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Revista Brasileira de Terapia

e-ISSN: 1982-3541 Comportamental e Cognitiva

O desenvolvimento de habilidades sociais

ARTIGO CONCEITUAL | CONCEPTUAL ARTICLES| ARTÍCULOS CONCEPTUALES


na adolescência como ápice comportamental
The development of social skills in adolescence as behavioral cusp

El desarrollo de las habilidades sociales en la adolescencia como apice


comportamental

RESUMO: O presente estudo apresenta uma discussão te-


órica sobre Habilidades Sociais na adolescência a partir do Autores
conceito de ápice comportamental. Um dos processos res- Fabiane Ferraz Silveira Fogaça 1*
ponsáveis pela expansão do repertório comportamental, ex- Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu 2  
posição do indivíduo a novas contingências, novos ambien- Camila Negreiros Comodo 3   
tes, novos estímulos controladores e novos grupos sociais, Zilda Aparecida Pereira Del Prette 4  
ocorre por meio de uma mudança comportamental denomi- Almir Del Prette 5  
nada de ápice comportamental. São apresentados estudos re- 1
Unitau.
lacionando o repertório amplo de habilidades sociais com in- 2
UFC.
terações favoráveis com pares, destacando sua importância 3
ITCR Campinas.
como ápice comportamental, que garante o acesso a novos 4,5
UFSCar.
ambientes. Presume-se também que os repertórios de habi-
lidades sociais competem com o fortalecimento do padrão Correspondente
de comportamento antissocial e uso de drogas, constituindo, * fabianeferrazsilveira@yahoo.com.br

portanto, nova evidência de ápice comportamental. Conclui-­ R. Quatro de Março, 432 - Centro, Taubaté
- SP, 12020-270
se que a discussão das habilidades sociais como ápice com-
portamental traz vantagens no que se refere ao planejamen-
to de intervenções comportamentais mais efetivas.
Palavras-chave: habilidades sociais; ápice comportamen- Dados do Artigo
tal; adolescência
DOI: 10.31505/rbtcc.v21i2.1162

ABSTRACT: This paper presents a conceptual discussion Recebido: 20 de Abril de 2019


Revisado: 01 de Junho de 2019
that integrates the concept of behavioral cusp to the Social
Aprovado: 10 de Setembro de 2019
Skills field. A Behavioral Cusp implies a behavioral change
that provides the access to new contingencies, new ambient, Como citar este documento
controlling variables and social groups. Several studies indi- Fogaça, F.F.S, TATMATSU, D., Comodo,
C.N., Del Prette, Z.A.P., Del Prette, A.
cate that the quality of interactions with peers is affected by (2019). Desenvolvimento de habilida-
a broad repertoire of social skills, which in turn indicates the des sociais na adolescência como ápice
comportamental. Revista Brasileira de
criteria of the access to new ambient (behavioral cusp). It is as- Terapia Comportamental e Cognitiva,
sumed that the development of a repertoire of social skill com- 21(2), 217-231. doi: https://10.31505/
rbtcc.v21i2.1162
pete with problem behaviors, for example antisocial behavior
and drug abuse, emphasizing a behavioral cusp characteristic.
In sum, the advantages of interpreting social skills as behav-
ioral cusp rely on planning effective behavioral interventions. É permitido compartilhar e adaptar. Deve dar o crédito
apropriado, não pode usar para fins comerciais.
Keywords: social skills; behavioral cusp; adolescence

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DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS NA ADOLESCÊNCIA COMO ÁPICE COMPORTAMENTAL
FOGAÇA, F.F.S, TATMATSU, D., COMODO, C.N., DEL PRETTE, Z.A.P., DEL PRETTE, A.

RESUMEN: Este estudio presenta una discusión sobre la fase de adolescencia que integra as-
pectos de las habilidades sociales con el concepto de cúspide comportamental. La expansión del
repertorio comportamental se da con la exposición del individuo a nuevas contingencias, nuevos
ambientes, nuevos estímulos controladores y nuevos grupos sociales, dado un cambio comporta-
mental denominado cúspide comportamental. Son presentados estudios relacionando un reper-
torio amplio de habilidades sociales con interacciones favorables con las parejas, destacándose
su importancia como cúspide comportamental, lo que garantiza el acceso a nuevos ambientes.
Se presume también que los repertorios de habilidades sociales compiten con el fortalecimien-
to del patrón de comportamiento antisocial y el uso de drogas, constituyendo, por lo tanto, nue-
va evidencia de cúspide comportamental. Se puede concluir que la discusión de las habilidades
sociales como cúspide comportamental trae ventajas a lo que se refiere a un plan de interven-
ciones comportamentales más efectivas.
Palabras-clave: habilidades sociales; cúspide comportamental; adolescencia

