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POLÍTICAS DE SAÚDE E MODELOS

ASSISTENCIAIS EM SAÚDE PÚBLICA


Profª Me. Thainá Karoline Costa Dias
• Graduada e Licenciada em Enfermagem pela
Universidade Federal da Paraíba.
• Mestre em Enfermagem e Doutoranda pelo Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF), da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
• Preceptora do curso superior de Enfermagem, do
Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), da
disciplina Supervisionado na Atenção Primária à Saúde.
• Experiência na área de Estratégia Saúde da Família, com
ênfase nos seguintes temas: saúde da mulher, saúde da
criança e doenças crônicas.

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e-mail: thaiinakaroline@gmail.com
Apresentar o contexto histórico e
os avanços das políticas de saúde
no Brasil, caracterizando os
modelos assistenciais existentes.

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OBJETIVOS ESPECIFÍCOS
1. Contextualizar os acontecimentos históricos das Políticas de Saúde no Brasil;

2. Explanar como se deu o movimento da Reforma Sanitária e a sua importância


para a democratização do acesso à saúde no país;

3. Descrever o caminho percorrido ao longo da construção e consolidação do


Sistema Único de Saúde;
4. Mencionar as características dos Modelos Assistenciais em saúde;
5. Abordar a organização das Redes de Atenção à Saúde.
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• A História da Saúde Pública no Brasil tem sido marcada por sucessivas
reorganizações administrativas e edições de muitas normas.
• Da instalação da colônia até a década de 1930, as ações eram desenvolvidas
sem significativa organização institucional. A partir daí iniciou-se uma série
de transformações, ou melhor, foram criados e extintos diversos órgãos de
prevenção e controle de doenças.

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• Como se sabe, antes da chegada de europeus em território brasileiro,
os povos indígenas já o habitavam há centenas de anos;
• Durante os 389 anos de duração da Colônia e do Império, pouco ou
nada foi feito com relação à saúde;
• Não havia políticas públicas estruturadas, muito menos a construção
de centros de atendimento à população;
• Além disso, o acesso a tratamentos e cuidados médicos dependia da
classe social: pessoas pobres e escravos viviam em condições duras e
poucos sobreviviam às doenças que tinham.

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• As pessoas nobres e colonos brancos, que tivessem terras e
posses, tinham maior facilidade de acesso a médicos e
remédios da época. Portanto, suas chances de sobrevivência
eram maiores;
• Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808,
e a sua vontade em desenvolver o Brasil para que se
aproximasse da realidade vivida em Portugal, uma das
primeiras medidas foi a fundação de cursos universitários.

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• A ligação entre entidades religiosas e tratamentos de saúde é
bastante forte e existe desde a colonização do Brasil;
• Movimentos da Igreja Católica, entre outras, chegam a ter
2.100 estabelecimentos de saúde espalhados por todo o
território brasileiro, de acordo com a Confederação de Santas
Casas de Misericórdia (CMB);

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• De acordo com a Confederação das Santas Casas de
Misericórdia do Brasil, o surgimento das primeiras santas
casas coincidiu já com o “descobrimento” do Brasil;
• Elas foram criadas antes mesmo de o país se organizar
juridicamente e determinar as funções do Estado;
• Desde sua origem, as Santas Casas foram criadas e mantidas
pelas doações das comunidades.

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• De 1838 a 1940, as santas casas começaram a agir por meio da
filantropia, que é uma forma de “tornar a ajuda útil àqueles que
dela necessitam”. Mais importante do que bens, a filantropia
seria a orientação das pessoas e a preocupação com o seu bem-
estar futuro;
• As santas casas foram, durante décadas, a única opção de
acolhimento e tratamento de saúde para quem não tinha
dinheiro.

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• Em 1822, D. Pedro I declara a independência brasileira com
relação a Portugal bradando:“Independência ou morte!”;
• Além de transformar escolas em faculdades, D. Pedro I criou
órgãos para vistoriar a higiene pública principalmente na nova
capital brasileira, o Rio de Janeiro;
• A cidade, além de sofrer diversas mudanças urbanas, como
calçamento de ruas e iluminação pública, também visava a
higienizar o centro urbano – de maneira sanitária e social.

