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NFPSS | RETA FINAL – TJDFT


Ciclos Método

SUMÁRIO

DIREITO PENAL ................................................................................................................................................02


DIREITO CIVIL.................................................................................................................................................126

NFPSS – RETA FINAL – TJDFT – PARTE 2

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DIREITO PENAL1

CONCEITO DE DIREITO PENAL

CONCEITO DE DIREITO PENAL


Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos
ASPECTO
humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes
FORMAL/ESTÁTICO
aplicadas.
O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis
ASPECTO
ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria
MATERIAL
conservação e progresso da sociedade.
O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a
necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.
Aprofundando o enfoque sociológico
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a
estabelecer diretrizes.
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar
sanções (civis ou penais).
ASPECTO
#ATENÇÃO: Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o
SOCIOLÓGICO/
Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do
DINÂMICO
controle social.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal.
#IMPORTANTE: O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de
consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL).
- O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando
quando os outros ramos do direito falham.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes,
EXCLUSIVA indispensáveis ao convívio da sociedade. Decorrência do princípio da ofensividade.
PROTEÇÃO DOS
BENS JURÍDICOS
PRINCÍPIO DA O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que
INTERVENÇÃO sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter
MÍNIMA

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Por Carolina Byrro.

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subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao


bem jurídico tutelado (caráter fragmentário).
a) Princípio da fragmentariedade (ou caráter fragmentário do Direito Penal):
estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que
atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser
humano e da sociedade. Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a
última etapa de proteção do bem jurídico.
Deve ser utilizado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais
somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção
de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa.
#O que é FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS?
Situações em que um comportamento inicialmente típico deixa de interessar ao
Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito.
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico da
fragmentariedade.
b) Princípio da subsidiariedade: a atuação do Direito Penal é cabível unicamente
quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social
tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Assim, o Direito
Penal funciona como um executor de reserva (ultima ratio), entrando em cena
somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos
invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem
jurídico tutelado.
Projeta-se no plano concreto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente
se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido empregados, sem
sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação, portanto, com a tarefa de
aplicação da lei penal.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO

Art. 5º, II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;”
Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;”
Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
PRINCÍPIO DA a) não há crime ou pena sem lei (MP não pode criar crime, nem cominar pena)
LEGALIDADE b) não há crime ou pena sem lei anterior (princípio da anterioridade)
c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador)
d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para
criar tipo incriminador - analogia in malam partem).
e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da
determinação; Proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados)
f) não há crime ou pena sem lei necessária (desdobramento lógico do princípio
da intervenção mínima)
PRINCÍPIO DA O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos.
EXTERIORIZAÇÃO OU ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo
MATERIALIZAÇÃO baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
DO FATO Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue Direito Penal do Fato.

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Resquícios de direito penal do autor no direito brasileiro: Até 2009, mendicância


era crime. Vadiagem é contravenção penal.
ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao
direito penal do fato: fixação da pena, regime de cumprimento da pena e
espécies de sanção.
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado.
Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, relevante
e de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal.
Princípio da -CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio.
OFENSIVIDADE/ -CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao
LESIVIDADE volante; porte de arma.
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado
indicando pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado
dispensando vítima determinada.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE

Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal


coletiva.
DESDOBRAMENTOS:
PRINCÍPIO DA a) Obrigatoriedade da individualização da acusação (é proibida a denúncia
RESPONSABILIDADE genérica, vaga ou evasiva). O Promotor de Justiça deve individualizar os
PESSOAL comportamentos. OBS: Nos crimes societários, os Tribunais Superiores
flexibilizam essa obrigatoriedade.
b) Obrigatoriedade da individualização da pena (é mandamento constitucional,
evitando responsabilidade coletiva).
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua
responsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa).
Está proibida a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo ou culpa.
Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA
(autorizadas por lei):
PRINCÍPIO DA
1- Embriaguez voluntária
RESPONSABILIDADE
Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita
SUBJETIVA:
da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente.
2- Rixa Qualificada
Crítica: só responde pelo resultado agravador quem atuou frente a ele com dolo
ou culpa, evitando-se responsabilidade penal objetiva.
3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais
Postulado limitador do direito de punir.
PRINCÍPIO DA Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente
CULPABILIDADE capaz, com potencial consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o
caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível conduta diversa.
PRINCÍPIO DA A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma
ISONOMIA igual o que é igual, e desigualmente o que é desigual.
Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada
PRINCÍPIO DA
de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for
PRESUNÇÃO DE
legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito,
INOCÊNCIA
em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:”

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Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;”

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (DA BAGATELA OU INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA)

Este princípio preconiza a análise da ocorrência de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo
tipo penal. Expoente: Claus Roxin, em 1964.

Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da tipicidade material. É um requisito negativo da tipicidade
(STF, HC 137217). É um juízo negativo da tipicidade conglobante, pois ultrapassa o juízo subsuntivo formal e
adentra na seara da análise do desvalor da conduta e do resultado em sentido amplo (STJ, RHC 59568).

#SELIGA: É instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.

REQUISITOS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


OBJETIVOS SUBJETIVOS
STF: MARI STJ: E3C
Mínima ofensividade da conduta Extensão do dano
Ausência de periculosidade social da ação Circunstâncias e resultado do crime
Reduzido grau de reprovabilidade do Condições pessoais da vítima;
comportamento Condições pessoais do agente
Inexpressividade da lesão jurídica
EXEMPLOS:
Extensão do dano: bem de pequeno valor, mas de grande valor sentimental.
Circunstâncias e resultado do crime: número de pessoas atingidas.
Condições pessoais da vítima: situação financeira por exemplo
Condições pessoais do agente: furto praticado por policial militar. O desvalor da ação é maior do que de
um cidadão comum

DISTINÇÃO
BAGATELA PRÓPRIA BAGATELA IMPRÓPRIA
Ocorre a bagatela própria quando uma conduta é Ocorre nas situações em que uma conduta ofende
formalmente criminosa (subsuma-se ao tipo penal), significativamente o bem jurídico protegido pela
mas não atingiu expressivamente o bem jurídico norma, mas, a pena se torna desnecessária.
tutelado pela norma. Essa lesão insignificativa desde Ex. perdão judicial.
o início já afasta o crime, porque a conduta é atípica Atenção: jurisprudência não aplica a bagatela
materialmente. imprópria para os delitos de Maria da Penha.
Dessa forma, sem um dos elementos do fato típico
não há crime.

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

Súmula 599 do STJ: dispõe que “o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração
pública”

Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.

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#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO A multirreincidência específica somada ao fato de o acusado estar


em prisão domiciliar durante as reiterações criminosas são circunstâncias que inviabilizam a aplicação do
princípio da insignificância. REsp 1.957.218-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do
TRF 1ª Região), Sexta Turma, por maioria, julgado em 23/08/2022. (Info 746)

Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante, ainda que presentes
antecedentes penais do agente, se não denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com
habitualidade, a cometer crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. (Info 744 - STJ)

É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo
que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente.
Vale ressaltar que os produtos haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e que logo após o
agente foi preso, ainda na porta do estabelecimento.
Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de
pinga marca 51, tudo avaliado em R$ 29,15.
STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento
da atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de
lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância.
STJ. 5ª Turma. HC 553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz
dos elementos do caso concreto.
No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é
penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância
de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve
o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP,
com base no princípio da proporcionalidade
STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).

A jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da inaplicabilidade do princípio da insignificância na hipótese


de crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado médico falso; introdução de moedas falsas), em
função do bem jurídico tutelado pela norma, que, no caso, a fé pública representa caráter supraindividual.
STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/03/2014 STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel.
Min Roberto Barroso, decisão monocrática em 18/06/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/02/2022 STJ. 5ª Turma. AgRg-RHC 155.201, Rel. Min. Jesuíno Rissato,
julgado em 12/12/2021.

Excepcionalmente, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (uso de atestado
falso) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da conduta e afastar a
incidência do direito penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista. STJ. 5ª Turma. AgRg no
AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 16/11/2021.

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#ATENÇÃO: O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de


munição, desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019.

A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade
de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da
insignificância STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541.
STJ. 5ª Turma. HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021.

OBS.: STF: Há um precedente da 1ª Turma, aplicando o princípio.

DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA E DIREITO PENAL SIMBÓLICO.

Direito penal de emergência: é o direito penal criado a partir de uma situação atípica. O legislador cria
normas de repressão porque há uma anormalidade social que exige uma resposta legal extraordinária.

Busca-se, com a produção legislativa, devolver ao seio da sociedade uma sensação de tranquilidade. A criação
de norma que recrudesce o tratamento já existente é legislação de emergência. Todavia, vale ressaltar que
o direito penal de emergência é campo fértil para um direito penal meramente simbólico.

Direito penal simbólico: é o direito penal que vai ao encontro dos anseios populares, pois o legislador atua
pensando na opinião pública para devolver à sociedade uma ilusória sensação de tranquilidade. Não se tem
a norma cumprindo sua função (prevenção de crimes exercida pela lei - função inibitória), razão pela qual o
direito penal será apenas simbólico.

PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO VS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

VELOCIDADES DO DIREITO PENAL


O direito penal da prisão. Engloba a minoria dos crimes (mais graves), que
inevitavelmente levam à prisão. Tal velocidade constitui um direito penal lento e
1ª (primeira)
extremamente garantista. Isso porque o bem jurídico em disputa (liberdade) é muito
velocidade
valioso, o que necessita de um processo lento, com muitas fases de defesa e recursos,
prazos dilatados. O melhor exemplo é o procedimento do júri.
É formada pelo direito penal sem prisão. Assim, mesmo que seja condenado, o sujeito
não será preso. Engloba os crimes mais leves. Por não envolver a perda da liberdade,
2ª (segunda) permite um processo mais rápido, com o suprimento de algumas fases processuais e
velocidade até mesmo flexibilizar direitos e garantias fundamentais. Um exemplo é a Lei 9099/95,
ao tratar dos Juizados Especiais Criminais, que traz o instituto da transação penal e as
penas restritivas de direitos.
É uma fusão das velocidades supracitadas. Segundo parte considerável da doutrina, a
3ª (terceira) velocidade teria sido também desenvolvida por Silva Sánchez. Outros
entendem que ela somente teria sido exposta com minúcias por Günther Jakobs,
professor catedrático de Direito Penal e Filosofia do Direito na Universidade de Bonn,
3ª (terceira)
Alemanha, o qual traçou lineamentos de uma teoria denominada de Direito Penal do
velocidade
inimigo.
O direito penal do inimigo seria então a 3ª velocidade do direito penal por ser um direito
penal com pena de prisão e extremamente célere. Trata-se de uma mistura das duas
velocidades acima mencionadas. Essa tendência pode ser vista em algumas “recentes”

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leis brasileiras, como a Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072, de 1990), que, por
exemplo, aumentou consideravelmente a pena de vários delitos, estabeleceu o
cumprimento da pena em regime integralmente fechado e suprimiu, ou tentou
suprimir, algumas prerrogativas processuais (exemplo: a liberdade provisória), e a Lei
do Crime Organizado (Lei n. 9.034, de 1995), entre outras.
A 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal estaria ligada ao Direito Internacional.
Para aqueles que uma vez ostentaram a posição de Chefes de Estado, e, como tais,
violaram gravemente tratados internacionais de tutela de direitos humanos, serão
4ª (quarta) aplicadas as normais internacionais. O TPI (Tribunal Penal Internacional) será
velocidade especialmente aplicado a esses réus. Nessa velocidade, há uma nítida diminuição das
garantias individuais penais e processuais penais desses réus, defendida inclusive pelas
ONGs. Podem ser citados como exemplos (Sadam Russem, Muammar Kadafi, Adolf
Hitler, dentre outros).

SELETIVIDADE DO SISTEMA PENAL.

Seguindo a doutrina de ROXIN, se sustenta que o direito penal, através da proteção aos bens jurídicos, tem
como função garantir aos cidadãos uma existência pacífica, livre e socialmente segura, sempre e quando tais
objetivos não possam ser efetuados por outras medidas político-sociais que afetem em menor medida a
liberdade dos indivíduos.

Em que pese esse discurso oficial, Hulsman 2 afirma que o sistema penal visivelmente cria e reforça as
desigualdades sociais. Por intermédio das definições legais de crimes e penas o legislador protege
substancialmente os interesse das classes dominantes, construindo tipos de condutas proibidas sobre uma
seleção de bens jurídicos próprios das classes dominantes, garantindo seus interesses de classe a as
condições à sua dominação e reprodução como classe.

A lei penal constitui apenas um marco abstrato de decisão (criminalização primária), desfrutando os agentes
do controle social-penal de ampla margem de discricionariedade na seleção que realizam (criminalização
secundária), de acordo com as suas particulares concepções acerca da fronteira entre a conduta delitiva e a
não delitiva, que tem como base substancialmente o estereótipo do criminoso.

Criminalização primária: consiste na elaboração de leis que incriminam certas condutas e permitem a
punição de certas pessoas.

Criminalização secundária: é a ação punitiva propriamente dita, que ocorre quando chega ao conhecimento
das agências policiais a suposta prática de um crime por determinada pessoa, que passam a investigá-la,
podendo privá-la da liberdade de ir e vir, submetendo-a à agência judicial que legitima o procedimento e
admite o processo, no qual se busca esclarecer a autoria do crime que, se comprovada, autoriza a imposição
de uma pena, a ser executada por uma agência penitenciária (ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Manual de derecho
penal: parte general. Buenos Aires: Editora Ediar, 2005. p. 11-12).

Agências penais: são os entes, tais como, a Polícia, o Ministério Público, os parlamentos, as penitenciárias,
os juízes, bem como as universidades, enfim, todos que operam e (re)produzem a criminalização primária e
secundária.

2
HULSMAN, Louk. CELIS, Jacqueline Bernat de. Penas perdidas: o sistema penal em questão. 2ª ed. Tradução de Maria
Lúcia Karan. Rio de Janeiro: Editora Luam, 1997, p. 75

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Cada agência possui seus próprios interesses, atuando de forma que lhe convém, sem se preocupar com o
que ocorre com as demais agências, e apresentam um discurso legitimador para justificar a sua existência e
a disparidade entre seus fins oficiais e latentes, não sendo raro uma agência atribuir à outra a
responsabilidade do seu insucesso, de forma que o sistema penal não segue apenas uma ideologia, mas sim
uma pluralidade delas, às vezes contraditórias entre si.

Nesse contexto, de conflito e, inclusive, competição entre as agências, surge a ideia de que a repressão é o
recurso apto para resolver os problemas sociais, dispensando-se uma reflexão crítica, que é substituída pela
atuação da mídia, que dissemina ideias autoritárias, tais como, as políticas de lei e ordem, tolerância zero,
etc., havendo, ao fim, uma sensação de guerra contra a delinquência convencional de escassa gravidade.3

LEI PENAL NO TEMPO

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado: teoria da atividade (art. 4º, CP).

O art. 5º, XL, da CF estabelece que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Portanto,
percebemos que a regra é a irretroatividade da lei penal e a exceção é a retroatividade da lei penal benéfica.

Se a conduta anteriormente era atípica, mas com a vigência da nova lei passa a ser uma conduta criminosa,
tem-se novatio legis incriminadora. A lei penal, neste caso, não retroagirá.

Se a conduta já era criminalizada, mas uma lei recrudesce o tratamento estatal em relação àquela conduta,
receberá o nome de novatio legis in pejus. A lei nova que, de qualquer modo, prejudique o réu, também será
irretroativa.

#SELIGA
Sumula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

Crime permanente é aquele cuja consumação se protrai no tempo pela vontade do agente. Exemplo: crime
de sequestro.

Crime continuado, que é uma ficção jurídica, consiste na prática de vários crimes da mesma espécie, sob as
mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução, de forma que um crime será considerado
continuação do outro, sendo todos tratados como crime único.

É possível que a conduta criminosa seja suprimida do ordenamento jurídico por meio de uma lei penal,
tornando-se um indiferente penal. Apresenta-se, consequentemente, como uma lei penal benéfica que irá
retroagir, alcançado, inclusive, situações definitivamente julgadas. Neste caso, ocorrerá a denominada
abolitio criminis.

CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICO: há a supressão formal, mas não material do crime.

3
HULSMAN, Louk. CELIS, Jacqueline Bernat de. Penas perdidas: o sistema penal em questão. 2ª ed. Tradução de Maria
Lúcia Karan. Rio de Janeiro: Editora Luam, 1997, p. 59; ZAFFARONI, Eugênio Raul. Em busca das penas perdidas: a
perda da legitimidade do sistema penal. 4ª ed. Tradução: Vania Romano Pedrosa e Almir Lopez da Conceição. Editora
Revan: Rio de Janeiro: 1999. p. 14; ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Hacia un realismo jurídico penal marginal. Caracas:
Editora Monte Avila Latinoamericana, 1993. p. 47

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É possível, ainda, que uma nova lei venha a beneficiar o réu, sendo uma lex mitior. O art. 2º, parágrafo único,
do CP estabelece que a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

#FIQUEATENTO
Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a
aplicação de lei mais benigna.

LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS

A lei temporária tem um prazo determinado.

A lei excepcional é editada em função de algum acontecimento excepcional.

A lei temporária e a excepcional, mesmo que encerrado o período de sua duração, serão aplicadas aos fatos
praticados durante a sua vigência, razão pela qual têm o efeito da ultratividade.

Tais leis possuem duas características essenciais:

a) autorrevogabilidade: a lei penal temporária traz o prazo certo da sua revogação, enquanto a lei penal
excepcional não traz o momento de revogação, cessando quando cessar a situação ensejadora.

b) ultratividade: alcançam fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após a sua revogação.

COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (lex tertia): não se admite a combinação de lei penais no tempo, devendo a
benignidade entre a lei posterior e a lei anterior ser aferida considerando-as separadamente.

TEMPO DO CRIME

TEORIA DA Considera-se praticado o crime no momento da conduta. Adotada pelo CP


ATIVIDADE
TEORIA DO Considera-se praticado o crime no momento do resultado.
RESULTADO
TEORIA MISTA Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado.
/ UBIQUIDADE

1. LEI PENAL NO ESPAÇO: PRINCÍPIOS

Princípio da territorialidade: a lei penal do local do crime é a que será aplicada, não importando a
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico.

Princípio de nacionalidade ativa (personalidade ativa): aplica-se a lei do país pertencente ao agente do
crime (sujeito ativo), sem importar a nacionalidade da vítima, local do crime ou bem jurídico violado.

Princípio da nacionalidade passiva (personalidade passiva): aplica-se a lei do país pertencente à vítima do
crime, sem importar a nacionalidade do agente (sujeito ativo), local do crime ou bem jurídico violado.

Princípio da defesa real: é a aplicação da lei penal da nacionalidade da coisa, do bem jurídico lesado.

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Princípio da justiça penal universal (justiça penal cosmopolita): é o princípio que exige que se faça justiça,
sem se importar onde. O agente fica sujeito ao país em que for encontrado.

Princípio do pavilhão (representação, substituição ou bandeira): aplica-se a lei nacional aos crimes
cometidos em aeronaves ou embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas aí não sejam
julgados. Adotado pelo CP.

LUGAR DO CRIME

Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (TEORIA DA UBIQUIDADE).

#DICA: LU/TA

LU = Teoria da Ubiquidade = lugar do crime (art. 6º)


TA = Teoria da Atividade = tempo do crime (art. 4º)

CRIMES À DISTÂNCIA E CRIMES PLURILOCAIS (ART. 6.º DO CP X ART. 70 DO CPP)


TEORIA DA UBIQUIDADE (ART. 6.º DO CP) TEORIA DO RESULTADO (ART. 70 DO CPP)
O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem o O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem duas
território de dois ou mais países, ou seja, conflitos ou mais comarcas dentro do Brasil, ou seja, conflitos
internacionais de jurisdição internos de competência local.
Nos CRIMES À DISTÂNCIA (ou crimes de espaço Nos CRIMES PLURILOCAIS, a prática do delito
máximo), a prática do delito envolve o território de envolve duas ou mais comarcas/ seções judiciárias
dois ou mais países. dentro do mesmo país.

Crimes Conexos: não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não
constituem unidade jurídica. Deve cada um deles, portanto, ser processado e julgado
no país em que foi cometido.
Crimes Plurilocais: aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput, do Código de
Processo Penal, ou seja, a competência será determinada pelo lugar em que se
consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último
ato de execução. Na hipótese de crimes dolosos contra a vida, aplica-se a teoria da
NÃO APLICAÇÃO atividade, segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência para a instrução
DA TEORIA DA criminal em juízo, possibilitando a descoberta da verdade real
UBIQUIDADE Infrações penais de menor potencial ofensivo: teoria da atividade - “A competência
do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal” (art.
63, L. 9099)
Crimes falimentares: foro do local em que foi decretada a falência, concedida a
recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da
Lei 11.101/2005)
Atos infracionais: competente a autoridade do lugar da ação ou da omissão (Lei
8.069/1990 – ECA, art. 147, § 1.º).

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

A sentença criminal proveniente de estado soberano estrangeiro, desde a EC 45/2004, deve ser homologada
no Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça. Ao fazer a homologação o STJ não aprecia o mérito, fazendo
apenas um exame formal (juízo de prelibação).

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A sentença pode ser homologada no Brasil para:


I - Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - Sujeitá-lo a medida de segurança.

#ATENÇÃO: se a homologação for pertinente à medida de segurança, será imprescindível que exista tratado
de extradição com o país de cuja autoridade emanou a decisão. Se não houver este tratado, é necessário que
haja uma requisição do ministro da justiça que suprirá a necessidade do tratado entre os países.

CONTAGEM DE PRAZO

Prazos processuais penais: o CPP estabelece que não é computado o dia do início, mas é incluído o dia do
vencimento. Se cair em feriado ou dia não útil, prorrogar-se-á para o primeiro dia útil imediatamente
posterior.

Prazos penais: há aqui uma improrrogabilidade dos prazos, de forma que será incluído o dia do começo e
excluído o dia do final.

CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Para se falar em conflito aparente de normas, é necessário que haja duas ou mais leis penais em vigor ao
mesmo tempo.

São princípios que solucionam o aparente conflito:

Princípio da especialidade estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral (lex specialis derogat legi
generali). No conflito entre lei penal geral e lei penal especial, aplica-se esta última. A lei é especial em razão
de conter, além de todos os elementos da lei geral, elementos especializantes.

Subsidiariedade, uma lei define o fato como criminoso e outra lei também define o fato como criminoso.
Porém, a abrangência da outra lei é maior. Em verdade, o que se percebe nesta relação entre norma
subsidiária e norma principal é que há um a relação de maior e de menor gravidade.

Consunção, a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou
execução de outro crime. Em termos bem esquemáticos, há consunção quando o fato previsto em
determinada norma é compreendido em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta.

Princípio da alternatividade tem validade e aplicação prática nos chamados crimes de conteúdo múltiplo (ou
variado), isto é, tipos penais que contam com vários verbos nucleares (cf. art. 33 da Lei de Drogas; art. 12 do
Estatuto do Desarmamento etc.). Nessas hipóteses, se o agente realiza vários verbos, porém no mesmo
contexto fático e sucessivamente (p. ex., depois de importar e preparar certa quantidade de droga, o
agente traz consigo porções separadas para venda a terceiros), por força do princípio da alternatividade,
responderá por crime único, devendo o juiz considerar a pluralidade de núcleos praticados na fixação da
pena.

#DEOLHONAJURIS – CONFLITO APARENTE DE NORMAS

#APOSTACICLOS Embora a tipificação da lavagem de capitais dependa da existência de uma infração penal
antecedente, é possível a autolavagem, isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, do delito antecedente
e do crime de lavagem, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a
realização do primeiro crime, circunstância em que não ocorrerá o fenômeno da consunção. A autolavagem

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(self laundering/auto lavado) merece reprimenda estatal, na medida em que o autor da infração penal
antecedente, já com a posse do proveito do crime, poderia simplesmente utilizar-se dos bens e valores à sua
disposição, mas reinicia a prática de uma série de condutas típicas, a imprimir a aparência de licitude do
recurso obtido com a prática da infração penal anterior. Dessa forma, se for confirmado, a partir do devido
processo legal, que o indivíduo deu ares de legalidade ao dinheiro indevidamente recebido, estará
configurado o crime de lavagem de capitais. STJ. Corte Especial. APn 989-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 16/02/2022 (Info 726).

Para que se configure a lesão ao bem jurídico tutelado pelo art. 34 da Lei nº 11.343/2006, a ação de possuir
maquinário e/ou objetos deve ter o especial fim de fabricar, preparar, produzir ou transformar drogas,
visando ao tráfico. Assim, ainda que o crime previsto no art. 34 da Lei nº 11.343/2006 possa subsistir de
forma autônoma, não é possível que o agente responda pela prática do referido delito quando a posse dos
instrumentos se configura como ato preparatório destinado ao consumo pessoal de entorpecente.
As condutas previstas no art. 28 da Lei de Drogas recebem tratamento legislativo mais brando, razão pela
qual não há respaldo legal para punir com maior rigor as ações que antecedem o próprio consumo pessoal
do entorpecente. STJ. 6ª Turma. RHC 135617-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

Absorção do delito do art. 40 pelo crime do art. 64 da Lei nº 9.605/98. O delito de causar dano em unidade
de conservação (art. 40 da Lei nº 9.605/98) pode ser absorvido pelo delito de construir em solo que, por seu
valor ecológico, não é edificável (art. 64 da Lei nº 9.605/98). Para analisar a possibilidade de absorção do
crime do art. 40 da Lei nº 9.605/98 pelo do art. 64, não é relevante a diversidade de bens jurídicos protegidos
por cada tipo incriminador; tampouco impede a consunção o fato de que o crime absorvido tenha pena maior
do que a do crime continente, como se vê na própria Súmula 17/STJ.

Absorção do delito do art. 48 pelo crime do art. 64 da Lei nº 9.605/98. A conduta do art. 48 da Lei nº 9.605/98
é mero pós-fato impunível do ato de construir em local não edificável. Afinal, com a própria existência da
construção desejada e executada pelo agente - e à qual, portanto, se dirigia seu dolo -, é inevitável que fique
impedida a regeneração da flora antes existente no mesmo lugar. Por isso, o princípio da consunção obsta a
punição autônoma dos dois delitos. STJ. 5ª Turma. REsp 1925717-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
25/05/2021 (Info 698).

CONCEITO DE CRIME

O art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal traz o conceito formal de crime.


Art. 1º. Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão
Formal/Legal
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com
a pena de multa...
Crime é um fato que lesiona um bem jurídico cuja proteção em determinado
Material/Substancial momento histórico por razões culturais, éticas ou morais deve ocorrer pelo
direito penal. Ex: adultério
Concepção quadripartite: crime consiste num fato típico, ilícito, culpável e
punível. (minoritário).
Concepção tripartite: crime é um fato típico, ilícito e culpável, sendo a
punibilidade uma consequência jurídica do crime. (majoritária).
Analítico/Dogmático Concepção bipartite: crime é fato típico e ilícito, a culpabilidade é um
pressuposto de aplicação da pena e a punibilidade uma consequência jurídica
do crime.
Outra concepção bipartite: crime é um fato tipicamente ilícito e culpável. Ela
deriva da teoria dos elementos negativos do tipo. O primeiro extrato

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corresponde ao fato típico já revestido de ilicitude (a essa união da tipicidade e


da ilicitude dá-se o nome de injusto penal). O segundo extrato é a culpabilidade.
Concepção de Luiz Flávio Gomes: o autor tem uma concepção tripartite muito
diferente da normal. Ele criou a Teoria Constitucionalista do Delito. Ele diz que
o crime é fato típico, ilícito e punível e a culpabilidade é pressuposto de
aplicação da pena.

CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS #APOSTACICLOS4

CRITÉRIO CLASSIFICAÇÕES
I) COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa, sem nenhuma circunstância
específica. Ex: Homicídio.
II) PRÓPRIO: exige uma condição especial para que a pessoa possa ser o sujeito
ativo, a exemplo dos crimes funcionais, que somente podem ser cometidos por
funcionário público.
#DEOLHONAJURIS: O diretor de organização social pode ser considerado
funcionário público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso
porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder
Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, §
QUANTO AO 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
SUJEITO ATIVO 11/9/2018 (Info 915).
III) DE MÃO PRÓPRIA: Exige que o agente atue pessoalmente na realização do tipo.
Ex: crime de falso testemunho
#DEOLHONAJURIS O STF entende que esse crime admite participação, no caso
concreto, do advogado (HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF
também admite coautoria RHC 81327 / SP).
OBS: Crime multitudinário é aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não
diz o que se entende por “multidão”, razão pela qual sua configuração deve ser
examinada no caso concreto. Exemplo: agressões praticadas em um estádio por
torcedores de um time de futebol.
I) INSTANTÂNEO: o crime se consuma em momento determinado, não
necessariamente no mesmo momento de realização da conduta.
II) PERMANENTE: o momento consumativo se prolonga no tempo, de acordo com a
vontade do agente para que assim seja. Destaque-se que enquanto durar a
permanência poderá ser realizado o flagrante.
III) INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES: o delito é instantâneo, consumindo-
se em momento determinado, porém os efeitos do crime após a consumação é que
QUANTO AO
são visíveis. Ex: Crime de bigamia, que se concretiza no ato do segundo casamento,
MOMENTO DA
permanecendo seus efeitos.
CONSUMAÇÃO
#DEOLHONAJURIS De acordo com o entendimento do STF, o terceiro que perpetra a
fraude pratica crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma na
ocasião do pagamento da primeira prestação do benefício indevido. Por outro lado,
o agente beneficiário da fraude prática crime de natureza permanente, cuja
execução se prolonga no tempo, renovando-se a cada parcela recebida. Nesse caso,
a consumação ocorre apenas quando cessa o recebimento indevido das prestações
(HC 104880).

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Normalmente, o conhecimento dessas classificações é cobrado de forma incidental em algum caso concreto, para
que se verifique, por exemplo, se de fato ocorreu o crime ou não.

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I) Crime de dano: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao bem
jurídico.
II) Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano.
III) Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado.
IV) Crime de perigo abstrato: delito cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não
precisa ser provado. Há doutrinadores que pregam a inconstitucionalidade
desses crimes, pois violariam o princípio da ofensividade. Ex: Crime do art. 310,
CP:
#DEOLHONASÚMULA Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir,
confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja
habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310
do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano
concreto na condução do veículo.
V) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, como no abandono de incapaz
(CP, art. 133);
VI) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
VII) Crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da
QUANTO Á conduta se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo de uso
RELAÇÃO DA permitido ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de
CONSUMAÇÃO tipos penais preventivos. #FOCANATABELA #DIRETODAFUC
COM O DANO CRIMES DE DANO CRIMES DE PERIGO CRIMES DE PERIGO
CONCRETO ABSTRATO
- Homicídio culposo no - Trafegar em velocidade - Embriaguez no volante
trânsito (art. 302) e incompatível com a (306)
- Lesão corporal culposa segurança nas - Permitir ou entregar a
no trânsito (art. 303) proximidades de direção de veículo
determinados lugares automotor a pessoa não
(art. 311) habilitada (310)
- RACHA (art. 308)
- DIRIGIR SEM
PERMISSÃO (art. 309)
QUANTOS AO N° I) Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato.
DE ATOS Não admite tentativa nem fracionamento.
NECESSÁRIOS À II) Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos.
CONSUMAÇÃO Admite tentativa e fracionamento.
QUANTO A I) Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios ou não transeunte.
EXISTÊNCIA DE II) Delito de fato transeunte: é aquele que não deixa vestígios.
VESTÍGIOS
I) Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, dois ou mais tipos penais
em uma única descrição legal (SENTIDO ESTRITO) ou que abrange um tipo simples
acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO).
II) Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta
penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou
DIFERENCIAÇÃO
ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica).
DE CRIMES
III) Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de duas ou mais
COMPLEXOS
figuras típicas. Ex: Latrocínio (roubo + morte).
O que se entende por crime ultracomplexo? Segundo Rogério Sanches, ocorre o
crime ultra complexo "quando um crime complexo é acrescido de outro, este
servindo como qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo (crime
complexo) praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na hipótese, uma

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unidade jurídica ultra complexa formada pela reunião do crime de roubo (nascido
da fusão do constrangimento ilegal + furto) e do crime de porte ilegal de arma de
fogo. Em outras palavras, percebemos um crime complexo (roubo) acrescido de
outro (porte ilegal de arma de fogo), que serve como causa de aumento de pena do
crime patrimonial". (CUNHA Rogério Sanches, Manual de Direito Penal: Parte Geral,
4. Ed. Salvador: juspodivm, 2016, pág. 167). Nesse caso, sendo todos os crimes
praticados no mesmo contexto fático, o autor deverá responder apenas pelo roubo
majorado pelo emprego de arma de fogo (em razão da aplicação do princípio da
consunção), que, como vimos, pode ser chamado de crime ultra complexo.
I) Crimes à distância: também conhecidos como “crimes de espaço máximo”, são
aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos (lembrar que o
Código Penal acolheu a teoria mista ou da ubiquidade quanto ao lugar do crime).
II) Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem em
comarcas diversas, sediadas no mesmo país. No tocante às regras de
QUANTO AO competência, o art. 70 do Código de Processo Penal dispõe que, nesse caso, será
ESPAÇO competente para o processo e julgamento do crime o juízo do local em que se
TERRITORIAL operou a consumação. Há, contudo, exceções (ex: júri, juizado especial criminal
– momento da ação/omissão).
III) Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre
em um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas
que nele vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma
missiva com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
I) Crimes de mínimo potencial ofensivo: são os que não comportam a pena privativa
de liberdade. No Brasil, enquadra-se nesse grupo a posse de droga para consumo
pessoal, tipificada no art. 28 da Lei 11.343/2006, ao qual são cominadas as penas
de advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade
e medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo.
II) Crimes de menor potencial ofensivo: são aqueles cuja pena privativa de
liberdade em abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa.
São assim definidos pelo art. 61 da Lei 9.099/1995, e ingressam na competência
do Juizado Especial Criminal. O art. 98, I, da Constituição Federal faz menção às
“infrações penais de menor potencial ofensivo”, expressão que também abrange
todas as contravenções penais.
QUANTO AO III) Crimes de médio potencial ofensivo: são aqueles cuja pena mínima não
POTENCIAL ultrapassa um ano, independentemente do máximo da pena privativa de
OFENSIVO liberdade cominada. Tais delitos admitem a suspensão condicional do processo,
na forma delineada pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.
IV) Crimes de elevado potencial ofensivo: possuem pena mínima superior a um
ano, e, consequentemente, pena máxima acima de dois anos. Tais delitos não se
compatibilizam com quaisquer dos benefícios elencados pela Lei 9.099/1995.
V) Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela
Constituição Federal. São os hediondos e equiparados – tráfico de drogas,
tortura e o terrorismo (CF, art. 5.º, XLIII), bem como os delitos cujas penas não
se submetem à prescrição, quais sejam, racismo (CF, art. 5.º, XLII) e ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático (CF, art. 5.º, XLIV).
I) Crimes de rua ou crimes de colarinho azul: praticados pelas pessoas de classes
QUANTO A CLASSE
sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis,
SOCIAL DO
andarilhos e mendigos. Esses delitos são cometidos aos olhos da sociedade, em
AGENTE
locais supervisionados pelo Estado (praças, parques, favelas etc.), e por essa

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razão são frequentemente objeto das instâncias de proteção (Polícia, Ministério


Público e Poder Judiciário). Quando ficam alheios ao conhecimento do Poder
Público, integram as cifras negras do Direito Penal.
II) Crimes do colarinho branco (white collar crimes): são cometidos por aqueles que
gozam e abusam da elevada condição econômica e do poder daí decorrente,
como é o caso dos delitos contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986),
de lavagem de capitais (Lei 9.613/1998) e contra a ordem econômica (Lei
8.176/1991), entre tantos outros. Nesses crimes socioeconômicos, surgem as
“cifras douradas do Direito Penal”, indicativas da diferença apresentada entre
a criminalidade real e a criminalidade conhecida enfrentada pelo Estado.
Raramente existem registros envolvendo delitos dessa natureza, inviabilizando a
persecução penal e acarretando a impunidade das pessoas privilegiadas no
âmbito econômico.
Crime habitual: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo
agente. Tipo penal criado para punir um estilo de vida. Ex: curandeirismo, casa de
prostituição. Considerações: I) Não suporta tentativa; II) Cabe flagrante;
CRIME HABITUAL
Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém
a prática de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou
fraudulenta (Lei 7.492).
De tendência interna transcendente/intensificada: requerem um agir com ânimo,
finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior
atividade, distintos da realização do tipo penal. Possui as seguintes espécies:
I) De resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar
de delito formal) depende, para sua configuração, de comportamento advindo de
CRIMES DE
terceiros estranhos à execução do crime. Ex: art. 159, CP - extorsão mediante
INTENÇÃO
sequestro - a obtenção da vantagem (o resgate) depende dos familiares da vítima.
II) Atrofiado ou Mutilado de dois atos: o resultado naturalístico (também
dispensável) depende de um novo comportamento do agente. Ex: art. 291 - na
modalidade adquirir petrecho - precisa-se de outro ato para a falsificação da moeda
com prejuízo a alguém (resultado naturalístico).
São aqueles em que a “tendência afetiva” do autor delimita a ação típica. Assim, a
tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente.
Ex: toque do ginecologista na realização de uma consulta, que pode configurar mero
agir profissional ou algum crime de natureza sexual, a depender da tendência
(libidinosa ou não) do agente. No mesmo sentido é o crime de injúria, pois vai
depender da real intenção do agente de ofender a honra ou de apenas criticar ou
brincar. Aqui, a tendência do agente não transcende a conduta típica, como nos
CRIMES DE
delitos de intenção. Este último possui como elementares intenções especiais
TENDÊNCIA
(finalidade transcendente) expressas no próprio tipo. Ex.: no crime de extorsão
mediante sequestro (art. 159), o tipo objetivo consiste em "sequestrar alguém". Por
sua vez, o tipo subjetivo possui o dolo (consciência e vontade de realizar o tipo
objetivo, que é sequestrar alguém) e o elemento subjetivo especial (com o fim de
obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate). Essa intenção especial transcende (vai além) do tipo objetivo (sequestrar
alguém).
I) Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave
e para tanto, por meio de atos sucessivos, práticas gradativas e crescentes violações
OUTRAS
o bem jurídico. Há uma só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar
CLASSIFICAÇÕES
o crime “maior”. DIFERE DE PROGRESSÃO CRIMINOSA, na qual o agente deseja
inicialmente produzir um resultado menos grave, porém, após atingi-lo, decide

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prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado mais grave. Haverá


mais de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a prática do
crime “menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de
maior gravidade.
II) Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias
modalidades de condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal.
Pode ser alternativo (prática de mais de uma conduta constitui crime único) ou
cumulativo (prática de mais de uma conduta constitui mais de um crime). Ex: art.
22, parágrafo único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – proteção de bens jurídicos
diversos.
III) Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas
destituída de personalidade jurídica.
IV) Crime gratuito é o praticado sem motivo conhecido, porque todo crime tem uma
motivação. Não se confunde com o motivo fútil, definido como aquele de menor
importância, desproporcional ao resultado provocado pelo crime.
Com efeito, a ausência de motivo conhecido não deve ser equiparada ao motivo
fútil. Destarte, o desconhecimento acerca do móvel do agente não deve ser
colocado no mesmo nível do motivo de somenos importância. Há, todavia, adeptos
de posição contrária, os quais alegam que, se um motivo ínfimo justifica a elevação
da pena, com maior razão deve ser punida mais gravemente a infração penal
imotivada.
V) Crime de ímpeto: cometido sem premeditação, como decorrência de reação
emocional repentina, tal como no homicídio privilegiado, cometido pelo agente sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (CP,
art. 121, § 1.º). Esses crimes são, normalmente, passionais (movidos pela paixão).
VI) Crime exaurido: aquele em que o agente, depois de já alcançada a consumação,
insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em
desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. Em outras palavras, é o crime
que, depois de consumado, alcança suas consequências finais, as quais podem
configurar um indiferente penal, como no falso testemunho (CP, art. 342), que se
torna exaurido com o encerramento do julgamento relativo a este crime, ou então
condição de maior punibilidade, como ocorre na resistência (CP, art. 329), em que
a não execução do ato dá ensejo à forma qualificada do crime.
VII) Crime de circulação é o praticado com o emprego de veículo automotor, a título
de dolo ou de culpa, com a incidência do Código Penal ou do Código de Trânsito
Brasileiro (Lei 9.503/1997).
VIII) Crime atentado é aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime
consumado e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da
tentativa. É o caso do crime de evasão mediante violência contra a pessoa (CP, art.
352: “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de
segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa”).
IX) Crime de opinião ou de palavra: é o cometido pelo excesso abusivo na
manifestação do pensamento, seja pela forma escrita, seja pela forma verbal, tal
como ocorre no desacato (CP, art. 331).
#DEOLHONAJURIS: O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e
com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito
à liberdade de expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação,
desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os
excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
13/3/2018 (Info 894). #IMPORTANTE

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x) Crime inominado: delineado pelo uruguaio Salvagno Campos, é o que ofende


regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido em lei
como infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o princípio da reserva legal
veda a analogia in malam partem em âmbito criminal.
XI) Crime profissional: é o crime habitual, quando cometido com finalidade
lucrativa. Exemplo: rufianismo (CP, art. 230).
XII) Quase-crime: é o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (CP, art. 17) e
à participação impunível (CP, art. 31). Na verdade, inexiste crime.
XIII) Crime subsidiário: é o que somente se verifica se o fato não constitui crime
mais grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de
incêndio (CP, art. 250). Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como
“soldado de reserva”.
XIV) Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto é aquele em que o
agente acredita realmente ter praticado um crime, quando na verdade cometeu um
indiferente penal. Exemplo: “A” vende um pó branco, acreditando tratar-se de
cocaína. Na verdade, era talco. Trata-se de um “não crime”, que se divide em três
espécies: a) crime putativo por erro de tipo; b) crime putativo por erro de proibição,
também conhecido como “delito de alucinação”; e c) crime putativo.
XV) Crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime
autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e dos
petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291).
XVI) Crimes de plástico: são aquelas situações típicas das sociedades modernas, em
que o direito penal aparece como (falsa) solução para todos os males, contribuindo
fundamentalmente para a proliferação e ampliação do “cardápio” de tipos penais,
com nenhuma ou pouca efetividade. Em situações determinadas, sobretudo
quando há uma movimentação e pressão popular ou midiática, o Estado traz novas
(?) soluções e alterações legislativas, seja para recrudescer o tratamento a alguns
delitos, seja para criar efetivamente crimes no ordenamento jurídicos. Ex: Lei
Carolina Dieckman (Lei 12.737/12).

TEORIAS DA CONDUTA

Idealizada por Von Liszt, Beling, Radbruch. Início do século XIX.


TEORIA CAUSALISTA
Marcadas pelos ideais positivistas. Segue o método empregado pelas ciências
(CAUSAL-NATURALISTA
naturais
/CLÁSSICA
Crime: (Teoria tripartite) - Fato típico (conduta), Ilicitude e Culpabilidade.
NATURALÍSTICA/
Conduta: movimento corporal voluntário que produz uma modificação no
MECANICISTA)
mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Experimentação
Idealizada por Edmund Mezger. Desenvolvida nas primeiras décadas do
TEORIA NEOKANTISTA século XX.
(CAUSAL-VALORATIVA/ Tem base causalista. Fundamenta-se em uma visão neoclássica, marcada pela
NEOCLÁSSICA/ superação do positivismo, introduzindo a racionalização do método.
NORMATIVISTA) Valoração
Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado.
Criada por Hans Welzel. Meados do século XX (1930 – 1960).
Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado (não
TEORIA FINALISTA
devem integrar a culpabilidade).
(ÔNTICO-
Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um
FENOMENOLÓGICA)
fim (toda conduta é orientada por um querer).
OBS: Para Welzel, toda consciência é intencional.

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OBS: Retira do dolo seu elemento normativo (consciência da ilicitude).


OBS: Culpabilidade formada apenas por elementos normativos (potencial
consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa, imputabilidade).
OBS: o Dolo normativo (consciência da ilicitude) passa a ser dolo natural ou
valorativamente neutro (dolo sem consciência da ilicitude). Dica: supera-se a
cegueira do causalismo com um finalismo vidente.
Desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck.
A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas
acrescentar-lhes uma nova dimensão, qual seja, a relevância social do
TEORIA SOCIAL DA comportamento.
AÇÃO Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um
fim, socialmente reprovável.
OBS: para esta teoria, o dolo e a culpa integram o fato típico (finalismo), mas
são novamente analisados no juízo da culpabilidade (causalismo).
Ganham força e espaço na década de 1970, discutidas com ênfase na
Alemanha.
Busca adequar a dogmática penal aos fins do Direito Penal.
FUNCIONALISMO
Percebem que o Direito Penal tem necessariamente uma missão e que seus
(TEORIAS
institutos devem ser compreendidos de acordo com essa missão – (edificam o
FUNCIONALISTAS)
Direito Penal a partir da função que lhe é conferida).
Conclusão: a conduta deve ser compreendida de acordo com a missão
conferida ao direito penal.
ROXIN (ESCOLA DE MUNIQUE) CRIME: fato típico (conduta), ilícito e
REPROVÁVEL (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude,
FUNCIONALISMO exigibilidade de conduta diversa e necessidade da pena).
TELEOLÓGICO/ OBS: Roxin busca a reconstrução do Direito Penal com base em critérios
DUALISTA/MODERADO/ político-criminais.
DA POLÍTICA Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos. Proteger os valores
CRIMINAL/VALORATIVO essenciais à convivência social harmônica.
Conduta: Comportamento humano voluntário causador de relevante e
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
JAKOBS (ESCOLA DE BONN) CRIME: fato típico (conduta), ilícito e culpável
(imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta
diversa).
OBS: Para Jakobs, o Direito Penal deve visar primordialmente à reafirmação
da norma violada e ao fortalecimento das expectativas de seus destinatários.
FUNCIONALISMO Missão do Direito Penal: Assegurar a vigência do sistema. Está relativamente
SISTÊMICO/MONISTA/ vinculada à noção de sistemas sociais (Niklas Luhmann).
RADICAL Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado
violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.
OBS: Ação é produção de resultado evitável pelo indivíduo (teoria da
evitabilidade individual).
OBS: O agente é punido porque violou a norma e a pena visa reafirmar a norma
violada.

CAUSALIDADE

Nexo de causalidade é o vínculo que existe entre a conduta e o resultado. O art. 13, caput, do CP estabelece
que o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

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Analisando o dispositivo acima, é possível compreender que, para fins de causa, o CP adotou a teoria da
equivalência dos antecedentes causais (teoria da equivalência das condições, da condição simples ou
generalizadora ou teoria da conditio sine qua non).

Para saber se certa conduta foi ou não causa do crime, é necessário adotar a teoria da eliminação hipotética
dos antecedentes causais (Método de Thyrén).

A junção da teoria da equivalência dos antecedentes causais e a teoria da eliminação hipotética dos
antecedentes causais denomina-se causalidade objetiva do resultado ou teoria das condições qualificadas
(causalidade efetiva do resultado).

Esta causalidade objetiva é apenas uma mera relação de causa e efeito, razão pela qual a crítica alega que a
causalidade objetiva do resultado leva ao regresso ao infinito. Para evitar o regresso ao infinito, é preciso
que o aplicador se utilize da causalidade subjetiva (psíquica), de forma que devemos analisar se o agente,
anteriormente, agiu de forma dolosa ou culposa.

#ATENÇÃO: Teoria da causalidade adequada, a qual ocorre quando se analisa a concausa relativamente
independente superveniente. Quando a concausa relativamente independente superveniente, por si só,
produzir o resultado, excluir-se-á a imputação, eis que aquela conduta inaugural não é adequada ao resultado
como se deu.

SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE

#DICA - B I P E: o agente deverá RESPONDER PELO RESULTADO MORTE, por se tratar de CAUSAS
SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES que se encontram na linha de desdobramento natural
da conduta do agente, razão pela qual o NEXO CAUSAL NÃO É QUEBRADO, não havendo por isso a aplicação
do art. 13, §1o, CP nos seguintes casos:

➢ BRONCOPNEUMONIA;
➢ INFECÇÃO HOSPITALAR;
➢ PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E;
➢ ERRO MÉDICO

Por sua vez, aplicar-se-á o art. 13, §1o CP (HAVERÁ O ROMPIMENTO DO NEXO CAUSAL e o agente
responderá pela TENTATIVA) se a questão trouxer como causa da morte da vítima:

• INCÊNDIO;
• DESABAMENTO do hospital; e
• ACIDENTE com a ambulância

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

Esta teoria não substitui a teoria da equivalência dos antecedentes, mas apenas a complementa. Na
realidade, complementa o exame do nexo de causalidade, que segundo a maioria é feito pela teoria da
equivalência dos antecedentes, mas complementa.

No nexo de causalidade, além do exame material, físico, a teoria da imputação objetiva vai além sugerindo
também a análise do nexo de imputação, ou seja, o nexo normativo (de valores) entre a conduta e o
resultado, que vai além da mera análise causal, permitindo-se uma análise valorativa.

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Sua natureza jurídica é de excluir o fato típico no elemento nexo de causalidade quando ausentes os
requisitos que ela impõe.

Requisitos para haver nexo de imputação entre alguém e um resultado:

1. Incremento do risco: o risco criado pela conduta é juridicamente proibido ou socialmente intolerado. Roxin
diz que muitas condutas humanas geram um risco de lesão a um bem jurídico, porém somente aquelas que
causam alguma ameaça ou lesão relevante interessam ao Direito Penal, ou seja, deve haver a criação de um
risco juridicamente desaprovado, consubstanciado no que se chama de incremento do risco.

Excludentes do incremento do risco:

a) Diminuição do risco: a conduta do agente diminui um risco que ele corre. Ex: médico que amputa a perna
gangrenada do paciente, ele agiu para diminuir o risco do paciente. Portanto, sua conduta é atípica.

b) Princípio da Confiança: Ex: motorista está trafegando na avenida com sinal verde, vem um carro que
ultrapassa o sinal vermelho para ele e colide com o motorista que dirigia regularmente. O motorista que
dirigia com sinal verde não pode ser responsabilizado pela morte do motorista que avançou o sinal. Pois o
motorista acredita que os outros vão respeitar as regras de trânsito.

2. Risco tem que se materializar no resultado lesivo: o risco criado pelo agente tem que efetivamente se
concretizar.

Excludente desse requisito:

a) Desvio extravagante do curso causal: concausa superveniente relativamente independente que por si só
causa o resultado é um ótimo exemplo de desvio causal. A conduta do agente não foi idônea para gerar o
resultado que aconteceu em razão de outra causa.

3. O bem jurídico lesionado tem que estar no âmbito de tutela de uma norma penal:

Excludente:

a) auto colocação em perigo pela vítima: se a própria vítima se coloca em perigo de risco e isso causa um
resultado lesivo a ela mesma, não pode tal resultado ser imputado a terceiro. Ex: festa de uma comissão de
formatura no clube onde a piscina está interditada por estar eletrizada e mesmo assim um aluno bêbado
pula na piscina e morre eletrocutado. A comissão de formatura não pode ser responsabilizada, pois a piscina
estava tampada e isolada, havia aviso de que ela estava eletrizada e mesmo assim o estudante quis pular.

RELEVÂNCIA PENAL DA OMISSÃO #APOSTACICLOS

No caso do art. 13, §2º, CP, em que temos a previsão dos crimes omissivos, o nexo causal presente não é o
nexo naturalístico, mas sim o nexo normativo (estabelecido pela lei). Assim, nos crimes omissivos, o nexo
decorre da lei que pune a inação (o agente será punido simplesmente por não ter atuado quando deveria).

No caso dos crimes omissivos impróprios estaremos diante de crimes comissivos por omissão. Mesmo assim,
a causalidade será normativa. Isso porque, apesar de haver nexo entre conduta e resultado, este nexo não é
naturalístico (pois a omissão não provocou o resultado). O agente não causa diretamente o resultado, mas
permite que ele ocorra quando deveria e poderia evitá-lo. A doutrina chama de NEXO DE EVITAÇÃO.

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JDPP 29: A responsabilidade a título de omissão imprópria deve observar a assunção fática e real de
competências que fundamentam a posição de garantidor.

CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO

Consoante definição estabelecida pelo art. 14, I, do CP, crime consumado (perfeito) é aquele no qual se
reúnem todos os elementos (objetivos, subjetivos e normativos) de sua definição legal. Ou seja, quando o
fato se subsome ao tipo abstrato descrito na lei penal.

Já a tentativa (conatus, imperfeito, incompleto, manco) encontra definição no art. 14, II, do CP,
compreendendo-se como tentado o crime quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

É considerada como tipo incongruente, tendo em vista que o desejo do agente não coincide com o fato
descrito na lei penal, necessitando, para correta adequação, da norma de extensão temporal, antecipando-
se a tutela penal no caso.

TEORIAS ACERCA DA PUNIÇÃO DA TENTATIVA

PUNIÇÃO DA TENTATIVA
Observa o aspecto objetivo do delito (sob a perspectiva dos atos praticados pelo
agente). A punição se fundamenta no perigo de dano acarretado ao bem
jurídico, verificado na realização de parte do processo executório.
Conclusão: por ser objetivamente incompleta, a tentativa merece pena reduzida.
TEORIA OBJETIVA/ A tentativa é chamada de tipo manco.
REALÍSTICA Quanto maior a proximidade da consumação menor será a diminuição, e vice-
versa (leva-se em conta o iter criminis percorrido pelo agente).
Adotado pelo CP.
Regra: Teoria objetiva (pune-se a tentativa com a pena da consumação reduzida
de 1/3 a 2/3).
Observa o aspecto subjetivo do delito (sob a perspectiva do dolo).
Conclusão: sob a perspectiva subjetiva (dolo), a consumação e a tentativa são
TEORIA SUBJETIVA/
idênticas, logo, a tentativa deve ter a mesma pena da consumação, sem redução.
VOLUNTARÍSTICA/
Adotada como Exceção: Teoria subjetiva (pune-se a tentativa com a mesma pena
MONISTA
da consumação – sem redução). São os CRIMES DE ATENTADO ou
empreendimento.
INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA: (CCHUPAO): #DICA #APOSTACICLOS
Culposo (salvo culpa imprópria)
Contravenções penais (faticamente possível, mas não punível)
Habituais
Unissubsistentes
Preterdolosos
Atentado/Empreendimento
Omissivos PRÓPRIOS

O Brasil adota, em regra, a teoria objetiva, predominando na concepção desta o elemento objetivo para
caracterização da tentativa, de maneira que a punibilidade tem como fundamento o perigo ao qual é exposto
o bem jurídico, e não a vontade revelada pelo agente (ressalve-se que é adotada a teoria subjetiva com
relação aos chamados crimes de atentado ou de empreendimento).

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Sua repressão tem cabimento quando iniciada a execução do crime, possuindo a mesma pena do consumado,
com diminuição de um a dois terços, conforme proximidade da consumação. Ou seja, o critério definidor da
diminuição da pena é o iter criminis.

Pode ser classificada como: a) tentativa imperfeita ou propriamente dita, que se dá pelo fato de o agente
ser interrompido em sua atuação, de maneira que não exaure os meios de que dispõe para execução; e b)
tentativa perfeita ou crime falho, no caso em que o agente pratica todos os atos de execução, mas o
resultado não se concretiza.

Por fim, cabe indicar que a doutrina chama de tentativa inidônea o crime impossível, tendo o CP cuidado da
respectiva situação em seu art. 17, não sendo punida a tentativa em caso de ineficácia absoluta do meio ou
por absoluta impropriedade do objeto.

#NÃOCONFUNDA: TENTATIVA E CRIME IMPOSSÍVEL

TEORIAS DO CRIME IMPOSSÍVEL


Com a sua conduta, demonstra o agente ser perigoso, razão pela qual deve ser
TEORIA punido, ainda que o crime se mostre impossível de ser consumado.
SINTOMÁTICA Por ter como fundamento a periculosidade do agente, esta teoria se relaciona
diretamente com o direito penal do autor.
Sendo a conduta subjetivamente perfeita (vontade consciente de praticar o delito),
deve o agente sofrer a mesma pena cominada à tentativa, sendo indiferente os
TEORIA
dados (objetivos) relativos à impropriedade do objeto ou ineficácia do meio, ainda
SUBJETIVA
quando absolutas. O agente deve ser punido porque revelou vontade de praticar o
crime.
Crime é conduta e resultado. Este configura dano ou perigo de dano ao bem jurídico.
A execução deve ser idônea, ou seja, trazer a potencialidade do evento.
Caso inidônea, temos configurado o crime impossível. O agente não deve ser punido
porque não causou perigo aos bens penalmente tutelados.
A teoria objetiva subdivide-se:
TEORIA OBJETIVA
1) TEORIA OBJETIVA PURA: não há tentativa, mesmo que a inidoneidade seja
relativa, considerando-se, neste caso, que não houve conduta capaz de causar lesão.
2) TEORIA OBJETIVA TEMPERADA OU INTERMEDIÁRIA: a ineficácia do meio e a
impropriedade do objeto devem ser absolutas para que não haja punição. Sendo
relativas, pune-se a tentativa. É a teoria Adotada pelo CP.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ #APOSTACICLOS

O que Rogério Sanches chama de DOLO ABANDONADO, é verificado nas situações de arrependimento
eficaz e de desistência voluntária, em que o agente, afastando-se de seu propósito inicial, desiste de
prosseguir na execução de determinado delito ou atua para impedir que o resultado se concretize.

Segundo posição MAJORITÁRIA, desistência voluntária e arrependimento eficaz são causas de exclusão da
tipicidade. Essa posição é extraída do art. 15 do CP. Além disso, a doutrina denomina tais institutos de
tentativa qualificada.

Na desistência voluntária, o agente interrompe a execução do crime, não esgotando o processo executório
do crime. Ela é incabível nos crimes unissubsistentes, porque nestes a conduta é composta de um único ato
que consuma o crime. Ela é incompatível com a tentativa acabada.

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No arrependimento eficaz a execução do crime já se encerrou, só que ele adota providências para impedir a
consumação. Só é possível nos crimes materiais, não cabendo nos crimes formais e de mera conduta. Isso
porque no crime formal o resultado naturalístico pode ocorrer, mas é desnecessário. No crime de mera
conduta inexiste resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta o crime se consuma com a
conduta, não havendo como se falar em resultado e, por conseguinte, não há como impedir a ocorrência do
resultado.

CRIMES CULPOSOS: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes
culposos (salvo no caso da culpa imprópria), uma vez que em tais casos o agente não quer o resultado
naturalístico, que vem a ocorrer pela inobservância de algum dever objetivo de cuidado.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR #APOSTACICLOS

Trata-se de um benefício ou prêmio para estimular o agente a restituir a coisa ou reparar os danos causados
com sua conduta.

Requisitos:

1) O crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa. Se o agente praticou violência
contra a coisa: pode receber o benefício. Ex: crime de dano (art. 163 do CP). Se o agente praticou,
culposamente, violência contra a pessoa: pode receber o benefício. Ex: lesão corporal culposa no trânsito
(art. 303 do CTB).

2) O agente, voluntariamente, deve ter reparado o dano ou restituído a coisa.

A reparação do dano ou restituição deve ser total ou pode ser parcial?

a) Posição da doutrina e do STJ: a reparação precisa ser integral (total). O benefício do arrependimento
posterior exige a reparação integral do dano, por ato voluntário, até o recebimento da denúncia. STJ. 5ª
Turma. AgRg no AREsp 1399240/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 05/02/2019.

b) Precedente da 1ª Turma do STF: a incidência do arrependimento posterior, contido no art. 16 do CP,


prescinde da reparação total do dano. Em outras palavras, entendeu-se que a reparação poderia ser parcial
(HC 98658/PR, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 9/11/2010).

3) Além de integral, a reparação precisa ser: voluntária e pessoal.

4) Essa reparação ou restituição deve ter acontecido antes do recebimento da denúncia ou queixa. Se for
feita após o recebimento, o agente terá direito apenas à atenuante genérica prevista no art. 65, III, “b” do
CP.

Obs.: O art. 16 vale para todos os crimes com que ele seja compatível, sem distinção, inclusive contra a
Administração Pública. Assim, é errado pensar que o arrependimento posterior se aplica apenas para os
crimes contra o patrimônio.

#OLHAOGANHO: O que se entende por terceira via do Direito Penal? Resposta: A reparação dos danos,
consoante uma forte tendência doutrinária, constituiria a terceira via do Direito Penal (Roxin). Ou seja, para
além da pena e da medida de segurança, a reparação dos danos seria uma louvável saída, porque acaba
privilegiando a vítima.

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#DEOLHONAJURIS: O benefício do arrependimento posterior comunica-se aos coautores e partícipes que


não tenham participado da restituição da coisa ou da reparação do dano. Assim, uma vez reparado o dano
integralmente por um dos autores do delito, a causa de diminuição de pena do arrependimento posterior,
prevista no art. 16 do CP, estende-se aos demais coautores. STJ. 6ª Turma. REsp 1.187.976-SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 7/11/2013 (Info 531).

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal


(arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o ressarcimento da dívida principal (efetuou a
reparação da parte principal do dano) antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores
referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da ação penal. Nas exatas palavras do STF:
“É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte principal do dano, até o recebimento da
inicial acusatória, sendo inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

A lei estabelece um tratamento mais favorável em face da voluntária não


PONTE DE OURO
produção do resultado; evita-se a consumação do crime. DV e AE.
Institutos que atuam após a consumação da infração penal, trazendo um
PONTE DE PRATA
tratamento penal mais benéfico ao agente. Arrependimento Posterior.
PONTE DE DIAMANTE Institutos penais que, depois da consumação do crime, podem chegar até a
OU PONTE DE PRATA eliminar a responsabilidade penal do agente. Colaboração Premiada.
QUALIFICADA
Confissão qualificada: quando o agente admite a autoria dos fatos, mas suscita,
PONTE DE BRONZE
a seu favor, uma causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade

CRIME DOLOSO

TEORIAS DO DOLO
Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
TEORIA DA
Dolo = previsão (consciência) + querer
VONTADE
OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo direto.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como
possível e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta.
TEORIA DA
Dolo = previsão (consciência) + prosseguir com a conduta
REPRESENTAÇÃO
ATENÇÃO: Esta teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa
consciente.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como
possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de
produzir o evento.
TEORIA DO
Dolo = previsão (consciência) + prosseguir com a conduta assumindo o risco do
CONSENTIMENTO/
evento
ASSENTIMENTO
OBS: Esta teoria, diferente da anterior, não mais abrange no conceito de dolo a
culpa consciente.
OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo eventual.
Trabalha com dados estatísticos, ou seja, se de acordo com a conduta do
TEORIA DA
agente, estatisticamente, ele tiver grandes probabilidades de alcançar o
PROBABILIDADE
resultado, estará configurado o dolo. Não adotada pelo CP.

#SÓNATABELHINHA #APOSTACICLOS

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Dolo direto: o agente dirige De 1º grau: dolo clássico, sem efeitos colaterais certos e necessários
sua vontade na produção De 2º grau: o agente, para produzir um determinado resultado, tem que
de um resultado produzir outros resultados como efeitos colaterais certos e necessários (ex:
determinado. A finalidade é colocar uma bomba no avião)
certa, precisa.
Dolo Indireto: o resultado Dolo Alternativo: o agente dirige sua conduta no sentido de produzir um
que o agente deseja ou outro resultado, indistintamente (atira, desejando matar ou ferir)
produzir não é certo e Dolo eventual: o agente dirige sua conduta no sentido de produzir um
determinado. A finalidade resultado, não se importando, contudo, que aconteça um resultado mais
não é certa e precisa. gravoso.

#ATENÇÃO
HIPÓTESES DE AUSÊNCIA DE CONDUTA
Coação física irresistível
Atos e movimentos reflexos
Sonambulismo e hipnose
Caso fortuito e força maior

CRIME CULPOSO
O crime é CULPOSO, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

#NEVERFORGET:
➢ O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da excepcionalidade do crime culposo.
➢ É possível a punição a título de culpa mesmo se o resultado não tenha sido previsto pelo agente.
➢ Não se admite tentativa de crime culposo.
➢ A culpa que decorre de erro culposo sobre a legitimidade da ação realizada denomina-se culpa
imprópria.

CULPA IMPRÓPRIA (ou culpa por equiparação, por assimilação, ou por extensão), é aquela em que o agente,
por erro evitável, imagina certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente de
ilicitude (descriminante putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente um resultado ilícito. Supõe
uma situação fática que, se existisse, tornaria a sua ação legítima. Nos casos de culpa imprópria, pode-se
dizer que a estrutura do crime é dolosa, porque, no plano dos fatos, é dolosa a ação, respondendo o agente
por culpa por razões de política criminal.

ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO #APOSTACICLOS

ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO


Inevitável: exclui dolo e culpa Inevitável: isenta o agente de pena
Evitável: pune a culpa, se prevista em lei Evitável: diminui a pena
O agente NÃO SABE o que faz. O agente SABE o que faz, mas pensa que sua
conduta é lícita.
Erro sobre os elementos objetivos do tipo Erro quanto à ilicitude da conduta
Má interpretação sobre os FATOS Afasta a POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.

Não há erro sobre a situação fática, mas não há a


exata compreensão sobre os LIMITES JURÍDICOS DA
LICITUDE da conduta.
Exclui CRIME Exclui PENA

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O ERRO sobre os PRESSUPOSTOS FÁTICOS deve ser tratado como erro de tipo ou de proibição?
O erro sobre os pressupostos fáticos deve equiparar-se a erro de tipo. Se
inevitável, exclui dolo e culpa; se evitável, pune a culpa. Prevista na exposição de
TEORIA LIMITADA DA
motivos do CP.
CULPABILIDADE
(prevalece no Brasil)
Apesar de previsto no art. 20, §1° que o agente fica isento de pena, a
consequência será a exclusão da tipicidade (ausência de dolo e culpa).
TEORIA EXTREMADA Equipara-se a erro de proibição. Se inevitável, isenta o agente de pena; se
DA CULPABILIDADE evitável, diminui a pena.
TEORIA EXTREMADA De acordo com essa teoria, o art. 20, §1°, CP, reúne as duas teorias anteriores,
“SUI GENERIS” DA seguindo a extremada, quando o erro é inevitável, e a limitada, quando o erro é
CULPABILIDADE evitável.

