Você está na página 1de 110

HOMILÉTICA CLÁSSICA

Xavier Simango

HOMILÉTICA
CLÁSSICA

Um instrumento indispensável para aprimorar


a Arte de Pregação da Palavra de Deus

XAVIER SIMANGO

1
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

HOMILÉTICA CLÁSSICA

A pura Arte de Pregação da Palavra de Deus

Se prega porque não há outra pessoa para pregar


Faz bem mas se pregar porque sabe o fazer, faz
Muito melhor. Xavier Simango

2
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

HOMILÉTICA CLÁSSICA

Conteúdo

INTRODUÇÃO.
O que é pregação?

Por que pregar?

Quem pode pregar?

Pregação na Bíblia

A mensagem do pregador

Os pregadores são parceiros de Deus

A autoridade do pregador

Nota sobre nosso uso da Revista Corrigida RC

PARTE UM: CONSIDERANDO O CORAÇÃO.


Motivos

Tentando impressionar

Amando o dinheiro

Política em seu devido

lugar Amando a Glória

Nós gostamos de ser aceitos

Temos que enfrentar as questões de nossas vidas e caráter

Estamos aqui para exemplificar Deus

Ambição ímpia

3
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Abuso de Autoridade

PARTE DOIS: PREPARAÇÃO.

Que preparação devemos fazer?

Preparando seu ambiente

Preparando-se para a batalha

Preparando o conteúdo

Decidindo o que pregar

Regras gerais de preparação

PARTE TRÊS: CONSTRUINDO A MENSAGEM.


Construindo o sermão mais comum: uma mensagem Pontos Multípulos
Dicas, truques e técnicas
Explorando o Célebro
Usando ilustrações

PARTE QUATRO: PREGAÇÃO EXPOSITIVA.


Como nos preparamos para uma pregação expositiva?
Michael Eaton na pregação expositiva

PARTE CINCO: OUTROS TIPOS DE SERMÕES.


Sermões de um ponto
O sermão biográfico
O sermão topical
O sermão de incidente histórico

O testemunho pessoal

4
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Pregação doutrinária

Parte Seis: Pregando a mensagem.


Lidando com dois obstáculos
Usando um clipe de mídia
Apelos ministeriais
Faça as pessoas quererem voltar
Dicas para falar em público
Como se sente depois de pregar

PARTE SETE: CRÍTICA DO SERMÃO.

HOMILÉTICA CLÁSSICA

5
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Introdução

2 Timóteo 4:2 …
prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende,
exorta, com toda longanimidade e ensino.
A palavra “homilética” vem da palavra grega homilia, que
significa simplesmente uma conversa ou um discurso definido. É
uma palavra teológica que descreve a arte da pregação e o
estudo dos métodos de preparação e entrega do sermão.

Nenhuma quantidade de ensino fará um pregador. A habilidade de


pregar e/ou ensinar a Palavra de Deus é um dom de Deus. Mas
um dom pode ser desenvolvido e a melhor forma de desenvolvê-
lo é, claro, usando-o.

O QUE É PREGAR?

A pregação não é um debate, uma discussão ou a composição


de uma impressionante obra de arte oratória. A pregação
também não é primariamente a exposição do erro. Na verdade,
a pregação nunca é negativa!

“Os homens vivem pelas verdades que aceitam e não pelos erros que
rejeitam.”
- Desconhecido

A pregação é a proclamação das boas novas da salvação de


homem para homem. Não é a proclamação de uma teoria ou
filosofia, mas essencialmente a mensagem da verdade de Deus
revelada na Bíblia e em Jesus Cristo. Política, assuntos atuais e
temas afins podem legitimamente ser tópicos falados em
discursos públicos, mas tais discursos não podem, em nenhum

6
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
sentido da palavra, ser chamados de pregação.

Os três fundamentos da pregação são verdade, clareza e paixão


e podem ser considerados da seguinte forma:

VERDADE

A revelação da verdade de Deus é Jesus Cristo (João 14:6) e


recebemos essa verdade por meio da Palavra escrita (a Bíblia) e da
revelação pessoal. Portanto, podemos dizer que pregamos a Palavra
de Deus conforme ela revela e exalta a Jesus Cristo.

No entanto, para pregar a verdade, só podemos pregar aquilo que foi


uma revelação direta para nós. Qualquer outra coisa é especulação e,
por mais sólida que pareça, só pode ser considerada como tal até que
o Espírito de Deus no-la revele.

Isso significa que devemos ter uma experiência pessoal de Jesus


Cristo para pregá-lo. Quando for esse o caso, de fato pregaremos a
verdade.

CLAREZA

É essencial que a mensagem do pregador seja clara devido à


importância de cada afirmação. Martinho Lutero disse: “Um pregador
deve pregar de modo que, quando o sermão terminar, a
congregação se disperse dizendo: 'O pregador disse isto ou aquilo'”.
Nossa dicção e vocabulário devem ser tais que todas as pessoas
possam entender.

7
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

PAIXÃO

Um sermão deve sempre ter paixão. Não o tipo de paixão que vem
do esforço consciente, mas o tipo que é evidente quando a verdade
se apoderou do pregador a ponto de ele proclamar aquilo que se
tornou sua experiência. Não basta um homem ser capaz de “manejar
seu texto” (falar das Escrituras de forma inteligente e clara). É
quando o texto o manipula, agarra, domina e possui-o, que ele é
mais capaz de mexer com as pessoas.

A pregação tradicional, apesar dos estilos diferentes, geralmente é


muito estreita em seus parâmetros quando comparada aos exemplos
de pregação na Bíblia. A ênfase tradicional geralmente é colocada no
estilo e na arte retórica de apresentar a mensagem. A Bíblia, por
outro lado, coloca a ênfase principal na própria mensagem, no que
ela contém e na autoridade e unção do pregador.

8
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

POR QUE PREGAR?

1. É UMA BOA NOVA

Deus ordenou que o mundo ouça o Evangelho, as Boas Novas da


salvação de Jesus Cristo, por meio da pregação.

1 Coríntios 1:21
Porque, visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus
pela
sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da nossa
pregação.

2. ISSO TRAZ SALVAÇÃO

Os homens são convertidos quando acreditam na mensagem da


redenção trazida a eles pelos cristãos.

Romanos 10: 13-15


Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como,
pois, invocarão aquele em quem não creram? E como eles crerão
naquele de quem nunca ouviram falar? E como eles vão ouvir sem
alguém que pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como
está escrito: “Quão formosos são os pés dos que anunciam as boas
novas!”

3. ELA AUMENTA A FÉ

À medida que a palavra de Deus é pregada, a fé é despertada no


coração dos ouvintes.

Romanos 10:17
Assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.

4. DÁ A LUZ E ENTENDIMENTO
Salmos 119:130

9
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
A exposição das tuas palavras dá luz; dá entendimento aos simples.

5. É UMA ORDEM DO SENHOR JESUS CRISTO


Marcos 16:15
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda
criatura.
1 Corintios 9:16
Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque
me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o
evangelho!

6. ELA MANIFESTA O PODER DE DEUS


Atos 8:5-8
E descendo Filipe à cidade de Samária, pregava-lhes a Cristo. As
multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o
e vendo os sinais que operava; pois saíam de muitos possessos os
espíritos imundos, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos
foram curados; pelo que houve grande alegria naquela cidade.

7. DETERMINA O FINAL DOS TEMPOS


Mateus 24:14
E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em
testemunho a todas as nações, e então virá o fim.

QUEM PODE PREGAR?

Aqueles que aceitam a mensagem da salvação e recebem em suas


vidas a Cristo são salvos e são chamados a pregar a Palavra de
Deus. Um exame da história da igreja primitiva mostrará que a
pregação do Evangelho não foi realizada apenas por um grupo
seleto de homens treinados (o clero), mas por cada crente.

Os cristãos dessa época simplesmente cumpriram a ordem de seu


Senhor e Salvador de “ir... e fazer discípulos de todas as nações”.

10
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
(Mateus 28:19, Atos 8:4, 8:12, 8:35, 9:20, 11:20-21.) Todo homem
e mulher era um evangelista, um pregador de boas novas. Todo
crente era um ganhador de almas, contando aos não salvos sobre a
morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo.

Cada crente é chamado a pregar as boas novas aos que estão


perdidos. Ele deve usar todos os meios à sua disposição, incluindo
seu testemunho pessoal (Atos 22:2-21) e a exposição da Palavra de
Deus, para mostrar que Cristo é o Salvador do mundo. (Atos 9:22;
18:28)

Além disso, aqueles que creram no Senhor Jesus Cristo precisam ser
confirmados na fé. (Atos 14:22, 15:32, 15:41.) Não basta apenas
evangelizar o mundo. Novos crentes devem ser estabelecidos e
fortalecidos. Eles devem aprender os primeiros princípios dos
oráculos de Deus (Hebreus 5:12, 6:2) e depois as verdades mais
profundas da fé cristã.

Às vezes, os cristãos precisam ser exortados e encorajados. Em


outros momentos, eles precisam ser advertidos e corrigidos. Em
todos os momentos eles precisam ser ensinados para que possam se
tornar maduros no Senhor. (2 Timóteo 4:1-5, Colossenses 1:28-29,
Colossenses 2:6-7, Efésios 4:11-16, 2 Timóteo 3:15-17.)

A RESPONSABILIDADE DOS PASTORES E DA EQUIPE TRANSLOCAL

Com isso em mente, podemos ver que, embora todos os cristãos


sejam chamados a proclamar a Palavra de Deus a este mundo, o
principal fardo de pregar e ensinar uma igreja local (ou seja,
pregação dominical, etc.) recai sobre os pastores dessa igreja. (Titos
1:5-9, 1 Timóteo 3:1-2, 2 Timóteo 2:2). Isso ocorre porque os
pastores são responsáveis pela disciplina, direção e doutrina de uma

11
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
igreja local.

Além disso, a Bíblia mostra claramente que certos homens


receberam um ministério translocal de ensino e pregação. No
nosso caso, muitos deles fariam parte da equipe translocal de
Convenções, por exemplo NCMI com a qual somos parceiros. Eles
visitam diferentes igrejas por períodos de tempo mais longos ou
mais curtos para instruir os cristãos na fé (Efésios 4:11, 1 Coríntios
12:28-29, Atos 13:1, Romanos 12:6-7). Outros também se
envolvem em grandes reuniões públicas de pregação (muitas delas
também chamamos de evangelistas).

Já afirmamos acima que TODOS os cristãos são chamados para


pregar e proclamar a Palavra de Deus e todos devem ser
evangelistas de uma forma ou de outra. A diferença é o contexto –
nem todos são chamados para o tipo de pregação e ensino
pastoral que ocorre dentro de uma igreja local; ou que ocorra
translocalmente; e nem todos são chamados para a pregação
evangelística em larga escala. Abordaremos o aspecto do chamado
dentro deste tópico na próxima parte deste manual.

Ao abordarmos o assunto da pregação, devemos nos certificar de


seguir a ênfase bíblica, em vez de deixar que as regras
tradicionais de homilética se tornem nossa principal
preocupação.
Jesus tem o mesmo chamado para as pessoas hoje – Ele está
procurando por aqueles que vão pregar o Evangelho!

12
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
PREGAÇÃO NA BÍBLIA

As principais palavras usadas na Bíblia para a pregação geralmente


têm muito mais a ver com a mensagem em si e com o coração do
pregador do que com a forma como a mensagem é apresentada.
Aqui estão seis palavras que demonstram este ponto.

NO ANTIGO TESTAMENTO
Algumas das palavras hebraicas usadas no Antigo Testamento são:

“BASAR”
Isaías 61:1
O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu
para pregar boas-novas aos mansos...
Este versículo refere-se ao ministério de pregação de Jesus e, portanto,
inclui todos os que posteriormente seriam ungidos e chamados para
pregar. “Basar” também é traduzido “trazendo boas novas, publicar (no
sentido de torná-las conhecidas de todos), anunciar as boas novas e
proclamar”. Diferentes formas de fala estão implícitas, mas a ênfase não
está tanto na forma como é comunicada quanto no que foi comunicado, ou
seja, “boas novas”.

“BARA”
Jonas 3:2
Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e lhe proclama a mensagem
que eu te ordeno.
Esta palavra carrega mais a ideia de abordar ou confrontar alguém, e
descreve adequadamente a tarefa dada a Jonas para confrontar Nínive com
seu pecado e chamá-la ao arrependimento. Também está traduzido, “gritar,
convocar, chamar, recitar, dar um nome-a e proclamar”. “Qara” seria mais
adequado para descrever a pregação tradicional como a conhecemos.

“NAGAD”

13
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Traduzido como “contar, mostrar, declarar, anunciar”. Tem a ver
com dar a conhecer uma informação secreta ou desconhecida de
uma forma que seja visível. Por exemplo, em Gênesis 41:24 “As
sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. Conteo-o aos
magos, mas não houve quem o interpretasse.” “nagad” foi usado
para se referir à interpretação do sonho do Faraó. É usado no
sentido de revelação e dar a conhecer essa revelação ao declará-la.
Em Êxodo 19:3, e em vários outros casos, é usado para se referir a
Moisés tendo que “contar” ao povo de Israel o que Deus disse.

NO NOVO TESTAMENTO
Algumas palavras gregas do Novo Testamento usadas para se referir
à pregação da Palavra de Deus são:

“Kerusso”
Esta é a palavra mais comum usada para pregar. É usado em 61
referências para se referir à pregação de Jesus, dos Apóstolos e de
João Batista. Significa “proclamar como um arauto, bradar no
exterior, publicar”. Veja Marcos 1:14,45,46. Geralmente implica
declarações que carregam autoridade e obediência.

“Euaggelizo”
Esta é a segunda palavra mais comumente usada para pregar no Novo
Testamento e geralmente está ligada ao anúncio de boas novas, o
Evangelho, e é o equivalente do “basar” do Antigo Testamento. A
palavra “euaggelizo” é composta de duas palavras gregas, “eu” que
significa “bom” e “vangelo” que significa “relatar, ou seja, contar boas
notícias”.
Um exemplo disso é encontrado em Romanos 10:14-15, “Quão
formosos são os pés dos que anunciam boas novas”. (NVI)

“Kataggelo”
Esta palavra é usada 17 vezes e está ligada à ideia de ser um
mensageiro e trazer uma mensagem. Um exemplo disso é Atos

14
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
17:3.

Do breve estudo acima, pode-se ver que a Bíblia está muito mais
preocupada com a mensagem em si e com o coração do pregador
do que com as técnicas usadas para apresentá- la. Paulo, referindo-
se à sua pregação, fez a mesma ênfase bíblica. Ele escreveu coisas
como “nós pregamos a Cristo crucificado..” (1 Coríntios 1:23) e, “E
eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do
Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus..”

(1 Corintios 2:3-5)

A MENSAGEM DO PREGADOR

Então, quais são os pontos principais da mensagem que pregamos?

1. A supremacia e prieminência de Jesus Cristo

Há apenas uma mensagem suprema que pregamos, e essa é Jesus


Cristo. Esta é uma ênfase do Novo Testamento e o foco de toda a
pregação bíblica.

1 Coríntios 1:23
...nós pregamos Cristo crucificado... Cristo o poder de Deus e
a sabedoria de Deus.
1 Coríntios 2: 1-2
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de
Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada
me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.

15
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

João 12:32 (Jesus disse de Si mesmo)


E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”.

Atos 5:42
E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e
pregar a Jesus como o Cristo.

Um perigo sutil enfrenta todo pregador. Por pregarmos sobre

uma ampla variedade de assuntos que deveriam abranger todo o

Conselho de Deus e todo o espectro da vida, podemos facilmente

deixar Jesus Cristo de fora sem se aperceber.

Nós também temos que viver o que pregamos. Às vezes, temos

que nos referir a nós mesmos, nossas vidas e famílias. Muitas

vezes seremos tentados a nos colocar no centro do palco e Jesus

Cristo à margem. (Filipenses 2:5.)

Qualquer que seja o assunto sobre o qual pregamos, quaisquer


que sejam os exemplos que usamos e as referências que fazemos
a nós mesmos ou aos outros, tudo deve estar relacionado a Ele e
referido a Ele. Ele deve ser apresentado como supremo e Senhor
de tudo.

Efésios 1 é um grande exemplo disso, especialmente os versículos 23 e


24.

O Senhor Jesus Cristo é o Princípio e o Fim. (Apocalipse 1:8;


Apocalipse 1:17; Apocalipse 21:6.)
Ele é a Fonte da Vida e o Centro da Vida. (João 1:4; João 5:21.)

Ele é a Ressurreição e a Vida. (João 11:25.)

Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. (João 14:6.)

16
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Ele é o centro de toda a vida. Ele é o centro de toda a história. Se

quisermos apresentar respostas aos problemas da vida, devemos

apresentar a Fonte e o Centro da Vida às pessoas.

Se Jesus não for o centro de sua vida, você não será capaz de

torná-lo supremo na sua pregação, nem aqueles que o ouvem

poderão fazê-lo.

Pode ser difícil no início de um ministério de pregação relacionar tudo


Jesus Cristo. Isso requer uma habilidade que deve ser praticada.
Depois de preparar uma mensagem, devemos sempre perguntar se
Jesus foi colocado no centro de nossa mensagem e ver como a
mensagem se relaciona principalmente com Ele. Às vezes, podemos
descobrir que precisamos reescrever toda a mensagem! No entanto, à
medida que trabalhamos nisso, isso se tornará mais natural para nós.

2. O Reino de Deus

Se o Rei deve ser supremo em nossa mensagem, segue-se que Seu


Reino se torna a próxima questão importante. Devemos manter
Jesus Cristo supremo e o Reino de Deus no centro de todo o nosso
ministério e pregação.

Em primeiro lugar, precisamos ter uma compreensão clara da


doutrina do Reino de Deus e dos céus. Os pregadores, portanto,
precisam dar atenção ao entendimento das doutrinas da Bíblia.

Em segundo lugar, uma transformação sobrenatural deve ocorrer em

nossos corações e mentes, onde o Reino de Deus se torna mais


importante do que nossos próprios reinos.

Sem esta transformação, muito do que supostamente oramos para o


nosso Rei está com a construção de nossos próprios reinos.

17
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Acabamos construindo nossos próprios reinos com os tijolos de Deus!
No mundo dos incrédulos isso é óbvio, mas dentro da igreja muitas
vezes é sutil e escondido por detrás de coisas que parecem boas e
certas. Na verdade, muitos dos líderes de Deus estão cegos para
esta verdade e realmente acreditam que estão servindo ao Rei com
um coração puro. Este era o problema que Pedro tinha antes de Jesus
ser preso, e ele teve que ser exposto por uma crise:

João 13:36-38
Simão Pedro disse-lhe: “Senhor, para onde vais?” Jesus
respondeu-lhe: «Para onde eu vou, não podes seguir-me agora,
mas depois seguirás». Pedro lhe disse: “Senhor, por que não
posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por você”. Jesus
respondeu: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em
verdade te digo, não cantará o galo até que me tenhas negado
três vezes.

