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Acerola

Variedades e Características da Planta


Exigências
Propagação
Plantio e Culturas Intercalares
Irrigação e Fertirrigação
Doenças
Colheita e Pós-Colheita
Aspectos Econômicos

VARIEDADES E CARACTERÍSTICAS DA PLANTA voltar

1. Como são classificadas as variedades de aceroleira?

As variedades de acerola podem ser classificadas em doces, ácidas e sub-ácidas.


Estes tipos diferenciam-se principalmente pelos teores de açúcares - sólidos solúveis
totais (SST) e acidez total titulável (ATT) nos frutos maduros. As variedades doces
caracterizam-se por apresentar valores de STT elevados, iguais ou superiores a 11o
Brix, e valores de ATT iguais ou inferiores a 1% de ácido málico, o que faz com que as
mesmas sejam preferidas para consumo in natura, principalmente pela sua melhor
palatabilidade. As variedades ácidas são mais utilizadas na industrialização, sendo
que apresentam sabor pouco agradável, por conter teor de acidez elevado. Por sua
vez, as variedades sub-ácidas apresentam teores intermediários de açúcares e acidez,
podendo ser utilizadas para ambas as finalidades.

2. Quais são as variedades definidas para o plantio comercial?

Algumas variedades de acerola desenvolvidas mediante a seleção e clonagem de


genótipos, agronomicamente superiores, têm sido cultivadas na maioria das regiões
produtoras, a saber: Barbados, Flor Branca, Inada, Número 1, Okinawa, Olivier e
Sertaneja. Esta última foi lançada em 1998 pela Embrapa Semi-Árido, como resultado
de um programa de seleção de genótipos superiores para áreas irrigadas do Nordeste.
Outra variedade de interesse comercial, selecionada pela Embrapa Mandioca e
Fruticultura é a Variedade Cabocla, adequada para o consumo como fruta doce e de
boa palatabilidade.
3. Qual a produtividade média das principais cultivares utilizadas no Brasil?

Em condições técnicas adequadas para um plantio comercial, principalmente


relacionada à adubação, irrigação e uniformidade de plantas no pomar, pode-se
alcançar uma produção acima de 40 kg/planta/ano.

4. Quais são as principais características da acerola comercial para a indústria e


de frutas doces?

Tem sido utilizada a grande variabilidade genética observada entre plantas de acerola
oriundas de semente, associada à clonagem, via propagação vegetativa, daqueles
genótipos que reúnem maior número de características agronomicamente desejáveis.
As plantas selecionadas devem apresentar elevada produção de frutos (acima de 40
kg/planta/ano), sendo estes de tamanho médio a grande e com alto conteúdo de polpa
em relação ao caroço, ricos em vitamina C (acima de 1.000 mg de ácido ascórbico/100
g de polpa), de casca vermelha, grossa, e polpa firme, visando resistir a danos
mecânicos durante a colheita e transporte; além disso, os frutos devem apresentar
sabor agradável, conforme a preferência pessoal e uso: frutos doces para consumo in
natura, ácidos para processamento industrial e exportação, e semi-doces para uso
geral. O hábito de crescimento é variável entre genótipos, sendo que alguns
produtores preferem o tipo globular e aberto.

EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS E NUTRICIONAIS, CALAGEM E ADUBAÇÃO

5. Quais a faixas de temperatura e precipitação ideais para o cultivo da


aceroleira?

A acerola pode ser cultivada em quase todo o território nacional, havendo restrições
em localidades que apresentam temperaturas muito baixas e chuvas em excesso.

Devido à sua rusticidade, a acerola desenvolve-se bem tanto em climas tropicais como
subtropicais. Temperaturas médias, em torno de 26ºC, são consideradas adequadas.

Plantas adultas, cuja folhagem é persistente, têm-se mostrado resistentes a


temperaturas inferiores a 0ºC, comuns nas regiões Sul e Sudeste do país. Árvores
adultas suportam temperaturas em torno de –2ºC por curtos períodos, sem danos à
sua sobrevivência. Em períodos secos e frios, todavia, o desenvolvimento da planta
permanece estacionário, observando-se que temperaturas ao redor de 10ºC e
inferiores a esta determinam a queima de flores, causando sérios prejuízos à produção
de frutos. Quanto às plantas jovens, estas são mais sensíveis ao frio, não suportando
temperaturas inferiores a –1ºC.

Com a ocorrência de chuvas e de temperaturas mais elevadas, o crescimento


vegetativo, o florescimento e a frutificação são acelerados. Em razão disso, o período
de maior frutificação acontece na primavera-verão. Precipitações pluviais variando
entre 1.200 mm e 1.600 mm, bem distribuídas ao longo do ano, são consideradas
ideais.

Em regiões com precipitações anuais inferiores a 800 mm a ocorrência de déficit


hídrico é mais pronunciada, sendo necessária a complementação do suprimento
natural de água com irrigação.

6. Como devemos proceder para identificar as necessidades de correção do solo


no cultivo da acerola?

Entre os métodos de avaliação dos teores de nutrientes do solo os mais comuns são a
utilização das análises químicas do solo, de tecido vegetal e experimentação em
condições de campo.

A análise química do solo é o método que mais se adapta às necessidades dos


agricultores em função à sua praticidade, rapidez e baixo custo. Tem o objetivo de
predizer a disponibilidade dos nutrientes e a presença de elementos tóxicos. A
amostragem deve ser representativa e criteriosa conforme as orientações técnicas
visando obter informações corretas.

Em plantios a serem formados, a amostragem do solo deve ser efetuada antes da


aração e a amostra representar uma área de até 10 ha, composta de 25 a 30
subamostras, coletadas ao acaso, nas profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm.

Em plantios em produção deve-se retirar amostras nos locais onde foram aplicados os
adubos, nas mesmas profundidades.

Estas amostras deverão ser encaminhadas ao laboratório de análise de solo após a


coleta.
7. Quais as etapas para coletar uma amostra de solo no cultivo da acerola?

