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UNIDADE II

Mecânica dos Solos


e Fundações

Prof. Fernando Mihalik


Investigações do subsolo – sondagens

 Sondagem: procedimento que busca conhecer as condições naturais do subsolo, seu tipo,
características, camadas, nível do lençol freático e, principalmente, sua resistência.

 Poço: escavação de poço manual e inspeção visual.

 Esse método permite conhecer o tipo de solo e permite a pesquisa do lençol freático, mas é
limitado à profundidade da escavação.

Fonte: acervo do autor.


Análise táctil-visual
Solos (arenoso, siltoso e argiloso)
 Caso seja um solo arenoso, a mistura permite sentir que os
grãos são ásperos ao tato e apresentem partículas que são
visíveis a olho nu.

 Caso seja um solo siltoso, a mistura apresenta-se menos


áspera do que a areia, sendo perceptível visualmente
e ao tato.

 Caso seja um solo argiloso, quando misturado com água, a


mistura tende a se espalhar entre os dedos, apresentando
semelhança com uma pasta de sabão escorregadia. Quando
seco, os grãos finos das argilas proporcionam uma sensação
similar a um talco e/ou farinha.
Sondagem a Trado

 Sondagem a Trado (ST): escavação por meio de trado manual. Serve para coleta de
amostras e conhecimento das características da camada superficial.
 É muito utilizado para projetos de pavimentação, porém não tem validade para o projeto de
fundações, pois apenas indica o tipo de solo existente e verifica se o lençol freático
é aflorante.
 Mas, devido às dificuldades de execução, as sondagens a trado dificilmente chegam a
profundidades superiores a 4 metros.

Fonte: acervo do autor.


Sondagem a Percussão (sondagem de simples reconhecimento)

 Sondagem a Percussão (SPT) (NBR-6484/2001): conhecimento das características e


resistência ao longo da profundidade por meio de percussão.
 número de golpes para que um peso padronizado penetre os últimos 30 cm de cada metro.
 esse número é denominado ‘índice de resistência à penetração’, sendo comumente
chamado de “INDICE SPT”, NSPT, ou apenas “SPT”.
 quanto maior o SPT obtido, mais resistente é o solo naquela profundidade.
 são coletadas amostras do solo ao longo da profundidade para identificação.
 é identificado o nível do lençol freático.

 Essa sondagem é a mais usada na prática.


Sondagem a Percussão – conceito do ensaio

 Golpes de um martelo de 65kg caindo de uma altura padrão de 75cm sobre um amostrador.
Roldana

Martelo de 65 kg Corda
cai de 75 cm
Operação
repetidas vezes
manual

Tripé
Guia

Haste

Fonte: adaptado de: Amostrador


Figura 5.22.
ALBUQUERQUE, P. J.
R. D. Engenharia de
Fundações. São Paulo:
Grupo GEN, 2020.
Sondagem a Percussão (SPT)

 Obtenção do índice SPT.

Martelo de 65 kg
cai repetidamente
de 75 cm de altura

Fonte: acervo do autor.


golpes em 30 cm) Acomodação

15 cm
N = 2 (número de

15 cm Índice SPT é o número


Primeiro incremento
total de golpes para
penetrar o amostrador
15 cm Segundo incremento nos 30 cm finais

Terceiro incremento
Relatório da Sondagem a Percussão

O resultado da campanha de sondagens é apresentado em um relatório, com as indicações


sobre as características do material usado em campo (peso, diâmetro do amostrador etc.), a
localização das sondagens e um desenho para cada ponto de sondagem, geralmente em folha
A4, com as seguintes indicações principais:
1) Paleta indicando as profundidades, que alternam de cor a cada metro de penetração.
2) Números indicados na paleta, que apresentam o SPT (índice de resistência à penetração)
ao final de cada metro.
3) Profundidade em que o nível do lençol freático foi encontrado e o nível de sua
estabilização.
4) Perfil do solo com a caracterização das camadas de solo,
segundo a convenção da NBR-6502 – Rochas e Solos.
5) Profundidade de paralização e o motivo da parada (solo
impenetrável à percussão, número de golpes atingido
conforme o critério de parada etc.)
6) Data da realização da sondagem.
Relatório da Sondagem a Percussão

Notas sobre a representação dos golpes:

 Muitas vezes, são apresentados os números de golpes para penetrar cada 15 cm dos
últimos 45cm. Nesse caso, o valor do SPT é a soma dos dois últimos golpes, referentes
aos 30 cm.

