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João Pedr o Freit as Silva

 O parlamento promovia a liberdade de pensamento, assim


como o conhecimento aplicado.
O que, associado a uma sociedade, sobretudo, protestante1
veio criar uma simbiose entre uma ciência pragmática e
aplicada e aqueles com a capacidade de investir.
A Revolução Industrial deu os seus primeiros passos Havendo inclusivamente uma sociedade de ilustres, a Sociedade Lunar,
em Inglaterra, no ano de 1760. onde os cientistas partilhavam conhecimentos com os empreendedores.
Esta é caracterizada como um período: Estes últimos faziam parte da burguesia inglesa e, visto terem a
 De elevado desenvolvimento e utilização de novas capacidade de financiar estes projetos, catapultaram o processo da RI e
a mecanização dos processos produtivos.
tecnologias no local de trabalho , como a máquina a
vapor e o motor de combustão;
 De substituição da manufatura para a maquinofatura; Os principais aspetos positivos provenientes das transformações
Com esta alteração, os artesãos perderam o controlo sob o resultantes da RI foram:
processo produtivo e passaram a ser operários. Esta perda  A mecanização das indústrias que veio possibilitar o
acaba por ser acompanhada pela perda de rendimentos, pois
os artesões que antes eram chefes dos seus negócios, aceleramento do processo produtivo através da alteração de
passam a ser trabalhadores contratados. manufatura para maquinofatura.
 De criação e descobrimento de novas fontes de  A descoberta de uma nova fonte de energia, o carvão, ou
energéticas (carvão e ferro); mais precisamente o vapor.
O carvão para além de ser barato era também um minério  A invenção da máquina a vapor, pelas mãos de James
encontrado em abundância na natureza o que tornava a sua
exploração fácil e barata. Watt, que permitiu, por um lado, a automatização das
 De produção em massa.
indústrias e, por outro, a facilitação do transporte dos
A implementação da máquina a vapor no setor industrial produtos.
moldou o mercado de uma forma inesperada , e rapidamente,  A invenção da locomotiva que foi criada para facilitar o
se tornou numa peça fundamental para qualquer negócio transporte de mercadorias desde a fábrica até o mercado,
bem-sucedido. pois com o aumento de produtividade, o método utilizado
Esta capacidade de produção em quantidades até agora
pensadas impossíveis, levou ao aumento da mão-de-obra até então não era suficiente para escoar os produtos das
necessária, levando a que não só os homens e mulheres fábricas. E que acabou por levar à criação de vários
trabalhassem nestas fábricas, mas também crianças. caminhos de ferro que ligavam as principais cidades às
 E de aumentos nas taxas de êxodo rural. principais fábricas de Inglaterra.
Para além disso, esta criou dois novos conceitos:  O desenvolvimento económico-social dos países, pois o
 A eficácia (relacionada com os objetivos alcançados ); crescimento da indústria atraiu muitos trabalhadores que
 A eficiência (minimizar a quantidade de recursos usados ); largavam a vida do campo à procura de melhores
Após 1830, a RI espalhou-se rapidamente pelo mundo , m ais
condições.
especificamente, para o leste dos EUA, e para o noroeste europeu.  A criação de uma nova classe social, a classe média,
Como era de se esperar, n a Europa, os principais centros de através do surgimento/aumento do salário;
desenvolvimento eram encontrados nas regiões mineiras , tal  O surgimento de uma sociedade de consumo.
como o norte de frança ou a Alemanha. Tendo este sido causado pelo aumento da produtividade e do salário
real. Dado o aumento do rendimento disponível e a produção em massa
de novos bens, a classe média desenvolveu novas necessidades de
A RI surgiu no Reino Unido. E tal aconteceu porque: consumo, sentindo o desejo de obter novos produtos e ostentar.
 Neste país existia uma política liberal de comércio;  O aparecimento do Marketing, pois dado o surgimento de
Antes da liberalização económica, as atividades industriais estavam novas necessidades de consumo, os empresários sentiram
organizadas por guildas, o que impedia a entrada no mercado de
trabalho àqueles que não pertencessem a uma destas associações. que necessitavam de promover os seus produtos para os
Assim, a entrada de competição, tal como a inovação tecnológica, era conseguirem vender.
limitada. Todavia, a liberação da indústria e do comércio trouxe claros  A criação, o melhoramento e a manutenção de vias de
progressos tecnológicos assim como um aumento imediato da produção. comunicação, por parte dos empresários, pois estas
 O RU possuía uma abundância natural das principais matérias facilitavam a ligação entre fabricas e centros comerciais,
primas (ferro e o carvão); assim como o escoamento do produto.
 Para além da abundância de capital, o RU dispunha ainda
de abundância de mão-de-obra desde a implementação da
lei dos cercamentos de terras.
Esta lei consistia na privatização das terras de uso comum de
camponeses, que delas extraiam recursos para sustento próprio. Estas
terras passaram a ter proprietários, o que eliminou as antigas relações
feudais. Os camponeses que dependiam destas terras comuns, viram-se
impedidos de o fazer. Posto isto, viram-se obrigados a abandonar as suas
terras e a migrar para as zonas urbanas (êxodo rural), tornando-se assim
mão-de-obra barata.
 A revolução inglesa, ao eliminar a monarquia e ao diminuir
o poder absolutista do rei, deu uma maior capacidade de
decisão ao governo.

1Enquanto que a igreja via o conhecimento como algo degenerativo e a


evitar, os protestantes viam-no como algo muito importante e benéfico.
3. Indústria 3.0 - Terceira Revolução Industrial/Revolução
Técnico-Científica e Informacional
Todavia, nem tudo é um mar de rosas, e a Revolução
Teve início em meados do séc. XX, e está principalmente
industrial também tem o seu lado mais negro, e este pode
marcado pelos avanços significativos nas áreas da
ser constatado através:
Informática, da Robótica, das Telecomunicações, dos
 Do crescimento desordenado das cidades dado o aumento Transportes, da Biotecnologia e da Nanotecnologia.
do êxodo rural; Os modelos de produção altamente competitivos, praticados pelas
 Do aumento da poluição atmosférica, com a queima do grandes corporações, a nível mundial, são alterados, exigindo a adoção
carvão mineral para gerar energia para as máquinas, e de tecnologia mais sofisticada e complexa, requerendo agora um
menor número de recursos humanos, porém com crescente nível de
sonora. qualificação.
 Do aumento das doenças e acidentes de trabalhos, assim As vantagens decorrentes de inovações ao nível das tecnologias de
como do consumo excessivo de álcool e outras substâncias, comunicação e dos transportes aboliram a questão da distância, e
em função das péssimas condições de trabalho; permitiram a descentralização das empresas, podendo estas migrar
O ambiente vivido dentro das fábricas era bastante nocivo para os para regiões com condições logísticas, legais e financeiras mais
trabalhadores. As fábricas tinham péssimas condições de iluminação e favoráveis ao seu crescimento (custos de produção reduzidos dada a
ventilação. Não haviam medidas nem equipamentos de segurança para mão de obra mais barata, a matéria-prima abundante, as leis
os operários. Os turnos de trabalho chegavam até 16 horas por dia, sem ambientais menos rigorosas, …)
direito a descansos e férias. Os salários eram baixíssimos. Os Indústria 4.0 - Quarta Revolução Industrial
trabalhadores não tinham direitos. As mulheres desempenhavam funções Esta revolução é marcada pela interligação entre o
idênticas às dos homens, mas o seu salário era bem mais baixo.
mundo real e o digital, através de Sistemas Ciberfísicos.
 Do facto de grande parte dos meios financeiros usados Os equipamentos e sistemas passam a estar conectados
para investirem provirem das colónias. em rede, partilhando e disponibilizando informação em
tempo real, através do processo designado de Internet of
A Revolução Industrial é marcada pela ocorrência de várias Things. Os protocolos IoT abrem portas a modelos de
mudanças no setor industrial dado o desenvolvimento de produção industrial personalizados, permitindo que o
avanços e transformações, principalmente tecnológicos, que consumidor tenha um papel mais ativo no processo de
permitiram agilizar procedimentos, bem como acelerar e produção industrial.
ampliar o processo produtivo.
Mas é importante perceber que com o passar dos anos novas
revoluções vão surgindo, visto que certos recursos se vão Visto que a Gestão se dedica à administração de empresas e
tornando obsoletos. E, até ao momento, já passamos por 4 instituições, através do planeamento, da organização, da
RI’s, sendo elas: liderança e do controlo, tendo sempre como intuito que estas
1. Indústria 1.0 – Primeira Revolução Industrial: alcançarem os seus objetivos, conclui-se que a RI acabou por
se mostrar bastante importante para a Gestão, já que
Teve lugar em meados do séc. XVIII, em Inglaterra, e permitiu:
está marcada: pela introdução das tecnologias. Os
avanços significativos no âmbito da investigação  A adequação do Homem ao seu posto de trabalho;
científica marcaram a transição da manufatura para a  A especialização do trabalho, com a criação de classes de
maquinofatura; e por duas invenções, impulsionadas pela operários e de gestores;
descoberta do carvão como fonte de energia, e que  O crescimento das fábricas;
transformaram o setor produtivo e dos transportes, a  O nascimento da burocracia;
locomotiva e a máquina a vapor, que vieram promover a  A passagem do “homem máquina” para o “homem social”;
dinamização do transporte de pessoas, matéria-prima e  A emergência das escolas de gestão;
mercadoria, estabelecendo assim novos paradigmas de  O desenvolvimento de novos modelos de negócio;
locomoção e produção.
 A sistematização das funções de gestão.
2. Indústria 2.0 – Segunda Revolução Industrial:
Teve início na segunda metade do séc. XIX, e está
principalmente marcada pela introdução da energia Robert Owen foi o primeiro gestor a preocupar-se com as
elétrica (que veio substituir o carvão), pelo uso do motor condições de vida e de trabalho dos operários e a defender
a explosão, pela produção em grande escala de aço e que a melhoria das condições de vida dos operários
alumínio (que vieram substituir o aço) e pela invenção do conduziria a aumentos de produção e lucros para a
telégrafo, que possibilitaram a exploração de novos organização.
mercados e acelerar o ritmo industrial. Posto isto, este desenvolveu um conjunto de medidas com o
A noção do impacto destes avanços levou a que a intuito de melhorar as condições de vida dos operários,
comunidade científica focasse o seu trabalho na criação dentro desta temos:
de teorias e no desenvolvimento de maquinaria mais
 A redução do horário de trabalho de 14 para 10.5horas/dia;
aprimorada, com o intuito de reduzir progressivamente
tempos e custos de produção. Dentro destas teorias  O aumento da idade mínima de trabalho de 5 para 10 anos;
temos o surgimento do Fordismo e do Taylorismo.  A criação de cidades-fábricas;
(construção de casas, hospitais, escolas (…), junto à fábrica.)
Nesta época a revolução deixou de se concentrar na
Inglaterra e expandiu para outros países como a Rússia, Owen foi o pioneiro na avaliação diária de desempenho dos
Estados Unidos, França e Japão. trabalhadores.
1807-11 A família real fugiu para o Brasil, transferindo o
poder de decisão para lá.
Assim, no início do século XIX a agricultura
registava baixos índices de produtividade e a
indústria demonstrava fraca competitividade.
1820 Acrescendo a estes problemas, o domínio inglês e
o facto de a família real ainda estar no Brasil,
ditou o início da Revolução Liberal de 1820. Por
Muitos países, como a Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos conseguinte foi redigida a Constituição de 1822, a
da América e Japão, durante o século XIX verificaram um primeira Constituição Portuguesa.
grande progresso ao nível da agricultura, indústria e
transportes. Contudo, Portugal ficou para trás, vivenciando 1822 O Brasil tornou-se independente, o que levou à
uma Revolução Industrial tardia. desagregação do império atlântico, até aí suporte
Portugal deparava-se com um conjunto alargado de fatores da economia portuguesa.
que o impediam de alcançar um desenvolvimento semelhante Esta situação levou à desestruturação da balança
ao das restantes nações. Neste seguimento, Portugal: comercial, obrigando a burguesia comercial e
 Tinha como atividade económica principal a agricultura, na industrial a reorientar os seus negócios, para
qual ainda se verifica um atraso técnico; escoarem produtos e adquirirem matérias-primas.
O regime de propriedade implementado em Portugal também não 1832- A ala mais conservadora da sociedade demonstrou
favorecia o seu desenvolvimento, pois no Sul assistia-se a proprietários 1834 resistência à Constituição de 1822.
absentistas (proprietários de grandes unidades fundiárias agrícolas e A divisão da sociedade entre as fações absolutista
que não são responsáveis por as cultivar ou que negligenciam a sua e liberalista, levou à Guerra Civil de 1832-1834.
exploração) ao passo que na região Norte esta era parcelada e dispersa;
A vitória liberal assinala o assentamento definitivo
 Possuía um mercado interno pouco desenvolvido;
do Liberalismo em Portugal.
 Possuía uma população ativa escassa e analfabeta; O novo Governo tentou implementar reformas com vista à
 Era um país fortemente dominado pela religião, o que modernização do país. Posto isto, Mouzinho da Silveira, ministro
vinha por um travão à inovação e à busca e aplicação de da Fazenda e da Justiça, redigiu uma série de reformas, com o
objetivo à liberalização da propriedade agrária e da economia
conhecimento, visto serem considerados nocivos para a em geral e a abolição dos direitos senhorias que ainda
sociedade. Até porque, aos olhos da religião, a salvação é prevaleciam.
concedida através da redenção e não através do trabalho, 1846-47 Todavia, os ânimos nacionais só se acalmariam após
como defendiam os protestantes. uma nova Guerra Civil, entre as várias fações liberais
 Tinha falta de elites empreendedoras, logo o investimento internas, principalmente setembristas e cartistas.
era quase inexistente; Vencedores em 1847, os cartistas repuseram Costa
 Passou por períodos de elevada instabilidade económica, Cabral e o seu autoritarismo no poder até 1851.
política e social; 2a 1/2 Na segunda metade do século XIX, Portugal viveu
 Apresentava uma dívida pública elevada e dificuldades de do Séc. um período político conhecido por Regeneração.
financiamento. XIX A estabilidade política e o desenvolvimento da
economia e dos transportes, implementando por
Fontes Pereira de Melo, favoreceram o arranque
A fim de perceber melhor o progresso tardio de Portugal da industrialização no país.
comparativamente aos restantes países, vamos abordar os O governo da Regeneração defendeu uma política económica
principais acontecimentos da história de Portugal e as suas capitalista e livre cambista, favorável aos interesses da alta
consequências para a economia portuguesa. burguesia.
Tendo impulsionado de forma significativa os transportes e as
Séc. 18 Portugal construiu uma realidade económica comunicações e melhorado a rede viária e ferroviária.
inseparável do Brasil e das zonas coloniais, que lhe A agricultura foi o setor mais afetado pelas medidas.
forneciam alguns bens fundamentais para o seu A legislação libertou a propriedade e o trabalhador agrícola
movimento internacional do seu comércio. dos contratos e encargos do Antigo Regime, através da
Dado as circunstâncias, tomaram-se medidas de defesa de 2 divisão das terras, as quais deixaram de pertencer à nobreza e
importantes setores da sociedade comercial portuguesa, o ao clero para serem vendidas à burguesia, e da eliminação do
grande comércio colonial e a zona vinícola do Douro. Para isto, direito de “morgadio”, o qual atribuía ao filho mais velho o
foram criadas grandes companhias monopolistas, abertas a direito de herdar toda a propriedade, concederam-se
acionistas nacionais ou estrangeiros e pelas quais se subsídios e criou-se o crédito agrícola, e criam-se medidas
restringem à sua autoridade e iniciativa. Por conseguinte, o protecionistas para a exportação de certos produtos agrícolas.
desenvolvimento de uma burguesia livre era assim restringido. 1870 Em 1870 começam-se a verificar os progressos
A indústria pouco evoluiu. mais significativos da Revolução Industrial.
“O fomento dito pombalino usou a manufatura, algumas Mas cuja produção se resumia sobretudo a produtos de
vezes; a oficina, quase sempre; os processos técnicos que primeira necessidade.
usou permaneceram, portanto, inalterados e só no século XIX
e muito lentamente se mudaram.” 1875 Em 1875, os progressos intensificaram-se, vendo-se
1807-11 Portugal foi alvo de três invasões francesas, em um aumento da mecanização empregue na produção,
virtude de não ter aderido ao bloqueio continental a afirmação de novos ramos industriais e um
contra Inglaterra. Estas invasões culminaram em crescimento do número de registos de patente
grandes perdas humanas e materiais, que abalaram que, por sua vez, aumentaram a produtividade.
a economia e instalaram o caos político e social.
Todavia, as obras públicas e o fomento económico culminaram
no endividamento crescente do Estado, visto que teve de
recorrer ao financiamento externo e ao aumento da
dependência económica, sobretudo face à Inglaterra. Podemos afirmar que as origens das teorias da gestão
Perante este endividamento, este viu-se obrigado a conceder remontam para as consequências causadas pela Revolução
privilégios e exclusividade de exploração de alguns setores Industrial, podendo estas serem resumidas em dois fatores:
importantes da economia nacional.
Mas, por outro lado, as medidas implementadas possibilitaram
 O crescimento acelerado e desorganizado das empresas
veio aumentar a complexidade da sua gestão, tornando
o aumento do emprego e uma circulação de pessoas e então necessária, quer a criação de uma abordagem que
mercadorias, levando à quebra do isolamento vivido por viesse substituir a improvisação, até então dominante, quer
muitas regiões do interior. a substituição das teorias de carácter global por teorias
Assim, Portugal começou a ter um maior contacto direto com microindustriais.
a Europa e o Mundo.
 A necessidade de aumentar a eficiência organizacional, de
1891 O surto industrial e as políticas da Regeneração não modo a obter bons resultados e fazer frente aos concorrentes.
conseguiram, de todo, resolver os problemas da Esta necessidade deriva do aparecimento da produção em massa, que
economia portuguesa. torna imperativa a diminuição de desperdícios.
O país estava endividado, as desigualdades sociais
eram latentes e o descontentamento face ao regime
monárquico crescia.
Toda esta conjuntura, acompanhada pelo incidente do
Ultimato inglês, levou à formação de movimentos contra
a monarquia. Começando com a Revolta de 31 de A Teoria Científica do Trabalho, uma das primeiras
janeiro de 1891, seguindo pelo Regicídio. E por fim, ao abordagens clássicas, surgiu no início do século XX, nos EUA,
golpe de Estado, em 5 de outubro que pôs fim à pelas mãos de Frederick Taylor.
monarquia e instaurou a República. Taylor dava ênfase às tarefas e dedicou-se à criação de um
A 1a República é caracterizada como um período de método de trabalho ideal, com o intuito de aumentar a
grande instabilidade política e contestação social. O país eficiência industrial, de modo a eliminar a desorganização e o
pouco progrediu. desperdício de recursos e de tempo de trabalho, para o
Contudo, ainda foram impostas algumas reformas legislativas que fazer, este aplicou os métodos da ciência aos problemas
visavam melhorar a vida das classes trabalhadoras. organizacionais
1914 Em 1914, iniciou-se a 1a Guerra Mundial. A tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares
Neste período, verificou-se uma forte expansão das indústrias de
conservas de peixe, têxtil, química e dos cimentos. baseados na improvisação, por métodos científicos é baseada
nos seguintes aspetos:
 O trabalho é executado de uma forma mais eficaz e
O processo da industrialização portuguesa no século XIX eficiente, se houver a divisão de todos os movimentos
pode ser dividido em duas grandes fases: necessários à execução de cada tarefa;
1 Fase (1840-1850) Sendo a fadiga um redutor da eficiência, os movimentos devem ser
Esta fase encontra-se ligada à aplicação das conquistas racionalizados, ou até eliminados se produzirem fadiga;
Para além disso, o processo de aprendizagem é mais fácil e rápido.
iniciais da Revolução Industrial e, por isso, caracteriza-se Posto isto, cada operário deve-se especializar-se numa
pelo início da aplicação das tecnologias nascidas durante a única tarefa
Revolução Industrial, em que uma pequena fação da
indústria transformadora portuguesa começa a introduzir  Visto que a remuneração temporal (salários mensais e diários)
maquinaria na sua produção, socorrendo-se cada vez mais não estimula ninguém a trabalhar mais, esta deve ser
da força mecânica, em detrimento do uso da energia substituída por uma remuneração baseada na produção de
hidráulica ou da humana. cada operário (prêmios de produção);
Neste período, a preocupação com a quantidade era maior do que a
2 Fase (Após 1880) preocupação com a qualidade.
Esta fase situa-se após 1880, e intensifica-se até ao início  No conceito de homo economicus2;
do século XX.  A eficiência depende de um conjunto de condições de
Esta fase caracteriza-se pela intensificação da atividade trabalho que garantem o bem-estar físico e mental dos
industrial, com aumento do nível tecnológico e do número trabalhadores, logo, as organizações devem melhora-las;
de unidades industriais.
Contudo, estas transformações nunca poderiam ser comparadas com as  A supervisão funcional, ou seja, a existência de diversos
que tiveram lugar nos principais países capitalistas europeus. supervisores, cada um especializado numa determinada área,
e com uma autoridade funcional, ou seja, relativa somente
à sua especialidade.

