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Luiz Henrique Martinez Antunes

Ciência dos materiais

1ª edição

CIÊNCIA DOS MATERIAIS Londrina


Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2019

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CIÊNCIA DOS MATERIAIS

© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.


Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Presidente
Rodrigo Galindo

Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada


Paulo de Tarso Pires de Moraes
SUMÁRIO
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Apresentação da disciplina 5
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly Introdução à Ciência dos Materiais 6
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz Classificação dos materiais: metais, polímeros, cerâmicos,
Priscila Pereira Silva compósitos, semicondutores e biomateriais 20
Tayra Carolina Nascimento Aleixo

Coordenador
Estrutura atômica e ligação interatômica dos sólidos.
Nirse Ruscheinsky Breternitz Estrutura cristalina e não cristalina dos sólidos 35
Revisor Direções e planos cristalográficos. Imperfeições nos sólidos 53
Rocio del Pilar Bendezú Hernández

Editorial Difusão em sólidos e diagramas de fases 70


Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco Comportamento mecânico dos materiais 90
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso Propriedades térmicas, magnéticas e óticas dos materiais 107
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Antunes, Luiz Henrique Martinez


A636c Ciência dos materiais / Luiz Henrique Martinez Antunes. –
Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
127 p.

ISBN 978-85-522-1551-6

1. Estrutura atômica. 2. Difusão. 3. Diagramas de fases.


I. Antunes, Luiz Henrique Martinez. II. Título.
CDD 620

Thamiris Mantovani CRB: 8/9491

2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/

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Apresentação da disciplina

A disciplina de Ciência dos Materiais é a base do início da formação de


um engenheiro de materiais. Serão abordados os principais conceitos
e aplicações que um profissional dessa área encontrará no mercado Introdução à Ciência dos Materiais
de trabalho. Além disso, também serão abordados tópicos, como Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes
a evolução dos materiais, desde a pré-história até os dias atuais,
os principais tipos de materiais utilizados, as ligações químicas que
formam as moléculas e estruturas dos materiais sólidos, as direções
Objetivos
e planos cristalográficos, as imperfeições e defeitos cristalinos, a
movimentação dos átomos, os tipos de diagramas de fases no equilíbrio • Entender os conceitos básicos da Ciência e
e reações invariantes, o comportamento mecânico dos materiais e as Engenharia de Materiais.
propriedades físicas relacionadas aos materiais.
• Conhecer o surgimento e a evolução dos
O objetivo dessa disciplina é introduzir ao aluno os primeiros materiais da origem até o fim da pré-história.
conceitos relacionados à Engenharia de Materiais para que possa
entender como os materiais podem se comportar dependendo das • Projetar novos materiais ou sistemas utilizando
condições impostas ao material durante o serviço. Após a finalização materias já existentes com o objetivo principal
da disciplina, o aluno deverá entender os conceitos e saber diferenciar de desenvolver técnicas para a obtenção de
os principais tipos de materiais existentes, além dos defeitos novos materiais.
relacionados às estruturas cristalinas dos materiais e como eles
podem afetar a performance do material; os mecanismos de ligação
química que formam os materiais, os mecanismos de movimentação
dos átomos, os tipos de diagrama de fases e as principais reações que
podem ocorrer no equilíbrio, identificando as fases e a porcentagem
de cada elemento nas fases, os tipos de comportamentos mecânicos
dos materiais e as propriedades óticas, magnéticas e térmicas que
afetam o comportamento dos materiais.

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1. Introdução à Engenharia de Materiais Essa interrelação de composição química, estrutura, processamento
e desempenho é chamado de tetraedro da ciência e engenharia de
A Engenharia de Materiais é a área que estuda e manipula as relações materiais (figura 1) (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
que existem entre as estruturas e as propriedades dos materiais por
Figura 1 – Tetraedro da Ciência e Engenharia dos Materiais
meio de alterações na composição química e processamento, a fim de se
obter um conjunto de propriedades predeterminadas de um material.
A composição química é o termo utilizado para a constituição química
de um material, ou seja, quais elementos químicos estão presentes no
material e em qual proporção. O termo “estrutura” está relacionado ao
arranjo dos átomos em escala microscópica, ou seja, como os átomos
estão arranjados (ASKELAND; WRIGHT, 2015).

As propriedades dos materiais são características específicas de


cada material em relação aos esforços que lhes são impostos. As Fonte: adaptada de Askeland e Wright (2015).

propriedades dos materiais sólidos são classificadas em seis categorias:


mecânicas, óticas, elétricas, térmicas, magnéticas e deteriorativas.
Por exemplo, deformações elásticas e plásticas estão relacionadas PARA SABER MAIS
às propriedades mecânicas, quando um esforço é aplicado sobre Na Engenharia de Materiais, além do estudo da
o material. A condutividade, elétrica e térmica, está relacionada às manipulação da matéria para se obter novos materiais ou
propriedades elétricas e térmicas, respectivamente. O índice de refração melhorar os materiais já conhecidos, existem outros ramos
está relacionado à propriedade ótica. A propriedade magnética está muito importante e essenciais, como as áreas responsáveis
relacionada ao comportamento do material sob a aplicação de um pela verificação da qualidade do material. Algumas das
campo magnético. E a propriedade deteriorativa está relacionada à atuações são a caracterização dos materiais, ensaios
reatividade química dos materiais. Por fim, o termo processamento está mecânicos, ensaios destrutivos e não destrutivos, entre
relacionado à cadeia de produção do material, isto é, como os materiais outros. Todos servem para verificação da integridade e
foram transformados até a sua aplicação, segundo Callister Jr. (2006). qualidade dos materiais produzidos.

Além da composição química, estrutura e propriedade, a relação


desempenho/custo é um outro fator fundamental para o material.
O desempenho do material está relacionado à composição química, ASSIMILE
estrutura, propriedade e o processamento. Essas quatro características O conceito dos quatro pilares da Ciência e Engenharia de
são os quatro pilares da Engenharia e Ciência dos Materiais e estão Materias é de fundamental importância. Contudo, cabe
ligados entre si, isto é, para modificar qualquer um desses pilares, ressaltar que nem sempre você irá conseguir obter a
automaticamente os outros três pilares sofrerão alguma alteração.

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Após o passar dos tempos, a caça se tornou cada vez mais difícil devido
perfeita otimização desses quatro pilares, seja por questões
à baixa presença de animais. A adaptação foi seguida pelo domínio da
econômicas ou mesmo por impossibilidades físicas. O que
agricultura, logo após a domesticação de animais, e assim por diante.
se deve ter em mente são quais as prioridades de cada pilar
Com essas mudanças, as tribos que melhor conseguiam se adaptar
que o material deve ter.
foram as que sobreviveram por mais tempo e constituíram as maiores
populações e controlaram os maiores territórios.

2. Evolução dos materiais Todas essas modificações, aprimoramentos e descobertas de novos


métodos de produção, tanto de alimentos quanto de instrumentos de caça
Desde o surgimento do homem primitivo (hominídeos), a necessidade são datadas por arqueólogos em diferentes Idades. As Idades são definidas
essencial era a alimentação, que provinha, basicamente, de proteína pelos achados arqueológicos dos instrumentos com os quais os hominídeos
animal. Para a obtenção dessa alimentação, era primordial a dominavam a produção e a manipulação dos materiais. Elas são divididas
necessidade de um instrumento de caça. em idade da pedra e idade dos metais, segundo Navarro (2006).

Nessa época, os hominídeos eram majoritariamente nômades e iam 2.1 Idade da pedra
em busca de territórios férteis para se alimentar e também para caçar,
pois tais locais atraiam também os animais. Para a sobrevivência, eram A idade da pedra foi a idade na qual os seres humanos criaram e utilizaram
necessárias a busca por alimentos e a defesa contra outras tribos. ferramentas de pedras para a sua sobrevivência. Contudo, a definição da
Devido a isso, artefatos bélicos foram surgindo para essa necessidade, idade da pedra não se deu somente pelo uso da pedra como ferramentas
segundo Navarro (2006). necessárias para a sobrevivência. Outros fenômenos fundamentais
marcaram a idade da pedra como o uso do fogo, o que proporcionou
Com o crescimento populacional e a expansão territorial, a busca por o desenvolvimento da transformação dos alimentos, da agricultura, da
alimentos e a defesa da população iam ficando cada vez mais difíceis, daí descoberta dos metais, entre outras. A idade da pedra é dividida em três
a necessidade de se mudarem de região em busca de novos solos férteis períodos: Paleolítico (pedra antiga ou pedra lascada), Mesolítico (pedra
e de menor concorrência. intermediária) e Neolítico (pedra polida), de acordo com Navarro (2006).

Essas mudanças fizeram os homídeos chegarem a um ponto de se 2.1.1 Paleolítico


deslocarem para áreas hostis, como áreas de glaciações. Devido a isso,
a necessidade de se cobrirem tornou-se indispensável. Agora os animais O período Paleolítico, conhecido também como a idade da pedra antiga
não serviam apenas para a alimentação, mas suas peles passaram a ser ou pedra lascada, foi o período pré-histórico marcado pela utilização de
utilizadas para proteção contra o frio, de acordo com Navarro (2006). utensílios de pedra pelo homem (cerca de 2 milhões de anos atrás) até
o início do período Neolítico. Esse período é marcado pela selvageria, ou
A cada nova mudança, a necessidade de se adaptarem se tornou algo seja, a utilização da pedra como armas para caça e defesa. Os utensílios
comum. Antes, a obtenção de alimentos era apenas por meio da caça. nessa época eram mais simples.

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Figura 2 – Utensílios utilizados durante o período Paleolítico Com o domínio da agricultura, as populações começaram a se fixar em
determinadas regiões, e assim foi o começo do desenvolvimento das
civilizações. Além da agricultura, outro fator importante desse período
foi a domesticação de animais, que permitiu a produção de alimentos
sem a necessidade da caça.

Figura 3 – Imagem ilustrativa do período Neolítico

Fonte: Magnus Ekelund/iStock.com.

2.1.2 Mesolítico

O período Mesolítico foi o período da pré-história situado entre o


período Paleolítico e o período Neolítico. Esse período esteve presente
em apenas algumas regiões onde sofriam de glaciações, e foi marcado
pelo início da agricultura, devido à escassez de alimentos nessas regiões.
Fonte: http://1epal-dafnis.att.sch.gr/bima/ergask/mistoria/neol.htm.
2.1.3 Neolítico Acesso em: 17 maio 2019.

O período Neolítico, conhecido como a idade da pedra polida, foi o


período do desenvolvimento da agricultura, iniciado em algumas regiões 2.2 Idade dos metais
pelo período Mesolítico, permitindo, assim, o aumento populacional com
o tempo. Ainda nesse período, outro fator importante foi a descoberta A idade dos metais foi marcada pelo manuseio e utilização de materiais
do fogo, o que permitiu aos homens uma grande evolução. Com essa metálicos que substituíram as pedras e os ossos. O primeiro metal a
descoberta foi possível a transformação dos alimentos, a criação ser trabalhado e utilizado foi o cobre, em seguida vieram suas ligas e,
de peças cerâmicas (no começo para armazenagem de alimentos por fim, o ferro.
e sementes e depois para fins decorativos) e, posteriormente, a
descoberta e desenvolvimento dos metais, segundo Navarro (2006). A descoberta dos metais e o seu completo domínio deu origem a
uma grande evolução das antigas cibvilizações. Com o passar do
Esse período também é marcado pelo domínio da utilização dos tempo, cada vez mais o uso dos metais se tornou relevante para a
utensílios de pedras e outros materiais, como ossos. Os instrumentos humanidade. Por volta dos anos de 1960 houve um crescente aumento
possuíam lâminas mais cortantes e eram bem-acabados que tinham do desenvolvimento de polímeros, cerâmicas e compósitos para a
como função, além da caça, a separação de carnes para alimentação e substituição dos metais. No entanto, estes ainda possuem grande
de pele e ossos para outros usos, como vestimentas e outros artefatos. importância na vida moderna (ASHBY, 1999).

