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na Gestão do Conhecimento
RESUMO
A Sociedade do Conhecimento tem proporcionado inovações e avanços científicos e tecnológicos cada
vez mais acelerados, especializados e voláteis. Este contexto provoca a necessidade de investimento por
parte das nações na geração e disseminação de conhecimentos de forma a produzir valores e riquezas,
para acompanhar esta evolução. Para as instituições educacionais, este cenário exige também respostas
mais rápidas e dinâmicas na formação de indivíduos capazes de prover estes novos conhecimentos.
Assim, para atender a estas novas exigências, este artigo apresenta um modelo de organização
educacional baseado na integração entre dois modelos da gestão do conhecimento: o modelo SECI de
Nonaka e Takeuchi e o conceito de “ba” de Nonaka e Konno. Estes modelos propõem uma espiral
evolutiva do conhecimento que transcende o conhecimento individual e coletivo, gerando novos
conhecimentos. Para sua aplicação em instituições educacionais, entretanto, o modelo proposto é
apresentado através de uma abordagem educacional híbrida que contempla as características e
potencialidades da educação presencial e a distância, uma vez que o sucesso de sua implantação
dependerá de tempos e espaços físicos, virtuais, mentais e da combinação entre eles. O procedimento
metodológico adotado foi a pesquisa bibliográfica. Como resultados esperados deste modelo, espera-se
não apenas superar a aparente dicotomia entre educação presencial e a distância, mas ampliar e dinamizar
o processo de criação, compartilhamento e disseminação do conhecimento nas instituições de ensino.
1 Introdução
O surgimento da Era do Conhecimento estabeleceu uma nova dinâmica na forma
como os indivíduos e organizações adquirem, criam, compartilham e até mesmo
descartam o conhecimento. Antes relativamente estáveis, com uma evolução lenta e
gradual, as atividades de conhecimento passaram a ter uma evolução cada vez mais
rápida e sistêmica, exigindo desta forma, uma nova relação entre sociedade e
conhecimento (LENZI, 2014). Neste contexto, de acordo com Landes (2000), as nações
que conseguem criar um ambiente propício para a criação e a disseminação do
conhecimento, com a aplicação em seus processos produtivos, possuem condições de
gerar mais riquezas, melhorar a qualidade de vida e o bem-estar para seus cidadãos.
Contudo, atender aos novos padrões exigidos, não é uma tarefa tão simples para
as instituições de educação superior, muito em função dos elementos socioculturais
provenientes de modelos educacionais seculares. A modalidade tradicional de educação,
baseada no encontro presencial, por exemplo, permitia que as universidades definissem
currículos, tempos e espaços de ensino-aprendizagem, sem preocupação com as
necessidades individuais. Este modelo, entretanto, passou a ser superado em função da
dinamicidade exigida no processo de formação para atender a rápida evolução da
necessidade de ensino e aprendizagem atual.
AErro! Fonte de referência não encontrada. ilustra a mudança produzida na
formação dos indivíduos, que evoluiu de um processo único, onde a partir de um curso
se adquiria o conhecimento necessário para o exercício profissional ao longo da vida,
para um processo permanente de formação e aperfeiçoamento para acompanhar o
desenvolvimento do conhecimento.
2 Conhecimento
Para Rampazzo e Silveira (2005, p. 18), “segundo o grau de penetração do
conhecimento e consequente posse mais ou menos eficaz da realidade”, podem ser
quatro os níveis de conhecimento. Segundo o autor, os quatro níveis são:
Além disso, Moran (2002) esclarece que o conceito de presencial vai sendo
gradativamente modificado com a inserção de recursos tecnológicos, pois é possível,
por exemplo, a um professor em uma sala de aula tradicional, convidar um colega para
compartilhar seus conhecimentos com a turma por meio de uma mídia. Igualmente, a
EAD, que já não está mais tão influenciada apenas pelo desenvolvimento e qualidade
dos conteúdos, passou a se preocupar mais na criação de ambientes motivadores,
afetivos e coletivos (MORAN, 2007b). De acordo com Tori (2009, p. 122-123),
5 Considerações Finais
A dinâmica da sociedade do conhecimento lança as bases para uma forma
diferenciada de ensino-aprendizagem, uma vez que modifica como os indivíduos e as
instituições educacionais lidam com os processos de formação e com esta nova relação
com o conhecimento (LENZI, 2014). Assim, para que a formação dos indivíduos
consiga acompanhar as constantes mudanças pelas quais passa a sociedade do
conhecimento, é fundamental que o modelo educacional fomente um processo
continuado e evolutivo, sendo este o principal desafio enfrentado pelas instituições
educacionais, sobretudo por aquelas influenciadas por uma cultura secular de educação,
baseada na transmissão de conhecimentos.
Assim, a partir dos modelos da gestão do conhecimento (SECI e “ba”),
vislumbrou-se a possibilidade de propor um modelo híbrido de educação que objetiva
acompanhar a dinâmica dos processos de criação, compartilhamento e disseminação dos
conhecimentos tácitos e explícitos, como uma espiral evolutiva dentro das organizações
educacionais.
Este modelo, quando implantado, pode atender as necessidades das instituições
de ensino e dos indivíduos, na medida em que o saber coletivo e individual é
amplificado. O intuito é prover uma nova visão sobre a forma de organização do
modelo educacional, embasado na gestão do conhecimento, que traz as atividades
baseadas na criação de conhecimento como catalisadoras para a reflexão, inovação e
geração de riquezas e valores.
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