2 Todos os indivíduos são influenciados exclusivamente por recompensas


salariais, económicas e materiais. Estes são então motivados a trabalhar
pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver e que, por
isso, as recompensas salariais e os prêmios de produção influenciam os
esforços individuais do trabalho;
Para além disso esta abordagem, estava ainda assente em Neste seguimento, o seu modelo de gestão, assente na
alguns princípios: racionalização dos meios e processos de produção, e baseado
 O princípio do planeamento, que implica a substituição da em inovações técnicas e organizacionais que atentam às
improvisação pela ciência através do planeamento do implicações da produção em grande escala, pode ser
método de trabalho; resumida em:
The Best Way, ou seja, deve-se descobrir qual a melhor maneira de  Valorização da máquina e da economia de escala;
realizar a tarefa, para isso é preciso:
 Diminuição do ciclo produtivo, através da automatização e
1.º Avaliar, 2.º Selecionar, 3.º Formar, 4.º Recompensar.
da linha de montagem móveis
 O princípio da seleção e da preparação, que implica a
seleção científica dos trabalhadores de acordo com suas  A estandardização das tarefas e dos produtos;
aptidões, assim como a sua preparação e treino;  Aplicação da Teoria Científica do Trabalho;
Taylor não acreditava que as pessoas pudessem dar contributos bons  Autocracia e violência laboral;
para o desempenho da função, então a educação não era, de todo, uma  Centralização do processo de decisão;
preocupação no momento da escolha.
 Sobrecarga e extenuação dos trabalhadores;
 O princípio do controlo, que implica o controlo do trabalho
executado, de modo a verificar se tudo está a ser  Vigilância coerciva dos trabalhadores;
executado de acordo com os métodos estabelecidos e  Violência contra sindicatos;
segundo o plano previsto;
 O princípio da execução, que implica a distribuição de
responsabilidades, para que a execução do trabalho seja
disciplinada.
Esta abordagem não é perfeita, tendo-lhe sido apontadas Dada a fragilidade e a parcialidade da Teoria Clássica e da
várias críticas. Estas passam por referir que este método: Teoria das Relações Humanas, surgiu a necessidade de um
 Se aproxima mais da intensificação do trabalho do que da modelo de organização racional capaz de caracterizar todas
racionalização do processo produtivo, pois procurava a as variáveis envolvidas e o comportamento dos membros dela
obtenção do rendimento máximo e não do rendimento participantes, surgiu uma nova teoria em 1940.
ótimo, acabando, por isso, por ver os empregados como O pai desta teoria foi Max Weber. Este estudou as organizações
“Homens-Máquina” e não como homens sociais; sob um ponto de vista estruturalista, preocupando-se com
 Se restringiu aos problemas de produção, menosprezando sua racionalidade, ou seja, este modelo é baseado na razão3.
os demais aspetos da vida da organização (aspetos financeiros, Por outras palavras, este demonstrava interesse na relação
comerciais, logísticos etc.); entre os meios e recursos utilizados e os objetivos a serem
 Leva à fadiga, à exaustão mental e física dadas as alcançados pelas organizações burocráticas4.
características únicas e rotineiras da função, ao conflito Os princípios que regem as organizações burocráticas são os
laboral, pois se os salários são baseados nos níveis de seguintes:
produção, para uns produzirem mais, ou outros terão de  A execução das atividades deve partir, por um lado, da
produzir menos. divisão racional do trabalho e, por outro, do cumprimento
dos deveres objetivos da função;
 A existência de uma hierarquia solidificada pela regra e a
Provavelmente, o mais conhecido de todos os precursores da clarificação das competências;
Teoria Científica do Trabalho, Henry Ford promoveu a grande
inovação do século XX: a produção em massa.  O posto de trabalho deve obedecer a um contrato que
Esta apenas foi possível através da criação de uma linha de pressupõe seleção aberta, onde a nomeação ocorre com
montagem que, por sua vez, apenas foi possível graças à base nas qualificações;
racionalização da produção.  A renumeração fixa corresponde a uma dada posição na
Na produção em massa, o produto, as máquinas, as matérias- organização;
primas e a mão-de-obra são todos padronizado de modo a  A disciplina e controlo pelo cumprimento da regra.
reduzir o custo de produção. Posto isto, é fácil de perceber A criação deste modelo apenas foi possível através da análise
que a produção era pouco flexível. das estruturas organizacionais desenvolvida por Weber, tendo
Mas para que a produção em massa fosse possível e sido graças a este estudo que este percebeu que as
rentável, era necessário que também a procura fosse em organizações funcionavam com base na burocracia e, através
massa, deste modo, Ford criou os créditos bancários e da teorização, deu-lhe o nome de Modelo Tipo Burocrático.
pagava 5$/hora, para que a população conseguisse comprar
os seus produtos
Ford era um apologista de uma gestão centralizada e aplicou
os princípios da TCT à sua empresa.
Ford era conservador e autocrático na sua gestão, sendo
inimigo do sindicalismo e dos direitos dos trabalhadores.

