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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGE PROCESSO SELETIVO

PARA O INGRESSO EM 2024

QUINTAIS PEDAGÓGICOS NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE


MUNICIPAL DE ENSINO DE ANANINDEUA – PARÁ: UMA PROPOSTA
PEDAGÓGICA INOVADORA À LUZ DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR –
BNCC

Diversidade, Diferença e Desigualdade Social Em Educação

Nível: Mestrado

Políticas Públicas para a Infância e Educação Infantil

Curitiba, Julho de 2023


SUMÁRIO

1. DELIMITAÇÃO DE PROBLEMA ................................................................................3

1.1 PROBLEMA ..................................................................................................................4

1.2 HIPÓTESES ..................................................................................................................4

2. JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................5

3. OBJETIVOS ..................................................................................................................6

3.1 OBJETIVO GERAL .....................................................................................................6

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................6

4. METODOLOGIA ........................................................................................................7

5. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................9

6. REFERÊNCIAS ..........................................................................................................12
1. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Em um diálogo com a secretária de educação do município de Ananindeua, Pará,


conheci sua ideia original dos quintais pedagógicos, implantados e implementados em alguns
centros de referência em educação infantil da rede municipal de ensino. Essas áreas antes tidas
como ociosas, geraram o interesse da secretaria de educação – SEMED, em transformá-las em
novas ambiências, reaproveitando até mesmo o entulho e a sucata que compunha a paisagem
para a criação de espaços lúdicos e fomentadores de aprendizagem para os bebês e as crianças
que estudam nesses centros de educacão infantil, em busca de contribuir para o
desenvolvimento desses alunos.
As informações obtidas remetem o que o primeiro nome representa: quintal, uma
extensão de terreno de uma casa, isto é, traz à luz da educação formal, um lugar que lembre a
família, o lar, salvaguardando assim, o que norteia a Base Nacional Comum Curricular, ao que
se refere a Educação infantil:
“Como a primeira etapa da Educação Básica, a Educação infantil é o início e o
fundamento do processo educacional. A entrada nas creches ou na pré-escola
significa, na maioria das vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos
familiares para se incorporarem a uma situação de socialização estruturada. (BNCC,
p. 36. Brasil, 2018)

Alicerçar a criança, como sujeito, em seus mais basais princípios de desenvolvimento


humano, histórico e social, a considerar as dimensões cognitiva, afetiva e psicomotora, sendo
todas essas questões abarcadas no conhecimento produzido nestes espaços de brincadeira,
recreação, interação socioambiental, construção e troca de saberes e experiências, é de suma
relevância para o processo de ensino e aprendizagem. A criação de lugares que venham
favorecer e estimular as habilidades das crianças, o incentivo e o resgate de brincadeiras em
grupo, um tanto deixadas de lado, diante às tecnologias que prendem os pequeninos nas telas
de celulares e afins, é um imperativo vivo e necessário para garantir esse desenvolvimento em
sua plenitude.
Os quintais foram criados a partir de uma proposta arquitetônica que objetiva o fomento
de aquisição do saber, de forma lúdica, por meio de brincadeiras e sociointeração, qualificando
o processo de ensino-aprendizagem, como defende KISHIMOTO (2010, p.1): “(...) Ao brincar,
a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da
cultura para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens.”
Cada um dos seis existentes possui uma temática específica, onde são desenvolvidas
atividades transversais segundo o tema, como o trânsito, o meio ambiente e a cidade e sua
economia. Os temas são muito robustos em conhecimento a ser trabalhado de forma transversal,
ou transdisciplinar, ou interdisciplinar, enriquecendo o currículo proposto pela escola.
Contudo, mesmo tendo como temas ligados ao cotidiano das crianças, além das
possibilidades de intercâmbio entre eles, observou-se que não há uma proposta pedagógica
específica e cabal à luz da Base Nacional Comum Curricular e suas proposições para nortear as
atividades dos professores, pertinentes a todos os quintais. Para garantir o êxito da
aprendizagem nas escolas de educação infantil, é tão importante e necessário, segundo
COUTINHO (2011), desenvolver estudos nesses espaços educacionais, no sentido de qualificá-
los, é uma tarefa irrevogável.
Uma vez que, como política de governo e sem uma proposta voltada para seus fins
pedagógicos efetivada, em suas vivências cotidiana e cultura escolar, essa potencial ferramenta
de aprendizagem corre o risco de ser extinta, caso a gestão educacional posterior não encontre
interesse nesses espaços e, sem uma proposta definida e implementada, o risco deles se
tornarem apenas espaços recreativos até a possível inutilização é um risco existente.

