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Budismo
< Introdução ao Budismo
A base dos ensinamentos do Budismo é o sofrimento e a sua consequente extinção. Siddharta Gautama
teve a compreensão de que o sofrimento é decorrente do desejo em todas as suas formas. Quando se deseja
algo e não se obtém, a frustração gera o sofrimento, assim como quando se obtém o que se deseja há o
desejo de manter o objeto do desejo. Para Siddharta, o desejo deve ser purificado de forma a eliminar o
sofrimento. Siddharta codificou o mecanismo do sofrimento nas Quatro Verdades Nobres, e como purificar
o desejo no Nobre Caminho Óctuplo.
Justamente por ter um aspecto prático, existem muitos debates se o Budismo deve ser considerado uma
religião ou não. O Budismo originalmente preocupa-se apenas com a extinção do sofrimento humano, e
não busca nenhuma interpretação religiosa ou metafísica do universo, apesar das diversas escolas budistas
terem assimilados rituais, cultos e divindades de outras religiões para expressar suas interpretações do
budismo através dos tempos. Por isto é comum que muitos praticantes de outras religiões também
pratiquem doutrinas do budismo. O judaísmo por exemplo não considera o Budismo em si como uma
forma de idolatria.
"(..) esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência,
acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres
sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.(...)"
"(..) esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho
Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida
correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.(...)"
Meditação(Samādhi)
Esforço correto (samyag-vyāyāma • sammā-vāyāma) : "(...)E o que é esforço correto? (i)
Aqui, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais
que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se
esforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram e
ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iii) Ele gera
desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula
a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iv) Ele gera desejo para a continuidade,
o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do
desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua
energia, empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto.(...)"
Atenção correcta (samyak-smṛti • sammā-sati): "(...)E o que é atenção plena correta? (i)
Aqui, bhikkhus, um bhikkhu permanece focado no corpo como um corpo - ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. (ii) Ele permanece focado nas sensações como sensações –
ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. (iii) Ele permanece focado na mente como mente - ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. (iv) Ele permanece focado nos objetos mentais como objetos
mentais - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a
cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção plena correta.(...)"
Concentração correcta (samyak-samādhi • sammā-samādhi): "(...)E o que é concentração
correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das
qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo
pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (ii)
Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no
segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente,
sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da
concentração. (iii) Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana
que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena
consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa
estada feliz, equânime e plenamente atento.’ (iv) Com o completo desaparecimento da
felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem
sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. A isto se denomina
concentração correta.."
Nirvana
Nirvana (do sânscrito निर्वाण, Nirvāṇa no pali: निब्बान, Nibbāna) significa literalmente extinção, é o nome
dado ao estado de libertação budista do sofrimento. Para cada escola budista, existem interpretações
diferenciadas do que seja o Nirvana e de como este é atingido.
Buda descreve o Nirvana como um estado de perfeita paz da mente, livre de qualquer estado aflitivo
(kilesa). O Cânon Pali também descreve outras perspectivas sobre o Nirvana: uma delas descreve que o
Nirvana é o estado que permite ver a natureza vazia dos fenômenos. Também é apresentado como uma
radical reorganização da consciência e seu despertar [1]. O estudioso Herbert Guenther afirma que com o
Nirvana "a personalidade ideal, o verdadeiro ser humano" torna-se realidade.[2]
No Dhammapada, Buda diz que o Nirvana "é a maior felicidade". Esta é uma felicidade duradoura, uma
felicidade transcendente alcançada através da iluminação, não baseada na felicidade impermanente das
coisas.
Por volta do século I a.C. os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares
onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constitui o denominado Cânone Pali. O
Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos
ensinamentos do Buda. Não existem contudo no budismo um livro sagrado como a Torah, a Bíblia ou o
Alcorão que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas,
como o chinês e o tibetano.
O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado
"Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):
Para a maioria das escolas budistas, a historicidade dos textos é independente da obtenção do Nirvana. A
maioria das escolas consideram que as histórias, mesmo as fábulas, tem como objetivo principal não o de
relatar fatos históricos tal como ocorreram, e sim que devem servir como um meio de se obter consciência
dos fundamentos do budismo.
Resumo
A base dos ensinamentos do Budismo é o sofrimento e a sua consequente extinção.
Buda não deixou nada escrito, tendo realizado seu ministério de forma oral. O canône
budista é baseado nas doutrinas conforme codificadas pelos discípulos de Buda e divide-se
em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka
em sânscrito).
Notas
1. Peter Harvey, Consciousness mysticism in the discourses of the Buddha. in Karel Werner,
The Yogi and the Mystic; Studies in Indian and Comparative Mysticism." Routledge, 1995,
page 82; [1] (http://books.google.com/books?id=p7J-Gy7PSSEC&pg=PA82&dq=karel+wern
er+consciousness+mysticism&lr=&sig=ACfU3U0astQaAHoyFZofP5vJblCz_wT_DQ).
2. Guenther, The Problem of the Soul in Early Buddhism, Curt Weller Verlag, Constanz, 1949,
pp. 156-157.
Bibliografia e Referências
Budismo, artigo da Wikipédia Lusófona
Nirvana, artigo da Wikipédia em inglês
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