Os solos variam entre locais e até dentro de uma mesma quadra, exigindo a
subdivisão da área em sub-áreas mais ou menos homogêneas, de maneira a se obter
uma amostra representativa e que reflita o estado nutricional da gleba amostrada.
Para tal, consideram-se a topografia, a cor e o tipo de solo, bem como a textura, grau
de erosão, drenagem, vegetação e histórico de utilização.

Desse modo, é fundamental que a amostragem do solo seja executada corretamente,


pois, quando realizada de modo inadequado, compromete a validade da própria
análise química e, nesse sentido, recomenda-se considerar os seguintes aspectos:

Inicialmente, deve-se dividir a propriedade em quadras com áreas de, no máximo, 10


hectares, sendo cada uma delas uniforme quanto à topografia, cor, textura, drenagem,
histórico de utilização de adubos e corretivos;

Em cada quadra, as amostras devem ser retiradas da camada superficial (0-20 cm),
tendo-se o cuidado de remover restos de cultura ou qualquer outro material orgânico
existente na superfície do solo. Deve-se evitar, também, a retirada de amostras em
locais próximos a galpões, estradas, formigueiros, depósitos de adubos, pocilgas,
currais e residências. Na avaliação inicial de uma área e para acompanhamento das
transformações ocorridas no solo em função do manejo, recomenda-se coletar, a cada
dois a três anos, amostras nas camadas de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm;

A área amostrada deve ser percorrida em zigue-zague, retirando-se ao acaso, com


auxílio de trado, pá, enxada ou calha de jardineiro, amostras de 15 a 20 pontos
diferentes. Essas amostras devem ser reunidas em partes iguais em um recipiente
limpo, completamente homogeneizadas, para constituir a amostra composta que será
enviada ao laboratório, juntamente com a ficha questionário devidamente preenchida.
Para evitar contaminações, deve-se limpar as ferramentas entre uma amostra e outra;

Cada amostra composta deve ser identificada com o mesmo número registrado na
ficha de coleta, ou outros apontamentos de controle;
As amostras de solo podem ser coletadas em qualquer época do ano, aconselhando-
se, porém, amostrar o solo com uma certa antecedência ao plantio, pois, se houver
necessidade de calagem, esta deve ser efetuada um ou dois meses antes do plantio.

8. Quais são os solos mais adequados para o plantio de aceroleira?

Na escolha do solo, deve-se considerar suas propriedades físicas, químicas e


biológicas, pois destas dependerá o desenvolvimento da planta, principalmente quanto
à distribuição e vigor do sistema radicular.

A planta da acerola, devido à sua rusticidade, desenvolve-se bem em diversos tipos de


solos, preferindo, porém, aqueles férteis, profundos, bem drenados, podendo ser
cultivada tanto em solos arenosos como em argilosos, com preferência para os argilo-
arenosos. Os solos rasos, excessivamente pesados, encharcados e arenosos
oferecem restrições ao cultivo. Os arenosos, em geral, devem ser evitados, por
apresentar menor fertilidade, menor retenção de umidade, além de maior facilidade de
infestação por nematóides. Solos compactos (muito argilosos) e limosos, sujeitos ao
encharcamento e à salinização, também não são recomendáveis, haja vista os
problemas relacionados com o desenvolvimento do sistema radicular, bem como os
custos elevados com as práticas de manejo, pois nos períodos de chuva é comum a
má oxigenação das raízes, enquanto que na seca a indisponibilidade de água é
acentuada. Assim, os solos intermediários dos grupos argilo-arenoso, franco-argilo-
arenoso, franco-argiloso e franco são mais desejáveis por permitir maior vigor,
rendimento e longevidade da planta. Independentemente do grupo citado, é importante
considerar a profundidade e a declividade.

9. Em que momento devemos realizar a correção da acidez do solo no cultivo da


acerola?

Essa prática tem a finalidade de corrigir a acidez do solo e suprir as possíveis


deficiências de cálcio e magnésio (Ca e Mg), neutralizar elementos tóxicos, elevar o
pH, haja vista que esses fatores estão interligados.

A recomendação de calagem é, basicamente, realizada em função dos resultados da


análise química do solo.
O cálculo para estimar a quantidade de calcário é efetuado considerando-se a
percentagem de saturação por bases e também os níveis de Ca++ + Mg++ e/ou Al+++
trocáveis. A faixa, considerada como ótima de pH para aceroleira está entre 5,5 e 6,5
com saturação por bases em torno de 70%.

Em solos deficientes em Ca e Mg, com altos teores de Al no perfil, além da calagem


pode-se aplicar gesso em quantidade definida pela análise química do solo, visando o
fornecimento de Ca e S e propiciando maior movimentação de Ca e Mg para as
camadas mais profundas, resultando na neutralização do Al e favorecendo o
aprofundamento das raízes.

Para a recomendação do gesso não existem critérios bem definidos, podendo-se,


entretanto, associá-lo à calagem. Assim, quando esta é baseada na saturação por
bases, deve-se substituir 25% do CaO para a forma de gesso; quando se eleva os
teores de cálcio e magnésio e/ou neutraliza o Al, deve-se adicionar 25% a mais de
CaO com base no teor deste no calcário recomendado.

10. Quais são os nutrientes mais exigidos pela aceroleira e quais são os adubos
recomendados?

A adubação é uma prática indispensável para a obtenção de produtividade econômica.


A cultura é exigente em nutrientes, principalmente potássio e nitrogênio. A exportação
pelos frutos obedece a ordem decrescente K > N > Ca > P > S > Mg > Fe > Zn > Mn >
Cu. A maioria dos pomares estão implantados em solos de baixa fertilidade natural,
principalmente em fósforo. O início da produção a partir do segundo ano após o plantio
e a possibilidade de produzir até seis safras anuais contribuem para conceituar a
espécie como exigente em nutrientes.

