17.03.

23
ANO 37 Nº 11
EDIÇÃO 1.155
revide.com.br
nº 93

PROMOVENDO
A PLURALIDADE
Após o nascimento da filha Ana Luisa, Sheyla Dutra criou o
projeto FADA para acolher, ajudar e informar outras famílias
sobre a inclusão e os direitos de pessoas com deficiência

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2 Revide 1.155 | 17.03.23
NESTA EDIÇÃO
ESPECIAL DIGITAL nº 93

ANO 37 • Nº 11 • 17 DE MARÇO DE 2023

1.155

10
ENTREVISTA
O advogado Ricardo
Sordi Marchi discorre
sobre os avanços
conquistados na
área do Direito
do Consumidor

Sheyla e Ana Luisa Dutra

05
CAPA
Conheça o trabalho desenvolvido pelo
Projeto FADA – Família Diversidade e
Amigos de Ribeirão Preto 29
CULTURA
Exposição inédita “Kandinsky – o Passeio
dos Sentidos” chega ao shopping Iguatemi

18
SAÚDE
O risco dos ultraprocessados: especialistas
recomendam refeições baseadas em alimentos
naturais para um estilo de vida mais saudável

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EDITORIAL

A RIQUEZA DA
PLURALIDADE O nome da revista vem de um poema
de Viriato Corrêa. “Um homem não
é para ser chicoteado, covardemente,
miseravelmente, sem um revide, sem
um gesto qualquer de vingança”.

Revide é uma publicação semanal da

PAULA ZULIANI
VIDE Editorial Revistas e Periódicos Ltda.
Editora-chefe

A
DIRETOR
capa desta edição apresenta o Projeto FADA – Família Murilo Pinheiro - MTB 6.313
Diversidade e Amigos, criado, aqui em Ribeirão Preto, murilopinheiro@revide.com.br
DIRETORA COMERCIAL
por Sheyla Dutra. A motivação para disseminar infor- Isabel de Farias
mações, acolher famílias e enaltecer a beleza da pluralidade bel@revide.com.br
EDITOR-CHEFE
veio há 18 anos, com a chegada da filha, Ana Luisa, que nas- Paula Zuliani - paula@revide.com.br
REPORTAGEM
ceu com Síndrome de Down. O que mais me chamou a aten- Gabriela Maulim - gabriela@revide.com.br
ção no texto da jornalista Gabriela Maulim foi o trecho em Loreta Fagionato - loreta@revide.com.br
Paulo Apolinário - paulo@revide.com.br
que Sheyla conta sobre o encontro com Dr. Charles Marques. PROJETO GRÁFICO/ARTE
Segundo ela, o médico jogou vários papeis na mesa e disse: Lorena Melo - lorena@revide.com.br
FOTOGRAFIA
'sua filha vai poder fazer tudo isso aqui'. Eram fotos de bom- Luan Porto
beiro, nadador, professor. Naquele momento, ele teve a sensi- COMERCIAL
Cristina Cantarella - cristina@revide.com.br
bilidade de acalmar o coração da mãe aflita ao validar, diante Regina Carvalho - reginacarvalho@revide.com.br
do desconhecido, a capacidade daquela bebê de crescer, se CONTATOS
Rua Heitor Chiarello, 882. CEP 14020-520
desenvolver e conquistar seu espaço nesse mundo. Algo que Tel.: 16 3602.5200 - Ribeirão Preto/SP
deveria ser óbvio, mas que, recorrentemente, a sociedade pa- www.revide.com.br | revide@revide.com.br
CARE - Central de Atendimento Revide
rece não enxergar ou compreender. care@revide.com.br
IMPRESSÃO
Em minhas pesquisas para escrever o editorial, encontrei um São Francisco Gráfica e Editora
conteúdo bem interessante no Estadão sobre capacitismo. O
termo, que vem da tradução do inglês ‘ableism’, tem ganhado REVIDE não tem responsabilidade editorial
cada vez mais repercussão, associado, principalmente, ao mer- pelos conceitos emitidos nos artigos assinados
e informes publicitários. A revista é distribuída
cado de trabalho. Envolve uma pré-concepção sobre as capa- na cidade e na região de Ribeirão Preto.

cidades que uma pessoa tem ou não devido a uma deficiência,

estabelecendo estereótipos equivocados e provocando a falta
de representatividade em diversos espaços. Uma pena! Quem revistarevide

ainda se restringe a esse tipo de pensamento está perdendo a revistarevide

riqueza que só a diversidade e a inclusão podem proporcionar.
revistarevide
Confira a matéria e inspire-se. Boa leitura!

4 Revide 1.155 | 17.03.23

CAPA

Na foto, Luis, Sheyla, Rafael, Ana Luisa e Vitor Dutra

DISCEMINANDO
A DIVERSIDADE
Desde 2005, o projeto FADA – criado por Sheyla Dutra após o
nascimento da filha Ana Luisa – vem ajudando e acolhendo famílias
de pessoas com Síndrome de Down e outras pluralidades

Texto: GABRIELA MAULIM Fotos: LUAN PORTO e ARQUIVO PESSOAL

A
tivista pela causa das pessoas com
deficiência, palestrante, engajada em
movimentos femininos e militante pela
inclusão. Essa é a descrição do perfil de Sheyla
Dutra, coordenadora e idealizadora do Projeto
FADA – Família Diversidade e Amigos –, mas,
não é só isso que chama a atenção dos usuá-
rios que visitam sua página no Instagram. Logo
abaixo do texto de apresentação, está escrito:
“esposa, mãe e voluntária”. E a Sheyla, realmen-
te, é tudo isso. É mãe biológica do Rafael, do
Vitor e da Ana Luisa, mãe de mais de 20 inter-
cambistas que passaram por sua casa – e que
mantém contado até hoje –, e mãe de coração

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CAPA
de milhares de outros filhos que são atendidos
pelo seu projeto. É esposa do Luis, seu maior
apoiador, e voluntária, com todo amor, dedica-
ção e entusiasmo.
A história do projeto se inicia em 2005,
quando Ana Luisa, que hoje tem 18 anos,
nasceu. “Quando ela nasceu, em um primeiro
momento, foi um susto. Ninguém do hospital
estava preparado para dar a notícia adequa-
damente. Percebi muito isso naquele momen-
to, porque, antes de ser profissional ou qual-
quer outra coisa, a gente é ser humano. Notei
essa falta de tato, profissionalismo e humanis-
mo dentro do hospital, que lida com vidas. Eu
A criação do projeto FADA veio após o
nascimento de Ana Luisa, que hoje tem 18 anos
6 Revide 1.155 | 17.03.23
DIA MUNDIAL DA
SÍNDROME DE DOWN
O Dia Mundial da Síndrome de Down,
comemorado em 21 DE MARÇO, é
uma data de conscientização global para
celebrar a vida das pessoas com a síndrome
e garantir que elas tenham as mesmas
liberdades e oportunidades que todas as
pessoas. É oficialmente reconhecida pelas
Nações Unidas desde 2012. A data escolhida
representa a triplicação (trissomia) do 21º
cromossomo, o que causa a síndrome.
só me senti acolhida quando encontrei com o
Dr. Charles Marques. Ele chegou, jogou vários
papeis na mesa e disse: 'sua filha vai poder fa-
zer tudo isso aqui'. Eram fotos de bombeiro,
nadador, professor. Hoje, consigo replicar isso
com outras famílias”, conta. Segundo Sheyla,
o papel que exerce no FADA é acolher e di-
vulgar as informações que muitos não têm
acesso. “Replicar a informação é muito bom,
porque quando o bebê nasce, as mães ficam
sem chão, muitas por conta do desconheci-
do, pela desinformação, pelo medo, receio do
possível preconceito que os filhos poderão
sofrer. Obviamente, não podemos julgar essas
mães. Nós acolhemos cada uma delas e ofere-
cemos total apoio”, descreve.
PARTE DA FAMÍLIA FADA
Sônia Simioni, que é doutora em Educação
Especial e pós-doutorada em Educação, é mãe
de Frederico, seu filho caçula. Ela faz parte do
projeto FADA e oferece muito apoio à Sheyla.
“Frederico não foi o filho idealizado, mas é um
filho muito amado! Tivemos muitos momen-
tos difíceis, até por conta da saúde fragilizada
dele até os oito anos, felizmente, todos supe-
rados. Aprendemos juntos a enfrentar os desa-
fios que a vida nos dava e continua nos dando.
Por meio da dor, da doença e do sofrimento,
nos tornamos duas pessoas fortes e com mui-
to amor por nós, pela vida, pela humanidade.
Com certeza, ele faz a diferença na minha vida
e na vida de muitas outras pessoas. Hoje, não
consigo mais me ver sem ele! É uma simbiose
intensa que vamos levar para a vida toda. Ele
é o melhor de um ser humano. Aprendo com Sônia diz que aprende lições importantes,
ele todos os dias e sou grata por isso e por ele todos os dias, com o filho Frederico
existir na minha vida”, declara-se.
Para Sônia, poder fazer parte da família mente e amorosamente. É um projeto extre-
FADA é de total relevância. “Contribuir com o mamente relevante para a cidade, porque co-
FADA é um gesto genuíno de poder ajudar o loca em evidência uma questão que precisa,
próximo de forma verdadeira, espontânea, ou efetivamente, fazer parte da pauta dos gover-
seja, uma ação voluntária de um ser humano nos, seja Municipal, Estadual e Federal. Temos
para com outro ser humano, despretensiosa- muito para avançar e, com essa visibilidade, é

