LI

TE 2ª SÉRIE

RA
II TU
EDITORA
RA
LINGUAGEM
1
2
Obra
f
concebida e produzida por Matheus Vasconcelos.

ESCOLAS
LITERÁRIAS

II
LITERATURA

EDITORA
LINGUAGEM 3
Edição
Matheus Vasconcelos
Assistência editorial
Matheus Vasconcelos
Preparação e revisão
Matheus Vasconcelos
Produção gráfica
Matheus Vasconcelos

Obra concebida com a

colaboração do estudante:
Matheus Vasconcelos

4
 Mensagem.
“Ninguém nega o valor da educação e que um bom
professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem
bons professores para seus filhos, poucos pais
desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos
mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é
duro, difícil e necessário, mas que permitimos que
esses profissionais continuem sendo desvalorizados.
Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio
social e responsabilizados pelo fracasso da educação,
grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu
trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos,
sociedade, repensemos nossos papéis e nossas
atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso
com a educação que queremos. Aos professores, fica o
convite para que não descuidem de sua missão de
educar, nem desanimem diante dos desafios, nem
deixem de educar as pessoas para serem “águias” e
não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha
Paulo Freire. a
não transforma a sociedade, sem ela, tampouco,
sociedade muda.”

5
Sumário
ROMANTISMO.................................................8

REALISMO.....................................................15

NATURALISMO..............................................19

PARNASIANISMO..........................................23

SIMBOLISMO.................................................26

6
ROMANTISM
O

7
 ESCOLA LITERÁRIA: ROMANTISMO
Gerado sob o impacto da
Revolução Industrial e da
Revolução Francesa, de fins do
século 18, o romantismo surgiu no
início do século 19, na Alemanha,
França e Inglaterra, num momento
histórico em que as classes sociais,
como as conhecemos hoje, se
definiam. Na ocasião, a sociedade
se reorganizava e as classes
sociais criavam ou redefiniam suas
visões da existência e do mundo.
Das classes sociais desse período,
a nobreza e a pequena burguesia
são as classes que vão atuar
essencialmente no movimento
romântico. Assim, o romantismo
expressa, nas palavras de Karl
Mannheim, os sentimentos dos
descontentes com a nova ordem
socioeconômica, isto é, com o
capitalismo industrial.
Como escola literária, portanto, o
Romantismo estabelece uma nova
visão de mundo e de
comportamento, sobretudo para os
jovens. Nesse sentido, o romance
Os sofrimentos do Jovem Werther,
de Goethe, publicado na Alemanha
em 1774, torna-se fonte de
inspiração em toda Europa.
Naquele momento, a arte agora se
torna mais popular, visto que a nova
classe social, a burguesia, ao contrário
da nobreza, extrapola as barreiras da
corte com toda a sua erudição,
passando a valorizar o folclore e tudo
que está relacionado ao nacional.
Assim, a arte romântica ganha as ruas
e abandona as exigências impostas
pelos nobres, libertando-se das
influências clássicas e buscando, dessa
forma, valorizar a liberdade de
expressão e de pensamento.
Nessa perspectiva, a literatura passa a
ser mais expressiva, o que se nota, por
exemplo, pela instituição do verso livre
como opção formal. É importante
destacar também a disseminação de
obras literatura de folhetins. Esse
formato de distribuição de obras
literárias, comercializadas por meio de
jornais nas grandes cidades, tornou a
literatura em prosa mais acessível.
8
A INFLUÊNCIA DA OS PRINCIPAIS PONTOS DO
REVOLUÇÃO FRANCESSA CONTEXTO HISTÓRICO DO
SOBRE O ROMANTISMO ROMANTISMO NA EUROPA