O potássio é o elemento extraído em maior quantidade pelos frutos seguido do


nitrogênio e cálcio, evidenciando a importância destes elementos na nutrição da
acerola.

A adubação nitrogenada e a fosfatada são essenciais para o desenvolvimento inicial


da aceroleira, tanto da parte aérea como do sistema radicular.

As fontes de adubos devem ser as mais disponíveis no mercado, considerando-se o


custo por nutriente e incluindo sempre uma fonte que contenha enxofre. As fontes de
nitrogênio recomendadas são: uréia (45% N), sulfato (20% S) e nitrato (32% N) de
amônio. As de fósforo são: superfosfatos simples (18% P2O5) e triplo (41% P2O5),
fosfato mono amônico (48% P2O5) e diamônico (45% P2O5). E as de potássio: cloreto
(60% K2O) e sulfato (48% K2O) de potássio.

11. De que forma devemos aplicar a adubação orgânica na cultura da acerola?

A adubação orgânica favorece o desenvolvimento inicial das mudas. São


recomendados 20 litros de esterco de curral ou 15 litros de esterco de galinha/planta,
bem curtidos, colocados na cova antes do plantio, e duas vezes por ano em cobertura
na projeção da copa face a melhoria que promove nas propriedades físicas, biológicas
e químicas do solo.

Quando necessário, conforme análise de solo, podemos associar o uso do esterco de


curral à torta de mamona e elementos químicos, sempre baseados na análise química
da área a ser cultivada.

PROPAGAÇÃO E PRODUÇÃO DE MUDAS

12. Por que obter mudas pelo métodos de propagação por estaquia?

Dentre as práticas de propagação vegetativa, a estaquia possibilita a formação de


mudas geneticamente uniformes, em maior quantidade em relação à enxertia e com
início de produção mais precoce, 6 a 8 meses após o plantio. As plantas oriundas
desse processo, porém, possuem um sistema radicular superficial e pouco
desenvolvido, mostrando-se mais sujeitas ao tombamento em regiões de ocorrência
de ventos fortes, bem como mais suscetíveis ao estresse hídrico, em razão da menor
profundidade de seu sistema radicular e ausência de raízes pivotantes. Além disso, o
percentual de enraizamento das estacas é baixo em algumas variedades exigindo o
uso de reguladores de crescimento como o ácido indolbutírico para acelerar o
processo de enraizamento.

13. Como podemos obter mudas por estaquia?

O material propagativo usado na estaquia deve ser coletado a partir de matrizes pré-
selecionadas, comprovadamente produtivas e com boa qualidade de frutos, livres de
pragas e doenças. É importante observar a utilização de estacas herbáceas (ramos
terminais), vigorosas, túrgidas, com 0,3 a 0,4 cm de diâmetro e 10 a 15 cm de
comprimento, contendo de dois a quatro internódios e dois pares de folhas, sendo
recomendável plantá-las o mais rápido possível após a coleta, pois isto determina um
maior percentual de enraizamento.

14. Quais são os tipos de recipientes, substratos e sistema de irrigação mais


adequados para o enraizamento das estacas de acerola?

Como leito de enraizamento, além de bandejas, tubetes, sacos plásticos, canteiros,


entre outros, diversos substratos podem ser empregados, a exemplo de:

areia lavada;
areia lavada acrescida de vermiculita, na proporção de 1:1;
areia lavada acrescida de casca de árvore triturada, a exemplo do pinheiro, ou de
serragem, na proporção de 1:1;
areia lavada acrescida de esterco bovino, curtido, na proporção de 3:1;
vermiculita acrescida de casca de árvore triturada, a exemplo do pinheiro, ou de
serragem, na proporção de 1:1;
vermiculita acrescida de esterco bovino, curtido, na proporção de 3:1.

Recomenda-se que todos esses substratos de enraizamento sejam desinfestados


antes de sua utilização, principalmente no tocante à eliminação de nematóides do
gênero Meloidogyne.

O processo de enraizamento das estacas é favorecido pela utilização de um sistema


de irrigação por nebulização intermitente, que assegure a plena saturação de umidade
no ambiente onde as estacas serão enraizadas. Visando acelerar o enraizamento,
recomenda-se utilizar fitohormônios, como os ácidos indolbutírico ou indolacético, em
concentrações em torno de 200 mg/l, imergindo a base das estacas (terço inferior) na
solução por um período aproximado de 14 horas.

Após o período de enraizamento, em bandejas, cuja duração média varia em torno de


50 a 60 dias, as mudas enraizadas são transplantadas para tubetes ou sacos
plásticos.

15. Quais as vantagens em produzir mudas de acerola pelo processo de


enxertia?
A enxertia, é uma prática que tem a vantagem de aproveitar os efeitos benéficos de
porta-enxertos que conferem à combinação copa/porta-enxerto a possibilidade de
apresentar uma maior resistência/tolerância a nematóides e ao estresse hídrico, entre
outros fatores adversos, associados ao sistema radicular das plantas. Além disso,
presume-se que o porta-enxerto possa influenciar o vigor, produtividade, qualidade de
frutos, resistência/tolerância a pragas e doenças, a exemplo do que se observa em
outras espécies frutíferas propagadas por enxertia.

Cabe lembrar que as mudas propagadas por enxertia, tendo, como base, porta-
enxertos obtidos de sementes, possuem um sistema radicular vigoroso, o qual, por
apresentar raiz pivotante, confere uma maior firmeza da planta ao solo, efeito este que
deve ser levado em conta principalmente na implantação de pomares em áreas
sujeitas a ventos fortes.

16. Como obter sementes de acerola visando a produção de mudas/porta-


enxertos?

As sementes devem ser obtidas de frutos maduros, evitando aqueles que se


encontram caídos no solo. Uma vez colhidos, os frutos devem ser lavados para a
retirada dos caroços que contêm as sementes, eliminando toda a polpa. Uma vez
limpos, os caroços devem ser secos à sombra, em ambiente ventilado, até que sua
umidade fique em torno de 12%. Este nível de umidade pode ser alcançado em três
dias a uma temperatura ambiente em torno de 27oC e umidade relativa do ar entre
60% e 70%.