O  campo das Habilidades Sociais (HS) é


composto por um arcabouço conceitu-
al próprio alinhado a evidências de eficácia e
lescência, pode-se estabelecer uma articulação
entre esse repertório e o conceito de ápice com-
portamental (behavioral cusp), mediante aná-
efetividade em diversos contextos de pesqui- lise dos critérios definidores de tal conceito.
sa e aplicação. Um dos elementos centrais do Este estudo tem como objetivo apresentar uma
componente teórico do campo das HS consis- discussão teórica das Habilidades Sociais (HS)
te na premissa de que uma ampla gama de pro- na adolescência a partir do conceito de Ápice
cedimentos em contextos naturais e estrutura- Comportamental. A análise centrou-se nas pos-
dos pode ampliar e fortalecer os repertórios síveis relações entre dois critérios definidores
essenciais às interações sociais em diferentes de ápice comportamental (acesso a novos con-
momentos do desenvolvimento (Del Prette & textos e novas contingências de reforçamento
Del Prette, 2010). e competição com respostas consideradas ina-
Limitações de acesso a contextos e interlo- propriadas pela cultura) e déficits de repertó-
cutores significativos como familiares, profes- rios de habilidades sociais característicos do
sores, pares e grupos da comunidade tornam o comportamento antissocial e de abuso de dro-
adolescente vulnerável ao desenvolvimento de gas na adolescência (Strang, Babor, Caulkins,
dificuldades comportamentais, como por exem- Fischer, Foxcroft & Humphreys, 2012; Sorlie,
plo, abuso de drogas lícitas e ilícitas e envolvi- Hagen & Ogden, 2008). A investigação dessas
mento em episódios de bullying (Pereira-Gui- relações busca articular esses dois campos de
zzo, Del Prette, Del Prette & Leme, 2018). As estudo para aprimorar a análise dos processos
HS, como parte do repertório do adolescente, comportamentais envolvidos nas interações so-
produzem variações sistemáticas nas contingên- ciais na adolescência. Neste sentido, as habi-
cias relacionadas a interações sociais reforçado- lidades sociais podem participar dos fluxos de
ras, diminuindo a probabilidade destas dificul- mudanças comportamentais dos adolescentes
dades (Campos, Del Prette & Del Prette, 2014). como suporte na ampliação de contextos de in-
Dada a relevância das habilidades sociais terações sociais educativas e reforçadoras, di-
para as interações estabelecidas em diferentes minuindo a probabilidade de trajetórias de ris-
etapas da vida, em particular na infância e ado- co. Dentre as vantagens da discussão das HS

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como ápice comportamental estão a possibilida- As habilidades sociais na adolescência es-


de de planejamento de intervenções individua- tão organizadas em seis classes de comporta-
lizadas, que contemple ápices comportamentais mento: Empatia, Autocontrole, Civilidade, As-
universais e outros mais específicos a “ambien- sertividade, Abordagem afetiva e Desenvoltura
tes particulares ou indivíduos com condições social (Del Prette & Del Prette, 2009). A habi-
particulares” (Bosh & Hixon, 2004, p. 248). lidade de Empatia é evidenciada por comporta-
mentos como compartilhar emoções, colocar‑se
Habilidades sociais e Adolescência no lugar dos outros, ouvir sem julgar, respeitar
e aceitar pontos de vista muito diferentes, per-
De acordo com Del Prette e Del Prette (2010, doar ofensas, confortar e agir de forma altruísta
p.107), habilidades sociais “refere-se a um cons- (Krieger & Falcone, 2017). De acordo com Del
tructo descritivo dos comportamentos sociais Prette e Del Prette (2009, p. 21) a habilidade de
valorizados em determinada cultura, com alta Civilidade é representada por “comportamentos
probabilidade de resultados favoráveis”. E, por de despedir-se, agradecer favores, cumprimen-
produzirem consequências reforçadoras e con- tar e elogiar”. No caso dos adolescentes, a ex-
correrem com comportamentos indesejáveis posição a situações de críticas, gozações, tenta-
na cultura (Del Prette & Del Prette, 2017), as tivas mal sucedidas de execução de atividades
habilidades sociais são consideradas repertó- com manejo adequado de frustração e contro-
rios significativos para crianças e adolescentes le de respostas agressivas evidenciam as habi-
(Bolsoni-Silva & Marturano, 2002; Del Prette lidades de Autocontrole (Del Prette & Del Pret-
& Del Prette, 2005; Murta, Del Prette, Nunes te, 2009). Os comportamentos assertivos seriam
& Del Prette, 2006). Especificamente, as ha- aqueles em que o indivíduo defende seus direi-
bilidades sociais são variáveis importantes em tos, ao mesmo tempo em que respeita os direitos
processos do desenvolvimento como a socia- de seus interlocutores, produzindo consequên-
lização, o desempenho acadêmico e a constru- cias positivas de médio e longo prazo (Comodo
ção de redes de apoio (Del Prette & Del Prette, et al., 2013, p. 111). A habilidade de Abordagem
2005). Inversamente, um repertório deficitário Afetiva é representada por comportamentos de
de habilidades sociais tem sido correlaciona- estabelecimento de contato e conversação para
do com problemas de comportamento (Cook, relações de amizade e relacionamento afetivo,
Gresham, Kern, Barreras, Thornton & Crews, já Desenvoltura Social indica comportamentos
2008), baixo desempenho acadêmico (Feitosa, presentes em situações de exposição social, tais
Del Prette & Del Prette, 2012; Sapienza, Aznar-­ como, trabalhos em grupo, explicar tarefas a co-
Farias & Silvares, 2009), depressão (Campos legas, conversar com pessoas de autoridade, etc.
et al., 2014) e bullying (Fox & Boulton, 2005). (Del Prette & Del Prette, 2009).
Murta et al. (2006) apontam para a adoles- Ainda que necessárias, as habilidades so-
cência como um período propício, por excelên- ciais não são suficientes para um desempenho
cia, para o aprimoramento do repertório de ha- socialmente competente. A competência social
bilidades sociais aprendidas na infância. Estes indica comportamentos “que atendem aos ob-
autores ressaltam a importância da promoção jetivos do indivíduo e às demandas da situa-
de interações saudáveis neste período, em fun- ção e da cultura, produzindo resultados positi-
ção da exacerbação de problemas que atingem vos conforme critérios instrumentais e éticos”
os jovens na cultura ocidental contemporânea, (Del Prette & Del Prette, 2017, p. 39).
como o envolvimento com atividades ilegais, Para que o desempenho em um episódio in-
o bullying e o abuso de drogas, etc. terativo seja avaliado como socialmente com-

