9.

Séries absolutamente convergentes

P∞
9.1. Definição.
P∞ Diremos que a série k=1 xk é absolutamente convergente
se a série k=1 |xk | é convergente.
9.2. Proposição. Toda série absolutamente convergente é convergente.
P∞
Demonstração.
P∞ Seja k=1 xk uma série absolutamente convergente, ou
seja a série k=1 |xk | é convergente. Pelo critérior de Cauchy (Proposição 8.6),
dado  > 0, existe n0 ∈ N tal que
 
 X n 
|xk | <  para todo n > m ≥ n0 .
 

 
k=m+1

Segue que
 n  n
 X  X
xk  ≤ |xk | <  para todo n > m ≥ n0 .
 

 
k=m+1 k=m+1
P∞
Pelo critério de Cauchy a série xk é convergente.
k=1
P∞
9.3. Definição.
P∞ Diremos que a série k=1 xk é condicionalmente conver-
gente se a série k=1 xk é convergente, mas não é absolutamente convergente.

9.4. Exemplo. Sabemos que a série

1 1 1
1− + − + −...
2 3 4
é convergente, mas a série
1 1 1
1+ + + + ...
2 3 4
é divergente. Logo a série
1 1 1
1− + − + −...
2 3 4
é condicionalmente convergente.
P∞ P∞
9.5. Teorema (critério de comparação). Sejam k=1 xk e k=1 yk
duas séries tais que
|xk | ≤ |yk | para todo k.
P∞ P∞
Se a série k=1 yk é absolutamente convergente, então a série k=1 xk é ab-
solutamente convergente também.
P∞
Demonstração. Por hipótese a série k=1 |yk | é convergente. Pelo critério
de Cauchy, dado  > 0, existe n0 ∈ N tal que
 
n
 X 
|yk | <  para todo n > m ≥ n0 .
 

 
k=m+1

40
Segue que
 n   n 
 X  X 
|xk | ≤  |yk | <  para todo n > m ≥ n0 .
   

   
k=m+1 k=m
P∞
Pelo critério de Cauchy a série k=1 |xk | é convergente.
P∞ P∞
9.6. Corolário. Sejam k=1 xk e k=1 yk duas séries P∞ tais que yk 6= 0 para
todo k, e a sequência (xk /yPk ) é limitada. Se a série k=1 yk é absolutamente
∞
convergente, então a série k=1 xk é absolutamente convergente também.
Demonstração. Por hipótese existe c > 0 tal que

|xk |
≤ c para todo k,
|yk |
e portanto
|xk | ≤ c|yk | para todo k.
P∞ P∞
Por hipótese a série k=1 |yk | é convergente. Logo
P∞ a série k=1 c|yk | é conver-
gente. Pela proposição anterior a série k=1 |xk | é convergente tam-
bém.

P∞9.7. Teorema (critério da razão ou critério de D’Alembert). Seja

k=1 xk uma série de números não nulos, e sejam
   
 xk+1   xk+1 
L = lim sup  , M = lim inf  xk  .
 
xk 
P∞
(a) Se L < 1, então a série k=1 xk é absolutamente convergente.
P∞
(b) Se M > 1, então a série k=1 xk é divergente.
Demonstração. (a) Por hipótese
 
 xk+1 
lim sup   = L < 1.
xk 

Seja  > 0 tal que L +  < 1. Pela definição de limite superior, existe k0 ∈ N tal
que  
 xk+1 
sup   < L + ,
k≥k0 xk 
e portanto  
 xk+1 
 xk  < L +  para todo k ≥ k0 .
 

Logo
|xk0 +1 | < |xk0 |(L + ).

41
Procedendo por indução segue que

|xk0 +p | < |xk0 |(L + )p .

P∞
Como L +  < 1, a série p=0 (L + )p é convergente. Pelo critério de com-
P∞ P∞
paração a série p=0 xk0 +p é absolutamente convergente. Logo a série k=1 xk
é absolutamente convergente.
(b) Por hipótese  
 xk+1 
lim inf 
  = M > 1.
xk 
Pela definição de limite inferior, existe k0 ∈ N tal que
 
 xk+1 
inf   > 1,
k≥k0  xk 

e portanto  
 xk+1 
 xk  > 1 para todo k ≥ k0 .
 

Logo
0 < |xk0 | < |xk0 +1 | < |xk0 +2 | < ...
P∞
Como (xk ) não tende a zero, a série k=1 xk é divergente.
P∞
9.8. Teorema (critério da raiz ou critério de Cauchy). Seja k=1 xk
uma série de números reais, e seja
p
L = limsup k |xk |.

P∞
(a) Se L < 1, então a série k=1 xk é absolutamente convergente.
P∞
(b) Se L > 1, então a série k=1 xk é divergente.
Demonstração. (a) Por hipótese
p
lim sup k |xk | = L < 1.

Seja  > 0 tal que L +  < 1. Pela definição de limite superior existe k0 ∈ N tal
que p
sup k |xk | < L + ,
k≥k0

e portanto p
k
|xk | < L +  para todo k ≥ k0 .
Logo
|xk | < (L + )k para todo k ≥ k0 .
Como L +  < 1, aPsérie k (L + )k é convergente. Pelo critério de comparação
P
segue que a série k |xk | é convergente também.

42
 (b) Por hipótese p
k
lim sup |xk | = L > 1.
Pela defição de limite superior temos que
p
sup k |xk | ≥ L > 1 para todo j ∈ N.
k≥j

Logo existe uma sequência k1 < k2 < k3 < ... em N tal que
q
kj
|xkj | > 1 para todo j ∈ N.
P∞
Logo |xkj | > 1 para todo j ∈ N, e portanto xk 6→ 0. Logo a série k=1 xk é
divergente.

Exercı́cios
P∞ P∞
9.A. Sejam k=1 xk e k=1 yk duas séries de termos estritamente positivos.
Suponhamos
P∞ que a sequência (xk /yk ) converge
P∞ a L > 0. Prove que a série
x
k=1 k é convergente se e só se a série k=1 k é convergente.
y

9.B. Determine se as seguintes séries são convergentes ou divergentes.

∞ ∞
X 1 X (k + 1)3
(a) , (b) ,
k! k!
k=1 k=1

∞ ∞
X 1 X (−1)k+1
(c) , (d) .
1 + 2k k+1
k=1 k=1
∞ ∞
X k+1 X k+1
(e) , (f ) .
k2 + 1 k3 + 1
k=1 k=1

9.C. Determine para que valores de x em R as seguintes séries são conver-

gentes ou divergentes.
∞ ∞
X xk X xk
(a) , (b) ,
k! k
k=0 k=0

∞ ∞
X xk X
(c) 2
, (d) kxk .
k
k=0 k=0

43