O ERRO DE PROIBIÇÃO apresenta-se em TRÊS MODALIDADES, com o mesmo tratamento: erro de proibição
direto, mandamental e indireto (erro de permissão).
✓ No erro direto, há uma ação, e o agente se engana sobre a existência da proibição.
✓ No erro mandamental, há um erro sobre o dever de agir, sobre a norma mandamental. É o que ocorre
nos crimes omissivos próprios e impróprios.
✓ Por fim, o erro indireto é o que incide sobre a existência de uma discriminante (excludente de
ilicitude). O agente erra sobre a norma, e não sobre a situação de fato (erro de tipo permissivo),
achando estar legitimado a agir licitamente. É também por isso chamado de erro de permissão

Erro quanto aos pressupostos fáticos (ERRO DE TIPO PERMISSIVO)


ESPÉCIES DE Erro quanto à existência de uma causa excludente de ilicitude (ERRO DE
DESCRIMINANTES PROIBIÇÃO INDIRETO)
PUTATIVAS Erro quanto aos limites de uma excludente de ilicitude (ERRO DE
PROIBIÇÃO INDIRETO)

EXCLUDENTES DE ILICITUDE

RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE


TEORIA DA AUTONOMIA VON BELING (1906)
OU ABSOLUTA A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude.
INDEPENDÊNCIA CUIDADO: excluída a ilicitude o fato permanece típico.
MAYER (1915)
A existência de fato típico gera presunção de ilicitude.
TEORIA DA
- Relativa dependência.
INDICIARIEDADE OU
CUIDADO: excluída a ilicitude, o fato permanece típico.
RATIO COGNOSCENDI
De acordo com a maioria da doutrina, o Brasil seguiu a TEORIA DA
Adotada no Brasil
INDICIARIEDADE, isto é, provada a tipicidade, presume-se relativamente a
ilicitude, provocando inversão do ônus da prova nas descriminantes.
TEORIA DA ABSOLUTA MEZGER (1930)
DEPENDÊNCIA OU RATIO A ilicitude é essência da tipicidade, numa relação de absoluta dependência.
ESSENDI CUIDADO: excluída a ilicitude, exclui-se o fato típico (tipo total injusto).
Chega no mesmo resultado da 3ª teoria, mas por outro caminho.
TEORIA DOS ELEMENTOS
De acordo com essa teoria, o tipo penal é composto de elementos positivos
NEGATIVOS DO TIPO
(explícitos) e elementos negativos (implícitos).

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ATENÇÃO: para que o fato seja típico, é preciso praticar os elementos


positivos do tipo, e não praticar os elementos negativos do tipo.

ESTADO DE NECESSIDADE

TEORIA DIFERENCIADORA CPM ARTS. 39 E 45 TEORIA UNITÁRIA CP ART. 24, §2°


Estado de necessidade justificante Estado de necessidade justificante
Exclui a ilicitude Exclui a ilicitude
Bem jurídico vale mais ou tem o mesmo valor que o Bem jurídico vale mais ou tem o mesmo valor que o
bem sacrificado. bem sacrificado.
Estado de necessidade exculpaste #E no caso do bem protegido valer menos que o
Exclui a culpabilidade bem sacrificado?
Bem jurídico protegido vale menos que o bem Pode servir como diminuição de pena.
sacrificado.

LEGÍTIMA DEFESA

#LETRADALEI:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, ATUAL OU IMINENTE, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima
defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

#NÃOCONFUNDA:
Estado de necessidade Legítima defesa
Conflito de vários bens jurídicos diante da mesma Ameaça ou ataque a um bem jurídico
situação de perigo Pressupõe: agressão humana injusta + atual ou
Pressupõe: perigo atual + sem destinatário certo. iminente + com destinatário certo.
Os interesses em conflito são legítimos. Os interesses do agressor são ilegítimos.
Conclusão: cabe estado de necessidade contra Conclusão: não cabe legítima defesa contra legítima
estado de necessidade. defesa.

#SELIGA: #DEOLHONAJURIS A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os


princípios da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero. Ao apreciar
medida cautelar em ADPF, o STF decidiu que: a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por
contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à
vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88); b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição
ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do
instituto da legítima defesa; e c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar,
direta ou indiretamente, a tese de legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas
fases pré-processual ou processual penais, bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob
pena de nulidade do ato e do julgamento. STF. Plenário. ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 13/3/2021 (Info 1009).

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

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EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

#NÃOCONFUNDA:

Estrito Cumprimento do Dever Legal Exercício Regular de Direito


“os agentes públicos” “o cidadão comum”
Obs.: A corrente majoritária defende que o
particular também pode invocar essa
descriminante
Compulsoriedade – dever Facultatividade - direito

EXCESSO PUNÍVEL

O agente, em qualquer das hipóteses de excludente de ilicitude, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.

TIPOS DE EXCESSO: #DIRETODAFUC


Ocorre quando, desde o início da reação, a conduta já é exagerada, com
desproporcionalidade patente.
O excesso crasso está presente quando há inferioridade do valor do bem ou
EXCESSO CRASSO
interesse defendido, em confronto com o atingido pela repulsa. Em situações como
(OU NA CAUSA)
essa, o agente responde pelo resultado, tendo em vista a desproporção entre o bem
ou interesse que se quer proteger em confronto com aquele atingido pela repulsa.
Ex: matar quem esteja roubando uma laranja.
O excesso extensivo ocorre quando o agente, inicialmente, fazendo cessar a
agressão injusta que era praticada contra a sua pessoa, dá continuidade ao ataque,
EXCESSO
quando este já não mais se fazia necessário.
EXTENSIVO
Está ligado ao tempo de duração da defesa, continuando a agir sobre o agressor após
cessada a agressão.

O excesso intensivo ocorrerá quando o autor, por consternação, medo ou susto


excede a medida requerida para a defesa. É o excesso que se refere à espécie dos
meios empregados ou ao grau de sua utilização. O agente responde por tudo o que
ocorre no excesso e não pelo que ocorreu validamente.
EXCESSO INTENSIVO
Está ligado à ESCOLHA DE MEIOS, que devem ser os "necessários", proporcionais,
caso não o seja teremos uma defesa com a intensidade maior que a exigida pela
agressão.
É dividido em 03 espécies:

EXCESSO DOLOSO OU EXCESSO CULPOSO OU


EXCESSO EXCULPANTE
CONSCIENTE INCONSCIENTE

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Ocorre quando o agente, É mais comum na legítima defesa do que


diante do temor, aturdimento nas demais excludentes de ilicitude.
ou emoção provocada pela Não deriva nem de dolo, nem de culpa, mas
agressão injusta, acaba por de um erro plenamente justificado pelas
deixar a posição de defesa e circunstâncias.
partir para um verdadeiro Decorre do medo, da perturbação de ânimo
O agente, ao se defender,
ataque, após ter dominado o ou da surpresa no ataque (legítima defesa
emprega meio que sabe ser
seu agressor. subjetiva é o excesso por erro de tipo
desnecessário ou, mesmo
O agente calculou mal e agiu escusável).
tendo consciência de sua
em excesso. Qualquer um agiria da mesma forma.
desproporcionalidade, atua
Deve responder pelo Ex: pessoa que já passou por um sequestro,
com imoderação.
resultado produzido a título novamente vai ser sequestrada, e ao ser
O agente intensifica a reação
de culpa. agredido descarrega todo o revólver no
intencionalmente.
sequestrador.
Deve responder pelo
Expressamente, consta no CPM.
resultado dolosamente.
Esse tipo de excesso é apresentado no Júri
por meio de quesito que deve ser formulado
mediante requerimento da defesa, pois, se
trata de causa supralegal.
É uma causa de exclusão da culpabilidade,
no quesito inexigibilidade de conduta
diversa.
É decorrente de um caso fortuito. Não haveria excesso doloso ou culposo, mas
EXCESSO acidental.
ACIDENTAL Ex: O agente vai reagir dando um soco, e o outro morre.
O agente não será punido diante do excesso acidental.

IMPUTABILIDADE PENAL

Há três critérios de aferição de imputabilidade:

a) Biológico;

b) Psicológico; e o

c) misto ou biopsicológico (sendo este último adotado pelo CP como regra).

O critério biológico se importa apenas com a causa, não se importando se ela gerou ou não uma perturbação
mental, é adotada no caso da menoridade, pois só analisa a idade. O psicológico observa apenas o efeito da
perturbação. Já o biopsicológico analisa a causa e as consequências. a causa deve ser prevista em lei, existir
no momento da prática do crime e fazer com que o sujeito não entenda a ilicitude ou não consiga se
determinar cm base nesse entendimento, art. 26 do CP.

Em razão do sistema vicariante acolhido pelo Código Penal brasileiro para o semi-imputável, a este poderá
ser imposta medida de segurança quando necessitar de tratamento curativo. BL: art. 26, § único c/c art. 98
do CP (Nos casos de semi-imputabilidade, não é permitida a cumulação da pena e medida de segurança).

#DEOLHONAJURIS: O art. 149 do CPP, ao exigir que o acusado seja submetido a exame médico-legal, não
contempla hipótese de prova legal ou tarifada. A despeito disso, a partir de uma interpretação sistemática
das normais processuais penais que regem a matéria, deve-se concluir que o reconhecimento da

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inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu (art. 26, caput e parágrafo único do CP) depende da prévia
instauração de incidente de insanidade mental e do respectivo exame médico-legal nele previsto. Vale
ressaltar, por fim, que o magistrado poderá discordar das conclusões do laudo, desde que o faça por meio
de decisão devidamente fundamentada. STJ. 6ª Turma. REsp 1802845-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 23/06/2020 (Info 675).

EMBRIAGUEZ, EMOÇÃO E PAIXÃO

A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito análogo não exclui a imputabilidade
penal. BL: art. 28, II, CP.

#OLHAOGANCHO: A responsabilidade penal objetiva é repudiada pelo ordenamento jurídico brasileiro. No


entanto, há doutrina anunciando dois casos de responsabilidade penal objetiva (autorizados por lei): a)
Embriaguez voluntária (actio libera in causa); b) Rixa qualificada.

#ATENÇÃO: Quando se fala em embriaguez, trabalha-se com a TEORIA DA AÇÃO LIVRE NA CAUSA (“ACTIO
LIBERA IN CAUSA”), segundo a qual na embriaguez, o livre-arbítrio não é aferido no momento da prática da
conduta, mas sim se ação foi livre no momento da ingestão da substância.

A emoção e a paixão não isentam de pena, não excluem a responsabilidade do réu.

Emoção é um súbito sentimento, ocorrido na hora. Paixão é um sentimento crônico e duradouro.

A emoção poderá funcionar como uma atenuante ou mesmo como uma causa de diminuição de pena, como
no homicídio privilegiado. Todavia, em regra, emoção e paixão não excluem a responsabilidade penal.

CONCURSO DE PESSOAS

De acordo com a previsão legal o concurso de pessoas consiste na participação de dois ou mais agentes para
a prática do crime, respondendo todos pelo delito praticado na medida de sua culpabilidade.

Para que reste configurado o concurso de pessoas impõe-se a presença dos seguintes requisitos:

a) pluralidade de agentes culpáveis;


b) relevância causal das condutas para a produção do resultado;
c) vínculo subjetivo;
d) unidade de infração penal para todos os agentes; e
e) existência de fato punível.

Obs.: Não é imprescindível que os coautores tenham realizado um acordo criminoso (também conhecido
como pacta sceleris).

As principais formas de concurso de pessoas são a coautoria e a participação, sendo que na primeira hipótese
os coautores participam da execução do núcleo do tipo, enquanto na participação há o auxílio a prática do
ilícito penal sem o envolvimento do participe na execução da ação nuclear.

TEORIAS: CONCURSO DE AGENTES

O crime é único para todos os concorrentes.


TEORIA MONISTA /
Regra no CP.

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UNITÁRIA OU A pena será aplicada na medida da culpabilidade de cada agente. O juiz


IGUALITÁRIA fixará a pena levando em consideração circunstâncias relacionadas ao fato, à
vítima e ao agente.
Segundo Luiz Regis Prado, o CP adotou a teoria monista de forma matizada
ou temperada, já que estabeleceu certos graus de participação e um
verdadeiro reforço do princípio constitucional da individualização da pena.
TEORIA PLURALISTA A cada um dos agentes se atribui conduta, razão pela qual cada um responde
TEORIA DA por delito autônomo. Haverá tantos crimes quanto sejam os agentes que
CUMPLICIDADE DELITO concorrem para o fato.
DISTINTO Cada um responde pelo seu crime. Adotada pelo CP em casos excepcionais.
TEORIA DA
AUTONOMIA DA
CONCORRÊNCIA
Tem-se um crime para os executores do núcleo e outro aos que não o
realizam, mas concorrem de qualquer modo. Divide a responsabilidade dos
TEORIA DUALISTA autores e dos partícipes.
Crime único para autores principais (participação primária) e outro crime
único para os autores secundários/partícipes (participação secundária).

TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO

A TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO, desenvolvida por Hans Welzel, mas que tem como um de se maiores
expoentes Claus Roxin, considera como autor do delito a pessoa que detenha o domínio finalístico sobre sua
execução ainda que não haja o seu envolvimento direito na execução do núcleo do tipo. Participe, por sua
vez, será aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerça domínio sobre
a ação.

Assim, na concepção de Roxin, o domínio do fato pode se dar de três formas: domínio da ação; domínio da
vontade e domínio funcional do fato:

a) domínio da ação: considera-se autor imediato aquele que possui domínio sobre a própria ação. O autor
realiza pessoalmente os elementos do tipo;

b) domínio da vontade: também é autor aquele que domina a vontade de um terceiro que é utilizado como
“instrumento” do crime. O domínio da vontade (autoria mediata) pode ocorrer mediante:

i. erro,
ii. coação ou
iii. por aparatos organizados de poder.

c) domínio funcional do fato (autor funcional): em uma atuação conjunta (divisão de tarefas) para a
realização de um fato, é autor aquele que pratica um ato relevante na execução do plano delitivo global.
Com base nesta última modalidade, poderá ser considerado autor de um fato criminoso aquele que possui
uma atividade indispensável para a realização do crime, analisando o plano global, ainda que ela não seja de
comando e nem envolva a prática do núcleo do tipo penal (do verbo do tipo penal).

CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS

Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

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#ATENÇÃO: Nos crimes funcionais a condição de servidor público do autor não se comunica ao partícipe não
funcionário, se este desconhecia a condição daquele.

Circunstâncias: são dados acessórios ao crime, dispensáveis para a configuração da figura penal básica,
embora causem influência sobre a duração da pena. Podem ser objetivas e subjetivas:
a) circunstâncias objetivas - Exemplo: furto mediante rompimento de obstáculo. Essa circunstância qualifica
o crime de furto e vai se comunicar.
b) circunstâncias subjetivas - não se comunicam como regra, salvo quando forem elementares, pois se
referem ao agente.

Elementar: são dados que constituem o tipo penal, ou seja, são os elementos constitutivos do crime. As
elementares sempre se comunicam, sejam de caráter objetivo ou subjetivo.

CASOS DE IMPUNIBILIDADE: ATOS PREPARATÓRIO VS. ATOS EXECUTÓRIOS

Não há transição dos atos preparatórios para os atos executórios. O que interessa
é o plano interno do autor, a vontade criminosa, existente em quaisquer dos atos
TEORIA SUBJETIVA
que compõem o iter criminis. Logo, tanto a fase da preparação como a fase da
execução importam na punição do agente NÃO É ADOTADA!
Os atos executórios dependem do início de realização do tipo penal. O agente não
pode ser punido pelo seu mero “querer interno”. É imprescindível a exteriorização
TEORIA OBJETIVA
de atos idôneos e inequívocos para a produção do resultado lesivo. Tal teoria se
divide em outras:
Os atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico, enquanto os atos
TEORIA DA
preparatórios não caracterizam afronta ao bem jurídico, mantendo inalterado o
HOSTILIDADE AO
“estado de paz”. Idealizada por Max Ernst Mayer e tem como partidários Hungria
BEM JURÍDICO
e Frederico Marques
O ato executório é aquele em que se inicia a realização do verbo contido na conduta
TEORIA OBJETIVO- criminosa. Exige tenha o autor concretizado efetivamente uma parte da conduta
FORMAL OU típica penetrando no núcleo do tipo. Ex: em um homicídio, o sujeito, com golpes
LÓGICO-FORMAL de punhal, inicia a conduta de “matar alguém”. Teoria de Von Liszt. É a preferida
pela doutrina pátria.
Os atos executórios são aqueles em que se começa a prática do núcleo do tipo, e
também os imediatamente anteriores ao início da conduta típica, de acordo com a
visão de terceira pessoa, alheia aos fatos. O juiz deve se valer do critério do terceiro
TEORIA OBJETIVO- observador para impor a pena. Ex: aquele que está no alto de uma escada,
MATERIAL portando um pé de cabra, pronto para pular um muro e ingressar em uma
residência, na visão de um terceiro observador, iniciou a execução de um crime de
furto. Essa teoria foi criada por Reinhart Frank, e adotada pelo art. 22 do CP
português.
Os atos executórios são os relacionados ao início da conduta típica, e também os
que lhe são imediatamente anteriores, em conformidade com o plano concreto do
autor. Portanto, diferencia-se da anterior por não se preocupar com o terceiro
observador, mas sim com a prova do plano concreto do autor, independentemente
TEORIA OBJETIVO
de análise externa. Ex: “A”, com uma faca em punho, aguarda atrás de uma moita
INDIVIDUAL -
a passagem de “B”, seu desafeto, para matá-lo, desejo já anunciado para diversas
pessoas. Quando este se encontra a 200m de distância, “A” fica de pé, segura firme
a arma branca e aguarda em posição de ataque seu adversário. Surge a polícia e o
aborda. Para essa teoria, poderia haver a prisão em flagrante, em face da

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caracterização da tentativa de homicídio, o que não se dá na teoria objetivo-


formal

PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA E PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA

PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA: O art. 29, § 1º, do CP assevera que, se a participação for de menor
importância, a pena poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3. Isso se justifica em razão da pequena relevância
causal que tem a conduta do agente. O quantum de 1/6 a 1/3 considera a culpabilidade/censurabilidade do
sujeito. Quanto maior a censurabilidade maior a pena.

PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: O art. 29, § 2º, do CP estabelece que “se algum dos concorrentes
quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade,
na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”.

JURISPRUDÊNCIA SOBRE CONCURSO DE PESSOAS

#DIZERODIREITO: A qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” prevista no inciso I do § 2º do art.


121 do CP é aplicada, sem dúvidas, ao executor do crime. No entanto, indaga-se: essa qualificadora também
se comunica ao MANDANTE do crime?
1ª corrente: NÃO
A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não é aplicável aos mandantes do homicídio, porque o
pagamento é, para eles, a conduta que os integra no concurso de pessoas, mas não o motivo do crime.
STJ. 5ª Turma. REsp 1973397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022 (Info 748).

2ª corrente: SIM
No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo
qualificado, comunicando-se ao mandante do delito.
STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/05/2018.

A teoria do domínio do fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si só, para aferir a existência
do nexo de causalidade entre o crime e o agente. É equivocado afirmar que um indivíduo é autor porque
detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado à realidade, não há nenhuma circunstância que
estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo. Não há como considerar, com base na teoria
do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio administrador de uma empresa implica a
presunção de que houve a participação no delito, se não houver, no plano fático-probatório, alguma
circunstância que o vincule à prática delitiva. Em decorrência disso, também não é correto, no âmbito da
imputação da responsabilidade penal, partir da premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou
ao porte apresentado pela empresa para se presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões
tomadas por gestor de uma sociedade empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que
forma esteja constituída - implicam o absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites burocráticos
subjacentes, os quais, não raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1854893-SP, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).

A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva para
demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também não permite a condenação de um
agente com base em conjecturas. Assim, não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que
o Governador tenha que ser condenado criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880).

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PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA

PRINCÍPIO DA A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana,
DIGNIDADE DA vedando-se a sanção indigna, cruel, desumana e degradante.
PESSOA HUMANA
A individualização da pena deve ser observada em 3 momentos:
1- FASE LEGISLATIVA: observada pelo legislador no momento da definição do
PRINCÍPIO DA
crime e na cominação de sua pena. Pena abstrata.
INDIVIDUALIZAÇÃO
2- FASE JUDICIAL: observada pelo juiz na fixação da pena. Pena concreta.
DA PENA
3- FASE DE EXECUÇÃO: garantindo-se a individualização da execução penal (art.
5°, LEP).
Trata-se de princípio constitucional implícito (desdobramento da
individualização da pena).
Curiosidade: foi durante o Iluminismo, marcado pela obra “Dos delitos e das
penas” (Beccaria) que se despertou maior atenção para a proporcionalidade na
resposta estatal (Beccaria propunha a retribuição proporcional).
RESUMO: a pena deve ajustar-se à gravidade do fato, sem desconsiderar as
PRINCÍPIO DA
condições do agente.
PROPORCIONALIDADE
Dupla face do princípio da proporcionalidade (Lenio Streck):
1a Face: Impedir a hipertrofia da punição; Garantismo negativo (Ferrajoli);
Garantia do indivíduo contra o Estado.
2a Face: Evitar a insuficiência da intervenção do Estado (evitar proteção
deficiente); Imperativo de tutela; Garantismo positivo (Ferrajoli); Garantia do
indivíduo em ver o Estado protegendo bens jurídicos com eficiência.
“Artigo 5º, XLV CF – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
PRINCÍPIO DA a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
PESSOALIDADE termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido.”
veda-se segunda punição pelo mesmo fato. Exceção: Art. 8º - A pena cumprida
PRINCÍPIO DA
no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
VEDAÇÃO DO “BIS IN
diversas, ou nela é computada, quando idênticas – possibilidade do sujeito ser
IDEM”
processado duas vezes pelo mesmo fato.

FUNDAMENTOS E FINALIDADES DA PENA

São Fundamentos da Pena:

a. Político-estatal - sem a pena, o ordenamento jurídico deixaria de ser coativo.


b. Psicossocial – a pena satisfaz o anseio de justiça da comunidade.
c. Ético-Individual – permite ao próprio delinquente liberar-se de qualquer sentimento de culpa

São Finalidades da Pena:

a. Escola Clássica (Carrara) – É uma necessidade ética, permitindo o reequilíbrio do sistema (prevenção).
b. Escola Positiva (Lombroso) – A pena é indeterminada, adequando-se ao criminoso (prevenção).
c. Terza Scuola Italiana (Carnevale) – reúne conceitos clássicos e positivistas (prevenção).
d. Escola Penal Humanista (Lanza) – a pena tem o objetivo de educar o culpado (prevenção especial).
e. Escola Técnico-Jurídica (MANZINI) – A pena surge como meio de defesa contra a perigosidade do agente.
Objetivo de castigar o delinquente (retribuição).

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f. Escola Moderna Alemã (Von Liszt) – a pena é instrumento de ordem e segurança social. Exerce uma função
preventiva geral (visa a sociedade) e negativa (intimidação).
g. Escola Correcionalista (Roeder) – pena como correção da vontade do criminoso.
h. Escola da nova defesa social (Gramática) – a pena é uma reação da sociedade com o objetivo de proteção
do cidadão.

Principais Correntes adotadas pelas escolas:

a. Corrente Absolutista: a pena objetiva retribuir o mal causado.


b. Corrente Utilitarista: a pena atua como instrumento de prevenção.
c. Corrente Eclética (teoria mista): a pena objetiva retribuição + prevenção. Adotado pelo CP (Art. 59).

DOSIMETRIA DA PENA #APOSTACICLOS

Segundo o art. 68 do CP, a pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento. Esse dispositivo consagra o sistema trifásico, também denominado de sistema Nélson Hungria:

a. 1ª fase: circunstâncias judiciais do art. 59, CP;


b. 2ª fase: agravantes e atenuantes;
c. 3ª fase: causas de diminuição e aumento.

#ATENÇÃO: O CP não estipula qual é o critério de aumento que deverá haver para cada uma dessas
circunstâncias. Cabe ao juiz dizer. O juiz está atrelado ao mínimo e ao máximo fixado no preceito secundário
do crime. O magistrado, então, parte da pena mínima e vai valorando. A lei também não determina como
deve ser feita a compensação entre as circunstâncias judiciais, razão pela qual a doutrina afirma que deve
ser feita uma aplicação analógica do art. 67, CP, que dispõe que nos casos de circunstâncias atenuante e
agravantes, algumas prevalecerão.

#DEOLHONAJURIS: A culpabilidade, para fins do art. 59 do Código Penal, deve ser compreendida como juízo
de reprovabilidade da conduta, apontando maior ou menor censura do comportamento do réu. Não se trata
de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não
de delito, mas, sim, do grau de reprovação penal da conduta do agente, mediante demonstração de
elementos concretos do delito. O magistrado apresentou argumento válido no sentido de que as ameaças
foram lançadas quando a vítima se encontrava com seu filho menor de idade, o que revela maior desvalor e
censura na conduta do acusado, tratando-se de fundamento idôneo para análise negativa da culpabilidade.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1964508-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 29/03/2022 (Info 731).

É manifestamente ilegal a negativação dos antecedentes e a aplicação da agravante da reincidência, quando


fundamentadas em condenações, ainda que transitadas em julgado, por fatos posteriores àquele sob
julgamento. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1903802/ES, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/09/2021.

APLICAÇÃO DA PENA - CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS

Jurisprudência em Teses do STJ - EDIÇÃO N. 26:

1) O aumento da pena-base em virtude das circunstâncias judiciais desfavoráveis (art. 59 CP) depende de
fundamentação concreta e específica que extrapole os elementos inerentes ao tipo penal.

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2) Não há ilegalidade na análise conjunta das circunstâncias judiciais comuns aos corréus, desde que seja
feita de forma fundamentada e com base nas semelhanças existentes.

3) A culpabilidade normativa, que engloba a consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa e


que constitui elementar do tipo penal, não se confunde com a circunstância judicial da culpabilidade (art. 59
do CP), que diz respeito à demonstração do grau de reprovabilidade ou censurabilidade da conduta praticada.

4) A premeditação do crime evidencia maior culpabilidade do agente criminoso, autorizando a majoração da


pena-base.

5) O prazo de cinco anos do art. 64, I, do Código Penal, afasta os efeitos da reincidência, mas não impede o
reconhecimento de maus antecedentes.

A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da extinção da pena,
poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período depurador, ainda será possível considerar
a condenação como maus antecedentes?
SIM. Mesmo ultrapassado o lapso temporal de cinco anos, a condenação anterior transitada em julgado pode
ser considerada como maus antecedentes, nos termos do art. 59 do CP.
É a posição atual tanto do STJ como do STF:
As condenações atingidas pelo período depurador quinquenal do art. 64, inciso I, do CP, embora afastem os
efeitos da reincidência, não impedem a configuração de maus antecedentes, na primeira etapa da dosimetria
da pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
15/09/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 471.346/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019.

O STF possuía entendimento diferente, mas atualmente decide no mesmo sentido:


Não se aplica para o reconhecimento dos maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal. STF. Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 17/8/2020 (Repercussão Geral - Tema 150).

6) Os atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base,
tampouco para a reincidência.

7) Os atos infracionais podem ser valorados negativamente na circunstância judicial referente à


personalidade do agente.
Superada.

Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco
podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para a prática de crimes ou má conduta social
(STJ. 5ª Turma. HC 499987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019).

A situação é diferente no caso de decretação da prisão preventiva: anotações de atos infracionais podem ser
utilizadas para amparar juízo concreto e cautelar de risco de reiteração delitiva, de modo a justificar a
necessidade e adequação da prisão preventiva (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 09/06/2020).

Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco
podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para a prática de crimes ou má conduta social
(STJ. 5ª Turma. HC 499987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019).

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A situação é diferente no caso de decretação da prisão preventiva: anotações de atos infracionais podem ser
utilizadas para amparar juízo concreto e cautelar de risco de reiteração delitiva, de modo a justificar a
necessidade e adequação da prisão preventiva (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 09/06/2020).

8) Os atos infracionais não podem ser considerados como personalidade desajustada ou voltada para a
criminalidade para fins de exasperação da pena-base.

9) A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial. (Súmula n. 241/STJ)

10) O registro decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado não serve para o incremento da
pena-base acima do mínimo legal em razão de maus antecedentes, tampouco para configurar a reincidência.

11) É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. (Súmula
n. 444/STJ)

12) Havendo diversas condenações anteriores com trânsito em julgado, não há bis in idem se uma for
considerada como maus antecedentes e a outra como reincidência.

13) Para valoração da personalidade do agente é dispensável a existência de laudo técnico confeccionado
por especialistas nos ramos da psiquiatria ou da psicologia.

14) O expressivo prejuízo causado à vítima justifica o aumento da pena-base, em razão das consequências
do crime.

15) O comportamento da vítima em contribuir ou não para a prática do delito não acarreta o aumento da
pena-base, pois a circunstância judicial é neutra e não pode ser utilizada em prejuízo do réu.

A tese foi melhor explicada em julgados posteriores:


O comportamento da vítima é circunstância judicial ligada à vitimologia, que deve ser necessariamente
neutra ou favorável ao réu, sendo descabida sua utilização para incrementar a pena-base. Com efeito, se não
restar evidente a interferência da vítima no desdobramento causal, como ocorreu na hipótese em análise,
tal circunstância deve ser considerada neutra. STJ. 5ª Turma. HC 521.540/PB, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 05/05/2020.

APLICAÇÃO DA PENA - AGRAVANTES E ATENUANTES

#SAINDODOFORNO #IMPORTANTE A atenuante da confissão, mesmo qualificada, pode ser compensada


integralmente com qualificadora deslocada para a segunda fase da dosimetria em razão da pluralidade de
qualificadoras. AgRg no REsp 2.010.303-MG, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/11/2022, DJe 18/11/2022. (Info 761 - STJ)
A controvérsia cinge-se a definir se uma qualificadora sobejante, analisada como agravante, deve
preponderar sobre a atenuante da confissão.
Inicialmente, consigne-se que a utilização de uma das qualificadoras do homicídio para exasperação da pena
intermediária é plenamente cabível. Logo, em se tratando de homicídio triplamente qualificado, não há
ilegalidade na utilização de uma das qualificadoras para recrudescimento da pena, já que, conforme
jurisprudência desta Corte, "havendo duas ou mais qualificadoras, uma delas deverá ser utilizada para
qualificar a conduta, alterando o quantum da pena em abstrato, e as demais poderão ser valoradas na
segunda fase da dosimetria, caso correspondam a uma das agravantes previstas na legislação penal, ou,

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ainda, como circunstância judicial, afastando a pena-base do mínimo legal" (HC 402.851/SC, relator Ministro
Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 21/9/2017).
Ademais, nos termos da orientação do Superior Tribunal de Justiça, "a confissão, ainda que parcial, ou mesmo
qualificada - em que o agente admite a autoria dos fatos, alegando, porém, ter agido sob o pálio de
excludentes de ilicitude ou de culpabilidade -, deve ser reconhecida e considerada para fins de atenuar a
pena" (HC 350.956/SC, relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 15/8/2016).
Em se tratando "de julgamento realizado perante o Tribunal do Júri, todavia, considerando a dificuldade em
se concluir pela utilização, pelos jurados, da confissão espontânea para justificar a condenação, este Superior
Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que é suficiente que a tese defensiva tenha sido debatida em
plenário, seja arguida pela defesa técnica ou alegada pelo réu em seu depoimento" (AgRg no AREsp
1.754.440/MT, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 8/3/2021).
No caso, a atenuante da confissão, mesmo qualificada, pode ser compensada integralmente com a
qualificadora do motivo fútil, que fora deslocada para a segunda fase da dosimetria em razão da
pluralidade de qualificadoras.
Isso, porque são circunstâncias igualmente preponderantes, conforme entende este Tribunal Superior, que
define que "tal conclusão, por certo, deve ser igualmente aplicada à hipótese dos autos, por se tratarem
de circunstâncias igualmente preponderantes, que versam sobre os motivos determinantes do crime e a
personalidade do réu, conforme a dicção do art. 67 do CP" (HC 408.668/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas,
Quinta Turma, DJe 21/9/2017).
ENTENDENDO O JULGADO: Aqui, pessoal, devemos nos atentar para o fato de que a qualificadora
transferida para a 2ªfase da dosimetria versava sobre os motivos determinantes do crime (motivo fútil),
podendo ser enquadrada nas agravantes preponderantes (relacionadas aos motivos do crime,
personalidade do agente e reincidência). Se a qualificadora não se relacionasse com tais circunstâncias, a
resposta seria diversa, não sendo possível a compensação integral.
No concurso entre agravantes e atenuantes, a atenuante da confissão espontânea deve preponderar sobre
a agravante da dissimulação, nos termos do art. 67 do Código Penal. HC 557.224-PR, Rel. Min. Antonio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 19/08/2022. (Info 745 - STJ)
É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação integral da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, seja ela específica ou não. Todavia, nos casos de
multirreincidência, deve ser reconhecida a preponderância da agravante prevista no art. 61, I, do Código
Penal, sendo admissível a sua compensação proporcional com a atenuante da confissão espontânea, em
estrito atendimento aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade. REsp 1.931.145-SP,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022, DJe 24/06/2022.
(Tema 585)
O réu fará jus à atenuante do art. 65, III, 'd', do CP quando houver admitido a autoria do crime perante a
autoridade, independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da sentença
condenatória, e mesmo que seja ela parcial, qualificada, extrajudicial ou retratada. REsp 1.972.098-SC, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022. (Info 741 -
STJ)

Jurisprudência em Teses do STJ - EDIÇÃO N. 29:

1) A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
(Súmula n. 231/STJ)

2) Em observância ao critério trifásico da dosimetria da pena estabelecido no art. 68 do Código Penal - CP,
não é possível a compensação entre institutos de fases distintas.

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3) O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação
concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. (Súmula
n. 443/STJ)

4) Incide a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP na chamada confissão qualificada,
hipótese em que o autor confessa a autoria do crime, embora alegando causa excludente de ilicitude ou
culpabilidade.

Obs.: Súmula 630 do STJ preceitua que “a incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de
tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera
admissão da posse ou propriedade para uso próprio”. (...)
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 566.527/MS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/05/2020.

5) A condenação transitada em julgado pelo crime de porte de substância entorpecente para uso próprio
gera reincidência e maus antecedentes, sendo fundamento idôneo para agravar a pena tanto na primeira
como na segunda fase da dosimetria.
Superada.

A condenação pelo art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência:
STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018 (Info 632).

6) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. (Súmula
n. 74/STJ)

A certidão de nascimento ou a cédula de identidade não são os únicos documentos válidos para fins de
comprovação da menoridade, podendo esta ser demonstrada por meio de outro documento firmado por
agente público - dotado, portanto, de fé pública - atestando a idade do menor (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
574.536/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 02/06/2020).

Para ensejar a aplicação de causa de aumento de pena prevista no art. 40, VI, da Lei n. 11.343/2006 ou a
condenação pela prática do crime previsto no art. 244-B da Lei n. 8.069/1990, a qualificação do menor,
constante do boletim de ocorrência, deve trazer dados indicativos de consulta a documento hábil - como o
número do documento de identidade, do CPF ou de outro registro formal, tal como a certidão de nascimento
(STJ. 3ª Seção. ProAfR no REsp 1619265/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 07/04/2020).

7) Diante do reconhecimento de mais de uma qualificadora, somente uma enseja o tipo qualificado,
enquanto as outras devem ser consideradas circunstâncias agravantes, na hipótese de previsão legal, ou, de
forma residual, como circunstância judicial do art. 59 do Código Penal.

8) A agravante da reincidência pode ser comprovada com a folha de antecedentes criminais, não sendo
obrigatória a apresentação de certidão cartorária.

Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus


antecedentes e a reincidência.

É desnecessária a juntada de certidão cartorária como prova de maus antecedentes ou reincidência,


admitindo, inclusive, informações extraídas do sítio eletrônico de Tribunal como evidência nesse sentido (STJ.
5ª Turma. AgRg no AREsp 1610246/ES, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em 13/04/2020).

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9) É possível, na segunda fase do cálculo da pena, a compensação da agravante da reincidência com a


atenuante da confissão espontânea. (Recurso Repetitivo)

10) Nos casos em que há múltipla reincidência, é inviável a compensação integral entre a reincidência e a
confissão.

REINCIDÊNCIA X CONFISSÃO: QUAL DAS DUAS PREPONDERA?


STF STJ
Posição do STF: a agravante da REINCIDÊNCIA É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a
prevalece. compensação integral da atenuante da confissão
A teor do disposto no art. 67 do Código Penal, a espontânea com a agravante da reincidência, seja ela
circunstância agravante da reincidência, como específica ou não. Todavia, nos casos de
preponderante, prevalece sobre a confissão. multirreincidência, deve ser reconhecida a
STF. 2ª Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, preponderância da agravante prevista no art. 61, I, do
julgado em 18/03/2014. Código Penal, sendo admissível a sua compensação
proporcional com a atenuante da confissão
espontânea, em estrito atendimento aos princípios
da individualização da pena e da proporcionalidade.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.931.145-SP, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 22/06/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 585)

ATOS INFRACIONAIS NA DOSIMETRIA DA PENA:

REGISTRO DE ATOS INFRACIONAIS PRETÉRITOS PODEM SER UTILIZADOS CONTRA O


INVESTIGADO/ACUSADO?
DOSIMETRIA: Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da
NÃO pena-base, tampouco podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada
para a prática de crimes ou má conduta social. STJ. 5ª Turma. HC 499.987/SP, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019.
REINCIDÊNCIA: Atos infracionais pretéritos não se prestam a configurar reincidência. STJ. 6ª Turma.
NÃO AgRg no AREsp 1665758/RO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020
DECRETAR Anotações de atos infracionais podem ser utilizadas para amparar juízo concreto e
PRISÃO cautelar de risco de reiteração delitiva, de modo a justificar a necessidade e
PREVENTIVA: SIM adequação da prisão preventiva. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 09/06/2020.
NEGAR TRÁFICO O registro de atos infracionais pode justificar a negativa da causa especial de
PRIVILEGIADO: diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (tráfico
SIM privilegiado), por indicar a dedicação do réu à prática delituosa. STJ. 5ª Turma. AgRg
no HC 573.149/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/06/2020.
NEGAR O Não se mostra possível reconhecer um reduzido grau de reprovabilidade na conduta
PRINCÍPIO DA de quem, de forma reiterada, comete habitualmente atos infracionais. STJ. 6ª Turma.
INSIGNIFICÂNCIA: AgRg no AREsp 1550027/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/05/2020
SIM

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 171-STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária, e
defeso a substituição da prisão por multa.

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Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante NÃO PODE conduzir a redução da pena abaixo do
mínimo legal.

Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.

Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena
≤ a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, e vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

Súmula 444-STJ: E vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base

Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará
jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.

Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de


entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da
posse ou propriedade para uso próprio.

FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL

REGIME SEMIABERTO
REGIME FECHADO REGIME ABERTO
(SEMIFECHADO)

Pena cumprida em Pena cumprida em colônia Pena cumprida em casa de


estabelecimento de segurança agrícola, industrial ou albergado ou estabelecimento
máxima ou média estabelecimento similar adequado

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado ao regime imposto na sentença não
justifica que o condenado seja submetido a regime mais rigoroso.

Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea

Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

REINCIDÊNCIA – MAUS ANTECEDENTES – PERÍODO DEPURADOR

Condenações definitivas por fatos praticados antes do fato que está sendo julgado podem servir como maus
antecedentes, ainda que o trânsito em julgado do fato pretérito tenha se dado posteriormente ao delito em

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apreço. Isto é, se o indivíduo não for reincidente, poderá ser considerado como circunstância judicial
desfavorável. Por outro lado, se o indivíduo for reincidente, somente poderá considerá-la uma única vez, ou
nas circunstâncias judiciais ou na agravante, sob pena de bis in idem. Sendo o agente duplamente
reincidente, uma reincidência é possível utilizar para fins de agravante e a outra para circunstâncias judiciais.

PERÍODO DEPURADOR: Após 5 anos do cumprimento de extinção da pena, não poderá mais se considerar o
crime pelo qual houve condenação como reincidência, mas poderia ser computado como maus
antecedentes. Este é o atual entendimento do STF, in verbis: “não se aplica para o reconhecimento dos maus
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal”. STF.
Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/8/2020 (Repercussão Geral - Tema 150).

#OLHAASÚMULA:

Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus


antecedentes e a reincidência.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

A pena alternativa é um direito público subjetivo do réu, isto é, se ele cumprir as exigências legais, o
magistrado é obrigado a promover a substituição da pena privativa. Por outro lado, o réu não pode abrir mão
de tal direito e optar pelo cumprimento da pena privativa de liberdade.

São espécies de penas restritivas de direito:

a. prestação pecuniária;
b. perda de bens e valores;
c. limitação de fim de semana;
d. prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
e. interdição temporária de direitos

REQUISITOS CUMULATIVOS PARA A CONVERSÃO DA PPL EM PRD


1º requisito (objetivo): 2º requisito (subjetivo): 3º requisito (subjetivo):
Natureza do crime e quantum Não ser reincidente em crime A substituição seja indicada e
da pena doloso suficiente
a) Crime doloso: Regra: não ser reincidente em A culpabilidade, os antecedentes,
• igual ou inferior a 4 anos; crime doloso a conduta social e a
• sem violência ou grave ameaça personalidade do condenado,
a pessoa. Exceção: § 3º Se o condenado for bem como os motivos e as
reincidente, o juiz poderá aplicar circunstâncias indicarem que essa
b) Crime culposo: a substituição, desde que, em substituição seja suficiente
Qualquer que seja a pena face de condenação anterior, a (Princípio da suficiência da
aplicada. medida seja socialmente resposta alternativa ao delito).
recomendável e reincidência não
se tenha operado em virtude da
prática do mesmo crime.

REGRA: o condenado que for reincidente em crime doloso, não fará jus à pena restritiva de direitos (art. 44,
II, do CP).

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EXCEÇÃO: o juiz poderá conceder a pena restritiva de direitos ao condenado, mesmo ele sendo reincidente,
desde que cumpridos dois requisitos previstos no § 3º do art. 44:
a) a medida (substituição) deve se mostrar socialmente recomendável;
b) a reincidência não pode ocorrer em virtude da prática do mesmo crime (não pode ser reincidente
específico).

#DEOLHONAJURIS: A prestação pecuniária prevista no art. 45, §1º, do CP pode ser compensada com o
montante fixado com fundamento no art. 387, IV, do CPP, ante a coincidência de beneficiários. STJ. 5ª Turma.
REsp 1882059-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 19/10/2021 (Info 714).

Não existe direito subjetivo do réu em optar, na substituição da pena privativa de liberdade, se prefere duas
penas restritivas de direitos ou uma restritiva de direitos e uma multa. AgRg no HC 456.224/SC, Rel. Ministro
JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, DJe 01/04/2019.

Não é possível a aplicação da detração, na pena privativa de liberdade, do valor recolhido a título de
prestação pecuniária. Isto porque, a prestação pecuniária tem caráter penal e indenizatório, com
consequências jurídicas distintas da prestação de serviços à comunidade (em que se admite a detração). STJ.
5ª Turma. REsp 1853916/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em04/08/2020.

CONCURSO DE CRIMES E CONTINUIDADE DELITIVA

São espécies do concurso de crime:


I) CONCURSO MATERIAL (ART. 69, DO CÓDIGO PENAL);
II) CONCURSO FORMAL (ART. 70, DO CÓDIGO PENAL);
III) CRIME CONTINUANDO (ART. 71, DO CÓDIGO PENAL).

CONCURSO DE CRIMES E MULTA: Com relação à pena de multa, o artigo 72 do Código Penal dispõe:

Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. Assim, qualquer
que seja a modalidade de concurso de crimes, as penas de multa devem ser aplicadas de modo autônomo
e integral, o que significa que, ao final, as penas de multa sempre devem ser somadas.

EXCEÇÃO: #ATENÇÃO O STJ afasta, nos crimes continuados, a aplicação da norma prevista no artigo 72 do
CP, por considerar que deve haver a imposição de uma única pena de multa, já que as infrações são tratadas
como crime único: “(...) 1. A jurisprudência desta Corte assentou compreensão no sentido de que o art. 72 do
Código Penal é restrito às hipóteses de concursos formal ou material, não sendo aplicável aos casos em que
há reconhecimento da continuidade delitiva. Desse modo, a pena pecuniária deve ser aplicada conforme o
regramento estabelecido para o crime continuado, e não cumulativamente, como procedeu a Corte de
origem. (...)” (STJ, AgRg no AREsp 484057/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 09/03/2018).

CONCURSO DE CRIMES E PRESCRIÇÃO:

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente.

CONCURSO DE CRIMES E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO:

O art. 89 da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95), admite a suspensão do processo por um período de
prova, desde que observados determinadas condições. Entre as referidas condições, faz-se necessário que o

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crime tenha pena MÍNIMA cominada igual ou inferior a 1 ano. Desse modo, temos que o benefício da
suspensão do processo não é aplicável em relação aos crimes cometidas em concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, quando a pena cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um ano.

#DEOLHONASÙMULA Súmula 723 – STF. Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for
superior a um ano.

CONCURSO MATERIAL – ART. 69 DO CP

Também denominado de CONCURSO REAL DE CRIMES.


PREVISÃO LEGAL:
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. 1º - Na hipótese
deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando forem
aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis
entre si e sucessivamente as demais.

REQUISITOS: I) Pluralidade de condutas e II) Pluralidade de crimes.

ESPÉCIES: I) Homogêneo: pluralidade de crimes da mesma espécie, por exemplo, vários furtos praticados
sem elo de continuidade entre eles (se houver elo é considerado continuidade delitiva); II) Heterogêneo:
pluralidade de crimes diferentes, por exemplo, o agente pratica o crime de estupro e roubo.

REPERCUSSÃO NA FIXAÇÃO DA PENA: Utiliza o sistema do cúmulo material, segundo o qual, o juiz
primeiramente individualiza as penas de cada um dos crimes, somando-as ao final. Nesse sentido,
questiona-se, se houver um crime punido com reclusão e o outro com detenção? Executa-se primeiro a
reclusão e depois da detenção.

CONDENAÇÃO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE E RESTRITIVA DE DIREITOS: Nos termos do art. 69, §1º do
Código Penal, quando o agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa (sursi) por um
dos crimes, para os demais será incabível a substituição por restritivas de direitos.

Contudo, sendo aplicadas duas penas restritivas de direitos, é possível que o condenado cumpra ambas
simultaneamente, desde que sejam compatíveis entre si. Por outro lado, se não forem compatíveis, primeiro
se cumpre uma e depois se cumpre a outra: Art. 69 - § 2º - “Quando forem aplicadas penas restritivas de
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
demais”.

CONCURSO FORMAL – ART. 70 DO CP

Também denominado de concurso IDEAL de crimes.

PREVISÃO LEGAL:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é

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dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.

REQUISITOS: I) Unidade de conduta; II) Pluralidade de crimes. Fica evidente que a diferença entre o concurso
formal e material é justamente que no primeiro há uma única conduta, enquanto no segundo, há uma
pluralidade delas.

ESPÉCIES:
I) Homogêneo: os crimes decorrentes da conduta única são da mesma espécie. EXEMPLO: Homicídio
culposo na direção de veículo automotor gerando duas vítimas. Temos, uma só conduta (unidade de
conduta), causando dois resultados (pluralidade de crimes), sendo da mesma espécie (homicídio – dois
homicídios culposos).
II) Heterogêneo: os crimes são de espécies distintas. EXEMPLO: o agente, conduzindo de forma imprudente
seu veículo, ocasiona um homicídio culposo e uma lesão corporal culposa. Temos, uma só conduta
(unidade de conduta), causando dois resultados (pluralidade de crimes), sendo de espécies distintas, quais
sejam, homicídio e lesão.
III) Concurso formal próprio/perfeito/normal: o agente, apesar de provocar dois ou mais resultados, não tem
intenção independente em relação a cada crime (não há desígnios autônomos). No concurso formal
próprio, quando o indivíduo pratica a conduta ele deseja alcançar apenas um resultado, no entanto, a
conduta acaba por resultar crimes que não queria incorrer e nem mesmo assumira o risco. No caso, um
dos crimes é doloso e os demais são praticados a título de culpa. O agente desejava apenas um resultado.
Assim, na fixação da pena “o juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para os vários crimes
cometidos pelo agente, majorando em pena em 1/6 a ½ (SISTEMA DA EXASPERAÇÃO).
IV) Concurso formal impróprio/imperfeito/anormal: o agente age com desígnios autônomos em relação a
cada crime, o seu dolo é direcionado a ambos os resultados. Assim, aplica-se o SISTEMA DO CÚMULO
MATERIAL, típico do concurso material, no qual o juiz individualiza e soma as penas dos vários crimes
praticados pelo agente.
CONCURSO FORMAL
HOMOGÊNEO HETEROGÊNEO
O agente, com uma única conduta, pratica dois ou O agente, com uma única conduta, pratica dois ou
mais crimes idênticos mais crimes diferentes.
CONCURSO MATERIAL BENÉFICO: ocorre quando o aumento da pena resultante da fração do concurso
formal é maior do que a soma das penas no concurso material, neste caso, apesar dos crimes serem
cometidos em uma única ação as penas serão somadas.

CRIME CONTINUADO COMUM – ART. 71 DO CP

PREVISÃO LEGAL:
Art. 71, caput - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Cria-se uma ficção jurídica, por razões de política criminal, que considera os crimes subsequentes como uma
continuação do primeiro, aplicando-se uma única pena, contudo, majorada.

REQUISITOS: I) pluralidade de condutas e crimes da mesma espécie; II) elo de continuidade: ao se falar em
crime praticado com elo de continuidade, significa que os crimes devem ter sido praticados nas mesmas
condições de tempo; nas mesmas condições de lugar, na mesma maneira de execução ou em circunstâncias

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semelhantes; III) mesma condição de tempo: entre os vários crimes não pode decorrer prazo superior a 30
dias (marco objetivo temporal). IV) mesma condição de lugar: os crimes parcelares devem ser cometidos na
mesma comarca ou em comarcas vizinhas; V) mesmo modus operandi; VI) unidade de desígnios (requisito
trazido pela Jurisprudência - STJ):

FIXAÇÃO DA PENA PARA O CRIME CONTINUADO GENÉRICO/COMUM: Aplica-se o SISTEMA DA


EXASPERAÇÃO: a pena do crime mais grave, se forem diferentes, ou de um dos crimes, se as penas forem
iguais, com a causa de aumento de pena de um sexto a dois terços. A jurisprudência entende que quanto
maior o número de crimes parcelares, mais se aproximará da maior causa de aumento:

NÚMERO DE CRIMES PARCELARES FRAÇÃO DE AUMENTO


2 1/6
3 1/5
4 ¼
5 1/3
6 ½
7 OU MAIS 2/3

#ATENÇÃO: É proporcional a aplicação da fração máxima de 2/3 na hipótese de a conduta criminosa


corresponder a 7 ou mais infrações em continuidade delitiva. AgRg no REsp 1.945.790-MS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 13/09/2022. (Info 749 - STJ)

CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO

PREVISÃO LEGAL:
Art. 71, Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste Código.

REQUISITOS: I) Pluralidade de condutas; II) Crimes serem da mesma espécie; III) Vínculo de continuidade,
qual seja as mesmas condições de tempo, mesmas condições de lugar, mesma forma de execução (modus
operandi) e demais circunstâncias semelhantes; IV) Unidade de desígnios (segundo o STJ e a doutrina
majoritária); V) Crimes serem dolosos; V) Cometimento do crime com violência ou grave ameaça contra a
pessoa; VI) Vítimas diferentes. No concurso continuado específico, o juiz deve aplicar a pena de um só dos
crimes, se elas forem idênticas.

FIXAÇÃO DA PENA NO CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO: No concurso continuado específico, o juiz deve
aplicar a pena de um só dos crimes, se elas forem idênticas, ou a mais grave delas, se forem diferentes,
aumentada até três vezes. O quantum de aumento de pena se baseia em elemento objetivo, consistente
no número de infrações cometidas, como na continuidade comum, e em elemento subjetivo, consistente
na valoração da culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, além dos
motivos e as circunstâncias do crime (critério do artigo 59 do Código Penal).

#IMPORTANTE CONTINUIDADE DELITIVA X CONCURSO FORMAL


O STJ vem entendendo que se em crimes cometidos em continuidade delitiva e concomitantemente em
concurso formal, deve ser aplicada apenas a continuidade delitiva em relação a todos crimes, sem se utilizar
o acréscimo do concurso formal. Porém, contabilizam-se, para a escolha da fração de aumento do crime
continuado, todos os delitos cometidos: “(...) 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, em sintonia com

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a do STF, havendo concurso formal entre dois delitos cometidos em continuidade delitiva, somente incidirá
um aumento de pena, qual seja, a relativa ao crime continuado. Todavia, tal regra não tem aplicabilidade
nas hipóteses em que um dos crimes não faça parte do nexo da continuidade delitiva do outro delito, embora
cometidos em concurso formal, tal como ocorre com o delito de corrupção de menores - de espécie diversa -,
o qual não integra a continuidade delitiva relativa ao outro delito - de roubo majorado. (HC 165.224/DF, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2015, DJe 15/9/2015) (...).” (STJ, AgRg no HC
396946/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma, DJe 14/02/2019)

#DEOLHONAJURIS #CRIMECONTINUADO

Os delitos de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, previstos,


respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do mesmo gênero, são de espécies diversas;
obstando a benesse da continuidade delitiva. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1868826/CE, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 09/02/2021.

Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto. Isso
porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas. STJ. 5ª Turma.
HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/4/2018 (Info 899).

Não há como reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e o de latrocínio porquanto são
delitos de espécies diversas, já que tutelam bens jurídicos diferentes. STJ. 5ª Turma. AgInt no AREsp
908.786/PB, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 06/12/2016.

A prática sucessiva de roubo e, no mesmo contexto fático, de extorsão, com subtração violenta de bens e
posterior constrangimento da vítima a entregar o cartão bancário e a respectiva senha, revela duas condutas
distintas, praticadas com desígnios autônomos, devendo-se reconhecer, portanto, o concurso material. STF.
1ª Turma. HC 190909, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/10/2020.

De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se imprescindível, para a aplicação da
regra do crime continuado, o preenchimento de requisitos não apenas de ordem objetiva — mesmas
condições de tempo, lugar e forma de execução — como também de ordem subjetiva — unidade de desígnios
ou vínculo subjetivo entre os eventos. STJ. 6ª Turma. HC 245156/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
15/10/2015.

LIVRAMENTO CONDICIONAL

+1/3 Não reincidente em crime DOLOSO e bons antecedentes

+1/2 Reincidente em crime DOLOSO


LIVRAMENTO Crimes hediondos, tortura, tráfico (drogas e pessoas) e terrorismo.
+2/3
CONDICIONAL Arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas.
Reincidente específico em Crime hediondo tortura, tráfico (drogas e
pessoas) e terrorismo.
VEDADO
Reincidente específico no Arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas.
Crime hediondo ou equiparado com resultado morte.

#ATENÇÃO #ENUNCIADOS

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JDPP 4 A ausência de falta grave nos últimos 12 (doze) meses como requisito à obtenção do livramento
condicional (art. 83, III, "b" do CP) aplica-se apenas às infrações penais praticadas a partir de 23/01/2020,
quando entrou em vigor a Lei 13.964/2019.

JDPP 5 É prescindível a decisão final sobre a prática de falta grave para obstar o livramento condicional com
base no art. 83, III, "b" do CP.

JDPP 12 O requisito previsto no art. 83, III, b, do Código Penal, consistente em o agente não ter cometido
falta grave nos últimos 12 (doze) meses, poderá ser valorado, com base no caso concreto, para fins de
concessão de livramento condicional quanto a fatos ocorridos antes da entrada em vigor da Lei 13.964/2019,
sendo interpretado como comportamento insatisfatório durante a execução da pena.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

EFEITOS DA CONDENAÇÃO
O efeito principal (primário) da condenação é impor ao condenado uma sanção
PRINCIPAIS penal.
(PRIMÁRIOS) Efeito principal (primário) = sanção penal.
A sanção penal divide-se em: a) pena; b) medida de segurança.
PENAIS
Alguns exemplos: reincidência (art. 63), causa de revogação do sursis (art. 77, I e §
1º), causa de revogação do livramento condicional (art. 86), causa de conversão da
pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 44, § 5º), impossibilita a
transação penal e concessão de suspensão condicional do processo (arts. 76 e 89 da
SECUNDÁRIOS Lei nº 9.099/95) etc.
EXTRAPENAIS
a) Genéricos: art. 91 do CP;
b) Específicos: art. 92 do CP;
c) Previstos em “leis” especiais (exs: art. 15, III, CF; art. 83 da Lei de Licitações; art.
181, da Lei de Falências).

#OLHAASÚMULA: Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão


executória), mas NÃO ATINGE OS EFEITOS SECUNDÁRIOS, penais ou extrapenais.

#OLHAOGANHO: Quanto à perda do cargo público em virtude de condenação penal:

EM REGRA: deve ser motivada pelo juiz, não sendo efeito automático.

EXCEÇÕES: TORTURA (pelo dobro da pena aplicada) e ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (oito anos subsequentes
ao cumprimento da pena)

LEI DE TORTURA (9455/97) Art. 1º, §5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (12.850/13) Art. 2º, § 6o A condenação com trânsito em julgado
acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para
o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

#ATENÇÃO #NOVIDADE: CONFISCO ALARGADO

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Os efeitos extrapenais específicos estão previstos nos arts. 91-A (inovação da Lei n.º 13.964/2019) e 92 do
CP. O confisco alargado não é cabível em qualquer condenação, sendo submetido a alguns pressupostos
necessários que delimitam seu cabimento:

a. Condenação por crime com pena máxima superior a seis anos;


b. Incompatibilidade do patrimônio com a renda líquida do agente

#ENUNCIADO

JDPP 15 Para fins de aplicação do art. 91-A do Código Penal, cabe ao Ministério Público, e não à Defesa, a
comprovação de incompatibilidade entre o patrimônio e os rendimentos lícitos do réu.

MEDIDAS DE SEGURANÇA

SISTEMA DO DUPLO BINÁRIO SISTEMA VICARIANTE OU UNITÁRIO


O semi-imputável cumpriria inicialmente a pena Ao semi-imputável será aplicada a pena reduzida de
privativa de liberdade e, ao seu final, se mantida a 1/3 a 2/3 OU a medida de segurança, conforme seja
presença da periculosidade, seria submetido a uma mais adequado ao caso. Adotado pelo CP.
medida de segurança.

MS DETENTIVA MS RESTRITIVA
Internação Tratamento ambulatorial
Crimes apenados com RECLUSÃO Crimes apenados com DETENÇÃO, salvo se a
periculosidade do agente justificar a aplicação de
internação

De acordo com o art. 97, § 1º, do CP, a medida de segurança tem prazo mínimo, que varia de 1 a 3 anos, e
será por tempo indeterminado, ou seja, não tem prazo máximo. Nesse prazo mínimo, é possível a detração.
Nos Tribunais Superiores, prevalece a inconstitucionalidade da indeterminação do prazo máximo, violando a
proibição da prisão perpétua:

O STF sugere um prazo máximo de 40 anos. O mesmo previsto para as penas privativas de liberdade,
enquanto o STJ sugere um prazo igual ao da pena máxima abstratamente cominada pelo crime.

O STJ, inclusive, editou a Súmula 527, afirmando que o tempo de duração da medida de segurança não deve
ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

DA AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO

O Pacote Anticrime alterou a regra geral da ação penal no crime de estelionato. Antes da Lei 13.964/19 o
crime de estelionato era processado mediante ação penal pública incondicionada. A partir do pacote
anticrime, a regra passou a ser a ação penal pública condicionada à representação:

Art. 171, § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
I - A Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - Criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei
13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar
os processos penais que já estavam em curso?
•NÃO. É o entendimento do STJ e da 1ª Turma do STF: A exigência de representação da vítima no crime de
estelionato não retroage aos processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691). STF. 1ª Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 13/10/2020.
• SIM. É a posição da 2ª Turma do STF: A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º
ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da
pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas quanto
as ações penais em curso até o trânsito em julgado. STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 22/6/2021 (Info 1023).

#NÃOCONFUNDA #DISTINGUISHING
O crime de estelionato praticado por meio saque de cheque fraudado compete ao Juízo do local da agência
bancária da vítima. A hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, Lei n.
14.155/2021, que incluiu o § 4.º no art. 70 do Código de Processo Penal, visto que não se trata de cheque
emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de tentativa de saque de cártula falsa,
em prejuízo de correntista.CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado
em 09/03/2022, DJe 14/03/2022. (Info 728 - STJ)

DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: GRAÇA, ANISTIA e INDULTO

Anistia, graça e indulto: são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir.
É um benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se “perdoa” a prática de um fato
criminoso. Normalmente, incide sobre crimes políticos, mas também pode abranger
outras espécies de delito.
É concedida por meio de uma lei federal ordinária.
Pode ser concedida: • antes do trânsito em julgado (anistia própria); • depois do
trânsito em julgado (anistia imprópria).
Classificação a) Propriamente dita: quando concedida antes da condenação. b)
Impropriamente dita: quando concedida após a condenação. a) Irrestrita: quando
ANISTIA atinge indistintamente todos os autores do fato punível. b) Restrita: quando exige
condição pessoal do autor do fato punível. Ex.: exige primariedade. a) Incondicionada:
não se exige condição para a sua concessão. b) Condicionada: exige-se condição para
a sua concessão. Ex.: reparação do dano. a) Comum: atinge crimes comuns. b)
Especial: atinge crimes políticos.
Extingue os efeitos penais (principais e secundários) do crime. Os efeitos de natureza
civil permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se cometer novo crime, não será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se somente a fatos, atinge apenas os que o
cometeram.
GRAÇA Concedidos por Decreto do Presidente da República. Apagam o efeito executório da
É um benefício condenação. A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s): • Procurador Geral
individual (com da República; • Advogado Geral da União; • Ministros de Estado.
destinatário Concedidos por meio de um Decreto.
certo). Depende

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de pedido do Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após
sentenciado. o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia
mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja
concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação
INDULTO ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do
É um benefício Decreto 7.873/2012).
coletivo (sem Classificação a) Pleno: quando extingue totalmente a pena. b) Parcial: quando
destinatário somente diminui ou substitui a pena (comutação). a) Incondicionado: quando não
certo). É impõe qualquer condição. b) Condicionado: quando impõe condição para sua
concedido de concessão. a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige primariedade.
ofício (não b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.
depende de Só extinguem o efeito principal do crime (a pena). Os efeitos penais secundários e os
provocação). efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto, se cometer novo crime,
será reincidente.

#DEOLHONAJURIS

O período ao qual o Decreto Presidencial 9.246/2017 se refere para fins de indulto é aquele corresponde à
prisão pena, não se alinhando para o preenchimento do requisito objetivo aquele alusivo ao da detração
penal, no qual se está diante de constrição por medida cautelar. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1.887.116-
GO, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 03/05/2022 (Info
736).

Embora a vedação à concessão do indulto ao crime de associação para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei n.
11.343/2006) não conste, de fato, no Decreto Presidencial n. 9.246/2017, está expressamente delineada no
art. 44, caput, da Lei n. 11.343/2006. Assim, não é possível a concessão de indulto ou comutação da pena ao
condenado pelo delito de associação para o tráfico de drogas, pois há vedação legal contida no art. 44, caput,
da Lei n. 11.343/2006. STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 670.378, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
15/06/2021.

O indulto humanitário requer, para sua concessão, a necessária comprovação, por meio de laudo médico
oficial ou por médico designado pelo juízo da execução, de que a enfermidade que acomete o sentenciado é
grave, permanente e exige cuidados que não podem ser prestados no estabelecimento prisional. STJ. 6ª
Turma. AgRg no HC 292.952/RS, Rel. Min. Antônio Saldanha, julgado em 27/10/2020.

Jurisprudência em Teses do STJ - EDIÇÃO N. 139

1) O instituto da graça, previsto no art. 5º, XLIII, da Constituição Federal, engloba o indulto e a comutação de
pena, estando a competência privativa do Presidente da República para a concessão desses benefícios
limitada pela vedação estabelecida no referido dispositivo constitucional.

2) A sentença que concede o indulto ou a comutação de pena tem natureza declaratória, não havendo como
impedir a concessão dos benefícios ao sentenciado, se cumpridos todos os requisitos exigidos no decreto
presidencial.

3) O deferimento do indulto e da comutação das penas deve observar estritamente os critérios estabelecidos
pela Presidência da República no respectivo ato de concessão, sendo vedada a interpretação ampliativa da
norma, sob pena de usurpação da competência privativa disposta no art. 84, XII, da Constituição e, ainda,
ofensa aos princípios da separação entre os poderes e da legalidade.

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4) A análise do preenchimento do requisito objetivo para a concessão dos benefícios de indulto e de


comutação de pena deve considerar todas as condenações com trânsito em julgado até a data da publicação
do decreto presidencial, sendo indiferente o fato de a juntada da guia de execução penal ter ocorrido em
momento posterior à publicação do referido decreto.

5) A superveniência de condenação, seja por fato anterior ou posterior ao início do cumprimento da pena,
não altera a data-base para a concessão da comutação de pena e do indulto.

6) O indulto e a comutação de pena incidem sobre as execuções em curso no momento da edição do decreto
presidencial, não sendo possível considerar na base de cálculo dos benefícios as penas já extintas em
decorrência do integral cumprimento.

7) Para a concessão de indulto, deve ser considerada a pena originalmente imposta, não sendo levada em
conta, portanto, a pena remanescente em decorrência de comutações anteriores.

8) O cumprimento da fração de pena prevista como critério objetivo para a concessão de indulto deve ser
aferido em relação a cada uma das sanções alternativas impostas, consideradas individualmente.

9) Compete ao Juízo da Execução Fiscal a apreciação do pedido de indulto em relação à pena de multa
convertida em dívida de valor.
O Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) alterou a redação do art. 59 do CP para dizer expressamente que a
competência para executar a multa é do juízo da vara de execuções penais:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução
penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

10) Não dispondo o decreto autorizador de forma contrária, os condenados por crimes de natureza hedionda
têm direito aos benefícios de indulto ou de comutação de pena, desde que as infrações penais tenham sido
praticadas antes da vigência da Lei n. 8.072/1990 e suas modificadoras.

11) É possível a concessão de comutação de pena aos condenados por crime comum praticado em concurso
com crime hediondo, desde que o apenado tenha cumprido as frações referentes aos delitos comum e
hediondo, exigidas pelo respectivo decreto presidencial.

12) É possível a concessão de indulto aos condenados por crime de tráfico de drogas privilegiado (§4º do art.
33 da Lei n. 11.343/2006), por estar desprovido de natureza hedionda.

13) O indulto humanitário requer, para sua concessão, a necessária comprovação, por meio de laudo médico
oficial ou por médico designado pelo juízo da execução, de que a enfermidade que acomete o sentenciado é
grave, permanente e exige cuidados que não podem ser prestados no estabelecimento prisional.

