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1.1.

As transformações económicas na Europa e no


mundo
1.1.1. A industrialização na segunda metade do século XIX- fatores
A Revolução Industrial conferiu à Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, um lugar pioneiro e
permitiu-lhe um avanço de quase um século, relativamente ao resto.
O processo de industrialização, que se difundiu desde então, conheceu um novo impulso na segunda
metade do século XIX:
O setor industrial, a partir de 1870,
beneficiou de desenvolvimentos
técnicas e de descobertas científicas
aplicados em inovações, em diversas
áreas.
O desenvolvimento da indústria
permitiu a expansão dos mercados. As
inovações técnicas beneficiaram de
progressos cumulativos através da
aplicação de contributos da ciência e
da técnica, que tiveram impacto em
vários domínios:
 MÁQUINAS-FERRAMENTAS:
uso de parafusos; invenção compressor pneumático, torno-mecânico, máquina de escrever e máquina de
costura.
 SIDERUGIA: conversor de Bessemer para remover impurezas do ferro convertendo-o em aço, mais
resistente, o que permitiu o aumento da produção; construção de altos-fornos.
 QUÍMICA: descoberta da anilina; desenvolvimento de medicamentos e de inseticidas; produção de seda
artificial
 COMUNICAÇÕES: telégrafo; fonógrafo; e patente do telefone
 TRANSPORTES: uso do barco a vapor; invenção da bicicleta; primeiro voo com aeronave; automóvel
Ford
 FONTES DE ENERGIA: aplicação industrial do petróleo e da eletricidade; desenvolvimento do
dínamo.
 METALURGIA: difusão do uso do cobre como condutor elétrico; produção do chumbo, alumínio e
zinco.
No século XIX, para além das invenções e da sua difusão, prosseguiu o interesse pelos fenómenos físicos,
através de trabalhos científicos e de investigação laboratorial que possibilitaram importantes descobertas e
inovações, aplicadas nos diversos setores económicos, da agricultura à indústria e da medicina à física.
Os novos métodos de trabalho, a tecnologia e a utilização generalizada da máquina passaram a ser
uma referência para distinguir as economias desenvolvidas das menos desenvolvidas.
Indústria do Ferro e do Aço Indústria Ferroviário Indústria Química
 Provocou o aumento da procura,  Provocou crescentes necessidades  Desenvolveu a produção
fonte de energia dominante no sec. de ferro, aço, carvão, vidro, orientada para vários setores de
XIX; infraestruturas e dinamizou outros atividade:
 A produção do aço, associada ao setores de atividade industrial; -fertelizantes químicos;
desenvolvimento de industrias  Atraiu o investimento de -explosivos;
mecânicas; avultados de capitais; -plásticos;
 Favoreceu os progressos na  Criaram-se grandes empresas -têxteis sintéticos;
produção de outros metais não ferroviárias em associação ao -produtos farmacêuticos;
ferrosos: chumbo para tubos, cobre capital bancário -indústria de refrigeração.
para carros elétricos…

A atividade industrial tornou-se “motor” do crescimento económico na segunda metade do século XIX.
Assim, assistiu-se à consolidação do capitalismo industrial, sistema económico que assenta na propriedade
privada dos meios de produção (fábricas, máquinas, matéria-prima) e na liberdade de concorrência e
comércio, tendo por objetivo a acumulação de capital, dominantemente resultante do lucro obtido na
atividade industrial.
A necessidade de inovação e de mais investimentos foi fundamental para as empresas poderem
enfrentar a concorrência e as crises. Deste modo, viram-se obrigadas a recorrer ao sistema financeiro
(bancos e bolsas) para aumentarem os capitais.
QUAIS OS MOTIVOS QUE JUSTIFICAM A LIGAÇÃO DA INDÚSTRIA À BANCA?
As crescentes exigências do mercado e a concorrência obrigaram à disponibilidade de capitais que,
muitas vezes, eram insuficientes. Assim, o recurso à banca tornou-se indispensável.
Outro meio utilizado para enfrentar a concorrência foi o recurso à concentração empresarial:

A concentração resultou da compra de empresas mais pequenas por uma grande empresa, para limitar a
concorrência e dominar o mercado.