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• A higienização sanitária deveria ocorrer por conta das
recorrentes endemias de febre amarela, peste bubônica,
malária e varíola, doenças associadas à falta de saneamento
básico e de higiene;
• Os esgotos, na época, corriam a céu aberto e o lixo era
depositado em valas;
• Assim, o alvo da campanha pela saúde pública nesse princípio
de século XIX foi estruturar o saneamento básico.

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• Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o país ficou
dependente de mão de obra imigrante para continuar no cultivo de
insumos que eram a base da economia brasileira, principalmente o
café;
• Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas sanitários
e das epidemias. Portanto, para a recepção dos imigrantes europeus,
houve diversas reformas urbanas e sanitárias nas grandes cidades,
como o Rio de Janeiro, em que houve atenção especial às suas áreas
portuárias.

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• Para o governo, o crescimento do país dependia de uma população
saudável e com capacidade produtiva, portanto era de seu interesse
que sua saúde estivesse em bom estado;
• Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde,
sendo um dos destaques o médico Oswaldo Cruz, que enfrentou
revoltas populares na defesa da vacina obrigatória contra a varíola –
na época, a população revoltou-se com a medida, pois não foram
explicados os objetivos da campanha e do que se tratavam as vacinas;

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• As ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão Nordestino,
divulgando a importância dos cuidados com a saúde no meio
rural;
• Lá, porém, as pessoas eram muito pobres e continuavam em
moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo com a
disseminação de vacinas.

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• Ainda nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Caixas de
Aposentadoria e Pensão;
• Os trabalhadores as criaram para garantir proteção na velhice
e na doença. Posteriormente e devido à pressão popular,
Getúlio Vargas ampliou as CAPS para outras categorias
profissionais, tornando-se o IAPS: Instituto de Aposentadorias e
Pensões.

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• Com a presidência de Getúlio Vargas, houve reformulações no
sistema a fim de criar uma atuação mais centralizada, inclusive
quanto à saúde pública;
• O foco de seu governo foi o tratamento de epidemias e
endemias, sem muitos avanços, pois os recursos destinados à
saúde eram desviados a outros setores, visto que parte dos
recursos dos IAPS ia para o financiamento da industrialização.

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• A Constituição de 1934, promulgada durante o governo Vargas,
concedia novos direitos aos trabalhadores, como assistência
médica e “licença-gestante”;
• Além disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, a
CLT, determina aos trabalhadores de carteira assinada, além
do salário mínimo, também benefícios à saúde.

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Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez em
que houve um ministério dedicado exclusivamente à criação de
políticas de saúde, com foco principalmente no atendimento em
zonas rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem
tinha carteira assinada.

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• Houve duas bandeiras principais nessa conferência:

A criação de um sistema de saúde para todos, o direito à saúde


deveria ser universal;

A organização de um sistema descentralizado, visando ao


protagonismo do município. Além disso, afirma que a ditadura
militar, iniciada em março de 1964, sepultou a proposta poucos
meses depois.

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• A saúde sofreu com o corte de verbas durante o período de regime
militar e doenças como dengue, meningite e malária se
intensificaram;
• Houve aumento das epidemias e da mortalidade infantil, até que o
governo buscou fazer algo;
• Uma das medidas foi a criação do INPS, que foi a união de todos os
órgãos previdenciários que funcionavam desde 1930, a fim de
melhorar o atendimento médico.

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• Passou-se a enxergar a atenção primária de pacientes cada vez mais
como responsabilidade dos municípios;
• Os casos mais complexos eram responsabilidade dos governos
estadual e federal;
• Durante os anos de 1970, mesmo no auge do milagre econômico, as
verbas para saúde eram baixas: 1% do orçamento geral da União.

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• Ao fim da década, as prefeituras das cidades que mais cresciam
começaram a se organizar para receber e conceder aos
migrantes algum tipo de atendimento na área da saúde;
• Começou-se a estruturar políticas públicas que envolveram as
Secretarias Municipais de Saúde, que depois se estenderam aos
estados e a ministérios, como os Ministérios da Previdência
Social e da Saúde.