1.1 PROBLEMA:

Qual a importância da construção de uma proposta pedagógica norteadora do ato


educativo, da aprendizagem e do desenvolvimento infantil, à luz da Base Nacional Comum
Curricular – BNCC, para efetivar os quintais pedagógicos como aporte no currículo do Projeto
Político Pedagógico das escolas de Educação Infantil da rede municipal de ensino de
Ananindeua?

1.2 HIPÓTESES:

- Com a criação de uma proposta pedagógica que garanta a implementação dos quintais
pedagógicos como parte do currículo das escolas municipais de Educação Infantil, os
professores dessa etapa de ensino poderão construir seus planejamentos didáticos e
metodológicos baseados em trilhas de aprendizagem, de forma híbrida, ou seja, os quintais
serão espaços em que o processo de ensino e aprendizagem acontecerá não diferente do espaço
físico das salas. As aulas, propriamente ditas, ocorridas neles serão tão valorativas, no quesito
do aprender, socializar, interagir por meio das atividades lúdicas, tal qual a possibilidade de
avaliação da aprendizagem seja possível no processo.
- As escolas que possuem os quintais pedagógicos dialogarão entre elas e entre seus
projetos político-pedagógicos, em busca de conhecer suas realidades e especificidades, para a
promoção do intercâmbio para a troca de experiências, aquisição de saberes e construção de
novos conhecimentos a ser partilhados, também, com as escolas de educação infantil que ainda
não possuem, até então, esse espaço.
- Por meio da proposta pedagógica implementada, é possível estabelecer e garantir a
cultura de valorização dos espaços físicos ociosos das escolas de educação infantil para a
construção de novos quintais de pequeno, médio e grande porte, a fim de contemplar todas as
escolas da rede municipal de educação infantil.

2. JUSTIFICATIVA

Acerca dos Quintais Pedagógicos da Rede Municipal de Educação Infantil do município


de Ananindeua, no Pará, as inquietações geradas pela curiosidade humana e científica, ao tempo
de conhecer de perto o projeto arquitetônico gerador dos Quintais, nos levou a buscar
compreender qual o sentido de construir tais obras nos espaços de educação infantil. A resposta
obtida foi que, aqueles espaços sem uso, dentro daquelas escolas, seriam ressignificados dando
lugar a áreas de recreação e aprendizagem, com brinquedos e ambientes adaptados, inspirados
em educadores e seus métodos pedagógicos, como Tizuko Kishimoto, Maria Montessori e
Célestin Freinet. Os Quintais reproduzem espaços familiares e sociais vivenciados pelas
crianças, aprendentes de 6 Centros de Referência em Educação Infantil da rede pública
municipal. Esses centros que funcionam com educação em tempo parcial e tempo integral,
possuem, cada um, uma média de 350 alunos, de faixa etária entre 6 meses a 5 anos de idade;
situados em áreas urbanas, mas em sua maioria, localizadas em territórios de vulnerabilidade
social, possuem, como alunado, filhos de mães trabalhadoras, que necessitam deixar seus filhos
na escola e, assim, poder trabalhar e garantir o sustento de suas casas.
De posse dessas informações, passamos a buscar mais outras, agora de caráter
pedagógico, para compreender qual era o papel educativo daqueles lugares. A partir dessa
indagação, em diálogo com a secretária municipal de educação, concluímos que não há uma
proposta pedagógica específica e norteadora do trabalho educativo nos Quintais. A partir de
visitações a esses locais e a verificação da riqueza de recursos e ambiências que imitam a vida
cotidiana, que abrange temas transversais de grande relevância, como a educação ambiental,
bem como as possibilidades de criação de projetos pedagógicos alinhados à Base Nacional
Comum Curricular, em especial, à Educação Infantil, e aos grandes teóricos e mestres das
ciências da educação, junto ao Projeto Político Pedagógico dessas escolas, surgiu o interesse
em criar uma proposta pedagógica para que esses espaços dialoguem, de fato, entre si, numa
perspectiva de intercâmbio e ganhem a devida projeção, a fim de que todas as escolas
municipais de Educação Infantil tenham em seus espaços um Quintal Pedagógico, e que estes
sejam efetivados como salas de aula ao ar livre, garantidos como política curricular por meio
da proposta construída.