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A figura 4 mostra a importância relativa dos tipos de materiais ao longo 2.3 Idade do cobre
do tempo, dada pela área entre as linhas, e não pelas linhas em si.
Ou seja, a importância relativa das cerâmicas e vidros é representada A idade do cobre sucedeu o período Neolítico, e foi a primeira na
pela área abaixo da linha inferior. A importância relativa dos metais classificação da idade dos metais. Datada aproximadamente entre
os anos 8.000-4.000 a.C., foi nesse período que se observou o
corresponde a área acima da linha superior. Da mesma forma, a
descobrimento e o desenvolvimento do uso do cobre em utensílios.
importância relativa dos polímeros e dos compósitos corresponde as
áreas entre as linhas onde estão demarcados. Assim, pode-se observar O cobre pode ser encontrado na natureza na forma simples e também
que, no início, as cerâmicas e os polímeros eram predominantes combinado, na forma de óxidos, sendo o mais comum a calcopirita.
basicamente no uso das pedras e madeiras, respectivamente. Após a No entanto, acredita-se que o primeiro minério utilizado tenha sido a
descoberta dos metais houve um grande crescimento da importância malaquita, que é um carbonato mineral básico de cobre Cu2(OH)2(CO3),
relativa destes até a década de 1960 que pode ser observado pelo utilizado como pigmento verde, segundo Navarro (2006). A descoberta do
aumento da área ocupada pelos metais. Após a década de 1960, o fogo no período Neolítico não foi somente importante para a alimentação
desenvolvimento de outros materiais foram tomando relevância, e hoje e aquecimento contra o frio, mas também para o início da fundição dos
podemos observar que todos os materiais apresentam quase a mesma metais, em que o cobre era obtido após a queima das cerâmicas.
importância relativa, segundo Shackelford (2012).
2.4 Idade do bronze
Figura 4 – Gráfico da importância relativa dos
materiais ao longo do tempo A idade do bronze foi o período em que ocorreu o desenvolvimento
desta liga metálica resultante da mistura de cobre (Cu) e estanho (Sn).
Muitos admitem que a idade do bronze sucede o período Neolítico,
porém, em certas regiões, há a presença da idade do cobre antes da
descoberta do bronze, segundo Navarro (2006). A idade do bronze
começou na Grécia e na China por volta dos anos 3.000 a.C. e depois
se desenvolveu para a Mesopotâmia e o Egito, chegando até a Grã-
Bretanha por volta dos anos 1.900 a.C.

O domínio das ligas metálicas, que iniciou a idade do bronze, tem como
atividade mais relevante a metalurgia, pois dominou-se a técnica de
misturar o estanho com o cobre, ambos metais relativamente de fácil
fundição, formando, assim, essa liga metálica.

No início, apenas as pessoas ricas podiam comprar o bronze, mas com


o passar do tempo, essa atividade se popularizou e a comercialização se
Fonte: Shackelford (2012). tornou algo comum entre os metalúrgicos, artesãos e fazendeiros.

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Figura 5 – Ferramentas e armas utilizadas pelos homens na Figura 6 – Armas utilizadas durante a idade do ferro
idade do cobre

Fonte: https://www.infoescola.com/historia/idade-do-ferro/. Acesso em: 16 maio 2019.

Portanto, um engenheiro de materiais é responsável pela seleção


Fonte: resavac/iStock.com.
dos materiais, dentre milhares de opções a serem utilizadas em
determinada aplicação. Para isso, existem vários fatores a serem
2.5 Idade do ferro considerados antes de se chegar a uma decisão final. Por exemplo,
quais esforços o material estará sofrendo? Qual o ambiente de trabalho
A idade do ferro foi o período que sucedeu a idade do bronze e marcou desse material? A que temperatura estará submetido? Esses, dentre
o fim da pré-história. Idade marcada pela utilização do ferro como metal outros fatores, devem ser questionamentos sempre levantados pelos
substituindo o cobre. O ferro é superior em resistência e também na engenheiros de materiais durante suas análises. Lembrando sempre de
abundância de minérios para a sua obtenção. A sua larga utilização considerar o custo de cada opção, pois não adianta o material possuir
se deu quando os metalúrgicos dominaram a técnica de remoção das as propriedades ideiais para determinada aplicação se a sua produção
impurezas do minério de ferro e a regulação da quantidade de carbono. for tão cara a ponto de inviabilizar o projeto.

O domínio da metalurgia do ferro possibilitou ao aumento da produção


de alimentos, melhorias na fabricação de armamentos e ferramentas. A TEORIA EM PRÁTICA
profissão de ferreiro se tornou cada vez mais importante nessa época,
A seleção de um material para uma determinada aplicação
resultando em melhorias significativas na construção de casas, pontes, sempre está relacionada à melhor qualidade, ou seja,
entre outras construções. E ainda a grande disputa por áreas onde havia o melhor desempenho do material. Porém, quando se
a presença de minérios de ferro, segundo Navarro (2006).

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modifica algum dos quatro pilares da Ciência e Engenharia a. Uso de utensílios de pedra mais refinados.
de Materiais, os outros três pilares são afetados.
b. Desenvolvimento da agricultura e domesticação
Imagine que você é um engenheiro de materiais e um
dos animais.
cliente solicita um material que apresente uma elevada
dureza. Quais os cuidados que você, como engenheiro, deve c. Descoberta do fogo e refino das armas de
tomar para que o material não fique comprometido? pedra e ossos.

d. Uso de vestimentas e melhoramento das ferramentas.

e. Descoberta dos metais.


VERIFICAÇÃO DE LEITURA
3. A Ciência e Engenharia de Materiais, possuem quatro
1. A evolução dos materiais se deu por meio de marcos grandes pilares fundamentais que estão inter-relacionados,
importantes que mudaram o estilo de vida dos homens isto é, a modificação de um pilar automaticamente afeta os
em cada idade. A idade dos metais foi um marco outro três. Quais são esses quatro pilares?
importante, pois, após sua descoberta, houve uma
grande mudança nas civilizações. Quais são as principais a. Desempenho; Custo; Composição Química; Estrutura.
idades dos metais que marcaram a pré-história?
b. Custo; Composição Química; Propriedades; Estrutura.
a. Idade do cobre; Idade do bronze; Idade do ferro.
c. Composição Química; Estrutura; Processamento;
b. Idade do ouro; Idade do bronze; Idade do ferro. Desempenho.

c. Idade do cobre; Idade do estanho; Idade do bronze. d. Desempenho; Custo; Processamento;


Composição Química.
d. Idade do bronze; Idade do ferro; Idade do aço.
e. Processamento; Composição Química;
e. Idade do cobre; Idade do ferro; Idade da prata. Caracterização; Custo.

2. A idade da pedra é o período mais longo da pré-história,


com duração de quase 500.000 anos. Ela é finalizada Referências bibliográficas
com a descoberta e o domínio dos metais. Assinale a
alternativa que melhor descreve a grande evolução na ASHBY, M. F. Materials Selection in Mechanical Design. 2. ed. 1999.
idade da pedra. ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e Engenharia dos Materiais. 3. ed.
Cengage Learning, 2015.

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CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: An Introduction. 7. ed. 2006.
NAVARRO, R. F. A Evolução dos Materiais. Parte 1: da Pré-história ao Início da Era
Moderna. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v. 1, 1(2006), p. 01-11.
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.

Classificação dos materiais:


Gabarito metais, polímeros, cerâmicos,
compósitos, semicondutores e
Questão 1 – Resposta A
biomateriais
As três idades dos metais, que são marcos na pré-história e Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes
mudaram a maneira como os homens vivem até hoje, são as
idades da descoberta do cobre, bronze e ferro.

Questão 2 – Resposta B Objetivos


O grande marco da idade da pedra se deu após a descoberta do • Conhecer os diferentes tipos de materiais existentes.
fogo. Porém, o grande marco foi no período Neolítico, quando
os hominídeos desenvolveram a agricultura e, posteriormente, • Entender as diferenças entre os materiais.
a domesticação de animais. Após estes eventos, a população foi
aumentando com o tempo e foram se formando as civilizações. • Conhecer algumas aplicações dos diferentes
materiais.
Questão 3 – Resposta C
Os quatro pilares fundamentais da Ciência e Engenharia de
Materiais que estão inter-relacionados são a composição
química, desempenho, estrutura e processamento. A composição
química compreende quais elementos e em qual proporção
estão presentes no material. A estrutura em como os átomos
estão arranjados, o processamento em como o material foi
transformado até o produto final e o desempenho em como o
material vai se comportar em determinada aplicação.

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1. Introdução Figura 1 – Resistência dos materiais

Os materiais foram fundamentais para o desenvolvimento e a


sobrevivência da humanidade desde a pré-história. Inicialmente, eram
utilizados pedras, madeiras e ossos como principais materiais e, com o
passar do tempo, foram descobertos novos tipos de materiais como os
metais, por exemplo.

A manipulação e o desenvolvimento da produção dos metais foram o


marco para o início das civilizações. A produção e a transformação de
materiais em bens acabados tornaram-se uma atividade importante
para o desenvolvimento e evolução da nossa espécie.

Com o passar dos anos, os materiais sólidos foram agrupados e


classificados tendo como base a composição química, e podem ser
classificados em três grandes grupos: metais, polímeros e cerâmicos.
Fonte: Askeland e Wright (2015).
Essa classificação está baseada na sua composição química e na
estrutura atômica. Contudo, os outros materiais existentes se encaixam
em posições intermediárias a esses grupos, por exemplo, os compósitos,
semi-condutores e biomateriais, segundo Callister Jr. (2006).
PARA SABER MAIS

A Ciência e Engenharia de Materiais é um ramo que vem


Cada material dessa classificação possui diferentes propriedades e
ganhando muita notoriedade. O desenvolvimento de
estruturas, sendo assim, a resistência mecânica é uma propriedade
novos materiais é de grande relevância para a sociedade,
muito comum utilizada em aplicações estruturais. A Figura 1 mostra
a diferença da resistência de alguns materais dessa classificação pois amplia a diversificação dos materiais que podem ser

(ASKELAND; WRIGHT, 2015). utilizados. Além dos materais mais comumente utilizados,
há alguns que apresentam características específicas,
como a supercondutividade, os high-entropy-alloys (ligas
de alta entropia), entre outros. Esses materiais, apesar
de ainda não serem utilizados no dia a dia, estão em
desenvolvimento para a viabilidade no futuro.

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2. Metais Figura 2 – Materiais a base de ferro

Os materiais metálicos possuem um grande número de elétrons


livres, isto é, elétrons que não estão ligados a qualquer outro átomo
em particular. Essa característica confere muitas propriedades aos
metais, por exemplo, a boa condutividade elétrica e térmica. Além
dessa característica, os metais são também opacos, ou seja, não são
transparentes a luz visível e apresentam uma superfície brilhosa
quando polida, segundo Callister Jr. (2006).

