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A Ciência da Lógica, Georg Wilhelm Friedrich Hegel

Introdução

Conceito Geral de Lógica

Na lógica, mais do que em qualquer outra ciência, sente-se a necessidade de começar com o
próprio objeto, sem reflexões preliminares Em qualquer outra ciência, o objeto da mesma e o
método científico se diferenciam um do outro; ao mesmo tempo que o conteúdo não
constitui um começo absoluto, mas sim depende de outros conceitos e mantém a conexão em
torno dele com outros assuntos. É por isso que a essas ciências são autorizados a falar tanto
sobre seu fundamento e de suas conexões como também do método apenas por lemas;
podem adotar diretamente as formas das definições pressupostas como conhecidas e aceitas,
e servir-se do modo comum de raciocinar para estabelecer seus conceitos gerais e suas
determinações fundamentais.

A lógica, por outro lado, não pode pressupor nenhuma dessas formas de reflexão, ou regras e
leis do pensamento, porque eles constituem uma parte de seu próprio conteúdo e têm que
ser primeiro baseados na própria lógica.

Mas não só a exposição do método científico pertence ao conteúdo da lógica, senão também
o conceito de ciência em geral, e este constitui o seu resultado final. Por isso ela não pode
dizer antecipadamente o que é; apenas sua exposição completa fornece esse conhecimento de
si mesma, como seu fim e conclusão. Da mesma forma, seu objeto, o pensamento, ou com
mais determinação, o pensamento que concebe, é tratado essencialmente como parte
intrínseca dela; o conceito desse pensamento é gerado no curso da lógica e não pode,
portanto, propor antecipadamente. Consequentemente, o que nesta introdução é expresso
preliminarmente não se destina a fundamentar o conceito de lógica ou a justificar
cientificamente de antemão o seu conteúdo e método, ao contrário quer, através de alguns
esclarecimentos e reflexões, entendidos no sentido de raciocínio e da exposição histórica,
aproximar para a nossa representação o ponto de vista a partir do qual esta ciência deve ser
considerada.

Ao aceitar que a lógica seja a ciência do pensamento em geral, entende-se com isto que
pensamento constitui a forma pura de um conhecimento, que a lógica abstrai de qualquer
conteúdo e que o chamado segundo elemento, que pertenceria a um conhecimento, quer
dizer, o assunto, deve ser oferecido trazendo-o de outro lugar. Desta forma, a lógica, como se
esta matéria fosse inteiramente independente dela, deveria apresentar somente as condições
formais do conhecimento verdadeiro, sem ela mesma conter a verdade real; nem poderia ser
o caminho para alcançar a verdade real, precisamente porque o elemento essencial da
verdade, este é o conteúdo, estaria fora dele.

Mas, antes de tudo, é inapropriado dizer que a lógica abstrai de qualquer conteúdo, que
ensina apenas as regras do pensamento, sem penetrar no que foi pensado, e sem poder
considerar sua natureza. Já que são o pensamento e as regras de pensar que deve constituir
seu objeto, nestes a lógica tem seu conteúdo característico imediato, e neles também têm
esse segundo elemento de conhecimento, a saber, um assunto, de cuja natureza deve se
preocupar.

Em segundo lugar, as representações, sobre as quais até agora em geral o conceito de lógica
repousava, foram parcialmente extintas; é hora delas desaparecerem completamente, e que o
ponto de vista desta ciência seja concebido de uma ordem superior, e adquira uma forma
totalmente modificada.

Até agora, o conceito de lógica baseava-se na separação dada uma vez para sempre na
consciência comum, do conteúdo do conhecimento e da forma deste, quer dizer, na
separação da verdade e da certeza. Pressupõe-se antes de tudo que o assunto do
conhecimento existe como um mundo acabado, em si e por si, fora do pensamento; e que
este por si é vazio e que se adiciona como uma forma extrínseca a esse assunto se preenche
dele e somente então adquire um conteúdo e assim se torna conhecimento real.

Então, estes dois elementos - porque de acordo com esta maneira de ver eles têm que se
apresentar na relação de elementos, e o conhecimento seria composto deles de uma forma
mecânica, ou no máximo química - estão colocados na seguinte ordem hierárquica: o objeto
é por si algo completo, acabado, e para a sua realidade, pode dispensar (não de todo) do
pensamento; este, ao contrário, é algo imperfeito, que precisa ser completado primeiro com
um assunto e se adequar a ele como uma forma mole, indeterminada. A verdade consiste na
concordância do pensamento com o objeto e, para produzir este acordo (pois não existe em si
e para si), o pensamento deve ser ajustado e acomodado ao objeto.

Terceiro, dada a diversidade entre matéria e forma, entre o objeto e o pensamento não é
deixado naquela indeterminação nebulosa, mas é concebido de uma maneira mais
determinada, devem ambos constituir esferas diferentes. Portanto, o pensamento quando
apreende e forma a matéria, não sai de si; seu ato de apreender [o assunto] e para se
conformar a ele é apenas uma modificação dele mesmo, sem que por isso ele se torne outro
diferente de si mesmo; e determinação autoconsciente pertence, no entanto, apenas a ele [ao
pensamento]. Então, mesmo em sua relação com o objeto, o pensamento não sai de si
mesmo para o objeto: este permanece, como uma coisa em si, absolutamente além do
pensamento.

Essas opiniões sobre a relação entre sujeito e objeto expressam as determinações que
constituem a natureza da nossa consciência comum, [isto é], da consciência fenomenológica.
Mas sendo transferido para a razão, como se a mesma relação existisse nela, e se essa relação
contivesse e em si e para si a verdade, esses preconceitos tornam-se os erros cuja refutação,
praticada por todas as partes do universo espiritual e natural, é a filosofia; ou melhor, os
erros que, ao obstruir o acesso à filosofia, eles devem ser abandonados na entrada da mesma.
A velha metafísica tinha, a esse respeito, um conceito mais elevado de pensamento do que
aquele que se tornou atual em nossos dias. Ela partiu da seguinte premissa: que o que
sabemos pelo pensamento sobre as coisas e sobre as coisas constitui o que elas têm de
verdadeiramente verdadeiro, de modo que eles não levaram as coisas em sua imediação, mas
apenas na forma de pensamento, como pensadas. Esta metafísica, portanto, estimou que o
pensamento e determinações dele não fosse algo estranho ao objeto, mas sim constituíam
sua essência, isto é, as coisas e o pensamento delas - da mesma maneira que a nosso idioma
expressa um parentesco entre os dois [termos] - eles coincidem em si e para si mesmos, [isto
é] que o pensamento em suas determinações imanentes e a verdadeira natureza das coisas
eles constituem um e o mesmo conteúdo.