17. Quais os tipos de recipientes e canteiros apropriados para a sementeira e


quando inicia a germinação das sementes de acerola?

Recomenda-se que a germinação das sementes seja feita em canteiros ou em caixas


de madeira, plástico ou isopor. Os canteiros devem medir 1 m de largura, 15 cm a 20
cm de altura e 10 m a 20 m de comprimento, separados entre si por caminhos de 50
cm a 60 cm de largura.

O início da germinação ocorre 20 a 25 dias após a semeadura, sendo recomendável


evitar períodos sujeitos a baixas temperaturas (iguais ou inferiores a 15oC). Quando
as plantas atingirem 5 cm de altura, pode-se realizar sua repicagem para sacos
plásticos, tubetes ou outros recipientes. Nesta etapa, deve-se proceder a eliminação
de plantas desuniformes, fora do padrão do conjunto, a exemplo daquelas raquíticas,
albinas e malformadas.

18. Qual o recipiente e ambiente mais adequado para a produção de mudas de


acerola após a repicagem?

A partir da repicagem para sacos plásticos (sacos de polietileno preto com dimensões
de 18 cm a 20 cm de diâmetro x 20 cm a 25 cm de altura x 0,010 mm de espessura), a
fase de viveiro pode ser conduzida a céu aberto ou sob condições de ambientes
protegidos com estruturas formadas com palhas, ripas, telas sintéticas ou outros
materiais disponíveis, recomendando-se 60% a 70% de luminosidade natural. Em se
tratando de tubetes (8 cm de diâmetro x 20 cm de altura), é preferível que a condução
do viveiro não seja feita a céu aberto, de modo a evitar a ocorrência de estresses
hídricos, em razão do pequeno volume de solo disponível ao desenvolvimento do
sistema radicular das plantas e do fato dos tubetes, por serem sustentados por uma
estrutura que os mantêm afastados do solo, ficarem mais expostos à perda de
umidade em decorrência de uma maior circulação do ar em torno de suas superfícies.

19. Quais as orientações do processo de enxertia na produção de mudas de


acerola?

Quando a haste do porta-enxerto atingir o diâmetro de 4 mm a 6 mm,


aproximadamente ao diâmetro de um lápis, a 15 cm a 20 cm do colo da planta, pode-
se realizar a enxertia. Sob condições adequadas de cultivo, espera-se que as plantas
alcancem este desenvolvimento entre seis a oito meses após a germinação. A enxertia
pode ser feita mediante as técnicas de garfagem no topo ou fenda-cheia e de
garfagem lateral ou a inglês-simples. Há evidências de que os métodos de borbulhia
em T normal e em placa com lenho não apresentam resultados satisfatórios quanto à
percentagem de pegamento de enxerto. É importante, ainda, atentar para a
necessidade de que os propágulos (garfos) devem possuir o mesmo diâmetro dos
porta-enxertos na região da enxertia, caso contrário a soldadura dos tecidos do garfo e
do porta-enxerto não será bem sucedida. Após esta operação, deve-se fixar o local da
enxertia mediante o uso de uma fita plástica apropriada para esta finalidade (elástica,
com 2 cm de largura x 25 cm de comprimento e 0,010 mm de espessura), observando-
se sua disposição no sentido de baixo para cima de modo a evitar a penetração de
umidade, removendo-a cerca de 20 a 30 dias após. Este processo não deve ser
realizado em dias chuvosos, pois nessas condições o pegamento dos enxertos é
comprometido pelo excesso de umidade. Sob condições adequadas, espera-se uma
percentagem de pegamento de enxerto em torno de 80%. Cerca de 60 dias após a
enxertia, a muda deve estar apta para plantio no campo, desde que ocorram
condições adequadas de desenvolvimento vegetativo.

20. De onde provêm os garfos para a enxertia e qual o período ideal para a
coleta?

Os garfos devem ser obtidos de plantas matrizes selecionadas em função de sua


elevada produtividade, boa qualidade de frutos e estado fitossanitário satisfatório
(isentas de pragas e doenças). Tais garfos devem apresentar-se semi-lenhosos, de
coloração marrom, com comprimento de 15 cm a 20 cm e diâmetro de 4 mm a 6 mm,
aproximado ao diâmetro de um lápis.

O período ideal da coleta de garfos é aquele posterior à recuperação vegetativa da


planta, que ocorre após a safra.

21. Mudas de acerola podem ser transportadas na forma de raiz nua?

Sim. Visando facilitar e diminuir custos referentes ao transporte à longa distância,


recomenda-se o manejo de mudas com raiz nua, protegendo-as com tecido, papel,
serragem, vermiculita, palhas, entre outros envoltórios, deixando-os úmidos até o
momento do plantio no campo. Tomados os devidos cuidados, o pegamento é elevado
em nível de campo.

PLANTIO, TRATOS CULTURAIS E CULTURAS INTERCALARES

22. Como obter uma muda de acerola padronizada e de boa qualidade e quando
deve ser feito o plantio?

Atualmente, existem normas que definem padrões relativos à produção de mudas de


acerola. Assim, recomenda-se que a aquisição de mudas seja feita a partir de
viveiristas credenciados e idôneos, que garantam não só a qualidade fitossanitária
como também a boa procedência genética desses materiais.
O plantio deve ser feito, preferencialmente, no início da estação chuvosa, por facilitar o
pegamento e o desenvolvimento da muda. Porém, com a possibilidade de irrigação,
pode-se realizá-lo em qualquer época do ano, desde que se evite períodos de baixas
temperaturas, inferiores a 15oC.

23. É necessário aclimatar as mudas de acerola antes do plantio?