3 A razão é uma ideia que resulta de um pensamento comum, partilhado


que é entendido com sendo a melhor ideia.
4 A burocracia corresponde a um sistema de autoridade baseada em
regras abstratas e racionalizadas, tendo, por isso, um lado mais impessoal.
Neste sistema há também uma separação clara da vida profissional e da
vida privada dos trabalhadores, sendo que estes são compensados caso
cumpram rigorosamente as regras estabelecidas.
O modelo tipo burocrático pode ser caracterizado através:  A burocracia capacitadora, um sistema burocrático onde as
 Do cumprimento das regras e normas; regras são uma referência para que estes percebam o que
 Da hierarquia; é esperado do seu trabalho.
 Da justificação da autoridade através do conhecimento e  As pessoas são convidadas a participar em tarefas de
das qualificações; apoio à sua atividade principal;
 Das remunerações fixas racionalizadas em função do posto  Acredita-se que os funcionários são um contributo válido,
de trabalho; convidados a participar, visão positiva;
 Do recrutamento e a seleção feito com base nas  As pessoas conhecem os procedimentos da sua tarefa e
qualificações credenciadas; podem participar nos processos da sua melhoria;
 Da transparência que a burocracia traz para os processos  As pessoas sabem as regras de funcionamento;
organizacionais;  Há uma transparência no modo como a organização
 Da especialização na execução das tarefas; funciona, sistema flexível;
 Da impessoalidade nas relações;  A burocracia muda em relação às contingências;
Resumindo, Weber dá ênfase ao poder e à legitimação da Esta abordagem não é perfeita, tendo-lhe sido apontadas
autoridade5. Fundamentando-se num conceito de autoridade várias críticas. Estas passam por referir que:
legítima que serve para impor a vontade de uma pessoa  A subjetividade é boa e que a burocracia pode impedir
(supervisores) sobre o comportamento de outras (os seus certas interações;
subordinados).  A burocracia deixa de ser um meio para atingir um fim,
Contudo, é importante notar que as organizações modernas passando a ser um fim;
são baseadas num conjunto de normas abstratas e aplicas a
 Não considera as relações de poder e de interesse, as
todos, não obstante à pertença social e as suas caraterísticas
pessoas manipulam as regras em função dos seus
pessoais, sendo que a função faz a pessoa, e não é a pessoa interesses
que faz a função, sendo que “agora” se acredita que as
pessoas podem trazer algo de singular à sua função.
Por fim, quando falamos de burocracia, temos 2 tipos:
 A burocracia coerciva, um sistema burocrático caracterizado As teorias humanistas ou comportamentais apareceram na
por constringir a ação dos trabalhadores: parte mais tardia da segunda fase da revolução industrial,
 As regras substituem qualquer contributo; por volta dos anos 20, surgindo como resposta científica aos
 As pessoas são reduzidas à sua tarefa, impedidas de problemas sociais e económicos criados pelas várias Teorias
realizar outras mesmo que estejam relacionadas com a Clássicas.
sua atividade principal; Como estas teorias apenas fomentavam a criação de riqueza
 A gestão não se sente obrigada a transmitir as razões para o país e para a elite, mas não para as famílias, estas
pelas quais os trabalhadores fazem o que fazem, não há começaram a ficar inquietas, principalmente quando viram o
transparência, as pessoas andam às cegas/escuras;
ritmo de produção ser aumentado e os salários e prémios a
 Grau de compreensão em relação à tarefa é limitado; serem reduzidos.
 As pessoas não têm acesso a informação burocrática de Isto levou a um período muito conturbado, cheio de revoltas
como a empresa trabalha; sociais e manifestações agressivas, que levaram à destruição
 Desigualdade entre gestores e operários.
das fábricas.
Ao contrário do que aconteceu nos países restantes, a elite
ficou com medo que a democracia passasse para um regime
totalitário comunista (subida ao poder do proletariado).
Ao sentir que não tinha resposta para este problema e ideias
sobre como mudar a organização do trabalho, pois só
conheciam uma, e, até então, esta era a mais eficiente,
foram pedir ajuda aos cientistas, que, por sua vez, não
estavam propriamente preocupados com a qualidade de vida
dos trabalhadores, mas sim em fazer com que as fábricas
deixassem de ser um espaço de conflito e de greves.
Neste seguimento, um conjunto de universidades reputadas
criaram laboratórios de experiência científicas para perceber
5 Quando falamos de autoridade podemos ter: o que estava mal nas fábricas, o que levou ao surgimento de
A autoridade tradicional, quando os subordinados aceitam as ordens dos novas áreas de investigação como a economia industrial, a
superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual sociologia do trabalho…
as coisas foram feitas.
A autoridade carismática, quando os subordinados aceitam as ordens do
superior como justificadas, por causa da influência da personalidade e da
liderança do superior com o qual se identificam.
A autoridade legal, racional ou burocrática, quando os subordinados
aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam
com certos preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais
deriva o comando.
As teorias que surgiram, apesar de terem o mesmo objetivo Fase 3 Fase 3: Programa de entrevistas
das Teorias Clássicas (aumentar a produtividade e o lucro das Os investigadores queriam estudar a relação entre as
empresas), vieram apresentar uma visão diferente sobre a condições de trabalho, a gestão e a motivação dos
organização do trabalho. colaboradores.
As Teorias Humanísticas são científicas, por isso, são Neste seguimento, foram entrevistados cerca de
diferentes das Teorias Humanistas (Owen) que surgiram na 20.000 operários, com o intuito de entender como
primeira fase da Revolução Industrial, pois enquanto estas se estes percebem o seu trabalho, como podem ser
preocupavam com o bem-estar dos trabalhadores, estas novas motivados, o que pensam da sua supervisão, quais
teorias perguntavam-se como poderiam tornar as empresas são as suas expectativas relativamente à organização
em locais pacíficos. e como gostariam de ser valorizados..
Estas novas abordagens vêm chamar à atenção: Esta fase foi bastante importante para concluir
 A organização como espaço humano e social; quais são os aspetos psicológicos mais importantes
 Para a organização em que as relações informais são para a produtividade, sendo que Elton Mayo teve
determinantes para o bom funcionamento da organização; um papel fundamental para que tal acontecesse,
 Para uma conceção positiva das relações humanas; pois veio dar significado aos dados recolhidos.
 Para a importância do grupo nas organizações, pois são Fase 4 Fase 4: Experiência de observação da montagem de
uma unidade funcional e um regulador social, que funciona terminais
como desencandador de um sentimento positivo em
relação ao trabalho, de melhores decisões e desempenhos. O principal objetivo dos investigadores era estudar a
organização informal, tentando perceber o que era
mais importante, as regras informais, ou as regras
A experiência de Hawthorne foi desenvolvida, sensivelmente, formais.
entre 1924 e 1935, no bairro de Hawthorne e teve 4 fases: Neste seguimento, foram escolhidos 14 homens. Este
Fase 1 Fase 1: Experiências da iluminação foram posteriormente divididos em 3 grupos.
Os investigadores queriam estudar a relação entre a Cada grupo era constituído por três operários, um
iluminação artificial e a produtividade, acidentes de supervisor e dois inspetores gerais. A cada grupo foi
trabalho e saúde física dos trabalhadores. dado um objetivo. Posteriormente, os investigadores
passaram para a observação das interações e das
Contudo, a criação de grupos experimentais e de dinâmicas de grupo.
grupos de controlo revelou resultados confusos e
pouco fiáveis entre as variáveis consideradas. Cada grupo acabou por demonstrar diferentes modos
A produtividade aumentou mesmo quando se diminuiu a de trabalho, sendo este regulado pelo próprio grupo.
intensidade da luz artificial. Realizar a tarefa primeiro e depois conversar ou conversar e
depois realizar a tarefa;
Fase 2 Fase 2: Experiência da sala de teste da montagem Adaptação do ritmo de trabalho: os trabalhadores mais rápidos
diminuíam o ritmo e os mais lentos aumentavam o ritmo…
Os investigadores desejavam estudar a relação das
trabalhadoras com a empresa, assim como as razões Com esta experiência, os investigadores perceberam
que levavam à perda da produtividade. que as relações informais são mais importantes que
Foram então selecionadas 6 operárias e, para terem as regras formais, sendo que a influência do grupo
termo de comparação, os investigadores mediram o e a criação de regras próprias de funcionamento
seu grau de produtividade inicial. que lhes permitiam lidar com as obrigações
Em seguida, colocaram-nas numa sala de provas, organizacionais
semelhante à fábrica onde trabalhavam, e iam Assim sendo, a relação com os pares e as
alterando as condições de trabalho e medindo o (sub)culturas dos grupos passou a ser visto com um
novo nível de produção. determinante da natureza do trabalho.
Ao longo deste exercício estes perceberam que,
independentemente do intervalo de descanso, do A consultora e académica da teoria das relações humanas
horário de trabalho e do sistema de recompensas, o Mary Parker Follet, apesar se só terem sido descoberto
grupo de operárias apresentava um grau de recentemente, exprimiu alguns alertas teóricos sendo eles:
produtividade mais elevado do que o registado  A organização funciona numa estreita interdependência
inicialmente. entre a sua componente social e a sua componente técnica,
O que os levou a questionar se o reconhecimento defendendo então uma visão integrada da organização;
era então um fator influenciador da produtividade.  A tomada de decisão organizacional não pode estar
Para além disso, os investigadores notaram que centralizada exclusivamente num só grupo profissional, isto
havia um ambiente solidário entre as operárias, que, porque o sucesso da sua implementação e compreensão
por trabalharem muito tempo juntas, pareciam mais depende da capacidade de flexibilizar e democratizar os
unidas, e esta união e interação parecia afetar o fluxos de tomada de decisão;
aumento da produtividade.  A importância da envolvência da base operativa, ou, por
Isto levou a que os investigadores se questionassem outras palavras, do empoderamento, visto que a organização
em relação à importância do grupo, do controlo e do não é exclusivamente técnica, mas também um espaço
poder organizacional? político e todos devem ter uma voz.
 A deslocação de uma centralização no trabalho individual Isto passa, sobretudo, pelo facto de a sociedade não
para o trabalho em grupo, pois esta considerava o grupo desenvolver sentido crítico nos indivíduos através dos seus
como contexto natural de produção e como impulsionador processos de socialização, mas sim uma obrigatoriedade de
do desenvolvimento pessoal e coletivo. obediência. O que significa que, a nossa cultura prepara-nos
 A conceção social do individuo e o estudo da motivação a para obedecer e para não questionar a autoridade.
partir de recompensas não exclusivamente económicas, Dentro das diferentes configurações de autoridade, Lewin
uma vez que todos os indivíduos são diferentes e, por isso, refere as seguintes:
os sistemas de recompensas devem ser adaptados a cada 1.  Na liderança autoritária:
Há uma divisão clara entre o líder e os membros.
Os líderes autocráticos fornecem expectativas claras sobre
O psicólogo alemão Kurt Lewin defendia que os indivíduos o que precisa ser feito, quando deve ser feito e como deve
são produto das influências (campos de força) dos vários ser feito, e tomam decisões independentemente opinião do
grupos sociais de que fazem parte. resto do grupo.
E, que, para compreender o comportamento humano, é, antes A liderança autoritária é melhor aplicada a situações em que há pouco
de tudo, importante compreender a dinâmica dos grupos, as tempo para a tomada de decisões em grupo ou quando o líder é o
suas fases desenvolvimento, e as relações de conflito e de membro mais experiente.
solidariedade.  Na liderança permissiva:
Com isto em mente, este criou a Teoria do Campo. Os líderes permissivos oferecem pouca orientação aos
Como foi dito anteriormente, Lewin considerava que as membros do grupo, deixando-lhes o papel de tomada de
pessoas são função da sua dimensão psicológica, ou seja, a decisão;
forma como interagem com o meio e do seu entendimento Os papéis são, geralmente, mal definidos e há falta de
motivação;
cognitivo, e do ambiente em que a pessoa vive, isto é, dos A carência de orientação leva a que os membros se culpem uns aos
grupos sociais de que faz parte, e que ambos estes fatores outros por erros cometidos, se recusavam a aceitar responsabilidades e,
determinam o nosso comportamento. para além disso, dificulta o progresso.
O comportamento a nível do grupo é então conseguindo  Na liderança democrática:
através da avaliação: Os líderes democráticos oferecem orientação aos membros
 Dos eus que constituem o grupo (dimensão psicológica); do grupo, no entanto, também permitem a contribuição de
 Do grupo, ou seja, da influência dos diferentes membros outros membros do grupo, mas, como é óbvio, mantêm a
(ambiente); palavra final no processo de tomada de decisão.
 Do ambiente, ou seja, as circunstâncias que rodeiam o grupo, Os membros do grupo, ao sentirem-se parte do processo,
e que podem, ou não, ser por si controladas (ambiente). são mais motivados, criativos e mais comprometidos com
Posto isto, temos de identificar as forças impulsionadoras os objetivos do grupo.
(nas convergências entre as diferentes forças individuais
descobrimos as forças impulsionadoras do grupo) e as forças Chester Barnard foi um seguidor das Teorias Humanistas, e
restritivas relativas a cada eu (nas convergências entre as quis aliar à sua experiência vivida enquanto gestor, uma
diferentes forças individuais descobrimos as forças restritivas fundamentação teórica e académica que lhe foi facultada
do grupo). pela escola de Relações Humanas e pelo grupo do qual fazia
Posteriormente, devemos indicar qual é o grau de controlo parte em Harvard.
sobre cada uma destas forças, assim como, medidas Num dos seus livros, Barnard defende que as organizações
corretivas e promotoras para aplicar às forças restritivas e são, ou pelo menos deveria ser, um sistema de esforço
impulsionadoras, respetivamente. cooperativo entre as diferentes partes interessadas no bom
Ao fazermos este diagnóstico, podemos melhorar o comportamento de
todos os eus e, consequentemente do grupo. funcionamento da organização, e que têm propósitos
específicos no que diz respeito ao modo como concebem a
Lewin também estudou a liderança e as suas diferentes organização, para o que esta serve, e quais devem ser as
configurações (autoritária, democrática e permissiva). suas prioridades. Segundo ele, esta cooperação nasce do
As experiências de Milgram6 contribuíram bastante para o facto destas partes não conseguirem atingir os seus
seu estudo. objetivos sem auxílio das restantes.
Com os seus estudos, Lewin percebeu que as pessoas se Posto isto, Barnard afirma que as organizações não são
submetem à autoridade, obedecerem de forma quase cega, autossuficientes, daí a sua necessidade de usar recursos
porque têm medo de a contrariar. externos, que lhes permitem sobreviver, mas que também
limitam as suas ações.
Uma organização deve então tentar atingir um equilíbrio
sistemático.
6
Este equilíbrio envolve dois processos: o primeiro envolve o
Numa primeira instância, explicava-se aos participantes verdadeiro (v), e
falsos (f), o objetivo da experiência, o desenvolvimento de metodologias de equilíbrio entre as características da organização e o seu
aprendizagens através de diferentes estratégias de punição e ambiente externo, o segundo consiste no balanceamento da
recompensas. contribuição dos membros da organização e os objetivos da
Aos dois participantes eram dadas instruções diferentes, o v lia um organização.
conjunto de palavras, o f (que se encontrava na sala ao lado) tinha de as
memorizar e de as repetir, caso este se enganasse, o v tinha de dar um
choque elétrico, sendo que a voltagem ia aumentando.
À medida que a voltagem vai aumentando, o f implorava que o v parasse,
maior parte das pessoas continuavam e “matavam” o f, pois mesmo
mostrando hesitação, acabavam por ceder à pressão dos investigadores
que lhes diziam para continuar.
Enquanto sistemas de esforço cooperativo, as organizações
devem assegurar a satisfação7 dos grupos de interesse e dos
indivíduos que os constituem. As teorias humanistas contribuíram para:
Neste sentido, Barnard percebeu que era importante explorar  Uma nova conceção dos trabalhadores baseada na Teoria
a ideia de autoridade e de burocracia organizacional. Para si, Y8 de McGregor e para a defesa do empoderamento por
o conceito de autoridade, não está no sistema de normas oposição ao paternalismo;
que legitima o exercício da autoridade, nem na pessoa que  O aparecimento de novas metodologias de diagnóstico das
exerce a autoridade, mas sim na pessoa que recebe a ordem condições de trabalho (entrevistas, observação, questionário);
e que é o alvo dessa autoridade, sendo que, no final, a  O aumento da importância de uma cultura organizacional
autoridade vai sempre depender da aceitação daquele que a democrática e das suas consequências na produtividade
recebe. dos grupos de trabalho;
Esta ideia coloca enfase não numa autoridade burocrática,  A introdução de preocupações humanistas nas práticas de
mas numa gestão que faz valer a sua autoridade pela GRH, preocupando-se com a gestão do percurso dos
participação voluntária, para que tal aconteça, a gestão será trabalhadores (sessões de formação, avaliação de desempenho, gestão
baseada sobretudo na cooperação e na coordenação dos de carreira);
esforços dos grupos.  A inovação da gestão através do estudo da liderança, das
Para que uma ordem possa ser bem cumprida é importante políticas de comunicação, da motivação, das dinâmicas de
que quem a recebe a compreenda e que esta se integre no grupo, da ética e da justiça organizacional
seu quadro de valores e na forma com estas se identificam  A emergência de novas disciplinas como o Comportamento
no trabalho. Organizacional e a Gestão de Recursos Humanos.
Neste sentido surge o conceito de democracia organizacional, Contudo, também estas teorias têm o seu lado mais negro.
ou seja, a ideia de que o modelo de gestão escolhido deve Assim, as suas principais desvantagens são:
procurar criar um sentido comum, a partir de um objetivo
 O efeito paralisante do fortalecimento das subculturas;
comum, entre as diferentes parte interessadas na dinâmica e
sucesso organizacional, de modo a que estas se possam rever  A valorização do trabalho de grupo pode levar ao efeito do
na organização e sentir que a organização resulta do seu groupthinking;
contributo individual.  A secundarização dos fatores económicos, uma vez que, as
organizações utilizam colocam em primeiro lugar a
Para isso, o gestor deve promover e facilitar uma comunicação preocupação com o bem-estar dos trabalhadores, e deixam
aberta e simétrica em que a voz de todos possa ser ouvida e de investir em recompensas materiais, como o aumento de
tida em consideração. Para Barnard, este é o pressuposto salários, a progressão de carreira …
básico, pois permite a identificação das partes interessadas
com a organização, e a criação de um sentimento de justiça  As verdades feitas que pedem a universalização e a
organizacional e pertença. uniformização do comportamento humano;
 O uso perverso destas teorias, de modo a manipular e
Barnard é, assim de algum modo, precursor de conceitos controlar os comportamentos dos trabalhadores, através dos
como a cidadania organizacional (cada elemento deve ter reforços positivos e da valorização simbólica;
uma participação ativa e responsável) e o empoderamento
(cada elemento deve rever-se na organização e conseguir  A ênfase extrema dada à gestão das aparências, ou seja, os
através do seu trabalho construir a sua identidade, uma trabalhadores encaram a gestão como sendo pouco ou não
identidade autonomia e proativa). participativa, mas esta pode-se gabar de não o ser;
Ambos os conceitos implicam autonomia, proatividade e  A complexidade e imprevisibilidade da vida humana.
responsabilidade.