O projeto conta com diversas mães que apoiam e ajudam no desenvolvimento das ações do FADA

Revide 1.155 | 17.03.23 7

CAPA
possível ganharmos espaços e avançarmos na
questão da inclusão social e escolar. A vanta-
gem de as famílias fazerem parte deste proje-
to é que ficam fortalecidas, unindo forças. Gra-
dativamente, vão se empoderando e lutando
pelos direitos dos seus. A inclusão só acontece
quando militamos pelos direitos das minorias.
Infelizmente, nada é espontâneo, mesmo que
esteja regulamentada em legislações e docu-
mentos pertinentes”, finaliza.
CELEBRAÇÃO
No domingo, 19 de março, das 9h às 12h,
no Parque Uber Sul, o projeto promoverá uma
manhã plural, que contará com inúmeras ati-
vidades em celebração ao Dia Mundial da
No dia 30 de janeiro, Fauzi Taha recebeu os
alunos do projeto FADA na Ribercred, à ocasião,
foram visitar, fazer a entrega do calendário 2023
e o convite para o evento de domingo
8 Revide 1.155 | 17.03.23
Síndrome de Down. De acordo com Sheyla,
essa é uma oportunidade para dar visibili-
dade às pessoas com a síndrome e mostrar
que nada se deve fazer sem incluir a todos.
O tema deste ano é “Conosco, não por nós”
e declara a competência de todos os indiví-
duos em realizar seus sonhos, cumprir tarefas,
escolher uma carreira ou profissão, participar
plenamente como protagonista, autônomo e
suficientemente capaz de todos os espaços e
atividades. “Todos os anos, aproveitamos esta
oportunidade para estar junto com a comuni-
dade e conversar a respeito de inclusão e di-
versidade. Tiramos dúvidas, apresentamos as
pessoas para que se deem a oportunidade de
conviver com a diferença e, assim, desmitificar
o preconceito para que não mais aconteça a
discriminação”, explica.
APOIO
Para promover o evento, Sheyla conta com o
apoio de diversas empresas, que ajudam com
fundos e, também, com voluntários no dia da
festa. Fauzi Taha, sócio-fundador da Ribercred, é
uma das pessoas que sempre oferecem supor-
te ao FADA. De acordo com Taha, ser parceiro
do projeto é motivo de orgulho. “É muito bom
apoiar um projeto sério, com pessoas sérias e
engajadas, e saber que, de alguma maneira,
estamos contribuindo para o desenvolvimen-
to de pessoas, seres humanos que precisam de
apoio, atenção e carinho. Temos que mobilizar
e trazer mais parceiros, independentemente
do valor da contribuição. O mais importante
é a participação. No último ano, tivemos uma
adesão enorme dos nossos colaboradores da
empresa, que participaram como voluntários
e ficaram encantados. Este ano, com certeza,
estaremos lá. Juntos podemos conseguir mui-
to mais”, afirma. A assessora de eventos Lean-
dra Barros também é voluntária no projeto e
estará presente no evento domingo. Para ela,
a celebração dessa data é muito importante.
“Eu pertenço a essa família, a essa causa, a esse
projeto. E celebrar esse dia representa luta, resi-
liência, inclusão, pertencimento”, pontua.
Outro apoiador da causa é o Grupo Cedro,
composto pelas marcas O Boticário e SunglassHut.
Leandra Barros em um dos
eventos do projeto FADA
CONHEÇA AINDA MAIS
SOBRE O PROJETO
Para conhecer mais sobre o projeto, os
parceiros, as ações e saber como contribuir
e participar, basta acessar o site: www.
familiadiversidade.com.br. Informações,
também, pelo tel.: (16) 99217.6332.
Flavia Borges, uma das sócias-diretoras do
Grupo Cedro, afirma que a comemoração
será de muita alegria
“Já acompanhamos o trabalho do FADA há um
tempo. Apoiamos com os calendários anuais e
sabemos que esse projeto tem tudo a ver com
os pilares da nossa empresa, que foca a diver-
sidade e a inclusão. Acreditamos muito que,
como empresários, temos a responsabilidade
de participar, incentivar e apoiar projetos como
esse. E tenho certeza que essa comemoração
será de muita alegria para todos, pois é uma in-
tegração, onde as pessoas terão a oportunida-
de de viver momentos especiais, compartilhar
essa manhã plural e comemorar as conquistas.
Estamos muito felizes em participar com toda
equipe e levando tudo aquilo que sabemos fa-
zer, que é levar a beleza, transformar a vida das
pessoas e oferecer esse momento especial”,
afirma Flavia Borges, uma das sócias-diretoras
do grupo.
Revide 1.155 | 17.03.23 9
 ENTREVISTA
RICARDO SORDI MARCHI

DIREITO DO CONSUMIDOR
Ter conhecimento e compreensão sobre os conteúdos previstos na
legislação é essencial para se estabelecer uma relação mais justa
entre os dois lados da negociação; manual de conduta também
ajuda a fomentar o mercado de produtos e serviços

A
maioria das nossas relações rotinei-
ras está associada, de alguma forma,
ao consumo: seja no supermercado,
no posto de combustível, na farmácia, em
uma loja de roupas ou na contratação de
um plano de internet, da academia, da es-
cola do seu filho, só para citar alguns exem-
plos. Em vigor há mais de 30 anos no Brasil,
o Código de Defesa do Consumidor (CDC)
foi criado, justamente, para tentar estabele-
cer o equilíbrio entre fornecedores e con-
sumidores (lado considerado mais vulne-
rável nesse relacionamento), como forma,
principalmente, de fomentar o mercado de
produtos e serviços. Ter ciência sobre o con-
teúdo previsto na legislação, como a garan-
tia, o prazo de troca e a proteção contra a
propaganda enganosa, entre outros, pode
evitar grandes problemas, para os dois la-
dos dessa negociação. Na semana em que
se comemora o Dia Internacional do Con-
sumidor, o advogado Ricardo Sordi Marchi,
especialista e mestre na área de Direito Civil,
com MBA em Administração, e coordena-
dor dessa área no escritório Brasil Salomão
e Matthes Advocacia, discorre sobre o tema.
Na última quarta, 15, celebrou-se o Dia
Mundial dos Direitos do Consumidor. Pode-
ria contextualizar a origem dessa data espe-
cial? E quando entrou no calendário aqui no
Brasil? A data escolhida se deu em razão de um
famoso discurso do presidente americano John
Kennedy, que, em 15 de março de 1962, tratou
dos direitos do consumidor, especialmente rela-
cionados à segurança, informação, escolha e de
ser ouvido. Diz-se que após tal fala, as indústrias
por todo o mundo mudaram a forma de atuar,
voltando mais a atenção para seu público. O Dia
Mundial do Consumidor foi comemorado pela
primeira vez, oficialmente, em 1983. No Brasil, a
data ganhou força após o início da vigência do
Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90),
em março de 1991. Há muito é utilizada para im-
pulsionar a economia com vendas após o perío-
do de festas e carnaval.
Quais são alguns dos principais direitos pre-
vistos na legislação? Podemos elencar alguns
princípios importantes destacados nas legisla-
ções que tratam de direito ao consumidor, tais
como o de correta informação, segurança, prote-
ção à saúde e inibição de propaganda enganosa

10 Revide 1.155 | 17.03.23

e abusiva. A lei também estabelece que o consu-
midor hipossuficiente (com menor poder frente
ao fornecedor) deva ter seus direitos protegidos
de maneira diferenciada, além de determinar que
cláusulas consideradas desproporcionais sejam
revistas. Importante destacar que o Código de
Defesa do Consumidor (conhecido no meio jurí-
dico como CDC) determina que os serviços pú-
blicos em geral devem ser prestados de maneira
adequada e eficaz aos consumidores.