Mas a compreensão reflexiva se apoderou da filosofia. É conveniente saber exatamente o que


significa esta expressão, que é comumente usada como uma palavra de sentido profundo. É
preciso entender geralmente como o entendimento que abstrai e, portanto, separa e insiste
em suas separações. Em contraste com a razão, ela se comporta como o intelecto humano
comum, e faz prevalecer seu modo de ver, segundo o qual a verdade seria baseada na
realidade sensível, às ideias não seriam mais do que ideias, no sentido de que apenas a
percepção sensível lhes daria seu conteúdo e sua realidade, e que a razão, permanecendo em
si e para si, cria apenas quimeras.

Foi essa renúncia da razão a si mesma, o conceito de verdade é perdido, e é restrito para
reconhecer apenas verdade subjetiva, aparência, isso é apenas algo que não corresponde à
natureza do objeto. Assim, o conhecimento volta a ser reduzido à opinião.

No entanto, essa direção tomada pelo conhecimento, que aparece como uma perda e um
recuo têm fundamentos profundos, sobre os quais repousa em geral a elevação da razão no
espírito superior da filosofia moderna. Quer dizer que a razão para esta representação, que se
generalizou, tem que ser buscada na observação da necessária contradição das
determinações do intelecto para si mesmas. A acima mencionada reflexão consiste no
seguinte: superar o concreto imediato, determiná-lo e dividi-lo.

Mas tal reflexão também deve superar suas determinações divisórias e, acima de tudo,
relacioná-los umas às outras. Mas, do ponto de vista de estabelecer essa relação, surge sua
contradição Esta relação da reflexão pertence em si à razão; elevar-se acima daquelas
determinações, até conseguir conhecer o contraste nelas contido, é o grande passo negativo
para o verdadeiro conceito de razão.

Mas esta investigação, se não for feita de forma terminada, cai no erro de apresentar as
coisas como se a razão estivesse em contradição consigo mesma; ele não percebe que a
contradição é precisamente a elevação da razão sobre as limitações do intelecto e da solução
deles. Em vez de dar o último passo daqui para o alto, o reconhecimento que as
determinações do intelecto não são satisfatórias voltou a se refugiar na existência sensível,
acreditando encontrar nela um objeto sólido e consistente. Como, por outro lado, este
conhecimento sabe que é apenas o conhecimento das aparências, admite sem dúvida seu
caráter insatisfatório, mas ao mesmo tempo pressupõe que, se não é possível saber
corretamente o coisas em si, pelo menos elas podem ser conhecidas na esfera dos
fenômenos, como se espécies de objetos fossem diferentes, e apenas uma espécie fará parte
do conhecimento, isto é, não as coisas em si, mas as outras espécies, a dos fenômenos. Como
se um homem fosse reconhecido a capacidade de ter um critério correto, mas com a adição
que é incapaz de entender tudo o que é verdade, mas apenas o que não é verdade. Se isso é
um absurdo igualmente absurdo é o conhecimento verdadeiro, que não conhece o objeto
como é em si mesmo.

A crítica das formas do intelecto teve o resultado mencionado, isto é, que as formas referidas
não têm aplicação para as coisas em si. Isso pode ter apenas um significado, que estas formas
em si não são verdadeiras. Mas assim que continuarem a ser considerada valiosa pela razão
subjetiva e pela experiência, a crítica não fez nenhuma modificação nelas mesma, e as
deixam válidas para o sujeito com a mesma configuração que costumava valer para o objeto
Mas, enquanto são insuficientes para a coisa em si, o intelecto a quem deveriam pertencer,
teria que considerá-las ainda menos satisfatórios e recusar acomodá-las. Se não podem ser
determinações da coisa em si, muito menos podem ser determinações do intelecto, o qual se
deve pelo menos reconhecer a dignidade de uma coisa em si. As determinações do finito e do
infinito estão no mesmo contraste, seja se apliquem ao tempo e ao espaço ou ao mundo, seja
considerá-las como determinações dentro do espírito, assim como o preto e branco dão um
cinza, quando unidos em uma parede e quando são misturados no palete. Sim, nossa
representação do mundo se dissolve quando as determinações do finito e do infinito, com
mais razão o próprio espírito que contém ambas é algo contraditório em si mesmo que se
dissolve em si. Não é a natureza da matéria ou do objeto a que se aplicam essas
determinações ou que nelas estão contidas, a que pode constituir uma diferença; em efeito, o
objeto contém em si a contradição apenas por meio dessas determinações e de acordo com
elas.

Assim, esta crítica afastou as formas do pensamento objetivo apenas do objeto, mas
deixando-as no sujeito como ela os encontrou. Ou seja, ele não considerou essas formas em
si e para si, de acordo com o seu conteúdo peculiar, ele as aceitou como um lema, direto da
lógica subjetiva; portanto, não se pode falar de uma dedução das formas em si mesmas, ou
uma dedução delas como formas lógicas subjetivas; muito menos se pode falar sobre sua
consideração dialética.

O idealismo transcendental, desenvolvido consequentemente, reconheceu a nulidade deste


espectro da coisa em si, que a filosofia crítica deixa subsistir; reconheceu a inconsistência de
esta sombra abstrata, separada de todo o conteúdo, e propôs a sua destruição completa. Esta
filosofia também começou permitindo que a razão expusesse suas determinações,
deduzindo-as de si mesma. Mas a posição subjetiva dessa tentativa não permitiu que ele
cumprisse seu propósito. Então esta posição, e com ela também todo o começo e elaboração
da ciência pura foram abandonados.

