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portanto, nova evidência de ápice comportamental. Conclui- R. Quatro de Março, 432 - Centro, Taubaté
- SP, 12020-270
se que a discussão das habilidades sociais como ápice com-
portamental traz vantagens no que se refere ao planejamen-
to de intervenções comportamentais mais efetivas.
Palavras-chave: habilidades sociais; ápice comportamen- Dados do Artigo
tal; adolescência
DOI: 10.31505/rbtcc.v21i2.1162
RESUMEN: Este estudio presenta una discusión sobre la fase de adolescencia que integra as-
pectos de las habilidades sociales con el concepto de cúspide comportamental. La expansión del
repertorio comportamental se da con la exposición del individuo a nuevas contingencias, nuevos
ambientes, nuevos estímulos controladores y nuevos grupos sociales, dado un cambio comporta-
mental denominado cúspide comportamental. Son presentados estudios relacionando un reper-
torio amplio de habilidades sociales con interacciones favorables con las parejas, destacándose
su importancia como cúspide comportamental, lo que garantiza el acceso a nuevos ambientes.
Se presume también que los repertorios de habilidades sociales compiten con el fortalecimien-
to del patrón de comportamiento antisocial y el uso de drogas, constituyendo, por lo tanto, nue-
va evidencia de cúspide comportamental. Se puede concluir que la discusión de las habilidades
sociales como cúspide comportamental trae ventajas a lo que se refiere a un plan de interven-
ciones comportamentales más efectivas.
Palabras-clave: habilidades sociales; cúspide comportamental; adolescencia
petente, é necessário considerar tanto os com- que estabelecem funções eliciadoras, evocati-
portamentos envolvidos (habilidades sociais, vas, reforçadoras e discriminativas para o com-
coerência com pensamentos e sentimentos, au- portamento. Na adolescência, as contingências
tomonitoria, etc.) como os resultados da inte- sociais selecionarão repertórios cada vez mais
ração em termos de funcionalidade instrumen- refinados voltados para práticas difundidas na
tal e ética. Isso significa que a interação deve comunidade. No trabalho seminal de 1997, Ro-
produzir tanto consequências reforçadoras para sales-Ruiz e Baer apresentaram uma perspec-
o indivíduo quanto para o interlocutor, como tiva analítico comportamental do desenvolvi-
melhora da qualidade da relação, equilíbrio de mento humano a partir do conceito de ápice
reforçadores para si e para os outros, respeito comportamental. Na sequência será apresen-
ou ampliação de direitos humanos básicos (Del tado o conceito de ápice comportamental, bem
Prette & Del Prette, 2011). A dimensão instru- como possibilidades e limites da interpretação
mental da competência social está relacionada das HS a luz de tal conceito.
com consequências reforçadoras imediatas para
o indivíduo que se comporta; já a dimensão éti- A definição de Ápice Comportamental
co-moral se refere à escolha de consequências
de médio e longo prazo que beneficiam tanto Para Rosales-Ruiz e Baer (1997), a crítica
a pessoa quanto à comunidade. Essa última di- central da Análise do Comportamento sobre as
mensão tem um caráter vital para a sobrevivên- teorias que discutem aspectos do Desenvolvi-
cia de uma cultura mais justa e ética. mento Humano está pautada na concepção in-
A despeito da noção de competência social trínseca de uma sequência padronizada de aqui-
permitir uma avaliação funcional mais ampla sições, estágios e fases. A posição da Análise
sobre os impactos de um repertório social para do Comportamento com relação a evolução do
os indivíduos e ao grupo, poucas pesquisas têm desenvolvimento humano implica na identifi-
sido realizadas com base nesse construto. É pro- cação de mudanças progressivas em contin-
vável que isso se deva ao fato do conceito en- gências e padrões de comportamentos em de-
volver consequências para o grupo em médio terminados períodos de tempo (Bijou & Baer,
e longo prazo, o que demanda investigações 1978). Outros posicionamentos relevantes vão
com metodologia sensível a passagem do tem- apontar para a análise de variações sistemáticas
po, como os estudos longitudinais. Empreendi- nas contingências (Rosales-Ruiz & Baer, 1997)
mentos desse porte são escassos por serem de e como aspectos culturais participam dos pro-
alto custo e apresentam dificuldades metodo- cessos de variação e seleção. Jimézes (2017, p.