A Revolução Francesa influenciou  Surgimento no período conhecido

principalmente a sociedade burguesa como Era das Revoluções
da época, após seu término quando (compreendido,
mudanças profundas acontece do aproximadamente, entre ao anos
absolutismo e do poder de pro ceram 1774 e 1849), durante o qual
no mundo, tais como a substituição diversas transformações
propriedade esclarecido pelo políticas, sócias e econômicas
liberalismo político, a economia da ocorreram no Ocidente;
época começou a iniciar uma iniciativa  Revolução Francesa e tomada do
livre e a propriedade privada enquanto poder pela burguesia;
o individualismo se torna um valor  Expansão do comércio pela
básico da sociedade. implementação de novos meios
Nesse sentido, “a revolução burguesa de produção;
traz uma promessa de vida mais  Queda do poder absoluto – o
brilhante, criando, então um homem povo passa a exercer o poder por
regenerado e uma terra regenerada” meio de seus representantes
(Albert Hancook,1986). Esse processo políticos (democracia) e
de caráter político, ocasionado pelo promover a República;
movimento revolucionário, acaba por  Comercialização de obras e
criar uma sociedade afeiçoada ao popularização da literatura;
consumo de uma arte mais livre,  Papel da mídia na divulgação dos
rompendo com modelos folhetins – com a prensa
preestabelecidos. Assim, o indivíduo inventada por Gutenberg, os
entra em cena, com suas dores, suas livros ficam mais acessíveis e
angústias e seus anseios, buscando tem início a circulação de jornais
uma arte que expresse suas e revistas;
satisfações pessoais. É a revolta, o  Formação dos Estados nacionais;
individualismo e o eu como centro. A CARACTERÍSTIAS
Liberalismo. GERAIS
literatura passa a ser valorização por
 Subjetivismo;
esse novo público, que se vê
representando nas obras românticas,  Culto do eu;
tanto na poesia quanto na prosa, por  Individualismo e liberdade de
meio dos romances folhetinescos. expressão;
9
 Idealização da vida e da
realidade;
  Sentimento nacionalista;
 Idealização da vida e da
realidade;
 Valorização do amor;
 Insatisfação do mundo;
 Busca pelas forças
inconscientes da alma, como a
imaginação e os sonhos;
 Coração acima da razão
humana, o que leva ao amor
idealizado e puro;
 Religiosidade;
 Retorno aos valores da Idade
Média;
 Insatisfação, depressão e 
melancolia em relação ao
mundo da realidade (mal do
século);
 Fuga, busca pela morte e por
ambientes exóticos;
 Evasão no tempo e no espaço;
 Tédio e desilusão adolescente.
O ROMANTISMO NO BRASIL
O principal fato histórico que
permeia o Romantismo no Brasil é a
chegada da Família Real portuguesa,
em 1808. Nesse período, o país
deixou oficialmente de ser uma
colônia de exploração e passou a ser
a sede do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves.
Com a Independência do Brasil,
efetivada em 7 de setembro de 1822,
os escritores desse período buscam a
autonomia da literatura, retomando
diversos aspectos da cultura brasileira.
Isso porque durante séculos de
colonização, o Brasil sofreu forte
influência dos modelos europeus,
sobretudo de Portugal.
Nesse momento, os folhetins,
pequenos capítulos de romances
