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FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS


FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: EDUCAÇÃO

IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

JUSSARA PEREIRA LUCENA NÓBREGA

PATOS-PB
2015
2

JUSSARA PEREIRA LUCENA NÓBREGA

IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso - Artigo


Científico - apresentado ao Programa de Pós-
Graduação Lato Sensu do Curso de
Especialização em Educação Infantil das
Faculdades Integradas de Patos, em
cumprimento as exigências para obtenção do
Título de Especialista.

Orientadora: Ms. Edilene Araújo dos Santos

PATOS-PB
2015
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RESUMO

O presente artigo que se refere a “Importância do Brincar na Educação infantil” tem


como objetivo geral refletir sobre a importância do brincar para o desenvolvimento
sociocognitivo da criança, no sentido de, além de identificar essas contribuições,
também destacar o papel do educador e suas atribuições frente ao brincar na
Educação Infantil. Percebe-se atualmente, que essa discussão se faz necessária em
virtude da notória crise pela qual a educação vem passando, pois se nota em
algumas situações, professores descontentes, alunos desmotivados e pais
preocupados. No entanto, acredita-se que para uma possível melhora deste quadro
educacional se faz necessário investir, além da formação contínua dos professores,
na introdução da ludicidade como subsídio para o processo de construção do
conhecimento cognitivo, físico, social e psicomotor, desenvolvendo nos educandos o
prazer ao construir o próprio aprendizado de forma mais atraente e estimuladora.
Quanto aos aspectos metodológicos esse artigo refere-se a um estudo de natureza
teórico-bibliográfica, realizado a partir das contribuições de autores, como: Winnicott
(1975), Perrotti (1990), Piaget (1978), dentre outros. Como se sabe, o momento
atual exige mudanças, logo, a criança como um ser em desenvolvimento precisa ser
desafiada a desenvolver sua criatividade e autonomia. Nesse intuito, os novos
paradigmas educacionais buscam suprir essas necessidades, propondo atividades
práticas que despertem o interesse e a motivação dos educandos, através das mais
variadas formas de atividades lúdicas, tais como: jogos, histórias, representações
teatrais, dramatizações, artes plásticas, músicas, danças, além do computador com
a finalidade de mediar de forma simples, porém significativa, a construção do
conhecimento, dando liberdade para as crianças exercerem sua capacidade de criar
e de reinventar, de liberar sua afetividade e aflorar suas fantasias para que, através
do mundo mágico do “faz de conta”, possam explorar seus próprios limites e
construir o seu conhecimento.

Palavras-chave: Criança. Brincadeiras. Aprendizagem.


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ABSTRACT

This article refers to "Play Importance of Early Childhood Education" has the general
objective to reflect on the importance of play for the socio-cognitive development of
children, to, in addition to identifying these contributions also highlight the role of the
educator and their assignments against playing in kindergarten. It is now realizes that
this discussion is necessary because of the notorious crisis that education has
undergone, as is noted in some situations, unhappy teachers, motivated students
and concerned parents. However, it is believed that for a possible improvement of
this educational framework is necessary to invest, in addition to the continuous
training of teachers, the introduction of playfulness as a subsidy for the construction
process of cognitive knowledge, physical, social and psychomotor, developing in
students are pleased to build their own learning more attractive and stimulating way.
As for the methodological aspects that article refers to a study of theoretical and
bibliographical held from the contributions of authors such as: Winnicott (1975),
Perrotti (1990), Piaget (1978), among others. As is known, the current situation
requires changes, so the child as a developing human being needs to be challenged
to develop their creativity and autonomy. To that end, the new educational paradigms
seeking to address these needs, proposing practical activities that arouse the interest
and motivation of the students, through various forms of recreational activities, such
as games, stories, theater, drama, visual arts, music, dances, besides the computer
in order to mediate in a simple, but significant knowledge construction by giving
freedom to the children to exercise their ability to create and reinvent, to release their
affection and touch on their costumes so that, through the magical world of "make-
believe", to explore their own limits and build your knowledge.