Os metais puros, muitas vezes não apresentam boas características


e propriedades para aplicações cotidianas. Logo, eles são misturados
Fonte: enviromantic/iStock.com.
com outros elementos. Essa combinação é o que chamamos de
ligas metálicas, na qual a composição química é majoritariamente 3. Cerâmicos
formada por um metal. O aço é uma liga de ferro que contém em sua
composição química o carbono. O ferro, por si só, não apresenta boas Os materiais cerâmicos são definidos como materiais cristalinos
características e propriedades para o uso, pois são frágeis, oxidam inorgânicos (ASKELAND; WRIGHT, 2015). São frequentemente óxidos,
facilmente, não possuem boa ductilidade, entre outros. A adição de nitretos e carbonetos. Em geral, os materiais cerâmicos apresentam
alta resistência mecânica e alta dureza, mesmo em altas temperaturas,
carbono, silício, manganês, fósforo, entre outros elementos químicos
porém são extremamente frágeis. São materiais isolantes, isto é, não
em sua composição química atribui ao ferro melhores propriedades
são bons condutores elétricos nem de calor, pelo contrário, armazenam
para a sua utilização, por exemplo, aumentando a resistência mecânica, o calor por longos períodos e, por isso, são chamados refratários,
de acordo com Shackelford (2012). segundo Shackelford (2012).

As ligas metálicas podem ser divididas em dois grupos: ferrosas e não- Há diversas aplicações para os materiais cerâmicos. Por serem materiais
isolantes e refratários, são comumente utilizados em aplicações que
ferrosas. As ligas ferrosas são as que possuem na sua composição
exijam resistência térmica, como em revestimento em paredes de
ferro como o principal elemento, por exemplo, os aços-carbono, ferros
fornos e turbinas. Além disso, podemos observar os materiais cerâmicos
fundidos ou aços-ligas. Já as ligas não-ferrosas são todas as outras ligas aplicados em nosso cotidiano como os tijolos e telhas, louça de cozinha,
que não contém ferro como principal elemento e sim outros metais, por vasos sanitários, revestimentos como pisos e azulejos, entre outros. As
exemplo, ligas de alumínio, ligas de cobre, ligas de níquel, entre outras, cerâmicas também são aplicadas como aditivos de tintas, plásticos e
segundo Padilha (2000). pneus (ASKELAND; WRIGHT, 2015).

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Além disso, outro tipo de cerâmica bem conhecida é o vidro inorgânico. uma cadeia longa composta de muitos meros, podendo chegar a
Os mais comuns são formados de silicatos que apresentam, milhares deles. O processo de produção dos polímeros é denominado
aproximadamente, 70% em peso de SiO2 (sílica) em sua composição polimerização, e consiste numa reação química que provoca a
química. O restante da sua composição são outros óxidos e nitretos combinação de um grande número de moléculas (meros), de acordo
que configuram características específicas para cada tipo de vidro. com Shackelford (2012).
Apresentam as mesmas propriedades que outras cerâmicas, ou seja,
são isolantes, apresentam alta resistência mecânica, alta dureza e são Os polímeros, na sua maioria, são bons isolantes térmicos e elétricos.
frágeis. A característica que torna o vidro inorgânico uma cerâmica Apesar de apresentarem uma baixa resistência mecânica, quando
diferente é que, por ser um material amorfo, não apresenta um arranjo comparados aos materiais metálicos e cerâmicos, possuem uma boa
atômico regular e periódico, o que faz com que ele seja um material razão resistência-peso. São também materiais muito flexíveis e com
transparente (ASKELAND; WRIGHT, 2015). baixa densidade, segundo Padilha (2000).

Figura 3 – Garrafas de vidro Os polímeros podem ser classificados em duas categorias gerais:
termofixos e termoplásticos. Os polímeros termofixos se tornam mais
rígidos com o aumento da temperatura e são irreversíveis, isto é, uma
vez aquecido e rígido os polímeros termofixos não podem ser reciclados.
Já os polímeros termoplásticos se tornam mais ducteis e deformáveis
com o aumento da temperatura, permitindo, assim, a sua modelagem e
reciclagem, segundo Shackelford (2012).

Figura 4 – Polietileno

Fonte: SupharoekBK/iStock.com.

4. Polímeros

Os polímeros são, em geral, hidrocarbonetos, ou seja, são materiais


orgânicos com composição química baseada em carbono e hidrogênio
com adição de outros elementos como enxofre, silício, nitrogênio,
oxigênio e flúor, segundo Callister Jr. (2006). A menor parte de um
polímero é chamada de mero. Os polímeros são formados por Fonte: Stas_V/iStock.com.

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5. Compósitos Figura 5 – Tipos de compósitos

Os compósitos são materiais obtidos pela mistura de dois ou mais


tipos de materiais. A principal ideia de um material compósito é
combinar as melhores propriedades dos dos materiais que o formam.
Os compósitos, em geral, apresentam uma matriz formada por um
material específico, e nela são adicionados um ou mais tipos de
materiais, denominados “reforço” ou “fase dispersa”, para adquirir as
propriedades desejadas. Por exemplo, a fibra de vidro é um compósito
que possui uma matriz polimérica com pequenas fibras de vidro. A
ideia desse material é combinar a resistência mecânica do vidro com a
ductilidade da matriz polimérica, segundo Padilha (2000).

Os compósitos são separados em três grupos: os reforçados com


partículas, os reforçados com fibras e os estruturais. Os compósitos Fonte: https://www.gas-eng.com.br/post-unico/2018/06/04/Fase-de-Matriz-Resinas.
reforçados com partículas possuem uma matriz com partículas dispersas Acesso em: 22 maio 2019.

nela, por exemplo o concreto, onde se tem uma matriz de cimento


com partículas de areia e pedras dispersas na matriz. Os compósitos 6. Semicondutores
reforçados com fibras possuem em sua matriz fibras finas e longas
dispersas em si, por exemplo, as fibras de carbono, aramida, ou mesmo Os semicondutores são materiais que apresentam propriedades
as já citadas vibras de vidro, onde se tem uma matriz polimérica com elétricas entre os metais e cerâmicos. Os semicondutores podem ser
fibras de vidro dispersas na matriz. E, por fim, os compósitos estruturais compostos de silício, germânio ou arseneto de gálio com adições de
onde não existe uma única matriz, mas sim uma sobreposição dos outros elementos como alumínio, zinco, cádmio, entre outros. Esses
materiais, como no caso das asas e fuselagem de aeronaves, onde se materiais são extremamente sensíveis à presença de impurezas, ou seja,
qualquer partícula estranha em sua estrutura altera relativamente a sua
utilizam sanduíches de carbono, segundo Shackelferd (2012).
condutividade elétrica. Devido a isso, os semicondutores são produzidos
Com o desenvolvimento dos compósitos, podemos fabricar diversos na forma de monocristais, segundo Shackelford (2012).
tipos de materiais com as propriedades desejadas. Esses materiais Em alguns casos pode-se controlar o grau de condutividade elétrica dos
estão em constante desenvolvimento e são muito utilizados na semicondutores. A condutividade pode ser aumentada através da adição
indústria aeroespacial. Além disso, existem muitos compósitos de impurezas. Esse controle possibilita a fabricação de componentes
utilizados no dia a dia como o concreto armado, fibras de carbono, eletrônicos empregados em circuitos elétricos. Quando a condutividade
colete a prova de bala, entre outros. elétrica é baseada na estrutura eletrônica do metal puro, é chamada

 27 28
28
de condutividade intrínseca. Já quando as características elétricas são podem ser utilizados como biomateriais. A única condição exigida é que
determinadas pelas impurezas, denomina-se condutividade extrínseca, esses materiais não podem sejam tóxicos ao corpo humano, ou seja,
de acordo com Van Vlack (2000). sejam biocompatíveis.

Os semicondutores revolucionaram a indústria de componentes A corrosão dos biomateriais é a pincipal responsável pela
incompatibilidade no uso destes materiais, pois estão em constante
eletrônicos e de computadores. São utilizados em componentes
contato com ambientes agressivos e esforços mecânicos. As ligas de
eletrônicos como diodos, transistores e outros componentes com
cobalto-cromo são muito aceitas e utilizadas em implantes de próteses
maior complexidade tecnológica, como microprocessadores e
que sofrem desgaste, as ligas de aços-inoxidáveis para construção de
nanotecnologia.
aparelhos ortodônticos e ligas de titânio para implantes dentários e
ortopédicos (RAMIRES; GUASTALDI, 2012).
Figura 6 – Placa de um criscuito eletrônico
Os biomateriais são aplicados em quatro grandes áres: cardiologia,
oftalmologia, odontologia e ortopedia. Na cardiologia são utilizados
no sistema vascular ou circulatório. Na oftalmologia são utilizados nos
olhos e lentes artificiais. Na odontologia são utilizados nos implantes
dentários. E na ortopedia são utilizados em articulações, como joelhos,
quadris, ombro e cotovelo, de acordo com Antunes (2017).

Figura 7 – Prótese de biomateriais

Fonte: matejmo/iStock.com.

7. Biomateriais

Os biomateriais são materiais que podem ser utilizados no corpo


humano para substituir ou reparar partes do corpo. Como são utilizados
no interior do corpo humano, esses materiais não podem produzir
substâncias tóxicas ou que degradem os tecidos musculares, segundo
Callister Jr (2006). Qualquer classe de materiais possui exemplares que Fonte: monstArrr_/iStock.com.

 29 30
30
ASSIMILE VERIFICAÇÃO DE LEITURA
Apesar de existirem milhares de materiais disponíveis e a 1. Dentre os materiais existentes, qual a classe de
possibilidade de criação de novos materiais, há sempre a materiais, em geral, que apresentam melhor
questão do custo. Muitas vezes a demanda de uma certa resistência ao calor?
aplicação não exije tanta complexidade na escolha do
material. Cabe ao engenheiro de materiais assimilar isso a. Materiais metálicos.
com a disponibilidade dos materiais já existentes.
b. Materiais cerâmicos.

c. Materiais poliméricos.
Resumindo, a imensa lista de materiais existentes disponíveis aos
engenheiros de materiais pode ser dividida basicamente em três d. Materiais compósitos.
grandes grupos: metais, cerâmicos e polímeros. Além disso, há outros
materiais, como os compósitos, que são misturas de dois ou mais e. Biomateriais.
materiais visando as melhores propriedades de cada um deles. Há
ainda classes especiais de materiais, como os semicondutores, que
2. Os compósitos são materiais em que se têm a mistura
são os materiais eletrônicos que possuem uma condutividade elétrica
de dois ou mais materiais a fim de utilizar as melhores
intermediária. E os biomateriais, que são biocompatíveis, e, portanto, propriedades de cada um deles. A fibra de vidro é
podem ser utilizados para auxiliar, melhorar ou substituir funções do a combinação de uma matriz polimérica com fibras
corpo humano. de vidro dispersas na matriz. Quais as melhores
propriedades que o polímero e o vidro conferem ao
compósito, respectivamente?
TEORIA EM PRÁTICA
a. Ductilidade e resistência ao calor.
Existem milhares de materiais disponíveis para os
engenheiros de materiais escolherem em seus projetos. b. Ductilidade e condutividade elétrica.
Muitas vezes, existem referências, e banco de dados para
se basear. Suponha que você seja recém contratado em c. Dureza e resistência mecânica.
uma empresa que está iniciando suas atividades e você,
engenheiro de materiais, precisa projetar uma lista de d. Ductilidade e resistência mecânica.
materiais baseada em determinadas propriedades. Por
onde você iniciaria sua busca? e. Resistência mecânica e resistência ao calor.