publicados nos jornais, começam a se
popularizar no país, o que fez surgir
um público leitor, tornando a leitura
mais acessível.
PRINCIPAIS ESCRITORES
BRASILEIROS ROMANCISTAS:
 Gonçalves de Magalhães;
Gonçalves Dias;
 José de Alencar;
 Álvares de Azevedo;
 Casimiro de Abreu;
 Castro Alves.
OS PRINCIPAIS PONTOS DO
CONTEXTO HISTÓRICO DO
ROMANTISMO BRASILEIRO
 Vinda da família real para o Brasil
(1808);
 Independência do Brasil (1822);
 Lutas abolicionistas e republicanas;
 Formação da consciência nacional;
 Criação de novas escolas,
bibliotecas e museus;
 Incentivo à tipografia, o que implica
a impressão de livros;
 Nascimento de um público
consistente de leitores, formado
principalmente por mulheres e
jovens estudantes provenientes da
classe burguesa, ainda em10
ascensão.
1ª GERAÇÃO ROMANTICA NO
BRASIL (1836 – 1852)
A primeira geração romântica no
Brasil é o período que corresponde
de 1836 a 1852, baseada no binômio
“Nacionalismo-indianismo”. Seu
marco inicial foi a publicação de
“Suspiros Poéticos e
Saudades” (1836) do escritor
Gonçalves de Magalhães (1811-
1882). No contexto histórico, a
recente Independência do Brasil,
absorvido pelo pensamento
nacionalista-ufanista do país, fez
com que os escritores deste período
buscassem temáticas que definissem
a identidade nacional. Por esse
motivo, o tema do índio é muito
explorado nessa fase, conhecido por
“Indianismo”.
CARACTERÍSTICAS
 Exaltação da natureza e da
liberdade;
 Religiosidade;
 Figura do índio ou indianismo;
 Sentimentalismo, emoções;
 Nacionalismo-ufanista;
 Brasileirismo (linguagem);
 Herança clássica;
 Influência direta da
Independência do Brasil (1822).
 Temas e formas artísticas
medieval;
 Expressividade do ritmo;
 Lírica naturista e saudosista.
PRINCIPAIS AUTORES
 Domingos José Gonçalves
Magalhães (1811 – 1882);
 Antônio Gonçalves Dias (1823 –
1864);
 José Martiniano de Alencar
(1829 – 1877);
 Joaquim José de Araújo Porto
Alegre (1806 – 1879);
OBRAS LITERÁRIAS
 Suspiros Poéticos e Saudades
(1836), de Gonçalves de
Magalhães;
 A moreninha (1844), de Joaquim
José de Araújo Porto Alegre;
 O Guarani (1857), de José de
Alencar;
 Canção do Exílio (1846), de
Gonçalves Dias.
2ª GERAÇÃO ROMANTICA NO
BRASIL (1853 – 1869)
A segunda geração do Romantismo
brasileiro é denominada
ultrarromântica ou byroniana.
Fortemente influenciada por autores
europeus como Goethe e Byron, os
escritores desse grupo produziram
obras com certo tom pessimista e
depressivo. O exagero sentimental, o
macabro e o delírio são marcas
presentes nos livros ultrarromânticos.
11
CARATERÍSTICAS
 Pessimismo;
 Egocentrismo;
 Saudosismo da infância;
 Desejo e medo de amar;
 Ultrarromantismo, ênfase
nos traços românticos, com
sentimentalismo ainda mais
exagerado;
 Byronismo, atitude
amplamente cultivada entre
os poetas da segunda
geração relacionada ao
poeta inglês Lord Byron;
 Realismo humorístico
acompanhado de humor
negro;
 Idealização da mulher por
meio de um acentuado
platonismo;
 Fuga, evasão da realidade
por meio da morte, do
sonho, da loucura, etc.
PRINCIPAIS AUTORES
 Álvares de Azevedo;
 Casimiro de Abreu;
 Fagundes Varela;
 Junqueira Freire.