8 McGregor defende que a gestão tem duas concessões do comportamento


humano no espaço organizacional.
A Teoria X, mais relacionada com as teorias clássicas, defende a concessão
de que o ser humano é avesso ao trabalho, não se identifica com aquilo
que faz e não se motiva naturalmente, cabendo à gestão, através de
medidas autocráticas e paternalistas, ou seja, tratar os trabalhadores como
menores, não lhes dando hipótese de participar no processo de decisão,
7 Esta satisfação deve estar aliada, por um lado, a motivos instrumentais e dar vontade de trabalhar.
de ordem económica, e, por outro, a motivos de ordem simbólica e A Teoria Y, mais relacionada com as teorias humanistas e modelos
funcional. Isto porque Barnard tinha uma concessão humanista das democráticos e participativos, defende a concessão de que o ser humano
organizações, isto é, os trabalhadores, não são apenas função, mas sim têm uma relação natural e se realiza com o trabalho, não só através de
seres com motivações e expectativas próprias relacionadas com o trabalho. benefícios económicos, mas também de benefícios simbólicos e
Deste modo, a organização deve construir modelos de gestão que emocionais, assim, estes desenvolvem a sua identidade através daquilo que
consigam potenciar essa motivação, e facilitar a identificação das pessoas fazem. Esta concessão diz-nos ainda as pessoas são proativas e se
com as suas organizações. motivam sozinhas.
Os princípios centrais que gerem estas práticas são:
 A divisão do trabalho: deve haver a coordenação de
esforços, o que significa que cada pessoa deve
O contexto histórico permite-nos entender que os fatores desempenhar a função na qual está especializado, o que
relacionados com a especialização do trabalho e, portanto, implica uma divisão horizontal e vertical10;
com a sua divisão vertical e horizontal foram os principais  A disciplina: os dirigentes e os subordinados devem cumprir
responsáveis pela emergência da função da gestão. tudo aquilo que lhes é pedido, o que, consequentemente,
Esta emergência levou, posteriormente: vem criar previsibilidade na organização, pois ambos os
 À necessidade de legitimar esta função e, para tal, à grupos sabem aquilo que é esperado de cada um;
necessidade de formalizar as práticas de gestão.  A autoridade e a responsabilidade: a direção e a obediência
 À profissionalização9, ou por outras palavras, à formação exigem a responsabilidade de saber gerir e ser justo;
dos gestores.  A unidade de controlo: um colaborador deve apenas
Formação esta que passou a ser empregue de forma sistematizada com receber ordens de uma única chefia, de modo a manter
conteúdos específicos, autónomos e diferentes de outras posições uma linha vertical unidirecional;
dentro da organização, para que os indivíduos possam vir a desempenhar
a função.  A unidade de direção: uma chefia deve ser apenas
responsável por uma unidade funcional, de modo a manter
Posto isto, surgiram escolas de gestão que repensaram todas uma linha vertical unidirecional;
estas práticas, e as desenvolveram e formalizaram em
função das necessidades das organizações e dos práticos.  O bem comum acima do bem individuo: o interesse da
organização prevalece sobre o interesse individual;
 A remuneração de pessoal: as remunerações devem ser
A concessão de gestão para Henry Fayol era bastante baseadas no princípio da meritocracia (cumprimento das
semelhante à dos seus contemporâneos Taylor e Ford. normas), posto isto, a justiça é um fator determinante no
Fayol resume os contributos das teorias clássicas, contudo, planeamento da gestão das compensações (está afeta à função,
fá-lo de uma forma particular. com os descritivos normativos, ou seja, com o cumprimento do dever e
das tarefas associadas a cada uma das funções);
Este percecionava que, em comparação com as outras
atividades desenvolvidas dentro da organização, a gestão era  A centralização: a decisão e a responsabilidade da tomada
a menos valorizada, quer pelos práticos, quer pelos de decisão dependem exclusivamente da gestão;
académicos.  A hierarquia: a informação deve circular verticalmente, de
Este passa então a defender que se devia adotar uma cima para baixo;
perspetiva top-down, ou seja, a organização deve ser  A ordem: 1 lugar para cada funcionário, e cada funcionário no seu lugar;
percebida e analisada do topo para a base, e não o contrário,  A equidade: a justiça, representada pelas normas, deve
como acontecia na TCT de Taylor. estar aliada à equidade, ou seja, a uma cultura de justiça;
Neste seguimento, Fayol, na sua Teoria da Função  A estabilidade de pessoal: valorizam-se a estabilidade
Administrativa, preocupou-se em perceber quias eram as funcional e profissional11;
práticas incluídas nas funções da gestão, assim como os  A iniciativa: deve ser garantido um certo grau de liberdade
princípios centrais para que a gestão pudesse atuar de uma na função, ou seja, os trabalhadores podem realizar a sua
forma eficaz e eficiente. função de uma forma personalizada, mas a decisão final
Assim, segundo Fayol, a função da gestão inclui 5 grandes permanece nas mãos da gestão;
práticas, sendo estas:  O espírito de equipa: deve haver um sentido de unidade
 Planear: Delinear um cenário futuro desejável para a dentro equipas (um por todos e todos por um)
organização Este princípio não está relacionado com o trabalho de equipa em si, pois
 Organizar: Operacionalizar o planeamento Fayol não acreditava que tal existisse.
Definir e obter os recursos que serão necessários para atingir os
objetivos da organização Henry Fayol considera que o gestor é um bom burocrata que
 Dirigir: Dar as ordens de modo a que o planeamento se cumpre o seu dever.
faça cumprir
Prática ligada com a autoridade
 Controlar: Comparar aquilo que foi idealizado e aquilo que
está realmente a acontecer
Útil para corrigir as práticas de gestão
 Coordenar: Reunir os esforços e motivar os trabalhadores.

10 Para Fayol existem diferentes níveis de gestão: a gestão direta, a gestão


próxima daqueles que executam, a gestão intermedia, uma gestão mais
tática e que tenta operacionalizar a estratégia da organização através da
criação de objetivos concretos, e a gestão de topo ou estratégica, uma
9 Na prática, a gestão começou por ser exercida normalmente, mas com a gestão mais preocupada e definir o curso da organização no longo prazo.
emergência de algumas teorias que refletiam sobre esta prática, dando-lhe 11 Valoriza-se a senioridade e que a taxa de rotatividade seja a mais baixa
sentido e preenchendo-a de tarefas e propósitos, tornou-se necessário que possível, pois Fayol acreditava que a permanência na organização, por
esta se profissionalizar-se. longos períodos de tempo trazia conhecimentos e experiência.
Tal como Chester Barnard, Henry Mintzberg tentou levar para Peter Drucker tem uma visão integrada e global do que deve
a academia a experiência dos práticos, pois acreditava que a ser o gestor e a prática de gestão.
tanto esta como as teorias até então aceites se encontravam Para este quem exerce a função de gestão necessita de ter
distantes e não representavam, de todo, a prática de gestão narrativa, ou seja, face a um problema, este deve ser capaz
em diversos setores de atividade. de, não só, realizar uma análise do ponto de vista técnico,
Mintzberg vem desconstruir o mito de que o gestor é um mas também, de contextualizar este problema numa dimensão
individuo que fica isolado numa redoma a preparar e a política, social, económica e até histórica.
organizar o trabalho de uma organização. Destruindo a ideia Neste seguimento, este acredita que o gestor não é apenas
de que a gestão é uma função central, mas sim uma mais uma função na organização, com um determinado tipo
atividade igual a todas as outras. de responsabilidades e deveres, esta é a função critica à
Com o passar do tempo, as funções de organização e de volta da qual se reúnem todas as outras funções.
planeamento têm vindo a ser fortemente apoiadas por Drucker defende então uma perspetiva de valorização crítica
ferramentas digitais, o que faz com que a gestão deixe de da função para a organização como um todo, contudo, não
estar tão associada a estas funções, o que implica a tanto mitificada como a de Fayol
valorização de outros papeis. O que faz com que a sua teoria Contudo, tal como Mintzberg, este também considera que a
esteja mais ligada ao quotidiano da prática de gestão. função de gestão tem, iminentemente, um cariz prático.
Posto isto, Mintzberg considera que, para gerir o quotidiano
da organização, o gestor desempenha diferentes papeis Deste modo, podemos dizer que este autor tem um papel de
relacionados com a sua função, independentemente da sua conciliação entre a teoria clássica de Henry Fayol e a teoria
área profissional. pragmática e performativa, ligada ao quotidiano e ligada à
Dentro destes papéis identificou os seguintes: experiência vivida, de Henry Mintzberg.
 Papéis interpessoais: abrangem as relações interpessoais Isto porque acredita, por um lado, que a gestão tem de estar
dentro e fora da organização; iminentemente ligada á pratica e aos problemas reais da
organização, e, por outro lado, que é preciso burocratizar a
 Figura de proa: O gestor funciona como o representante
prática, pois a gestão precisa de ferramentas ligadas ao
da organização em eventos internos e externos; planeamento, organização, controlo, direção e coordenação, (GI/GE)
 Líder: O gestor motiva, encoraja e orienta todos os seus que sempre farão sempre parte do exercício pratico da
subordinados; gestão.
 Elo de ligação: O gestor estabelece contacto com o Assim, este defende não só a valorização da prática, mas
exterior, com o intuito de facilitar o acesso a certas também a valorização da burocratização dos processos de
informações, experiências e conhecimentos. tomada de decisão
 Papéis informacionais: abrangem a gestão da informação,
mais especificamente com a sua obtenção e transmissão; Para além disso, este privilegia ainda a relação da organização
com os clientes e a necessidade de trazer informações
 Monitor: O gestor recebe e procura obter informações provenientes dos clientes para a organização, de modo a que
que lhe permitam entender o que se passa à sua volta. esta desenvolva o seu produto de forma a ir de ao encontro
 Disseminador: O gestor partilha, por um lado, informações às necessidades dos seus clientes. Cabendo, por isso, ao
externas com a organização e, por outro, informações gestor mediar esta relação.
internas com os seus subordinados. Drucker considera então que a gestão vive de criação e
 Porta-Voz: O gestor partilha informação internas para o adaptação, pois quando falamos do desenvolvimento de um
exterior. certo produto e da proximidade com o cliente, falamos
 Papéis decisionais: abrangem a resolução de problemas e o necessariamente de tomadas de decisão que não estão
processo de decisão; prescritas nesse processo burocrático de tomada de decisão,
 Empreendedor: O gestor procede a mudanças por mas que acabam por surgir como inovadoras e que deve
vontade própria. Esta mudanças podem incluir melhorias permitir a adaptação da organização às suas contingências
na organização ou adaptações face às contingências externas.
controladas pela organização. Falando de Drucker é também importante referir os (GI)
 Controlador de turbulências: O gestor faz mudanças na conceitos de liderança e de integridade.
organização, mudanças estas causadas por contingências Tal como os autores anteriores, na teoria de Drucker existe
que se encontram fora do controlo da organização. também uma dimensão moral associada à função da gestão.
 Distribuidor de recursos12: O gestor decide os recursos Assim, este considera que o gestor deve ser o zelador do
que serão distribuídos e a forma como esta distribuição coletivo organizacional, e não apenas de certos grupos de
será feita interesse. Para Drucker, é à integridade13 do gestor que se
 Negociador: O gestor defende os interesses da organização deve a sobrevivência e o sucesso da organização.
durantes as interações com terceiros. (GI)
Assim, vemos que estes autores chamam à atenção para a dimensão moral
que deve estar presente numa função que tem sido sobretudo associada à
Henry Mintzberg considera que o gestor é um artista que, instrumentalidade, à técnica a uma dimensão financeira e, portanto,
destituída desta dimensão mais humana.
todos os dias, se reinventa e reinventa a sua equipa e a
organização através da informação que recolhe e através das
decisões que toma. 13 A integridade do gestor corresponde à sua capacidade de ser claro e
transparente nas mensagens que transmite; de ser claro relativamente aos
interesses das diferentes partes e ser uma espécie de equilibrista entre
12A afetação de recurso é, segundo Mintzberg, o coração do sistema de estes diferentes interesses, sendo que sobre todos estes interesses deve
formulação de estratégias de uma organização. prevalecer o bem comum, tal como Fayol defende.
Assim, a função de gestão acaba por ser a zeladora de toda
esta forma de funcionar, que esta continue a prevalecer e a
ser sustentável no futuro.
Por fim, tal como Mintzberg, Drucker considera que também
compete à gestão a atribuição de oportunidades para que as As teorias sistémicas incluem o racionalismo sistémico e as
suas equipas se desenvolvam. Assim, compete à liderança da teorias sociotécnicas.
gestão, não só a transmissão de conhecimentos técnicos e as Estas teorias emergem no fim da segunda guerra mundial,
diretivas sobre como fazer o trabalho, mas também garantir numa época em que as sociedades estão voltadas para a
ferramentas necessárias para a gestão de carreiras dos inovação e as escolas das relações humanas continuavam a
elementos das suas equipas, passando estas a ir de encontro estudar o comportamento humano, e a focar-se na dimensão
com aquelas que são as necessidades individuais dos sociológica e humana das organizações
elementos. Estávamos também numa fase de inovação tecnologia, que
Quando falamos de necessidades individuais falamos, por exemplo, de nos permite pensar que é possível decidir, e decidir melhor,
processos formativos e de acessos a determinadas oportunidades para
enriquecer as suas experiências e adquirir novos conhecimentos. quer num contexto social, quer num contexto organizacional.
Assim sendo, surge um novo paradigma que defende a
Peter Drucker considera que o gestor é um maestro que tem conciliação das dimensões humana e tecnológica.
em conta, não só a sua equipa, mas também a sua estrutura Neste seguimento, a máquina deve tornar-se numa cópia da
(cada um com a sua função), assim, competindo-lhe criar mente humana, de modo a tomar decisões de uma forma mais
harmonia a partir dos diferentes instrumentistas e dos seus qualificada, visto que elimina a irracionalidade e as fraquezas
diferentes talentos, para que quando todos se juntem do pensamento humano presentes nos processos de tomada
aconteça magia. de decisão.
Por isso, começa a estudar-se a forma como os seres humanos pensam,
estudo estes que vêm contribuir para a criação de sistemas tecnológicos
que facilitam a decisão artificial
As teorias anteriores não tinham em consideração o ambiente em que as
organizações se encontravam. As organizações, assim como a gestão, eram
pensadas de uma forma abstrata e de uma forma isolada.
Nesta altura, percebeu-se também, através da biologia e do
estudo da célula, que todos os organismos são sistémicos, i.e.,
que todos estes estabelecem relações de interdependência
com o seu exterior.
Posto isto, as teorias sistémicas pensam as organizações com
base na sua relação de interdependência com o ambiente
que as rodeia.
Todavia, é importante ressalvar que o seu foco se manteve nas organizações
e no modo como estas funcionavam.

As organizações passaram então a ser vistas como sistemas


abertos, com fronteiras porosas.
Caso contrário estas iriam autodestruir-se, uma vez que não se poderia
alimentar dos recursos externos, e, posteriormente, exportar aquilo que
criou para o exterior.
Os sistemas abertos estão constantemente, até certo ponto,
em aprendizagem e renovação, de forma a se melhorarem.