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petente, é necessário considerar tanto os com- que estabelecem funções eliciadoras, evocati-
portamentos envolvidos (habilidades sociais, vas, reforçadoras e discriminativas para o com-
coerência com pensamentos e sentimentos, au- portamento. Na adolescência, as contingências
tomonitoria, etc.) como os resultados da inte- sociais selecionarão repertórios cada vez mais
ração em termos de funcionalidade instrumen- refinados voltados para práticas difundidas na
tal e ética. Isso significa que a interação deve comunidade. No trabalho seminal de 1997, Ro-
produzir tanto consequências reforçadoras para sales-Ruiz e Baer apresentaram uma perspec-
o indivíduo quanto para o interlocutor, como tiva analítico comportamental do desenvolvi-
melhora da qualidade da relação, equilíbrio de mento humano a partir do conceito de ápice
reforçadores para si e para os outros, respeito comportamental. Na sequência será apresen-
ou ampliação de direitos humanos básicos (Del tado o conceito de ápice comportamental, bem
Prette & Del Prette, 2011). A dimensão instru- como possibilidades e limites da interpretação
mental da competência social está relacionada das HS a luz de tal conceito.
com consequências reforçadoras imediatas para
o indivíduo que se comporta; já a dimensão éti- A definição de Ápice Comportamental
co-moral se refere à escolha de consequên­cias
de médio e longo prazo que beneficiam tanto Para Rosales-Ruiz e Baer (1997), a crítica
a pessoa quanto à comunidade. Essa última di- central da Análise do Comportamento sobre as
mensão tem um caráter vital para a sobrevivên- teorias que discutem aspectos do Desenvolvi-
cia de uma cultura mais justa e ética. mento Humano está pautada na concepção in-
A despeito da noção de competência social trínseca de uma sequência padronizada de aqui-
permitir uma avaliação funcional mais ampla sições, estágios e fases. A posição da Análise
sobre os impactos de um repertório social para do Comportamento com relação a evolução do
os indivíduos e ao grupo, poucas pesquisas têm desenvolvimento humano implica na identifi-
sido realizadas com base nesse construto. É pro- cação de mudanças progressivas em contin-
vável que isso se deva ao fato do conceito en- gências e padrões de comportamentos em de-
volver consequências para o grupo em médio terminados períodos de tempo (Bijou & Baer,
e longo prazo, o que demanda investigações 1978). Outros posicionamentos relevantes vão
com metodologia sensível a passagem do tem- apontar para a análise de variações sistemáticas
po, como os estudos longitudinais. Empreendi- nas contingências (Rosales-Ruiz & Baer, 1997)
mentos desse porte são escassos por serem de e como aspectos culturais participam dos pro-
alto custo e apresentam dificuldades metodo- cessos de variação e seleção. Jimézes (2017, p.
lógicas para isolar variáveis controladoras de 15) também esclarece ainda, que o “termo pro-
comportamentos complexos. Por outro lado, as gressivo não se refere à melhoria ou direção do
categorias de HS são amplamente descritas e desenvolvimento (Gehm, 2013; Vasconcelos et
testadas na literatura. Para este estudo, sobre- al., 2010), mas ao caráter cumulativo das mu-
tudo, as categorias de empatia, assertividade e danças comportamentais”.
autocontrole serão de especial interesse para a Sem desconsiderar a característica idiossin-
discussão das HS como ápice comportamental crática dos fluxos de interações organismo-am-
na adolescência. biente e seus respectivos produtos, “é inegável
O desenvolvimento humano envolve mu- que certos repertórios são prerrequisitos para
danças nos fluxos de interações entre um in- outros” (Tourinho & Neno, 2005, p. 99) e que
divíduo ativo e o ambiente, sendo este último alguns comportamentos, denominados de ápi-
constituído por diferentes condições de estímulo ce comportamental, apresentam consequências