Keywords: Child. Play. Learning.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 05

2 IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL....................... 06

3 CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO


SOCIOCOGNITIVO DA CRIANÇA.............................................................. 08

4 O PAPEL DO EDUCADOR E SUA ATUAÇÃO FRENTE AO BRINCAR


NA EDUCAÇÃO INFANTIL...................................................................... 10

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 11
REFERÊNCIAS............................................................................................ 12
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1 INTRODUÇÃO

O ensino na Educação Infantil tem uma função especial, promover o


desenvolvimento da criança através dos jogos e brincadeiras, permitindo que a
mesma se sinta livre nos sentimentos e pensamentos. Para tanto, o lúdico é
essencial para a aprendizagem e desenvolvimento da criança, pois por meio do
brincar, as crianças criarão situações de interesse, despertando assim, a curiosidade
e a imaginação, facilitando o processo de socialização, comunicação e construção
do próprio conhecimento.
Nessa perspectiva, o presente artigo tem como objetivo refletir sobre a
importância do brincar para o desenvolvimento sociocognitivo da criança, no que diz
respeito aos jogos, brincadeiras, atividades e materiais usados como forma de
melhor o desempenho da imaginação, criatividade e desenvolvimento da criança.
Como todo ser humano, a criança é um sujeito social, histórico e faz parte de
uma organização familiar, pois está inserida em uma sociedade, convivendo com
uma determinada cultura, em um determinado momento histórico e é profundamente
marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.
Assim sendo, as instituições de Educação Infantil precisam garantir a sua
clientela não apenas as suas necessidades físicas e emocionais, mas também as de
participação social. Devem oferecer condições de aprendizagem nas diversas
situações pedagógicas intencionais ou orientadas, como na hora das brincadeiras,
por exemplo.
Portanto, foi realizado um estudo teórico-bibliográfico tendo como referências
epistemológicas as contribuições de autores, como: Winnicott (1975), Perrotti (1990),
Piaget (1978)entre outros que contribuíram para o desenvolvimento dessa pesquisa,
os quais apresentam a ludicidade como uma forma de diversão, educação, interação
e aprendizagem.
O mesmo está organizado em quatro partes que estão assim organizadas: a
primeira que se refere à Introdução, a segunda parte que trata da importância do
brincar na Educação infantil, a terceira que discute as contribuições do brincar para
o desenvolvimento sociocognitivo da criança e a quarta e última parte que destaca o
papel do educador e sua atuação frente ao brincar na Educação Infantil, seguido das
considerações finais e referências.
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Espera-se com as discussões apresentadas nesse artigo estar contribuindo


para a reflexão sobre a importância da melhoria da construção do conhecimento
junto aos educadores, a fim de que possam dá a liberdade para que as crianças
exerçam sua capacidade de criar e de reinventar, de liberar sua afetividade e aflorar
suas fantasias para que, através do mundo mágico do “faz de conta”, possam
explorar seus próprios limites e construir o seu conhecimento.

2 IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O brincar está presente em diferentes tempos e lugares, assim sendo, de