Atualmente, os consumidores estão mais

bem informados em relação a esse tema? Se
sim, o que tem contribuído para isso? Ao lon-
go destes mais de 30 anos do CDC, as decisões
judiciais foram sendo consolidadas e assuntos tor-
mentosos para os consumidores tiveram seus ca-
minhos trilhados de maneira a facilitar a proteção
de seus interesses. Certamente, o trabalho dos pro-
fissionais especialistas no assunto, a divulgação de
direitos pelas mídias em geral (e órgãos de defesa
do consumidor), além da possibilidade de rápidas
consultas em mecanismos de buscas na internet
contribuíram para que o consumidor pudesse
criar o hábito de exigir respeito e cumprimento
O advogado Ricardo Sordi Marchi atua
das leis que tratam desta importante relação. na área de Direito do Consumidor

Munidos de informação, eles têm buscado

que esses direitos sejam respeitados pelas
vias legais? Sem dúvidas. Com a maturidade
do CDC, os consumidores passaram a buscar
junto ao Judiciário apoio para a correção dos
atos de fornecedores descumpridores da lei,
seja com determinações imediatas em situa-
ção de urgência, ou mesmo com a punição por
prejuízos morais e materiais decorrentes da não
observância das condutas preconizadas.
Como o consumidor deve proceder quan-
do se sente lesado em alguma negocia-
ção? O lesado pode buscar auxílio junto aos
órgãos de defesa do consumidor (o Procon é
o mais conhecido) para que a situação seja so-
lucionada de modo pacífico ou que o forne-
cedor seja fiscalizado e punido se os prejuízos
ao indivíduo e coletividade tiverem sido con-
solidados. Além desta solução administrativa,
poderão os consumidores também procurar
o advogado de sua confiança para que tome

Revide 1.155 | 17.03.23 11

 ENTREVISTA
RICARDO SORDI MARCHI

as medidas jurídicas pertinentes, sem prejuí-
zo de buscarem o Judiciário diretamente, se o
valor em discussão não ultrapassar 20 salários
mínimos (por meio do Juizado Especial Cível).
E as compras no ambiente digital? Exis-
tem questões diferentes a serem analisa-
das? Quais são os casos mais recorrentes?
As compras em ambiente digital devem ser
precedidas de análise acurada da reputação
do vendedor, que pode ser pesquisada em
mecanismos de busca. Além disso, o consu-
midor deve ter em seu poder informações
precisas do fornecedor (nome da sociedade,
CNPJ, endereço físico) para o caso de precisar
acioná-lo futuramente. Destaca-se, também,
que o consumidor poderá, nas compras fei-
tas em ambiente digital, desistir do contrato
no prazo de sete dias da sua assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço
(direito de arrependimento), sem que isso lhe
cause qualquer ônus. Interessante anotar que,
hoje em dia, os principais golpes e prejuízos
ocorrem neste tipo de transação. Então, deve-
-se tomar muito cuidado, especialmente com
promoções e ofertas que sejam por demais
vantajosas (lembrando-se da máxima: ‘quan-
do a esmola é demais, até o santo desconfia’).

Os fornecedores de
produtos e serviços
aprenderam ao
longo do tempo que
respeitar os direitos
dos consumidores traz
fidelização, confiança
e reduz litígios

12 Revide 1.155 | 17.03.23

Na outra ponta dessa relação, empresas,
lojas e profissionais também estão mais
conscientes sobre seus deveres e os colo-
cam em prática ou não? Sem dúvidas. Os for-
necedores de produtos e serviços aprenderam
ao longo do tempo que respeitar os direitos
dos consumidores traz fidelização, confiança e
reduz litígios. Vemos inclusive que as boas prá-
ticas (cumprimento de prazos, qualidade dos
produtos, atenção no pós-venda) levam a um
incremento nos negócios e reputação, impor-
tante para se diferenciar no mercado hoje.

Como são feitas as fiscalizações? A fiscaliza-

ção dos fornecedores tem sido feita de manei-
ra espontânea pelos órgãos de defesa do con-
sumidor (Procon, por exemplo) ou mediante
denúncia nas sedes administrativas ou pelos
canais digitais fornecidos. Vê-se que a atuação
eficaz dos fiscais traz benefícios aos dois partí-
cipes da relação consumerista, tanto pelo ca-
ráter muitas vezes orientativo do fornecedor,
quanto pela punição que acaba por provocar
mudanças bruscas no trato com seu cliente.
Quais podem ser as punições? A fiscalização
pode aplicar (inclusive de maneira cumulati-
va) sanções administrativas, além de outras de
natureza civil e penal, tais como as seguintes:
I - multa; II - apreensão do produto; III - inuti-
lização do produto; IV - cassação do registro
do produto junto ao órgão competente; V -
proibição de fabricação do produto; VI - sus-
pensão de fornecimento de produtos ou ser-
viço; VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão
de uso; IX - cassação de licença do estabele-
cimento ou de atividade; X - interdição, total
O especialista alerta que, atualmente,
os principais golpes e prejuízos
ocorrem no ambiente digital
ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de
atividade; XI - intervenção administrativa; XII -
imposição de contrapropaganda.
Nessa época, muitos estabelecimentos
acabam lançando promoções e campanhas
específicas para atrair os consumidores.
Quais são os principais cuidados para evi-
tar ser ludibriado? Como se proteger? O
consumidor deve estar atento para adquirir
somente aqueles produtos que, efetivamente,
precisa. Sabendo destes períodos em que há
divulgação de benefícios para a compra, é im-
portante que, com antecedência, passe a mo-
nitorar os preços de mercado para que não seja
ludibriado no período de ‘promoções’. Apuran-
do a propaganda enganosa ou abusiva, é im-
portante denunciar o comportamento nocivo
do fornecedor para que, além dele, outros não
caiam nesta cilada.

Revide 1.155 | 17.03.23 13

ECONOMIA

A “percepção da inflação” é sensação de que a inflação é maior do que os relatórios indicam

INFLAÇÃO À ESPREITA
Apesar dos índices considerados “baixos” da inflação,
percepção da população é de que preços continuam
subindo; especialistas explicam o fenômeno

A
situação é comum a milhares de brasi-
leiros: você vai ao supermercado e tem
a sensação de que tudo está mais caro
do que no mês passado. Chegando em casa,
assistimos na TV uma queda de braço entre go-
verno e Banco Central sobre “juros altos e infla-
ção baixa”. Nos reviramos no sofá e nos pergun-
tamos: “como assim, baixa?!”. A análise fria dos
números mostra que a inflação brasileira está
em patamares baixos. A última edição do rela-
tório “Focus”, divulgado no dia 27 de fevereiro
pelo Banco Central, elevou a estimativa de infla-
ção deste ano para 5,90% e também passou a
prever uma alta maior do Produto Interno Bru-
to (PIB). Para 2023, a meta da inflação foi fixada
em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN) e será considerada cumprida pelo go-
verno federal se oscilar entre 1,75% e 4,75%. O
índice coloca o Brasil entre as 10 menores infla-
ções das américas, com indicadores melhores
do que Canadá e Estados Unidos. Além de uma
inflação menor do que países como Suécia, Itá-
lia, Reino Unido e Alemanha.
Porém, o que explica o desconforto com a
alta de preços é o fenômeno conhecido por
“percepção da inflação”; a sensação de que a in-
flação é maior do que os relatórios indicam. Ela
pode ser influenciada por diversos fatores, como
a variação dos preços dos bens e serviços que as
pessoas consomem regularmente, as expectati-
vas de inflação, as condições econômicas gerais
do país, entre outros. A percepção de inflação,
muitas vezes, difere da inflação real medida pe-
los índices oficiais, como o Índice Nacional de

