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UNIDADE 1 - AS TRANSFORMAÇÕES ECONÓMICAS NA EUROPA E NO MUNDO

A EXPANSÃO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

• A ligação ciência-técnica; novos eventos e novas formas de energia


1ª metade do séc. XIX:
- maquinismos simples;
- artesãos ou pequenos empresários

aumento da concorrência, os maquinismos industriais tornaram-se mais complexos

2ª metade do séc. XIX: atualização permanente da tecnologia fabril


- institutos e universidades;
- laboratórios nas empresas
ligação entre a ciência e a técnica
o conhecimento e a invenção passa a resultar do trabalho coletivo e do desenvolvimento
científico → progressos cumulativos* → Segunda Revolução Industrial

* Progressos cumulativos: série crescente de progressos que resultam da estreita ligação


entre a ciência e a técnica. As descobertas da ciência dão origem a novas máquinas e
produtos que, por sua vez, suscitam novas investigações científicas. A ciência e a técnica
estimulam-se, pois, mutuamente e progridem em constante interação.

• Inovações na indústria química e na siderurgia


indústria química:
- necessidade de corantes artificiais para o setor têxtil;
- aparecimento de novos produtos ligados a outros setores (borracha com enxofre);
- produtos próprios (inseticidas, fertilizantes, medicamentos);
- desenvolvimento da indústria alimentar (soda).

siderurgia:
- indústria pesada;
- produção de bens de consumo;
- construção de obras públicas (carris, pontes, etc);
- transportes (comboios, navios, etc);
- o desenvolvimento da siderurgia surgiu através da invenção de um conversor de
ferro em aço por Henry Bessemer e pela necessidade de materiais resistentes e
com > plasticidade

• Novas formas de energia


1ª revolução industrial (carvão e vapor)
2ª revolução industrial (petróleo e eletricidade)
aproveitamento do petróleo: não destrona o carvão até cerca
de 1914; usado para aquecimento e nos motores de combustão interna
- lubrificante (fuel oil);
- combustíveis para iluminação;
- combustíveis para transporte:
○ motor de explosão a gasolina (Gottlieb Daimler);
○ óleo pesado (gas oil - Rudolf Diesel)
os derivados do petróleo tornam-se os combustíveis do futuro (séc. XX)

eletricidade:
- a solução do problema de produção e transporte de eletricidade a grandes
distâncias possibilitou o seu uso industrial;
- teve aplicação progressiva na iluminação (substituindo o gás), nos transportes e na
comunicação (telégrafo, rádio, telefone, cinema)
permitiu o aparecimento de numerosas invenções essenciais para o homem do início do
séc. XX

• Aceleração dos transportes


- Comboio:
○ tornou-se um importante meio de transporte, de pessoas e de mercadorias;
○ encurtou distâncias

- Navio a vapor:
○ substituiu os veleiros;
○ movimentou capitais avultados;
○ criação de grandes empresas de transporte marítimo;
○ construção de grandes obras de engenharia como os canais do Suez e do
Panamá

- Automóvel;
- Avião

• Concentração industrial e bancária

Capitalismo industrial: tipo de capitalismo que se desenvolveu na segunda metade do


século XIX e que se caracteriza por um investimento maciço na indústria. O capitalismo
industrial assenta numa clara divisão entre os detentores do capital e o trabalho,
representado pela mão de obra assalariada.

concentração industrial na 2ª metade do século XIX com absorção de pequenas indústrias


por grandes empresas

objetivos da concentração industrial:


- garantir lucros elevados;
- assegurar posições de mercado dominantes
- evitar a concorrência
tipos de concentração industrial:
- concentração vertical:
○ integram na mesma empresa todas as fases de produção (desde a
obtenção da matéria prima à venda do produto)
- concentração horizontal (cartel):
○ associação de várias empresas numa fase de produção
criação de gigantescos grupos económicos internacionais que levam à origem de
multinacionais

• A concentração bancária
- pequenos bancos vão à falência e são absorvidos pelos mais poderosos;
- surgem sucursais no país em vários países de grandes instituições bancárias;
- grupos económicos financiam empresas e controlam outros setores da economia;
- afirmação do capitalismo financeiro

