Você está na página 1de 13

A expansã o da revoluçã o industrial

A revolução industrial conheceu novo impulso na segunda metade do século XIX:

Beneficiou de desenvolvimentos técnicos e de descobertas cientificas; expandiu se


geograficamente na Europa e noutros continente, ainda que com ritmos diferenciados.

Novos inventos e novas fontes de energia


A segunda fase da revolução industrial transformou os métodos de produção e os padrões de
consumo:

Invenção do motor de combustão interna; uso do petróleo, do gás e electricidade.

Estas inovações permitiram:

Aumentar a produção e a produtividade; reduzir os custos; desenvolver novos sectores de


actividade e fabricar novos produtos.

Esta segunda fase da Revolução Industrial teve como indústrias impulsionadoras a siderurgia e
a química:

- O aço passou a ser produzido a partir de 1856 e, a partir de 1880, houve uma melhoria na
sua producão  e difusão; suplantou a producão do ferro, por ser mais maleável, resistente e
duradouro, tendo sido utilizado de forma variada;

- assistiu-se à difusão do cobre, à produção do chumbo, do alumínio e do zinco.

A indústria química constituiu-se, a par da siderurgia, como motor desta fase da


industrialização. Permiti obter produtos inovadores a baixo preço:

- a vulcanização da borracha com enxofre; a descoberta, em 1856, da anilina, um corante


artificial; a  producão industrial da soda: o desenvolvimento de inseticidas, de adubos e de
medicamentos. 

• No domínio das novas fontes de energia: 

Petróleo: a sua aplicação industrial ocorreu a partir da segunda metade do século XIX.
Eletricidade: – foi aplicada na iluminação pública e privada; na tração e nos transportes; foi
conseguida a transmissão de  energia elétrica, através de corrente contínua, assegurando a
transmissão de eletricidade a grandes distâncias;

– Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica incandescente, mais segura e barata. 

• 0 domínio dos transportes sofreu uma profunda transformação: 

- beneficiou do aperfeiçoamento da máquina a vapor e da aplicação da energia elétrica. 

• Três grandes inovações marcaram a Revolução dos Transportes e comunicações do século


XIX: a locomotiva e o caminho de ferro, o barco a vapor e o telégrafo elétrico.
O desenvolvimento da locomotiva e o projeto da linha férrea contribuíram para que o
comboio se tornasse um importante meio de transporte, de pessoas e mercadorias,
encurtando as distâncias. Acelerou a industrialização; impulsionou a indústria metalúrgica e
siderúrgica. 

• Dinamizou a economia; aproximou mercados e consumidores; promoveu lucros avultados;


atraiu grandes 

investimentos de capitais; embarateceu o preço dos fretes; multiplicou os contactos e


as trocas; facilitou o abastecimento dos mercados nacionais e mundial; criou novas
profissões e mobilizou mão de obra. 

• Ainda no campo dos transportes, outras inovações transformaram a relação entre o


Homem e o espaço: 

- o barco a vapor e o primeiro automóvel.

0 telégrafo elétrico permitiu a transmissão de informações internacionais e


intercontinentais, de forma quase instantânea: 

- a rapidez de comunicações teve grande impacto no mercado mundial. 

• Os novos inventos modificaram a produção industrial e consolidaram o capitalismo


industrial:

- acelerou o crescimento económico; alargou os mercados; consolidou o sistema fabril


e o capitalismo; melhorou as condições de vida pela utilização de bens e equipamentos
diversificados, acessíveis a um número crescente de consumidores; proporcionou
avultados lucros e permitiu a afirmação de companhias industriais. 

A LIGAÇÃ O CIÊ NCIA-TÉ CNICA 


• Os progressos técnicos assumiram um caráter mais científico:

-estiveram ligados a descobertas em laboratório, ao trabalho do engenheiro, dos


investigadores, dos cientistas com formação em universidades ou escolas técnicas;

-os progressos técnicos fizeram-se com base na química, na mecânica e na física.

Os progressos foram consequência de uma estreita ligação entre a ciência e a técnica.