No decorrer da sua atividade, as organizações extraem recursos


de ordem material (matérias primas, energia, pessoas…), informacional
(conhecimento), simbólica, afetiva (…) do exterior. A estes recursos
damos o nome de inputs, que podem ser positivos e negativos.
Os inputs, todavia, não se mantêm na sua forma inicial. As
organizações usam-nos para produzirem produtos que vão,
posteriormente, exportar para o exterior.
A estes produtos, damos o nome de outputs, que podem ser
de ordem material, informacional, simbólica, afetiva (…) e ter
um caráter positivo ou negativo.
Mas para que tal aconteça, devem existir vários processos ou
seja, o encadeamento de atividades interdependentes que a
organização realiza, e que precisam de estar sempre em
atualização e melhoria. Para isso, a organização precisa de ter
um diapositivo de controlo que lhe permita comparar aquilo
que é o expectável (os padrões de desempenho que definiu
previamente) com aquilo que aconteceu realmente. Como
resultado, surgirão as ações corretivas, que vão permitir
melhorar o processo produtivo.
Katz e Kahn definiram um modelo de identificação das Os sistemas de gestão autocrática, autoritários e burocráticos
características deste tipo de sistemas. coercivos são excelentes exemplos de sistemas autopoiéticos.
Dentro destas características temos: Contudo, há outras circunstâncias que podem levar a que uma
 A dependência dos recursos externos (inputs); organização se feche, temporariamente, ao exterior.
 A transformação dos inputs em outputs; Por exemplo:
 A exportação dos outputs para a envolvente externa;  Quando a organização está numa fase de aprendizagem.
As organizações não devem estar constantemente em interação com o
 Os ciclos de conhecimento que ultrapassam as fronteiras meio ambiente e, por isso, devem existir alturas em que estas se
físicas ou formais da organização, e que se voltam a repetir fecham de modo a assimilar e a aprender a informação recolhida.
ciclicamente em função da relação estabelecida entre os Ou quando pretendem rentabilizar aquilo que aprenderam e produziram.
sistemas e o ambiente (Ex: processos de recrutamento e seleção)  Quando a organização está numa situação adversa e crítica,
 A renovação como fator imprescindível à sobrevivência do por exemplo, em situações de despedimentos coletivos e
sistema em oposição entropia (sistema fechado). lay-offs.
 A importância do feedback (processo de comparação) como ação Nestas circunstâncias, a informação dentro da organização não passa por
motivos defensivos, ou seja, para não criar insegurança para adiar a
corretiva do desempenho do sistema, permitindo corrigir os morte da organização.
desvios e alcançar o equilíbrio; Contudo, a falta de informação pode deteriorar a organização.
Este equilíbrio deve ser promovido pela gestão, e não é estático, ou seja,
não há uma única maneira de o alcançar
 A codificação interna como forma de registo e avaliação da A partir do momento em que conceptualizamos a organização
informação; como um sistema, podemos considerar que o seu próprio
A organização produz linguagem interna que lhe permite lidar com a interior é constituído por diferentes sistemas, nomeadamente,
informação que recebe o sistema social e o sistema técnico.
 A estabilidade temporária no seu modo de funcionamento, Desta forma, esta nova abordagem olha para as diferentes
para assimilar e aprender a informação que recolheu; partes que compõem a organização a partir de uma perspetiva
Nenhum sistema é capaz de aprender, se estiver em constante mudança de interdependência, o que vem permitir que as novas teorias
 A progressiva maior diferenciação e elaboração; conceptualizem formas de equilibrar essa interdependência,
Não há uma diferenciação funcional, mas, à medida que a organização para que a organização como um todo funcione melhor.
cresce, esta contrata mais pessoas e vai sentido a necessidade de se
especializar, surgindo secções que se tornam uma parte da organização O Instituto de Relações Humanas Tavistock demonstrou, com
e que se indispensáveis para atingir o sucesso várias experiências, que as organizações precisam de equilibrar
 A equifinalidade; aquilo que são as caraterísticas dos membros com aquilo que
Os sistemas embora partilhem várias características são muito diferentes são as características das componentes técnica e tecnológica
entre si. Por isso, chegam ao mesmo fim, por caminhos diferentes.
da organização.
Dois dos seus trabalhos ficam muito conhecidos, um deles
As organizações são, quase sempre, sistemas abertos, mas a foi realizado numa empresa têxtil, e o outro numa mina de
sua abertura ao ambiente pode ser limitada. carvão no RU.
Niklas Luhmann estudou estas organizações e deu-lhes o nome Este último foi bastante importante porque permitiu concluir
de organizações autopoiéticas. que, se mexermos num destes subsistemas, podemos estar a
pôr em perigo os outros subsistemas, e a própria organização.
Nesta experiência, os proprietários decidiram colocar um tapete mecânico
 A autorreferencialidade e o fechamento; para facilitar a extração do carvão.
Estas organizações têm um número de interações com o seu ambiente Quando este foi implementado, os proprietários achavam que o tapete iria
muito reduzido. aumentar a produtividade e a rendibilidade da empresa. Contudo, aconteceu
As referências, para o modo como funciona, está em si própria e não em exatamente o contrário o contrário.
informações recolhidas no exterior. A colocação do tapete: não facilitou o trabalho, criou conflitos entre os
Posto isto, estas nunca se comparam com outras empresas e nunca mineiros, levou ao surgimento de manifestações contra a sua colocação e,
procuram informação exterior. O que leva a que a sua aprendizagem seja no final, a produção foi reduzida.
reduzida àquilo que elas próprias produzem.
Após esta experiência, os proprietários chegara à conclusão que quando se
 A homogeneidade da cultura; tenta impor um novo sistema, neste caso técnico, a partir do topo, não se
Culturas dominantes e autocráticas que não permitem o dissenso. conhecendo a realidade humana de uma organização, cria-se uma situação
 A manipulação da realidade externa, para ir ao encontro de desequilíbrio, que vai por em causa o funcionamento
daquilo que é a experiência interna na organização, mesmo Os investigadores concluíram que o sistema social presente
que leve à produção de informação falsa; na mina era de extrema complexidade.
Procurando dominar os corpos e as mentes dos membros; O processo de aprendizagem de corte e extração do carvão e preparação
Todos os membros devem pensar da mesma forma, e devem ter o do minério, eram métodos que implicavam a passagem de informações e
mesmo quadro mental de referências, sendo este criado pela empresa. conhecimentos entre gerações, o que implica uma elevada coesão de
 A reprodução das operações através das redes estabelecidas equipa e de apoio mútuo.
Os processos são executados consoante redes de operações previamente Por outro lado, o trabalho nas minas era extremamente perigoso, e, de
estabelecidas. Posto isto, raramente há inovação nestas organizações. certo modo, os próprios mineiros protegiam-se e vigilavam-se mutuamente
e isso foi posto em causa pelo tapete.
 A importância da preservação da identidade organizacional Para além disso, os trabalhadores trabalhavam por turno e mediavam o seu
e a sua consistência, e a irrelevância do ator individual esforço entre todos. Nesse sentido, a colocação de um sistema técnico
Não se dá importância aos indivíduos ou à forma como estes podem passou a exigir outra forma de trabalho, e que estes passassem a trabalhar
contribuir para a organização, mas sim à imagem da organização. sozinhos num único local, o que dificulta a comunicação, e pôs em causa a
 A externalidade não entra no sistema, mas pode deformar coesão de trabalho e a passagem do conhecimento e a proteção mútua
Por fim, quem fazia regulação agora era a equipa de gestão e não o grupo
a “autopoiese”, mudando o comportamento interno. de mineiros.
Não há nenhuma organização que seja totalmente fechada. Em conjunto, estes fatores levaram ao bloqueio da mina.
Sobre esta experiência, o instituto concluiu que:
 A introdução de tecnologias pode ter um efeito perverso,
quando não há uma preparação prévia da organização social
e quando a gestão não considera os fatores humanos;
 O trabalho deve ser sempre percebido como um sistema As teorias contingenciais tentaram complexificar a
de atividades interdependentes com uma unidade própria; relação entre as organizações e o seu ambiente.
 A equipa deve ser o centro de preocupação da gestão; As investigações desenvolvidas procuraram, sobretudo, estudar
 Se deve valorizar o trabalho semiautónomo das equipas, em quais as variáveis que podem afetar a eficácia organizacional
detrimento do trabalho segmentado e individual controlado e de que forma o fazem .
pelo exterior. Estas surgiram no início dos anos 60, quando a
Por fim, esta chegou às seguintes conclusões: organização passou a ser concebida como um sistema
 A organização semiautónoma é válida para qualquer forma
aberto, e quando já se considerava que o ambiente
de trabalho, independentemente das tecnologias presentes. afetava o crescimento, a eficácia e a adaptação das
Esta forma de trabalho beneficiava o ambiente social da mina, assim organizações.
como a produtividade das equipas. Estas vieram dar continuidade a esta abordagem, e
 A regulação interna é mais eficaz do que a regulação externa procuram responder a algumas questões, que as
feita por supervisores; teorias anteriores não responderam :
 Se uma empresa tem a intenção de alterar o seu sistema  De que formas se adaptam as organizações ao seu
tecnológico, a extinção de certas funções, não deve servir ambiente?
de justificação para tornar as pessoas obsoletas.  De que forma as organizações se mantêm eficazes
A gestão deve preparar as pessoas para as novas tecnologias, caso na relação com o seu ambiente?
contrário vai por em causa o sistema social da organização.  Quais as relações de interdependência estabelecem
 As pessoas completam as máquinas, e não o oposto. com o seu meio?
As pessoas não devem ser um acessório das máquinas. Assim, deve existir
uma relação de equilíbrio entre os dois.  Qual é o impacto do ambiente na capacidade de
 A variedade, em oposição à estandardização, como forma regulação das organizações?
de responder às necessidades externas;  Como se regulam internamente quando o ambiente
O mais importante nesta ideia de equilíbrio entre técnico e social é que muda?
este resulta melhor se valorizarmos esta de forma a responder às
necessidades externas.
De uma maneira geral, podemos dizer que a maior
conclusão destas teorias, é o facto de a adaptação
A emersão destas teorias foi bastante importante para a depender de duas dimensões.
gestão porque: Daí serem chamadas de teorias contingenciais , ou seja, vai ser
 Referiram, pela primeira vez, a importância de analisar a relação entre um conjunto de variáveis que vai determinar
se a organização é, ou não, capaz de se adaptar a esse meio.
atentamente os fatores externos; Adaptação essa que pode ser feita de várias maneiras .
Servindo por isso de ponto de partida para teorias mais sofisticadas
 Redefiniram as fronteiras das organizações como sendo Dentro destas dimensões temos:
permeáveis e evolutivas.  A diferenciação que corresponde à capacidade que
É a partir destas teorias que as organizações crescem e diversificam e a organização possui para se especializar, de modo
definem as suas estratégias a responder às condições específicas do ambiente.
 Levaram à emergência da preocupação como os sistemas A capacidade de se tornar diferenciadora , depende da sua
de compreensão e linguísticos da organização; capacidade de conter diferentes especializações funcionais
A dimensão mais simbólica (a imagem da organização, o reconhecimento com linguagens e propósitos diferentes, de modo a responder
e a projeção institucional) às necessidades do meio em que se situa.
À medida que as organizações se vão diferenciando , é muito
 Levaram à valorização da perceção na redefinição da importante que as diferentes áreas não deixem de comunicar
relação entre o sistema e seu ambiente; entre si:
As empresas que tem o mesmo ambiente externo, no entanto, fazem  E a integração, que mede o grau de entendimento
coisas diferentes e decidem de forma diferente.
e colaboração entre as diferentes especializações
Contudo, alguns autores temiam que esta valorização da organizacionais, de modo a formularem uma resposta
máquina, ainda que seja de uma inteligente, pudesse levar a global e articulada.
uma nova celebração da tecnologia que se secundarizasse a Estas são as duas dimensões determinantes para
dimensão psicológica e social. que a organização se consiga regular internamente e
dar uma resposta ao seu ambiente.
Isto, com o intuito de responder à sua questão de partida:
“De que forma é que o desenho organizacional é afetado
O que nos permite analisar estas 2 dimensões é a
pela incorporação da tecnologia?”.14
estrutura da organização , ou seja, o seu esqueleto, os
níveis existentes dentro desta, e a forma como as ligações Através deste estudo, Woodwark chegou às seguintes
entre as diferentes áreas são feitas. conclusões:
Dentro destas estruturas existem 2 tipos:  A adaptação ao ambiente organizacional é condicionada
 A estrutura mecanicista, que se encontra ligada às pelos seguintes aspetos-chave:
teorias clássicas, das as suas características:  A tecnologia a adotar pela organização depende
 Há um elevado nível de formalismo; do tipo de produto desenvolvido e do mercado;
 Há uma divisão rígida do trabalho;  Existe uma interdependência entre a tecnologia
Entre concessão e execução adotada pela empresa e a forma como a
 A hierarquia é acentuada e burocrática; estrutura evolui;
 Há a centralização da decisão no grupo de gestão; Tendo em conta que existe um modo de produção, a
introdução de tecnologia afeta a estrutura da organização.
 A estrutura é rígida;  Se conhecermos o sistema de produção podemos
 E a comunicação é vertical. prever como a organização vai evoluir em termos
Dadas as suas caraterísticas, é fácil de perceber que este estruturais
tipo de estrutura está presente em ambientes estáveis e  A estrutura organizacional é determinante para
pouco mutáveis, pois a sua capacidade de mudança e que a organização se consiga adaptar ao ambiente.
adaptação é muito reduzido. A tecnologia apenas vem por acréscimo.
 A estrutura orgânica, que apresenta características
totalmente contrárias: Para além destas conclusões, Joan ainda identificou
 As estruturas são adaptáveis e horizontais sendo que as 3 tipos de ideologias dos sistemas de produção na
regras de funcionamento são mínimas; gestão industrial:
 A estrutura de autoridade e das tarefas é mínima;  A produção unitária e de pequenos lotes, que se
 Há um elevado grau de comunicação horizontal e vertical caracteriza:
(entre as diferentes áreas)  Pela estrutura achatada, horizontal e simples;
 A autoridade é achatada e horizontal e, muitas vezes, é  Pela pouca diferenciação entre conceção e execução,
rotativa; havendo uma divisão do trabalho rudimentar;
 O formalismo é mínimo. Os operários participam em várias partes do processo produtivo
Neste seguimento, é fácil de perceber que esta estrutura  Pelo contacto direto ao nível da gestão.
se ajusta perfeitamente ao seu ambiente, mesmo que este  A produção em massa, que se caracteriza:
seja instável e imprevisível, dada a sua grande flexibilidade  Pela produção em massa;
funcional.  Pela repetição dos processos o que lhe dá eficácia;
Todavia, hoje em dia, é quase impossível encontrar uma  Pela estrutura rígida, vertical e burocrática;
estrutura mecanicista. Para a flexibilizar, algumas organizações  Pela hierarquia complexa;
incorporam algumas dimensões da estrutura orgânica.  Pela separação entre a concessão e a execução;
A este tipo de estruturas híbridas que procuram dar uma
melhor resposta ao seu ambiente e ser mais eficazes, damos  E pela comunicação indireta e vertical.
o nome de estruturas mínimas.  E as tecnologias de processo ou automatizada que
se caracteriza:
 Pelo facto de a gestão ser feita através de comités de
Os trabalhos de investigação que vamos abordar foram trabalhadores;
desenvolvidos no contexto inglês, e estão muito ligados à  Pela valorização da manutenção e do controlo;
indústria organizacional. Perante a automatização dos procedimentos, os trabalhadores ficam
Esta indústria não é pensada por engenheiros, mas sim através encarregues de manter e controlarem as máquinas.
dos contributos de outras áreas de conhecimentos que não  Pela estrutura pouco burocrática;
costumavam estar ligadas ao estudo dos modos de produção.  Pela autoridade achatada;
 Pela comunicação personalizada e pouco burocratizada;
O primeiro estudo que vamos abordar foi realizado por Joan  Pelo grande ajuste entre a estrutura e a tecnologia
Woodwark. O que permite uma maior eficácia organizacional e uma melhor
Woodwark, estudou fábricas de diferentes indústrias com adaptação ao meio.
diferentes dimensões e diferentes modos operativos. Para o
efeito, esta desenvolveu um questionário.
Este questionário estudava variáveis específicas, como por
exemplo: o número e a complexidade das especializações que
existiam; os níveis de gestão e de autoridade; quais eram as
responsabilidades centrais dos diferentes níveis de gestão; e
a amplitude de controlo e da descentralização da tomada de
decisão.