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• O movimento sanitarista foi de importância ímpar ao entendimento
de saúde pública, do conceito de saúde e também da evolução do
direito à saúde no Brasil;
• A reforma sanitária se refere às ideias de uma série de mudanças e
transformações necessárias à saúde;
• Sua composição era de técnicos da saúde e intelectuais, partidos
políticos, diferentes correntes e tendências e movimentos sociais
diversos.

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• Ao fim da década de 1970, o movimento adquiriu certa
maturidade em função de uma série de estudos acadêmicos e
práticos realizados, principalmente, nas faculdades de
Medicina;
• Nas universidades, o entendimento de medicina se tornava
cada mais social, pensando a saúde como uma série de fatores
que vão além do bem-estar do corpo humano.

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• De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alguns dos
atores do movimento sanitarista foram os médicos residentes e
as primeiras greves realizadas depois de 1968 e os sindicatos
médicos, que também estavam em fase de transformação;
• Enquanto a ditadura militar existia, o movimento sanitarista foi
“testando” uma série de hipóteses a respeito do seu
entendimento de saúde.

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• Os projetos envolviam:

Saúde Clínica de Pesquisas


comunitária; família; comunitárias.

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• Ao fim da ditadura, as propostas da Reforma Sanitária foram reunidas
num documento chamado Saúde e Democracia, enviado para
aprovação do Legislativo;
• Uma das conquistas foi a realização da 8ª Conferência Nacional da
Saúde em 1986;
• Pela primeira vez na história, foi possível a participação da
sociedade civil organizada no processo de construção do que seria o
novo modelo de saúde pública brasileiro.

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• A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro documento a
colocar o direito à saúde definitivamente no ordenamento
jurídico brasileiro;
• A saúde passa a ser um direito do cidadão e um dever do Estado.
A Constituição ainda determina que o sistema de saúde pública
deve ser gratuito, de qualidade e universal, isto é, acessível a
todos os brasileiros e/ou residentes no Brasil.

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• O Sistema Único de Saúde foi regulado posteriormente pela lei
8.080 de 1990, em que estão distribuídas todas as suas
atribuições e funções como um sistema público e pela lei 8.142,
também de 1990, que dispõe sobre a participação da
comunidade, gestão e financiamento do SUS.

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• Além da democratização da saúde (antes acessível apenas para
alguns grupos da sociedade), a implementação do SUS também
representou uma mudança do conceito sobre o qual a saúde era
interpretada no país.

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• Até então, a saúde representava apenas um quadro de “não-doença”,
fazendo com que os esforços e políticas implementadas se
reduzissem ao tratamento de ocorrências de enfermidades. Com o
SUS, a saúde passou a ser promovida e a prevenção dos agravos a
fazer parte do planejamento das políticas públicas.

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• O SUS é definido, pelo art. 198 (BRASIL, 1988), do seguinte modo: “As ações e
os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único”, organizado de acordo com
as seguintes diretrizes:
I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade [...]”.

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• Desta forma, o Sistema Único de Saúde é uma concepção
vitoriosa, cuja implantação nas duas décadas passadas exigiu
sério compromisso dos gestores, trabalhadores e usuários do
SUS.
• O progresso notável até aqui alcançado, todavia, permanece a
nos lembrar do que ainda temos por fazer.

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Gostaria de falar sobre o SUS Agora falando da equidade
Nosso sistema único de saúde Que luta pela igualdade
Que atende do rico ao pobre Lembre-se também de justiça
E concede um serviço nobre. Que é de suma prioridade.

Ao falar de integralidade
O SUS tem seus princípios
Pense no serviço integral
Vou citar os mais falados Ouvindo aos usuários
Universalidade, integralidade e equidade Pensando além de um sistema assistencial.
São esses os mais citados.
Qualidade do serviço é o que queremos
Quando o SUS traz a universalidade É preciso promover mudanças na organização
Possibilitando melhoras na qualidade dos cuidados
É para servir a todos
oferecidos
Sem discriminação e preconceito Atendendo a todos os níveis de atenção.
Pois todos temos direito.
Sérgio Alves

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