acordo com o contexto histórico e social que a criança está inserida, a brincadeira
pode ser recriada a partir do seu poder de imaginação e criação.
As brincadeiras de outros tempos estão presentes na vida das crianças, pois
mesmo existindo diferentes formas de brincar, deve-se levar em consideração que
hoje, se vive em diferentes espaços geográficos e culturais, porém muitas
brincadeiras variam (ou não) conforme os costumes e necessidades. Portanto, se
questiona: que relação se pode fazer do brincar com o desenvolvimento, a
aprendizagem e a cultura? Como incorporar a brincadeira na prática de sala de
aula?
O brincar é natural na vida das crianças, é algo que faz parte do seu cotidiano
e se define como espontâneo, prazeroso e sem comprometimento. As brincadeiras
são universais, estão na história da humanidade ao longo dos tempos, fazem parte
da cultura de um país, de um povo.
Achados arqueológicos do século IV a.C., na Grécia, descobriram bonecos
em túmulos de crianças. Há referências a brincadeiras e jogos em obras tão
diferentes como a Odisséia de Ulisses e o quadro jogos infantis de PieterBrughel,
pintor do século XVI. Nessa tela, de 1560, são apresentadas cerca de 84 [oitenta e
quatro] brincadeiras que ainda hoje estão presentes em diversas sociedades.
Segundo Wajskop (2007), a brincadeira, desde a antiguidade, era utilizada
como um instrumento para o ensino, contudo, somente depois que se rompeu o
pensamento românico passou-se a valorizar a importância do brincar, pois antes, a
sociedade via a brincadeira como uma negação ao trabalho, como sinônimo de
irreverência e até desinteresse pelo que é sério. Mas mesmo com o passar do
tempo o termo brincar ainda não está tão definido, pois varia de acordo com cada
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contexto e os termos brincar, jogar e atividade lúdica ainda permanecem sendo


usados como sinônimos.
O ato de brincar faz parte da vida do ser humano desde o ventre de sua mãe,
pois seu primeiro brinquedo é o cordão umbilical, onde, a partir da 17ª semana,
através de toques, puxões e apertos, o bebê, em desenvolvimento, começa a criar
relação com o mesmo. A esse respeito explica Wajskop (2007, p. 22):

Dentro ou fora do útero, bebês gostam de brincar e nessa semana ele já


deve ter encontrado o seu primeiro brinquedo, o cordão umbilical. Ele gosta
de puxá-lo e segurá-lo. Às vezes ele segura tão forte que impede a
passagem de oxigênio, mas ele não segura por tanto tempo, portanto,
nenhum problema ocorre com essas brincadeiras.

De acordo com que Machado (2003), a mãe também brinca com seu bebê
mesmo antes de nascer, pois fica imaginando como será ser mãe e associa as
lembranças de quando brincava com suas bonecas. Assim, quando o bebê nasce, já
há uma relação estabelecida da mãe para com o bebê e do bebê para com a mãe,
pois esse já reconhece sua voz. No princípio, a relação acontece como se o bebê
fosse o brinquedo de sua mãe e ao interagir com o mesmo diariamente, a criança
vai aprendendo a linguagem do brincar e se apropriando dela.
Nessa relação contínua, o bebê vai se diferenciando de sua mãe e começa a
criar outros parceiros, que são os outros adultos com quem irá interagir. Esses
parceiros precisam lhe propiciar um ambiente que permita a criança ser criança e
desenvolver-se utilizando o corpo e os seus sentidos, sentindo-se livre para criar o
seu brincar.