14 Revide 1.155 | 17.03.23

Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil,
que mede a variação de preços de uma cesta
de bens e serviços. “Como o IPCA é uma média
ponderada dos produtos pesquisados, o que
ocorre é que, muitas vezes, o nosso padrão de
consumo pode incluir produtos de nossa prefe-
rência que não estão contemplados no cálculo
do IPCA. Ou ainda, o nosso consumo pode se
concentrar em produtos com um peso menor
no cálculo do índice e que apresentam varia-
ções de preços mais intensas. Isto pode provocar
uma percepção de gastos ligeiramente diferen-
te da apresentada oficialmente pelo IPCA”, expli-
ca Guilherme Augusto Malagolli, economista e
especialista em gestão e inovação.
O consultor financeiro Jaime Fabreti Júnior
acrescenta que a percepção da inflação afeta
O economista Guilherme
Malagolli explica como
hábitos de consumo podem
“driblar” índices como o IPCA
em geral os segmentos menos abastados da
sociedade, que têm menor poder aquisitivo e
que dependem de salários fixos para manterem
seus orçamentos equilibrados. Essa parcela da
população também costuma alocar a maior
parte do orçamento familiar para o consumo,
onde incide mais fortemente a inflação e os
impostos. “Famílias de classe média também
podem ser afetadas, pois podem ter que cortar
gastos ou ajustar suas metas de poupança em
resposta a preços mais altos. Além disso, cer-
tos segmentos da sociedade podem ser mais
sensíveis a aumentos de preços de bens ou
serviços específicos. Por exemplo, os aposen-
tados podem ser mais afetados por aumentos
nos custos de saúde, enquanto famílias com
filhos pequenos podem ser mais afetadas por
O consultor financeiro Jaime Fabreti
pondera que governo federal e BC devem
buscar um equilíbrio entre taxa de juros,
inflação e o crescimento econômico
Revide 1.155 | 17.03.23 15
ECONOMIA

aumentos nos preços dos alimentos”, destaca. go e a renda. Assim, tornaria o ambiente mais
Para Fabreti, a percepção da inflação também seguro para a redução de juros. Há quem en-
pode ser influenciada por fatores como esco- xergue na ação do BC uma “chantagem” para
laridade e localização geográfica. “Indivíduos que Lula adote medidas mais austeras e libe-
com níveis mais altos de educação podem rais. Se por um lado o BC é uma entidade in-
ser mais propensos a acompanhar as taxas de dependente do governo federal, por outro, há
inflação e ter uma melhor compreensão de uma agenda econômica vitoriosa nas eleições
como a inflação pode afetar suas finanças, en- de 2022. “O BC acredita que as pressões infla-
quanto aqueles nas áreas rurais podem estar cionárias permanecem elevadas e que uma
mais isolados dos aumentos de preços de cer- alta taxa de juros é necessária para manter a in-
tos bens e serviços”, avalia. flação dentro da meta. Baixar as taxas de juros
muito rapidamente pode levar a um ressurgi-
QUEDA DE BRAÇO mento da inflação. O presidente Lula, por outro
Ao elevar as taxas de juros, o Banco Central lado, argumentou que uma taxa de juros mais
torna mais caro para os bancos emprestarem baixa é necessária para estimular o crescimen-
dinheiro e para as pessoas e empresas toma- to econômico, principalmente fomentando o
rem empréstimos. Com custos de emprésti- investimento das empresas e a obtenção de
mos mais altos, as pessoas e as empresas redu-
zem seus gastos e investimentos, o que pode
levar a uma desaceleração da economia e, con-
sequentemente, a uma redução da demanda
por bens e serviços. Com menos demanda, os
preços tendem a diminuir, o que ajuda a conter
a inflação. Por outro lado, quando o Banco Cen-
tral reduz as taxas de juros, a economia pode se
aquecer, com mais investimentos e consumo, e
a inflação pode aumentar. No momento, a taxa
básica de juros do Brasil está em 13,75%. A taxa
elevada tem gerado uma queda de braço entre
o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Ro-
berto de Oliveira Campos Neto, presidente do
Banco Central, indicado na gestão do ex-pre-
sidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo
afirma não haver motivos para se manter uma
taxa de juros elevada, sendo que a inflação está
em patamares baixos.
Economistas avaliam que o governo deveria Luciano Nakabashi,
economista da FEA-RP, frisa
indicar diretrizes sobre austeridade, para melho- que a projeção é de alta da
rar o ambiente de negócios, o nível de empre- inflação para o final de 2023

16 Revide 1.155 | 17.03.23

 130
130%
120% Produtos que mais subiram em 2022:
110%
100% Produtos que mais recuaram em 2022:
90% Fonte: IBGE e IPCA, considerando a inflação oficial do país
80%
70% 62
60%
52 51
42
50% 38 36 35 35 34
40%
30%
20%
10%
0%
- 10%
- 20%
- 30%
(grão)

Videogame
Condensado

Gasolina
Maçã

Inglesa

Milho

Energia
Etanol

Abobrinha
Alimento

Abacate
elétrica

Internet

de veículo
Cebola

Melão
Inhame

Tangerina

Filé-mignon

Carne de
Farinha de

Carneiro
Batata

Mandioca
Infantil

Aluguel
Leite

empréstimos pelos consumidores. O debate e aumentando o risco. Se esse 13,75% está alto
deve encontrar o equilíbrio certo entre a taxa e, mesmo assim, tem uma projeção de cresci-
de juros, inflação e o crescimento econômico, mento da inflação para o final do ano, significa
prioridades concorrentes para o futuro econô- que esse juros tem que permanecer alto ou au-
mico do Brasil”, pondera Fabreti. mentar ainda mais”, avalia.
Para professor da Faculdade de Economia e Malagolli aborda o problema por outra ótica.
Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), Para ele, os períodos atípicos enfrentados pelo
Luciano Nakabashi, a inflação no momento está mundo nos últimos anos, como a pandemia e
extrapolando muito a meta estipulada pelo a guerra na Ucrânia, impactaram fortemente os
governo e não há um indicativo por parte do preços. “Muitos países reconheceram que esses
Executivo de que os ânimos vão se acalmar. “E fatos provocaram uma pressão por aumento
o que é mais grave, temos uma expectativa de de preços e, para controlar a inflação, elevaram
aumento da inflação para o final de 2023. Se- a taxa de juros. Porém, cabe ressaltar que, nes-
gundo o boletim ‘Focus’, a projeção da inflação tes casos, os preços subiram por uma redução
para o final de 2023 passou de 5,1% para 5,9%, (ou até interrupção) no fornecimento de alguns
então, há a necessidade de controlar isso. Além produtos e não por excesso de demanda. Desta
do mais, tem prejudicado muito os ataques do forma, na medida em que se volta à normalida-
presidente Lula à independência do BC, além de e que a oferta de produtos deixe de ser um
das críticas à meta da inflação e da dificuldade problema urgente, o que se espera é que a taxa
de gerar o superávit primário. Tudo isso cria in- de juros volte a cair para estimular a geração de
certezas, impactando a demanda da economia produção, emprego e renda”, conclui.

Revide 1.155 | 17.03.23 17

SAÚDE

Foto: Renata Prado

DESCASQUE MAIS,
DESEMBALE MENOS

Estudo indica que o número de mortes prematuras no Brasil,

por ano, associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados
é maior que a taxa de homicídios; especialistas recomendam
refeições mais saudáveis, baseadas em alimentos naturais
Texto: LORETA FAGIONATO

A
os 12 anos, a professora universitária
Lívia Pallos, hoje com 36, tornou-se ve-
getariana. Ela conta que não gostava
de carne e, por isso, adotou um novo estilo de
vida, com uma alimentação baseada em frutas,
legumes e vegetais. Após os 30 anos, tudo mu-
dou: ela engordou muito, ficou pré-diabética e
chegou ao grau 4 de obesidade, quando pre-
cisou passar pela cirurgia bariátrica, em julho
de 2021. Um ano e meio depois, Lívia explica
que perdeu 35 quilos e, o que antes era algo
importante, agora se tornou essencial. “Preciso
ter uma alimentação equilibrada para manter
minha saúde”, detalha. A professora acredita
que o melhor alimento para o nosso corpo é
a comida de verdade, que já vem pronta da
natureza, fora das embalagens. Por conta dis-
so, evita o consumo de alimentos ultraproces-
sados. “Nossa vida corrida nos força a comer
algo rapidinho, como um salgado e um refri-
gerante para enganar a fome, mas isso é um
veneno para o nosso corpo. Com o consumo
de alimentos ultraprocessados, temos um con-
tato prolongado com os conservantes contidos
nesses produtos. Dou sempre preferência para
comidas naturais e frescas”, ressalta.
Sua amiga, a secretária executiva Isabel
Aparecida de Oliveira Martins também é vege-