A industrialização de meados do século XIX foi o resultado de uma série de progressos


cumulativos, que se associaram e desenvolveram à medida que as descobertas foram
aplicadas a novos produtos e a novas indústrias. 

CONCENTRAÇÃ O INDUSTRIAL E BANCÁ RIA 


• A Revolução Industrial está ligada ao triunfo do capitalismo, à livre concorrência entre as
empresas e à livre iniciativa, à procura do lucro e do sucesso económico e financeiro. 

• o desenvolvimento da indústria implicou a necessidade de investimentos de capital e levou a


que duas ou mais empresas se associassem para aumentarem os seus capitais. 

• Este sistema económico funcionava de acordo com os princípios do liberalismo económico. 

• As empresas mais fortes absorviam as mais pequenas: formavam concentrações horizontais


ou verticais e evitavam a concorrência. 

• A concentração industrial assumiu duas formas diferenciadas: 

- concentração vertical, quando todas as fases de produção se integravam na mesma empresa;


- concentração horizontal, quando as empresas se associavam para eliminar a concorrência e
para controlar áreas de negócio. 

• Estas formas de concentração também ocorreram no setor bancário. 

• Os bancos adquiriram e controlaram outros bancos mais pequenos, constituindo-se como


grupos económicos importantes que passaram a financiar as empresas. 

• No final do século XIX assistiu-se à afirmação do capitalismo financeiro.

A RACIONALIZAÇÃ O DO TRABALHO 
• O desenvolvimento da industrialização exigiu uma racionalização da produção, dos custos e
do trabalho, operários mais especializados, máquinas mais complexas e modelos de produção
mais organizados. 

• Frederick W. Taylor desenvolveu o método científico e racional de organização do trabalho,


procurando obter o máximo rendimento do trabalhador e da máquina. 

• O trabalho devia ser dividido em secções especializadas na fábrica; cada trabalhador, no seu
setor de produção, executava apenas uma tarefa sequencial e repetitiva, num determinado
espaço de tempo, num ritmo marcado pela máquina, para obter a máxima eficiência. 

• Esta nova forma de produção ficou conhecida como taylorismo. 

• Henry Ford aplicou estes métodos de racionalização do trabalho nas suas fábricas de
automóveis. 

• A produção de um carro acessível à classe média americana foi possível devido à


racionalização do trabalho e dos custos, produzindo em série, de forma uniformizada, através
da estandardização, o Ford modelo T.

A GEOGRAFIA DA INDUSTRIALIZAÇÃ O 
• A partir de meados do século XIX, a Inglaterra, que havia liderado o processo de
desenvolvimento industrial, viu surgir novos países que iniciaram a sua industrialização: a
Bélgica, a França, a Alemanha, os Estados Unidos da América e o Japão.
A hegemonia inglesa
A Grã-Bretanha assumiu-se como uma potência industrial hegemónica a nível mundial, mas
começou a ficar fragilizada ;estava atrasada na industria química, bem como no setor eletrico
e os empresários resistiam ás inovações.

França:

A industrialização fez-se a par do desenvolvimento dos caminhos de ferro e, a partir de 1851, o


seu crescimento industrial acelerou

Alemanhã

• O desenvolvimento industrial alemão assentou na indústria pesada e no setor da indústria


química; beneficiou da concentração industrial, que promoveu a competitividade, e
concentrou capitais que impulsionaram a industrialização.

Estados Unidos da América 

• A década de 1860 foi decisiva para o arranque da industrialização:

- o desenvolvimento dos caminhos de ferro; a criação de um mercado nacional; a abundância


de matérias -primas; o desenvolvimento de novas tecnologias; o forte crescimento
populacional e a implementação de um sistema de ensino primário gratuito, foram fatores de
sucesso;

- o desenvolvimento industrial foi impulsionado pela indústria algodoeira, pela indústria


siderúrgica, pela indústria automóvel e pela indústria elétrica;

- os Estados Unidos afirmaram-se como a primeira potência mundial.

Japão 

A partir de 1868, sob a liderança do imperador Mutsuhito, iniciou-se o processo de


industrialização do Japão:

-O crescimento demográfico disponibilizou uma mão de obra abundante e barata; o incentivo


do Estado à modernizacão da agricultura e às novas indústrias; a contratação de técnicos
estrangeiros; a existência de capitais e a concessão de emprestimos favoreceram o arranque
industrial:

-Desenvolveu-se a indústria do algodão; a indústria de ferro e de aço e a indústria de


construção naval.