OBRAS LITERÁRIAS
 Lira dos vinte anos (1853),
Álvares de Azevedo;
 Noite na taverna (1855),
Álvares de Azevedo;
 As primaveras (1859),
Casimiro de Abreu;
 Noturnas (1861), Fagundes
Varela.
3ª GERAÇÃO ROMANTICA NO
BRASIL (1870 – 1880)
A Terceira Geração Romântica no
Brasil é o período que corresponde
de 1870 a 1880. Conhecida como
"Geração Condoreira", uma vez que
esteve marcada pela liberdade e uma
visão mais ampla, características da
ave que habita a Cordilheira dos
Andes: Condor. Nesse período, a
literatura sofre forte influência do
escritor francês Victor-Marie Hugo
(1802-1885) recebendo o nome de
"Geração Hugoana".
Importante notar que nessa fase, a
busca pela identidade nacional ainda
continua, não só focada nas etnias
europeia e indígena, mas também na
identidade negra do país. Por esse
motivo, o tema do abolicionismo foi
bastante explorado pelos escritores,
com destaque para Castro Alves, que
ficou conhecido como o "poeta dos
escravos".
12
 CARACTERÍSTICAS O “poeta dos escravos” foi um
poeta sensível aos graves problemas
 Erotismo; sociais do seu tempo. Expressou sua
 Pecado; indignação contra as tiranias e
 Liberdade; denunciou a opressão do povo. A
 Abolicionismo . poesia abolicionista é sua melhor
 Realidade social; realização nessa linha, denunciando
 Negação do amor energicamente a crueldade da
platônico. escravidão e clamando pela
AUTORES DESSA GERAÇÃO liberdade. Seu poema abolicionista
 Antônio Frederico de Castro mais famoso é “O Navio Negreiro”.
Alves (1847-1871);
A linguagem usada por Castro
 Joaquim de Souza Andrade
Alves para defender seus ideais
(1833-1902);
liberais é grandiosa. Num estilo
 Tobias Barreto de Meneses vibrante, predominam antíteses,
(1839-1889); hipérboles e apóstrofes, empregadas
 Joaquim Aurélio Barreto quase sempre em função de
Nabuco de Araújo (1849- elementos da natureza que sugerem
1910); força e imensidão (montanha, mar,
 Sílvio Vasconcelos da céu, tempestades, cachoeiras, etc.).
Silveira Ramos Romero Esse estilo declamatório recebeu o
(1851-1914). nome de condoreirismo, palavra
A POESIA DE CASTRO derivada de condor, por conseguir
ALVES voar muito alto e, por isso, ter uma
visão mais ampla, os românticos
Castro Alves (1847-1871) foi um dos identificam-se com a liberdade do
últimos grandes poetas animal e inspiraram-se para dar voo
do
Romantismo no Brasil. Sua obra à imaginação em busca de
representa, na evolução da poesia liberdade, ou seja, representava a
romântica brasileira, um momento de visão dos poetas de si mesmo
maturidade e de enquanto possuidores de anseios
transição.
Maturidade, em relação a algumas elevados. Castro Alves é
atitudes ingênuas das gerações considerado a principal expressão
anteriores, como a condoreira da poesia brasileira.
idealização
amorosa e o nacionalismo ufanista, às OBRAS LITERÁRIAS
quais o poeta dava um tratamento  O navio negreiro (1869), Castro
mais crítico e realista.
Alves;
Transição, porque sua visão mais  O Guesa (1871), Sousândrade;
objetiva diante da realidade aponta  A escravidão (1868), 13 Tobias
para o movimento literário seguinte, o Barreto de Meneses.
Realismo, que já predominava na
 HHUGGGGG