1.1.2. A geografia da industrialização na Europa e no Mundo: os desfasamentos


cronológicos
No processo de industrialização que viemos a caracterizar, diferenciam-se duas grandes etapas:
Fora dade
o ritmo europa,
industrialização
ocorreu
igualmente de
modo
diferenciado,
destacando-se o
Japão e os
Estados Unidos
na liderança do
processo, nos
respetivos
continentes.

FRANÇA (A
industrialização
teve início a
partir de 1830-40)
 A indústria têxtil foi o setor do arranque;
 A indústria siderúrgica desenvolveu-se tardiamente devido à falta de carvão;
 A produção de aço e de ferro cresceu a partir de 1868 e, até 1890, a França deteve o monopólio da
produção de alumínio.
ALEMANHA (O arranque industrial ocorreu entre 1850-1870, consoante os Estados e regiões alemães)
 Em 1834 a criação de uma associação aduaneira entre vários Estados alemães (Zollverein) foi
determinante para a criação de uma burguesia ativa e empreendedora;
 Beneficiou do crescimento populacional e da pratica de baixos salários;
 A posse de recursos naturais, como o carvão e o ferro, que permitiu apostar na indústria pesada
 Tornou-se um dos maiores produtores de aço e ferro;
 Dominou a indústria química a partir de 1870, sobretudo após a unificação do Império Alemão.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (A industrialização iniciou-se depois do fim da guerra civil, em 1865)
 A elevada natalidade, a par de uma imigração intensa, foram determinantes para a industrialização;
 Beneficiou da existência de recursos naturais e do desenvolvimento dos caminhos de ferro;
 O setor algodoeiro e a siderurgia foram os motores iniciais do crescimento industrial;
 Assumiram-se como a principal potência industrializada a partir do início do século XX.
JAPÃO (O processo de industrialização iniciou-se a partir da era Meji, depois de 1868)
 O crescimento demográfico, o incentivo do Estado à modernização e a existência de capitais
estimularam a industrialização
 A industria têxtil de algodão foi o setor de arranque, seguida da siderurgia, e depois, a construção
naval.
Apesar do avanço da industrialização, em meados do século XIX, o continente europeu permanecia
maioritariamente
rural.
De facto, a industrialização transformou a paisagem rural e urbana, onde a urbanização foi uma
realidade, com diferentes ritmos de crescimento consoante as regiões, evidenciando desajustamentos
provocados pelos efeitos da poluição.
QUANTO AO INCREMENTO DA REDE DE CAMINHOS DE FERRO…
Oindustrialização,
desenvolvimento paradoalém
caminho de ferroasintegra
de encurtar umaerelação
distâncias facilitardireta com o grau
a circulação de de
produtos. As empresas ligadas ao setor tenderam a uma concentração de empresas
que abrangiam a atividade de construção e exploração de caminhos de ferro, nos
países europeus, mas também no caso dos Estados Unidos.

QUAIS OS FATORES QUE


CONTRIBUÍRAM PARA ACENTUAR AS FORMAS DE DOMÍNIO E DEPENDÊNCIA,
NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX, ENTRE OS PAÍSES
INDUSTRIALIZADOS E OS TERRITÓRIOS DEPENDENTES?

Nenhuma região escapou ao domínio financeiro e comercial das potências industriais europeias, e os
territórios produtores de matérias-primas (Ásia, América Latina e África) ficaram dependentes do
escoamento dos respetivos produtos para os países europeus e registaram atrasos na industrialização.
O panorama internacional apresenta, de forma evidente, a expansão colonial europeia, no final
do século XIX e início do século XX, que se traduziu na posse e repartição de vastos domínios territoriais
por parte das potências europeias, o que originou, nalguns casos, disputas pela posse de territórios.
Foi neste contexto que se destacou a corrida de África- durante o século XIX, os países europeus
realizaram diversas expedições militares e de reconhecimento científico e geográfico, a fim de consolidar,
politicamente, a sua presença e procurar novos recursos.
A necessidade de estabelecer regras na competição imperialista conduziu à realização da Conferência
de Berlim, em 1884:
Estas decisões
traduziram o
culminar das
relações de
domínio e
dependência
entre a Europa
O ecolonismo
a África. e o
imperialismo
geraram fortes
rivalidades no
final do século XIX e ínicio do século XX, que se traduziram em conflitos internacionais, com
consequências a médio prazo:

Quais as características que evidenciavam a supremacia europeia:


 Destacava-se pelo índice de urbanização, associado à industrialização e ao desenvolvimento do caminho de ferro: nela
se situavam as grandes cidades, centros dinâmicos da industria, do comércio internacional e das finanças.
 Grande parte da inovação tinha origem europeia.
 Detinha o domínio do comércio mundial, uma vez que dispunha das principais frotas mercantes, assegurando a
importação e exportação à escala mundial.
 Mantinha grande influência financeira, investindo capitais no mundo inteiro.
 Era o centro de decisão, no domínio das relações internacionais, onde se resolviam conflitos e se definia o destino
político de muitas regiões do mundo
 Era o centro das rivalidades, despertada pelo domínio de mercados e de regiões produtoras de matérias-primas.
1.2.Exercia aAs
 flutuações
hegemonia sobre os de crescimento
territórios económico
fora da Europa, fornecedores dee matérias-primas,
as crises dosubmetendo-os
capitalismo aos seus
O crescimento económico
interesses, numa lógica deacompanhado do processo de industrialização não foi regular, mas sim marcado
dependência económica.
por flutuações, com duas grandes tendências:
Os períodos de forte crescimento, ou de prosperidade, ocorreram entre 1860 e 1873 e depois entre 1896
e 1914. E estiveram associados a diversos fatores que
impulsionaram a expansão económica, tal como:
Como verificámos, o ciclo de expansão económica era

interrompido, de forma geralmente


brusca.
Com efeito, a partir do século XIX, as crises cíclicas do capitalismo liberal ocorriam com uma periodicidade
mais ou menos regular, em determinados intervalos de tempo. Para além do seu carácter cíclico,
apresentam outras características, que, geralmente acompanhavam o processo da crise, como podemos ver:

Os princípios do liberalismo, tiveram então, aqui, uma influência nas


opções e nas práticas da atividade económica.
Entre os princípios defendidos pelo liberalismo, que determinaram as práticas do sistema
económico, destacam-se:

No período que estamos a analisar, de entre as crises capitalistas, salienta-se a crise de 1873:

1.3. O capitalismo liberal- o comércio livre e a divisão internacional do


trabalho
Na passagem para a segunda metade do século XIX, no contexto do capitalismo liberal e do aumento da
produção de bens e de serviços, a maior parte dos países europeus adotou o livre-cambismo, o regime de
comércio internacional, livre de taxas e barreiras alfandegárias que pudessem limitar a importação de bens ou
de serviços.
O livre-cambismo assentava, por sua vez, em dois princípios já enunciados por Adam Smith e David
Ricardo: a divisão internacional do trabalho e a vantagem comparativa entre os diferentes países.
EM QUE CONSISTIA A DIVISÃO DO TRABALHO?
Este conceito, apresentado por Adam Smith, em 1776, defendia que a cada trabalhador cabia uma tarefa
específica, de modo a aumentar a produtividade e lucro. Este princípio foi aplicado ao comércio
internacional sob designação “divisão internacional do trabalho”.
David Ricardo defendeu que cada país tinha interesse em especializar-se numa produção em que tinha
maior capacidade produtiva, em comparação com outro país ou região. Esta ideia de vantagem comparativa
de um país em relação a outro articula-se com a da vantagem absoluta, apresentada por Adam Smith, que
defende que os países não só tinham interesse em especializar-se na produção, mas também trocar os
excedentes por bens de que necessitavam, através da prática do livre-cambismo.
O sistema de produção capitalista, destinado a aumentar a produtividade e o lucro, promoveu a
divisão internacional do trabalho:
No contexto do capitalismo liberal, estas teorias serviram para evidenciar os ganhos do comércio
internacional baseado no livre-cambismo, partindo da ideia de que o mundo era uma “fábrica” e cada país
uma “oficina” especializada que contribuía para o benefício de todos.
A partir da década de 1860, foram implementadas várias medidas para estimular o comércio
internacional:
 Em Inglaterra, o primeiro-ministro Robert Peel eliminou, em 1846, as restrições às importações, de
modo a diminuir o preço dos produtos. As importações ultramarinas tornaram-se determinantes e
foram assinados vários tratados bilaterais que eliminaram as barreiras às importações.
 Na França e na Alemanha, o livre-cambismo afirmou-se entre 1860-1870, mas a política comercial
oscilou entre o livre-cambismo e o protecionismo.
 Nos Estados Unidos, privilegiou-se o protecionismo, por se considerar que o livre-cambismo era
benéfico para a Inglaterra.
A Europa industrializada criou um sistema de comércio livre multilateral para dinamizar o mercado
internacional com a adoção de várias práticas:
Redução das tarifas alfandegárias;
Orientação dos países para a produção de bens específicos (divisão internacional do trabalho);
Desenvolvimento dos transportes;
Dinamização da produção em massa.
A partir da década de 1870, na sequência da segunda vaga de industrialização, verificou-se a crescente
mundialização do mercado:

As dificuldades e crises cíclicas, sobretudo nas últimas duas décadas do século XIX, obrigaram os Estados a
regressar a práticas protecionistas conjunturais, num panorama que apenas a Inglaterra manteve o livre-
cambismo até às vésperas da 1ª Guerra Mundial.
2.1. As transformações económicas na Europa e no
mundo
2.1.1. A explosão populacional da Europa

A industrialização e as transformações económicas que ocorreram na Europa foram acompanhadas


pelo crescimento demográfico.
Segundo a demografia, foi no período entre 1800 e 1900 que a população europeia mais que
duplicou, e a população mundial aumentou em cerca de 50%, sendo que no fim do século XIX, ¼ da
população mundial era de origem europeia. Este fenómeno de crescimento elevado, rápido e irreversível da
população é designado explosão demográfica.
Este crescimento urbano resultou da
concentração das atividades industriais e do
aumento do setor terciário.
A urbanização, o crescimento da população urbana e a afirmação de novos grupos socioeconómicos
contribuíram para diversas mudanças:
 Um novo ordenamento urbano, como se verificou em Paris pela mão do prefeito (o barão
Haussmann).
 O espaço urbano transformou-se e as periferias expandiram-se, o que obrigou a adotar soluções a
nível da
circulação, tendo sido abertas amplas avenidas, de modo a criar uma rede articulada e facilitar o trânsito de
pessoas e mercadorias.
 A construção de equipamentos urbanos, destinados a lazer, comércio ou transportes. De registar,
igualmente, a criação de espaços arquitetónicos monumentais, ligados às instituições governamentais
e administrativas, a remodelação de zonas antigas degradadas, o derrube das velhas muralhas
medievais, dando lugar a habitações ou palacetes destinados às elites.
 O urbanismo oitocentista, não só em Paris, mas também noutras cidades da Europa e dos
Estados Unidos da América, evidenciou as aspirações e o modo de vida burguês: contruíram-se
teatros, óperas, criaram-se espaços verdes e de lazer, nasceram grandes armazéns de comércio, lojas,
escritórios e gares para o caminho de ferro em expansão.
 As cidades do século XIX revelaram fortes contrastes sociais e refletiram a diversidade da
sociedade oitocentista. Os burgueses residiam em bairros luxuosos e habitações elegantes, no centro
remodelado, enquanto os operários e as classes populares, que viviam em zonas degradadas, na antiga
malha urbana em remodelação, foram empurrados para as periferias e as zonas suburbanas, onde as
condições de higiene e de habitabilidade refletiam as duras condições de vida das classes mais pobres.
As inovações técnicas, decorrentes da expansão industrial da segunda metade de XIX, acompanhadas do
período de prosperidade a partir de 1896, após o fim da Grande Depressão, trouxeram crença no progresso e
na modernidade. A sociedade transformou-se, tornou-se menos rígida e a mobilidade social aumentou.
Assistiu-se à melhoria da qualidade de vida, que possibilitou o tempo livre e o entretimento, a produção
cultural era intensa. Afirmou-se um novo estilo de vida que ficou associado à Belle Époque, marcada pela
paz e pela prosperidade, entre o final do século XIX e o início do século XX.
2.2. A sociedade de classes
Uma nova sociedade consolidou-se ao longo do século XIX, em consequência do fim da sociedade de
ordens do Antigo Regime. As alterações económicas resultantes da expansão da indústria aceleraram as
mudanças sociais que marcaram a sociedade oitocentista e conduziram à afirmação da sociedade de classes,
própria dos países europeus industrializados e do mundo contemporâneo, em que cada classe social se
diferencia pelo grau de riqueza e rendimentos, pela atividade económica ou profissional desempenhada e
pelos comportamentos e valores comuns de cada classe.
Foi a industrialização que modelou a nova sociedade, na qual os indivíduos pertenciam a classes
sociais, isto é, a grupos cujos membros dispunham de um estatuto social e económico diferenciado,
consoante fossem o proprietário ou patrão, assalariado ou operário.