A PERMANÊ NCIA DE FORMAS DE ECONOMIA TRADICIONAL 


• A industrialização não se generalizou em termos mundiais:
- as regiões da Europa do Sul, do Norte, Central e Oriental não conheceram um ritmo de
industrializacão acelerado;

- o crescimento demográfico, a formação de um sólido mercado interno, as estruturas sociais,


a mentalidade empreendedora, a disponibilidade financeira, o apoio governamental, as
inovações técnicas e as Características geográficas determinaram o arranque industrial ou a
permanência de formas de economia mais tradicionais.

A AGUDIZAÇÃ O DAS DIFERENÇAS 


• A expansão da industrialização, com ritmos diferentes, nos diversos países europeus,nos
estados unidos e no Japão desenvolveu-se no contexto do capitalismo. 

• Os produtos circulavam, livremente, no mercado cada vez mais mundial, onde os preços


eram fixados e oscilavam, consoante a oferta e a procura. 

• Criou-se um verdadeiro mercado mundial:

– as matérias-primas, os artigos, os serviços, o dinheiro, o capital investido e as pessoas


moviam-se em todas as direções, sem ter em conta fronteiras politicas ,os negociantes, dos
países compravam onde era mais barato e vendiam onde era mais caro;

- o mercado estabelecia a competição entre regiões distantes em situações diferentes;


agudizaram-se as diferenças entre os países industrializados e os não industrializados. 

• A confiança nos mecanismos autorreguladores do mercado: 

O mercado era regulado sem intervenção do Estado ficando apenas submetido às decisões
individuais dos que compravam e vendiam, num mercado que se autorregulava;

-o mercado, sujeito a esse jogo de oferta e de procura, oscilava entre fases de expansão e de
crise que, para os defensores do liberalismo, serviam como mecanismos naturais
autorreguladores do mercado. 

AS CRISES DO CAPITALISMO 
• O sistema económico do capitalismo liberal atravessou fases de prosperidade e fases de crise
ou depressão.

- estas crises eram provocadas pela liberdade económica, sem regulação, que, em períodos de
expansão, provocavam excesso de produção, que provocava desequilíbrios entre a oferta e a
procura – eram crises de superprodução;

- as crises ocorriam periodicamente, eram crises cíclicas. 

O MERCADO INTERNACIONAL E A DIVISÃ O INTERNACIONAL DO


TRABALHO 
• Até ao século XIX, nunca o mundo tinha estado tão unificado economicamente, com cada
região 

desempenhando o seu papel e a sua especialização em todo o mundo:

- os países mais industrializados dependiam da circulação mundial de matérias-primas, de


alimentos e da colocação dos seus produtos nos vários mercados à escala mundial;

- os países europeus mais industrializados importavam mais do que exportavam, mas tinham
uma balança de pagamentos favorável. Pagavam uma parte das importações, com a
exportação de produtos fabricados, e a outra parte eram "exportações invisíveis". 

• o desenvolvimento do mercado internacional exigiu novas práticas económicas que


favorecessem o dinamismo das trocas comerciais:

– foi adotada a política económica do livre-cambismo, assente na liberdade de circulação de


produtos entre os mercados;

- a Inglaterra foi o primeiro país a adotar o livre-cambismo; entre 1860 e 1870, a corrente
livre-cambista afirmou-se nos países da Europa continental;

- nos Estados Unidos da América vigorava o protecionismo, pois viam no livre-cambismo um


modelo que favorecia a economia inglesa. 

• A grande realização da Europa industrializada foi criar um sistema de comércio multilateral e


liberal:

- a economia tornou-se internacional e abarcava o mundo inteiro, procurando as vantagens


económicas do modelo do livre-cambismo; a liberdade de comércio era vista como um impulso
para a economia de cada país, que desenvolvia uma área de especialização e se fortalecia
como fornecedor de um determinado produto.