 Outras vezes, é apresentado um número em frações, caso a profundidade não seja 30 cm,
ou 15 cm nas indicações parciais. Por exemplo, a indicação 4/22, significa que com 4 golpes
o amostrador desceu 22 cm.
Exemplo – Relatório da Sondagem a Percussão

Exemplo RESISTÊNCIA À
PENETRAÇÃO NÚMERO PROFUN. PERFIL INTER.
CONSIS-
TÊNCIA*
N.A.
CAMADA GEOLÓ- GEOLÓ-
S.P.T.
DE CLASSIFICAÇÃO DA CAMADA OU
GOLPES GICO GICA COMPA- (m)
(m) CIDADE**

MUITO
ARGILA ARENOSA COM CAMADA DE MOLE*
ATE-
6 8 5 RRO
BRITA (0,80-1,00), VERMELHA E
13 1
MARROM ESCURA. RIJA*
15 15 15
2,00
7 2 3 4 2
15 15 15 MEDIA*

COLU- ARGILA ARENO SILTOSA, MARROM E


4 2 2 2 3 VIO AMARELA CLARA.
15 15 15 MOLE* 4,00
4 1 2 2 4,45 4
15 15 15

Fonte: acervo do autor. 3 1 1 2 5 FOFA**


15 15 15 AREIA FINA A GROSSA POUCO SILTOSA E
ALU-
VIÃO ARGILOSA COM PEDREGULHO (6,00-7,45),
14 10 7 7 6 CINZA E VERMELHA CLARA.
15 15 15

15 4 6 9 7,45 7
15 15 15
8,00 MEDIA
4 5 5 COMP.**
10 8 SILTE ARENOSO POUCO ARGILOSO
15 15 15 MICÁCEO, AMARELO CLARO.
9 4 4 5 9,45 9
15 15 15

21 6 10 11 10
15 15 15
Exemplo – Relatório da Sondagem a Percussão

Exemplo RESISTÊNCIA A
PENETRAÇÃO NÚMERO PROFUN. PERFIL INTER.
CONSIS-
TÊNCIA*
N.A.
CAMADA GEOLÓ- GEOLÓ-
S.P.T.
DE CLASSIFICAÇÃO DA CAMADA OU
GOLPES GICO GICA COMPA- (m)
(m) CIDADE**

MUITO
ARGILA ARENOSA COM CAMADA DE MOLE*
ATE-
6 8 5 RRO
BRITA (0,80-1,00), VERMELHA E
13 1
MARROM ESCURA. RIJA*
15 15 15
2,00
7 2 3 4 2
15 15 15 MEDIA*

COLU- ARGILA ARENO SILTOSA, MARROM E


4 2 2 2 3 VIO AMARELA CLARA.
15 15 15 MOLE* 4,00
4 1 2 2 4,45 4
15 15 15

Fonte: acervo do autor 3 1 1 2 5 FOFA**


15 15 15 AREIA FINA A GROSSA POUCO SILTOSA E
ALU-
VIÃO ARGILOSA COM PEDREGULHO (6,00-7,45),
14 10 7 7 6 CINZA E VERMELHA CLARA.
15 15 15

15 4 6 9 7,45 7
15 15 15
8,00 MEDIA
4 5 5 COMP.**
10 8 SILTE ARENOSO POUCO ARGILOSO
15 15 15 MICÁCEO, AMARELO CLARO.
9 4 4 5 9,45 9
15 15 15

21 6 10 11 10
15 15 15
Interatividade

Para o estudo das características físicas de um solo com o objetivo de se escolher o tipo de
fundação e seu dimensionamento, a sondagem mais comumente utilizada é denominada
“Sondagem de simples reconhecimento a percussão, ou SPT”. Dentre vários dados, essa
sondagem apresenta o número de golpes necessários para que um peso padronizado penetre:
a) os últimos 30 centímetros de cada camada de solo.
b) os últimos 30 centímetros de cada metro de profundidade.
c) os primeiros 30 centímetros de cada camada de solo.
d) os primeiros 30 centímetros de cada metro de profundidade.
e) cada camada completa de solo.
Resposta