Mas como é normalmente entendida, a lógica é tratada sem qualquer atenção por seu
significado metafísico. Não há dúvida de que, nas condições em que ainda se encontra, não
tem ciência um conteúdo de tal espécie, que pode ser válido como uma realidade e como uma
coisa verdadeira na consciência comum, o que não significa que é uma ciência formal,
desprovida de verdade substancial. No entanto, o domínio da verdade não deve ser buscado
nesse assunto que falta na dita ciência, e em cujo defeito é geralmente atribuído o seu caráter
insatisfatório. A falta de conteúdo das formas lógicas é encontrada apenas na maneira de
considerá-las e tratá-las. Quando são considerados como determinações firmes e, portanto,
desligadas, em vez de reunidos em uma unidade orgânica, eles são formas mortas, onde o
espírito não mais reside, constitui sua unidade viva concreta. É por isso que carecem de
conteúdo sólido, isto é, de uma matéria, que seria em si um conteúdo válido. O conteúdo de
que carecem as formas lógicas, é apenas uma base firme e uma concretização dessas
determinações abstratas; e esta essência substancial é geralmente procurada no seu exterior.
Mas a mesma razão lógica é o substancial ou real, que contém todas as determinações
abstratas, e constitui sua unidade sólida, absolutamente concreta. Consequentemente, não
foi necessário olhar muito para o que é habitual chamar a matéria. Sim, a lógica parece
desprovida de conteúdo, não é culpa do seu objeto, mas apenas da maneira como esse objeto
é concebido.

Esta reflexão nos aproxima da exposição do ponto de vista do qual devemos considerar a
lógica, para mostrar até que ponto difere das formas de tratamento desta ciência até agora e
é o único ponto de vista verdadeiro a partir do qual a lógica deve ser considerada no futuro.

Na Fenomenologia do Espírito (Bamb. e Würzb., 1807), representei a consciência em seu


movimento progressista, desde sua primeira oposição imediata ao objeto, até o
conhecimento absoluto. Este caminho passa por todas as formas de relacionamentos de
consciência com o objeto, e tem como resultado o conceito de ciência. Este conceito, então,
não precisa aqui de alguma justificação (se dispensamos o fato que surge dentro da própria
lógica) porque ele já obteve na mesma Fenomenologia; nem é suscetível a qualquer
justificativa essa não é a sua produção através da consciência, cujas formas próprias são
resolvidas naquele conceito, como em sua verdade. No máximo, um raciocínio
fundamentado ou uma explicação do conceito de ciência pode alcançar esse conceito é
trazido diante da representação e que o conhecimento histórico é alcançado. Mas uma
definição de ciência, ou mais exatamente lógica, tem sua prova somente nessa necessidade
de seu nascimento A definição, com a qual qualquer ciência inicia seu começo absoluto, não
pode contém mais do que a expressão determinada e metódica do que é representado, então
acordado e notório, como objeto e propósito da própria ciência. Que apenas alguém
represente isto desta forma, é uma afirmação histórica pela qual se pode referir apenas a este
ou aquele fato reconhecido, ou expressá-lo com precisão apenas como um desejo de que este
ou aquele fato tenha valor de ser reconhecido. Mas acontece incessantemente que ora aqui
ora acolá se alegam casos e exemplos de acordo com os quais, nesta ou naquela expressão,
algo mais deve ser entendido e diferente e, portanto, incorporar em sua definição uma
determinação mais particular ou mais geral, e de acordo com eles, guiar a ciência. Cabe então
ao raciocínio o determinar quais devam ser incorporados ou excluídos; e com quais limites e
amplitude; mas para o raciocínio abre-se à mais variada e múltipla forma de discurso, para a
qual, definitivamente, apenas a arbitragem pode concluir por uma determinação firme. Com
este procedimento, começar uma ciência por sua definição, não é preciso expor a necessidade
de seu objeto, e, portanto, da própria ciência.

O conceito de ciência pura e sua dedução são pressupostos no presente tratado, porquanto a
Fenomenologia do espírito não é mais do que a dedução desse conceito. O saber absoluto é a
verdade de todas as formas de consciência, porque, como resultado daquele seu
desenvolvimento, somente no saber absoluto a separação entre o objeto e a certeza de si foi
completamente resolvida. e a verdade foi equacionada com essa certeza, pois era igualada à
verdade.
A ciência pura, portanto, pressupõe a libertação da oposição da consciência Ele contém
pensamento, na medida em que isso é também a coisa em si, ou contém a coisa em si, na
medida em que isso também é puro pensamento. Como ciência, a verdade é a consciência
pura de si que se desenvolve e tem a forma de si mesma, isto é, que existente em si e se é um
conceito consciente, mas que o conceito como tal é o que existe em si mesmo e para si

. Este pensamento objetivo constitui assim o conteúdo da ciência pura. Em consequência


está longe de ser formal e de estar desprovido do material necessário para o conhecimento
real e verdadeiro, que apenas o seu conteúdo é a verdade absoluta, ou, se alguém quiser
defender ainda da palavra matéria, é a verdadeira questão; mas um assunto cuja forma não é
algo exterior, porque essa matéria é um pensamento bastante puro e, portanto, a forma
absoluta. De acordo com essa lógica, tem que ser concebido como o sistema da razão pura,
como o reino do pensamento puro. Este reino é a verdade como é em si e em si mesmo, sem
embrulhar. É por isso que pode afirmar-se que dito conteúdo é a representação de Deus,
como é em seu ser eterno, antes da criação de natureza e espírito finito.

Anaxágoras é celebrado como o primeiro a afirmar que o Nus, o pensamento, é o princípio do


mundo e que a essência do mundo deve ser determinada como pensamento. Assim, ele
estabeleceu as bases de uma visão intelectual do universo, cuja forma pura deve ser a lógica.

