mais
social, representaram 29% do orçamento li- com ensino 62,55% 80,03%
quido de Florianópolis (ICOM, 2016). fundamental completo

Realizando um comparativo entre os anos % de 18 a 20 anos


de 1991 e 2010, diversos fatores sociais al- com ensino médio com- 36,04% 63,42%
cançaram melhores resultados, comprovados pleto
pelo aumento do IDHM na parte de Fonte: Adaptado de ICOM (2016).
16
Quando se trata dos ciclos de desenvolvi- Acolhimento institucional por faixa etária -
mento humano até os 18 anos de idade, es- 2015 7% 1%
tes podem ser divididos em primeira e segun-
da infância e adolescência.

A primeira infância representa 29% do total 30% 41%


de pessoas com até 18 anos, sendo a etapa
que requer maior atenção, pois até os 6 anos
é o período em que a evolução e as individu-
alidades são potencializadas. Por essa impor-
tância em 2016 foi promulgado o Estatuto da
Primeira Infância (ICOM, 2016).
Não cadastrados
21%
A segunda infância representa o período dos 6 a 11 anos
7 aos 11 anos, fase na qual a relação com
0 a 5 anos
o meio externo é intensificado e as descober-
tas do funcionamento da sociedade são sen- 12 a 17 anos Fonte: Adaptado de
tidas, justamente pelo maior convívio social. 18 a 20 anos ICOM (2016).
Ciclo com uma grande relevância pedagógi-
ca, pois a qualidade de ensino faz toda a di-
Realizar a proteção e apoio as crianças e
ferença nesta base educacional (ICOM, 2016).
adolescentes é um grande desafio em uma
sociedade que cresce mais rápido que seus
Já a adolescência é um período de descober-
índices de desenvolvimento, onde a desigual-
tas, maior liberdade e autonomia, mas que
dade é resultado desde processo evolutivo.
a demanda por acompanhamento é ainda
É necessário o comprometimento de toda a
primordial. Necessitam de auxílio em diver-
comunidade e dos setores governamentais,
sos temas, como por exemplo: saúde sexual,
juntamente com equipamentos e serviços fo-
bem-estar mental e uso de álcool e drogas
cados no bem-estar físico e psicológico dos
(ICOM, 2016).
jovens (ICOM, 2016).

17
CONCEITOS GERAIS

O Estatuto da Criança e do Adolescente § 3o A manutenção ou a reintegração de


(ECA), lei federal número 8.069 de 13 de ju- criança ou adolescente à sua família terá
preferência em relação a qualquer outra
lho de 1990, exerce poder em caráter federal
providência, caso em que será esta in-
sobre a proteção da criança e do adolescen- cluída em serviços e programas de pro-
te. teção, apoio e promoção[...]

Declara-se criança cidadãos com até 12 § 2o A permanência da criança e do


adolescente em programa de acolhi-
anos incompletos e adolescente entre 12 e
mento institucional não se prolongará
18 anos de idade. O ECA exemplifica direitos por mais de 2 (dois) anos, salvo com-
que devem ser aplicados a todos sem des- provada necessidade que atenda ao seu
criminação de sexo, idade, raça entre outras superior interesse, devidamente funda-
características singulares, sendo dever da fa- mentada pela autoridade judiciária.
(BRASIL, 1990)
mília, da sociedade e do poder público, as-
segurar a efetivação dos artigos presentes na
lei (BRASIL, 1990).

Possui diversos tópicos demonstrando a im- Já o órgão responsável pelas políticas públi-
portância e os deveres dos serviços de acolhi- cas em defesa da integridade e do bem-estar
mento, como os citados nos artigos a seguir: dos menores é o Conselho Municipal dos Di-
reitos da Criança e do Adolescente.
Art. 19
§ 1º Toda criança ou adolescente que Possui funções como o registro dos serviços
estiver inserido em programa de acolhi- de acolhimento não governamentais, escolha
mento familiar ou institucional terá sua
situação reavaliada, no máximo, a cada dos membros tutelares e controle do fundo
6 (seis) meses, devendo a autoridade municipal. Seus representantes são compos-
judiciária competente, com base em re- tos por 50% oriundos do poder público e
latório elaborado por equipe interprofis- a outra metade pela sociedade civil. A sua
sional ou multidisciplinar, decidir de for- atuação juntamento com o ECA e com ou-
ma fundamentada pela possibilidade de
reintegração familiar ou colocação em tros programas é excepcional, pois garante o
família substituta, em quaisquer das mo- melhor proveito das potencialidades de cada
dalidades previstas no art. 28 desta Lei. um. (DIGIÁCOMO, 2013)
18
No ano de 2006 foi apresentada uma reso- O SGDCA, divide suas estratégias em três ei-
lução, através da necessidade de um sistema xos:
que articulasse as organizações, públicas e
privadas, referentes a defesa dos direitos. - Defesa dos direitos humanos
Art. 1º O Sistema de Garantia dos
Acesso jurídicos de proteção legal dos direi-
Direitos da Criança e do Adolescente tos reservados.
constitui-se na articulação e integra- - Promoção dos direitos humanos
ção das instâncias públicas governa- Abrange as políticas focadas na educação,
mentais e da sociedade civil, na apli- lazer, segurança, cultura, assistência social e
cação de instrumentos normativos e
no funcionamento dos mecanismos
saúde.
de promoção, defesa e controle para - Controle dos direitos humanos
a efetivação dos direitos humanos da É realizado no âmbito organizacional e parti-
criança e do adolescente, nos níveis cipativo pela sociedade civil.
Federal, Estadual, Distrital e Munici- (CONANDA, 2006)
pal.
(CONANDA, 2006)

Figura 5 - integração e articulação do SGDCA.


Fonte: ICON, 2016.
19
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), se enquadram no nível de proteção de alta
atualmente é responsável, em âmbito nacio- complexidade, que exerce o apoio a indiví-
nal, pela gestão e organização de todas as duos afastados do convívio familiar e/ou em
ações de assistência social. Realiza a inte- risco pessoal e social, que não possuem seus
gração entre união, estados e municípios na direitos reservados, abrigando de maneira
implementação de serviços de atenção, sem gratuita. (BRASIL, 2011)
distinção de público, a todos os cidadãos. Na
parte de proteção social, o sistema classifica Conforme CONANDA; CNAS (2009), quan-
em três níveis: do há necessidade do afastamento do conví-
vio familiar, realizado por autoridades com-
- Proteção social básica petentes, seja por questões de integridade
- Proteção social especial de média comple- física e psicológica ou por abandono, todo
xidade menor tem o direito ao acesso a serviços que
- Proteção social especial de alta complexi- garantam cuidados para o desenvolvimen-
dade to positivo em locais acolhedores e favorá-
(BRASIL, 2011) veis, que respeitem as normativas disponíveis.

A proteção de média complexidade necessita Os parâmetros de acolhimento institucional


de uma estrutura técnica e especializa onde focado na representatividade da criança e
realizará apoio em caso de violação de direi- do adolescente, devem privilegiar o convívio
tos. A exemplo desses equipamentos, podem familiar e, sempre que possível, o retorno a
ser citados o Centro de Referência Especiali- família de origem, não conseguindo este re-
zado de Assistência Social (CREAS), que tem sultado, será encaminhado para uma família
como objetivo o atendimento ao público de substituta (CONANDA; CNAS, 2009).
todas as idades e sexo que tenham seus di-
reitos violadas, praticando a escuta e apoio
especializado e qualificado, e o Centro de
Referência Especializado para População em
Situação de Rua (BRASIL, 2011).