14) O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
secundários, penais ou extrapenais. (Súmula n. 631/STJ)

PRESCRIÇÃO – NOVIDADES

#ATENÇÃO: Novas Causas impeditivas da prescrição incluídas no art. 116 pelo Pacote Anticrime:

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

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I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do
crime;
II - Enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o
tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

#DEOLHONAJURIS:

#ATENÇÃO #MUDANÇADEENTENDIMENTO #APOSTACICLOS


O Termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão executória é o trânsito em julgado para
ambas as partes. AgRg no REsp 1.983.259-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria,
julgado 26/10/2022, DJe 03/11/2022. (Info 755 - STJ)

A comunicabilidade da interrupção do prazo prescricional alcança tão somente os corréus do mesmo


processo. Dessa forma, havendo desmembramento, os feitos passam a tramitar de forma autônoma,
possuindo seus próprios prazos, inclusive em relação à prescrição. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 121.697/SP,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 19/10/2021.

Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a
prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou
aumentando a pena anteriormente imposta. A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão
punitiva ou da pretensão executória pela inércia do próprio Estado. No art. 117 do Código Penal, que deve
ser interpretado de forma sistemática, todas as causas interruptivas da prescrição demonstram, em cada
inciso, que o Estado não está inerte. Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz
distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório confirmatório da decisão. Não há,
sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1668298-SP, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 12/05/2020 (Info 672). STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 27/04/2020. STF. 1ª Turma. RE 1195122 AgR-segundo, Rel. Min. Marco Aurélio, Red.
acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/11/2020.

O cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou em prisão domiciliar,
impede o curso da prescrição executória. Assim, não há que se falar em fluência do prazo prescricional, o que
impede o reconhecimento da extinção de sua punibilidade. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 123.523-SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 13/04/2020 (Info 670).

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 146-STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há
recurso da acusação.

Súmula 497-STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO decorrente da continuação.

Súmula 592-STF: Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no
Código Penal.

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Súmula 191-STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime.

Súmula 220-STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva (Influi na PPE)

Súmula 438-STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal (Prescrição
Virtual)

CRIMES CONTRA AS PESSOAS – DESTAQUES GERAIS

RESUMO – HOMICÍDIO:

HOMICÍDIO Em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de grupo de
SIMPLES extermínio, ainda que por só um agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90).
O homicídio é privilegiado quando o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima. Nesse caso, o juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço. As hipóteses legais do privilégio apresentam caráter subjetivo.
#NÃOESQUECER são de natureza objetiva, portanto admitem o homicídio
privilegiado-qualificado, as hipóteses do art. 121, §2º, III e IV, (referentes aos meios e
HOMICÍDIO modos de execução), com exceção da traição.
PRIVILEGIADO As demais qualificadoras, nos demais incisos, são de natureza subjetiva.
#MEMORIZAR as objetivas, por exclusão (já que são em menor quantidade).
#ATENÇÃO O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência de previsão
legal. Lembrem que o rol dos crimes hediondos é um rol taxativo.
#CONCURSO DE AGENTES: em caso de concurso de agentes as causas privilegiadas não
se comunicam, uma vez que são circunstâncias subjetivas do crime (e não
elementares). Art. 30, CP.
✓ MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU OUTRO MOTIVO TORPE =
motivo vil, repugnante. Ex.: matar um parente para ficar com sua herança.
#ATENÇÃO #SAINDODOFORNO A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não é
aplicável aos mandantes do homicídio, porque o pagamento é, para eles, a conduta
que os integra no concurso de pessoas, mas não o motivo do crime. REsp 1.973.397-
MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
06/09/2022. (Info 748 - STJ)
#DIVERGÊNCIA: É possível a aplicação da qualificadora descrita no inciso I do § 2º do
artigo 121 do Código Penal ao mandante do crime de homicídio (HC n. 447.390/SC,
HOMICÍDIO
relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 23/4/2019, DJe de 30/4/2019)
QUALIFICADO
✓ MOTIVO FÚTIL = insignificante, desproporcional à natureza do crime praticado.
Obs.: a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil.
✓ MEIO INSIDIOSO: agente usa de fraude para cometer crime sem que a vítima
perceba.
✓ MEIO CRUEL: é aquele que proporciona à vítima um intenso (e desnecessário)
sofrimento físico ou mental quando a morte poderia ser ocasionada de forma menos
dolorosa.
✓ TORTURA: o agente usa da tortura como meio para conseguir a morte da vítima, ou
seja, trata-se de morte dolosa. Vai responder por crime de homicídio qualificado.

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OBS: tortura com resultado morte (art. 1º, §3º, Lei nº 9.455/97): crime essencialmente
preterdoloso. O agente tem o dolo de torturar a vítima e, por excesso, finda por causar-
lhe a morte, culposamente.
✓ TRAIÇÃO: é o ataque desleal, repentino e inesperado.
✓ EMBOSCADA: pressupõe o ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa.
✓ DISSIMULAÇÃO: fingimento, disfarçando o agente a sua intenção criminosa.
✓ OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO:
trata-se de caso clássico de interpretação analógica.
✓ Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do Tribunal do
FEMINICÍDIO Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei nº
8.072/90).
✓A Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal com escopo de criar uma nova
qualificadora ao crime de homicídio.
✓Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade ou agente
descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
HOMICÍDIO
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
FUNCIONAL
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição.
#SELIGA houve também alteração na Lei nº 8.072/1990, tornando o homicídio
funcional espécie de crime hediondo.
✓ É possível a aplicação do perdão judicial nos casos de homicídio culposo. Trata-se
de causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP).
HOMICÍDIO #DEOLHONASÚMULA:
CULPOSO Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
✓ HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO: deveremos aplicar o art. 302, CTB.

#ATENÇÃONOVIDADE – LEI HENRY BOREL


A novatio legis, dentre outras novidades, inclui como qualificadora do crime do artigo 121 do Código Penal
Brasileiro o homicídio praticado contra menor de 14 anos.
E mais, a pena de reclusão de 12 a 30 anos, referente ao homicídio qualificado, terá como causa de aumento
de pena o delito praticado pelos ascendentes, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
tutor, curador, preceptor (que orienta na educação da criança), empregador da vítima ou qualquer outra
pessoa que exerça autoridade ou cuide dela.
Ainda, em decorrência da qualificadora, o homicídio contra criança ou adolescente até 14 anos torna-se
crime hediondo.
A consequência prática de rotular determinados crimes como hediondos é que o apenado deixa de ter direito
a alguns benefícios constitucionais e legais, como, por exemplo, a fiança, a graça e a anistia, ou tenha
restrição na obtenção desses benefícios, como a exigência de maior tempo de cumprimento de pena para
progredir de regime.

#ATENÇÃO NOVA REDAÇÃO DO ART. 122 DO CP:


Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela Lei nº 13.968, de
2019)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material
para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

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§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede
social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.

LESÃO CORPORAL:

TENTATIVA DE LESÃO CRIME


CORPORAL A vontade do agente é de ofender a integridade física de outrem, não alcançando
- Art. 129 c/c art. 14, o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade. Ex.: agente quer desferir um
II, CP - soco, mas não consegue atingir a pessoa.
VIAS DE FATO
CONTRAVENÇÃO PENAL
- Decreto-lei
A vontade do agente é de agredir a vítima, sem lesioná-la. Ex. um empurrão.
3.688/41 -

§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
NATUREZA GRAVE II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
NATUREZA GRAVÍSSIMA
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V – aborto.

#ATENÇÃO: LESÃO CORPORAL QUALIFICADA - Violência Doméstica

Art. 129.
(...)
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-
A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

CRIMES CONTRA A HONRA

CONSUMAÇÃO DO CRIME DE INJÚRIA PRATICADO PELA INTERNET:

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#ATENÇÃO #DIZERODIREITO: Caso concreto: um indivíduo, residente em Município do interior da Paraíba,


enviou mensagem de áudio com palavras injuriosas contra uma Senadora da República. Esta mensagem de
áudio foi enviada por meio do Instagram direct. A parlamentar tomou conhecimento da ofensa em Brasília
(DF). A competência para julgar a injúria será da Justiça Federal do DF ou da Paraíba? Do Distrito Federal. No
caso de delitos contra a honra praticados por meio da internet, o local da consumação do delito é aquele
onde incluído o conteúdo ofensivo na rede mundial de computadores. Contudo, tal entendimento diz
respeito aos casos em que a publicação é possível de ser visualizada por terceiros, indistintamente, a partir
do momento em que veiculada por seu autor. Na situação em análise, embora tenha sido utilizada a internet
para a suposta prática do crime de injúria, o envio da mensagem de áudio com o conteúdo ofensivo à vítima
ocorreu por meio de aplicativo de troca de mensagens entre usuários em caráter privado, denominado
Instagram direct, no qual somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo, não sendo acessível
para visualização por terceiros, após a sua inserção na rede de computadores. Portanto, no caso, aplica-se o
entendimento geral de que o crime de injúria se consuma no local onde a vítima tomou conhecimento do
conteúdo ofensivo. STJ. 3ª Seção. CC 184269-PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2022 (Info 724).

INJÚRIA RACIAL:

#ATENÇÃO: Houve alteração legislativa posterior ao edital de vocês. Apesar de ela não poder ser cobrada, é
importante que todos tenham conhecimento.

A Lei nº 14.532/23 passou a tipificar o crime de injúria racial como um crime de racismo, levando-o do
capitulo de crimes contra a honra, no Código Penal, para a Lei de Racismo. Desse modo, além da confirmação
da já conhecida posição do STF, no sentido da imprescritibilidade do crime de injúria racial, o crime de injúria
racial passa a ser de ação penal pública incondicionada. Frise-se que trata de hipótese de continuidade
normativo-típica, não havendo que se falar em abolitio criminis.

A menção à raça e etnia foi retirada do artigo 140, §3º, do CP. Em seu lugar, foi inserido o art. 2º-A na Lei de
Racismo, com a seguinte redação:

Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência
nacional.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for cometido mediante concurso de 2 (duas) ou
mais pessoas.

Ainda, ao crime do art. 20 (racismo), foram inseridas novas qualificadoras, referente a:


* cometimento do crime por intermédio dos meios de comunicação social, de publicação em redes sociais,
da rede mundial de computadores ou de publicação de qualquer natureza (§2º);
* cometido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público (§2º-
A).

Ainda, incorre nas mesmas penas do art. 20 quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer
manifestações ou práticas religiosas, sem prejuízo da pena correspondente à violência (art. 20, §2º-B).

Causa de aumento para todos os crimes da Lei de Racismo: Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as
penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando ocorrerem em contexto ou com intuito de
descontração, diversão ou recreação. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

Causa de aumento para os crimes de injúria racial e racismo: Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e
20 desta Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando praticados por funcionário

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público, conforme definição prevista no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

Norma Interpretativa: Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar como discriminatória
qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento,
humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos
em razão da cor, etnia, religião ou procedência. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a vítima dos crimes de racismo deverá estar
acompanhada de advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)

O racismo, previsto no art. 20 da Lei nº 7.716/89, é um crime imprescritível? SIM. Nunca houve dúvidas
quanto a isso, aplicando-se a ele o art. 5º, XLII, da CF/88: Art. 5º (...)XLII - a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; O crime de injúria racial, previsto
no art. 140, § 3º do CP, também é crime imprescritível? A injúria racial pode ser enquadrada também no art.
5º, XLII, da CF/88? SIM.A prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do Código Penal, traz em seu bojo
o emprego de elementos associados aos que se definem como raça, cor, etnia, religião ou origem para se
ofender ou insultar alguém. Em ambos os casos, há o emprego de elementos discriminatórios baseados na
raça para a violação, o ataque, a supressão de direitos fundamentais do ofendido. Sendo assim, não se pode
excluir o crime de injúria racial do mandado constitucional de criminalização previsto no art. 5º, XLII,
restringir-lhe indevidamente a aplicabilidade. STF. Plenário. HC 154248/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 28/10/2021 (Info 1036). No mesmo sentido, já era o entendimento do STJ: AgRg no REsp 1849696/SP,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/06/2020.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – CRIMES CONTRA A HONRA:


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Lei nº 14.197, de 2021)
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de
injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em
dobro. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de
computadores, aplica-se em triplo a pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

#ATENÇÃONOVIDADE – LEI HENRY BOREL – NOVA MAJORANTE EM CRIMES CONTRA A HONRA

A nova lei alterou a redação do inciso IV, do art. 141, prevendo que será aumentada, em um terço, a pena de
qualquer crime contra a honra se praticados contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos
ou pessoa com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140, do Código Referido.
Ao contrário da dinâmica legislativa até então estabelecida, aqui a lei não cuida da vítima menor de 14
anos, mas dos adolescentes em geral (além das crianças). Assim, basta que a vítima seja menor de 18 anos
e a majorante incidirá.

TIPOS PENAS INCLUÍDOS NO CP EM 2021

PERSEGUIÇÃO (Art. 147-A)

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Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando
sua esfera de liberdade ou privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma. (Incluído pela Lei nº
14.132, de 2021)
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. (Incluído pela Lei
nº 14.132, de 2021)
§ 3º Somente se procede mediante representação. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER (Art. 147-B)

Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que
vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de
ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: (Incluído
pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO (ART. 149)

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela
Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Apesar de previsto como um crime contra a liberdade individual, a doutrina e a jurisprudência o classificam
como um crime contra a organização do trabalho. Assim, nos termos do art. 109, VI, da CF/88, compete à
Justiça Federal o seu julgamento:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VI - os crimes contra a organização do trabalho e,
nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

#DEOLHONAJURIS: Para configurar o delito do art. 149 do Código Penal (redução a condição análoga à de
escravo) NÃO É imprescindível a restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores. O delito pode ser
praticado por meio de outras condutas como no caso em que os trabalhadores são sujeitados a condições

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degradantes, subumanas. STJ. 3ª Seção. CC 127937-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/5/2014 (Info
543).

TRÁFICO DE PESSOAS (ART. 149-A)

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344,
de 2016)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego,
cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização
criminosa.

A realização de qualquer das condutas típicas só configurará infração penal se realizada mediante violência
física, grave ameaça, coação, fraude ou abuso. A ação penal é pública incondicionada. A competência é da
Justiça Estadual, exceto no caso de tráfico internacional em que a apuração deve ser feita na Justiça Federal,
nos termos do art. 109, V, da Carta Magna, que estabelece ser de competência da Justiça Federal a punição
para crimes previstos em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro ou reciprocamente.

INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO (ART. 154-A E 154-B):

Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio, conectado ou não à rede de computadores, com o
fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do usuário do
dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
2021)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se da invasão resulta prejuízo
econômico. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado
do dispositivo invadido:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra:

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I - Presidente da República, governadores e prefeitos;


II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
Ação penal
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, SALVO SE O
CRIME É COMETIDO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA OU INDIRETA de qualquer dos Poderes da
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO #APOSTACICLOS

FURTO

O crime de furto (art. 155 do CP) consiste na subtração de coisa alheia móvel sem o emprego de violência,
grave ameaça ou redução da vítima à impossibilidade de resistência. Para que se consume, é imprescindível
que o agente possua a pretensão de assenhorar-se da coisa ou outorgar a coisa a outra pessoa.

#TAVELALOVERS
A conduta consiste em SUBTRAIR. Para que exista o crime de furto,
imprescindível que a subtração ocorra sem violência, grave ameaça ou redução
da vítima à impossibilidade de resistência. Podemos vislumbrar a situação em
duas circunstâncias. A primeira, quando o agente, sem a autorização do
TIPICIDADE OBJETIVA
proprietário ou possuidor da coisa, a leva consigo. A segunda situação ocorre
quando o agente recebe a coisa do proprietário, mas não obtém a sua
autorização para retirar a coisa do local. Neste caso, o agente tinha a detenção
dos valores, mas não a autorização para retirá-los do local.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de furto (crime comum).
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo desse crime, desde que seja
proprietário ou possuidor da coisa móvel. Se alguém furtar uma coisa que já
SUJEITOS
havia sido furtada, incorrerá o crime da mesma forma. Neste caso, o sujeito
passivo não será o primeiro ladrão, mas o proprietário da coisa.
OBS: as pessoas jurídicas também podem figurar como sujeitos.
O objeto jurídico (bem jurídico tutelado) do crime, consoante o disposto no CP,
é o patrimônio. A doutrina majoritária explicita os contornos desta definição,
salientando que o bem jurídico tutelado é a posse e a propriedade. Ainda na
OBJETOS
esteira da doutrina majoritária, tem-se rechaçado a inclusão da detenção como
objeto jurídico do crime de furto.
O objeto material é a “coisa alheia móvel”
O elemento subjetivo é o DOLO. Exige-se dolo específico de subtrair a coisa
ELEMENTO SUBJETIVO para si ou para outrem. Trata-se, portanto, de ânimo de assenhoramento
definitivo da coisa. Não há previsão para a modalidade culposa.
Ainda subsiste certa polêmica, em doutrina, em torno do MOMENTO
CONSUMATIVO do crime de furto. São quatro correntes a esse respeito:
1) CONCRECTATIO: a consumação ocorre pelo mero contato entre o
CONSUMAÇÃO E agente e a coisa alheia, independentemente da sua remoção.
TENTATIVA 2) AMOTIO (APREHENSIO): ocorre a consumação quando o agente obtém
a posse da coisa, ainda que não seja mansa e pacífica.
3) ABLATIO: o agente não apenas consegue apoderar-se da coisa, mas
também deslocá-la.

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4) ILATIO: a consumação somente ocorre quando o agente consegue


conduzir a coisa até o local pretendido.
#NÃOESQUECE Na jurisprudência, é PACÍFICO o entendimento no sentido de
que a posse pacífica é DESNECESSÁRIA à consumação do delito de furto, tendo
tanto o STF quanto o STJ adotado a TEORIA DA AMOTIO (APREHENSIO).
Trata-se de crime de ação penal privada pública incondicionada. Poderá a ação
penal converter-se em pública condicionada a representação do ofendido, nas
hipóteses do art. 182 do CP, quais sejam se o sujeito passivo é o cônjuge
AÇÃO PENAL
judicialmente separado; irmão; e, por fim, tio ou sobrinho, com quem o agente
coabita, desde que a vítima não seja pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos, conforme determina o art. 183 do CP.
Conforme o §1º do art. 155, a pena do crime será aumentada em até um terço
CAUSA DE AUMENTO se o crime foi praticado durante o repouso noturno.
DE PENA #ATENÇÃO o crime de furto tem apenas uma CAUSA DE AUMENTO (§1º), todas
as demais são QUALIFICADORAS!
O furto privilegiado está previsto no §2º: § 2º - Se o criminoso é primário, e é
de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de
multa.
Temos portanto, dois requisitos (cumulativos) e três possíveis consequências
para o furto privilegiado. No que se refere aos requisitos, teremos:
FURTO PRIVILEGIADO
a) Requisito Subjetivo: primariedade do réu.
b) Requisito objetivo: pequeno valor da res furtiva.
Como consequências possíveis para o furto privilegiado, teremos:
a) Substituição da pena de reclusão pela pena de detenção;
b) Diminuir a pena privativa de liberdade de um a dois terços;
c) Aplicar somente a pena de multa.
As qualificadoras estão dos §§ 4º, 4º-A, 4º-B, 4º-C, 5º, 6º e 7º:
a) Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa (§4º, I)
b) Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (§4º, II)
c) Com emprego de chave falsa (§4º, III)
d) Mediante concurso de duas ou mais pessoas (§4º, IV)
e) Se houver emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum (§4º-A)
f) Se o furto for praticado mediante fraude eletrônica (§4-B)
FURTO QUALIFICADO g) Se o furto for praticado mediante fraude eletrônica com utilização de
servidor fora do território nacional, ou contra idoso ou vulnerável (§4º-C)
h) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior (§5º)
i) Se a subtração for de semovente domesticável de produção ainda que
abatido ou dividido em partes no local da subtração (§6º)
j) Se a subtração for de substância explosiva ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
(§7º)
Conforme consolidado entendimento no âmbito da doutrina e da
jurisprudência, é possível incidir o privilégio previsto no §2º do art. 155 às
FURTO QUALIFICADO
hipóteses qualificadas do furto. Contudo, tal como ocorre com o crime de
PRIVILEGIADO
homicídio, tem-se exigido para tanto que a qualificadora seja de caráter
OBJETIVO.

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Para o STJ, porém, a qualificadora, consistente no “abuso de confiança” deve


ser considerada subjetiva, não se permitindo, que, nesta hipótese, o furto
qualificado seja também privilegiado. Nos demais casos, nada impede que
tenhamos um furto qualificado-privilegiado.
FURTO DE IMAGEM: Não existe o crime de “furto de imagem”. Não há crime
de furto quando alguém capta uma imagem sem autorização, fotografando ou
filmando algo sem permissão, por exemplo. Em um caso como este, não
poderemos falar no crime de furto, na medida em que não há subtração de
coisa (bem corpóreo)
OUTRAS QUESTÕES FURTO DE COISA SEM VALOR PATRIMONIAL: A jurisprudência tem entendido
HAVER CRIME DE FURTO em situações nas quais a res furtiva não possui valor
patrimonial intrínseco, mas a sua subtração pode acarretar danos patrimoniais
à vítima. É o que entendo o STJ em relação a subtração de talão de cheques,
que não possuem valor em si, mas pode acarretar à vítima danos oriundos do
pagamento de tarifas bancárias.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 442 STJ É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula 511 STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime
de furto.
#OLHAOGANCHO
Res nullius = coisa de ninguém (não pode ser objeto de furto, não é coisa alheia))
Res derelicta = coisa abandonada (não pode ser objeto de furto, não é coisa alheia)

#DEOLHONAJURIS
1. Nos termos do § 1º do art. 155 do Código Penal, se o crime de furto é praticado durante o repouso noturno,
a pena será aumentada de um terço.
2. O repouso noturno compreende o período em que a população se recolhe para descansar, devendo o
julgador atentar-se às características do caso concreto.
3. A situação de repouso está configurada quando presente a condição de sossego/tranquilidade do período
da noite, caso em que, em razão da diminuição ou precariedade de vigilância dos bens, ou, ainda, da menor
capacidade de resistência da vítima, facilita-se a concretização do crime.
4. São irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento do crime, ou o local de sua
ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou em veículos, bastando que
o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso.
REsp 1.979.989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022.
(Tema 1144)
#APOSTACICLOS A causa de aumento prevista no § 1° do art. 155 do Código Penal (prática do crime de
furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4°). (INFO 738)
#APOSTACICLOS Excepcionalmente, presentes nos autos elementos aptos a comprovar a escalada de forma
inconteste, a prova pericial torna-se prescindível. (INFO 735 STJ)
#APOSTACICLOS 1. Nos termos do § 1º do art. 155 do Código Penal, se o crime de furto é praticado durante
o repouso noturno, a pena será aumentada de um terço. 2. O repouso noturno compreende o período em
que a população se recolhe para descansar, devendo o julgador atentar-se às características do caso
concreto. 3. A situação de repouso está configurada quando presente a condição de sossego/tranquilidade
do período da noite, caso em que, em razão da diminuição ou precariedade de vigilância dos bens, ou, ainda,

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da menor capacidade de resistência da vítima, facilita-se a concretização do crime. 4. São irrelevantes os


fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento do crime, ou o local de sua ocorrência, em
estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou em veículos, bastando que o furto ocorra,
obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso. REsp 1.979.989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022. (Tema 1144)
A causa de aumento do § 1º pode ser aplicada para o furto qualificado? A causa de aumento de pena do § 1º
do art. 155 do CP, além de se aplicar para os casos de furto simples (caput), pode também incidir nas
hipóteses de furto qualificado (§ 4º)? Para o STJ: NÃO. A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do
Código Penal (prática do crime de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma
qualificada (§ 4º). STJ. 3ª Seção. REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
25/05/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1087) (Info 738). Para o STF: SIM. A causa de aumento do repouso
noturno se coaduna com o furto qualificado quando compatível com a situação fática. STF. 1ª Turma. HC
180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020.
O porte econômico da vítima, por si só, não atrai a aplicação do princípio da insignificância. O porte
econômico da vítima em comparação ao valor da res furtiva não pode ser considerado para aferir a incidência
da causa supralegal de atipicidade. No caso dos autos, é impossível afastar o nível de reprovabilidade
assentado pelas instâncias antecedentes, sobretudo se considerado que o crime de furto foi praticado
mediante concurso de agentes e o valor dos produtos subtraídos é equivalente a 56% do salário-mínimo
vigente à época dos fatos. STF. 1ª turma. RHC 203.051/SC AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
30/08/2021.
Para incidir a majorante de repouso noturno basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o
repouso noturno. Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal, basta
que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a maior precariedade da
vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior probabilidade de êxito na
empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato das vítimas não estarem dormindo no momento do crime,
ou, ainda, que tenha ocorrido em estabelecimento comercial ou em via pública, dado que a lei não faz
referência ao local do crime. STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.746.597-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
17/11/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1849490/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em
15/09/2020.
Sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a consumação do furto. A
existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a tipificação do
crime de furto. STF. 1ª Turma.HC 111278/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Roberto
Barroso, julgado em 10/4/2018 (Info 897). STF. 1ª Turma. HC HC 183.570, Rel.. Min. Marco Aurélio, julgado
em 10/11/2020.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime
de furto.
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo
que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente. É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$
29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente
seja reincidente. Vale ressaltar que os produtos haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e
que logo após o agente foi preso, ainda na porta do estabelecimento. Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas,
uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de pinga marca 51, tudo avaliado em R$
29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00 mesmo que o agente
tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais. É possível a aplicação do princípio da insignificância
para o agente que praticou o furto de um carrinho de mão avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo),
mesmo ele possuindo antecedentes criminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966). Em outro

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precedente mais recente: É possível a aplicação do princípio da insignificância em face de réu reincidente e
realizado no período noturno. Na espécie, trata-se de furto de R$ 4,15 em moedas, uma garrafa pequena de
refrigerante, duas garrafas de 600 ml de cerveja e uma de 1 litro de pinga, tudo avaliado em R$ 29,15. STF.
2ª Turma. HC 181389/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/04/2020 (Info 973)

ROUBO
O roubo possui elementos idênticos ao furto, a saber, a subtração de coisa alheia como conduta típica, com
a finalidade de apropriação definitiva. Além dos referidos elementos, para restar caracterizado o roubo,
assinale-se que a conduta deve ser acrescida de violência, ameaça ou redução da vítima à impossibilidade de
resistência.
O caput do artigo descreve a conduta do roubo classificado como próprio, quando a violência é empregada
antes ou simultaneamente à subtração. Já o §1º descreve o roubo impróprio, quando a violência é
empregada de forma posterior, com a intenção de assegurar a impunidade do crime ou o sucesso do feito.

#TABELALOVERS
A conduta consiste em “subtrair”. Como se vê, trata-se da mesma conduta
existente no crime de furto. No caso do roubo, todavia, são acrescidas as ideias
de violência (violência física, real, consistente na afronta à integridade corporal
TIPICIDADE OBJETIVA
da vítima), grave ameaça (violência moral, consistente na promessa de mal
injusto, sério e relevante) ou redução da vítima à impossibilidade de resistência
(violência imprópria).
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de roubo. Sujeito passivo será o
SUJEITOS proprietário ou possuidor da coisa, bem como qualquer outra pessoa que venha
a ser atingida pela violência ou grave ameaça empregada no roubo.
No que se refere ao objeto jurídico, trata-se do crime pluriofensivo, isto é, que
se consuma mediante a lesão (ofensa) a mais de um bem jurídico. Desta forma,
no roubo tutela-se o patrimônio da vítima, bem como a integridade física e a
OBJETOS
liberdade individual, pois o crime pressupõe emprego de violência ou grave
ameaça. O objeto material é a coisa móvel subtraída, bem como a pessoa contra
quem a violência ou ameaça foi empregada.
Da mesma forma que ocorre com o crime de furto, no roubo o elemento
ELEMENTO SUBJETIVO subjetivo consiste no dolo, e exige-se o dolo específico consistente no ânimo de
apossamento definitivo da coisa. Não se admite modalidade culposa.
A jurisprudência não exige posse mansa e pacífica da coisa para que haja
CONSUMAÇÃO E
consumação.
TENTATIVA
Admite-se tentativa
AÇÃO PENAL A ação penal é pública incondicionada.
1) AUMENTO DE 1/3 ATÉ A METADE (§2º)
a) Concurso de duas ou mais pessoas;
b) Se a vítima está em serviço de transportes de valores e o agente conhece tal
circunstância;
c) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
CAUSAS DE AUMENTO outro Estado ou para o exterior;
DE PENA d) Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;
e) Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego;
f) Se houver emprego de arma branca.
2) AUMENTO DE 2/3 (§2-A)
a) Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

67
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b) Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de


explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
3) PENA APLICADA EM DOBRO (§2º-B)
a) Emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
a) Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave: neste caso a
pena é de reclusão de 7 a 18 anos e multa;
b) Se da violência resulta morte: é o chamado LATROCÍNIO, hipótese na
QUALIFICADORAS
qual a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, além da multa. Para que haja
latrocínio, é necessário que a morte derive da violência empregada no
roubo.
Quando o crime de roubo for:
a) Circunstanciado pela restrição liberdade da vítima (art.157, §2º, inciso
V);
CRIME HEDIONDO b) Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157,§2º-A, inciso I)
ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157,
§2º-B);
c) Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, §3º).

#OLHAOGANCHO
O latrocínio é um misto de subtração e morte. Por questões de política criminal (Súmula n. 610, do STF),
existe crime de latrocínio consumado quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.
Se a subtração for consumada e a morte tentada – tentativa de latrocínio.
SUBTRAÇÃO MORTE RESULTADO
SUBTRAÇÃO CONSUMADA MORTE CONSUMADA LATROCÍNIO CONSUMADO
LATROCÍNIO TENTADO ou roubo
SUBTRAÇÃO CONSUMADA MORTE TENTADA com lesão corporal grave.
Depende do dolo.
SUBTRAÇÃO TENTADA MORTE TENTADA LATROCÍNIO TENTADO
SUBTRAÇÃO TENTADA MORTE CONSUMADA LATROCÍNIO CONSUMADO
Súmula 610 - há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.

#OBS.: Latrocínio x pluralidade de mortes: E no caso de duas ou mais mortes para se subtrair um só
patrimônio? O agente responderá somente por um latrocínio (STF, HC 109.539, Inf. 705 / STJ, Resp.
1.164.953, Inf. 494). O latrocínio é crime contra o patrimônio, e somente um patrimônio foi atingido.
*#CUIDADO: Há divergência na jurisprudência sobre esse tema: *Se há uma única subtração patrimonial,
mas com dois resultados morte, haverá concurso formal de latrocínios ou um único crime de latrocínio?
Qual das duas teses é acolhida pela jurisprudência?
STJ: CONCURSO FORMAL STF E DOUTRINA: UM ÚNICO CRIME DE
LATROCÍNIO
É pacífico na jurisprudência do STJ o entendimento de (...) 7. Caracterizada a prática de latrocínio
que há concurso formal impróprio no latrocínio consumado, em razão do atingimento de
quando ocorre uma única subtração e mais de um patrimônio único. 8. O número de vítimas deve ser
resultado morte, uma vez que se trata de delito sopesado por ocasião da fixação da pena-base, na
complexo, cujos bens jurídicos tutelados são o fase do art. 59 do CP. (...) STF. 2ª Turma. HC
patrimônio e a vida. STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, 109539, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015. 07/05/2013.

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Prevalece, no STJ, o entendimento no sentido de que, (...) Segundo entendimento acolhido por esta
nos delitos de latrocínio - crime complexo, cujos bens Corte, a pluralidade de vítimas atingidas pela
jurídicos protegidos são o patrimônio e a vida -, violência no crime de roubo com resultado morte
havendo uma subtração, porém mais de uma morte, ou lesão grave, embora único o patrimônio lesado,
resta configurada hipótese de concurso formal não altera a unidade do crime, devendo essa
impróprio de crimes e não crime único. STJ. 6ª Turma. circunstância ser sopesada na individualização da
HC 185.101/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em pena (...)STF. 2ª Turma. HC 96736, Rel. Min. Teori
07/04/2015. Zavascki, julgado em 17/09/2013.

#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 442: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula 443: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
Súmula 603 STF:A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal
do júri.
Súmula 610 STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.

#DEOLHONAJURIS
1. Em razão da novatio legis in mellius engendrada pela Lei n. 13.654/2018, o emprego de arma branca,
embora não configure mais causa de aumento do crime de roubo, poderá ser utilizado como fundamento
para a majoração da pena-base, quando as circunstâncias do caso concreto assim justificarem. 2. O julgador
deve fundamentar o novo apenamento ou justificar a não realização do incremento na basilar, nos termos
do que dispõe o art. 387, II e III, do CPP. 3. Não cabe a esta Corte Superior a transposição valorativa da
circunstância para a primeira fase da dosimetria ou mesmo compelir que o Tribunal de origem assim o faça,
em razão da discricionariedade do julgador ao aplicar a novatio legis in mellius. (INFO 738)
A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24/04/2018. Antes dessa Lei, o emprego de arma branca era
considerado causa e aumento de pena no roubo. Essa Lei, contudo, deixou de prever a arma branca como
majorante. Suponhamos que, no dia 25/04/2018, João, usando um canivete, ameaçou a vítima, subtraindo
dela o telefone celular. O juiz, ao condenar o réu, não poderá, na 3ª fase da dosimetria da pena, utilizar a
“arma branca” como causa de aumento de pena. Diante disso, nada impede que o magistrado utilize esse
fato (emprego de arma branca) como uma circunstância judicial negativa, aumentando a pena-base na 1ª
fase da dosimetria da pena. Assim, no período de aplicação da Lei nº 13.654/2018, o juiz está proibido de
utilizar essa circunstância (emprego de arma branca) como causa de aumento de pena, mas nada impede
que considere isso como circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP. STJ. 5ª Turma. HC 556.629-
RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).
Agente pretendia praticar roubo e foi surpreendido após romper o cadeado e destruir a fechadura da porta
da casa da vítima; não se pode falar em tentativa de roubo. Adotando-se a teoria objetivo-formal, o
rompimento de cadeado e destruição de fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante
uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos preparatórios que
impedem a condenação por tentativa de roubo circunstanciado. Caso adaptado: João e Pedro caminhavam
nas ruas de um bairro e decidiram praticar assalto em uma das casas. Eles arrombaram o cadeado e
destruíram a fechadura da porta da casa, no entanto, quando iam adentrar na residência, passou uma viatura
da Polícia Militar. Os indivíduos correram quando perceberam a presença das autoridades de segurança. Os
policiais perseguiram a dupla, conseguindo prendê-los. Com eles, foi encontrada uma arma de fogo de uso
permitido. Vale ressaltar, contudo, que não possuíam porte de arma. Não se pode falar que houve roubo

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Ciclos Método

circunstanciado tentado. STJ. 5ª Turma. AREsp 974254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021
(Info 711).
O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do CP, não possui vício de
inconstitucionalidade formal. O art. 4º da Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do
CP, não possui vício de inconstitucionalidade formal. Isso porque se alegou que o projeto de lei que deu
origem ao diploma teria violado normas do regimento interno do Senado Federal. Ocorre que não é possível
o controle jurisdicional em relação à interpretação de normas regimentais das Casas Legislativas, sendo
vedado ao Poder Judiciário, substituindo-se ao próprio Legislativo, dizer qual o verdadeiro significado da
previsão regimental, por tratar-se de assunto interna corporis, sob pena de ostensivo desrespeito à
Separação de Poderes, por intromissão política do Judiciário no Legislativo. Tese fixada pelo STF: “Em respeito
ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal, quando não caracterizado
o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário
exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance de normas meramente
regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna corporis’.” STF. Plenário. RE 1297884/DF,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) (Info 1021).
Roubo: reconhecimento da qualificadora sem laudo pericial complementar e aplicabilidade das majorantes
somente aos roubos próprios e impróprios. A configuração da qualificadora prevista no art. 157, § 3.º, inciso
I, do Código Penal (roubo qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave) pode ser reconhecida
ainda que não tenha sido confeccionado laudo pericial complementar (Exemplo: prova testemunhal e exame
de corpo de delito da vítima). Ademais, as majorantes do crime de roubo aplicam-se somente aos roubos
próprios e impróprios. Os roubos qualificados pela lesão corporal grave (inciso I, do § 3.º do art. 157) e pelo
resultado morte – latrocínio (inciso seguinte) constituem tipos derivados do roubo simples (próprio ou
impróprio), com cominações particulares de penas mínimas e máximas (7 a 18 anos mais multa e 20 a 30
anos mais multa, respectivamente). Por isso, o Código Penal dispôs esses tipos derivados do tipo básico no §
3.º do art. 157, após as majorantes (causas especiais de aumento), previstas no § 2.º do referido artigo.
Assim, não há, no Código Penal, a previsão do que seria o "roubo qualificado circunstanciado". STJ. 6ª Turma.
HC 554.155/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/03/2021.
Configura o crime de roubo (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa que combina com
outro indivíduo para que este simule que assalta o empregado com uma arma de fogo e, dessa forma, leve
o dinheiro da empresa. João trabalhava em uma empresa, sendo responsável por receber pagamentos em
dinheiro e levá-los para depósito no banco. João combinou com Pedro um plano criminoso. No dia do
pagamento, Pedro entraria na empresa e, supostamente ameaçaria João (seu comparsa oculto), que a ele
entregaria o dinheiro. Depois, os dois dividiriam a quantia subtraída. Assim, no dia dos fatos, Pedro, já
sabendo que havia entrado uma grande soma em dinheiro, chegou na empresa e, simulando portar arma de
fogo, exigiu que João e Ricardo (outro funcionário da empresa que não sabia do plano) entregassem o
dinheiro, o que foi feito. Posteriormente, a polícia conseguiu prender Pedro, que confessou todo o plano
criminoso. João e Pedro praticaram roubo majorado, e não estelionato. STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980).
Nos casos em que se aplica a Lei nº 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma branca, no
crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora. A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia
24/04/2018. Antes dessa Lei, o emprego de arma branca era considerado causa e aumento de pena no roubo.
Essa Lei, contudo, deixou de prever a arma branca como majorante. Suponhamos que, no dia 25/04/2018,
João, usando um canivete, ameaçou a vítima, subtraindo dela o telefone celular. O juiz, ao condenar o réu,
não poderá, na 3ª fase da dosimetria da pena, utilizar a “arma branca” como causa de aumento de pena.
Diante disso, nada impede que o magistrado utilize esse fato (emprego de arma branca) como uma
circunstância judicial negativa, aumentando a pena-base na 1ª fase da dosimetria da pena. Assim, no período
de aplicação da Lei nº 13.654/2018 (antes do Pacote Anticrime - Lei nº 13.964/2019), o juiz está proibido de
utilizar essa circunstância (emprego de arma branca) como causa de aumento de pena, mas nada impede
que considere isso como circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP. STJ. 5ª Turma. HC 556629-
RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).

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EXTORSÃO

Aqui o núcleo do tipo é “constranger”, que significa submeter, subjugar, compelir,


obrigar a fazer, retirar de alguém a capacidade de autodeterminação, sendo o modus
operandi o emprego de violência ou grave ameaça à vítima. O agente cria na vítima
um estado de coação para que ela faça, tolere que se faça ou deixe de fazer alguma
coisa, a fim de lhe proporcionar uma vantagem econômica indevida.
Cumpre registrar que se a vantagem for devida, restará caracterizado outro crime,
aquele descrito no art. 345 do CP, o crime de exercício arbitrário das próprias razões.
TIPICIDADE
A pretensão de obter vantagem de caráter econômico diferencia a extorsão do crime
OBJETIVA
de constrangimento ilegal (art. 146 CP).
Não se pode confundir o crime de extorsão com o crime de roubo. Nesse, o agente
emprega violência ou grave ameaça para subtrair a coisa alheia móvel. Logo, a
conduta da vítima é totalmente desnecessária para que o agente obtenha a vantagem
patrimonial. Por outro lado, na extorsão, o agente exige da vítima a adoção de uma
conduta (fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa). Logo, a conduta
da vítima é imprescindível para que o agente obtenha a vantagem.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
SUJEITOS
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Objeto jurídico: tal como ocorre no crime de roubo, trata-se de crime pluriofensivo.
São bens jurídicos tutelados neste crime: patrimônio, integridade física e liberdade
OBJETOS
individual da vítima.
Objeto material: a pessoa contra quem é empregada a violência ou ameaça.
Elemento subjetivo é o DOLO. Exige-se dolo específico, consistente na pretensão de
ELEMENTO
apossamento definitivo da vantagem econômica indevida.
SUBJETIVO
Não há previsão de modalidade culposa.
Trata-se de CRIME FORMAL, vale dizer, não exige produção do resultado naturalístico
para que se consume. Desta forma, o crime de extorsão estará consumado quando o
CONSUMAÇÃO E
agente exigir a vantagem econômica mediante violência ou grave ameaça,
TENTATIVA
independentemente da obtenção desta vantagem.
É possível tentativa, porquanto se trata de crime plurissubsistente.
AÇÃO PENAL A ação penal é de inciativa pública incondicionada.
Causas de aumento de pena em que a pena do crime de extorsão é aumentada de
1/3 até a metade:
MAJORANTES
a) Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas;
b) Se o crime é cometido com emprego de arma.
a) Extorsão qualificada pela lesão corporal grave: a pena de reclusão de 7 a 18
anos e multa. Para que incida a qualificadora, imprescindível que a lesão
corporal decorra da violência empregada na prática da extorsão.
b) Extorsão qualificada pela morte: neste caso, a pena é de reclusão de 20 a 30
anos, além da multa. Esta é a única hipótese de crime de extorsão que
QUALIFICADORAS constitui crime hediondo. Para que incida a qualificadora, imprescindível que
a morte derive da violência (e não de eventual grave ameaça) na prática da
extorsão.
c) Se o crime é cometido mediante restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para obtenção da vantagem econômica: a conduta é
conhecida como “sequestro relâmpago”

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#NÃOSABOTEASSÚMULAS Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da


obtenção da vantagem indevida.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

O crime de extorsão mediante sequestro (art. 158 CP) é complexo, pois resulta da junção de mais de um
crime: extorsão (art. 158) e sequestro e cárcere privado (art. 148). É ainda, crime pluriofensivo, pois se
consuma mediante a violação a mais de um bem jurídico (liberdade pessoal e patrimônio).

O núcleo do tipo é o verbo “sequestrar”, isto é, privar da liberdade. A conduta recai


sobre a pessoa. O elemento característico deste crime é o estado de sujeição do
TIPICIDADE
ofendido perante criminoso. A conduta exige a finalidade específica de “de obter,
OBJETIVA
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.
Além disto, é necessário que a vantagem econômica pretendida seja indevida.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
SUJEITOS Sujeito passivo: qualquer pessoa. Será aquele que suporta a lesão patrimonial, em
como aquele que tem sua liberdade privada.
Objeto jurídico: trata-se de crime pluriofensivo, vez que o Estado tutela o
patrimônio e a liberdade individual da vítima.
OBJETOS
Objeto material: a pessoa que tem o patrimônio atingido, bem como a pessoa que
tem sua liberdade tolhida.
É o ânimo de assenhorar-se definitivamente da vantagem a ser obtida como
condição ou preço do resgate, devendo a referida vantagem ser econômica e
indevida.
ELEMENTO #ATENÇÃODIVERGÊNCIA: O tipo penal reporta-se a “qualquer vantagem”. A
SUBJETIVO doutrina diverge acerca do alcance desta expressão. Doutrina minoritária entende
que a vantagem pode ser indevida ou não, econômica ou não econômica.
Entretanto, a esmagadora maioria dos penalistas sustenta a necessidade de tratar-
se de vantagem ECONÔMICA e INDEVIDA.
Consuma-se o crime com a privação da liberdade, independentemente da obtenção
CONSUMAÇÃO E
da vantagem pretendida. Trata-se de crime plurissubsistente, razão pela qual
TENTATIVA
admite-se tentativa.
AÇÃO PENAL É crime de ação penal pública incondicionada em toda as suas modalidades.
a) Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é
menor de 18 anos ou maior de 60 anos, ou se o crime é cometido por
bando ou quadrilha: a pena prevista é de reclusão de 12 a 20 anos (§1º).
QUALIFICADORAS b) Se do resultar lesão corporal de natureza grave (§2º): a pena prevista é de
reclusão de 16 a 24 anos.
c) Se resulta morte (§3º): neste caso, a pena é de reclusão de 24 a 30 anos.
Esta é a maior pena mínima prevista no Código Penal.
A lei de crimes hediondos inaugurou na legislação o instituto da delação premiada.
Por meio do referido instituto, o criminoso que colaborar com as investigações,
trazendo informações relevantes que possam conduzir ao desmantelamento da
DELAÇÃO
associação criminosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. No que concerne
PREMIADA E
ao crime de extorsão mediante sequestro, temos a previsão de uma delação
CAUSA DE
premiada, pois pressupõe que o colaborador denuncie à autoridade o concurso de
DIMINUIÇÃO DE
agentes. E a consequência prevista é a diminuição da pena, no patamar de um a dois
PENA
terços.
Por se tratar de causa de diminuição de pena, deverá ser aquilatada na terceira fase
da dosimetria da pena.

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São requisitos da delação premiada como causa de diminuição de pena:


a) Crime cometido em concurso de pessoas;
b) Um dos participantes denuncie à autoridade;
c) Facilitação à libertação do sequestrado.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA
O ponto característico do crime de apropriação indébita (art. 168 do CP) é a quebra de confiança existente
entre o criminoso e a vítima, vez que esta entrega voluntariamente o bem ao agente que, posteriormente
passa a se comportar como seu proprietário.

A conduta consiste em “apropriar-se”, isto é, assenhorar-se, tornar-se proprietário,


TIPICIDADE dono. Não há crime quando presente o direito de retenção do bem. De igual modo,
OBJETIVA também não restará caracterizado o crime de apropriação quando o sujeito possuir
direito de compensação.
Sujeito ativo: é a pessoa que tem a posse ou a detenção da coisa móvel.
Sujeito passivo: é, via de regra, o proprietário que suporta o prejuízo causado pela
SUJEITOS
conduta criminosa. Entretanto, nada obsta que seja o possuidor ou usufrutuário da
coisa.
Objeto jurídico: é o patrimônio, consistente na propriedade legítima da coisa móvel.
OBJETOS
Objeto material: é a coisa alheia móvel sobre a qual recai a conduta criminosa.
ELEMENTO É o dolo específico de se apropriar da coisa móvel alheia (animus rem sibi habendi). Não
SUBJETIVO se admite a modalidade culposa.
O crime estará consumado a partir do momento em que o agente exteriorizar sua
CONSUMAÇÃO
pretensão de exercer domínio (e não apenas posse ou detenção) sobre a coisa móvel.
E TENTATIVA
A tentativa é admissível.
AÇÃO PENAL A ação penal é de inciativa pública incondicionada
A pena desse crime é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
CAUSAS DE a) Em depósito necessário;
AUMENTO DE b) Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
PENA testamenteiro, ou depositário judicial;
c) Em razão de ofício, emprego ou profissão.

#DEOLHONAJURIS
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita previdenciária. Não é possível
a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de apropriação indébita previdenciária e de sonegação
de contribuição previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a
própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade da conduta do
agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de
apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não há como
afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que
esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a
bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria ignorar esse
preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma.
RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019.
O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às penas previstas no art. 168, § 1º,
II, do CP (apropriação indébita). O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às
penas previstas no art. 168, § 1º, II, do Código Penal. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.871.947/PR, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022.

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ESTELIONATO

O crime de estelionato (art. 171 do CP) é, em essência, uma fraude. O agente se vale do engano para espoliar
o patrimônio de outrem, não fazendo uso da clandestinidade, da violência física ou da ameaça. Ainda na
esfera daquilo que é essencial no crime de estelionato, assinale-se que a prática exige um dolo específico da
obtenção da vantagem para si ou para outrem.

#TABELALOVERS
O núcleo do tipo é o verbo “obter” e recai sobre vantagem ilícita. Embora o CP não
faça expressa menção à natureza da vantagem, é pacífica tratar-se de caráter
TIPICIDADE
patrimonial.
OBJETIVA
#ATENÇÃO: o emprego da fraude para obtenção da vantagem de cunho sexual
caracterizaria o crime de violação sexual mediante fraude (art. 215 do CP)
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
SUJEITOS Sujeito passivo: qualquer pessoa física ou jurídica, seja quem é enganado pela fraude,
seja quem suporta o prejuízo patrimonial.
Objeto jurídico: o bem jurídico tutelado é o patrimônio.
OBJETOS Objeto material: é a pessoa ludibriada pelo agente bem como a vantagem obtida
indevidamente.
ELEMENTO É o dolo. Não se admite modalidade culposa.
SUBJETIVO
A consumação ocorre no momento em que a vítima sofre a perda patrimonial, haja
CONSUMAÇÃO
vista o locupletamento indevido do estelionatário. Trata-se de crime plurissubsistente,
E TENTATIVA
admitindo-se, portanto, a tentativa.
Até a lei 13.964/19 o crime de estelionato era de ação penal pública incondicionada. A
partir da entrada em vigor do pacote anticrime o §5º do art. 171 tem a seguinte
redação:
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
AÇÃO PENAL II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
O estelionato passa a ser, em regra, ação penal pública condicionada a representação
do ofendido, excepcionalmente, de ação penal pública incondicionada.
Trata-se de alteração legislativa mais benéfica ao réu, pois torna mais difícil ao MP
processá-lo criminalmente.
O §1º traz a hipótese do estelionato privilegiado, vez que determina que se o criminoso
ESTELIONATO é primário e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena do furto
PRIVILEGIADO privilegiado, substituindo a pena de reclusão pela detenção, ou diminuindo-a de uma
dois terços, ou, ainda, aplicar somente a pena de multa.
Fraude eletrônica
Art. 171 (...)
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é
QUALIFICADORA
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.

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§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado


gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado
mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela
Lei nº 14.155, de 2021)
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de
CAUSAS DE
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou
AUMENTO DE
beneficência.
PENA
Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
2021)
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso
ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela
Lei nº 14.155, de 2021)

#NÃOCONFUNDA
ESTELIONATO X APROPRIAÇÃO ESTELIONATO X FURTO ESTELIONATO X EXTORSÃO
INDÉBITA MEDIANTE FRAUDE
No estelionato o agente possui o No estelionato a fraude é No estelionato a vítima é
dolo desde o início. Na apropriação elementar do crime, e é enganada, na extorsão a vítima faz,
indébita o dolo se manifesta após o utilizada para que a vítima deixa de fazer ou tolera algo em
agente se apropriar do bem em entregue a coisa ao agente. razão de violência ou grave
razão da posse ou detenção. No furto a fraude é utilizada ameaça.
para diminuir a vigilância. É
qualificadora.

#ATENÇÃODOUTRINA: ESTELIONATO ->"o delito só se consuma com o emprego da fraude, seguido


da obtenção da vantagem indevida e correspondente lesão patrimonial de outrem (nesse sentido: RT
536/326). A ausência de qualquer elemento configura tentativa". - Rogério Sanches
#ARREMATANDO:
Extorsão: independente da obtenção da vantagem indevida
Estelionato: depende da vantagem indevida

#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da VANTAGEM ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante FALSIFICAÇÃO de cheque.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem
fundos.
#DEOLHONAJURIS
O crime de estelionato praticado por meio saque de cheque fraudado compete ao Juízo do local da agência
bancária da vítima. A hipótese em análise não foi expressamente prevista na nova legislação, Lei n.
14.155/2021, que incluiu o § 4.º no art. 70 do Código de Processo Penal, visto que não se trata de cheque
emitido sem provisão de fundos ou com pagamento frustrado, mas de tentativa de saque de cártula falsa,
em prejuízo de correntista.CC 182.977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado
em 09/03/2022, DJe 14/03/2022. (Info 728 - STJ).

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O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de estelionato, aplica-se
imediatamente aos inquéritos policiais que estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021.
Nos crimes de estelionato, quando praticados mediante depósito, por emissão de cheques sem suficiente
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou por meio da transferência de
valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, em razão da superveniência de Lei nº
14.155/2021, ainda que os fatos tenham sido anteriores à nova lei. Veja o § 4º do art. 70 que foi inserido no
CPP pela Lei nº 14.155/2021: Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante
transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. STJ. 3ª Seção. CC 180832-RJ, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar
os processos penais que já estavam em curso? A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida
pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?
•NÃO. É o entendimento do STJ e da 1ª Turma do STF: A exigência de representação da vítima no crime de
estelionato não retroage aos processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691). STF. 1ª Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 13/10/2020.
• SIM. É a posição da 2ª Turma do STF: A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º
ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da
pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas quanto
as ações penais em curso até o trânsito em julgado. STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 22/6/2021 (Info 1023).
Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato qualificado por médico
que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital. Caso concreto: o réu foi
denunciado pelo MPF pela prática de estelionato qualificado, porque, na qualidade médico de hospital
universitário federal, teria registrado seu ponto e se retirado do local, sem cumprir sua carga horária durante
quase dois anos. A jurisprudência do STJ não tem admitido, nos casos de prática de estelionato “qualificado”,
a incidência do princípio da insignificância (princípio inspirado na fragmentariedade do Direito Penal). Isso
porque se identifica, neste caso, uma maior reprovabilidade da conduta delitiva. No caso concreto, o STJ
afirmou que não era possível o trancamento da ação penal, sob o fundamento de inexistência de prejuízo
expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando de hospital universitário, os pagamentos aos
médicos são provenientes de verbas federais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 548869-RS, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 12/05/2020 (Info 672).
Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o devido: estelionato (não é furto
mediante fraude). A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor
do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex: as fases “A” e “B” do medidor foram
isoladas por um material transparente, que permitia a alteração do relógio fazendo com que fosse registrada
menos energia do que a consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 07/05/2019 (Info 648). Cuidado para não confundir: • agente desvia a energia elétrica por meio de ligação
clandestina (“gato”): crime de FURTO (há subtração e inversão da posse do bem). • agente altera o sistema
de medição para que aponte resultado menor do que o real consumo: crime de ESTELIONATO.

#ATENÇÃO: FURTO E ESTELIONATO!!

#NÃOCONFUNDIR - Não confundir furto de energia elétrica com estelionato para ocultar consumo.

FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA ESTELIONATO PARA O CONSUMO


“GATO” FRAUDE NO MEDIDOR

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Agente não está autorizado a consumir a coisa. O agente está autorizado a consumir a coisa, mas se
Ligação clandestina. vale do artifício para provocar consumo fictício.
A ligação é legítima – a adulteração é do medidor.

FRAUDE ELETRÔNICA

#NOVIDADE2021

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(...)
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização
de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se
de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora
do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público
ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
(...)

ESTELIONATO CONTRA IDOSO OU VULNERÁVEL

#ALTERAÇÃO2021
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(...)
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA:

O delito de favorecimento à exploração sexual de adolescente não exige habitualidade. Trata-se de crime
instantâneo, que se consuma no momento em que o agente obtém a anuência para práticas sexuais com a
vítima menor de idade, mediante artifícios como a oferta de dinheiro ou outra vantagem, ainda que o ato
libidinoso não seja efetivamente praticado. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 20/09/2022, DJe 29/09/2022. (Info 754 - STJ)

Em crimes contra a dignidade sexual, é possível afastar, em caráter excepcional, o óbice da Súmula n. 7/STJ
estritamente para a revaloração de prova ou de dados que estejam admitidos e delineados no decisório
recorrido de forma explícita. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador

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convocado do TJDFT), Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022, DJe 26/08/2022. (Info 747 -
STJ)

Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente da
ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação para o delito de
importunação sexual (art. 215-A do CP). REsp 1.959.697-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por
unanimidade, julgado em 08/06/2022. (Tema 1121). (Info 740 - STJ)

No tocante à continuidade delitiva, a exasperação da pena será determinada, basicamente, pelo número de
infrações penais cometidas, parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento, dentro
do intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão esta Corte Superior de Justiça possui o entendimento
consolidado de que, em se tratando de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração
de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para
6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações.
Nos crimes sexuais envolvendo vulneráveis, torna-se bastante complexa a prova do exato número de crimes
cometidos. Tal imprecisão, contudo, não deve levar o aumento da pena ao patamar mínimo. Especialmente
quando o contexto apresentado nos autos evidencia que os abusos sexuais foram praticados por diversas
vezes e de forma constante, tendo a vítima afirmado que os fatos ocorreram entre os anos de 2015 e 2019,
declarando, ainda, que "o réu obrigava a declarante a praticar atos de cunho sexual; pedia para a declarante
retirar a roupa para ele, ele se masturbava para ela; ele se despia na frente dela; praticava sexo oral na
depoente, sendo que estes atos ocorriam, no mínimo, 2 (dois) dias por semana", mostrando-se apropriado,
portanto, o aumento da pena na proporção máxima de 2/3.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 649.371/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022.

Não é plausível a aplicação do art. 215-A do Código Penal na hipótese de estupro de vulnerável, porque a
conduta do agente possui elemento especializante, referente ao fato de ser a vítima incapaz, bem como de
ser presumida a violência, sendo tais hipóteses regidas pelo art. 217-A do Código Penal, no qual é despiciendo
o consentimento da vítima e presumida a violência.
O crime de estupro de incapaz contempla duas condutas distintas, quais sejam, ter conjunção carnal e
praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos, ou alguém com enfermidade ou deficiência mental,
independentemente do emprego de violência ou grave ameaça, essenciais ao tipo penal descrito no art. 213
do CP, dada a vulnerabilidade da vítima.
A prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal contra vulnerável constituiu consumação do delito de
estupro de incapaz, não havendo se falar em desclassificação da conduta.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 649.371/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022.

A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”, para os fins do tipo do art. 213 do Código
Penal STJ. 6ª Turma. REsp 1916611-RJ, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª
Região), julgado em 21/09/2021 (Info 711).

O “cliente” da exploração sexual (art. 218-B do CP) pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja
um proxeneta. STJ. 3ª Seção. EREsp 1530637/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 690).

O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade
sexual da vítima. Para que se configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e vítima.
Assim, doutrina e jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato físico direto do réu com a vítima,
a fim de priorizar o nexo causal entre o ato praticado pelo acusado, destinado à satisfação da sua lascívia, e
o efetivo dano à dignidade sexual sofrido pela ofendida. STJ. 6ª Turma. HC 478310, Rel. Min. Rogério Schietti,
julgado em 09/02/2021 (Info 685).

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Não há nenhuma nulidade quando o Juiz refuta o exame pericial não esclarecedor nos crimes de estupro de
vulnerável sem conjunção carnal, para, acolhendo as demais provas, principalmente o depoimento da vítima
e das testemunhas, concluir pela condenação do réu, porque no sistema jurídico penal brasileiro vigora o
princípio do “livre convencimento motivado” do julgador. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no RHC 127.089/MG,
Rel. Ministro Nefi Cordeiro, julgado em 24/11/2020.

A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por conduta omissiva imprópria se assume o
papel de garantidora. STJ. 5ª Turma. HC 603195-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/10/2020 (Info
681).

Pode haver a valoração negativa da culpabilidade para o crime pelo fato de a vítima ter sido submetida à
prática de sexo oral e penetração anal, além do sexo vaginal, o que permite, a toda evidência, a majoração
da pena-base, uma vez que demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta penal
superior. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1.668.686/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
19/05/2020.

Não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) para o crime do art.
215-A do CP (importunação sexual). Isso porque o tipo penal do art. 215-A é praticado sem violência ou grave
ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de
menor de 14 anos. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
26/06/2019.

Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato,
sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente

CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

#ATENÇÃO: Associação criminosa (art. 288):

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


Art. 288 do CP Art. 2º da Lei 12.850/13
Pena: Reclusão de 1 a 3 anos Pena: Reclusão de 3 a 8 anos
Associarem-se 3 ou mais pessoas Associação de 4 ou mais pessoas
Dispensa estrutura ordenada e divisão de tarefas Pressupõe estrutura ordenada e divisão de tarefas,
ainda que informalmente
A busca de vantagem para o grupo é o mais Com o objetivo de obter vantagem de qualquer
comum, porém dispensável natureza
Para o fim específico de cometer crimes Mediante a prática de infrações penais
(abrangendo contravenções) cujas penas máximas
sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter
transnacional

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

#IMPORTANTE: Moeda Falsa


Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou
no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

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§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação,
depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

#ALERTA: Crime de moeda falsa (Art. 289): Para a configuração do crime de moeda falsa, previsto no art.
289, caput e § 1º, do CP, é necessário que se evidencie a chamada imitatio veri, ou seja, é preciso
que a falsidade seja apta a enganar terceiros, dada a semelhança da cédula falsa com a verdadeira. Se ficar
constatada pela perícia que a falsificação das cédulas contrafeitas poderia iludir o homem comum,
como de fato ocorreu, verifica-se em princípio a configuração do referido crime, cuja competência é da
Justiça Federal (CC 117.751/PR, j em 28/03/2012).

• Se a falsificação não é grosseira: o crime é de moeda falsa (art. 289 do CP de competência da Justiça
Federal.
• Se a falsificação é grosseira: o crime pode ser o de estelionato (art. 171 do CP de competência em regra,
da Justiça Estadual.

Súmula 73 STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de esteli
onato, da competência da Justiça Estadual.

#IMPORTANTE: Falsidade ideológica


Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a
falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

#IMPORTANTE: Uso de documento falso


Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em
razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do
órgão expedidor.

#DEOLHONAJURIS: A jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da inaplicabilidade do princípio da


insignificância na hipótese de crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado médico falso;
introdução de moedas falsas), em função do bem jurídico tutelado pela norma, que, no caso, a fé pública
representa caráter supraindividual. STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
11/03/2014 STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel. Min Roberto Barroso, decisão monocrática em 18/06/2020. STJ.
6ª Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/02/2022 STJ. 5ª Turma.
AgRg-RHC 155.201, Rel. Min. Jesuíno Rissato, julgado em 12/12/2021 Excepcionalmente, admite-se o

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princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (uso de atestado falso) em casos que o dolo do réu
revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada",
a demonstrar a atipicidade material da conduta e afastar a incidência do direito penal, sendo suficientes as
sanções previstas na Lei trabalhista. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 16/11/2021.

A empresa ostensiva, ou seja, a importadora aparente, que não indica o verdadeiro importador das
mercadorias pratica o delito tipificado no art. 299 do Código Penal (falsidade ideológica). Ademais, considera-
se como local da infração a sede fiscal da pessoa jurídica responsável pela inserção, na Declaração de
Importação, de seu nome como importadora ostensiva, sabedora de que o real importador é outro. STJ. 3ª
Seção. AgRg no CC 175.542/PR, Rel. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/02/2021.

CRIMES CONTRA SAÚDE PÚBLICA

#ATENÇÃO #REPERCUSSÃOGERAL
É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código Penal, com redação dada pela Lei
nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no seu § 1º-B, I, que versa sobre a
importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária. Para esta situação específica, fica
repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária (reclusão, de 1 a 3 anos, e multa). STF.
Plenário. RE 979962/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 1003)
(Info 1011).

Venda de substâncias que estão na Portaria SVS/MS 344/98 e princípio da consunção:

Se o agente criou farmácia de fachada para vender produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou
medicinais, ele deverá responder pelo delito do art. 273 do CP (e não por este crime em concurso com tráfico
de drogas), ainda que fique demonstrado que ele também mantinha em depósito e vendia alguns
medicamentos e substâncias consideradas psicotrópicas no Brasil por estarem na Portaria SVS/MS nº
344/1998. Assim, mesmo tendo sido encontradas algumas substâncias que podem ser classificadas como
droga, o crime do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 ficará absorvido pelo delito do art. 273 do CP, que possui
maior abrangência. Aplica-se aqui o princípio da consunção. STJ. 6ª Turma. REsp 1537773-SC, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/8/2016 (Info 590).

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA #APOSTACICLOS

CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO CRIME FUNCIONAL IMPRÓPRIO


A ausência da condição de servidor público torna o A ausência da condição de servidor público faz com
fato atípico (atipicidade absoluta) que o crime deixe de ser funcional e passe a ser
incriminado por outro tipo penal incriminador
(atipicidade relativa)

REVISÃO PECULATO:

PECULATO
PECULATO-APROPRIAÇÃO: tem a posse do bem em virtude do cargo e passa a agir
como dono.
PRÓPRIO
PECULATO-DESVIO: tem a posse do bem em virtude do cargo e o desvia em proveito
próprio ou de terceiros.

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PECULATO-FURTO: não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades do cargo para
IMPRÓPRIO
subtrair ou concorrer para subtração.
O agente não observa seu dever de cuidado, concorrendo para que outrem subtraia,
desvie ou se aproprie do bem. É infração de menor potencial ofensivo, admitindo
CULPOSO transação penal e suspensão condicional do processo.
Se o agente reparar o dano até a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se
após isso, reduz a pena pela metade.
Apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por
ESTELIONATO
erro de outrem.
O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da
ELETRÔNICO
Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem
ou para causar dano.

PECULATO CULPOSO E REPARAÇÃO DO DANO:


A REPARAÇÃO DO DANO ANTES DA
CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
SENTENÇA IRRECORRÍVEL5

A REPARAÇÃO DO DANO POSTERIOR À CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA


SENTENÇA IRRECORRÍVEL (minorante)

PECULATO DOLOSO E REPARAÇÃO DO DANO:


REPARAÇÃO DO DANO
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
ATÉ O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
REPARAÇÃO DO DANO
APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA ATENUANTE GENÉRICA
E ANTES DO JULGAMENTO

JURISPRUDÊNCIA – PECULATO

#APOSTACICLOS Não é típico o ato do servidor que se apropria de valores que já lhe pertenceriam, em razão
do cargo por ele ocupado. AgRg no AREsp 2.073.825-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 22/08/2022. (Info 746 - STJ)

O mero proveito econômico não é suficiente para tipificar o crime de peculato-desvio, é necessário que o
agente pratique alguma conduta voltada ao desvio de verbas públicas. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 144.053-
RJ, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado Do TJDFT), Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 19/10/2021.

Configura o crime de peculato-desvio o fomento econômico de candidatura à reeleição por Governador de


Estado com o patrimônio de empresas estatais. STJ. 5ª Turma. REsp 1776680-MG, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 11/02/2020 (Info 666).

5 #PEDRADETOQUE: para saber se o funcionário público será beneficiado pela extinção da punibilidade ou pela aplicação da
minorante, o marco crucial será visualizar a recorribilidade da sentença condenatória. Isso porque se irrecorrível somente
poderemos falar em causa de diminuição da pena.

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Pratica o crime de peculato-desvio o Governador que determina que os valores descontados dos
contracheques dos servidores para pagamento de empréstimo consignado não sejam repassados ao banco,
mas sim utilizados para quitação de dívidas do Estado. STJ. Corte Especial. APn 814-DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 06/11/2019 (Info 664).