Essa experiência de crise testou Pedro e o ajudou a ver seu


próprio coração e o ajudou a mudá-lo. Eventualmente, ele foi
capaz de responder com sinceridade as perguntas.

João 21:15
“Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?” Ele

lhe disse: “Sim, Senhor; Você sabe que eu amo você."

Todos os que pregam a Palavra de Deus devem fazer a oração de

Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração!

Experimente-me e conheça meus pensamentos!” (Salmo

139:23.)

Tal mudança é ilustrada nas duas parábolas em Mateus 13:44-46.

A “descoberta” do Reino em ambos os casos faz com que o

18
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
indivíduo veja sua riqueza anterior (seu próprio reino) como de

pouco valor e disponha dela para ganhar o Reino.

Precisamos nos dedicar tanto ao entendimento do Reino quanto à

mudança necessária do coração se quisermos proclamar

efetivamente a Palavra de Deus. Considere passagens como

Mateus 6:33: “Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua

justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas...” e Mateus

6:9, 10: “Orai, pois, assim: 'Nosso Pai do celestial, santificado

seja o seu nome. Venha o teu reino, seja feita a tua vontade,

assim na terra como no céu”.

A mensagem de João Batista era que eles deveriam se arrepender

porque o Reino de Deus estava próximo. (Mateus 3:13.) O Reino

de Deus foi o que Jesus veio pregar (Mateus 4:17). Jesus

comissionou Seus discípulos a ir e pregar “o Reino” enquanto

expulsava demônios, curava os enfermos e ressuscitava os

mortos. (Lucas 9:2.)

O Reino de Deus é maior que a igreja, evangelismo, missões e

todos os diferentes ministérios da igreja. Abrange todas essas

coisas e muito mais. Onde a centralidade do Reino não é

pregada, esses vários aspectos da vida e do ministério cristão

tornam-se fins em si mesmos, em vez de partes de um todo.

A pregação que dá ao Reino o seu devido lugar reduzirá o número

de cristãos que buscam apenas conveniência. Isso reduzirá o

retrocesso e produzirá um povo que tem uma visão do Reino e

está disposto a servir aos propósitos de Deus, em sua geração, a

qualquer custo.

19
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

A vinda do Reino de Deus é a Autoridade e o Governo de Deus

entrando numa determinada situação. É por isso que o ministério

de cura dos discípulos aos incrédulos estava tão intimamente

relacionado com a proclamação da “proximidade” do Reino:

“... Curai os enfermos que aí houver e dizei-lhes: 'O reino de Deus está
próximo de vós'.”
(Lucas 10:9 NVI).

Onde quer que estejamos, devemos cuidar para que o Reino de Deus
entre. Portanto, a mensagem que pregamos deve fazer o mesmo.

A simplicidade da comissão

A “Grande Comissão” de Mateus 28:19-20 não é uma instrução


especial para alguns missionários e evangelistas. Foi o grande e final
mandamento que Jesus deu a toda a Igreja antes de ascender. Está
indivisivelmente ligada ao Senhorio de Cristo e à vinda do Reino. Não
podemos pregar a supremacia de Cristo e a centralidade do Reino e
negligenciar a Grande Comissão.

É a expressão do coração de Deus. Ele é amor e ama os perdidos.


Portanto, é impensável que Sua comissão não se aplique a todos os
que receberam a expressão de Seu amor na pessoa e obra de Jesus
Cristo na salvação.

Pregar a Grande Comissão não é um assunto específico de ser tratado


de vez em quando – é a visão e o objetivo de toda a Igreja enquanto
ela ainda está na terra! Deve sempre encontrar um lugar em nossa
mensagem. Como tudo o que pregamos deve manter Jesus supremo,
o Reino central, também deve estar relacionado ao grande
mandamento de amor de Deus.

20
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Tudo o que fazemos no ministério e na atividade na igreja local deve
ter como objetivo maior alcançar as nações!

A palavra “nações” no grego koiné original é “ethnos” , que também pode ser
traduzida como “raças” e “grupos de pessoas”. Alcançar as nações com o
Reino de Deus se aplica localmente (Jerusalém e Judéia), nacionalmente
(Samaria) e internacionalmente (confins da terra).

Se a nossa mensagem se concentrar principalmente em atender às


necessidades pessoais e às necessidades de nossa comunidade, não
encontraremos muita resistência. Pregar sobre como todos podemos
construir nossos próprios reinos é o tipo mais fácil de pregação. Mas
não há fruto real e duradouro nisso e o fim é a morte, uma estagnação
do entusiasmo espiritual e do sentimento de realização.

Relacionar nossa mensagem com a visão e o amor de Deus pelo


mundo perdido e estimular as pessoas a se envolverem em alcançar
as nações produzirá reação e resistência. Pessoas estão sempre
querendo ir pelo caminho mais fácil. Haverá resistência a
inconveniência e ao sacrifício do desafio. Haverá resistência ao envio
de pessoas e dinheiro para as nações. O medo de tal resistência que
nos confronta deve ser superado por nosso senso de chamado e
confiança na autoridade da Palavra de Deus.

Não podemos ajustar nossa mensagem para acomodar nossos confortos e


nossa própria carne.
O Reino, não a igreja local, é central – a igreja local é um instrumento

para estender e promover o Reino. Como pregadores, não podemos

nos preocupar em perder pessoas ou sermos populares. Estamos aqui

para proclamar a Palavra de Deus, não a nossa!

21
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Algumas escrituras para pensar:

O batismo no Espírito não é primariamente para benefício pessoal,

mas para que sejamos Suas testemunhas até os confins da terra.

(Atos 1:8.)

O chamado da salvação para os perdidos não é principalmente

para vir e ser salvo e curado, mas sim nas palavras de Jesus “ ...

siga-me e eu farei de vocês pescadores de homens”. (Mateus

4:19.)

Deuteronômio 8:18 nos diz que Deus dá ao Seu povo “... a capacidade de
produzir riqueza...” Para quê? O contexto nos diz que é para estabelecer
Sua aliança conosco. O tema principal do Aliança é que Ele nos abençoará
para que nós, por nossa vez, sejamos os canais por quem todas as nações
serão abençoadas. Nossa bênção não é para nosso conforto, mas para
propósitos de caridade e ir para as nações!

Filipenses 4:19 é freqüentemente pregado e citado fora de seu

contexto. A passagem nos diz que nosso Deus suprirá todas as

nossas necessidades. Para que? Apenas para nosso próprio conforto

e conveniência? Não. O versículo 10 em diante dá o contexto. Tinha a

ver com o mandato e ministério apostólico de Paulo. Eles o apoiaram

financeiramente e compartilharam de seu ministério para alcançar

outras nações e plantar igrejas. É em resposta ao envolvimento deles

na Grande Comissão que ele responde com esta maravilhosa

promessa da provisão de Deus.

Nossa mensagem e chamada são simples, mas isso não as torna

fáceis. A mensagem de Jesus não é conveniente, mas é uma boa

notícia – conveniência não é uma boa notícia! É a mesma notícia que

22
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
todo mundo está pregando! Portanto, como pregadores, devemos ser

obedientes à mensagem de Deus e ao chamado de Deus, caso

contrário, nunca haverá verdade e vida das pessoas para quem

pregamos.

OS PREGADORES SÃO PARCEIROS DE DEUS

Paulo escreveu a Timóteo exortando-o a dar atenção a si mesmo e ao seu


ensino/doutrina.

1 Timóteo 4:16 Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera


nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como
aos que te ouvem.

Muitos pregadores dão toda a atenção ao seu ensino e pregação,


falhando em perceber que a condição de seu próprio caráter,
coração e vida é muito mais importante. A pregação não é algo
profissional que fazemos. Somos sempre membros do corpo de
Cristo (1 Coríntios 6:15; 1 Coríntios 12:12) em quem Cristo vive
e por meio de quem Ele ministra ao restante de Seu Corpo. Esse
ministério envolve todo o nosso ser, todos os nossos
relacionamentos e circunstâncias da nossa vida.

Isso é melhor descrito pelas palavras de João 15:5: “Eu sou a videira; vós
sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer.”. Ao longo da Bíblia, Deus indica Suas
intenções de trabalhar por meio de homens e mulheres e com eles, usando
suas faculdades, pensamentos, habilidades, conhecimento e experiência. O
princípio subjacente é o da parceria.

Não é para entreter

É essa parceria que muitas vezes ilude os pregadores e os leva a ver


como seu trabalho transmitir conhecimento intelectual por meio de
uma retórica persuasiva, inteligente e motivacional, exatamente o

23
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
que Paulo disse que não faria! (1 Coríntios 2:1.) É muito mais fácil
para um indivíduo talentoso adquirir conhecimento e transmiti-lo em
um estilo impressionante do que ter que amadurecer espiritualmente
e trabalhar com o Espírito Santo na apresentação da revelação
profética de Deus para um tempo específico e pessoas especificas.
Embora um possa impressionar e frequentemente entreter, deixará
as pessoas sem nutrição espiritual. A outra permite que eles
encontrem Deus. Eles são nutridos e verdadeiramente inspirados
porque sua fé foi avivada; e eles estão com fome de ouvir mais a
palavra de Deus. Esta é uma atividade muito exigente.

No entanto, essa parceria não é algo que conquistamos facilmente.

Nossa carne tende a querer ser independente e tomar o controle.

Isso exigirá muito esforço de entrega e contínua humildade de nós

mesmos, à medida que aprendemos a andar e trabalhar com o

Espírito Santo nesta jornada.

Há certas coisas exigidas de nós para que nossa pregação da palavra de


Deus tenha frutos:

1. Um chamado de Deus

Como mencionamos na seção anterior, embora todos os cristãos

sejam chamados para proclamar o Evangelho (que é a pregação),

nem todos os cristãos são chamados para pregar e ensinar numa

igreja local. O fardo principal desse tipo de pregação e ensino recai

sobre os pastores daquela igreja (Tito 1:5-9, 1 Timóteo 3:1-2, 2

Timóteo 2:2) porque os pastores são responsáveis pela direção,

doutrina e a disciplina daquela igreja.

24
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

(Os pastores podem pedir aos diáconos que ajudem com isso, e claro, mas
isso fica ao critério deles).
Alguns são claramente chamados a tal responsabilidade. Outros são

claramente chamados para a pregação pública em grande escala e

proclamação do Evangelho (Billy Graham é um exemplo bem

conhecido). Muitas vezes podemos chamar esse tipo de pregação de

“evangelismo” e/ou “pregação ao ar livre”. E então outros são

chamados para o trabalho translocal onde exortam e encorajam

muitas igrejas.

Embora trabalhemos em parceria com Ele, Ele continua sendo nosso Senhor
e Mestre, que decide o que deseja que façamos e como deseja que o
façamos.

Há muitos que querem ser pregadores pelos motivos errados. Eles

veem a aparente importância de estar em uma plataforma e querem

essa suposta glória para si mesmos! Tal abordagem influenciará seus

motivos e como e o que eles pregam, e tornará qualquer parceria

com Deus extremamente difícil, se não impossível.

Mais aspectos disso serão abordados posteriormente.

Um “chamado” vem de diferentes maneiras e não deve ser pensado

em termos restritos de experiência de outra pessoa, ou alguma

“voz mística vinda das nuvens”. Deus tem Sua própria maneira de

lidar com cada um de nós e de penetrar em nossos corações,

revelando-nos um chamado. Portanto, não devemos limitar como

ele fala e trabalha. Ele geralmente se comunica de muitas

maneiras diferentes,

ao longo de um período de tempo, sobre questões importantes que

25
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
afetam nossas vidas. O que é importante é que, como resultado de

Sua comunicação para nós, eventualmente chegamos a uma forte

convicção de que Ele nos chamou para pregar.

Há aqueles que se veem empurrados para um ministério de

pregação sem sentir que têm tal chamado. Eles não devem se

considerar desqualificados, mas sim voltar-se a Deus sobre o

assunto e pedir-Lhe que estabeleça um chamado em seus

corações. Há muitos que tiveram essa experiência e foram um

sucesso para Deus. Seja como for, precisamos saber, sem sombra

de dúvida, que somos chamados para pregar.

2. Dependência do Espírito Santo

Paulo, o apóstolo, estava bem ciente da natureza sobrenatural da

pregação da Palavra de Deus e de sua dependência do ministério

do Espírito Santo. Em Efésios 6:19 ele escreve “[Orai] também

por mim, para que palavras me sejam dadas ao abrir minha boca

com ousadia para proclamar o mistério do evangelho”. Muitas

vezes, isso pode ser uma experiência maravilhosa e podemos

desfrutar de ver Deus trabalhando através de nós se

dependermos de Seu Espírito.

O Espírito Santo inspira nossas mentes com pensamentos,

ilustrações e revelações mais profundas enquanto pregamos.

Coisas que ouvimos e aprendemos são trazidas de volta à nossa

mente. Jesus disse que isso seria obra do Espírito.

João 14:26

26
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu

nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de

tudo o que vos tenho dito.

A Palavra de Deus e o Espírito de Deus andam juntos. Eles

trabalham juntos para cumprir os propósitos de Deus. Depender

de um deles neglegenciar o outro, reduzirá a eficácia de nossa

pregação. Como já foi dito: “A Palavra sem o Espírito incha e o

Espírito sem a Palavra explode!”

“Explodir” refere-se aos efeitos numa congregação que se senta


sob o tipo de pregador que negligencia a disciplina e o trabalho
árduo de estudar e pesquisar a Palavra de Deus, e pensa que pode
se safar simplesmente dependendo apenas do Espírito Santo.

Estar “inchado” refere-se a 1 Coríntios 8:1:



Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos temos
ciência. A ciência incha, mas o amor edifica.
O conhecimento sem a revelação e obra do Espírito Santo produz
arrogância, evidente em muitos cristãos que “sabem tudo”, mas não
vivem nada disso. É fácil para os pregadores cair na armadilha de
recorrer a um tratamento acadêmico da Palavra sem buscar
humildade e sinceramente trabalhar com o Espírito e pregar sob Sua
unção. Isso se torna especialmente fácil para quem tem carisma e
talento na área de comunicação. Colhemos o que plantamos (Gálatas
6:7) e a pregação que depende da capacidade do homem produzirá
uma congregação de pessoas cujo cristianismo depende da mesma
coisa.

Paulo, o apóstolo, escreve aos coríntios:

1 Coríntios 2:4-5
A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras
persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;
para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no

27
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
poder de Deus.
É o poder do Espírito Santo que abre as mentes “obscuras” das
pessoas para receber a revelação da Verdade na Palavra de Deus.
(Efésios 4:18.)
A convicção e o verdadeiro arrependimento são obra do Espírito.

João 16:8
E quando ele vier, convencerá o mundo sobre o pecado, a
justiça e o julgamento.

Tentar pregar a Palavra de Deus sem total dependência da ajuda e


unção do Espírito Santo falhará em produzir um povo que mudou
genuinamente e que amadureceu na “ plenitude de Cristo”. (Efésios
4:13.) Eles permanecerão bebês espirituais, possivelmente com muito
conhecimento intelectual, continuamente querendo ser entretidos por
um pregador que tem muito carisma.

A unção e o poder do Espírito Santo também dependerão de


manter Jesus Cristo no centro de nossa pregação. Isso é
abordado com mais detalhes na seção sobre autoridade abaixo.

Não existe uma maneira fácil de aprendermos a pregar no poder


do Espírito Santo. É algo a que cada um de nós deve se entregar e
aprender a fazer pela prática. Temos que crescer nisso enquanto
“...crescemos na graça e no conhecimento de nosso Senhor
Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18 NVI). Ele se desenvolverá de
acordo com o desenvolvimento de nossa caminhada geral com
Deus.

Devemos ser pacientes, pois levará tempo. No entanto, nunca


devemos ser complacentes com isso.

A AUTORIDADE DO PREGADOR

28
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Muito pouco do povo de Deus têm uma revelação e compreensão
adequada da autoridade divina. Temos sido influenciados por
tantas coisas neste mundo que mancham nossa visão de
autoridade. Assim, a autoridade geralmente é abusada pelo
homem e, na melhor das hipóteses, geralmente é tolerada, ou é
suspendida, criticada e resistida.

Quando chegamos a ter que exercer nós mesmos a autoridade,


somos inconscientemente influenciados pelos fatores acima
mencionados e corremos o risco de abusar dela, abdicar dela,
confundi-la, recorrer a autoridades substitutas e até nos
sentirmos culpados e apologéticos por ter que exercê-lo.

Um bom estudo da Bíblia revelará que a autoridade é parte


integrante da natureza de Deus. É um dos propósitos da criação
do homem, essencial para a ordem e afetando os propósitos de
Deus, princípio fundamental da liderança.

Com isso em mente, devemos considerar a enorme importância,


como filhos e filhas do Altíssimo, de nos dedicarmos a apreciar a
autoridade de Deus, buscar a revelação do Pai e ter a mente
renovada. Precisamos entender as várias áreas de autoridade
delegada por Deus e como exercê-las de maneira pactual.

Há duas áreas importantes de autoridade relacionadas à pregação que


precisam ser mencionadas:

1. A autoridade do chamado de Deus no pregador

2. A autoridade da Palavra de Deus.

1. A autoridade do chamado do pregador

Todo aquele que é chamado para pregar a Palavra de Deus deve

29
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
manter esse chamado em foco. Um chamado genuíno de Deus torna-
se uma fonte de fé, confiança e resistência para o pregador.

1 Corintios 9:16 Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me


gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar
o evangelho! 17 Se, pois, o faço de vontade própria, tenho recompensa;
mas, se não é de vontade própria, estou apenas incumbido de uma
mordomia.

Diante da resistência demoníaca, reação ou crítica humana, fracasso,


perseguição, sofrimento e inconveniência, o pregador deve ter uma
autoridade superior e uma fonte sobrenatural de força se quiser
continuar a pregar a Palavra de Deus.

Há muitos exemplos na Bíblia daqueles que receberam um


chamado e unção de Deus e demonstraram poderosa autoridade
espiritual em seu ministério de pregação. Por exemplo Moisés,
Amós, João Batista e, claro, Jesus, que é nosso exemplo supremo,
para citar apenas alguns.

Existem aqueles que não são chamados para pregar (para a igreja
local, translocalmente ou em uma grande reunião evangelística) e
estabelecem sua própria autoridade. Eles gostam de pregar, gostam
disso, têm o dom de falar em público e se estabelecem como
pregadores usando as oportunidades que lhes são oferecidas por
outros e por seu próprio dom. Eles podem ter um certo sucesso e,
dependendo de seus dons e carisma, terão uma audiência. No
entanto, haverá uma falta definitiva de unção e autoridade de Deus
se eles não tiverem um senso genuíno de serem chamados por Deus
para pregar.