• A racionalização do trabalho
taylorismo - método de trabalho teorizado por Frederick Taylor:
- divisão máxima do trabalho em pequenas tarefas elementares e encadeadas;
- controlo do tempo necessário para cada tarefa (cartão de ponto);
- trabalho em cadeia;
- produção maciça de objetos iguais, perfeitamente estandardizados;
- a maximização da produção possibilitou a redução dos custos;
- foi primeiramente aplicado nas fábricas de automóveis Ford

Estandardização: uniformização dos artigos de forma a permitir o fabrico em série e a


produção em massa. Por sua vez, o trabalho de produção é dividido numa série de
pequenas tarefas, também elas estandardizadas.

fordismo - Henry Ford:


- aplicação do taylorismo;
- linha de montagem mecânica;
- aumento dos salários;
- produção de carros mais baratos, todos iguais e em grandes quantidades
- redução dos custos de produção;
- automóveis mais acessíveis

A GEOGRAFIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO

A Inglaterra liderou o processo de desenvolvimento industrial. A partir do século XIX,


afirmam-se novos países industrializados. A liderança inglesa começa a desaparecer.
• A afirmação de novas potências
alemanha:
- industrialização rápida e dinâmica desde 1840;
- setores do carvão, do aço e dos caminhos de ferro;
- década de 70 - química, construção naval e eletricidade;
- torna-se a principal rival da inglaterra, o que gera uma onda de ressentimento entre
os dois países

frança:
- processo lento de industrialização;
- 1901-13 - período de grande dinamismo nos setores da eletricidade, do automóvel,
do cinema e da construção.

eua:
- arranque da industrialização a partir de 1830;
- impulso inicial da indústria algodoeira;
- desenvolvimento da indústria siderúrgica a partir de 1870-1880 (grande dinamizador
da economia);
- desenvolvimento do setor energético;
- desenvolvimento da indústria automóvel
Os EUA passam a liderar a produção industrial. Afirmam-se como primeira potência mundial
no início do século XX.

japão:
- arranque inicia-se em 1868 após restauração do império com Mutsu-Hito (era de
progresso: era Meiji);
- o impulso industrializador ficou a dever-se, sobretudo, ao estado:
○ entrada de capitais e técnicos estrangeiros;
○ financiamento e concessão de privilégios à criação de novas indústrias
- deveu-se também ao forte crescimento demográfico;
- desenvolvimento da siderurgia;
- desenvolvimento da construção naval;
- desenvolvimento da indústria têxtil

• A permanência de formas de economia tradicional


séc XIX - coexistência de 2 ritmos:
- novidade (países industrializados);
- tradição (sul da europa - itália, portugal)

mesmo nos países industrializados permanecessem:


- na agricultura: agricultura de subsistência, métodos e técnicas tradicionais;
- na indústria: trabalho artesanal, sistema de trabalho domiciliário;
- no comércio: feiras, mercados locais
A AGUDIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS

• A confiança nos mecanismos autorreguladores do mercado: o livre-cambismo


Os economistas liberais Adam Smith e David Ricardo acreditavam na existência de uma
ordem económica natural, pelo que o Estado deveria por isso dispensar-se de toda a
intervenção, porque só a liberdade permitiria o funcionamento eficaz dos mecanismos
autorreguladores do mercado, responsáveis pelo equilíbrio da economia.
Cada um dos países devia especializar-se no que fosse mais compatível com as suas
condições naturais. Assim, a liberdade comercial asseguraria o desenvolvimento e a riqueza
de todas as regiões do mundo.

Inglaterra - livre cambismo - Sr. Robert Peel → diminuição da pauta aduaneira; influenciou a
europa e os eua (1850-70) → crescimento do comércio internacional

Livre-cambismo: sistema que liberaliza as trocas comerciais. No sistema livre-cambista, o


Estado deve abster-se de interferir nas correntes de comércio, pelo que os direitos
alfandegários, a fixação de contingentes e as proibições de entrada ou de saída devem ser
abolidas ou, pelo menos, reduzir-se ao mínimo.