No caso de serviços de acolhimento, estes


20
Durante esse processo que é verificado a im- onde os educadores consigam executar tare-
portância e a responsabilidade que esses lo- fas do cotidiano, como por exemplo a orga-
cais possuem perante a seus usuários, levan- nização da rotina, realização de almoços e
do em consideração o perfil de cada criança, jantares e atividades extra curriculares (CO-
com suas reais condições físicas e psicológi- NANDA; CNAS, 2009).
cas, entre outros aspectos necessários para o
direcionamento correto ao serviços de aco- Com referência ao cuidado de 20 menores é
lhimento. (CONANDA; CNAS, 2009). necessário uma equipe contendo:

Esses serviços são subdivididos em categorias, - 1 Coordenador


onde são classificados da seguinte maneira:
- 2 profissionais da Equipe Técnica
- Abrigo Institucional
- Casa-Lar - 2 Educadores por turno (essa quantidade
- Serviços de Acolhimento em Família Acolhe- pode ser alterada se houver a demanda de
dora cuidado com usuários que necessitam de
- República atenção específica)

O Abrigo Institucional tem como finalidade o - 2 Auxiliares de educador


apoio a crianças e adolescentes entre 0 e 18
anos, em que suas famílias, por motivos já ci- Quando se trata das questões de infraestru-
tados anteriormente, estejam impossibilitados tura é sugerido espaços, com no mínimo, as
de oferecer os cuidados necessários impostos acomodações citadas a seguir:
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Deve-se evitar qualquer forma de direciona- - Dormitórios com 2,25 m² por ocupante ou
mento do atendimento e exclusão por sexo, 3,25 m² incluindo área de estudo, com até 4
idade, deficiência ou doenças crônicas. Nes- usuários.
ta modalidade o numero máximo de usuários,
não deve ultrapassar a 20 crianças e adoles- - Sala de estar com 1 m² por pessoa, contan-
centes, para que o atendimento seja realiza- do os funcionários.
do de uma maneira responsável e positivo,
21
- Sala de jantar com 1 m² por ocupante, po- - Sala de reuniões para encontros da equi-
dendo ser integrado a outro cômodo do es- pe e também com familiares (CONANDA;
paço social. CNAS, 2009).

- Instalação sanitária contendo um conjunto O sistema de acolhimento nomeado como


de lavatório, vaso sanitário e chuveiro para Casa-Lar, se diferencia do abrigo institucional
até 6 usuários, com no mínimo um banheiro pelo menor número de usuários, que pode
adaptado e outro exclusivo para funcionários. chegar a no máximo 10 crianças e adoles-
centes, também com uma idade de 0 a 18
- Cozinha com capacidade para realizar os anos, onde a principal característica de di-
alimentos. ferenciação é, que nesta modalidade, tem
a presença de um educador que reside no
- Área de serviço com dimensão necessária local, trazendo uma aparência menos institu-
para executar tarefas de higiene. cional e mais familiar para os ocupantes. De-
ve-se ressaltar a importância do acompanha-
- Área externa para a realização de atividades mento deste cuidador pela alta complexidade
evidenciando a importância da utilização de física e psicológica que é preciso possuir para
equipamentos públicos, pois estes são gera- exercer estas atividades. Essa singularidade
dores do convívio comunitário. Quando os não desqualifica a necessidade de todos os
abrigos tiverem espaços de quadras polies- funcionários e infraestrutura existentes em
portivas, praças ou demais equipamentos de um abrigo institucional (CONANDA; CNAS,
lazer, estes devem trabalhar na abertura do 2009).
uso para outras crianças e adolescentes para
novamente praticar o convívio. No caso de Serviços de Acolhimento em Fa-
mília Acolhedora, ainda pouco difundido em
- Sala da equipe técnica para desenvolvimen- nossa cultura mas com exemplos práticos po-
to das atividades de natureza técnica e prefe- sitivos em alguns países europeus, as famílias
rencialmente não em conjunto aos espaços cadastradas e aprovadas para desempenhar
sociais e íntimos do abrigo. este papel, devem passar por capacitação
e acompanhamento e podem acolher uma
- Sala da coordenação para as atividades ad- criança/adolescente por vez, ampliando es-
ministrativas. ses números quando se tratar de grupos de
22
irmãos. Esta modalidade é mais indicada
para os casos de alta probabilidade de retor-
no a família de origem. É importante deixar
claro, que esta não é uma forma de adoção.

A última versão de acolhimento é a república,


indicada para jovens em situação de vulnera-
bilidade social com idades entre 18 e 21 anos
em que ainda não possuem a condição de se
sustentar por conta própria, onde em muitos
casos são adolescente em processo de des-
ligação das outras modalidades de abrigos.
Devem ser separadas as unidades masculinas
e femininas com participação de escolha pe-
los jovens de seus colegas, de maneira a criar
grupos harmoniosos, com até 6 usuários por
equipamento (CONANDA; CNAS, 2009).

As despesas podem ser subsidiadas, mas


deixam claro a importância da participação
vinda dos usuários, quando possível. Contém
a necessidade de uma supervisão através de
um coordenador e uma equipe técnica de
2 profissionais para até 24 jovens, onde os
mesmos podem trabalhar em até 4 unidades
(CONANDA; CNAS, 2009).

Figura 6 - Fotografia de crianças.


Fonte: Adaptado de VILLAFUERTE (2013) .

23
MODELO ATUAL DE ACOLHIMENTO
INSTITUCIONAL

De acordo à uma entrevista realizada com


uma profissional educadora de um abrigo
institucional da grande Florianópolis, que de-
seja não ser identificada, o modelo realizado
em diversas casas do projeto social, desen-
volvido por uma organização não governa-
mental, não possui uma estrutura adequada
para o desenvolvimento das crianças e ado-
lescentes que necessitam desta modalidade
de apoio. Comenta que o abrigo se instalou
em uma casa unifamiliar alugada pela insti-
tuição, construída a um bom tempo, por já
possuir sinais de desgastes, que disponibiliza
apoio para menores de 18 anos, indepen-
dente do sexo.

A equipe técnica é composta por:

- 4 educadoras (setor feminino)


- 4 educadores (setor masculino)
- 1 assistente social
- 1 psicóloga
- 1 cozinheira
- 1 coordenadora

Os educadores trabalham em turnos de 12


horas, folgando 24 horas, mais os plantões
noturnos, pois nessa modalidade de acolhi-
mento sempre é necessário a presença de um
Figura 7 - A situação atual de acolhimento responsável. Os outros profissionais traba-
Fonte: MEGAPIXL, [2019]. lham em horário alternados.
24
Foi realizado uma repartição da casa para lazer para as crianças. Nestes momentos de
separar os usuários por sexo. As meninas uti- tédio e falta de ocupações é que surgiam as
lizam o espaço da frente e o setor masculino discordâncias com as normas e combinados
fica localizado na parte de trás anexada a impostos pelos coordenadores.
uma edícula.
Este modelo é a realidade de muitos abrigos
A residência ainda contém um gramado no institucionais no Brasil, a falta de infraestrutu-
qual é realizado as atividades de lazer, com ra para receber essas crianças e adolescentes
livre demanda para os meninos e uso assis- é visível. Por se tratar de espaços que não fo-
tido por um responsável quando as meninas ram projetados para a demanda, muito me-
querem usufruir do espaço, pois não deixam nos para abrigar tantos usuários, essas casas
os dois sexos juntos para evitar relações ínti- são ineficientes e de maneira provisória e ina-
mas e desavenças. A educadora expõe que dequada amparam essa parcela da socieda-
mesmo com essas medidas, ainda haviam de que já possui um histórico de condição
situações que eram proibidas, mas aconte- inapropriada para um bom desenvolvimento.
ciam.