18 Revide 1.155 | 17.03.23

tariana e procura se alimentar de forma mais
saudável, cortando, ao máximo, os ultrapro-
cessados. “Esses alimentos têm muito sódio e
aumentam os riscos para várias doenças. Acre-
dito que temos três pilares importantes para
seguir: saúde, família e trabalho. A saúde é o
que temos de mais importante, sem ela não
temos como cuidar da família e nem trabalhar.
Meus pais não cuidaram tão bem da saúde,
portanto sofro vendo que ficaram com várias
limitações na velhice”, argumenta.
Uma pesquisa recente apontou que ocor-
rem 57 mil mortes por ano no Brasil de forma
prematura, dos 30 aos 69 anos, associadas ao
consumo de alimentos ultraprocessados. O es-
tudo foi conduzido por pesquisadores da Uni-
versidade de São Paulo (USP), Fundação Oswal-
do Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) e Universidad de Santiago de
As amigas Isabel e Lívia procuram se alimentar de forma
saudável e evitam o consumo de alimentos ultraprocessados
Chile, com dados de 2019, e publicado no Ame-
rican Journal of Preventive Medicine. Para efeito
de comparação, no mesmo período, segundo
o Atlas da Violência, 45,5 mil pessoas morreram
no país por homicídio.
De acordo com a professora universitária e
coordenadora do curso de Nutrição da Estácio,
Rebeca Antunes Beraldo, o número de óbitos
por conta do consumo de ultraprocessados
traz um alerta importante para nós, brasileiros,
pois muitas dessas mortes poderiam ter sido
evitadas por meio de mudanças no padrão
alimentar da população, como o aumento do
consumo de alimentos in natura e minima-
mente processados, como frutas, verduras,
legumes, cereais integrais e leguminosas e a
redução do consumo dos ultraprocessados e
carne vermelha. “O estudo realizou o cálculo
da porcentagem de óbitos que poderiam ter
Foto: Luan Porto
Revide 1.155 | 17.03.23 19
 SAÚDE
Foto: Luan Porto
Rebeca Antunes Beraldo afirma que muitas
das mortes provocadas pelo consumo de
ultraprocessados poderiam ter sido evitadas
sido evitados caso a população diminuísse o
consumo de ultraprocessados. E, caso houves-
se uma diminuição em 10%, 5,9 mil mortes não
ocorreriam. Com uma redução de 20%, o es-
tudo relata que o país teria poupado cerca de
12 mil vidas, e com uma diminuição à metade
do consumo, mais de 29 mil vidas teriam sido
poupadas. Nesse contexto, se a famosa expres-
são ‘Descasque mais e desembale menos’ fos-
se colocada em prática pelos brasileiros, muitas
vidas seriam protegidas”, afirma.
EXCESSOS
Rebeca explica que os alimentos ultrapro-
cessados são produzidos em indústrias onde
ocorrem inúmeras etapas e técnicas de proces-
20 Revide 1.155 | 17.03.23
samento (extrusão, moldagem e pré-processa-
mento por fritura ou cozimento) para a elabora-
ção final do produto. “Muitos ingredientes são
acrescidos em excesso, como sal, açúcar, óleos
e gorduras, além de substâncias de uso exclu-
sivamente industrial, que não são interessantes
do ponto de vista nutricional. Essas substâncias
sintetizadas em laboratório a partir de alimen-
tos e de outras fontes orgânicas, como petró-
leo e carvão, são consideradas aditivos alimen-
tares e suas funções principais são aumentar a
vida útil dos alimentos. Os aditivos contribuem
para o aumento da coloração, palatabilidade,
aroma e textura, que os tornam extremamente
atraentes do ponto de vista sensorial”, informa.
São exemplos de alimentos ultraprocessados:
bolachas recheadas, salgadinhos de pacote, re-
frigerantes, refrescos, bebidas lácteas adoçadas
e aromatizadas, macarrão instantâneo, tempe-
ros industrializados instantâneos, sopas em pó,
misturas para bolos, hambúrgueres e extratos
de carne de frango ou peixe empanados do
tipo nuggets, salsichas, embutidos, sorvetes,
barras de cereais, dentre outros.
Segundo a coordenadora, esses produtos
“enganam” os mecanismos que nossos orga-
nismos apresentam para regular o balanço das
calorias. “Esse controle das calorias ocorre no
nosso sistema digestivo e no nosso cérebro.
É responsável por fazer com que as calorias
que consumimos por meio das refeições se-
jam iguais às calorias que gastamos ao longo
de um dia. Esses mecanismos ‘falham’ e ten-
dem a subestimar as calorias que provêm de
alimentos ultraprocessados, ou seja, a nossa
saciedade após a ingestão desses produtos
não ocorre ou ocorre de forma tardia. Como
consequência, quando consumimos ultrapro-
cessados, tendemos a consumir quantidades
 maiores de calorias do que necessitamos, isso
sem percebermos”, esclarece.
Outro ponto é que a maioria dos ultrapro-
cessados é vendida em pacotes, embalagens
plásticas ou de vidro, de forma que o indiví-
duo pode consumir onde estiver, sem preci-
sar de pratos, garfos, facas, colheres e mesa.
“É comum o seu consumo em casa enquanto
se assiste a televisão, na frente do computa-
dor, no carro ou até mesmo passeando na
rua, dificultando a percepção de saciedade.
Essas embalagens, muitas vezes, são gigantes
e a preço apenas ligeiramente superior ao de
produtos em tamanho regular, facilitando a
compra em quantidades excessivas sem ne-
cessidade”, alerta a docente.
Foto: Luan Porto
Patricia de Aquino Rodrigues
alerta que esses produtos possuem
quantidades excessivas de açúcar
TEMPO
A nutricionista e coordenadora do curso
de Nutrição do Centro Universitário Barão de
Mauá, Patricia de Aquino Rodrigues, explica
que os ultraprocessados ganharam espaço
no atual estilo de vida da população mundial,
onde o tempo destinado para as refeições é re-
lativamente pequeno, pois estão praticamente
prontos para o consumo, não exigindo prepa-
ração culinária, em detrimento do consumo in
natura ou minimamente processados, como
os alimentos consumidos em outros tempos.
“Porém, devemos alertar a população de que
os ultraprocessados não devem ser consumi-
dos como base de uma dieta, pois se tratam de
formulações industriais prontas para consumo
e elaboradas inteiramente ou majoritariamen-
te de substâncias extraídas de alimentos (óle-
os, gorduras, açúcar, proteínas), derivadas de
constituintes de alimentos (gorduras hidroge-
nadas, amido modificado) ou sintetizadas em
laboratório com base em matérias orgânicas
(corantes, aromatizantes, realçadores de sabor
e outros aditivos usados para alterar proprie-
dades sensoriais)”, previne. Além disso, ela co-
menta que esses produtos possuem quantida-
des excessivas de açúcar, que contribuem para
o ganho de peso e a obesidade, e aumentam
a incidência de cárie dental.
Ainda segundo Patricia, os ultraprocessados
possuem quantidades excessivas de sal, que
agravam processos de controle para retenção
de líquidos e contribuem para um descontro-
le da hipertensão arterial. Também possuem
quantidades exacerbadas de gorduras satura-
das e gorduras trans, o que pode contribuir
para a morbimortalidade por doenças cardio-
vasculares. “Devemos, ainda, alertar para as
quantidades ínfimas de fibras ofertadas neste
Revide 1.155 | 17.03.23 21
 SAÚDE
tipo de alimento, além de não contribuir para
a saciedade, levando a um aumento no risco
de obesidade, desenvolvimento de diabe-
tes e que podem ocasionar diversos tipos de
câncer, sendo os mais comuns o de cólon e
reto. Outro problema é que os ultraprocessa-
dos ofertam menores teores de micronutrien-
tes, como ferro, zinco e vitaminas A, B12 e C”,
acrescenta a nutricionista.
Patricia também explicita que outros estu-
dos realizados no Brasil apontam associações
significativas relacionadas ao consumo de
alimentos ultraprocessados com a síndrome
metabólica (resistência à insulina, elevação da
pressão sanguínea, níveis anormais de coleste-
rol entre outros sintomas) em adolescentes, in-
Foto: Arquivo pessoal
Dra Larissa Cocicov Gyotoku defende que a
promoção de uma alimentação mais saudável
demanda esforços de toda a sociedade
22 Revide 1.155 | 17.03.23
clusive com dislipidemias (alteração dos níveis
de colesterol e triglicérides) em crianças e com
a obesidade em todas as idades. “Isso repre-
senta um grande risco quando pensamos em
saúde pública, uma vez que esses alimentos ti-
veram um rápido aumento de vendas no Brasil
e geram um grande impacto”, descreve. Para
ela, é importante salientar que, desde a infân-
cia, devemos cultivar bons hábitos alimen-
tares, inserindo prioritariamente refeições
naturais na rotina alimentar, inclusive para o
lanche da escola, enviando frutas frescas e
sucos naturais. “Afinal, os hábitos alimentares
são formados ainda na infância, se consoli-
dam na adolescência, geralmente persistem
na idade adulta e se perpetuam ao longo da
vida, podendo contribuir para anos de expo-
sição aos diversos malefícios que o consumo
rotineiro de ultraprocessados podem ocasio-
nar ao organismo”, afirma.
De acordo com a nutricionista, a população
idosa, que corresponde a 14% da população
brasileira segundo o último censo, é um públi-
co que requer um cuidado extra, pois já con-
vive nesta faixa etária com o surgimento ou a
progressão de doenças crônicas não transmis-
síveis, com destaque para a hipertensão arterial
sistêmica, e os alimentos ultraprocessados con-
tribuem para a descompensação nesses casos.
“Inicialmente, devemos realizar refeições priori-
tariamente compostas por alimentos in natura
ou minimamente processados, ricas em nu-
trientes. Devemos optar por compor um prato
colorido visualmente, com diversos grupos ali-
mentares, onde a oferta de fibras e compostos
bioativos seja abundante. Estas escolhas serão
fundamentais para preservarmos nossa saúde
e bem-estar, além de contribuir para uma vida
mais longa e equilibrada”, finaliza.

