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Cap 06 - Apostila: Algumas Técnicas de Engenharia de Tráfego na Redução de Prevenção de Acidentes de Trânsito 165

Pedro Akishino

CAPÍTULO 6 - REDUTORES DE VELOCIDADES

1. LOMBADAS

Trata-se de um dispositivo originariamente desenvolvido pelo TRRL da Inglaterra,


tornando-se em equipamento redutor de velocidade mais utilizado no Brasil, devido à
eficiência com que o mesmo alcança seu objetivo.

As lombadas são regulamentadas através da Resolução 567/80 do CONTRAN que


prevê a existência de dois tipos de lombadas:
- Tipo I com secção medindo entre 0,80 m e 1,50 m
0,08 a 0,10 m

0,80 1,50 m

- Tipo II com secção medindo entre 2,60 m e 3,70 m

0,10 m

3,70 m

Essa Resolução é bastante rigorosa em relação aos locais em que seria possível a
implantação de lombadas.
São exigidos, entre outros, os seguintes requisitos para uma via receber esse tipo de
obstáculo:

- ser via local, ou secundária próxima a escolas


- ter declividade inferior a 4,5%
- ausência de curvas ou interferências visuais que impossibilitem
visibilidade
- volumes inferiores ou próximos a 600 veículos/hora
- não ser itinerário de veículos comerciais
- não ser rodovia

Apesar de existir uma Resolução definindo as condições em que se deve implantar


uma lombada, elas têm sido implantadas indiscriminadamente tanto em locais
indevidos quanto fora dos padrões definidos, porém, de uma forma ou de outra, vem
cumprindo com o seu objetivo que é redução de velocidade.

Deve haver uma eficiente sinalização de advertência e


iluminação adequada (dois aspectos normalmente não
atendidos pelos órgãos responsáveis).
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Os chamados “quebra - molas”, como o próprio nome já diz podem causar danos
mecânicos aos veículos e provocar acidentes.
Provocam danos aos veículos porque não são construídos de acordo com as normas do
Contran e causam acidentes porque não são devidamente sinalizados e iluminados.
O usuário prejudicado pode mover ação contra o órgão responsável que terá que
responder judicialmente pela sua culpa, sendo o engenheiro projetista o principal
responsável.

Em vias de alta velocidade, é importante implantar tachões ou sonorizadores para


alertar os motoristas que irão encontrar lombadas pela frente para evitar danos ao
veículo ou perda de controle da direção.

Em São Paulo, em um trecho de 1 km da Estrada de Campo Limpo, foi


implantado um semáforo piscante de advertência, juntamente com uma placa
com os dizeres “lombada nos próximos 1.000 m” em lugar bem visível.

Nos trechos urbanos da rodovia Cuiabá - Porto Velho, utilizaram-se placas de


advertência e sonorizadores com bastante sucesso (GEIPOT 1985).

Em Curitiba, foram implantadas com sucesso em pistas de mão única,


lombadas com uma fileira transversal de tachinhas refletivas logo
antes do início da lombada para melhorar a visibilidade noturna.

Nos casos de trechos em declive, deve-se utilizar duas lombadas espaçadas entre si
para que o conjunto assim formado exerça a sua real função e não somente no final da
rampa como se observa normalmente.

A lombada deve ser pintada com faixas diagonais em cor amarela contrastante
com o restante do pavimento para ser mais facilmente visualizada.
Devido à abrasão que os veículos causam, essa pintura deve sofrer
manutenção constante.

É recomendável que a sinalização de advertência seja feita em braço projetado a pelo


menos 50 metros antes da lombada.

A sinalização deve ser implantada antes da lombada, jamais deixada para


o “dia seguinte”.
Já foram registrados casos de acidentes fatais ocorridos, principalmente
com motocicletas, que, não sabendo da existência da mesma (elemento
surpresa) perderam o controle ao transpor o obstáculo em alta velocidade.
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2. VALETAS

As valetas transversais ou oblíquas têm efeito bastante semelhante à lombada,


reduzindo tanto as velocidades médias como as máximas.
Suas dimensões são normalmente fixadas nos projetos de drenagem e sua utilização é
justificada como um condutor de águas.

