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Para tanto, foi realizando o mapeamento residencial de 110 “antigos” e “novos” salineiros,
em sua maioria, residentes na cidade de Macau, estando os demais no conjunto habitacional
localizado na ilha do Alagamar, fora dos limites urbanos pertencente à indústria salineira Salinor –
maior produtora de sal marinho do país, responsável por mais de 40% da produção nacional.
Além do mapeamento aplicou-se um questionário sócio-econômico para traçar o perfil desta
população. Por último, realizou-se um levantamento físico e fotográfico das unidades habitacionais
destes trabalhadores com o intuito de verificar as condições tipológicas de suas construções.
Por fim, coube aos salineiros aquilo que não serviu nem para a elite, tampouco para a
indústria: a periferia urbana. Esta periferia, formada pelos bairros Porto de São Pedro, Valadão e
Nossa Senhora dos Navegantes, representou, ao longo da história, o local de reprodução da força
de trabalho da indústria salineira e ao contrário do Centro, é caracterizada pela carência dos
diversos serviços e equipamentos urbanos.
Localização espacial
O mapeamento das habitações dos salineiros foi dividido em dois grupos: Grupo I: os
“antigos” ou ex-salineiros – trabalhadores das salinas tradicionais –, e o Grupo II: os “novos” ou
atuais salineiros – trabalhadores das salinas mecanizadas. De modo geral o mapeamento
residencial destes trabalhadores comprova o processo de ocupação da periferia urbana da cidade
de Macau (ver Figura 01).
Perfil sócio-econômico
Caracterização da habitação
Com relação aos equipamentos e serviços públicos a análise dos questionários mostra: a
presença de pavimentação das ruas (calçadas com paralelepípedo); realização da coleta pública
do lixo doméstico; abastecimento d’água, este é feito por meio de uma rede geral, assim como a
iluminação pública, atendendo toda a extensão do perímetro urbano.) Observou-se também a
existência de equipamentos educacionais e de saúde. As carências são verificadas na ausência
dos equipamentos públicos como: casas de cultura, biblioteca, centros comunitários, postos
policiais. A maior carência evidenciada, por se tratar de um elemento básico, é a falta de
saneamento que aliado a inexistência do Programa Federal de Saúde Familiar nesta área implica
no comprometimento da saúde pública, assim como ambiental já que ocorre a construção de
fossas negras, sendo a água servida despejada nas vias públicas e canalizadas por meio de valas
que desembocam no Rio Açu. (Ver Quadro 02)
A situação mais crítica se verifica nos 28% das habitações consideradas precárias
pertencentes aos ex-salineiros do Grupo I. Nestes casos, a construção apresentou sinais
contundentes de desgaste de sua estrutura física: o chão, geralmente, de terra batida apresentava
baixas e fissuras onde se acumulavam impurezas, além de não combater a umidade do solo. Nas
paredes corroídas, pode-se ver a alvenaria que sem proteção do reboco e da pintura, também se
deteriora. O velho telhado sustentado por carnaúbas evidencia falhas e imperfeições em sua
composição, necessitando de reparos o qual, por sorte, não enfrenta muitas chuvas durante o
ano.
O organograma é composto, inicialmente, por uma Área – local destinado a receber visitas
não íntimas ao núcleo familiar, assim como, visitas rápidas. Saindo deste cômodo, chega-se à
Sala – caracterizada por ser um local de convívio e lazer da família, onde esta pode receber seus
convidados. É neste local onde fica a televisão – aparelho responsável pela aglutinação,
geralmente à noite, da família para assistir às novelas. Deste cômodo tem-se acesso a um dos
dois quartos e ao corredor ao outro quarto restante e ao serviço. O primeiro quarto, com janela
para rua, é, predominantemente, ocupado pelo proprietário da casa. Enquanto que o segundo é
ocupado pelos filhos.
Com relação à volumetria, esta habitação é caracterizada por ser um volume retangular
com um comprimento, pelo menos, 3 vezes maior que sua largura, abrigado por uma cobertura
em duas águas, estando a cumeeira paralela a seu comprimento, encoberta por uma platibanda
ou às vezes, à mostra. A este volume, juntam-se, lateralemte, outros tantos que, horizontalmente
e sem espaços entre eles, vão formando a volumetria do quarteirão, espalhando-se por toda a
periferia da cidade.
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