Todas as crianças saíam do abrigo para com-


parecer a escola e não eram acompanhadas
por um responsável, os maiores levam e cui-
dam dos menores. Diversas vezes mentiam
que iam á aula para ficar nas ruas, alguns
só voltavam após dias, com sinais de uso de
bebida alcoólica e cigarros.

Finaliza a entrevista descrevendo a impor-


tância das atividades no contraturno escolar.
Além das atividades que toda casa demanda
para manutenção, no qual todos auxiliavam
os funcionários, como exemplo na limpeza,
não haviam mais distrações e práticas de
25
Outro modelo atual de abrigo, em um con- Em seu entorno esta presente diversos equi-
texto divergente do apresentado anteriormen- pamentos públicos que reforçam a ideia de
te, é a Casa de Acolhimento para Menores, integração e articulação do Sistema de Ga-
localizado na Dinamarca, desenvolvido pelo rantia dos Direitos da Criança e do Adoles-
escritório “CEBRA” no ano de 2014, com cente já citado anteriormente (BRASIL, 2015).
1.500 m² (BRASIL, 2015).
Inserida em um bairro residencial a busca
O projeto é direcionado para menores mar- pela similaridade arquitetônica da vizinhança
ginalizados, por esse motivo é tão forte a é notável, com ambientes similares a casas
busca pela sensação de “sentir-se em casa”, residenciais, divididos em quatro volumes in-
que busca este resultado através da sua volu- terligados, onde cada um atende uma faixa
metria, aliada com novas ideias pedagógicas etária. (BRASIL, 2015).
(BRASIL, 2015).

Figura 8 - Casa de acolhimento para menores.


Fonte: BRASIL, 2015.

26
Legenda:
Volumetria do entorno
Volumetria Casa de Acolhimento

Uma diretriz de projeto era prever a entrada Diversos avanços já foram notados no campo
de iluminação natural, sem comprometer a do acolhimento voltado para crianças e ado-
eficiência térmica. Com temperatura média lescentes afastadas do convívio familiar. Até
de 9°C, foram empregadas paredes mais es- o surgimento do ECA em 1990 existiam os
pessas com pequenas aberturas. Já as maio- grandes orfanatos, instalados em casarões,
res que facilitam a entrada de iluminação, que acolhiam centenas de crianças em locais
são voltadas para o sul, fachada que recebe afastados da comunidade, onde as regras
maior incidência solar por estar no Hemis- eram impostas sem verificar as particularida-
fério Norte. Outro aspecto importante para des presentes em cada usuário. (HISTÓRIA,
questões de sustentabilidade é a presença de 2016).
painéis solares, localizados nos telhados. De-
talhes observados nas figuras 8 e 9. Eram classificadas como “Instituições totais”,
onde a educação, saúde e lazer eram ati-
Para os requisitos de acessibilidade, o proje- vidades realizadas dentro desses espaços,
to possui espaços apropriados para pessoas impossibilitando a convivência comunitária,
com deficiência (PCD), com acesso ao pri- pois a atual legislação presente era o Código
meiro pavimento realizado através de esca- de Menores, que não trabalhava na garantia
das e de plataformas de acessibilidade (BRA- dos direitos, mas sim na punição e exclusão
SIL, 2015). dos jovens classificados como delinquentes e
abandonados. (HISTÓRIA, 2016).

Atualmente essa parcela da sociedade possui


seus direitos reservados por leis, que trouxe
uma nova versão de atenção voltada para
crianças. Em questões arquitetônicas é notá-
vel o benefício de espaços planejados para
a real necessidade, mas que ainda não é
praticado pela maioria das instituições, que
de maneira improvisada, realiza adaptações
de projetos unifamiliares para receber até 20
Figura 9 - Volumetria das edificações. crianças simultaneamente, quando se trata
Fonte: Adaptado de BRASIL (2015). de abrigo institucional. (HISTÓRIA, 2016).
27
ESTUDO DE CASO

Ficha Técnica

Projeto: Marjan Hessamfar & Joe Verons ar-


chitectes associés.
Localização: 40 Rua Paul Meurice, 75020
Paris, França.
Ano: 2013
Área construída: 5.211 m²

28
Figura 10 - Fachada interna do centro de bem-estar.
Fonte: CENTRO... (2014).

29
CONCEITUAÇÃO

“Maison d’Accueil de l’enfance Eleanor Roo- Sua estrutura é de concreto armado, reali-
sevelt” é um centro de referência no atendi- zado por pilares e vigas, o que permitiu re-
mento de crianças e adolescentes afastados alizar o volume de sobreposições proposto.
do convívio familiar e que permanecem sob A fachada do projeto é composta por uma
tutela legal. Proporciona abrigo realizando estrutura de madeira revestida com placas
todo o apoio prático, educacional e psicoló- metálicas que preenchem os espaços entre o
gico a esses jovens (CENTRO..., 2014). peitoril e a viga, relacionando-se diretamente
com as esquadrias com acabamento na cor
Está inserido em uma região fortemente den- preta, demonstradas na figura 14.
sificada com uma diversidade de equipamen-
tos desenvolvidos por uma empresa semipú- Os elementos que marcam a horizontalidade
blica: Semavip. Já realizou no entorno um da volumetria, figura 15, são pré-moldados
circo, um cinema e um parque residencial, o de concreto, realizado com cimento branco
“Jardim Público Serge Gainsbourg”. de efeito fotocatalítico, ou seja, possui carac-
terísticas autolimpantes que preserva a cor e
Um centro de emergência é tanto
um abrigo para crianças, como um a qualidade visual no decorrer dos tempo.
lar de atendimento onde os jovens se
sintam acolhidos, protegidos e cui- Entre esses volumes de concreto estão pre-
dados. É também um lugar de transi- sentes, nas fachadas que recebem alta inso-
ção, onde os laços familiares, em vez
lação, diversas persianas em alumínio dou-
de ser cortados, são incentivados sob
uma supervisão calma e compassiva. rado, controlando a incidência solar através
(CENTRO..., 2014). da modulação das aberturas e tendo seu uso
benéfico na preservação da intimidade dos
usuários no interior do edifício.
Com uma visão contemporânea sobre a for-
ma de tratamento que esses menores mere- Com a paleta de cores e texturas definidas,
cem, o centro não pode passar a sensação a missão era caracterizar esses elementos na
de urgência, mesmo sendo essa a tarefa. Ne- porção interna, trazendo um carácter ceno-
cessitam demonstrar que este é um espaço gráfico, a modo de gerar uma atmosfera pra-
seguro que irá proporcionar o apoio neces- zerosa e funcional que lembrasse aspectos de
sário (CENTRO..., 2014). uma casa acolhedora (CENTRO..., 2014).
30
Devido ao seu carácter público de livre aces- Legenda:
so, sua organização é alcançada por pavi-
mentos independentes com uma clara de- 1 Sala de armazenamento
marcação dos espaços de livre acesso e dos 2 Sala técnica
privados. Cada pavimento é interpretado 3 Enfermaria
como uma única unidade com singularida- 4 Sala de espera
des de uso e de normatização sobre saúde e 5 Sala de visitas
segurança. 6 Quarto individual (12 á 18 anos)
7 Sala coletiva (3 á 6 anos)
Apesar desses atributos de projeto que garan- 8 Sala de jantar
tem a individualidade de cada andar, visual- 9 Sala coletiva (6 á 12 anos)
mente possui uma compatibilidade que os 10 Berçário (0 á 3 anos)
une através de texturas e elementos, de for- 11 Alojamento funcionários
ma a não demonstrar essas funções. (CEN- (BRASIL, Archdaily 2014.)
TRO..., 2014).