Não é uma questão de pensar em algo, que existe por si só como base, fora do pensamento;
não se trata de formas, que apenas fornecem sinais simples de verdade; mas as formas
necessárias e determinações próprias do pensamento são a suprema verdade em si. Para que
isso seja entendido pelo menos na representação, devemos deixar de lado a opinião de que a
verdade deveria ser algo palpável. Essa palpabilidade é introduzida, por exemplo, mesmo nas
idéias platônicas, que são encontradas no pensamento de Deus, como se fossem coisas
existente, mas localizado em outro mundo ou região, fora do qual seria o mundo da
realidade, que teria uma substancialidade diferente daquela daquelas ideias, e somente para
isto diferença seria real. A ideia platônica não é senão a universal, ou, mais precisamente, o
conceito do objeto. A realidade de algo é apenas em seu conceito; na medida em que é
diferente do seu conceito, deixa de ser real e se torna nulo. Seu aspecto de palpabilidade e
seu ser sensível fora de si pertencem a esse lado negativo. Por outro lado, é possível referir-se
às representações típico da lógica usual; admite-se, de fato, que as definições, por exemplo,
não contêm determinações que são apresentadas apenas no assunto que reconhece, mas
contém as determinações de objeto, constitutivo de sua natureza mais própria e essencial.
Ou, ao começar de algum determinações dadas e outras deduzidas, admite-se que o que é
deduzido não é algo estranho e estranho ao objeto, mas sim pertence a ele por si mesmo, isto
é, a este pensamento corresponde ao ser. Em geral, a utilização das formas do conceito, do
julgamento, da dedução, da definição, de divisão, etc., baseia-se no fato de que elas não são
formas simples de pensamento autoconsciência, mas também formas de intelecto objetivo.
"Pensar" é uma expressão que se aplica com preferência à consciência a determinação
contida nela. Mas, quando é dito que eles existem no intelecto e razão do mundo objetivo,
que espírito e natureza têm leis universais, de acordo que suas vidas e modificações são
feitas, é aceito que as determinações do pensamento têm também valor objetivo e existência.
Na verdade, a filosofia crítica já transformou a metafísica em lógica, mas, como já foi
lembrado, que o idealismo posterior deu determinações lógicas, por medo do objeto, um
significado essencialmente subjetivo; por este meio, essas determinações foram, por sua vez,
afetadas pela objeto, que eles evitavam; e permaneceu neles como um além, uma coisa em si
é um obstáculo infinito. Mas a liberação da consciência com respeito à oposição, a liberação
que a ciência deveria ser capaz de pressupõe, eleva as determinações do pensamento acima
dessas visões temerosas e incompletos, e requer o seu exame, como eles são em si, sem tal
limitação e Veja, isto é, como o racional lógico e puro. Kant, por outro lado, aprecia a lógica,
isto é, o conjunto de determinações e princípios que, no sentido habitual, é chamado de
lógica, como feliz, por ter conseguido, antes das outras ciências, como um acabamento
precoce. Desde que a lógica de Aristóteles não recuou, Ele avançou um passo; o último
ocorreu porque, de acordo com todas as aparências, parece terminado e completo Mas se
desde Aristóteles na lógica não houve modificações - em efeito, as modificações, como se vê
se os compêndios modernos de lógica forem observados, consistem em muitas vezes apenas
em eliminações, isso leva à conclusão de que essa ciência precisa com maior razão, um
retrabalho total; como um trabalho do espírito continuou, durante 2000 anos, deve ter lhe
dado uma maior consciência de seu pensamento e sua essência pura em si mesma. A
comparação entre as maneiras pelas quais o espírito do mundo prático e religioso e o espírito
da ciência em qualquer tipo de consciência, real ou ideal, e a maneira pela qual a lógica é
encontrada, que é a consciência da essência pura da espírito, mostram diferenças muito
grandes para que não resulte em evidência imediata, mesmo para o observação mais
superficial, que esta última consciência não é de todo desproporcional disse elevações e
indigno deles. Na realidade, a necessidade de transformação da lógica. Por causa da forma e
conteúdo com que a lógica é apresentada em livros de ensino, pode-se dizer que caiu em
desdém. Um carrega com ele ainda, mais para a sensação de que você não pode fazer sem
uma lógica em geral e pelo habitual apego à tradição de sua importância, ainda persistente,
que por convicção de que sua tinha ordinário e seu trabalho com essas formas vazias tem
valor ou utilidade. As extensões que o agregado de material psicológico lhe proporcionou por
muito tempo, pedagógicas e até fisiológicas, eram quase universalmente reconhecidas como
deformações. Grande parte dessas observações, leis e regras psicológicas, pedagógicas e
fisiológicas por si só, sejam elas na lógica, ou em outro lugar, devem olhar muito insípido e
trivial. Além disso, regras como, por exemplo, aquela que afirma que o que é lido em os livros
ou você ouvir em voz alta devem ser meditados e submetidos à investigação; ou que, quando
não parece bom, você tem que usar óculos para ajudar os olhos - regras que expõem os livros
de ensino na chamada lógica aplicada, e que são divididos seriamente em parágrafos, como
se com eles verdade, eles devem parecer supérfluos para todos, com exceção do autor ou do
professor, que eles se encontram em dificuldade porque não sabem como estender o
conteúdo da lógica, que é de outra forma é tão curto e morto.