Isso não é relevante apenas para falar em público, mas também vale
a pena pensar quando se trata do que acontece online. Muitos
indivíduos talentosos constroem seguidores para si mesmos e criam

30
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
ministérios e blogs online, mas há uma falta definitiva de unção e
autoridade de Deus.

Frequentemente, os ministérios online podem se tornar críticos dos


outros e podem causar divisão nas igrejas. Há algo no mundo online
que faz muitos esquecerem que ainda estão falando com pessoas
reais!

A palavra grega para “enviado” é “apostello” . Geralmente é usado


no contexto de um superior enviando um subordinado em uma
missão ou incumbência. A delegação de autoridade está implícita. O
“enviado” está sob as ordens de uma autoridade superior. Saber,
sem qualquer dúvida, que fomos chamados e comissionados por
nosso Senhor para proclamar Sua verdade e, assim, carregar Sua
autoridade delegada a nós, é absolutamente necessário para uma
pregação ousada e intransigente da verdade.

Tal autoridade se tornará evidente num pregador pelo Espírito Santo.


Será reconhecido pelos ouvintes. Isso atrairá as pessoas e também
chamará sua atenção. Libertação, revelação e crescimento ocorrerão
na vida daqueles que se sentam sob tal pregação.

2. A autoridade da Palavra de Deus

Isso é de extrema importância na pregação. A Bíblia carrega sua


própria autoridade, independente do homem. É a Palavra de Deus e
Ele é a autoridade suprema na existência. Por Sua Palavra o universo
foi trazido à existência (Hebreus 11:3). Pela Sua Palavra nascemos de
novo (1 Pedro 1:23). Ele apóia Sua Palavra e “zela por ela para
cumpri-la” (Jeremias 1:12). É poderoso e penetrante, analisando e
expondo os próprios motivos do coração dos homens, melhor do que
qualquer sistema de psicanálise (Hebreus 4:12). É a base da
instrução, exortação, repreensão e treinamento na justiça (2 Timóteo

31
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
3:16). A Bíblia declara sua própria autoridade: “… a Palavra do nosso
Deus permanece para sempre”. Isaías 40:8. Veja também 1 Pedro
1:25.

Para ser eficaz, todo pregador deve estar absolutamente convencido


da inspiração e autoridade da Palavra de Deus, bem como do poder
que ela tem para realizar a vontade e o propósito de Deus.

O pregador deve aprender a apelar para a autoridade da Palavra de


Deus, especialmente diante da oposição, abordando questões
delicadas, desafiando tradições, valores, ensinamentos e o status quo
antibíblicos. É a única autoridade que permanecerá no final. Não é a
autoridade da razão, tradição da igreja, tradição cultural, educação,
posição, posição, opiniões próprias ou os escritos ou citações dos
famosos que será finalmente eficaz.

A Autoridade da Palavra deve ser incutida aos outros para inspirá-


los a honrá-la, sustentá-la e se submeter a ela. Isso é feito por:

Colocando-nos sob a autoridade da Palavra

Seu estilo de vida, família, valores e comportamento devem


demonstrá-lo, ou então sua própria vida e aqueles que o ouvem
serão prejudicados.

A Bíblia é clara: “Tudo o que plantarmos, colheremos”, inclusive o


que plantamos na vida daqueles que nos ouvem pregar. (Gálatas
6:7.) A colheita sempre será uma multiplicação do que plantamos.

Os resultados de um pouco de descuido nos surpreenderão no


final. Muitos anciãos ou pais visionários ficaram absolutamente

32
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
impressionados com os resultados de seu próprio comportamento e
padrões nas pessoas ou crianças sob seus cuidados. Na maioria
das vezes, eles não conseguem ver ou relacionar isso com seu
próprio comportamento e valores, e acabam colocando a culpa na
porta daqueles que lideram, em vez de assumir a responsabilidade
por seu próprio fracasso.

Outro aspecto de você se colocar sob a autoridade da Palavra


de Deus é a forma como a mensagem deve se tornar sua. A
Verdade deve primeiro irromper em nossas próprias vidas e
tornar-se uma realidade antes que possamos comunicá-la com
convicção. Mais será dito sobre esta Parte Um e Parte Dois deste
estudo.

Defender a autoridade da Palavra de Deus é uma necessidade


absoluta se quisermos produzir homens e mulheres preparados
para se submeter à vontade de Deus e se tornar o tipo de pessoa
ousada o suficiente para não sucumbir às tendências voláteis. e
filosofias do nosso caótico sistema mundial.

Afinal, somos “... raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
de sua propriedade, para que anuncieis as grandezas daquele que
vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. (1 Pedro 2:9
– NVI.)

Devemos ser parte da solução, não parte do problema.


Os pregadores muitas vezes recorrem a autoridades substitutas. Isso
ocorre na ausência da genuína autoridade delegada de Deus, ou
simplesmente seguindo o caminho mais fácil de depender de seu
dom, reputação, posição, posição e título dados por uma organização
humana. Essas coisas influenciam seus motivos para pregar e, por

33
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
sua vez, resultam em comprometer a mensagem que pregam.

Uma nota sobre “unção”

“Unção” – que se tornou uma espécie de palavra da moda mal


compreendida e abusada – significa simplesmente que Deus
derramou Seu Espírito e capacitou alguém para uma tarefa
específica. É por isso que muitas vezes tem a ver com a nossa
“vocação” e podemos dizer que alguém é “ungido” para fazer algo
em particular. (Isso nem sempre tem que ser uma coisa para toda a
vida – alguém pode ser “chamado” e “ungido” para uma tarefa em
apenas uma estação ou para um determinado momento no tempo.)

Como cristãos, todos nós já somos “ungidos” para pregar as boas


novas, assim como todos nós somos “chamados” para o fazê-lo.
Jesus foi ungido para pregar as boas novas aos pobres (Lucas 4:18)
e como estamos “em Cristo” também somos ungidos para esta
tarefa. Nesse sentido, toda a nossa pregação é ungida - ela carrega
a autoridade de Deus - desde que nos concentremos em Cristo Jesus
e o tornemos supremo e o Reino central.

Isso significa que toda a nossa pregação da Palavra de Deus vem


com autoridade, mas essa autoridade – a “unção” – é ainda mais
clara, poderosa e frutífera quando nossas vidas refletem a
mensagem. Em outras palavras, se não praticamos o que pregamos,
nossa pregação é muito menos poderosa.

É por isso que nas próximas seções veremos primeiro a vida e o coração do
pregador.

Nota sobre nosso uso da RC De João Ferreira de Almeida

34
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Normalmente usamos a Versão Revista Corrigida RC em toda a nossa
pregação e ensino. Depois de uma investigação cuidadosa, os
anciãos concluíram que, atualmente, a Revista Corrigida RC é a
versão mais legível da Bíblia disponível.

Traduzir de outro idioma (neste caso, hebraico e grego koiné) é difícil


se você traduzir palavra por palavra, pois cada palavra pode ter
vários significados diferentes, dependendo do contexto da frase.
Portanto, uma tradução palavra por palavra costuma ser difícil de ler
e seguir. Portanto, também existem traduções “pensamento por
pensamento”, mas muitas vezes podem não permitir que o leitor
pense por si mesmo sobre o que o texto significa – e as ideias do
tradutor atrapalharão – o que não é a melhor maneira de estudar a
Bíblia.

A RC está entre essas duas abordagens extremas (embora


relevantes) de tradução e é por isso que o usamos. Nós a
recomendamos como a melhor Bíblia atual (2023) para leitura e
estudo comuns.

35
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Parte um
CONSIDERANDO O CORAÇÃO

Conforme mencionado na seção anterior, um pregador deve viver

sua própria vida cristã, trabalhando em seu caráter e confiando no

Espírito Santo. Pregadores que não fizerem isso não produzirão o

tipo de fruto necessário para que o Reino avance com a eficiência

que deveria.

Aqui estão algumas considerações de coração que os pregadores


devem atender regularmente.

MOTIVOS

Os motivos geralmente são subconscientes e precisam ser


examinados. Nossos motivos afetam tudo o que fazemos e dizemos.
Nossos motivos são muitas vezes suspeitos e severamente
influenciados por nossa carne, por nossas necessidades, ambições,
reputação, reações às pessoas e circunstâncias.
Precisamos ter em mente o que a Bíblia diz sobre o coração.
(Jeremias 17: 9,10.)

Como pregadores que lidam com a Palavra de Deus, devemos


purificar nossos motivos.

2 Coríntios 7: 1 Visto que temos tais promessas, ó amados,


purifiquemo-nos de toda a impureza do corpo e do espírito,
santificando-nos no temor de Deus.

A purificação de nossos motivos é um processo e temos que

continuar trabalhando nisso. Precisamos da obra sobrenatural do

Espírito Santo para expor nossos motivos, para que possamos

36
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
trazer correção por meio do arrependimento e da renovação de

nossas mentes.

Hebreus 4:12
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais afiada do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e
do espírito, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e
intenções do coração.

1. O que Deus revela de errado deve ser tratado sem

misercórdia. Quando Deus revela algo errado sobre meus

motivos, isso não deve ser ignorado, desculpado ou explicado.

Muitos pregadores pensaram que poderiam escapar impunes,

enganados pelo fato de que a unção continua a repousar

sobre eles com bons resultados.

No entanto, se não desenvolvermos nosso caráter e

purificarmos nossos motivos para levar Sua graciosa unção,

essa mesma unção acabará por nos destruir! Existem

exemplos suficientes na vida e na Bíblia para provar isso. Por

exemplo. O caráter do rei Saul não foi capaz de suportar a

unção que estava sobre ele.

2. Deve haver uma decisão de coração para perseguir o objetivo


3. de pregar apenas para o nosso Senhor.

Nosso objetivo deve ser promovê-Lo, trazer Sua palavra sem

concessões, edificar e atrair todos os homens a Ele e manter

nossas próprias necessidades, problemas e pecados fora disso!

37
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Precisamos continuamente clamar a Deus para expor nossos

corações e nos capacitar a entender nossos verdadeiros motivos.

Ele fará isso com prazer e usará as circunstâncias e as pessoas

para revelar a verdade. A oração de Davi deveria estar nos lábios

de todos os pregadores:

Salmo 139:23-24
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os
meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me
pelo caminho eterno.

TENTANDO IMPRESSIONAR

Pregar não é impressionar as pessoas, tornar-se famoso e usar

sensacionalismo e controvérsia. Não usamos vulgaridade e

linguagem grosseira – mesmo sob o pretexto de sermos

'honestos' e 'chamar uma pá de pá'. E não é uma plataforma para

criticar outras pessoas ou outras igrejas.

Embora não possamos comprometer a verdade e rodeios para evitar

ofensas, podemos aprender a escolher habilmente expressões que nos

permitirão ser diretos e ainda levar todos conosco a uma compreensão

da Verdade.

O humor, embora seja uma parte muito importante da pregação,

também pode ser abusado. Não usamos o humor para manter as

pessoas entretidas e para nos autopromover, porque somos

agradáveis. Isso só criará pessoas infantis que continuamente

esperam ser entretidas.

Existe o perigo de adotar técnicas, métodos, valores e padrões do

38
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
mundo em nossa pregação, porque parecem muito mais eficazes e

fáceis.

Existem muitos truques psicológicos usados pelo mundo do

entretenimento e da publicidade que são eficazes e atraentes,

mas não transmitem a vida de Deus.

Não procuramos causar impacto por nenhum outro meio que não

seja o poder da Palavra e do Espírito Santo.

1 Coríntios 1:21
Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus

pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela

loucura da nossa pregação.

AMOR AO DINHEIRO
Onde há dinheiro há tentação! O amor ao dinheiro é a raiz de todos os
males! (1 Timóteo 6:10.) Judas vendeu a Jesus. Estamos dispostos a
trocar nosso chamado para pregar por dinheiro ou permitir que o
dinheiro nos tente a pecar para que nosso dom/ministério de Deus seja
desqualificado?
Como lidamos com os ricos na igreja? E como lidamos com os pobres?
Não pode haver espaço para comprometer o Evangelho.

POLÍTICA NO SEU DEVIDO LUGAR

Muitas vezes podemos nos irritar com nossas opiniões políticas e


isso afeta muito nosso coração. Pregar é proclamar a Palavra de
Deus, o Evangelho e Jesus como o Filho de Deus. É muito triste
quando um pregador usa sua influência para promover uma agenda
política.

AMANDO A GLÓRIA

Ter a oportunidade de estar Numa plataforma na frente de pessoas

39
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
que vieram para ouvi-lo falar o coloca numa posição de autoridade e
é um impulso natural para o ego. Todos os tipos de oportunidades
surgem para nossa carne se expressar. Duas coisas nos ajudarão.

1. Temos que andar dignos do chamado para o qual Deus


nos chamou (Efésios 4:1) com um profundo senso do privilégio que
nos foi confiado e da responsabilidade que temos para com Ele.
Ciente de que fomos colocado na obra apenas pela sua misercórdia. 2
Coríntios 4:1. E não ha nada de que nos vangloriármos.

2. Temos que ver genuinamente a congregação como a “Noiva”


de nosso Senhor (Efésios 5:25–27). Temos que nos tornar eunucos
por causa do Reino dos Céus. (Mateus 19:12 NKJV). Nunca podemos
provar, estuprar, usar ou tirar vantagem da Noiva do Rei para nosso
próprio benefício. É nossa responsabilidade prepará-la para o dia do
casamento!

NÓS GOSTAMOS DE SER ACEITOS

A necessidade humana de afirmação e aceitação é muitas vezes


atendida até certo ponto pelo amor e respostas das pessoas que
lideramos e pregamos. Você será tentado a comprometer a
mensagem de Deus para manter as pessoas felizes, atraindo-as
para si.

Não seduzimos ou atraímos a Noiva de Cristo para nós mesmos,

mas a tornamos querida por Jesus, mantendo-O exaltado e central

em toda a nossa pregação.

40
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Uma baixa estima ou uma auto-imagem ruim precisa ser tratada.
Nosso foco está mais no que deve ser feito ou naquele que nos
capacita? Devemos ministrar a partir de um fundamento de
afirmação em Deus. A auto-estima negativa semeia medo nas
pessoas. Precisamos nos erguer em nossa identidade, de quem
somos em Cristo, e dessa posição de afirmação vem nossa
confiança.

TEMOS QUE ENFRENTAR AS QUESTÕES DE NOSSAS VIDAS E


CARÁTER

Problemas pessoais, fraquezas, pecados e conflitos domésticos não


podem influenciar negativamente nossa pregação. As lutas da vida
nos dão um campo de experiência e também um testemunho
pessoal da graça de Deus. Ambos formam uma base muito valiosa
para nossa habilidade de pregar.

No entanto, não podemos pregar sobre as emoções negativas e os


pensamentos e valores impuros que surgem dessas questões se
não procurarmos ativamente resolvê-los. As pessoas são obrigadas
a pegá-lo. Os maduros ficam ofendidos e os fracos são desviados
ainda mais.

Temos que ser protetores e puros em tudo o que fazemos. Por


exemplo, devemos ser capazes de nos comunicar sobre questões
sexuais com pureza. Como Jesus diz, uma árvore boa não pode
dar frutos ruins e uma árvore ruim não pode dar frutos bons
(Mateus 7:17-18).

Sua mensagem vem com o coração no estado transformacional?


Nesse caso, você verá o avanço que deseja ver quando pregar.

41
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
ESTAMOS AQUI PARA EXEMPLIFICAR DEUS

Precisamos nos treinar na piedade. Quão forte é nossa vida


devocional pessoal? Nossos ouvintes e o mundo devem
saber que amamos a Deus. Nossa assertividade é a
autoridade espiritual que temos, baseada na mensagem do
Evangelho, e nada mais.

Isso também é verdade quando estamos online. Muitas pessoas


procuram construir uma plataforma de pregação própria através
do uso de mídias sociais, blogs e afins. Devemos examinar
cuidadosamente nossos corações e motivos aqui também.

AMBIÇÃO ÍMPIA

A tentação de nos promovermos não pode ser ignorada. Às vezes,


podemos usar ilustrações de nossa própria vida, fazendo comentários
sobre o quanto estamos ocupados e todos os sacrifícios que fizemos,
sutilmente nos promovendo aos olhos de nossos ouvintes.

A autopromoção sutil receberá uma resposta surpreendentemente


positiva da maioria das pessoas por causa de nossa carne idólatra
(Gálatas 5:20), que adora exaltar heróis. Afinal, vivemos em uma
cultura de celebridades!

Além disso, devemos evitar querer progredir às custas de outra


pessoa. Este problema deixou muitas vítimas em seu rastro.
Caminhe em humildade e lembre-se que é sempre “amizade antes da
função”. Além de confiar em Deus por Sua unção de poder sobre nós
quando pregamos, precisamos confiar Nele para uma unção de
ministerial. Precisamos nos tornar pregadores de coração e não de
programa. A ambição egoísta não é espiritual e é do diabo (Tiago
3:13-16).

42
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Precisamos lidar com nosso próprio egocentrismo e não ser
absorvidos em nosso próprio ministério e dons!

ABUSO DE AUTORIDADE

Aqueles chamados a pregar a Palavra de Deus encontram-se num


lugar de autoridade delegada a eles pelo chamado de Deus para
pregar e, por sua vez, confirmado pelas pessoas que vêm para ouvi-
los e segui-los. A autoridade cria o potencial para ter poder sobre a
vida das pessoas.

A inclinação rebelde de nossa carne busca poder e controle. É fácil


abusar dessa autoridade com resultados drásticos. A história está
cheia de exemplos de tais abusos.
Temos que ser extremamente cuidadosos com esse perigo. Podemos
começar a explorar nossa posição sem nem perceber.

O primeiro sinal de perigo é se aproximar de nós mesmos e ver todos os


outros como uma ameaça. Precisamos acender fogueiras sob nosso povo –
dar-lhes asas e não controlá-los. Nosso objetivo é construir para Cristo e
não para nós mesmos.

Alguns dos pontos a seguir cobrem as maneiras sutis em que fazemos isso:

1. Tornar-se legalista em nossa pregação


2. Condenar nossos ouvintes, usando a oportunidade de pregação para
fazer as pessoas se sentirem condenadas por aquilo que não é razoável.
3. Preservar ou defender a reputação de alguém atacando os
outros ou expondo suas fraquezas ou pecados.
4. “Atingir as pessoas” usando a oportunidade de pregação de
maneira indireta, evitando o desconforto de ter que confrontá-las
pessoalmente.
5. “Pintar todos com o mesmo pincel”. Aplicação de generalizações
amplas

43
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
descuidadamente.

Agora que examinamos os assuntos do coração, podemos começar


a discutir questões de preparação porque a parte mais importante
da preparação é, de fato, nossa vida, nosso relacionamento com o
Senhor, nosso próprio estudo pessoal da Palavra e, finalmente,
nosso próprio coração.