 31 32
32
Gabarito
3. Os semicondutores são materiais utilizados em
placas solares e em componentes eletrônicos, como
computadores, celulares e tablets. Sua produção Questão 1 – Resposta B
necessita de alguns cuidados, como a produção de Os materiais cerâmicos apresentam melhor resistência ao calor.
monocristais, ou seja, materiais com um único grão Geralmente são óxidos, nitretos e carbonetos que apresentam
livre de impurezas. Qual o malefício das impurezas elevados pontos de fusão.
nesses tipos de materiais?
Questão 2 – Resposta D
a. Altera a resistência mecânica.
Os compósitos são materiais em que se utiliza a mistura de dois
b. Altera a dureza. ou mais materiais visando as melhores propriedades de cada um.
A fibra de vidro é um compósico com uma matriz polimérica e
c. Altera as propriedades elétricas.
fibras de vidro dispersas na matriz. A matriz polimérica confere
d. Altera as propriedades óticas. ao compósito a boa ducilidade, já as fibras de vidro conferem ao
compósico uma alta resistência mecânica.
e. Altera as propriedades térmicas.
Questão 3 – Resposta C
Os semicondutores são materiais utilizados especificamente em
dispositivos eletrônicos e computadores, por apresentarem uma
Referências bibliográficas condutividade elétrica intermediária entre os metais e as cerâmicas.
Essa condutividade elétrica pode ser controlada por meio da
ANTUNES, L. H. M. Caracterização da liga Co-28Cr-6Mo obtida por manufatura escolha dos materiais e pela sua produção. Qualquer impureza
aditiva e microfundição. 2017. p. 96. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) – Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de presente nesses materiais pode alterar significativamente essa
Campinas, Campinas, 2017. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/ condutividade elétrica inviabilizando seu uso nessas aplicações.
handle/REPOSIP/330611. Acesso em: 19 set. 2019.
ASHBY, M. F. Materials Selection in Mechanical Design. 2. ed. 1999.
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SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.

 33 34
34
1. Estrutura atômica

Os átomos são compostos por um núcleo muito pequeno de prótons e


nêutrons com elétrons em órbita desse núcleo. Tanto os prótons quanto
Estrutura atômica e ligação os elétrons são eletricamente carregados, com uma magnitude de carga
de 1,6x10-19 C, em que os elétrons possuem carga negativa e os prótons
interatômica dos sólidos. possuem carga positiva, segundo Van Vlack (1964). A massa desses átomos
Estrutura cristalina e não é muito pequena, sendo a dos prótons e nêutrons uma massa de 1,67x10-
cristalina dos sólidos 27 kg e a dos elétrons 9,11x10-31 kg, de acordo com Callister Jr. (2006).

Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes


Os elementos químicos são especificados pelo número de prótons em
seu núcleo, chamado de número atômico (Z). A massa atômica (A) é dada
pela soma das massas dos prótons e nêutrons. Em um átomo, o número
Objetivos de prótons é sempre o mesmo, mas o número de nêutrons pode variar.
Para esses átomos com diferentes números de neutros, dá-se o nome
• Conhecer e entender a estrutura de um átomo. de isótopos. A massa atômica de cada elemento é calculada pela média
ponderada de todos os isótopos dos átomos, e esse valor é utilizado
• Conhecer os tipos de ligações mais comuns como base de cálculo de um átomo. A referência utilizada foi o carbono,
existente entre os elementos químicos. pois é o elemento mais abundante e o cálculo utilizado foi que 1 unidade
de massa atômica (uma) é definida como 1/12 da massa do carbono. O
• Conhecer e entender o que é cristalinidade e como peso atômico de um elemento pode ser especificado com base em uma
são as estruturas mais comuns dos metais. por átomos, chamado de mol. Um mol de um elemento químico possui
6,023x1023 átomos (número de avogrado), segundo Callister Jr. (2006).

1.1 Números quânticos

Os elétrons em um átomo são caracterizados por quatro parâmetros


quânticos chamados de números quânticos: o número quântico principal
(n), o secundário (l), o magnético (mt) e o spin (ms). Além dos números
quânticos, os elétrons nos níveis eletrônicos de Bohr são divididos em
camadas e subcamadas eletrônicas e os números quânticos definem
o número de orbitais dessas subcamadas. As camadas são definidas
por letras maiúsculas (K, L, M, N, O, P e Q) e as subcamadas por letras
minúsculas (s, p, d ou f). O número quântico magnético define o número
de estados que uma subcamada pode ter, por exemplo, a subcamada s

 35 36
36
possui um único estado, a subcamada p possui três estados, a subcamada Por exemplo, o elemento químico sódio (11Na) apresenta um número
d possui cinco estados e a subcamada f possui sete estados. Por fim, atômico (Z) 11, isto é, apresentam 11 prótons em seu núcleo. A sua
o número quântico de spin está relacionado com o momento de spin distribuição em níveis e subníveis é:
que possui dois valores, podendo ser positivo (+1/2) ou negativo (-1/2).
1s2 2s2 2p6 3s1
(CALLISTER JR., 2006; ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
Já o elemento químico ferro (26Fe) apresenta um número atômico (Z)
1.2 Configuração eletrônica 26, isto é, apresentam 26 prótons em seu núcleo. A sua distribuição em
níveis e subníveis é:
De acordo com o princípio de exclusão de Pauli, no mesmo átomo
dois elétrons não podem ter os mesmos quatro números quânticos e, 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6 4s2
assim, cada elétron possui uma combinação única dos quatro números
Embora a subcamada d possa receber 10 elétrons, devido às
atômicos. Logo, cada orbital eletrônico pode comportar apenas dois
propriedades do ferro, 2 elétrons passam para a subcamada s do nível 4
elétrons em cada camada, sendo que os valores de spins devem ser
opostos. Portanto, as subcamadas (l) devem acomodar um total de 2, 6, (ASKELAND; WRIGHT, 2011).
10 e 14 elétrons respectivamente, isto é, a subcamada s pode comportar
2 elétrons, a subcamada p pode comportar 6 elétrons, a subcamada 1.3 Valência
d pode comportar 10 elétrons e a subcamada f pode comportar 14
elétrons, segundo Shackelford (2012). O número de elétrons no átomo que participa das reações químicas
ou de ligações químicas é chamado de valência e, normalmente, são
A partir desse princípio, foi criado o diagrama de Pauling (figura 1) para representadas pelos elétrons presentes nas subcamadas s e p da última
facilitar a distribuição dos elétrons em níveis e subníveis. camada. Por exemplo:

Figura 1 – Diagrama de Linus Carl Pauling Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 Valência = 2

Al: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 Valência = 3

Si: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p2 Valência = 4

A valência depende do sistema onde o elemento químico se encontra.


Os átomos do sistema podem modificar a valência dos átomos. Por
exemplo, o manganês (Mn) pode apresentar valência de 2, 3, 4, 6 e 7
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).

1.4 Estabilidade do átomo e eletronegatividade

Quando um átomo apresenta valência zero, dizemos que esse elemento


é inerte, ou seja, é um elemento que não reage com outros elementos.
Fonte: elaborada pelo autor. Esses elementos são os gases nobres. Um exemplo é o argônio (18Ar).

 37 38
38
Ar: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 Figura 2 – Tabela periódica atualizada de 2019

Os átomos que não apresentam a valência zero tendem a ir para a


estabilidade, isto é, recebem ou doam elétrons para outros átomos ao
seu redor para chegarem à estabilidade.

Eletronegatividade é a tendência de um átomo ganhar elétron, ou seja,


os átomos ganham elétrons para completarem os níveis de energia
e irem para a estabilidade. Átomos que estão com os subníveis s e p
quase completos são átomos fortemente eletronegativos, por exemplo
o cloro que apresenta uma valência de 7. Já o sódio é um átomo pouco
eletronegativo, pois apresenta a valência de 1. Muitas vezes elementos
pouco eletronegativos, que possuem valência baixa, são chamados de
eletropositivos (ASKELAND; WRIGHT, 2011).

1.5 Tabela periódica


Fonte: alejomiranda/iStock.com.
Em 1869, Dimitri Ivanovich Mendeleyev criou a tabela periódica a partir
das propriedades físicas e químicas que ele julgou mais importantes.
Porém, naquela época, não se conheciam os estudos sobre os números 2. Ligações interatômicas dos sólidos
quânticos. Hoje sabe-se que os elementos químicos são funções
periódicas de seus números atômicos, segundo Padilha (2000). O conhecimento de muitas propriedades dos materiais está baseado
nas forças interatômicas dos átomos. Quando dois átomos estão
A tabela periódica (figura 2), contém informações importantes e muito distantes, as forças interatômicas são desprezíveis, porém
específicas sobre os elementos químicos e ajudam a identificar com a aproximação, essas forças começam a ser exercidas. Essas
tendências do tamanho do átomo, ponto de fusão, reatividade química, forças são de dois tipos, atrativas ou repulsivas, sgundo Shackelford
entre outras propriedades. (2012). Há quatro mecanismos importantes com os quais os átomos
podem interagir enter si: ligações metálicas, ligações covalentes,
ligações iônicas e ligação de van der Waals (ou secundárias). As
três primeiras são ligações relativamente fortes com transferência
e compartilhamento de elétrons, já a última é uma ligação fraca
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).

 39 40
40
2.1 Ligação iônica Figura 4 – Figura mostando a relação do número de coordenação com a
razão dos raios que formam as geometrias de coordenação
A ligação iônica é o resultado da transferência de elétrons de um
átomo para outro, isto é, os elétrons dos átomos eletropositivos são
transferidos para os átomos eletronegativos. O exemplo mais clássico
é o cloreto de sódio (NaCl), em que o elétron do sódio, que possui
valência 1, é transferido para o átomo de cloro, que possui valência 7.
Assim, ambos adquirem a estabilidade eletrônica, conforme Figura 3
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).

Figura 3 – Ligação iônica. Transferência de elétrons entre dois


elementos (Na e Cl)

Fonte: Askeland, Wright e Fulay (2011).

Quanto maior for a eletronegatividade entre os dois elementos, maior


será o caráter iônico, isto é, maior será a força de ligação iônica entre
esses dois elementos, segundo Van Vlack (1964).

A ligação iônica é uma ligação não-direcional, ou seja, os elétrons Fonte: Shackelford (2012).
de um elemento eletropositivo atrairão qualquer elétron de um
elemento eletronegativo, independente da direção, de acordo com
2.2 Ligação covalente
Shackelford (2012).
A ligação covalente é caracterizada pelo compartilhamento de um ou
2.1.1 Número de coordenação
mais elétrons entre os elementos, gerando uma força de ligação entre
O número de coordenação (NC) é o número de átomos ou íons os elementos presentes. Esses elétrons compartilhados podem ser
adjacentes que podem cercar um átomo de referência. Esse número é considerados de ambos os elementos que orbitam entre eles. Quando
calculado a partir da razão entre os raios atômicos dos dois elementos há o compartilhamento de um elétron, há uma ligação simples entre
(r/R), o átomo de referência e os átomos adjacentes. A figura 4 apresenta eles, quando compartilham dois elétrons há uma ligação dupla, e
a geometria de coordenação em relação ao número de coordenação e a quando compartilham três elétrons há uma ligação tripla, de acordo
razão dos raios atômicos. com Padilha (2000).