Ultraprocessados têm baixa qualidade nutricional e possuem muitos aditivos
químicos, como conservantes, estabilizantes, corantes e aromatizantes
RISCOS À SAÚDE
A endocrinologista Larissa Cocicov Gyotoku,
docente nos cursos de Medicina no Centro
Universitário Barão de Mauá e na Idomed Ribei-
rão Preto, informa que o consumo de ultrapro-
cessados está associado ao desenvolvimento
de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DC-
NTs), incluídas pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) na lista das 10 principais causas
de mortes no mundo. “Além disso, os aditivos
artificiais e materiais plásticos utilizados em
embalagens podem produzir compostos e
subprodutos como acroleína, acrilamida e bis-
fenol A, que também são muito prejudiciais
à saúde. Essas substâncias são também cha-
madas de ‘disruptores endócrinos’ e interfe-
rem na ação dos hormônios no nosso corpo,
mesmo em doses muito baixas, predispondo
a disfunções orgânicas. O problema é ainda
maior, uma vez que o principal grupo consu-
midor desses alimentos são adultos jovens e
Foto: Freepik
até mesmo adolescentes e crianças”, destaca.
Além de motivações individuais, a diminui-
ção no consumo desses produtos requer me-
didas de saúde pública, segundo o estudo. “A
conscientização da população é um pilar im-
portante e deve começar nas escolas, ensinan-
do as crianças e os pais que compram e conso-
mem a optarem por alimentos mais saudáveis.
Também os profissionais de saúde devem
atuar de forma ativa, questionando os hábitos
alimentares e desestimulando o consumo de
ultraprocessados”, argumenta Larissa. Por fim, a
endocrinologista evidencia que essa responsa-
bilidade deve se estender à regulação da publi-
cidade e marketing, para que sejam cumpridas
normas de rotulagem nutricional dos produtos
de forma clara, visível e atentando para os ris-
cos. “Carecemos de novas políticas de Saúde
Pública que visem desencorajar o consumo
desses produtos e melhorar a saúde da popu-
lação”, complementa a médica.
Revide 1.155 | 17.03.23 23
 SAÚDE

NOVO PLANO DE SAÚDE

Grupo São Lucas de Ribeirão Preto apresenta o LUCA, com
valores promocionais de lançamento e ampla rede credenciada

O
Grupo São Lucas de Ribeirão Preto lan-

Foto: Douglas Intrabartolo

çou, no dia 13 de março, o seu Plano de
Saúde próprio: o LUCA, destinado para
empresas de pequeno, médio e grande portes,
MEI- Micro Empreendedores Individuais, Asso-
ciações e Sindicatos. Os beneficiários terão à dis-
posição três hospitais (Hospital São Lucas, Hos-
pital São Lucas Ribeirania e Hospital São Lucas
Especializado), Maternidade, Centro Médico de
Especialidades, clínicas de diagnóstico por ima-
gem, laboratórios de análise clínicas e mais de
200 médicos credenciados, que formam uma
completa rede de assistência à saúde.
De acordo com Dr. Luis Claudio Oliveira, pre-
Dr. Luis Claudio Oliveira é o
sidente do Grupo São Lucas, a experiência e a presidente do Grupo São Lucas
inovação em Medicina, características do Grupo,
agora estarão ao alcance dos empresários, que ou no Centro Médico. O plano chega ao merca-
podem proporcionar mais saúde e bem-estar do com valores a partir de R$ 199,00 (de 0 a 18
para os colaboradores e mais produtividade anos, empresarial) com isenção de carência para
para a empresa. “Os atendimentos podem ser consulta e exames simples no período promo-
realizados nos consultórios da rede credenciada cional de lançamento”, explica.
Uma pesquisa recente encomendada pela Fe-
Foto: Douglas Intrabartolo

naSaúde ao Instituto de Pesquisas Sociais, Políti-

Hospital São Lucas é uma das unidades de
saúde credenciadas em Ribeirão Preto
cas e Econômicas (IPESPE) apontou que o plano
de saúde está entre os quatro principais itens de
desejo do brasileiro. “O plano de saúde sempre
foi um sonho dos brasileiros, mas a sua impor-
tância foi reforçada pela pandemia. Afinal, com
ele, os beneficiários podem garantir acesso a
uma saúde de qualidade”, afirma Felippe Augus-
to Messias da Silva, diretor geral de Hospitais do
Grupo São Lucas. Para saber mais, acesse: www.
planoluca.com.br ou ligue: (16) 4009.0399.

24 Revide 1.155 | 17.03.23

EVENTO
LOJA
CONCEITO
Perplan faz co-branding com
MINI em novo espaço da marca
de carros no Shopping Iguatemi
N
a terça-feira, dia 14 de março, o Sho-
pping Iguatemi de Ribeirão Preto foi
palco de uma ação de co-branding da
Perplan com a MINI. O co-branding é uma estra-
tégia que une marcas, produtos ou serviços para
fortalecer uma iniciativa. À ocasião, foi inaugura-
da a loja-conceito da marca europeia de auto-
móveis. O local não será um ponto de vendas,
mas sim um ambiente de exposições e de ativa-
ções da MINI e parceiros, incluindo meetings da
incorporadora e urbanizadora. Destaque, ainda,
para a cafeteria MINI Coffee by Perplan. “Com a
ampliação do volume dos veículos vindo para
o Brasil, analisamos o mercado e identificamos
que o momento ideal para trazer a marca MINI
para nossa região seria o ano de 2023. Entende-
mos que o novo posicionamento, com produ-
tos focados no conceito de condução sustentá-
vel, trazendo veículos 100% elétricos e híbridos,
nos ajudará a colocar Ribeirão Preto no mesmo
Lucas Cardoso, Mateus de Paula, Rafael de Paula, Alexandre Borsari,
Gustavo Pereira, Eduardo Jaculi, Giulia Romanella e Rafael Batista
Ricardo Telles, diretor Presidente da Perplan,
Rafael de Paula, consultor de marketing da
Eurobike e Mini na cidade e região, e Eliseu
Campos, diretor na Eurobike de Ribeirão Preto
patamar de mobilidade dos grandes centros. Ter
MINI, novamente, aqui nos traz a nostalgia do
passado de uma marca que fez história, porém,
com olhar para o futuro da eletromobilidade”,
ressalta Rafael de Paula, consultor de Marketing
da Eurobike e MINI na cidade e região.
Lucas Cardoso, coordenador de Marketing
para Produto da Perplan, também comentou
a ação. “A parceria com a MINI já nasce como
um sucesso. Ela mostra a força da marca Per-
plan e a sua diferenciação nos mercados em
que atua e naqueles em expansão, oferecendo
projetos únicos e diferenciados, atendimento
qualificado e um modo de trabalho próximo
aos stakeholders da empresa. Tudo isso é refle-
xo da experiência e da excelência desenvolvida
ao longo de anos”, afirma.
Revide 1.155 | 17.03.23 25
SOCIAL