Para o estudo das características físicas de um solo com o objetivo de se escolher o tipo de
fundação e seu dimensionamento, a sondagem mais comumente utilizada é denominada
“Sondagem de simples reconhecimento a percussão, ou SPT”. Dentre vários dados, essa
sondagem apresenta o número de golpes necessários para que um peso padronizado penetre:
a) os últimos 30 centímetros de cada camada de solo.
b) os últimos 30 centímetros de cada metro de profundidade.
c) os primeiros 30 centímetros de cada camada de solo.
d) os primeiros 30 centímetros de cada metro de profundidade.
e) cada camada completa de solo.
Classificação dos solos em função do SPT

Tabela – Areias e siltes arenosos Tabela – Argilas e siltes argilosos


SPT COMPACIDADE SPT CONSISTÊNCIA
0a4 Fofa >2 Muito mole
5a8 Pouco compacta 3a5 Mole
9 a 18 Mediamente compacta 6 a 10 Média
19 a 40 Compacta 11 a 19 Rija
Acima de 40 Muito compacta Acima de 19 Dura
Fonte: adaptado de: livro-texto.
Seção do subsolo interpolada a partir de sondagens de
simples reconhecimento
 Perfil geotécnico.
 Perfil longitudinal do terreno. PERFIL GERAL

S-2
13,00 13,00
+0,50 +0,40 +0,50
0 0

3,45
5,0 5,0

6,40

10,0 10,0

10,70

15,0 15,0
Fonte: livro-texto.
Número de furos de sondagem para edificações (NBR 8036/1983)

Com áreas de projeção da edificação (Aed) menores ou iguais a 1.200 m²:


 1 furo a cada 200 m².
Com áreas de projeção da edificação (Aed) entre 1.200 m² e 2.400m²:
 1 furo adicional a cada 400 m².
Com áreas de projeção da edificação (Aed) maiores que 2.400 m²:
 A ser estudado para cada caso, obedecendo as quantidades mínimas das áreas anteriores.

 Número mínimo de pontos: 2 para Aed menor de 200 m² e 3 para Aed entre 200m² e 400m².
Número de furos de sondagem para outras construções

 Para outras construções, o número de pontos de sondagem deve ser definido


especificamente e obedecer às orientações anteriores.

 Para as estruturas com apoios isolados, como obras de arte (pontes, viadutos, passarelas),
é usual se fazer 1 furo por ponto de apoio.

 No caso de ser encontrado topo rochoso, é recomendável estender a pesquisa, com a


execução de sondagens rotativas, penetrando nas camadas da rocha. Nesses casos a
sondagem é denominada sondagem mista (percussão + rotativa).
Sondagem Rotativa (SR)

 A sondagem rotativa (SR) geralmente é iniciada quando o SPT atinge o estrato rochoso,
matacões ou solos impenetráveis à percussão.
 Ela é realizada com perfuratrizes hidráulicas por meio de injeção de água sobre pressão e
rotação de coroas diamantadas, com a coleta de amostras do material ao longo de
sua extensão
 Como resultado, é apresentada a porcentagem de recuperação das rochas, que define o
índice RQD, índice de qualidade da rocha, que representa a relação entre a soma de todos
os trechos íntegros maiores que 10 cm e o trecho total.

Montagem da amostra do material para definição da porcentagem de recuperação


Fonte: acervo do autor.
Exemplo – Relatório da Sondagem Rotativa

Fonte: acervo do autor.


Sondagem de Penetração Estática ou Cone Holandês (CPT)

 Ensaio de cravação estática lenta de um cone mecânico ou elétrico, que armazena dados a
cada 20 cm. Esse ensaio apresenta resultados de resistência de ponta e de atrito, por meio
de resultados contínuos, com mais precisão que o SPT.
 Porém não recolhe amostras do solo, não penetra em camadas muito densas e com a
presença de matacões ou pedregulhos.
 Esse ensaio ainda é pouco utilizado no Brasil e requer mão de obra especializada e
equipamentos específicos, além de apresentar dificuldades de transporte e instalação em
locais de difícil acesso.
 Estudos técnicos estabelecem algumas correlações entre SPT e CPT.

Fonte: acervo do autor.


Outros ensaios – Para situações específicas

 O Vane-Test (VST), comumente chamado de Ensaio de Palheta, é normatizado pela NBR


10.905/1989 e tem como objetivo medir a resistência ao cisalhamento de argilas moles
saturadas nos estudos de estabilidade.