44
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Parte dois
PREPARAÇÃO

Cobrimos bastante o coração do pregador em nossas seções


anteriores e o coração é o seu primeiro fator importante quando se
trata de preparar uma mensagem. Os outros fatores têm mais a ver
com estilo de vida e como administramos nosso tempo. Por fim,
falaremos sobre a preparação do conteúdo real do sermão.

PREPARANDO SEU AMBIENTE

A pregação pode ser uma experiência bastante emocional e muitas


vezes pode nos sobrecarregar. Muitos atestam sentir-se
espiritualmente pesados na segunda-feira após a pregação. Muitos
mais atestam que a semana anterior à pregação e o dia anterior
(geralmente um sábado) são frustrantes e anormalmente ocupados.

Você precisa se preparar para essas eventualidades. Veja como.

1. Abrindo espaço para o que importa

Tanto quanto você puder, faça bastante espaço na sua agenda. Simplificar
nosso estilo de vida, definir prioridades e ordenar nossas vidas para poder
lidar com isso não é uma tarefa fácil, mas devemos fazê-lo da melhor
maneira possível.

Muitas coisas boas podem ter que dar lugar ao privilégio maior que Deus
nos deu para pregar.

Dar às nossas famílias a atenção que Deus espera é outra


consideração. Nenhum pregador será capaz de suportar a tensão e os
problemas na família e no casamento, além da tensão do ministério.

45
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Abra espaço para a família para que nessa área, e na área dos
relacionamentos, você não traga tensão desnecessária para si
mesmo.

2. Descansar, alimentação e exercício Físico

Como na maior parte do nosso trabalho, devemos nos certificar de que


fazemos exercícios físicos suficientes. 1 Timóteo 4:8

Alimentamos bem, caso contrário, podemos exagerar. Atos 27:34

Descansar. Marcos 6:31

Descanse um pouco antes e depois de sua pregação, para não se esgotar.


Seja realista com o que você pode gerenciar. E passe tempo na presença
de Deus simplesmente para desfrutá-lo também – não apenas para
receber uma revelação, mas para descansar Nele!

3. Gerenciando seu espaço e ambiente

Todos nós precisamos aprender o que funciona melhor para nós, e você
começará a criar suas próprias dicas e truques à medida que cresce.
Muitos deles terão a ver com o gerenciamento de seu espaço e seu
ambiente.

Por exemplo, você pode gostar do ar livre – nesse caso, certifique-se de


ficar debaixo de uma árvore e passar um tempo com Deus, e faça sua
preparação num lugar onde você se sinta perto de Deus. Ou talvez você
tenha criado um espaço para você em casa para esse fim.
Alguns de nós até acham que visitar um jardim local é o que precisam.
Tudo isso tem a ver com garantir que você tenha o tipo certo de
ambiente que funcione melhor para você e o ajude a ter comunhão com
Deus, pesquisar adequadamente e ser capaz de se preparar.

46
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Você saberá aquelas coisas que o distraem. Se o Facebook e o


WhatsApp são uma distração demais (e eles são conhecidos por
confundir nosso pensamento), certifique-se de evitá-los, mesmo
desligando os dispositivos eletrônicos e deixando-os com seu cônjuge!
Além disso, pode ser útil ter um pedaço de papel por perto quando você
se preparar para anotar pensamentos que distraem (responsabilidades,
tarefas, etc.).

PREPARANDO-SE PARA A BATALHA

Enquanto muitos destacam que as pessoas críticas ou até mesmo eles


próprios são seus inimigos quando se trata de pregar, o fato é que
nunca devemos esquecer o que estamos fazendo quando pregamos –
avançando o Reino de Deus e trazendo a Verdade da Palavra de Deus,
a Verdade de Jesus, aos corações. Isso significa que sempre
enfrentaremos resistência espiritual de Satanás e demônios.

Mateus 13:19-22 Jesus fala sobre esta batalha. A todo o que ouve a
palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe
foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.
E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a
palavra, e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo,
antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição
por causa da palavra, logo se escandaliza. E o que foi semeado entre
os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste
mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica
infrutífera.

Freqüentemente, ao se preparar para uma mensagem, muitos encontrarão


todos os tipos de demandas ou circunstâncias inesperadas. É saudável antecipar
esse tipo de coisa acontecendo e nunca esquecer o chamado à fé, tendo em
mente o quadro geral. Não é incomum que haja problemas de relacionamento e
tensão na família pouco antes de se levantar para pregar! Estes são grandes

47
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
ataques do inimigo.

Quando pregamos, nos envolvemos em batalha espiritual. Existem


muitos testemunhos de como a liberdade e a libertação chegaram às
pessoas enquanto a Palavra era pregada.
As mentalidades são quebradas e as ideias e valores são mudados.
Conseqüentemente, muitas vezes é a experiência do pregador sentir-se
absolutamente exausto depois de pregar sob a unção.

Lembre-se, porém, devemos esperar a vitória. Jesus disse em Mateus


16:17-19 “...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não a
vencerão.” (NVI). Nada pode impedir este Reino de avançar.

PREPARANDO O CONTEÚDO

Existem essencialmente três aspectos em qualquer mensagem:

1. O coração/unção – quem a diz

2. O conteúdo da mensagem – o que está sendo dito

3. A entrega – como é dito

Cada um deles influencia o outro, então cada um deles deve ser um foco em
nossa preparação:

1. O CORAÇÃO / UNÇÃO - QUEM O DIZ

“Você não pode pregar a convicção do pecado a menos que o tenha sofrido.
Você não pode pregar o arrependimento a menos que o tenha praticado. Você
não pode pregar a fé a menos que a tenha exercido. Você pode falar sobre
essas coisas, mas não haverá poder no discurso, a menos que o que é dito
tenha sido vital na sua própria alma. É fácil dizer quando um homem fala o
que ele viveu, ou quando ele lida com experiências de segunda mão. 'Filho do
homem, coma este pão.' Você deve comê-lo antes de poder entregá-lo aos
outros.”
– Charles Spurgeon.

48
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

O poder e o peso de uma mensagem são muito influenciados pelo

coração e pela vida de quem a prega, mais do que apenas o que está

sendo dito e como está sendo dito, como afirmamos detalhadamente na

seção anterior. Essa vida também incluirá muita oração e maior unção.

O conhecido pregador Martyn Lloyd-Jones disse: “Qual é o objetivo

principal da pregação? É dar aos homens o sentido de Deus e de sua

presença... Posso perdoar quase tudo a um pregador se ele me der a

presença de Deus”. Como podemos dar às pessoas essa presença de

Deus? Duvido que haja uma fórmula para isso, e tenho certeza de que

muitos fatores entram em jogo, mas sugiro que, qualquer que seja

nosso tópico ou texto, sempre deve haver seções em que nós, como

Paulo, não resistimos a nos ramificar para delirar e elogiar o pessoa e

glória de Jesus! Em suas epístolas, Paulo parece não conseguir passar

mais do que algumas frases sem lançar algum louvor a Deus (Filipenses

2:5-9 e Colossenses 1:15-20)!”

O grande pregador escocês e escritor de hinos James S. Stewart disse: “A


pregação existe, não para a propagação de pontos de vista, opiniões e
ideais, mas para a proclamação do atos poderosos de Deus”.

Portanto, como já dissemos, devemos nos lembrar de fazer nossa

pregação sobre Jesus e Seu Reino! Então, sempre carregará uma

unção e poder!

49
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
2. O CONTEÚDO DA MENSAGEM - O QUE ESTÁ SENDO

DITO

Nossa fonte principal é a Bíblia. Podemos usar outros recursos para nos
ajudar a entender melhor e ter uma ideia de como apresentá-lo, incluindo
outros livros, guias de estudo, downloads de sermões e notas de outra
pregação que ouvimos.

Além disso, não desconsidere nossas experiências de vida e os


testemunhos de outras pessoas.
Também precisamos nos manter informados sobre as tendências e
assuntos mundiais, lendo jornais, revistas, redes sociais e jornais, para ser
como os filhos de Issacar em 1 Crônicas 12:32, “... que entenderam os
tempos e sabiam o que fazer.”

Também pode haver oportunidades para visitarmos comunidades de

outras culturas (localmente ou no exterior, por exemplo, uma viagem

a outro país) e participar de algumas de suas atividades.

Também precisamos passar tempo com pessoas de outras faixas

etárias. Precisamos entender como os idosos e os adolescentes

pensam, o que é importante para eles e quais problemas e tentações

eles enfrentam.

As pessoas que vêm e nos ouvem rapidamente discernem se

entendemos a vida em geral e onde estamos. A vida é um grande

fator de preparação e precisamos estar de ouvidos abertos para o

que está acontecendo! Isso fornecerá ângulos e tópicos sobre os

quais pregar.

Além disso, dentro de cada mensagem deve haver Sal, Leite e

Sólidos. Isso significa que num sermão você fala para os que estão

completamente na igreja (sólidos), os que estão parcialmente na

50
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
igreja (leite) e aqueles que não estão na igreja (sal). Veja Hebreus

5:12 e Mateus 5:13 para saber mais sobre essas metáforas. Você

também pode ajustar isso para se adequar ao público - por exemplo,

se estiver falando apenas para os anciãos da igreja (completamente

da igreja), você deve se certificar de que sua mensagem seja

relevante para os novos líderes da igreja, bem como para os

veteranos do grupo.

3. A ENTREGA - COMO SE DIZ

Aqui voce precisa prestar atenção no seu estilo, no seu público e nas
ilustrações. Humor, a duração do sermão, quão claramente você fala,
quão alto você fala, e assim por diante, são fatores importantes. Para
saber mais sobre esse tópico, consulte a Parte Seis “Dicas para falar em
público”.

Pregar a mensagem para uma sala vazia é uma ideia útil, pois isso o
treina sobre como falar, ler suas anotações e ouvir Deus ao mesmo
tempo. Não é recomendado que você aprenda uma mensagem palavra
por palavra como um “papagaio”, mas sim como usar suas muitas
faculdades ao mesmo tempo. Ao fazer isso, você descobrirá que Deus
falará com
você e o estimulará, e você receberá uma visão e revelação mais
profundas sobre o assunto. Você pode então ajustar seu conteúdo de
acordo.

1 James S. Stewart de Pregação. Hodder e Stoughton. 1955. Esta


citação em particular foi retirada de The World Needs More Preachers,
de PJ Smyth, disponível em www.godfirst.co.za.

51
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

DECIDINDO SOBRE O QUE PREGAR

Então, sobre o que vamos pregar? As diretrizes que se seguem te ajudarão.

1. Tópicos Fundamentais
Uma igreja precisa ser regularmente exposta a tópicos fundamentais
que são sempre relevantes, por exemplo, graça, o Espírito Santo,
evangelismo, doutrina, a Bíblia, sexo, dinheiro, poder e casamento.
Esses tipos de tópicos (e muitos outros) podem ser feitos todos os
anos sem nunca se tornarem repetitivos. Isso ocorre porque
diferentes pregadores podem fazê-los, ou podem ser apresentados de
maneira diferente (dentro de uma série, por exemplo) ou você pode
pregá-los de diferentes ângulos (usando um versículo; usando uma
notícia atual; e assim por diante).

Também é bom ler um livro da Bíblia todos os anos (por exemplo, nossa série
de Efésios). A vantagem disso é que é sempre relevante para novos cristãos e
cristãos veteranos.

2. Tópicos culturais
Refere-se a certos dias especiais em nossa cultura, como Dia dos
trabalhadores, Páscoa, Natal, Dia das Mulheres, Dia da
Independencia, etc. Se você estiver pregando numa semana em que
algum desses dias especiais está ocorrendo, tem um tópico relevante
para pregar. Esses momentos são ótimas oportunidades para pregar
sobre algo que o público já está aberto – e pode aproveitar a
oportunidade para trazer o Evangelho.

Além disso, grandes eventos como eleições ou desastres naturais


também podem ser considerados, mas cuidado, esses são tópicos
difíceis e complexos. Lembre-se, não usamos a plataforma para

52
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
promover nossa própria agenda política e também não usamos a
plataforma para pronunciar julgamento, mas para encorajar as
pessoas a buscarem sua alegria e paz em Jesus.

O teólogo e pastor alemão Karl Barth é frequentemente creditado


como tendo dito: “Um pregador deve sempre ter uma Bíblia numa
mão e um jornal na outra.” Ele também disse: “Pegue sua Bíblia e
pegue seu jornal e leia os dois. Mas interprete jornais na
perispectiva da sua Bíblia.”

Temos que estar cientes do que está acontecendo e o que as


pessoas estão pensando e pregar sobre isso.

3. ONDE A IGREJA ESTÁ


A igreja local (ou igreja universal) pode estar num determinado
tempo e lugar onde uma mensagem muito particular é necessária.
Aqui você pode usar o bom senso (por exemplo, pode haver muitos
problemas no casamento e vale a pena falar sobre esse assunto) ou
Deus pode, profeticamente, revelar uma certa necessidade,
especialmente se você for o líder de uma igreja.

Esta é uma das maneiras mais eficazes de edificar a congregação


num povo poderoso e maduro para Deus.

4. UMA REVELAÇÃO PESSOAL


Haverá muitas vezes em que Deus revelará algo nas Escrituras para você
de forma tão clara e particular e você ficará tão entusiasmado com isso que
só precisa pregar sobre isso!

O Salmo 45 diz: “Meu coração é tocado por um tema nobre... minha língua
é a pena de um hábil escritor... lábios ungidos com graça.”

53
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Devemos, no entanto, ter certeza de que algo que está em nossos
corações é para a congregação e não Deus falando conosco
pessoalmente para nossa própria correção ou encorajamento.

Deve-se ressaltar, no entanto, que às vezes nossa pregação nasce de


nossa própria experiência do trato de Deus conosco. A mensagem deve
tornar-se parte de nós e encher nossos corações se vamos pregar com
paixão, honestidade e realidade. Considere como alguns dos profetas do
Antigo Testamento tiveram que passar por certas experiências para
comunicar a Palavra de Deus ao povo.

Então, o que vem primeiro, o texto ou o tema?

Isso nunca é realmente gravado em pedra. Às vezes, o texto vem


primeiro, enquanto outras vezes o tópico vem primeiro. Mas se você
acha que deve pregar sobre um determinado tópico, encontre um
passagem da escritura para pregar. Você deve trazê-lo de volta para
a Bíblia e equipar as pessoas para lerem a Bíblia por si mesmas.

É uma boa prática não usar uma dúzia de textos para enfatizar um
tópico – tente pregar a partir de apenas um ou dois textos. Você pode, é
claro, referir-se a outros textos em sua pregação, mas mantenha um
texto como sua base principal.

REGRAS GERAIS DE PREPARAÇÃO

Existem regras gerais, que são aplicáveis à preparação de todos os


sermões. Anote-os e aplique-os quando for chamado para pregar.

54
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
1. Ore para que Deus lhe dê uma mensagem, para falar
contigo de alguma parte do Escritura.

2. Leia muito a Bíblia. Se encha da palavra de Deus. Aprenda

versículos de memória. Use traduções diferentes. Temos o compromisso


vitalício de estudar regularmente a Bíblia. Uma boa regra para aqueles
em ministérios remuneráveis ou líderes de igrejas é reservar um período
a cada semana (uma manhã ou um dia) para estudar a Palavra. É
preferível que este estudo não esteja relacionado com o que será
pregado no fim de semana seguinte. Um bom estudo do contexto bíblico,
tempos e costumes também é muito útil. Isso vai melhorar a nossa
pregação, bem como ajudar os ouvintes a entender melhor a mensagem
das Escrituras.

Além disso, embora nunca possamos ter ou entender tudo


completamente, obtenha um bom conhecimento de Teologia e Doutrina
(mantendo a mente aberta) para que você possa ter uma estrutura
que o ajudará a obter consistência e equilíbrio.

3. Leia muito, em geral. As palavras são as cores com as


quais pintamos quadros no mentes das pessoas. Devemos
aprender a usá-los para obter o melhor efeito.

Isso não significa níveis sofisticados de vocabulário. Na verdade,


devemos aprender a falar de uma maneira que seja entendida por
todos. Considere a maneira como Jesus pregou e como pessoas de
todas as esferas da vida se reuniram para ouvi-lo. Veja Sua linguagem
e as ilustrações simples do dia a dia que Ele usou. Não foi a Sua
linguagem que os confundiu, mas as verdades profundas do Reino, que
nem sempre podiam compreender.

55
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Um dos problemas que os pregadores enfrentam é como a leitura de
referências e outros livros de sofisticação acadêmica nos afetam.
Passamos a apreciar frases inteligentes e palavras maiores, atribuindo
um alto valor ao seu uso e nos sentindo muito orgulhosos de nós
mesmos ao incluí-los em nossa pregação! Ou, se não nos orgulhamos
disso, às vezes estamos tão acostumados a pensar com palavras
grandes porque lemos tanto que quase naturalmente falamos com essas
palavras grandes.

Porém, a verdade é que essas palavras podem não significar


absolutamente nada para a pessoa comum que não está exposta a tal
vocabulário e até deixá-la confusa sobre o que estamos tentando
comunicar! Portanto, pode ser muito inútil.

4. Escreva seus pensamentos quando os receber.

5. Procure ilustrações na sua caminhada diária – histórias que você


lê, experiências de vida de outros, e também a criação.

6. Ouça outros pregadores. Temos que produzir nossa própria


mensagem a partir da revelação que recebemos e da pesquisa que
fazemos. Recorrer a pregar sermões alheios equivale a servir comida
regurgitada! No entanto, ler os sermões de outras pessoas e ouvir suas
pregações como um estudo extra desenvolve nosso campo de
experiência e nos expõe a novas ideias e maneiras diferentes de abordar
um assunto ou um texto.

7. Lembre-se para quem você estará falando - cristãos? Os não salvos?


Crianças?
Adolescentes? Lembre-se por que você está pregando: é para (a) salvar
as pessoas? (b) exortar os filhos de Deus? (c) ensinar aos cristãos algo
da Palavra de Deus?

56
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

8. Faça a si mesmo perguntas sobre sua mensagem, sobre o assunto


que está discutindo, a pessoa que está descrevendo, a história que está
contando ou a passagem da escritura que está expondo.

9. Encha-se da sua mensagem, entusiasme-se com o que vai


dizer, senão ninguém mais o fará! As pessoas só acreditarão em você
se você mesmo acreditar na sua mensagem.

10. Tenha cuidado de estar a pregar a verdade e deixando as


coisas bem claras para seus ouvintes. Coloque-se no lugar deles.
Lembre-se de que eles têm que tolerar sua fala.

11. Esteja disposto a aceitar críticas de outras pessoas sobre suas


mensagens.

12. Use um bom material de referência. Por exemplo,


concordâncias, léxicos, comentários … etc. Mas lembre-se sempre de
confiar em outro comentário como último ponto para a preparação.