Com relação a este conteúdo, a razão pela qual é tão desprovida de espírito Suas
determinações são inamovíveis em sua solidez e só se relacionam umas com as outras em um
extrínseco Como, no julgamento e dedução, as operações são reduzidas principalmente no
lado quantitativo das determinações baseadas nele, tudo é baseado em um diferença externa,
numa comparação pura; e se torna um procedimento totalmente analítico e em um cálculo
carente de conceito. A derivação das chamadas regras e leis, especialmente aquelas de
silogização, não vale muito mais do que os testes feitos com varas de comprimento desigual,
a fim de classificá-los e juntá-los de acordo com seu tamanho ou que o jogo das crianças, em
que o recomposição de caixas previamente recortadas, reunindo os recortes
apropriadamente. É por isso e não sem razão que este modo de pensar foi igualado com
cálculo matemático, e este cálculo foi igualado a maneira similar de pensar. Na aritmética, os
números são considerados como falta de conceito, algo que, exceto a sua igualdade ou
desigualdade, isto é, exceto suas relações extrínsecas, não tem qualquer significado; isso é
que nem em si mesmo, nem em seus relacionamentos Isso constitui um pensamento.
Quando mecanicamente calcula-se que três quartos, multiplicados por dois terços, resultam
em um meio, esta operação contém tanto ou tão pouco pensamento como aquele de calcular
se um ou outro tipo de silogismo para vivificar através do espírito este esqueleto morto da
lógica até dar substância e conteúdo, é necessário que seu método seja tal, que somente por
meio dele a lógica seja capaz de constituir uma ciência pura. No estado em que se encontra a
lógica, mal se reconhecem nela traços do método científico. Aproximadamente possui a
forma de uma ciência experimental. Para o que devem ser as ciências experimentais, elas
encontraram da melhor maneira possível seu método particular, que consiste em definir e
classificar seu assunto. Também a matemática pura possui seu método adequado a seus
objetos abstratos, e à determinação quantitativa, que é a única na que ela os considera. Já no
prefácio da Fenomenologia do Espírito exprime o essencial sobre este método e em geral de
tudo subordinado ao elemento científico, que pode conter a matemática; mas o assunto será
examinado detidamente na lógica. Espinoza, Wolff e outros se deixaram fascinar pela ideia
de aplicar referido método à filosofia, e converter o processo extrínseco da quantidade
carente de conceito no processo do conceito; o que em si e para si é contradição. Até agora a
filosofia não encontrou ainda seu método; contemplava com inveja o edifício sistemático da
matemática cujos métodos tomava de empréstimo, como dissemos, ou utilizava os métodos
pertencentes às ciências, que são uma mistura de assuntos dados, proposições experimentais
e pensamentos; ou às vezes recorria também ao expediente de recusar com veemência todo
método. Entretanto, a expressão daquele que somente pode ser o verdadeiro método da
ciência filosófica, pertence ao tratado da lógica; efetivamente, o método é a consciência
relativa à forma do automovimento interior de seu conteúdo. Na Fenomenologia do Espírito
apresentei um exemplo deste método aplicado a um objeto mais concreto, isto é, à
consciência. Há aqui formas da consciência, cada uma das quais na sua realização, se
dissolve de uma vez a si mesma e tem por resultado sua própria negação, passando de tal
modo a uma forma superior. A única maneira de alcançar o progresso científico— e cuja
simplíssima inteligência merece nossa essencial preocupação- é o reconhecimento da
proposição lógica, que afirma o negativo é ao mesmo tempo positivo, o que o contraditório
não se resolve num zero, em um nada abstrato, senão somente essencialmente na negação de
seu conteúdo particular; quer dizer, que tal negação, não é qualquer negação, senão a
negação daquela coisa determinada, que se resolve, e por isso é uma negação determinada.
Consequentemente no resultado está contido essencialmente aquilo do qual é resultado; o
que é uma tautologia, porque de outro modo seria um imediato, não um resultado. Ao
mesmo tempo em que a resultante, isto é, a negação, é uma negação determinada, tem um
conteúdo. É um novo conceito, porém um conceito superior, mais rico do que o precedente;
porque se enriqueceu com a negação do referido conceito precedente ou seja com seu
contrário; consequentemente o contém, porém contém algo mais do que ele, e é a unidade de
si mesmo e de seu contrário. Por este procedimento se forma, em geral, o sistema dos
conceitos, e se completa por um curso incessante, puro, sem introduzir nada do exterior.
Como eu poderia supor que o método que sigo neste sistema da lógica —ou, melhor dizendo,
que este sistema segue em si — não seja suscetível de um maior aperfeiçoamento, de um
maior refinamento em seus pormenores? Porém ao mesmo tempo eu sei que este método é o
único verdadeiro. Isto é evidente por si mesmo, porque este método em nada é diferente de
seu objeto e conteúdo, pois é o conteúdo em si, a dialética que o conteúdo abriga em si, que o
empurra para frente. Está claro, que nenhuma exposição pode considerar científica, se não
seguir o curso deste método, e se não se adaptasse a seu ritmo simples, pois este é o curso da
coisa.
De acordo com este método, faço presente que as divisões e títulos dos livros, secções e
capítulos, que esta obra apresenta e as explicações que se referem a eles somente têm o
propósito de permitir uma visão prévia e que seu valor real é somente histórico. Não
pertencem ao conteúdo e corpo da ciência, são uma ordem da reflexão extrínseca, que já
percorreu todo o conjunto da elaboração, e que portanto conhece de antemão a sucessão de
seus momentos e os expõe, antes que se apresentem por meio da coisa. Nas demais ciências
igualmente ditas determinações e divisões prévias são em si nada mais que tais declarações
extrínsecas; porém tampouco dentro da ciência se elevam acima deste caráter. Na lógica, por
exemplo, se afirma: '`a lógica tem duas partes principais, a doutrina elementar e a
metodologia". Então, na doutrina elementar se encontra apenas o título. "Leis do
pensamento"; a seguir: Primeiro capítulo: "Dos conceitos". Então: Primeira seção: "Da
clareza dos conceitos", etc.

. Estas determinações e divisões, estabelecidas sem dedução nem justificativa alguma,


formam o núcleo sistemático e o nexo completo destas ciências. Uma lógica pelo estilo
considera seu dever o dizer quais os conceitos e as verdades têm de ser deduzidos dos
princípios; mas no que chama método, nem por interpretação pensa numa dedução. O
ordenamento consiste em algo assim como agrupar o análogo, antepor o mais simples ao
composto, e outras considerações extrínsecas. Porém, no tocante ao necessário nexo interior
se limita ao índice das determinações dos capítulos, e a passagem de um ponto ao outro se
efetua somente porque agora se afirma: Segundo capítulo; ou melhor: interessa-nos agora
tratar os juízos, e outras expressões similares

. Assim também os títulos e as divisões, que se apresentam neste sistema, não devem ter por
si mesmos mais significação que a de constituir um índice do conteúdo. Também a
necessidade de um nexo e a imanente geração das diferenças devem encontrar-se no
tratamento do argumento, pois tudo isto pertence à própria determinação progressista do
conceito.

Aquilo por meio do qual o conceito se empurra em frente por si mesmo, é o negativo, já
mencionado, que contém em si; este é o verdadeiro elemento dialético. A dialética, que foi
considerada como uma parte separada da lógica e que, a respeito de seu fim e de seu ponto
de vista, pode se afirmar foram desconhecida absolutamente, obtém deste modo uma
posição completamente diferente. Igualmente a dialética platônica, no próprio Parmênides e
também, se o desconsideramos, mais diretamente noutros lugares, tem somente, por um
lado, a intenção de resolver e refutar por si mesma as afirmações limitadas, porém, por
outro, obtém em geral, como resultado, o nada. Comumente se conceitua a dialética como
um procedimento extrínseco e negativo, que não pertence à própria coisa, que tem seu
fundamento na simples vaidade, como una mania subjetiva de fazer balançar e desagregar o
permanente e verdadeiro, ou pelo menos que conduz à vaidade do objeto tratado
dialeticamente.