3. OBJETIVOS:

3.1 OBJETIVO GERAL:


- Criar uma proposta pedagógica de aprendizagem e desenvolvimento infantil fundamentada
nos pilares da BNCC, por meio dos Quintais Pedagógicos

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


- Identificar as metodologias ativas desenvolvidas pelos professores, no planejamento das aulas
voltadas aos quintais pedagógicos;
- Verificar as sínteses didáticas dos educadores norteadoras da aprendizagem, de forma lúdica
e sociointerativa, baseada nos três pilares da BNCC para a Educação Infantil;
- Investigar o cotidiano escolar das crianças e o seu processo de desenvolvimento integral, a
partir das metodologias propostas pelos educadores voltadas à aprendizagem nas atividades
pedagógicas dos momentos destinados aos quintais pedagógicos;
- Destacar mudanças e evoluções no desenvolvimento biopsicossocial e nas dimensões afetiva,
cognitiva e psicomotora das crianças que frequentam os quintais pedagógicos;
- Estimar a congruência da transversalidade e da interdisciplinaridade nos planejamentos das
aulas para os quintais pedagógicos e suas contribuições para a efetivação do currículo no ato
educativo;
- Comprovar a importância da aula fora do espaço da sala de aula para as aprendizagens
baseadas na ludicidade, no coletivo e na sociabilidade.
4. METODOLOGIA:

A metodologia de uma pesquisa descreve o caminho a versar para poder investigar o


objeto, ou seja, qual o método que será adotado para investigar a questão-problema e percorrer
as hipóteses. LAVILLE (1999) afirma que a metodologia “representa mais do que uma
descrição formal dos métodos e técnicas e indica a leitura operacional que o pesquisador fez do
quadro teórico.”
Para o alcance da construção de uma proposta pedagógica de aprendizagem e
desenvolvimento infantil fundamentada nos pilares da BNCC, por meio dos Quintais
Pedagógicos das escolas municipais de Educação Infantil de Ananindeua, será realizada
pesquisa exploratória, de caráter quali-quanti, ou seja, qualitativa e quantitativa, a iniciar com
pesquisa bibliográfica e documental para, posteriormente, dar início à pesquisa exploratória em
si, onde será explorado o campo do objeto de estudo.
Gil (2017) afirma que, as pesquisas exploratórias são mais flexíveis em seu
planejamento, uma vez que propõem-se a observar e a compreender os mais variados aspectos
relativos ao fenômeno estudado pelo pesquisador.
Inicialmente, será preciso a coleta de dados, do tipo documental:
A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem
tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios,
documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de
empresas, vídeos de programas de televisão, etc. (FONSECA, 2002, p. 32).

E, também, de cunho bibliográfico, desenvolvida


[...] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por
meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.
Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao
pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. (FONSECA, 2002, p. 32).