Do ponto de vista do motorista essas valetas não são utilizadas pelo poder público com
o objetivo de reduzir a velocidade.
Em verdade, as valetas normalmente são construídas nas esquinas o que faz com que a
velocidade seja reduzida nos cruzamentos.

Em São Paulo, em uma via de ligação na periferia (rua Nina Stocco)


foram implantadas valetas transversais em um trecho e oblíquas em outro
trecho.
A valeta transversal apresentou uma redução na velocidade média de 43
para 22 km/h, enquanto a máxima baixou de 90 para 45 km/h.
A valeta oblíqua, como já era esperado, mostrou-se mais branda, com
redução média de 48 para 28 km/h e da máxima de 90 para 64 km/h.

As valetas sofrem um desgaste mecânico bastante elevado, devendo ser executadas em


concreto de alta resistência, com uma base suficientemente resistente para garantir a
sua durabilidade.
Na prática isso acaba sendo uma das desvantagens da valeta pois esse tipo de execução
custa em média 4 vezes mais caro que a de uma lombada de tamanho semelhante.

De forma semelhante à lombada, a valeta necessita de eficiente sinalização de


advertência, incluindo-se iluminação especial e placas projetadas.
Por outro lado, quando se faz o recapeamento da via, é necessário tomar cuidado para
não tapar as valetas ou deixá-las com profundidade excessiva.

3. TACHÕES

Os tachões refletivos são elementos importantes quando


utilizados como balizadores ou separadores de fluxos.

Contudo, observa-se sua maior utilização transversalmente à pista , em fileiras


simples, duplas ou triplas, com espaçamento variando desde centímetros até dezenas
de metros entre fileiras sucessivas, como redutores de velocidade.
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As fileiras com pequeno espaçamento entre si (perto de 0,70 m) têm-se mostrado


bastante eficientes, pois além de agirem como obstáculos, também apresentam o efeito
de vibradores e sonorizadores.
Avaliações de projetos de tachões transversais implantados em São Paulo mostraram
sempre uma redução de velocidades médias dos veículos, porém para as velocidades
máximas não houve grandes registros; ao contrário, em alguns casos, observou-se
aumento na velocidade máxima.

Portanto, esse dispositivo é eficiente para a redução de


velocidades médias, mas não reduz as velocidades máximas.

Essa situação ocorre porque os tachões causam menor desconforto quando são
transpostos em alta velocidade, principalmente nos casos de fileiras simples.
Essa característica de operação pode ser perigosa, devido à diferença de
comportamento entre os motoristas.
Se o motorista da frente freia o veículo na presença do tachão e o de trás, que conhece
o obstáculo, prefere ultrapassar em alta velocidade, a situação de acidente está criada.

Os tachões deverão ser colocados com muito cuidado, para que não venham
a se soltar, perdendo a sua função principalmente se em fileira simples.
A manutenção também deverá ser permanente pois a falta de algum deles,
faz com que o mesmo perca a sua função, exigindo imediata reposição.

Nos casos de fileira dupla, a falta de um tachão em uma fileira não prejudica a função
de redução de velocidade, se na outra o tachão ainda estiver mantido.
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Os tachões devem ser retirados quando recapeadas as vias e reimplantadas após o


recapeamento.

Cabe observar que a utilização dos tachões transversais como redutores de velocidade
não está ainda regulamentada pelo CONTRAN, sendo sua implantação considerada
como de caráter experimental.

Enumeramos os seguintes problemas dos tachões transversais como redutores de


velocidades :

- Danos aos pneus dos veículos devido aos impactos sucessivos nos tachões
- Comprometimento da segurança de motocicletas devido à pouca
estabilidade deste tipo de veículo
- Danos às propriedades lindeiras (trincas, rachaduras) devido às vibrações
resultantes dos impactos dos pneus dos veículos nos tachões
- Incômodo aos moradores das proximidades devido ao ruído resultante das
vibrações
- Transferência do problema para vias próximas sem obstáculos
- Aumento no volume de tráfego das vias próximas devido ao desvio de
veículos da via problemática com obstáculos
- Possibilidade de aumento dos pedidos de implantação de tachões em outras
vias próximas o que pode criar uma situação desagradável para a cidade
- Necessidade de manutenção periódica em função do arrancamento dos
tachões devido à ação do tráfego ou dos moradores ou motoristas que se
sentem prejudicados por estes dispositivos
- Impossibilidade de se coibir efetivamente as altas velocidades o que
mantém um estado de periculosidade permanente, mesmo que a média da
velocidade de todos os veículos seja diminuída
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4) SONORIZADORES E VIBRADORES