lógicas para isolar variáveis controladoras de 15) também esclarece ainda, que o “termo pro-
comportamentos complexos. Por outro lado, as gressivo não se refere à melhoria ou direção do
categorias de HS são amplamente descritas e desenvolvimento (Gehm, 2013; Vasconcelos et
testadas na literatura. Para este estudo, sobre- al., 2010), mas ao caráter cumulativo das mu-
tudo, as categorias de empatia, assertividade e danças comportamentais”.
autocontrole serão de especial interesse para a Sem desconsiderar a característica idiossin-
discussão das HS como ápice comportamental crática dos fluxos de interações organismo-am-
na adolescência. biente e seus respectivos produtos, “é inegável
O desenvolvimento humano envolve mu- que certos repertórios são prerrequisitos para
danças nos fluxos de interações entre um in- outros” (Tourinho & Neno, 2005, p. 99) e que
divíduo ativo e o ambiente, sendo este último alguns comportamentos, denominados de ápi-
constituído por diferentes condições de estímulo ce comportamental, apresentam consequências
de maior impacto sobre o repertório comporta- “entretanto, quanto maior o número de crité-
mental com um todo. rios atingidos e a extensão de tais mudanças,
De acordo com Rosales-Ruiz e Baer (1997), maior a diferenciação dos ápices mais relevan-
a expansão do repertório comportamental se tes para o indivíduo” (Robertson, 2015, p. 478).
dá com a exposição do indivíduo a novas con- Na literatura nacional, o conceito de ápice
tingências, novos ambientes, novos estímu- comportamental foi utilizado por De Rose e Gil
los controladores e novos grupos sociais, dada (2013) na análise do comportamento de brincar,
uma mudança comportamental denominada de que “estabelece e refina o papel como falante e
ápice comportamental. A relevância do ápice instrutor. Cada uma destas competências abri-
comportamental é determinada pela extensão rá para a criança um mundo novo de possibi-
da mudança no repertório comportamental, se lidades de desenvolvimento” (De Rose & Gil,
tal mudança favorece o desenvolvimento de no- 2013, p. 381). No estudo de Bezerra, Teixeira
vos ápices e a avaliação do grupo social sobre Júnior e Palha (2013), o atendimento clínico de
os impactos da mudança, que é sempre deter- uma criança de seis anos com queixa de roubo
minada por normas e expectativas da socieda- foi conduzido tendo como principal estratégia o
de mais ampla (Rosales-Ruiz & Baer, 1997). uso de brincadeiras para a formulação de novas
Além dos critérios de acesso a novos reforça- regras. Brincando, a criança aprendeu a seguir
dores, contingências e ambientes (critério um) regras como não trapacear em jogos, assumir er-
e validade social (critério dois), ambos propos- ros e obedecer a mãe, o que forneceu contexto
tos por Rosales-Ruiz e Baer (1997) para a defi- para que a criança formulasse a regra “não rou-
nição de ápice comportamental, Bosh e Fuqua bar”. Nesse caso, o brincar teve função de ápi-
(2001) discutiram a importância da gerativi- ce comportamental, uma vez que ao aprender a
dade (critério três), competição com respostas seguir instruções, a criança alterou sua relação
inapropriadas (critério quatro) e número e im- social com os amigos, que antes a isolavam, e
portância das pessoas afetadas pela mudança passou a brincar com eles. O critério de com-
comportamental (critério cinco). A gerativida- petição com respostas inapropriadas (critério
de indica a participação da mudança compor- quatro) é de especial interesse, pois as interven-
tamental como um prerrequisito ou compo- ções mais efetivas com crianças buscam iden-
nente de uma habilidade mais complexa (Bosh tificar repertórios funcionalmente equivalentes
& Fuqua, 2001). A competição com respostas aos comportamentos considerados inadequados.