CONCUSSÃO:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

EXCESSO DE EXAÇÃO

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

#DEOLHONAJURIS
A mera interpretação equivocada da norma tributária não configura o crime de excesso de exação. Caso
concreto: registrador de imóveis cobrou emolumentos (taxa) a mais do que seriam devidos ao aplicar
procedimento diverso do que era estabelecido na lei. Ocorre que o texto da lei era confuso e gerava
dificuldade exegética, dando margem a interpretações diversas. Diante disso, o STJ acolheu a tese defensiva
de que a lei era obscura e não permitia precisar a exata forma de cobrança dos emolumentos cartorários no
caso especificado pela denúncia. Embora o réu possa ter cobrado de forma errônea os emolumentos, o fez
por mero erro de interpretação da legislação tributária no tocante ao método de cálculo do tributo, e não
como resultado de conduta criminosa. Assim, o réu foi absolvido, com fundamento no art. 386, III, do CPP,
por atipicidade da conduta. STJ. 6ª Turma. REsp 1943262-SC, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado
em 05/10/2021 (Info 712).

#IMPORTANTE CORRUPÇÃO PASSIVA


Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

CORRUPÇÃO PRÓPRIA CORRUPÇÃO IMPRÓPRIA


O ato oriundo do funcionário público, que pode Se para cometer o crime de corrupção passiva, na
ser comissivo ou omissivo, diz respeito a um ato modalidade comissiva ou omissiva, o agente se valer
ilícito. da prática de um ato lícito, ou seja, um ato esperado
dentro das funções do funcionário público, tem-se
caracterizada a corrupção passiva imprópria.

#JURIS:

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Configura o crime de corrupção ativa o oferecimento de vantagem indevida a funcionário público para
determiná-lo a omitir ou retardar ato de ofício relacionado com o cometimento do crime de posse de drogas
para uso próprio. (INFO 735)

Para tipificação do art. 317 do Código Penal - corrupção passiva -, deve ser demonstrada a solicitação ou
recebimento de vantagem indevida pelo agente público, não configurada quando há mero ressarcimento ou
reembolso de despesa. STJ. 5ª Turma. HC 541447-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
14/09/2021 (Info 709).

O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida, ou
a aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que formalmente não se inserem nas
atribuições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente implicam alguma
forma de facilitação da prática da conduta almejada. Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa,
o tipo penal de corrupção passiva não exige a comprovação de que a vantagem indevida solicitada, recebida
ou aceita pelo funcionário público esteja causalmente vinculada à prática, omissão ou retardamento de “ato
de ofício”. A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento
normativo do tipo de corrupção ativa, e não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo do
tipo de corrupção passiva. Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão “ato de ofício”
figura apenas na majorante do art. 317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.º do mesmo
dispositivo. STJ. 6ª Turma. REsp 1745410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz,
julgado em 02/10/2018 (Info 635).

Configura o crime de corrupção ativa o oferecimento de vantagem indevida a funcionário público para
determiná-lo a omitir ou retardar ato de ofício relacionado com o cometimento do crime de posse de drogas
para uso próprio. (INFO 735)

#ATENÇÃO Não é típico o ato do servidor que se apropria de valores que já lhe pertenceriam, em razão do
cargo por ele ocupado. AgRg no AREsp 2.073.825-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 22/08/2022. (Info 746)

#NÃOCONFUNDA

CONCUSSÃO Funcionário público exige vantagem indevida.


CORRUPÇÃO Funcionário público solicita, recebe ou aceita vantagem indevida.
PASSIVA
CORRUPÇÃO Particular oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público.
ATIVA
O agente viola o dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, de
PREVARICAÇÃO
modo que não envolve um terceiro corruptor

#NÃOCONFUNDA2

PATROCINAR, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


ADVOCACIA
pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Crime praticado por funcionário
ADMINISTRATIVA
público contra a administração em geral
SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OBTER, para si ou para outrem, vantagem ou
TRÁFICO DE promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
INFLUÊNCIA no exercício da função. Crime praticado por particular contra a administração em
geral

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SOLICITAR ou RECEBER dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em


EXPLORAÇÃO DE
juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
PRESTÍGIO
intérprete ou testemunha. Crime contra a administração da justiça

#OLHONAJURIS

Atipicidade do “comprador de fumaça” quanto ao delito de tráfico de influência do art. 332 do CP. Aquele
que compra o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a órgão público para impedir um ato de
fiscalização, apesar de praticar ato antiético e imoral, não comete nenhum ilícito se, ao fim e ao cabo, é
enganado e não obtém o resultado esperado. A conduta de entregar dinheiro para outrem, que solicitou o
recebimento de vantagem pecuniária, com a promessa de influenciar servidor da Receita Federal a não
praticar ato de ofício referente a uma autuação fiscal, por ter sido extrapolado o limite de importação na
modalidade simplificada, não se enquadra no delito de tráfico de influência previsto no art. 332 do Código
Penal. Aquele que “compra” o prestígio de alguém que alegava ter influência junto a um órgão público e que
poderia impedir a realização de um ato de ofício da Administração Pública, a despeito de praticar uma ato
antiético e imoral não praticou nenhum ato ilícito, pois, no caso, o ato administrativo foi realizado e o
“comprador de fumaça” recebeu uma autuação fiscal. STJ. 5ª Turma. RHC 122.913, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 15/12/2020.

#NÃOCONFUNDA3
Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
RESISTÊNCIA
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio
DESOBEDIÊNCIA Desobedecer a ordem legal de funcionário público
DESACATO Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela

DESOBEDIÊNCIA:

A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto de policiamento
ostensivo, para a prevenção e repressão de crimes, constitui conduta penalmente típica, prevista no art. 330
do Código Penal Brasileiro. STJ. 3ª Seção. REsp 1859933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
09/03/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1060) (Info 732)

Comete crime de desobediência (art. 330 do CP) o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial de
justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo, expedido no juízo cível. O indivíduo,
depositário do bem, recusou-se a entregar o veículo ou a indicar sua localização. Essa conduta configura ato
atentatório à dignidade da justiça (art. 77, IV, do CPC/2015), havendo a previsão de multa processual (art.
77, § 2º). Ocorre que a Lei afirma expressamente que a aplicação da multa ocorre sem prejuízo de
responsabilização na esfera penal. STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/4/2020 (Info 975).

O STJ firmou a orientação que o crime de desobediência é subsidiário, estando configurado apenas quando,
desrespeitada a ordem judicial, inexistir sanção específica, ressalvada expressa cumulação. Assim,
evidenciado que o descumprimento das condições impostas quando da concessão da prisão domiciliar,
prevista no art. 117 da LEP, importaria na regressão de regime prisional, não há falar em crime de
desobediência, dada a existência de sanção específica cominada. STJ. 6ª Turma. HC 486.040/MG, rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/3/2019.

DESCAMINHO

#VAMOSDECP

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Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
pelo consumo de mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou
acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial.

CONTRABANDO
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de
órgão público competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial.

#ALERTA: DESCAMINHO E CONTRABANDO (Art. 334 e 334-A)

CONTRABANDO DESCAMINHO
Tipificado no art. 334-A do CP. Tipificado no art. 334 do CP.
Consiste em “importar ou exportar mercadoria Consiste em “iludir, no todo ou em parte, o
proibida”. pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria”
Corresponde à conduta de importar ou exportar Corresponde à entrada ou à saída de produtos
mercadoria PROIBIDA. PERMITIDOS, todavia elidindo o pagamento do
imposto devido.
Obs.: essa proibição pode ser absoluta ou relativa.
É a fraude utilizada para iludir o pagamento de
impostos relacionados com a importação ou
exportação de produtos.

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NÃO é uma espécie de crime tributário. É uma espécie de crime tributário.


Bem jurídico: a moralidade administrativa, a saúde Bem jurídico protegido: interesse do Estado na
e a segurança pública. O bem juridicamente arrecadação dos tributos.
tutelado vai além do mero valor pecuniário do
imposto elidido, alcançando também o interesse Além disso, alguns autores apontam que este crime
estatal de impedir a entrada e a comercialização de também protege o controle estatal das importações
produtos proibidos em território nacional. e das exportações.
É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância. APLICA-SE o princípio da insignificância se o valor do
Exceção: contrabando de pequena quantidade de tributo cujo pagamento foi iludido não superar R$
medicamento para uso próprio (STJ EDcl no AgRg no 20 mil (posição majoritária).
REsp 1708371/PR).
NÃO admite suspensão condicional do processo (a Admite suspensão condicional do processo (a pena
pena é de 2 a 5 anos). é de 1 a 4 anos).

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA #DIZERODIREITO #CONCURSOS360:

Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art.
334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria estrangeira, permitida pela ANVISA,
desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento de imposto de importação.
STJ. Plenário. CC 159680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/08/2018 (Info 631).

Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, AINDA QUE
INEXISTENTES INDÍCIOS DE TRANSNACIONALIDADE NA CONDUTA. STJ. 3ª Seção. CC 160748-SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (Info 635).

O descaminho é crime tributário FORMAL. Logo, para que seja proposta ação penal por descaminho não é
necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário. Não se aplica a Súmula Vinculante 24 do STF.
O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado quanto ao pagamento dos tributos devidos
quando da importação ou exportação de mercadorias. STJ. 6ª Turma. REsp 1.343.463-BA, Rel. para acórdão
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/3/2014 (Info 548). STF. 2ª Turma. HC 122325, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 27/05/2014.

É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição do crédito


tributário para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP), tendo em conta sua natureza formal.
STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018 (Info 904).

Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-
fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada. STJ. 3ª Seção. REsp 1378053-PR, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 587).

Se o denunciado pelo crime de descaminho fizer o pagamento integral da dívida tributária, haverá extinção
da punibilidade? NÃO. Segundo a posição atual do STJ, o pagamento do tributo devido NÃO extingue a
punibilidade do crime de descaminho. STJ. 5ª Turma. RHC 43558-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
5/2/2015 (Info 555). STJ. 6ª Turma. HC 271650/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
03/03/2016.

O crime de descaminho é tipificado no art. 334 do CP. O § 3º prevê a seguinte causa de aumento: “A pena
aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.”
Para aplicação dessa majorante, é necessário que o transporte realizado seja clandestino?
• STJ e 1ª Turma do STF: NÃO.

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O art. 334, § 3º, do Código Penal prevê a aplicação da pena em dobro se “o crime de contrabando ou
descaminho é praticado em transporte aéreo”.
Se a lei não faz restrições quanto à espécie de voo que enseja a aplicação da majorante, não cabe ao
intérprete restringir a aplicação do dispositivo legal, sendo irrelevante que o transporte seja clandestino ou
regular. STJ. 5ª Turma. HC 390899/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/11/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg
no REsp 1850255/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/05/2020.

O art. 334, § 3º, do CP, ao versar sobre o aumento da sanção nos casos de descaminho praticado em
transporte aéreo, não distingue os casos de voos clandestinos ou regulares. STF. 1ª Turma. HC 169846, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 12/11/2019.
• 2ª Turma do STF (empate): SIM. Para aplicação da majorante prevista no art. 334, § 3º, do Código Penal, é
necessária a condição de clandestinidade. A majorante somente pode ser aplicada quando houver uma maior
reprovabilidade da conduta, caracterizada pela atuação do imputado no sentido de dificultar a fiscalização
estatal, por meio da clandestinidade. STF. Plenário. HC 162553 AgR/CE, relator Min. Edson Fachin, redator
do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/9/2021 (Info 1030).

CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

#ATENÇÃO NOVIDADE 2021:


CONTRATAÇÃO DIRETA ILEGAL
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das hipóteses previstas em lei:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

FRUSTRAÇÃO DO CARÁTER COMPETITIVO DE LICITAÇÃO


Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da
adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo licitatório:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

PATROCÍNIO DE CONTRATAÇÃO INDEVIDA


Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública, dando
causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder
Judiciário:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

MODIFICAÇÃO OU PAGAMENTO IRREGULAR EM CONTRATO ADMINISTRATIVO


Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
contratual, em favor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a Administração
Pública, sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda,
pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

PERTURBAÇÃO DE PROCESSO LICITATÓRIO


Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de processo licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

VIOLAÇÃO DE SIGILO EM LICITAÇÃO


Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo licitatório ou proporcionar a terceiro o
ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.

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AFASTAMENTO DE LICITANTE
Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento
de vantagem de qualquer tipo:
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem
oferecida.

FRAUDE EM LICITAÇÃO OU CONTRATO


Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato dela decorrente, mediante:
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em quantidade diversas das previstas
no edital ou nos instrumentos contratuais;
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para
consumo ou com prazo de validade vencido;
III - entrega de uma mercadoria por outra;
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria ou do serviço fornecido;
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa para a Administração Pública a proposta
ou a execução do contrato:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

CONTRATAÇÃO INIDÔNEA
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo:
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo:
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, declarado inidôneo, venha a participar de
licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a contratar com a
Administração Pública.

IMPEDIMENTO INDEVIDO
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição de qualquer interessado nos registros
cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de registro do inscrito:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

OMISSÃO GRAVE DE DADO OU DE INFORMAÇÃO POR PROJETISTA


Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pública levantamento cadastral ou condição de
contorno em relevante dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo da licitação ou em
detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública, em contratação para a
elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou em
procedimento de manifestação de interesse:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e os levantamentos suficientes e necessários para
a definição da solução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos sondagens, topografia,
estudos de demanda, condições ambientais e demais elementos ambientais impactantes, considerados
requisitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a elaboração de projetos.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-se
em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de cálculo
prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato licitado ou
celebrado com contratação direta.

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ALERTA: Os crimes em licitações e contratos administrativos eram previstos na lei 8.666/93. A partir da Lei
14.133/21, os tipos penais previstos na legislação especial foram revogados, e inseridos novos tipos no
próprio Código Penal como crimes contra a administração pública. Observem que as disposições da Lei
8.666/93 continuarão em vigor pelo prazo de 2 anos, salvo no aspecto criminal. Os tipos penais da lei
8.666/93 foram imediatamente revogados.

#DEOLHONAJURIS

Para a configuração do crime previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993, agora disposto no art. 337-E do CP
(Lei n. 14.133/2021), é indispensável a comprovação do dolo específico de causar danos ao erário e o
efetivo prejuízo aos cofres públicos. AgRg no HC 669.347-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador
Convocado do TJDFT #ATENÇÃO), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por maioria, julgado
em 13/12/2021.
As sucessivas revisões dos quantitativos máximos de receita bruta para enquadramento como ME ou EPP,
da Lei Complementar n. 123/2006, para fazer frente à inflação, não descaracterizam crimes de inserção de
informação falsa em documento público, para fins de participação em procedimento licitatório, cometidos
anteriormente. AREsp 1.526.095-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
08/06/2021.

CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

BEM JURÍDICO O regular funcionamento da Administração Pública e os direitos e garantias


PROTEGIDO fundamentais previstos na CF/88.
Agentes públicos. Crime próprio. É possível o concurso de pessoas com
SUJEITO ATIVO
particular, desde que tenha conhecimento da qualidade do agente público.
Dupla subjetividade passiva:
SUJEITO PASSIVO Mediato/ indireto ou permanente = Estado.
Imediato/ direto ou eventual = pessoa física ou jurídica vítima do abuso.
Se o agente público que praticou o abuso não possui foro por prerrogativa de
função, a competência será da Justiça de 1º grau: Estadual (agente público
COMPETÊNCIA
estadual ou municipal), Federal (agente público federal) ou Militar (por militar
em serviço).
ELEMENTO SUBJETIVO Dolo + especial fim de agir.
AÇÃO PENAL Pública incondicionada.
Estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do
PRAZO PARA
Ministério Público receber os autos do inquérito policial;
DENÚNCIA
Réu solto ou afiançado, o prazo é de 15 dias.

Elemento subjetivo especial dos crimes de abuso de autoridade


1) ao praticar a conduta tinha a finalidade específica de:
• prejudicar alguém; ou
O agente só comete crime de • beneficiar a si mesmo ou a terceiro; OU
abuso de autoridade se 2) tiver praticado a conduta por mero capricho ou satisfação pessoal.
- Capricho: vontade desprovida de qualquer razão anterior.
- Satisfação pessoal: para agradar interesses pessoais.

ENUNCIADOS DO GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL – GNCCRIM:

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1. Os tipos incriminadores da Lei de Abuso de Autoridade exigem elemento subjetivo diverso do mero dolo,
restringindo o alcance da norma.
2. A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, salvo quando teratológica, não
configura abuso de autoridade, ficando excluído o dolo.
3. Os crimes da Lei de Abuso de Autoridade são perseguidos mediante ação penal pública incondicionada. A
queixa subsidiária pressupõe comprovada inércia do Ministério Público, caracterizada pela inexistência
de qualquer manifestação ministerial.
4. O requerimento do ofendido para a reparação dos danos causados pela infração penal dispensa qualquer
rigor formal.

#SELIGA: Para configurar a competência da Justiça Federal, o crime deve estar relacionado com as funções
federais exercidas pelo agente público.

Súmula 147-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE LEI DE TORTURA
A condutas constrangem mediante violência, grave As condutas causam maior sofrimento físico ou
ameaça ou redução de sua capacidade de mental na vítima.
resistência.
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante Art. 1º Constitui crime de tortura:
violência, grave ameaça ou redução de sua I - constranger alguém com emprego de violência
capacidade de resistência: ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
III - produzir prova contra si mesmo ou contra ou mental:
terceiro. a) com o fim de obter informação, declaração ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e confissão da vítima ou de terceira pessoa;
multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.
Crime material Crime formal

CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Quadro Resumo #DIRETODAFUC

Artigos 12 e 14 – Posse e São tipos mistos alternativos. Isso significa que a prática de duas ou mais
Porte de arma de fogo, condutas descritas no tipo não configura concurso de crimes, de modo que
acessório ou munição. o agente responderá por um único crime.
A posse restará configurada quando a arma de fogo, acessório ou munição
Art. 12 - Posse irregular de
for encontrada na residência ou no local de trabalho, nesse último caso,
arma de fogo de uso
desde que seja proprietário ou responsável pelo estabelecimento ou
permitido
empresa.
Art. 14 – Porte ilegal de Arma de fogo encontrada em local diverso da residência ou do local de
arma de fogo de uso trabalho (apenas para os proprietários e responsáveis da empresa).
permitido

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Art. 13, caput, e parágrafo São os únicos crimes de mera conduta do Estatuto, todos os demais são
único. crimes formais. São infrações de menor potencial ofensivo (Juizado
Especial Criminal).
Empresa de segurança que deixa de registrar o furto, roubo ou extravio de
Art. 13, parágrafo único. arma de fogo, acessório ou munição.
Crime omissivo, doloso e próprio.
É um crime culposo, omissivo próprio. Havendo divergência quanto a
consumação:
Art. 13, caput - Crime de
1ª Corrente: é crime material, não bastando a negligência, é necessário
omissão de cautela
que o menor de 18 anos, ao menos, se apodere da arma de fogo.
2ª Corrente: É um crime omissivo e de mera conduta, se consuma com a
inação (negligência). É a corrente que prevalece.
Necessidade de haver dolo para a consumação. Importante lembrar que o
disparo de arma de fogo realizado por policial, devido à conduta de
Art. 15 – Crime de disparo.
terceiro em furar bloqueio da polícia militar, configura o crime em apreço.
Isso porque, deve ser empregado o uso da força de forma progressiva.
Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
Art. 16 – Posse ou porte transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
ilegal de arma de fogo de empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
uso restrito munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. É crime hediondo.
Art. 17 - Comércio ilegal de Desnecessária a formalidade, mas exige habitualidade. É crime de mera
arma de fogo. conduta.
Importar/exportar: Crime comum. É um crime material que se consuma
com a efetiva transposição de fronteira, cabe tentativa.
Art. 18 – Tráfico
Facilitar a entrada/saída: Crime comum, podendo ser praticado por
internacional de arma de
qualquer pessoa, inclusive funcionário público. É crime
fogo.
formal/consumação antecipada, se consuma com o ato de facilitar, ainda
que a arma não saia/entre no país.
Cabível nos crimes do art. 12 e do art. 13, pois para aplicação desse
Suspensão condicional do instituto a pena mínima do delito deve ser igual ou inferior a 1 ano,
processo abrangido ou não pela Lei 9.099/95 (art. 89).
A ADIN 3112-1 declarou a inconstitucionalidade dos artigos 14, p.ú.; art.
Concessão de Fiança e
15, p.ú. e art. 21, todos do Estatuto do Desarmamento que vedavam a
Liberdade provisória
fiança e a liberdade provisória.

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA #DIZERODIREITO #CONCURSOS360:

É atípica a conduta de colecionador, com registro para a prática desportiva e guia de tráfego, que se dirigia
ao clube de tiros sem portar consigo a guia de trânsito da arma de fogo. REsp 1.339.817-RJ, Rel. Min. Raul
Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022. (Info 753 - STJ)

O simples fato de os cartuchos apreendidos estarem desacompanhados da respectiva arma de fogo não
implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as peculiaridades do caso concreto devem ser
analisadas a fim de se aferir:
a) a mínima ofensividade da conduta do agente;
b) a ausência de periculosidade social da ação;
c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

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No caso concreto, embora o réu tenha sido preso com apenas uma munição de uso restrito,
desacompanhada de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33
e 35, da Lei nº 11.343/2006 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o reconhecimento da
atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a mínima ofensividade da ação e a ausência de
periculosidade social exigidas para tal finalidade.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1856980-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021 (Info 710).

Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de posse ou porte ilegal
de munição, quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas. STF. 1ª Turma. HC 206977
AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.

O crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na modalidade transportar, admite
participação. STJ. 6ª Turma. REsp 1887992-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/12/2021 (Info 721).

Depois da Lei nº 13.497/2017, é possível afirmar que o antigo parágrafo único (atual § 1º) do art. 16 do
Estatuto do Desarmamento também passou a ser crime hediondo?
5ª Turma do STJ: SIM. Tanto o caput como o parágrafo único do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 são crimes
hediondos.
O art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.072/90 (com a redação dada pela Lei nº 13.497/2017) não restringe a
sua aplicação apenas ao caput do art. 16 da Lei nº 10.826/2003. Portanto, é possível concluir que a alteração
legislativa trazida pela Lei nº 13.497/2017 alcança todas as condutas descritas no art. 16 do Estatuto do
Desarmamento, inclusive as figuras equiparadas, previstas no parágrafo único do mesmo dispositivo legal.
STJ. 5ª Turma. HC 624.903/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/12/2020.
6ª Turma do STJ: NÃO
A 6ª Turma alterou seu entendimento anterior e instaurou divergência, passando a decidir que apenas o
caput do art. 16 seria crime hediondo.
A Lei nº 13.497/2017 equiparou a hediondo apenas o crime do caput do art. 16 da Lei nº 10.826/2003, não
abrangendo as condutas equiparadas previstas no seu parágrafo único. Assim, o crime de posse ou porte de
arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado não integra o rol dos crimes hediondos. STJ. 6ª Turma. HC 525249-RS, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 15/12/2020 (Info 684).
• Antes da Lei 13.497/2017: o art. 16 do Estatuto do Desarmamento não era crime hediondo.
• Depois da Lei 13.497/2017: divergência. 5ª Turma do STJ: tanto o caput como o parágrafo único do art. 16
são crimes hediondos. 6ª Turma do STJ: somente o caput do art. 16 é crime hediondo.
• Depois da Lei 13.964/2019: somente é hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
PROIBIDO, previsto no § 2º do art. 16. Não abrange mais os crimes posse ou porte de arma de fogo de uso
restrito.

Os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/2003 tutelam bens jurídicos diversos e, por essa razão,
deve ser aplicado o concurso formal quando apreendidas armas ou munições de uso permitido e de uso
restrito no mesmo contexto fático. O art. 16 do Estatuto do Desarmamento, além da paz e segurança
públicas, também protege a seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o
reconhecimento de crime único, pois há lesão a bens jurídicos diversos. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no
AREsp 1122758/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 24/04/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1619960/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/06/2017.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 102: ESTATUTO DO DESARMAMENTO - I

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1) O crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 12 da Lei n.
10.826/2003) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva situação de perigo, porquanto
o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a paz social.

2) O crime de porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 14 da Lei n.
10.826/2003) é de perigo abstrato e de mera conduta, bastando para sua caracterização a prática de um dos
núcleos do tipo penal, sendo desnecessária a realização de perícia.

3) O art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é norma penal em branco, que exige complementação por meio de ato
regulador, com vistas a fornecer parâmetros e critérios legais para a penalização das condutas ali descritas.

4) O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que presume
a ocorrência de dano à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de comprovação da lesividade
ao bem jurídico tutelado.

5) O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito (art. 16, caput, da
Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que presume a ocorrência de dano à segurança pública e
prescinde, para sua caracterização, de resultado naturalístico à incolumidade física de outrem.

6) A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo
de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, praticado somente até 23/10/2005. (Súmula n. 513/STJ) (Recurso Repetitivo – Tema 596)

7) São atípicas as condutas descritas nos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003, praticadas entre 23/12/2003 e
23/10/2005, mas, a partir desta data, até 31/12/2009, somente é atípica a conduta do art. 12, desde que a
arma de fogo seja apta a ser registrada (numeração íntegra).

8) A regra dos arts. 30 e 32 da Lei n. 10.826/2003 alcança, também, os crimes de posse ilegal de arma de fogo
praticados sob a vigência da Lei n. 9.437/1997, em respeito ao princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica.

9) A forma qualificada do art. 10, § 3º, IV, da Lei n. 9.437/1997, que foi suprimida do ordenamento jurídico
com o advento da Lei n. 10.826/03, não tem o condão de tornar atípica a conduta, mas apenas de
desclassificar o delito para a forma simples, prevista no caput do dispositivo legal mencionado.

10) Não se aplica o princípio da consunção quando os delitos de posse ilegal de arma de fogo e disparo de
arma em via pública são praticados em momentos diversos e em contextos distintos.

11) A simples conduta de possuir ou de portar arma, acessório ou munição é suficiente para a configuração
dos delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, sendo inaplicável o princípio da
insignificância.
Superada. Excepcionalmente, STF e STJ admitem a aplicação do princípio da insignificância:
(...) 2. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça apontava que os crimes previstos nos arts. 12, 14 e
16 da Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, sendo desnecessário perquirir sobre a lesividade concreta
da conduta, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a
paz social, colocadas em risco com o porte de munição, ainda que desacompanhada de arma de fogo. Por
esses motivos, via de regra, é inaplicável o princípio da insignificância aos crimes de posse e de porte de arma
de fogo ou munição. 3. Esta Corte passou a acompanhar a nova diretriz jurisprudencial do Supremo Tribunal
Federal que admite a incidência do princípio da insignificância na hipótese da posse de pequena quantidade
de munição, desacompanhada de armamento hábil a deflagrá-la. 4. Para que exista, de fato, a possibilidade

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de incidência do princípio da insignificância, deve-se aferir se a situação concreta trazida nos autos autoriza
sua incidência. (STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 119.662/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/02/2020).

12) Independentemente da quantidade de arma de fogo, de acessórios ou de munição, não é possível a


desclassificação do crime de tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 da Lei de Armas) para o delito de
contrabando (art. 334-A do Código Penal), em respeito ao princípio da especialidade.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 108: ESTATUTO DO DESARMAMENTO - II

1) O simples fato de possuir ou portar munição caracteriza os delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n.
10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato e de mera conduta, sendo prescindível a
demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública.

2) A apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada de arma de fogo, excepcionalmente, a


depender da análise do caso concreto, pode levar ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da
ausência de exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma.

3) Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de portar
ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-
se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.

4) A conduta de possuir, portar, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo, seja de uso permitido,
restrito ou proibido, com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado, implica a condenação pelo crime estabelecido no art. 16, parágrafo único, IV, do Estatuto do
Desarmamento.

5) O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17 da Lei n. 10.826/2003) é delito
de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, bastando para sua caracterização a prática de um dos núcleos
do tipo penal, sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado,
que é a incolumidade pública.

6) O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art. 17, caput e parágrafo
único, da Lei de Armas, nunca foi abrangido pela abolitio criminis temporária prevista nos arts. 5º, § 3º, e 30
da Lei de Armas ou nos diplomas legais que prorrogaram os prazos previstos nos referidos dispositivos.

7) Compete à Justiça Federal o julgamento do crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, em razão do que dispõe o art. 109, inciso V, da Constituição Federal, haja vista que este crime está
inserido em tratado internacional de que o Brasil é signatário.

8) O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art. 18 da Lei n.
10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta e visa a proteger a segurança pública e a paz social.

9) Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não basta apenas a
procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a internacionalidade da ação.

10) É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da autoridade
competente, nos termos do art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal da arma,
em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta.

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Ciclos Método

CRIMES DE LAVAGEM OU OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS E VALORES #APOSTACICLOS

FASE DO DELITO DE LAVAGEM


FASE DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Aplicação no mercado formal,
mediante depósito em banco,
troca por moeda estrangeira,
Separação física do dinheiro dos
remessa ao exterior através de
autores do crime.
1ª COLOCAÇÃO (PLACEMENT) mulas, transferência eletrônica ou
É antecedida pela captação e
física para paraísos fiscais,
concentração do dinheiro.
importação subfaturada; aquisição
de imóveis; obras de arte; joias;
etc.
Nessa fase, multiplicam-se as
transações anteriores, através de
muitas empresas e contas, de
2ª OCULTAÇÃO modo que se perca a trilha do
Várias transferências por cabo
OU dinheiro (paper trail),
(wire transfer) ou sucessivos
DISSIMULAÇÃO constituindo-se na lavagem
empréstimos.
(LAYERING) propriamente dita, que tem por
objetivo fazer com que não se
possa identificar a origem ilícita
dos valores ou bens.
O dinheiro é empregado em Compra de uma empresa já
negócios lícitos, ilícitos ou compra existente e em funcionamento,
de bens, dificultando ainda mais a aquisição de um empreendimento
3ª INTEGRAÇÃO (INTEGRATION
investigação, já que o criminoso imobiliário, simulação de obtenção
OU RECYCLING)
assume ares de respeitável em pagamento por serviços de
investidor, atuando conforme as difícil mensuração, como
regras do sistema. consultoria, por exemplo.

Jurisprudência em Teses:
EDIÇÃO N. 166: DO CRIME DE LAVAGEM – I

1) É desnecessário que o autor do crime de lavagem de dinheiro tenha sido autor ou partícipe da infração
penal antecedente, basta que tenha ciência da origem ilícita dos bens, direitos e valores e concorra para sua
ocultação ou dissimulação.

2) Nos crimes de lavagem de dinheiro, a denúncia é apta quando apresentar justa causa duplicada, indicando
lastro probatório mínimo em relação ao crime de lavagem de dinheiro e à infração penal antecedente.

3) A aptidão da denúncia relativa ao crime de lavagem de dinheiro não exige uma descrição exaustiva e
pormenorizada do suposto crime prévio, bastando, com relação às condutas praticadas antes da Lei nº
12.683/2012, a presença de indícios suficientes de que o objeto material da lavagem seja proveniente, direta
ou indiretamente, de um daqueles crimes mencionados nos incisos do art. 1º da Lei nº 9.613/98.

4) O crime de lavagem de dinheiro, antes das alterações promovidas pela Lei n. 12.683/2012, estava adstrito
aos crimes descritos no rol taxativo do art. 1º da Lei n. 9.613/1998.

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Ciclos Método

5) O tipo penal do art. 1º da Lei nº 9.613/98 é de ação múltipla ou plurinuclear, consumando-se com a prática
de qualquer dos verbos mencionados na descrição típica e relacionando-se com qualquer das fases do
branqueamento de capitais (ocultação, dissimulação, reintrodução), não exigindo a demonstração da
ocorrência de todos os três passos do processo de branqueamento.

6) O crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, tipificado no art. 1º da Lei nº 9.613/1998,
constitui crime autônomo em relação às infrações penais antecedentes.

7) Embora a tipificação da lavagem de dinheiro dependa da existência de uma infração penal antecedente, é
possível a autolavagem - isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, da infração antecedente e do crime
de lavagem -, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a realização
da primeira infração penal, circunstância na qual não ocorrerá o fenômeno da consunção.

8) O crime de lavagem de bens, direitos ou valores, quando praticado na modalidade típica de ocultar, é
permanente, protraindo-se sua execução até que os objetos materiais do branqueamento se tornem
conhecidos.

9) A aquisição de bens em nome de pessoa interposta caracteriza-se como conduta, em tese, de ocultação
ou dissimulação, prevista no tipo penal do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, sendo suficiente, portanto, para o
oferecimento da denúncia.

10) A realização, por período prolongado, de sucessivos contratos de empréstimo pessoal para justificar
ingressos patrimoniais como se renda fossem - sem que se esclareça a forma e a fonte de pagamento das
parcelas, acrescidas de juros, e sem que isso represente, em nenhum momento, uma correspondente
redução do padrão de vida do devedor - é apta a configurar, em tese, ato de dissimulação da origem ilícita
de valores, elemento constituinte do delito de lavagem de dinheiro, que extrapole o mero recebimento de
vantagens indevidas.

EDIÇÃO N. 167: DO CRIME DE LAVAGEM – II

1) No crime de lavagem de dinheiro que envolve grande quantidade de agentes residentes em diversas
unidades da federação, a regra de competência do local onde se realizaram as operações irregulares será
afastada para, em homenagem aos princípios da razoável duração do processo e da celeridade de sua
tramitação, dar lugar ao foro do domicílio do investigado.

2) A autoridade judiciária brasileira é competente para julgar os crimes de lavagem ou ocultação de dinheiro
cometidos, mesmo que parcialmente, no território nacional, bem como na hipótese em que os crimes
antecedentes tenham sido praticados em prejuízo da administração pública, ainda que os atos tenham
ocorrido exclusivamente no exterior.

3) Compete ao juízo processante do crime de lavagem de dinheiro, apreciar e decidir a respeito da união dos
processos (art. 2º, II, da Lei nº 9.613/98), examinando caso a caso, com objetivo de otimizar a entrega da
prestação jurisdicional.

4) O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da infração penal antecedente não implica
atipicidade do delito de lavagem (art. 1º da Lei nº 9.613/98).

5) O delito de evasão de divisas é autônomo e antecedente ao crime de lavagem de capitais, não constituindo
este mero exaurimento impunível daquele, nem consunção entre os abordados crimes.

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6) A prática de organização criminosa (art. 1º, VII, da Lei nº 9.613/98) como crime antecedente da lavagem
de dinheiro é atípica antes do advento da Lei nº 12.850/2013, por ausência de descrição normativa.

7) Por ser atípico, não se pode invocar a substituição do crime de organização criminosa por associação
criminosa (art. 288 do Código Penal - CP), pois este não estava incluído no rol taxativo da redação original da
Lei nº 9.613/1998.

8) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, é legítima a exasperação da pena-base
pela valoração negativa das consequências do crime em decorrência da movimentação de expressiva quantia
de recursos envolvidos que extrapole o elemento natural do tipo.

9) A incidência simultânea do reconhecimento da continuidade delitiva (art. 70 do CP) e da majorante


prevista no § 4º do art. 1º da Lei nº 9.613/98, nos crimes de lavagem de dinheiro, acarreta bis in idem.

10) Os familiares e parentes próximos de pessoas que ocupem cargos ou funções públicas relevantes -
consideradas pessoas politicamente expostas - PPE, nos termos do art. 2º, da Resolução nº 29, de
19/12/2017, do COAF - sujeitam-se ao controle estabelecido nos arts. 10 e 11 da Lei nº 9.613/98 a fim de ser
apurada a possível prática de lavagem de dinheiro.

11) O art. 1º, § 5º, da Lei nº 9.613/98 trata da delação premiada, ato unilateral, praticado pelo agente que,
espontaneamente, opta por prestar auxílio tanto à atividade de investigação, quanto à instrução
procedimental, independente de prévio acordo entre as partes interessadas, cujos benefícios não podem
ultrapassar a fronteira objetiva e subjetiva da demanda, dada sua natureza endoprocessual.

12) A atuação de promotores auxiliares ou de grupos especializados, como o Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (GAECO), na investigação de infrações penais, a exemplo do crime de lavagem
de dinheiro, não ofende o princípio do promotor natural, não havendo que se falar em designação casuística.

13) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, a autoridade policial e o Ministério
Público têm acesso, independentemente de autorização judicial, aos dados meramente cadastrais de
investigados que não são protegidos pelo sigilo constitucional (art. 17-B da Lei nº 9.613/98).

14) É possível o deferimento de medida assecuratória em desfavor de pessoa jurídica que se beneficia de
produtos decorrentes do crime de lavagem, ainda que não integre o polo passivo de investigação ou ação
penal.

15) Não há óbice à aplicação imediata das medidas assecuratórias previstas no art. 4º da Lei nº 9.613/98 e
implementadas pela Lei nº 12.683/2012, por se tratarem de institutos de direito processual a luz do
princípio tempus regit actum.

#DEOLHONAJURIS: AUTOLAVAGEM
Embora a tipificação da lavagem de capitais dependa da existência de uma infração penal antecedente, é
possível a autolavagem, isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, do delito antecedente e do crime
de lavagem, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a realização
do primeiro crime, circunstância em que não ocorrerá o fenômeno da consunção. A autolavagem (self
laundering/autolavado) merece reprimenda estatal, na medida em que o autor da infração penal
antecedente, já com a posse do proveito do crime, poderia simplesmente utilizar-se dos bens e valores à sua
disposição, mas reinicia a prática de uma série de condutas típicas, a imprimir a aparência de licitude do
recurso obtido com a prática da infração penal anterior. Dessa forma, se for confirmado, a partir do devido

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processo legal, que o indivíduo deu ares de legalidade ao dinheiro indevidamente recebido, estará
configurado o crime de lavagem de capitais. STJ. Corte Especial. APn 989-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 16/02/2022 (Info 726).

CRIMES TRIBUTÁRIOS #APOSTACICLOS

A lei 8.137/90 trata dos crimes contra ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. O bem
jurídico protegido é o interesse do Erário, o patrimônio do Estado e a Ordem Econômica. As infrações penais
contidas nessa lei podem são etiquetadas pela criminologia como crimes do colarinho branco.

#LEIAALEI
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer
natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à
operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda
de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)


I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para
eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a
parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto
liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

COMPETÊNCIA: A competência para julgamento dos crimes da Lei 8.137/90 será definida pelo ente
tributante. Se o objeto do crime for tributo federal a competência será da Justiça Federal. E se na mesma
conduta forem sonegados tributos estaduais e federais?

Súmula 122 – STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.

NATUREZA DOS DELITOS: Os incisos I a IV do art. 1º da lei 8.137 são CRIMES MATERIAIS, existe uma conduta
instrumental, que é a fraude, e uma conduta final, que é a supressão ou alteração do tributo. Não basta que
o agente cometa as condutas previstas, pois elas também exigem o resultado de supressão ou redução de
tributo. O inciso V, contudo, possui natureza FORMAL.

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DENÚNCIA NOS CRIMES CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA: É admitida a denominada denúncia geral: não é
necessária a descrição minuciosa e individualizada da ação de cada acusado. Entretanto, embora não seja
necessária a descrição pormenorizada da conduta de cada denunciado, o MP deve narrar qual é o vínculo
entre o denunciado e o crime a ele imputado.

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: O princípio da insignificância pode ser aplicado no caso de


crimes tributários e no descaminho? SIM. É plenamente possível que incida o princípio da insignificância
tanto nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/90 como também no caso do
descaminho (art. 334 do CP).

CRIMES FUNCIONAIS CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Dos crimes praticados por funcionários públicos


Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função;
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da
qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

#NÃCONFUNDA o inciso II com o crime de excesso de exação, previsto no art. 316, §1º do CP. Vejamos a
principal diferença entre tais delitos:

✓ Exigir + vantagem indevida + para deixar de lançar ou cobrar tributo = Lei 8137, art. 3º, II
✓ Exigir + tributo indevido e/ou a utilização de meio vexatório na cobrança de tributo devido = CP (excesso
de exação)

#NÃOCONFUNDA O crime previsto inciso III do art. 3º da Lei 8.137/90 lembra bastante o crime de advocacia
administrativa (art. 321 do CP), apenas substituindo a expressão administração pública por administração
fazendária e com pena diferente. Vejamos o teor do art. 321 do CP:

“Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-
se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.”

#DEOLHONAJURIS

O dolo de não recolher o tributo, de maneira genérica, não é suficiente para preencher o tipo subjetivo do
crime de sonegação fiscal (art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990). HC 569.856-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022, DJe 14/10/2022. (Info 753 - STJ)

Para fins do disposto no art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990, a menção a inúmeros inadimplementos (inscritos em
dívida ativa) gera a presunção relativa da ausência de tentativa de regularização. AgRg no HC 728.271-SC,
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 21/06/2022, DJe
24/06/2022

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Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, deve ser comprovado o elemento
subjetivo especial. Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, deve ser
comprovado o dolo específico. Entendimento que segue a posição do STF que exige dolo de apropriação: O
contribuinte que deixa de recolher, de forma contumaz e com dolo de apropriação, o ICMS cobrado do
adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (STF. Plenário. RHC
163334, Rel. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019). STJ. 6ª Turma. HC 675289-SC, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado em 16/11/2021 (Info 718).

O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser analisado conforme o caso concreto,
sendo errônea a sua classificação como eventualmente permanente. Caso concreto: o Ministério Público
denunciou várias pessoas porque elas teriam mantido de 2004 a 2014, um cartel envolvendo a fabricação e
comercialização de resinas. A defesa argumentou que o delito estaria prescrito considerando que o acordo
para a fixação artificial dos preços teria ocorrido em 2004. Logo, neste momento houve a consumação do
crime e se iniciou o prazo prescricional. Assim, a defesa sustentou a tese de que o delito de formação de
cartel seria crime instantâneo, consumado no ano de 2004. O TJ entendeu que o delito seria “eventualmente
permanente”, diante da situação fática, porque a vontade dos agentes e a consumação do crime se
prolongaram no tempo, haja a vista a necessidade de formação de sucessivos acordos anticompetitivos
protraídos ano após ano. Qual foi a posição adotada pela STJ? Qual é a natureza do momento consumativo
do crime de formação de cartel (art. 4º, II, da Lei 8.137/90)? O STJ disse que isso deve ser analisado no caso
concreto. O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser analisado conforme o caso
concreto. No caso concreto, o STJ considerou que houve a celebração sucessiva de acordos econômicos
anticompetitivos entre os agentes até 2014. Logo, o crime de formação de cartel no mercado de resinas fez-
se permanente até 2014. Vale ressaltar, contudo, que o STJ afirmou que é equivocada a nomenclatura
“eventualmente permanente”, não podendo dizer que o crime de cartel seja “eventualmente permanente”.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1800334-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/11/2021 (Info 718).

Mitigação da SV 24. Os crimes contra a ordem tributária pressupõem a prévia constituição definitiva do
crédito na via administrativa para fins de tipificação da conduta. Existe um enunciado que trata sobre o
assunto: Súmula Vinculante 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo
1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. O STF tem decidido que a
regra contida na Súmula Vinculante 24 pode ser mitigada de acordo com as peculiaridades do caso concreto,
sendo possível dar início à persecução penal antes de encerrado o procedimento administrativo, nos casos
de: • embaraço à fiscalização tributária; ou • diante de indícios da prática de outros delitos, de natureza não
fiscal. STF. 1ª Turma. ARE 936653 AgR, Rel. Min Roberto Barroso, julgado em 24/05/2016. A jurisprudência
desta Corte Superior é firme no sentido de que se admite a mitigação da Súmula Vinculante n. 24/STF nos
casos em que houver embaraço à fiscalização tributária ou diante de indícios da prática de outras infrações
de natureza não tributária. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 551422/PI, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
09/06/2020. STJ. 5ª Turma. RHC 134.016/TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021.

A configuração do crime de apropriação indébita tributária não pressupõe a clandestinidade. Para a


configuração da apropriação indébita tributária, o fato de o agente registrar, apurar e declarar em guia
própria ou em livros fiscais o imposto devido não tem o condão de elidir (fazer desaparecer) ou exercer
nenhuma influência na prática do delito, visto que este não pressupõe a clandestinidade (não se exige que
seja feito às escondidas). Ademais, o crime previsto no art. 2º, II, da Lei 8.137/90 não exige para sua
configuração a existência de ardil, fraude ou falsidade. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 609.039/SC, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/11/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 476.704/SC, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 06/09/2019.

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O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do
adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90. O valor do ICMS
cobrado do consumidor não integra o patrimônio do comerciante, o qual é mero depositário desse ingresso
de caixa que, depois de devidamente compensado, deve ser recolhido aos cofres públicos. Vale ressaltar,
contudo, que, para caracterizar o delito, é preciso comprovar a existência de intenção de praticar o ilícito
(dolo). STF. Plenário. RHC 163334/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019 (Info 964).

A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela prática de qualquer
crime, eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático, do nexo de
causalidade entre a conduta e o resultado delituoso. Caso concreto: a ré, sócia-proprietária da empresa, foi
acusada de suprimir, dolosamente, ICMS, no montante de R$ 600 mil, fraudando a fiscalização tributária por
meio de inserção de elementos inexatos e omissão de operação em documentos exigidos pela lei fiscal. A
imputação foi baseada unicamente na teoria do domínio do fato. Afirmou-se que é autor do delito aquele
que detém o domínio da conduta, ou seja, o domínio final da ação. Logo, é autor aquele que decide se o fato
delituoso vai acontecer ou não, independentemente dessa pessoa ter ou não realizado a conduta material
de inserir elemento inexato em documento exigido pela lei fiscal, por exemplo. O STJ não concordou com a
imputação. A teoria do domínio do fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si só, para aferir
a existência do nexo de causalidade entre o crime e o agente. É equivocado afirmar que um indivíduo é autor
porque detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado à realidade, não há nenhuma circunstância
que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo. Não há como considerar, com base na teoria
do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio administrador de uma empresa implica a
presunção de que houve a participação no delito, se não houver, no plano fático-probatório, alguma
circunstância que o vincule à prática delitiva. Em decorrência disso, também não é correto, no âmbito da
imputação da responsabilidade penal, partir da premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou
ao porte apresentado pela empresa para se presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões
tomadas por gestor de uma sociedade empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que
forma esteja constituída -implicam o absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites burocráticos
subjacentes, os quais, não raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1.854.893-SP, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).

A ausência de contumácia no não recolhimento do ICMS em operações próprias conduz ao reconhecimento


da atipicidade da conduta. No caso dos autos, a conduta típica imputada ao réu restringe-se ao não
recolhimento do ICMS relativo a 1 (um) mês. Portanto, nos termos do atual entendimento do STF, deve-se
concluir que, embora a conduta do réu se se subsuma formalmente ao art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, diante
da ausência de contumácia, não há tipicidade na conduta, o que gera, por conseguinte, à absolvição do réu.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.867.109-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2020 (Info 679).

CRIMES CONTRA A ECONOMIA E AS RELAÇÕES DE CONSUMO

LEI N. 8.137/90:
Art. 4° Constitui CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA:
I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência
mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.

Art. 7° Constitui crime CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO:

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I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao
consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em
desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial;
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros;
misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço
estabelecido para os demais mais alto custo;
IV - fraudar preços por meio de:
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal
externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem
ou serviço;
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
taxa de juros ilegais;
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições
publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a
natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação
publicitária;
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em
proveito próprio ou de terceiros;
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima
ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a
detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.

OBS.: O abuso do poder econômico é crime material, uma vez que sua consumação ocorre com o resultado
da dominação do mercado ou eliminação da concorrência (Fundamento: art. 4º, I, Lei 8.137/90); e o crime
de formação de cartel é crime formal, sendo sua consumação efetivada na realização da conduta de formar
acordo/convênio/ajuste/aliança (Fundamento: art. 4º, II, Lei 8.137/90).

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:

O STJ passou a entender que o pagamento integral do débito, nos crimes contra a ordem tributária, extingue
a punibilidade mesmo que efetuado após o trânsito em julgado. O pagamento do débito tributário, a
qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é causa
de extinção da punibilidade do acusado, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. STJ. 5ª Turma.
HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 90: DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE
CONSUMO – I:

1) O expressivo valor do tributo sonegado pode ser considerado fundamento idôneo para amparar a
majoração da pena prevista no inciso I do art. 12 da Lei n. 8.137/90.

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2) É possível que o magistrado, na sentença, proceda à emendatio libelli, majorando a pena em razão da
causa de aumento prevista no art. 12, I, da Lei n. 8.137/90, quando houver na denúncia expressa indicação
do montante do valor sonegado.

3) Nos crimes tributários, o montante do tributo sonegado, quando expressivo, é motivo idôneo para o
aumento da pena-base, tendo em vista a valoração negativa das consequências do crime.

4) Os delitos tipificados no art. 1º, I a IV, da Lei n. 8.137/90 são materiais, dependendo, para a sua
consumação, da efetiva ocorrência do resultado.

5) A constituição regular e definitiva do crédito tributário é suficiente à tipificação das condutas previstas no
art. 1º, I a IV, da Lei n. 8.137/90, conforme a súmula vinculante n. 24/STF.

6) É possível a aplicação da súmula vinculante n. 24/STF a fatos ocorridos antes da sua publicação por se
tratar de consolidação da interpretação jurisprudencial e não de caso de retroatividade da lei penal mais
gravosa.

7) O tipo penal do art. 1º da Lei n. 8.137/90 prescinde de dolo específico, sendo suficiente a presença do dolo
genérico para sua caracterização.

8) O prazo prescricional, para os crimes previstos no art. 1º, I a IV, da Lei n. 8.137/90, inicia-se com a
constituição definitiva do crédito tributário.

9) A constituição regular e definitiva do crédito tributário é suficiente à tipificação das condutas previstas no
art. 1º, I a IV, da Lei n. 8.137/90, de forma que o eventual reconhecimento da prescrição tributária não afeta
a persecução penal, diante da independência entre as esferas administrativo-tributária e penal.

10) O delito do art. 1º, inciso V, da Lei n. 8.137/90 é formal e prescinde do processo administrativo-fiscal para
o desencadeamento da persecução penal, não se sujeitando aos termos da súmula vinculante n. 24 do STF.

11) A competência para processar e para julgar os crimes materiais contra a ordem tributária é do local onde
ocorrer a consumação do delito por meio da constituição definitiva do crédito tributário.

12) O parcelamento integral dos débitos tributários decorrentes dos crimes previstos na Lei n. 8.137/90, em
data posterior à sentença condenatória, mas antes do seu trânsito em julgado, suspende a pretensão punitiva
estatal até o integral pagamento da dívida (art. 9º da Lei n. 10.684/03 e art. 68 da Lei n. 11.941/09).

13) A pendência de ação judicial ou de requerimento administrativo em que se discuta eventual direito de
compensação de créditos fiscais com débitos tributários decorrentes da prática de crimes tipificados na Lei
n. 8.137/90 não tem o condão, por si só, de suspender o curso da ação penal, dada a independência das
esferas cível, administrativo-tributária e criminal.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 99: DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE
CONSUMO – II:

1) Compete à justiça estadual processar e julgar os crimes contra a ordem econômica previstos na Lei n.
8.137/1990, SALVO se praticados em detrimento do art. 109, IV e VI, da Constituição Federal de 1988.

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2) Aplica-se o princípio da consunção ou da absorção quando o delito de falso ou de estelionato (crime-meio)


é praticado única e exclusivamente com a finalidade de sonegar tributo (crime-fim).

3) No contexto da chamada “guerra fiscal” entre os estados federados, não se pode imputar a prática de
crime contra a ordem tributária ao contribuinte que não se vale de artifícios fraudulentos com o fim de
reduzir ou suprimir o pagamento dos tributos e que recolhe o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços - ICMS segundo o princípio da não-cumulatividade.

4) O processo criminal não é a via adequada para a impugnação de eventuais nulidades ocorridas no
procedimento administrativo-fiscal.

5) Eventuais vícios no procedimento administrativo-fiscal, enquanto não reconhecidos na esfera cível, são
irrelevantes para o processo penal em que se apura a ocorrência de crime contra a ordem tributária.

6) O pagamento integral do débito tributário, A QUALQUER TEMPO, é causa extintiva de punibilidade, nos
termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/2003.

7) A garantia aceita na execução fiscal não possui natureza jurídica de pagamento da exação, razão pela qual
não fulmina a justa causa para a persecução penal.

8) A consumação do crime previsto no parágrafo único do art. 1º da Lei n. 8.137/1990 ocorre com a simples
inobservância à exigência da autoridade fiscal.

9) É INDISPENSÁVEL A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA para a demonstração da materialidade delitiva do crime


contra as relações de consumo tipificado no art. 7º, parágrafo único, inciso IX, da Lei n. 8.137/1990.

10) A malversação dos recursos administrados pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia -


SUDAM se amolda ao tipo penal previsto no art. 2º, IV, da Lei n.º 8.137/90 e não ao do art. 171, § 3º, do
Código Penal.

EDIÇÃO N. 174: CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE


CONSUMO – III:

1) A garantia aceita na execução fiscal não possui a natureza jurídica de pagamento do tributo e, portanto,
não fulmina a justa causa para a persecução penal dos crimes previstos na Lei nº 8.137/90, pois não configura
hipótese taxativa de extinção da punibilidade ou de suspensão do processo penal.

2) A existência de recurso administrativo para impugnar auto de infração que noticia emissão de notas fiscais
em desacordo com a legislação não obsta o prosseguimento de inquérito policial que investiga a prática de
suposto crime descrito no inciso V do art. 1º da Lei nº 8.137/90 (crime formal), em virtude da independência
das instâncias.

3) O crime previsto no art. 2º da Lei nº 8.137/90 é de natureza formal e prescinde da constituição definitiva
do crédito tributário para sua caracterização.

4) Para a configuração do crime de apropriação indébita tributária (art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90), basta que
o agente deixe de recolher os valores devidos ao fisco de forma consciente (dolo genérico), não sendo
necessária a comprovação da intenção de causar prejuízo aos cofres públicos (dolo específico).

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5) A conduta de não recolher imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços - ICMS em
operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da
Lei n. 8.137/1990 (apropriação indébita tributária), desde que comprovado o dolo de apropriação e a
contumácia delitiva.

6) Para a configuração do delito de apropriação indébita tributária (art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90), o fato de
o agente registrar, apurar e declarar, em guia própria ou em livros fiscais, o imposto devido não tem o condão
de elidir ou exercer nenhuma influência na prática do delito, pois a clandestinidade não é elementar do tipo.

7) O crime de falsificação de documentos para a liberação das parcelas de financiamento de projetos de


desenvolvimento da Amazônia, se realizado unicamente como meio para o crime previsto no art. 2º, IV, da
Lei nº 8.137/90, é absorvido por ele, ainda que possua pena mais grave.

8) A tipificação do crime de formação de cartel previsto no art. 4º, II, da Lei nº 8.137/90 exige a demonstração
de que as empresas, por meio de acordos, ajustes ou alianças, objetivam o domínio do mercado.

9) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20
da Lei nº 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da
Fazenda. (Tese revisada sob o rito do art. 1.046 do CPC/2015 - TEMA 157).

10) Não se estende aos demais entes federados (Estados, Municípios e Distrito Federal) o princípio da
insignificância no patamar estabelecido pela União na Lei nº 10.522/2002 previsto para crimes tributários
federais, o que somente ocorreria na existência de legislação local específica sobre o tema.

EDIÇÃO N. 176: CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE


CONSUMO – IV:

1) É cabível, no crime previsto no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90, a criminalização da conduta do sócio-gerente
que deixou o quadro societário da empresa antes do lançamento definitivo do crédito tributário, mas que
efetivamente praticou o fato típico antes da sua saída.

2) A autoria e a participação no crime do art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90 prescindem de que os agentes integrem
o quadro da pessoa jurídica ou o polo passivo do procedimento administrativo-fiscal, ou ainda, que sejam
responsáveis pelo cumprimento da obrigação tributária, desde que demonstrado o envolvimento com a
prática criminosa (art. 11 da Lei nº 8.137/90).

3) Nos crimes societários cometidos no âmbito de aplicação da Lei nº 8.137/90, admite-se a denúncia geral,
a qual, apesar de não individualizar pormenorizadamente as atuações de cada um dos denunciados,
demonstra, ainda que de maneira sutil, um liame entre o agir dos sócios ou administradores e a suposta
prática delituosa, o que estabelece a plausibilidade da imputação deduzida e permite o exercício da ampla
defesa com todos os recursos a ela inerentes.

4) Não obstante a hipótese de apenas um dos sócios administradores exercer, rotineiramente, a


administração financeira empresarial, há possibilidade de os demais serem considerados autores do crime
previsto no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90, tendo em vista que todos os sócios administradores possuem o
dever de evitar o resultado (crime comissivo por omissão), na medida em que aquele não poderia proceder
à omissão fraudulenta de recolhimento de tributos e à prestação de informações falsas sem a ciência e o
consentimento dos demais.

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5) O envio dos dados sigilosos pela Receita Federal à Polícia ou ao Ministério Público, após o esgotamento da
via administrativa, com a constituição definitiva de crédito tributário, decorre de mera obrigação legal de se
comunicar às autoridades competentes a possível prática de ilícito, o que não representa ofensa ao princípio
da reserva de jurisdição.

6) Nos crimes previstos no art. 1º, II e III, da Lei nº 8.137/90, o oferecimento de denúncias tratando de
condutas e fatos distintos, ocorridos sucessivamente, no âmbito de uma mesma empresa sonegadora, não
enseja litispendência nem bis in idem.

7) Após o lançamento definitivo do crédito tributário, eventual discussão na esfera cível, via de regra, não
obsta o prosseguimento da ação penal que apura a ocorrência de crime contra a ordem tributária, diante da
independência das instâncias de responsabilização cível e penal.

8) A omissão de receitas e a omissão do dever de prestar informações verdadeiras acerca da empresa são
condutas ínsitas ao tipo penal descrito no art. 1º, I, da Lei n. 8.137/1990, não se prestando para negativar as
circunstâncias do crime.

9) A majorante do grave dano à coletividade, prevista pelo art. 12, I, da Lei nº 8.137/90, restringe-se a
situações de relevante dano, valendo, analogamente, adotar-se para tributos federais o critério já
administrativamente aceito na definição de créditos prioritários.

10) É possível o reconhecimento simultâneo das causas de aumento de pena relativas à continuidade delitiva
(art. 71 do CP) e ao grave dano à coletividade (art. 12, I, da Lei nº 8.137/90), sem que se configure bis in idem.

11) É possível o deferimento de medida assecuratória contra pessoa jurídica utilizada para fins de ocultação
de bens provenientes da prática de crimes previstos na Lei nº 8.137/90.

12) Nos crimes do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, é possível a exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa se ficar comprovada nos autos a crise financeira da empresa.

CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE E CONTRA O PATRIMÔNIO CULTURAL

MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO
#IMPORTANTE: O artigo 225 CF traz menção expressa às medidas de natureza penal. É o que autores como
Luiz Régis Prado costumam chamar de Mandados de Criminalização.

#OLHAOGANCHO: DELITOS DE ACUMULAÇÃO


Os denominados kumulations delikte ou delitos de dano cumulativo ou delitos de acumulação, são aqueles
cometidos mediante condutas que, geralmente, são inofensivas ao bem jurídico protegido. Todavia, a
repetição dessas condutas, cumulativamente consideradas, pode constituir séria ofensa ao bem jurídico.
Pequenas infrações à segurança viária ou ao ambiente, por exemplo, desde que repetidas, cumulativamente,
podem constituir um fato ofensivo relevante.

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA:

O delito de causar dano em unidade de conservação (art. 40 da Lei nº 9.605/98) pode ser absorvido pelo
delito de construir em solo que, por seu valor ecológico, não é edificável (art. 64 da Lei nº 9.605/98).
Para analisar a possibilidade de absorção do crime do art. 40 da Lei nº 9.605/98 pelo do art. 64, não é
relevante a diversidade de bens jurídicos protegidos por cada tipo incriminador; tampouco impede a

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consunção o fato de que o crime absorvido tenha pena maior do que a do crime continente, como se vê na
própria Súmula 17/STJ.

A conduta do art. 48 da Lei nº 9.605/98 é mero pós-fato impunível do ato de construir em local não edificável.
Afinal, com a própria existência da construção desejada e executada pelo agente - e à qual, portanto, se
dirigia seu dolo -, é inevitável que fique impedida a regeneração da flora antes existente no mesmo lugar.
Por isso, o princípio da consunção obsta a punição autônoma dos dois delitos. STJ. 5ª Turma. REsp 1925717-
SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/05/2021 (Info 698).

Não é insignificante a conduta de pescar em época proibida, e com petrechos proibidos para pesca (tarrafa,
além de varas de pescar), ainda que pequena a quantidade de peixes apreendidos. No caso dos autos, foram
encontrados com os acusados "diversos petrechos proibidos na pesca, a exemplo de equipamentos de
mergulho proibidos, compressor, além da constatação da existência, na embarcação, de lagostas vermelhas
com tamanho inferior ao permitido, comprovando a pesca ilegal". STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.888.707/RN,
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020.

O artigo 56 da Lei 9.605/1998 constitui norma penal em branco, que depende de complementação.
Na espécie, o órgão ministerial deixou de indicar expressamente a norma complementadora do delito
previsto no artigo 56 da Lei 9.605/1998, cingindo-se a mencionar que tinha em depósito substância tóxica
perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente em desacordo com as exigências estabelecidas em
lei ou nos seus regulamentos, o que revela a inaptidão da inicial para deflagrar a persecução criminal quanto
ao mencionado ilícito. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 585.526/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/08/2020

É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n. 8.176/91 (que tutela o patrimônio da União,
proibindo a usurpação de suas matérias-primas), e o crime do art. 55 da Lei n. 9.605/98 (que protege o meio
ambiente, proibindo a extração de recursos minerais), não havendo conflito aparente de normas já que
protegem bens jurídicos distintos. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1856109/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti,
julgado em 16/06/2020

#ATENÇÃO COMPETÊNCIA
Se o crime ambiental for cometido em unidade de conservação criada por decreto federal, a competência
para julgamento será da Justiça Federal tendo em vista que existe interesse federal na manutenção e
preservação da região. Logo, este delito gera possível lesão a bens, serviços ou interesses da União, atraindo
a regra do art. 109, IV, da Constituição Federal. STJ. 3ª Seção. CC 142.016/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 26/08/2015.

Por outro lado, NÃO HAVERÁ COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL se o crime foi praticado dentro de área de
proteção ambiental criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi delegada para
outro ente federativo: No caso, embora o local do dano ambiental esteja inserido na Área de Proteção
Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu, criada pelo Decreto Federal n. 88.940/1993, não há falar em
interesse da União no crime ambiental sob apuração, já que lei federal subsequente delegou a fiscalização e
administração da APA para o Distrito Federal (art. 1º da Lei n. 9.262/1996). 3. Conflito conhecido para
declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal e Tribunal do Júri de São Sebastião/DF, o
suscitado. STJ. 3ª Seção. CC 158.747/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/06/2018.

O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo suficiente a
potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a
realização de perícia. Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa

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da flora. Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1417279-SC, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 11/04/2018 (Info 624).

LEI DE DROGAS

POSSE DE DROGAS PARA USO PESSOAL:


O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui natureza jurídica
de crime, já que tal conduta foi somente despenalizada pela Lei nº 11.343/2006, mas não descriminalizada.
Porém, mesmo sendo crime, o STJ, em julgados mais recentes, tem entendido que a condenação anterior
pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência.

O argumento principal é o de que, se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não
configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de reincidência
considerando que este delito é punida apenas com “advertência”, “prestação de serviços à comunidade” e
“medida educativa”, ou, seja, sanções menos graves e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão
em pena privativa de liberdade pelo descumprimento

PENAS AO USUÁRIO (ARTS. 27 E 28)


As sanções podem ser APLICADAS ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, BEM COMO SUBSTITUÍDAS A
QUALQUER TEMPO, ouvidos o MP e o defensor
MEDIDA EDUCATIVA DE
ADVERTÊNCIA SOBRE OS EFEITOS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMPARECIMENTO A
DAS DROGAS COMUNIDADE PROGRAMA OU CURSO
EDUCATIVO
Prazo máximo: 5 meses Prazo máximo: 5 meses
Exaure-se em si mesma.
Se reincidente: 10 meses **Se reincidente: 10 meses
Em entidades que se ocupem, O programa não precisa ter
É um esclarecimento que deve
preferencialmente, da prevenção como tema exclusivo os
ser feito pelo juiz quanto às
do consumo ou da recuperação malefícios causados pelo uso de
consequências maléficas
de usuários e dependentes de drogas, sob pena de se confundir
causadas pelo uso de drogas.
drogas. com a pena de advertência.

#JURIS: É inviável o reconhecimento da atenuante de confissão espontânea ao delito de tráfico de drogas,


quando o réu, em interrogatório judicial, confessa a destinação da droga apreendida para uso próprio. STF.
1ª Turma. AgRg no HC 208.434, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/04/2022
As condutas de plantar maconha para fins medicinais e importar sementes para o plantio não preenchem a
tipicidade material, motivo pelo qual se faz possível a expedição de salvo-conduto, desde que comprovada a
necessidade médica do tratamento. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 22/11/2022. (Info 758 - STJ)
É cabível a concessão de salvo-conduto para o plantio e o transporte de Cannabis Sativa para fins
exclusivamente terapêuticos, com base em receituário e laudo subscrito por profissional médico
especializado, e chancelado pela Anvisa. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022. (Info 742 - STJ)

TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33)

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

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regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.

• CRIME EQUIPARADO A HEDIONDO.


• Sujeitos do crime: Pode ser cometido por qualquer pessoa (Obs.: na conduta de prescrever, a
maioria da doutrina entende que se trata de crime próprio dos profissionais da área de saúde) e é
crime vago, pois tem como sujeito passivo a coletividade.
• Tipo misto alternativo: Se praticar um núcleo ou mais de um núcleo, haverá crime único e não
concurso de crimes.
• Condutas são permanentes: Algumas condutas são permanentes, permitindo o flagrante a qualquer
tempo, inclusive a possibilidade de invasão domiciliar. Muitas vezes, a autoridade policial provoca o
flagrante na modalidade entregar ou vender (passando-se por usuário), mas prende o agente pela
conduta de ter em depósito, que é permanente. Nesse caso, não há que se falar em flagrante
preparado, haja vista a consumação do tráfico ser preexistente à provocação. É o chamado flagrante
comprovado (#SELIGANOTERMO).
• Princípio da especialidade: Tráfico de drogas nas dependências da administração militar: art. 290 do
CPM, não se aplicando a lei de drogas. OBS: Será enquadrado como tráfico da 11.343 se o crime,
mesmo na seara castrense, não encontrar correlação típica com o 290 do CPM (por exemplo,
importar ou exportar substância entorpecente).
• Elemento subjetivo: é o dolo. No caso das condutas “prescrever e ministrar”, se forem praticadas
culposamente, o agente incidirá no crime do art. 38 da lei. Prevalece que não exige elemento
subjetivo especial (dolo de traficância). Se a finalidade é ter a posse da droga para consumo pessoal:
art. 28.
• Não exige onerosidade: Atenção ao “ainda que gratuitamente”.
• Competência: da Justiça Estadual, salvo se o tráfico for internacional (Justiça Federal).
• Figuras equiparadas: Também são consideradas tráfico e também são equiparadas a hediondo.

