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Módulo
Concepções de Literatura e
II Ensino
Unidade
1
Discussão em torno da literatura na educação
básica
Autor
1
Discussão em torno da literatura na educação
básica
APRESENTANDO A UNIDADE
• um texto do livro Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com
literatura, do professor, autor de livros didáticos, William Roberto Cereja.
• Dessa maneira, as leituras e as atividades previstas para esta unidade foram pensadas
com algumas intenções, indicadas abaixo:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
TEXTO 1
Fonte: http://cinezencultural.com.br/
site/wp-content/uploads/2009/07/
O texto “A literatura reduzida ao absurdo” (2010), do
ensaísta Todorov, traz suas reflexões a respeito de sua própria
prática enquanto professor na França e, principalmente, ao se
literaturaemperigo.jpg
tornar pai, atendendo aos pedidos de ajuda feitos por seus filhos
em vésperas dos exames ou de entrega de deveres escolares.
Começou a perceber que seus conselhos ou intervenções
proporcionavam notas, sobretudo medíocres, fato que lhe
deixava embaraçado. Foi quando, em 1994 e 2004, tornou-se
membro do Conselho Nacional de Programas, uma comissão Figura 02
consultiva pluridisciplinar, ligada ao Ministério da educação
francês, que ele pôde ter uma visão mais abrangente do conjunto do ensino literário nas
escolas francesas. Foi nesse período que percebeu que uma ideia totalmente diversa
funciona na base não apenas da prática de alguns professores isolados, mas também na
teoria dessa disciplina e nas instruções oficiais que a delimitam.
Ao ler o programa dos lycées1 , contido no do Ministério da Educação (nº 6, de 32 de
agosto de 2000), sob o título “As perspectivas de estudo”, em particular o ensino do Francês,
Todorov constatou que o programa anunciava o estudo dos textos como contribuição para
formar a reflexão sobre: história literária e cultural, os gêneros e registros, a elaboração
da significação e a singularidade dos textos, a argumentação e os efeitos de cada discurso
sobre seus destinatários. Ao longo do texto, comentam-se essas rubricas e explica-se que
os gêneros “são estudados metodicamente”, que “os registros (por exemplo, o trágico,
o cômico)” são aprofundados no segundo ano do ensino médio, que “a reflexão sobre
a produção e a recepção dos textos constitui um estudo separado no lycée” ou que “os
elementos da argumentação” serão doravante “apreciados de maneira mais analítica”.
Todorov, então, reflete acerca dessas instruções, comentando que:
1 O lycée corresponde aos três últimos anos do ensino secundário. Na França, o ensino de literatura nos
níveis, secundário e médio é feito dentro da disciplina de Francês. (N.T.).
Todorov argumenta, ainda, que, nas escolas francesas – e isso se reflete também
nas nossas escolas – a escolha de o que ensinar enfrenta um limite entre o “estudo da
disciplina” e o “estudo do objeto”. Segundo ele, nas escolas, opta-se por estudar a disciplina
Literatura, ao invés de se estudar o objeto literário, a obra em si. Uma vez que, em sua
aula, o professor de literatura não pode se resumir a ensinar o que lhes pedem as instruções
oficiais. Ele estuda também as obras. Todorov observa que, nos exames de admissão para
universidades, as questões que os alunos deverão tratar são, em sua grande maioria, apenas
de um tipo. Conforme se observa no quadro:
• O sentido da obra não se resume ao juízo subjetivo do aluno > diz respeito a um
trabalho de conhecimento;
• Pode ser útil ao aluno aprender os fatos da história literária ou alguns princípios
resultantes da análise estrutural > em nenhum caso, o estudo desses meios de acesso
pode substituir o sentido da obra, que é o seu fim;
• Estudamos mal o sentido de um texto se nos atemos a uma abordagem interna estrita
> as obras existem sempre dentro e em diálogo com um contexto;
• Nem os meios nem a técnica nos devem fazer esquecer o objetivo do exercício >
devemos questionar sobre a finalidade última das obras que julgamos dignas de serem
lidas.
O leitor não profissional lê as obras literárias para nelas encontrar um sentido que
lhe permita compreender melhor o homem e o mundo, para descobrir uma beleza que
enriqueça sua existência, compreendendo melhor a si mesmo. Todorov finaliza:
O conhecimento da literatura não é um fim em si, mas uma das vias régias
que conduzem à realização pessoal de cada um. O caminho tomado
atualmente pelo ensino literário, que dá as costas a esse horizonte
(“nesta semana estudamos metonímia, semana que vem passaremos
á personificação”), arrisca-se a nos conduzir a um impasse – sem falar
que dificilmente poderá ter como consequência o amor pela literatura.
(TODOROV, 2010, p. 33).
TEXTO 2
ALÉM DA ESCOLA
Para exposição do texto “Além da escola”, de Tzvetan Todorov, optamos pelo gênero
textual esquema de leitura. Mesmo que as informações e discussões registradas pelo autor,
de certo modo, surjam comentadas em outros textos de outros estudiosos os quais leremos
ao longo de nosso curso. Nossa escolha para o estudo desse texto foi norteada por dois
critérios:
• As análises feitas por Tzvetan Todorov a respeito do pensamento teórico que norteiam
o ensino de literatura e seus reflexos nas práticas educacionais em aulas de literatura.