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de maior impacto sobre o repertório comporta- “entretanto, quanto maior o número de crité-
mental com um todo. rios atingidos e a extensão de tais mudanças,
De acordo com Rosales-Ruiz e Baer (1997), maior a diferenciação dos ápices mais relevan-
a expansão do repertório comportamental se tes para o indivíduo” (Robertson, 2015, p. 478).
dá com a exposição do indivíduo a novas con- Na literatura nacional, o conceito de ápice
tingências, novos ambientes, novos estímu- comportamental foi utilizado por De Rose e Gil
los controladores e novos grupos sociais, dada (2013) na análise do comportamento de brincar,
uma mudança comportamental denominada de que “estabelece e refina o papel como falante e
ápice comportamental. A relevância do ápice instrutor. Cada uma destas competências abri-
comportamental é determinada pela extensão rá para a criança um mundo novo de possibi-
da mudança no repertório comportamental, se lidades de desenvolvimento” (De Rose & Gil,
tal mudança favorece o desenvolvimento de no- 2013, p. 381). No estudo de Bezerra, Teixeira
vos ápices e a avaliação do grupo social sobre Júnior e Palha (2013), o atendimento clínico de
os impactos da mudança, que é sempre deter- uma criança de seis anos com queixa de roubo
minada por normas e expectativas da socieda- foi conduzido tendo como principal estratégia o
de mais ampla (Rosales-Ruiz & Baer, 1997). uso de brincadeiras para a formulação de novas
Além dos critérios de acesso a novos reforça- regras. Brincando, a criança aprendeu a seguir
dores, contingências e ambientes (critério um) regras como não trapacear em jogos, assumir er-
e validade social (critério dois), ambos propos- ros e obedecer a mãe, o que forneceu contexto
tos por Rosales-Ruiz e Baer (1997) para a defi- para que a criança formulasse a regra “não rou-
nição de ápice comportamental, Bosh e Fuqua bar”. Nesse caso, o brincar teve função de ápi-
(2001) discutiram a importância da gerativi- ce comportamental, uma vez que ao aprender a
dade (critério três), competição com respostas seguir instruções, a criança alterou sua relação
inapropriadas (critério quatro) e número e im- social com os amigos, que antes a isolavam, e
portância das pessoas afetadas pela mudança passou a brincar com eles. O critério de com-
comportamental (critério cinco). A gerativida- petição com respostas inapropriadas (critério
de indica a participação da mudança compor- quatro) é de especial interesse, pois as interven-
tamental como um prerrequisito ou compo- ções mais efetivas com crianças buscam iden-
nente de uma habilidade mais complexa (Bosh tificar repertórios funcionalmente equivalentes
& Fuqua, 2001). A competição com respostas aos comportamentos considerados inadequados.
inapropriadas sinaliza que o estabelecimento Na determinação de um ápice comporta-
de ápices comportamentais pode enfraquecer mental a ser desenvolvido há também que se
a ocorrência de comportamentos inadequados, considerar o número e importância das pesso-
influenciando, portanto, o repertório geral do as afetadas (critério cinco). Haendel e Alvaren-
indivíduo (Robertson, 2015). A validade social ga (2018) apontam a tolerância ao atraso do re-
da mudança comportamental, segundo Bosh e forçador como ápice comportamental precursor
Fuqua (2001) pressupõe a avaliação do núme- do autocontrole. Os autores consideram que ao
ro e grau de importância das pessoas afetadas não emitir respostas impulsivas, as crianças po-
e se a mudança comportamental atende as de- dem se engajar em tarefas acadêmicas propos-
mandas do grupo social. A despeito da impor- tas pelo professor para elas e para os colegas
tância de todos os critérios de avaliação, nem de sala de aula. De forma semelhante, no am-
todas as mudanças comportamentais necessa- biente familiar, a resposta de tolerância ao atra-
riamente deverão atingir a todos eles, para que so do reforçador pode afetar os pais e cuidado-
seja classificada como ápice comportamental, res na realização de atividades do lar.