REALISM
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14
 ESCOLA LITERÁRIA: REALISMO
REALISMO: REJEIÇÃO DOS
IDEAIS ROMANCISTAS
Saber o que se acontecia no
mundo na época é imprescindível
para a compreensão dos
movimentos literários,
principalmente do Realismo, que
teve o seu início na Europa no
século XIX. Nesse período, os
países europeus passavam pela
Segunda Revolução Industrial,
período de bastante
movimentação cultural, social e
política. A época também foi
marcada pelo pensamento
científico, tecnológica e filosófico,
que se traduzem nas escritas e
nas esculturas.
Vale ressaltar que a ciência
estava em auge no século XIX,
principalmente na Europa, com o
surgimento do telégrafo, da luz
elétrica, da locomotiva e do
telefone. Além disso, algumas
novidades, como a revolução de
Pasteur, a Teoria Evolucionista,
de Charles Darwin, e a Teoria
Positivista, de Auguste Comte,
também foram grandes marcos do
período. Tais ideias surgidas, no
entanto, propunham que os
fenômenos e os eventos sociais
fossem analisados de maneira
exata, levando sempre em
consideração a ciência.
REALISMO NA EUROPA
Na Europa, o Realismo foi
consolidado como um movimento
literário após a publicação, na França,
da obra Madame Bovary (1857), de
Gustave Flaubert. Tal livro causou
muita discórdia na época, uma vez
escancarava os costumes da
burguesia e as problemáticas sociais,
temas antes encobertos pelas
emoções e pelo lirismo presentes na
literatura até então. Além disso,
Flaubert também trouxe à tona o
casamento como instituição falida, o
jogo de sedução e o adultério,
massacrando o ideal do amor
romântico. Já em Portugal, o
movimento teve início em 1865, com
a Questão Coimbrã – entrave entre
literários da época que representou
uma nova forma de escrever,
trazendo à literatura aspectos da
renovação e de ideais que surgiram
em torno das questões científicas. A
briga se deu entre o romancista
Feliciano de Castilho e o realista
Antero de Quental. O primeiro criticou
fortemente a poesia do segundo,
dizendo que a nova geração carecia
de bom gosto e senso estético.
Em carta aberta, Antero de Quental
respondeu escrevendo sobre a
liberdade de expressão e os ideais do
novo movimento, o Realismo, dando-
se por vencido. A questão co-
15
OS PRINCIPAIS PONTOS DO
CONTEXTO HISTÓRICO DO
REALISMO NA EUROPA
 O Realismo reflete as profundas
transformações econômicas,
políticas, sociais e culturais da
segunda metade do século XIX;
 A Revolução Industrial, iniciada
no século XVIII, entra em uma
nova fase, caracterizada pela
utilização do aço, do petróleo e
da eletricidade;
 O avanço científico leva a novas
descobertas nos campos da
física e da química;
 O capitalismo se estrutura em
moldes modernos, com o
surgimento de grandes
complexos industriais;
 A massa operária urbana
avoluma-se, formando uma
população marginalizada que
não partilha dos benefício
gerados pelo processo industrial,
pelo contrário, é explorado e
sujeita às condições subumanas
de trabalho;
 Há grande disseminação das
ideias socialistas de Marx e
Engels, principalmente sobre a
luta de classes;
 O determinismo, o positivismo e
o evolucionismo ganham
destaque como correntes
materialistas e cientificistas;
 É divulgada a teoria da
psicanálise de Freud.
.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
DO REALISMO
 Oposição aos ideais românticos;
 Retrato fidedigno da realidade
 Busca do objetivismo;
 Cientificismo e materialismo;
 Veracidade e
contemporaneidade;
 Linguagem descritiva e
detalhada;
 Temas urbanos, sociais e
cotidianos;
 Crítica aos valores burgueses e
instituições sociais
 Denúncia social;
 Personagens comuns e não
idealizados;
 Aprofundamento psicológico das
personagens;
 Romances de caráter
REALISMO NO BRASIL
Enquanto o movimento realista na
Europa era baseado em ideais
trazidos pela Revolução Francesa e
pela Revolução Industrial, que já
estava na segunda fase, aqui no
Brasil o processo de
industrialização foi mais lento, já
que passávamos pelo entrave do
colonialismo e da mão-de-obra
escrava, que ainda se mantinham
na política do Segundo Reinado. Tal
período histórico, entretanto, foi
crucial para o surgimento dos
escritores realistas brasileiros, que
eram republicanos e defendiam
16 a
abolição da escravatura, tema
bastante presente em suas obras.
mo brasileiro recebiam influência  Organização metalinguística do
direta das escritas europeias e discurso narrativo;
mantinham as características em  Pessimismo e .niilismo temático;
seus escritos, tais como: a  Ironia e humor negro;
linguagem objetiva, a crítica social
 Realismo psicológico, o que
(principalmente as contradições e
permite classificar o autor como o
moralismos da burguesia), a ironia
como marca retórica e descrições criador do microrrealismo na
minuciosas psicológicas das literatura brasileira;
personagens.  Estilo enxuto;
 Crítica às instituições burguesas.
Os principais autores do Realismo
no Brasil são: Aluísio Azevedo – PRINCIPAIS OBRAS DE
maranhense e autor da obra O MACHADO
Cortiço (1890), Machado de Assis –
um dos maiores escritores da  Memórias Póstumas de Brás
literatura brasileiro e criador de Dom Cubas (1881);
Casmurro (1899), obra célebre e
ainda cobrada por diversos motivos  Quincas Borba (1891);
nos vestibulares e – autor da obra  Dom Casmurro (1899).
célebre O Ateneu (1888).
MACHADO DE ASSIS (1839-1908)
Conhecido como ‘bruxo do Cosme
velho”, Machado de Assis é
considerado o maior representante
do realismo no Brasil. De forma
sutil, mas não menos corrosiva,
Machado de Assis empreendia sua
crítica às atitudes, aos
comportamentos, aos costumes e
as estruturas sociais. Através da
sátira, da ironia e da
carnavalização, ele construía o seu
enredo e revelava sua concepção
do mundo.
CARACTERÍSTICAS DAS
OBRAS MACHADIANAS
 Ruptura com a linearidade da
narrativa por meio do uso de
17
digressões e da conversa com o
leitor;
 .