13. Mantenha Cristo preeminente em seus pensamentos.

14. Não se complique demais. Mantenha sua linguagem simples.


Certifique-se de entender o que está dizendo, caso contrário, ninguém
mais entenderá. Uma mensagem pode ser profunda e simples ao
mesmo tempo.

15. Lembre-se de que as palavras são tijolos que vão construir o sermão
e, portanto, o uso correto das palavras é importante. Um pregador deve ser
um estudante de linguagem. Agora que temos uma boa ideia de nossa
preparação básica, precisamos discutir como realmente construir uma
mensagem e dividi-la em partes. Isso faremos no próximo sessão.

57
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Parte TRÊS

CONSTRUINDO A MENSAGEM

Na seção introdutória deste manual de estudo, foi enfatizado que a


Bíblia coloca a ênfase principal no pregador e na mensagem, e não na
construção técnica do sermão. No entanto, há muito a dizer sobre a
construção de uma estrutura para uma mensagem, desde que não
nos prendamos a ela e a tornemos rígida e inflexível.

Uma boa regra a seguir é se preparar como se não houvesse o


Espírito Santo e depois pregar como se não houvesse notas e
apenas o Espírito Santo!

Uma boa construção de sermão fará o seguinte por nós:

1. Ajuda-nos a manter a mensagem principal

Cortar pontos irrelevantes nos impedirá de divagar por todo o lugar.


Lembre-se de que estamos tentando transmitir a mensagem e a
verdade de Deus, não demonstrando às pessoas o quanto sabemos!
Não tente dizer tudo o que sabe sobre um determinado assunto –
mantenha-se simples e direto ao ponto, não precisa expor todos os
pontos da Bíblia numa única pregação!

Um dos problemas que enfrentamos, quando fazemos pesquisas, é


que ficamos entusiasmados com todas as outras coisas relacionadas
que descobrimos e queremos incluí-las no sermão. Um erro comum
cometido por pregadores inexperientes é sobrecarregar a mensagem
com informações e versículos bíblicos. A mensagem principal é
obscurecida e as pessoas ficam com indigestão com a enorme

58
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
variedade que lhes é servida!

Uma exceção ao acima será quando você estiver ensinando sobre


um assunto, pregando através de um livro ou passagem, etc.

2. Permita que a mensagem progrida logicamente

A progressão lógica é importante. Ou seja, cada ponto se baseia e


segue o anterior. Isso faz mais sentido para o ouvinte. É
extremamente difícil seguir e entender um pregador que está fazendo
uma série de comentários e declarações que parecem não combinar.

O que acha do seguinte?: “Jesus andou sobre as águas... Elias era um


profeta poderoso!”

Fazer comentários não relacionados é uma das fraquezas mais comuns que
a maioria dos pregadores tem. Freqüentemente, presumimos demais em
termos do que as pessoas sabem e como pensam. Assumimos que eles
serão capazes de fazer a conexão lógica quando não puderem.

3. Ajuda-nos a manter o sermão equilibrado

Assim evitaremos dar mais tempo aos assuntos menos


importantes e acabaremos por não dar tempo suficiente à
mensagem principal.

4. Ajuda-nos a planejar levar o sermão a um ponto em que


possamos desafiar as pessoas a tomar uma decisão

Obviamente, chegamos a um ponto de desafio com a mensagem que


pregamos e queremos que nossos ouvintes tomem uma decisão a respeito
da verdade que ouviram. Abordaremos isso com mais detalhes
posteriormente.

59
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
UM SERMÃO BEM CONSTRUÍDO CONTÉM
O SEGUINTE:

1. Introdução

2. Corpo

3. Conclusão

1. Introdução

A introdução deve nos apresentar o CORPO da mensagem,


conduzindo ao tema da mensagem. A introdução prepara o terreno,
explicando a relevância do tema.

Uma introdução deve:

• Seja simples
• Seja pertinente
• Seja cortês
• Prenda a atenção de seus ouvintes
• Desdobre o contexto e o objetivo de sua mensagem
• Não seja uma distração
• Não seja puro entretenimento e não tenha
relevância para o seu tema
• Conecte-se pessoalmente com seu público.
• Faça com que eles queiram ouvir seu ponto/tema
principal antes de realmente contá-lo eles.

• Diga o ponto/tema principal e o que especificamente você vai dizer


hoje.

Uma boa ideia é preparar a introdução por último, uma vez que você
conheça seu tema e o desafio que deseja deixar para seus ouvintes.

60
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
2. Corpo

Esta constitui a parte principal da sua mensagem, centrada no seu tema, e


contendo três a sete pontos principais.

Existem certos princípios de arranjo:

1. A explicação e o argumento vêm antes da persuasão e do apelo.


Sempre baseie seu apelo em fatos que já explicou e, claro, precisa ser
um princípio bíblico.

2. Deve haver uma construção na sua mensagem. Trabalhe nos seus


pontos mais fracos e menos impactantes para seus pontos mais fortes e
impactantes. Ou seja, seu sermão deve chegar a um clímax. Um sermão
não deve se tornar um murmúrio ou divagar.

3. As pessoas devem entender o tema ou ponto principal da


mensagem. Eles devem ver o valor do que você está dizendo; deve ter
propósito; deve ter relevância; e deve ter uma aplicação prática
facilmente compreendida. Seus ouvintes devem saber o que fazer sobre
o que ouviram! Sempre construa uma ponte do “conhecido” (o
prontamente percebido) para o desconhecido (o ponto que você quer
que eles compreendam).

Você pode estar pregando uma mensagem de um ponto ou de vários


pontos. Na maioria das vezes, você provavelmente pregará uma
mensagem multiponto, o que significa que dentro de seu corpo você terá
vários subpontos, e cada um deles poderá ser dividido em partes
menores. Cada subponto deve incluir :

1 Referência (s) às Escrituras

2. Uma aplicação.

61
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

3. Conclusão

Para sua conclusão, faça o seguinte:


• Repita o que você disse na introdução (seu desenvolvimento).
• Repita o tema principal da mensagem.
• Repita os subpontos feitos (cada aplicação ou cada ponto dentro da prega –
lembre-se, este é um resumo!).
• Finalize com uma grande aplicação e torne-o inspirador.

Observe o fluxo básico da sua mensagem:


1. Você os faz querer ouvir o que você tem a dizer antes de dizê-lo.
2. Você diz a eles o que vai dizer.
3. Você conta a eles (essa é a maior parte da mensagem).
4. Você diz a eles o que acabou de dizer.

Agora vamos nos aprofundar em mais detalhes.

CONSTRUINDO O SERMÃO MAIS COMUM:


UMA MENSAGEM DE VÁRIOS PONTOS 6

Existem seis fases na preparação do conteúdo de uma mensagem. Aqui


está um processo sugerido de preparação do conteúdo da mensagem:

1. Palma da mão: Qual é o seu ponto/tema principal?


2. Dedos: Quais são seus subpontos?
3. Dois vincos em cada dedo: para cada ponto:
a. Primeira dobra: Como você mostrará que este subponto é da Palavra?
b. Segundo vinco: como você ampliará e aplicará esse subponto às nossas
vidas agora?
4. Pele entre os dedos: como farei a transição de subponto a subponto
sem perder pessoas?

62
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
5. Pulso: Como vou, na introdução, fazer com que as pessoas
queiram me ouvir e ouvir o que estou prestes a dizer?

6. Junta e Soco: Como vou juntar tudo isso e dar


aquela inspiração final? Agora vamos ver como fazer cada
um deles.

1. Fase um: Palma da mão: Qual é o seu ponto/tema principal?

Cada mensagem precisa de um ponto/tema principal. As pessoas


precisam ser capazes de lembrar o que você falou e, portanto, sua
mensagem precisa ter foco.

É tão importante cavar até encontrar esse ponto/tema principal. Dá à


mensagem o seu foco. Tudo o que é dito em toda a mensagem precisa
desenvolver e apoiar esse único ponto/tema.

O ponto principal de uma mensagem de textual

As mensagens de textual às vezes podem ser difíceis quando se trata

de ter um ponto principal, porque as escrituras tratam de várias

coisas ao mesmo tempo numa passagem. Quando este for o caso,

pode escolher apenas uma parte do capítulo e dizer: 'Você pode ler o

restante do capítulo em casa'.

Se, no entanto, você escolher sua própria seção da Bíblia para

pregar, poderá escolher uma que lide com apenas um tema / ponto

principal. O ponto principal precisa ser o resumo mais básico daquele

texto.

Aqui estão alguns exemplos dos principais temas/pontos ao olhar para

várias Bíblias passagens:

63
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
• Lucas 12:1-12: 'Temei a Deus que vos ama.'
• Lucas 12:13-21: 'Manuseie seu dinheiro pensando na
eternidade.'
• Lucas 12:22-34: 'Busque primeiro a vontade de Deus, e você
experimentará o cuidado de Deus'
• Lucas 12:35-48: 'Prepare-se, senão.'
• Lucas 14,1-14: 'Cristo nos chama a uma generosidade humilde.'
• Lc 14,15-24: 'O reino de Deus é uma festa'.
• Lucas 14:25-34: 'Coloque Jesus em primeiro lugar.'

(Olhe os textos e veja se estes são os pontos principais apropriados para


cada texto.)

O ponto/tema principal de uma mensagem topical com vários


textos

Ao fazer uma mensagem topical, também precisará de um ponto /

tema principal que mantenha tudo junto. Pode ser um tema simples

como adoração, humildade, servir etc.

Por exemplo, pode dizer na sua mensagem: 'Hoje quero lhes falar

sobre oração pessoal/ ser cheio com Espírito/ como restaurar um

relacionamento rompido/ ter um bom casamento, etc.'

Mas cuidado para não tentar cobrir muito terreno ao escolher um

tema. Por exemplo, você pode dar uma mensagem sobre 'O que é

oração?' Outro sobre 'Por que orar?' Outro sobre 'O que torna difícil

orar?' E outro sobre 'Como orar'. Às vezes, você pode tentar fazer

tudo de uma vez, mas cuidado com a sobrecarga de informações.

Uma mensagem com foco singular é mais poderosa.

Escolha apenas um ponto/tema principal em qualquer mensagem. E deixe


tudo desenvolver esse ponto.

64
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

2. Fase dois: Dedos: Quais são seus subpontos?

Escolhendo subpontos para uma mensagem topical de texto múltiplo.

Se estivesse falando sobre as coisas que agradam a Deus, você

pensaria em dividi-las assim:

1. Nós o amamos acima de tudo


2. Confiamos nele acima de tudo

3. Nós o obedecemos antes

de tudo

4. Nós o louvamos sempre

E cada um destes teria uma base escriturística.

Escolhendo subpontos para uma mensagem de textual

Uma maneira de encontrar subpontos para uma mensagem de

textual é recortar e colar o texto que você está falando da Internet

para um documento.

Então, na tela do computador, você pode separar (com algumas

linhas de espaço entre elas) as subseções das Escrituras, cada uma

com um pensamento diferente. Você pode então dar a cada seção

separada um título de resumo.

Esta rubrica é o primeiro movimento no sentido de identificar os

subpontos. Você pode então tentar conectar o título resumido ao

ponto/tema principal.

65
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Por exemplo, veja Gálatas 1. Digamos que o tópico seja

“Liberdade”. Pode lutar para encontrar um ponto principal de

integração. Mas pode escolher três insights sobre a liberdade deste

texto e faça destes os subpontos:

• vs 1-5: A liberdade acontece quando acreditamos na mensagem da


liberdade
• vs 6-10: A liberdade diminui quando começamos a duvidar da
mensagem da liberdade. vs
• 11-24: A liberdade flui quando encontramos o próprio Libertador.

(Um comentário crítico sobre esses subpontos: o texto dos subpontos


é extraordinariamente longo, mas você os está mantendo juntos em
torno de um único tema - neste caso, o tema da liberdade. Mas,
como regra geral, o texto deve ser tão curto e simples que possível.)

Torne a redação do subponto imediatamente aplicável às nossas


vidas, geralmente até mesmo colocando-a no tempo imperativo. A
tentação é usar subpontos que simplesmente descrevam o texto e
depois tentar aplicá-lo à nossa vida enquanto fala sobre o
subponto.

Um exemplo de descrição simples do texto é o seguinte:

Os subpontos de Lucas 15:3-7, se apenas descrevesse o texto, seriam:


 Vs 3-4 – O bom pastor saiu em busca da ovelha perdida
 vs 5-6 – O bom pastor comemorou o encontro da ovelha
 vs 7 – Até os anjos comemoraram

Mas aqui está uma maneira muito melhor de enfatizar cada ponto:
torná-lo imediatamente aplicável à vida de seus ouvintes. Aqui está
uma maneira melhor de criar subpontos para Lucas 15:3-7:
 vs 3-4 - Comprometer-se a ir atrás dos perdidos
 vs 5-6 - Esperar vivenciar a alegria final
 vs 7 - Lembre-se de que todo o céu aplaude seus esforços

66
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Observe que esses subpontos são aplicáveis às nossas vidas agora.


Observe também que eles não são descritivos no tempo, mas
imperativos – eles nos dizem para fazer algo. É verdade que os
subpontos feitos no exemplo efetivo seriam aplicativos mencionados
nos subpontos do exemplo ineficaz. Mas sim coloque a aplicação no
próprio subponto. Dessa forma, o ponto terá maior impacto e a
aplicação será mais memorável. Além disso, é mais provável que as
pessoas se lembrem dos cabeçalhos do que das informações sob um
cabeçalho.

Sempre que possível, faça os subpontos na forma de um imperativo, em


oposição a uma mera descrição. Por exemplo:
• 'Confessar teus pecados' é melhor do que 'Confessar nossos pecados é
bom'
• 'Perceber que Deus nunca o abandonará' é melhor do que 'Deus nunca o
abandonará'
• 'Demonstrar o coração do pastor' é melhor do que ' Devemos refletir a
vontade de Deus

Às vezes, o subponto será algo que eles precisam fazer e, às vezes,

algo que eles precisam saber. Quando for o último, comece seus

subpontos com verbos como “descobrir”, “entender”, “perceber”,

“obter uma revelação de”, “saber” e “lembrar”. Certifique-se de que

cada subponto esteja no mesmo tempo e tenha uma sensação

semelhante aos outros subpontos.

Um exemplo de não fazer isso seria: (de Mateus

5:13-16)

• Subponto um: Devemos ser sal.

• Subponto dois: Seja a luz do mundo.

67
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
• Subponto três: Fazer a diferença é um grande

privilégio.

Observe que eles não parecem semelhantes e estão em tempos

diferentes e, portanto, não são expressos de maneira tão eficaz.

Uma redação mais eficaz seria:

• Subponto um: Salgue a terra.

• Subponto dois: Ilumine o mundo.

• Subponto três: Faça a diferença.

Observe que eles são semelhantes em comprimento e sensação. E eles


estão todos no tempo imperativo.

Às vezes, mas tente evitar isso, mensagens tópicas podem ter sub-

subpontos. A maneira mais comum de isso acontecer é se você

transformar os próprios subpontos em perguntas (que são

respondidas por alguns subsubpontos).

Por exemplo, se estivesse falando sobre adoração, seus três

pontos poderiam ser:

• O que é adoração?

• Por que adorar? (com três razões dadas como sub-

subpontos)

• Como adorar? (com quatro dicas práticas como sub-

subpontos).

Usar as três perguntas de 'o que', 'por que' e 'como' como os três

68
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
subpontos ajuda-lhe com o fluxo e organização do conteúdo. Essas

palestras podem realmente deslumbrar as pessoas, mas a sobrecarga de

informações pode minar a eficácia duradoura da mensagem.

O objetivo da pregação não deve ser impressionar as pessoas, mas

impactá-las. Portanto, como regra geral, escolha apenas uma pergunta

por mensagem. Em outras palavras, a mensagem acima poderia ser feita

como uma série de três palestras, com cada palestra respondendo a

apenas uma pergunta. Se você só falar uma vez, escolha apenas uma

pergunta para responder.

3. Fase três: Dois vincos em cada dedo

(As duas subseções de cada subponto)

Para cada subponto que fizer, geralmente terá duas partes.


1. Você mostrará como esse subponto vem de um ou mais versículos
específicos da Bíblia.
2. Você ampliará o subponto e o aplicará às nossas vidas agora.

Primeira dobra: Como mostrará que este subponto é da Palavra?

Charles Colson escreve: 'A única maneira pela qual você pode falar por Deus
com certeza é falar da Bíblia.'
Henry C. Fish disse: 'Pregadores que saturam suas mensagens com a Palavra
de Deus nunca se desgastam'.

Você já deu o ponto, o que imediatamente lhe dá a vantagem da aplicação.


Agora você lê e explica os próprios versículos das Escrituras e mostra como
chegou a esta aplicação.

Concentre-se em trazer à luz o(s) versículo(s) específico(s). Abra-os.

Explique as palavras ou frases que são difíceis de entender. As pessoas

precisam entender que você está recebendo isso da Palavra de Deus.

69
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Esta não é a sua opinião. Envolva-os com o texto. Traga-o à vida. Deixe

as pessoas sentirem a sabedoria, o poder e a clareza que fluem de

versículos específicos da Bíblia. Dê vida à história se for uma seção

narrativa; fale com a imaginação das pessoas, não apenas com suas

mentes.

Segundo vinco: como você ampliará e aplicará esse subponto às nossas


vidas agora?

Thomas Manto escreveu: 'Ensinar o que a Palavra de Deus diz é como


puxar o arco, mas chamar as pessoas para aplicar a verdade em sua
vida é como realmente acertar o alvo.' Não basta explicar uma verdade
da Palavra de Deus e não encorajar, equipar, pedir ou dizer às pessoas
para aplicá-la em suas vidas.

Depois de examinar a(s) Escritura(s) específica(s), você precisa ampliar


e aplicar o subponto às nossas vidas. Aqui estão sete maneiras possíveis
de ampliar e aplicar o subponto em nossas vidas:

• Seja perspicaz (que, ironicamente, significa 'ser claro')


Poderia dizer o subponto novamente em outras palavras. Não subestime
o poder da repetição, especialmente a repetição que diz a mesma coisa
repetidas vezes, mas com palavras diferentes. Outra maneira de ser
claro é dizer o que você não quer dizer com este subponto.

• Seja persuasivo
Se tiver alguma dúvida de que as pessoas acreditarão ou aceitarão
este subponto com base apenas na Palavra de Deus, convença-os de
que é assim. Use estatísticas, ou histórias pessoais, ou linhas de lógica
que eliminem todas as dúvidas de que a Palavra de Deus está certa
sobre isso.

70
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
• Seja pictórico
Você pode usar uma história bíblica ou analogia ou lição com objeto ou
visual que ilustre este subponto em forma de imagem. A verdade em
forma de imagem parece se alojar mais profundamente na pessoa do
que a verdade em forma proposicional ou factual. Portanto, dê a eles
uma imagem mental que ilustre o subponto.

• Seja prático
Pode sugerir uma ou duas maneiras muito específicas de aplicar isso na nossa
vida esta semana.