#DEOLHONAJURIS: Tráfico de drogas: é possível a aplicação do princípio da insignificância?

A grande maioria dos julgados afirma que não se aplica ao tráfico de drogas, visto se tratar de crime de perigo
abstrato ou presumido, sendo, portanto, irrelevante a quantidade de droga apreendida.
STJ. 5ª Turma. HC 318936/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/10/2015.
STJ. 6ª Turma. EDcl-HC 463.656/SP , Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/10/2018.
STF. 1ª Turma. HC 129489, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/09/2019.

Vale ressaltar, no entanto, que a 2ª turma do STF reconheceu, recentemente, a possibilidade de aplicação
do princípio da insignificância ao tráfico de drogas para absolver mulher flagrada com 1 grama de maconha.
O juiz de 1ª instância condenou a mulher à pena de 6 anos e 9 meses de reclusão, em regime inicial fechado,
pelo crime de tráfico, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/06. A sentença foi mantida pelo TJ/SP.
A defesa impetrou, então, habeas corpus no STF.
O Min. Relator Gilmar Mendes entendeu ser aplicável ao caso o princípio da insignificância, pois, para ele, a
conduta descrita nos autos não é capaz de lesionar ou colocar em perigo a paz social, a segurança ou a saúde
pública.
Em seu voto, o relator destacou que a resposta do Estado não foi adequada nem necessária para repelir o
tráfico de 1 grama de maconha. Para ele, esse é um exemplo emblemático de flagrante desproporcionalidade

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na aplicação da pena em hipóteses de quantidade irrisória de entorpecentes, e não houve indícios de que a
mulher teria anteriormente comercializado quantidade maior de droga.
Conforme o ministro, no âmbito dos crimes de tráfico de drogas, a solução para a desproporcionalidade entre
a lesividade da conduta e a reprimenda estatal é a adoção do princípio da insignificância.
O relator observou que o STF tem entendido que o princípio da insignificância não se aplica ao delito de
tráfico, ainda que a quantidade de droga apreendida seja ínfima. Porém, considerou que a jurisprudência
deve avançar na criação de critérios objetivos para separar o traficante de grande porte do traficante de
pequenas quantidades, que vende drogas apenas em razão de seu próprio vício.
Para ele, se não houver uma clara comprovação da possibilidade de risco de dano da conduta, o
comportamento não deverá constituir crime, ainda que o ato praticado se adeque à definição legal.
O voto do relator foi seguido pelos Ministros Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Ficaram vencidos os
Ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia.
STF. 2ª Turma. HC 127573/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/11/2019.

I - Importa, exporta, remete, Prevalece que as condutas listadas no §1º são subsidiárias, de forma que
produz, fabrica, adquire, o agente só pode por elas ser punido se sua conduta não se enquadrar
vende, expõe à venda, no caput. Assim, ainda que praticadas no mesmo contexto, não há
oferece, fornece, tem em concurso material entre os crimes do caput e do §1º. Há apenas um crime
depósito, transporta, traz (progressão criminosa).
consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem #DEOLHONAJURIS: A conduta de transportar folhas de coca melhor se
autorização ou em desacordo amolda, em tese e para a definição de competência, ao tipo descrito no
com determinação legal ou § 1º, I, do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que criminaliza o transporte de
regulamentar, matéria-prima, matéria-prima destinada à preparação de drogas. Caso concreto: o
insumo ou produto químico agente foi preso com 4,4 kg de folhas de coca, adquiridas na Bolívia,
destinado à preparação de tendo a substância sido encontrada no estepe do veículo. As folhas
drogas; seriam transportadas até Uberlândia/MG para rituais de mascar, fazer
infusão de chá e até mesmo bolo, rituais esses associados à prática
religiosa indígena de Instituto ao qual pertenceria o acusado. A folha de
coca não é considerada droga; porém pode ser classificada como
matéria-prima ou insumo para sua fabricação. STJ. 3ª Seção. CC 172464-
MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/06/2020 (Info
673).
II - Semeia, cultiva ou faz a Abrange não apenas substâncias destinadas exclusivamente à
colheita, sem autorização ou preparação da droga, mas também aquelas que, eventualmente, se
em desacordo com prestem a essa finalidade. É necessário o exame pericial para atestar essa
determinação legal ou condição.
regulamentar, de plantas que Diferença para o art. 28, §1º: além de o art. 28 exigir elemento especial
se constituam em matéria- “para consumo próprio”, prevê também que a plantação seja para
prima para a preparação de preparação de pequena quantidade. Logo, se for para média ou grande
drogas; quantidade, aplicar-se-á esse inciso.
III - Utiliza local ou bem de
O sujeito ativo é o proprietário, possuidor, administrador ou VIGIA
qualquer natureza de que
(crime próprio).
tem a propriedade, posse,
Abrange apenas locais abertos ao público e privados. Não estão
administração, guarda ou
abrangidos os locais públicos de uso comum. A conduta (III) só estará
vigilância, ou consente que
tipificada se o local for utilizado ou cedido para o tráfico de drogas (não
outrem dele se utilize, ainda
se relaciona à utilização do local para o consumo de droga. Houve
que gratuitamente, sem
abolitio criminis dessa conduta, que era prevista na lei anterior). Se o
autorização ou em desacordo
agente que permite que outrem utilize de seu imóvel para a prática do
com determinação legal ou

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regulamentar, para o tráfico crime de associação para o tráfico (art. 35), sem que este local seja
ilícito de drogas. utilizado para a distribuição da droga, não estará tipificado o inciso III.
Da leitura do dispositivo que contempla a novidade trazida pela Pacote
Anticrime, logo se verifica tratar-se de outra espécie de técnica especial
de investigação e atuação policial, utilizável em situações peculiares e
que reclamam uma sofisticação operacional intermediária, situada entre
uma simples campana policial e uma infiltração policial/ação controlada.
Além do relativo grau de expertise, notabilizado pela habilidade de atuar
descaracterizado de forma a permitir a coleta de provas do crime e de
sua autoria, sem, entretanto, interferir em seu curso causal.

Além disso, verifica-se que o propósito é assegurar a autônoma


criminalização da conduta daquele que realiza atos de tráfico de armas,
drogas ou de matéria prima com um agente policial disfarçado e assim
IV - vende ou entrega drogas aniquilar com o entendimento de que a solicitação pelo agente policial
ou matéria-prima, insumo ou do produto proibido resulta na caracterização de flagrante preparado e
produto químico destinado à crime impossível. Na verdade, ao eleger essa conduta como crime, de
preparação de drogas, sem maneira excepcional, o legislador rompe com a necessária bilateralidade
autorização ou em desacordo inerente ao tráfico, dotando de desvalor penal suficiente a prática de
com a determinação legal ou atos unilaterais destinados a dispersão de determinados produtos
regulamentar, a agente perigosos e relacionados ao tráfico (de armas, droga e matéria prima).
policial disfarçado, quando Em outras palavras, a incriminação resulta da antecipação do
presentes elementos comportamento delitivo, fruto de um fracionamento normativo apto a
probatórios razoáveis de caracterizar suficientemente um novo injusto penal.
conduta criminal
preexistente. (Incluído Assim, ainda que o agente policial tenha uma pequena participação na
pela Lei nº 13.964, de 2019) cadeia causal da conduta criminosa, resta afastado o crime impossível
porque, doravante, a norma penal erigiu como nova hipótese normativa
(suporte fático) uma conduta que produz um resultado jurídico bem
delimitado, qual seja, a dispersão daqueles produtos ilícitos,
independentemente de serem identificadas outras pessoas no negócio.6

Enunciado 7 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: Não


fica caracterizado o crime do inc. IV do § 1º do art. 33 da Lei n.
11.343/2006, incluído pela Lei Anticrime, quando o policial disfarçado
provoca, induz, estimula ou incita alguém a vender ou a entregar drogas
ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à sua
preparação (flagrante preparado), sob pena de violação do art. 17 do
Código Penal e da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal.

TRÁFICO PRIVILEGIADO

Requisitos: Para ter direito à minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, é necessário o
preenchimento de quatro requisitos autônomos: a) primariedade; b) bons antecedentes; c) não dedicação a
atividades criminosas; e d) não integração à organização criminosa.

Jurisprudência em Teses do STJ (ed. 131):

6
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-
9642019/

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Tese 22: A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas só pode ser aplicada se
todos os requisitos, cumulativamente, estiverem presentes.

Tese 25: Diante da ausência de parâmetros legais, é possível que a fração de redução da causa de diminuição
de pena estabelecida no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 seja modulada em razão da qualidade e da
quantidade de droga apreendida, além das demais circunstâncias do delito.

É POSSÍVEL APLICAR O REDUTOR DO § 4º DO ART. 33 DA LD MESMO A RÉ TENDO SIDO CONDENADA


SIMULTANEAMENTE POR TRÁFICO E POR ASSOCIAÇÃO?
Jurisprudência em Teses do STJ Tese 23: É inviável A previsão da redução de pena contida no § 4º do art.
a aplicação da causa especial de diminuição de 33 da Lei nº 11.343/2006 tem como fundamento
pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. distinguir o traficante contumaz e profissional
11.343/2006 quando há condenação simultânea daquele iniciante na vida criminosa, bem como do
do agente nos crimes de tráfico de drogas e de que se aventura na vida da traficância por motivos
associação para o tráfico, por evidenciar a sua que, por vezes, confundem-se com a sua própria
dedicação a atividades criminosas ou a sua sobrevivência e/ou de sua família. Assim, para
participação em organização criminosa. legitimar a não aplicação do redutor é essencial a
fundamentação corroborada em elementos capazes
de afastar um dos requisitos legais, sob pena de
desrespeito ao princípio da individualização da pena
e de fundamentação das decisões judiciais. Desse
modo, a habitualidade e o pertencimento a
organizações criminosas deverão ser comprovados,
não valendo a simples presunção. Não havendo prova
nesse sentido, o condenado fará jus à redução de
pena. Em outras palavras, militará em favor do réu a
presunção de que é primário e de bons antecedentes
e de que não se dedica a atividades criminosas nem
integra organização criminosa. O ônus de provar o
contrário é do Ministério Público. Assim, o STF
considerou preenchidas as condições da aplicação da
redução de pena, por se estar diante de ré primária,
com bons antecedentes e sem indicação de
pertencimento a organização criminosa. STF. 2ª
Turma. HC 154694 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
4/2/2020 (Info 965).

É POSSÍVEL QUE O JUIZ NEGUE O BENEFÍCIO DO § 4º DO ART. 33 DA LEI DE DROGAS COM BASE NO
FATO DE O ACUSADO SER INVESTIGADO EM INQUÉRITO POLICIAL OU SER RÉU EM OUTRA AÇÃO PENAL
QUE AINDA NÃO TRANSITOU EM JULGADO?
STJ: SIM. É possível a utilização de inquéritos STF: NÃO. Não se pode negar a aplicação da causa
policiais e/ou ações penais em curso para formação de diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no
da convicção de que o réu se dedica a atividades art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com
criminosas, de modo a afastar o benefício legal fundamento no fato de o réu responder a inquéritos
previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. policiais ou processos criminais em andamento,
3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix mesmo que estejam em fase recursal, sob pena de
Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596). STJ. 6ª violação ao art. 5º, LIV (princípio da presunção de
não culpabilidade). Não cabe afastar a causa de

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Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº
Cordeiro, julgado em 05/03/2020. 11.343/2006 (Lei de Drogas) com base em
condenações não alcançadas pela preclusão maior
(coisa julgada). STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info
967). STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2018.

É POSSÍVEL UTILIZAR A QUANTIDADE E NATUREZA DA DROGA APREENDIDA PARA A MODULAÇÃO DA


CAUSA DE DIMINUIÇÃO PREVISTA NO ART. 33, § 4º, DA LD?
Entendimento anterior (Info 731): Entendimento atual (Info 734):
A natureza e a quantidade da droga devem ser É possível a valoração da quantidade e natureza da
valoradas na primeira etapa da dosimetria da pena. droga apreendida, tanto para a fixação da pena-
Isso porque o art. 42 da Lei nº 11.343/2006 afirma base quanto para a modulação da causa de
que esses dois vetores preponderam sobre as diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei n.
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP (que são 11.343/2006, neste último caso ainda que sejam os
analisados na primeira fase da dosimetria). únicos elementos aferidos, desde que não tenham
Não há margem, na redação do art. 42 da Lei nº sidos considerados na primeira fase do cálculo da
11.343/2006, para utilização de suposta pena.
discricionariedade judicial que redunde na STJ. 3ª Seção. HC 725.534-SP, Rel. Min. Ribeiro
transferência da análise dos vetores “natureza e Dantas, julgado em 27/04/2022 (Info 734).
quantidade de drogas apreendidas” para etapas
posteriores, já que erigidos ao status de
circunstâncias judiciais preponderantes, sem
natureza residual. STJ. 5ª Turma. REsp 1985297-SP,
Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
29/03/2022 (Info 731).

A PRÁTICA ANTERIOR DE ATOS INFRACIONAIS PODE SER UTILIZADA PARA AFASTAR A CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DO ART. 33, § 4º, DA LEI DE DROGAS?
Para o STJ e 1ª Turma do STF: Para a 2ª Turma do STF:
SIM. NÃO.
O histórico de ato infracional pode ser considerado A prática anterior de atos infracionais pelo paciente
para afastar a minorante do art. 33, § 4.º, da Lei n. não configura fundamentação idônea a afastar a
11.343/2006, por meio de fundamentação idônea minorante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006.
que aponte a existência de circunstâncias Constata-se que a prática de atos infracionais não é
excepcionais, nas quais se verifique a gravidade de suficiente para afastar a minorante, visto que
atos pretéritos, devidamente documentados nos adolescente não comete crime nem lhe é imputada
autos, bem como a razoável proximidade temporal pena. Nos termos do Estatuto da Criança e do
com o crime em apuração. STJ. 3ª Seção. EREsp Adolescente, as medidas aplicadas são
1.916.596, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. p/ socioeducativas e objetivam a proteção do
acórdão Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2021 adolescente que cometeu infração. Assim, a
(Info 712) menção a atos infracionais praticados pelo paciente
não configura fundamentação idônea para afastar a
minorante.
STF. 2ª Turma. HC 191992, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 08/04/2021.

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#DEOLHONAJURIS A Lei n. 13.964/2019, ao promover alterações na Lei de Execução Penal, apenas afastou
o caráter hediondo ou equiparado do tráfico privilegiado, nada dispondo sobre os demais dispositivos da Lei
de Drogas. AgRg no HC 754.913-MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
6/12/2022. (Info 760 - STJ)

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, REITERADAMENTE OU NÃO, qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-
multa

#DEOLHONAJURIS:
O crime de associação para o tráfico (art. 35 - Lei 11.343/2006), mesmo FORMAL ou de PERIGO, demanda os
elementos "ESTABILIDADE" e "PERMANÊNCIA" do vínculo associativo, que devem ser demonstrados de
forma aceitável (razoável), ainda que não de forma rígida, para que se configure a societas sceleris e não um
simples concurso de pessoas, é dizer, uma associação passageira e eventual. STJ. 6ª Turma. REsp
1.978.266/MS, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado em
3/05/2022.

O crime de associação para o tráfico é de natureza PERMANENTE. Não é empecilho para o reconhecimento
do CRIME ÚNICO o fato de que, mesmo que as tratativas para o comércio ilícito, entre os associados e o líder
da associação, tenham ocorrido em datas variadas, mas dentro de um período de 2 (dois) meses (no caso
concreto), é possível o reconhecimento de houve um único crime de associação para o tráfico. De igual modo,
o fato de haver integrantes da associação em diversas cidades da mesma região, não impede que se configure
crime único. O crime de associação para o tráfico é necessariamente plurissubjetivo e pode ser plurilocal,
não sendo impeditivo para a sua consumação o fato de que os seus agentes estejam em localidades
diferentes. Não é incomum, inclusive, que os membros da mesma associação estejam em cidades ou estados
diversos ou até mesmo em países diferentes. STJ. 6ª Turma. REsp 1845496/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
em 03/11/2020.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA:

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA:
Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, da LD se o crime foi praticado nas proximidades de
escola fechada em razão da COVID-19 STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 728.750, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 17/05/2022.

O tráfico de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das
majorantes previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com
esse fim tendo em vista que no Direito Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem.
Caso o legislador quisesse punir de forma mais gravosa também o fato de o agente cometer o delito nas
dependências ou nas imediações de igreja, teria feito expressamente, assim como fez em relação aos demais
locais. STJ. 6ª Turma. HC 528851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
*Entendimento prevalecente, embora haja controvérsia.

As rés se deslocaram da Bolívia e foram presas no Brasil, quando embarcavam para a Espanha. A fração do
artigo 40, I, da Lei 11.343/2006 foi majorada levando-se em consideração a longa distância percorrida.
Ausência de ilegalidade. STF. 2ª turma. HC 191.131/MS AgR Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/06/2021.

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#ATENÇÃO COMPETÊNCIA
Na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do
endereço aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para se fixar a competência no
JUÍZO DO LOCAL DE DESTINO DA DROGA, em favor da facilitação da fase investigativa, da busca da verdade
e da duração razoável do processo. STJ. 3ª Seção. CC 177882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
26/05/2021 (Info 698).

VEDAÇÕES NA LEI DE DROGAS

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de
sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de
direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

• Cabe conversão em restritivas de direitos: Com a abolição do regime integralmente fechado, o STF
(HC 97256), em controle difuso, concedeu a ordem para “remover o óbice da parte final do art. 44
da Lei 11.343/06, assim como da expressão análoga vedada a conversão em pernas restritivas de
direitos, constante do §4º do art. 33 do mesmo diploma legal”. O Senado, para dar eficácia erga
omnes, editou a Resolução 5/2012: “é suspensa a execução da expressão “vedada a conversão em
penas restritivas de direito do §4º do art. 33 da Lei 11.343/06”. Conclui-se que É CABÍVEL A
CONVERSÃO EM PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO NA LEI DE DROGAS.

#DEOLHONAJURIS
- É possível a fixação de regime prisional diferente do fechado para o início do cumprimento de pena imposta
ao condenado por tráfico de drogas. STJ. (Info 507).
- O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos, tem o direito de
cumprir a pena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, do CP), caso as circunstâncias judiciais do art.
59 lhe forem favoráveis. Obs.: não importa que a condenação tenha sido por tráfico de drogas. STF. (Info
859).
- Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as circunstâncias
judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44
do CP. A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime
mais gravoso. STF. (Info 821).
- O fato de o tráfico de drogas ser praticado com o intuito de introduzir substâncias ilícitas em
estabelecimento prisional não impede, por si só, a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas
de direitos, devendo essa circunstância ser ponderada com os requisitos necessários para a concessão do
benefício. STJ. (Info 536).

• Inafiançável, insuscetível de graça, anistia e indulto: O art. 5º, XLIII da CF/88 dispõe que “a lei
considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”. Portanto, NÃO
CABE A CONCESSÃO DE FIANÇA, GRAÇA, ANISTIA OU INDULTO (interpretação sistemática) nos
crimes de tráfico de drogas.

• Não cabimento de suspensão condicional da pena: A LEI 11.343/06 VEDOU EXPRESSAMENTE A


SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA NOS CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS. O tratamento desigual

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é muito criticado pela doutrina (JÁ QUE CABE SURSIS NOS CRIMES HEDIONDOS E NÃO CABE NO
TRÁFICO DE DROGAS, QUE É EQUIPARADO).

• Cabe liberdade provisória: Em maio de 2012, o STF, em controle difuso, declarou inconstitucional da
expressão “e liberdade provisória”. Isto porque a vedação acarretaria uma prisão preventiva
obrigatória, o que viola os princípios da presunção de inocência e do devido processo legal, além de
engessar o juiz no caso concreto. Logo, CABE LIBERDADE PROVISÓRIA.

CABE NÃO CABE


Fiança
Graça
Liberdade provisória
Anistia
Conversão em restritivas de direitos
Indulto
Suspensão condicional da pena

CRIMES PREVISTOS NA LEI 12.850/2013

Art. 1 o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção
da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1 o Considera-se organização criminosa a associação de 4 ou mais pessoas ESTRUTURALMENTE ORDENADA
e caracterizada pela DIVISÃO DE TAREFAS, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA, mediante a prática de infrações penais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional (não importa o quantum de pena
máxima cominada)
§ 2 o Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País,
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo
legalmente definidos.

REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA:


a) Associação de 4 ou mais pessoas: Requer estabilidade e permanência.
b) Estrutura ordenada que se caracteriza pela divisão de tarefas, ainda que informalmente
c) Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a quatro (quatro) anos, ou de caráter transnacional

#ATENÇÃO: É crime FORMAL. Se consuma com a reunião dos agentes com o intuito de praticar infrações
penais, sendo desnecessária a prática de crimes por parte dos agentes. A partir disso pode-se inferir
importante diferença entre o simples concurso de pessoas e a organização criminosa. No concurso é
necessário que as infrações as quais se queiram praticar sejam ao menos tentadas (art. 31, CP), já na
Organização Criminosa, não.

#NÃOCONFUNDA: O critério distintivo essencial entre os tipos de associação criminosa (art. 288 CP) e a
organização criminosa (lei 12.850), não é o número de agentes ou o fato de visar crimes graves, mas sim o
fato de ser organização ESTRUTURALMENTE ORDENADA e contar com a DIVISÃO DE TAREFAS. Sendo assim,
é possível que um grupo que tenha mais de três agentes e tenha por finalidade a prática de crimes com pena
superior a 4 anos seja tratada como associação criminosa (art. 288 CP), desde que não seja estruturalmente
ordenado e não conte com divisão de tarefas.

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Art. 2 o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas.
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração
penal que envolva organização criminosa.
§ 2 o As penas aumentam-se até 1/2 se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de
fogo.
§ 3 o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa,
ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
§ 4 o A pena é aumentada de 1/6 a 2/3:
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática
de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.
§ 5 o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz
determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando
a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
§ 6 o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos
subsequentes ao cumprimento da pena.
§ 7 o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia
instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o
feito até a sua conclusão.
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o
cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima. (LEI 13964/19)
§ 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado
por meio de organização criminosa NÃO poderá PROGREDIR de regime de cumprimento de pena ou obter
LIVRAMENTO CONDICIONAL ou OUTROS BENEFÍCIOS PRISIONAIS se houver elementos probatórios que
indiquem a manutenção do vínculo associativo (LEI 13964/19)

#ATENÇÃO #JURIS
O crime do art. 2º, § 1º é formal ou material? MATERIAL. O tipo penal possui dois núcleos (verbos): impedir
e embaraçar. No que tange ao núcleo “impedir”, nunca houve dúvida de que se trata de crime material.
A dúvida estava no verbo “embaraçar”. Alguns doutrinadores afirmavam que, neste ponto, o delito seria
formal. Não foi esta, contudo, a conclusão do STJ. Tanto no núcleo impedir como embaraçar, o crime do art.
2º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 é material. A adoção da corrente que classifica o delito como crime material
se explica porque o verbo embaraçar atrai um resultado, ou seja, uma alteração do seu objeto. Na hipótese
normativa, o objeto é a investigação, que pode se dar na fase de inquérito ou na instrução da ação penal. Em
outras palavras, haverá embaraço à investigação se o agente conseguir produzir algum resultado, ainda que
seja momentâneo e reversível. STJ. 5ª Turma. REsp 1817416-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
03/08/2021 (Info 703).

O tipo penal previsto pelo art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o
inquérito policial e a ação penal. STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
28/05/2019 (Info 650).

LEI DE EXECUÇÃO PENAL

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Aqui, vamos colocar só alguns detalhes que não foram trabalhados no ponto sobre a Teoria da Pena!

IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO

O Pacote Anticrime, pretendendo, dentre outras mudanças na LEP, ampliar sobremaneira os condenados
que estariam sujeitos à identificação compulsória do perfil genético.

Ocorre que o Presidente da República acabou vetando a nova redação conferida ao caput do art. 9º-A da LEP
O veto presidencial, todavia, não durou muito tempo, eis que o Congresso Nacional optou por rejeitá-lo. Com
isso,o art. 9º-A, caput, da LEP, passou a ter a seguinte redação.

- APÓS DERRUBADA DO VETO PRESIDENCIAL

Lei de Execução Penal Lei de Execução Penal


Antes da Lei n. 13.964/19 Depois da Lei n. 13.964/19

Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado
dolosamente, com violência de natureza grave contra com violência grave contra a pessoa,bem como por
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou
1º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, serão por crime sexual contravulnerável, será submetido,
submetidos, obrigatoriamente, à identificação do obrigatoriamente, à identificação do perfil genético,
perfil genético, mediante extração de DNA – ácido mediante extração de DNA (ácido
desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. desoxirribonucleico), por técnica adequada e
(Incluído pela Lei n. 12.654/12 indolor, por ocasião do ingresso noestabelecimento
(...) prisional. (Redação dada pela Lei n. 13.964/19)
Sem correspondente. (...)
§5º A amostra biológica coletada só poderá ser
utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a
identificação pelo perfil genético, não estando
autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou
de busca familiar. (Incluído pela Lei n. 13.964/19)
§6º Uma vez identificado o perfil genético, a
amostra biológica recolhida nos termos do caput
deste artigo deverá ser correta e imediatamente
descartada, de maneira a impedir a sua utilização
para qualquer outro fim. (Incluído pela Lei n.
13.964/19)
§7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do
respectivo laudo serão realizadas por perito oficial.
(Incluído pela Lei n. 13.964/19)

FALTA DISCIPLINAR

PENAS PRIVATIVAS DE Autoridade administrativa Faltas leves, médias e graves


LIBERDADE

PENA RESTRITIVA DE Autoridade administrativa Faltas leves e médias

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DIREITO Juiz da execução Falta grave

QUEM LEGISLA SOBRE FALTA DISCIPLINAR E SANÇÕES?

LEGISLAÇÃO LOCAL Faltas leves e médias


LEP Faltas graves

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicaçãocom outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº
13.964,de 2019)
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direito que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:

ATRAPALHA NÃO INTERFERE

• PROGRESSÃO DE REGIME: interrompe o prazo • INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: a prática


para a progressão de regime. defalta grave não interrompe o prazo para fim de
• REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime. comutação de pena ou indulto (Súmula 535-STJ).
• SAÍDAS: revoga a saída temporária. A concessão de comutação de pena ou indulto
• TRABALHO EXTERNO: revogação do trabalho deverá observar o cumprimento dos requisitos
externo. previstos no decreto presidencial
• REMIÇÃO: revoga até 1/3 do tempo remido.
• RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD. • SAÍDA TEMPORÁRIA E TRABALHO EXTERNO
• DIREITOS: suspensão ou restrição de direitos. (requisito objetivo): a prática de falta grave
• ISOLAMENTO: na própria cela ou em local durante o cumprimento da pena não acarreta a
adequado. alteração da data-base para fins de saída
temporária e trabalho externo.
LIVRAMENTO CONDICIONAL:
• Para ter direito ao benefício o réu não pode ter cometido falta grave nos últimos 12 meses.
• Por outro lado, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional
(Súmula 441-STJ).

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REMIÇÃO DE PENA:

A remição consiste na compensação, como pena cumprida, do trabalho ou do estudo realizado durantea
execução da pena:

TRABALHO REMIÇÃO DE UM DIA DE PENA PARA CADA TRÊS DIAS DE TRABALHO

REMIÇÃO DE UM DIA DE PENA PARA CADA DOZE HORAS DE FREQUÊNCIA


ESTUDO ESCOLAR DIVIDIDAS EM, NO MÍNIMO, TRÊS DIAS

REMIÇÃO PELO TRABALHO REMIÇÃO PELO ESTUDO

A cada 3 dias de trabalho, diminui 1 dia de pena. A cada 12 horas de estudo, diminui 1 dia de pena.

Obs: somente poderá ser considerado para fins de Obs: as 12 horas de estudo deverão ser divididas
remição, os dias em que o condenado cumprir a em, no mínimo, 3 dias.
jornada normal de trabalho, que não pode ser inferior
a 6h nem superior a 8h (art. 33).

SOMENTE é aplicada se o condenado cumpre pena Pode ser aplicada ao condenado que cumpra pena
em regime fechado ou semiaberto. em regime fechado, semiaberto, aberto ou,
ainda, que esteja em livramento condicional.

Obs: não se aplica se o condenado estiver cumprindo


pena no regime aberto ou se estiver em livramento
condicional.

No regime aberto, a remição somente é conferida


se há frequência em curso de ensino regular ou de
educação profissional, sendo inviável o benefício pelo
trabalho.

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS A ineficiência do Estado em fiscalizar as horas de estudo realizadas a


distância pelo condenado não pode obstaculizar o seu direito de remição da pena, sendo suficiente para
comprová-las a certificação fornecida pela entidade educacional. RHC 203546/PR, relatora Min. Cármen
Lúcia, julgamento em 28.6.2022. (Info 1061 - STF)
Nada obstante a interpretação restritiva que deve ser conferida ao art. 126, §4º, da LEP, os princípios da
individualização da pena, da dignidade da pessoa humana, da isonomia e da fraternidade, ao lado da teoria
da derrotabilidade da norma e da situação excepcionalíssima da pandemia de Covid-19, impõem o cômputo
do período de restrições sanitárias como de efetivo estudo ou trabalho em favor dos presos que já estavam
trabalhando ou estudando e se viram impossibilitados de continuar seus afazeres unicamente em razão do
estado pandêmico. REsp 1.953.607-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado

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em 14/09/2022 (Tema 1120 - Recursos Repetitivos). (Info 749 - STJ) #NÃOCONFUNDA: Remição ficta de pena:
embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem laborar, reconhecer a remição
ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato
que causaria substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder
Executivo. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em
29.5.2018. (HC - 124520) (Info 904 - STF)
A remição de pena em virtude de curso profissionalizante, realizado pelo apenado na modalidade à distância
(EaD), exige a apresentação de certificado emitido por entidade educacional devidamente credenciada
perante o Ministério da Educação (MEC). AgRg no HC 722.388-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador
convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 09/08/2022, DJe 15/08/2022. (Info
748 - STJ)

PROGRESSÃO DE REGIME

A execução da pena em nosso país funda-se no sistema progressivo, com a flexibilização da possibilidade de
transferência entre regimes. A progressão de regime constitui direito público subjetivo,portanto exigível do
Estado sempre que preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos à sua concessão.

Com o advento do Pacote Anticrime houve mudança substancial em relação ao requisito objetivo da
progressão de regime:

ANTES DO PACOTE ANTICRIME DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME


RÉU PRIMÁRIO + CRIME SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE
CRIMES COMUNS: Ter cumprido 1/6 da pena no AMEAÇA: cumprimento de 16% da pena.
regime anterior + bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento.
RÉU REINCIDENTE + CRIME SEM VIOLÊNCIA OU
CRIMES HEDIONDOS: Ter cumprido 2/5 da pena no GRAVE AMEAÇA: cumprimento de 20% da pena.
regime anterior, se for primário, ou 3/5 da pena no
regime anterior, se for reincidente. RÉU PRIMÁRIO + CRIME COM VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA: cumprimento de 25% da pena.
GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR
CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: Ter
cumprido 1/8 da pena no regime anterior + Não ter RÉU REINCIDENTE + CRIME COM VIOLÊNCIA OU
cometido crime com violência ou grave ameaça a GRAVE AMEAÇA: cumprimento de 30% da pena.
pessoa + Não ter cometido o crime contra seu filho
ou dependente + Ser primária e ter bom
comportamento carcerário, comprovado pelo RÉU PRIMÁRIO + CRIME HEDIONDO OU
diretor do estabelecimento + Não ter integrado EQUIPARADO: cumprimento de 40% da pena.
organização criminosa. #ATENÇÃO: Neste caso, o
cometimento de novo crime doloso ou falta grave
implicará a revogação do benefício previsto. CRIME HEDIONDO + RESULTADO MORTE:
cumprimento de 50% da pena. #SELIGA: aqui é
vedado o livramento condicional.

RÉU CONDENADO POR EXERCER O COMANDO,


INDIVIDUAL OU COLETIVO, DE ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA ESTRUTURADA PARA A PRÁTICA DE

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CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO: cumprimento


de 50% da pena.

CRIME DE CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA:


cumprimento de 50% da pena.

RÉU REINCIDENTE NA PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO


OU EQUIPARADO: cumprimento de 60% da pena
(#SELIGA: a reincidência aqui é específica).

RÉU REINCIDENTE NA PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO


OU EQUIPARADO COM RESULTADO MORTE:
cumprimento de 70% da pena (#SELIGA: a
reincidência aqui é específica).

#ATENÇÃO! Em todos os casos, o apenado só terá


direito à progressão de regime se ostentar boa
conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento.

#SELIGA: Os §§3º e 4º do art. 112 da LEP, que


estabelecem a progressão de regime para mulher
gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência, NÃO FORAM
ALTERADOS!

PERMISSÃO DE SAÍDA E SAÍDA TEMPORÁRIA:

SAÍDA TEMPORÁRIA PERMISSÃO DE SAÍDA


Saída temporária é uma autorização concedida pelo A permissão de saída tem como beneficiários os
juiz da execução penal aos condenados que presos definitivos (em regime FECHADO OU
cumprem pena em regime SEMIABERTO por meio da SEMIABERTO) e PROVISÓRIOS (temporária ou
qual ganham o direito de saírem temporariamente preventiva).
do estabelecimento prisional SEM VIGILÂNCIA
DIRETA (sem guardas acompanhando/sem escolta) Ela se dá MEDIANTE ESCOLTA.
com o intuito de:
a) visitarem a família;
b) frequentarem curso supletivo profissionalizante, As situações que a autorizam são:
de ensino médio ou superior; ou a) falecimento ou doença grave do cônjuge,
c) participarem de outras atividades que ajudem companheira, ascendente, descendente ou irmão;
para o seu retorno ao convívio social. b) necessidade de tratamento médico (abrangendo
o odontológico de urgência).
Obs: o juiz pode determinar que, durante a saída
temporária, o condenado fique utilizando um A permissão de saída será concedida pelo DIRETOR
equipamento de monitoração eletrônica DO ESTABELECIMENTO onde se encontra o preso.
(tornozeleira eletrônica).
Obs2: os presos provisórios que já foram A permanência do preso fora do estabelecimento

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condenados (ainda sem trânsito em julgado) e estão terá a duração necessária à finalidade da saída.
cumprindo a pena no regime semiaberto podem ter
direito ao benefício da saída temporária,desde que
preencham os requisitos legais que veremos abaixo.
Obs3: Com o advento do Pacote Anticrime, a LEP
passou a proibir a saída temporária ao condenado
que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte.

Requisitos
A concessão da saída temporária dependerá da
satisfação dos seguintes requisitos (art. 123 da LEP):
I - comportamento adequado do reeducando;
É chamado de requisito subjetivo. Normalmenteisso
é provado por meio da certidão carcerária fornecida
pela administração penitenciária.

II - cumprimento mínimo de 1/6 da pena (se for


primário) e 1/4 (se reincidente).
Trata-se do requisito objetivo. Deve-se lembrar que
o apenado só terá direito à saída temporária se
estiver no regime semiaberto. No entanto, a
jurisprudência permite que, se ele começou a
cumprir a pena no regime fechado e depois
progrediu para o semiaberto, aproveite o tempo que
esteve no regime fechado para preencher esse
requisito de 1/6 ou 1/4. Em outras palavras, ele não
precisa ter 1/6 ou 1/4 da pena no regime
semiaberto. Poderá se valer do tempo que cumpriu
no regime fechado para preencher o requisito
objetivo. Com outras palavras, foi isso o que o STJ
quis dizer ao editar a Súmula 40: “Para obtenção dos
benefícios de saída temporária e trabalho externo,
considera-se o tempo de cumprimento da pena no
regime fechado.”

III - compatibilidade do benefício com os objetivos


da pena.
Ressalte-se que o simples fato de o condenado que
cumpria pena no regime fechado ter ido para o
regime semiaberto não significa que,
automaticamente, ele terá direito ao benefício da
saída temporária. Isso porque o juiz deverá analisar
se ele preenche os demais requisitos do art. 123 da
LEP (STJ. 6ª Turma. RHC 49.812/BA, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 06/11/2014).

#DEOLHONAJURIS A disposição inserida na LEP pela Lei 13.964/2019, no sentido de que “não terá direito à
saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar crime
hediondo com resultado morte”, possui natureza penal, de modo que, sendo prejudicial ao apenado, não

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retroage, somente sendo aplicável a crimes praticados após a sua vigência. Logo, não é possível retroagir
para atingir apenas por crimes praticados antes de sua vigência, qual seja, 23/01/2020.
STF. 2 Turma. HC 195.371, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgado em 16/09/2021.

MONITORAMENTO ELETRÔNICO #DEOLHONAJURIS

É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de recolhimento noturno, aos finais de semana
e dias não úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico, com o tempo de pena efetivamente
cumprido, para detração da pena.
STJ. 3ª Seção. HC 455097/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/04/2021 (Info 693).
Caso concreto: o réu estava cumprindo pena no regime semiaberto. Ocorre que não havia no local colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar apropriado ao regime semiaberto. Diante disso, o juiz
autorizou que ele ficasse cumprindo pena em sua casa, com monitoramento eletrônico. Passados mais alguns
meses, o apenado preencheu os requisitos necessários e o juiz reconheceu o direito de ele progredir para o
regime aberto. Como também não existia na localidade estabelecimento adequado ao regime aberto, o
magistrado afirmou que o condenado deveria continuar cumprindo a pena em domicílio (prisão domiciliar)
e que deveria continuar com o uso da tornozeleira eletrônica. Para o STJ, a decisão do juiz atendeu o que
preconiza a SV 56:
Súmula vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado
em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE
641.320/RS.
(...) c) Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito
e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto; (RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 11/5/2016).
STJ. 6ª Turma. HC 691963-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/10/2021 (Info 715).
Comete falta grave o apenado que viola a zona de monitoramento eletrônico
Apenado que está em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, e viola o perímetro (zona) do
monitoramento: esta conduta configura falta grave, nos termos do art. 50, V, da LEP.
STJ. 6ª Turma. HC 481.699/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/03/2019.

De acordo com o art. 50, VI, da LEP, comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que
inobservar as ordens recebidas (art. 39, V, da LEP), como é a hipótese de violação da zona de monitoramento.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1798047/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/05/2019.

Julgado específico envolvendo saída temporária


Apenado está gozando o benefício da saída temporária e sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele
descumpre o perímetro de inclusão declarado para o período noturno, ou seja, não permanece no endereço
que deveria ficar durante a noite e o monitoramento eletrônico detecta essa inobservância:
• a conduta não configura falta grave porque não se amolda em nenhuma das hipóteses do art. 50 da LEP,
cujo rol é taxativo;
• por outro lado, representa descumprimento de condição obrigatória, que autoriza sanção disciplinar, nos
termos do art. 146-C, parágrafo único da LEP.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/11/2016 (Info 595).

Não confundir:
• Apenado que descumpre o perímetro (zona) estabelecido para tornozeleira eletrônica: configura a prática
de falta grave.
• Apenado que, durante saída temporária, descumpre o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica:
não configura a prática de falta grave (há um julgado da 6ª Turma do STJ que afirma que, neste caso, não há
previsão no rol do art. 50 da LEP).

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• Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: configura falta
grave (art. 50, VI, da LEP).

DIREITO CIVIL7

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Selecionamos as apostas com base no raio-x fornecido pelo Concursos360 das matérias de maior incidência
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INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

A LINDB nada mais é que um conjunto de normas que disciplina as próprias normas jurídicas,
constituindo norma de “sobredireito”.

Conteúdo da LINDB:
1 - Formas de integração da norma jurídica;
2 - Regras de aplicação da norma jurídica no tempo e no espaço;
3 - Fontes do Direito (pela visão clássica da doutrina);
4 - Regras de Direito Internacional (Público e Privado); e
5 - Regras de Direito Público

LINDB
Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.
1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
(...)
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio
de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

7
Por Carolina Byrro.

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#OLHAATABELA:

VIGÊNCIA DA NORMA REVOGAÇÃO DA NORMA


O momento da existência não se confunde com a Revogação: uma vez cumprida a vacatio legis e
vigência. Isso porque, depois de promulgada, a lei entrando em vigor, a lei continuará vigendo até
precisa de um iter legislativo para que as pessoas que venha outra, expressa ou tacitamente, a
tenham conhecimento da norma para, somente revogue. Trata-se do princípio da continuidade.
depois, passar a ter vigência: publicação → lapso
temporal → vigência. A revogação de uma lei pode ser expressa ou tácita,
só se admitindo, no sistema brasileiro, a revogação
A lei só ganha vigência depois da vacatio legis de uma lei através de outra lei. O Direito Brasileiro
(lapso temporal necessário para que as pessoas não admite o desuetudo, (“desuso”) que é a
tenham conhecimento de sua existência). revogação da lei pelos costumes

#SELIGA: PRINCÍPIO DA VIGÊNCIA SINCRÔNICA: A A revogação é gênero da qual ab-rogação e


obrigatoriedade da lei é simultânea, porque entra derrogação são espécies.
em vigor a um só tempo em todo o país, ou seja, 45 (i) a) ab-rogação: é a revogação total da
dias após sua publicação, não havendo data lei.
estipulada para sua entrada em vigor. (ii) b) derrogação: é a revogação parcial da
lei.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA:
a partir da sua entrada em vigor, tem eficácia
contínua, até que outra a modifique ou revogue. A
lei com sentido complementar não revoga ou
modifica as disposições anteriores sobre o mesmo
tema.

EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA


NORMA:
a) NORMA TEMPORÁRIA: já nasce com data limite
de vigência.
b) NORMA CIRCUNSTANCIAL: somente vige
durante determinada circunstância

#SELIGA: Repristinação: é um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de uma norma
efetivamente revogada, pela revogação da norma que a revogou. A repristinação deve ser expressa dada a
dicção do artigo 2º, § 3º da LINDB.

#CUIDADO: EFEITO REPRISTINATÓRIO / REPRISTINAÇÃO OBLÍQUA OU INDIRETA é a reentrada em vigor de


norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que a revogou é declarada inconstitucional.

#ATENÇÃO: CONSEQUENCIALISMO: introduzido no ordenamento brasileiro com a edição da Lei nº


13.655/18, que alterou a (LINDB) para trazer segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do
direito público.
LINDB
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655,
de 2018)

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Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da


invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições
para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não
se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam
anormais ou excessivos.
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito,
deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
(...)
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo
ou erro grosseiro.

PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DO CÓDIGO CIVIL DE 2002

PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CC/02


Trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquela que existe no
plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo Código Civil de 2002, a
boa-fé objetiva tem função de interpretação dos negócios jurídicos em geral (art. 113
ETICIDADE
do CC). Serve ainda como controle das condutas humanas, eis que a sua violação pode
gerar o abuso de direito, nova modalidade de ilícito (art. 187). Por fim, a boa-fé objetiva
tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422 do CC).
Esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade ou facilitação das
categorias privadas, o que pode ser percebido, por exemplo, pelo tratamento
OPERABILIDADE diferenciado da prescrição e da decadência. Segundo, há o sentido de efetividade ou
concretude, o que foi buscado pelo sistema aberto de cláusulas gerais adotado pela
atual codificação material.
Segundo apontava o próprio Miguel Reale, um dos escopos da nova codificação foi o
de superar o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, a palavra
SOCIABILIDADE
“eu” é substituída por “nós”. Todas as categorias civis têm função social: o contrato, a
empresa, a propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil.

DAS PESSOAS NATURAIS

Inicialmente, é importante lembrar que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o
Direito Civil atual caminha no sentido da “despatrimonialização”. De se notar que o Código Civil de 2002 em
momento algum denomina o ser humano como pessoa física, tão somente como pessoa natural.

#IMPORTANTE:
TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA PERSONALIDADE
A personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida. O nascituro não
NATALISTA teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. Os autores clássicos adotam
CC/02 esta teoria, que também é adotada pelo Código Civil (embora ele sofra
influência concepcionista em algumas oportunidades)

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Para a teoria concepcionista, com a concepção, já surgem direitos da


personalidade de cunho existencial. A expressão “nascimento com vida” revela
marco temporal para a aquisição de direitos patrimoniais. O nascituro, portanto,
para essa teoria, tem direitos da personalidade.

#GOLDENTIP8 “Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico como um


CONCEPCIONISTA
todo – e não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria
(STJ)
concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão
enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea [...] Por
outro ângulo, cumpre frisar que as teorias mais restritivas dos direitos do
nascituro – natalista e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem
jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002.”
(Trecho do voto do Rel. Min. Luis Felipe Salomão, no REsp no 1.415.727 – SC, j.
04/09/2014)
Defende que, embora o nascituro detenha direitos da personalidade desde a
concepção, os direitos patrimoniais estão condicionados e, por isso, a sua
PERSONALIDADE personalidade como um todo está condicionada ao nascimento com vida.
CONDICIONAL Nascituro teria personalidade jurídica sujeita a condição suspensiva.
Doutrinadores mais modernos são adeptos a esta teoria: Francisco Amaral,
Nelson Rosenvald, Cristiano Chaves, Pablo Stolze.

#OLHAOGANCHO: É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de trânsito


O DPVAT é um seguro obrigatório contra danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre,
ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não. Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos
pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a
indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os
seus respectivos herdeiros.
O art. 3º, I, da Lei 6.194/74 afirma que deverá ser paga indenização do DPVAT aos herdeiros do falecido no
caso de morte no trânsito.
O STJ decidiu que, se uma gestante se envolve em acidente de carro e, em virtude disso, sofre um aborto,
ela terá direito de receber a indenização por morte do DPVAT, nos termos do art. 3º, I, da Lei 6.194/74.
O Ministro Relator afirmou expressamente que, em sua opinião, “o ordenamento jurídico como um todo —
e não apenas o Código Civil de 2002 — alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação
jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea”.
STJ. 4ª Turma. REsp 1415727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/9/2014 (Info 547).

CC, Art. 6º: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. ”

ESPÉCIES DE MORTE
É aquela em que há um corpo cujas funções vitais cessaram.
MORTE REAL #SELIGA: De acordo com a Lei 9.434/97, para fins de doação de órgãos
basta que se cesse uma função vital: a encefálica.
Tratar uma pessoa que está viva como se morta estivesse. Não existe
no ordenamento jurídico Brasileiro, na medida em que ofende a
MORTE CIVIL/FICTA dignidade da pessoa humana. Pode-se dizer, todavia, que restam
resquícios da morte fictícia no Brasil em dois momentos do direito
sucessório, já que a pessoa é afastada do direito sucessório:

8
As #GOLDENTIPS foram inseridas pelo Setor de Revisão.

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a) Exclusão do herdeiro por indignidade;


b) Deserdação;
Não há prova da materialidade (é o inverso da morte real).
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de
ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de
vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos,
MORTE PRESUMIDA
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Lei nº 9.140/95, Art. 1o São reconhecidos como mortas, para todos os
efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham sido
acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de
setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo,
tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, deste então,
desaparecidas, sem que delas haja notícia.

CAPACIDADE

CC, Art. 3º São ABSOLUTAMENTE incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.

A Lei 13.146/15 alterou o regime jurídico das incapacidades, de maneira que apenas o menor de 16
anos é absolutamente incapaz (arts. 3º e 4º) e contra este não corre a prescrição aquisitiva ou extintiva
(art.198, I do CC).

CC, Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-los:


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

#IMPORTANTE: Os absolutamente incapazes serão representados, ao passo que os relativamente incapazes


serão assistidos. Todavia, quanto aos relativamente incapazes maiores de 16 anos, existem situações em que
não se exigirá assistência. Nestes casos, mesmo sem assistência, o ato será válido. Ex:

a) Fazer testamento: Art. 1.860. (...) Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
b) Ser testemunha (art. 228, inciso I, do CC;
c) Votar (Art. 14, da CF);
d) Ser mandatário (Art. 666, CC);
e) Se ele for emancipado;

#PEGAOGANCHO: O tu quoque é uma figura parcelar da boa-fé objetiva e quer dizer “Até tu?”. De acordo
com esta figura, uma pessoa não poderá violar a norma jurídica e depois tentar tirar proveito dela. Ex. Se um
adolescente entre 16 e 18 anos, dolosamente, ocultar a sua idade ou se declarar maior para realizar um ato
civil, este ato não será anulável.

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CC, Art. 180: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar
a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-
se maior.”

#PARANÃOESQUECER:

É o titular de interesses juridicamente protegidos, qualificado como tal por


SUJEITO DE DIREITO
uma norma jurídica.
É a medida da personalidade. Aptidão jurídica (de gozo) ou de fato
CAPACIDADE
(exercício/ação).
CAPACIDADE DE DIREITO, É a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres. Todas as pessoas
AQUISIÇÃO OU DE GOZO possuem esse tipo de capacidade.
É a aptidão para praticar, pessoalmente, por si só, os atos da vida civil (ex.:
CAPACIDADE DE FATO/ contrato). Nem todas as pessoas possuem tal capacidade. Todavia, não
EXERCÍCIO/ AÇÃO havendo capacidade de fato, é possível suprir a sua ausência por meio de
representação ou assistência.
Aptidão especial exigida para a prática de certos atos (ex. CC arts. 496, 1749,
LEGITIMAÇÃO
I, 1.687).

DIREITOS DA PERSONALIDADE #APOSTACICLOS

Direitos da personalidade são àqueles ligados aos nossos atributos fundamentais, a ex. a honra, a
imagem, a intimidade e a integridade física. Antes de tudo, os direitos da personalidade são direitos
fundamentais (todo direito da personalidade é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental
é um direito da personalidade).

À luz da constitucionalização do Direito Civil três são os princípios magnos afetos aos direitos da
personalidade, quais sejam:

a) os da dignidade humana;
b) da solidariedade social e;
c) da igualdade (art. 1º, III; 3º, I; 5º, caput, todos da CF/88).

CARACTERISTÍCAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE


Absolutos
Ilimitados
Extrapatrimoniais
Intransmissíveis/Vitalícios
Impenhoráveis
Imprescritíveis (Mas não o direito a reparação de dano)
Indisponíveis/Irrenunciáveis (Nem todos os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis)

CC, Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12, do Código Civil. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

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Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. (Cláusula Geral de
Tutela aos Direitos da Personalidade).

Art. 13, do Código Civil. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida
em lei especial. (Direito à integridade física).

Art. 14, do Código Civil. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
no todo ou em parte, para depois da morte. (Direito à integridade física).
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Art. 15, do Código Civil. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica. (Direito à integridade física).

O Art. 12, parágrafo único, do CC prevê regra geral, para a tutela dos direitos da personalidade, tendo
como legitimados: ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até o quarto grau. Por outro lado, o art.
20, parágrafo único prevê regra especial, pois só trata de determinados direitos da personalidade (imagem e
direitos morais do autor), tendo como legitimados apenas os ascendentes, descendentes e cônjuge.

#ATENÇÃO: O que são as diretivas antecipativa de vontade? Em atenção à autonomia privada, há


importante debate, no cenário nacional, derredor da legalidade da chamada diretriz antecipativa de vontade,
também denominada declaração antecipada de vontade. Diretriz antecipativa de vontade consiste em um
gênero, tendo como principais espécies o testamento vital e o mandado duradouro. Por testamento vital
compreendem-se as instruções prévias de uma pessoa, consciente, sobre os tratamentos que deseja, ou não,
receber, quando da terminalidade da vida. Ensina Joaquim Clotet que visa afastar prolongamentos vitais
dolorosos e fúteis, os quais não promoverão a cura, mas apenas trarão a perpetuação da dor.
Dialoga o testamento vital com a ortotanásia, sendo um negócio jurídico unilateral, extra patrimonial,
informal, inter vivos e atípico. Tem batismo digno de crítica, pois remete à figura do testamento, ato
sucessório diverso e mortis causa. Já o mandado duradouro - também chamado de poder duradouro do
representante para cuidados com a saúde - diz respeito à nomeação de alguém para que tome decisões pelo
paciente, quando este esteja em situação incapacitante, seja ela transitória ou definitiva. Veja-se que
diversamente do testamento vital, o objeto do mandado duradouro não condiz apenas com a terminalidade
da vida, conforme vaticina Joaquim Clotet. Outrossim, no mandado duradouro se elege um substituto para
declaração de vontade, quem agirá no melhor interesse do paciente; enquanto no testamento vital é o
próprio paciente quem declarará a sua vontade.

#JURISEMFRASES9:
É inadmissível a homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil de menor em juízo sem
a observância dos requisitos e procedimento legalmente instituído para essa finalidade. STJ. 3ª Turma. REsp
1698717-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/06/2018 (Info 627).
A existência de um homônimo que responde a processo criminal, ainda que em outro estado da federação,
pode ensejar um constrangimento capaz de configurar o justo motivo para fundamentar a inclusão de
patronímico. REsp 1.962.674-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 24/05/2022, DJe 31/05/2022. (Info 748)

9
Todos os julgados foram retirados do site concursos360.com

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Configura dano moral, sujeito à indenização, a veiculação, em rede nacional de TV, de imagem de pessoa nua
em praia de naturismo, sem autorização e com atribuição de conotação pejorativa. STJ. 4ª Turma. AgInt no
AREsp 1519848/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/08/2022 (Info 746).
Não é cabível, sem motivação idônea, a alteração do nome de menor para exclusão do agnome “filho” e
inclusão do sobrenome materno. STJ. 4ª Turma. REsp 1731091-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
14/12/2021 (Info 723).
A discrepância entre a assinatura artística e o nome registral não consubstancia situação excepcional e
motivo justificado à alteração da grafia do apelido de família.
STJ. 4ª Turma. REsp 1729402-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou, perante o cartório de
registro civil, nome diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos genitores
STJ. 3ª Turma. REsp 1905614-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na constância do vínculo conjugal. STJ. 3ª Turma.
REsp 1873918-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de maneira
flagrante é irrelevante para a configuração dos danos morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 19/05/2020 (Info 672).
É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou
audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de
familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes. STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 10/6/2015 (Info 789)
O direito ao esquecimento é considerado incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é
capaz de justificar a atribuição da obrigação de excluir a publicação relativa a fatos verídicos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1961581-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da
personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário.
RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o
qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) Info 911).
Poder Judiciário pode determinar que o Google desvincule o nome de determinada pessoa, sem qualquer
outro termo empregado, com fato desabonador a seu respeito dos resultados de pesquisa; isso não se
confunde com direito ao esquecimento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1660168/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/06/2022 (Info 743).

#SELIGANAJURIS:
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o
qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento
do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos

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públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário.
RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) Info 911).
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do
gênero (sexo) diretamente no registro civil. O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade
ou expressão de gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana
e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. A pessoa transgênero que
comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por
autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo
à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial,
independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito
fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade. STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892). Para mais informações
de como isso se efetua na prática, consulte o Provimento n. 73/2018, do CNJ, que dispõe sobre a averbação
da alteração do prenome e do gênero nos assentos de nascimento e casamento de pessoa transgênero no
Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN).

#AJUDA360

A utilização de fotografias que servirem tão somente para ilustrar matéria jornalística sobre fato ocorrido e
narrado pelo ponto de vista do repórter não constitui, per se, violação ao direito de preservação de imagem
ou de vida íntima e privada de outrem, não havendo que se falar em causa para indenização por danos
morais. Processo em segredo judicial, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
23/08/2022, DJe 31/08/2022. (Info 748)

A análise acerca da ocorrência de abuso no exercício da liberdade de expressão a ensejar reparação por dano
moral deve ser feita no caso concreto, pois, em tese, sopesados os valores em conflito, é recomendável que
se dê primazia à liberdade de informação e de crítica, como decorrência da vida em um Estado Democrático.

De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, publicações que narrem fatos verídicos ou
verossímeis, embora eivados de opiniões severas, irônicas ou impiedosas, a princípio, não configuram ato
ilícito.

A notícia veiculada na revista expressa o pensamento da repórter sobre fato ocorrido durante a cobertura de
evento do qual participavam vários famosos, o que, a toda evidência, gera o interesse do público que consome
esse tipo de notícia.

Nessa perspectiva, apesar da utilização de opiniões severas e irônicas, a publicação narrou fato ocorrido e
que, inclusive, estava sendo apurado criminalmente pela autoridade policial, de modo que sua divulgação,
ainda que somente sob o ponto de vista de uma das partes, não demonstra, inequivocamente, o intuito de
difamar, injuriar ou caluniar a pessoa.

Isso porque "A liberdade de informação diz respeito a noticiar fatos, e o exercício desse direito apenas será
digno de proteção quando presente o requisito interno da verdade, pela ciência da realidade, que não se exige
seja absoluta, mas aquela que se extrai da diligência do informador, a quem incumbe apurar de forma séria
os fatos que pretende tornar públicos" (REsp 1.897.338/DF, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 24/11/2020, DJe de 05/02/2021).

Com base nessas considerações, conclui-se, portanto, que a utilização de fotografias serviu tão somente para
ilustrar a matéria jornalística sobre fato ocorrido e narrado pelo ponto de vista da repórter, e de interesse do

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público-alvo do veículo de comunicação, tratando-se, na hipótese, de exercício regular do direito de


informação, de modo que não constitui, per se, violação ao direito de preservação de sua imagem ou de sua
vida íntima e privada, não havendo que se falar em causa para indenização por danos patrimoniais ou morais
à imagem.

#NOVIDADE:
Lei de Registros Públicos.

Art. 55. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome, observado que ao
prenome serão acrescidos os sobrenomes dos genitores ou de seus ascendentes, em qualquer ordem e, na
hipótese de acréscimo de sobrenome de ascendente que não conste das certidões apresentadas, deverão ser
apresentadas as certidões necessárias para comprovar a linha ascendente. (Redação dada pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 1º O oficial de registro civil não registrará prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores,
observado que, quando os genitores não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito
o caso à decisão do juiz competente, independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos. (Incluído
pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 2º Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial de registro lançará adiante do prenome
escolhido ao menos um sobrenome de cada um dos genitores, na ordem que julgar mais conveniente para
evitar homonímias. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 3º O oficial de registro orientará os pais acerca da conveniência de acrescer sobrenomes, a fim de se evitar
prejuízos à pessoa em razão da homonímia. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 4º Em até 15 (quinze) dias após o registro, qualquer dos genitores poderá apresentar, perante o registro
civil onde foi lavrado o assento de nascimento, oposição fundamentada ao prenome e sobrenomes indicados
pelo declarante, observado que, se houver manifestação consensual dos genitores, será realizado o
procedimento de retificação administrativa do registro, mas, se não houver consenso, a oposição será
encaminhada ao juiz competente para decisão. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente e
imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a alteração será
averbada e publicada em meio eletrônico. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 1º A alteração imotivada de prenome poderá ser feita na via extrajudicial apenas 1 (uma) vez, e sua
desconstituição dependerá de sentença judicial. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 2º A averbação de alteração de prenome conterá, obrigatoriamente, o prenome anterior, os números de


documento de identidade, de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) da Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil, de passaporte e de título de eleitor do registrado, dados esses que deverão constar
expressamente de todas as certidões solicitadas. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 3º Finalizado o procedimento de alteração no assento, o ofício de registro civil de pessoas naturais no qual
se processou a alteração, a expensas do requerente, comunicará o ato oficialmente aos órgãos expedidores
do documento de identidade, do CPF e do passaporte, bem como ao Tribunal Superior Eleitoral,
preferencialmente por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

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§ 4º Se suspeitar de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade ou simulação quanto à real intenção da pessoa
requerente, o oficial de registro civil fundamentadamente recusará a retificação. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente perante o oficial de registro
civil, com a apresentação de certidões e de documentos necessários, e será averbada nos assentos de
nascimento e casamento, independentemente de autorização judicial, a fim de: (Redação dada pela Lei
nº 14.382, de 2022)

I - inclusão de sobrenomes familiares; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

II - inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do casamento; (Incluído pela Lei nº


14.382, de 2022)

III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal, por qualquer de suas
causas; (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de alteração das relações de filiação, inclusive para os
descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa que teve seu estado alterado. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 1º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos termos, o nome abreviado, usado como firma comercial
registrada ou em qualquer atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).

§ 2º Os conviventes em união estável devidamente registrada no registro civil de pessoas naturais poderão
requerer a inclusão de sobrenome de seu companheiro, a qualquer tempo, bem como alterar seus
sobrenomes nas mesmas hipóteses previstas para as pessoas casadas. (Redação dada pela Lei nº 14.382,
de 2022)

§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 3º-A O retorno ao nome de solteiro ou de solteira do companheiro ou da companheira será realizado por
meio da averbação da extinção de união estável em seu registro. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 5º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 7o Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de
colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de
origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado,
que somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação
da coação ou ameaça que deu causa à alteração. (Incluído pela Lei nº 9.807, de 1999)

§ 8º O enteado ou a enteada, se houver motivo justificável, poderá requerer ao oficial de registro civil que,
nos registros de nascimento e de casamento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua
madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus sobrenomes de família.
(Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

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O CC, abraçando o posicionamento jurisprudencial, dispõe que, malgrado os direitos da


personalidade tenham sido feitos para a proteção do ser humano, sua aplicação se estende às pessoas
jurídicas, no que couber (naquilo que sua falta de estrutura biopsicológica permite exercer), ou seja:

1) Imagem (imagem-atributo);

2) Nome;

3) Honra objetiva.

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

STJ, Súmula 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

O dano moral sofrido pela pessoa jurídica não se configura in re ipsa, o que não obsta, contudo, que sua
comprovação ocorra por meio da utilização de presunções e regras de experiência no julgamento da
controvérsia. (REsp 1.564.955-SP)
Cuidado: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa jurídica pode sofrer dano moral
in re ipsa. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
28/11/2017 (Info 619). STJ. 4ª Turma. AgInt-AREsp 1.328.587/ DF. Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
07/05/2019. STJ. 3ª Turma AgInt-AREsp 1.345.802/ MT. Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/02/2019.
O sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impugnar a decisão que defere o pedido de
desconsideração inversa da personalidade jurídica dos entes empresariais dos quais é sócio.
STJ. 3ª Turma. REsp 1980607-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
O condomínio, por ser uma massa patrimonial, não possui honra objetiva apta a sofrer dano moral. REsp
1.736.593-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 11/02/2020, DJe
13/02/2020.

AUSÊNCIA

Seção I
Da Curadoria dos Bens do Ausente

(...)

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois
anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.

§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta
ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.

§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.

§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

Seção II
Da Sucessão Provisória

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Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra
provisoriamente a sucessão.

(...)

Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias
depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento,
se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.

§ 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao
Ministério Público requerê-la ao juízo competente.

§ 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar
em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do
ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.

Seção III
Da Sucessão Definitiva

Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória,
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.

Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de
idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem,
os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos
bens alienados depois daquele tempo.

Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito
Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados
em território federal.

#SELIGA:
Se o ausente tem mais que 80 anos e há mais de 5 anos não se tem notícias dele, será possível requerer
diretamente a sucessão definitiva, sem necessidade de sucessão provisória

Exemplo: Roberto está desaparecido há 20 anos, sem qualquer notícia sobre seu paradeiro. Se Roberto
estiver vivo, ele já tem mais que 80 anos de idade. Regina é irmã e única herdeira de Roberto. Ela ajuizou
ação declaratória de ausência. O juiz deferiu o pedido, declarou que Roberto está ausente e nomeou Regina
como curadora dos seus bens. Passado 1 ano, Regina requereu a abertura da sucessão definitiva, pedindo a
aplicação do art. 38 do CC/2002: Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que
o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
O juiz indeferiu o pedido afirmando o seguinte, antes da sucessão definitiva, o correto seria a decretação da
sucessão provisória e, ultrapassado o prazo legal, pedir a sucessão definitiva. Não seria possível requerer
diretamente a sucessão definitiva. O art. 38 do CC somente se aplica para a conversão de sucessão provisória
em sucessão definitiva.
O STJ não concordou com essa interpretação.

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A regra do art. 38 do CC traz uma hipótese autônoma de abertura da sucessão definitiva, que ocorre de forma
direta e que não depende da existência, ou não, de sucessão provisória.
É dispensável a abertura da sucessão provisória quando presentes os requisitos da sucessão definitiva
previstos no art. 38 do CC.
Não se afigura razoável o entendimento de que o herdeiro de um octogenário desaparecido há mais de cinco
anos precise, obrigatoriamente, passar pela fase da abertura de sucessão provisória, com todos os seus
expressivos prazos, diante de uma hipótese em que é absolutamente presumível a morte do autor da
herança.
STJ. 3ª Turma. REsp 1924451-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/10/2021 (Info 716).

PESSOA JURÍDICA

#NOVIDADE:
48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em legislação especial e em seus
atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias gerais por meio eletrônico, inclusive para os fins do
disposto no art. 59 deste Código, respeitados os direitos previstos de participação e de
manifestação. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e
segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração
de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o
propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor
proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios
ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo
não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

#DEOLHONAJURIS:
É inconstitucional o condicionamento da desfiliação de associado à quitação de débito referente a benefício
obtido por intermédio da associação ou ao pagamento de multa. RE 820823/DF, relator Min. Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 30.9.2022 (sexta-feira) às 23:59. Tema 922 da Repercussão Geral. (Info 1070
- STF).

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#SELIGA:Desconsideração da Personalidade jurídica


Deve-se provar:
1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial);
2) Que os administradores ou sócios da pessoa jurídica foram beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso (novo requisito trazido pela Lei nº 13.874/2019).
Art. 50, do Código Civil. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (desconsideração da pessoa jurídica).
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o
propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor
proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios
ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo
não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica.

NOMENCLATURAS DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Desconsideração inversa Permite que a pessoa jurídica, eventualmente, responda por obrigações
pessoais de um ou mais de seus integrantes.
Desconsideração indireta Consiste em desconsiderar a personalidade jurídica da empresa controlada
para atingir o patrimônio da empresa controladora, que em geral detém um
patrimônio mais significativo e robusto capaz da saldar as dívidas da
empresa controlada.
Desconsideração Os credores podem requerer a desconsideração expansiva da personalidade
expansiva jurídica para atingir o patrimônio da nova pessoa jurídica constituída pelos
mesmos sócios, no mesmo endereço e com o mesmo objeto social, em uma
clara tentativa destes de se esquivarem da responsabilidade pelas dívidas da
primeira sociedade constituída.

