CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS LINGUÍSTICA: FORMALISMO PROF. YVANOWIK DANTAS VALÉRIO
MARCOS PAULO DE FREITAS RODRIGUES
DE ARAÚJO, Denise Castilhos. A produção de sentido em histórias em quadrinhos de
Batman. Porto Alegre: Edipucrs. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2002/Congresso2002_Anais/2002_NP16ARAUJ O.pdf
Denise Castilhos de Araújo é doutora formada em Comunicação Social pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, e tem como foco de pesquisas as áreas de narrativas quadrinizadas, gênero feminino, comunicação, corpo e imagem. A pesquisa selecionada da autora tem como principal objetivo, como a própria explícita: “identificar as possíveis significações percebidas nas histórias em quadrinhos de Batman” (ARAÚJO, 2002.). A história escolhida pela pesquisadora foi a clássica cena da morte dos pais de Bruce Wayne e suas diferentes representações através dos anos. Algumas das coisas que foram observadas: os traços dos desenhos, o físico do personagem, a temática abordada, além de como isso construiu a personalidade de Batman/Bruce Wayne. A fundamentação teórica são os conceitos do linguista Ferdinand de Saussure como significado, significação, signo e também suas dicotomias: língua e fala, para uso do recurso de metateoria para o embasamento das teorias do linguista Charles Sanders Peirce, este que difere de Saussure por possuir uma tricotomia para explicar os fenômenos linguísticos. Apesar da tricotomia de Peirce, a autora seleciona apenas o segundo dos três conceitos propostos pelo linguista, para isso ela justifica: “O motivo é o fato de serem as histórias em quadrinhos, objetos desse estudo, narrativas que se valem de elementos icônicos, indiciais e simbólicos para sua manifestação.” (ARAÚJO, 2002.). O primeiro ponto analisado é a aparência do herói do decorrer dos anos, em sua primeira aparição no final da década de 1930, Batman era simplesmente um homem fantasiado em uma roupa de morcego, o que chega a ser cômico o início do herói ter esse sentido comparado à maneira como o personagem se encontra hoje. A evolução dos traços do personagem não só transformou o Batman em um “cavaleiro” tendo em vista que o personagem atualmente não usa mais uma fantasia, mas uma armadura, como também mudou o físico de Bruce Wayne, ele que antes não tinha braços tão definidos, em seus traços modernos possui físico de atleta, tendo o que se chama o “corpo perfeito”, essa mudança acontece pela visão ocidental construída sobre de que maneira um herói deve ser e o quão segura a imagem dele se transmite pelo corpo. Não somente o "Cavaleiro das Trevas" teve essas mudanças, mas também na construção de sua persona. Regularmente, em suas histórias atuais é sempre relembrado qual é a motivação do homem-morcego e de onde ela surgiu, com o triste falecimento de seus pais, por conta disso Bruce/Batman se torna uma pessoa extremamente séria, calculista e também sombria, essa construção se dá ainda pelo luto pela morte de Thomas Wayne e Martha Wayne, apesar deste fatídico acontecimento o personagem não possuía tão forte essas características na sua personalidade em suas histórias antigas, porém com o avançar dos anos e suas representações para um público moderno, estes traços de personalidade foram sendo levemente incorporados ao salvador de Gotham City e se tornando o herói que conhecemos hoje em dia. É vantajoso destacar um artigo que trabalhe a semiolinguística criada por Saussure e ampliada por outros linguistas junto com a linguagem das HQs em razão da escassez de pesquisas acadêmicas envolvendo a utilização das duas áreas. A pesquisa feita por Denise Castilhos de Araújo se mostrou bem introdutória e interessante para o início destas pesquisas. De bom gosto, recomenda-se a leitura deste artigo para uma breve iniciação de escritas acadêmicas envolvendo estes dois eixos temáticos. REFERÊNCIAS
DE ARAÚJO, Denise Castilhos. A produção de sentido em histórias em
FICHAMENTO: ILARI, Rodolfo. O Estruturalismo Linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (Org.). Introdução a linguística. São Paulo, SP: Cortez, 2011. 3 v. cap. 2, p. 53-92.