• Seja provocativo
Você pode fazer perguntas como: Será que entende isto? Será que
percebe como é importante que realmente façamos isso, e não apenas
ouçamos sobre isso? Será que isto se aplica a você? O que te impede de
acreditar nisto? Fazer isto?

Seja pessoal

Você pode contar uma história pessoal de como lutou para acreditar ou
fazer isso pessoalmente, ou de como conseguiu e quão positiva foi a
experiência. Curiosamente, nada parece capacitar as pessoas a fazer o
que você está dizendo, assim como você admite vulneravelmente que às
vezes falhou em fazer isso.

• Seja profético
Você pode tentar captar a urgência profética disso, dizendo algo como:
'Por favor, ouça-me. Eu creio de todo o coração que é isso que Deus
está dizendo para você e para mim. Você não está aqui hoje por acaso.
Deus está falando conosco agora através de sua Palavra. Você e eu
devemos fazer os ajustes em nossas vidas. Sua graça está aqui para nos
ajudar.

71
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Não se apresse no seu subponto. Você precisa dar a cada um tempo
suficiente para que o Espírito Santo realmente o massageie nas
mentes e corações das pessoas.

É por isso que, como regra geral, não é bom ter mais de três dos quatro
subpontos.

4. Fase quatro: Pele entre os dedos: como fazer a


transição de subponto a subponto sem perder as pessoas

Um dos erros mais comuns na pregação é mudar de um subponto para


outro, mas fazê-lo muito rapidamente, ou sem clareza suficiente para
que algumas pessoas não entendam que o subponto anterior terminou e
o próximo começou. Isso pode ser uma experiência frustrante para os
ouvintes, pois eles perderam a noção de onde você está.

A melhor maneira de evitar isso é deixar bem claro que um subponto


está terminando e o próximo está começando. Portanto, ao final de
cada subponto, diminua a velocidade, respire fundo e diga algo como:
"Isso nos leva ao próximo pensamento".

Voltando à analogia dos dedos da mão: o caminho para ir de um dedo ao


outro é voltar à palma (o ponto principal de toda a mensagem) e à pele
que une um dedo ao outro . Isso significa que você deve repetir o ponto
principal ou tema da mensagem novamente. E talvez repita os subpontos
já declarados. Aqui está um exemplo:

'Portanto, a primeira maneira de proteger nossa igreja é 'focar no que


temos em comum'. E o pensamento que acabamos de ver é '1) Seja
realista em suas expectativas'. Isso nos leva à segunda maneira pela
qual podemos proteger nossa igreja: '2) Escolha encorajar em vez de
criticar.''

72
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Isso pode soar como um monte de palavras, mas são vitais.


Lembre-se de que estamos tentando defender um ponto singular
(neste caso, proteger nossa igreja) e estamos tentando ajudar as
pessoas a seguir com muita clareza nosso fluxo de pensamento e,
principalmente, a lembrar os subpontos que desenvolvem o ponto
principal. Eles também dão à pessoa tempo para mudar de marcha
mental (o que leva uns bons dez segundos) de um subponto para o
outro. Além disso, a repetição é muito eficaz para realmente
impressionar uma mensagem nos seus ouvintes.

5. Fase cinco: Pulso: Como, na introdução, fazer as pessoas


quererem ouvi-lo e querer ouvir o que você está prestes a dizer a elas

Você notará que este é o último porque, como acima, é


recomendado que você prepare sua introdução por último.
Descubra o que você quer dizer e então, neste ponto, você pode
descobrir como você quer que eles ouçam.

6. Fase seis: junta e soco: Como vou juntar tudo isso e dar a
inspiração final?

Esta é a conclusão. Isso deve encerrar a mensagem e NÃO ser outra


mensagem em si! Não devemos divagar, porque muitas boas
mensagens podem facilmente perder o impacto com os ouvintes
neste ponto.

Tem quatro partes, sendo as três primeiras muito breves.

1. Repita brevemente sua construção na sua introdução.

2. Em seguida, repita seu ponto/tema principal.

73
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

3. Em seguida, repita seus subpontos. (Não introduza novos pontos!


Você perderá pessoas.)
Por exemplo: você poderia dizer 'Deixe-me encerrar. Todos nós colocamos
algo em primeiro lugar em nossas vidas, mas somente Jesus é digno de ser
o primeiro. Ele é o único que não vai decepcionar-nos. É por isso que Deus
falou conosco hoje na sua Palavra e disse:
'Coloque Jesus em primeiro lugar'. E a maneira como o colocamos em primeiro
lugar é
1) Amá-lo mais do que família,
2) Amá-lo mais do que nossa independência e
3) Amá-lo mais do que conforto.'

Este é um momento 'contundente' porque você reúne toda a sua

mensagem. Ele permite que as pessoas se sintam como se estivessem

assistindo a um artista esboçar algo linha por linha e, depois que o

artista termina, eles dão um passo para trás e olham para a imagem

inteira com uma única visão.

4. Terreno com algo inspirador.


Às vezes não precisa chegar com mais inspiração, porque a mensagem e

seu impacto já são muito poderosos. Mas se tiver uma forma inspiradora

de aterrar que capte o ponto/tema principal vai agregar ainda mais. Mas

certifique-se de que é a melhor história que sai na mensagem. Guarde o

melhor para o final.

Aqui estão duas coisas que possa fazer:


1. Conte uma história verdadeira e inspiradora de alguém que de alguma
forma se relacione com esse tema.
2. Lance uma visão para a igreja dizendo: 'Você pode imaginar que tipo

de igreja seremos se levarmos Deus a sério e realmente fizermos o que

ele está dizendo. As famílias serão mais fortes. Assim como os

casamentos. Nossa cidade sentirá os benefícios disto. O próprio Deus

74
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
ficará profundamente encantado. E encontraremos a verdadeira alegria.'

5. A sua apelo/recurso final


Pense no tipo de apelo que pretende. Por exemplo, salvação, cura? Faça
sua inscrição apropriada – pode querer mudar para um tempo de
ministério e oração aqui, ou fazer um apelo para que as pessoas
coloquem sua fé em Jesus pela primeira vez. Vamos cobrir isso com mais
detalhes:

DICAS, TRUQUES E TÉCNICAS 7

Debate

Você eventualmente desenvolverá sua própria maneira de preparar e

construir um sermão, mas o seguinte método pode ser útil:

Esta seção é principalmente inspirada nas notas originais de Leon van


Daele sobre a pregação.
Quando sentir que tem a mensagem ou o assunto de Deus, pegue
uma folha de papel e anote tudo o que vier à sua mente (mesmo que
os pensamentos e pontos não estejam em ordem progressiva) antes
de fazer qualquer pesquisa sobre o assunto. Freqüentemente,
descobrirá que isso conterá a mensagem principal! Isso é conhecido
em alguns círculos como “brainstorming”.

O próximo passo é escrever numa frase simples o tema principal ou


mensagem que acredita que Deus quer que compartilhe com as
pessoas. Mantenha-o à sua frente enquanto se prepara. Isso o
ajudará a podar seu material e manter seu sermão o mais simples e
focado possível.

Olhe para a sua folha de brainstorming e veja se você consegue


elaborar um esboço do que você tem. Você pode ter que pensar um
pouco sobre isso e adicionar títulos e pontos. Agora você tem uma

75
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
estrutura para sua mensagem. Mantenha-o próximo enquanto faz
alguma pesquisa, adicionando o material que selecionou sob os títulos
relevantes. Se não consegue encaixá-lo, pergunte-se se é realmente
necessário, por mais maravilhoso e emocionante que pareça!

Usando ilustrações

Vale a pena falar sobre como usar as ilustrações corretamente, pois


isso pode ser feito de maneira inútil.

Uma ilustração é uma história, uma analogia da natureza, algo


engraçado (por exemplo, uma anedota), um testemunho, citação,
poema ou canção que ilustra um ponto de um sermão.

As ilustrações precisam trazer iluminação e revigoramento à sua


mensagem, assim como as janelas trazem luz e ar fresco a uma
sala.

Jesus é o mestre no uso de ilustrações. Alguns exemplos são: -

Mateus 5:1-12, “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”


Mateus 7:24-27, Jesus usando a analogia de construir com bons
fundamentos.

Durante todo o Seu ministério, Jesus usou ilustrações para ensinar


Sua mensagem, muitas delas na forma de parábolas. Isso
corresponde à psicologia humana, pois pensamos em imagens, e elas
ajudam a enfatizar, explicar e fazer valer um ponto.

Como as ilustrações têm sido chamadas de janelas de um sermão, uma


ilustração apropriada muitas vezes lança luz sobre um ponto difícil. A
assistência pode achar um ponto difícil de compreender ou aplicar, até
que o pregador ilustre seu raciocínio com uma história simples.

76
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

O uso de ilustrações é, portanto, inestimável ao pregar. As ilustrações


estimulam a imaginação do ouvinte e imprimem o sermão na sua
mente. É verdade que uma ilustração geralmente é lembrada muito
depois que o sermão real é esquecido.

O perigo de usar ilustrações é que elas podem ocupar muito do próprio


sermão. Além disso, algumas ilustrações são “velhas favoritas” (sejam
elas próprias ou ilustrações bem conhecidas) e você deve evitar inseri-
las em todos os lugares, pois elas perderão seu impacto e perderão o
sentido.

Além disso, alguns pregadores caem na armadilha de contar incidentes


que eles mesmos supostamente vivenciaram, quando na verdade estão
simplesmente exercitando uma imaginação vívida. Uma congregação
nunca confiará na palavra de um homem conhecido por exagerar.

É perfeitamente correto, porém, contar uma história que é imaginária, se


o público sabe que não é uma história verdadeira. Você poderia começar
tal história com as palavras, “suponha que…”, ou “vamos imaginar...”
Não há fim para tais ilustrações.

As fontes das quais as ilustrações do sermão podem ser extraídas são as


mesmas da introdução e conclusão. A história geralmente fornece
histórias interessantes para lançar luz sobre uma mensagem. A própria
vida é rica em material de ilustração. Outras fontes são a própria Bíblia,
literatura, jornais diários, revistas, folhetos, boa poesia, hinos e palavras
de homens famosos.

77
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Boas regras básicas para uma ilustração são:
• Uma ilustração deve estar sempre ligada ao sermão.
• A ilustração deve sempre explicar o que você quer dizer.
• Uma ilustração deve apresentar a Verdade numa situação da vida.

Diferentes tipos de ilustrações:

História Um exemplo disso é encontrado em Lucas 15, a história do Bom


Samaritano.

Analogia
Quando Jesus disse: “Eu sou a porta”, lança luz sobre o que Ele está
ensinando.

Testemunho
Um relato verdadeiro da vida de uma pessoa. Paulo, o apóstolo,
constantemente usava seu testemunho de uma forma ou de outra para trazer
a verdade para casa. Precisamos estar preparados para usar o nosso também.
Mas cuidado com o grande “eu” - isso não é sobre você!

Anedota humorística

Isso pode ser valioso, mas não deve ser forçado no sermão. O humor

deixa as pessoas à vontade, ajuda-as a relaxar e a aplicar a verdade da

sua mensagem. O humor deve operar sob a lei do amor. Nunca use o

humor para desrespeitar os outros ou ser grosseiro.

É útil se o seu humor apontar para você primeiro. O uso de trocadilhos


também é bom.

Poesia, canções e prosa


Ajudam-nos a ser contemporâneos, mas não devem ser exagerados.

Citações São
valiosas se forem apropriadas e se ilustrarem o tema. Não use citações

apenas para mostrar o quão bem lido você é! Sempre dê crédito ao que

você citou.

78
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Escritura
Cada doutrina principal na Bíblia pode ser uma ilustração. Existem

muitas histórias maravilhosas que podemos citar do Antigo Testamento.

Tenha cuidado com o seguinte ao usar ilustrações:

Comprimento Se sua ilustração for muito longa, ela pode prejudicar sua
mensagem principal.

Forçar
Ilustrações forçadas não são eficazes.

Grosseiros, baratos ou enganosos


Representamos Deus no púlpito.

Mentira Mesmo o menor exagero é uma mentira! Verifique seus fatos e


represente bem a verdade!

Cada pregador deve desenvolver seu próprio estilo e técnica. Nunca tente
copiar e ser outra pessoa! Essa não é a maneira de Deus. Devemos nos tornar
obra única e originais de Suas mãos.

Por outro lado, tome nota das sugestões feitas por outras pessoas
durante a sua leitura, evite as armadilhas e aplique as boas. Observe
como outros pregadores pregam e aprenda com eles. Observe as muitas
técnicas variadas que eles usam. Forneça um pano de fundo do qual o
Espírito Santo possa extrair para moldar seu próprio ministério.

79
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Parte Quatro
PREGAÇÃO EXPOSITÓRIA 8

2 Timóteo 4:1-5
Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os
mortos, pela sua vinda e pelo seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora
de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande
desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus
próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão
às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um
evangelista, cumpre o teu ministério.
Há uma necessidade de pregarmos a Palavra de Deus e, ao fazer

isso, devemos ser mestres no nosso ofício. Não só na entrega, mas

na preparação também. A pregação expositiva é o desafio para

todos os pregadores se disciplinarem e pregarem precisamente o

que a Palavra de Deus diz.

Há uma falta na Igreja de uma pregação verdadeiramente grande.

Existem muito poucos pregadores hoje que são pregadores

expositivos, mas isso é de vital importância. O pregador deve tornar-

se porta-voz de seu texto, abrindo-o e aplicando-o como a infalível

Palavra de Deus, nada menos e nada mais. O texto precisa através

das tecnicas homiléticas do pregador falar as pessoas.

A maior parte de nossa pregação deve ser expositiva, onde estamos

expondo um livro, um capítulo ou passagem. Quando nos apegamos

a esta disciplina, invariavelmente cobriremos todo o conselho de

Deus e não apenas nossos assuntos favoritos. Esta é uma abordagem

espiritualmente saudável e apresenta a autoridade da Palavra de

Deus acima de tudo.

80
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Por que pregação expositiva?

1. Cristo é a encarnação da verdade (João 1:14), e nosso


trabalho como pregadores é apresentar Cristo como tal.

2. A verdade liberta. (João 8:32).


3. Nossa autoridade não está no que dizemos, mas no que a Escritura
diz.
4. Refutamos o erro pregando a verdade.
5. A restauração vem pela pregação da verdade (Atos 3:21).
6. Deus confirma a pregação de Sua palavra com sinais que se
seguem, e não nossas idéias ou pensamentos (Marcos 16:20).
7. A aplicação da verdade vence o inimigo (Lucas
4:1-13; Efésios 6:10-20; Apocalipse 12:11).
8. Quando pregamos a revelação da palavra de Deus,

preparamos a Noiva de Cristo para o Noivo que vem (Efésios 5:26).


Portanto, estamos nos preparando para a eternidade.

9. Somos servos do propósito de Deus contido em Sua palavra.

Pregação expositiva nas Escrituras:

Neemias 8:1-8
1 Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta
das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de
Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.

2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens


como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no
primeiro dia do sétimo mês.

3 E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva
até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam
entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.

4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram


para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema,
Ananías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael,
Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.

81
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o
povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.

6 Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando


as mãos, respondeu: Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor,
com os rostos em terra.

7 Também Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube; Sabetai, Hodias, Maaséias,


Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas explicavam ao povo a lei;
e o povo estava em pé no seu lugar.

8 Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de


modo que se entendesse a leitura.

Vamos ver esta passagem versículo por versículo:


v2 Nosso objetivo na pregação expositiva é o
entendimento.

v3 A leitura da palavra é uma prioridade absoluta. (1


Timóteo 4:13)
As pessoas estavam atentas, e é nosso trabalho como expositores da
Palavra de Deus manter sua atenção!
v4-5 Havia respeito pela Palavra de Deus.
v4 A Palavra de Deus foi elevada.
v6 O povo louvou e agradeceu a Deus pela palavra (e não por um bom
sermão ou desempenho).

v7 Os líderes ajudaram o povo a entender a palavra.


v8 Os líderes leram a Palavra claramente e explicaram o sentido ou
significado, para que o povo entendesse a palavra.

Lucas 24:13-35, 44-49


v27 explicado (NVI) explanado (KJA)
Grego, significa 'diermeneuo' , desdobrar o significado do que é dito,
traduzir para a língua nativa e fazê-lo completamente!
v32 abriu as escrituras
v45 Grego, 'dianoigo' significando, Platão - 'abrir dividindo ou
separando, para abrir completamente o que foi fechado', um homem
(primogênito) abrindo o útero, para restaurar ou dar audição, para abrir

82
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
o sentido das escrituras que os explicam, para abrir a mente de alguém
fazendo-o entender uma coisa, para abrir a alma de alguém, ou seja,
para despertar em alguém a faculdade de compreensão ou o desejo de
aprender, para abrir-se completa e completamente.

2 Timóteo 2:15
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade.

v15 A palavra “manejar” acima em grego é 'orthotomos' que significa “cortar


em linha reto– cortar em linha reta ou proceder por caminhos retos, manter
um curso reto. O equivalente a fazer o certo. Para lidar corretamente. Ensinar
a verdade correta e diretamente. Para cortar novas veias na mineração. Fazer
algo novo, introduzir coisas novas, fazer inovações ou mudanças.

2 Timóteo 4:1-5
Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os
mortos, pela sua vinda e pelo seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora
de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande
desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus
próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão
às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um
evangelista, cumpre o teu ministério.

O uso da Palavra de Deus na pregação expositiva.


• Pregar a palavra
• Esteja preparado a tempo e fora de tempo
• Corrija, repreenda e encoraje com muita paciência e instrução cuidadosa
• Sã doutrina
• Mantenha a calma em todas as
situações

• Suporte as dificuldades

• Faça o trabalho de um
evangelista

• Cumpra todos os deveres

83
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
ministeriais

2 Timóteo 3:16-17 16 Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa


para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça;
17 para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para
toda boa obra.
Nossa autoridade é que quando a Escritura fala, Deus fala. Como pregadores,
devemos permitir que as Escrituras falem e confiar na autoridade que Deus nos
deu.

Como nos preparamos para a pregação expositiva?

A disciplina da pregação expositiva é o estudo hermenêutico correto


(interpretação) das Escrituras.

O Espírito Santo é o intérprete O Espírito Santo nos é apresentado por


Jesus como o Espírito da verdade, que iluminará a verdade. (João 14, 16.)

Leia o texto/passagem/capítulo/livro - Leia a escritura várias vezes. FF


Bruce, um renomado comentarista da Bíblia, afirmou que antes de ousar
escrever um comentário sobre qualquer parte das Escrituras, ele o leu mais de
cem vezes!

- Use algumas traduções diferentes e compare-as entre si.


- Faça anotações perguntando a si mesmo o que a escritura está dizendo.
- Leia o contexto da passagem da escritura que você está estudando.