A sociedade
oitocentista
assentava no
antagonismo
entre duas
classes
marcadas
por fortes
contrastes
2.2.1. A burguesia: a classe dominante
No século XIX a expansão da indústria, do comércio e da banca permitiu à burguesia constituir-
se como uma nova elite, e ocupar o lugar que, outrora, pertencera à aristocracia, em termos económicos,
sociais e políticos.
A burguesia passou a ocupar uma posição social dominante, graças ao elevado prestígio que
alcançou pela riqueza e funções desempenhadas.
Politicamente, passou a ter um papel importante, ocupando funções governativas na representação
parlamentar e nas assembleias de
notáveis ou ao serviço do Estado,
na administração, no exército e na
diplomacia.
Na sociedade de classes, a
burguesia passou a desempenhar
um papel de acordo com os novos
 O sentimento
princípios de pertença
estabelecidos a
pelo liberalismo.
Em uma
termosclasse, o orgulho
gerais, do traços definidores enquanto classe:
apresentava
nome e a honra eram
apanágio da alta burguesia, tal como tinha sido
na nobreza no Antigo Regime. (embora tenham
perdido o prestígio a alta burguesia procurou
alianças com famílias da antiga aristocracia).
 Em termos de comportamentos sociais, a elite
burguesa aristocrática distinguia-se ao nível da
maneira de ser e de agir em sociedade, segundo
regras de etiqueta ou de conduta refinada, e pela
prática de um modo de ser identificado como
burguês.
 Quanto aos valores, distinguia-se pela moral
que cultivava, de acordo com princípios
considerados exemplares: valorização do
trabalho e da poupança, da honra e das virtudes, da família e da educação.
A burguesia não era um grupo homogéneo
e abrangia diversos estratos sociais:

2.2.2. O incremento das


classes médias
No contexto da urbanização e da industrialização, assistiu-se, igualmente ao crescimento do setor terciário,
que englobava serviços do comércio, da banca e do Estado e prestação de serviços que contribuíram para a
terciarização da sociedade devido a vários fatores:
A terciarização da
sociedade resultou numa
recomposição social.
Acompanhando estas
transformações foram os estratos
de pequena e média burguesia,
ligados, em grande parte, a estas
atividades que ganharam o
estatuto de classes médias- grupo
heterogéneo, que abrangia grande
diversidade de profissões, mas
com fraca consciência de classe, pois identificavam-se com a mentalidade, valores e comportamentos da
burguesia.
O leque de profissões associadas às classes médias era variado: distinguia-se os que eram
designados como “colarinhos brancos” bem como os que desempenham profissões liberais.
A composição das classes médias abrangia do advogado ao médico e cargos de alto prestígio,
incluindo os pequenos comerciantes e empregados do comércio. Havia também um grupo dentro das classes
médias, que apesar de viverem do salário, viviam de rendas fixas provenientes de propriedades rurais.
O sistema de recrutamento para a administração pública, através de concurso, garantiu mais igualdade
no acesso aos cargos, de acordo com o princípio liberal do sucesso assente na meritocracia- sistema segundo
o qual a posição social é assegurada pelo mérito (escolar ou profissional) e não pelo nascimento ou fortuna.
Assim, a instrução afigurou-se,
igualmente, como meio de mobilidade social e
permitiu escapar à condição de operário ou de
camponês.
Os elementos das classes médias
partilhavam um conjunto de valores inspirados
na alta burguesia:

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