Após essa fundamentação documental e bibliográfica, que traça o arcabouço teórico do


trabalho, no qual os seguintes autores, Celéstin Freinet, Maria Montessori, Henry Wallon, Jean
Piaget, Lev Vygotsky e Tzuko Kishimoto serão a base de sustentação para essa pesquisa, entre
outros que coadunarão para sua robustez, será necessário, ainda, a pesquisa de campo. Para tal,
é fundamental delimitar um universo. E esse universo a ser explorado é a Rede Municipal de
Educação Infantil de Ananindeua, constituída por 25 (vinte e cinco) escolas. No entanto, para
melhor atuação dessa pesquisa, haverá uma delimitação, da qual foram escolhidos os 06 (seis)
Centros Municipais de Referência em Educação Infantil – CMREIs, que possuem os quintais
pedagógicos.
A pesquisa de campo contará, também, com a aplicação de formulários e entrevistas.
Para isso, serão criados roteiros de entrevistas para realização na sede da Secretaria Municipal
de Educação – SEMED, cujo público-alvo é a secretária de educação, a coordenadoria de gestão
pedagógica, os coordenadores e técnicos do grupo de trabalho da Educação Infantil e nos
CMREIs escolhidos, os seus respectivos gestores escolares. Esses roteiros serão produzidos a
partir de perguntas e questionamentos referentes ao trabalho pedagógico e ao currículo e suas
implicações na aprendizagem por meio dos quintais pedagógicos, a saber seus resultados e
projeções para o trabalho pedagógico na Educação Infantil.
Segundo Selltiz et al. (1965), enquadram-se na categoria dos estudos exploratórios todos
aqueles que buscam descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade
com o fenômeno pesquisado.
A comunidade escolar também precisa ser considerada nessa pesquisa e, para ela, serão
aplicados formulários de pesquisa, a ser respondidos pelos pais, responsáveis dos bebês e das
crianças, coordenadores pedagógicos, professores, monitores e auxiliares de professor regente,
com perguntas estruturadas e semi-estruturadas, do tipo abertas e do tipo fechadas, escala
Likert, formulários esses cujo objetivo é conhecer a realidade vivida no cotidiano escolar, a
partir das vivências das crianças nos quintais pedagógicos e seus nítidos resultados na
aprendizagem e no desenvolvimento integral dos educandos.
Os formulários de pesquisa aberta são importantes, visto dar liberdade a quem for
preenchê-los, uma vez que são compostos de perguntas com teor mais qualitativo, para a análise
pré-analítica do projeto. Serão utilizados, ainda, os formulários de perguntas fechadas, as quais
o pesquisador oferece opções de resposta para quem respondê-lo, o que traz uma sustentação
quantitativa da entrega desses formulários, isto é, quanto mais pessoas responderem
determinada coisa, será levado em consideração esse maior número de respostas. Esse tipo de
formulário oferece respostas conhecidas como dicotômicas, do tipo ”sim ou não”, questões de
múltipla escolha, nas quais são dadas várias opções de respostas às pessoas que responderão as
várias formas estruturais que esses instrumentos de investigação serão minuciosamente
pesquisados, elaborados e aplicados, a fim de garantir resultados consideráveis para o objetivo
da pesquisa.
5. REVISÃO DE LITERATURA:

Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua, os quintais


pedagógicos fazem parte de um conjunto de projetos arquitetônicos, criados por ela, cujo
objetivo é transformar e ressignificar espaços físicos sem utilidades, que agregam apenas lixo
e sucatas, ou até mesmo, áreas planas, com areia e capim, mas ociosas, de alguns Centros
Municipais de Referência em Educação Infantil, da rede municipal de ensino, em espaços
lúdicos, de aprendizagem e de novos métodos de desenvolvimento sensorial, psicomotor e
social dos alunos, a partir de vivências e experiências.
Conforme tais informações obtidas, os espaços foram criados com inspiração nas
pedagogias de Célestin Freinet e Maria Montessori, e ênfase na proposta pedagógica
concernente aos brinquedos e brincadeiras, de Tzuko Kishimoto, considerando que:
Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante porque dá
a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos
outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua
individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os
sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. (KISHIMOTO, 2010, p. 1)

Para a construção da proposta pedagógica para a aprendizagem e o desenvolvimento à


luz da BNCC, a qual é o objeto dessa pesquisa, fomos impelidos a buscar a valorativa
contribuição da psicogênese de Jean Piaget, Lev Vigotsky e Henry Wallon, no que tange o
desenvolvimento infantil, sociointeração e ludicidade, bem como os pressupostos teórico-
metodológicos que a própria Base oferece como aporte pedagógico para a Educação Infantil.