Kant elevou muito mais a dialética —e isto constitui um de seus maiores méritos — ao
retirar-lhe toda a aparência de ato arbitrário, que tinha segundo a representação comum, e a
apresentou como uma operação necessária da razão. Quando se entendia a dialética somente
como uma arte de criar espelhismos e despertar ilusões, se havia suposto simplesmente que
ela desempenhava um jogo de cena falso e que toda sua força se fundamentava somente no
ocultamento da fraude; que seus resultados eram maliciosos e de aparência subjetiva.
Evidentemente as exposições dialéticas de Kant, nas antinomias da razão pura, não merecem
muitos elogios, quando se às examina cuidadosamente, como o faremos com mais amplitude
na sequência deste trabalho; mas a ideia geral, que ele pôs como fundamento e valorizou, é a
objetividade da aparência, e a necessidade da contradição, que pertence à natureza das
determinações do pensamento. Primeiramente isto acontece, é verdade, enquanto estas
determinações são aplicadas pela razão às coisas em si; porém justamente o que elas são na
razão e com respeito ao que existe em si, constitui sua natureza.

Este resultado, compreendido por seu lado positivo, é a negatividade interior daquelas
determinações, representa sua alma que se move por si mesma, e constitui em geral o
princípio de toda vitalidade natural e espiritual. Porém, ao deter-se somente no lado abstrato
e negativo do dialético, o resultado é simplesmente a afirmação conhecida de que a razão é
incapaz de reconhecer o infinito; estranho resultado, enquanto que, quando o infinito é o
racional, se diga que a razão é incapaz de conhecer o racional.

O especulativo está neste momento dialético, tal como se admite aqui, e na concepção, que
dele resulta, dos contrários em sua unidade, ou seja do positivo no negativo. É o aspecto mais
importante, e também o mais difícil para o pensamento mesmo não exercitado nem livre. Se
o pensamento está também ocupado em desprender-se das representações concretas,
sensíveis e do raciocínio, primeiramente deve exercitar-se no pensamento abstrato, em
assegurar os conceitos em seu caráter determinado, e em aprender a conhecer por meio
destes. Uma exposição da lógica realizada com este propósito teria de limitar-se, com relação
a seu método, às divisões já mencionadas, e ao que se refere às particularidades do conteúdo,
às determinações que dão nos conceitos particulares, sem entrar no terreno dialético. Por sua
forma exterior seria semelhante à exposição habitual que se faz desta ciência, porém se
diferencia pelo seu conteúdo, e seria mesmo sempre de utilidade para exercitar o
pensamento abstrato, se bem que não o pensamento especulativo. A lógica popularizada
pelos ingredientes psicológicos e antropológicos nunca poderia alcançar este fim. Daria ao
espírito a imagem de um conjunto ordenado metodicamente, mesmo não aparecendo nela a
alma do edifício, quer dizer, o método, que vive no terreno dialético.

Com relação à cultura e às relações do indivíduo com a lógica, observo finalmente que esta
ciência, como a gramática, se mostra de dois pontos de vista ou valores diferentes. É distinta
a lógica para quem dá os primeiros passos para ela e para as ciências em geral, e para quem
regressa a ela a partir das ciências. Quem começa a conhecer a gramática, encontra em suas
formas e leis, abstrações estéreis, regras acidentais e em geral uma quantidade de
determinações isoladas, cujo valor e importância aparentes somente estão no que encerra
seu sentido imediato; o conhecimento não reconhece nelas a princípio mais do que a elas
mesmas. Quem ao contrário domina um idioma, e ao mesmo tempo sabe compará-lo com
outros, pode aí chegar a sentir, na gramática de seu idioma, o espírito e a cultura de um
povo; as mesmas regras e formas adquirem agora um valor completo e vivo. Através da
gramática pode-se conhecer em geral a expressão do espírito, isto é, a lógica. Do mesmo
modo, quem dá os primeiros passos para a ciência, encontra na lógica, a princípio, um
sistema isolado de abstrações, que, limitado a si mesmo, não passa aos demais
conhecimentos e ciências. Ao contrário, mantida contra a riqueza da representação do
universo, contra o conteúdo aparentemente real das demais ciências, e face às promessas da
ciência absoluta, de descobrir a essência desta riqueza, ou seja a natureza íntima do espírito e
do mundo, isto é, a verdade, a lógica em sua forma abstrata, na incolor e fria simplicidade de
suas determinações puras, tem antes a aparência de manter qualquer outra coisa antes que
esta promessa, permaneça sem conteúdo face àquela riqueza. O primeiro conhecimento que
se adquire da lógica limita sua importância a ela mesma; seu conteúdo tem valor somente
como possibilidade de uma investigação isolada sobre as determinações do pensamento, face
à qual as outras investigações científicas são por si mesmas uma matéria e conteúdo
próprios, sobre quem o elemento lógico talvez tenha uma influência formal, uma influência
tal que precisamente atua melhor por si mesma, e pela qual a forma científica e seu estudo
podem também, em caso de necessidade, ser omitidos. As demais ciências rejeitaram em seu
conjunto, o método formal que as levava a consistir em uma sucessão de definições, axiomas,
teoremas e suas demonstrações, etc.; a chamada lógica natural, em troca, se faz valer por si
só nelas, e não utiliza nenhum conhecimento particular dirigido para o próprio pensamento.
Porém a matéria e o conteúdo destas ciências se mantêm por si mesmos totalmente
independentes do elemento lógico, e se interessam mais ainda pelo sentido, o sentimento, e a
representação e o interesse prático de qualquer espécie.

Deste modo, pois, a lógica deve se estudar num primeiro momento como algo que se
compreende e se penetra, sem dúvida, porém cuja extensão, profundidade e maior
importância posterior não se sabe medir no começo. Somente a partir do conhecimento mais
profundo das outras ciências, o elemento lógico se eleva para o espírito subjetivo, não
somente como o universal abstrato, mas como o universal que compreende em si a riqueza
dos particulares; tal como ocorre com uma mesma sentença moral, que na boca de um
rapazinho, ainda que a compreenda perfeitamente, não tem o significado e alcance que
costuma ter no espírito de um homem maduro na vida, para quem expressa toda a força da
substancia que contem. Do mesmo modo o aspecto lógico alcança a apreciação de seu valor
somente quando é o resultado da experiência das ciências; se apresenta então ao espírito
como a verdade universal, não como um conhecimento particular ao lado de outras matérias
e realidades, mas como a essência de todos estes outros conteúdos. Mesmo no começo do
estudo o elemento lógico não se apresenta ao espírito com tal força consciente, contudo o
espírito não recebe por isso em menor grau em si mesmo a força procedente dele, que o guia
em cada verdade. O sistema da lógica é o reino das sombras, o mundo das simples essências,
libertas de todas as concretizações sensíveis. O estudo desta ciência, a permanência e o
trabalho neste reino das sombras é a educação e disciplina absolutas da consciência. Ele
introduz na consciência uma preocupação alheia relativa às intuições e os fins sensíveis, aos
sentimentos, a inundação da representação objeto de puras opiniões.