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A pesquisa de Ingvarsson, Tiger, Hanley e considerável simplicidade em termos topográ-


Stephenson (2007) avaliou a importância do ficos (Smith et al.,2006). Ápices comportamen-
treino de um comportamento intraverbal, diante tais produzem grande impacto para o repertório
de perguntas para as quais não se sabe a respos- comportamental como um todo e permitem o
ta apropriada como um ápice comportamental, acesso a novos reforçadores ou contingências
que permitiria o acesso a reforçadores naturais. de reforçamento, que não seriam possíveis, ou
O comportamento treinado (“Eu não sei, por fa- que seriam dificultados, sem tal mudança de
vor, diga-me”) teve a função de comportamen- comportamento (Robertson, 2015).
to alternativo aos déficits de responder a per-
guntas pessoais (“Onde você mora?”), questões Habilidades Sociais como Ápice
sobre conhecimento geral (“Onde você com- comportamental na Adolescência:
pra alimentos?”) e habilidades pré-acadêmi- Acesso a novos contextos e novas
cas (“Qual estação é quente?”). Participaram contingências de reforçamento
do estudo quatro crianças pré-escolares (duas
delas com desenvolvimento atípico). As ava- As práticas da cultura ocidental são organi-
liações dos quatro participantes demonstraram zadas de forma a expor o adolescente a novas
que houve a generalização da resposta treina- demandas sociais até então não enfatizadas na
da para outras perguntas e outros interlocutores infância, como as descritas por Pereira-Guizzo
(professores), que não participaram diretamen- et al. (2018), por exemplo, a exigência de bom
te do treino. Na discussão, os autores aponta- desempenho acadêmico, maior autonomia na
ram para os benefícios da análise da resposta execução de tarefas, início de relacionamen-
treinada como um ápice comportamental, que tos afetivos e relacionamentos mais duradou-
favoreceu a aquisição de outros comportamen- ros com pares. Uma das evidências de que as
tos, e produziu reforçadores sociais provindos HS favorecem o acesso a novos ambientes e
por pares e professores. contingências de reforçamento, corresponden-
Gil (2019), ao sintetizar os principais re- do, portanto, a um dos critérios de ápice com-
sultados de cerca de duas décadas do progra- portamental, consiste na importância do reper-
ma de pesquisa sobre o responder por exclu- tório amplo de HS nas interações com pares.
são (operações que simulam o comportamento O Good Behavior Game (GBG) é uma in-
de ouvinte), propõe que essa resposta seja con- tervenção elaborada na década de 60 (Barrish,
siderada como um ápice comportamental. Se- Saunders & Wolf, 1969), com as mais robustas
gundo a autora, o surgimento do responder por evidências de eficácia como programa de pre-
exclusão na criança permite a emergência das venção a problemas de comportamento (Bayer,
relações pares nomes-objeto, consequente am- 2009). O objetivo do GBG é o de melhorar a
pliação do repertório para diferentes tipos de qualidade das relações interpessoais entre os
palavras no vocabulário de uma língua, trans- alunos e entre estes e o professor, principal-
formando-se em recurso de aprendizagem para mente em classes onde existem crianças com
uma segunda língua. Nesse sentido, o respon- problemas de comportamento relacionados as
der por exclusão dá acesso a novos reforçado- interações sociais. Estudos longitudinais têm
res, tem validade social e efeitos cumulativos evidenciado que ao interferir positivamente
em diferentes direções. na trajetória de desenvolvimento das crianças
Em resumo, o conceito de ápice comporta- e das relações com os pares, por meio da am-
mental sinaliza comportamentos relevantes a se- pliação das suas habilidades sociais, elas ten-
rem estabelecidos, ainda que estes apresentem dem a se tornar adolescentes e adultos me-