A BNCC (2018, pp. 36-37) instrumentaliza a Educação Infantil:

[...] para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças, a prática


do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de educação
Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e
trabalhar as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das
famílias e da comunidade.

Os quintais são espaços físicos que, para o ato educativo em si, necessitam de uma
proposta norteadora para o efetivo e contínuo trabalho pedagógico, muito mais que um espaço
lúdico de exploração de novas metodologias educativas, é um local que carece valorizar as
vivências das crianças, para além dos muros das escolas, em suas culturas vividas em família e
em sociedade.

Esses lugares, ao que se refere à ambiente adaptado, foram inspirados na pedagogia de


Maria Montessori:
Mandei construir mesinhas de formas variadas, que não balançassem, e tão leves que
duas crianças de quatro anos pudessem facilmente transportá-las, cadeirinhas de palha
ou de madeira, igualmente bem leves e bonitas, e que fossem uma reprodução em
miniatura, das cadeiras dosadultos [...]. Também faz parte dessa mobília uma pia bem
baixa, acessível às crianças de três ou quatro anos, guarnecida de tabuinhas
lateraislaváveis, para o sabonete, as escovas e a toalha [...]. Pequenos armários
fechados por cortina ou por pequenas portas, cada um com a sua chaveprópria, a
fechadura, ao alcance das mãos das crianças que poderão abrir e fechar esses móveis
e acomodar dentro deles seus pertences(Montessori, 1965, p. 42).

FREINET (1973) defende a importância da modernização dos recursos da escola, para


otimizar suas técnicas, favorecendo as relações entre a Escola e a Vida, entre as crianças e os
professores, de forma a (re)adaptar a escola ao meio, em busca de melhores resultados. Esse
modernizar, nada mais é que dar lugar ao que é de mais relevante no processo de aprendizagem,
diferente do que é tradicional e limitado.

Coadunando com Freinet, Montessori afirma que:


Urge que um método de educação, baseado sobre a liberdade, apareça para ajudar a
criança a conquistá-la: isto é, que ele possa reduzir ao mínimo os laços sociais que
limitara sua atividade. À medida que a criança avança por este caminho, suas
manifestações espontâneas far-se-ão límpidas de verdade, revelando sua própria
natureza. Eis porque a finalidade da primeira forma de intervenção educativa é
conduzir a criança à independência. (Montessori, 1965, p. 51).

Importantes fatores observados na construção desses espaços adaptados às crianças, como


móveis, brinquedos e demais recursos que exploram e estimulam a aprendizagem e o
desenvolvimento sensorial, psicomotor e social das crianças, os materiais e brinquedos de
diversas cores e texturas, muitas vezes produzidos com materiais reciclados, possibilitam a
aprendizagem diferenciada dos espaços de sala de aula comum.
A seleção de brinquedos envolve diversos aspectos: ser durável, atraente, adequado e
apropriado a diversos usos; garantir a segurança e ampliar oportunidades para o
brincar; atender à diversidade racial, não induzir a preconceitos de gênero, classe
social e etnia; não estimular a violência; incluir diversidade de materiais e tipos ―
brinquedos tecnológicos, industrializados, artesanais e produzidos pelas crianças,
professoras e pais. (KISHIMOTO, 2010, p. 2)

A escolha desses brinquedos é fundamental para estimulação, aprendizagem e


desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, por meio da ludicidade e do fomento à imaginação
das crianças:
[...] o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No
brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua
idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do
que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas
as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo uma
grande fonte de desenvolvimento. (VIGOTSKI, 2007, p. 122).
VIGOTSKY (2007), afirma ainda que, a imaginação é um processo psicológico novo
para a criança e representa uma atividade especificamente humana de ação consciente, contudo
não está presente na consciência das crianças muito pequenas, mas como todas as funções da
consciência, surge originada pela ação, o que infere dizer que a imaginação nas crianças em
idade pré-escolar, é o brinquedo sem ação. Daí a grande importância do brinquedo, das
brincadeiras e dos jogos na vida infantil.