3 CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO


SOCIOCOGNITIVO DA CRIANÇA

A criança se desenvolve através das interações que estabelece com os


adultos desde muito cedo. A sua experiência sócio-histórica inicia-se nessa
interação entre a mesma, os adultos e o mundo criado por eles. Portanto, quando os
pais estimulam seus filhos durante a brincadeira, se tornam mediadores do processo
de construção do conhecimento, fazendo com que seus filhos passem de um estágio
de desenvolvimento para outro.
Para Winnicott (1975, p. 139), “[...] o lugar em que a experiência cultural se
localiza está no espaço potencial existente entre o indivíduo e o meio ambiente
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(originalmente, o objeto)”. Dessa mesma forma ocorre o brincar, pois para o autor a
experiência criativa começa quando se pratica essa criatividade e isso se manifesta
primeiro através da brincadeira.
No entanto, para esse autor é importante que o adulto não interfira nesse
momento, pois as descobertas e o amadurecimento que o bebê desenvolverá nesse
processo serão fundamentais para o começo de sua atividade cultural.
Paradoxalmente, Winnicott (1975), afirma que será necessário que o adulto esteja
sempre disponível e atento ao bebê, pois a autonomia e a capacidade criadora são
desenvolvidas em longo prazo, e para isso o adulto deverá estar presente sempre
que solicitado, mas não de forma retaliativa nem invasiva.
É por isso que não se deve pensar que a criança é apenas aprendiz,
reprodutora de cultura e conhecimento, um ser frágil e vulnerável, mas na verdade, é
tão sujeito quanto o adulto, é co-construtora das experiências que vivencia no dia a
dia.
De acordo com Perrotti (1990), se pode dizer que, conceituá-la como um ser
passivo é, infelizmente, normal, pois nunca se considerou que a criança possui
cultura própria. Assim, a sociedade nega que a criança possua um lugar ativo nessa
cultura, sendo essa afirmativa, uma imposição do sistema que visa classificar os
indivíduos segundo o nível quantitativo de produção que mantém. Logo, segundo
Perrotti (1990, p.18):

Nossa organização social é de tal modo ‘adultocêntrica’, que nossas


reflexões sobre a criança e seu universo cultural correm sempre o risco de,
repetindo a organização social, situar a criança em condição passiva face à
cultura. Pensamos sempre na criança recebendo (ou não recebendo)
cultura, e nunca na criança fazendo cultura ou, ainda, na criança recebendo
e fazendo cultura ao mesmo tempo.

Houve um tempo em que não existiam crianças no mundo, apenas adultos


em miniatura. Foi no século XVII que surgiu a ideia de infância, só então a
sociedade começou a perceber que aqueles pequeninos tinham um jeito de pensar,
ver e sentir característicos.
Com a descoberta da infância nasceu também, a preocupação com a
Educação Infantil. A criação de escolas para esse nível de ensino começou no
século XVIII, com a Revolução Industrial.
De acordo com a visão de Macedo (2005, p. 12) a Educação Infantil inicia o
processo de escolarização de modo lúdico, estimula a autonomia e promove o
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desenvolvimento dentro de um contexto integral, no qual o cuidar está inserido entre


os objetivos pedagógicos. Para o autor o cotidiano é uma oportunidade de
aprendizagem. Até o banheiro é uma sala de aula, onde se podem aprender
conceitos de higiene e cuidados pessoais.
Assim sendo, brincando a criança vai construindo os alicerces da
compreensão e utilização de sistemas simbólicos como a escrita, a capacidade e
habilidade em perceber, criar, manter e desenvolver laços de afeto e confiança no
outro. Esse processo tem inicio desde o nascimento, com o bebê aprendendo a
brincar com a própria mãozinha e mais adiante, com a mãe. Assim, aos poucos vai
coordenando, agilizando e dotando seus gestos de intenção e precisão
progressivas, vai aprendendo a interagir com os outros, inclusive com seus pares,
crescendo com autonomia e sociabilidade.
Para a criança, as brincadeiras proporcionam um estado de prazer, o que
conduz a descontração e, consequentemente, ao surgimento de novas ideias
criativas que facilitam a aprendizagem de novos conteúdos e interações conscientes
e inconscientes, favorecendo a confiança em si e no grupo em que está inserida.
Diante disto, a escola precisa se dar conta que através do lúdico as crianças
têm chances de crescerem e se adaptarem ao mundo coletivo. O lúdico deve ser
considerado como parte integrante da vida do homem, não só no aspecto de
divertimento ou como forma de descarregar tensões, mas também como uma forma
de penetrar no âmbito da realidade, inclusive na realidade social e cultural. Segundo
Almeida (1995, p. 63):

O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantido se


o educador estiver preparado para realizá-lo. Nada será feito se ele não
tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da
educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e
predisposição para levar isso adiante.