inapropriadas sinaliza que o estabelecimento Na determinação de um ápice comporta-
de ápices comportamentais pode enfraquecer mental a ser desenvolvido há também que se
a ocorrência de comportamentos inadequados, considerar o número e importância das pesso-
influenciando, portanto, o repertório geral do as afetadas (critério cinco). Haendel e Alvaren-
indivíduo (Robertson, 2015). A validade social ga (2018) apontam a tolerância ao atraso do re-
da mudança comportamental, segundo Bosh e forçador como ápice comportamental precursor
Fuqua (2001) pressupõe a avaliação do núme- do autocontrole. Os autores consideram que ao
ro e grau de importância das pessoas afetadas não emitir respostas impulsivas, as crianças po-
e se a mudança comportamental atende as de- dem se engajar em tarefas acadêmicas propos-
mandas do grupo social. A despeito da impor- tas pelo professor para elas e para os colegas
tância de todos os critérios de avaliação, nem de sala de aula. De forma semelhante, no am-
todas as mudanças comportamentais necessa- biente familiar, a resposta de tolerância ao atra-
riamente deverão atingir a todos eles, para que so do reforçador pode afetar os pais e cuidado-
seja classificada como ápice comportamental, res na realização de atividades do lar.
nos vulneráveis a comportamentos de risco, o tempo livre, sem supervisão, gasto com pa-
incluindo o abuso de drogas e comportamen- res desviantes associa-se à alta probabilidade
tos antissociais (Kellam et al., 2010, Kellam de uso bebidas alcoólicas, cigarro, drogas ilí-
et al., 2008). citas, além de vandalismo e engajamento em
O estabelecimento de amizade é conside- ato infracional (Maruschi, Estevao & Bazon,
rado como fator de proteção na adolescência, 2013; Malta, Oliveira-Campos, Prado, Andra-
por proporcionar o treino de habilidades im- de, Mello, Dias & Bomtempo, 2014). Em con-
portantes como a comunicação e resolução junto, esses estudos sinalizam que a ausência
de conflitos (Branco & Wagner, 2009, citado de desenvolvimento de HS dificulta o acesso
por Bazon & Maruschi, 2012). As relações de à novos contextos e a novos reforçadores po-
amizade são de especial importância também sitivos e expõe os adolescentes a problemas de
quando a estrutura das instituições de ensino, comportamento.
principalmente, o relacionamento com o pro- Murta, Del Prette e Del Prette (2013) ava-
fessor, não é suficiente para atender às dificul- liaram um programa de intervenção para a pre-
dades acadêmicas dos alunos e necessidades venção de violência no namoro, baseada na
de relacionamento interpessoal (Fernandes, promoção de habilidades de vida e habilida-
Leme, Elias & Soares, 2018). Há indicativos des sociais. O estudo utilizou um delineamento
de que adolescentes que apresentam problemas quase-experimental, com avaliações pré, pós-
de comportamento desenvolvem relações so- -intervenção e seguimento. A intervenção in-
ciais restritas, participando de poucos grupos cluiu a comunicação assertiva, empatia e ma-
e com alta rotatividade de amizades (Bazon & nejo das emoções. Foram realizadas sessões
Estevão, 2012). semanais em grupo, com um total de 60 ado-
Os pares exercem grande influência sobre o lescentes. Como resultados foram verificados
adolescente quanto ao envolvimento com ativi- um aumento na frequência da categoria nego-
dades de lazer, enquanto a influência dos pais ciação e redução nas categorias resignação e
é mais proeminente na exigência de bom de- violência, com generalização para o cotidiano,
sempenho escolar e decisão referente à esco- observada na avaliação de seguimento. Nesse
lha profissional (Ciarano, Rabaglietti, Rogge- estudo, o desenvolvimento de HS cumpriu o
ro, Bonino, & Beyers, 2007). Comportamentos critério de proporcionar acesso a novos con-
assertivos são requeridos de adolescentes em textos e reforçadores positivos para definição
situações de lazer sem a supervisão de adultos, de ápice comportamental, uma vez que os ado-
em função da alta probabilidade de valorização lescentes relataram ter mudado suas formas de
de comportamentos de risco por pares (Marus- pensar e agir no contexto das relações de gêne-
chi, Estevão & Bazon, 2013). ro, o que não se restringe ao namoro.