Figura 11 - Corte esquemático


Alojamento funcionários
Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014). 11

10 0 a 3 anos

6 a 12 anos
9
3 a 6 anos
8 7
12 a 18 anos
6
Térreo
5 4 3

2 1 Subsolo (serviços)

31
IMPLANTAÇÃO E PROGRAMA
DE NECESSIDADES

O terreno possui uma forma irregular com Uma escolha de projeto chama muito a aten-
construções já solidificadas em seu entorno. ção por prever futuras mudanças que podem
Seu volume edificado é trabalhado em “L” surgir. A exemplo, as dimensões dos corre-
com diferenciação de área construída em dores são generosas, para que não auxiliem
cada pavimento, resultando em um amorte- apenas como passagem, mas de alguma
cimento da sua altura total e conquistando forma, possa empregar outros usos dando
diversos terraços direcionados ao lazer (CEN- margem a alterações conforme necessidade,
TRO..., 2014). comprovado nas plantas a seguir dos pavi-
mentos (CENTRO..., 2014).
Essa estruturação beneficiou a incidência so-
lar, mas ainda poderia ser insuficiente, pois
o programa de necessidades possui ambien-
tes demasiadamente compactos. Dessa for-
ma foi contemplado grandes jardins internos,
evidenciados na implantação, que permitem
a entrada de iluminação e ventilação natural,
resolvendo qualquer limitação desta catego-
ria (CENTRO..., 2014).

Essas medidas foram previstas porque o ter-


reno possui outra limitação: o núcleo do lote
está voltado ao norte. Assim, os ambientes
posicionados nas maiores fachadas (sudeste
e sudoeste) recebem maior incidência solar,
já as demais dependências são auxiliadas
pelos jardins internos. A área de lazer exter-
na está posicionada no interior do conjunto
com espaços de entretenimento e recreação
(CENTRO..., 2014).

32
IMPLANTAÇÃO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Entrada principal
2 Acesso ao alojamento
3 Acesso de serviço

0 5 10m

Jardim
interno

Jardim
interno

2 1 3

Figura 12 - Implantação.
Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).

33
SUBSOLO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Cozinhas
2 Salas técnicas
3 Arquivo morto, armazenamento
4 Sala de reunião
5 Biblioteca pessoal
6 Ateliê
7 Lavanderia
8 Sala de jantar da equipe
9 Vestiários

Possui um programa de necessi- 0 1 5m


dades extenso devido ao tema,
tornando singular cada pavimen-
to do edifício. No subsolo estão 8
inseridos os locais destinados a
serviços e apoio técnico a equipe
de funcionários. 7

9 6
Figura 13 - Planta baixa setorizada do subsolo.
Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).

Circulação vertical 5
Social
Íntimo
Serviços 2 3 4
Acesso restrito

3 1

9
2

2 3

34
Figura 14 - Ilustração dos elementos de fachada.
Fonte: CENTRO... (2014)..

Figura 15 -Perspectiva do Centro de bem-estar


Fonte: CENTRO... (2014)..

35
TÉRREO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Lobby
2 Recepção
3 Escritório da equipe
4 Sala de espera educacional
5 Sala de visitas para pais e filhos
6 Escritório de serviço social
7 Enfermaria
8 Sala de reunião
9 Direção e administração de escritórios
10 Escritório responsável pelos serviços

Possui 3 acessos, um destinado para as 01 5m


áreas de acolhimento (A), outro para
o público em geral (B) e o último para
serviços (C). Sua forma permite uma re-
lação com o exterior, local dos espaços
verdes e de lazer.

10

Figura 16 - Planta baixa setorizada do térreo.


Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).

Circulação vertical
Social
9
Íntimo
Serviços
Acesso restrito

5 3
1
4

7 6 2 4 8

36 A B C
1º PAVIMENTO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Unidade (Sirroco) 8 Sala de jogos
2 Unidade (alizé) 9 Sala de ginástica
3 Unidade (Mistral) 10 Sala de aula
4 Quarto individual 11 Midiateca
5 Quarto adaptado 12 Lavanderia
6 Escritório educador 13 Escritório
7 Sala de jantar

0 1 5m

É dividido por 3 unidades de acolhimen-


to para adolescentes de 12 a 18 anos,
com a presença de quartos individuais. 5
Nessa faixa etária é benéfico a garantia 7
da privacidade de maneira assistida por
um profissional responsável. 8

4 3
4
Figura 17 - Planta baixa setorizada do 1º pavimento.
Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).
6
10

Circulação vertical 9
Social 11
Íntimo
Serviços
Acesso restrito 8

7
4 8 6 13
6

1 2

8 4 7 12 4 5

37
2º PAVIMENTO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Unidade (Kapia) 8 Sala de leitura
2 Unidade (Dupio) 9 Sala psicomotora
3 Quarto com 1 á 3 camas 10 Jardim de infância
4 Banheiro compartilhado 11 Escritório
5 Escritório equipe educacional 12 Terraço de jogos
6 Sala de jantar
7 Sala de jogos

0 1 5m

Neste pavimento são acolhidas as


crianças de 3 a 6 anos, com quartos e
banheiros coletivos que facilitam o cui-
dado e a atenção que esta idade ne-
cessita. Há diversas áreas destinadas ao
bem-estar contempladas com um terra-
ço de jogos arborizado com vegetação
em grandes vasos, característica que se
repete nos outros pavimentos.

Figura 18 - Planta baixa setorizada do 2º pavimento.


Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).
12 10

Circulação vertical
Social
Íntimo
Serviços
Acesso restrito 9

11 5
3 6 7
2

1 8

3 4 3 4 6 7

38
Figura 19 - Terraço de jogos arborizado.
Fonte: CENTRO... (2014)..

Figura 20 - Jardins internos.


Fonte: CENTRO... (2014)..

39
3º PAVIMENTO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Unidade (Chamallow) 8 Sala de jogos
2 Unidade (Dragibus) 9 Sala de aula
3 Quarto com 1 á 3 camas 10 Biblioteca de mídia
4 Banheiro feminino 11 Escritório
5 Banheiro masculino
6 Escritório equipe educacional
7 Sala de jantar

0 1 5m

Compreende crianças entre 6 a 12 anos


de idade, com quartos compartilhados
de até 3 camas e banheiros separados
por sexo.

Figura 21 - Planta baixa setorizada do 3º pavimento.


Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).
3

Circulação vertical 4
10 9
Social
Íntimo
Serviços 7
Acesso restrito

8
11
5 3 8
2
1 3

3 4 3 7 6 5

40
4º PAVIMENTO Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Unidade (Libellule) 8 Escritório multiuso
2 Unidade (Lutins) 9 Sala de visitas
3 Unidade (Petit mousse) 10 Depósito carrinhos de passeio
4 Unidade (Bout”chou) 11 Sala preparação de mamadeiras
5 Jardim de infância (oasis) 12 Escritório
6 Escritório educacional 13 Terraço de jogos
7 Sala de escuta

0 1 5m

Último pavimento destinado aos servi-


ços de acolhimento, com atendimento
para menores de 3 anos. É dividido
em quatro unidades para simplificar e
potencializar a qualidade dos serviços.
Possui uma creche para atendimento
diurno dos usuários, novamente com a
presença de uma área externa e play-
ground privado e seguro.

Figura 22 - Planta baixa setorizada do 4º pavimento.


Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).