 O mundo afirmava-se como uma imensa "fábrica" e cada país como uma "oficina": 

-promoveu-se uma divisão internacional do trabalho entre os países e regiões produtoras do


mundo; 

aproveitou-se a vantagem comparativa dos diferentes países no sentido de produzirem os


bens para os quais estavam naturalmente mais habilitados, com custos mais reduzidos;

segundo o liberalismo económico, os países beneficiavam com a divisão internacional do


trabalho. 

A reducão das tarifas alfandegárias, a orientação dos países para a produção de bens
específicos, o desenvolvimento dos transportes e a produção em massa dinamizaram o
mercado internacional e afirmaram as economias nacionais mais desenvolvidas

Os países ou regiões dependentes dos países mais industrializados, com baixo nível de
especialização tecnológica, viram-se forçados a manter-se como fornecedores de produtos
primários, mais baratos do que os produtos acabados; a sua dependência no mercado
internacional agudizou as diferenças face aos países industrializados.

A EXPLOSÃ O POPULACIONAL
 
• Entre 1870 e 1913, assistiu-se ao aumento da população mundial. 

• No fim do século XIX, 1/4 da população mundial era de origem europeia:

- a Europa viu a sua população mais do que duplicar, contribuindo para o crescimento
efetivo dos outros continentes;

- o crescimento demográfico europeu foi consequência da redução da mortalidade,


especialmente da mortalidade infantil, e do aumento da esperança média de vida, o que
provocou uma explosão demográfica na Europa. 

• Na Europa esse crescimento acelerado é evidenciado nos indicadores da mortalidade e da


natalidade. 

- a mortalidade diminuiu, sobretudo, nos países mais industrializados;

- a natalidade permaneceu elevada; 

- a esperança média de vida aumentou. 

• No início do século XX, a Europa era o continente mais densamente povoado. O seu
crescimento demografico teve consequências:

- no plano económico (necessidade de mais subsistências, de mais recursos, aumento da mão


de obra e mais consumo);

- na vida social (mais dificuldades, baixos salários, deslocação de populações). 

• O seu crescimento demográfico ficou a dever-se a vários fatores:

- progressos na medicina (combate às doenças infeciosas; melhorias nos cuidados materno-


infantis);

- progressos na higiene (uso do vestuário de algodão; o uso do sabão; as redes de


saneamento; a melhoria no abastecimento de água e das condições materiais das habitações);

- progressos na alimentação (alimentos em maior quantidade e mais variados; progressos dos


transportes que possibilitaram o abastecimento das populações; melhoria na conservação dos
alimentos).

A EXPANSÃ O URBANA E O NOVO URBANISMO 


• Motivos da concentração populacional nas cidades: 

- o desenvolvimento da industrialização, acompanhado do forte crescimento populacional;


- a possibilidade de fluxos migratórios, facilitados pelo desenvolvimento dos transportes;

- os fenómenos migratórios, do campo para a cidade (êxodo rural) e entre países (emigração);
- a melhoria das condições económicas e o desenvolvimento técnico; 

- a procura de oportunidades de emprego, de melhores salários e de melhores condições de


vida. 

• O crescimento das cidades entre 1850 e 1914 foi notório: 

- esta expansão urbana foi marcante nas capitais dos países industrializados; 

- a percentagem de população urbana, no cômputo geral da população de cada país,


aumentou. 

• Novos desafios se colocaram às cidades e às autoridades governamentais e citadinas: 

- planear e organizar as cidades, de acordo com novos modelos; - solucionar problemas


específicos: alojamento, abastecimento, limpeza, iluminação, espaços de circulação e de
tráfego; equipamentos próprios da vivência no espaço urbano.

O NOVO URBANISMO 
• A partir de meados do século XIX, devido às transformações ocorridas na economia e na
sociedade, as estruturas urbanas alteraram-se:

- as cidades expandiram a sua área para a periferia; modernizaram e reformularam o


ordenamento do seu espaço;

- aparecimento de um urbanismo de cariz mais geométrico, utilitário; as ruas amplas e


retilíneas favoreciam a circulação das pessoas e dos novos meios de transporte; nasceram as
grandes avenidas, ladeadas de árvores, de jardins e parques; 

-construíram-se teatros, óperas;

- os edificios alinhavam-se simetricamente, conferindo ao espaço um sentido de ordem;

- o caminho de ferro afirmou-se como uma das grandes portas de entrada e de saída da
cidade, construindo-se imponentes gares;

- uso dos mais modernos materiais da época, como o ferro, o aço e o vidro, cuja estética e
arquitetura traduziam uma imagem da imponência da cidade. 