 41 42
42
A ligação covalente é direcional, isto é, essa ligação ocorre somente ligações primárias estiver evidente, a ligação secundária é praticamente
na direção entre os elementos que estão sendo compartilhados. Essa nula. A principal causa dessa ligação é a polarização da molécula e
direcionalidade pode gerar ângulos entre as ligações. Por exemplo, essas ligações são subdivididas em quatro tipos: atração entre dipolos
a água (H2O) faz uma ligação covalente que faz o hidrogênio ficar permanentes, atração entre dipolos permanentes e dipolos induzidos,
levemente positivo e o oxigênio levemente negativo, gerando um ângulo forças de dispersão e ponte de hidrogênio, segundo Callister Jr. (2011).
entre as moléculas de hidrogênio. Esse compartilhamento resulta em
uma ligação chamada polar. Quando as ligações não formarem um A polarização molecular origina-se de dipolos elétricos que são
ângulo entre eles é chamado de uma ligação apolar, como é o caso do formados em toda molécula assimétrica, ou seja, quando a distribuição
metano (CH4), segundo Callister Jr. (2006). espacial dos elétrons é assimétrica, possuindo uma extremidade
positiva e a outra negativa. Essa polarização molecular é o que gera as
As ligações covalentes geralmente são ligações fortes, como é o caso atrações entre dipolos permanentes. Já as atrações dipolos permanentes
do diamante, que apresenta um alto ponto de fusão, mas também
e dipolos induzidos (ou forças de London), ocorrem em moléculas
podem existir ligações covalentes fracas, como a do bismuto. A ligação
apolares, onde a aplicação de um campo elétrico pode polarizar a
covalente é a principal ligação que forma os compostos orgânicos, como
molécula, de acordo com Van Vlack (1964).
os polímeros que possuem longas cadeias de carbonos ligados entre si,
segundo Van Vlack (1964). As forças de dispersão ocorrem em todas as moléculas simétricas e nos
átomos dos gases nobres. Nessa força, pode ocorrer uma polarização
2.3 Ligação metálica momentânea devido aos movimentos dos elétrons. As atrações são
fracas, porém são essas forças que mantêm os átomos dos gases nobres
Os metais apresentam até três elétrons em sua camada de valência,
unidos, segundo Padilha (2000).
por isso são considerados elementos eletropositivos. Esses elétrons
estão livres em uma “nuvem de elétrons” que circunda o elemento e, As pontes de hidrogênio são ligações entre um átomo de hidrogênio
por estarem livres, são os responsáveis por algumas características com outros átomos grandes, como é o caso do F, O ou N, entre outros.
dos metais, como a boa condutividade elétrica e térmica (ASKELAND; Essas ligações são polares e as mais fortes dentre as ligações de van der
WRIGHT; FULAY, 2011). Waals. Devido a essa forte ligação, as moléculas que possuem pontes
de hidrogênio apresentam temperaturas de ebulição elevadas, segundo
As ligações metálicas não são direcionais e, devido a isso, os metais Callister Jr. (2011).
apresentam boa ductilidade, isto é, a habilidade do material se deformar
plasticamente antes de romper, de acordo com Callister Jr. (2006).
ASSIMILE
2.4 Ligação de van der Waals ou secundária
Muitas propriedades físicas dos elementos químicos e
A ligação de van der Waals, ou ligação secundária, é o nome dado a moléculas estão diretamente ligadas com as ligações
qualquer ligação fraca existente entre dois elementos. Naturalmente, químicas entre os elementos, por exemplo, o ponto de
sempre há essa ligação secundária, porém, quando qualquer uma das três

 43 44
44
Figura 5 – Geometria de uma célula unitária geral
fusão, ponto de ebulição, ductilidade, condutividade elétrica
e térmica, entre outros. Um engenheiro de materiais,
entendendo esses tipos de ligações, pode ter alguma ideia
dessas propriedades apenas sabendo sobre as ligações
químicas e vice-versa.

Fonte: Shackelford (2012).

3. Estrutura cristalina e não cristalina dos sólidos As estruturas cristalinas podem ser determinadas de 14 maneiras
diferentes, denominados reticulados de Bravais envolvendo sete
Os materiais sólidos podem ser caracterizados pela regularidade em que sistemas diferentes, denominados sistemas de Bravais. A figura 6 mostra
os átomos estão arranjados uns em relação aos outros. Um material é as 14 redes de Bravais.
considerado cristalino quando o arranjo atômico se apresenta ordenado
Figura 6 – Quatorze redes de Bravais
e com uma periodicidade, existe uma ordem em que os átomos se
organizam e se repetem tridimensionalmente. Quando esse arranjo e/
ou periodicidade não acontecem, os materiais sólidos são chamados de
não-cristalino ou amorfos, como o caso dos vidros e alguns materiais
poliméricos, de acordo com Shackelford (2012).

Quando um material sólido cristalino apresentar o arranjo atômico


ordenado e com periodicidade ao longo de todo o material, sem
interrupções, isto é, sem nenhuma impureza, esse sólido cristalino
é chamado de monocristal. Já os policristais são formados de
vários cristais de diversos tamanhos e orientações, segundo
Callister Jr. (2006).

3.1 Célula unitária e Rede de Bravais

A célula unitária é a menor parte da periodicidade de um material


cristalino, isto é, o menor arranjo dos átomos que um cristal apresenta.
As células unitárias são definidas por três parâmetros e três ângulos,
como mostra a Figura 5. Fonte: Padilha (2000).

 45 46
46
Os diferentes parâmetros de rede e ângulo que formam os sistemas de A estrutura CCC apresenta um átomo no centro e 1/8 de átomos em cada
Bravais estão descritos pela tabela 1. vértice da célula unitária. Essa estrutura apresenta os átomos se tocando na
diagonal da célula unitária. A relação do parâmetro de rede (a) com o raio
Tabela 1 – Sete sistemas de Bravais e seus parâmetros de rede e ângulos atômico pode ser definida por: a = 4r/√3. Já a estrutura CFC apresenta ½ de
átomos em cada face e 1/8 de átomos em cada vértice da célula unitária.
Sistema Parâmetros de rede Ângulos
Os átomos dessa estrutura se tocam nas faces da célula unitária, assim,
Cúbico a=b=c α = β = γ = 90°
possuem uma relação de a = 4r/√2 (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
Tetragonal a=b≠c α = β = γ = 90°
Ortorrômbico a≠b≠c α = β = γ = 90° 3.2.2 Fator de empacotamento atômico
Romboédrico a=b=c α ≠ β ≠ γ ≠ 90°
O fator de empacotamento atômico (FEA) representa o grau de
Hexagonal a= b ≠ c α = β = 90° e γ = 120°
ocupação dos átomos na célula unitária e é determinada por:
Monoclínico a≠b≠c α = γ = 90° e β > 90°
volume dos átomos da célula
Triclínico a≠b≠c α ≠ β ≠ γ ≠ 90° FEA =
Fonte: adaptada de Padilha (2000).
volume da célula unitária

O fator de empacotamento nas estruturas CFC é de 0,74 e nas estruturas


3.2 Estruturas metálicas CCC é de 0,68. Isso representa que, nas estruturas CFC, os átomos
ocupam 74% da célula unitária e nas estruturas CCC 68%.
As principais estruturas metálicas são baseadas em três redes
diferentes, cúbica de faces centradas (CFC), cúbica de corpo centrado 3.2.3 Estrutura hexagonal compacta
(CCC) e hexagonal ou hexagonal compacta (HC).
Nem todos os metais apresentam uma estrutura simétrica como os
CCC e CFC. A estrutura hexagonal compacta apresenta dois átomos por
3.2.1 Estruturas cúbica de faces centradas e cúbica de corpo centrado
célula unitária e um fator de empacotamento atômico de 0,74, conforme
As estruturas CFC e CCC apresentam os parâmetros de rede (a, b, c) mostra a Figura 8 (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
iguais e os ângulos (α, β, γ) de 90˚. A estrutura CFC apresenta dois
Figura 8 – Desenho esquemático de uma estrutura hexagonal compacta
átomos por células unitárias e a estrutura CCC apresenta quatro átomos
por célula unitária (figura 7).

Figura 7 – Estrutura CCC (esquerda) e CFC (direita)

Fonte: Shackelford (2012). Fonte: Shackelford (2012).

 47 48
48
a. 5.
PARA SABER MAIS
Vários elementos no estado sólido apresentam diferentes b. 2.
estruturas cristalinas, isto é, dependendo de alguma
variável, por exemplo a temperatura em que o elemento se c. 7.
encontra, apresentam diferentes estruturas cristalinas. Essa
mudança é denominada alotropia. O exemplo mais comum d. 10.
é o ferro, que apresenta uma estrutura de corpo centrado
em temperaturas acima de 1394 ˚C e abaixo de 912 ˚C. e. 15.
Enquanto que entre 1394 ˚C e 912 ˚C ele apresenta uma
estrutura cúbica de face centrada.
2. A ligação covalente é caracterizada pelo compartilhamento
de elétrons entre os elementos. Essas ligações são
características de substâncias orgânicas, como o etano
(C2H4). Se o carbono possui quatro elétrons na camada
TEORIA EM PRÁTICA
de valência, é certo afirmar que a quantidade de elétrons
O fator de empacotamento atômico (FEA) é de suma compartilhados entre os átomos de carbono do etano é de:
importância na área de Engenharia de Materiais. Ele pode
determinar os vazios presentes nas células unitárias, isto é, a. 1.
a porcentagem da célula unitária que não está preenchida
por átomos. Mostre que o FEA da estrutura CCC e CFC são b. 2.
de 0,68 e 0,74, respectivamente.
c. 3.

d. 4.

VERIFICAÇÃO DA LEITURA e. 5.
1. A valência de um átomo é o número de elétrons que
participam de reações químicas, sejam eles ligações 3. Algumas propriedades físicas dos materiais e moléculas
iônicas, covalentes, metálicas ou de van der Waals. estão diretamente relacionadas às ligações químicas entre
Normalmente, a valência é o número de elétrons nas
os elementos que os compõem. A água (H2O) apresenta uma
subcamadas s e p do último nível. Para o elemento
ligação química particular que faz com que seu ponto de
Bromo, que possui um número atômico de Z=35 e a
distribuição dos elétrons nas subcamadas 1s2 2s2 2p6 3s2 ebulição seja relativamente alto em comparação com outras
3p6 4s2 3d10 4p5, qual é a sua valência? moléculas. Qual é essa ligação?

 49 50
50
dois elétrons de cada carbono para se compartilharem. Logo, cada
a. Ponte de “hidrogênio”.
carbono compartilha dois elétrons com dois átomos de hidrogênios
b. Ligação iônica. e dois elétrons entre si.

c. Ligação covalente. Questão 3 – Resposta: A


As pontes de hidrogênio são ligações entre átomos de hidrogênio
d. Ligação metálica.
com F, O ou N. Essas ligações em particular, são relativamente
e. Ligação dipolo permanente. fortes se comparadas às outras ligações de van der Waals. São
essas ligações que aumentam algumas propriedades físicas dessas
moléculas, como o ponto de ebulição, por exemplo.

Referências bibliográficas

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Materials. 6. ed. Cengage Learning, 2011.
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7. ed. 2006.
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SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.

Gabarito

Questão 1 – Resposta C
A valência é dada pelos elétrons livres nas subcamadas do último
nível. No caso do Bromo, que tem um número atômico de 35,
apresenta sete elétrons livres na última camada (4s2 4p5). Logo, a
valência do Bromo é 7.

Questão 2 – Resposta B
O carbono apresenta quatro elétrons na camada de valência.
O hidrogênio apresenta apenas um elétron na sua camada de
valência. Como são dois carbonos e quatro hidrogênios, sobrarão

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52
1. Introdução

Ao se tratar de materiais cristalinos, com frequência é necessário


determinar direções e planos cristalográficos. Foi estabelecido que um
Direções e planos cristalográficos. plano ou direção cristalográficos são identificados com três números
inteiros ou índices, chamados de índices de Miller, em homenagem à
Imperfeições nos sólidos William Hallowes Miller, de acordo com Padilha (2000).
Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes

2. Direções cristalográficas
Objetivos Uma direção cristalográfica é uma reta que liga dois pontos ou um
vetor. Para facilitar a determinação dos índices de Miller de uma direção
• Conseguir identificar e projetar as direções e cristalográfica, as seguintes etapas podem ser seguidas:
planos cristalográficos das estruturas cúbicas.
• A origem do vetor deve passar pela origem do sistema. O vetor
pode ser movido para qualquer lugar do retículo cristalino, desde
• Conhecer e identificar os tipos de defeitos
que seu paralelismo seja mantido.
presentes nos sólidos.
• A projeção do vetor é determinada nos três eixos, em que são
• Conhecer e saber diferenciar os diferentes tipos de funções dos parâmetros (a, b e c) que cruzam os eixos (x, y e z),
defeitos de linha e de superfície. respectivamente.