 Além disso, existem os ensaios pressiométricos e dilatométricos que, mesmo partindo de


princípios diferentes, em sua grande parte, possibilitam determinar características de
deformabilidade e de resistência ao cisalhamento, além do coeficiente de empuxo
no repouso.
Interatividade

Segundo os critérios das normas brasileiras, qual o número mínimo de pontos de sondagem a
percussão a serem executados para a realização de uma obra cuja área total aproximada é de
4.400 m² e a área de projeção em planta da edificação é de 2.200 m²? A área total do terreno é
de 7.500 m².
a) 2
b) 6
c) 11
d) 22
e) 9
Resposta

Segundo os critérios das normas brasileiras, qual o número mínimo de pontos de sondagem a
percussão a serem executados para a realização de uma obra cuja área total aproximada é de
4.400 m² e a área de projeção em planta da edificação é de 2.200 m²? A área total do terreno é
de 7.500 m².
a) 2
b) 6
c) 11
d) 22
Área de projeção da edificação Aed = 2.200 m2 entre 1.200 m2 e 2.400m2;
e) 9 1 furo a cada 200 m2 até 1.200 m2 = 6 sondagens;
1 furo adicional a cada 400 m2; Área adicional = 2.200 – 1.200 = 1.000 m2;
portanto n = 1.000/400 = 2,5 furos. Ou seja, 3 furos.

Total = 6 + 3 = 9 furos.
Fundações

 Fundação: elemento estrutural que transmite os esforços provenientes da estrutura (ou


melhor, superestrutura) para o solo (faz a interação entre a estrutura e o solo).

 No caso das fundações de edificações, na grande maioria dos casos, os principais esforços
que chegam às fundações são as cargas verticais.

 Existem esforços horizontais devidos, por exemplo, ao carregamento de vento aplicado nas
laterais do edifício, mas o seu valor geralmente é reduzido (mas não pode ser desprezado).
Tipos básicos de fundação

 A capacidade resistente de um solo está diretamente relacionada com o número de golpes


(SPT) obtido na sondagem de simples reconhecimento – sondagem a percussão.
 Caso o solo possua boa capacidade resistente para suportar os esforços da superestrutura,
(SPT elevado) utiliza-se a fundação direta. Ela pode ser rasa (sapata) ou profunda (tubulão)
e transmite os esforços diretamente para o solo.
 Caso o solo não possua resistência suficiente para suportar os esforços (SPT baixo), utiliza-
se fundação indireta, que é sempre profunda (estacas).
 Como regra geral, é possível dizer que a fundação direta rasa é sempre a alternativa mais
barata e mais rápida do que a fundação direta profunda e a fundação indireta.
 Orientação prática apenas como referência: começa a ser
aceitável uma fundação direta rasa quando o SPT for igual ou
superior a 8 e a profundidade não ultrapassar 2 metros.
Tensão Admissível do Solo

A tensão admissível no solo, ou a tensão resistente de cálculo, deve ser fixada a partir da
utilização e interpretação de um ou mais dos procedimentos abaixo:

 Prova de carga sobre placa: ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR 6489, cujos
resultados devem ser interpretados de modo a considerar a relação modelo-protótipo (efeito
de escala), bem como as camadas influenciadas de solo.

 Métodos teóricos: estudos analíticos baseados em teorias de capacidade de carga,


contemplando as particularidades do projeto e a natureza do carregamento.

 Métodos semiempíricos: com base nos resultados das


investigações de campo (como SPT, CPT etc.), observando
as validades de suas aplicações, bem como as dispersões
dos dados.
Tensão Admissível do Solo

Formulações Práticas Semiempíricas, que relacionam o SPT com a tensão admissível do solo:
(tensões em kgf/cm², onde N é o número de golpes (ou SPT) na profundidade estudada)
 Formulação 1 – rápida, simples (porém imprecisa)

 Formulação 2 – (critério mais preciso)


Para argila pura Para argila siltosa Para argila silto-arenosa
Tensão Admissível do Solo

 Critério mais elaborado.  Formulação 3 – recomendações do IPT.