Após sua formação, quando a muda se encontra pronta para o plantio, é fundamental
que se faça sua prévia aclimatação, visando evitar danos à mesma causados pela
insolação. Esta prática é efetuada ainda no viveiro, consistindo na remoção gradual do
sombreamento. Este, durante o período de formação da muda, deve ser da ordem 30
a 40%, a depender da intensidade local de insolação. Por ocasião da aclimatação, o
sombreamento deve ser reduzido gradativamente, até sua eliminação total.

24. De que maneira se faz o plantio da acerola?

Quando a muda atinge a altura de 30 a 40 cm, procede-se o seu plantio no local


definitivo. Nessa ocasião, é importante que o colo da planta (região limítrofe entre o
início do sistema radicular e o caule) fique no mesmo nível ou um pouco acima da
superfície do solo, visando evitar danos causados por fungos.

É recomendável que as mudas sejam plantadas em dias nublados ou nas horas mais
frescas, sempre que possível, de modo a aumentar seu índice de pegamento. Logo
após o plantio, recomendam-se regas leves e freqüentes, observando-se o tipo de solo
(leves ou pesados) e o sistema de irrigação. O plantio das mudas em áreas não
irrigadas deve ser feito durante o período de chuvas.

25. Quais as dimensões dos sulcos e covas para o plantio?

Caso o plantio seja feito em sulcos, estes devem ter uma profundidade de 40 a 60 cm.
Se forem abertas covas, estas devem ter as dimensões de, no mínimo, 40 cm x 40 cm
x 40 cm. A abertura das covas pode ser feita utilizando-se uma broca acoplada ao
trator, o que resulta em maior rendimento, atentando-se, porém, para os
inconvenientes da compactação lateral do solo nas paredes das covas. Nesta
situação, deve-se quebrar a superfície vertical interna da cova, que ficou endurecida
na operação de abertura, impedindo a penetração das raízes.
Caso as covas sejam abertas manualmente, recomenda-se que a terra retirada da
superfície (camada "A") seja colocada em um lado e a da porção mais profunda
(camada "B") em outro lado da cova. Na porção superficial, são misturados os
fertilizantes químicos e orgânicos e então a cova é preenchida, invertendo-se as
camadas: primeiro a camada "A" (terra superficial misturada aos adubos) e depois a
camada "B".

26. Quais os espaçamentos mais indicados para a cultura da acerola?

Em um pomar de acerola, o espaçamento é escolhido em função do nível de manejo a


ser adotado (mecanizado ou não), do porte da variedade (ereto ou globular) e da
maior ou menor fertilidade do solo. O espaçamentos mais utilizados variam de 5,0 m x
1,5 m a 5,0 m x 2,0 m, em regiões semi-áridas, e de 5,0 m x 2,0 m a 5,0 m x 4,0 m em
regiões com precipitação elevada, acima de 1.400 mm. Os espaçamentos mais
adensados poderão sofrer ajustes posteriores, em conseqüência de possíveis
diminuições da produtividade. Esta prática consiste em eliminar plantas na linha de
plantio, reduzindo a concorrência entre plantas.

27. Quais os cuidados especiais que devemos ter na instalação de um pomar de


acerola?

É aconselhável proceder a instalação de um sistema de irrigação adequado nas


situações em que as condições climáticas locais apresentem limitações relacionadas a
baixos índices pluviométricos (inferiores a 1.200 mm). Por outro lado, é recomendável
o emprego de um sistema eficiente de drenagem em terrenos sujeitos a alagamentos
constantes. Em situações onde a declividade for acentuada, faz-se necessário adotar
práticas conservacionistas, como plantio em curvas de nível, terraceamento, entre
outras. Cabe mencionar, também, que a acerola é muito exigente quanto a insolação,
sendo contra-indicados locais sombrios, frios e pouco arejados. Além disso,
recomenda-se o plantio intercalado de pelo menos duas variedades de acerola
visando favorecer o vingamento de frutos com a polinização cruzada.

28. Quais as técnicas de controle de plantas daninhas em um pomar de acerola?

O controle de plantas daninhas no pomar de acerola pode ser manual, químico ou


mecânico. O controle manual por meio de capinas é comum em pequenas
propriedades, que utilizam mão-de-obra familiar, de forma satisfatória e de baixo
custo.

Em grandes áreas, o controle de plantas daninhas pode ser feito com aplicação, nas
linhas de plantio, de herbicidas pós-emergentes, e nas entrelinhas, com controle
mecânico utilizando grade (apenas nos primeiros meses após o plantio) ou roçadeira.

29. Quais as vantagens em manter o solo isento de plantas daninhas e com


cobertura morta?

O controle de plantas daninhas tem como objetivo principal evitar que elas
prejudiquem o desenvolvimento da aceroleira. Além disso, contribui para o controle
preventivo de pragas e doenças e facilita a circulação na área para a realização das
atividades de colheita, manejo da irrigação, fertilização e podas.

O uso de cobertura morta nas linhas de plantio proporciona a conservação da umidade


no solo, a diminuição de danos causados por nematóides, o controle de plantas
daninhas, a regulação da temperatura do solo e a incorporação de matéria orgânica,
sendo indicada especialmente para solos arenosos.

30. São necessárias podas na aceroleira?

Sim. Podas de formação, de frutificação e de limpeza, quando bem executadas,


facilitam significativamente o manejo da cultura e principalmente a colheita.

A partir da instalação do pomar, após quatro meses (ambientes com precipitação


acima de 1200 mm) ou seis meses (ambientes semi-áridos, com precipitação entre
800 a 1000 mm), deve-se iniciar a desbrota ao longo de um segmento de até 50 cm de
altura do tronco da planta, visando a formação de uma única haste, até este ponto.