Salvo (2010) afirma que os adolescentes de Em suma, o acesso aos estímulos reforça-
famílias expostas a múltiplas condições de ris- dores positivos, diante de demandas sociais
co tendem a passar mais tempo com os pares de maior complexidade presentes no relacio-
desviantes fora do período escolar. De acor- namento com pares na adolescência é possível
do com Monahan et al (2009), adolescentes por meio de um repertório amplo de HS. É a
que apresentam problemas de comportamen- variabilidade deste repertório, associado a ou-
to preferem associar-se a pares desviantes, e tras varáveis contextuais, que aumenta a pro-
que essa preferência está associada ao aumen- babilidade de que as interações com pares se-
to na probabilidade futura de se engajar em jam reforçadoras e que se generalizem para
novas transgressões. Pesquisas indicam que outros ambientes.
Habilidades Sociais como Ápice ca do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio
Comportamental: Competição com do inventário IHSA-Del-Prette (Del Prette &
respostas inapropriadas Del Prette, 2009b) e do Questionário sobre uso
de drogas (Carlini et al., 2010). Com relação
Dificuldades comportamentais são resultados as habilidades sociais, adolescentes de ambos
de procedimentos ineficazes de modelagem (dé- os gêneros relataram um repertório pouco ela-
ficit no repertório), falta de antecedentes apro- borado de habilidades de autocontrole, civili-
priados (problemas no treino discriminativo ou dade e empatia quando comparados à amostra
influência de variáveis motivacionais) e falta normativa. Quanto ao custo de resposta, todos
de suporte do ambiente (consequências inefi- os adolescentes relataram elevada dificuldade
cazes ou concorrentes). A combinação de tais na emissão das HS de um modo geral em rela-
alternativas auxilia na explicação dos proces- ção à amostra de referência. Repertórios restri-
sos responsáveis por indivíduos, no caso, ado- tos das habilidades de autocontrole, civilidade
lescestes, pela apresentação de problemas de e empatia envolvem dificuldades, em situações
comportamento ou de comportamentos social- de interação, para controlar sentimentos aversi-
mente competentes em contextos semelhantes. vos, como frustração e raiva, perceber os even-
As habilidades sociais, aprendidas em ambien- tos privados do outro, demonstrar compreen-
tes naturais ou planejados, podem ser conside- são e oferecer apoio, além de limitações para
radas ápices comportamentais por serem clas- identificar regras de convivência social esta-
ses de comportamentos sociais que concorrem belecidas pelas práticas culturais. Estes dados
com problemas de comportamentos por serem estão de acordo com os estudos de Wagner e
funcionalmente equivalentes. Estudos mostram Oliveira (2009); Negrete e García-Aurrecoe-
que adolescentes que possuem um repertório chea (2005) e Oliveira e Luís (2005), os quais
comportamental deficitário de habilidades so- apontam para o déficit de habilidades sociais
ciais se tornam mais vulneráveis para o envol- como uma variável que aumenta a vulnerabili-
vimento com bullying (Comodo, Del Prette & dade dos adolescentes ao abuso de drogas. As-
Del Prette, 2017), com depressão (Campos, Del sim, a droga, provavelmente, exerce a função
Prette & Del Prette, 2018) e com dificuldades de meio para auxiliar no desempenho de tare-
de aprendizagem (Molina & Del Prette, 2006). fas sociais em determinados contextos, princi-
Dados de pesquisa também vêm apontando palmente nos casos de abuso de drogas.
a relação entre déficit de habilidades sociais e A análise dos resultados com relação ao vín-
abuso de drogas por adolescentes (Cardoso & culo com a escola indicou diferença significati-
Malbergier, 2014; Negrete & García-Aurre- va para o escore geral. Desta forma, os adoles-
coechea, 2005; Oliveira & Luis, 2005). Nes- centes que frequentavam a escola apresentaram
te sentido, a Organização Mundial de Saúde desempenho melhor do que aqueles que se eva-
(OMS) sugere intervenções com base na pro- diram. Não houve diferenças significativas no
moção de HS para prevenir o abuso de drogas repertório de habilidades sociais entre os gêne-
entre adolescentes e reduzir a frequência de ou- ros e as faixas etárias (12 a 14 e 15 a 17 anos).
