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Segundo Reinado

O GOLPE DA MAIORIDADE (junho de 1840 - aprovada a proposta de


antecipação da maioridade pela Assembleia, por proposta dos liberais).

  I - Preliminares:

-      A abdicação de D. Pedro I, (7/4/31) e as determinações constitucionais


exigindo a maioridade (18 anos) para que o herdeiro ocupasse o trono ou
determinando a eleição de uma Regência para governar, interinamente, o Império

-      O fracasso do sistema regencial - fruto do “jogo” dos interesses entre os


segmentos das elites, resultante do caráter centralizador, traço determinante no
comportamento dos dirigentes

-      O antagonismo (aparente) entre os interesses dos dois grupos políticos que


passaram a influenciar nos destinos do país: liberais e conservadores - a
predominância (na parte final do Período Regencial) do grupo conservador

-      Alternativa liberal para chegar ao poder - propor a antecipação da


maioridade de D. Pedro de Alcântara, justificando o ambiente de desordem e falta
de liderança do 2º Regente Uno - Pedro de Araújo Lima; bem como o risco da
fragmentação territorial do Estado brasileiro

  II - Os Partidos - o Liberal (os Luzias) e o Conservador (os Saquaremas)

-      Oriundos, respectivamente, dos grupos progressista (Feijó) e regressista


(Araújo Lima) da época regencial

-      Após o Golpe e aclamação de D. Pedro II foi formado o Ministério - composto


pelos liberais (prêmio pelo Golpe) - denominado Ministério dos Irmãos (Andradas e
Cavalcantis)

-      O golpe abriu o ciclo da ideologia de tomada do poder através de medidas


discricionárias - prática típica da história política brasileira - caracterizada, na época,
pelas “eleições do cacete”

-      Segundo Oliveira Viana (escritor) - “Nada mais conservador que um liberal


no poder; nada mais liberal que um conservador na oposição” - este período
bem demonstra a identidade entre os dois partidos - ambos, na verdade,
representando interesses de segmentos da elite brasileira - o povo, como sempre, à
margem do processo

-      As fases do 2º Reinado: 1840/50 - consolidação; 1850/70 - apogeu; 1870/89


– Declínio
O 2º REINADO - 1ª fase (1840/50) - A
CONSOLIDAÇÃO DO PODER IMPERIAL
I - Primeiras Medidas Antiliberais

-      Com a consolidação do poder político da aristocracia rural, foi aprovada a Lei


Interpretativa (1840) do Ato Adicional (1834), que determinava a retomada da
centralização administrativa e a supressão da autonomia das Províncias

-      Em 1841 - Reforma do Código de Processo Criminal - reforçando uma rígida


hierarquia judicial - suprimindo a autonomia judiciária dos municípios - reforçando
a “ordem pública”

-      1841 - restauração do Conselho de Estado, órgão próximo ao Imperador,


garantidor da influência das elites junto ao poder central.

-      Houve reações às medidas antiliberais em Minas e São Paulo (1842) -


facilmente sufocadas pelo governo, sendo os rebeldes depois anistiados

II - O Parlamentarismo ao Estilo Brasileiro - Outra “Novidade” na Política


Brasileira:

_ 1847 - criação do cargo de Presidente do Conselho de Ministros - abrindo mais


espaço de influência das elites nas manobras do poder

_ A originalidade brasileira - o “1º Ministro” era nomeado pelo imperador e, em


lugar de estar vinculado à aprovação do Parlamento, estava subordinado ao Poder
Moderador (ao próprio Imperador) - era o “Parlamentarismo às avessas”

Outros Aspectos Importantes da Primeira Fase do 2º Reinado

1.   A Tarifa Alves Branco (1844)

-      Os tratados de 1810 com a Inglaterra, renovados em 1827 (mais 15 anos),


foram ampliados a interesses de outros países europeus e dos Estados Unidos

-      O desequilíbrio entre produção interna e mercado aberto aos produtos


estrangeiros agravava a economia imperial - não gerando condições para um
processo de industrialização interno (sem acumulação, não há industrialização).
-      Daí a tentativa de romper o livre-cambismo em troca de medidas
protecionistas - duplicando a taxa alfandegária (30% para importações sem
similares e 60% para produtos similares aos nacionais)

-      Efeitos da medida - pressões dos interesses externos (principalmente, ingleses)


e poucos resultados para o estímulo ao mercado interno (continuava a mão-de-
obra escrava a predominar)

2.   A Abolição do Tráfico Negreiro (1850)

-      Fortes pressões inglesas, sob a ideologia de respeito ao elemento africano, que


encobria interesses de abertura de mercados (lembrar a Rev. Industrial) através do
trabalho assalariado, além de manter a mão-de-obra africana na África para
benefício dos interesses neocolonialistas ingleses naquela região

-      Várias negociações (tratados e decretos) precederam o fim do tráfico, sempre


proteladas, pois a economia brasileira era, ainda, escravocrata predominantemente;
criando a expressão “para inglês ver”

-      A Inglaterra partiu para a repressão direta aos navios negreiros, mas o tráfico
continuava a crescer - gerando o Bill Aberdeen (8/8/1845) por deliberação do
parlamento inglês - os navios ingleses prenderiam os navios negreiros e os
traficantes seriam julgados na Inglaterra

-      1850 - a Inglaterra ameaçou gravemente o Brasil a cumprir os tratados já


firmados - daí a lei (4/9/1850) Eusébio de Queirós que extinguiu o tráfico africano
para o Brasil.  (Lembrar dos problemas no NE com o endividamento dos
fazendeiros junto aos traficantes)

-      Principais consequências da extinção do tráfico:

·       liberação de considerável soma de capital, antes aplicado na compra de


escravos, para aplicação nos setores comercial, financeiro e industrial

·       houve um “surto” de empreendimentos - Ex. estradas de ferro, telégrafo...

·       incentivou o processo de luta pela abolição completa da escravidão

·       iniciou o processo de abalo da antiga estrutura econômica exclusivamente


escravista - impondo a busca de novas alternativas no campo da mão-de-obra (a
imigração)
Questões:

a)      APONTE dois benefícios ligados à adoção das Tarifas Alves Branco.

b)      RELACIONE a aprovação da Bill Aberdeen ao aumento do desembarque de


escravos no litoral brasileiro.

c)       EXPLIQUE a Lei Eusébio de Queirós.

d)      IDENTIFIQUE uma consequência econômica do fim do tráfico de escravos.

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