Examinada pelo seu lado negativo, esta preocupação consiste em manter afastado do
pensamento raciocinante e do arbítrio do acidental que consiste em deixar penetrar e valer
estas ou aquelas razões opostas.

Porém, desta maneira o pensamento ganha principalmente em auto subsistência e


independência. Familiariza-se com o abstrato e ao avançar por meio de conceitos, sem
substrato sensível, se converte na potência inconsciente de receber a multiplicidade restante
dos conhecimentos e as ciências em forma racional, de compreendê-los e retê-los em sua
parte essencial, de despoja-los do extrínseco e desta maneira extrair deles o elemento lógico,
ou, o que é o mesmo, de encher com o conteúdo de toda verdade os fundamentos abstratos
do lógico, que havia adquirido anteriormente por meio do estudo, e dá-lhe o valor de um
universal, que já não se acha como um particular ao lado de outro particular, mas que se
estende sobre todos estes particulares e é sua essência, isto é, o verdadeiro absoluto.

Divisão Geral da Lógica

O que foi dito sobre o conceito desta ciência e a direção em que é necessário procurar sua
justificação, implica que a divisão geral é aqui apenas provisória e só pode ser dada porque o
autor já conhece a ciência e, portanto, está em posição de expor com antecipação, do ponto
de vista histórico, para quais as principais diferenças se determinará o conceito em seu
desenvolvimento.

No entanto, pode-se tentar tornar inteligível em geral, anteriormente, o que é necessário


para uma divisão, mesmo que para isso seja necessário recorrer a um procedimento
metódico, cujo entendimento completo e justificação só podem ser alcançados na própria
ciência. Primeiro de tudo, então, é preciso lembrar-se que aqui é assumido que a divisão deve
estar ligada ao conceito, ou melhor, deve estar localizado nele. O conceito não é
indeterminado, mas determinado em si mesmo; mas a divisão expressa de maneira
desenvolvida essa sua determinação. Ela é seu juízo, mas não um juízo sobre qualquer
objeto, tomado de fora, mas o ato de julgar, isto é, de determinar o conceito em si mesmo.

O caráter do retângulo, acutângulo, etc., bem como o do equilátero, etc., que são as
determinações de acordo com as quais os triângulos são divididos, não estão na
determinação do triângulo em si, ou seja, eles não estão no que é geralmente chamado de
conceito do triângulo; assim como não eles estão incluídos no conceito de animal em geral ou
no de mamífero, pássaro, etc., aquelas determinações de acordo com as quais o gênero
animal é dividido em espécies de mamíferos, aves, etc. e aquelas pelas quais essas classes,
por sua vez, são divididas em espécies sucessivas. Tais determinações foram tiradas de outra
parte, isto é, da intuição empírica; eles são adicionados exterior a esses chamados conceitos.
No modo filosófico de tratar a divisão, por outro lado, o conceito em si deve ser mostrado
como a origem de suas determinações.

Mas o próprio conceito de lógica foi presumido na introdução como resultado de uma ciência
que está além e, por essa razão, também é apresentada aqui como uma pressuposição. Em
consequência lógica foi determinada como a ciência do pensamento puro, cujo princípio está
no conhecimento puro, isto é, na unidade não abstrata, mas concreta e vital, na medida em
que sabe superar a oposição, própria da consciência, entre um ser subjetivo, que existe para
si, e um segundo sendo semelhante, mas objetivo; Além disso, é ser conhecido como um
conceito puro em si mesmo, e o conceito puro como o verdadeiro ser. Consequentemente,
estes são os dois momentos contidos no elemento lógico. Mas agora eles também são
conhecidos como inseparáveis ​e não como se cada um também existisse por si só, como
acontece na consciência; no entanto, porque um que são conhecidos ao mesmo tempo como
diferentes (mas não existentes por si a unidade não é abstrata, morta, imóvel, mas concreta.

Ao mesmo tempo, a referida unidade converte o princípio lógico em um elemento, de modo


que o desenvolvimento dessa diferença, que é igualmente nela, só é percebido dentro deste
elemento. Como, como já foi dito, divisão é o juízo do conceito, isto é, a afirmação da
determinação que é imanente e, portanto, da sua diferença, esse ato de afirmam ser
concebida como uma nova dissolução dessa unidade concreta em suas determinações, como
se devessem valer em sua existência por si mesmos; porque isso não seria mais que um
retorno inútil ao ponto de vista anterior, isto é, ao antagonismo próprio da consciência, que
antes desapareceu. Essa unidade permanece como o elemento e não deixa mais diferenciação
da divisão e em geral do desenvolvimento. Então as determinações, que existiam
anteriormente por si (no caminho para a verdade) como o subjetivo e o objetivo, ou como
pensamento e ser, ou conceito e realidade - de acordo com a consideração com o que poderia
ser determinado - estão agora em sua verdade, isto é, em sua unidade, degradada à situação
das formas. Portanto, apesar de sua diferença, eles permanecem em si mesmos mesmo o
conceito total, que é colocado na divisão apenas sob suas próprias determinações. Tal é o
conceito total, que uma vez tem que ser considerado como um conceito existente, e outro
como um conceito; no primeiro caso, é apenas um conceito em si, um conceito de realidade
ou de ser; em o segundo é um conceito como tal, um conceito que existe por si só (como
existe em geral, para formas concretas, no homem que pensa; e, em geral, também no animal
sensível e na individualidade orgânica, embora, sem dúvida, não como um conceito
consciente e menos ainda como conceito conhecido; mas apenas na natureza inorgânica é o
próprio conceito). Consequentemente, a lógica seria dividida primeiro em lógica do conceito
como sendo e do conceito como um conceito, ou - para usar as expressões usuais, embora
sejam as mais indeterminadas, e aqueles que, portanto, se prestam a múltiplas
interpretações - na lógica objetiva e subjetiva.