Na perspectiva de Piaget (1978), o jogo é condição vital ao desenvolvimento infantil


que, de início tem como características o egocêntrismo e a espontaneidade, tende a tornar-se
cada vez mais uma atividade social, na qual as relações individuais são fundamentais. É por
meio dos jogos que a criança assimila e apreende a realidade.

Freinet (1998a, p.31), aponta para a importância no desenvolvimento da criança, a fim


de que “tenha ajuda para alcançar o equilíbrio, e a sua educação deve responder às suas vontades
e necessidades, auxiliadas pelos pais e educadores para favorecerem o desabrochar de suas
potencialidades”. Todavia, não se pode esquecer que, ao elaborar uma proposta pedagógica, é
fundamental e de suma relevância a formação continuada para os educadores que estão
envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem, visto que a intenção não é ver o quintal
pedagógico como um espaço recreativo e de aprendizagem lúdica, mas como a sala de aula, ao
ar livre, com as mesmas responsabilidades e possibilidades teórico-metodológicas do aprender
e de avaliação do processo e, ainda, valorização de novas aprendizagens.
Wallon (1975) considera a necessidade da instituição educacional promover, em relação
à criança, um desenvolvimento completo e integrado ao meio em que ele vive, não
negligenciando nenhum aspecto, seja ele físico, cognitivo, afetivo, cultural, mas valorizando-
os de forma integrada. Ele enfatiza o processo de integração, em que o organismo interage com
o meio através das dimensões cognitiva, afetiva e motora, ou seja, o ser humano é visto como
resultado do processo de integração do homem com o meio, através de suas relações sociais.
Assim se constrói, também, a aprendizagem e, logo, se promove o pleno desenvolvimento
infantil.
Diante do exposto, a tecitura do projeto corrobora a intenção de garantir a criação de
uma proposta pedagógica, embasada nos teóricos supracitados ao longo desses escritos, bem
como, abre possibilidades para outros que possam somar conhecimentos e fundamentos, a fim
de protagonizar esta construção capaz de assegurar que os Quintais Pedagógicos tornem-se
política curricular efetiva da Rede Municipal de Educação Infantil de Ananindeua, Pará.
6. REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

COUTINHO, Angela M. S. O corpo e a ação social de bebês na creche. In: Poiésis – Revista
do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado – Universidade do Sul de Santa
Catarina. UNISUL, Tubarão, v. 4, n. 8, p. 221 – 233, jul./dez. 2011.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

FREINET, C. As técnicas Freinet da Escola Moderna. Lisboa: Estampa, 1973.

______. Ensaio de Psicologia Sensível. São Paulo: Martins Fontes, 1998a.

GIL, Carlos, A.Como Elaborar Projetos de Pesquisa, 6ª edição. São Paulo, Atlas, 2017.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. In: Anais do


I Seminário Nacional: Currículo em Movimento – perspectivas atuais. Belo Horizonte,
novembro de 2010.

LAVILLE, Christian ; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da


pesquisa em Ciências humanas. Trad. Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre:
Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

MONTESSORI, Maria. Pedagogia científica: a descoberta da criança. São Paulo: Flamboyant,


1965.

PIAGET, Jean. Segunda parte: O Jogo. In: ______ A formação do símbolo na criança:
imitação, jogo e sonho – imagem e representação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.

SELLTIZ, C.; WRIGHTSMAN, L. S.; COOK, S. W. Métodos de pesquisa das relações sociais.
São Paulo: Herder, 1965.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: ______ A
formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7 ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2007.

WALLON, Henri. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Editorial Vega, 1975.

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