13
Circulação vertical
Social
Íntimo
Serviços
5
Acesso restrito

8
12
4 3 2
9
11
7
10

6 1

41
COBERTURA Legenda:
ESCALA INDICADA
1 Alojamento funcionários
2 Passarela ao ar livre
3 Telhado não acessível

Fonte: BRASIL, Archdaily 2014.

0 1 5m

A cobertura é designada para o alo-


jamento dos funcionários, dividido em
três setores, onde seu acesso é realiza-
do por uma passarela ao ar livre.

Figura 23 - Planta baixa setorizada da cobertura.


Fonte: Adaptado de CENTRO... (2014).

Circulação vertical
Social
Íntimo
Serviços
Acesso restrito 3

1 1 1

3
2

42
Figura 24 - Volumetria concebida.
Fonte: CENTRO... (2014)..

43
ANÁLISE DA ÁREA

Através dos mapas apresentados a seguir, é A região continental iniciou seu parcelamento
possível verificar a ocupação urbana da re- do solo, de maneira mais itensa, a partir da
gião insular e continental de Florianópolis metade do século XX, sendo Mariano Vieira,
no ano de 2014. Possui um traçado carac- quem mais instituiu loteamentos. Na década
terístico, não só por questões de relevo e ve- de 1960 o crescimento é intensificado após
getação, mas pelo processo de colonização a construção da BR-101, criação da UFSC,
que direcionou os imigrantes para os atuais entre outros equipamentos que realizaram o
adensamentos. A população foi crescendo e convite ao aumento populacional, gerando
decorrente de diversos fatores político-admi- dessa forma diversos centros de assentamen-
nistrativos, esse cenário atual foi construído tos informais (NASPOLINI, [2017]).
(NASPOLINI, [2017]).

Figura 25 - Ocupação urbana em Florianópolis


Fonte: NASPOLINI, [2017].

44
Figura 26 - Região continental, 1957. Figura 27 - Região continental, 1977.
Fonte: Adaptado de PMF (2019). Fonte: Adaptado de PMF (2019).

Figura 28 -Região continental, 1994. Figura 29 - Região continental, 2019.


Fonte: Adaptado de PMF (2019). Fonte: Adaptado de PMF (2019).

45
MAPA LOCALIZAÇÃO Terreno do projeto
Av. Marinheiro Max Schramm
E BAIRROS Av. Atlântica
Av. Juscelino Kubitscheck de Oliveira (PC3)
BR-282 (Via Expressa)
1 Angeloni Jardim Atlântico
2 Estádio Orlando Scarpelli
3 Big Capoeiras

1
BALNEÁRIO

JARDIM ATLÂNTICO

2
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ

CANTO

COLONINHA ESTREITO

MONTE CRISTO
CAPOEIRAS

3 Figura 30 - Mapa bairros


Fonte: Adaptado de PMF (2019).

46
Com o auxilio dos mapas da evolução do se- Ao entorno do terreno esta presente o bair-
tor continental de Florianópolis, desde 1957, ro da Coloninha, Canto e Balneário, in-
com um intervalo de aproximadamente 20 terligados pela Avenida Marinheiro Max
anos entre cada imagem apresentada, é pos- Schramm que leva até o acesso as pontes
sível identificar desde o início um traçado ur- Colombo Salles e Pedro Ivo pelo região do
bano que se permaneceu, se intensificando estreito. A Avenida Juscelino Kubitscheck de
ao passar dos anos. Nas proximidades da Oliveira (PC3) segundo o Plano diretor de
atual BR-282, mais conhecida como via ex- Florianópolis possui uma projeção para ex-
pressa, o adensamento demorou mais para tensão até a Via Expressa, onde atualmente
ocorrer, por se tratarem de terras mais distan- não possui grande utilidade por não reali-
tes do mar e da região insular. zar ligação com nenhuma outra área.

Com o aumento do fluxo migratório, prin- Possui como ponto de referência o Está-
cipalmente por famílias que deixam o cam- dio Orlando Scarpelli, localizado no Bairro
po para residir em cidades e/ou por busca Canto, o Big as margens da Via Expressa e
de mais oportunidade e qualidade de vida, o supermercado Angeloni.
mais acentuado a partir da década de 1970,
o crescimento do número de assentamentos A região apresentada no mapa possui
informais aumentou. O bairro Monte cristo é uma diversidade de estrutura, apresentan-
um exemplo deste processo que de acordo do locais com usuários de poder aquisitivo
com CANELLA (2013) surgiu de movimentos maior, como é o caso do Balneário, pas-
sem-teto e atualmente possui o maior aden- sando por locais em crescimento da espe-
samento comparado com outras regiões que culação imobiliária e surgimento de novos
possuem as mesmas configurações. empreendimentos no Jardim Atlântico, até
lugares desassistidos pelo poder público
O bairro Jardim Atlântico, aonde está inseri- com grande concentração de pobreza.
do o terreno para projeto, e o Monte Cristo,
fazem a divisa com o município de São José,
pertencente a região da grande Florianópolis.

47
MAPA PLANO DIRETOR Terreno do proejto
Área Mista Central (AMC)
Área verde de lazer(AVL)
Área Comunitária Institucional (ACI)
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS)
Área Residencial Mista (ARM)
Área Residencial Predominante (ARP)

8.5

4.5 8.5

12.5

8.5

Figura 31 - Mapa plano diretor


Fonte: Adaptado de PMF (2019).

48
EDIFÍCIO EEB ROSA TORRES CRECHE CELSO
MULTIFAMILIAR CREAS DE MIRANDA PAMPLONA

Figura 32 - Volumetria existente


Fonte: Adaptado de PMF (2019).

49
MAPA Terreno do projeto
Área verde de lazer (PC3)
EQUIPAMENTOS Ponto de ônibus
1 Associação dos Moradores Jardim Atlântico
2 Centro de Referência Especializado de Assistência Social
3 EEB Rosa Torres de Miranda
4 Creche Celso Pamplona
5 Centro de saúde Jardim Atlântico
6 Unidade de Pronto atendimento continente
7 Terminal de Integração do Jardim Atlântico

3 4
1 2

6
7

Av
.J
us
ce
lin
o
Ku
bits
ch
ec
kd
eO
liv
eir
a
Figura 33 - Mapa equipamentos
Fonte: Adaptado de JARDIM ATLÂNTICO, ([2019]).

50
O mapa plano diretor de Florianópolis com- Pronto Atendimento. No contexto social há
parado com a situação atual do recorte rea- presença da Associação dos Moradores re-
lizado são distintos. Prevê uma verticalização presentando o bairro Jardim Atlântico e um
acentuada, com 4 pavimentos em área resi- Centro de Referência Especializado de Assis-
dencial predominante mas podendo alcançar tência Social que gera apoio a toda diversida-
até 12 pavimentos em área mista central. É de de público que tem seus direitos violados.
visível na imagem da elevação existente que
possui predominância em residências unifa- Outra particularidade é a presença do Ter-
miliares com até 2 andares com comércios minal de Integração que desde a sua cons-
pontuais e alguns blocos de edifícios multi- trução nunca exerceu suas funções, estando
familiares. atualmente abandonado. De alguma forma,
podem surgir diretrizes para um novo uso que
O terreno está inserido em uma Área Comu- possa trazer benefícios para a comunidade,
nitária Institucional fragmentada em 5 partes, já que demonstrou ineficiência para o trans-
que possui diversos equipamentos públicos porte público.
importantes para complementar as atividades
desenvolvidas por um abrigo institucional. As Com a presença de uma área de lazer, con-
ORIENTAÇÕES TÉCNICAS (2009), comen- tendo academia ao ar livre, parque infantil,
tam sobre a importância dessa articulação pistas de skate, gramado de futebol e espa-
intersetorial, que auxilia nas atividades liga- ço de convivência, o setor ainda possui dois
das a educação, saúde e lazer. grandes espaços destinado para Área Verde
de Lazer. Estes locais se encontram paralelos
O entorno imediato do local escolhido para a Av. Juscelino Kubitscheck de Oliveira, atu-
desenvolvimento do projeto possui as carac- almente sem uso com a presença crescente
terísticas citadas acima. No âmbito de educa- de assentamentos irregulares em uma área
ção contém uma creche e uma escola a nível em que não é destinada para residências.
fundamental com apoio de quadras polies-
portivas, biblioteca, entre outros equipamen-
tos. Representando a saúde a região detém
de um Centro de saúde e uma Unidade de