• Abordagem interna > estudo das relações dos elementos da obra em si;
• a abordagem interna (estudo das relações dos elementos da oba em si) deveria
contemplar a abordagem externa (estudo do contexto histórico, ideológico, estético)
4. No ano de 1969
• A tendência que se recusa a ver na literatura um discurso sobre o mundo ocupa posição
dominante no ambiente universitário.
• A tendência “niilista” = afirma que a literatura não descreve o mundo: mais do que
uma negação da representação, ela se torna a representação de uma negação;
Não, mas que cada um deve encontrar o lugar que lhe convém. No
ensino superior, é legítimo ensinar (também) as abordagens, os conceitos
postos em prática e as técnicas. O ensino médio, que não se dirige aos
especialistas em literatura, mas a todos, não pode ter o mesmo alvo; o que
se destina a todos é a literatura, não os estudos literários; é preciso então
ensinar aquela e não estes últimos. O professor do ensino médio fica
encarregado de uma das mais árduas tarefas: interiorizar o que aprendeu
na universidade, mas, em vez de ensiná-lo, fazer com que esses conceitos
e técnicas se transformem numa ferramenta invisível. (TODOROV, 2010,
p. 41).
TEXTO 3
http://www.editorasaraiva.com.br/
novidades2013/william_cereja.asp
A fim de discutirmos sobre as práticas do ensino de
literatura no ensino médio, com o intuito de facilitar a
leitura deste nosso próximo texto, optamos por uma forma
de orientação de leitura: o estudo dirigido. Apresentaremos
algumas questões que nortearão sua leitura. Vamos a elas:
1. Ao discutirem os problemas do ensino de Língua
Portuguesa, os Parâmetros Curriculares nacionais – Ensino
Médio (1999: 53) fazem referência à dicotomia em relação Figura 03 à
disciplina existente na LDB 5.692/71, que dividia em “Língua e
Literatura (com ênfase na literatura brasileira)”. Que crítica faz o autor em relação a esta
dicotomia?
2. Quais a habilidades básicas, segundo Cereja, o aluno, que conclui o ensino médio,
deveria dominar?
3. Para compreender o fracasso do ensino Literatura no
ensino médio, o que propõe o autor?
http://www.editorasaraiva.com.br/
novidades2013/william_cereja.asp
em que consiste a prática de ensino de literatura mais comum hoje? Comente os dois
domínios essenciais apontados por Cereja.
4. Em que consiste a abordagem historicista da literatura?
5. De acordo com a pesquisa feita por Cereja, quanto à metodologia, que
procedimentos são adotados?
6. Como é feita a transmissão dos conteúdos nas aulas de literatura?
7. Após essas observações, como se vê o texto literário?
1. Quando começa a circular os livros didáticos de literatura nos moldes como são
conhecidos hoje?
2. Qual era o material didático mais utilizado nas aulas de Português?
3. Quais são as categorias criadas por Alain Chopin (1992) a respeito do material
didático?
4. O que tornou consolidado o uso dos manuais didáticos?
5. De acordo com pesquisa realizada por Joly Gouveia e Antônio Augusto Gomes
Batista, quais as causas do rebaixamento da qualidade dos profissionais de ensino?
6. Qual é o ponto de vista de João Batista Oliveira?
7. Por que razão, os manuais didáticos de Língua Portuguesa conseguiram se firmar
no mercado?
8. Com fica o professor diante desse novo quadro mercadológico?
9. Qual o lado negativo dos manuais didáticos?
10. Como se justifica o sucateamento do magistério no contexto do início da década
de 1970?
11. Quais foram as cinco consequências, apontadas no texto de Cereja, por que
passou o ensino de literatura com a reforma do ensino?
Finalizando nossa leitura, convém referir-se às palavras finais do Willian Cereja acerca
dos manuais didáticos:
ATIVIDADES
LEITURAS OBRIGATÓRIAS
1. TODOROV, Tzvetan. “A literatura reduzida ao absurdo”. In: A literatura em peri-
go. 3.ed. trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2010. (p. 25-33).
2. __________. “Além da escola”. In: A literatura em perigo. 3.ed. trad. Caio Meira.
Rio de Janeiro: DIFEL, 2010. (p. 35-44).
3. CEREJA, William Roberto. “Ensino de literatura: entre a tradição transmissiva e o
tecnicismo pragmático”. In: Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o tra-
balho com literatura. São Paulo: Atual, 2005. (p. 54-88).
LEITURAS COMPLEMENTARES
1. SOUZA, Roberto Acízelo de. “A instituição dos estudos literários no Brasil”. In: O
império da eloquência: retórica e poética no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: EdUERJ:
EdUFF, 1999. (p. 17-37).
2. ZILBERMAN, Regina. “A escola e a leitura da literatura”. ZILBERMAM, Regina
& RÖSING, Tania M. K. In: Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo:
Global, 2009. (Coleção Leitura e Formação). (p. 17-39).
REFERÊNCIAS
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
ECO, Umberto. “Sobre algumas funções da literatura”. In: Sobre a literatura. Trad.
Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011. (Vira-vira). (p. 09-22).
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - http://bravonline.abril.com.br/materia/tzvetan-todorov-literatura-nao-teoria-
paixao
Figura 02 - http://cinezencultural.com.br/site/2009/06/19/livros-a-literatura-em-perigo/
Figuras 03 - http://www.editorasaraiva.com.br/novidades2013/william_cereja.asp
Figura 04 - http://www.editorasaraiva.com.br/portalportugues/default.
aspx?mn=21&c=0&s=33