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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD

Avaliação Presencial 3 (AP3) – 2020.1


Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental
Coordenadora: Profa. Helena Feres Hawad

DATA DE ENTREGA: 27/6/2020 – ATÉ AS 10h

INSTRUÇÕES

▪ Esta prova contém um texto e dez questões, no total de quatro páginas


(incluindo esta página com cabeçalho e instruções).

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BOM TRABALHO!
Monteiro Lobato e a literatura infantil brasileira

A literatura infantil brasileira inicia sob a égide de um dos nossos mais destacados
intelectuais: Monteiro Lobato. Se isso, por um lado, prestigiou o gênero no seu surgimento,
por outro fez com que, após Lobato, por muito tempo, a literatura infantil brasileira vivesse à
sombra de seu nome.
A obra do criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, ambiente rural que abriga suas
personagens, se dimensiona a partir de sua interação com o grupo social ou, mais
explicitamente, sua atuação como agente formador e modificador da percepção do público.
O sentido da obra de Lobato se torna mais evidente quando sua produção literária é
contraposta às características da vida cultural brasileira até determinado momento de nossa
história.
A influência da cultura portuguesa no Brasil não se restringiu à época colonial;
transcendeu o período de dominação política, expandindo-se concomitantemente à
influência de outras culturas, como a francesa e a inglesa. Desse modo, processa-se em
nossa formação histórica uma confluência cultural em que ao nativo se acrescenta o
pensamento estrangeiro. Não se trata, porém, de uma união. A cultura nativa, expressa
através da mitologia e da tradição indígena, ficou segregada e com uma circulação restrita,
uma vez que era agráfica: não tinha acesso ao livro.
Assim, desenvolveram-se, paralelamente, dois tipos de cultura no Brasil: uma
europeia, elitista, livresca; outra, nativa, popular, agráfica. Nessa medida, educar passou a
significar a restrição e o deslocamento do nacional em favor da imposição cultural
estrangeira. O intelectual, entre nós, passou a ter a função de importador de cultura; sem
questionamento ideológico, acolhia as soluções pré-fabricadas no estrangeiro. Manejava a
língua, explorando-a como instrumento persuasivo e recurso ornamental, mas não
manipulava as ideias que recebia; em relação a essas, seu papel era, apenas, o de um
divulgador.
O escritor brasileiro, formado pelo pensamento europeu, via seu país de fora, sua
terra lhe era estranha. Beletrista, cultivador de excentricidades vocabulares e da sintaxe
arrevesada, ele esteve, por muito tempo, afastado do povo em linguagem e em ideias.
Desligado das bases político-econômicas do país, exibia acriticamente o verbo fluente e
emotivo.
O registro das peculiaridades locais está presente em grande parte de nossa
produção literária. Porém, a identificação do escritor com seu meio, através da sensibilidade
e da inteligência, é caso pouco comum em nossas letras, até determinado estágio, e, por
isso, particulariza e dimensiona a produção intelectual de Monteiro Lobato no contexto da
literatura brasileira.
Observa Lúcia Miguel Pereira, ensaísta brasileira, que nossa literatura manifesta
uma divisão entre a sedução intelectual estrangeira e o anseio de se nutrir de cultura