Para fins de aplicação da Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica, o § 5º do art. 28 do


CDC não dá margem para admitir a responsabilização pessoal de quem não integra o quadro societário da
empresa (administrador não sócio). REsp 1.860.333-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 11/10/2022.
O sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impugnar a decisão que defere o pedido de
desconsideração inversa da personalidade jurídica dos entes empresariais dos quais é sócio. STJ. 3ª Turma.
REsp 1980607-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
O fato de ser o Fundo de Investimento em participação (FIP) constituído sob a forma de condomínio e de não
possuir personalidade jurídica não é capaz de impedir, por si só, a aplicação do instituto da desconsideração
da personalidade jurídica em caso de comprovado abuso de direito por desvio de finalidade ou confusão

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patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1965982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2022
(Info 733).
Para penhorar bens pertencentes a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), por dívidas do
empresário que a constituiu, é imprescindível a instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica de que tratam os arts. 133 e seguintes do CPC/2015, de modo a permitir a inclusão do
novo sujeito no processo atingido em seu patrimônio em decorrência da medida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1874256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/08/2021 (Info 705).
Obs: o art. 41 da Lei nº 14.195/2021 retirou a EIRELI do ordenamento jurídico brasileiro.

#OLHAOGANCHO: A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido
beneficiada por suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem legitimidade
passiva para integrar a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo da qual se requereu a
declaração de ineficácia do negócio jurídico que teve por propósito transferir a participação do sócio/ex-
marido à sócia remanescente, dias antes da consecução da separação de fato. STJ. 3ª Turma. REsp 1522142-
PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/6/2017 (Info 606).

FUNDAÇÕES

#SELIGATJLOVERS:
CAPÍTULO III
DAS FUNDAÇÕES

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de
2015)
I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
(Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de
2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151,
de 2015)
IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo
não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela,
por mandado judicial.

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Ciclos Método

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo,
formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o,
em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.

Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo,
em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

§ 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito


Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)

§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo
Ministério Público.

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o
qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
(Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação,
ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida
para impugná-la, se quiser, em dez dias.

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua
existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-
se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

BEM DE FAMÍLIA

• Regra: o bem de família legal é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus
proprietários e nele residam (art. 1º).

EXCEÇÕES:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária,


trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no
limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III - pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com
o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel
familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar;

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VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO BEM DE FAMÍLIA LEGAL


Previsto do CC/02 Previsto na Lei 8009/90
É o instituído por ato de vontade do casal ou de A impenhorabilidade legal do bem de família
entidade familiar, mediante formalização do INDEPENDE DE INSCRIÇÃO VOLUNTÁRIA EM
registro de imóveis, deflagrando dois efeitos CARTÓRIO, e convive com o bem de família
fundamentais: voluntário.
a) IMPENHORABILIDADE LIMITADA (o imóvel Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da
torna-se isento de dívidas futuras, salvo obrigações entidade familiar, é impenhorável e não
tributárias referentes ao bem e despesas responderá por qualquer tipo de dívida civil,
condominiais - art. 1.715, CC); comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
b) INALIENABILIDADE RELATIVA (uma vez inscrito natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais
como bem de família voluntário, ele só poderá ser ou filhos que sejam seus proprietários e nele
alienado com a autorização dos interessados, residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
cabendo ao MP intervir quando houver Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende
participação de incapaz - art. 1.717, CC) o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as
plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e
todos os equipamentos, inclusive os de uso
profissional, ou móveis que guarnecem a casa,
desde que quitados.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em
qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza,
salvo se movido:
II - Pelo titular do crédito decorrente do
financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e
acréscimos constituídos em função do respectivo
contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia,
resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união
estável ou conjugal, observadas as hipóteses em
que ambos responderão pela dívida;
IV - Para cobrança de impostos, predial ou
territorial, taxas e contribuições devidas em função
do imóvel familiar;
V - Para execução de hipoteca sobre o imóvel
oferecido como garantia real pelo casal ou pela
entidade familiar;
VI - Por ter sido adquirido com produto de crime
ou para execução de sentença penal condenatória
a ressarcimento, indenização ou perdimento de
bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida
em contrato de locação.

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#OLHAAJURIS:
O terreno cuja unidade habitacional está em fase de construção, para fins de residência, está protegido pela
impenhorabilidade por dívidas, por se considerar antecipadamente bem de família.
REsp 1.960.026-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022.
O dever de pagar aluguel ao outro coproprietário pelo uso exclusivo do bem comum configura-se como
obrigação propter rem e, por esta razão, enquadra-se na exceção prevista no inciso IV do art. 3º, IV, da Lei
8.009/90 para afastar a impenhorabilidade do bem de família.
STJ. 3ª Turma. REsp 1888863-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/05/2022 (Info 748).
O imóvel dado em caução em contrato de locação comercial que pertence a determinada sociedade
empresária e é utilizado como moradia por um dos sócios recebe a proteção da impenhorabilidade de bem
de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.935.563-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 03/05/2022
(Info 735).
A impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato de o imóvel
pertencer à sociedade empresária.
STJ. 4ª Turma. EDcl no AREsp 511.486-SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/3/2016 (Info 579).

#SELIGA#JURISFRESQUINHA: É impenhorável o bem de família oferecido como caução em contrato de


locação comercial.
Exemplo hipotético: em um contrato de locação comercial de terceiro, Ricardo ofereceu sua casa como
caução (garantia) da relação locatícia (art. 37, I, da Lei nº 8.245/91). O terceiro (locatário) não pagou os
aluguéis e o locador executou o locatário e Ricardo pedindo a penhora da casa objeto da caução. Ocorre que
se trata de bem de família onde Ricardo reside. Será possível a penhora? Não. As hipóteses excepcionais nas
quais o bem de família pode ser penhorado estão previstas, taxativamente, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais
hipóteses não admitem interpretação extensiva. O escopo da Lei nº 8.009/90 não é proteger o devedor
contra suas dívidas, mas sim a entidade familiar no seu conceito mais amplo, razão pela qual as hipóteses
permissivas da penhora do bem de família, em virtude do seu caráter excepcional, devem receber
interpretação restritiva. A caução levada a registro, embora constitua garantia real, não encontra previsão
em qualquer das exceções contidas no art. 3º da Lei nº 8.009/90, devendo, em regra, prevalecer a
impenhorabilidade do imóvel, quando se tratar de bem de família. Assim, não é possível a penhora do bem
de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel como caução em contrato de locação. STJ. 4ª
Turma. REsp 1789505-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/03/2022 (Info 732).

#GOLDENTIPS #NÃOCONFUDA
É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, seja residencial,
seja comercial.
STF. Plenário. RE 1307334/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/3/2022 (Repercussão Geral –
Tema 1127) (Info 1046).
O STJ acompanhou o entendimento:
É válida a penhora do bem de família de fiador apontado em contrato de locação de imóvel, seja residencial,
seja comercial, nos termos do inciso VII, do art. 3º da Lei n. 8.009/1990.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.822.040-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/06/2022 (Recurso Repetitivo
– Tema 1091) (Info 740).

#OLHAASSÚMULAS:
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. (seja esta
locação residencial ou comercial)
Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem
de família para efeito de penhora.

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Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente
a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde
que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.
Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.

- BEM DE FAMÍLIA: Jurisprudência em teses Ed. 44


1) A impenhorabilidade do bem de família prevista no art. 3º, III, da Lei n. 8.009/90 não pode ser oposta ao
credor de pensão alimentícia decorrente de vínculo familiar ou de ato ilícito.

2) Os integrantes da entidade familiar residentes no imóvel protegido pela Lei n. 8.009/90 possuem
legitimidade para se insurgirem contra a penhora do bem de família.

3) A proteção contida na Lei n. 8.009/1990 alcança não apenas o imóvel da família, mas também os bens
móveis indispensáveis à habitabilidade de uma residência e os usualmente mantidos em um lar comum.

4) É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda
obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família (Súmula n. 486/STJ). Pela
Lei nº 8.009/90, somente seria impenhorável o imóvel próprio utilizado pelo casal ou pela entidade familiar
para moradia permanente. O STJ, por meio de uma interpretação teleológica e valorativa, amplia a proteção.

5) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para
efeito de penhora. (Súmula n. 449/STJ)

6) O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas


solteiras, separadas e viúvas. (Súmula n. 364/STJ)

7) A impenhorabilidade do bem de família é oponível às execuções de sentenças cíveis decorrentes de atos


ilícitos, salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido na esfera penal.

8) A exceção à impenhorabilidade prevista no artigo 3º, II, da Lei n. 8.009/90 abrange o imóvel objeto do
contrato de promessa de compra e venda inadimplido.

9) É possível a penhora do bem de família para assegurar o pagamento de dívidas oriundas de despesas
condominiais do próprio bem.

10) O fato do terreno encontrar-se desocupado ou não edificado são circunstâncias que sozinhas não obstam
a qualificação do imóvel como bem de família, devendo ser perquirida, caso a caso, a finalidade a este
atribuída.

11) Afasta-se a proteção conferida pela Lei n. 8.009/90 ao bem de família, quando caracterizado abuso do
direito de propriedade, violação da boa-fé objetiva e fraude à execução.

12) A impenhorabilidade do bem de família hipotecado não pode ser oposta nos casos em que a dívida
garantida se reverteu em proveito da entidade familiar.

13) A impenhorabilidade do bem de família não impede seu arrolamento fiscal.

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14) A preclusão consumativa atinge a alegação de impenhorabilidade do bem de família quando houver
decisão anterior acerca do tema.

15) É legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, ante o
que dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990 (Recurso Repetitivo - TEMA 708) (Súmula n. 549/STJ)

É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, seja residencial,
seja comercial. STF. Plenário. RE 1.307.334/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/3/2022
(Repercussão Geral – Tema 1127) (Info 1046).

16) É possível a penhora do bem de família de fiador de contrato de locação, mesmo quando pactuado antes
da vigência da Lei n. 8.245/91, que acrescentou o inciso VII ao art. 3º da Lei n. 8.009/90.

17) A impenhorabilidade do bem de família é questão de ordem pública, razão pela qual não admite renúncia
pelo titular.

18) A impenhorabilidade do bem de família pode ser alegada em qualquer momento processual até a sua
arrematação, ainda que por meio de simples petição nos autos.

19) A Lei n. 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência. (Súmula n. 205/STJ)

NEGÓCIO JURÍDICO #APOSTACICLOS

#NOVIDADE:
Art. 113, do Código Civil. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada
pela Lei nº 14.382, de 2022)

FATO JURÍDICO Ordinário - Nascimento natural, morte natural,


Fato jurídico em sentido
Em sentido decurso do tempo.
estrito (a intervenção
amplo, é todo Extraordinário - Tem carga de imprevisibilidade ou
humana não existe)
acontecimento inevitabilidade, um furacão por exemplo.

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Ciclos Método

natural ou Ato jurídico em sentido estrito (não


humano apto a Atos Jurídicos lato sensu - negocial) - com consequências
criar, modificar Ações humanas (se destaca impostas pela lei e não escolhidas pelas
ou extinguir Lícito
precipuamente a ação da partes.
relações jurídicas. pessoa, ou seja, sua Negócio Jurídico - regulamentação pela
manifestação de vontade em autonomia privada.
praticar o ato) Atuação humana com efeitos
Ilícito
repudiados pelo ordenamento.

Ato-fato (embora a atuação do homem seja o núcleo do fato, é desprovida de


voluntariedade e consciência em direção ao resultado jurídico existente).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


PLANO DA EXISTÊNCIA são elementos: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma.
partes ou agentes capazes; vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível,
PLANO DA VALIDADE
determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei.
estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e
deveres, caso da condição, do termo, do encargo ou modo, das regras de
PLANO DA EFICÁCIA inadimplemento negocial (juros, multa e perdas e danos), do registro
imobiliário, da rescisão contratual, do regime de bens do casamento, entre
outros.

#PEGAOGANCHO:
Boa-fé objetiva Boa-fé subjetiva
Significa manter uma conduta de acordo com Não é um princípio, mas sim um estado
padrões sociais de lisura, honestidade e correção. psicológico.
Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar
da outra parte. se a pessoa pensava, sinceramente, que agia
Deve ser examinada externamente, ou seja, não ou não de acordo com o direito (é examinado
importa qual era o sentimento da pessoa, mas sim se a pessoa tinha boas ou más intenções).
a sua conduta. Deve ser examinada internamente, ou seja, de
acordo com o sentimento da pessoa.

Funções do princípio da Boa-fé:


I) INTERPRETATIVA: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé́ e os usos do lugar de
sua celebração.
II) CONTROLE: controle das condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito,
modalidade de ilícito (art. 187).
III) INTEGRATIVA: função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422). Faz surgir deveres
anexos, como por exemplo: a) dever de cuidado; b) dever de respeito; c) dever de informação; d) dever de
agir conforme a confiança depositada; e) dever de lealdade; f) dever de cooperação; g) dever de agir
conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão.

FIGURAS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA


(SUBESPÉCIES DO ATO ILÍCITO OBJETIVO - ABUSO DE DIREITO)
VENIRE CONTRA FACTUM Vedação do comportamento contraditório.
PROPRIUM (ou teoria dos
atos próprios)

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Ciclos Método

SUPRESSIO Supressão de um direito ou obrigação decorrente de conduta reiterada das


partes.
SURRECTIO Surgimento de direito ou obrigação decorrente de conduta reiterada das
partes.
TU QUOQUE A locução significa "tu também" e representa as situações nas quais a parte
vem a exigir algo que também foi por ela descumprido ou negligenciado.
EXCEPTIO DOLI Exceção de dolo, ou seja, não age com boa-fé aquele que atua intuito não
de preservar legítimos interesses, mas, sim, de prejudicar a parte contrária
DUTY TO MITIGATE THE Credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
OWN LOSS
ADIMPLEMENTO Ocorre quando a obrigação do devedor, ainda que não cumprida
SUBSTANCIAL completamente, é tão próxima do que esperava o credor que seria injusta
eventual resolução, afrontando a boa-fé objetiva. Vale lembrar que o STJ
entende que não se aplica a teoria em casos de alienação fiduciária.

Defeitos do Negócio Jurídico

* Vício de consentimento: o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o prejudicado é


um dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo.
* Vício social: o defeito está na manifestação da vontade (vontade externa) e o prejudicado é sempre
um terceiro. Ex.: fraude contra credores e simulação.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO #APOSTACICLOS


São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a
alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira
a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
DO ERRO OU III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo
IGNORÂNCIA único ou principal do negócio jurídico.
O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.
O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de
vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na
conformidade da vontade real do manifestante.
São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
DO DOLO Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte
a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por
todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

148
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Ciclos Método

Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para


anular o negócio, ou reclamar indenização (DOLO BILATERAL,
ENANTIOMÓRFICO, RECÍPROCO ou COMPENSADO).
A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
DA COAÇÃO Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com
base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o
simples temor reverencial.
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
DO ESTADO DE PERIGO parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz
decidirá segundo as circunstâncias.
Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.
Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
DA LESÃO
JDC150. A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil NÃO EXIGE DOLO DE
APROVEITAMENTO.
Para a caracterização do vício de lesão, exige-se a presença simultânea de:
a) elemento objetivo (desproporção das prestações); e
b) elemento subjetivo (a inexperiência ou a premente necessidade).
Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
DA FRAUDE CONTRA praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
CREDORES quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.

Anterioridade da dívida
Eventus damni (prejuízo aos credores)
Consilium fraudis (intenção de prejudicar credores ou conluio entre alienante
FRAUDE CONTRA
e adquirente do bem)
CREDORES
OBS: nos casos de disposição gratuita de bens ou remissão de dívida, basta
REQUISITOS
comprovar o evento danoso aos credores, dispensando-se a comprovação de
consilium fraudis
O ato jurídico praticado tenha levado o devedor à insolvência
No caso de alienação onerosa:
PRESSUPOSTOS DA
Eventus damni + consilium fraudis
FRAUDE CONTRA
Na alienação gratuita ou remissão de dívida:
CREDORES
Exige-se apenas o eventus damni.

#AJUDA360
O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em detrimento da partilha de bens do casal
gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a ex-cônjuge. REsp 1.969.648-DF, Rel. Min. Moura
Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/10/2022, DJe 21/10/2022. (Info 754 - STJ)
A simulação provoca a nulidade absoluta do negócio jurídico. É o que prevê o caput do art. 167 do CC. Diante
disso, como se trata de matéria de ordem pública, a simulação pode ser declarada até mesmo de ofício pelo

149
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juiz da causa (art. 168, parágrafo único, do CC). Como negócio jurídico simulado é nulo, o reconhecimento
dessa nulidade pode ocorrer de ofício, até mesmo incidentalmente em qualquer processo em que for
ventilada a questão. Logo, é desnecessário o ajuizamento de ação específica para se declarara nulidade de
negócio jurídico simulado. Dessa forma, não há como se restringir o seu reconhecimento em embargos de
terceiro. Para casos posteriores ao Código Civil de 2002, não é mais possível aplicar o entendimento da
Súmula 195 do STJ às hipóteses de simulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1927496/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 27/04/2021 (Info 694)

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO


NULIDADE ANULABILIDADE
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; na lei, é anulável o negócio jurídico:
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu I - por incapacidade relativa do agente;
objeto; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado
III - o motivo determinante, comum a ambas as de perigo, lesão ou fraude contra credores.
partes, for ilícito; Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado
IV - não revestir a forma prescrita em lei; pelas partes, salvo direito de terceiro.
V - for preterida alguma solenidade que a lei Art. 173. O ato de confirmação deve conter a
considere essencial para a sua validade; substância do negócio celebrado e a vontade
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; expressa de mantê-lo.
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir- Art. 174. É escusada a confirmação expressa,
lhe a prática, sem cominar sanção. quando o negócio já foi cumprido em parte pelo
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas devedor, ciente do vício que o inquinava.
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução
substância e na forma. voluntária de negócio anulável, nos termos dos
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as
quando: ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a o devedor.
pessoas diversas daquelas às quais realmente se Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da
conferem, ou transmitem; falta de autorização de terceiro, será validado se
II - contiverem declaração, confissão, condição ou este a der posteriormente.
cláusula não verdadeira; Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de
III - os instrumentos particulares forem julgada por sentença, nem se pronuncia de
antedatados, ou pós-datados. ofício; só os interessados a podem alegar, e
§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa- aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
fé em face dos contraentes do negócio jurídico salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
simulado. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
confirmação, nem convalesce pelo decurso do contado:
tempo. I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
os requisitos de outro, subsistirá este quando o de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
fim a que visavam as partes permitir supor que o negócio jurídico;
teriam querido, se houvessem previsto a III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a
nulidade. incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado
ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.

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Ação declaratória de nulidade:


(1) majoritária - imprescritível, com base no art. 169
Ação anulatória – prazo especial. Estão espalhados
do CC, jurisprudência e doutrina.
no Código Civil. Há um prazo geral, quando não
(2) Prescreve em 10 anos, que é prazo geral de
houver prazo específico – art. 179, CC – 2 anos.
prescrição no art. 205 CC. Caio Mário.
Ex.: a anulação da venda de ascendente para
(3) Declaração de nulidade é imprescritível, mas
descente. Art. 496. Súmula 494 do STF está
para desfazer os efeitos patrimoniais teria um
superada. Ex nunc.
prazo de 10 anos. – Stolze e enunciado 536/CJF.
Ex tunc.
Interesse público (norma de ordem pública). Interesse particular (norma de ordem privada).
Coisa julgada erga omnes. Coisa julgada inter partes.
Juiz deve declarar de ofício. Juiz não pode declarar de ofício.
Pode ser suprido/sanado – confirmação ou
Não pode ser sanado/suprido/convalidado, mas
assentimento/convalidado (gênero). Ex.: simples
pode ser objeto de conversão.
decurso do tempo.

#SELIGA:
#IMPORTANTE:
Doação de imóvel aos filhos do casal não é fraude contra credores se a família continua morando nele.
A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo
ao credor (eventus damni) e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do
devedor (scientia fraudis). O eventus damni trata-se de pressuposto objetivo e estará configurado quando o
ato de disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de insolvência do devedor ou tenha
levado-o a este estado. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem impenhorável,
especialmente de bem de família, exige uma ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de
um lado, a proteção legal conferida ao bem de família, fundada no direito à moradia e no mínimo existencial
do devedor e/ou sua família e, de outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para
discernir se há ou não fraude contra credores ou à execução é verificar a ocorrência de alteração na
destinação primitiva do imóvel - qual seja, a morada da família - ou de desvio do proveito econômico da
alienação (se existente) em prejuízo do credor. Na hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel
desde o ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado, no ano de 2011, pelo casal aos filhos menores, a
situação fática em nada se alterou, já que o bem continuou servindo como residência da entidade familiar.
Ou seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e teve sua destinação (moradia) inalterada. Essas
peculiaridades demonstram a ausência de eventus damni e, portanto, de disposição fraudulenta. A
jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída pela Lei 8.009/1990, quando reconhecida
sobre metade de imóvel relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do bem. Assim, não sendo a
esposa devedora, a doação de sua quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida por fraudulenta. E,
haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão, o imóvel está protegido pela garantia da
impenhorabilidade do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.926.646/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 15/02/2022.

ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

CONDIÇÃO TERMO ENCARGO/MODO


Evento futuro e INCERTO Evento futuro e CERTO Cláusula acessória à liberalidade
Quando suspensiva: suspende a Quando suspensivo: NÃO impede a NÃO impede a aquisição nem o
aquisição e o exercício do aquisição do direito, mas, apenas o exercício do direito - gera
direito seu exercício - gera direito adquirido. direito adquirido

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Condição incertus an incertus: Termo certus an certus: há certeza


há absoluta incerteza em quanto ao evento futuro e quanto ao
relação à ocorrência do evento tempo de duração.
futuro e incerto
Condição incertus an certus: Termo certus an incertus: há certeza
não se sabe se o evento quanto ao evento futuro, mas
ocorrerá, mas, se acontecer, incerteza quanto à sua duração.
será dentro de um determinado
prazo

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA #APOSTACICLOS

CC, Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos
a que aludem os arts. 205 e 206.

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

Art. 194. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor
(...)

Decadência
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição.

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

#SELIGA
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva
extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título

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executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. REsp 1.786.266-DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito
Relacionada aos direitos subjetivos (cunho Relacionada aos direitos potestativos (aqueles
prestacional. Aqueles que se opõem a um dever que se opõem a um estado de sujeição)
jurídico).
Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou
através de contrato (decadência convencional).
Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso Prazo de decadência não pode ser impedido,
ou interrompido. suspenso ou interrompido (em regra –art. 207 do
CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se
aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição”).
Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, §
2º, do CDC

#NOVIDADE LEGISLATIVA:
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada
pela Lei nº 14.382, de 2022)

#OLHAOCC:
CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO
PRESCRIÇÃO
Art. 197. Não corre a prescrição: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
conjugal; I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
II - entre ascendentes e descendentes, durante o ordenar a citação, se o interessado a promover no
poder familiar; prazo e na forma da lei processual;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ouII - por protesto, nas condições do inciso
curadores, durante a tutela ou curatela. antecedente;
III - por protesto cambial;
Art. 198. Também não corre a prescrição: IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o ; de inventário ou em concurso de credores;
II - contra os ausentes do País em serviço público da V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
União, dos Estados ou dos Municípios; o devedor;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que
Armadas, em tempo de guerra. extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: Parágrafo único. A prescrição interrompida
I - pendendo condição suspensiva; recomeça a correr da data do ato que a
II - não estando vencido o prazo; interrompeu, ou do último ato do processo para a
III - pendendo ação de evicção. interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por
qualquer interessado.

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Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor
ser apurado no juízo criminal, não correrá a não aproveita aos outros; semelhantemente, a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos § 1 o A interrupção por um dos credores solidários
credores solidários, só aproveitam os outros se a aproveita aos outros; assim como a interrupção
obrigação for indivisível. efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.
§ 2 o A interrupção operada contra um dos
herdeiros do devedor solidário não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, senão quando se
trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal
devedor prejudica o fiador.

PRAZO PRAZOS DE PRESCRIÇÃO


I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no
próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a
pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o
prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em
que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro
prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto
01 ANO aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos
tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos,
pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade
anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a
pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes,
contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
02 ANOS Prestações alimentares.
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III -
a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias,
pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o
prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do
03 ANOS estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente
ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia
geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento,
ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso
de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

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04 ANOS (i) Pretensão relativa à tutela.


I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e
05 ANOS
professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da
cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Prazo geral (art.205 do CC)
- A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços
não contratados de telefonia fixa.
- Responsabilidade CONTRATUAL (inadimplemento contratual).
- Pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto de automóvel por mecânico que
não tenha conhecimento técnico e formação intelectual suficiente para ser
10 ANOS
qualificado como profissional liberal.
-Prazo para que um advogado autônomo possa cobrar de outro advogado o valor
correspondente à divisão de honorários advocatícios contratuais e de sucumbência
referentes a ação judicial na qual ambos trabalharam em parceria.
-Ação pedindo o ressarcimento por despesas médico-hospitalares que não foram pagas
pelo plano e que estariam previstas no contrato.

#SELIGANAJURIS:
#IMPORTANTE O prazo prescricional para propor ação de petição de herança conta-se da abertura da
sucessão. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Segunda Seção, por maioria,
julgado em 26/10/2022. (Info 757 - STJ)
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva
extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título
executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. REsp 1.786.266-DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022. (Info 754 - STJ)
A propositura da ação revisional pelo devedor interrompe o prazo prescricional para o ajuizamento da ação
executiva. REsp 1.956.817-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 14/06/2022, DJe 17/06/2022. (Info 743 - STJ)
A pretensão de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços de TV por
assinatura não previstos no contrato sujeita-se à norma geral do lapso prescricional de dez anos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1951988-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 10/05/2022 (Info 737).
A propositura da ação revisional pelo devedor interrompe o prazo prescricional para o ajuizamento da ação
executiva STJ. 3ª Turma. REsp 1956817-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/06/2022 (Info
743).
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça definiu que nas pretensões relacionadas a responsabilidade
contratual, se aplica a regra geral (art. 205 do CC/2002), que prevê dez anos de prazo prescricional, e, nas
demandas que versarem sobre responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do
mesmo diploma, com prazo prescricional de três anos.
O termo a quo do prazo prescricional está diretamente relacionado ao surgimento do interesse processual
para a propositura da ação; enquanto não houver interesse, condição da ação, não se inicia a prescrição.
Na falta de predeterminação de data para o cumprimento da obrigação, é necessário constituir o devedor
em mora, para então surgir a pretensão de cobrança.
Na espécie, proposta a ação antes de findo o prazo decenal após a notificação dos devedores, deve ser
afastada a prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.298/MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 3/05/2022.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição
antes da respectiva sentença definitiva.

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Exemplo hipotético: em 2010, “P” praticou estupro, sem violência real, contra “T”. Em 2012, o Ministério
Público ofereceu denúncia contra “P”. Em 2014, o processo penal foi extinto sob o argumento de que o MP
seria parte ilegítima porque não houve representação, conforme se exigia antes da Lei nº 13.718/2018. Logo
em seguida, “T” (a vítima) ajuizou ação de indenização por danos morais contra “P”.
Mesmo já tendo passado três anos do fato (art. 206, § 3º V, do CC), não houve prescrição. Isso porque o
prazo prescricional somente se iniciou com o trânsito em julgado da sentença do processo penal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1987108-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 29/03/2022 (Info 732).
A interrupção da prescrição ocorre somente uma única vez para a mesma relação jurídica, isto é,
independentemente de seu fundamento
Exemplo hipotético: Montago Ltda deveria pagar, em setembro de 2012, R$ 300 mil à Galícia Comércio Ltda.
Essa quantia estava materializada em três duplicatas mercantis de R$ 100 mil cada. Não houve pagamento
na data do vencimento. Logo, iniciou-se a contagem do prazo prescricional para a credora exigir o pagamento
da quantia.
Em outubro de 2012, a credora (Galícia) levou as duplicatas a protesto. Isso interrompeu a prescrição (art.
202, III, do CC).
Em dezembro de 2014, a devedora (Montago) ajuizou, contra a credora, ação declaratória de inexigibilidade
dos débitos. O pedido foi julgado improcedente. Isso, em tese, tem o condão de interromper a prescrição.
No entanto, no caso concreto, essa ação não teve o condão de interromper porque a prescrição já havia sido
interrompido uma vez antes e o art. 202 do CC somente admite uma única interrupção da prescrição.
Em suma: não é possível a interrupção do prazo prescricional em razão do ajuizamento de ação declaratória
de inexigibilidade dos débitos pelo devedor quando já tiver havido anterior interrupção do prazo
prescricional pelo protesto das duplicatas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1963067-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
Incide o prazo de prescrição anual às pretensões relativas ao contrato de transporte terrestre de cargas antes
e depois da vigência do Código Civil de 2002. STJ. 3ª Turma. REsp 1448785-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
Imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora
pleiteando a condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga
de garagem, do que foi previsto no contrato de compra e venda.
Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De quanto seria o prazo para ingressar com a ação?
A pretensão seria de natureza indenizatória (de ressarcimento pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel),
não havendo incidência de prazo decadencial, sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição.
Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de se aplicar o prazo prescricional
disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória decorrente do vício construtivo.
STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 15/06/2021.

Cuidado! O prazo será decadencial de 1 anos, se a pretensão da parte autora for: a) complemento da área;
b) reclamar a resolução do contrato; ou c) o abatimento proporcional do preço.

Na hipótese em que as dimensões de imóvel adquirido não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo
preço da venda foi estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial
de 1 (um ano, previsto no art. 501 do CC/2002 para exigir:
• o complemento da área;
• reclamar a resolução do contrato; ou
• o abatimento proporcional do preço.
STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693)
O prazo prescricional da pretensão indenizatória decorrente de extravio, perda ou avaria de cargas
transportadas por via marítima é de 1 (um) ano. Fundamento: art. 8º do Decreto-Lei nº 116/67.
STJ. 3ª Turma. REsp 1893754/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/03/2021 (Info 688)

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O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal”.
Se os cônjuges estão separados há muitos anos, não se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC.
Mesmo não estando prevista no rol do art. 1.571 do CC, a separação de fato muito prolongada, ou por tempo
razoável, também pode ser considerada como causa de dissolução da sociedade conjugal e, em assim sendo,
não tem o condão de impedir a natural fluência do prazo prescricional da pretensão de partilha de bens de
ex-cônjuges.
Caso concreto: a pretensão de partilha de bem comum após mais de 30 anos da separação de fato e da
partilha amigável dos bens comuns do ex-casal está fulminada pela prescrição.
STJ. 3ª Turma. REsp 1660947-TO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

#ATENÇÃO #LEGISLAÇÃODAPANDEMIA
Lei n° 14.010/20 (RJET)
Art. 3º Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada
em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020.
§ 1º Este artigo não se aplica enquanto perdurarem as hipóteses específicas de impedimento, suspensão e
interrupção dos prazos prescricionais previstas no ordenamento jurídico nacional.
§ 2º Este artigo aplica-se à decadência, conforme ressalva prevista no art. 207 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil).

#IMPORTANTE: Critérios que indicam a tendência de adoção excepcional do viés subjetivo da teoria da
actio nata
Caso concreto: ação de reparação por danos materiais e morais em virtude da indevida utilização do nome
do autor para figurar como falso ocupante de cargo em comissão. A causa de pedir está relacionada com
responsabilidade civil por ato ilícito absoluto (responsabilidade civil extracontratual).
Pelo viés objetivo da teoria da actio nata, a prescrição começa a correr com a violação do direito, assim que
a prestação se tornar exigível. Por outro lado, segundo a vertente subjetiva da actio nata, a contagem do
prazo prescricional exige a efetiva inércia do titular do direito, a qual somente se verifica diante da
inexistência de óbices ao exercício da pretensão e a partir do momento em que o titular tem ciência
inequívoca do dano, de sua extensão, e da autoria da lesão.
No caso, a adoção do viés objetivo da teoria da actio nata, estabelecendo-se como termo inicial do prazo
prescricional a data em que o autor foi exonerado, conduziria à flagrante injustiça em prejuízo do
jurisdicionado que foi prejudicado por conduta de ex-deputado estadual que o nomeou como funcionário
fantasma sem o seu conhecimento.
São critérios que indicam a tendência de adoção excepcional do viés subjetivo da teoria da actio nata:
a) a submissão da pretensão a prazo prescricional curto;
b) a constatação, na hipótese concreta, de que o credor tinha ou deveria ter ciência do nascimento da
pretensão, o que deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação do homem médio;
c) o fato de se estar diante de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto; e
d) a expressa previsão legal a impor a aplicação do sistema subjetivo.
STJ. 3ª Turma.REsp 1836016-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/05/2022 (Info 736).

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA – ARTS. 233/242.


PERDA COM CULPA O devedor responde pelo equivalente mais perdas e danos.
PERDA SEM CULPA Resolve-se a obrigação, com o retorno das partes à situação anterior.

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Poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado em que


DETERIORAÇÃO COM CULPA se achar, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização
por perdas e danos.
Poderá o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido de seu
DETERIORAÇÃO SEM CULPA
preço o valor que perdeu.

DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA e OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA:
Obrigação de Dar Coisa Certa: Caracteriza-se quando seu objeto for constituído por um corpo certo e
determinado, estabelecendo entre as partes da relação obrigacional um vínculo em que devedor fará a
entrega ao credor de uma coisa individualizada.
Obrigação de Dar Coisa Incerta (obrigação genérica): Consiste na relação obrigacional em que o objeto,
indicado de forma genérica no início da relação vem a ser determinado mediante um ato de escolha, por
ocasião do adimplemento.

• DA SOLIDARIEDADE ATIVA (ARTS. 267 A 274):


• Na solidariedade ativa, cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro (art. 267, do CC). Em complemento, enquanto alguns dos credores
solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar (art. 268, do CC).
• O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago
(art. 269, do CC).
• Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e
receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível (art. 270, do CC).
• Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste (permanece), para todos os efeitos, a
solidariedade (art. 271, do CC).
• #OLHAOGANCHO: De acordo com o art. 263, do CC/2002, a obrigação indivisível perde esse caráter
quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação solidária ativa, que
permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem quer que seja.
• O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros
pela parte que lhes caiba (art. 272, do CC).
• Como novidade na atual codificação material, preceitua o art. 273 que “a um dos credores
solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. As exceções pessoais são
defesas de mérito existentes somente contra determinados sujeitos, como aquelas relacionadas com os
vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) e as incapacidades em geral, como é o caso
da falta de legitimação. Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor essas defesas contra os
demais credores diante da sua natureza personalíssima.
• Segundo o art. 274, do CC (redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015), “O julgamento contrário a
um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo
de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”.

• DA SOLIDARIEDADE PASSIVA (ARTS. 275 A 285):


• Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275, caput, do CC). Não importará renúncia
da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo
único, do CC).
• Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276, do CC, traz regra específica envolvendo a morte
de um dos devedores solidários. No caso de falecimento de um destes, cessa a solidariedade em relação

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aos sucessores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e
de seus quinhões correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é
feita pelo comando, eis que todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação
aos demais devedores.
• Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão)
por ele obtida não têm o efeito de atingir os demais devedores na integralidade da dívida (art. 277, do CC).
No máximo, caso ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de
forma reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.
• Dispõe o art. 278, do CC, que “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre
um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento
destes”. Por regra, o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a
situação dos demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por
aditivo negocial. Deve ser respeitado o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio
firmado gera efeitos inter partes, em regra.
• Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
• Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe
forem pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida
(art. 281 do CC). Mas esse devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro
codevedor tem direito, eis que estas são personalíssimas, como se pode aduzir pelo próprio nome da
defesa em questão. Exemplificando: qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou
o seu pagamento total ou parcial, direto ou indireto, pois as hipóteses são de exceções comuns. Por outra
via, os vícios do consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão), somente podem ser
suscitados pelo devedor que os sofreu.
• O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de forma parcial (a favor de
um devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu art. 282, caput (“O credor pode renunciar
à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”). A expressão renúncia à
solidariedade pode ser utilizada como sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único
do dispositivo que “Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”.
• O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua
quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito,
as partes de todos os codevedores (art. 283, do CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar
exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285,
do CC).

Transmissão das obrigações:

• ASSUNÇÃO DE DÍVIDA • CESSÃO DE CRÉDITO


• Regra: consentimento EXPRESSO do credor • Regra: não precisa de consentimento
expresso
• Exceção: é permitido o consentimento • Eficácia: Apenas para que a cessão tenha
tácito apenas no caso do adquirente de imóvel EFICÁCIA perante o devedor, será necessária à
hipotecado e se o credor, notificado, não impugnar sua NOTIFICAÇÃO. Repare: não pede o
em trinta dias a transferência do débito. (art. 303). consentimento, mas apenas a notificação!
• Substitui o polo PASSIVO da obrigação • Substitui o polo ATIVO da obrigação

#SELIGA: Na cessão de crédito, a reponsabilidade é pro soluto, o cedente responde apenas pela existência
do crédito, ao passo que no endosso a responsabilidade do crédito é pro solvendo.

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#NÃOCONFUNDA: novação é uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma
obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal efeito é a
extinção da dívida primitiva.

Inadimplemento das obrigações #APOSTACICLOS

→ Mora e inadimplemento:

MORA EX RE (MORA AUTOMÁTICA) MORA EX PERSONA (MORA PENDENTE)


Determinadas obrigações possuem mora ex re, ou
seja, se o devedor não cumprir a obrigação no dia
certo do vencimento, considera-se que ele está, Outras obrigações possuem mora ex persona, ou
automaticamente, em mora. seja, exigem a interpelação judicial ou extrajudicial
do devedor para que este possa ser considerado em
O credor pode ingressar com ação contra o devedor mora.
mesmo sem notificação.
Apenas depois desta notificação, o credor estará
A mora ocorre de pleno direito, independentemente autorizado a mover ação judicial de cobrança do
de notificação. débito.
Aplica-se a máxima dies interpellat pro homine: o dia
interpela o homem (o termo interpela no lugar do A mora será ex persona em duas situações:
credor). Quando, no contrato, não tiver sido estipulado um
prazo certo de vencimento.
Em regra, a mora será ex re se a obrigação a ser Quando, mesmo havendo prazo certo, a lei exigir a
cumprida pelo devedor for: interpelação (ex: leasing).
• Positiva (de dar ou fazer)
Súmula 369-STJ: No contrato de arrendamento
• Líquida e mercantil (leasing), ainda que haja cláusula
resolutiva expressa, é necessária a notificação
• Com dia certo de vencimento. prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.

Ora, se o devedor acertou um prazo certo para A interpelação, quando necessária, pode ser:
cumprir a prestação e se não há dúvida quanto ao • Judicial, feita, via de regra, pela citação (art.
valor dessa prestação, não há motivo para se exigir 240 do CPC).
que o credor o relembre sobre sua obrigação.
Exceção: em alguns casos, a própria lei, por cautela, Extrajudicial: realizada sem forma solene, ou seja,
exige expressamente a notificação prévia e afasta a por meio de qualquer ato que torne certa a
constituição automática da mora, mesmo tendo sido exigência do pagamento, como. Por exemplo, a
cumpridos os requisitos acima. notificação ou o protesto.
Obs: não obrigações de não fazer e nas decorrentes
de ato ilícito, a mora também é ex re.

CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA


(compulsória) (compensar o inadimplemento)
Estipulada para desestimular o devedor a incorrer Estipulada para servir como indenização no caso de
em mora ou para evitar que deixe de cumprir total inadimplemento da obrigação principal.
determinada cláusula especial da obrigação
principal. É a cominação contratual de uma multa
para o caso de mora.

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Finalidade: para uns, funciona como punição pelo Funciona como uma prefixação das perdas e danos.
atraso no cumprimento da obrigação. Para outros
autores, teria uma função apenas de inibir o
descumprimento e indenizar os prejuízos (não teria
finalidade punitiva).
Aplicada para o caso de inadimplemento relativo. Aplicada para o caso de inadimplemento absoluto.
Ex: em uma promessa de compra e venda de um Ex: em um contrato para que um cantor faça um
apartamento, é estipulada multa para o caso de show no réveillon, é estipulada uma multa de 100
atraso na entrega. mil reais caso ele não se apresente.

CLÁUSULA PENAL ARRAS CONFIRMATÓRIAS


Art. 416. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo Art. 419. A parte inocente PODE PEDIR
exceda ao previsto na cláusula penal, NÃO PODE o INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR, se provar maior
credor EXIGIR INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR se prejuízo, valendo as arras como taxa mínima.
assim não foi convencionado.

ARRAS
CONFIRMATÓRIAS (Art. 418/419, do CC) PENITENCIAIS (Art. 420, do CC)
Previstas no contrato com o objetivo de reforçar, São previstas no contrato com o objetivo de
incentivar que as partes cumpram a obrigação permitir que as partes possam desistir da obrigação
combinada. combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor
das arras penitenciais já funcionará como sendo as
perdas e danos.
Em regra, são as arras confirmatórias. Assim, no Ocorre quando o contrato estipula arras, mas
silêncio do contrato, as arras são confirmatórias. também prevê o direito de arrependimento.
Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, Se as partes cumprirem as obrigações contratuais,
as arras serão devolvidas para a parte que as havia as arras serão devolvidas para a parte que as havia
dado. Poderão também ser utilizadas como parte dado. Poderão também ser utilizadas como parte
do pagamento. do pagamento.
Se a parte que deu as arras não cumprir o contrato: Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o
a outra parte poderá reter as arras. contrato (exercer seu direito de arrependimento):
ela perderá as arras dadas.
Se a parte que recebeu as arras não executar o Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir
contrato: a outra parte poderá exigir a devolução o contrato (exercer seu direito de arrependimento):
das arras mais o equivalente. deverá devolver as arras mais o equivalente.
Além das arras, a parte inocente poderá pedir: As arras penitenciais têm FUNÇÃO UNICAMENTE
- Indenização suplementar, se provar maior INDENIZATÓRIA.
prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; Isso significa que a parte inocente ficará apenas com
- A execução do contrato, com as perdas e danos, o valor das arras (e do equivalente) e NÃO terá
valendo as arras como o mínimo da indenização. direito a indenização suplementar.
Súmula 412-STF: No compromisso de compra e
venda com cláusula de arrependimento, a
devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua
restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior, a título de perdas e danos, salvo
os juros moratórios e os encargos do processo.

É possível cumular arras com cláusula penal?

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Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula penal
compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.652-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613)

#SELIGA: Da inexecução contratual imputável, única e exclusivamente, àquele que recebeu as arras, estas
devem ser devolvidas mais o equivalente.
Se a parte que recebeu as arras não cumprir sua obrigação contratual (arras confirmatórias) ou exercer seu
direito de arrependimento (arras penitenciais), ela terá que pagar para a parte inocente o valor das arras
mais o equivalente.
Assim, a restituição somada ao “equivalente” ocorre tanto no caso de arras confirmatórias como nas arras
penitenciais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1927986-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).
(Info 669).

CONTRATOS
#SELIGANANOVIDADE:
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela
Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a
excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de
elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos
previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas
negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)

PRINCÍPIOS BÁSICOS DOS CONTRATOS


PRINCÍPIO DA Conduz a uma liberdade contratual, de modo que a pessoa é livre para contratar,
AUTONOMIA DA estipular cláusulas contratuais, escolher com quem irá contratar e a escolha do
VONTADE objeto contratual.
PRINCÍPIO DO Pelo princípio do consensualismo, os contratos se formam pela manifestação da
CONSENSUALISMO vontade e, via de regra, a forma é livre.
PRINCÍPIO DA Em regra, o contrato só produz efeitos em relação às pessoas que dele participam
RELATIVIDADE DOSe que manifestaram suas vontades. Todavia, de forma excepcional, pode o contrato
CONTRATOS atingir terceiro. Portanto, trata-se de um princípio não absoluto.
O princípio da obrigatoriedade dos contratos refere-se à intangibilidade dos
PRINCÍPIO DA
contratos, ou seja, força vinculante destes. Dessa forma, uma vez celebrado o
OBRIGATORIEDADE
contrato, as partes estarão por ele obrigadas. Pontos básicos: segurança jurídica +
DOS CONTRATOS
pacta sunt servanda - o contrato faz lei entre as partes.
PRINCÍPIO DA A teoria da imprevisão é uma mitigação moderna à obrigatoriedade dos contratos,
REVISÃO DOS trazida nos artigos 478 e 479 do CC/02.
CONTRATOS OU Aplica-se a teoria da imprevisão:
PRINCÍPIO DA (i) nos contratos de execução continuada ou diferida;
ONEROSIDADE (ii) quando houver desequilíbrio nas prestações;
EXCESSIVA

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(iii) em contrato comutativo (aquele em que as prestações estão previamente


definidas).
Pressupostos de incidência da teoria da imprevisão:
I. Imprevisibilidade: é objetiva, ou seja, não há como ser prevista;
II. Excepcionalidade do fato;
III. Desequilíbrio entre as prestações mesmo sem demonstrar o “efeito gangorra”:
esse efeito é aquele em que uma das partes detém vantagem e a outra não;
IV. Não se aplica aos contratos aleatórios.
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só
durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do
PRINCÍPIO DA BOA-
contrato.
FÉ E PROBIDADE
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

#SELIGA: A cláusula que desobriga uma das partes a remunerar a outra por serviços prestados na hipótese
de rescisão contratual não viola a boa-fé e a função social do contrato quando presente equilíbrio entre as
partes contratantes no momento da estipulação. REsp 1.799.039-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min.
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 04/10/2022, DJe 07/10/2022. (Info 754 - STJ)

VÍCIO REDIBITÓRIO
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
PRAZO REDIBIÇÃO/ABATIMENTO
MÓVEL IMÓVEL
Regra: 30 dias Regra: 1 ano
Se já estiver na posse: 15 dias Se já estiver na posse: 6 meses

RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA – Art. 478/480, do CC.


Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a
modificar equitativamente as condições do contrato (TEORIA DA IMPREVISÃO).
#PEGADINHA: a regra é que seja possível a aplicação apenas em contratos comutativos. Entretanto, se em
contratos aleatórios, o evento superveniente extraordinário e imprevisível não se relacionar com a álea
assumida no contrato, será possível sua revisão ou resolução (enunciado da jornada de direito civil nº 440).

TIPO RESUMO GERAL DOS CONTRATOS #APOSTACICLOS


Conceito: contrato pelo qual o locador se obriga a ceder ao locatário, por tempo
determinado ou não o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
remuneração (aluguel).

LOCAÇÃO Natureza Jurídica: Contrato bilateral, oneroso, comutativo, consensual, informal e


não solene. CC rege apenas as locações não tratadas pela Lei nº 8.245/91 (locação
de imóveis destinados à residência, indústria, comércio ou prestação de
serviços).

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A referida lei exclui de sua abrangência 1. Imóveis que integram o patrimônio público
(regidos pelo Decreto n. 9.760/46 e pela Lei n. 8.666/93); 2. Vagas autônomas de
garagens ou espaços destinados a veículos (CC); 3. Espaços
publicitários/outdoors (CC); 4. Apart-hotéis/flats ou equiparados (CC e, para
alguns, CDC); 5. Arrendamento mercantil/leasing (Lei n. 6.099/74).
Conceito: a fiança, também denominada caução fidejussória, é o contrato pelo qual
alguém, o fiador, garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo
devedor, caso este não a cumpra (arts. 818 a 838 do CC). O fiador assume
FIANÇA pessoalmente uma dívida de terceiro frente ao credor.

Natureza Jurídica: Contrato unilateral, gratuito, consensual, comutativo, exigindo


forma escrita. Trata-se de um contrato acessório sui generis.
Conceito: o contrato de prestação de serviços (locatio operarum) pode ser
conceituado como sendo o negócio jurídico pelo qual alguém (o prestador)
PRESTAÇÃO DE compromete-se a realizar uma determinada atividade com conteúdo lícito, no
SERVIÇO interesse de outrem (o tomador), mediante certa e determinada remuneração.

Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal.


Conceito: O contrato de empreitada (locatio operis) é aquele pelo qual uma das
partes (empreiteiro ou prestador) obriga-se a fazer ou a mandar fazer
determinada obra, mediante uma determinada remuneração, a favor de outrem
EMPREITADA
(dono de obra ou tomador).

Natureza jurídica: Contrato bilateral oneroso, comutativo, consensual e informal.


Conceito: é o contrato pelo qual alguém (o mandante) transfere poderes a outrem
(o mandatário) para que este, em seu nome, pratique atos ou administre
interesses. Como se vê, o mandatário age sempre em nome do mandante,
havendo um negócio jurídico de representação.
MANDATO
Natureza jurídica: O contrato é, em regra, unilateral, podendo assumir também a
forma bilateral (por isso é conceituado como sendo um contrato bilateral
imperfeito). Assim sendo, o contrato pode ser gratuito ou oneroso. É também
contrato consensual, comutativo e informal.
Conceito: trata-se do contrato pelo qual alguém se obriga, mediante uma
determinada remuneração, a transportar de um local para outro, pessoas ou
coisas, por meio terrestre (rodoviário e ferroviário), aquático (marítimo, fluvial e
lacustre) ou aéreo.
TRANSPORTE
Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal.
Na grande maioria das vezes o transporte assume a forma de contrato de
consumo (Lei 8.078/1990) ou de adesão. Assim, é possível buscar diálogos entre
o CC e o CDC no que se refere ao contrato em questão, aplicando-se os princípios
sociais contratuais.
Conceito: pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa,
contra riscos predeterminados. Trata-se de um dos contratos mais complexos do
SEGURO Direito Brasileiro.

Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual e aleatório, dependendo


do fator risco. Na maioria das vezes, constitui contrato de adesão, pois o seu

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conteúdo é imposto por uma das partes, geralmente a seguradora. Também,


muitas vezes, o contrato é de consumo, o que justifica a busca de diálogos de
complementaridade entre o CC e o CDC (diálogo das fontes).

Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção
monetária sobre a indenização securitária incide a partir da contratação até o
efetivo pagamento.
Natureza jurídica: Contrato unilateral, gratuito (regra), comutativo, informal, real
(aperfeiçoa-se com a entrega).
Mútuo é o empréstimo de bem fungível (móvel) e consumível, em que coisa de
mesma espécie, qualidade e quantidade deverá ser restituída ao final. Se for
destinado a fins econômicos, presume-se oneroso (FENERATÍCIO).
Comodato é o empréstimo de bem infungível e inconsumível (móvel ou imóvel), o
MÚTUO E qual deverá ser restituído ao final. Não se transfere aos herdeiros nem pode ser
COMODATO objeto de cessão sem anuência (intuitu personae)
#SELIGA:
Cessado o comodato, o condômino privado da posse do imóvel tem direito ao
recebimento de indenização equivalente aos aluguéis proporcionais ao seu
quinhão, dos proprietários que permaneceram na posse exclusiva do bem.
STJ. 4ª Turma. REsp 1953347-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
09/08/2022 (Info 745).

CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA #APOSTACICLOS


O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo
de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas
RETROVENDA
do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua
autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
VENDA A A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva,
CONTENTO E DA ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o
SUJEITA A adquirente não manifestar seu agrado.
PROVA
A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao
PREEMPÇÃO OU
vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de
PREFERÊNCIA
seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
VENDA COM Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o
RESERVA DE preço esteja integralmente pago.
DOMÍNIO
Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu
VENDA SOBRE
título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio
DOCUMENTOS
deste, pelos usos.

#DEOLHONAJURIS:
Em contrato de compra e venda de imóvel com garantia de alienação fiduciária devidamente registrado em
cartório, a resolução do pacto, na hipótese de inadimplemento do devedor, devidamente constituído em
mora, deverá observar a forma prevista na Lei n. 9.514/1997, por se tratar de legislação específica, afastando-
se, por conseguinte, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. REsp 1.891.498-SP, Rel. Min. Marco
Buzzi, Segunda Seção, por unanimidade, julgado 26/10/2022. (Tema 1095).
Na ausência de registro do contrato que serve de título à propriedade fiduciária no competente registro de
imóveis, como determina o art. 23 da Lei nº 9.514/97, não é exigível do adquirente que se submeta ao

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procedimento de venda extrajudicial do bem para só então receber eventuais diferenças do vendedor.
STJ. 3ª Turma.REsp 1976082-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/08/2022 (Info 746).
Violação da boa-fé objetiva justifica rescisão parcial de pacto de exploração ambiental
O reconhecimento de violação da boa-fé objetiva durante a execução de contrato de compra e venda de
imóvel rural com pacto adjeto de arrendamento e exploração florestal enseja, nas circunstâncias dos autos,
a resolução parcial da avença.
A boa-fé objetiva, prevista de forma expressa no art. 422 do Código Civil, impõe às partes da relação jurídica
o dever de comportar-se de acordo com padrões éticos de confiança e de lealdade, de modo a permitir a
concretização das legítimas expectativas que justificaram a celebração do contrato.
O ordenamento jurídico, nesse contexto, repele a prática de condutas contraditórias, impregnadas ou não
de malícia ou torpeza, que importem em quebra da confiança legitimamente depositada na outra parte da
relação contratual.
O descumprimento de deveres laterais, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, pode ensejar a
resolução do contrato, se for capaz de comprometer o interesse do credor na utilidade da prestação.
Na hipótese dos autos, o acórdão recorrido está a merecer reforma, pois, a par de reconhecer o
descumprimento culposo da avença em prejuízo dos recorrentes (violação da boa-fé objetiva), decidiu de
forma descorrelacionada com o pedido deduzido na inicial e impediu os recorrentes de exercerem a
faculdade que lhes assegura expressamente a norma do art. 475 do CC (resolver o contrato).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.944.616/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/03/2022.

#SELIGA: O contrato de compra e venda pode ser comutativo ou aleatório (a coisa pode ser futura).
Nesse caso, NÃO CONFUNDA:
(i) EMPTIO SPEI/venda de esperança (art. 458) o comprador assume o risco pela inexistência.
(ii) EMPTIO REI SPARATAE/venda de coisa esperada (art. 459) o comprador não assume o risco pela
inexistência da coisa, mas apenas pela quantidade.
#JÁCAIU: Decai em 1 ano pedido do adquirente para restituição de valor pago por área excedente,
decorrente da aquisição de imóvel entregue em metragem menor do que a contratada
Direito Civil Contratos Compra e venda
Origem: STJ - Informativo: 693

Na hipótese em que as dimensões de imóvel adquirido não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo
preço da venda foi estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial
de 1 (um) ano, previsto no art. 501 do CC/2002, para exigir:
• o complemento da área;
• reclamar a resolução do contrato; ou
• o abatimento proporcional do preço.
STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693).

Cuidado! Se a pretensão for indenizatória, aplica-se o prazo prescricional de 10 anos:


Imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora
pleiteando a condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga
de garagem, do que foi previsto no contrato de compra e venda.
Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De quanto seria o prazo para ingressar com a ação?
A pretensão seria de natureza indenizatória (de ressarcimento pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel),
não havendo incidência de prazo decadencial, sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição.
Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de se aplicar o prazo prescricional
disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória decorrente do vício construtivo.
STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 15/06/2021.

DOAÇÃO

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DOAÇÃO CARACTERÍSTICAS
O cônjuge que for casado, para doar, precisa da autorização do outro, exceto:
FEITA POR PESSOA a) no regime da separação absoluta; b) na doação remuneratória; c) nas
CASADA doações propter nuptiaes de bens feitos aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada.
FEITA POR INCAPAZ O absolutamente incapaz não pode realizar doações. Se o fizer, é nula.
Doação universal é aquela que engloba a totalidade de bens do devedor. É
UNIVERSAL proibida. Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou
renda suficiente para a subsistência do doador.
A pessoa pode doar para seus ascendentes, descendentes ou cônjuges. No
entanto, isso será considerado “adiantamento da legítima”, ou seja, um
COLACIONÁVEL
adiantamento do que o donatário iria receber como herdeiro no momento em
que o doador morresse.
É aquela realizada pelo devedor insolvente ou que, com a doação, torna-se
insolvente. Vale ressaltar que devedor insolvente é aquele cujo patrimônio
passivo (dívidas) é maior que o ativo (bens). A doação, nesses casos, somente
FRAUDULENTA
é válida se foi realizada com o consentimento de todos os credores. Se feita
sem tal consentimento, configura fraude contra os credores, sendo, portanto,
anulável.
Doação inoficiosa é a que invade a legítima dos herdeiros necessários. A pessoa
que tenha herdeiros necessários só pode doar até o limite máximo da metade
INOFICIOSA
de seu patrimônio, considerando que a outra metade é a chamada “legítima”
(art. 1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessários.
DO CÔNJUGE Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
ADÚLTERO A SEU outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de
CÚMPLICE dissolvida a sociedade conjugal.
A doação remuneratória é aquela feita como uma forma de recompensa dada
pelo doador pelo serviço prestado pelo donatário e que, embora quantificável
REMUNERATÓRIA
pecuniariamente, não é juridicamente exigível. A doação remuneratória não
pode se constituir em uma doação universal nem em uma doação inoficiosa.

#OLHAOCC
CAPÍTULO IV
Da Doação
Seção I
Disposições Gerais
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio
bens ou vantagens para o de outra.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o
donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não
for sujeita a encargo.
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de
liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços
remunerados ou ao encargo imposto.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe
seguir incontinenti a tradição.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.

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Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação
pura.
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do
que lhes cabe por herança.
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo
se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos
nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do
outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do
doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da
liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus
herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída
entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação
para o cônjuge sobrevivo.
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou
do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à
evicção, salvo convenção em contrário.
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de
terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução,
depois da morte do doador, se este não tiver feito.
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.
Seção II
Da Revogação da Doação
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
Art. 556. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do
donatário.
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge,
ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de
quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do
donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros
do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se aquele houver
perdoado.

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Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora.
Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe
prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga o
donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e,
quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.

CONTRATO DE DOAÇÃO:
Para o cancelamento de cláusulas de inalienabilidade e de impenhorabilidade em imóvel rural, os dispositivos
protetivos do Estatuto da Pessoa Idosa devem ser analisados em conjunto com a exigência de justa causa
para manutenção ou levantamento dos gravames. REsp 2.022.860-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
A condição resolutiva de doação verbal estabelecida entre pai e filho e desconhecida por terceiros não produz
efeitos jurídicos contra estes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1905612-MA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022 (Info 731).
Na ação de nulidade de doação inoficiosa, o prazo prescricional é contado a partir do registro do ato jurídico
que se pretende anular, salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1933685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/03/2022 (Info 729).
A doação remuneratória deve respeitar a legítima dos herdeiros
STJ. 3ª Turma. REsp 1.708.951-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019 (Info 648).
É válida a cláusula de reversão em favor de terceiro aposta em contrato de doação celebrado à luz do
CC/1916. É válida e eficaz a cláusula de reversão estipulada em benefício de apenas alguns dos herdeiros do
donatário, mesmo na hipótese em que a morte deste se verificar apenas sob a vigência do CC/2002. STJ. 3ª
Turma. REsp 1922153/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693).
É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de bens, na medida em que a
hipotética doação resultaria no retorno do bem doado ao patrimônio comum amealhado pelo casal diante
da comunicabilidade de bens no regime e do exercício comum da copropriedade e da composse. STJ. 3ª
Turma. REsp 1787027-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 670).

#PEGAOGANCHO:
É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido (art. 496 do CC). O prazo para anular a venda direta entre ascendente
e descendente é de 2 anos, a contar da conclusão do ato (art. 179 do CC). A venda de bem entre ascendente
e descendente, por meio de interposta pessoa, também é ato jurídico anulável, devendo ser aplicado o
mesmo prazo decadencial de 2 anos previsto no art. 179 do CC. Isso porque a venda por interposta pessoa
não é outra coisa que não a tentativa reprovável de contornar-se a exigência da concordância dos demais
descendentes e também do cônjuge. Em outras palavras, é apenas uma tentativa de se eximir da regra do
art. 496 do CC, razão pela qual deverá ser aplicado o mesmo prazo decadencial de 2 anos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1679501-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020 (Info 667)

#NÃOCONFUNDA: art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa


adiantamento do que lhes cabe por herança.

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#IMPORTANTE
Contrato de Seguro
Nos seguros de pessoas, é vedada a exclusão de cobertura na hipótese de sinistros ou acidentes decorrentes
de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito de
substâncias tóxicas. REsp 1.999.624-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, Segunda
Seção, por maioria, julgado em 28/09/2022.
(I) O infortúnio qualificado como acidente de trabalho pode também ser caracterizado como sinistro coberto
pelo seguro obrigatório (DPVAT), desde que estejam presentes seus elementos constituintes: acidente
causado por veículo automotor terrestre, dano pessoal e relação de causalidade, e
(II) Os sinistros que envolvem veículos agrícolas passíveis de transitar pelas vias públicas terrestres estão
cobertos pelo seguro obrigatório (DPVAT). REsp 1.937.399-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda
Seção, por unanimidade, julgado em 28/09/2022, DJe de 03/10/2022. (Tema 1111)
Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil a correção monetária sobre indenização
securitária incide a partir da contratação até o efetivo pagamento.
Súmula 620-STJ: A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização prevista
em contrato de seguro de vida.
Súmula 616-STJ: A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado
acerca do atraso no pagamento do prêmio, por constituir requisito essencial para a suspensão ou resolução
do contrato de seguro.
Súmula 610-STJ: O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida,
ressalvado o direito do beneficiário à devolução do montante da reserva técnica formada.
Súmula 402-STJ: O contrato de seguro por danos pessoais compreende danos morais, salvo cláusula expressa
de exclusão.
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.
Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou
contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
Súmula 465-STJ: Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever
de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação
Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado
teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.
Súmula 101-STJ: A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano
Súmula 188-STF: O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou,
até ao limite previsto no contrato de seguro.

RESPONSABILIDADE CIVIL #APOSTACICLOS

#OLHAALEI:
CC, Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Responsabilidade do incapaz:

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➢ Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
➢ É SUBSIDIÁRIA porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a
vítima.
➢ É CONDICIONAL e MITIGADA porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio
mínimo do infante.
➢ Deve ser EQUITATIVA, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do
mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz.
➢ A responsabilidade dos pais dos filhos menores será SUBSTITUTIVA, EXCLUSIVA e NÃO SOLIDÁRIA.
STJ (Info 599).
• Se os pais têm condições de arcar com os prejuízos: os PAIS
responderão diretamente e objetivamente.
• Se os pais não têm condições de arcar com os prejuízos: o FILHO responderá pelos
prejuízos subsidiariamente e equitativamente.
• Se o filho foi emancipado voluntariamente pelos pais: pais e filho Responderão solidariamente
pela totalidade dos prejuízos

Responsabilidade Objetiva Indireta ou por Atos de Outrem (art. 932 e 933).

#OLHAALEI:
CC, Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 942. (...) Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas
designadas no art. 932.

#OLHAALEI:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do
perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do
dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

- Excludentes do nexo de causalidade em caso de responsabilidade objetiva:


- Culpa exclusiva da vítima;
- Fato de terceiro;
- Caso fortuito (evento totalmente imprevisível) e força maior (evento previsível, mas inevitável).

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#SELIGA: Súmula 652-STJ: A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio ambiente,
decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução subsidiária.

ESPÉCIES DE DANO
MATERIAL OU REAL
Atinge o patrimônio de bens ou direitos reais ou pessoais.
Dano emergente: Prejuízo imediato; perda concreta e atual que acarreta efetiva diminuição do
patrimônio.
Lucros cessantes :Frustração de um ganho certo.
MORAL OU IDEAL
Lesão a direitos da personalidade. Fixado pelo sistema da dupla avaliação: leva em consideração a
extensão do prejuízo moral causado à vítima e também o caráter pedagógico da quantia fixada, a fim de
que, a depender da capacidade financeira do ofensor, não seja tão penosa a ponto de conduzir-lhe à
penúria, nem tão ínfima que não o desestimule a futuras práticas semelhantes, evitando-se
enriquecimento sem causa.

Dano moral coletivo: “é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito
transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma
a envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o dano é,
na verdade, apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial de uma pessoa.” (Min. Mauro
Campbell Marques).

#NÃOCONFUNDA
Quando se fala em dano moral coletivo a análise não envolve aqueles atributos tradicionais da pessoa
humana (dor, sofrimento ou abalo psíquico). O dano moral coletivo tutela, portanto, uma espécie
autônoma e específica de bem jurídico extrapatrimonial, não coincidente com aquela amparada pelos
danos morais individuais
ESTÉTICO
STJ reconheceu como categoria autônoma (ao lado dos danos material e moral), que se caracteriza como
dano indenizável em virtude da deformidade em si, independentemente dos demais gravames a outros
direitos da personalidade. S. 387 do STJ.
SOCIAL
São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral –
principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida.
EXISTENCIAL
Lesão que atinge as perspectivas pessoais da vida humana, de forma a desconfigurar o modus vivendi, ou,
em última análise, o seu projeto de vida.
Faz com que a pessoa deixe de realizar atividades que faziam parte do seu cotidiano ou passe a ter que
conviver com uma perspectiva alterada e não querida ou, muitas vezes, insuportável.

#ATENÇÃO: 10Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que deixou de
apresentar seus livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação inoficiosa
por um de seus sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio dos
livros e as chances de vitória na demanda judicial.

10
https://www.concursos360.com/br/juris/?q=GxfoDQHKeJ7Wvpn5iYOW

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OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil por
perda de uma chance, no caso concreto, foram bem sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade e
a probabilidade de sucesso de futura ação declaratória de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a viabilidade
e a probabilidade de sucesso de futura ação de sonegados; (iii) a existência de nexo de causalidade entre
o extravio de dois livros e as chances de vitória nas demandas judiciais.".

REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022. (Info 754 - STJ)

#SÚMULAS
Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória. STJ. Corte
Especial. Aprovada em 02/12/2020, DJe 07/12/2020.

#DEOLHONAJURIS
Deve responder pelos danos causados aos torcedores o time mandante que não se desincumbiu
adequadamente do dever de minimizar os riscos da partida, deixando de fiscalizar o porte de artefatos
explosivos nos arredores do estádio e de organizar a segurança de forma a evitar tumultos na saída da
partida. STJ. 3ª Turma. REsp 1773885-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 30/08/2022 (Info
747).
Incide a Súmula 326 do STJ, no caso de discrepância entre o valor indicado no pedido e o quantum arbitrado
na condenação, não havendo falar em sucumbência dos autores da demanda, vencedores em seu pedido
indenizatório STJ. 4ª Turma. REsp 1837386-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/08/2022 (Info
746).
O valor sugerido pela parte autora para a indenização por danos morais traduz mero indicativo referencial,
apenas servindo para que o julgador pondere a informação como mais um elemento para a árdua tarefa de
arbitrar o valor da condenação, a fim de que se afigure suficiente para reparar o prejuízo imaterial suportado
pela vítima do evento danoso.
Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado
na inicial não implica sucumbência recíproca.
Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da perda
de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral. STJ. 3ª Turma. REsp
1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 (Info 683).
Excessos cometidos pelo advogado não podem ser cobertos pela imunidade profissional, sendo em tese
possível a responsabilização civil ou penal do causídico pelos danos que provocar no exercício de sua
atividade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1731439-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/04/2022 (Info 732).
O excesso no exercício do direito de informar é capaz de gerar dano moral ao denunciado quando o membro
do Ministério Público comete abusos ao divulgar, na mídia, o oferecimento da denúncia criminal.
STJ. 4ª Turma.REsp 1842613-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/03/2022 (Info 730).
Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do provedor de aplicação de internet proceder à
retirada de conteúdo que viola direitos de crianças e adolescentes assim que for comunicado do caráter
ofensivo da publicação, independentemente de ordem judicial.
Caso concreto: foi feito um post, no Facebook, trazendo a foto de uma criança com seu pai e uma acusação,
no texto, de que este último (o genitor), teria envolvimento com pedofilia e estupro.
O pai denunciou o fato à empresa, que, no entanto, se recusou a excluir a publicação, sob o argumento de
ter analisado a foto e não haver encontrado nela nada que violasse os “padrões de comunidade” da rede
social.
Diante disso, foi ajuizada ação de indenização por danos morais, tendo o Facebook sido condenado.