A poda de formação objetiva originar uma planta com copa baixa, aberta, com 3 a 4
ramos principais dispostos simetricamente entre 30 a 40 cm de altura da superfície do
solo. Esta poda inicia-se no viveiro e se estende até o primeiro ano após o plantio para
um crescimento uniforme das plantas. Podas de limpeza são recomendadas após
cada colheita, retirando-se ramos velhos, secos e debilitados. Anualmente pode ser
realizada uma poda dos ramos terminais, no final do inverno, antes da brotação
primaveril para estimular novas brotações que contêm os botões florais.
Em razão do aparecimento de brotações laterais, tanto no tronco principal como
também nos quatro a cinco ramos secundários, são necessárias podas corretivas. A
eliminação dessas brotações evitará o adensamento da copa, melhorando seu
arejamento e penetração dos raios solares, favorecendo a frutificação. Além disso,
podas corretivas também podem ser dirigidas aos ramos basais localizados na
projeção da copa (saia) em contato com o solo, de modo a facilitar outras práticas
culturais como irrigação, adubação de cobertura e controle fitossanitário.

31. O vento pode prejudicar a aceroleira?

Sim. Em regiões sujeitas a ventos fortes e contínuos é comum a quebra de ramos e o


tombamento de plantas, principalmente no caso de mudas obtidas por estaquia devido
ao menor desenvolvimento de seu sistema radicular. Assim, nessas situações, como
medida de proteção, recomenda-se a implantação de quebra-ventos, tutoramento das
plantas jovens e realização de podas visando promover o engrossamento dos ramos
principais, tornando-os mais resistentes.

32. É possível usar culturas intercalares no pomar de acerola?

Sim. O plantio de culturas intercalares como alternativa para reduzir os custos com o
controle de plantas daninhas, também possibilita proteger o solo contra erosão, além
de diversificar o meio ambiente, aumentando a presença de inimigos naturais de
determinadas pragas, e obter uma renda suplementar. É recomendável que se utilize
entre as linhas do pomar culturas de ciclo curto, a saber: abacaxi, amendoim, feijão
Caupi, feijão-de-porco, crotalária, milho, mamão, maracujá, batata-doce, mandioca,
inhame, fumo entre outras.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO

33. Qual a vantagem do uso da irrigação no cultivo da acerola e quais os


métodos mais indicados?

O uso da irrigação implica em acréscimos de produtividade de pelo menos 100%, além


de aumentar o número de safras por ano e aumentar o tamanho dos frutos. Em
regiões onde a temperatura média mensal se mantém em patamares mais elevados
pode-se chegar a nove safras por ano, o que não é recomendável devido o
esgotamento excessivo da planta. Recomenda-se até seis safras, no máximo, por ano
com uso de irrigação. A irrigação é recomendada para regiões onde ocorre déficit
hídrico significativo em alguns meses do ano, como na região semi-árida do nordeste.

A acerola adapta-se bem aos métodos de irrigação pressurizados (aspersão e


localizada) e por gravidade (sulcos). A escolha do método e do sistema de irrigação
depende principalmente dos recursos hídricos disponíveis, da topografia do terreno, do
clima, do solo e da disponibilidade de recursos financeiros do produtor. Locais
regulares (planos), onde as fontes de água não constituem limitação, com solos de
textura argilosa são propícios ao uso de irrigação por superfície (sulcos). Solos de
textura média a argilosa em terrenos irregulares podem ser irrigados por sistemas
pressurizados. Pode ser usada a aspersão convencional com aspersores de hastes
longas de modo que os mesmos fiquem no nível da copa das plantas, podendo o
sistema ser fixo ou móvel. Outros sistemas de aspersão como o pivô-central podem,
também, serem usados para a acerola. Em solos de textura média, onde há limitação
de água, a irrigação localizada (gotejamento ou microaspersão), pela maior eficiência,
pode ser mais adequada. Em solos de textura arenosa, com baixa retenção de água, a
irrigação localizada é mais adequada, sendo que o sistema de microaspersão é mais
indicado pela maior área molhada no solo.

34. Como devemos instalar os sistemas de irrigação mais indicados?

No caso do uso da microaspersão, independente do espaçamento entre fileiras,


quando o espaçamento entre plantas for igual ou inferior a 3m, os microaspersores
podem ser instalados entre plantas ao longo da fileira, na disposição de um
microaspersor para duas plantas. Para espaçamentos entre plantas ao longo da fileira
iguais ou superiores a 4 m, recomenda-se instalar o emissor junto a planta no primeiro
ano, movendo-o para uma posição entre duas plantas a partir do segundo ano. No uso
do sistema de gotejamento, optar por quatro gotejadores por planta dispostos em anel
em torno da planta.

DOENÇAS E PRAGAS

35. Quais as doenças mais comuns na aceroleira?

Várias doenças atacam a aceroleira, cuja severidade depende da região e das


condições climáticas. Dentre as doenças mais comuns destacam-se a antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides), a cercosporiose (Cercospora sp.), e a seca
descendente de ramos (Lasiodiplodia theobromae).

36. Quais são as medidas gerais para controle de doenças e pragas da


aceroleira?

O uso de produtos químicos sempre aparece como uma alternativa para o controle de
doenças e pragas. No caso do cultivo de acerola, entretanto, a utilização desta
alternativa esbarra em dois problemas básicos:

Ausência de produtos com registro para uso em cultivos de acerola;


Risco de resíduos em frutos, devido ao curto período entre a floração e a colheita
(aproximadamente 21 dias).

Diante disto, a utilização do controle químico deve ser direcionada para problemas que
estejam afetando mudas em viveiro e plantas fora da época de floração e frutificação.
Recomenda-se ainda a utilização de produtos de baixa toxicidade e curto período de
carência, principalmente na eventualidade de utilização do controle químico em
plantas no estádio inicial de floração.