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nos vulneráveis a comportamentos de risco, o tempo livre, sem supervisão, gasto com pa-
incluindo o abuso de drogas e comportamen- res desviantes associa-se à alta probabilidade
tos antissociais (Kellam et al., 2010, Kellam de uso bebidas alcoólicas, cigarro, drogas ilí-
et al., 2008). citas, além de vandalismo e engajamento em
O estabelecimento de amizade é conside- ato infracional (Maruschi, Estevao & Bazon,
rado como fator de proteção na adolescência, 2013; Malta, Oliveira-Campos, Prado, Andra-
por proporcionar o treino de habilidades im- de, Mello, Dias & Bomtempo, 2014). Em con-
portantes como a comunicação e resolução junto, esses estudos sinalizam que a ausência
de conflitos (Branco & Wagner, 2009, citado de desenvolvimento de HS dificulta o acesso
por Bazon & Maruschi, 2012). As relações de à novos contextos e a novos reforçadores po-
amizade são de especial importância também sitivos e expõe os adolescentes a problemas de
quando a estrutura das instituições de ensino, comportamento.
principalmente, o relacionamento com o pro- Murta, Del Prette e Del Prette (2013) ava-
fessor, não é suficiente para atender às dificul- liaram um programa de intervenção para a pre-
dades acadêmicas dos alunos e necessidades venção de violência no namoro, baseada na
de relacionamento interpessoal (Fernandes, promoção de habilidades de vida e habilida-
Leme, Elias & Soares, 2018). Há indicativos des sociais. O estudo utilizou um delineamento
de que adolescentes que apresentam problemas quase-experimental, com avaliações pré, pós-
de comportamento desenvolvem relações so- -intervenção e seguimento. A intervenção in-
ciais restritas, participando de poucos grupos cluiu a comunicação assertiva, empatia e ma-
e com alta rotatividade de amizades (Bazon & nejo das emoções. Foram realizadas sessões
Estevão, 2012). semanais em grupo, com um total de 60 ado-
Os pares exercem grande influência sobre o lescentes. Como resultados foram verificados
adolescente quanto ao envolvimento com ativi- um aumento na frequência da categoria nego-
dades de lazer, enquanto a influência dos pais ciação e redução nas categorias resignação e
é mais proeminente na exigência de bom de- violência, com generalização para o cotidiano,
sempenho escolar e decisão referente à esco- observada na avaliação de seguimento. Nesse
lha profissional (Ciarano, Rabaglietti, Rogge- estudo, o desenvolvimento de HS cumpriu o
ro, Bonino, & Beyers, 2007). Comportamentos critério de proporcionar acesso a novos con-
assertivos são requeridos de adolescentes em textos e reforçadores positivos para definição
situações de lazer sem a supervisão de adultos, de ápice comportamental, uma vez que os ado-
em função da alta probabilidade de valorização lescentes relataram ter mudado suas formas de
de comportamentos de risco por pares (Marus- pensar e agir no contexto das relações de gêne-
chi, Estevão & Bazon, 2013). ro, o que não se restringe ao namoro.
Salvo (2010) afirma que os adolescentes de Em suma, o acesso aos estímulos reforça-
famílias expostas a múltiplas condições de ris- dores positivos, diante de demandas sociais
co tendem a passar mais tempo com os pares de maior complexidade presentes no relacio-
desviantes fora do período escolar. De acor- namento com pares na adolescência é possível
do com Monahan et al (2009), adolescentes por meio de um repertório amplo de HS. É a
que apresentam problemas de comportamen- variabilidade deste repertório, associado a ou-
to preferem associar-se a pares desviantes, e tras varáveis contextuais, que aumenta a pro-
que essa preferência está associada ao aumen- babilidade de que as interações com pares se-
to na probabilidade futura de se engajar em jam reforçadoras e que se generalizem para
novas transgressões. Pesquisas indicam que outros ambientes.

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Habilidades Sociais como Ápice ca do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio
Comportamental: Competição com do inventário IHSA-Del-Prette (Del Prette &
respostas inapropriadas Del Prette, 2009b) e do Questionário sobre uso
de drogas (Carlini et al., 2010). Com relação
Dificuldades comportamentais são resultados as habilidades sociais, adolescentes de ambos
de procedimentos ineficazes de modelagem (dé- os gêneros relataram um repertório pouco ela-
ficit no repertório), falta de antecedentes apro- borado de habilidades de autocontrole, civili-
priados (problemas no treino discriminativo ou dade e empatia quando comparados à amostra
influência de variáveis motivacionais) e falta normativa. Quanto ao custo de resposta, todos
de suporte do ambiente (consequências inefi- os adolescentes relataram elevada dificuldade
cazes ou concorrentes). A combinação de tais na emissão das HS de um modo geral em rela-
alternativas auxilia na explicação dos proces- ção à amostra de referência. Repertórios restri-
sos responsáveis por indivíduos, no caso, ado- tos das habilidades de autocontrole, civilidade
lescestes, pela apresentação de problemas de e empatia envolvem dificuldades, em situações
comportamento ou de comportamentos social- de interação, para controlar sentimentos aversi-
mente competentes em contextos semelhantes. vos, como frustração e raiva, perceber os even-
As habilidades sociais, aprendidas em ambien- tos privados do outro, demonstrar compreen-
tes naturais ou planejados, podem ser conside- são e oferecer apoio, além de limitações para
radas ápices comportamentais por serem clas- identificar regras de convivência social esta-
ses de comportamentos sociais que concorrem belecidas pelas práticas culturais. Estes dados
com problemas de comportamentos por serem estão de acordo com os estudos de Wagner e
funcionalmente equivalentes. Estudos mostram Oliveira (2009); Negrete e García-Aurrecoe-
que adolescentes que possuem um repertório chea (2005) e Oliveira e Luís (2005), os quais
comportamental deficitário de habilidades so- apontam para o déficit de habilidades sociais
ciais se tornam mais vulneráveis para o envol- como uma variável que aumenta a vulnerabili-
vimento com bullying (Comodo, Del Prette & dade dos adolescentes ao abuso de drogas. As-
Del Prette, 2017), com depressão (Campos, Del sim, a droga, provavelmente, exerce a função
Prette & Del Prette, 2018) e com dificuldades de meio para auxiliar no desempenho de tare-
de aprendizagem (Molina & Del Prette, 2006). fas sociais em determinados contextos, princi-
Dados de pesquisa também vêm apontando palmente nos casos de abuso de drogas.
a relação entre déficit de habilidades sociais e A análise dos resultados com relação ao vín-
abuso de drogas por adolescentes (Cardoso & culo com a escola indicou diferença significati-
Malbergier, 2014; Negrete & García-Aurre- va para o escore geral. Desta forma, os adoles-
coechea, 2005; Oliveira & Luis, 2005). Nes- centes que frequentavam a escola apresentaram
te sentido, a Organização Mundial de Saúde desempenho melhor do que aqueles que se eva-
(OMS) sugere intervenções com base na pro- diram. Não houve diferenças significativas no
moção de HS para prevenir o abuso de drogas repertório de habilidades sociais entre os gêne-
entre adolescentes e reduzir a frequência de ou- ros e as faixas etárias (12 a 14 e 15 a 17 anos).
tros comportamentos no contexto de abuso de Dessa forma, os dados encontrados no es-
drogas (WHO, 1997). tudo de Tatmatsu e Del Prette (2016) contri-
O estudo de Tatmatsu & Del Prette (2016) buem com a hipótese de que as HS se cons-
avaliou o repertório de habilidades sociais de tituem como um ápice comportamental, uma
110 adolescentes usuários de drogas lícitas e vez que as classes de empatia, autocontrole e
ilícitas em tratamento na rede de saúde públi- civilidade parecem competir com o abuso de

