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Concentração industrial
Nesta altura, as pequenas oficinas deram lugar a grandes fábricas que se tornara
em grandes empresas, empregando vários trabalhadores. A concentração
industrial acelerou na segunda metade do século. A evolução tecnológica
reforçou a supremacia da grande empresa, mais capaz de inovar e resistir às
crises que abalam a economia. Dada esta dinâmica capitalista, surgiram dois
tipos de concentração industrial, as horizontais e verticais. A vertical define-se
pela integração na mesma empresa de todas as desde a produção, desde a
obtenção da matéria-prima à venda do produto. A horizontal consiste na
associação de empresas com o objetivo de evirar a concorrência.
Concentração bancária
os bancos desempenharam um papel primordial no crescimento económico. O
sistema bancário integra-se na dinâmica do mundo industrial e regista um forte
aumento, acompanhado na diminuição das instituições. Enquanto as instituições
mais pequenas iam à falência, os outros bancos tornavam-se mais poderosos. Os
bancos participaram no desenvolvimento industrial, sendo que injetaram capitais
próprios nas empresas, principalmente nos transportes e na siderurgia.
A racionalização do trabalho
O aumento da concorrência colocou aos empresários duas questões fundamentais que
são produzir com qualidade e a baixo preço, tornando necessário rentabilizar todos os
recursos humanos e materiais.
Foi criado o método Taylorismo, que assentava na divisão máxima do trabalho,
dividindo-o em pequenas tarefas encadeadas e elementares e cabia a cada operário fazer
apenas uma destas tarefas num tempo mínimo, predefinido e articulado com os restantes
elementos da cadeia de produção. O trabalho mecanizado, sem criatividade e monótono
resultava numa produção de objetos iguais e estandardizados.
Para compensar a dureza do trabalho e incentivar os operários, Ford elevou os salários
e fez com que a nível de vida dos trabalhadores melhorasse, permitindo-lhes comprar
automóveis em prestações suaves, recuperando parte do montante nos salários.
Os métodos do taylorismo provocaram a contestação dos sindicatos e de numerosos
intelectuais, dado que a racionalização excessiva lhes retirava toda a dignidade do
trabalho.
A geografia da industrialização
A dinâmica industrial propagou-se rapidamente por todo o mundo. Na Europa, a
França, a Bélgica, a Suíça e a Alemanha tomaram a dianteira e colocaram-se no grupo
dos países industrializados. Na América, engradeceram os Estados Unidos e na Ásia, o
Japão.
A hegemonia inglesa
A Inglaterra era o berço da Revolução Industrial e o mais avançada na época. A sua
industria permitia comercializar têxteis, artefactos metálicos e bens de equipamento,
tem uma malha densa ferroviária, que assegura a circulação interna e uma frota que
confere o primeiro lugar nos circuitos do comércio intercontinental. Este poder
económico originou uma constante acumulação de capitais.
O equipamento industrial britânico, que era o mais desenvolvido, teve dificuldade em
começar a acompanhar o avanço tecnológico e a combater a concorrência, acusando os
anos.
As debilidades do livre-cambismo
A previsão do crescimento igual e harmonioso não se verificou, pois houve dificuldade
no processo de industrialização dos países mais atrasados. Nos países desenvolvidos
ocorriam as crises cíclicas que retraíram muitos negócios e provocaram muitas
falências. Estas crises eram provocadas pelo excesso de investimentos e de produção
industrial, ou seja, crises de superprodução, resultantes da própria dinâmica capitalista
ao contrario das do Antigo Regime, que eram provocadas pela escassez agrícola. No
período de crescimento, quando a procura se sobrepunha à oferta, os preços
aumentavam, o que levava e instalação e expansão da industria, recorrendo-se ao
crédito. Existia uma falta de previsão financeira e excesso de investimentos, levando à
acumulação de stocks, fazendo as empresas suspender o fabrico, reduzir os salários e
despedir trabalhadores; diminuição dos preços e destruição de stocks; suspensão dos
pagamentos aos bancos, os créditos e os investimentos financeiros, o que levava à crash,
à falência de empresas e entidades bancárias; aumento do emprego, diminuindo o
consumo.
Estas crises propagaram-se rapidamente e levaram a que o protecionismo volta-se a
ganhar importância, no fim do século.
Período pré-industrial: crises de subsistência causadas pelas más colheitas ou guerras que levaram à subida dos preços
agrícolas, ocasionando miséria e morte.
Período industrial: crises de superprodução causadas pelo predomínio da lei da oferta e da procura que regula os preços, os
salários, as decisões dos empresários e influencia a especulação fundiária, tendo como consequências falências nos bancos
ou na bolsa de valores afetando a produção industrial.
Reação das crises: introdução de medidas protecionistas, intervenção do estado para regular a vida económica e social,
absorção de empresas frágeis por empresas solidas (concentração de empresas) e incentivo às inovações tecnológicas.
Causas:
Diminuição da mortalidade causada por:
o melhoria da higiene graças ao uso da roupa interior de algodão; dos
progressos na construção de esgotos e fornecimento de água e do recurso
a tijolos nas construções;
o melhoria alimentar possibilitada pelo aumento da variedade, qualidade e
quantidades dos alimentos;
o avanços na medicina devido à difusão das vacinas (contra a varíola, tifo,
cólera, raiva e difteria) e ao recurso à anestesia, à desinfeção nas
cirurgias;
o aumento da natalidade causada pelo aumento dos casamentos sobretudo
entre populações mais jovens.
Causas:
Êxodo rural gerado por:
o mecanização da agricultura;
o aumento das zonas de pasto;
o queda dos preços agrícolas;
o decadência do artesanato rural;
o grande possibilidade de emprego e de melhores salários na cidade.