N σ adm
TIPO DE SOLO
(SPT) (kgf/cm2)
0a4 0a1
5a8 1a2
AREIA E SILTE
9 a 18 2a3
19 a 40 ≥4
0a2 0 a 0,5
3a5 0,5 a 1
ARGILA 6 a 10 1,5 a 3
11 a 19 3a4
≥ 19 ≥4
Fundação Direta – Sapata

 As sapatas são elementos de fundação que transmitem os esforços diretamente ao solo por
meio de apoio direto.

Condições gerais:
 É recomendável que a cota de apoio das sapatas não esteja acima de 2m de profundidade
em relação ao nível do terreno, para evitar escavações de alturas elevadas e os
problemas decorrentes.
VISTA

PILAR

NÍVEL DO TERRENO

COTA DE ASSENTAMENTO
SAPATA
LASTRO DE CONCRETO
Fonte: autoria própria. MAGRO
Fundação Direta – Sapata

Esquema Geral PLANTA - SAPATA

BASE

CORTE

ALTURA
LASTRO DE CONCRETO
Fonte: autoria própria.
MAGRO
Sapata

A sapata é concretada sobre uma camada de lastro de concreto magro, executada com
dupla função:
 regularizar a superfície de apoio;
 impedir que o terreno absorva parte da água do concreto.

 A espessura mínima do lastro de concreto magro deve ser de 5 cm. Sua resistência não
precisa ser definida, mas é usual especificar um fck da ordem de 9 a 10 MPa, com o intuito
de definir seu traço.
PISO ACABADO (PA)

FACE SUPERIOR
DO BLOCO / SAPATA PILAR

LINHA DE
ESCAVAÇÃO
BLOCO / SAPATA

COTA DE FUNDO DA ESCAVAÇÃO

LASTRO DE
Fonte: autoria própria. CONCRETO MAGRO
Sapatas – Dimensões

 As dimensões de uma sapata deverão ser tais que a tensão aplicada no solo pela base da
sapata não fique superior à tensão admissível no solo naquela profundidade.

 Dimensões em planta: a e b em função da tensão


aplicada, limitadas pela tensão admissível do solo.

Altura h – definida para que a sapata seja rígida:

 h: altura total da sapata;


 h0: altura da face lateral
(esquadro).

 Caso contrário, a sapata


é dita flexível.
Fonte: autoria própria.
Sapatas – Critérios para dimensionamento

Esquema de armação – corte


ARMADURA
DO PILAR

JUNTA DE CONCRETAGEM
ARRANQUE

ARMADURAS DE
FLEXÃO DA SAPATA

Fonte: autoria própria.


Interatividade

Segundo a formulação do IPT, para apoio de uma sapata no terreno da sondagem ao lado, é
possível tecer os seguintes comentários:
ATERRO
a) O solo não permite o apoio de uma sapata, porque o NA está na cota 4,53,
que é muito profundo. AREIA ARGILOSA
1,24 2
b) Esse solo não se presta para apoio direto, porque possui uma camada
superficial de aterro com SPT muito baixo. 10
AREIA SILTOSA
c) Esse solo permite o apoio de uma sapata a 2 m de profundidade com
tensão admissível da ordem de 2 kgf/cm². 16
3,6
d) Esse solo permite o apoio de uma sapata a
18
1 m de profundidade com tensão admissível 4,53 NA
da ordem de 2 kgf/cm². 23
e) Esse solo permite o apoio de uma sapata a AREIA

2 m de profundidade com tensão admissível 23


da ordem de 10 kgf/cm².

Fonte: autoria própria.


Resposta

Segundo a formulação do IPT, para apoio de uma sapata no terreno da sondagem ao lado, é
possível tecer os seguintes comentários:
ATERRO
a) O solo não permite o apoio de uma sapata, porque o NA está na cota 4,53,
que é muito profundo. AREIA ARGILOSA
1,24 2
b) Esse solo não se presta para apoio direto, porque possui uma camada
superficial de aterro com SPT muito baixo. 10
AREIA SILTOSA
c) Esse solo permite o apoio de uma sapata a 2 m de profundidade com
tensão admissível da ordem de 2 kgf/cm². 16
3,6
d) Esse solo permite o apoio de uma sapata a
18
1 m de profundidade com tensão admissível 4,53 NA
da ordem de 2 kgf/cm². 23
e) Esse solo permite o apoio de uma sapata a AREIA

2 m de profundidade com tensão admissível 23


da ordem de 10 kgf/cm².

Fonte: autoria própria.