Use uma boa hermenêutica


Siga os fundamentos da hermenêutica (interpretação) ao tentar

descobrir o significado de uma passagem da escritura, estude:

• Estruturas e expressões idiomáticas da linguagem bíblica

• Contexto

• Origens da palavra
• Cultura

• Cenário histórico

84
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
• Condições geográficas

• Comparar
textos, usando textos para interpretar textos
• O tipo de literatura, por exemplo, literal, simbólica, poética, narrativa
histórica, Evangelhos, epístolas etc

O objetivo é poder definir claramente a aplicação do texto hoje. Ou seja,

o que ela pretendia nos dizer aqui e agora?

Faça uso adequado de bons livros de referência.


Eles devem nos ajudar em nosso estudo do texto e não distorcer nosso estudo
ou nos persuadir a uma interpretação, especialmente quando se trata de
comentários bíblicos.

Algumas das ajudas de estudo necessárias são:


• Uma concordância

• Comentários – escolha os comentários com sabedoria; verifique os

antecedentes do autor e a razão para escrever o comentário. Alguns

comentários são muito prolixos e técnicos, complicando nossa

compreensão das Escrituras. Use os comentários como ajuda

complementar. Lembre-se de que o comentário é uma opinião

fundamentada e queremos basear nossa interpretação mais na fonte do

que na opinião. Nunca use um comentário para provar um ponto.

• Textos grego e Hebraico


• dicionários bíblicos

• Dicionários de estudo de palavras


• Se possível – software de estudo bíblico
• Também existem ambientes de estudo bíblico online

O assunto do texto
A questão chave é extrair o assunto ou assuntos do texto, inspirados pelo
Espírito Santo. Então, do assunto ou assuntos virá sua mensagem que irá
expor/pregar. Ou seja, a mensagem que acreditamos que Deus está dizendo à
congregação por meio dessa escritura.

85
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Siga um bom fluxo homilético


Ao construir o sermão, siga bons princípios homiléticos, construindo
para o desafio dessa passagem da escritura. Inclua ilustrações e
exemplos da vida real que ajudem na mensagem e não distraiam. Cada
mensagem que preparamos e pregamos é uma encarnação de Jesus
Cristo. A mensagem do Evangelho precisa passar com força, pois
nenhuma mensagem pode ser pregada sem referência à centralidade de
Cristo. Ele é a nossa autoridade.

Ore
Precisamos gastar tanto tempo orando sobre nossa mensagem quanto
preparando nossa mensagem.

Michael Eaton na pregação expositiva

Este é o comentário de Michael Eaton sobre o sermão de Pedro em Atos 2:14-


41.
Nota: O resultado do sermão de Pedro foi três mil salvações!

“Este é um tipo especial de pregação. É muito direto. Pedro se dirige a


eles de maneira muito pessoal. Isso não é 'ensino' que é muito
divertido intelectualmente, mas não tem impacto na vida de ninguém.
Esta pregação refere-se a uma situação real que é sobre eles. Pedro
tem que dar algumas palavras de explicação (2:14-15) antes de
começar.

A melhor pregação tem uma introdução que leva as pessoas a pensar


sobre a situação real em que estão. Os versículos 14-15 são a maneira de
Pedro ter certeza de que não está dando algum tipo de palestra
desapegada e não relacionada. Ele está falando sobre os atos de Deus
que estão acontecendo exatamente onde eles estão.

86
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Esta pregação não é exclusivamente 'exposição da Bíblia'. Eu não acredito
em exposição 'pura' da Bíblia; Eu só acredito na exposição da Bíblia
aplicada. Atos capítulo 2 é o maior exemplo do que quero dizer com
exposição bíblica 'aplicada'. Falamos sobre 'pregação expositiva', mas a
palavra 'pregação' é mais importante do que a palavra 'expositiva'.
O 'trovão e o relâmpago' da pregação são mais importantes do que
aquilo que pode ser impresso! Pedro faz uma exposição de Joel 2:1 (Atos
2:16-21 cita Joel 2:28-32, e podemos supor que Pedro gastou algum
tempo no que isso significava; Lucas está apenas resumindo).

Observe o que não está no sermão. Não se trata de religião em geral ou


política. Não se trata nem mesmo do vento ou do fogo do dom de
línguas. Assim que possível, Pedro começa a falar sobre Jesus e apelar
para a fé viva no Senhor Jesus Cristo. Suas palavras perfuram o coração
das pessoas. Isso é o que a igreja é: uma comunidade de pessoas salvas
entre as quais Deus age com poder”.

87
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Parte Cinco
OUTROS TIPOS DE SERMÕES

Na seção anterior, abordamos a pregação expositiva em detalhes,

pois geralmente é o tipo mais comum de mensagem que devemos

transmitir. Abordaremos agora outros tipos de sermões que devem

ser mantidos no nosso arsenal.

Um pregador deve saber o que quer dizer, como deve dizer e por que

deve dizer. Ele deve então ser capaz de pregar seu sermão de uma

maneira que não deixe seus ouvintes em dúvida sobre o que era sua

mensagem.

Os jovens cristãos às vezes querem pregar, mas não sabem como

preparar uma mensagem adequada. Seu pensamento é muitas

vezes confuso e isso se reflete nas ideias que eles reúnem para um

sermão. Quando eles entregam sua mensagem, o público fica se

perguntando sobre o motivo de todo o alarido e que mensagem, se

houver, o orador deseja transmitir a eles.

Para abordar o assunto da homilética com clareza, você precisa

entender os diferentes tipos de sermões que existem, pois isso

permitirá que você saiba melhor como se preparar adequadamente.

Os sermões, especialmente os de oradores mais maduros, podem

não se encaixar exatamente em nenhuma dessas categorias. No

entanto, eles serão vistos seguindo um padrão semelhante ao que é

sugerido aqui.

Todos os sermões podem ser classificados nas seguintes categorias,

com exceção do sermão expositivo que já abordamos. Cada um

deles é preparado de uma maneira diferente dos outros.

88
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Consideraremos esses tipos de sermões e o método de preparação

em cada caso.

O SERMÃO DE UM PONTO 10

Na Parte Três, cobrimos a estrutura de um sermão típico que chamamos de


sermão de “pontos multípulos”. Vale a pena agora discutir o sermão de “um
ponto”.

A ideia de um sermão de um ponto é, como o próprio nome sugere, fazer


apenas um ponto.
Tudo na mensagem deve apoiar esse ponto. Você pode fazer uso de

ilustrações, histórias, analogias e versículos da Bíblia para enfatizar

um ponto, mas o objetivo é não ter subpontos (se você fizer isso,

eles devem servir apenas para um ponto e normalmente seriam

sobre a aplicação desse um ponto).

As vantagens da mensagem de um ponto são:

• É mais provável que as pessoas sejam impactadas por uma


mensagem de que se lembram. E é mais provável que eles se
lembrem de uma mensagem em que menos é dito, uma mensagem
construída em torno de apenas um ponto.
• Se as pessoas esquecerem o que você disse em horas ou
dias, você realmente acha que pregou uma mensagem que mudou
vidas?
• Muitas mensagens multiponto são esquecidas em horas, às
vezes minutos.
Eclesiastes 12:10,11 fala de um professor cujos ensinos são como

pregos. Pense num ponto como um prego. Quando você prega muitos

pontos, cada prego da verdade é martelado superficialmente. Mas se

você prega um ponto, esse prego tem tempo e foco suficientes para

ser martelado profundamente na memória e na vida das pessoas.

• Se, numa mensagem, pregar um grande ponto e depois um


segundo grande ponto, os dois pontos trabalham contra o impacto

89
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
um do outro.
• Ao pintar, uma boa prática é pintar uma camada de cada vez.
Deixe secar antes de pintá-lo. Da mesma forma, se pregarmos dois
pontos um atrás do outro, é como pintar uma nova camada antes
que a outra seque.

• Jesus ensinou seus discípulos durante um período de três

anos. Ele foi devagar, ensinando uma camada de verdade de cada

vez. E deixar secar antes de aplicar outra camada de ensino.

• Só temos espaço no coração para um pensamento nobre de

cada vez. Se você pregar dois ou mais pontos pode haver uma

sensação real de sobrecarga.

• Só porque uma pessoa está fazendo anotações não significa

que a verdade tenha tempo de ser assimilada. E quantas pessoas

leem as anotações depois e depois dão tempo para que cada ponto

seja assimilado? Não muitos. É a mensagem viva, não as notas da

mensagem, que muda as pessoas.

• Existem outros domingos ou horários para pregar.

• Quando você está se preparando e tem tantas coisas

incríveis para dizer lembre-se que há outros domingos chegando. Na

verdade, cinquenta e dois num ano.

Isso significa que ao longo de dez anos as pessoas ouvirão até 500
mensagens. Então não pressa de incutir tudo duma vez.

• Se você pregar apenas uma vez e não de novo, resista à

tentação de colocar uma série de ensinamentos numa mensagem.

Afinal, você quer uma mensagem de alto impacto ou de baixo impacto?

Se você deseja impactar profundamente as pessoas, não martele

muitos pregos. Todos cairão. Escolha um prego e martele-o

profundamente, para que não caia.

90
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Construindo uma mensagem de um ponto:

Se você usar a estrutura multiponto que descrevemos na Parte Três,

poderá alterar a estrutura de sua mensagem de um ponto.

É útil comparar fazer uma Mensagem de Um Ponto a ser um guia de

montanha levando pessoas para cima e para baixo em uma montanha.

Esta imagem descreve melhor o fluxo de energia do discurso.

Fase Um: Comece sua mensagem com conexão e curiosidade


Isso é como o guia da montanha tentando recrutar alguns alpinistas para subir
a montanha com ele. Eles não o farão até que se sintam seguros com o guia e
se sintam atraídos para a montanha com curiosidade e fome.

Fase Dois: Evolução das Escrituras para o Ponto Único


Isso é como o lento mas constante serpentear montanha acima. A cada

passo dado, cresce a expectativa do cume. E todos os passos levam ao

cume que ainda não descobriram.

Fase Três: Diga e repita o Um Ponto Este é o momento culminante. Todos


chegam ao topo da montanha. E que alegria é isso. E que “aha!” momento é.
O movimento para por um tempo enquanto todos param para refletir sobre a
beleza de tudo isso e apenas assimilar tudo.

Fase Quatro: Amplifique o Ponto Único


O guia passa algum tempo no pico da montanha mostrando às pessoas as
diferentes vistas a partir dele. As pessoas ficam mais familiarizadas com ele
e começam a ver as coisas de sua perspectiva.

Fase Cinco: Aplicar o Ponto Único


A equipe de alpinistas desce. Enquanto a subida foi carregada de
curiosidade, a descida é mais focada e tem o ímpeto da descida. Ele
energiza as pessoas a se moverem. O guia não precisa atraí- los para
baixo, apenas guiá-los para baixo.

91
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Fase Seis: Aterra com uma história inspiradora ou uma
visão inspiradora para nossa comunidade relacionada ao
Ponto Único.

A equipe e o guia terminam a viagem. Por um lado, há uma sensação


gratificante de brilho posterior e, por outro lado, há uma antecipação
de como as coisas serão diferentes agora que a vida foi vista de uma
maneira nova do topo da montanha.

O SERMÃO BIOGRÁFICO 11

Este tipo de sermão trata da história da vida de alguma personagem


da Bíblia, por exemplo, Moisés. A preparação de tal sermão envolve
primeiro ler o que a Bíblia no todo diz sobre o homem.

Uma boa concordância será muito útil aqui. Uma personagem do


Antigo Testamento é freqüentemente mencionado em vários estágios
da revelação de Deus ao homem. O Novo Testamento às vezes lança
luz sobre os homens da era do Antigo Testamento. Por exemplo, veja
o que o escritor aos Hebreus diz de Moisés. (Hebreus 3:2; 2:23-29.)

Você deve se fazer as seguintes perguntas ao ler as partes relevantes das


escrituras:

1. Que tipo de homem ele era?


2. Que erros ele cometeu?
3. Que tratos ele teve com Deus?
4. O que Deus diz dele?
5. Que virtudes ele tinha?
6. Que efeito sua vida teve sobre os outros; nos seus amigos etc.
7. Que lições importantes podemos aprender de sua vida? Positivo e
negativo.
8. Como podemos aplicar essas lições às pessoas no nosso mundo
moderno?
9. Mais importante: o que Deus fez aqui, qual foi a
resposta de Deus e o que podemos aprender sobre Jesus

92
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
nesta passagem?

Também pode haver outras perguntas que surgem na sua mente. Numa
mensagem como esta, não deve apenas saber o suficiente sobre o
homem para ser capaz de relatar a história de sua vida, mas também
avaliar o caráter do homem à luz da revelação de Deus. É necessário
olhar além do óbvio e descobrir quais foram as implicações, se houver, de
suas palavras, ações e pensamentos no contexto da sua vida como
homem. Esse tipo de pensamento o ajudará a entender os motivos, ou as
forças motrizes, que o levaram a fazer as coisas que fez. Isso ajudará
você a entender a si mesmo e aos outros.

Vale a pena notar, no entanto, que isso requer reflexão cuidadosa e


oração. As narrativas podem ser complicadas e você deve trazê-las de
volta ao Evangelho de Jesus, graça e fé. Veja como Deus age e reage
mais do que a pessoa para que possa exemplificar a graça e a bondade
de Deus mais do que a esperteza, bondade ou maldade do personagem
bíblico (isso tem o perigo de tornar sua pregação um Evangelho centrado
nas obras).

O SERMÃO TÓPICO

Isso também é chamado de pregação temática. Um sermão tópico trata


de um assunto como a segunda vinda de Cristo, redenção, fé ou
discipulado cristão; ou tópicos como vício, violência ou dinheiro. A
maneira mais eficaz de preparar tal sermão é fazer a si mesmo
perguntas sobre o assunto que deseja discutir e encontrar as respostas
para essas perguntas na Bíblia.

É importante que seu tópico não seja muito amplo, caso contrário você
não causará impacto – haverá muita informação.

93
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Novamente é importante usar uma boa concordância com o propósito de


averiguar rapidamente o que a Palavra de Deus ensina sobre o tópico
relevante.

Aqui estão as perguntas que você deve


fazer: O quê? Quem? Quando? Por que?
Como?

Tente usar apenas um ou dois textos-chave como ponto de referência.

Embora possa, obviamente, referir-se ou citar outras Escrituras como

parte de sua mensagem, você não precisa necessariamente que as

pessoas o abram. No entanto, apenas recitar uma lista de escrituras no

final de cada um de seus pontos para as pessoas lerem em casa não é

útil - a maioria das pessoas não as lerá em casa e você realmente não as

equipou para ler a Bíblia para eles mesmos muito bem.

O SERMÃO DE INCIDENTE HISTÓRICO

Algum incidente registrado na Palavra de Deus é analisado de perto para

determinar quais lições espirituais devem ser aprendidas dele. Essas

lições são então trazidas à atenção do ouvinte.

Exemplos desse tipo de sermão seriam os espias indo para a terra

prometida (Números 13: 1 – 14) ou a história de Caim e Abel (Gênesis

4:1 – 15).

O valor de tal sermão é que as pessoas adoram uma história. A Bíblia

está cheia de histórias ricas em instrução espiritual. Paulo escreveu que

os incidentes registrados no Antigo Testamento foram “escritos para

nossa instrução, para quem o fim dos tempos chegou”. (1 Coríntios

10:11; Romanos 15:4).

94
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Se decidir preparar tal sermão, deve ter o cuidado de apresentar

fielmente os fatos do incidente. Deve evitar espiritualizar quaisquer

detalhes onde não há justificativa para fazer tal coisa. Isso é

particularmente verdadeiro quando discutimos as parábolas que Jesus

contou. O tema de um sermão de incidente histórico é a própria história.

O TESTEMUNHO PESSOAL

Uma experiência pessoal com Deus é um fato inegável. O relato de tal

experiência é muitas vezes o meio de ganhar os não salvos para Cristo.

Existe um antigo provérbio inglês que diz: “Uma grama de experiência vale
mais do que uma tonelada de teoria”.
Às vezes, Paulo dava seu testemunho pessoal quando tinha a
oportunidade de pregar o evangelho. (Atos 22, Atos 26; veja também
Gálatas 1 e Atos 9:27.)

No entanto, vale a pena notar que o relato de uma experiência com Deus
pode se tornar cansativo e ineficaz se o público já o ouviu muitas vezes
antes. Além disso, embora seja maravilhoso contar o que Deus fez por
você ou por outra pessoa dez anos atrás, é ainda mais maravilhoso poder
contar o que Deus está fazendo hoje. Existe o perigo de que o
testemunho pessoal tome o lugar da pregação da Palavra de Deus.

Você deve sempre ter cuidado para não criar involuntariamente uma
impressão na mente das pessoas de que Deus só trabalha de certas
maneiras. Deus é um Deus de variedade infinita. A experiência de um
cristão pode diferir consideravelmente da de outra. Muitos cristãos
passaram horas agonizantes diante de Deus tentando obter uma
experiência semelhante a uma que ouviram falar. Eles se sentiram

95
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
desapontados e desiludidos porque não podem desfrutar dos mesmos
sentimentos ou ter a mesma experiência que ouviram que os outros
experimentaram. Seu testemunho nunca pode ser um molde para todos
os outros.

Deve ter muito cuidado ao dar um testemunho para não exagerar.


Atenha-se aos fatos e seja específico ao relatar os detalhes da sua
experiência. Lembre-se sempre de manter Cristo proeminente. Não há
nada mais angustiante do que o testemunho que concentra a atenção
no orador e não em Cristo.

Tenha cuidado para não insistir em pecados passados, experiências


sórdidas ou desagradáveis que possa ter tido antes da salvação. O
testemunho pessoal só tem valor se glorificar a Deus e se puder ajudar
outros cristãos, ou pessoas não salvas, a compreender melhor os
caminhos de Deus e Sua vontade para suas vidas.

Embora nem sempre seja necessário ou aconselhável gastar tempo


decidindo o que dizer num testemunho pessoal, pode acontecer que seja
chamado para falar perante uma congregação de pessoas e relatar suas
experiências com Deus. Seria sábio enfatizar, sempre tendo em mente o
propósito para o qual está dando o seu testemunho, seja para trazer
homens e mulheres não salvos à salvação, ou para encorajar aqueles que
já creram no Senhor Jesus Cristo.

Para que um testemunho pessoal seja eficaz, deve ser fresco e

espontâneo. Nunca ajuda muito ler em um pedaço de papel.

96
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
PREGAÇÃO DOUTRINÁRIA

Toda pregação deve ser doutrinária até certo ponto. Na pregação

doutrinária, áreas de ignorância ou nebulosidade doutrinária são

esclarecidas com seus ouvintes. A pregação doutrinária produz e

edifica a fé e estabelece bons fundamentos para a vida.

Os perigos desse tipo de pregação é que pode se tornar abstrato e

seco, e pode não ter relação com a vida e ser simplesmente chato.