Por meio de uma brincadeira de criança, pode-se compreender como a


mesma vê e constrói o mundo, como gostaria que ele fosse, quais as suas
preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, a criança
expressa o que tem dificuldade de traduzir em palavras.
Portanto, nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo,
embora esta e os adultos que a observam possam pensar assim. Mesmo quando
participa de uma brincadeira, em parte para preencher momentos vagos, sua
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escolha é motivada por processos internos, desejos, problemas, ansiedades. O que


se passa na mente da criança determina suas atividades lúdicas, logo, o brincar é
sua linguagem secreta, portanto, se deve respeitar mesmo que não a entenda.
No brincar a criança está sempre acima de sua idade média, acima de seu
comportamento diário. Assim, na brincadeira de faz-de-conta as crianças,
manifestam certas habilidades que não deveriam ser esperadas para a sua idade.
Nesse sentido, a aprendizagem cria a Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, a
aprendizagem desperta vários processos internos de desenvolvimento.
Deste ponto de vista, a aprendizagem não proporciona só um
desenvolvimento aleatório, mas sim, um aprendizado adequadamente organizado
que resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de
desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer.
O jogo permite a expressão lúdica e criativa, podendo abrir novas
perspectivas do uso dos códigos simbólicos. Mas para que estas ideias se
consolidem, é importantíssimo compreender os diferentes estágios de
desenvolvimento mental e infantil, e adequar os brinquedos as potencialidades das
crianças, sobretudo, buscando diversificá-los com o objetivo de explorar novas
inteligências e áreas ainda não desenvolvidas.
É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança, pois
é no brinquedo que a mesma aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir
numa esfera visual externa, dependendo das motivações, tendências internas e não
por incentivos fornecidos por objetos externos.
As brincadeiras que são oferecidas as crianças devem estar de acordo com a
zona de desenvolvimento em que esta se encontra, desta forma, pode-se perceber a
importância do educador conhecer a teoria de Lev Semenovich Vygotsky 1. Moreira
(1995, p. 01) assegura que, conforme a teoria de Vygotsky,

Para ocorrer à aprendizagem, a interação social deve acontecer dentro da


Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que seria a distância existente
entre aquilo que o sujeito já sabe, seu conhecimento real, e aquilo que o
sujeito possui potencialidade para aprender, seu conhecimento potencial.
Dessa forma, a aprendizagem ocorre no intervalo da ZDP, onde o
conhecimento real é aquele que o sujeito é capaz de aplicar sozinho, e o
potencial é aquele que ele necessita do auxílio de outros para aplicar. O
professor deve mediar à aprendizagem utilizando estratégias que levem o

1
Psicólogo bielo-russo que viveu entre 1896 e 1934. Morreu há mais de 70 anos, mas sua obra ainda
está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil.
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aluno a tornar-se independente e estimule o conhecimento potencial, de


modo a criar uma nova ZDP a todo momento.

No processo de desenvolvimento da Educação Infantil o papel do educador é


de suma importância, pois é quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa
das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento.
A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do
conhecimento estruturado e formalizado ignora as dimensões educativas da
brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a atividade
construtiva da criança. Assim sendo, é urgente e necessário que o educador procure
ampliar cada vez mais as vivências da criança com o ambiente físico, fazendo uso
dos brinquedos, brincadeiras e da interação com outras crianças.
Pelo ato de brincar, a criança pode desenvolver a confiança em si mesma,
sua imaginação, autoestima, autocontrole, cooperação e a criatividade, pois o
brinquedo revela o seu mundo interior e conduz ao aprender fazendo. Assim sendo,
a escola deve respeitar o conhecimento de mundo prévio da criança e compreender
o processo pelo qual a criança passa até alfabetizar-se, propiciando-lhe enfrentar e
entender com maior tranquilidade experiências prazerosas nos primeiros anos
escolares, pois só assim poderá ser considerado um verdadeiro ambiente de
aprendizagem.
Piaget (1978) realça a relação do jogo com a expressão estética, e como a
mesma é partícipe dentro da realidade objetiva, pois observa que as manifestações
espontâneas disto que se pode chamar arte infantil devem, pois, ser consideradas
como tentativas sucessivas de conciliação entre tendências próprias do jogo
simbólico (o qual não se constitui ainda arte em sentido restrito) e aquelas que
caracterizam as formas adaptadas da atividade ou se prefere, síntese entre a
expressão do eu e a submissão ao real.
Quando na criança se ativa o desenho de construção, de representação
teatral, passa a buscar e a satisfazer simultaneamente suas necessidades,
adaptando-se aos objetivos, tanto quanto como aos outros sujeitos. Assim esta
continua, em um sentido, a expressar-se, mas também ensaia inserir aquilo que
pensa e sente em seu mundo que é permeado de realidades objetivas e
comunicáveis, que constituem o seu universo material e social.
Portanto, nenhum esquema de linguagem se desenvolve na plenitude senão
também pela expressão criadora. Expressar não apenas compartilhado
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desenvolvimento, como permite a reflexão crítica das linguagens. A expressão