• Os números são multiplicados ou divididos por um fator comum,


a fim de se obter o menor valor inteiro.

• Por fim, os três números são representados dentro de


colchetes sem vírgulas, por exemplo [uvw]. Os números u, v e w
correspondem às projeções reduzidas dos parâmetros a, b e c,
respectivamente.

Sempre existirá um número relacionado aos três eixos, podendo ser


positivo, negativo ou nulo (zero), conforme podemos ver na Figura 1. Para
representar um número negativo, convencionalmente é utilizada uma
barra em cima do número, [110], por exemplo, segundo Padilha (2000).

Para algumas estruturas cristalinas, várias direções não paralelas com


diferentes índices apresentam arranjos atômicos idênticos. Por exemplo,
no sistema cúbico, as direções [100], [010], [001], [100], [010] e [001] são

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54
equivalentes. Essas direções equivalentes são chamadas de famílias de As orientações dos planos de uma estrutura cristalina seguem o mesmo
direções e, neste caso, é representada por <100> (CALLISTER JR., 2006; princípio das direções cristalográficas. Em todas as estruturas, com
PADILHA, 2000; ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011). exceção à estrutura hexagonal, os planos são representados por três
índices de Miller (hkl). De acordo com Callister Jr. (2006), para determinar
Figura 1 – Exemplo de direções cristalográficas os valores de h, k e l, as seguintes etapas podem ser seguidas:
• Determinam-se os parâmetros a, b e c nos interceptos do plano
com os eixos x, y e z, respectivamente. Caso o plano passe pela
origem, ou seja, no ponto (0, 0, 0) deve-se adotar outra origem.

• Neste ponto, o plano cristalográfico ou intercepta ou é paralelo a


cada um dos três eixos.

• Tomam-se os inversos dos interceptos. Caso o plano seja paralelo


a algum eixo, considera-se o intercepto infinito e, neste caso, o
inverso é zero.

• Os números são multiplicados por fatores comuns, obtendo os


Fonte: Askeland, Wright e Fulay (2011). números inteiros, porém não necessariamente mínimos.

As direções cristalográficas são utilizadas para indicar uma orientação • Por fim, os três índices de Miller são representados por números
particular de um monocristal ou policristal. Conhecer essas direções inteiros dentro de parênteses e não são separados por vírgulas,
pode ser útil em muitas aplicações, por exemplo, os metais se deformam por exemplo (hkl).
mais facilmente em direções em que os átomos estão em contato. As
A Figura 2 mostra uma imagem mostrando um plano (210) indicando as
propriedades magnéticas do ferro e outros materiais magnéticos são
interceptações do plano em cada eixo.
diretamente afetados por essas direções, sendo mais fácil magnetizar
ferro na direção [100] comparado às direções [110] ou [111]. Devido Figura 2 – Plano cristalográfico
a isso, os grãos de aços Fe-Si utilizados em aplicações magnéticas são
orientados na direção [100] ou direções equivalentes.

2.1 Planos cristalográficos

Certos planos de átomos em um cristal também carregam importantes


significados. Por exemplo, metais se deformam ao longo dos planos de
átomos mais compactos. A energia de superfície de diferentes lados do
cristal depende dos planos cristalográficos, assim como o crescimento
dos cristais é altamente dependente desses planos (ASKELAND;
WRIGHT; FULAY, 2011). Fonte: Shackelford (2012).

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Como no caso das direções cristalográficas, os planos cristalográficos
seguem a mesma regra. Caso um intercepto toque no lado negativo
do eixo, os números são representados com uma barra em cima do
número (CALLISTER JR., 2006; PADILHA, 2000).

Alguns aspectos importantes podem ser notados no caso dos planos


cristalográficos, como afirmam Askeland, Wright e Fulay (2011):

I. Os planos e seus negativos são idênticos (no caso das direções


não são idênticos).

II. Os planos e seus múltiplos não são idênticos.

III. As famílias dos planos podem sem representados por {}, por
exemplo a família {110} no sistema cúbico, onde os planos dessa
família são: (110), (101), (011), (110), (101) e (011). A Figura 3 aprenta algumas direções cristalográficas e suas conversões
para o sistema hexagonal. Pode-se observar que os índices de Miller são
IV. No sistema cúbico, os índices da direção são perpendiculares aos
planos dessa mesma direção. convertidos em índices de Miller-Bravais utilizando as fórmulas anteriores.

2.2 Sistema hexagonal – Direção e plano cristalográfico Figura 3 – Estrutura hexagonal e algumas direções cristalográficas

No sistema hexagonal, algumas direções cristalográficas


equivalentes não apresentam os mesmos índices de Miller. Devido
a que em seu sistema de coordenadas, foi desenvolvido um índice
diferente denominado índice de Miller-Bravais. São utilizados quatro
sistemas de coordenadas ao invés de três como no sistema cúbico.
Os eixos a1, a2 e a3 são coordenadas da base e fazem um ângulo
de 120˚ entre si e o último é relacionado ao eixo perpendicular à
base. A forma de determinar e nomear os índices são iguais, sendo
necessário apenas adicionar o quarto índice, [hkil] para as direções e
(hkil) para os planos cristalográficos.

A conversão do sistema com três índices para o sistema com quatro


índices pode ser feita por meio das seguintes fórmulas: Fonte: Askeland, Wright e Fulay (2011).

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58
Na estrutura hexagonal, segundo Padilha (2000), existem alguns planos dos materiais. Os três tipos básicos de imperfeições são os defeitos
que recebem denominações especiais como o plano Basal {0001}, plano pontuais, defeitos de linha (discordância) e defeito de superfície. Muitas
prismático do tipo I {1010}, plano prismático do tipo II {1120}, plano vezes esses defeitos não são considerados degenerativos no ponto de
piramidal do tipo I {1011} e o plano piramidal do tipo II {1121}. vista tecnológico, mas pelo contrário, a maioria das vezes são benéficos
para a produção de materiais e suas aplicações.

PARA SABER MAIS 3.1 Defeitos de ponto em sólidos


A estrutura hexagonal possui uma variação em que há um
Os principais defeitos de ponto encontrados nos sólidos são os vazios
plano de átomos extra no meio da estrutura. Essa estrutura
é denominada hexagonal compacta. Uma relação muito ou lacunas e os defeitos intersticiais que podem ser considerados
importante nessa estrutura é a relação a/c, isto é, a relação autointersticiais ou substitucionais, conforme a Figura 4 onde podem
do parâmetro de rede basal com a altura dessa estrutura. ser observados quatro tipos de defeitos de ponto. Os defeitos de ponto
causam deformações nas estruturas cristalinas, e são da ordem de
grandeza de átomos que causam um aumento da energia interna (U) e
da entropia (S) do material, de acordo com Padilha (2000).
2.3 Densidade linear e planar
Figura 4 – Tipos de defeitos de ponto em sólidos
A densidade atômica linear está relacionada com a equivalência
direcional, isto é, os vetores equivalentes possuem a mesma densidade
linear. O vetor direção está posicionado de forma a passar através dos
centros dos átomos e a fração do comprimento de linha que intercepta
esses átomos é a densidade linear.

Para a densidade atômica planar, os planos cristalográficos que são


equivalentes possuem a mesma densidade planar. O plano de interesse
Fonte: adaptada de Askeland, Wright e Fulay (2011).
intercepta os centros dos átomos e a fração da área do plano total
que está ocupada pelos átomos é a densidade planar, de acordo com
3.1.1 Vazios ou lacunas
Callister Jr. (2006).
Um vazio ou lacuna é formado quando um átomo ou íon está faltando
3. Imperfeições nos sólidos da sua estrutura cristalina. Elas estão presentes em todos os materiais
cristalinos, e são criadas no metal e nas ligas durante a solidificação a
Para os autores Askeland, Wright e Fulay (2011), os arranjos dos átomos altas temperaturas ou por deformação plástica. Um alto número de
ou íons na Engenharia de Materiais apresentam imperfeições ou lacunas também pode ser formado quando se tem uma alta taxa de
defeitos. Esses defeitos muitas vezes causam efeitos nas propriedades resfriamento do material, segundo Padilha (2000).

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60
O número de lacunas em equilíbrio Nv está relacionado à temperatura. • A diferença da valência não pode ser maior que uma unidade.
Quanto maior for a temperatura, maior o número de lacunas, que pode
• As eletronegatividades devem ser quase iguais, caso contrário
ser calculado pela seguinte equação:
formarão uma ligação iônica entre os elementos.

Os átomos intersticiais causam grandes distorções na rede cristalina,


resultando na expansão no parâmetro de rede das estruturas cúbicas
Onde N representa o número total de sítios atômicos, Qv a energia e hexagonais. Os efeitos causados por esses átomos intersticiais
necessária para a formação de lacunas, T a temperatura absoluta em são muito maiores que os átomos substitucionais, o que acarretam
Kelvin e k a constante de Boltzmann (8,62x10-5 eV/átomo-K). grandes mudanças nas propriedades mecânicas dos materiais,
segundo Shackelford (2012).
Essas lacunas apresentam um importante papel na determinação da
As soluções sólidas e os compostos ordenados são frequentes nas
taxa na qual os átomos se movem ou difundem nos materiais sólidos,
ligas metálicas. Um exemplo comum é a liga 50%Cu-50%Zn. Neste
especialmente em metais puros (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
caso, a liga possui uma estrutura CCC com o cobre ocupando a posição
central da estrutura cristalina e o zinco os vértices da célula. Em geral,
3.1.2 Defeitos intersticiais e substitucionais
as fases ordenadas são estáveis abaixo de uma temperatura chamada
Um defeito intersticial é formado quando um átomo ou íon extra é de temperatura crítica. Acima dessa temperatura, elas se tornam
inserido na estrutura cristalina ocupando uma posição dentro dessa desordenadas, de acordo com Padilha (2000).
rede. Esse átomo extra pode ser considerado intersticial, quando o raio
do átomo for pequeno o suficiente para entrar na rede cristalina sem 3.2 Defeitos de linha em sólidos
retirar nenhum outro átomo, ou pode ser considerado substitucional,
O defeito de linha mais comum e importante na Engenharia de Materiais é
quando o átomo substitui um átomo presente na rede cristalina. Em
a discordância. Esse tipo de defeito é formado durante o resfriamento do
ambos os casos, esses átomos causam distorções na rede cristalina,
material ou por deformações plásticas. As discordâncias são formadas em
conforme podemos ver na figura 4, apresentada anteriormente. todos os tipos de materiais, porém é mais comum nos materiais metálicos.
Eles são divididos em três tipos: discordância em cunha, discordância em
Quando um átomo é inserido em uma rede cristalina de outro arranjo
hélice e discordância mista (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2000).
atômico, esse novo arranjo é chamado de solução sólida. Uma solução
sólida pode ser basicamente de três tipos: intersticial, substitucional e O movimento das discordâncias causa o movimento ou deformação
ordenada. Para prever se um átomo será substitucional, foram criadas dos planos cristalinos, isto é, a deformação plástica dos materiais.
as regras de Hume-Rothery que são: Para determinar qual a direção desse movimento, é determinada um
vetor chamado de vetor de Burgers. Quando o vetor de Burgers estiver
• A diferença dos raios atômicos dos dois elementos não deve
perpendicular à linha da discordância, é determinada uma discordância
ultrapassar mais de 15%.
em cunha, caso esteja paralela à linha da discordância é determinada
• As estruturas cristalinas devem ser iguais. uma discordância em hélice, segundo Padilha (2000).