Sapatas – Critérios para dimensionamento

 As dimensões de uma sapata devem ser tais que a tensão aplicada no solo pela base da
sapata não seja maior que a tensão admissível no solo naquela profundidade.
 É recomendável que o centro de gravidade da sapata coincida com o centro de cargas
aplicadas pelo pilar. E a relação entre os lados (a/b ou b/a) não deve ser maior que 2,5.
 O ideal é adotar sapatas retangulares com áreas homotéticas, de forma que as distâncias
(a - a0) e (b - b0) fiquem próximas. E o ângulo b dos trechos inclinados deve ser da ordem
de 25º a 30º.
 A altura do esquadro h deve ser da ordem de 20 cm, pelo menos h/3.
 Junto à base do pilar, deixa-se um colarinho horizontal para posicionar as formas do pilar,
medindo de 2 a 5 cm (ap).

Fonte: autoria própria.


Sapatas sujeitas somente a cargas verticais

 O cálculo das tensões no solo para o caso de sapata sujeita a uma carga centrada N parte
da hipótese de que o peso da sapata representa algo próximo a 5% da força atuante.
Portanto, a carga considerada é igual a 1,05 N, valor a ser verificado após a definição da
geometria da sapata.
Dessa forma, para uma sapata sujeita a uma carga vertical centrada N, a área da base deve
ser, no mínimo:
, onde A = a.b
e a tensão no solo não pode ultrapassar a tensão admissível, ou seja:

Fonte: autoria própria.


Sapatas sujeitas a cargas verticais e momentos

 No caso de existirem forças horizontais ou momentos aplicados na sapata provenientes do


pilar, esses momentos devem entrar no cálculo das tensões no solo.
 Nesse caso, teremos uma tensão variável na cota de apoio da sapata.
Utilizando a formulação de resistência dos materiais, o valor dessas tensões resulta:

Onde:
 N é a carga vertical;
 M é o momento da base da sapata;
 A é a área da base da sapata;
 W é o módulo de resistência da seção da base.

Fonte: autoria própria.


Sapatas sujeitas a cargas verticais e momentos

na borda mais comprimida

na borda menos comprimida

No caso da figura ao lado, teremos: A = a.b e W =

Fonte: autoria própria.


Sapatas sujeitas a cargas verticais e momentos

 Para as estruturas em geral, quando o vento é a ação variável principal na combinações das
ações, os valores de tensão admissível podem ser majorados em até 15%.

 Para outras estruturas, consultar a NBR 6120/2019, item 6.3.2.

 No dimensionamento da fundação superficial, a área comprimida deve ser de no mínimo 2/3


da área total, se consideradas as solicitações características, ou 50 % da área total, se
consideradas as solicitações de cálculo.
Sapatas – Exemplo de dimensionamento

 Definição das dimensões da sapata apoiada no terreno com a sondagem ao lado, que deve
suportar um pilar cuja carga vertical é de 920 kN. O pilar tem seção de 18cm x 50cm.
NÍVEL DO TERRENO

 A partir da sondagem, foi definida a cota de apoio a 2 metros de profundidade. ATERRO

Definição da tensão admissível na cota de apoio: 7

Formulação 1: ARGILA
12 SILTOSA

18
Formulação 2:
20 ARGILA
ARENOSA
Formulação 3:
23

FIM DA
 Vamos adotar tensão admissível de 2,5 kgf/cm² SONDAGEM

NA não atingido

 A carga vertical em kgf vale N= 92.000 kgf Fonte: autoria própria.


Sapatas – Exemplo de dimensionamento

Área da base:

Adota-se a = 210 cm e b = 185 cm (A = 38.850 cm²)

Esquema da Sapata
(medidas em centímetro) NIVEL DO PISO

PILAR

200
70
30
Fonte: autoria própria. LASTRO DE CONCRETO MAGRO – ESP = 5 cm
Sapatas Próximas – Cuidados

Sapatas próximas
 Se existirem sapatas próximas na mesma cota, elas podem ser implantadas lado a lado,
desde que a influência dos bulbos de tensões no solo seja verificada sob o aspecto
geotécnico.
 Mas, no caso de sapatas próximas e em cotas diferentes, deve-se tomar cuidado para que
suas cotas de implantação não provoquem interferência entre os bulbos de tensões.
 Para solos pouco resistentes: α ≥ 60º.
 Para solos resistentes: α =≥ 45º.
 Para rochas: α =≥ 30º.