Naturalismo

18
 ESCOLA LITERÁRIA: NATURALISMO

NATURALISMO E NATURALISMO NA EUROPA

CIENTIFICISMO
Na França, Émile Zola foi o principal
O naturalismo foi uma corrente impulsionador da literatura
literária que prezava pela naturalista. Influenciado pelas teorias
representação objetiva da científicas da época, buscou
realidade, utilizando uma transferir o rigor das análises
abordagem biológica, científica científicas para as obras de ficção.
e patológica das personagens. Foi então que em 1867 publicou a
O naturalismo, tendência obra “O Romance Experimental”,
estética e literária em voga no que foi encarada como um grande
último quartel do século XIX, manifesto do movimento. Com a
surgiu na França e é entendido literatura, Zola deu o ponta pé inicial
por muitos críticos como uma para que mais escritores pudessem
corrente mais extremada do estudar e expor as facetas mais
movimento realista, sendo primárias e animalescas da
muitas vezes também chamado sociedade, a fim de provar teorias
de realismo-naturalismo. filosóficas e sociais da época. Em
1880, Zola revolucionou de novo o
Empenhados em escrever um
Naturalismo, com a publicação
retrato fidedigno da realidade,
“Nana”, que foi considerada uma das
ao contrário do universo
maiores obras do escritor e da
idealizado e subjetivo do
classe literária. A obra é marcada
romantismo, os naturalistas
por temas considerados imorais, que
desenvolveram um estilo
eram o erotismo e o discurso sobre
literário objetivo e, como
sexualidade.
postulou o próprio Zola,
anatômico: o “retorno à Mas foi em 1885 que Émile Zola
natureza” focalizava o lado mais lançou sua principal e mais
animalesco do homem, em trabalhosa obra. “Germinal” retratou
frequentes descrições a vida dos trabalhadores nas minas
patológicas – doenças, de extração de carvão e, para isso,
hereditariedade, influências do viveu com uma família de um dos
meio, em uma constante luta mineiros e passou por todos os
19
pela sobrevivência. problemas sociais na pele.
 Em Portugal, Zola foi quem abriu as
portas para que outros escritores
naturalistas começassem com a
surgir. Em Portugal, um dos pioneiros
da classe literária foi Eça de Queirós,
que destacou em suas obras
panoramas pertencentes ao
Naturalismo-Realismo.
Em 1875, Eça de Queirós lançou a
obra “O Crime do Padre Amaro”,
criado para ser uma ferramenta de
denúncia contra a hipocrisia do clero.
Já em 1878, para levantar a bandeira
de crítica à burguesia, expos em “O
Primo Basílio” os vícios e segredos
que cercavam a nobreza naquela
época, considerada uma classe pura,
como o adultério. Em Portugal, Zola
foi quem abriu as portas para que
outros escritores naturalistas
começassem com a surgir. Em
Portugal, um dos pioneiros da classe
literária foi Eça de Queirós, que
destacou em suas obras panoramas
pertencentes ao Naturalismo-
Realismo.
Em 1875, Eça de Queirós lançou a
obra “O Crime do Padre Amaro”,
criado para ser uma ferramenta de
denúncia contra a hipocrisia do clero.
Já em 1878, para levantar a bandeira
de crítica à burguesia, expos em “O
Primo Basílio” os vícios e segredos
que cercavam a nobreza naquela
época, considerada
. uma classe pura,
como o adultério.
NATURALISMO NO BRASIL
Naturalmente, a literatura
naturalista ganhou força entre os
escritores, principalmente em
território brasileiro, onde a
escravidão e desigualdade social
eram temas da realidade, mas pouco
explorados. Foi no final do século
XIX que o Naturalismo começou a
marcar sua presença na literatura
brasileira. Na época, grandes
mudanças e revoluções aconteciam
no Brasil, como a abolição da
escravatura e a Proclamação da
República. E foi influenciado por
essas lutas e por Émile Zola e Eça
de Queiroz, que o maior
representante dessa escola no país,
o maranhense Aluísio Azevedo, criou
o romance “O Mulato” (1881), marco
inicial do Naturalismo brasileiro, e a
conhecida obra “O Cortiço” (1890).
Assim como em outros países, as
obras de Aluísio e de outros
escritores naturalistas brasileiros não
se preocupava em levar
entretenimento aos leitores, como
acontecia com o Romantismo,
escola literária antecedente, mas sim
em narrar a triste realidade vivida no
país, como a discriminação racial e
social.
O que mais chama atenção nas
obras de Aluísio é que ele retrata
persona- 20
gens historicamente apagados da
sociedade e, como consequência do
ambiente vivido, compartilham das
mesmas fraquezas e vícios que a
nobreza.
Apesar da grande importância de
Aluísio para lançar o Naturalismo no
Brasil, outros escritores também se
destacaram na escola literária, como
é o caso de Adolfo Caminha,
Horácio de Carvalho, Inglês de
Souza, Raul Pompeia e Emília
Bandeira de Melo.
CARACTERÍSTICAS
GERAIS
 Radicalização do realismo;
 Oposição aos ideais românticos;
 Cientificismo e Determinismo;
 Positivismo e Darwinismo;
 Linguagem coloquial, clara e
objetiva;
 Descrições minuciosas;
 Visão mecanicista do homem;
 Romance experimental;
 Temas sociais, obscuros e
polêmicos;
 Personagens patológicas
(mórbidas, desequilibradas e
doentias);
 Foco na análise de
comportamentos humanos;
 Sensualismo e erotismo;
 Impessoalidade e engajamento;
 Explicação pelas forças da
natureza.
AUTORES BRASILEIROS
 Aluísio Azevedo (1857-1913)
 Adolfo Caminha (1867-1897)
 Raul Pompeia (1863-1895)
 Júlia Lopes de Almeida (1862-
1934)
 Júlio Ribeiro (1845-1890)
 Lourenço Ferreira Leal (1850-
1914)
OBRAS LITERÁRIAS
 O mulato (1881), de Aluísio
Azevedo;
 Casa de pensão (1884), de
Aluísio Azevedo;
 Um homem gasto (1885), de
Ferreira Leal;
 O Ateneu (1888), de Raul
Pompeia;
 A carne (1888), de Júlio
Ribeiro;
 O cortiço (1890), de Aluísio
Azevedo;
 Bom-crioulo (1895), de Adolfo
Caminha;
 A falência (1901), de Júlia
Lopes de Almeida.
21
PA
O