14A resposta à sua questão é uma resposta contingencial, ou seja, esta vai
depender dos sistemas produtivos e da estrutura organizacional.
Ainda sobre esta teoria, há duas dimensões importantes que
devemos referir:
O outro estudo de que vamos falar foi desenvolvido pelo
Centro de Investigação em Administração Industrial da  Por um lado, o grupo de Aston chegou à conclusão de que
Universidade de Aston, na Inglaterra. a dimensão é extremamente importante para a estruturação
Este grupo de investigação considerou que era importante das atividades, portanto, à medida que as organizações se
estudar diferentes indicadores que permitissem comparar vão complexificando, há uma tendência para aumentar a
organizações estruturalmente muito diferentes. estruturação das atividades. Esta conclusão vem então por
Esta comparação devia ser alcançada através do estudo de 4 em causa que a tecnologia que é o fator mais determinante
diferentes dimensões: para a adaptação da organização ao seu ambiente.
 Por outro lado, estes autores concluíram que quanto maior
Dimensão Variáveis principais a dependência, ou seja, quanto maior for a concentração de autoridade,
Dimensão, tecnologia, propriedade, menor a possibilidade de influência.
Contexto localização, tipo de mercado…  Por fim, os autores consideraram que a tecnologia pode ser
Estrutura importante em determinadas circunstâncias, mas é ela, por
Organizacional Especialização, formalização, centralização si só, não define a eficácia ou a estrutura da organização.
Interação, poder e influência (como ela é O grupo de Aston ainda realizou um outro estudo relativo aos
Comportamento exercida), conflito de papéis, rigidez efeitos de desajustamento entre estrutura e necessidades
Organizacional cognitiva (se potencia, ou não, a participação e a organizacionais na resposta ao seu ambiente.
criatividade dos membros), stress individual Os autores referem que há vários tipos de desajustamentos
Produtividade, rendibilidade, que podem resultar em 5 tipos principais de efeitos centrais
Desempenho
adaptabilidade, moral
Efeitos Razões
Os autores consideravam que teria de haver, nas investigações, realizadas no
âmbito da gestão industrial, uma estratégia de investigação que prossupõe  Ausência de regras formalizadas
alguns princípios.  Decisões arbitrárias e inconsistentes
Primeiro, para identificar os problemas que são específicos, ou comuns, às
organizações, temos de desenvolver estudos comparativos.  Sentimento de falta de autonomia e
Dessas comparações devem surgir padrões comuns, que passam a A motivação e reduzida responsabilidade pelo aumento
constituir níveis de medição. moral do controlo
Para além disso, é importante considerar como a natureza, a estrutura e o diminuem
funcionamento das organizações são afetados pelos contextos e ambientes
 Falta de clareza relativamente ao
externos. expectável/ ausência de objetivos claros,
Os estudos relativamente à estabilidade e à mudança e à adaptação da pressões concorrentes/ sobrecarga por
organização ao seu meio ambiente deve ter em conta um conjunto diverso ineficácia dos serviços de apoio
e integrado de variáveis.
Todas as variáveis estudadas pelo grupo de Aston permitiram Tomada de  Deficiente circulação de informação
concluir que estas dimensões podem ser agregadas em duas decisão pode  Centralização que leva a sobrecarga de
dimensões principais que estão relacionados com a estrutura tornar-se lenta decisões, e estas perdem qualidade
e o contexto, sendo estas: o nível da estruturação das tarefas e de fraca  Falta de sistema de avaliação de decisões
e a centralização da autoridade. qualidade semelhantes
Combinando-se estas duas dimensões, os autores identificaram
quatro perfis organizacionais dominantes: Excesso de  Objetivos concorrentes não estruturados
conflito
Alta e falta de  Falta de mecanismos de ligação
Burocracia de Burocracia coordenação  Quem executa não participa da decisão
Pessoal Plena
 Falta de especialização na inovação
Centralização  Desvalorização da inovação e mudança
Burocracia do Incapacidade
de inovar  Falta de coordenação entre quem
Não-Burocracia Fluxo de identifica as oportunidades e quem gera
Trabalho inovação
Baixa Estruturação das Alta
 Hierarquia excessiva
Atividades Custos
elevados  Burocracia sufocante
A burocracia do fluxo de trabalho apresenta um nível de estruturação ao  Todos os outros problemas já referidos
nível do processo produtivo elevado, e uma grande previsibilidade no
trabalho desenvolvido por cada trabalhador, porque o trabalho é muito
especializado e, nesse sentido, muito rígido. Ao nível da autoridade este é
extremamente baixo.
(Tecnologias de processo JW)
A não-burocracia apresenta um baixo nível de estruturação de tarefas e da
centralização.
A burocracia de pessoal apresenta uma baixa estruturação das tarefas e
uma elevada concentração da autoridade de controlo de linha.
Na burocracia plena o nível de estruturação de centralização são ambos
elevados (dada a baixa integração tecnológica)
Com base nestes estudos percebemos que:
 Cada caso é um caso e, por isso, temos de estudar a
realidade especifica de cada uma das organizações para
compreendermos bem a sua relação com o ambiente;
 A gestão deve ter sempre em conta o seu caso específico
duma certa estrutura organizacional, das suas necessidades Até aqui as teorias focavam-se na própria organização, ou na
organizacionais, para posteriormente avaliar a capacidade sua relação de interdependência com o ambiente, contudo, as
de resposta ao seu ambiente; teorias ambientais sociológicas escolhem como primado de
Para isso, o grupo académico de Aston fornece um conjunto de variáveis análise o ambiente externo organizacional.
que devem ter sidas em consideração.
A estas interessa-lhes a capacidade reflexiva por parte da
 Não existe um ajustamento perfeito, e este não serve para gestão, de modo a perceberem quais são as suas limitações,
sempre, porque a organização está sempre a mudar;
quer na sua capacidade de desenvolver estratégias, para que
 Temos de recusar o determinismo, porque o facto de
a organização seja bem-sucedida, quer na sua capacidade de
existir uma variável comum entre as organizações, a
tecnológica, a forma como esta a afeta as suas relações adaptação da organização ao seu ambiente.
com o ambiente será diferente; Estas vieram ainda, por um lado, ajudar-nos a refletir sobre
 A organização também influencia o ambiente; as razões que estão subjacentes a estas limitações de ação
 Há determinadas circunstâncias em que as organizações e, por outro, dão-nos uma outra perspetiva no modo de ver as
podem não se conseguir adaptar ao meio, portanto, há aqui organizações.
uma dificuldade de ajustamento que pode surgir porque a Estas vêm-nos mostrar que, muitas vezes, a capacidade de
adaptabilidade é limitada. adaptação das organizações ao seu ambiente não está, por
várias razões, diretamente ligada às políticas de gestão, nem
da eficácia das mesmas, mas sim com certas características
intrínsecas da organização.
As organizações têm limitações na sua capacidade de adaptação ao seu
ambiente, daí que estas organizações se centrem sobretudo na capacidade
de ajustamento das organizações, e não tanto na sua capacidade de
adaptação, o que reduzem a agência organizacional face ao seu ambiente
e, consequentemente, da própria gestão.
As teorias ambientais sociológicas, principalmente a teoria ecológica,
têm como pressuposto a análise das organizações como se
fossem espécies animais.
Ou seja, o seu comportamento é comparado com o de uma espécie animal
num determinado habitat.
Esta comparação ajudará a entender as organizações no seu
conjunto, e não apenas a organização de um ponto de vista
isolado.
Esta informação é particularmente importante para os investidores, para perceber
como certo setor de atividade se pode desenvolver e evoluir em função de um
determinado ambiente social/político/económico, e, portanto, no sentido de tomarem
as suas decisões face ao investimento

A teoria da dependência dos recursos explora os modos de


atuação das organizações, de modo a tentarem diminuir a
sua dependência face ao ambiente, no que diz respeito a
recursos que são críticos para aquilo que é a sua atividade
principal.
Dentro das 3 teorias que vamos abordar, esta teoria é aquela
que dá mais poder de ação ao gestor e, portanto, o sucesso
dos gestores, segundo esta teoria, está na sua capacidade de
trazer para a organização os recursos que ela necessita e de
conseguirem contornar a sua dependência relativamente ao
exterior.
A munificência analisa o grau em que os recursos críticos
escasseiam ou abundam no ambiente.
Como vimos anteriormente, esta teoria avalia o sucesso da organização em A envolvente é abundante quando, tal como o nome indica, os recursos que
função do grau de dependência identificado face aos recursos externos. a empresa necessita são abundantes.
Posto isto, são identificados 3 aspetos centrais que parecem Pelo contrário, a envolvente é escassa quando os recursos que a empresa
definir o grau de dependência da organização, em função necessita são escassos. O que faz com que quem os detém ganhei poder
dos recursos que necessita para desenvolver a sua atividade no meio.
principal. Dentro destes aspetos temos: A complexidade analisa o número e o padrão das relações
 A centralização dos recursos; estabelecidas entre as empresas.
Um recurso é extremamente importante para uma organização se for Assim, a envolvente é complexa se são desenvolvidas várias relações entre
um monoproduto (que apenas é produzido por uma empresa: monopólio), as organizações, e é pouco complexa de o contrário de verificar.
necessário para o desenvolvimento da sua atividade.
Assim, se os recursos estão centralizados numa única empresa, irá dar-
se o aumento da dependência das organizações. Como foi dito anteriormente, segundo esta teoria, a gestão
 O poder discricionário sobre a afetação e utilização do tem como papel central assegurar os recursos críticos e que
recurso; estratégias a organização pode desenvolver nesse sentido.
Este aspeto está ligado ao poder que a organização tem em aceder ao A análise dos recursos críticos e os níveis de análise, que foram referidos
recurso que lhe é importante para si. previamente, permite-nos perceber que a gestão pode adotar diferentes
Ex: fazer um recurso para vários fins, ou fins acessórios e não determinantes; ter estratégias, sendo que o objetivo é manter o nível considerável de certeza
várias fontes de acesso ao recurso; criar os seus próprios recursos… e de autonomia, porque isso é sinónimo de uma maior capacidade de
Ex: Na política do Pingo Doce, neste momento produz o seu próprio leite, não é negociação da organização com o seu ambiente.
um leite de fornecedores Dentro destas estratégias temos:
 O grau de concentração e de expressão, ou seja, o grau de  Desenvolver mecanismos para se adaptar ou alterar os
diversidade de alternativas para acesso aos recursos; constrangimentos externos;
O número de alternativas possíveis de acesso ao recurso influencia o A organização pode adquirir uma organização fornecedora de um recurso
grau de dependência. Assim, quanto maior o número de alternativas, crítico para a sua atividade, por exemplo.
menor é a sua dependência.
 Alterar a interdependência através da diversificação;
As organizações podem apostar em vários negócios, em diversos
Com base nesta dependência, uma outra forma de análise mercados, por exemplo.
consiste na avaliação da relação de certeza e de autonomia  Negociar alianças como as joint ventures;
Principalmente, se for necessário um investimento elevado
com o seu ambiente. Joint Ventures: empresas de um determinado setor juntam-se, para desenvolver
Ou seja, podemos analisar a forma como a organização gere projetos inovadores e sustentáveis
a sua dependência através da criação de um nível de certeza  Atuar politicamente com vista à alteração da envolvente
e da sua capacidade de criar autonomia face ao ambiente. As organizações podem desenvolver associações que representem os
Como as organizações vivem confrontadas com o dilema da seus direitos e os seus interesses, e que façam pressão sobre os
governos, no sentido de fazerem alterações nas leis, de modo a serem
dependência estas tentam criar uma situação de equilíbrio. E beneficiadas.
este equilibro, implica um dado nível de certeza e de
autonomia.
A certeza pressupõe que a organização quer estabilizar o A teoria ecológica não olha para a organização de forma
ambiente em que se encontra, através da criação de isolada.
compromisso inter-organizacionais. Esta vem analisar o comportamento das populações de
As organizações fazem contratos com os seus fornecedores, clientes, e organizações, e de setores de atividade económica.
concorrentes, de modo a criarem alguma estabilidade, pois passam a saber Esta informação é sobretudo importante de um ponto de vista longitudinal,
com o que podem contar. para perceber como determinados negócios evoluem ao longo do tempo
Contudo, estes contratos levam à diminuição da autonomia. em função do ambiente se conseguem ou não sobreviver fase às
A autonomia encontra-se relacionada com a diminuição da transformações do próprio ambiente (fatores económicos, políticos…)
dependência organizacional, dos seus constrangimentos e Mudança como fenómeno longitudinal que opera sobre populações por
via de processo de seleção, variação e retenção
incertezas. Ao estudar as organizações e o processo de mudança
Contudo, quanto mais autónoma for uma organização, mais organizacional, a teoria ecológica inspira-se na perspetiva de
imprevisível se torna o seu ambiente, portanto, esta gestão seleção natural de Darwin, para perceber a capacidade de
tem de ser muito bem feita. mudança e de ajustamento das organizações ao seu meio.
Assim, da mesma forma que Darwin nos diz que as espécies
Os conceitos de concentração, munificência e complexidade animais não se adaptam ao ambiente, mas sim que possuem
são indispensáveis para definir a estrutura envolvente. determinadas características intrínsecas que, num determinado
A concentração define o grau em que o poder e a autoridade ambiente natural, lhes podem ser, ou não, favoráveis à sua
de um setor de atividade se encontram aglomerados ou sobrevivência. A teoria ecológica diz-nos que as organizações
dispersos no ambiente. só irão sobreviver se tiverem certa característica, mesmo que
Numa envolvente concentrada, há organizações poderosas que dominam se tentem adaptar.
determinados contextos, uma vez que, são extremamente importantes e Neste seguimento, o que está aqui em causa não é a
vitais para o seu ambiente. São assim setores cujo poder e autoridade está capacidade de as organizações obterem elevada rendibilidade,
centrado em poucas organizações. Estas dominam o seu ambiente, as
entradas e as saídas do seu próprio mercado; assim como as normas e as mas sim a sua capacidade de sobreviver ao longo do tempo
regras que regem o setor de atividade. sob as circunstâncias do ambiente em que estão inseridas.
Numa envolvente dispersa, e mais democrática, há o envolvimento de Sobrevivência essa que não dependerá das políticas de gestão, mas sim de
outros stakeholders na própria gestão do setor, como: o governo e ONG’s o características que lhe são intrínsecas.
que leva à maior dispersão desse poder (há uma maior partilha de poder). Apenas as organizações mais ajustadas são capazes de sobreviver
Dentro destas características intrínsecas temos, por exemplo, Como vimos anteriormente, estes 3 tipos de organizações vão
a dimensão e a estrutura organizacional (rígidas ou flexíveis, que adaptar-se melhor não em função daquilo que elas fazem, ou
podem ser melhor para um, ou para outro ambiente) . das suas capacidades de gestão, mas sim em função dos
Como é óbvio, algumas organizações não têm a capacidade de mudar estas ambientes em que se encontram.
características de um momento para o outro, porque, de algum modo, Assim, neste caso, o grau de ajustamento de cada um deles
acabam por ser características preservadas durante esse período.
Segundo esta teoria, a capacidade de adaptação é limitada, vai depender da configuração do nicho de mercado em que
porque as próprias organizações desenvolvem uma certa atuam.
inercia estrutural, i.e., uma certa incapacidade de mudar ao Esta teoria analisa o nicho de mercado consoante as suas
ritmo da envolvente. características, nomeadamente o nível da sua maturidade,
Esta incapacidade pode ser causada por fatores internos sendo que podemos considerar 3 tipos de maturidade:
como a falta de capacidade de investimento na sua modernização, e com
embrionária15, desenvolvimento16, madura17.
fatores externos, como processos ligados a questões de ordem política Há medida que se vão desenvolvendo, os mercados vão
e legislativa, que acabam por prejudicar o negócio das próprias
potenciando diferentes tipos de estratégias organizacionais, o
empresas, o que vai diminuir a capacidade de sobrevivência que implica que, nesse ambiente, a população organizacional
no futuro. que vai sobreviver será aquela com a estratégia mais
Assim, o cerne desta teoria é tentar descobrir quais são as ajustada ao mercado e ao nível de maturação em que este
empresas mais aptas para mudar e sobreviver no seu meio, se encontra.