HOMENAGEM
O engenheiro civil Fernando Paoliello
Junqueira, vice-presidente da Associação
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
de Ribeirão Preto (AEAARP), recebeu, no dia
9 de março, o Título de Cidadão Emérito de
Ribeirão Preto. A sessão solene aconteceu
no plenário da Câmara Municipal e
contou com a presença de autoridades, Evento reuniu autoridades, empresários
empresários e família do homenageado. e familiares do homenageado

Maurilio Biagi Filho Daniela Castanho, Fernando Giulio Prado, Fernando Junqueira
e Fernando Junqueira Junqueira e Duarte Nogueira e Ana Claudia Marincek

Edmo e Tatiana Bernardes, Fernando Carlos Alencastre, Fernando Afonso Reis, Fernando
Junqueira, Silvia e Dorival Balbino Junqueira e Denize Ribeiro Junqueira e José Vasconcelos

Marinho Sampaio e Adriana Bighetti e Fernando Junqueira e

Fernando Junqueira Fernando Junqueira Dr. Guacy Sibille Leite

26 Revide 1.155 | 17.03.23

José Anibal Laguna, Jorge Rosa,Luis Fernando Juliana Araújo,
Eduardo Siena, Fernando Junqueira, Junqueira Fernando Junqueira
José Carlos Carrascosa e Jairo Junior e Rodrigo Araújo

Juliana Gobbi, Maria Inês, Evaldo Jardim, Maurilio Romano Machado,

Fernando Junqueira, Helena Fernando Junqueira Fernando Junqueira
e Daniel Gobbi e Leila Silva e Angela Dorta e Daniel Gobbi

Rui Engracia, Fernando e Marcelo Mirella Idino, Roberto Maestrello,

Junqueira, Maria Junqueira Luz e Fernando Junqueira Fernando Rivaben e
Luiz Antônio Junqueira e Bruno Prota Fernando Junqueira

Wilson Laguna, Zilda Foresti, Tânia Lippi, Selma Canini,

Fernando Junqueira, Hideo Otávio Okano e Fernando Junqueira,
Kumazaka e Regina Foresti Fernando Junqueira Marcos Canini

Revide 1.155 | 17.03.23 27

CULTURA

NOVO LIVRO
Premiado escritor Menalton Braff acaba
de lançar “Tocata e fuga a quatro vozes”

N
o dia 11 de março, o escritor Menalton
Braff esteve na biblioteca Padre Eucli-
des, no centro de Ribeirão Preto, para
apresentar a obra: “Tocata e fuga a quatro vozes”,
publicado pela Editora Reformatório. Nesse novo
livro, o autor adaptou para a narrativa uma técni-
ca musical chamada Fuga, criada por Sebastian
Bach, no século 18. O estilo de composição poli-
fônica consiste em várias vozes diferentes, sendo
emitidas em sequências distintas, sucessivamen-
te, até se entrelaçarem. Não por acaso, o título
contém essa denominação.
Na descrição do produto, a editora explica:
“Estranheza. É a sensação que invade o univer-
so do leitor ao iniciar a leitura deste livro. Não é
para menos. Trata-se de um quebra-cabeça, um
‘puzzle’ em que as peças vão, harmoniosamen-
te, encaixando-se à medida que a trama evolui.
E Braff é mestre nisso, porque agarra o leitor pela
manga e não solta. No romance, quatro perso-
nagens (um advogado, um diretor de presídio,
Menalton Braff lança romance experimental
“Tocata e fuga a quatro vozes"
“O livro possui várias temáticas, mas a
palavra que chega mais perto de representar
a história, no geral, seria arrependimento”,
afirma o autor sobre a obra
um detento e a mãe deste detento) contam si-
multaneamente suas histórias, até que suas vo-
zes se entretecem no final”, resume.
Em entrevista à Revide, o autor fez um pa-
norama sobre o romance experimental. “O livro
possui várias temáticas, mas a palavra que chega
mais perto de representar a história, no geral, seria
arrependimento. O desajuste familiar e o desafio
de reparação nesse vínculo, faz com que a obra
aborde os problemas atuais, trazendo pais com fi-
lhos mergulhados no mundo das drogas”, adianta.
Questionado sobre as lições que a obra traz para
os leitores, Braff respondeu. “A literatura não dá li-
ções, ela encanta ou aterroriza. Faz pensar”, frisou.
Sobre mais um lançamento em sua carreira, ele
afirmou: “Já passei por 29 lançamentos de livros,
mas a emoção sempre é a mesma”, concluiu.

28 Revide 1.155 | 17.03.23


CULTURA
“KANDINSKY
O PASSEIO DOS SENTIDOS”
Pela primeira vez na cidade, a exposição
conta com sete salas imersivas e
interativas das obras do artista russo
N
esta sexta-feira, dia 17, o Iguatemi Ribei-
rão Preto abre ao público a exposição
inédita “Kandinsky – o Passeio dos Sen-
tidos”. A mostra, que ficará em cartaz no espaço
de eventos do shopping até 16 de abril, apre-
senta algumas das obras de Wassily Wassilyevich
Kandinsky, mais conhecido apenas como Kan-
dinsky, que foi um dos maiores artistas plásticos
de sua geração, professor da Bauhaus e introdu-
tor da abstração no campo das artes visuais.
A exposição é composta por sete salas, onde
o visitante pode explorar cores e formas, crian-
do uma experiência estética e sensorial que se
conecta com as emoções. O circuito é repleto
de vivências imersivas e interativas, que rea-
gem ao movimento dos participantes, entre-
gando um passeio pelas obras e pela mente
Foto: Divulgação
O circuito é repleto de vivências
imersivas e interativas
Foto: Divulgação
Exposição fica no espaço de eventos
do shopping até 16 de abril
CONHEÇA UM POUCO SOBRE AS SALAS:
1. Entrada: De Advogado a Artista
2. Para Além da Matéria
3. O Sentido das Cores
4. Síntese das Artes
5. As Cores da Música
6. Círculos Concêntricos
7. Área Externa – Timeline Impressa
deste gênio da pintura abstrata, cujo vocabu-
lário visual se desenvolveu em três fases: desde
suas primeiras telas figurativas e seu simbolis-
mo divino para suas composições arrebatado-
ras e operísticas, até seus planos de cor tardios,
geométricos e biomórficos.
EXPOSIÇÃO “KANDINSKY
O PASSEIO DOS SENTIDOS”
Data: De 17 de março à 16 de abril
Horários: De segunda a sábado, das 10h às
22h, e domingos e feriados, das 12h às 20h
Local: Espaço de eventos do
Shopping Iguatemi Ribeirão Preto
Ingressos: Através da plataforma
Sympla ou na bilheteria do evento
Valores: R$ 24,00 (inteira) e R$ 12,00 (meia)
Revide 1.155 | 17.03.23 29
CULTURA
FILMES
DESENCANTADA (Disney +)
Desencantada é a sequência da comédia
Encantada (2007), sucesso em que a princesa de
um mundo mágico (Amy Adams) é transportada
para Nova Iorque, tendo que se acostumar com
a agitada vida real contemporânea. No novo
longa, Giselle se muda com a família para o
subúrbio e acaba fazendo um pedido mágico
para que sua vida volte a ser um conto de fadas.
Porém, a situação foge do controle e começa
uma corrida contra o tempo para ajeitar as coisas
em busca de um final feliz.
KING RICHARD: CRIANDO
CAMPEÃS (HBO Max)
Filme biográfico inspirado em Richard
Williams, pai das famosas tenistas Serena
e Venus Williams. Obstinado em fazer de
suas filhas campeãs, Richard (Will Smith) usa
métodos nada convencionais, seguindo a
visão de futuro que construiu para Serena
(Demi Singleton) e Venus (Saniyya Sidney).
Treinando nas quadras negligenciadas de
Compton, Califórnia – faça chuva ou faça sol –
as meninas são moldadas pelo compromisso
inflexível do pai e pela perspectiva equilibrada
e intuição aguçada da mãe.
30 Revide 1.155 | 17.03.23
PINÓQUIO POR GUILLERMO
DEL TORO (Netflix)
A nova versão do diretor Guillermo del Toro é
uma releitura sombria e distorcida do famoso
conto de fadas de Carlo Collodi sobre o
boneco de madeira que sonha em se tornar
um menino de verdade. Situado em 1950,
na Itália comandada pelo fascismo, Pinóquio
ganha a vida quando seu criador talha a forma
de um menino em madeira. Ele cria travessuras
e prega peças em todos, até encontrar
situações desafiadoras e ter que lidar com
alguns aprendizados valiosos em sua jornada.
TOP GUN: MAVERICK
(Telecine / Paramount +)
Na sequência de Top Gun: Ases Indomáveis,
acompanhamos a história de Pete “Maverick”
Mitchell (Tom Cruise), um piloto à moda
antiga da Marinha que coleciona muitas
condecorações, medalhas de combate e
grande reconhecimento pela quantidade de
aviões inimigos abatidos nos últimos 30 anos.
Entretanto, nada disso foi suficiente para sua
carreira decolar, visto que ele deixou de ser
um capitão e se tornou um instrutor.
 SÉRIES
THE MANDALORIAN (Disney +)
Din Djarin (Pedro Pascal) é um guerreiro
solitário que trabalha como caçador de
recompensas. Ele embarca numa jornada
pelos territórios esquecidos da galáxia, logo
após a queda do Império e antes da criação
da temida Primeira Ordem. O Mandaloriano
recebe uma missão de um cliente misterioso
no submundo de Nevarro. No caminho,
encontra Grogu, um ser enigmático da raça
de Yoda que precisa de sua ajuda.
SOB PRESSÃO (Globoplay)
A série acompanha o dia-a-dia dos funcionários
de um hospital público no subúrbio do Rio
de Janeiro. Dr. Evandro (Júlio Andrade) é o
cirurgião-chefe da equipe médica. Cético,
ele encontra alívio para os seus problemas
na companhia da doutora Carolina (Marjoire
Estiano), sua colega de trabalho que, diferente
dele, encontra na fé o refúgio para seus
problemas. Os dois podem até ser diferentes,
mas vão encontrar um no outro uma maneira
de sobreviver entre as emergências do hospital
e o caos de suas próprias vidas.
DAISY JONES & THE SIX
(Prime Video)
A trama gira em torno de uma famosa banda
de rock dos anos 70, desde sua ascensão
meteórica até a separação inesperada no
auge de sua popularidade. A princípio, Daisy
(Riley Keough) é uma garota de 18 anos que
sempre sonhou em ser uma estrela do rock.
Em paralelo, The Six, banda liderada por Billy
Dunne (Sam Claflin), começa a encontrar seu
lugar em meio a música. Quando o caminho
deles se cruza, um produtor percebe o
potencial que ambos artistas poderiam ter
se unissem forças.
TRÊS VIDAS (Netflix)
Inspirada em uma história real, a série
acompanha a detetive forense Rebecca (Maite
Perroni) que, durante uma investigação de
assassinato, espanta-se ao ver que a vítima – a
empresária Aleida Trujano – tem a aparência
idêntica à sua. Ao pesquisar sobre a identidade
dela, Becca descobre que as semelhanças não
param na fisionomia, elas possuem o mesmo
DNA e o mesmo aniversário. Aprofundando-se
no caso, ela conhece a dançarina Tamara, que
também é sua possível gêmea.
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ESPORTE

