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0170
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Segunda Câmara Cível
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Classe : Apelação n.º 0000862-77.2013.8.05.0170
Foro de Origem : Foro de comarca Morro Do Chapéu
Órgão : Segunda Câmara Cível
Apelante : Rogerio Ribeiro de Souza Amaral
Advogado : João Ramilton Santos Requião (OAB: 20182/BA)
Apelado : Municipio de Morro de Chapéu
Advogado : Thiago de Oliveira Moreira (OAB: 24437/BA)
Advogado : Stanley Dourado Seixas (OAB: 38636/BA)
Relator(a) : Maurício Kertzman Szporer
ACÓRDÃO
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ACORDAM, os Desembargadores integrantes da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal
de Justiça da Bahia, à unanimidade NEGAR PROVIMENTO ao apelo, nos termos do voto do
relator.
Salvador/BA, __ de _______________ de 2017.
Presidente
Procurador(a) de Justiça
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Adoto como próprio o relatório da sentença de fls. 165/168 dos autos digitais e acrescento que
se cuida de apelação cível interposta por ROGERIO RIBEIRO DE SOUZA AMARAL em face
da sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara dos Feitos Relativos às Relações de Consumo,
Cíveis e Comerciais da Comarca de Morro do Chapéu que julgou improcedente a ação ajuizada
pelo mesmo contra o MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU por falta de provas tendo sido
proferida nos seguintes termos: “Percebe-se, pois, pela natureza da gratificação de
insalubridade, que a mesma só pode gerar o direito à percepção ao servidor que efetivamente
encontra-se em atividade e exposto aos riscos que ensejaram sua concessão. Se o servidor
encontra-se afastado e, portanto, imune a tais riscos, a percepção da verba afigura-se
explícito enriquecimento ilícito. E tal entendimento estende-se à GED, pois, não havendo
exercício efetivo da atividade, não há que se falar em direito à percepção. Como bem
ressaltaram os requeridos, tais gratificações são de natureza pro labore faciendo e propter
laborem e são devidas enquanto o servidor presta o serviço, não se justificando o pagamento
diante do afastamento das atividades. (CITA LEGISLAÇÃO) Ante o exposto, não tendo o
requerente provado os direitos aludidos nos autos, com fulcro no art. 487, inciso I, do NCPC,
JULGO IMPROCEDENTE os pedidos contidos na Exordial.”.
Em suas razões sustenta a parte apelante, em epítome, que na forma do art. 165 do Código
Tributário se houve cobrança indevida os valores têm que ser devolvidos; que a lei municipal
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471/1992 estabelece o direito do funcionário municipal a licença para tratamento de saúde; que
a lei garante a percepção da remuneração percebida em atividade durante o afastamento; que
por remuneração deve ser entendido a soma dos salários e vantagens por ventura percebidas
tendo amplidão maior que o simples salário; que é indevido o desconto previdenciário de 11%
(onze por cento) tendo em vista que o artigo 15, da lei 854/2009 prevê tal desconto apenas da
“...parcela que supere o valor de R$ 3.038,99 (três mil, trinta e oito reais e noventa e nove
centavos) dos benefícios de aposentadoria e pensão concedida pelo regime próprio do
município.”; que portanto não poderia haver desconto do apelante que recebe pouco mais que
um salário mínimo, pelo que requer seja provido o recurso para julgar procedente a ação.
Sem razões de resistência na forma da certidão de fls. 199, mesmo após chamamento do feito à
ordem por esta Relatoria com determinação de intimação pessoal da Municipalidade.
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Neste sentido o próprio texto da lei onde a parte apelante abriga seu pedido (art. 15, da lei
municipal 854/2009) deixa claro que há cobrança diversificada da referida contribuição
previdenciária apenas para “...benefícios de aposentadoria e pensão concedida pelo regime
próprio do município.” que nestes termos deverá incidir apenas sobre a “...parcela que supere
o valor de R$ 3.038,99 (três mil, trinta e oito reais e noventa e nove centavos)...”.
Maria Sylvia Zanella di Pietro em sua obra “Direito Administrativo”, 20ª edição, Editora Atlas,
ano 2007, página 515 bem esclarece "...ao instituir o regime previdenciário próprio do
servidor, cada ente da federação terá que definir a remuneração sobre a qual incidirá a
contribuição, a qual deverá obrigatoriamente ser levada em consideração no cálculo dos
proventos...".
Estas regras existem e foram explicitadas pelo próprio apelante e, justas ou não, até serem
contraditas seguem em vigor aptas a produzir efeitos no mundo jurídico.
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Não havendo desconto indevido não há, pois, valores a serem devolvidos.
Com efeito, a lei 471/1993, juntada aos autos entre as folhas 40/93, que dispõe sobre o Regime
Jurídico Único dos Servidores Públicos Municipais em seu artigo 83 estabelece que:
Como bem salientou o apelante a lei fala em remuneração que a própria lei, desta vez em seu
artigo 45, conceitua nos seguintes termos:
Ocorre que no artigo 34 (fls. 48) a multi citada lei não inclui a licença para tratamento de saúde
dentre aquelas que são consideradas efetivo exercício, o que impõe reconhecer que o
tratamento de saúde mão pode ser encarado como efetivo serviço.
Comparativamente, a lei 8112/90 que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos
civis da União, em seu artigo 102, inciso VIII, “b)”, estabelece que são consideradas como de
efetivo exercício, para todos os efeitos, as licenças para tratamento da própria saúde, o que não
prevê a legislação municipal.
Nestes espeque cumpre lembrar que os Municípios, por sua vez, têm competência legislativa
suplementar nesse tema, cabendo-lhes suprir lacunas ou omissões, e adaptá-la ao interesse
local, desde que, obviamente, não afrontem os princípios constitucionais, do que não se cuida
no caso em tela.
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E conclui:
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entram, dentre outras, as que a Administração paga pelos trabalhos
realizados com risco de vida e saúde; pelos serviços extraordinários;
pelo exercício em determinadas zonas ou locais; pela execução de
trabalho técnico ou científico não decorrente do cargo; pela
participação em banca examinadora ou comissão de estudo ou de
concurso; pela transferência de sede (ajuda de custo); pela
prestação de serviço fora da sede (diárias).
Nestes termos é que o pagamento do adicional (ou gratificação) de insalubridade somente pode
ocorrer de acordo com os termos expressos no texto legal, segundo informa o princípio da
legalidade (arts. 5º, inciso II e art. 37, caput da CF/1988).
A gratificação por desempenho, por seu turno e diante de sua característica pro labore faciendo
segue a mesma sorte.
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Do exposto, em vista do caráter específico dos adicionais/gratificações questionadas e diante
da ausência da previsão de pagamento na legislação estadual é que voto por NEGAR
PROVIMENTO ao apelo para manter a sentença em todos os seus termos.
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