22
 ESCOLA LITERÁRIA: PARNASIANISMO
A POESIA PARNASIANA: O
RETORNO DO
PENSAMENTO CLÁSSICO
.
Parnasianismo foi um movimento
que se opunha aos ideais do
romantismo, estabelecendo
princípios estéticos como o rigor
formal e a recuperação de
temáticas clássicas.
O parnasianismo foi um
movimento literário que surgiu na
França no final do século XIX,
tendo como principal bandeira a
oposição ao realismo e ao
naturalismo, movimentos que
ocorriam nesse contexto. No
Brasil, esse movimento opunha-se
principalmente ao romantismo, já
que, apesar dos ideais românticos
terem dado lugar ao realismo e ao
naturalismo na prosa, ainda eram
fortes suas características na
poesia.
Assim, os poetas parnasianos
incorporaram em suas produções
poéticas traços que se opunham
diretamente à poesia romântica.
CONTEXTO HISTÓRICO
A segunda metade do século XIX foi
um período em que a literatura
europeia buscou novas formas de
expressão, as quais estavam em
sintonia com as mudanças que
ocorriam em diferentes esferas da
sociedade e em diferentes áreas do
conhecimento. Nesse contexto, por
exemplo, teses científicas e
sociológicas eram desenvolvidas e
difundidas, como o determinismo
social. O parnasianismo, então, surgiu
como um movimento concomitante ao
realismo e ao naturalismo, porém
tendo o gênero lírico como sua
principal manifestação. Parnasianismo
advém da palavra “Parnaso”, que,
segundo a mitologia grega, refere-se a
um lugar, um monte, consagrado a
Apolo e às musas, em que os poetas,
inspirados pela aura do lugar,
compunham.
Além dessa origem mítica, o
parnasianismo foi o nome designado
para intitular o movimento literário
surgido na França na segunda metade
do século XIX, também em razão de
uma antologia, publicada em três
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volumes, sendo o primeiro em 1866,
intitulada Parnasse contemporain
CARACTERÍSTICAS GERAIS
 Oposição ao romantismo;
 Objetivismo e racionalismo;
 Cientificismo e positivismo;
 Valorização da cultura clássica;
 Rigor . estético e culto à forma
poética;
 Linguagem clássica, refinada e
rebuscada;
 Descrição detalhada de cenas e
objetos;
 Poesia lógica e complexa
 Impessoalidade.
PARNASIANISMO EM
PORTUGAL
Em Portugal, o parnasianismo,
movimento introduzido pelo poeta
João Penha (1838-1919), coexistiu
com o movimento realista e com o
movimento simbolista, opondo-se,
principalmente, ao romantismo,
movimento anterior, no que dizia
respeito ao sentimentalismo e ao
egocentrismo tão típicos dos
escritores românticos. As poesias
dos principais poetas parnasianos
portugueses foram reunidas, por
Teófilo Braga, no livro Parnasso
português moderno, publicado em
1877.
PARNASIANISMO DO BRASIL
O parnasianismo brasileiro
começou a ser difundido no país a
partir de 1870, pois, no final dessa
década, criou-se uma polêmica no
jornal Diário do Rio de Janeiro, que
reuniu, de um lado, os adeptos do
romantismo e, de outro, os adeptos
do realismo e do parnasianismo.
Como resultado dessa querela
literária, desenvolvida em artigos,
conhecida como “Batalha do
Parnaso”, houve uma difusão das
ideias e das características do
parnasianismo nos meios artísticos
e intelectuais.
A TRÍADE PARNASIANA
 Alberto de Oliveira (1857-1937);
 Olavo Bilac (1865-1918);
 Raimundo Corrêa (1859-1911).
OBRAS PARNASIANAS
BRASILEIRAS
 Vaso grego, Alberto de
Oliveira;
 As pombas, Raimundo Corrêa;
 Via láctea, Olavo Bilac.
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Simbo
lismo