Você precisa criar interesse relacionando sua mensagem doutrinária

a vidas pessoais, com boa aplicação prática à vida.

Uma regra geral é que, se você não consegue relacionar isso com a vida,
então não pregue!

97
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Parte Seis
PREGANDO A MENSAGEM

Lidando com dois obstáculos 12

Geralmente, no início de seu sermão, existem dois obstáculos na mente dos


ouvintes:

1. O obstáculo da confiança

Muitas pessoas na platéia provavelmente não o conhecem e, especialmente


numa cultura onde as pessoas desconfiam intuitivamente da autoridade, estão
se perguntando: “Quem é essa pessoa? Por que devo confiar ou ouvi- lo?”

Este é um obstáculo real porque as pessoas são mais propensas a realmente


ouvir alguém que elas confiar.

2. O obstáculo da fome

A maioria das pessoas já ouviu centenas de mensagens diferentes de

todos os tipos numa semana, de todos os tipos de fontes (TV, Internet,

jornal, pessoas no trabalho, um livro que estão lendo, etc.) e apesar do

fato de que a maioria sabe que a Bíblia é A Palavra de Deus, eles não

estão tão ansiosos para ouvir o que queira dizer quanto para

compartilhá-lo. Este é um obstáculo real porque é mais provável que as

pessoas realmente ouçam uma mensagem que desejam ouvir.

Para lidar com o obstáculo um, tente ser real ou vulnerável de alguma

forma logo no início. Tente dizer algo que ajude as pessoas a se

conectarem com nossa humanidade. Ou apenas compartilhe brevemente

algo engraçado que aconteceu naquela semana (mas tente conectá-lo à

mensagem).

98
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Mas a melhor maneira de lidar com o obstáculo um é fazê-lo ao

mesmo tempo em que lida com o obstáculo dois. Para lidar com o

obstáculo dois, tente fazê-los querer ouvir o que você tem a dizer,

apelando para algo na sua experiência de vida ou na cultura que

mostra que eles realmente precisam do que você está prestes a dizer.

Tente incluir pessoas não cristãs nesta parte também.

Aqui está um exemplo. Se estava prestes a apresentar o ponto

principal “Viva para impactar as pessoas, não para impressioná-las”

(de 1 Samuel 12), comece falando sobre nosso profundo desejo de

impressionar as pessoas. Compartilhe uma ou duas de suas histórias

pessoais sobre isso – de preferência engraçadas. Então fale de outro

desejo da maioria de nós: o desejo de fazer a diferença. E talvez

compartilhe uma história pessoal sobre isso.

Em seguida, pergunte se eles se identificam com o que você está

dizendo sobre esses dois desejos. Daí pode dizer: “Hoje creio que

Deus me deu uma mensagem que diz: 'não pode satisfazer ambos os

desejos. Esses desejos estão em conflito. Escolha hoje: 'Será que

viverá para impactar as pessoas? Ou vai viver para impressionar as

pessoas?' É isso que veremos hoje. Abra comigo uma seção

maravilhosa da Bíblia que fala tão claramente sobre isso...”.

Outro exemplo: se você fosse falar sobre “colocar Jesus em primeiro lugar”
(de Lucas 14:25-35), poderia primeiro falar sobre a maneira como nós,
como humanos, tendemos a colocar algo em primeiro lugar nas nossas
vidas.

Uma ou duas histórias ajudariam – de preferência pessoais e bem-

humoradas – de diferentes coisas que as pessoas tendem a colocar

99
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
em primeiro lugar. Você pode então perguntar às pessoas sobre as

diferentes coisas que elas colocaram em primeiro lugar. E então fale

de como tantas coisas que colocamos em primeiro lugar acabam nos

decepcionando e não são realmente dignas de nossa devoção mais

profunda. E então pode dizer: “Creio que Deus deseja que

exploremos cuidadosamente o que colocamos em primeiro lugar nas

nossas vidas e que ouçamos seu gracioso convite: 'Essas outras

coisas não são dignas de você. Eles vão te decepcionar. Deus te fez

para mais. Coloque Jesus em primeiro lugar. Abra comigo uma seção

maravilhosa das Escrituras que nos ajuda tão poderosamente a

colocar Jesus em primeiro lugar…”

Usando mídia

Na cultura de mídia atual, é muito poderoso usar um clipe de mídia

que apresente sua palestra com humor ou provocação. (Você

também pode usá-lo no final, mas tem mais impacto no começo.)

Pode ser um trecho de filme, um vídeo de uma música, um

powerpoint feito em casa ou algo que você encontrou no YouTube.

Também pode ter uma apresentação dos pontos pelos quais deseja

passar enquanto prega.

Aqui estão algumas dicas importantes a serem lembradas ao usar a


mídia:
• Não tanto confie na mídia! Você não terá como sobressair se surgirem
alguns problemas técnicos.
• Certifique-se de que o videoclipe não dure mais do que um ou dois
minutos, a menos que seja algum tipo de palestra a que você queira se
referir ou haja um bom motivo para prolongar a duração.
• Discuta suas necessidades e desejos de mídia com a equipr de mídia com

100
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
bastante antecedência.
“Bem adiantado” não é apenas 30 minutos antes, mas na verdade

alguns dias antes, o máximo que você puder. Pode haver requisitos

técnicos dos quais não esteja ciente – não pode fazer suposições

aqui.

• Tenha cuidado com os direitos autorais. Freqüentemente, não é

tecnicamente legal reproduzir um determinado clipe de filme para um

grande público sem uma licença para fazê-lo. Discuta isso com os

anciãos e a equipe de mídia e certifique-se de honrar o trabalho

criativo dos outros.

RECURSOS DO MINISTÉRIO

Em qualquer ponto de uma reunião, pode fazer um apelo para que as

pessoas aceitem Jesus como Senhor e Salvador, mas geralmente, no

final de uma mensagem, as pessoas costumam ser solicitadas a

responder a esse chamado ou a responder à mensagem de alguma

forma. caminho. Quando você decidir que precisa haver algum tipo de

resposta ativa e visível, aqui estão algumas dicas.

1. Seja breve – este não é o momento para outro “mini sermão”. Se for
muito longo, geralmente não é útil.

2. Tenha uma boa ideia de como deseja fazer isso - até

que tenha experiência, você pode lutar para fazer isso

facilmente. Aprenda como os outros fazem.

3. Inclua o fato de que as pessoas precisam se arrepender de

seus pecados e vir a Jesus – nós não suavizamos o Evangelho!

4. É bom ter várias escrituras nas quais pode confiar

101
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
regular e facilmente, especialmente se for chamado

para pregar de imprevisto.

5. Precisa discernir como as pessoas devem responder ‘ elas devem

vir para frente para a oração? Eles devem ficar onde estão? Lembre-se,

você precisa considerar coisas como tempo e quantas pessoas podem

ajudar se uma grande quantidade de pessoas se apresentar.

Aqui está uma citação interessante de Charles Spurgeon:

“Se quisermos que os homens sejam verdadeiramente convertidos,


devemos apresentar-lhes o plano de salvação de maneira muito
clara e distinta. Eu me encontro com centenas de pessoas que
tiveram algum tipo de trabalho nos seus corações; mas eles me
dizem que andam na névoa. Eles não entenderam isso muito bem.
Eles sentiram que estavam numa rocha, mas não tinham certeza do
que a rocha realmente era. É bom que nosso zelo por Deus seja de
acordo com o conhecimento, que saibamos no que cremos e por que
cremos, e saibamos que somos salvos, como somos salvos e por
que somos salvos; pois se houver um erro aqui, pode ser fatal. 13

Uma nota sobre a música:

Muitos pregadores gostam de colocar a equipe de música para tocar


quando fazem um apelo ao Evangelho ou ministério. Isso é muito
bom, mas muitas vezes eles fazem isso mais para seu próprio bem,
pois isso os deixa confortáveis, do que para o bem de todos os
outros! Pode ser útil e perturbador e, portanto, exige discrição.

O ponto é, não confie na música para fazer um apelo – é o Espírito


Santo que move as pessoas e convence, exorta e encoraja. Embora a
música possa ajudar, às vezes não pode. Queremos que as pessoas
respondam com suas mentes e emoções, e se exagerarmos na
música, podemos acabar fazendo com que as pessoas respondam

102
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
apenas pela emoção, o que não ajuda. Esta não é uma regra rígida e
rápida - vale a pena lembrar quem faz a economia!

Faça as pessoas quererem voltar 14

Não vise apenas conseguir que as pessoas não salvas sejam salvas
na reunião, mas também faça com que elas voltem na semana
seguinte.

É maravilhoso quando as pessoas são salvas. Mas devemos lembrar


que a maioria das pessoas em nossa cultura não serão salvas na
primeira vez que vierem. Eles estão muito longe de cruzar a linha da
fé para cobrir tanto terreno.

Há muitas pessoas que se convertem instantaneamente a Cristo,


mas a maioria das pessoas que chegam à fé parece tomar muitas
mini-decisões ao longo de um período de tempo, de modo que, ao
longo do tempo e cumulativamente, uma decisão importante em
relação a Cristo foi tomada. Esse insight chama as igrejas à
paciência em seu desejo de ver os perdidos salvos.

Portanto, o objetivo não deve ser pregar de tal forma que todos os
não salvos sejam salvos agora, mas que os não salvos digam a si
mesmos: “Uau. Não tenho certeza se compro todas essas coisas, mas
aquela mensagem realmente falou comigo e me deixou curioso.
Talvez essas pessoas tenham algo que eu queira. Volto semana que
vem.”

Em vez de apenas perguntar: "Meu amigo não salvo foi salvo hoje?"
devemos também perguntar: “Meu amigo não salvo quer voltar?” Não

103
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
é difícil imaginar que, se eles continuarem vindo, é provável que, com
o tempo, eles respondam ao Evangelho.

DICAS PARA FALAR EM PÚBLICO

Tempo

Lembre-se, as pessoas geralmente não conseguem se concentrar por


mais de 20 a 40 minutos de uma só vez. Na verdade, é melhor correr
com o tempo do que com o tempo. Mas não fique preocupado com o
relógio, falando constantemente sobre quanto tempo lhe resta. Se
você ficou sem tempo e sente que Deus ainda não terminou, ou
seja, você sente uma unção, então não se desculpe, continue
pregando!

No entanto, se sempre passar do tempo, isso pode não ser a unção,


provavelmente é apenas má técnica e preparação. Respeite seu público.
Observe-os. Alguns pregadores são como o riacho de Tennyson que
murmurou: “Os homens podem vir e os homens podem ir, mas eu continuo
para sempre”. Se você não puder impactar as pessoas em 30 minutos, precisa
mudar sua abordagem.

Pausa

Não fale muito rápido! Faça perguntas e faça uma pausa para as respostas.
Fale devagar e com clareza.

Referência correta
Forneça claramente o livro, capítulo e versículo que você vai ler. Faça
uma pausa para dar às pessoas tempo para encontrá-lo. Encontrar você
mesmo na sua própria Bíblia pode ajudá-lo no começo a dar- lhes tempo
suficiente. Repita a referência novamente para preencher a lacuna e
ajudar aqueles que erraram parte dela no início.

104
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
Usando notas
Se gosta de escrever todo o seu sermão, não use isso para pregar.
Certifique-se de estar totalmente familiarizado com ele de antemão e, em
seguida, leve um esboço claramente impresso ou escrito. Aprenda a ser
sensível e a confiar no Espírito Santo para ajustar, mudar e guiá-lo
enquanto prega.

Tenha cuidado para não se preocupar com suas anotações. Em vez


disso, tente ter a “imagem” na sua mente do que deseja comunicar.
Concentre-se nisso e use todos os meios razoáveis para transmiti-lo à
congregação.

Lições com objetos


Não se esqueça do uso de lições com objetos para enfatizar um ponto. Os
profetas antigos usaram isso muitas vezes. Muitos estudiosos da Bíblia
acreditam que realmente poderia ter havido um fazendeiro semeando sua
semente na encosta da montanha onde Jesus pode ter apontado quando
contou a parábola do Semeador para Seus ouvintes.

Linguagem corporal
Algum treinamento em drama pode nos ajudar a ilustrar com linguagem
corporal e gestos que podem ajudar muito a transmitir a mensagem. Mas
tenha cuidado com gestos excessivos ou inadequados.

Use linguagem simples


Quando as pessoas vêm à igreja, elas gostam de trazer suas Bíblias, não o
dicionário.

Uso de gírias e gramática


O uso excessivo de gírias ofende. Além disso, tente ser gramaticalmente
correto no seu discurso. Não cometa o erro de um pregador que, ao
descrever a fornalha ardente, disse: “Eles aqueceram aquela fornalha
sete vezes mais do que antes”.

Cuidado com o clichê


Seu ditado favorito pode ser o menos favorito de outrem. Tente evitar

105
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
usar clichês sempre que puder, pois corre o risco de irritar algumas
pessoas. Tenha cuidado com siglas usadas em excesso também.

Evite jargões
Use palavras simples onde puder para termos bíblicos (muitas pessoas
nem mesmo entendem o que significa 'fé' e 'salvação'!) Além disso,
termos como “Grupo de Vida” e outros que se referem a ministérios
dentro de sua igreja local ou coisas que uma determinada igreja local
faz podem precisar ser explicadas. Você não pode presumir que todos
sabem o que é um Grupo de Vida / Grupo de Células / Grupo
Comunitário!

Fale naturalmente
Evite usar um “tom de púlpito” ou um “tom de televangelista” – mudar
para o Português de antiguidade ou gritar. Volume não é igual a
autoridade!

Evite “cristãos”
Adicionar “cristãos” para espiritualizar ou animar sua mensagem deve
ser evitado. Por exemplo O uso inapropriado de “Aleluia!” ou “Amém!”
ou “Glória!” etc. Lembre-se, as pessoas não falam assim normalmente,
então por que falar do púlpito?

Contato visual
Olhe ao redor da multidão e faça contato visual. Não fique colado a uma
pessoa o tempo todo (isso vai enervá-los), mas não olhe para o telhado, chão
ou suas anotações o tempo todo. Fale com o povo!

Escreva
Nos estágios iniciais de seu ministério, escreva toda a sua mensagem,
completa com ilustrações. Dá muito trabalho, mas vai desenvolver sua
capacidade de se expressar, escolha as melhores palavras e expressões
para comunicar o que você precisa e ajudá-lo a determinar a duração
do seu sermão. (Mas não apenas leia seu sermão ao proferi-lo – isso é

106
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
apenas para ajudá-lo a começar e refinar seu dom de pregação.)

Como você se sente depois de pregar

Thomas Brooks escreveu: “Pregar é um trabalho doloroso e dispendioso”.


Joseph Parker disse:
“A verdadeira pregação é o suor do sangue”. É um trabalho árduo, mas é
para isso que fomos chamados!

A maioria dos pregadores descobre que experimenta alguma


depressão, que geralmente é apenas fadiga emocional, depois ou no
dia seguinte. É bom refletir sobre sua mensagem, mas não se
debruçar sobre ela. Isso é tudo sobre prática e requer um
compromisso vitalício.

107
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango

Parte Seis
CRÍTICA DO SERMÃO

“Crítica” não é uma palavra negativa, embora tendemos a ver dessa

forma. É tudo sobre o coração. Portanto, a crítica do sermão não deve

ser vista de forma negativa, pois o motivo é edificar e melhorar a nós

mesmos. Precisamos saber sobre qualquer problema ou deficiência com

qualquer assunto relacionado a todos os aspectos de nossa pregação.

Com isso em mente, aqui estão alguns tipos de crítica construtiva que
devemos convidar e esperar:

• Crítica da prática de pregação


• Pedir a alguém, um amigo ou nosso cônjuge, para nos criticar,
procurando maneiras de melhorar.

• Julgar a resposta, ou a falta dela, do público para o qual


falamos.
Lembre-se sempre que, com elogios ou críticas, trate-os como
pastilha. Ou seja, mastigue por um tempo e depois cuspa.

Aprenda a nunca possuir a glória de um trabalho bem feito, quando as


pessoas o agradecem ou elogiam.

Quando for criticado, considere em oração o conteúdo da crítica diante

de Deus, fazendo as mudanças necessárias e ignorando os aspectos que

são falsos.

Observe que sempre teremos oposição quando pregarmos como

embaixadores do Reino – Jesus teve! (Ver Lucas 9:51-56; 10:3; Atos

4:18-20.)

• Dê-se tempo de ouvir áudios da mensagem que pregou.


• Se aqueles de sua equipe ou líderes que têm autoridade

108
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
falam sobre sua vida com respeito à sua pregação e/ou seu
conteúdo, ouça-os porque eles estão ao seu lado (veja Hebreus
13:17).

Portanto, ter a atitude correta do coração para todas as formas de

crítica é importante, porque estamos sendo transformados de glória em

glória (2 Coríntios 3:17-18), e nosso desejo apaixonado deve ser o de

nos tornarmos vasos de ouro dignos do melhor do Mestre para o serviço,

(2 Timóteo 2:20-21).

Nas páginas a seguir, há uma folha de crítica de sermão que você pode
usar para analisar seus sermões e ver como pode melhorar.

Folha “crítica” do sermão

Como pregadores, precisamos ser capazes de avaliar nossa própria


pregação e crescer no dom que Deus tem para nós. Não se trata de
desempenho, mas precisamos crescer para que possamos ser mais
eficazes no que fazemos. Felizmente, hoje em dia podemos ouvir a
gravação de nossa mensagem e avaliar com bastante objetividade.

Estas três perguntas simples ajudarão a avaliar sua mensagem


adequadamente.

1. Como foi o conteúdo?

Foi baseado nas Escrituras? O uso de ilustrações foi útil? Será que fez
referência apropriadamente a autores e pregadores? Usou linguagem
acessível?

2. Como foi entregue?

Você falou muito rápido ou muito devagar? Demorou muito? Foi chato? Foi
interessante? Foi muito intelectual? Foi engraçado? Foi muito engraçado? Além
disso, você deve pedir conselhos a outras pessoas sobre linguagem corporal e

109
HOMILÉTICA CLÁSSICA
Xavier Simango
contato visual.

3. Como foi a unção?


Isso pode ser difícil de avaliar, mas outras pessoas também podem
fornecer informações úteis. O resultado final é - foi eficaz para o Reino?
Isso glorificou a Jesus? Se foi eficaz para construir sua própria plataforma
e sucesso, considere um fracasso.

Avaliando os outros
Também aprendemos com os outros e, assim, descobriremos que
começamos a avaliar a maneira como os outros pregam. PJ Smythe
tem uma boa regra - tente mencionar três coisas boas para cada coisa
que você acha que eles podem melhorar.

E quando estiver sendo avaliado, certifique-se de não ficar na defensiva ou


deprimido!
Caso contrário, como você vai crescer?

Por fim, seja um Pregador Clássico!!!!

110

Você também pode gostar