Problemas urbanos
Falta de habitação: alojamento sem condições e rendas elevadas;
Miséria: várias situações de mendicidade e prostituição;
Epidemias: nomeadamente provocadas pela cólera e tuberculose;
Delinquência: caracterizada pelo alcoolismo, criminalidade, desregramento e
falta de acompanhamento às mães;
Protestos sociais: greves e manifestações.
Progressos no urbanismo
- Renovação dos centros das cidades com:
o demolição das construções velhas e afastamento das populações para a periferia;
o criação de terminais ferroviários, armazéns, bancos e espaços culturais;
o abertura de praças, avenidas e espaços verdes;
o melhoramento de infraestruturas como por exemplo: iluminação, esgotos, gás
canalizado.
Emigração
Causas:
demográficas: a explosão populacional europeia trouxe a necessidade mais
empregos e aumentou os protestos sociais. A emigração surge como fuga a essas
questões, sendo apoiada pelos governos e pelos sindicatos;
económicas: no mundo rural a mecanização libertou mão de obra, enquanto
noutros zonas continuavam as fomes por maus anos agrícolas. Por sua vez, a
industrialização provocava desemprego tecnológico, enquanto a falta de
industrialização não oferecia empregos suficientes;
sociais: os países de destino (EUA e Brasil) surgiam como terras de
oportunidade para o enriquecimento e promoção social;
revolução nos transportes: o desenvolvimento do barco a vapor fez baixar o
preço das viagens, aumentando a mobilidade das populações entre continentes;
perseguições politicas e religiosas: fuga dos jovens da Rússia; fuga dos
polacos sob domínio russo; fuga dos alemães na fase das revoluções para a
criação da Alemanha.
A sociedade oitocentista
É uma sociedade caracterizada por forte diversidade e mobilidade. Surge através
da implementação dos princípios liberais ligados à propriedade privada, à liberdade
individual, à igualdade perante a lei e à livre iniciativa.
Esta sociedade divide-se em três grupos designados por classes sociais: a alta
burguesia, a classe média e o operariado, também designado proletariado.
A alta burguesia era composta por grandes industriais, grandes comerciantes e
banqueiros. O seu poder económico permitia-lhes forte influencia no campo da
politica, tendo alguns desempenado cargas governativas. Tinham forte consciência
de classe e defendiam valores tais como: a família, o trabalho, a poupança e em
muitos casos a filantropia.
A classe média é composta por indivíduos que não estão integrados nem na alta
burguesia nem no operariado, constituem por isso um grupo heterogéneo, com
funções profissionais diferenciadas e rendimentos económicos diversificados. É uma
classe social que se desenvolve graças ao crescimento do setor terciário
impulsionado pelos serviços ligados à banca, aos escritórios, ao comércio, às
profissões liberais e ao aumento do funcionalismo público (trabalhadores do
Estado). A classe média, por ser heterogénea, não constrói uma consciência de
classe. Contudo, procura seguir os valores transmitidos pela alta burguesia. Em
termos comportamentais procuram seguir o modelo da alta burguesia frequentando
manifestações culturais como a ida ao teatro, à opera e às corridas de cavalo. A
classe média ganha forte influência politica a partir do momento em que se dá a
aplicação do sufrágio universal.
Operários
Constituem o último grupo dentro das classes sociais, da sociedade oitocentista. Na
sua origem, está o êxodo rural provocado pelo desenvolvimento da produção
agrícola e do crescimento populacional registado no mundo rual. Estes camponeses
que vêm para as cidades são a mão de obra não qualificada que será utilizada nas
fábricas. Por existir em abundância é uma mão de obra barata. Os operários vivem
condições difíceis:
o nas fábricas onde trabalham ou mais horas por dia, sem condições de
salubridade, luminosidade e higiene;
o nas casas onde viviam, normalmente caves ou sótãos, sem luz, sem gás, sem
água corrente e sem instalações sanitárias.
As condições de vida e de trabalho dos operários levaram a protestos, greves e
manifestações, acabando por conduzir à necessidade de intervenção do Estado.
Com estes problemas sociais e económicos das classes trabalhadores surgiram
movimentos de associativismo e de sindicalismo, levando a novas propostas de
transformação da sociedade.
Desenvolveram-se, então as propostas socialistas na França e na Inglaterra e tinham
como objetivos a denuncia dos excessos da exploração capitalista, a eliminação da
miséria operária e a procura de uma sociedade mais justa e igual. Integraram-se no
socialismo utópico.
O socialismo criticava o capitalismo e o liberalismo individualista, que considerava
responsáveis pelas más condições de trabalho e de vida do operariado. Estes defendiam
a criação de comunidades ideais e novos modelos de organização da sociedade. Mas
tiveram pouca implantação, pois tinham uma visão pouco realista do mundo do
trabalho. Contudo, inspiraram a evolução das ideias socialistas.
No século XIX, surgiu uma nova forma de pensamento sobre a sociedade: o
marxismo ou socialismo cientifico defendida por Karl Marx.
O marxismo defende um modelo revolucionário de transformação da sociedade que
se fazia através da luta de classes (burguesia- capitalista exploradora e o proletariado-
trabalhadora, explorada e empobrecida) e da revolução. Este apelou à união mundial dos
operários, à internacionalização do movimento sindical e operário.
Segundo o marxismo, os burgueses retiravam as mais-valias do trabalho (lucro) e
acumulavam o capital, sendo o proletariado explorado na força de trabalho. Os modos
de produção eram o esclavagismo, o feudalismo e o capitalismo. Este achava que o
proletariado devia conquistar o poder e controlar os meios de produção e defendia a
abolição da propriedade privado do mercado. O objetivo era alcançar um novo estádio
da evolução social de um sociedade sem classes, sendo a ditadura do proletariado uma
etapa intermedia na construção do comunismo.