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drogas no manejo do contexto de interações vas questões ao debate sobre as relações entre
sociais. Deve-se ressaltar que variáveis con- o padrão antissocial e comportamento prosso-
textuais também participam da complexidade cial ou socialmente competente (Kokko et al.,
deste fenômeno como as de ordem familiar e 2006). Embora alguns jovens possam apresen-
sociais (Schenker & Minayo, 2005). tar comportamentos prossociais e antissociais,
Segundo Bosh e Fuqua (2004), a observação há razões conceituais para se esperar uma rela-
do ápice comportamental como uma alternativa ção geral inversa entre ambos, pois os primei-
ao comportamento inadequado é revelada por ros requerem algum nível de seguimento de
meio da questão: a mudança comportamental regras sociais e respeito à autoridade (Carlo,
interfere ou substitui o comportamento inade- Crockett, Wilkinson & Beal, 2011).
quado? Assim como os comportamentos ina- No estudo de Fogaça, Benvenuti, Del Prette e
dequados, que ocorrem em um continuum de Del Prette (2013) participaram quatro famílias,
severidade, as mudanças comportamentais tam- compostas por um adolescente que cumpria a
bém ocorrem em um continuum de relevância medida socioeducativa de Liberdade Assistida
como ápice comportamental (Robertson, 2015). (LA) ou Prestação de Serviço à Comunidade
A literatura aponta para a influência da fa- (PSC) e um irmão do adolescente, com idade
mília (pais e irmãos) e pares (amigos) tanto na próxima, sem histórico de medida socioeduca-
aquisição de comportamento antissocial como tiva. Foram utilizados os instrumentos Inven-
em comportamento socialmente competente tário de Habilidades Sociais (IHS-Del Prette) e
(Monahan, Steinberg, Cauffman & Mulvey, Inventário de Habilidades Sociais Adolescen-
2009; Snyder, Chrepferman, Bullard, Mcea- tes. Todos os adolescentes em conflito com a
chern, & Patterson, 2012). O comportamento lei apresentaram escores abaixo da média em
antissocial pode ser definido como um padrão Autocontrole e Empatia. Repertório restrito em
comportamental “ao mesmo tempo aversivo e autocontrole sugere dificuldades de manejo de
contingente aos comportamentos de outras pes- situações aversivas, baixa tolerância a frustra-
soas” (Patterson, Reid & Dishion, 2002, p.5), ção e impulsividade, isto é, controle por grati-
com violação dos direitos alheios, desconsi- ficação de menor magnitude imediata em de-
deração de danos causados a outrem e busca trimento de consequência de maior magnitude
de gratificações e benefícios próprios imedia- para si e para o grupo a longo prazo.
tos (Rocha, 2008). Dificuldades de resolução Para Perner, Ruffman e Leekam (1994) o re-
de problemas, sobrepostos a comportamentos lacionamento com pares (irmãos e amigos) pro-
agressivos e impulsivos, colocam os adoles- vê a base para o desenvolvimento da empatia.
centes em risco para o desenvolvimento de um Considera-se que os adolescentes que apresen-
padrão de comportamento antissocial e, conse- tem maior frequência de comportamento em-
quentemente, à prática infracional. pático criem condições mais favoráveis às re-
O exame de interações regulares do adoles- lações de amizade e intimidade, estabelecendo
cente em conflito com a lei, com os seus pais, maior rede de apoio, o que facilita a obtenção
irmãos e amigos pode indicar quais classes de de ajuda e afeto (Campos, et al. 2014; Sanches-
habilidades sociais (principalmente, assertivi- -Queija, Oliva & Parra, 2006).
dade, autocontrole, conversação e empatia) são Del Prette, Teodoro e Del Prette (2014), em
fortalecidas por processos de modelagem e mo- uma avaliação com adolescentes em conflito
delação. Indicativos de déficits e repertórios de com a lei, observaram correlações negativas
habilidades sociais em adolescentes que come- significativas, ainda que de magnitude baixa,
teram prática infracional também trazem no- entre agressividade e empatia, agressividade e