• Na cidade, o trabalho, o lazer, a atividade económica e financeira conviviam em simultâneo. 

• A cidade do século XIX apresentava fortes contrastes sociais:

- a classe burguesa residia em bairros luxuosos e em habitações elegantes no centro das


cidades; o centro era reservado para os negócios, para a finança e a banca, para o comércio e
as funções administrativas;
- os bairros operários, situados na periferia, tinham más condições de habitabilidade e de
higiene onde a miséria, o desemprego, a criminalidade e a prostituição eram também
realidades que faziam parte do quotidiano urbano. Nos Estados Unidos da América, a cidade
do século XIX começou a elevar-se em altura.

MIGRAÇÕ ES INTERNAS E EMIGRAÇÃ O 


• o século XIX ficou marcado por fluxos migratórios, quer no interior dos países, quer entre
Estados diferentes ou até entre continentes. As correntes migratórias do século XIX foram de
dois tipos:

- migrações internas, quando se realizavam no interior do próprio país; 

- emigração, realizada de um país para outro. 

• Migrações internas foram favorecidas: 

- pelo desenvolvimento industrial em ligação com o crescimento urbano;

- pelas oportunidades de trabalho nas minas, na indústria, na construção civil, no comércio e


no serviço doméstico;

- as migrações internas podiam ser também sazonais, de acordo com o calendário agrícola. 

• Foram vários os fatores que contribuíram para a emigração: 

- as crises económicas cíclicas;

- o desenvolvimento de novos países como os Estados Unidos, o Brasil, a Argentina, ou os


domínios coloniais,

- o desenvolvimento das vias férreas e as melhorias técnicas nos transportes, sobretudo no


comboio e no barco a vapor;

- os motivos políticos (vagas revolucionárias) provocaram instabilidade e favoreceram a


emigração (polacos, franceses, alemães);

- a intolerância religiosa levou a que povos perseguidos se refugiassem noutras regiões. 

• No que se refere à emigração, em termos geográficos e temporais, ocorreram duas grandes


vagas: 

- a primeira, entre 1846 e 1880, composta maioritariamente por ingleses, irlandeses, alemães
e escandinavos:

- a segunda, entre 1880 e 1914, constituída por italianos, espanhóis, russos, húngaros, polacos
e outros 

povos eslavos, num total de 20 milhões de europeus. 


• A emigração portuguesa aumentou desde a segunda metade do século XIX até ao ano de
1900. 

• Fora da Europa, os chineses e os indianos deslocaram-se para a Malásia, Birmânia e Cuba. 

• A emigração contribuiu para acelerar o dinamismo económico dos paises de destino e de


origem (no regresso investiam nos seus países). 

UNIDADE E DIVERSIDADE DA SOCIEDADE OITOCENTISTA 


• Principais transformações sociais ocorridas no século XIX: 

-resultantes das revoluções liberais e da proclamação da igualdade e da liberdade como


valores fundamentais; foi abolida a sociedade de ordens baseada no privilégio do nascimento;
- continuou a haver desigualdades de natureza económica e política; o lugar de cada indivíduo
na sociedade era diferenciado pela sua riqueza, pelo seu papel económico e pela função; os
indivíduos pertenciam a classes sociais diferenciadas;

- generalizou-se um novo tipo de sociedade: a sociedade de classes. 

• A sociedade de classes Oitocentista assentava em diversos princípios: 

- consagrava que todos os homens eram livres e iguais perante a lei;

- era uma sociedade desigual, complexa e dinâmica (não estática ou imutável); 

- a ascensão social fazia-se pelo mérito e não pela origem social ou pelo nascimento. 