No entanto, devido à existência do elemento fundamental constituído pela unidade do


conceito em si, e a consequente inseparabilidade de suas determinações, eles são diferentes,
ou seja, assim que o conceito é baseado em sua diferença, eles também devem ser assim
menos em relação um ao outro. É, portanto, uma esfera de mediação, o conceito como um
sistema de as determinações da reflexão, isto é, do ser que se torna o ser dentro de si do
conceito, e que desta forma ainda não é afirmado como tal, mas que é ao mesmo tempo
ligado ao ser imediato, como com algo que também é extrínseco. Esta é a doutrina da
essência, que está no ponto médio entre a doutrina de ser e do conceito. Na divisão geral
deste trabalho de lógica, esta doutrina foi colocada ainda sob a rubrica da lógica objetiva,
porque, embora a essência já represente o interior, o caráter do sujeito deve ser
expressamente reservado ao conceito.

Nos últimos tempos, Kant se opôs habitualmente à chamada lógica, outra, isto é, uma lógica
transcendental. O que tem sido chamado de lógico aqui objetivo, corresponderia em parte ao
que a lógica transcendental está nele. Kant a distingue do que ele chama de lógica geral
atribuindo-lhe a função: a) considerar os conceitos que se referem a priori aos objetos e,
portanto, não desconsiderar todo o conteúdo do conhecimento objetivo, isto é, conter as
regras do pensamento puro de um objeto; b) para mesmo tempo para voltar à origem do
nosso conhecimento, na medida em que não ser atribuído a objetos. O interesse filosófico de
Kant é orientado exclusivamente para este segundo lado Seu pensamento fundamental é
reivindicar as categorias para o autoconsciência, entendida como o eu subjetivo. Através
dessa determinação, sua concepção permanece dentro da consciência e da sua oposição, e,
além do empírico sentimento e intuição, deixe alguma outra coisa sobreviver, que não é
fundada e determinada pela pensar em autoconsciência, mas é uma coisa em si, algo
estranho e extrínseco ao pensamento. No entanto, é fácil observar que tal abstração, que é a
própria coisa, não é ela mesma mais do que um produto do pensamento, e precisamente
apenas do pensamento que abstrai. Quando outros kantianos, referindo-se à determinação
do objeto através do self, declararam que o atividade objetivadora do self deve ser
considerada como uma atividade original e necessário da consciência, de modo que nesta
atividade original ainda não há representação do eu (o que seria apenas uma consciência
dessa consciência ou objetificação dessa mesma consciência), então esta atividade
objetivadora, liberada da oposição da consciência, representa mais precisamente o que pode
ser considerado no pensamento geral como tal.

Mas tal atividade não deveria ser chamada mais consciência; a consciência contém em si a
oposição entre o eu e seu objeto, que não é encontrado naquela atividade original. A
denominação "consciência" dá a essa atividade a aparência de subjetividade ainda mais do
que a expressão "pensamento", que aqui, no entanto, tem que ser entendido essencialmente
no sentido absoluto do pensamento infinito, não afetado pela limitação da consciência, isto é,
no sentido do pensamento como tal.

Como o interesse da filosofia kantiana foi orientado para o chamado transcendentalismo


determinações do pensamento, a elaboração delas era estéril em si mesma; não foi objeto de
consideração, nem o que eles são em si, sem a relação abstrata com o eu igual para tudo, nem
a determinação de um contra o outro e as relações entre eles; portanto, o reconhecimento de
sua natureza não foi estimulado, no mínimo, por essa filosofia. Respeito para isso, o único
elemento interessante apresentado na crítica das ideias. No entanto, para o Era necessário
para o progresso da filosofia que o interesse do pensamento fosse orientado para a
consideração do lado formal, que é do eu, da consciência como tal, isto é, para o
consideração da relação abstrata entre um conhecimento subjetivo e um objeto; foi
necessário que assim, o conhecimento da forma infinita, isto é, do conceito, foi introduzido.
Mas, para poder alcançar esse conhecimento, tivemos que abandonar essa determinação
finita, na qual a forma é como eu, como consciência. A forma, assim apresentada em
pensamento em toda a sua pureza, contém em si sua capacidade de se determinar, isto é, de
se dar um conteúdo, e para dar a ele em sua necessidade, como um sistema de determinações
do pensamento.

Assim, a lógica objetiva toma o lugar da velha metafísica, na medida em que representava o
edifício científico sobre o universo, que deveria ser construído apenas através dos
pensamentos. Se levarmos em consideração a última forma atingida por esta ciência em sua
refinamento, primeiro veremos que a lógica objetiva substitui diretamente a ontologia. Esta
fazia parte dessa metafísica que era investigar a natureza da entidade em geral; e a entidade
entende tanto o ser quanto a essência, para qual diferença nossa língua [alemã] preservou
felizmente as diferentes expressões (Sein e Wesen).

Mas em segundo lugar, a lógica objetiva também inclui o resto da metafísica, enquanto
tentava entender, junto com as formas puras de pensamento, os substratos particular,
tomado, no início, da representação; isto é, a alma, o universo, Deus; e as determinações do
pensamento constituíam o essencial do modo de considerar as coisas. Mas a lógica considera
estas formas livres desses substratos, isto é, os sujeitos da representação, e considera a sua
natureza e valor em si e para si. Isso foi omitido pela antiga metafísica e a merecida
reprovação foi, portanto, atraída. de ter usado essas formas sem críticas, sem investigar
anteriormente, se fossem capazes de constituem as determinações da coisa em si (de acordo
com a expressão kantiana), ou melhor, do que racional, ou como eles tinham tal capacidade.
Portanto, a lógica objetiva é a verdadeira crítica dessas formas, crítica que o considera de
acordo com as formas abstratas do a priori em oposição ao a posteriori, mas que o considera
em si, em seu conteúdo particular. A lógica subjetiva é a lógica do conceito, isto é, da
essência, que foi liberada de sua relação com um ser ou de sua aparência, e que em suas
determinações não é mais exterior, mas sim é subjetivo, livre e independente, que se
determina, ou melhor, é o próprio sujeito. Como o subjetivo traz consigo a interpretação
equivocada de ser acidental e arbitrário, bem como, em geral, de serem as determinações que
pertencem à forma de consciência, não é importante dar especial importância aqui à
diferença entre o subjetivo e o objetivo, que será desenvolvido mais tarde mais de perto, na
própria lógica.

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