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O provedor de aplicação que se nega a excluir publicação ofensiva a pessoa menor de idade, mesmo depois
de notificado – e ainda que sem ordem judicial –, deve ser condenado a indenizar os danos causados à vítima.
A divulgação da foto do menor sem autorização de seus representantes legais, vinculada a conteúdo
impróprio, em total desacordo com a proteção conferida pelo ECA, representou grave violação do direito à
preservação da imagem e da identidade.
O ECA possui caráter “especialíssimo” e prevalece como sistema protetivo, em detrimento da lei que rege o
serviço de informação prestado pelo provedor de internet.
Dessa forma, no caso julgado, não pode haver aplicação isolada do art. 19 do Marco Civil da Internet, que
condiciona a responsabilização civil do provedor ao prévio descumprimento de ordem judicial.
Em suma: responde civilmente por danos morais o provedor de aplicação de internet que, após formalmente
comunicado de publicação ofensiva a imagem de menor, se omite na sua exclusão, independentemente de
ordem judicial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
Se o provedor de aplicações (exs: Facebook, Instagram, Youtube) disponibilizar conteúdo gerado por
terceiros e a postagem feita causar prejuízos a alguém (ex: ofensa à honra), o que deve ser feito para a
remoção do material? Exige-se autorização judicial para a remoção do conteúdo? • Regra geral: SIM (exige-
se ordem judicial). É a regra do art. 19 do MCI. • Exceção: se houver divulgação de imagens, vídeos ou outros
materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado (exposição pornográfica não
consentida). Neste caso, basta que o provedor seja notificado extrajudicialmente. É o que prevê o art. 21.
Caso concreto: “F”, modelo, realizou ensaio fotográfico de nudez para uma revista masculina. Ocorre que ela
passou a encontrar suas fotos de nudez em blogs hospedados pela Google sem que tivesse autorizado. Ela
fez então a notificação extrajudicial da Google para a retirada dos materiais dos blogs. O STJ decidiu que,
neste caso, não era suficiente a notificação, sendo necessária a ordem judicial. Em outras palavras, não se
aplica o art. 21, sendo situação que se amolda ao art. 19. Para a aplicação do art. 21 é indiscutível que a nudez
e os atos de conteúdo sexuais envolvam inerentes à intimidade das pessoas, de modo reservado, particular
e privativo. Nem toda divulgação indevida de material de nudez ou de conteúdo sexual atrai a regra do art.
21, mas apenas aquele que apresenta, intrinsecamente, uma natureza privada. O ensaio fotográfico de nudez
realizado especificamente para sua exploração econômica por revista adulta, voltada para público seleto
mediante pagamento pelo acesso no seu website, não pode mesmo ser definida como de caráter privado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1930256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, relator p/ acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 07/12/2021 (Info 721).
Cuidado com esse outro julgado específico: Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do
provedor de aplicação de internet proceder à retirada de conteúdo que viola direitos de crianças e
adolescentes assim que for comunicado do caráter ofensivo da publicação, independentemente de ordem
judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info
723).
Não é possível impor a provedores de aplicações de pesquisa na internet o ônus de instalar filtros ou criar
mecanismos para eliminar de seu sistema a exibição de resultados de links contendo o documento
supostamente ofensivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1593249-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info 719).
O condomínio edilício responde pelos danos causados por seus empregados mesmo que fora do horário de
expediente, desde que em razão do seu trabalho. No caso concreto, o evento danoso ocorreu com a
participação do empregado do condomínio, tendo em vista que o empregado permaneceu no trabalho e lá
mesmo se embebedou, além de ter se locupletado da informação adquirida em função de seu emprego para
ingressar no veículo e causar o dano. A situação se enquadra no art. 932, III, do Código Civil.
Trata-se de responsabilidade objetiva do empregador, ou seja, independentemente de culpa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1787026-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/10/2021 (Info 717).
É cabível dano moral pelo defeito na prestação de serviço de transporte aéreo com a entrega de passageiro
menor desacompanhado, após horas de atraso, em cidade diversa da previamente contratada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1733136-RO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

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As conversas travadas por meio do WhatsApp são resguardadas pelo sigilo das comunicações.
Assim, terceiros somente podem ter acesso às conversas de WhatsApp se houver consentimento dos
participantes ou autorização judicial. As mensagens eletrônicas estão protegidas pelo sigilo em razão de o
seu conteúdo ser privado, isto é, restrito aos interlocutores. Dessa forma, ao enviar mensagem a
determinado ou a determinados destinatários, via WhatsApp, o emissor tem a expectativa de que ela não
será lida por terceiros, quanto menos divulgada ao público, seja por meio de rede social ou da mídia.
Essa expectativa advém não só do fato de ter o indivíduo escolhido a quem enviar a mensagem, como
também da própria encriptação a que estão sujeitas as conversas (criptografia ponta-a-ponta).
Além disso, se a sua intenção fosse levar ao conhecimento de diversas pessoas o conteúdo da mensagem, a
pessoa que enviou a mensagem teria optado por uma rede social menos restrita ou mesmo repassado a
informação à mídia para que fosse divulgada. Assim, se o indivíduo divulga ao público uma conversa privada,
além de estar quebrando o dever de confidencialidade, está também violando legítima expectativa, a
privacidade e a intimidade do emissor. Justamente por isso, esse indivíduo pode ser responsabilizado por
essa divulgação caso se configure o dano. É importante consignar que a ilicitude poderá ser descaracterizada
(afastada) quando a exposição das mensagens tiver como objetivo resguardar um direito próprio do receptor.
Nesse caso, será necessário avaliar as peculiaridades concretas para fins de decidir qual dos direitos em
conflito deverá prevalecer. STJ. 3ª Turma. REsp 1903273-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
24/08/2021 (Info 706).

POSSE #APOSTACICLOS

TEORIAS SOBRE A POSSE


Savigny
A posse é um poder direto que o indivíduo tem sobre a coisa, podendo dispor
fisicamente e a possuindo com intenção de ser dono.
TEORIA SUBJETIVA
Posse = corpus (elemento objetivo) + animus domini (elemento subjetivo).
DA POSSE
Não há posse sem intenção de ser proprietário. Por essa teoria, não são
possuidores o locatário; o comodatário e o depositário.
Adotada na configuração da usucapião
Ihering
Posse é corpus. Para que haja a configuração da posse, é necessário dispor
TEORIA OBJETIVA fisicamente da coisa ou haja possibilidade de querendo, realize a sua disposição
DA POSSE física.
Adotada no CC (art. 1196) – o mero comportamento em reação à coisa, como se
fosse dono, induz a posse.
Teoria da sociabilidade em relação ao direito das coisas, de forma que se analisa
com o crivo hermenêutico da função social. Para que se verifique a posse, deve
haver o cumprimento de sua função social, consistente em conferir à posse uma
utilidade, mormente relacionada ao direito fundamental de moradia.
TEORIA DA FUNÇÃO POSSE = CORPUS (DOMÍNIO FÁTICO) + FUNÇÃO SOCIAL (FUNÇÃO COLETIVA QUE A
SOCIAL DA POSSE POSSE DEVE TER)
Essa teoria, porém, não vem expressa nos artigos 1196 e 1197 do Código Civil, mas
foi implicitamente adotada pelo CC/02 por meio da valorização da posse-trabalho.
A ideia é de que a pessoa que confere uma destinação positiva ao bem pelo
atendimento da função social da posse deve ter uma premiação.

POSSE – CLASSIFICAÇÃO
QUANTO AO a) posse direta: contato corpóreo.
DESDOBRAMENTO b) posse indireta: contato incorpóreo.

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OU RELAÇÃO
PESSOA-COISA
a) posse justa: “limpa”, sem vícios objetivos.
QUANTO AOS VÍCIOS b) posse injusta:
OBJETIVOS • Violenta (física/psíquica).
• Clandestina (ocultamento).
• Precária (abuso de confiança).
a) posse de boa fé: ignora obstáculo para aquisição da propriedade ou tem um
QUANTO AOS VÍCIOS justo título.
SUBJETIVOS b) posse de má fé: não ignora obstáculo para aquisição do domínio e não tem justo
título.
a) posse com título (ius possidendi) – há causa representativa. Posse causal ou
QUANTO AO TÍTULO posse civil.
b) posse sem título (ius possessionis, quod possideo) – não há causa
representativa. Posse natural ou posse ato-fato.
QUANTO AO TEMPO a) posse nova.
b) posse velha – tem pelo menos 1 ano e 1 dia.

- Efeitos da Posse.

a) Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa:

Art. 1.217, do CC. “O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, que não der
causa.”

Art. 1.218, do CC. “O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais,
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.”

b) Direito aos frutos:

Art. 1.214, do CC. “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com
antecipação.”
Art. 1.215, do CC. “Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados;
os civis reputam-se percebidos dia por dia.”
Art. 1.216, do CC. “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos
que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às
despesas da produção e custeio.”

c) Direito à usucapião: apenas o possuidor pode usucapir o bem.


d) Direito às benfeitorias:

Art. 1.219, do CC. “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Art. 1.220, do CC. “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.”

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#IMPORTANTE

FRUTOS BENFEITORIAS RESPONSABILIDADE

Tem direito aos frutos Tem direito à indenização e Só responde pela coisa
BOA-FÉ percebidos, salvo retenção pelas necessárias se houver dolo ou culpa.
pendentes e colhidos por e úteis; podendo levantar
antecipação - mas tem as voluptuárias, sem causar
direito à dedução das prejuízo da coisa.
despesas da produção de
custeio destes.

Não tem direito, e Tem direito à indenização Responde pela coisa,


MÁ-FÉ responde pelos frutos das benfeitorias necessárias ainda que por fato
colhidos e que deixou de (indenização, mas não acidental (caso fortuito
colher. Tem direito à retenção). A indenização e força maior), exceto
indenização das despesas será pelo valor atual ou de se comprovar que o
da produção de custeio custo. dano ocorreria mesmo
destes. se não estivesse sob a
sua posse.

CONSTITUTO POSSESSÓRIO TRADITIO BREVI MANU


Possuía em seu próprio nome, passa a possuir em Possuía em nome alheio, passa a possuir em nome
nome de outrem. próprio.

- Diferenças entre posse e detenção.

A detenção também é chamada de fâmulo da posse, ou servidor da posse. O detentor tem a posse não
em nome próprio, mas em nome daquele ao qual ele está subordinado, seguindo ordens e instruções (art.
1198).
Art. 1.198, do CC. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
CONSERVA A POSSE EM NOME DESTE e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao
bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

#OLHAOGANCHO: A função social da propriedade tem dupla função:


- Função limitadora: impõe um não fazer. Ex. a propriedade não pode ser exercida em abuso de direito. art.
1228, §2º do CC: São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e
sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
- Função impulsionadora: impõe condutas. A coisa cumpre a sua função social quando é utilizada em um
sentido positivo

Servidão de passagem X Passagem forçada: a passagem forçada é instituto de direito de vizinhança,


obrigatório, há pagamento de indenização ao imóvel serviente e cabe ação de passagem forçada. A servidão
de passagem, por sua vez, é direito real de gozo e fruição, não é obrigatório, não há pagamento de
indenização obrigatória ao imóvel serviente e cabe ação confessória.

#OLHAOGANCHO: O art. 557 do CPC e o art. 1.210, §2º, do CC estabelecem a vedação da exceção de domínio.
Há uma separação absoluta entre os juízos petitório, baseado na propriedade, e o juízo possessório, baseado

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na posse. Isso porque a posse é fenômeno fático-social digno de tutela, sendo totalmente autônomo e
distinto da propriedade. Um dos efeitos da posse é justamente a sua proteção através da tutela estatal.
Portanto, havendo uma ação possessória em curso, não é cabível o ajuizamento de ação petitória ou a
discussão a respeito da propriedade. Ademais, a vedação à exceção de domínio não deve ser compreendida
como limitação aos direitos constitucionais de propriedade ou de ação, seja porque a propriedade deve
obedecer à sua função social, seja porque o não debate sobre o domínio nas ações possessórias representa
apenas uma condição suspensiva no exercício do direito de ação fundada na propriedade.
A ação de imissão na posse, apesar do nome, não se baseia na posse, mas sim na propriedade, sendo uma
ação petitória. É a ação cabível para o proprietário obter a posse que nunca teve. Assim, havendo uma ação
possessória em curso, caso seja ajuizada a ação de imissão na posse, esta deverá ser extinta sem resolução
de mérito, ante a falta de pressuposto negativo de constituição e desenvolvimento válido do processo, qual
seja, a ausência de ação possessória pendente sobre o bem como requisito para o manejo de ação petitória.
STJ. 3ª Turma. REsp 1909196-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
Não há prejudicialidade externa que justifique a suspensão da demanda possessória até que se julgue a ação
de usucapião. A posse é fato, podendo estar dissociada da propriedade. Por conseguinte, a tutela da posse
pode ser eventualmente concedida mesmo contra o direito de propriedade. As demandas, possessória e de
usucapião, não possuem, entre si, relação de conexão ou continência. STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp
1483832/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 06/10/2015. STJ. 3ª Turma. AgInt na PET na
Pet 14017/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/04/2021.

#USUCAPIÃO:

RESUMO – MODALIDADE DE USUCAPIÃO


- Comum - Posse ad usucapionem por 10 anos - Justo título. Ex. contrato,
compromisso de compra e venda. - Boa fé subjetiva (art. 1.201) se o possuidor
ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
USUCAPIÃO ORDINÁRIA - Por posse trabalho - Requisito material - Destinação positiva dada à coisa:
ART. 1242, CC moradia ou realização de investimentos de interesse social e econômico
Não importa o tamanho relevante - Prazo cai para 5 anos - Requisito formal: aquisição onerosa que foi
do imóvel cancelada. Ex.: compromisso de compra e venda que foi registrado e foi
cancelado. Esse requisito regra o chamado usucapião tabular. O legislador
exigiu um justo título especial, que consiste no título que já esteve registrado
em nome do possuidor. Obs. doutrina majoritária exige os dois requisitos.
USUCAPIÃO - Comum - Posse ad usucapionem por 15 anos - A boa-fé e o justo título
EXTRAORDINÁRIA ART. presumem-se de forma absoluta.
1238, CC - Por posse trabalho - Estabelecimento da moradia ou realização de
Não importa o tamanho investimentos de caráter produtivo - NÃO PRECISA de boa-fé nem de justo
do imóvel título - Prazo cai para 10 anos
USUCAPIÃO - NÃO SÃO EXIGIDOS O JUSTO TÍTULO E A BOA-FÉ. - Imóvel rural até 50
CONSTITUCIONAL hectares - Posse ad usucapionem por 5 anos - Utilização do imóvel para
ESPECIAL RURAL subsistência ou trabalho pelo possuidor ou sua família (moradia) - Não pode
(USUCAPIÃO AGRÁRIA ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
OU PRO LABORE) ART.
191, CAPUT CF, ART.
1239 CC
USUCAPIÃO - Urbana individual - Área urbana não superior a 250m². - Posse ad
CONSTITUCIONAL OU usucapionem por 5 anos - Imóvel destinado para moradia do possuidor ou de
ESPECIAL URBANA sua família - Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. - Só
(URBANA INDIVIDUAL pode ser reconhecido uma vez (é requisito apenas da usucapião urbana).
OU PRO MISERO) ART.

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183 CF, ART. 1240 CC E


ART. 9º ESTATUTO DA
CIDADE.
- É na vara cível e não na de família. - Posse ad usucapionem por 2 anos -
Posse direta. Enunciado 502 – não necessariamente é a posse direita do art.
1197. Para dar compatibilidade ao fato do artigo permitir a moradia da
USUCAPIÃO ESPECIAL
família. - Imóvel urbano até 250m². - Imóvel em copropriedade ou em
URBANA POR
condomínio com o cônjuge ou companheiro. Obs. qualquer forma de família.
ABANDONO DO LAR ART.
Enunciado 500 da JDC. - Abandono do lar. Obs.: basta ser separação de fato.
1240-A, CC
- Utilizar para moradia ou de sua família (crítica – exige posse direita e fala
que pode ser família) - Não pode ser proprietário de imóvel urbano ou rural -
Somente uma vez.
- Área urbana – área total dividida pelo número de possuidores seja inferior
a 250m² por possuidor - Posse ad usucapionem por 5 anos - Núcleos urbanos
USUCAPIÃO ESPECIAL informais - Moradia - Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou
URBANA COLETIVA ART. rural. - Não exige justo título e boa fé. - Rito sumário.
10 DO ESTATUTO DA A nova redação legal não exige que os possuidores sejam de baixa renda e
CIDADE que não seja possível a identificação da área de cada possuidor.
O §1º do art. 10 do Estatuto permite expressamente a accessio possessionis
para essa modalidade de usucapião.
O proprietário pode ser privado da coisa se: - um considerável número de
pessoas - estiver por mais de 5 anos - na posse ininterrupta e de boa-fé - de
extensa área - e nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
DESAPROPRIAÇÃO relevante. Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário;
JUDICIAL PRIVADA POR pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em
POSSE-TRABALHO (art. nome dos possuidores. Alguns doutrinadores, especialmente civilistas,
1.228, §§ e 4º e 5º do CC) afirmam que esse instituto tem natureza jurídica de “usucapião”. Outros
autores, no entanto, sustentam que se trata de uma hipótese de
“desapropriação”, considerando a posição topográfica (o § 3º do art. 1.228
está tratando sobre desapropriação) e o fato de se exigir pagamento de
indenização.
Requisitos: a) posse da terra por índio (integrado ou não) b) por 10 anos
consecutivos c) devendo ocupar como se fosse próprio trecho de terra
INDÍGENA (art. 33 do inferior a 50 hectares.
Estatuto do Índio) Não é possível a usucapião indígena de: • terras do domínio da União; • terras
ocupadas por grupos tribais; • áreas reservadas segundo o Estatuto do Índio;
• terras de propriedade coletiva de grupo tribal.
Trata-se da possibilidade de o réu, em uma ação de invalidade de registro
TABULAR público, alegar a usucapião em seu favor. O juiz, na mesma sentença que
(CONVALESCENÇA reconhece a invalidade do registro, declara a ocorrência de usucapião,
REGISTRAL) (art. 214, § concedendo ao réu a propriedade do bem. A usucapião tabular tem relação
5º, da Lei 6.015/73) com a usucapião ordinária do art. 1.242, parágrafo único, porque exige do
possuidor justo título e boa-fé.
O art. 68 do ADCT da CF/88 confere proteção especial aos territórios
ocupados pelos remanescentes quilombolas: Art. 68. Aos remanescentes das
DE QUILOMBOLAS (art. comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
68 do ADCT) RECONHECIDA A PROPRIEDADE DEFINITIVA, devendo o Estado emitir-lhes os
títulos respectivos. O que são as terras dos quilombolas? São as áreas
ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos e utilizadas

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por este grupo social para a sua reprodução física, social, econômica e
cultural. O que são remanescentes das comunidades dos quilombos? Existe
uma grande discussão antropológica sobre isso, mas, de maneira bem
simples, os grupos que hoje são considerados remanescentes de
comunidades de quilombos são agrupamentos humanos de
afrodescendentes que se formaram durante o sistema escravocrata ou logo
após a sua extinção. Alguns doutrinadores afirmam que esse instituto teria
natureza jurídica de “usucapião”. Essa, contudo, não é a posição que
prevalece, considerando que o fundamento jurídico para esse direito de
propriedade não é a posse mansa, pacífica e por determinado prazo. A fonte
desse direito é uma decisão do legislador constituinte. A previsão do art. 68
do ADCT foi uma forma que o constituinte encontrou de homenagear “o
papel protagonizado pelos quilombolas na resistência ao injusto regime
escravista” (Min. Rosa Weber).

Súmula 263-STF: O possuidor deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.
Súmula 237-STF: O usucapião pode ser arguido em defesa.
#IMPORTANTE:
O fato de os possuidores serem proprietários de metade do imóvel usucapiendo não faz incidir a vedação de
não possuir "outro imóvel" urbano, contida no artigo 1.240 do Código Civil. REsp 1.909.276-RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
É possível a usucapião mesmo em uma área irregular (área na qual não houve regularização fundiária). É
cabível a aquisição de imóveis particulares situados no Setor Tradicional de Planaltina/DF, por usucapião,
ainda que pendente o processo de regularização urbanística. STJ. 2ª Seção. REsp 1818564-DF, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1025) (Info 700).
A usucapião especial urbana apresenta como requisitos a posse ininterrupta e pacífica, exercida como dono,
o decurso do prazo de cinco anos, a dimensão da área (250 m² para a modalidade individual e área superior
a esta, na forma coletiva), a moradia e o fato de não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. O uso
misto da área a ser adquirida por meio de usucapião especial urbana não impede seu reconhecimento
judicial, se a porção utilizada comercialmente é destinada à obtenção do sustento do usucapiente e de sua
família. É necessário que a área pleiteada seja utilizada para a moradia do requerente ou de sua família, mas
a lei não proíbe que o autor a utilize também para seu sustento. Assim, o fato de o autor da ação de
usucapião utilizar uma parte do imóvel para uma atividade comercial que serve ao sustento da família
domiciliada no imóvel não inviabiliza a prescrição aquisitiva buscada. STJ. 3ª Turma. REsp 1777404-TO, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
A tentativa de usucapião extrajudicial não é condição indispensável para o ajuizamento da ação de usucapião.
Mesmo que estejam preenchidos os requisitos para a usucapião extrajudicial, o interessado pode livremente
optar pela propositura de ação judicial. O próprio legislador deixou claro, no art. 216-A da Lei de Registros
Públicos, que a existência da possibilidade de usucapião extrajudicial não traz prejuízo à busca da usucapião
na via jurisdicional: Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento
extrajudicial de usucapião (...) STJ. 3ª Turma. REsp 1824133-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 11/02/2020 (Info 665).

O art. 216-A da Lei de Registros Públicos, inserido pelo CPC/2015, estabeleceu modalidade de usucapião
pela via administrativa.
Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp
1726292-CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/02/2019 (Info 642).
A existência de bem público não demarcado em condomínio pro indiviso com particulares não impede ação
de usucapião parcial. REsp 1.504.916-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, Quarta
Turma, por maioria, julgado em 27/09/2022.

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PROPRIEDADE

A propriedade é definida, tradicionalmente, como a soma de quatros atributos (direitos ou faculdade):


usar, fruir/gozar, reivindicar e dispor (GRUD).

G – gozar/fruir: retirar frutos da coisa.


R – reivindicar: através de ação petitória com prova de domínio.
U – usar: o uso da propriedade encontra limites nos direitos de vizinhança e no Estatuto da Cidade.
D – dispor: por atos inter vivos ou causa mortis.

A junção de todos esses atributos ou faculdades compõe a propriedade plena. Havendo apenas um
desses atributos, existirá posse, e não propriedade. Se esses atributos estiverem divididos entre pessoas
distintas, sobre um mesmo bem, haverá a figura da propriedade restrita (e não mais plena), que dá ensejo
aos demais direitos reais que conhecemos: a hipoteca, o uso, o usufruto, a servidão, e outros.

#SELIGA: A procuração em causa própria é o negócio jurídico unilateral que confere um poder de
representação ao outorgado, que o exerce em seu próprio interesse, por sua própria conta, mas em nome
do outorgante. Também é conhecido pelas expressões em latim “in rem propriam” ou “in rem suam”.
Sua utilização é muito comum para a celebração de contratos de compra e venda, facilitando a transmissão
da propriedade, já que não haverá a necessidade da presença física do alienante no cartório. A procuração
em causa própria, por si só, não é considerada título translativo de propriedade. Em outras palavras, a
procuração em causa própria não transmite o direito objeto do negócio jurídico. O que essa procuração faz
é passar ao outorgado o poder de transferir esse direito. Assim, mesmo após passar a procuração, o
outorgante continua sendo titular do direito (real ou pessoal) objeto da procuração em causa própria.
Quando recebe a procuração, o outorgado passa a ser apenas titular do poder de dispor desse direito, em
seu próprio interesse, mas em nome alheio. STJ. 4ª Turma. REsp 1345170-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 04/05/2021 (Info 695).

CARACTERÍSTICAS
Caráter erga omnes. O proprietário pode usar a sua propriedade como bem
Direito Absoluto entender. É a regra, mas que deve ser relativizada em algumas situações, diante
da função social e socioambiental da propriedade (art. 1.228, § 1º, do CC).
Significa dizer que a propriedade deve pertencer apenas a uma pessoa, salvo as
hipóteses de condomínio e multipropriedade, por exemplo. Pode ser extraído do
Direito Exclusivo
Art. 1.231 do CC: “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em
contrário”.
Através de tal característica, vislumbra-se que o direito de propriedade
Direito Perpétuo permanece, independentemente do seu exercício, enquanto não se verificar
alguma causa modificativa ou extintiva, de origem legal ou convencional.
Tal característica é vislumbrada pelo desmembramento dos quatro atributos da
Direito Complexo
propriedade (usar, gozar, dispor e reaver).
Sobre essa característica, dispõe Flávio Tartuce (2016): “não se pode esquecer
que a propriedade é um direito fundamental, pelo que consta do art. 5.º, XXII e
XXIII, da Constituição Federal. Esse caráter faz que a proteção do direito de
Direito Fundamental propriedade e a correspondente função social sejam aplicados de forma imediata
nas relações entre particulares, pelo que consta do art. 5.º, § 1.º, do Texto Maior
(eficácia horizontal dos direitos fundamentais). Em reforço, o direito de
propriedade pode ser ponderado frente a outros direitos tidos como

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fundamentais, caso da dignidade humana (art. 1.º, III, da CF/1988),


particularmente naqueles casos de difícil solução (técnica de ponderação)”.
A elasticidade do direito de propriedade pode ser vislumbrada através da
distensão ou contração quanto ao seu exercício. Assim, na dicção de Orlando
Direito Elástico
Gomes, a propriedade alodial está em seu grau máximo de elasticidade, posto
que todos os atributos estão sendo utilizados, por exemplo.

DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA

INSTITUTO CONCEITO
✓ Servidão é a relação jurídica real por meio da qual o proprietário vincula o seu imóvel,
dito serviente, a prestar certa utilidade a outro prédio, dito dominante, pertencente
Servidão a dono distinto, obrigando-se, em consequência, a não praticar determinados atos
dominiais no prédio serviente ou a não impedir que neste o proprietário do imóvel
dominante pratique atos de extração da utilidade que lhe foi concedida.
✓ Trata-se de direito real temporário concedido a uma pessoa para desfrutar um objeto
alheio como se fosse próprio, retirando as suas utilidades e frutos, contudo sem lhe
alterar a substância. Assim, o conteúdo do domínio é fracionado, pois, enquanto o
usufrutuário percebe os frutos naturais, industriais e civis e retira proveito econômico
da coisa, remanesce em poder do nu-proprietário a substância do direito, vale dizer,
Usufruto
a faculdade de disposição da coisa e o seu próprio valor, podendo alienar, instituir
ônus real ou dar qualquer outra forma de disposição ao objeto, apesar de despido de
importantes atributos. Como contrapartida ao aproveitamento do bem e às
faculdades que lhe são concedidas, zelará o usufrutuário pela manutenção da
integridade da coisa, em sua destinação econômica.
✓ O direito real de uso é próximo ao de usufruto, mas com ele não se confunde. Ambos
são temporários por essência, mas o direito de uso possui abrangência reduzida, pois
Uso o seu titular não tem autorização para gozar da coisa. Ou seja, o usuário pode usar o
bem móvel ou imóvel, desde que não sejam consumíveis ou fungíveis, sendo-lhe,
todavia, impedida a sua fruição.
✓ Circunscreve-se este direito real à faculdade de seu titular residir gratuita e
temporariamente em um prédio, com sua família. O imóvel só se destina à ocupação
Habitação
direta do beneficiário, sendo insuscetível de locação ou comodato, sob pena de
resolução contratual.

#SELIGANAJURIS: A morte de usufrutuário que arrenda imóvel, durante a vigência do contrato de


arrendamento, sem a reivindicação possessória pelo proprietário, torna precária e injusta a posse exercida
pelos seus sucessores, mas não constitui óbice ao exercício dos direitos provenientes do contrato de
arrendamento pelo espólio perante o terceiro arrendatário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1758946-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/06/2021 (Info 700).
Usufruto é o direito real e temporário de usar e fruir (retirar frutos e utilidades) coisa alheia (bem móvel ou
imóvel), de forma gratuita, sem alterar-lhe a substância ou destinação econômica.
O usufrutuário detém a posse direta do bem. Além disso, como se trata de direito real, ele também possui o
poder de sequela, podendo perseguir a coisa aonde quer que ela vá.
Como o usufrutuário detém a posse direta do bem, é óbvio que ele pode se valer das ações possessórias caso
esteja sendo ameaçado em sua posse. No entanto, como o usufruto é um direito real e como o usufrutuário

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detém poder de sequela, a doutrina e a jurisprudência também admitem que ele ajuíze ação reivindicatória
— de caráter petitório — com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito sobre o bem, seja contra o nu-
proprietário, seja contra terceiros.
STJ. 3ª Turma. REsp 1202843-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/10/2014 (Info 550).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:
Súmula 415-STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tomada permanente, sobretudo pela natureza das
obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito a proteção possessória.
Súmula 237-STF: O usucapião pode ser arguido em defesa.
Súmula 638-STJ: É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira
pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de
penhor civil.
Súmula 637-STJ: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação
possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for o caso, o
domínio.
Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
Súmula 478-STJ: Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o
hipotecário.
Súmula 308-STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à
celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.
Súmula 260-STJ: A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as
relações entre os condôminos.

DIREITOS REAIS DE GARANTIA #JÁCAIU

DIREITOS REAIS DE GARANTIA


A hipoteca é um direito real de garantia, em virtude do qual um bem imóvel
remanesce na posse do devedor ou de terceiro, assegurando preferencialmente
HIPOTECA ao credor o pagamento de uma dívida. Um ou mais bens específicos do
patrimônio imobiliário do devedor ou do terceiro garantidor são afetados como
caução específica de uma obrigação.
Pelo penhor, entrega-se a coisa móvel, fungível ou infungível, corpóreo ou
PENHOR incorpóreo (ex. créditos), a título de garantia, mas sem a transferência da
propriedade, que remanesce na titularidade do devedor.
Anticrese é o direito real de garantia em que o devedor transmite ao seu credor a
posse direta de imóvel de sua propriedade, a fim de que este último pague-se
ANTICRESE
com os frutos oriundos da exploração econômica da coisa, paulatinamente
abatendo os juros e o débito principal.

CONDOMÍNIO

CONDOMÍNIO EM GERAL
O condomínio representa a divisão abstrata do direito de
propriedade em tantos quanto são os proprietários,
TEORIA INDIVIDUALISTA ficando cada um deles com uma fração ideal do direito
sobre a coisa. É a teoria adotada pelo CC.
TEORIA COLETIVA Não há divisão abstrata do direito, de modo que todos são
proprietários em comum da coisa, titulares coletivos do
direito de propriedade.

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Ocorre quando os condôminos decidem consensualmente


dividir a área comum em parte, delineando as porções em
que cada um exercerá a posse e demais direitos dominiais
como se único dono fosse. Tal divisão só gera efeito entre
PRO DIVISO os condôminos, garantindo-lhes o direito de se valer das
ações possessórias para defender sua posse exclusiva
contra esbulho ou turbação praticada por outro
condômino.
É aquele que surge quando os condôminos não
PRO INDIVISO convencionam pela separação de fato da coisa, de modo
que todos exerçam a posse simultânea sobre a
integralidade do bem comum.
Usar, fruir, dispor, reivindicar, exigir a divisão da coisa
comum.
-Frutos: partilhado entre os condôminos, na proporção de
DIREITOS DOS CONDÔMINOS seus respectivos quinhões.
- Condôminos: deve concorrer para as despesas de
conservação e divisão da coisa, na proporção de sua
respectiva parte.
-responde pelas dívidas do condomínio, na proporção do
quinhão, exceto se estipulado de modo diverso.

CONDOMÍNIO EDILÍCIO
NATUREZA JURÍDICA ENTE DESPERSONALIZADO
ATO DE INSTITUIÇÃO O condomínio pode ser instituído por ato inter vivos ou causa
mortis.
-É o documento escrito que se destina a regulamentar os
direitos e deveres dos condôminos.
-Pode assumir forma de escritura pública ou por instrumento
CONVENÇÃO DO CONDOMÍNIO particular.
- Deve ser elaborada pelos proprietários das unidades
autônomas, tonando-se obrigatória assim que subscrita
pelos titulares de no mínimo dois terços das frações ideais
que compõem o condomínio.
-Comum: podem ser normalmente utilizadas por todos os
condôminos e jamais poderão ser divididas ou alienadas
separadamente.
PARTES DE PROPRIEDADE -Particular: podem ser livremente alienadas ou gravadas pelo
seu respectivo proprietário, independentemente de
autorização dos demais condôminos.
Pelo síndico, escolhido por Assembleia Geral.

Assembleia Geral – órgão deliberativo do qual fazem parte


ADMINISTRAÇÃO todos os condôminos e deverá ser convocada pelo síndico.

Assembleia Geral Ordinária – convocada anualmente para a


aprovação do orçamento das despesas, fixação das
contribuições dos condôminos, apreciação das contas
prestadas pelo síndico e eventuais alterações do
regimento interno.

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Assembleia extraordinária – convocadas ocasionalmente


para deliberar assuntos de interesse dos condôminos, tais
como obras ou reparos urgentes e dispendiosos não
previstos no orçamento.

#OLHAAJURIS: O promitente comprador passa a ser responsável pelo pagamento das despesas condominiais
a partir da entrega das chaves, tendo em vista ser o momento em que tem a posse do imóvel.
A recusa em receber as chaves constitui, em regra, comportamento contrário aos princípios contratuais,
principalmente à boa-fé objetiva, desde que não esteja respaldado em fundamento legítimo.
A rejeição em tomar a posse do imóvel, sem justificativa adequada, faz com que o adquirente das unidades
imobiliárias passe a ser responsável pelas taxas condominiais. STJ. 3ª Turma. REsp 1847734-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022 (Info 731).

#PEGAOGANCHO: Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa com exclusividade por um dos
coproprietários, impedindo o exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos demais consortes,
enseja o pagamento de indenização àqueles que foram privados do regular domínio sobre o bem, tal como
o percebimento de aluguéis. STJ. 3ª Turma. REsp 1966556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
08/02/2022 (Info 724).

#NOVIDADELEGISLATIVA:

Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo
quando exigido quórum especial.
§ 1º Quando a deliberação exigir quórum especial previsto em lei ou em convenção e ele não for atingido, a
assembleia poderá, por decisão da maioria dos presentes, autorizar o presidente a converter a reunião em
sessão permanente, desde que cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - sejam indicadas a data e a hora da sessão em seguimento, que não poderá ultrapassar 60 (sessenta) dias,
e identificadas as deliberações pretendidas, em razão do quórum especial não atingido; (Incluído pela Lei
nº 14.309, de 2022)
II - fiquem expressamente convocados os presentes e sejam obrigatoriamente convocadas as unidades
ausentes, na forma prevista em convenção; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
III - seja lavrada ata parcial, relativa ao segmento presencial da reunião da assembleia, da qual deverão
constar as transcrições circunstanciadas de todos os argumentos até então apresentados relativos à ordem
do dia, que deverá ser remetida aos condôminos ausentes; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
IV - seja dada continuidade às deliberações no dia e na hora designados, e seja a ata correspondente lavrada
em seguimento à que estava parcialmente redigida, com a consolidação de todas as deliberações. (Incluído
pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 2º Os votos consignados na primeira sessão ficarão registrados, sem que haja necessidade de
comparecimento dos condôminos para sua confirmação, os quais poderão, se estiverem presentes no
encontro seguinte, requerer a alteração do seu voto até o desfecho da deliberação pretendida. (Incluído
pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 3º A sessão permanente poderá ser prorrogada tantas vezes quantas necessárias, desde que a assembleia
seja concluída no prazo total de 90 (noventa) dias, contado da data de sua abertura inicial. (Incluído pela
Lei nº 14.309, de 2022)

Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião.

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Art. 1.354-A. A convocação, a realização e a deliberação de quaisquer modalidades de assembleia poderão


dar-se de forma eletrônica, desde que: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - tal possibilidade não seja vedada na convenção de condomínio; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
II - sejam preservados aos condôminos os direitos de voz, de debate e de voto. (Incluído pela Lei nº 14.309,
de 2022)
§ 1º Do instrumento de convocação deverá constar que a assembleia será realizada por meio eletrônico, bem
como as instruções sobre acesso, manifestação e forma de coleta de votos dos condôminos. (Incluído pela
Lei nº 14.309, de 2022)
§ 2º A administração do condomínio não poderá ser responsabilizada por problemas decorrentes dos
equipamentos de informática ou da conexão à internet dos condôminos ou de seus representantes nem por
quaisquer outras situações que não estejam sob o seu controle. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 3º Somente após a somatória de todos os votos e a sua divulgação será lavrada a respectiva ata, também
eletrônica, e encerrada a assembleia geral. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 4º A assembleia eletrônica deverá obedecer aos preceitos de instalação, de funcionamento e de
encerramento previstos no edital de convocação e poderá ser realizada de forma híbrida, com a presença
física e virtual de condôminos concomitantemente no mesmo ato. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 5º Normas complementares relativas às assembleias eletrônicas poderão ser previstas no regimento interno
do condomínio e definidas mediante aprovação da maioria simples dos presentes em assembleia convocada
para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 6º Os documentos pertinentes à ordem do dia poderão ser disponibilizados de forma física ou eletrônica
aos participantes. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)

#NOVIDADELEGISLATIVA:

Condomínio de Lotes. – Art. 1358-A do Código Civil.


(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
Art. 1.358-A. Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade exclusiva e partes que
são propriedade comum dos condôminos. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
§ 1º A fração ideal de cada condômino poderá ser proporcional à área do solo de cada unidade autônoma,
ao respectivo potencial construtivo ou a outros critérios indicados no ato de instituição. (Incluído pela Lei nº
13.465, de 2017)
§ 2º Aplica-se, no que couber, ao condomínio de lotes: (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
I - o disposto sobre condomínio edilício neste Capítulo, respeitada a legislação urbanística; e (Incluído pela
Lei nº 14.382, de 2022)
II - o regime jurídico das incorporações imobiliárias de que trata o Capítulo I do Título II da Lei nº 4.591, de 16
de dezembro de 1964, equiparando-se o empreendedor ao incorporador quanto aos aspectos civis e
registrários. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 3º Para fins de incorporação imobiliária, a implantação de toda a infraestrutura ficará a cargo do
empreendedor. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

Art. 1358-A a 1358-N, do Código Civil.


DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE
Seção I

(Time-sharing (multipropriedade): ocorre quando um bem é dividido entre vários proprietários sendo que
cada um deles utilizará a coisa, com exclusividade, durante certo(s) período(s) de tempo por ano, em um
sistema de rodízio.)

(Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)

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Disposições Gerais
Art. 1.358-B. A multipropriedade reger-se-á pelo disposto neste Capítulo e, de forma supletiva e subsidiária,
pelas demais disposições deste Código e pelas disposições das Leis nºs 4.591, de 16 de dezembro de 1964 ,
e 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) . (Incluído pela Lei nº 13.777, de
2018) (Vigência)
Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo
imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade,
da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada. (Incluído pela Lei nº 13.777,
de 2018) (Vigência)
Parágrafo único. A multipropriedade não se extinguirá automaticamente se todas as frações de tempo
forem do mesmo multiproprietário. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
Art. 1.358-D. O imóvel objeto da multipropriedade: (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
I - é indivisível, não se sujeitando a ação de divisão ou de extinção de condomínio; (Incluído pela Lei nº
13.777, de 2018) (Vigência)
II - inclui as instalações, os equipamentos e o mobiliário destinados a seu uso e gozo. (Incluído pela Lei nº
13.777, de 2018) (Vigência)
Art. 1.358-E. Cada fração de tempo é indivisível. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
§ 1º O período correspondente a cada fração de tempo será de, no mínimo, 7 (sete) dias, seguidos ou
intercalados, e poderá ser: (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
I - fixo e determinado, no mesmo período de cada ano; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
II - flutuante, caso em que a determinação do período será realizada de forma periódica, mediante
procedimento objetivo que respeite, em relação a todos os multiproprietários, o princípio da isonomia,
devendo ser previamente divulgado; ou (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
III - misto, combinando os sistemas fixo e flutuante. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
§ 2º Todos os multiproprietários terão direito a uma mesma quantidade mínima de dias seguidos durante o
ano, podendo haver a aquisição de frações maiores que a mínima, com o correspondente direito ao uso por
períodos também maiores. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)

Art. 1.358-F. Institui-se a multipropriedade por ato entre vivos ou testamento, registrado no competente
cartório de registro de imóveis, devendo constar daquele ato a duração dos períodos correspondentes a cada
fração de tempo. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)

Art. 1.358-G. Além das cláusulas que os multiproprietários decidirem estipular, a convenção de condomínio
em multipropriedade determinará: (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
I - os poderes e deveres dos multiproprietários, especialmente em matéria de instalações, equipamentos e
mobiliário do imóvel, de manutenção ordinária e extraordinária, de conservação e limpeza e de pagamento
da contribuição condominial; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
II - o número máximo de pessoas que podem ocupar simultaneamente o imóvel no período correspondente a
cada fração de tempo; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
III - as regras de acesso do administrador condominial ao imóvel para cumprimento do dever de manutenção,
conservação e limpeza; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
IV - a criação de fundo de reserva para reposição e manutenção dos equipamentos, instalações e
mobiliário; (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
V - o regime aplicável em caso de perda ou destruição parcial ou total do imóvel, inclusive para efeitos de
participação no risco ou no valor do seguro, da indenização ou da parte restante; (Incluído pela Lei nº 13.777,
de 2018) (Vigência)
VI - as multas aplicáveis ao multiproprietário nas hipóteses de descumprimento de deveres. (Incluído pela Lei
nº 13.777, de 2018) (Vigência)

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Art. 1.358-H. O instrumento de instituição da multipropriedade ou a convenção de condomínio em


multipropriedade poderá estabelecer o limite máximo de frações de tempo no mesmo imóvel que poderão
ser detidas pela mesma pessoa natural ou jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018) (Vigência)
Parágrafo único. Em caso de instituição da multipropriedade para posterior venda das frações de tempo a
terceiros, o atendimento a eventual limite de frações de tempo por titular estabelecido no instrumento de
instituição será obrigatório somente após a venda das frações. (Incluído pela Lei nº 13.777, de
2018) (Vigência)

#SELIGA:Qual a natureza jurídica da multipropriedade?


1ª corrente: defende que o time-sharing tem natureza jurídica de direito pessoal (obrigacional), por não
estar previsto no rol taxativo de direitos reais do art. 1.225 do CC. O integrante do time-sharing não é
proprietário, pelos seguintes motivos:
1. o direito de uso e gozo ocorre apenas em um período do ano, enquanto no direito de propriedade não
existe esta limitação;
2. não há liberdade quanto ao modo de uso, só podendo utilizar o bem para a finalidade para a qual ele foi
criado;
3. o integrante não pode efetuar modificações no imóvel.

2ª corrente: O STJ, no entanto, seguindo doutrina majoritária, decidiu que se trata de direito real. A
multipropriedade imobiliária, mesmo não codificada, possui natureza jurídica de direito real, harmonizando-
se com os institutos do art. 1.225 do CC.
O CC não traz nenhuma proibição de que sejam criados novos direitos reais a partir da convenção. Além
disso, o time-sharing se harmoniza com os atributos dos direitos reais, pois o participante detém as
faculdades de uso, gozo e disposição sobre fração ideal do bem.

É inválida a penhora da integralidade de imóvel submetido ao regime de multipropriedade (time-sharing) em


decorrência de dívida de condomínio de responsabilidade do organizador do compartilhamento (STJ. 3ª
Turma. REsp 1.546.165-SP. Info 589).

DIREITO DE SUPERFÍCIE

SUPERFÍCIE
CC ESTATUTO DA CIDADE
O proprietário pode conceder a outrem o direito de O proprietário urbano poderá conceder a outrem o
construir ou de plantar em seu terreno, por TEMPO direito de superfície do seu terreno, por TEMPO
DETERMINADO, mediante escritura pública DETERMINADO OU INDETERMINADO, mediante
devidamente registrada no Cartório de Registro de escritura pública registrada no cartório de registro
Imóveis. de imóveis.
O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, O direito de superfície abrange o direito de utilizar
salvo se for inerente ao objeto da concessão. o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao
terreno, na forma estabelecida no contrato
respectivo, atendida a legislação urbanística.
1. Imóvel urbano ou rural; 1. Apenas imóvel urbano;
2. Exploração mais restrita: construção e plantação; 2. Exploração mais ampla: qualquer utilização;
3. Não há autorização para utilização do subsolo e 3. É possível utilizar o subsolo e o espaço aéreo;
do espaço aéreo; 4. Cessão por prazo determinado ou
4. Cessão somente por prazo determinado. indeterminado.

DIREITO REAL DE SOBRELEVAÇÃO

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Trata-se de instituto com previsão no artigo 1.510-A do Código Civil, em que o proprietário de uma
construção-base cede a superfície superior ou inferior da construção a fim de que o titular da laje mantenha
unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.

Enunciado 568, CJF: O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo
relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato, admitindo-se o direito de sobrelevação, atendida a
legislação urbanística.

O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua
unidade. Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela
usar, gozar e dispor.

Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua
construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre
o solo.
§1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados
em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou
não pertencentes ao proprietário da construção-base.
§4º A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje
ou a participação proporcional em áreas já edificadas.
§6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito
real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes,
respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.

Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica extinção do direito real de laje, salvo:
I - se este tiver sido instituído sobre o subsolo;
II - se a construção-base não for reconstruída no prazo de cinco anos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta o direito a eventual reparação civil contra o culpado pela
ruína.

Art. 799, CPC: Incumbe ainda ao exequente:


X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem como, se for o caso, do titular de lajes anteriores,
quando a penhora recair sobre o direito real de laje;
XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora recair sobre a construção-base.

É possível que haja sucessivos direitos de laje – desse que haja autorização expressa, e sejam respeitadas
as normas urbanísticas.

CASAMENTO

Art. 1.517, do CC. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos
os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.

Art. 1.518, do CC. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 1.519, do CC. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

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Art. 1.520, do CC. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019)

O art. 1.521 do CC/02 traz um ROL TAXATIVO de pessoas que não pode casar, em situações que
envolvem a ordem pública.

IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS (casamento nulo) – ART. 1.521 do CC/02 – TAMBÉM CHAMADOS DE


IMPEDIMENTOS DIRIMENTES ABSOLUTOS

Os ascendentes com os descendentes, qualquer que seja o tipo de parentesco.

Os colaterais, até o 3o grau (tio – sobrinho), qualquer que seja o tipo de parentesco – excetuado o exame
pré-nupcial de compatibilidade sanguínea – DL 3.200/41 (casamento avuncular – casamento de tio
com sobrinho que só é possível após exame de compatibilidade sanguínea).

Os afins em linha reta (impedimento decorrente de parentesco por afinidade). Nos termos do art. 1.595
do CC, há parentesco por afinidade entre um cônjuge (ou companheiro) e os parentes do outro
consorte (ou convivente). O impedimento, por razão moral, existe apenas na afinidade em linha reta
até o infinito (sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado, e assim
sucessivamente). Os cunhados podem se casar, depois de terminado o casamento, pois são parentes
afins colaterais. Destaque-se que o CC/2002 inovou ao reconhecer a afinidade em decorrência da
união estável.

No que concerne ao parentesco por afinidade na linha reta descendente, merece destaque a consolidada
valorização social da afetividade, na relação constituída entre padrastos, madrastas e enteados, tema
que ainda será aprofundado. Confirmando tal valorização, a Lei 11.924/2009, de autoria do Deputado
Clodovil Hernandes, passou a admitir que o enteado utilize o sobrenome do padrasto ou madrasta,
introduzindo no art. 57 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1976) o § 8.º.

O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; os ascendentes
e descendentes em casos envolvendo a adoção; o adotado com o filho do adotante (impedimentos
em decorrência do parentesco civil formado pela adoção). Vale a máxima pela qual a adoção imita a
família consanguínea. Sendo assim, até por ausência de previsão legal, o adotado pode se casar com a
irmã do adotante, pois esta seria como se sua tia fosse.

Como visto, não há esse impedimento na família natural se uma junta médica afastar os problemas
congênitos à prole, que aqui não estarão presentes.

As pessoas já casadas (proibição de bigamia). A questão do casamento religioso apenas.

Sobrevivente com quem foi condenado por homicídio ou tentativa contra o falecido cônjuge (crime
doloso e necessidade de trânsito em julgado da sentença penal condenatória).

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CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO – ART. 1.523 – TAMBÉM CHAMADOS DE IMPEDIMENTOS


IMPEDIENTES

O viúvo (a), que tem filhos do falecido (a), enquanto não fizer a partilha dos bens deixados (a questão da
hipoteca legal – art. 1.489, I). Só há causa suspensiva se houver filhos em comum. Além da imposição do
regime da separação obrigatória de bens, essa causa suspensiva gera uma segunda sanção, qual seja a
imposição de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre os bens imóveis dos pais que passarem a outras
núpcias antes de fazerem o inventário do cônjuge falecido (art. 1.489, II, do CC).

A mulher cujo casamento se desfez nos 10 meses subsequentes ao término (turbatio sanguinis). O objetivo
é evitar confusões sobre a paternidade do filho que nascer nesse espaço temporal (turbatio ou confusio
sanguinis).

O (a) divorciado(a), enquanto não fizer a partilha dos bens (STJ 197 e CC 1.581). Essa previsão foi incluída
no CC/2002, uma vez que o divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens, o que
abrange o divórcio extrajudicial (art. 1.581). Anote-se que a lei exige apenas a homologação ou decisão da
partilha e não a sua efetivação em si.

O tutor/curador e seus parentes com o tutelado/curatelado enquanto perdurar a tutela/curatela. A razão


é moral, pois, supostamente, o tutor ou o curador poderia induzir o tutelado ou o curatelado a erro, diante
de uma relação de confiança, o que geraria repercussões patrimoniais.

CASAMENTO PUTATIVO

Trata-se do casamento que embora nulo ou anulável, gera efeitos em relação ao cônjuge que esteja
de boa-fé subjetiva (ignorando os motivos da nulidade ou anulação).

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em
relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

§ 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos
aproveitarão.

§ 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarão.

Hipóteses:

O casamento gera efeitos em relação a estes e aos


BOA-FÉ DE AMBOS OS CÔNJUGES filhos, até o trânsito em julgado da sentença de
nulidade ou anulação.
O casamento somente gera efeitos para este e aos
filhos do casal.
BOA-FÉ DE APENAS UM CÔNJUGE
Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por
culpa de um dos cônjuges, este incorrerá:

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I - na perda de todas as vantagens havidas do


cônjuge inocente;
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe
fez no contrato antenupcial.
MÁ-FÉ DE AMBOS OS CÔNJUGES O casamento somente gera efeitos para os filhos.

#OLHAAJURIS: Para formalização do casamento nuncupativo, é admissível a flexibilização do prazo de 10


dias para as testemunhas comparecerem perante a autoridade judicial
Casamento nuncupativo é uma espécie de casamento realizado quando um dos contraentes está em
iminente risco de vida, não houve a prévia habilitação para o matrimônio e não se conseguiu fazer com que
a autoridade que poderia presidir o casamento estivesse presente. Neste caso, o casamento é realizado
perante 6 testemunhas. O art. 1.541 do CC afirma que, depois que o casamento for realizado, as testemunhas
deverão comparecer perante o juiz, no prazo de 10 dias, para declarar o que aconteceu.
Esse prazo é absoluto ou pode ser flexibilizado? Se as testemunhas comparecerem perante o juiz após esse
prazo mesmo assim será possível reconhecer a validade e eficácia do casamento nuncupativo?
SIM.O prazo de 10 dias para que as testemunhas compareçam à autoridade judicial é uma formalidade do
ato, no entanto, não está relacionado com a sua essência ou substância. Logo, esse prazo não está
relacionado com a existência, validade ou eficácia do ato. Desse modo, esse prazo consiste, em tese, em
formalidade suscetível de flexibilização, especialmente quando constatada a ausência de má-fé.
Assim, não é adequado impedir a formalização do casamento apenas por esse fundamento, sem perquirir,
antes ou conjuntamente, se estão presentes os demais requisitos estabelecidos pelo legislador,
especialmente àqueles que digam respeito à essência do ato. O desrespeito ao prazo deve ser
contextualizado para que possa, eventualmente, ser mitigado. STJ. 3ª Turma.Resp 1978121/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 730).
#PEGAOGANCHO: Sob a égide do CPC/1973, inexiste incompatibilidade lógica entre o acordo efetuado
quanto à pretensão principal de separação conjugal e o prosseguimento do feito quanto às pretensões
conexas
Caso hipotético: Soraya ajuizou ação de separação judicial litigiosa contra Ferdinando pedindo: a) separação;
b) alimentos; c) a regulamentação da guarda dos filhos; d) a condenação do réu cônjuge ao pagamento de
danos morais e materiais. Na audiência de conciliação, as partes celebraram transação na qual houve acordo
quanto à: separação (houve a conversão da separação litigiosa em consensual), guarda dos filhos e alimentos.
O juiz homologou o acordo, mas extinguiu o processo sem resolução do mérito quanto aos pedidos
condenatórios.
O STJ não concordou com a decisão. A circunstância de ter sido celebrado acordo no que tange à separação,
aos alimentos, visitas e guarda da prole comum (resultado da transformação consensual do pedido original
de separação judicial), não impede a apreciação judicial das demais pretensões inicialmente deduzidas, neste
caso, de cunho condenatório. Não existe qualquer incompatibilidade lógica entre o acordo efetuado quanto
à pretensão principal (separação) e o prosseguimento do feito quanto às pretensões conexas.
STJ. 4ª Turma. REsp 1560520/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 15/03/2022 (Info 729).

UNIÃO ESTÁVEL

#SELIGA:
#NOVIDADE: SÚMULA 655. Aplica-se a união estável contraída por septuagenário o regime da separação
obrigatória de bens, comunicando-se os adquiridos na constância, quando comprovado o esforço comum.

REQUISITOS DA UNIÃO ESTÁVEL


PÚBLICA (deve ter fama social, conhecida pela sociedade).
DURADOURA (relação sólida).
INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA (diferencia essa relação amorosa das demais relações

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amorosas, como as de pai e filho, namoro, etc.).


*Elemento mais importante!
AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS (art. 1521).

#NÃOPRECISA DE COABITAÇÃO.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se as relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

O STJ já decidiu (REsp 1.459.597-SC) que é válido, desde que escrito, o pacto de convivência formulado pelo
casal no qual se opta pela adoção da regulação patrimonial da futura relação como símil ao regime de
comunhão universal, ainda que não tenha sido feito por meio de escritura pública. Ou seja, a escritura
pública é dispensável para a validade do contrato de convivência.

#DEOLHONAJURIS: No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes


sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido
no art. 1.829 do Código Civil. STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso e RE 878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864).
O STJ acompanhou o entendimento do Supremo e também decidiu de forma similar: É inconstitucional a
distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos,
o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002. STJ. 3ª Turma. REsp 1332773-MS, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 27/6/2017 (Info 609).
Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade. (art. 231 do CC/2002: aquele que se nega a submeter-se a exame
médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa).
Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.
Súmula 149, STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a ação de petição de
herança.
A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo
de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios. STF. Plenário. RE
898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21 e 22/09/2016 (Info 840).
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as
técnicas de reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição, não configurando violação ao
instituto da adoção unilateral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.608.005-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 14/05/2019 (Info 649).

A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo


1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive
para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro. STF. Plenário. RE 1045273, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 18/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 529) (Info 1003).

REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES #APOSTACICLOS

Comunicam-se todos os bens onerosamente durante o casamento. A lei estabelece


REGIME DA
uma presunção absoluta de que o bem foi adquirido na metade ideal por cada
COMUNHÃO
um dos cônjuges. Não se comunicam os bens adquiridos anteriormente ao

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PARCIAL DE casamento (a título gratuito ou oneroso), os adquiridos gratuitamente durante o


BENS casamento (ex. doações e heranças) e os bens sub-rogados em seu lugar.
#ATENÇÃO: Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão
parcial de bens, não deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que
foram depositados em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância
do casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal
durante a vigência da relação conjugal. STJ. 2ª Seção. REsp 1.399.199-RS, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 9/3/2016 (Info 581).
REGIME DA
Comunicam-se todos os bens, antes ou durante o casamento, a título gratuito ou
COMUNHÃO
oneroso. Obs.: doação e herança são comunicáveis, salvo se houver cláusula de
UNIVERSAL DOS
incomunicabilidade.
BENS
Durante a relação os bens são administrados e adquiridos individualmente pelos
REGIME DE cônjuges (como se estivessem casados pelo regime da separação). Com o fim do
PARTICIPAÇÃO casamento, os bens adquiridos onerosamente durante a relação serão objeto de
FINAL NOS partilha (como se estivessem casados pelo regime da comunhão parcial). Obs.:
AQUESTOS tecnicamente não existe meação nesse regime. É feito um complexo cálculo
contábil que apontará o direito à participação dos cônjuges no patrimônio do
outro.
REGIME DA
É o regime que determina a incomunicabilidade dos bens adquiridos antes e durante
SEPARAÇÃO DE
o casamento.
BENS
É a hipótese em que o regime da separação é imposto por lei
OBS.: O art. 1.641 do CC determina a separação obrigatória de bens para o
casamento em situações específicas.
A doutrina majoritária é no sentido de que a Súmula 377, STF, ainda tem
aplicabilidade. Nesse sentido é também a jurisprudência do STJ (“no regime de
REGIME DE
separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
SEPARAÇÃO
casamento”, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. STJ.
OBRIGATÓRIA
4ª Turma. REsp 1.689.152/SC).
#ATENÇÃO: A partir desse entendimento, conclui-se que só existe um regime de
separação absoluta, qual seja, o regime de separação convencional. Na
separação legal não há separação absoluta, pois a Súmula n. 377 determina a
comunicação dos bens.
É a hipótese em que o regime de separação de bens é escolhido livremente pelos
SEPARAÇÃO
nubentes. É o único regime em que existe verdadeira separação absoluta de
CONVENCIONAL
bens. Neste caso não se aplica a Súmula 377, STF.

#PEGAAJURIS:
O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em detrimento da partilha de bens do casal
gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a ex-cônjuge. REsp 1.969.648-DF, Rel. Min. Moura
Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/10/2022, DJe 21/10/2022.
A atribuição dinâmica do ônus probatório acerca da realização de acessões/benfeitorias em imóvel de
propriedade do cônjuge varão, objeto de eventual partilha em ação de divórcio, pode afastar a presunção do
art. 1.253 do CC
Situação adaptada: João e Regina casaram-se, pelo regime da comunhão parcial de bens, em 4/10/1997. O
casal se separou em 21/5/2002. Em 01/02/2003, João comprou uma chácara. Em 02/10/2003, o casal
restabeleceu a união conjugal. Em 25/3/2014, Regina ajuizou novamente ação de divórcio litigioso contra
João. Na ação, Regina pediu a partilha das acessões e benfeitorias feitas na chácara alegando que elas foram

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realizadas durante o casamento, com esforço comum. João contra-argumentou afirmando que tais acessões
e benfeitorias não foram realizadas durante o casamento.
Em regra, de quem seria o ônus de provar que a data das acessões e benfeitorias: de Regina ou de João? O
ônus seria de Regina, com base no art. 373, I, do CPC.
João goza de uma presunção legal em seu favor. Trata-se da presunção relativa prevista no art. 1.253 do CC:
“Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa,
até que se prove o contrário.”
Diante desse cenário, o magistrado entendeu que seria o caso de inverter o ônus da prova e determinar que
João prove a data da realização das acessões e benfeitorias já que, por ele ser o proprietário e possuidor do
imóvel, teria melhores condições de comprovar que não foram edificadas na constância do casamento. Essa
inversão é possível com base no art. 373, § 1º, do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1888242/PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022 (Info 731).
Os valores depositados em planos de previdência complementar aberta equiparam-se a investimentos
financeiros como outro qualquer.
Deste modo, rompida a sociedade conjugal, tais valores devem ser partilhados conforme o regime de bens.
Por outro lado, as contribuições feitas para plano de previdência fechado, em percentual do salário do
empregado, aportadas pelo beneficiário e pelo patrocinador, conforme definido pelo estatuto da entidade,
não integram o patrimônio sujeito à comunhão de bens a ser partilhado quando da extinção do vínculo
conjugal.
STJ. 4ª Turma. REsp 1545217-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 07/12/2021 (Info 723).
Os valores depositados em planos de previdência privada durante a vida em comum do casal, integram o
patrimônio comum e devem ser partilhados?
• se for um plano ABERTO: SIM.
• se for um plano FECHADO: NÃO.
No casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação obrigatória de bens, é possível que os
nubentes/companheiros, em exercício da autonomia privada, estipulando o que melhor lhes aprouver em
relação aos bens futuros, pactuem cláusula mais protetiva ao regime legal, com o afastamento da Súmula
377 do STF, impedindo a comunhão dos aquestos.
A mens legis do art. 1.641, II, do Código Civil é conferir proteção ao patrimônio do idoso que está se casando
e aos interesses de sua prole, impedindo a comunicação dos aquestos. Por uma interpretação teleológica da
norma, é possível que o pacto antenupcial venha a estabelecer cláusula ainda mais protetiva aos bens do
nubente septuagenário, preservando o espírito do Código Civil de impedir a comunhão dos bens do ancião.
Súmula 377-STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
casamento. STJ. 4ª Turma. REsp 1922347-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 07/12/2021 (Info
723).
#SELIGA: Exemplo hipotético: em 2015, Lúcia adquiriu um aparamento financiado em 60 prestações mensais;
nessa época, Lúcia namorava Henrique. Lúcia arcou, de forma autônoma e independente, com os valores
para a aquisição do imóvel, sem qualquer ajuda financeira por parte de Henrique. Em 2018, Lúcia e Henrique
se casaram, sob o regime da comunhão parcial de bens. Em 2020, Lúcia terminou de pagar o financiamento
do apartamento. Em 2021, Lúcia e Henrique se divorciaram.
A mulher arcou de forma autônoma e independente com os valores para a aquisição do bem, motivo pelo
qual o pagamento de financiamento remanescente não repercute em posterior partilha por ocasião do
divórcio, sendo considerado montante estranho à comunhão de bens.
O ex-cônjuge não faz jus a nenhum benefício patrimonial decorrente do negócio jurídico, sob pena de a
circunstância configurar um manifesto enriquecimento sem causa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1841128-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info 719).
O contrato de união estável produz efeitos retroativos?
• Regra: NÃO. A eleição (escolha) do regime de bens da união estável por contrato escrito produz efeitos ex
nunc (para frente), sendo inválidas cláusulas que estabeleçam a retroatividade dos efeitos.

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• Exceção: é possível cláusula retroativa sobre o regime de bens, em contrato celebrado entre os conviventes,
desde que haja expressa autorização judicial, nos termos do art. 1.639, § 2º, do CC.
STJ. 4ª Turma. AREsp 1631112-MT, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 26/10/2021 (Info 715).
A cessação da incapacidade civil de um dos cônjuges, que impunha a adoção do regime da separação
obrigatória de bens sob a égide do Código Civil de 1916, autoriza a modificação do regime de bens do
casamento
Caso concreto: cônjuges casaram-se em 1990 e, como a nubente era menor de 16 anos, o regime de bens do
casamento foi o da separação obrigatória, conforme previa o CC/1916. Muitos anos depois, já sob a égide do
CC/2002, os cônjuges pediram a mudança do regime de bens sob o argumento de que a incapacidade civil já
cessou e não havia mais motivo para se manter esse regime de separação obrigatória.
O STJ afirmou que a alteração deve ser deferida. Isso porque não se deve “exigir dos cônjuges justificativas
exageradas ou provas concretas do prejuízo na manutenção do regime de bens originário, sob pena de se
esquadrinhar indevidamente a própria intimidade e a vida privada dos consortes.
Assim, se o juiz não identifica nenhum elemento concreto que indique que a mudança acarretará danos a
algum dos consortes ou a terceiros, há de ser respeitada a vontade dos cônjuges, sob pena de violação de
sua intimidade e vida privada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1947749-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709).
No pedido de alteração do regime de bens, não se deve exigir dos cônjuges justificativas ou provas
exageradas, sobretudo diante do fato de que a decisão que concede a modificação do regime de bens opera
efeitos ex nunc.
A fraude e má-fé não podem ser presumidas. Ao contrário, existe uma presunção de boa-fé que beneficia os
consortes.
No caso concreto, os autores já haviam juntado certidões negativas e apresentaram justificativa plausível
para a mudança (a esposa assumiu a gestão do patrimônio de seus pais, atividade que seria facilitada pelo
regime da separação de bens). Logo, não fazia sentido exigir a relação pormenorizada do acervo patrimonial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1904498-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
Ex-marido que mora com a filha no imóvel comum não é obrigado a pagar aluguéis à ex-mulher

Caso hipotético: Lucas e Virgínia foram casados e tiveram uma filha, atualmente com 10 anos de idade.
Durante a vida em comum, o casal, com esforço comum, comprou um apartamento, onde a família morava.
Eles decidiram se divorciar e foi decretada a partilha do imóvel, na proporção de 50% para cada um. A mulher
foi viver na casa de seu novo companheiro e Lucas ficou morando no apartamento com a filha. Virgínia
ajuizou, então, ação contra Lucas alegando que, enquanto não fosse vendido o apartamento, ele deveria lhe
pagar valor equivalente a 50% do aluguel. A autora argumentou que o imóvel é bem indivisível e que ela
detém 50% para cada um. A mulher foi viver na casa de seu novo companheiro e Lucas ficou morando no
apartamento com a filha. Virgínia ajuizou, então, ação contra Lucas alegando que, enquanto não fosse
vendido o apartamento, ele deveria lhe pagar valor equivalente a 50% do aluguel. A autora argumentou que
o imóvel é bem indivisível e que ela detém 50% da propriedade. Logo, caracterizaria enriquecimento ilícito o
fato de ele estar sendo utilizado exclusivamente pelo réu. Lucas defendeu-se alegando que o imóvel é
utilizado para a moradia da filha comum. Argumentou, ainda, que ele sustenta a filha sozinho e, portanto,
não haveria razão para pagar ainda aluguel. Em regra, o uso exclusivo do imóvel comum por um dos ex-
cônjuges — após a separação ou o
divórcio e ainda que não tenha sido formalizada a partilha — autoriza que aquele privado da fruição do bem
reivindique, a título de indenização, a parcela proporcional a sua quota-parte sobre a renda de um aluguel
presumido. No entanto, no caso concreto, isso não é devido. Não é obrigatório o arbitramento de aluguel ao
ex-cônjuge que reside, após o divórcio, em imóvel de propriedade comum do ex-casal com a filha menor de
ambos. O fato de o imóvel estar sendo utilizado para a moradia da filha em comum do casal significa que, de
algum modo, tanto o homem como a mulher estão usufruindo do bem. Isso porque o sustento da menor
(incluindo a moradia) é um dever de ambos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1699013-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/05/2021 (Info 695).