• A sociedade de classes Oitocentista foi marcada pelo antagonismo e pela diferenciação


social:

- opunha a alta burguesia, detentora dos meios de produção e do capital, ao operariado, cujas
condições económicas e de vida eram diametralmente opostas;

- tanto a classe burguesa, como a classe dos assalariados não eram grupos homogéneos;

- em cada um deles havia diversos estratos, consoante a riqueza, o estatuto e o prestigio,


associados à função socioprofissional desempenhada. 

A CONDIÇÃ O BURGUESA 
• o século XIX correspondeu à afirmação da burguesia que não constituía um grupo
homogéneo:

- no topo da hierarquia estava a alta burguesia, abastada, na posse de grandes fortunas,


detentora do capital e dos meios de produção (fábricas, empresas, propriedades);

- abaixo estava a média e pequena burguesia, que não possuía grande fortuna, vivia do
trabalho assalariado ou dos rendimentos de pequenos negócios. 
• O desenvolvimento económico e financeiro do século XIX proporcionou à alta burguesia a
ocupação de um lugar de liderança na política e na sociedade, lugar que havia pertencido
anteriormente à aristocracia:

- a alta burguesia era composta por grandes industriais, banqueiros, grandes proprietários e
homens de negócios; formava um grupo poderoso e influente na alta administração, na
diplomacia e nas magistraturas; a alta burguesia tinha intervenção política e social;

- distinguia-se pela fortuna, profissão, cultura e nível de estudos e pelo sentimento de


pertença a um grupo distinto na sociedade: era uma elite; a alta burguesia desenvolveu uma
consciência de classe, na partilha dos mesmos valores, comportamentos e modelos de vida. 

• A burguesia perpetuou-se como classe dominante:

- constituía "dinastias” familiares que continuavam o sucesso iniciado pelos seus antepassados,
assumindo que descendiam de um homem que à custa do esforço e do trabalho tinha
alcançado o sucesso (self-made men);

- a burguesia apoiou a cultura e as artes, as atividades de lazer e a moda, afirmou o gosto


burguês.

• Este grupo diversificado formava as classes médias, onde se enquadravam:- os elementos da


média e pequena burguesia, de profissões liberais ligadas às áreas do comercio, 

dos serviços e da administração;

- constituíam um grupo heterogéneo, com uma fraca consciência de classe e com interesses
muito Vastaus: 

• Até cerca de 1880, a maioria das classes médias não tiveram um papel político marcante; o
alargamento do direito de voto e do sufrágio universal masculino permitiu-lhes um maior
destaque. 

Valores e Comportamentos
• A burguesia do século XIX pautava-se por valores bem definidos, cultivados e transmitidos no
seio familiar: -o valor do trabalho e do mérito: a poupanca e a virtude; a defesa da propriedade
individual e da livre iniciativa, como forma de permitir alcançar a riqueza;

- os valores da honestidade, da respeitabilidade e da solidariedade; o apoio a obras sociais


através da filantropia; o gosto pelo luxo e pela ostentação contrastava com os valores de
poupança, da sobriedade e simplicidade do espírito burguês;

- para a burguesia, a sua vida de sucesso e de prosperidade era reflexo da sua conduta moral e
mulo dos valores pelos quais se guiava; o seu lugar na sociedade era a prova do seu mérito, da
sua competência, do seu trabalho e do seu espírito de iniciativa;

- o êxito individual assentava na ideia de que o homem se fazia a si próprio (self-made man). 

• Na família burguesa, os papéis eram rigidamente definidos: - o homem era o chefe de


família, o marido e o pai, o garante da independência económica; nele residia a autoridade,
sendo-lhe devida obediência. A sua vida dividia-se entre a empresa, o clube e a família; - a
mulher era a dona de casa, a mãe e a esposa, a quem cabia zelar pelo bem-estar do marido e
da educação dos filhos; cuidava da gestão da casa e dos criados; era-lhe atribuído um estatuto
legal de dependência e de menoridade face ao homem; à mulher cabia organizar as receções e
os eventos sociais da família, fazendo a ligação entre a vida privada e a vida social pública;

- os filhos eram educados segundo os valores da poupança, da disciplina e do valor do esforço. 

