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DE APRENDIZAGEM EM
UNIVERSITÁRIOS:
uma revisão sistemática
Cleunisse Aparecida Rauen De Luca Canto1
Rogério Cid Bastos2
RESUMO
Objetivo: identificar como são avaliados os estilos de aprendizagem em univer-
sitários e qual a sua correlação com a prática educacional.
Design/metodologia/abordagem: este artigo apresenta os resultados de uma
revisão de literatura sobre a avaliação dos estilos de aprendizagem em universitários.
Para a coleta e seleção de artigos, foram utilizados procedimentos de revisão siste-
mática, em fevereiro de 2019. Os artigos selecionados foram analisados por meio
da categorização conceitual de suas variáveis e resultados. O checklist PRISMA
***
direcionou as etapas da pesquisa. 1. Doutoranda, e-mail:
Resultados: dos 58 artigos selecionados na revisão, 16 (28%) atenderam aos cleocanto@gmail.com
critérios de elegibilidade. Os resultados mostraram a Turquia como o país que
2. Doutor, e-mail:
mais contribuiu com estudos. “Estilo cognitivo de aprendizagem” foi o descritor rogerio@inf.ufsc.br
de maior destaque (72%) e ensino superior esteve presente em 56% deles. Todos
os artigos utilizaram algum instrumento de avaliação, totalizando 13 modelos ***
diferentes. Os estilos de aprendizagem visual, auditivo e cinestésico foram os mais
citados entre os estudos.
Limitações da pesquisa (se aplicável): a utilização de diferentes instrumentos de
avaliação, com abordagens distintas, dificultou as correlações.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Os estilos de aprendizagem têm gerado grande Mais tarde, em 1937, Allport usou o termo para
interesse, mas também controvérsia nos últimos designar abordagens individuais para resolver
30 anos. Thurstone, em 1924, foi um dos pri- problemas, receber e recuperar informações
meiros autores a fazer referência ao papel dos memorizadas. A partir destas observações,
estilos cognitivos no desempenho intelectual. diferentes autores mencionaram as relações
Extrovertido/introverti-
Myers; Briggs, Não Inventário Myers-Briggs do; sensorial/intuitivo;
1970 identificada Type Indicator (MBTI) reflexivos/sentimentais;
julgadores/perceptivos
Escala de Estilos
Independente/dependente;
Aprendizado de Aprendizagem
Grasha, 1972 colaborativo/competitivo;
universitário do Estudante
participante/ausente
Grasha-Riechmann
Pesquisa de
Aprendizado Ambiente imediato; emo-
Price; Dunn; Preferências de
de crianças em cional; necessidades sociais;
Dunn, 1982 Produtividade
sala de aula necessidades físicas
Ambiental
Executores/ativista;
Honey; Aprendizagem Questionário de Estilos Executores/pragmático;
Mumford, 1982 vivencial de Aprendizagem Pensadores/refletor;
Pensadores/teorista
Extroversão/introversão;
Myers; Tipos psicológi- Indicador de Tipo sensação/intuição; pen-
Mccaulley, 1985 cos (Jung) Myers-Briggs samento/sentimento;
percepção/julgamento
Extroversão/introversão;
Inventário Brasileiro
Tipos psicológi- sensação/intuição; pen-
Casado, 1998 para Diagnóstico das
cos (Jung) samento/sentimento;
Diferenças Individuais
percepção/julgamento
Percepção (sensorial/intui-
tivo); organização (indutiva/
Felder; Não Índice de Estilos de
dedutiva); processamento
Saloman, 1998 identificada Aprendizagem
(ativo/reflexivo); compreen-
são (sequencial/global)
Mapa de
Visual; aural-read; write;
Fleming, 2001 estilos de Modelo VARK
kinesthetic
aprendizagem
VAK; introvertido/extrover-
Não Instrumento tido; intuição/pensamento
Oxford, 2003
identificada Padronizado de Oxford analítico; mente fechada/
aberta; e global/analítico
3 MÉTODO
Esta é uma pesquisa de caráter exploratório que Gerenciamos todas as referências e removemos
se utilizou de método de revisão sistemática da os duplicados usando o software gerenciador
literatura (RSL), em base de dado on-line, para de referências Thomson Reuters Endnote X8
fundamentar o estudo. A RSL utiliza fonte de (Clarivate Analytics, Filadélfia, PA, EUA).