popular, dualidade que existiria na base dos vários surtos regionalistas da literatura
brasileira. Monteiro Lobato soluciona essa repartição conciliando o que é nosso e as
inevitáveis e necessárias contribuições da cultura estrangeira. Volta-se para o Brasil sem a
situação paradoxal de brasileiro que descobre o exótico dentro de seu próprio país. Em
lugar da postura entusiasmada frente aos traços de brasilidade, o que caracterizou a obra
de tantos “nacionalistas”, encontra-se, em Lobato, ao lado da identificação de nossas
peculiaridades, inquietude perante a situação nacional nos seus diferentes âmbitos.
Assim é o nacionalismo de Lobato: sem ufanismos, sem patriotada, o olho crítico e
impiedoso na realidade do país, a inconformidade com os problemas da sociedade
brasileira. Bem distante do patriotismo “ama, criança, a terra em que nasceste”, deformado
pela pieguice que impede o confronto com a realidade, Monteiro Lobato escandaliza,
assusta e ameaça a modorra nacional. No bom-mocismo acomodado nas salas de visita
literárias, irrompe a figura inquietante de um escritor que não aceitava a ingestão passiva
das modas europeias por detestar a imitação, que questionava os modelos do sistema e
tinha outros para propor, alguém que queria puxar fila, e não segui-la.
O revolucionário na obra de Lobato ganha maior abrangência na literatura infantil que
ele inaugura entre nós. Rompendo com os padrões prefixados do gênero, seus livros infantis
criam um mundo que não se constitui num reflexo do real, mas na antecipação de uma
realidade que supera os conceitos e os preconceitos da situação histórica em que é
produzida.
A consciência social de Lobato levou-o a ter um cuidado especial com o leitor. A
convicção a respeito da importância da literatura no processo social, a visão do livro como
um meio eficaz de modificar a percepção confere ao destinatário um lugar particularmente
importante em seu mundo ficcional.
A leitura dos textos de Lobato possibilita uma nova experiência da realidade em que,
ao mesmo tempo que são conservadas as vivências já adquiridas, antecipam-se
possibilidades a serem experimentadas. É dessa maneira que o universo ficcional lobatiano
propicia novas aspirações, instiga fins e pretensões que abrirão caminho a experiências
futuras. Fugindo a todo moralismo que costuma acompanhar muito de perto a produção do
livro infantil, sua obra incentiva a investigação e o debate sobre questões a que o consenso
e os valores estabelecidos já haviam dado resposta. É nessa proporção que a obra
extrapola as expectativas de seus leitores, caracterizando-se pela ruptura com a moral
oficial, com os preceitos religiosos e com as normas estatais.
Monteiro Lobato cria, entre nós, uma estética da literatura infantil, sua obra
constituindo-se no grande padrão do texto literário destinado à criança. Sua obra estimula o
leitor a ver a realidade através de conceitos próprios. Apresenta uma interpretação da
realidade nacional nos seus aspectos social, político, econômico, cultural, mas deixa,
sempre, espaço para a interlocução com o destinatário. A discordância é prevista.
Por essas e outras razões, a obra literária de Monteiro Lobato está a exigir um
estudo do papel que desempenhou na vida brasileira através da influência exercida nas
gerações que conviveram, na infância, com seus livros.