Maturidade Configuração do Nicho de Mercado


Com base nestes pressupostos a ecologia organizacional olha da Envolvente
Embrionária Desenvolvimento Madura
para as organizações e classifica-as a partir de diferentes
pressupostos, um deles sendo a estratégia das organizações, Alta
Baixa Crescente As empresas que
e o outro o seu tamanho. Cada vez mais já estão estáveis
Densidade Porque o mercado
Quanto ao tipo de estratégias, em função do tempo de populacional ainda está a
empresas, surgem no mercado e é
entrada no mercado, temos dois tipos de organizações: para investir nesse lucrativo, por isso,
começar
negócio estrela mais empresas
 Os primeiros concorrentes (Estrategos R), que são aqueles investem
que entram primeiro num determinado negócio;
Estas organizações são inovadoras e conseguem criar novos mercados Decrescente
As empresas
 Os concorrentes tardios (Estrategos K), que são seguidores Dimensão e começam a tentar
de um determinado negócio; velocidade de Alta comercializar, e já Baixa
Estas organizações seguem a inovação que está a acontecer mudança não estão na fase de
transformação e
Estes dois tipos de estratégias podem, depois, dividir-se em 2 inovação do produto
grupos relacionados com a dimensão das organizações.
 Os generalistas. Forma Especialistas R
organizacional Empresas com um Generalistas K Generalistas K
Estas são, tendencialmente, empresas de grande dimensão, predominante know how
com estruturas bem delineadas e que, portanto, têm, pela
sua dimensão, acesso a diversos recursos e competências Generalistas R
Implica um grande
críticas. investimento
Outras
Contudo, são lentas a responder a mudanças externas. formas financeiro e Polimórficas Especialistas K
 Os especialistas; competência
críticas muito
Estas são, tendencialmente, empresas de pequena dimensão dispendiosas
ou recentes (start-ups), e que podem criar novos mercados, ou
explorar novos segmentos Generalistas K
Especialistas R Não são
Do cruzamento entre as estratégias e o tipo de organizações, Têm pouco a
inovadoras, só
investem no
resultam 3 tipos de organizações: Melhores arriscar, mas os Generalistas K mercado e
Tipologias do Cruzamento estratégia X organização: desempenhos resultados
apropriam-se
dependem do seu
 Os pioneiros de mercado (especialistas-R e generalistas-R): bom desempenho
daquilo que é a
inovação já
Estas são empresas que têm como propósito principal criar alcançada
novos mercados;
 Os seguidores rápidos (generalistas-K e polimórficos)
Estas empresas não são inovadoras, mas rapidamente se
apoderam das competências e dos recursos necessários
para criar inovação
Podem provir de indústrias diferentes, mas que tem a capacidade de
rapidamente adquirir o conhecimento de um outro setor de atividade,
porque tem o capital necessário para o fazer, tendo portfolios muito
diversificados.
 Os concorrentes tardios (especialistas–K);
Estas são empresas de menor dimensão, que ocupam
segmentos estreitos de mercado. 15 Negócios que estão num mercado em fase de exploração,
No fundo, acabam por não ser inovadores, e vão ocupando áreas que estando por isso numa fase inicial do seu crescimento.
16 Negócios que, de alguma forma, já conseguem ser rentáveis e
nenhuma empresa está interessada em desenvolver.
Costumam apoiar as empresas generealisatas-K/R, fornecendo alguns que ganharam algum protagonismo dentro de um determinado
acessórios importantes para essas empresas. mercado, mas que ainda não são dominantes.
17 Negócios que, à partida, serão sempre rentáveis.
Num contexto em que o primado é a diferenciação para que
possam sobreviver, a teoria institucional tenta perceber a
razão pela qual as organizações se copiam umas às outras, As teorias interacionistas centram-se na análise da gestão
dentro de um determinado setor de atividade. dos processos organizacionais, nos modos de produção, assim
Esta prática organizacional, no entanto, nem sempre se como na relação que se estabelecem entre estes modos, de
encontra ligada a questões económicas. forma que seja alcançada uma maior eficiência e eficácia.
Isto é, para que haja menos desperdício e uma maior qualidade naquilo
Muitas vezes tem a ver com a própria legitimidade da que a organização tem a oferecer à sua comunidade.
própria organização, no mercado em que se situa. Para além desta relação, algumas destas teorias também
Assim, esta pressupõe que as organizações não procuram abordam as relações estabelecidas entre as diferentes
apenas lucro, procuram também ser legitimadas nos seus organizações, quer por razões financeiras, quer por razões
mercados. estratégias, de modo a que todas elas consigam produzir e
As empresas cada vez mais se importam com este último ponto,
assistindo-se ao aumento do investimento em responsabilidade social, na desenvolver a sua atividade.
sua imagem, em certificações de qualidade e dos processos. As teorias interacionistas integram 3 principais abordagens:
Assim, as organizações competem não só por recursos, mas  A perspetiva japonesa, que nos é trazida pela industria
também por poder político e legitimidade institucional. automóvel japonesa (Toyota), a partir dos anos 80, após ter
A legitimidade, por sua vez promove a uniformidade. sofrido um processo revolucionário de mudança nos seus
A uniformidade implica que as empresas adotem práticas modos de produção a partir, por um lado, das influencias
que são transversais a todas as organizações que constituem ocidentais (americanas e do fordismo), mas também da
um determinado setor. cultura japonesa, que posiciona os trabalhadores numa
A tendência para a uniformidade organizacional resulta do: perspetiva diferente da fordista;
 Isomorfismo coercitivo, que resulta de uma influência  A reengenharia, que surge nos anos 90, e que procura
política que informalmente, ou formalmente, força as pensar nas organizações a partir de uma perspetiva de
organizações a adotarem determinadas normas internas no otimização de processos de produção;
seu modo de funcionamento que as torna iguais. Nesse sentido, voltamos ao taylorismo;
Ex: Regulamentação do estado  E as organizações em rede
 Isomorfismo mimético, que surge como uma resposta As organizações sempre foram em rede, porque estas precisam de
estandardizada das organizações à incerteza que leva à estabelecer relações com outras organizações para sobreviverem, mas só
agora foram perspetivadas desta forma
imitação organizacional;
Imitação organizacional que resulta do facto de as organizações
identificarem alguma vantagem nas práticas dos concorrentes, e, por
isso, decidem copia-las, de forma voluntária. Como foi referido anteriormente, estas teorias centram-se nos processos e
Por exemplo, (círculos de qualidade), no caso de existirem concorrentes com modos de produção, assim como nas relações estabelecidas entre estes
certificados de qualidade, as organizações devem investir nestes certificados, de processos, sendo que, muitas vezes, o objetivo central é a qualidade daquilo
modo a não perderem competitividade. que a organização oferece à sua comunidade.
 Isomorfismo normativo, que resulta de características Estamos nos anos 80, e o que prevalece no mercado é o
relacionadas com as competências que as organizações setor terciário (de algum modo os serviços ganhar lugar à indústria) e,
precisam, para realizar a sua atividade principal e que são nesse sentido, surgem diferentes perspetivas sobre qual será
transversais a outras organizações, porque as competências o futuro da indústria, uma vez que ela parece perder terreno
são adquiridas fora desta para este novo setor.
Por exemplo: os alunos têm competências comuns, pois foram instruídos  Temos o movimento de modernização do setor industrial
na mesma escola, por exemplo. em que há uma tentativa de tornar o modo de produção
No seu mercado, as empresas para ganharem, ou, pelo menos, para não
mais inteligente através de processos de mecanização
perderem, vantagem competitiva, não precisam apenas de criar um multi-flexíveis, o que significa que as máquinas operam mais do que
equilíbrio entre certeza e autonomia, ou de ter características intrínsecas uma atividade dentro do processo produtivo, e cujo papel dos operários é
relacionadas com uma população organizacional, para que possam vigiar o seu funcionamento. Isto levava a práticas interligadas de
sobreviver, e continuem a ser rentáveis, estas também precisam de se funções e atividades interdependentes.
copiar e de se imitarem, quer seja por imposição externa, quer seja Esta visão vem defender a modernização da indústria
voluntariamente, quer seja por criação de normas transversais a todos os assim como a sua capacidade de conseguir manter a sua
setores. vantagem competitiva.
 Uma outra visão defendia que a indústria ocidental iria
perder para o mercado massificado oriental e, nesse
sentido, iria haver uma maior tendência para a importação
do que para a exportação.
 Por último, temos uma perspetiva mais evolutiva que
considera que os efeitos da globalização não têm de ser
necessariamente negativos e, portanto, que a mudança na
indústria vai continuar e que os diferentes tipos de
indústria têm muito a aprender umas com as outras.
Assim, apostar em máquinas mais flexíveis, com uma maior capacidade de
produção, e mais rápidas vai garantir uma maior eficiência dos sistemas
produtivos e vai garantir a produção de pequenos lotes em grande
quantidade, o que permite oferecer uma maior diversidade de produtos e
serviços que o mercado atual necessita. E é neste contexto que vamos
introduzir a teoria da gestão de processos japonesa.
Durante este período, também verificamos a preocupação  O just in time que implica a produção das quantidades
crescente com a qualidade, surgindo uma tendência para necessárias, no momento certo, de modo a extinguir a
valorizar os sistemas de certificação da qualidade (ISO), de necessidade de armazenamento.
modo a que as empresas ganhassem vantagem competitiva. Para que tal aconteça, é necessário a colaboração entre fornecedores,
Estas teorias trouxeram uma nova forma de ver o trabalho, clientes e a empresa.
menos centrada na competitividade e mais centrada na  O princípio jikoda que consiste no desenho de máquinas
solidariedade, e aqui estamos a falar principalmente ao nível que incorporam a deteção de defeitos, permitindo que o
da própria cultura organizacional. erro seja detetado previamente e automaticamente, de
Passa-se a valorizar a estabilidade dos RH, no contexto empresarial, no modo a garantir zero defeitos e, consequentemente, o
sentido em que esta estabilidade permite um melhor conhecimento da maior nível de qualidade possível.
organização e melhores níveis de desempenho.
 A gestão da cultura organizacional que valoriza:
 A senioridade e emprego para toda a vida;
As pessoas aprendem ficando nos seus locais de trabalho porque,
deste modo, conseguem obter um maior conhecimento sobre aquilo
A gestão de processos japonesa começou durante a visita do que fazem, podendo partilha-lo quando for necessário.
presidente da Toyota a uma fábrica Ford.  As equipas autogeridas;
Este ficou fascinado com o processo produtivo (a sequência e o Há um objetivo e as equipas definem os aspetos centrais para a
realização da sua tarefa.
encadeamento do processo produtivo…), mas, por várias razões, este
achou que aquele modelo não podia totalmente aplicado no  O sistema de recompensas coletivo;
A ideia era a valorizar, não o trabalhado individual, mas sim o trabalho
Japão e na indústria japonesa. coletivo, assim, as equipas é que eram recompensadas, sendo que os
Isto porque: salários eram definidos em função do desempenho das próprias
equipas, e não do trabalho individual.
 Para ele, o mercado japonês teria outro tipo de exigências;
A produção não poderia ser massificada num monoproduto.  A colaboração e democratização da decisão;
Era sim necessário que o sistema produtivo (mecanizado e sequenciado), Envolvimento dos clientes internos de fluxo de trabalho (trabalhadores),
pudesse produzir em diversidade, para que tal acontecesse, teria de se e dos fornecedores - através de princípios de colaboração e de
dar uma reinvenção do próprio sistema mecânico, uma reorganização da aprendizagem mútua;
linha de montagem e da natureza das máquinas que eram utilizadas. Os operários eram muitas vezes chamados para propor melhorias
dos processos. Estes eram vistos como clientes internos do fluxo
Ou seja, era necessário oferecer diversidade e quantidade, de trabalho, ou seja, eram clientes dos semi-produtos que lhes
simultaneamente, (lotes unitários em grande quantidade); chegavam, sendo, simultaneamente, fornecedor de uma outra
 As fábricas Ford, mesmo ao tentar evitar o desperdício, ele equipa.
existia e ele existia. Os fornecedores que deixaram de ser percebidos como
elementos numa relação de compra e venda, e passaram a ser
E para além disso, o facto de existirem peças que ficam uma parte interessada na melhoria da qualidade da organização,
bastante tempo nos espaços de armazenamento, fazia com sendo muitas vezes chamados para darem o seu contributo e a
que a organização tivesse custos desnecessários. sua reflexão sobre os próprios processos.
Portanto, esta especialização flexível, também ela mecânica, era
resultado deste contributo de todos
Vemos aqui vários aspetos que são novidade
Nesta altura, nos anos 80, a indústria automóvel japonesa Vemos conceitos que são transpostos para o modo de produção cujo
objetivo é 0 defeitos, 0 avarias e 0 demoras, o significa que o sistema era
tinha como vários pressupostos a si associados18: muito eficaz, o que levou a que as empresas japonesas ganhassem
 Sendo o primeiro, o conceito Kaizen que implica a melhoria vantagem competitiva sobre as empresas americanas.
global e integrada através da implicação a longo prazo de Aparecendo como empresas fortune, ou seja, eram das mais prosperas, rentáveis e
com maior vantagem competitiva, pois ofereciam produtos diferenciados em
todos os seus intervenientes grandes volumes.
A organização (os processos mecânicos e humanos, a linguagem do modelo
sociotécnico, onde o sistema social e o sistema técnico estariam harmonizados)
como um todo virada para um objetivo único, a melhoria contínua, global  Temos os teóricos que adotam uma visão mais positiva,
e integrada com implicações a longo prazo na organização e que
implicava a participação de todos os intervenientes na tomada de pois percebem, fundamentalmente, os aspetos positivos
decisão, e não apenas gestão. desta teoria:
 A qualidade como um dos fatores mais importantes;  O multitasking da mecanização da linha produtiva;
 A utilização da tecnologia de informação e microelectrónica  A participação dos operários através do seu feedback na
para modernizar o processo produtivo e, consequentemente, melhoria do processo produtivo;
para a criação de uma maquinaria flexível e especializada  A capacidade de os operários poderem parar a linha de
direcionada para determinados nichos de mercado. montagem se, por ventura, encontrassem um defeito;
 A especialização flexível direcionada para nichos de Consideravam que havia uma certa autonomia que era dada aos
mercado, era auxiliada pela opinião dos clientes, que eram operários e que não existia no ocidente
vistos como elementos com informação valiosa e sugestões  O envolvimento das equipas em todos os níveis;
Através das equipas autogeridas;
importantes sobre os produtos;
 A utilização de sistemas de produção flexíveis, com  A ideologia do just in time;
máquinas inteligentes multifuncionais reconfiguradas para  O facto de esta cultura só ser de possível com o
produzir diferentes tipos de modelos. envolvimento de todos, o que motiva o desenvolvimento
Em contrapartida, estes sistemas pediam alguma flexibilidade funcional individual e a aprendizagem;
por parte dos trabalhadores, cujas novas funções eram sobretudo Era frequente que os operários rodassem pelas diversas funções para
supervisionar a maquinaria. conhecerem o processo produtivo, o facto de poderem participar era
visto por estes teóricos como uma cultura democrática
18
 A preocupação com a qualidade trazia uma série de
Sendo que o objetivo era sempre a melhoria do processo produtivo e da
qualidade do produto oferecido. aspetos positivos;
 Depois, temos os teóricos que adotam uma visão negativa,
pois percebem, fundamentalmente, os aspetos negativos Este tipo de gestão de processos vem chamar atenção dos
desta teoria: teóricos para o conceito de cultura organizacional.
 A utilização de máquinas cada vez mais inteligentes A cultura corresponde ao conjunto de valores e assunções
remete os operários para funções relacionadas controlo que assumimos como sendo importantes e verdadeiras, e que
dos automatismos do processo produtivo, o que não lhes enquanto comunidade possuímos. Esta permite-nos definir
permite desenvolver as suas funções cognitivas; aquilo que pensamos e a forma como pensamos, e é por isso
Para além disso, estes operários tinham muito stress, uma vez que,
dada a sua formação, era uma função muito exigente terem que que conseguimos comunicar uns com os outros, uma vez que
decidir parar um sistema produtivo ou cometer erros, principalmente temos referentes comuns e norteamos o nosso comportamento por valores
numa cultura onde o valor máximo era a qualidade*. comuns. O que por sua vez nos permite prever o nosso comportamento, no
futuro, face a determinadas circunstâncias com base nesses valores.
 O desenvolvimento do processo produtivo, ao ponto de as A cultura pode ser nacional ou organizacional, contudo, só nos
próprias máquinas identificarem os erros na qualidade dos produtos,
podia ter como objetivo último a substituição das pessoas vamos focar nas culturas que permitam que a organização
pela máquina inteligente; tenha uma identidade própria e, por isso, diferente da dos
seus concorrentes.
 O facto de os próprios colaboradores interiorizarem em Tom Peters e Robert Waterman depois de analisarem as
si um conjunto de normas relativamente à empresa, e de, empresas nipónicas (japonesas) e fazerem uma comparação
eles próprios, assumirem a responsabilidade do processo com as empresas americanas tentaram, de alguma forma,
produtivo; criar um receituário para as empresas ao nível da cultura,
Isto não é necessariamente algo positivo, porque se no modelo fordista a
supervisão era exterior aos operários, na cultura japonesa estes trabalhadores sugerindo-lhes a cultura Z. (ou teoria Z ou empresa Z).
interiorizavam estas normas constrangedoras como sendo suas, eles próprios já Ou seja, seria um conjunto de valores ou pressupostos
não tinham a capacidade de resistência, porque assumiam essa vigilância como
algo normal, como sendo parte de si. inspirados, em simultâneo, naquilo que era a cultura e as
(controlo panótico – no sentido em que é como se estivéssemos a ser formas de atuação das empresas americanas e aquilo que
vigiados 24/7 e, de algum modo, podemos dizer que os trabalhadores era a cultura, a forma de atuação e a gestão das empresas
já não precisavam da vigilância externa porque já estava internamente japonesas.
neles próprios e eles próprios acabavam por não ter essa capacidade A teoria Z de Tom Peters e Robert Waterman: a empresa Z é uma forma
de resistência quando o próprio sistema de produção os colocava híbrida que reuniria características das empresas americanas e japonesas
numa situação diminuída)
Face a estes aspetos negativos referidos anteriormente, não havia por parte destes
trabalhadores a capacidade de resistirem, aceitavam tal como normal, ao contrário dos Empresa
ocidentais* Empresa Japonesa Empresa Z
Americana
 O sistema do just in time implicava escassez de tempo
porque havia um trabalho contínuo; Relação laboral de
Assim sendo, haveria espaço para que as pessoas pudessem conversar, longo prazo
esclarecer dúvidas? Seria possível mostrar que não se sabia? Sabendo
Emprego para Emprego a curto (é importante manter
que uma hesitação ou um pequeno atraso poderia afetar uma linha prazo este vínculo, pois permite
subsequente de trabalho e que o seu desempenho era constantemente toda a vida (pessoas centradas nas
que os colaboradores
medido por todos e não apenas pelo seu supervisor. (estabilidade das pessoas aprendam as
suas carreiras, e nas
no seu local de trabalho) especificidades de
 A ideia de democracia podia de ser uma ilusão, na melhores oportunidades)
determinadas
medida em que torna difícil encontrar os interesses dos organizações e levar a
melhores desempenhos)
trabalhadores;
Os empregados vestiam a camisola da empresa? Haveria sentido Avaliação (coletiva) e Avaliação (constante)
crítico? Será que esta participação não estava já confinada a Avaliação (individual)
determinados padrões definidos pela gestão da empresa? promoção lentas e promoção e promoção rápida
A falta de capacidade critica dos trabalhadores, até pela sua cultura, (chegam ao final da (para que não desmotivar
carreira já seniores) rápidas os trabalhadores)
demonstra realmente uma participação democrática?
 A universalidade deste modelo é duvidosa. Especialização na
Na verdade, não será específico de uma determinada cultura que Carreiras não empresa e não na
pouco tem a ver com a cultura ocidental? especializadas
Visto que praticamos uma cultura de individualidade (onde as pessoas Carreiras função
(muita rotatividade na (Vínculo laboral de longo
têm ambições, projetos de carreia e interesses diferentes dentro da produção, para especializadas prazo, não numa área
organização e querem fazer valer esses interesses) e de competição perceberem a especifica, mas sim no
(onde se premeia o individuo em detrimento do grupo) interligação entre eles) conhecimento na
 A medida em que esta preocupação com a qualidade não empresa)
se tornou um processo de burocratização excessivo que Mecanismos de Mecanismo de
levou a uma centralização nos detalhes; controlo explícitos controlo implícitos Mecanismos
Nos ramos e não na árvore como um todo
Porque, para que se definir a qualidade, é necessário a definição de (as normas eram (havia uma maior implícitos
conhecidas por todos) “liberdade”)
um conjunto de procedimentos, e os japoneses levavam isto às últimas
consequências, definindo até o pormenor mais ínfimo do processo. Orientação
Tomada de Tomada de coletivista
decisão coletiva decisão individual (não implica que não´
haja individuais)