dados da literatura científica e conta, também, Utilizamos uma abordagem de duas fases: na
com “procedimentos sistematizados de coleta e primeira, lemos os títulos e resumos de forma
análise de dados, de forma que a pesquisa seja independente, a partir da plataforma, apontando
transparente e replicável” (STEIL; PENHA; os excluídos; e na segunda, realizamos a busca
BONILLA, 2016, p. 90). dos artigos para leitura do método de aplicação
e, na sequência, leitura do artigo completo.
Utilizamos o checklist Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and Meta- Como critério de elegibilidade, incluímos neste
Analyses (PRISMA), elaborado por Moher estudo todos os artigos que apontaram estilos
et al. (2015), para as etapas da pesquisa. de aprendizagem como foco principal, indepen-
dente de ser um estudo qualitativo ou quan-
As buscas foram realizadas na base de dados
titativo, mas que utilizaram instrumentos de
ERIC (Education Resources Information
medição para avaliar o estilo de aprendizagem.
Center), em fevereiro de 2019, a partir do cons-
Como desfecho principal, selecionamos só os
truto e dos operadores booleanos: “learning
estudos que apontaram aplicação na educação
styles” OR “learning profile”. A base de dados
superior, sem restrição de linguagem, mas só
ERIC foi selecionada por ser uma biblioteca
artigos publicados a partir de 2018 e open source.
digital de pesquisa e informação sobre educação
para educadores, pesquisadores e o público em
geral.
Tipo De Investigação Da
Autor Amostra
Aprendizagem
ALKOOHEJI; AL-HATTAMI,
185 acadêmicos Questionário VARK
2018
Inventário de Estilos de
TASDEMIR; YALCIN ARSLAN, 348 acadêmicos de uma
Aprendizagem de Kolb (KLSI) e o
2018 classe preparatória
Preferências de Feedback (FPQ)
Inventário de Estilo de
REZA; Z E R A AT P I S H E ;
200 acadêmicos de EFL* Aprendizagem e Preferência pelo
FARAVANI, 2019
método de avaliação
Estilos de Aprendizagem de
ÜNSAL, 2018 48 acadêmicos de EFL*
“Dunn & Dunn”
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que podemos perceber em todos os estu- Quanto à correlação com a prática educacional,
dos, focados em estratégias diferenciadas para percebemos que alguns autores convergem a esta
entender e avaliar estilos de aprendizagem, é ideia, enquanto outros mostram-se divergen-
que este é um tema de bastante relevância, mas tes, mas nos levaram a crer que, corroborando
também muito controverso, já que traz embu- alguns destes estudos, o modo como se está
tido um importante atributo para professores ensinando tem muita importância, e que adaptar
e instituições de ensino, fornece insights para as técnicas de ensino ao tipo de aprendizado
a tomada de posicionamento, permite entender preferido dos aprendizes, com foco nos estilos
melhor a aprendizagem e os desvios escondidos de aprendizagem, pode ser uma saída para as
neste processo. instituições de ensino.
Nesta linha, os achados trouxeram respostas O que sobressaiu nos estudos foi a ideia de que
interessantes para as questões de pesquisa. a experiência de aprendizado precisa ser levada
Quando questionamos como os estilos de em consideração, que as orientações visuais, as
aprendizagem são avaliados, observamos que tendências, as percepções sensoriais e o saber
todos os autores fizeram uso de algum instru- fazer são importantes para que a aula seja moti-
mento já consolidado na literatura e os estudos vadora. Isto ficou bem evidenciado nos estudos,
detalharam a sua aplicação, permitindo-nos já que o visual e o cinestésico sobressaíram nas
perceber as diferenças entre eles e a dificul- preferências de estilos de aprendizagem dos
dade em estabelecer algumas comparações ou estudantes na maior parte deles.
conclusões.
***
Key-words: Learning styles.
Evaluation. Knowledge
Management. Assessment tool.
***
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