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 ESCOLA LITERÁRIA: SIMBOLISMO
O SIMBOLISMO E O
INCONSCIENTE
O Simbolismo foi um importante
movimento literário do final do
século XIX, marcado pelo
pessimismo e pela visão subjetiva
da realidade. Autores como
Baudelaire, Rimbaud, Camilo
Pessanha e Cruz e Souza são
alguns dos escritores que
produziram tal estética, com
visões de mundo bastante
pessimistas e uma linguagem
marcada pela imprecisão e
sugestão. A leitura de poemas e
prosas simbolistas permite-nos
conhecer quais eram os
sentimentos e perspectivas de
mundo de algumas sociedades
alguns anos antes da Primeira
Guerra Mundial.
Nas últimas três décadas do
século XIX, uma profunda crise
econômica assolou a Europa, e o
capitalismo liberal provou
constituir-se em cartéis e aliterações e riqueza no vocabulário.
monopólios, produzindo pobreza e
desigualdade social. O ideal
positivista e os progressos
científicos alcançados durante
todo o século não construíram
nações soberanas e dignas, mas
sim acabaram por culminar, no
século seguinte, na Primeira
Guerra Mundial.
Nesse ambiente de desilusão com
a realidade e, em alguma medida,
com a própria racionalidade,
floresceram as flores do mal de
Baudelaire e o movimento
simbolista.
SIMBOLISMO EM PORTUGAL
O simbolismo em Portugal
compreendeu o período entre 1890 e
1915, quando teve início o
modernismo. No país, esse
movimento surgiu em meio à crise da
monarquia e foi inaugurado em 1890
com a publicação da obra Oaristos, do
escritor Eugênio de Castro.
Oaristos é uma coletânea de poemas
que foi escrita após o regresso do seu
autor da França, onde teve contato
com poetas simbolistas, cujo
movimento já influenciava a literatura
portuguesa. A obra de Eugênio de
Castro é dividida em duas fases: a
simbolista e a neoclassicista. É o
autor de Oaristos, marcado pelo uso
de novas rimas, nova métrica,
Os temas são marcados pela paixão
fatal, pessimismo e necrofilia. A obra
de Eugênio de Castro é dividida em
duas fases: a simbolista e a
neoclassicista. É o autor de Oaristos,
marcado pelo uso de novas rimas,
nova métrica, aliterações e riqueza no
vocabulário. Os temas são 26marcados
pela paixão fatal, pessimismo e
necrofilia.
SIMBOLISMO NO BRASIL  Alphonsus de
Guimaraens(1870-1921)
O simbolismo no Brasil começou
em 1893 com a publicação das
obras de Cruz e Sousa: Missal OBRAS SIMBOLISTAS
(prosa) e Broquéis (poesia). Esse BRASILEIRAS
movimento permanece até o ano  Missal e Broquéis (1893), Cruz
de 1910, quando se inicia o Pré-
e Sousa;
Modernismo.
 Dona mística (1899),
O momento é de agitação política, Alphonsus de Guimaraens.
pois, com a Proclamação da
República em 1889, o país estava
passando por um momento de
transição. Há, assim, uma
transformação na cena política,
com a passagem do regime
monárquico para o regime
republicano. Com a instauração
da República da Espada em
1889, alguns conflitos
despontaram por conta da crise
política e de disputa de poder.
Houve, assim, a Revolução
Federalista (1893-1895), que
aconteceu nos estados do sul do
país, e a Revolta da Armada
(1891-1894), ocorrida no Rio de
Janeiro. Assim, em meio a esse
contexto de insegurança e
insatisfação, surge o movimento
simbolista.

POETAS SIMBOLISTAS BRASILEIROS

 CRUZ E SOUSA (1861-1898)

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.

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