criadora não pode ser vista apenas como um desenvolvimento estético, portanto,
como uma supra especialização do saber da criança, mas muito mais como forma
do conhecimento.

4 O PAPEL DO EDUCADOR E SUA ATUAÇÃO FRENTE O BRINCAR NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

A prática da ludicidade para ensinar os conteúdos do currículo escolar pode


propiciar o sucesso da aprendizagem dos educandos. Lembrando-se que, os
benefícios dessas atividades vão além da sala de aula, pois esses recursos
promovem uma maior interação entre os estudantes. Além disso, muitas vezes uma
atividade desenvolvida na escola, na qual o educador tenha participação efetiva ou
colaborativa proporciona um relacionamento mais próximo entre o mesmo e o
educando.
Outro aspecto a ser enfocado diz respeito a uma realidade vivida por muitos
educandos, ou seja, as dificuldades econômicas e sociais. Esta situação pode
interferir diretamente no aprendizado ou em casos extremos, provocar a evasão
escolar, em vista disso é preciso que a escola promova momentos mais alegres e
agradáveis.
A cerca disso, Snyders (apud NEVES, 2007) aponta que a maior parte das
crianças em situação de fracasso são as de classe popular e precisam ter prazer em
estudar, do contrário, desistirão e abandonarão a escola. Quanto mais os estudantes
enfrentam dificuldades de ordem física e econômica, mais a Escola deve ser um
local que lhes traga motivação. A alegria de estar na escola não pode ser uma
alegria que os desvie da luta, mas que proporcione o desejo de que precisam para
se sentirem estimulados ao prazer em aprender.
É papel da escola, promover estratégias de ensino que sejam agradáveis
para o educando, pois somente em um ambiente prazeroso que a aprendizagem
ocorrerá de forma significativa. Sobre isso Sava (apud MOYLES 2002, p. 43)
enfatiza: “A aprendizagem ocorre o tempo todo no desenvolvimento normal durante
toda a vida, desde que alguma coisa desperte o nosso interesse”.
É preciso que a escola valorize os conhecimentos adquiridos
espontaneamente pela criança, muitas vezes por meio do lúdico, e não o despreze
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em detrimento do conhecimento sistematizado, mas articule um ao outro utilizando


um rico instrumento pedagógico que são os brinquedos.
Os recursos lúdicos são capazes de contextualizar os conteúdos e assim o
educando passa a ver sentido naquilo que está aprendendo. Portanto, deve-se levar
em consideração que os jogos desenvolvem o raciocínio lógico, estimulam o
pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas.
Freire (1991, p. 23) acredita que, “A criança que brinca em liberdade,
podendo decidir sobre o uso de seus recursos cognitivos para resolver os problemas
que surgem no brinquedo, sem dúvida alguma chegará ao pensamento lógico de
que necessita para aprender a ler, escrever e contar”.
Em suma, conclui-se que o lúdico é de extrema importância e constitui numa
estratégia de ensino e aprendizagem devendo dessa forma ser planejado
previamente e os objetivos elucidados, pois a ludicidade deve ser trabalhada na
escola com muita seriedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dessa tentativa de refletir sobre os benefícios que o lúdico traz ao