• As debilidades do livre-cambismo; as crises cíclicas

países mais atrasados:


- persiste o subdesenvolvimento;
- baixa produtividade do setor agrícola;
- poupanças e investimentos insuficientes;
- dificuldade em competir com os produtos das potências industriais

nas nações desenvolvidas:


- aparecimento de crises cíclicas ( 6-10 anos, crises de superprodução, próprias do
capitalismo) - devem-se a um excesso de investimentos e de produção industrial
consequências das crises cíclicas:
- redução dos salários;
- despedimento dos trabalhadores;
- diminuição da produção;
- destruição dos stocks;
- suspensão dos créditos, pagamentos e investimentos;
- os preços baixam;
- rápida propagação

contestação ao liberalismo económico;
retorno ao protecionismo nos finais do séc. XIX
crise de 1929 → necessidade da intervenção do Estado na vida económica

• O mercado internacional e a divisão do trabalho

séc. XIX:
- crescimento acelerado do comércio;
- há um contínuo aumento da produção;
- progresso de transportes e comunicações.
- a inglaterra domina o fluxo de trocas;
- quatro países controlam mais de metade da produção mundial: inglaterra, frança,
alemanha, eua

estrutura internacional do comércio reflete divisão internacional do trabalho:


países industrializados – “fábricas do mundo”:
- detêm mais de 70% da produção industrial;
- empregam a maioria da mão de obra no sector industrial e serviços;
- abastecem os países mais atrasados
países mais atrasados:
- fornecem produtos agrícolas e matérias-primas;
- a maioria da sua mão-de-obra trabalha no sector primário;

sistema de trocas desigual
UNIDADE 2 - A SOCIEDADE INDUSTRIAL E BURGUESA

A EXPLOSÃO POPULACIONAL; A EXPANSÃO URBANA E O NOVO URBANISMO;


MIGRAÇÕES INTERNAS E A EMIGRAÇÃO

• A explosão populacional

O séc. XIX registou um extraordinário aumento demográfico em quase todo o mundo,


sobretudo na Europa, cuja população cresceu a um ritmo de tal forma acelerado que se
pode falar em explosão demográfica.

Explosão demográfica: aceleração do crescimento da população mundial que, no séc. XIX,


quase duplicou os seus efetivos. O fenómeno, particularmente forte na Europa, foi
possibilitado pela descida drástica e irreversível da mortalidade; pela antecipação da idade
do casamento; pela elevação da esperança média de vida. Quanto à natalidade,
manteve-se alta até cerca de 1870, altura em que se inicia o seu, também irreversível,
declínio.

Este fenómeno rápido deve-se sobretudo à diminuição da mortalidade. Tal facto pode ser
explicado por:
- melhorias na higiene (uso de roupas de algodão);
- melhorias na alimentação (progresso dos transportes evitou crises de abastecimento
e fomes);
- melhorias na saúde (vacinas, uso da desinfeção e antissepsia)

Todos estes progressos permitiram uma maior esperança média de vida. Quanto à taxa de
natalidade manteve-se elevada durante a maior parte do séc.XIX, apenas após 1870, a
natalidade reduziu, iniciando-se o regime demográfico moderno.

• A expansão urbana

O crescimento populacional notou-se especialmente nas cidades. As cidades já existentes,


tornaram-se grandes cidades. Ao mesmo tempo, surgiram novas cidades.

A expansão urbana oitocentista resultou:


- do êxodo rural (desemprego motivado pela mecanização da agricultura; procura de
melhores salários e condições de vida na cidade);
- do desenvolvimento do setor terciário cujos progressos aumentaram as ofertas de
emprego;
- da emigração (a revolução dos transportes veio facilitar a mobilidade das
populações)

A concentração acelerada e caótica de massas humanas em espaços urbanos fez aparecer


uma nova série de problemas:
- saneamento, saúde pública e habitação;
- alterações no modo de vida das pessoas (prostituição, miséria, alcooismo,
criminalidade)
Para solucionar estes problemas, grandes trabalhos de urbanismo foram levados a cabo
nas cidades europeias e americanas. O plano de remodelação urbanística de Paris
executado pelo barão Haussmann serviu como modelo deste novo urbanismo, assente em
princípios estéticos e de racionalidade.

• Migrações internas e emigração

Várias correntes migratórias atravessaram o século XIX:


- migrações internas (deslocações sazonais; fluxos migratórios dos campos para a
cidade);
- migrações externas (emigração)

O maior fluxo migratório processou-se a partir da Europa, o continente mais densamente


povoado, para a América, Austrália e Nova Zelândia, África e regiões da Ásia. Vagas
sucessivas de anglo-saxões, latinos, balcânicos e eslavos encontram na emigração saída
para os seus problemas. Uns fugiram à miséria, outros ao desemprego, outros ainda a
perseguições religiosas e políticas.

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