Considerando as características da aceroleira, deve-se enfatizar e priorizar o uso do


controle integrado com a aplicação de práticas culturais que reduzam a incidência e/ou
severidade de doenças e pragas, destacando-se:

Utilização de podas de limpeza, para eliminação de ramos secos muitas vezes


afetados por Lasiodiplodia theobromae, bem como ramos atacados por cochonilhas;
Utilização da poda de raleio, para a eliminação do excesso de ramos, muito comum
na aceroleira. Isto melhora o arejamento da copa, reduz o nível de umidade no seu
interior, permite maior penetração de luz e, consequentemente, reduz a proliferação de
fungos.
Coleta e enterrio dos frutos atacados e caídos no solo.

37. Quais são as principais pragas da aceroleira?

As principais pragas da aceroleira são as seguintes: pulgão (Aphis spp), percevejo


vermelho (Crinocerus sanctus), ortézia (Orthezia praelonga), bicudo do botão floral
(Anthonomus acerolae), cigarrinha (Bolbonata tuberculata), mosca-das-frutas (Ceratitis
capitata), cochonilha parda (Coccus hespiridium) e formigas cortadeiras (Atta spp).

Das espécies descritas, o pulgão, o percevejo vermelho e a ortézia são as que


causam os maiores prejuízos. A inspeção dessas pragas no pomar deve ser feita
quinzenalmente durante o período de setembro a janeiro.

38. Quais são os sintomas de ataque de nematóides na aceroleira e quais são as


medidas de controle mais eficazes?

Dentre os problemas fitossanitários que afetam a produtividade de pomares de


acerola, destaca-se a presença de nematóides, especialmente o nematóide-das-
galhas (Meloidigyne spp). O ataque caracteriza-se pela formação de entomescimentos
nas raízes, denominados galhas. Quando a formação de galhas nas raízes é elevada,
a aceroleira exibe amarelecimento na parte aérea, redução no tamanho das folhas e
nanismo, podendo resultar em declínio e morte das mesmas.

As medidas mais eficazes no controle de nematóides são as preventivas, destacando-


se: a) obtenção de mudas sadias em solo tratado com nematicida fumigante; e b) o
plantio em áreas livres do nematóide, com adição de matéria orgânica e adubação
química adequada.

COLHEITA E PÓS-COLHEITA

39. Qual o período de início da colheita de acerola e qual a produção esperada?

O período, após o plantio, necessário para o início da produção de frutos da aceroleira


está relacionado à origem da muda. A planta, quando proveniente de propagação
vegetativa (plantas enxertadas ou obtidas de estacas), produz os primeiros frutos
ainda no primeiro ano, intensificando sua produção a partir de 2,5 a 3,0 anos do
plantio, quando chega a produzir acima de 40 kg de frutos/planta/ano. Plantas obtidas
a partir de sementes inicia normalmente a sua produção a partir do segundo ano,
mesmo quando irrigadas em ambiente semi-árido ou cultivada em regiões com
precipitação pluviométrica elevada. Nestas condições, as plantas tendem a crescer
com alto vigor, o que também contribui para atrasar a frutificação.
40. Existe alguma relação entre os diferentes ecossistemas e o florescimento e
frutificação da acerola?

O florescimento e a frutificação ocorrem de quatro a sete vezes por ano, espaçados


por pequenos períodos de crescimento vegetativo. Em regiões de clima continuamente
quente, a planta pode apresentar frutos durante quase o ano todo, sobretudo sob
condições irrigadas. Nas demais regiões, porém, a planta passa por um repouso
vegetativo e produtivo durante o período frio (ou menos quente), que, no caso dos
Tabuleiros Costeiros do Nordeste (a exemplo de Cruz das Almas, Bahia) se estende
do final de junho a início/meados de setembro.

41. De que forma podemos realizar a colheita da acerola?

Na safra, a colheita é manual, podendo ser realizada diariamente, em dias alternados


ou a cada três dias, o que implica em alta demanda de mão-de-obra: cerca de 4-5
pessoas por hectare, com um rendimento médio de 10 a 15 caixas colhidas por
pessoa/dia (aproximadamente 15 kg/caixa). O acondicionamento dos frutos deve ser
feito em caixas plásticas de baixa profundidade (20 a 30 cm), vazadas lateralmente e
polidas ou lisas no seu interior para evitar danos aos mesmos durante o manejo. Os
colhedores devem ser adequadamente treinados para o trabalho de colheita,
procurando evitar danos mecânicos nos frutos que aceleram a sua deterioração. Além
disso, devem vestir roupas adequadas por causa da pilosidade da planta que pode
causar irritações na pele. Os frutos devem ser colhidos preferencialmente nas horas
mais frescas do dia, esfriadas rapidamente e armazenadas à temperatura de 7oC para
reduzir perdas antes do processamento.

42. Qual é o estádio de maturação mais adequado para a colheita dos frutos de
acerola?

O fator determinante do ponto de colheita é o destino que se pretende dar aos frutos.
No caso de congelamento ou processamento na forma de suco ou polpa e para
consumo ao natural em mercados locais, os frutos devem ser colhidos com coloração
vermelho intensa (maduros), mas ainda firmes para suportar o manuseio. Neste
estádio de maturação o fruto apresenta teor de açúcar mais elevado e acidez mais
baixa. Os frutos maduros são também mais saborosos e suculentos, mas exigem
consumo imediato (dentro de 24 horas após a colheita), caso não sejam congelados,
pois a sua epiderme (pele) é bastante delicada e qualquer impacto provoca rupturas e
rápida fermentação da polpa. Os frutos devem ser colhidos ainda verdes ou imaturos
quando se destinam à fabricação de produtos onde o teor de vitamina C é a
característica mais importante, a exemplo de produtos em pó ou liofilizados, ultra
filtrados, cápsulas e concentrados para enriquecimento de outros alimentos.

Os frutos "de vez" ou entremaduros, em início de maturação e de mudança de


coloração da casca, com predominância de amarelo, são mais ácidos e mais ricos em
vitamina C e resistem melhor ao manuseio e comercialização. Além disso, devido à
sua maior consistência, podem ser comercializados durante três a quatro dias.
Imediatamente após esta fase de maturação ocorre uma diminuição acentuada do teor
de vitamina C. Ainda no estádio "de vez", o fruto atinge seu maior tamanho médio e
apresenta menor rendimento em suco em relação ao fruto maduro.