processo de ensino e aprendizagem, alguns pontos merecem ser enfatizados ao
concluir esse artigo.
O primeiro é a certeza de que o ensino e a aprendizagem estão além do
simples repassar de conteúdos, pois engloba o ser numa visão holística, levando em
conta seus sentimentos, suas experiências e o ambiente cultural no qual está
inserido, ou seja, visa à formação do cidadão pleno, capaz de fazer e refazer, de
criar e recriar, de transformar o meio em que vive, assumindo posições frente aos
fatos, criando novas situações através das quais vai montando sua história de vida,
retratando alguma vivência própria, tornando-se autor e ator de suas criações.
Em segundo lugar, o de que o lúdico enquanto ferramenta educativa propicia
a aprendizagem do educando, seu saber, sua compreensão de mundo e seu
conhecimento, portanto, é preciso habilitar o educador para que este elemento tão
necessário à formação e aprendizagem do educando possa ser inserido como
aspecto indispensável no tríplice relacionamento educando-aprendizagem-educador.
O terceiro, é que a escola e os pais devem se esforçar para perceber o real
significado do brincar como recurso pedagógico riquíssimo na busca da valorização
15

do movimento, das relações sociais e interpessoais, da solidariedade, bem como da


imaginação e da criatividade da criança, pois só acreditando nesse potencial é que
são capazes de se libertar das ações educacionais tradicionalistas, sendo capaz de
estimular o incremento das atividades lúdicas e artísticas, integrando-as ao processo
de ensino e aprendizagem.
Logo, é importante saber e reconhecer que, para as crianças, a atividade
lúdica é sempre mais interessante e preferível que o trabalho escolar propriamente
dito, devendo ser amplamente utilizada.
Ao longo das leituras realizadas, ficou demonstrada a importância do lúdico
no processo de ensino e aprendizagem, acreditando-se que o resultado da pesquisa
teórica evidenciou que a proposta educacional fundamentada no lúdico é sem
sombra de dúvida um fator de construção, desenvolvimento e realização para a
construção do conhecimento e aprendizagem da criança.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes, Educação lúdica, técnicas e jogos pedagógicos. São


Paulo: Loyola, 1995.

FREIRE, J.B. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. São
http://www.centrorefeducacional.com.br/ludicoint.htm. Acesso em: 13 deze. 2015.
MACEDO, Lino de. (2005). Ensaios pedagógicos: Como construir uma escola para
todos? ArtMed. Porto Alegre.

MACHADO, E.V. O vídeo como mediador da comunicação escolar. São Paulo,


SP. 2003. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo.

MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de aprendizagens. São Paulo, SP: EPU, 1995.
Disponível no site: http://www.dfi.ccet.ufms.br/prrosa/Pedagogia/Capitulo_5.pdf.
(Acesso em 28 de jan. de 2016).

MOYLES, J. R. Só Brincar? O Papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre:


Artmed, 2002.

NETO, Ernesto Rosa. Laboratório de matemática. In: Didática da Matemática. 2.


ed. São Paulo: Ática, 1988. 200 p.

NEVES, L. O. O Lúdico nas Interfaces das Relações Educativas. Disponível em:


Paulo: Scipione, 1991.
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PERROTTI, Edmir. A criança e a produção cultural. In: ZILBERMAN, Regina (org).


A produção cultural para a criança. 4. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

WAJSKOP, Gisela. O brinquedo como objeto cultural. In.: Revista Pátio Educação
Infantil. Porto Alegre, RS, Ano V, n. 15, p. 39-41 - Nov. 2007.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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