CADEMARTORI, Lígia. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1987. p.43-52.
Fragmentos adaptados.

1. (1,0) Transcreva, dos dois primeiros parágrafos, a frase que melhor sintetiza o
conteúdo do texto como um todo. ATENÇÃO: Transcreva toda essa frase, e somente essa
frase.
Resposta: A literatura infantil brasileira inicia sob a égide de um dos nossos mais destacados
intelectuais: Monteiro Lobato.
2. (1,0) Explique resumidamente, com suas palavras, o que diferencia Monteiro Lobato
da maioria dos escritores brasileiros de até então, segundo o texto.

Resposta: Segundo o texto, Monteiro Lobato se diferencia por contrapor as


características da cultura brasileira uma vez que ele não seguia o padrão europeu
existente na época , mesmo porque Lobato não se deixava influenciar pela literatura
europeia , sempre fazendo sua obra baseada na vida simples do campo. Lobato tinha
plena consciência do seu leitor e com isso fazia sempre que ele se torna-se personagens
das suas estórias envolvendo de forma que ele pudesse ver através da realidade suas
estórias.

3. (1,0) Explique o sentido que tem, no contexto, a seguinte frase, extraída do terceiro
parágrafo: “Não se trata, porém, de uma união”.
Resposta: Entendi que a influência da literatura portuguesa se sobrepôs a cultura
nativa, pois essa ficou discriminada, por não se tratar da união de culturas , mas sim da
predominação de uma contra a outra. Apesar do indígena fazer parte da história
brasileira, culturalmente ele não possui visibilidade. o mesmo ainda é entendido como
um ser mítico, exótico e pitoresco, portanto restrito ao imaginário, sem relevância
literária. sua representatividade, como parcela formadora da nossa identidade, ainda
que real, é ignorada e, consequentemente discriminada pela cultura europeia.

4. (1,0) Aponte uma característica da obra de Monteiro Lobato destinada a crianças,


entre as mencionadas no texto.

Resposta: Apresenta uma interpretação da realidade nacional nos seus aspectos social,
político, econômico e cultural.
5. (1,0) Justifique o emprego dos dois-pontos e do ponto e vírgula na frase abaixo,
extraída do 4º parágrafo.
Assim, desenvolveram-se, paralelamente, dois tipos de cultura no Brasil: uma
europeia, elitista, livresca; outra, nativa, popular, agráfica.

Resposta: Os dois pontos são para indicar uma enumeração.

O ponto e vírgula foram usados para separar as partes de um período das quais uma,
pelo menos, esteja subdividida por vírgulas.

6. (1,0) Indique a que se referem, no contexto, as palavras sublinhadas nos fragmentos


abaixo.

a. (...) nossa literatura manifesta uma divisão entre a sedução intelectual estrangeira
e o anseio de se nutrir de cultura popular, dualidade que existiria na base dos vários surtos
regionalistas da literatura brasileira. (7º parágrafo)

Resposta: No texto a palavra dualidade faz referência a dois princípios, duas naturezas(
sedução intelectual estrangeira e a cultura popular).

b. Rompendo com os padrões prefixados do gênero, seus livros infantis criam um


mundo que não se constitui num reflexo do real (...) (9º parágrafo)

Resposta: A palavra gênero na frase fala das particularidades e características do


escritor.

7. (1,0) Indique um conectivo que poderia ser empregado no lugar do sinal ☺ na frase
abaixo, de modo a explicitar a relação de sentido entre as partes da frase, em conformidade
com o contexto.

O escritor brasileiro, formado pelo pensamento europeu, via seu país de fora, ☺ sua
terra lhe era estranha. (5º parágrafo)

Resposta: Como se
8. (1,0) Considere a seguinte frase (extraída, com adaptações, do 10º parágrafo):
A visão do livro como um meio eficaz de modificar a percepção confere ao
destinatário um lugar particularmente importante em seu mundo ficcional.

Indique a palavra que substitui adequadamente o sinal ☺ em cada versão reescrita da


frase, a seguir, em conformidade com a norma padrão.

a. A visão do livro como um meio eficaz de modificar a percepção confere ☺ criança


um lugar particularmente importante em seu mundo ficcional.
Resposta: à
b. A visão do livro como um meio eficaz de modificar a percepção confere ☺ cada
leitor um lugar particularmente importante em seu mundo ficcional.
Resposta: a

9. (1,0) Reescreva a frase abaixo (transcrita com adaptações do 8º parágrafo), de modo


a reduzir o grau de certeza expresso.

A pieguice impede o confronto com a realidade.

Resposta: A pieguice provavelmente impedirá o confronto com a realidade.

10. (1,0) Reescreva as frases abaixo, substituindo o verbo sublinhado por uma forma
do verbo haver, em conformidade com a norma padrão. Conserve o mesmo sentido da frase
original em cada caso.

a. Antes de Monteiro Lobato, quase não existiam bons livros para crianças no Brasil.
Resposta: Havia

b. Surgiram muitas obras importantes na literatura infantil brasileira após a criação do


Sítio do Pica-pau Amarelo.
Resposta: Houve

Aluna: Francisca da Costa Viana


Matrícula: 20112080207
Curso : Pedagogia
Polo: Belford Roxo

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