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3.2.1 Discordância em cunha Figura 6 – Representação da formação de uma discordância em hélice

A representação de uma discordância em cunha pode ser observada


adicionando um plano extra de átomos em um cristal perfeito até à
metade. A parte de baixo do plano de átomos adicionado representa
a discordância em cunha. O vetor de Burgers pode ser determinado
utilizando uma contagem no sentido horário do ponto x até o y,
conforme a Figura 5. O vetor que completa esse ciclo é considerado o
vetor de Burgers, determinado pelo símbolo ? .
Fonte: adaptada de Askeland, Wright e Fulay (2011).

Figura 5 – Representação da formação de uma discordância em cunha


3.2.3 Discordância mista

Discordância mista pode ser representada quando há os dois tipos


(discordância em cunha e discordância em hélice) no mesmo cristal.

3.3 Defeitos de superfície

Os defeitos de superfície são defeitos em duas dimensões. Geralmente


são contornos que separam regiões dos materiais com diferentes
estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas. Os principais
defeitos de superfície são: superfícies externas, contornos de grãos,
Fonte: adaptada de Askeland, Wright e Fulay (2011).
contornos de macla, falhas de empilhamento e contornos de fases, de
acordo com Shackelford (2012).
3.2.2 Discordância em hélice

3.3.1 Superfícies externas


Uma discordância em hélice pode ser representada cortando um
cristal perfeito no meio e torcendo em um plano de átomos. Para As superfícies externas estão relacionadas com a parte mais externa
determinarmos o vetor de Burgers, o mesmo esquema pode ser de uma estrutura cristalina. Nem sempre os átomos estão ligados com
o máximo número de vizinhos, logo, ocorre uma diferença de energia
utilizado, começando do ponto x até o y. O vetor para completar o ciclo
entre a parte interna e externa, sendo a parte interna com a maior
é o vetor de Burgers. A figura 6 apresenta o corte e o deslocamento do
energia. Para minimizar essa diferença, são criadas superfícies que
cristal perfeito, mostrando a formação de uma discordância em hélice e possuem uma área mínima, como as gotas de líquidos, que assumem a
seu vetor de Burgers. forma esféricas, segundo Van Vlack (1964).

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3.3.2 Contornos de grão lado do contorno. A região entre esses contornos é chamada de macla.
As maclas são formadas devido a esforços mecânicos de deformação
Embora um material puro contenha apenas uma fase, ele contém muitos plástica ou por recozimento do material, segundo Callister Jr. (2006).
cristais de várias orientações. Esses cristais são chamados de grãos e A figura 8 apresenta uma imagem obtida por microscopia ótica de um
todos os átomos estão arranjados segundo um único modelo e orientação aço inoxidável recozido. Podemos observar que no grão do centro, há a
determinados pela célula unitária. O contorno entre cada um desses cristais presença de maclas de deformação caracterizadas pelas regiões cinzas.
é chamado de contorno de grão. A Figura 7 mostra duas imagens, uma a
esquerda, representativa de contorno de grão, e outra a direita, de um aço Figura 8 – Imagem mostrando grão com maclas
inoxidável, mostrando os diferentes grãos, segundo Van Vlack (1964).

Os contornos de grãos contêm uma energia muito elevada que está


relacionada com o grau de desorientação entre os grãos. Devido a
isso, possuem uma energia preferencial para a formação de vazios e
segregação das partículas para minimizar essa energia, de acordo com
Callister Jr. (2006).

Figura 7 – Imagem mostrando contornos de grão

Fonte: Askeland, Wright e Fulay (2011).

ASSIMILE
Há duas maneiras de formação de maclas. Elas
podem ser formadas por deformação plástica ou por
tratamento térmico de recozimento. Quando a macla
Fonte: adaptada de Askeland, Wright (2011). for formada pelo tratamento térmico de recozimento
é denominado macla de recozimento, e quando for
3.3.3 Contorno de macla formada por deformação plástica é denominada de macla
de deformação. As maclas também são locais com alta
Os contornos de macla são um tipo específico de contorno de grão, em energia, logo também são locais com preferência de
que existe um espelhamento na rede cristalina, isto é, os átomos de formação de vazios e segregação de partículas.
um lado do contorno de macla apresenta as mesmas posições do outro

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3.3.4 Falhas de empilhamento e contornos de fases
d. {uvw} e (uvw).
As falhas de empilhamento ocorrem em metais que apresentam a
e. [uvw] e {uvw}.
estrutura cúbica de face centrada quando existe a interrupção na
sequência de empilhamento dos planos compactos. Já os contornos de
fases, existem na maioria dos materiais que apresentam múltiplas fases, 2. A direção do vetor de Burgers é utilizada para
onde há mudança repentina de características físicas ou químicas, de determinar a direção do movimento das discordâncias.
acordo com Callister Jr. (2006). Para discordância em cunha e em hélice, o vetor de
Burgers está à linha de discordância, respectivamente:

a. Paralelo e paralelo.
TEORIA EM PRÁTICA
b. Paralelo e perpendicular.
A determinação das densidades linear e planar é
importante, pois ambas estão relacionadas com os
c. Perpendicular e paralelo.
processos de deslizamento, ou seja, o mecanismo
pelo qual os metais se deformam plasticamente. Este d. Perpendicular e perpendicular.
deslizamento geralmente ocorre pelo plano mais
compacto. Quais são as densidades linear e planar dos e. Aleatório e aleatório.
planos mais compactos de uma estrutura CCC?
3. Os contornos de grão são regiões de alta energia, por
isso são regiões favoráveis para a formação de vazios ou
segregação de partículas. Mesmo em materiais com uma
VERIFICAÇÃO DE LEITURA única fase, muitas vezes os materiais apresentam vários
grãos. Esses grãos apresentam:
1. As direções e planos cristalográficos são importantes na
Engenharia de Materiais. Elas são determinadas pelos a. Diferentes elementos químicos.
índices de Miller ou no caso do sistema hexagonal pelo
índice de Miller-Bravais. Como é a representação das b. Diferente orientação e diferente estrutura cristalina.
direções e planos de um suposto índice uvw?
c. Mesma estrutura cristalina e mesma orientação.
a. [uvw] e (uvw).

b. [u, v, w] e (u, v, w). d. Mesma estrutura cristalina e diferentes orientações.

c. {u, v, w} e [u, v, w]. e. Diferentes moléculas.

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68
Referências bibliográficas

ASKELAND, D. R; WRIGHT, W. J.; FULAY, P. P. The Science and Engineering of


Materials. 6. ed. Cengage Learning, 2011.
CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: an introduction.
7. ed. 2006.
Difusão em sólidos e
PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia: microestrutura e propriedades. 2000. diagramas de fases
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012. Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.

Objetivos
Gabarito
• Conhecer e entender o mecanismo de difusão no
Questão 1 – Resposta A estado sólido.
Os índices de Miller para as direções cristalográficas são
• Conhecer e entender os tipos de diagramas de
representados por colchetes [] e sem vírgula e os planos são
fases existentes.
representados por parênteses () e sem vírgula.

Questão 2 – Resposta C • Conhecer os tipos de transformações invariantes.

O vetor de Burgers é determinado pelo ciclo do ponto x até o ponto


y. O vetor que completa o ciclo é denominado de vetor de Burgers.
Quando esse vetor está perpendicular à linha de discordância é
determinado uma discordância em cunha e quando está paralelo é
determinado uma discordância em hélice.

Questão 3 – Resposta: D
Os diferentes grãos dentro de um material são separados por
contornos de grãos. Os grãos possuem as mesmas estruturas
cristalinas diferenciando apenas as orientações delas.

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70
1. Difusão no estado sólido Figura 1 – Gráfico semilogarítimo da taxa versus temperatura

Difusão no estado sólido é a movimentação ou transporte de átomos


de uma região para outra. Segundo Callister Jr. (2006), para que ocorra
esse mecanismo, há duas condições para que o átomo consiga essa
movimentação: (1) deve haver um sítio adjacente vazio e (2) o átomo
deve possuir energia suficiente para quebrar a ligação química entre
os dois vizinhos.

Esse processo é termicamente ativável, isto é, a movimentação dos


átomos é altamente dependente da temperatura, e o fluxo desses
átomos está relacionado a uma equação de Arrhenius:

Onde C é uma constante, Q a energia de ativação (cal/mol), R a constante


dos gases (1,987cal/mol.K) e K a temperatura absoluta (K). Tomando-se o
logaritmo de cada lado da equação obtemos:
Fonte: Shackelford (2012).

A partir da determinação dos parâmetros Q/R e C podemos determinar


O gráfico em escala semilogarítimica de ln(taxa) pelo inverso da quaisquer taxas a partir de uma certa temperatura, segundo
temperatura (1/T), obtém-se uma reta cuja inclinação resulta no valor Shackelford (2012).
–Q/R, a interceptação de (1/T) em zero é igual a ln(C), como pode ser
observado na Figura 1, onde estão indicados a interceptação de (1/T) e 1.1 Difusão por lacuna
a inclinação da reta.
Difusão por lacuna é o mecanismo pelo qual um átomo ocupa um sítio
ou lacuna adjacente. Logo, um novo sítio é criado na posição onde este
átomo estava (figura 2). Essa nova lacuna pode ser substituída por outro
átomo da mesma espécie ou por um átomo intersticial. A primeira
é chamada de autodifusão e a segunda de interdifusão (ASKELAND;
WRIGHT; FULAY, 2011).

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72
1.2 Difusão intersticial A primeira Lei de Fick pode ser representada na forma de fluxo pelo
gradiente de concentração por uma determinada área, dada por:
A difusão intersticial ocorre para átomos com raio atômico pequeno,
por exemplo, hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio. O mecanismo
envolve a migração de um átomo intersticial de uma lacuna para
outra, como pode ser observado na figura 2, onde são mostrados a
movimentação do átomo em uma difusão substitucional (a) e intersticial 1.4 Segunda Lei de Fick
(b). Por serem átomos menores, são mais móveis, e a difusão intersticial
requer menor energia em relação à difusão por lacuna. Em muitos casos, a difusão não ocorre em estado estacionário e sim
em condições transitórias, isto é, o perfil de concentração varia com o
Figura 2 – Figura esquemática da difusão intersticial
tempo. Podemos representar essa difusão por uma equação diferencial
conhecida como Segunda Lei de Fick, determinada por:

Para a solução dessa equação é necessário determinar condições de


contorno. Uma das soluções mais comuns é:
(a) (b)
Fonte: adaptada de Askeland, Wright e Fulay (2011).

1.3 Primeira Lei de Fick


Onde Cs é a concentração na superfície, Cx a concentração em uma
A difusão é um processo que depende de tempo. Adolf Eugen Fick determinada distância x da superfície, C0 a concentração inicial no
determinou uma lei de difusão pelo qual o fluxo de átomos depende material no ponto 0, D o coeficiente de difusividade e t o tempo.
da massa que atravessa perpendicularmente uma área pelo tempo,
determinada por: Figura 3 – Figura ilustrativa da movimentação dos átomos em uma
difusão intersticial transitória

Onde D (m²/s) é o coeficiente de difusividade, M (kg ou átomos) a massa


ou, em termos de átomos, o número de átomos, A (m²) a área e t o
tempo (s). Essa equação é válida para condições estacionárias, isto é, em
condições onde o gradiente de concentração não se altera com o tempo
(PADILHA, 2000). Fonte: adaptada de Askeland, Wright e Fulay (2011).