Responsabilidade Responsabilidade Ambas


coletiva individual
Preocupação Preocupação
holística segmentada Ambas
(empresa como um todo) (para o departamento)
A reengenharia foi considerada como uma forma de gestão Sempre existiram organizações em rede (se uma empresa tem clientes e
dos processos quase milagrosa. fornecedores ela estabelece relações de parceria com essas organizações), só que
as organizações não eram pensadas como fazendo parte de um conjunto a
Esta teoria defendia que a empresa deveria de funcionar que chamaríamos redes organizacionais.
como um computador, ou seja, deviam ser aplicados sistemas As organizações em rede são uma nova forma de interação e
de controlo e de planeamento ao conjunto de processos. de gestão dos modos produtivos. Este conceito, criado por
Esta era a panaceia para todos os efeitos negativos que analogia aos sistemas computacionais, surge nos anos 80.
existiam nas organizações (como os desperdícios, as demoras, a Neste sentido:
ineficácia, …)
Este modo de gestão surgiu no contexto ocidental como uma  Abandona-se a conceção das organizações com uma
solução para todos os problemas organizacionais, quer do estrutura bem delineada assente em economias de escala,
ponto de vista técnico, quer do ponto de vista da gestão das onde há uma separação bem definida entre aquilo que fica
pessoas. dentro da organização e aquilo que fica fora;
O que não acontecia nas organizações japonesas, pois todos eram chamados para
O autor, Michael Hammer, define reengenharia como participar nas mudanças incrementais do modo produtivo.
começar de novo, repensar a maneira como o negócio tem Assim como, o abando da ideia de que uma organização
sido conduzido. Maior parte das empresas usa os modelos gere todo o processo produtivo.
antigos, e, no máximo, o que faz, é tentar melhora-los. Isto Porque para as empresas de grande dimensão, com estruturas muito
não é reengenharia, não falamos de melhoria, falamos de complexas e que implicam grande nível de controlo, tal torna-se
impossível.
reinventar a operação de começar de novo.
Segundo esta perspetiva era necessário fazer um diagnóstico da  As empresas que têm vários produtos também tendem a
organização ao nível técnico e social, de modo a perceber o que está mal desaparecer;
e, posteriormente, partir dos pressupostos teóricos fazer alterações como Uma vez que há a centralização de competências que são centrais para
se fosse construir uma empresa nova, ajustando ou reformulando uma dada empresa, que controlam a informação relativamente a essas
completamente os processos de trabalho. competências, e a passagem daquilo que não é central (as atividades
Este processo, contudo, tem alguns efeitos perversos: completares ao processo produtivo), para outras empresas.
 A redução do número de trabalhadores graças aos Isto leva à emergência das redes, ou seja, uma combinação
processos de rightsizing (que implica downsizing). do foco nas competências centrais com a flexibilidade da
É feito o ajustamento das pessoas necessárias àquilo que é o objetivo distribuição de competências, que são complementares ao
da empresa, sem considerar o passado ou contributo que essas pessoas processo produtivo, para outras empresas.
tiveram na empresa; Com base nestes aspetos, o processo organizacional passa a
 A redução dos níveis intermédios de gestão pelo achatamento ser percebidos como conjuntos de atividades agregadores de
horizontal; várias organizações.
Acreditava-se que a reengenharia iria permitir estruturas mais
horizontais e, portanto, os níveis de gestão intermédia iriam ser
reduzidos.
A redução do número de operários e dos gestores intermédios levou a
Uma rede consiste numa entidade económica que engloba
sacrifícios dos trabalhadores e dos gestores intermédios que ficaram e um conjunto de organizações ou unidades de negócio com
acabaram por ver o seu trabalho duplicado. poucos níveis hierárquicos e que recorrem extensivamente à
 Aumento dos níveis de exigência e de pressão para um subcontratação.
número reduzido de trabalhadores (que permaneceram); Podemos ter vários tipos de organizações em rede, cada um
Neste contexto, as pessoas que ficaram depois do downsizing eram regido por diferentes pressupostos, mas todos tem como
submetidos a níveis de exigência e depressões muito superiores. pressuposto básico a confiança sendo esta encarada com um
O que acontecia não era ficarem as pessoas ajustadas à necessidade de mecanismo de coordenação.
trabalho, mas sim as pessoas ajustadas a uma certa vontade de obter
determinado nível de desempenho organizacional ao nível financeiro. Se alguma dessas organizações quebra essa confiança, a rede perde força
e pode desmoronar.
 Aumento das remunerações dos executivos responsáveis Assim sendo, e visto que a subcontratação é algo banal nas
pela reengenharia com a perda de direitos dos restantes redes, as funções produtivas encontram-se espalhadas por
trabalhadores. várias organizações autónomas, sendo que a organização em
Portanto, muitas destas políticas eram pensadas, sobretudo, análise retém apenas as suas competências nucleares, pois
pelas administrações tendo, por vista, única e exclusivamente subcontrata organizações especializadas para realizarem competências não
o lucro imediato e não a sobrevivência da organização. centrais.
Para além disso, os resultados prometidos (a menor burocracia, a
facilidade de comunicação, a rapidez decisional, o empreendedorismo, e o
aumento da produtividade) raramente alcançados, assim, era
apenas uma “mistura de propaganda, ideologia e método”.
Existem 3 tipos de redes:
 As redes multicêntricas: onde a empresa líder da rede varia
conforme os projetos a desenvolver;
Exemplo: investigação. Na epidemia, as várias áreas tentam trabalhar em
equipa. Com base no projeto (estudo da imunidade, da capacidade de
mutação…), a liderança da equipa muda.
 As redes concentradas: onde a empresa líder é vista como
um integrador estável que planeia o trabalho de um
pequeno número de grandes organizações que a rodeia.
Ex: Consórcios ligados ao setor financeiro e petrolífero
 As redes dispersas: onde a empresa líder é vista como um
integrador estável que planeia o trabalho de um número
elevado de pequenas organizações que a rodeia.
Deste tipo de redes, surgem mais dois tipos:
 D1: que são redes com um integrador comum que medeia
todas as transações que são descritas como estrelas
As empresas fazem transações com outras, mas uma empresa central
medeia estas transações.
Ex: Uma empresa têxtil cuja várias partes do modo produtivo podem
funcionar em outsourching
 D2: que são redes que evoluem relacionalmente sem
necessidade de um integrador em cada transação, sendo
que as próprias empresas passam o processo de umas
para as outras diretamente, sendo estas redes chamadas
de anéis.
Ex: Empresas que defendem os interesses dos produtores agrícolas,
mas que as empresas entre si podem estabelecer outro tipo de
alianças.

As principais virtudes das organizações em rede são:


 O facto de estas fazer desaparecer as fronteiras inter e
intraorganizacionais;
Onde é que acaba e começa a empresa?
No fundo, as empresas estão no mesmo barco, o sucesso de um negócio
para uma é um sucesso para outras, o que leva à criação de relações de
solidariedade entre estas.
 Permitem a construção de laços fortes entre organizações;
 A existência de compromissos inter-organizacionais permite
a redução da incerteza e a facilitação da comunicação e
da partilha de informação que pode ser crítica para a
sobrevivência das organizações.

Contudo, esta visão também tem um lado negativo:


 Como o facto de não servir para todas as organizações;
Esta serve sobretudo para produtos modulares e autocontidos e não
para soluções complexas e de interdependência forte, com necessidades
elevadas de coordenação, pois tem de existir uma grande vigilância e
controlo de todo o processo.
 Quando corre mal, corre muito mal, uma vez que as
subcontratações são muito difíceis de gerir e perdem-se
competências difíceis de recuperar;
 Há uma perda do controlo de qualidade, pois este é feito
pelo mercado e temos de confiar noutras empresas;
O que implica a gestão dos nossos interesses com os de outras empresas
 Podemos encontrar um mau integrador e um conjunto de
parceiros oportunistas;
 Para além disso, a dificuldade com os recursos logísticos e
com a gestão da cadeia pode implicar custos muito mais
elevados do que teríamos de suportar caso dominássemos
todo o processo.

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