• A casa burguesa, ampla e sumptuosa, era o local por excelência de concretização da vida
burguesa: 

- local confortável, com objetos decorativos, demonstrava a riqueza e o nível de sucesso


alcancado:

- o espaço privado expressava a individualidade do homem de negócios e do chefe de família:

- o gosto burguês procurava a beleza através dos objetos, do mobiliário e da decoração da


casa. eram verdadeiros palácios e palacetes; tinham grandes bibliotecas e ostentavam obras
de arte, contrabalançavam  poder do dinheiro com a dimensão cultural. 

• A alta burguesia frequentava as estâncias de férias e viajava com frequência; ia ao teatro, à


opera e as corridas de cavalos; organizava bailes e grandes receções. 

• As classes médias eram heterogéneas e sem clara consciência de classe. Partilhavam um


conjunto um conjunto de valores inspirados nos da alta burguesia:

- o conservadorismo e a austeridade moral; o trabalho, o estudo e o conhecimento; o respeito


pelas hierarquias e as convenções socialmente estabelecidas;

- prezavam a ordem e a harmonia social; cultivavam a poupança;

- no domínio público, as classes atribuíam grande importância à reputação e à opinião dos


outros

- demonstravam sobriedade e respeitabilidade nos atos, no vestuário e no comportamento em


público

- dispondo de rendimentos modestos, limitavam a vida pública às cerimónias em família, que


eram momentos de grande significado.

PROLIFERAÇÃO DO TERCIÁRIO E INCREMENTO DAS CLASSES MÉDIAS


• Foram vários os fatores que fizeram proliferar o setor terciário e as classes médias:

- a especialização dos serviços; a divisão do trabalho, nas diversas áreas económicas, nos
serviços dos escritórios das empresas industriais, dos bancos e do comércio; a complexificação
e burocratização do Estado levaram à criação de novas profissões;

- o desenvolvimento dos cuidados de saúde e do ensino;


- o setor terciário exigiu a constituição de um corpo de empregados, com diversas funções e
categorias que não pertencia nem à alta burguesia nem ao operariado

A CONDIÇÃ O OPERÁ RIA: SALÁ RIOS E MODOS DE VIDA 


• Na sociedade Oitocentista, no grupo dos assalariados, a classe operária ou proletariado era a
que apenas condições de trabalho mais degradantes:

- longas jornadas de trabalho e baixos salários; estava à mercê do sistema capitalista e a


situação operariado agravava-se durante as crises cíclicas do capitalismo;

- o trabalho fabril foi alargado tanto às mulheres como às crianças; a mão-de-obra feminina e
infantil era mais barata fazendo o mesmo trabalho dos homens, por baixos salários;

- os horários de trabalho prolongavam-se entre as 12 e as 16 horas diárias, sem fins de


semana, feriados ou férias;

- as fábricas não tinham instalações arejadas, condições de higiene e os espaços eram


insalubres, propícios ao desenvolvimento de doenças e aos acidentes de trabalho;
favoreceriam a propagação de doenças "profissionais"; em caso de acidentes, de invalidez ou
doença, o operário era despedido. 

• As condições de vida do operariado:

- má alimentação e subnutrição, nos períodos de maior crise, agravadas pela falta de


condições de higiene;

- más condições de alojamento (humidade, falta de luz, famílias numerosas a viverem em


espaços reduzidos), contribuíam para a propagação de doenças como a cólera, o tifo e as
doenças intestinais;

- havia elevada mortalidade, sobretudo infantil, nos bairros operários do século XIX;

- a degradação do modo de vida do operariado era acentuada por problemas sociais como o
alcoolismo, a criminalidade, a prostituição, a violência e o analfabetismo. 

• A partir da segunda metade do século, houve uma ligeira melhoria das condições de trabalho
e de vida do operariado, em alguns países europeus industrializados, proporcionada por:

- progressos técnicos associados à industrialização que melhoraram as condições das fábricas;

- desenvolvimento dos meios de transporte que facilitaram a emigração e a circulação da mão


de obra;

- promulgação de legislação social por vários governos que contribuiu para melhorar os
salários e as condições de trabalho do operariado.

Você também pode gostar