Sonorizadores são equipamentos instalados na pista que, sendo acionados quando o


veículo passa em cima, emite um som característico.
No Brasil, os Vibradores são chamados de Sonorizadores.
Os Vibradores, normalmente conhecidos como sonorizadores no Brasil, são
dispositivos construídos na pista e que provocam, no veículo que passa sobre o
mesmo, um desconforto com a vibração produzida.

Existem dois tipos de vibradores normalmente utilizados no Brasil:

- bandas rugosas
- pavimento corrugado

As bandas rugosas são produtos de experiências francesas desenvolvidas pelo SETRA


(La Regulation des Vitesses sur Route - março 1978).

O esquema desenvolvido pela SETRA para as bandas rugosas define:

- 3 classes de velocidade de aproximação (V15 medida a uma distância do ponto


perigoso tal que se possa considerar que os veículos estejam em velocidade
livre) sendo V15 a velocidade do 15o. percentil
um parâmetro de base “e” , função da velocidade de aproximação
- um número de 11 bandas fixas , qualquer que seja a velocidade
- comprimento total “D” : D = 17 e - 4
- distância “d” que separa a última banda do início da zona onde está o primeiro
obstáculo : d = 2e 2 (fórmula empírica)
- todas as bandas rugosas têm largura igual a 50 cm

V15 e D d
V15 < 80 5m 81 m 50 m
80 < V15 < 100 6m 98 m 72 m
V15 > 100 7m 115 m 98 m
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Embora o dispositivo tenha sido criado com o intuito de alertar o motorista sobre
algum evento importante à frente (obstáculo, curva fechada, etc) os que têm sido
construídos no Brasil acabam se tornando redutores de velocidades e provocam total
desconforto aos motoristas.

Pavimento Corrugado

Os motoristas percebem que quanto maior a velocidade com que passam sobre o
pavimento corrugado, menor o efeito vibratório, o que significa que esse dispositivo
passa a funcionar como um indutor de altas velocidades.
Contudo, normalmente ele é utilizado para alertar o motorista para algum evento
adiante e, para isso tem cumprido adequadamente com essa função.
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Ranhuras muito largas


podem causar
desconforto aos
usuários devido a
problemas de trepidação
e ao ruído
desagradável que
produzem e podem
causar descontrole das
motocicletas.
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5) ESTREITAMENTO DE PISTA

Esta técnica é frequentemente


considerada como um redutor de
velocidade, porém avaliações
executadas em São Paulo não
constataram reduções
significativas, a não ser em casos
em que o estreitamento diminuiu
a capacidade da via ao ponto de
prejudicar a fluidez do trânsito.

O estreitamento deve ser usado,


sempre que possível, em passeio
de concreto, pois apresenta
melhores condições de
visibilidade para os veículos e
segurança para os pedestres

Quando construído em prismas


de concreto, a visibilidade do
estreitamento torna-se precária,
principalmente à noite.
Alguns veículos chocam-se
contra essas barreiras, quebrando
parte delas.

Ao estreitar uma pista, é preciso


criar um afunilamento gradual
que permita a transição segura
entre as diferentes larguras da
via.
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Podem ocorrer 3 situações:

- manutenção do número de
faixas de trânsito com
redução da largura das
mesmas
- manutenção da largura das
faixas de trânsito com
redução do número delas
- redução do número e da
largura das faixas de
trânsito

Sobrepostas a estas situações


gerais, podem ocorrer
diversas situações
particulares, entre as quais:

- passagem de pista dupla


para pista simples
- redução do número de
faixas de trânsito somente
para um dos sentidos de
circulação
- variações no
alinhamento do eixo da via
- alternância do número de
faixas de trânsito
destinadas a cada sentido
de circulação

Em todos os casos são


criadas situações de grande
potencial de perigo,
devendo-se portanto,
sinalizar toda a área
envolvida, de modo a tornar
bem claro, ao condutor, a
necessidade de redobrar sua
atenção e o comportamento
que deva assumir.

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