CAMPEÃO DA SUPERCOPA
Em grande partida realizada no Ginásio José Favaro Junior, o Barão de Mauá/
Futsal Ribeirão venceu o São José por 4 a 2 e conquistou o título inédito

Foto: Renan Bin/FollowX Comunicação

O Barão de Mauá/Futsal Ribeirão venceu o São José e levou a Supercopa pela primeira vez

E
m 2022, faltou pouco. Na disputa da Su-
percopa dos Campeões da Liga Paulista
de Futsal (LPF), o Barão de Mauá/Futsal Ri-
beirão (Secretaria de Esportes) perdeu nos pênal-
tis para o Dracena, depois de um empate por 0
a 0 no tempo normal. Dessa vez, a história foi di-
ferente. Jogando em casa, no Ginásio José Favaro
Junior, no dia 10 de março, Ribeirão venceu o São
José Futsal por 4 a 2, conquistando o título iné-
dito sobre a equipe que foi campeã da Liga em
2022 – e que integra, também, a Liga Nacional.
Os visitantes abriram o marcador, aos 4 mi-
nutos, com Yan, em uma jogada trabalhada.
Não demorou muito, o empate veio. Luiz Feli-
pe fez boa jogada individual, bateu cruzado, e
Beto concluiu praticamente dentro de gol. Um
minuto depois, o Barão virou com Neguinho,
com um gol de fora da área. Antes do final da
primeira etapa, Felipe aproveitou uma bola
rasteira cruzada e empatou para o São José.
O segundo tempo foi de equilíbrio. Aos 4 mi-
nutos, Beto recebeu uma bola cara a cara com
o goleiro. O artilheiro ribeirãopretano mostrou
calma e fez o seu segundo gol na partida com
um toque sutil. São José foi para cima em bus-
ca do empate, mas foi o pivô Nando, aos 16
minutos, que ampliou: 4 a 2 para o Barão. Nos
minutos finais, os visitantes utilizaram a tática
de goleiro-linha. A pressão foi forte, mas o pla-
car permaneceu inalterado, garantindo a festa
dentro e fora de quadra.
EM BUSCA DO TRI
Nesta sexta-feira, o Barão estreia na Copa da
LPF 2023 em busca do tricampeonato. O primei-
ro jogo será em Nuporanga, contra o Ebenézer
de Frutal. Na história da Copa, nunca houve um
time com três títulos seguidos.

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ANIVERSARIANTES

17/03 17/03 17/03 17/03 17/03 18/03

Ademar Daniela Francisco Maria Cândida Maria Rita Afonso
Veronezi Vieira Rocha Spadoni Gil Fernandes Silva Biagi Diniz

18/03 18/03 18/03 18/03 19/03 19/03

José Alberto Leonardo Magali Regina Helena José Antônio Lara Lucia
Taveira Jorge Pires Cardoso Coppede Barroso Taparelli Lanchoti Bonini Ribeiro

19/03 19/03 20/03 20/03 20/03 20/03

Márcio Murilo Alciony Maria Fernanda Régis Ricardo
Moraes Pinheiro Menegaz Marucci Mendes Zanetta Aguiar

20/03 21/03 21/03 21/03 21/03 22/03

Verinha Helena Fabiano Hermano José Ricardo Rafael
Figueiredo Junqueira Calil Colussi Fornari Sica Calixto Gasparin Ananias Neto

22/03 23/03 23/03 23/03 23/03 23/03

Sérgio José Luis Leonardo M. Marcos Paulo Virgílio Sílvio André
Bighetti Amadeu Busnardo Furco de Freitas Paccola Pires

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VISÃO DO FRONT

A SAÚDE
DO CÉREBRO
Q
uando os esquecimentos
começam a ficar frequen-
tes e você já não consegue
lembrar o nome de pessoas pró-
ximas talvez esses sejam sinais de
que o cérebro pode estar perdendo
um pouco da capacidade cognitiva.
Afinal até mesmo uma máquina ul-
trassofisticada, capaz de executar
tarefas mais complexas, envelhece.
Geralmente, os lapsos de memória,
a perda constante de objetos e os “brancos” é comum ver pessoas que descuidam da saú-
se tornam mais frequentes à medida que a de mental e que entram em quadros graves de
idade avança. Em dias tão conturbados, mui- depressão, de angústia e de ansiedade. Recen-
tas pessoas descuidam da saúde mental, algo temente, o cérebro humano foi capaz de criar
essencial para manter a qualidade de vida. a inteligência artificial, uma forma avançada
Os inimigos do cérebro são os mesmos ma- de produção de conhecimento para tornar a
les que provocam outras doenças. Quem de- vida mais eficiente. Entretanto, a grande maio-
seja manter o cérebro ativo precisa cuidar da ria das pessoas se descuida e não empreende
alimentação, do sono e realizar atividades físi- nenhum esforço para usar todo o potencial
cas. Celebrar a vida, ter muitos amigos e manter que o cérebro dispõe. Para mudar essa reali-
bons relacionamentos também são ingredien- dade, um bom começo é a busca de hábitos
tes positivos que ajudam a tocar a vida para saudáveis para manter essa máquina podero-
frente com bom humor e alto astral. Por outro sa ativa e saudável.
lado, o estresse, o sedentarismo e a atenção
exagerada às telas digitais criam uma rotina in-
dividualista, estressante e isolacionista.
O cérebro humano é uma das máquinas
mais perfeitas do universo. Ele dá origem ao
pensamento, à linguagem, às ações criativas
e à própria inteligência. São essas as aptidões MURILO
dos seres humanos. No entanto, hoje em dia, PINHEIRO

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