Fonte: NBR6022
Sapatas – Orientações

 No caso de pilares circulares, a adoção de sapatas quadradas (com um colarinho quadrado)


é muito mais prática que a de sapatas circulares, cuja execução é muito mais complicada e
mais cara, devido à necessidade de formas curvas para os esquadros e ferros de
comprimentos variados.
 O mesmo raciocínio vale para as sapatas de pilares em forma de L ou C, que podem
apresentar colarinhos retangulares que envolvem os pilares.

Fonte: autoria própria.


Sapatas Associadas

 Se existirem pilares próximos, é possível projetar uma sapata que recebe mais de um pilar,
denominada sapata associada. É recomendável que o centro da sapata coincida com o
centro de cargas dos pilares, de modo a aplicar uma tensão uniforme no solo.
PILAR PILAR

Fonte: acervo do autor.


Sapatas de Divisa

 As sapatas de divisa não podem avançar sobre o terreno vizinho. Portanto, a sapata é
implantada dentro do terreno, ficando com seu centro geométrico não coincidente com o
centro de cargas provenientes do pilar.

 Só que assim, a sapata fica sujeita a um momento devido a essa excentricidade de cargas
entre o eixo do pilar e o centro da sapata.

 Nesses casos é projetada uma viga alavanca, capaz de


absorver esse momento na extremidade do terreno, por meio
de um balanço em sua extremidade. Na outra extremidade é
recomendável que a viga alavanca seja articulada em uma
sapata próxima, não transmitindo dessa forma esforços de
flexão. Por esse motivo, na maioria das vezes, as vigas
alavanca possuem seção variável.
Sapatas de Divisa

 Ver figura ao lado: PILAR


DE DIVISA PILAR

VIGA ALAVANCA
PILAR

DIVISA DO TERRENO
SAPATA DE DIVISA
SAPATA

VIGA ALAVANCA

MOMENTOS NA V.A.

Fonte: autoria própria.


Radier

 A solução da fundação denominada “radier” é também uma fundação direta rasa, que
funciona como sapata associada, recebendo várias paredes e, eventualmente, pilares,
distribuindo as cargas em uma área que na maioria dos casos abrange a projeção
da edificação.

Fonte: acervo do autor.


Radier

 Muitas vezes, os radiers são compostos por uma laje com boa rigidez, capazes de distribuir
as tensões de forma homogênea no solo de apoio.

 Às vezes, são dispostas vigas de rigidez nas projeções das paredes, que funcionam como
elementos rígidos, como se fosse a estrutura de um pavimento de cabeça para baixo.

 Geralmente, essa solução é adotada em estruturas não muito pesadas apoiadas em solo de
baixa resistência, caso comum de edificações residenciais em terrenos com SPT baixo.

 Os radiers são definidos pela NBR 6122/2019 como elementos


de fundação rasa dotados de rigidez para receber e distribuir
mais do que 70% das cargas da estrutura.
Interatividade

Dentre as opções abaixo, as dimensões mais adequadas para uma sapata que recebe um pilar
com 350 tf de carga vertical, apoiada em solo com tensão admissível de 5,0 kgf/cm², são:

a) Sapata quadrada com lados de 2,75m e altura de 1m.


b) Sapata quadrada com lados de 2,50m e altura de 80cm.
c) Sapata quadrada com lados de 3,00m e altura de 1m.
d) Sapata retangular com lados medindo 2,45m e 3,00m e altura de 1m.
e) Sapata quadrada com lados de 60cm e altura de 40cm.
Resposta

Dentre as opções abaixo, as dimensões mais adequadas para uma sapata que recebe um pilar
com 350 tf de carga vertical, apoiada em solo com tensão admissível de 5,0 kgf/cm², são:

a) Sapata quadrada com lados de 2,75m e altura de 1m.


b) Sapata quadrada com lados de 2,50m e altura de 80cm.
c) Sapata quadrada com lados de 3,00m e altura de 1m.
d) Sapata retangular com lados medindo 2,45m e 3,00m e altura de 1m.
e) Sapata quadrada com lados de 60cm e altura de 40cm.

Resolução:

a = 2,71 m  2,75 cm ok
h = 2,75 / 3 = 92 cm  100 cm ok
ATÉ A PRÓXIMA!

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