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autocontrole e agressividade e civilidade. Os (abuso de substâncias e comportameto antisso-


autores discutiram que, em determinadas si- cial) e comportamento socialmente competen-
tuações, a apresentação de habilidades sociais te em diferentes contextos.
pode não atender aos critérios de competência As discussões aqui apresentadas indicam
social, isto é, quando a apresentação de habi- que, comparados com grupos não clínicos, os
lidades sociais implica em benefícios ao pró- adolescentes que apresentam comportamentos
prio indivíduo em detrimento de consequên- inapropriados como o abuso de drogas e com-
cias desfavoráveis ao grupo. portamento antissocial têm repertório mais res-
Presume-se que os repertórios de HS com- trito de HS. Em amostras não clínícas, os cons-
petem com o fortalecimento do padrão de com- tructos competência social e comportamento
portamento antissocial, atendendo, portanto, ao antissocial são fortemente e inversamente cor-
critério de ápices comportamentais. A despei- relacionadas (Leve, Pears, & Fisher, 2002; Sor-
to da relevância do repertorio geral de HS, há lie, Hagen & Ogden, 2008).
indicativos de que as categorias assertividade, Habilidades sociais podem ser consideradas
empatia e autocontrole tenham uma relevância ápices comportamentais por atingirem os crité-
maior, tal como proposto por Robertson (2015), rios de acesso a novos reforçadores e compe-
de que ápices comportamentais também podem tirem com comportamentos inadequados. Evi-
ser interpretados a partir de um continuum de dências empíricas demonstram a existência de
importância na competição com comportamen- relações entre o repertorio de HS, relaciona-
tos inadequados. A robusta literatura sobre o de- mento com pares não desviantes e redução do
senvolvimento de comportamento antissocial abuso de drogas, bem como déficits no reper-
apoia a natureza da aprendizagem cumulativa torio de HS e desenvolvimento de comporta-
do conceito de ápice comportamental, “mudan- mento antissocial.
do a forma como o ambiente reage ao compor- Para favorecer o contato com pares não des-
tamento antissocial, a aprendizagem cumula- viantes, os programas de HS precisam ter um
tiva pode ser alterada” (Bosh & Hixon, 2004, p. enfoque preventivo, por meio de atividades
245). programadas, que permitam promover a mul-
tiplicidade de categorias de HS relacionadas ao
Conclusão desenvolvimento da empatia, assertividade, au-
tocontrole e situações de iniciar e manter con-
As dificuldades na apresentação de compor- versas. As intervenções que tenham como obje-
tamento socialmente competente são discuti- tivo enfraquecer comportamentos inadequados
das pelas hipóteses propostas por alguns au- precisam, concomitantemente, desenvolver re-
tores (Gresham, 2009; Gresham et al., 2006), pertórios de HS que “afetem pessoas relevantes
de falhas na história de aprendizagem, seja na vida do individuo e produzam consequên-
por modelagem, e modelação ineficazes (dé- cias reforçadoras naturais” (Robertson, 2015,
ficit de aquisição), falta de antecedentes apro- p. 481). Entretanto, são necessárias descrições
priados, falha no controle de estímulos ou in- mais amplas de quais contingências selecionam
fluência de variáveis motivacionais e falta de os ápices comportamentais, bem como a esti-
suporte do ambiente (consequências ineficazes mativa de quais contingências os ápices possi-
ou concorrentes). No caso de crianças e ado- bilitam o acesso (Hixson, 2004). No caso das
lescentes, a combinação de tais hipóteses au- habilidades sociais, muitas delas já são conhe-
xilia na explicação dos processos responsáveis cidas e por isso podem ser objeto de interven-
pela apresentação de comportamentos de risco ções preventivas.

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Ressalta-se, como limitações deste ensaio, a Práticas educativas e problemas de com-


discussão de somente dois de seis criterios de portamento: uma análise à luz das habili-
avaliação de mudanças comportamentais como dades sociais. Estudos de Psicologia (Na-
ápices comportamentais. Como propostas para tal), 227-235.
pesquisas futuras, destaca-se a necessidade de Bosch, S., & Fuqua, R. W. (2001). Behavio-
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