51
CENTRO DE ACOLHIMENTO E ATENÇÃO SOCIAL

52
PARTIDO ARQUITETÔNICO

Neste tópico é apresentado as condicionantes


para a compreensão do terreno, da topogra-
fia, dos usos e de outros aspéctos necessários
para estabelecer uma configuração inicial de
um projeto de arquitetura para um Centro de
acolhimento e atenção social para crianças e
adolescentes entre 0 a 18 anos de idade.

Figura 34 - Capa partido arquitetônico


Fonte: Elaboração própria (2019).

53
O TERRENO
0 10 25m

O projeto está inserido em um terreno com A oeste, seu entorno imediato se faz com
grande variação altimétrica, sendo sua tes- edifícios de 4 pavimentos e com o Centro
tada na região de maior altitude, cota de 26 de saúde Jardim Atlântico representados no
metros, voltada para a rua Manoel Pizalati, e corte “AA”. A leste, a presença de um grande
seu outro extremo no nível 17. muro faz a divisa com outro edifício de mes-
mo gabarito e residências unifamiliares. Pos-
Atualmente possui uma rua sem saída de sen- sui também diversos equipamentos públicos,
tido duplo, que possibilita o acesso a Unida- por estar inserido em uma ACI .
de de Pronto Atendimento, interligada pelo
interior do lote a rua Gualberto Senna.

B A

R. Manoel Pizolati
03
R. Aleixo A. de Souza

01
C C

D D
R. Gualberto Senna

02

Figura 35 - Mapa cortes e vistas


Fonte: Elaboração própria (2019). B A

54
Terminal de Integração Edifício Edifício
Jardim Atlântico multifamiliar Centro de saúde multifamiliar R. Manoel Pizolati

Limites do terreno

CORTE AA
SEM ESCALA

EEB Rosa Torres Edifício


de Miranda R. Manoel Pizolati multifamiliar UPA Terminal de Integração
Jardim Atlântico

Limites do terreno

CORTE BB
SEM ESCALA

Edifício R. Aleixo Alves Edifício EEB Rosa Torres Rua Gualberto


multifamiliar de Souza multifamiliar de Miranda Senna

Limites do terreno
CORTE CC
SEM ESCALA

Rua Gualberto Potencial visual Edifício


Senna UPA urbano multifamiliar

Limites do terreno
Figura 36 - Cortes esquemáticos CORTE DD
Fonte: Elaboração própria (2019). SEM ESCALA

55
Com uma topografia marcante e um poten- Apropriando-se das curvas de nível, seria
cial visual favorável, surgiram os pontos de possível resultar de um pavimento frontal
partida para as primeiras intenções de pro- (Rua Manoel Pizolati) para mais andares na
jeto. medida que as cotas de fossem diminuindo.
Essas ações acarretariam em um ganho de
Inserido em uma Área Comunitária Institucio- área verticalizada tendo mais espaços livres
nal, as normativas de uso e ocupação são re- do terreno para locais de lazer, disfarçando a
ferentes ao zoneamento do seu entorno. Con- altura final da edificação.
forme as orientações do CONANDA; CNAS
(2009) sobre a tipologia arquitetônica, esse Destacar o potencial visual direcionado ao
documento comenta sobre a importância da sul, de maneira que o maior numero de usuá-
semelhança de abrigos com seu entorno. rios pudesse usufruir desta paisagem, foi ide-
alizado através de espaços de lazer privados,
Foi admitido intenções para o lançamento do pois já seriam necessários em decorrência do
volume e o princípio foi gerar uma forma que tema proposto. Esse aspecto se torna mais
não transmitisse emponderamento sobre as positivo quando analisado a impossibilidade
demais edificações presentes no entorno, que de construção que poderiam barrar esse visu-
não fosse grandioso e não perdesse a rela- al, pois os espaços próximos que ainda não
ção com o pedestre na testada do lote. Dessa estão ocupados são Áreas Verdes de Lazer,
maneira surgiram os primeiros esboços, de- segundo o Plano diretor de Florianópolis.
monstrados na figura 37, que conseguem se-
guir as diretrizes propostas.

Figura 37 - Estudo volumétrico


Fonte: Elaboração própria (2019).

56
Figura 38 - Vista 01
Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 39 - Vista 02 Figura 40 - Vista 03


Fonte: Elaboração própria (2019). Fonte: Elaboração própria (2019).

57
INTRODUÇÃO AO PROJETO

Seguido de todo conhecimento adquirido sendo necessário atenções específicas para


após a construção de referências textuais que cada momento. As atividades cotidianas tam-
demonstraram, desde a situação da criança bém são alteradas e as responsabilidades
e do adolescente no Brasil até a realidade crescem juntamente com a liberdade.
em Florianópolis/SC, com fundamentos em
normas e dados governamentais, foi possível Pelos diversos motivos citados, o abrigo insti-
iniciar o processo projetual. tucional é setorizado com base nos ciclos de
desenvolvimento (primeira infância, segunda
A proposta é realizar um projeto de arquitetu- infância e adolescência) e no estudo de caso
ra que garanta um local acolhedor e coletivo, realizado para a compreensão de um mode-
desenvolvido para sanar as necessidades em lo concreto em funcionamento. No caso do
um espaço de passagem para amparar, sem numero máximo de acolhidos e a divisão des-
distinção de particularidades físicas e psico- tes por idade de atendimento, o resultado é
lógicas, crianças em situação de vulnerabili- condizente com os dados de procura dessa
dade social até que sejam resolvidas as ques- modalidade de serviço, segundo o ICOM
tões que o trouxeram até o local. (2016), apresentados no tópico “A situação
em Florianópolis”.
A realidade do abrigo como passagem não
se adéqua a todos os casos. Com a impos- O diagrama conceitual demonstra a intenção
sibilidade de retorno a família de origem e por uma proteção verde nas duas laterais do
os baixos índices de adoção gerados pelos terreno com a presença de uma via já existen-
requisitos impostos para essa circunstância, te, alterando apenas seu padrão. É visível a
diversas crianças permanecem nesses espa- procura por um volume que realize o convite
ços por muitos anos. ao uso na parte frontal, aberto a comunida-
de, e para o interior do lote permita a presen-
A trajetória até atingir a maioridade civil é ça de espaços de estar/lazer, sendo alguns
marcada por diversas transformações e sin- privativos para os moradores.
gularidades em cada fase. Relacionada dire-
tamente com a idade, a evolução e as con-
quistas são adquiridas ao passar dos anos,

58
ACESSO ACESSO
RESTRITO PÚBLICO

ATINGIMENTO VIÁRIO

ATENÇÃO SOCIAL
COBERTURA VERDE
CAMADA VEGETATIVA

CAMADA VEGETATIVA
RUA COMPARTILHADA

ESPAÇO

ABRIGO ESTAR

INSTITUCIONAL

ESPAÇO
LAZER
LAZER
PRIVADO

Figura 41 - Diagrama conceitual


Fonte: Elaboração própria (2019).