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O direito real de habitação tem caráter gratuito, razão pela qual os herdeiros não podem exigir remuneração
do(a) companheiro(a) ou cônjuge sobrevivente pelo fato de estar usando o imóvel.
Seria um contrassenso dizer que a pessoa tem direito de permanecer no imóvel em que residia antes do
falecimento do seu companheiro ou cônjuge, e, ao mesmo tempo, exigir dela o pagamento de uma
contrapartida (uma espécie de “aluguel”) pelo uso exclusivo do bem.
STJ. 3ª Turma. REsp 1846167-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/02/2021 (Info 685).

RELAÇÕES DE PARENTESCO #APOSTACICLOS

- Parentesco na linha reta: é aquele existente entre ascendentes e descendentes (art. 1.591).
- Parentesco na linha colateral ou transversal: existente entre pessoas provenientes do mesmo tronco
que não são ascendentes e descendentes (art. 1.592). Está limitado ao quarto grau.
- Parentesco por afinidade: entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou
companheiro. O CC/2002 admite parentesco por afinidade em união estável. Na linha reta o
parentesco por afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou união estável.
- Parentesco civil: é aquele que possui “outra origem”, conforme art. 1.593 do CC.

Art. 1.593, do CC. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.

PARENTESCO CIVIL:
ADOÇÃO
SOCIOAFETIVIDADE
REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA

#SELIGA:
#IMPORTANTE:
Inexiste qualquer vedação legal ao reconhecimento da fraternidade/irmandade socioafetiva, ainda que post
mortem, pois a declaração da existência de relação de parentesco de segundo grau na linha colateral é
admissível no ordenamento jurídico pátrio, merecendo a apreciação do Poder Judiciário.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por maioria, julgado em 04/10/2022.
O pedido de nova adoção formulado pela mãe biológica, em relação à filha adotada por outrem,
anteriormente, na infância, não se afigura juridicamente impossível. Processo sob segredo de justiça, Rel.
Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022, DJe 24/10/2022.
A declaração posta em contrato padrão de prestação de serviços de reprodução humana é instrumento
absolutamente inadequado para legitimar a implantação post mortem de embriões excedentários, cuja
autorização, expressa e específica, deve ser efetivada por testamento ou por documento análogo. STJ. 4ª
Turma. REsp 1918421-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/06/2021
(Info 706).
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as
técnicas de reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição.
A reprodução assistida e a paternidade socioafetiva constituem nova base fática para incidência do preceito
“ou outra origem” do art. 1.593 do Código Civil.
Os conceitos legais de parentesco e filiação exigem uma nova interpretação, atualizada à nova dinâmica
social, para atendimento do princípio fundamental de preservação do melhor interesse da criança.
Vale ressaltar que não se trata de adoção, pois não se pretende o desligamento do vínculo com o pai
biológico, que reconheceu a paternidade no registro civil de nascimento da criança.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.608.005-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/05/2019 (Info 649).

No mesmo sentido é o Enunciado 111 da I Jornada de Direito Civil: A adoção e a reprodução assistida
heteróloga atribuem a condição de filho ao adotado e à criança resultante de técnica conceptiva heteróloga;

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porém, enquanto na adoção haverá o desligamento dos vínculos entre o adotado e seus parentes
consanguíneos, na reprodução assistida heteróloga sequer será estabelecido o vínculo de parentesco entre
a criança e o doador do material fecundante.
Irmãos unilaterais possuem legitimidade ativa e interesse processual para propor ação declaratória de
reconhecimento de parentesco natural com irmã pré-morta, ainda que a relação paterno-filial com o pai
comum, também pré-morto, não tenha sido reconhecida em vida
Exemplo hipotético: Pedro e Paulo são irmãos. Eles são filhos de João e Regina. João já faleceu há alguns
anos. Determinado dia, Regina estava assistindo televisão com Pedro e Paulo e viu uma reportagem
noticiando a morte de uma mulher chamada Laís. Regina, então, contou que Laís era filha de João, apesar de
ele não a ter registrado. Desse modo, Regina afirmou que Pedro e Paulo seriam irmãos unilaterais de Laís.
Vale ressaltar que Laís nunca ajuizou qualquer ação contra João pedindo o reconhecimento de sua condição
de filha. Diante disso, Pedro e Paulo ajuizaram ação declaratória de reconhecimento de parentesco natural
em face de Laís (irmã pré-morta), a fim de que fosse declarada a relação de irmandade biológica entre eles e
Laís. A ação foi proposta contra o espólio de Laís.
STJ. 3ª Turma. REsp 1892941-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/06/2021 (Info 699).
A possibilidade de cumulação da paternidade socioafetiva com a biológica contempla especialmente o
princípio constitucional da igualdade dos filhos (art. 227, § 6º, da CF).
Não se deve admitir que na certidão de nascimento conste o termo "pai socioafetivo", bem como não é
possível afastar a possibilidade de efeitos patrimoniais e sucessórios quando reconhecida a
multiparentalidade. Caso contrário, estar-se-ia reconhecendo a possibilidade de uma posição filial inferior
em relação aos demais descendentes do genitor socioafetivo, violando o disposto nos arts. 1.596 do CC/2002
e 20 da Lei n. 8.069/1990.
Portanto, reconhece-se a equivalência de tratamento e dos efeitos jurídicos entre as paternidades biológica
e socioafetiva na hipótese de multiparentalidade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1487596/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 28/09/2021.
Na multiparentalidade deve ser reconhecida a equivalência de tratamento e de efeitos jurídicos entre as
paternidades biológica e socioafetiva.
STJ. 4ª Turma.REsp 1487596-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 28/09/2021 (Info 712).
A anulação de ato registral, com base na divergência entre a paternidade biológica e a declarada no registro
de nascimento, apenas será possível se preenchidos os seguintes requisitos: a) Existência de prova robusta
de que o pai foi induzido a erro ou coagido a efetuar o registro: o registro de nascimento tem valor absoluto,
de modo que não se pode negar a paternidade, salvo se existentes provas de erro ou falsidade. b) Inexistência
de relação socioafetiva entre pai e filho registrado: para que a ação negatória de paternidade seja julgada
procedente, não basta apenas que o DNA prove que o “pai registral” não é o “pai biológico”. É necessário
também que fique provado que o “pai registral” nunca foi um “pai socioafetivo”, ou seja, que nunca foi
construída uma relação socioafetiva entre pai e filho. A mera comprovação da inexistência de paternidade
biológica através do exame do DNA não é suficiente para desconstituir a relação socioafetiva criada entre os
indivíduos. A filiação deve ser entendida como elemento fundamental da identidade do ser humano, da
própria dignidade humana. O nosso ordenamento jurídico acolheu a filiação socioafetiva como verdadeira
cláusula geral de tutela da personalidade humana. STJ. 3ª Turma. REsp 1829093-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 01/06/2021 (Info 699).
A anulação de ato registral, com base na divergência entre a paternidade biológica e a declarada no registro
de nascimento, apenas será possível se preenchidos os seguintes requisitos:
a) Existência de prova robusta de que o pai foi induzido a erro ou coagido a efetuar o registro: o registro de
nascimento tem valor absoluto, de modo que não se pode negar a paternidade, salvo se existentes provas
de erro ou falsidade.
b) Inexistência de relação socioafetiva entre pai e filho registrado: para que a ação negatória de paternidade
seja julgada procedente, não basta apenas que o DNA prove que o “pai registral” não é o “pai biológico”. É
necessário também que fique provado que o “pai registral” nunca foi um “pai socioafetivo”, ou seja, que
nunca foi construída uma relação socioafetiva entre pai e filho.

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A mera comprovação da inexistência de paternidade biológica através do exame do DNA não é suficiente
para desconstituir a relação socioafetiva criada entre os indivíduos.
A filiação deve ser entendida como elemento fundamental da identidade do ser humano, da própria
dignidade humana. O nosso ordenamento jurídico acolheu a filiação socioafetiva como verdadeira cláusula
geral de tutela da personalidade humana.
STJ. 3ª Turma. REsp 1829093-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/06/2021 (Info 699).
O exame de paternidade negativo não é suficiente, por si só, para desconstituir a paternidade socioafetiva
que, para além da paternidade biológica, ficou caracterizada pelas demonstrações afetivas conferidas em
vida pelo falecido ao menor, sem prejuízo do reconhecimento do pai biológico, em respeito ao instituto da
multiparentalidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.867.308/MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/05/2022

Ações judiciais baseadas na filiação:


• Ação reivindicatória de filho: proposta por terceiro para pleitear vínculo parental. Art. 1.604 do CC:
“ninguém pode vindicar estado contrário ao registro, salvo prova de erro ou falsidade”.

#OLHAAJURIS: RECURSO ESPECIAL. CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE REGISTRO CIVIL (CC/2002, ART.
1.604). FALSIDADE IDEOLÓGICA. FILHOS DO AUTOR FALECIDO. LEGITIMIDADE ATIVA. INTERESSADOS.
RECURSO PROVIDO.1. A anulação do registro de nascimento ajuizada com fulcro no art. 1.604 do Código Civil
de 2002, em virtude de falsidade ideológica, pode ser pleiteada por todos que tenham interesse em tornar
nula a falsa declaração.2. Recurso especial provido. (REsp n. 1.238.393/SP, relator Ministro Raul Araújo,
Quarta Turma, julgado em 2/9/2014, DJe de 18/9/2014.)

• Ação negatória de paternidade. O art. 1601 do CC prevê que esta ação é imprescritível. Trata-se de
ação que possui caráter personalíssimo.
• Ação investigatória de paternidade ou maternidade: legitimidade ativa para a ação é personalíssima
do filho (se menor, deverá estar representado ou assistido). A legitimidade passiva é, em regra, do suposto
pai ou suposta mãe; mas também pode ser proposta contra os herdeiros do(a) falecido(a) pai/mãe, ou até
mesmo contra os avós (ação avoenga).

Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade. (art. 231 do CC/2002: aquele que se nega a submeter-se a exame
médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa).
Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.

SELIGANOVIDADE:
A Lei Nº 14.138, DE 16 DE ABRIL DE 2021 acrescenta o § 2º ao art. 2º-A da Lei nº 8.560, de 29 de dezembro
de 1992, para permitir, em sede de ação de investigação de paternidade, a realização do exame de
pareamento do código genético (DNA) em parentes do suposto pai, nos casos em que especifica.
§ 2º Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu paradeiro, o juiz determinará, a expensas
do autor da ação, a realização do exame de pareamento do código genético (DNA) em parentes
consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos mais distantes, importando a recusa em presunção
da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.

#IMPORTANTE
Súmula 277, do STJ - Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.

A lei nº 13.715/2018, que ampliou as hipóteses de perda do poder familiar decorrente da prática de crimes:

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Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que:
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (Ex: pai da criança/adolescente,
pratica
crime contra a mãe do seu filho)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime
doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime
doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.

#IMPORTANTE:
É legal a ordem judicial de exumação de restos mortais do de cujus, a fim de subsidiar exame de DNA para
averiguação de vínculo de paternidade, diante de tentativas frustradas de realizar-se o exame em parentes
vivos do investigado, bem como de completa impossibilidade de elucidação dos fatos por intermédio de
outros meios de prova. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022.

Súmula 149, STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a ação de petição de
herança.

A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo
de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios. Ex: Lucas foi
registrado e criado como filho por João; vários anos depois, Lucas descobre que seu pai biológico é Pedro;
Lucas poderá buscar o reconhecimento da paternidade biológica de Pedro sem que tenha que perder a
filiação socioafetiva que construiu com João; ele terá dois pais; será um caso de pluriparentalidade; o filho
terá direitos decorrentes de ambos os vínculos, inclusive no campo sucessório. STF. Plenário. RE 898060/SC,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21 e 22/09/2016 (Info 840).

- Família Multiespécie
Segundo Maria Berenice Dias, família multiespécie é aquela constituída pelos donos e seus animais de
estimação, membros não humanos. É cada vez mais comum a existência de decisões judiciais que, após o fim
da convivência entre os tutores do animal, fixam guarda compartilhada, inclusive com a fixação de alimentos.
Nesse sentido, destaca-se o enunciado nº 11 do IBDFAM: "na ação destinada a dissolver o casamento ou
união estável, pode o juiz disciplinar a custódia do animal de estimação do casal."

#SELIGANAJURIS:
Na dissolução de entidade familiar, é possível o reconhecimento do direito de visita a animal de estimação
adquirido na constância da união, demonstrada a relação de afeto com o animal. Na dissolução da entidade
familiar em que haja algum conflito em relação ao animal de estimação, independentemente da qualificação
jurídica a ser adotada, a resolução deverá buscar atender, sempre a depender do caso em concreto, aos fins
sociais, atentando para a própria evolução da sociedade, com a proteção do ser humano e do seu vínculo
afetivo com o animal. STJ. 4ª Turma. REsp 1713167-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/06/2018
(Info 634)
É intransmissível ao cônjuge sobrevivente a pretensão de ver declarada a existência de relação avoenga com
o de cujus.
A impossibilidade do julgamento do pedido declaratório de relação avoenga não acarreta, necessariamente,
a impossibilidade do julgamento do pedido de petição de herança.

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STJ. 3ª Turma. REsp 1868188-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 28/09/2021 (Info 713).

GUARDA

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua
(art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres
do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído
pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 2 o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com
a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. (Redação dada pela
Lei nº 13.058, de 2014)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor
atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 4 o (VETADO) . (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e,
para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações
e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente
afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014).
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de
divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo
necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 1 o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a
sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento
de suas cláusulas. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 2 o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os
genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores
declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 3 o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada,
o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional
ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a
mãe. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 4 o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda unilateral ou
compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. (Redação dada pela
Lei nº 13.058, de 2014)
§ 5 o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a
pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de
parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
§ 6 o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores
sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por
dia pelo não atendimento da solicitação. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em sede de medida cautelar de guarda ou
em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo que provisória, será
proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as partes perante o juiz, salvo se a proteção aos

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interesses dos filhos exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se as disposições do
art. 1.584. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira
diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais.
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-á o disposto nos arts.
1.584 e 1.586.
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe
poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados convenientemente.
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua
companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua
manutenção e educação.
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os
interesses da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de 2011)
Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores estendem-se aos
maiores incapazes.
#SELIGANAJURIS: A deliberação judicial acerca da regulamentação da guarda dos filhos, no bojo de uma ação
de divórcio - passível, naturalmente, de questionamentos e irresignações por parte de um dos genitores, ou
de ambos, a serem veiculados pela via recursal adequada -, não importa, por si, em cerceamento do direito
de locomoção da criança, sobretudo porque, de acordo com o regime de convivência e de visitas,
especificamente estabelecido pelo Juízo para a família, a criança não estará privada da companhia do outro
genitor com quem não resida.
STJ. 3ª Turma. HC 636744/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/06/2021.

#SELIGANAJURIS: A guarda compartilhada é a modalidade de guarda mais adequada para preservar os


interesses do menor, quando ambos os genitores estiverem aptos.
A lei 13.058/2014, que alterou o §2º do art. 1.584 do CC, esclareceu que a guarda compartilhada não é apenas
prioritária ou preferencial, mas sim obrigatória, só sendo afastada quando:
a) um genitor declarar que não deseja a guarda; ou
b) um genitor não estiver apto ao exercício do poder familiar.
A residência do genitor em outra cidade, outro Estado ou outro país, não se enquadra entre as exceções para
a não fixação da guarda compartilhada.
Tanto isso é verdade que o Código Civil, no art. 1.583, §3º, estabelece um critério para a definição da cidade
que deverá ser considerada como base da moradia dos filhos na guarda compartilhada, qual seja, a que
melhor atender aos interesses da criança ou do adolescente. Portanto, o próprio Código Civil previu a
possibilidade da guarda compartilhada com um dos genitores residindo em cidade distinta.
Com o avanço tecnológico, passa a ser plenamente possível que os genitores compartilhem as
responsabilidades referentes aos filhos, mesmo que à distância.
Desse modo, o fato de os genitores possuírem domicílio em cidades diversas, por si só, não representa óbice
à fixação de guarda compartilhada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1878041-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/05/2021 (Info 698).

#DEOLHONOGANCHO:
Jurisprudência em teses do STJ (JURIS EM TESES STJ - 04/2019):
7) O abandono afetivo de filho, em regra, não gera dano moral indenizável, podendo, em hipóteses
excepcionais, se comprovada a ocorrência de ilícito civil que ultrapasse o mero dissabor, ser reconhecida a
existência do dever de indenizar.
8) Não há responsabilidade por dano moral decorrente de abandono afetivo antes do reconhecimento da
paternidade. O dever de cuidado compreende o dever de sustento, guarda e educação dos filhos. Não há
dever jurídico de cuidar afetuosamente, de modo que o abandono afetivo, se cumpridos os deveres de
sustento, guarda e educação da prole, ou de prover as necessidades de filhos maiores e pais, em situação de

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vulnerabilidade, não configura dano moral indenizável.


9) O prazo prescricional da pretensão reparatória de abandono afetivo começa a fluir a partir da maioridade
do autor.

#MAISUMGANCHO: A representação legal do filho menor é uma das vertentes do poder familiar e deverá
ser exercida, em regra, pelos pais, conforme prevê o art. 1.634, VII, do Código Civil.
Assim, somente em algumas hipóteses é que o menor poderá deixar de ser representado pelos seus pais.
O fato de ter sido concedida a guarda do menor para uma outra pessoa que não compõe o núcleo familiar
não significa que tenha havido a destituição automática do poder familiar.
Logo, mesmo em tais casos, a competência para representar este menor em juízo é do pai ou da mãe (e não
da guardiã).
STJ. 3ª Turma. REsp 1761274-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

ALIMENTOS

Alimentos são as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais


daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. Os fundamentos são os
CONCEITO
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da solidariedade
familiar.
Necessidade (de quem pede) + possibilidade (de quem paga) + proporcionalidade
PRESSUPOSTOS
(doutrina moderna)
a) Direito personalíssimo
b) Reciprocidade
c) Irrenunciabilidade
d) Obrigação divisível ou solidária
CARACTERÍSTICAS e) Obrigação imprescritível
f) Obrigação incessível e inalienável
g) Obrigação incompensável
h) Obrigação impenhorável
i) Transmissível
I. Quanto às fontes:
(a) Alimentos legais ou familiares ➔ são os alimentos decorrentes de lei,
fundamentados no Direito de Família.
(b) Alimentos convencionais ➔ são aqueles fixados por força de contrato,
testamento ou legado, ou seja, que decorrem da autonomia privada do
instituidor.
(c) Alimentos indenizatórios, ressarcitórios ou indenitários ➔ são aqueles
fundamentados na responsabilidade civil (art. 948, II).
II. Quanto à extensão:
PRINCIPAIS
(a) Alimentos civis ou côngruos ➔ visam à manutenção do status quo antes.
CLASSIFICAÇÕES
(b) Alimentos indispensáveis, naturais ou necessários ➔ visam somente ao
indispensável à sobrevivência da pessoa.
III. Quanto ao tempo:
(a) Alimentos pretéritos ➔ são aqueles que ficaram no passado e que não podem
mais ser cobrados, via de regra, eis que o princípio que rege os alimentos é o da
atualidade (ex. prescritos).
(b) Alimentos presentes ➔ são aqueles que estão sendo exigidos no momento, e
que pela atualidade da obrigação alimentar podem ser cobrados mediante
ação específica.

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(c) Alimentos futuros ➔ são os alimentos pendentes, como aqueles que vão
vencendo no curso da ação e que podem ser cobrados quando chegar o
momento próprio, mais uma vez diante da atualidade da obrigação alimentar.
IV. Quanto à forma de pagamento:
(a) Alimentos próprios ou in natura ➔ são aqueles pagos em espécie, ou seja, por
meio do fornecimento de alimentação, sustento e hospedagem, sem prejuízo
do dever de prestar o necessário para a educação dos menores (art. 1701,
caput).
(b) Alimentos impróprios ➔ são aqueles pagos mediante pensão. Cabe ao juiz da
causa, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, fixar qual a melhor
forma de cumprimento da prestação (art. 1.701, parágrafo único, do CC).
V. Quanto à finalidade:
(a) Alimentos definitivos ou regulares ➔ são aqueles fixados definitivamente, por
meio de acordo de vontades ou de sentença judicial já transitada em julgado.
Embora sejam chamados de definitivos, o CC permite a revisão.
(b) Alimentos provisórios ➔ são aqueles fixados de imediato na ação de
alimentos que segue o rito especial previsto na Lei 5.478/1968 (Lei de
Alimentos). Em outras palavras, estão fundados na obrigação alimentar e, por
isso, exigem prova pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou
do casamento (certidão de casamento). São frutos da cognição sumária do juiz
antes mesmo de ouvir o réu da demanda.
(c) Alimentos provisionais ➔ são aqueles fixados em outras ações que não
seguem o rito especial mencionado, visando manter a parte que os pleiteia no
curso da lide, por isso a sua denominação ad litem. São fixados por meio de
antecipação de tutela ou em liminar concedida em medida cautelar de
separação de corpos em ações em que não há a mencionada prova pré-
constituída, caso da ação de investigação de paternidade ou da ação de
reconhecimento e dissolução da união estável (art. 1706).
(d) Alimentos transitórios ➔ como visto, reconhecidos pela mais recente
jurisprudência do STJ, são aqueles fixados por determinado período de tempo,
a favor de ex-cônjuge ou ex-companheiro, fixando-se previamente o seu termo
final.

#PEGAOGANCHO: Alimento do Idoso: A obrigação de sustentar e amparar o idoso não é uma questão
privada, familiar, mas se trata de uma questão social. O idoso pode exigir alimentos dos seus parentes, sejam
eles quem for. O direito de opção do familiar a lhe prestar alimentos atende aos interesses sociais de amparo
à velhice. Tanto é assim que se os parentes do idoso não tiverem possibilidade de lhe prestar alimentos, o
art. 14 da Lei 10.741 estabelece que o Estado, através da sua assistência social irá pagar alimentos ao idoso,
mas essa obrigação é subsidiária. O Estatuto do Idoso criou uma figura que, até então, o CPC não conhecia.
O art. 13 prevê um acordo de alimentos celebrado entre o idoso e seus parentes. Se esse acordo for assinado
por Defensor Público ou por Promotor de Justiça, esse documento, promovido fora do Poder Judiciário, será
um título executivo extrajudicial, não precisando de homologação para tanto.

A prerrogativa de ser recolhido em sala de estado-maior não pode incidir na prisão civil do advogado devedor
de alimentos, desde que lhe seja garantido um local apropriado, separado de presos comuns. Processo sob
segredo judicial, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 26/10/2022.

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se
configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.

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Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de
criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor
se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de
quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. STJ.
2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.
Súmula 621-STJ: Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento
retroagem à data da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à
decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.

#SELIGA:#PRESTAÇÃODECONTASEMALIMENTOS:
O alimentante pode propor ação de exigir contas contra a guardiã do menor/alimentado para obtenção de
informações acerca da destinação da pensão paga mensalmente?
4ª Turma do STJ: SIM
O genitor pode propor ação de prestação de contas em face do outro genitor relativamente aos valores
decorrentes de pensão alimentícia.
O Código Civil prevê que, após cessar a coabitação dos genitores pela dissolução da sociedade conjugal, os
pais continuam com o dever de sustentar os filhos.
O pai ou a mãe que não ficar na companhia dos filhos cumprirá esse dever por meio da prestação de
alimentos (art. 1.703).
Por outro lado, o pai ou a mãe que não ficar com a guarda do filho tem o direito-dever de fiscalizar a
manutenção e a educação de sua prole (art. 1.589).
O poder-dever fiscalizatório do genitor que não detém a guarda com exclusividade tem por objetivo evitar
que ocorram abusos e desvios de finalidade no que tange à administração da pensão alimentícia. Para isso,
esse genitor poderá verificar se as despesas e gastos estão sendo realizados para manutenção e educação da
prole.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.911.030-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 01/06/2021 (Info 699).

3ª Turma do STJ: NÃO


O alimentante não possui interesse processual em exigir contas da detentora da guarda do alimentando.
A ação de prestação de contas tem a finalidade de declarar a existência de um crédito ou débito entre as
partes.
Nas obrigações alimentares, não há saldo a ser apurado em favor do alimentante, porquanto, cumprida a
obrigação, não há repetição de valores.
A ação de prestação de contas proposta pelo alimentante é via inadequada para fiscalização do uso de
recursos transmitidos ao alimentando por não gerar crédito em seu favor e não representar utilidade jurídica.
O alimentante não possui interesse processual em exigir contas da detentora da guarda do alimentando
porque, uma vez cumprida a obrigação, a verba não mais compõe o seu patrimônio, remanescendo a
possibilidade de discussão do montante em juízo com ampla instrução probatória.
STJ. 3ª Turma. REsp 1767456-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/11/2021 (Info 720).

É possível, em sede de execução de alimentos, a dedução na pensão alimentícia fixada exclusivamente em


pecúnia das despesas pagas "in natura", com o consentimento do credor, referentes a aluguel, condomínio

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e IPTU do imóvel onde residia o exequente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.501.992-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 20/03/2018 (Info 624).
A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança, pois os
referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual ação revisional em que se solicite
a exoneração, redução ou majoração de seu valor ou até mesmo eventual resultado em ação de investigação
ou negatória de paternidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1629423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
6/6/2017 (Info 606).
Como ficou a prisão civil do devedor de alimentos durante a pandemia da Covid-19? Antes da Lei nº
14.010/2020: • 4ª Turma do STJ e CNJ: entendiam que a prisão civil por dívida alimentar deveria ser cumprida
em prisão domiciliar. • 3ª Turma do STJ: afirmava que, durante a pandemia de Covid-19, deveria ser suspensa
a prisão civil dos devedores (e não assegurar a prisão domiciliar). Depois da Lei nº 14.010/2020: A Lei nº
14.010/2020 adotou a mesma solução jurídica da 4ª Turma do STJ e do CNJ e previu o seguinte: Art. 15. Até
30 de outubro de 2020, a prisão civil por dívida alimentícia, prevista no art. 528, § 3º e seguintes da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), deverá ser cumprida exclusivamente sob a
modalidade domiciliar, sem prejuízo da exigibilidade das respectivas obrigações. Desse modo, o certo é que,
seja antes ou depois da Lei nº 14.010/2020, o devedor de alimentos não poderia permanecer preso no regime
fechado durante a pandemia da Covid-19. STJ. 3ª Turma. HC 569014-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 06/10/2020 (Info 681).
Os alimentos devidos em razão da prática de ato ilícito possuem natureza indenizatória (arts. 948, 950 e
951 do Código Civil) e, portanto, não se aplica o rito excepcional da prisão civil como meio coercitivo para
o adimplemento. Exemplo: João cometeu homicídio contra Pedro e foi condenado a pagar pensão mensal
de 3 salários-mínimos aos filhos da vítima. Caso ele se torne inadimplente, o juiz não poderá decretar prisão
civil como meio coercitivo para o pagamento. STJ. 4ª Turma. HC 523357-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 01/09/2020 (Info 681).
Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a satisfação da dívida alimentar dos
avós, é admissível a conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, a fim de afastar o
decreto prisional em desfavor dos executados. STJ. 3ª Turma.HC 416886-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 12/12/2017 (Info 617)

CURATELA

A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”), por meio do qual
ele assume o compromisso judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de ser maior de idade,
necessita de auxílio para a prática de determinados atos. Por conta disso, o curatelado só poderá
praticar certos atos patrimoniais se for assistido pelo curador.

#TEMQUELERALEI:
CAPÍTULO II
Da Curatela
Seção I
Dos Interditos

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:


I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado) ; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

206
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V - os pródigos.
Art. 1.768. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.769. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.770. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.771. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.772. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.773. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modificações dos artigos
seguintes.
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do
outro, quando interdito.
§1 o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente
que se demonstrar mais apto.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela
compartilhada a mais de uma pessoa. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.776. (Revogado pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter
preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu recolhimento em
estabelecimento que os afaste desse convívio. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado, observado o art.
5 o.
Seção II
Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de Deficiência Física
Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder
familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.
Art. 1.780. (Revogado pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Seção III
Do Exercício da Curatela
Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772
e as desta Seção.
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar,
hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.
Art. 1.783. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não
será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.

CAPÍTULO III
Da Tomada de Decisão Apoiada
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo
menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para
prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
§ 1 o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem
apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores,
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que
devem apoiar. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

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§ 2 o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação
expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.146,
de 2015) (Vigência)
§ 3 o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe
multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe
prestarão apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 4 o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que
esteja inserida nos limites do apoio acordado. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 5 o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores
contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 6 o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de
opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir
sobre a questão. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 7 o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas,
poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 8 o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de
seu interesse, outra pessoa para prestação de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 9 o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em processo de
tomada de decisão apoiada. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão
apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes à prestação de
contas na curatela. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 84. (...), do Estatuto da Pessoa com Deficiência.


§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. (...)
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional
às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. (...)
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à
privacidade,
à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua
definição, preservados os interesses do curatelado.

#DEOLHONAJURIS
Essa ordem de legitimados do art. 747 do CPC/2015 é preferencial? Em outras palavras, para que alguém do
inciso II ajuíze a ação, é necessário que não haja ninguém do inciso I e assim por diante? NÃO. A ordem de
legitimados para o ajuizamento de ação de interdição NÃO é preferencial. A enumeração dos legitimados
pelo CPC é taxativa, mas não é preferencial. Trata-se de legitimação concorrente, não sendo a propositura
da ação prerrogativa de uma única pessoa. Mais de um legitimado pode requerer a curatela, formando-se
um litisconsórcio ativo facultativo. Assim, ambos os pais, ou mesmo mais de um parente, podem propor a
ação, cabendo ao juiz escolher, em momento oportuno, quem vai exercer o encargo. Note-se, ainda, que a
redação do artigo utiliza o verbo "poder", em vez de "dever", evidenciando, portanto, a ideia de mera
faculdade, e não obrigação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.346.013-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 13/10/2015 (Info 571).

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Quando o inciso II do art. 747 do CPC/2015 fala em "parente", abrange também os parentes por afinidade?
SIM.
Qualquer pessoa que se enquadre no conceito de parente do Código Civil é parte legítima para propor ação
de interdição. Assim, a interdição pode ser requerida por quem a lei reconhece como parente: ascendentes
e descendentes de qualquer grau (art. 1.591 do CC) e parentes em linha colateral até o quarto grau (art.
1.592 do CC). Como afinidade gera relação de parentesco (art. 1.595), nada impede que os afins requeiram
a interdição e exerçam a curatela. STJ. 3ª Turma. REsp 1.346.013-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 13/10/2015 (Info 571).

#DEOLHONAJURIS
O juiz poderá dispensar o interrogatório do interditando (atualmente chamado de “entrevista”)
argumentando que este é desnecessário diante das conclusões do laudo médico? NÃO. A ausência de
realização do interrogatório do interditando (atual “entrevista”) acarreta a nulidade do processo de
interdição. O interrogatório (entrevista) do interditando é medida que garante o contraditório e a ampla
defesa de pessoa que se encontra em presumido estado de vulnerabilidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.686.161-
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611).
O laudo médico, previsto no art. 750 do CPC/2015 como necessário à propositura da ação de interdição,
pode ser dispensado na hipótese em que o interditando resiste em se submeter ao exame

Caso concreto: Regina é filha de João e cuida do seu pai idoso e enfermo. Com o objetivo de melhor gerenciar
os atos da vida civil de seu genitor, Regina propôs ação de interdição com pedido de tutela provisória de
curatela. Ocorre que o seu pai se nega a realizar tratamento com especialista. Assim, Regina não conseguiu
juntar o laudo médico necessário para a ação de interdição (art. 750).
O art. 750 do CPC ressalva, expressamente, a possibilidade de o laudo médico ser dispensado na hipótese
em que for impossível colacioná-lo à petição inicial: “O requerente deverá juntar laudo médico para fazer
prova de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo.”
No caso, a justificativa apresentada para a ausência do laudo é plausível. Vale ressaltar que a juntada do
laudo médico na petição inicial não tem a finalidade de substituir a prova pericial que ainda será produzida
em juízo, conforme expressamente prevê o art. 753 do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1933597-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717
O art. 1.783 do CC prevê que se o curador for o cônjuge do curatelado e eles forem casados sob o regime da
comunhão universal, em regra, ele não será obrigado à prestação de contas dos bens administrados durante
a curatela, “salvo determinação judicial” que o obrigue a prestar. O STJ identificou duas situações nas quais
o juiz poderá determinar a prestação de contas. Assim, o magistrado poderá (deverá) decretar a prestação
de contas pelo cônjuge curador, resguardando o interesse prevalente do curatelado e a proteção especial do
interdito quando:
a) houver qualquer indício ou dúvida de malversação dos bens do incapaz, com a periclitação de prejuízo ou
desvio de seu patrimônio, no caso de bens comuns; e
b) se tratar de bens incomunicáveis, excluídos da comunhão, ressalvadas situações excepcionais. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.515.701-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018 (Info 637)
#OLHAJURISFRESCA: É nulo o processo em que não houve a intimação e a intervenção do MP em primeiro
grau de jurisdição, apesar da presença de parte com enfermidade psíquica grave e cujos legitimados para
pedir a interdição possuem conflitos de interesses
Caso adaptado: Maria padece de enfermidade psíquica grave (esquizofrenia). Ela ajuizou ação de obrigação
de fazer contra seu ex-cônjuge Eduardo e seus filhos Jeferson, Daniel e Michele pedindo que os réus fossem
condenados a arcar com os custos de sua internação em um estabelecimento adequado. O Ministério Público
não foi intimado para intervir no processo. A sentença julgou improcedente o pedido. A autora interpôs
apelação. O MP foi intimado para intervir em 2º grau e o TJ/SP manteve a sentença.
Três conclusões importantes:

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1) O art. 178, II, do CPC, ao prever a necessidade de intervenção no processo que envolva interesse de
incapaz, não se refere apenas ao juridicamente incapaz (legal ou judicialmente declarado como tal). Essa
regra abrange, igualmente, o faticamente incapaz. Assim, ainda que a autora não estivesse declarada
formalmente como incapaz, como isso já era alegado na petição inicial, era indispensável a intimação do MP.
2) A ausência de intimação do MP em 1º grau de jurisdição causou prejuízo concreto porque o Parquet
poderá ter promovido pedido para a interdição da autora.
3) Em regra, se houve a intervenção do Ministério Público em 2º grau, essa participação já supre a falta de
intimação do Parquet no 1º grau de jurisdição. No entanto, caso concreto, a intervenção desde o início se
fazia necessária não apenas para a efetiva participação do Parquet na fase instrutória (por exemplo,
requerendo diligências para melhor elucidar a situação econômica dos filhos e a suposta impossibilidade de
prestar auxílio à mãe), mas também para, se necessário, propor a ação de interdição apta a, em tese,
influenciar decisivamente o desfecho desta ação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1969217-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/03/2022 (Info 729).

DIREITO DAS SUCESSÕES

Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários (droit de saisine). Herdeiro legítimo é aquele apontado pela
lei; herdeiro testamentário é aquele nomeado por testamento, legado ou codicilo (art.
1.796 do CC).
Art. 1.787 do CC. A sucessão e a legitimação para suceder serão reguladas pela lei do
REGRAS BÁSICAS tempo da abertura da sucessão.
DA SUCESSÃO Art. 1.788 do CC. Se a pessoa falecer sem testamento, a sua herança será transmitida
aos herdeiros legítimos. O mesmo vale para os casos de ausência de testamento, de
caducidade ou nulidade absoluta do ato de disposição.
Art. 1.789 do CC. Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e
cônjuge), o testador somente poderá dispor de metade da herança. Trata-se da famosa
proteção da legítima, que é a quota dos herdeiros necessários.
A herança defere-se de forma unitária, ainda que haja pluralidade de herdeiros. A
herança, antes da partilha, constitui um bem imóvel por determinação legal, indivisível
ADMINISTRAÇÃO e universal (universalidade jurídica), nos termos do art. 1.791 do CC. A herança é
DA HERANÇA administrada pelo inventariante, que exerce um mandato legal e, na sua falta, pelo
administrador provisório (art. 1.797 do CC).

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A aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade
de receber os bens do falecido, confirmando a transmissão sucessória. Trata-se de um
ato jurídico unilateral, que produz efeitos independentemente da concordância de
terceiros, tendo, portanto, natureza não receptícia.

Três são as formas de aceitação da herança, a saber:

ACEITAÇÃO DA (a) Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de
HERANÇA instrumento público ou particular.
(b) Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de
herdeiro. Como exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem
e começa a administrá-lo e a geri-lo como se fosse seu.
(c) Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado
em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, 20 dias após aberta a
sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para nele se pronunciar
o herdeiro. Isso, sob pena de haver a herança por aceita.
É o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que a não
aceita. Duas são as modalidades de renúncia à herança:

(a) Renúncia abdicativa – o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança,
havendo cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia pura.
RENÚNCIA
Em casos tais, não há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o
renunciante;
(b) Renúncia translativa – quando o herdeiro cede os seus direitos a favor de
determinada pessoa (in favorem). Como há um negócio jurídico de transmissão,
verdadeira doação, incide o Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante.
De acordo com o art. 1.824 que o herdeiro pode, em ação de petição de herança,
demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da
PETIÇÃO DE herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem
HERANÇA título, a possua. Obs.: Não se esqueça que o prazo prescricional contará da abertura da
sucessão, mesmo nos casos em que se fez necessário o ajuizamento de ação de
investigação de paternidade.

ACEITAÇÃO RENÚNCIA
EXPRESSA (ESCRITA), TÁCITA OU PRESUMIDA. EXPRESSA = INSTRUMENTO PÚBLICO OU TERMO
JUDICIAL.
IRREVOGÁVEL IRREVOGÁVEL
- ABDICATIVA OU TRANSLATIVA

RENÚNCIA DA HERANÇA IMPOSTOS


Renúncia abdicativa (devolve ao acervo Nenhum imposto.
hereditário).
Renúncia translativa gratuita (cessão gratuita a ITCMD (causa mortis – porque para ceder você tem
um herdeiro específico). que receber antes) e novo ITCMD (doação).

211
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Renúncia translativa onerosa. ITCMD (causa mortis) e ITIV/ITBI (imóvel).

REGIME EM QUE O CÔNJUGE HERDA EM REGIMES EM QUE O CÔNJUGE NÃO HERDA EM


CONCORRÊNCIA CONCORRÊNCIA
Comunhão parcial, havendo bens particulares do Comunhão parcial, não havendo bens particulares do
falecido e em razão deles. falecido.
Participação final nos aquestos. Comunhão universal.
Separação convencional de bens. Separação obrigatória ou legal de bens.

Como é feita a divisão da herança entre o cônjuge herdeiro e os descendentes do falecido?

Se o cônjuge estiver concorrendo com filhos, netos Se o cônjuge estiver concorrendo com filhos, netos
ou bisnetos do falecido que também sejam seus ou bisnetos do falecido que não sejam seus
descendentes (o cônjuge está concorrendo apenas descendentes (o cônjuge está concorrendo com
com herdeiros comuns) herdeiros comuns e com herdeiros exclusivos do
falecido)

Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão igual Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão igual ao
ao que for recebido pelos herdeiros que sucederem que for recebido pelos herdeiros que sucederem por
por cabeça. cabeça.
Mesmo que sejam muitos herdeiros para dividir, o Não existe essa previsão de que o cônjuge deverá
cônjuge não poderá receber menos que 1/4 da receber, no mínimo, 1/4 da herança.
herança.
Ex1: João faleceu e deixou Maria (cônjuge) e dois Ex1: Rui faleceu e deixou Laura (cônjuge) e dois filhos
filhos. Significa que Maria e cada um dos filhos terá fruto de outro casamento. Significa que Laura e cada
direito a 1/3 da herança. um dos seus enteados terá direito a 1/3 da herança.

Ex2: Pedro faleceu e deixou como herdeiros Rosa Ex2: José faleceu e deixou como herdeiros Paula
(cônjuge) e 5 filhos. Rosa receberá 1/4 da herança e (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos também de Paula
os outros 3/4 serão divididos entre os 5 filhos. e 2 de um outro casamento anterior de José. Paula e
cada um dos demais herdeiros receberá 1/6 da
herança.
Trata-se daquilo que Giselda Hironaka chama de
“concorrência sucessória híbrida”.

#DEOLHONAJURIS
A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, não se aplica à hipótese de
concorrência sucessória híbrida.
Concorrência sucessória híbrida ocorre quando o cônjuge/companheiro estiver concorrendo com
descendentes comuns e com descendentes exclusivos do falecido. Ex: José faleceu e deixou como herdeiros
Paula (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos também de Paula e 2 de um outro casamento anterior de José. Paula
e cada um dos demais herdeiros receberá 1/6 da herança.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao
dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que concorrer.

212
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Assim, essa reserva de um quarto da herança, prevista no art. 1.832 do CC, não se aplica em caso de
concorrência sucessória híbrida. A reserva de, no mínimo, 1/4 da herança em favor do consorte do falecido
ocorrerá apenas quando concorra com seus próprios descendentes (e eles superem o número de 3).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.650-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/06/2019 (Info 651).

Quando a pessoa morre, seu cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade
dos bens do falecido já pertencem obrigatoriamente ao cônjuge supérstite. A
COMUNHÃO UNIVERSAL outra metade é que será a herança. Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o
cônjuge já vai ter direito à metade dos bens pelo fato de ser meeiro, não é justo
que ele também tenha parte da outra metade em prejuízo dos descendentes;
vamos excluir o cônjuge da herança para que ela fique toda para os
descendentes”.
Em regra, o cônjuge não terá direito à herança porque já terá direito à meação
(metade dos bens). Pessoal, o cônjuge só terá direito à herança quanto aos
bens que o falecido deixar referente às suas coisas particulares. Isso porque os
COMUNHÃO PARCIAL bens particulares do falecido não integram o conceito de “meação”. Logo, tais
bens serão herdados tanto pelo cônjuge como pelos descendentes (eles
dividirão/concorrerão). Contudo, se o falecido não deixou bens particulares,
não há razão para o cônjuge sobrevivente ser herdeiro, pois já tem a meação
sobre o total dos bens em comum do casal deixados pelo inventariado,
cabendo a outra metade somente aos descendentes deste.
REGIME DA Houve uma falha do legislador, que não previu como fica a sucessão do cônjuge
PARTICIPAÇÃO FINAL em caso do regime da participação final nos aquestos. Diante disso, a doutrina
NOS AQUESTOS majoritária afirma que deverá ser aplicada, por analogia, a mesma regra da
comunhão parcial de bens.
É aquele no qual a lei impõe a sua adoção pelo fato de as pessoas estarem
SEPARAÇÃO LEGAL casando em determinadas situações em que o legislador considerou
(OBRIGATÓRIA) “arriscadas” ao patrimônio de um dos nubentes. Tais hipóteses estão previstas
no art. 1.641 do CC. Por isso, a lei impõe que os patrimônios fiquem separados.
Pensando nisso, o legislador entendeu que, se tais patrimônios deverão ficar
separados quando em vida, é natural que eles também fiquem separados
quando houver a morte do cônjuge e existirem descendentes.

NÃO HÁ DIREITO SUCESSÓRIO HÁ DIREITO SUCESSÓRIO


Divórcio ou Separados Judicialmente e Casados ou não separados de fato.
Extrajudicialmente. Separados de fato por menos de 02 anos ou por mais
Separados de fato há mais de 02 anos, havendo de 02 anos por culpa do falecido.
culpa do sobrevivente.

#SELIGANAJURIS:
É possível aplicar a pena de perdimento da herança aos herdeiros, ainda que estes não tenham sido
interpelados pessoalmente, quando comprovados o conhecimento acerca da ocultação de bens da herança
e o dolo existente na conduta de sonegação desses bens. EDcl no REsp 1.567.276-CE, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, Rel. Acd. Raul Araújo, por maioria, julgado em 22/11/2022. (Info 758 - STJ)
O herdeiro que seja autor, coautor ou partícipe de ato infracional análogo ao homicídio doloso praticado
contra os ascendentes fica excluído da sucessão

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É juridicamente possível o pedido de exclusão do herdeiro em virtude da prática de ato infracional análogo
ao homicídio, doloso e consumado, contra os pais, à luz da regra do art. 1.814, I, do CC/2002.
STJ. 3ª Turma. REsp 1938984-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
O valor existente em plano de previdência complementar privada aberta na modalidade PGBL, antes de sua
conversão em renda e pensionamento ao titular, possui natureza de aplicação e investimento, devendo ser
objeto de partilha por ocasião da dissolução do vínculo conjugal ou da sucessão por não estar abrangido pela
regra do art. 1.659, VII, do CC/2002.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: (...) VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1726577-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709).
Para fins de determinação da legitimidade ativa em ação de inventário, a adoção realizada na vigência do
CC/1916 é suscetível de revogação consensual pelas partes após a entrada em vigor do Código de Menores
(Lei nº 6.697/79), mas antes da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).
STJ. 3ª Turma. REsp 1930825-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/08/2021 (Info 706).
A contratação de advogado por representante de incapaz, para atuar em inventário, configura ato de
simples administração e, por isso mesmo, não depende de autorização judicial

O fato de ter sido concedida a gestão da herança a terceiro não implica restrição do exercício do poder
familiar do genitor sobrevivente para promover a contratação de advogado, em nome dos herdeiros
menores, a fim de representar os interesses deles no inventário.
Exemplo hipotético: Carlos faleceu e deixou como herdeiros Andrea (viúva), Lucas e Gabriela (filhos
menores). Carlos deixou um testamento no qual nomeou sua irmã (Elisângela) como testamenteira. O juiz
nomeou Elisângela como inventariante dos bens deixados por Carlos, cabendo a ela a administração do
patrimônio deixado para os filhos pelo de cujus. A mãe dos menores contratou advogados para defender os
interesses de seus filhos menores no inventário e pactuou honorários de 3% sobre o valor real dos bens
móveis e imóveis inventariados. Os advogados do escritório ajuizaram execução cobrando os honorários.
Elisângela, na qualidade de tia dos menores executados, testamenteira e única administradora, ofereceu
exceção de pré-executividade em favor dos devedores Lucas e Gabriela, filhos do de cujus, alegando que o
contrato de serviços advocatícios onerou o patrimônio deles sem que houvesse sua expressa autorização,
tendo o negócio sido firmado por pessoa (Andrea) que não possuía ingerência sobre tais bens, dando-os em
garantia de pagamento da obrigação.
O STJ não concordou com a alegação de nulidade do contrato.
A contratação de advogado por representante de incapaz, para atuar em inventário, como ocorreu no
presente caso, configura ato de simples administração e, por isso mesmo, não depende de autorização
judicial.

INDIGNIDADE SUCESSÓRIA DESERDAÇÃO


Matéria de sucessão legítima e testamentária. Matéria de sucessão testamentária.
Alcança qualquer classe de herdeiro. Somente atinge os herdeiros necessários
(ascendentes, descendentes e cônjuge).
As hipóteses de indignidade servem para a Existem hipóteses de deserdação que não alcançam
deserdação. a indignidade (arts. 1.962 e 1.963).
Há pedido de terceiros interessados ou do MP, Realizada por testamento, com declaração de causa
com confirmação com sentença transitada em e posterior confirmação por sentença.
julgado.

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#SÓAFUCSALVA:
INDIGNIDADE DESERDAÇÃO
Matéria de sucessão legítima e testamentária Matéria de sucessão testamentária
Alcança qualquer classe de herdeiro. Declaração Atinge os herdeiros necessários.
por sentença. Obs. Existem hipóteses de deserdação que não
Obs. As hipóteses de indignidade servem para a alcançam a indignidade (arts. 1.962 e 1.963).
deserdação.
O excluído não terá direito ao usufruto ou à Somente com expressa declaração de causa em
administração dos bens que a seus sucessores testamento.
couberem na herança.
Atinge aqueles: - As mesmas causas da indignidade;
I - que houverem sido autores, co-autores ou – ofensa física;
partícipes de homicídio doloso, ou tentativa - injúria grave;
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, - relações ilícitas com a madrasta ou com o
seu cônjuge, companheiro, ascendente ou padrasto;
descendente; II - que houverem acusado - desamparo do ascendente em alienação mental
caluniosamente em juízo o autor da herança ou ou grave enfermidade.
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de
seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos,
inibirem ou obstarem o autor da herança de
dispor livremente de seus bens por ato de última
vontade.

Por se tratar de ato de simples administração, independe de prévia autorização judicial a contratação de
advogado para patrocinar a ação de inventário de bens do falecido, realizada pela genitora dos menores que
herdarão o patrimônio deixado pelo de cujus.
STJ. 4ª Turma. REsp 1566852-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em
17/08/2021 (Info 705).
A tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do tema n. 809/STF, segundo a qual
"é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790
do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime
do art. 1.829 do CC/2002", deve ser aplicada ao inventário em que a exclusão da concorrência entre herdeiros
ocorreu em decisão anterior à tese.
STJ. 3ª Turma. REsp 1904374/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/04/2021 (Info 692).
Se o companheiro é proprietário de um bem particular e o aluga, o valor dos aluguéis é considerado bem que
entra na comunhão (art. 1.660, V, CC), de forma que a companheira é meeira dessa quantia:
Art. 1.660. Entram na comunhão: (...) V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge,
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Depois que ele morre, essa comunhão termina e a companheira não terá mais direito à metade desse valor.
Os aluguéis que vencerem depois da abertura da sucessão, não estão abrangidos pelo art. 1.660, V, do CC e
devem se submeter à divisão da herança.
STJ. 3ª Turma. REsp 1795215/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/03/2021 (Info 690).

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Decorre da sucessão por testamento, tendo origem em ato de última vontade do, agora, de cujus.
Há uma voluntariedade expressa em testamento, codicilo ou legado. Pelo princípio da saisine, a transmissão
da propriedade e da posse aos herdeiros ocorre no exato momento da morte, pois neste instante é extinta

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a personalidade da pessoa. O lugar de abertura da sucessão se dá no último domicílio do morto. Quando o


de cujus for estrangeiro e tiver domicílio no exterior, mas tiver bens no Brasil, o inventário desses bens será
feito no Brasil, por autoridade brasileira. Já no que diz respeito, neste caso, à regulação dessa sucessão, em
regra ela se dá com base na lei do local de domicílio do de cujus, e excepcionalmente será regulamentada
pela lei brasileira quando houver prejuízo para cônjuge ou filho brasileiro.
Com relação ao testamento, este representa, em sede de Direito das Sucessões, a principal forma de
expressão e exercício da autonomia privada, como típico instituto causa mortis. Além de constituir o cerne
da modalidade sucessão testamentária, por ato de última vontade, o testamento também é a via adequada
para outras manifestações da liberdade pessoal. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade
do testamento, contado o prazo da data do seu registro.

CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO:
Negócio jurídico unilateral (tem aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade);
Não receptício (não há necessidade de aceitação da parte contrária para formação do ato);
Gratuito, tendo assim interpretação restritiva;
causa mortis (somente produz efeitos após a morte do testador);
Formal (tem de ser observadas as formalidades legais para que seja válido);
Personalíssimo (ninguém poderá testar conjuntamente em um mesmo instrumento ou por procuração); e

Revogável a qualquer tempo (testamento pode ser revogado expressamente pelo mesmo modo e forma
como pode ser feito. É possível revogar um testamento público ou cerrado por outro testamento particular,
e vice-versa, com ampla variação e liberdade de forma na revogação)

Trata-se do ato sucessório de exercício da autonomia privada por excelência, pelo qual o testador
faz disposições de caráter patrimonial ou extrapatrimonial, para depois de sua morte.

- Capacidade testamentária: Capacidade testamentária é o conjunto de condições necessárias para que


alguém possa, juridicamente, dispor de seu patrimônio por meio de testamento, ou ser por ele beneficiado.

São essas condições:

1) capacidade testamentária ativa e passiva;


2) não haver deserdação;
3) observância de todas as formalidades legais.

- Capacidade Testamentária Ativa é a capacidade para testar. São incapazes para fazer testamento, os
menores de 16 anos; os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento; os surdos-mudos que não
puderem exprimir sua vontade, e as pessoas jurídicas.

- Capacidade Testamentária Passiva é a capacidade para adquirir por testamento e rege-se pela regra de
que são capazes para isso todas as pessoas físicas ou jurídicas, existentes ao tempo da morte do testador,
não havidas como incapazes. São absolutamente incapazes para adquirir o testamento: os não concebidos
até a morte do testador, salvo se a disposição testamentária se referir à prole eventual de pessoa designada
pelo testador, existente ao abrir-se a sucessão; e as pessoas jurídicas do direito público externo. São
relativamente incapazes para receber por testamento as pessoas arroladas no art. 1.801 do Código Civil.
Anulam-se todas as disposições testamentárias em favor dos incapazes, ainda quando simulem a forma de
contrato oneroso ou os beneficiem por interposta pessoa.

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- Testemunha testamentária: é a pessoa que tem capacidade para assegurar a veracidade do ato que se
quer provar, subscrevendo-o. Na apreciação da incapacidade das testemunhas testamentárias dever-se-á
levar em conta o instante da feitura do ato de última vontade, pois se a causa de sua incapacidade for
posterior ao ato testamentário, este será valido e eficaz.

#DEOLHONOGANCHO
Testamento conjuntivo é aquele feito juntamente com outra pessoa, num mesmo instrumento. Essa
modalidade é vedada.
Testamentos recíprocos são aqueles pelos quais seus respectivos testadores se beneficiam reciprocamente.
Admitem-se os testamentos recíprocos, desde que sejam realizados por meio de instrumentos distintos e
que não haja correspectividade (ato jurídico em que há retribuição de benefícios ou vantagens recebidas),
restando presente apenas a reciprocidade.

FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO


Público (art. 1864, CC): Lavrado pelo tabelião em livro de notas, de acordo com a declaração de vontade do
testador, exarada verbalmente, na presença de duas testemunhas. Não necessita de confirmação em juízo.
Idioma: nacional, apenas.
Cerrado (secreto ou místico) (art. 1868, CC): É aquele escrito pelo próprio testador ou por outra pessoa a
seu rogo, cujas disposições podem ser de caráter estritamente sigiloso, se assim quiser o testador, e que se
completa pelo instrumento lavrado pelo oficial público, que o aprova na presença de duas testemunhas.
Falecendo o testador, aquele que tem conhecimento da existência do testamento o apresentará em juízo,
requerendo ao juiz que ele seja aberto. O juiz determinará uma audiência para sua abertura, intimando-se o
apresentante e demais interessados. Idioma: nacional ou estrangeiro, pelo próprio testador, ou por outrem,
a seu rogo.
Particular (ou hológrafo) (art. 1876, CC): É escrito pelo próprio testador, mas deve ser redigido na presença
de três testemunhas. Depois da morte do testador, o testamento particular deve ser confirmado em juízo, o
que só pode ocorrer se houver, ao menos, uma das testemunhas. A lei não exige que a testemunha se lembre
do conteúdo do testamento, mas é necessário que ela diga ao juiz que estava presente na lavratura do
testamento, que ela leu o seu conteúdo e que ela reconheça a autenticidade da sua assinatura. Pode ser
escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas o compreendam. Idioma: nacional ou
estrangeiro, desde que as testemunhas o conheçam.

#IMPORTANTE: Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de


próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz.
(TESTAMENTO DE EMERGÊNCIA)

FORMAS EXTRAORDINÁRIAS DE TESTAMENTO


Marítimo (art. 1.888, CC): é feito a bordo de embarcações. O testamento é feito perante comandante, na
presença de duas testemunhas, em forma que corresponda ao testamento público ou ao testamento
cerrado. O registro do testamento é feito no diário de bordo. Se o testador falecer ainda embarcado ou até
90 dias após o desembarque, será dado cumprimento ao testamento. Porém, passados os 90 dias do
desembarque, o testamento caduca, porque o testador poderia ter feito outro testamento de forma
ordinária.
Aeronáutico (art. 1.888, CC): inovação do Código atual. É feito a bordo de aeronave, da mesma forma que o
marítimo, com as mesmas ressalvas.

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Militar (art. 1.894, CC): feito por militar ou civil que esteja em missão militar. Em regra, o testamento militar
também caduca se, depois dele, o testador esteja, 90 dias seguidos, em lugar onde possa fazer outro
testamento em forma ordinária.
Nuncupativo (art. 1.896, CC): é o testamento oral, feito nas hipóteses em que a pessoa esteja ferida em
guerra ou em missão militar. O testador declarará sua última vontade para duas testemunhas, que irão ao
comandante e transmitirão a ele o que lhes foi confiado pelo testador. O comandante lavrará o que foi dito
pelas testemunhas. Se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento, o testamento caduca.

CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA


- Legados: O legado constitui uma disposição específica sucessória, realizada a título singular. Envolve,
assim, uma sucessão causa mortis que produzirá efeitos apenas com o falecimento do testado. Deve ficar
claro que a lei admite o sublegado, tratado pelo art. 1.913 do CC. Determina tal comando que se o testador
ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem (o sublegatário), não
cumprindo, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.
- Direito de acrescer: O direito de acrescer ocorre quando o testador contempla vários beneficiários
(coerdeiros ou colegatários), deixando-lhes a mesma herança ou o mesmo legado, em proporções não
determinadas, e um dos concorrentes não quiser ou não puder aceitá-la (ex: pré-morte, exclusão por
indignidade, não implemento de condição, renúncia). Nesse caso, a parte daquele que faltar acrescerá à dos
concorrentes, desde que não haja substituto (art. 1.941 e 1.942, CC). Consiste no direito de o herdeiro ou
legatário também receber, respeitada a proporção do número de contemplados no testamento, a parte que
caberia a um outro herdeiro ou legatário que não pôde ou não quis receber sua herança ou legado.
- Substituições: A substituição é a disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa para
receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em
primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa. Dessa forma, na
substituição já consta do testamento quem será o herdeiro a ser chamado em segundo lugar. Quebra-se,
pela nomeação testamentária, a ordem de vocação hereditária prevista em lei. Como efeito a ser destacado
da substituição, o substituto fica sujeito à condição ou encargo imposto ao substituído, quando não for
diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa da natureza da condição ou do
encargo.
- Herança necessária. Redução das disposições testamentárias: Pode ser necessária a redução das
disposições testamentária, a fim de não se prejudicar a legítima, quota dos herdeiros necessários (50% do
patrimônio do autor da herança). Quando o testador dispõe, no testamento, de parte do seu patrimônio
superior àquela de que pode dispor, invadindo a legítima, o juiz pode, de ofício ou a requerimento,
determinar a redução das cláusulas testamentárias para preservar a legítima. Na redução, devem ser
observados os seguintes critérios:
- a) se houver só herança ou só legado, o juiz reduz proporcionalmente;
- b) se houver herança e legado: o juiz reduz primeiro da herança e, só depois, se necessário, do legado.
- Rompimento do testamento: A ruptura do testamento ocorre quando há a superveniência de uma
circunstância relevante, capaz de alterar a manifestação de vontade do testador como, por exemplo, o
aparecimento de um herdeiro necessário. O rompimento do testamento é determinado pela lei, na
presunção de que o testador não teria disposto de seus bens no testamento da forma que fez se soubesse
da existência de tal herdeiro. O rompimento, no entanto, independe de vontade do testador; é determinado
pela lei.
- Colação (Ler arts. 2002 a 2012 do CC): Colação é o dever imposto pelo Código Civil aos herdeiros
necessários do falecido no sentido de que, se eles receberam alguma doação do falecido quando este ainda
era vivo, serão obrigados a trazer de volta para o monte esses bens a fim de que, reunido todo o patrimônio
que pertencia ao morto, ele seja partilhado entre os herdeiros na forma prevista na lei.

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- Dos Sonegados:

Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em
seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou
que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia.

Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio inventariante,
remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, quando indicados.

Art.1.994. A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelos herdeiros ou pelos
credores da herança.

Parágrafo único. A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por qualquer dos herdeiros ou
credores, aproveita aos demais interessados.

Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, pagará ele
a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos.

Art. 1.996. Só se pode argüir de sonegação o inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a
declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar e partir, assim como argüir o herdeiro, depois
de declarar-se no inventário que não os possui.

#DEOLHONAJURIS
Não havendo interesses em conflito entre os interessados, os honorários do advogado contratado pela
inventariante constituem encargo da herança.
Por outro lado, havendo conflito de interesses entre os herdeiros, as despesas de verba honorária do
advogado constituído pelo inventariante não devem ser suportadas pelo espólio.
STJ. 4ª Turma.AgInt no AREsp 1924962-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 08/08/2022 (Info 746).
Tem direito ao recebimento de aluguéis a parte que, sem vínculo de parentalidade com a cônjuge
supérstite, possuía imóvel em copropriedade com o de cujus
Situação hipotética: João faleceu. Regina, a viúva, ficou morando no apartamento a título de suposto direito
real de habitação. Esse imóvel pertencia a João e sua filha Letícia, em copropriedade. Letícia não é filha de
Regina. Letícia terá direito de receber alugueis referente à sua fração ideal. Vale ressaltar que “a
copropriedade anterior à abertura da sucessão impede o reconhecimento do direito real de habitação, visto
que de titularidade comum a terceiros estranhos à relação sucessória que ampararia o pretendido direito”
(STJ. 2ª Seção. EREsp 1.520.294/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe 02/09/2020. Info 680).Em verdade, o
direito de habitação só existe sobre bem que pertence, em sua integralidade, ao de cujus. A existência de
coproprietários impede o uso pelo sobrevivente. No caso, além da preexistente copropriedade, a parte, filha
do primeiro casamento do de cujus, não guarda nenhum tipo de solidariedade familiar em relação à cônjuge
supérstite, não havendo se falar em qualquer vínculo de parentalidade ou até mesmo de afinidade. Nessa
linha de intelecção, portanto, não lhe cabe suportar qualquer limitação ao seu direito de propriedade, que
é, justamente, a essência do direito real de habitação. STJ. 3ª Turma.REsp 1830080-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
É prescindível (dispensável) que o herdeiro necessário traga à colação o valor correspondente à ocupação e
ao uso a título gratuito de imóvel que pertencia ao autor da herança. Ex: Pedro possuía três filhos (Alberto,
Rodrigo e Vanessa). Enquanto estava vivo, Pedro permitiu que sua filha ficasse morando, gratuitamente, em
um apartamento que estava em seu nome. Pedro faleceu. Vanessa (herdeira necessária) não precisa trazer
à colação o valor dos “alugueis” que ela deixou de pagar pelo fato de ter morado gratuitamente no imóvel.
O art. 2.002 do CC, ao tratar sobre a colação, fala em “doação”, o que não se confunde com comodato.

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Da mesma forma, o empréstimo gratuito não pode ser considerado gasto, para os fins do art. 2.010 do CC,
na medida em que o autor da herança nada despendeu em favor da herdeira a fim de justificar a necessidade
de colação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.722.691-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/03/2019
(Info 644).
Se o companheiro é proprietário de um bem particular e o aluga, o valor dos aluguéis é considerado bem que
entra na comunhão (art. 1.660, V, CC), de forma que a companheira é meeira dessa quantia: Art. 1.660.
Entram na comunhão: (...) V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos
na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Depois que ele morre, essa
comunhão termina e a companheira não terá mais direito à metade desse valor. Os aluguéis que vencerem
depois da abertura da sucessão, não estão abrangidos pelo art. 1.660, V, do CC e devem se submeter à divisão
da herança. STJ. 3ª Turma. REsp 1795215/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
A cessão de direitos hereditários sobre bem singular, desde que celebrada por escritura pública e não envolva
o direito de incapazes, não é negócio jurídico nulo, tampouco inválido, ficando apenas a sua eficácia
condicionada a evento futuro e incerto, consubstanciado na efetiva atribuição do bem ao herdeiro cedente
por ocasião da partilha. Assim, aberta a sucessão, o coerdeiro pode ceder os seus direitos hereditários, bem
como o quinhão de que disponha, por escritura pública, conforme prevê o caput do art. 1.793 do Código Civil.
Como esse negócio não é nulo (tem apenas a sua eficácia suspensa), conclui-se que a cessão de direitos
hereditários sobre bem singular tem força para transmitir a posse desse bem ao cessionário. Logo, o
cessionário pode tutelar a posse sobre o bem, inclusive por meio de embargos de terceiro. Admite-se a
oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e
venda de imóvel, mesmo que desprovido do registro. Esse mesmo entendimento deve ser aplicado na
hipótese em que a posse é defendida com base em instrumento público de cessão de direitos hereditários.
STJ. 3ª Turma. REsp 1809548-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/05/2020 (Info 672).
A herança jacente é um procedimento especial de jurisdição voluntária que consiste na arrecadação judicial
de bens da pessoa falecida, com declaração, ao final, da herança vacante, ocasião em que se transfere o
acervo hereditário para o domínio público, salvo se comparecer em juízo quem legitimamente os reclame.
Esse procedimento pode ser iniciado por qualquer interessado, pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública e pela Fazenda Pública, bem como pelo juiz, de ofício (art. 738 do CPC/2015). Se um legitimado
ingressar com petição ao juiz requerendo a instauração do procedimento de herança jacente, o magistrado
não deverá indeferir a inicial sob o argumento de que o requerente não juntou todas as provas necessárias
à comprovação dos fatos alegados. Antes de extinguir o feito, o magistrado deverá diligenciar, ainda que
minimamente, para obter as informações necessárias considerando que ele tem o poder-dever de instaurar,
ainda que de ofício, esse procedimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1812459/ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 09/03/2021 (Info 688).

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