tros comportamentos no contexto de abuso de Dessa forma, os dados encontrados no es-
drogas (WHO, 1997). tudo de Tatmatsu e Del Prette (2016) contri-
O estudo de Tatmatsu & Del Prette (2016) buem com a hipótese de que as HS se cons-
avaliou o repertório de habilidades sociais de tituem como um ápice comportamental, uma
110 adolescentes usuários de drogas lícitas e vez que as classes de empatia, autocontrole e
ilícitas em tratamento na rede de saúde públi- civilidade parecem competir com o abuso de
drogas no manejo do contexto de interações vas questões ao debate sobre as relações entre
sociais. Deve-se ressaltar que variáveis con- o padrão antissocial e comportamento prosso-
textuais também participam da complexidade cial ou socialmente competente (Kokko et al.,
deste fenômeno como as de ordem familiar e 2006). Embora alguns jovens possam apresen-
sociais (Schenker & Minayo, 2005). tar comportamentos prossociais e antissociais,
Segundo Bosh e Fuqua (2004), a observação há razões conceituais para se esperar uma rela-
do ápice comportamental como uma alternativa ção geral inversa entre ambos, pois os primei-
ao comportamento inadequado é revelada por ros requerem algum nível de seguimento de
meio da questão: a mudança comportamental regras sociais e respeito à autoridade (Carlo,
interfere ou substitui o comportamento inade- Crockett, Wilkinson & Beal, 2011).
quado? Assim como os comportamentos ina- No estudo de Fogaça, Benvenuti, Del Prette e
dequados, que ocorrem em um continuum de Del Prette (2013) participaram quatro famílias,
severidade, as mudanças comportamentais tam- compostas por um adolescente que cumpria a
bém ocorrem em um continuum de relevância medida socioeducativa de Liberdade Assistida
como ápice comportamental (Robertson, 2015). (LA) ou Prestação de Serviço à Comunidade
A literatura aponta para a influência da fa- (PSC) e um irmão do adolescente, com idade
mília (pais e irmãos) e pares (amigos) tanto na próxima, sem histórico de medida socioeduca-
aquisição de comportamento antissocial como tiva. Foram utilizados os instrumentos Inven-
em comportamento socialmente competente tário de Habilidades Sociais (IHS-Del Prette) e
(Monahan, Steinberg, Cauffman & Mulvey, Inventário de Habilidades Sociais Adolescen-
2009; Snyder, Chrepferman, Bullard, Mcea- tes. Todos os adolescentes em conflito com a
chern, & Patterson, 2012). O comportamento lei apresentaram escores abaixo da média em
antissocial pode ser definido como um padrão Autocontrole e Empatia. Repertório restrito em
comportamental “ao mesmo tempo aversivo e autocontrole sugere dificuldades de manejo de
contingente aos comportamentos de outras pes- situações aversivas, baixa tolerância a frustra-
soas” (Patterson, Reid & Dishion, 2002, p.5), ção e impulsividade, isto é, controle por grati-
com violação dos direitos alheios, desconsi- ficação de menor magnitude imediata em de-
deração de danos causados a outrem e busca trimento de consequência de maior magnitude
de gratificações e benefícios próprios imedia- para si e para o grupo a longo prazo.
tos (Rocha, 2008). Dificuldades de resolução Para Perner, Ruffman e Leekam (1994) o re-
de problemas, sobrepostos a comportamentos lacionamento com pares (irmãos e amigos) pro-
agressivos e impulsivos, colocam os adoles- vê a base para o desenvolvimento da empatia.
centes em risco para o desenvolvimento de um Considera-se que os adolescentes que apresen-
padrão de comportamento antissocial e, conse- tem maior frequência de comportamento em-
quentemente, à prática infracional. pático criem condições mais favoráveis às re-
O exame de interações regulares do adoles- lações de amizade e intimidade, estabelecendo
cente em conflito com a lei, com os seus pais, maior rede de apoio, o que facilita a obtenção
irmãos e amigos pode indicar quais classes de de ajuda e afeto (Campos, et al. 2014; Sanches-
habilidades sociais (principalmente, assertivi- -Queija, Oliva & Parra, 2006).
dade, autocontrole, conversação e empatia) são Del Prette, Teodoro e Del Prette (2014), em
fortalecidas por processos de modelagem e mo- uma avaliação com adolescentes em conflito
delação. Indicativos de déficits e repertórios de com a lei, observaram correlações negativas
habilidades sociais em adolescentes que come- significativas, ainda que de magnitude baixa,
teram prática infracional também trazem no- entre agressividade e empatia, agressividade e
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