59
IMPLANTAÇÃO Legenda:
Entrada público 5 - Área verde sombreada
Entrada abrigo 6 - Quadra esportes
1 - Rua compartilhada 7 - Parque infantil privado
2 - Estacionamento 8 - Cobertura verde
3 - Espaço verde livre
4 - Praça seca

Com base nos estudos anteriores, a diretriz acessos aos espaços verdes e ao edifício.
principal era conceber espaços que promo- Com piso cimentício, trazem o verde em can-
vessem a vivência e atividades no contraturno teiros e junto com o mobiliário, criando uma
escolar, e não possuísse uso exclusivo como conexão com o restante da implantação. Nas
moradia. duas laterais do lote a camada vegetativa
serve como amortecimento dos grandes mu-
O volume a frente , voltado a norte, repre- ros existentes, que suavizam o visual “vestin-
senta o convite ao uso, não apenas dos mo- do” os extremos com o verde tão esquecido
radores, mas de toda a comunidade, com nas cidades.
equipamentos geradores de atenção social.
Possui também uma entrada privada para as A rua compartilhada vem como resultado de
crianças, trazendo uma individualidade de uma característica já existente, que gera a
acesso de modo a buscar a semelhança de conexão com a Unidade de Pronto Atendi-
uma residência. mento, onde foi verificado seu uso nas visitas
ao local. Via com velocidade máxima de 20
A topografia foi planejada para criar uma km/h, com concreto drenante de coloração
composição entre taludes e platôs. As áreas avermelhada, com presença de vagas que
de transição através dos taludes se estendem foram distribuídas ao longo da via, com es-
a uma porção maior no terreno, para que paços de lazer e vegetação entre elas, com
desta forma seja possível reduzir ao máximo mesmo nível e piso da calçada.
a inclinação entre os níveis. Com vegetação
rasteira pisoteável, os espaços poderão ser Com a pequena dimensão do terreno e o in-
ocupados, de forma singular por cada usuá- tuito de criar mais espaços livres, a cobertura
rio, pois são livres e apenas sombreadas em foi utilizada como extensão do solo, tornando
alguns locais. Essa característica prevê que útil um espaço muitas vezes esquecido. Seu
os usos podem ser transformados com o tem- acesso acontece através do vazio no centro
po e não restringe a apenas uma atividade do edifício, por escada e elevador. Espaços
pré definida. O edifício também carrega esse privados também foram projetados, direcio-
conceito, que será exemplificado nos tópicos nados para o potencial visual a sul. As gran-
a seguir. des sacadas nos níveis superiores e o parque
infantil no interior do lote configuram esses
Os platôs são concebidos para marcarem os atributos.
60
Figura 42 - Implantação
Fonte: Elaboração própria (2019).

26,0
A

32,0
2
3

22,0 4

A 7 18,0

5 15 30 50

61
PROGRAMA DE NECESSIDADES

Por se tratar de um tema nunca antes traba-


lhado e pala complexidade das escolhas da
metodologia para desenvolvimento do proje-
to, o programa de necessidades foi de extre-
ma importância, já nas fases inicias, para o
entendimento da demanda e, principalmente,
do pré-dimensionamento mínimo que seria
imprescindível para atingir os objetivos pro-
postos.

Com base nas “Orientações técnicas” dispo-


nibilizadas pelo CONANDA;CNAS (2009)
e no estudo de caso realizado, foi possível
montar este programa. Um resultado visível
com o término dessa etapa foi a quantidade
de cômodos e suas pequenas dimensões que
necessitavam de iluminação e ventilação na-
tural para um bom resultado.

De acordo com os dados, as primeiras com-


preensões foram surgindo, a modo de tentar
solucionar essas características. Umas das
alternativas, foi a presença de uma grande
porção de fachada direcionada para uma
boa insolação e um vazio no interior da edi-
ficação para permitir melhores resultados em
relação ao conforto térmico e visual.

62
Figura 43 - Programa de necessidades
Fonte: Elaboração própria (2019).

63
CORTE ESQUEMÁTICO AA

O projeto desenvolve espaços que possam acolher crianças e adolescentes entre 0 a 18 anos
de idade, pelo período necessário. A setorização e o número de vagas vão seguir da seguinte
maneira:

ACESSO COBERTURA ATENÇÃO MEIO ATENÇÃO ABRIGO JARDIM


PRINCIPAL VERDE SOCIAL NÍVEL SOCIAL 0 A 3 ANOS INTERNO

Figura 44 - Corte perspectivado AA.


Fonte: Elaboração própria (2019).

64
Idade Número de vagas

0a3 6

3a6 6

6 a 12 15

12 a 18 15

ADMINISTRATIVO ABRIGO ABRIGO ABRIGO SACADA PARQUE INFANTIL


E SERVIÇOS 3 A 6 ANOS 12 A 18 ANOS 6 A 12 ANOS PRIVADA PRIVADO

65
Figura 45 - Malha estrutural
ESTRUTURA Fonte: Elaboração própria (2019).

A estrutura faz parte do lançamento das dire- O restante das divisórias internas serão em
trizes, pois independente das funções que a Drywall com espessura média de 9cm, re-
arquitetura desempenhar, ela deve ser con- sultando em um melhor conforto acústico e
dizente com a proposta. Os espaços e seus térmico se comparado com bloco cerâmico
usos são alterados com o tempo, mesmo furado.
mantendo sua atividade principal os usuários
são variados, transformando o ambiente da 80
forma que melhor o representa.
10
50
O sistema estrutural escolhido foi a compo- 40
sição de pilares de concreto armado com
laje nervurada, de forma a gerar uma malha
com o menor numero de apoios, com vão
máximo de 15 metros. A altura da laje foi 40
escolhida com base no pré-dimensionamen-
to de Rebello (2000), e cubetas disponíveis Figura 46 - pré-dimensionamento Laje e cubeta
no mercado, representada na figura 46 com Fonte: Elaboração própria (2019).
dimensões em centímetros.
75
A partir dessas escolhas foi possível modular
todo o edifício (múltiplos de 80) para não 60
haver a necessidade de usar meia fôrma e
45
para todos os maciços externos ficarem com
ALTURA EM CM

as mesma dimensão (30cm) para facilitar a


30
execução in loco.
15
As paredes externas serão realizadas com
placas cimentícias que agilizam o processo VÃO EM METRO
de construção de forma a gerar menos resí- 0 3.0 6.0 9.0 12.0 15.0 18.0 21.0
duos que fechamentos convencionais. Figura 47 - Pré-dimensionamento laje nervurada.
Fonte: REBELLO (2000).
66
Figura 48 - Lançamento dos pilares
Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 49 - Lançamento dos pilares e maciços externos


Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 50 - Lançamento estrutura completa


Fonte: Elaboração própria (2019).

67
MOODBOARD

68
PLANTAS E MAQUETE ELETRÔNICA

Neste item será demonstrado as imagens A imagem 51 é apresentada com um nível de


ilustrativas do resultado adquirido após todo detalhamento maior que as demais, que são
o processo de produção. Acrescentado por demonstradas por croquis, para que através
plantas de cada nível, que tem como objeti- de uma vista geral seja possível o melhor en-
vo não demonstrar um resultado formal, mas tendimento das intenções e materiais utiliza-
sim, com o intuito de pré-dimensionar os es- dos.
paços e setorizar o direcionamento de cada
cômodo, pela importância de permanência.