É importante que o produtor defina claramente, em seu planejamento de colheita, o


tipo de mercado que pretende atingir. Os frutos deverão ser colhidos "de vez", quando
se requer transporte a longas distâncias e, por conseguinte, um maior período entre a
colheita e o consumo/processamento, ou maduros, para consumo imediato em
mercados locais, ou quando destinados ao congelamento, sob a forma de "bola de
gude", visando à sua conservação para posterior processamento.

43. Quais as dificuldades que podemos ter no armazenamento de acerola?

A acerola é um fruto que apresenta maturação e senescência muito rápidas, o que


dificulta o seu manuseio e o seu armazenamento e conservação pós-colheita. Isto
resulta de uma atividade de respiração muito intensa do fruto, sendo este classificado
entre os frutos climatéricos, isto é, aqueles que apresentam aumento acentuado da
taxa de respiração na fase de amadurecimento, acompanhado por perda da firmeza
(textura), mudança na coloração e o desenvolvimento do sabor e do aroma. Na
acerola ocorre geralmente um pico respiratório na fase de mudança da pigmentação
da casca, do amarelo para o vermelho. Todos os fatores que possam diminuir as taxas
respiratórias e de síntese e atividade do etileno precisam ser acionados para aumentar
a vida útil da acerola. Neste contexto, deve-se atentar, sobretudo, para a redução da
temperatura ambiente, que sabidamente diminui as atividades metabólicas, além de se
evitar lesões nos frutos, que sempre resultam em aumento da evolução de etileno,
constituindo-se também em portas de entrada de microorganismos.
44. Quais os cuidados de manuseio pós-colheita de acerola necessários à
comercialização da fruta?

Inicialmente, os frutos colhidos devem ser protegidos do sol, pois a sua exposição à
radiação diminui o teor de vitamina C e os deprecia por perda de umidade, e devem
ser transportados o mais rápido possível para o beneficiamento. Lá, os frutos são
submetidos a uma seleção rigorosa, eliminando-se frutos feridos, podres, moles e
quaisquer detritos, além de frutos imaturos. Em seguida, os frutos são lavados com
água fria, se possível clorada, visando proteger os frutos de contaminação por
diversos fungos que atuam na fase pós-colheita. Após, os frutos são acondicionados
em embalagens, a exemplo de pequenas cumbucas plásticas, e pesados.

45. Quais as faixas de temperatura para a conservação da acerola?

Os frutos de acerola não destinados ao congelamento devem ser conservados por


refrigeração à temperatura de 7ºC a 8ºC e à umidade relativa igual ou superior a 90%.
Nestas condições, ocorre uma redução acentuada da atividade respiratória dos frutos,
tornando mais lento o processo de deterioração, o que possibilita a sua conservação
por um período de até 10 dias a partir da colheita, viável apenas para mercados mais
próximos.

Se a acerola for destinada a mercados distantes, sobretudo à exportação, precisa-se


recorrer ao seu armazenamento sob congelamento a temperaturas iguais ou inferiores
a -20oC, a única forma de se conservá-la por período mais longo, sem perdas mais
significativas de sua qualidade, inclusive com a melhor conservação do seu conteúdo
em vitamina C.

46. Temperaturas muito baixas alteram as qualidades da acerola?

Tem sido constatado que acerolas colhidas verdes, semi-maduras e maduras, não
alteraram algumas das suas características químicas como acidez, pH, teores de
sólidos solúveis totais e de ácido ascórbico, quando mantidas a temperaturas de –
19ºC a –21ºC por um período de até 40 dias. No entanto, mesmo a temperaturas tão
baixas podem ocorrer mudanças físicas, bioquímicas, microbiológicas e nutricionais,
que variam em função do tempo e da temperatura de armazenamento dos frutos
congelados.
PRODUTOS E VALOR NUTRITIVO

47. Quais os principais produtos derivados da acerola?

O fruto da aceroleira é consumido tanto in natura como industrializada, sob a forma de


sucos, geléias, xaropes, licores, doces em calda, néctares, polpa, produtos liofilizados
e ultrafiltrados (indústria farmacêutica), picolés, sorvetes, balas, suco integral,
cápsulas de vitamina C, cosméticos, adicionado a sucos de outras frutas (mix) e
diferentes outros produtos tanto no mercado externo como interno.

48. Qual é o valor nutricional da acerola?

A acerola é considerada uma excelente fonte de vitamina C, além de conter vitamina


A, vitaminas do complexo B como tiamina (B1), riboflavina (B2), peridoxina (B6) e
niacina, e minerais como cálcio, ferro e fósforo.

ASPECTOS ECONÔMICOS

49. Quais são as principais regiões produtoras e qual é a produtividade da


aceroleira?

A acerola é culticada nos E.U.A (Havaí e Flórida), em alguns países da América


Central e no Brasil, onde se destacam os Estados de Pernambuco, Paraíba, Bahia,
Ceará e São Paulo. A produtividade média em áreas não irrigadas está em torno de 10
a 15 t/há/ano, podendo aumentar com o uso de irrigação, especialmente em regiões
com déficit hídrico acentuado.

50. Qual o custo de produção da acerola?

O custo de produção pode variar em função de uma série de fatores, dentre os quais
destacam-se a capacidade do produtor utilizar as tecnologias disponíveis, as
características da região onde a cultura é explorada, a disponibilidade de mudas de
boa qualidade e a variação dos preços dos insumos e da mão-de-obra. Por essa
razão, a informação abaixo, na tabela, não traz o custo de produção, apenas os
coeficientes técnicos. Optou-se por deixá-la em aberto, para que o próprio produtor a
complete com base nos preços, atualizados, dos insumos e da mão-de-obra de sua
própria região.

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