Por ter uma estrutura periférica com grandes


vãos livres, é viável a possibilidade de altera-
ção e amadurecimento das plantas.

Figura 51 - Fachada leste


Fonte: Elaboração própria (2019).

69
NÍVEL 26 E 28 Legenda:
ESCALA 1:500 1 Espaço pequenos eventos 11 Espaço jantar e estar
2 Recepção 12 Escritório e lavabo funcionários
3 Sala de visitas 13 Jardim interno
4 Biblioteca 14 Demi suíte
5 Salas psicologia 15 Demi suíte PcD
6 Sala psicologia em grupo 16 Espaço jantar e estar
7 Sala visitas (0 a 3 anos) 17 Escritório, lavabo func. e depósito
8 Banheiros 18 Academia
9 Quartos compartilhados 19 Sacada
10 Brinquedoteca

O acesso principal é realizado pelo nível


26, através de grandes portas pivotantes em
2 3 4 madeira que permitem grandes aberturas e
1
26,0
fechamento noturno. Logo na entrada, há
um amplo espaço livre direcionado para pe-
quenos eventos e exposições, tanto das ati-
28,0 6
5 vidades desenvolvidas no local, quanto de
qualquer forma de arte externa, integrando a
7 8 9
comunidade no cotidiano do centro.
11
9
Este espaço é configurado com meio nível,
12
10 que aproveitando a topografia do terreno,
ganhou área e criou acesso aos demais pa-
vimentos. As escadas possuem uma largura
14 generosa para ser possível a instalação de
13 plataformas de acessibilidade, para permitir
a locomoção de todos.
15
14 A oeste está localizada a entrada privada dos
moradores do abrigo, da unidade de 0 a 3
anos e 12 a 18 anos que acontece no nível
16 28. No caso dos adolescentes, de forma a
17
respeitar as individualidades e privacidade
de cada um, foi projetado demi suítes que
18 28,0 alcançam esse caráter. Estes locais de longa
permanência foram direcionados à leste com
19 proteção por brises “camarão”, com folhas
Figura 52 - Planta baixa nível
de mesma dimensão da largura da sacada,
26 e 28
pois quando abertos barram o acesso, re-
Fonte: Elaboração própria (2019).
sultando em um espaço privado para cada
dormitório.
70
Figura 53 - Entrada principal centro de atenção social
Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 54 - Sacada abrigo 12 a 18 anos


Fonte: Elaboração própria (2019).

71
NÍVEL 24 E 22 Legenda:

ESCALA 1:500 1 Sala oficinas 9 Banheiros


2 Sala de reunião 10 Sala de visitas
3 Banheiro Fem. e Masc. 11 Escritório lavabo funcionários
4 Enfermaria 12 Quartos compartilhados
5 Salas áudio visual 13 Espaço jantar e estar
6 Sala informática 14 Espaço recreativo
7 Brinquedoteca 15 Sacada de lazer e atividades
8 Depósito

Acessando o Centro de atenção social pelo


nível 26, é possível subir ao 28 ou descer ao
24, que tem a presenaça das salas de ofici-
26,0
nas, aberta para uso de toda a comunidade,
e da sala de reunião. Se deslocando através
3 3
2
da grande escada ali presente, realizada por
24,0 1 degraus comuns e patamares maiores, para
4 desenvolver um papel mais completo do que
apenas circulação, chega a cota 22. Neste
espaço, para propor maior integração e le-
5 6 7
veza através da transparência, as salas de
22,0 informática, áudio visual e brinquedoteca,
possuem um volume central executado em
estrutura metálica e vidro.

Integrado com o paisagismo exterior, o vazio


presente ao centro da edificação traz o verde
9 9 e a iluminação natural para qualificar o es-
8 10
paço. Efetua também o acesso a cobertura
14 11 por escadas com patamares desalinhados,
gerando integração entre os volumes, e por
12
um elevador com estrutura aparente e fecha-
13
12 mento em vidro, carregando o mesmo con-
ceito das salas centrais.
22,0
Neste andar está presente o abrigo para
15 crianças de 3 a 6 anos, que são contempla-
Figura 55 - Planta baixa nível
dos por uma grande sacada externa, como
24 e 22
área de lazer e brincadeiras. Este espaço não
Fonte: Elaboração própria (2019).
é aberto ao público, apenas para os morado-
res que têm acesso pela porção oeste.
72
Figura 56 - Fachada oeste
Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 57 - Detalhe aberturas e brises da fachada oeste


Fonte: Elaboração própria (2019).

73
NÍVEL 18 Legenda:
ESCALA 1:500
1 Sala arquivos e armaz. 8Copa/sala de jantar
2 Depósito (Geral/DML) 9 Sala de TV
3 Cozinha 10 Sala de jogos
4 Lavanderia 11 Escritório e lavabo funcionários
5 Espaço descanso 12 Demi suítes compartilhadas
6 Escritório direção/Adm 13 Suíte compartilhada
7 Banheiro/vestiário 14 Espaço jantar e estar

Neste pavimento localiza-se o abrigo para


crianças de 6 a 12 anos. Por ser uma faixa
etária que já possui uma certa “independên-
cia” e com maior número de vagas, foram
locados junto a área de estar privada com a
presença de espaços livres e um parque in-
fantil, deslocando apenas outros usuários de
menor quantidade para uso deste espaço.

O acesso acontece pelo interior do terreno,


com sua entrada controlada por uma cerca
verde que suaviza seu volume. Sua entrada
não fica prejudicada, pois com a criação da
rua compartilhada, o terreno ganhou mais
uma frente, com um acesso qualificado.
1 2
A região menos privilegiada do edifício foi
3 4
destinada para os serviços e administrativo.
No lado leste esse setor esta no subsolo, com
5 7 aberturas apenas para oeste, aonde se en-
6
7 contram atividades com necessidade de ven-
8
tilação e iluminação natural.
12
9 10

12
11 14
13
Figura 58 - Planta baixa nível
18
Fonte: Elaboração própria (2019).

74
Figura 59 - Fachada sul
Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 60 - Via compartilhada e acessos a edificação


Fonte: Elaboração própria (2019).

75
Figura 61 - Perspectiva implantação
Fonte: Elaboração própria (2019).

Figura 62 - Cobertura verde


Fonte: Elaboração própria (2019).

76
Figura 63 - Composição laje nervurada com brises de
madeira e guarda-corpo em vidro
Fonte: Elaboração própria (2019).

77
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Posteriormente a todo processo de levanta-


mento de dados teóricos, estudos práticos e
vivência cotidiana com o tema proposto, foi
concebido o desenvolvimento de um projeto
de arquitetura de um centro de acolhimen-
to para crianças e adolescentes com até 18
anos, na etapa de partido arquitetônico.

Com a percepção do atual cenário social,


econômico e educativo no brasil e em Floria-
nópolis/SC e, com a verificação de projetos
de cunho social, foi viável o lançamentos das
principais diretrizes necessárias para o desen-
volvimento dos primeiros desenhos.

A análise das características e do potencial


do terreno e do entorno foi outra etapa de
importantíssimo valor, que resultou na positi-
vidade das escolhas do volume, do programa
de necessidades e dos equipamentos escolhi-
dos para compor o setor de atenção social.

Com essa metodologia, foi possível elaborar


a etapa de partido arquitetônico como era
previsto nos objetivos. O próximo estágio, de
anteprojeto, será apresentado no trabalho de
conclusão de curso II, visando o aperfeiçoa-
mento das elementos projetuais estipulados
nas fases anteriores.

78
REFERÊNCIAS

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