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74
A aplicação mais comum da Segunda Lei de Fick é o processo de De acordo com Callister Jr. (2006), microestrutura é a estrutura que um
carbonetação utilizada para aumentar a concentração de carbono na determinado material ou região apresenta, dadas suas observações, em
superfície dos materiais. Esse processo ajuda no aumento de certas um microscópio ótico ou eletrônico de varredura. Uma microestrutura
propriedades mecânicas do material a ser utilizado, por exemplo, a pode conter uma ou mais fases.
resistência ao desgaste, de acordo com Shackelford (2012).
Já o limite de solubilidade é o limite no qual uma fase é solúvel em outra,
ou seja, o quanto um soluto pode se dissolver no solvente para formar
1.5 Coeficiente de Difusão (D)
uma solução sólida. Este limite pode ser variável dependendo das
condições onde os solutos e solventes estão.
O coeficiente de difusão ou difusividade segue uma equação de
Arrhenius, dada por: O diagrama de fases, também chamado de diagrama de equilíbrio,
representa as fases no equilíbrio em função da combinação dos
componentes ou elementos, que podem ser formados em determinada
composição e temperatura. Os diagramas de fases são construídos
Onde D0 é um fator pré-exponencial que independe da temperatura em pressão atmosférica e a partir de experimentos e simulações
(m²/s), Q a energia de ativação, R a constante dos gases e T a computacionais, de acordo com Shackelford (2012).
temperatura absoluta. O coeficiente de difusão está relacionado à
temperatura e à energia de ativação. Dependendo da composição onde 2.1 Regra da alavanca
a difusão ocorrerá, a energia de ativação pode ser maior ou menor, ou
A regra da alavanca é utilizada para a determinação das composições
seja, para a difusão intersticial ou de átomos pequenos, a energia de
das fases. A Figura 4 diz como identificar as composições e como traçar
ativação é baixa. Já para a difusão substitucional ou de átomos grandes,
as linhas da regra da alavanca seguindo as seguintes etapas, segundo
a energia de ativação é alta, segundo Van Vlack (1964). Callister Jr. (2006):
I. Identificar e traçar a linha de amarração por meio da
2. Diagramas de fases região bifásica.

Uma fase pode ser definida como uma porção de um sistema II. Anotam-se as interseções da linha de amarração com as
homogêneo separada por uma fronteira. As fases possuem as mesmas fronteiras das regiões nos dois lados.
propriedades químicas e físicas uniformemente distribuídas ao longe III. Traçam-se as perpendiculares à linha de amarração até o eixo
delas. Para identificar uma fase, deve-se obedecer a três características: das composições.
i) devem possuir a mesma estrutura ou arranjo atômico; ii) possuir a
IV. Utilizar a seguinte equação para determinação da fração das fases:
mesma composição e propriedades ao longo de toda ela; e iii) haver
uma interface definida que separe duas ou mais fases (ASKELAND;
WRIGHT; FULAY, 2011).

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76
Figura 4 – Regra da alavanca Figura 5 – Diagrama de fases isomorfo

(a) (b)
Fonte: Shackelford (2012).

2.3 Diagrama de fases binários sem solução sólida

Fonte: adaptada de Callister Jr. (2006). Um sistema binário sem solução sólida é aquele que não apresenta
solubilidade entre os elementos ou componentes, ou a solubilidade
é insignificante. Esses tipos de sistemas possuem um ponto onde, no
2.2 Diagrama de fases isomorfo
equilíbrio, apresentam três fases ao mesmo tempo. As reações que
Diagramas de fases isomorfos representam sistemas onde os ocorrem nesses pontos são chamadas de transformações invariantes,
elementos ou componentes apresentam completa solubilidade um no como pode ser observado no Quadro 1 (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011):
outro, tanto no estado líquido quanto no sólido. A Figura 5 apresenta
Quadro 1 – Transformações invariantes
um diagrama representativo de um sistema binário isomorfo. A Figura
5 (a) apresenta duas linhas importantes, linha liquidus e linha solidus. Transformação
Fases Diagrama de fases
invariante
Acima da linha liquidus, o sistema apresenta uma única fase líquida;
já abaixo da linha solidus, o sistema apresentará apenas uma única Eutético Lα+β
fase sólida. A figura 5 (b) apresenta uma representação com uma liga
hipotética com composição x desde a fase líquida até a fase sólida, Peritético α + Lβ
segundo Shackelford (2012).

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78
Figura 6 – Diagrama de fases Sn-Pb
Monotético L1L2 + α

Eutetóide γα+β

Peritetóide α + β γ

Fonte: adaptado de Askeland, Wright e Fulay (2011).

PARA SABER MAIS

Além das reações invariantes, outro tipo de transformação


muito comum é a transformação congruente, quando
ocorre uma mudança de fase sem que haja a alteração da
sua composição química.

2.3.1 Diagramas Eutéticos

Para os autores (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011), nos sistemas


eutéticos, podemos observar três regiões monofásicas distintas (α, β e L)
e três regiões com presença de duas fases, conforme Figura 6. Na figura,
podemos observar que além das linhas liquidus e solidus, há a presença
de outra linha chamada de solvus. Abaixo dessa linha, o sistema
apresenta duas fases sólidas.

Fonte: adaptada de Askeland, Wright e Fulay (2011).

 79 80
80
O sistema Pb-Sn, mostrado na Figura 6, apresenta um sistema simples de forma análoga às transformações eutéticas, as microestruturas
eutético, em que uma liga com 61,9% Sn apresenta a composição observadas seguem os mesmos princípios de formação, apenas
eutética. A temperatura de solidificação dessa liga ocorre a 183 ºC. Acima substituindo o líquido por um sólido. O exemplo mais comum dessa
dessa temperatura, o sistema apresenta apenas a fase líquida com uma transformação é o sistema Fe-C para a formação dos aços, em que a
composição de 61,9% de estanho e 31,8% de chumbo. À 183 ºC, há a transformação eutetóide ocorre da formação de ferrita (α) + cementita
reação eutética, em que o líquido se transforma em dois sólidos com a (Fe3C) a partir da austenita (γ) (Figura 8).
composição determinada pela regra da alavanca.
Figura 7 – Diagrama de fases Sn-Pb mostrando as
microestruturas formadas

2.3.1.1 Desenvolvimento da microestrutura nas ligas eutéticas


Dependendo da composição da liga, a microestrutura formada será
de diferentes maneiras. Para uma liga contendo no máximo 2% Sn, a
solidificação ocorrerá com a formação dos primeiros sólidos da fase α, que
crescerão formando uma região somente desta fase (figura 7 (a)). Numa
composição contendo entre 2%-19%Sn, a solidificação começará com a
formação dos primeiros sólidos de α quando a temperatura cruza a linha
liquidus. Em seguida, há a completa formação da fase α quando cruza a
linha solidus; e, por fim, a formação de uma microestrutura contendo uma
fase α primária com fase β dispersa quando cruza a linha solvus (figura
7 (b)). Uma liga contendo 19%-61,8%Sn, a solidificação ocorrerá com a
formação dos primeiros sólidos da fase α. A uma temperatura de 183˚C,
ocorrerá a formação de uma estrutura lamelar (figura 7 (c)). Essa liga é (a) (b)
chamada de hipo-eutética. Para uma liga eutética, a transformação, no
equilíbrio, do líquido nas duas fases α e β, apresentará uma microestrutura
de lamelas intercaladas (figura 7 (d)). Esse crescimento lamelar é um
processo cooperativo, isto é, a formação de uma lamela da fase α é
favorecida pela formação da fase β e vice-versa. Esse favorecimento está
ligado à redistribuição dos átomos da fase α para a fase β.

2.3.2 Diagrama eutetóide

O sistema eutetóide apresenta uma reação parecida com as


transformações eutéticas, porém, sua transformação ocorre no estado
sólido. Nesse sistema, ocorre a formação de duas fases sólidas a partir
de outra fase sólida. Logo, no equilíbrio, há a presença de três fases (c) (d)
sólidas em um determinado ponto. Conforme Shackelford (2012), Fonte: adaptad de Askeland, Wright e Fulay (2011).

 81 82
82
Figura 8 – Diagrama de fases Fe-C Figura 9 – Diagrama de fases hipotético

Fonte: http://www.cienciadosmateriais.org/index.php?acao=exibir&cap=14&top=89.
Acesso em: 6 jun. 2019.

Já a transformação peritetóide é a transformação de duas fases sólidas


em uma fase sólida.

Fonte: adaptado de Callister Jr. (2006).

2.3.3 Diagrama peritético e peritetóide ASSIMILE

Um diagrama simples peritético apresenta as mesmas três regiões Variando a composição química, podemos formar
diversas combinações ente dois elementos. Devido a
monofásicas que um sistema eutético, a diferença está no tipo de
essa diversidade de fases que podem ser formadas, um
transformação (Figura 9). A transformação peritética é a formação de diagrama de fases pode apresentar diversos tipos de
uma fase sólida a partir de uma fase líquida e outra sólida, de acordo transformações invariantes.
com Callister Jr. (2006).

 83 84
84
2.4 Diagrama de fases ternário 2.5 Diagrama de cerâmicos

Os diagramas de fases ternários são diagramas de fases com três


Os materiais cerâmicos são formados por óxidos, logo seus diagramas
componentes. Assim como nos diagrama de fases binários, o diagrama
de fases ternário pode prever as fases em equilíbrio a uma determinada também são representados por óxidos. Para os diagramas binários é
temperatura e composição, além das possíveis microestruturas frequente os dois componentes compartilharem um mesmo elemento.
formadas durante a solidificação. Eles podem ser interpretados da mesma maneira que os outros
Nos sistemas binários, a representação dos diagramas se dá na forma diagramas de fases. A Figura 11 apresenta um diagrama de fases binário
de gráficos bidimensionais, onde as variáveis são a composição química de um material cerâmico (Al2O3-MgO).
e a temperatura. Já nos sistemas ternários, há mais um elemento
químico com variação de sua composição. Logo, a representação desses
Devido à sua composição química, os materiais cerâmicos apresentam
diagramas completos não pode ser feita em dois eixos, sendo necessário,
portanto, um diagrama tridimensional, segundo Callister Jr. (2006). geralmente um diagrama de fases ternários.

A representação mais comum desses diagramas são as isopletas, isto Figura 11 – Diagrama de fases Al2O3-MgO
é, triângulos bidimensionais representativos de uma temperatura
específica. A variável fixa nessa representação é a temperatura, e as que
variam são as composições. As isopletas são fatias da representação
tridimensional dos diagramas ternários, como pode ser observado na
figura 10, segunfo Metals Handbook (1998).

Figura 10 – Diagrama de fases ternário Cu-Zn-Al

Fonte: adaptada de Metals Handbook (1998). Fonte: Callister Jr. (2006).

 85 86
86
2. As transformações invariantes são reações nas
TEORIA EM PRÁTICA
quais ocorre o equilíbrio de três fases numa mesma
Os diagramas de fases são muito importantes para prever temperatura, e as composições das três fases são fixas.
as fases e microestruturas que podem ser formadas no A transformação invariante chamada eutética é uma
equilíbrio. Um diagrama muito conhecido pelos engenheiros transformação de:
de materiais é o sistema ferro-carbono (Fe-C). Mostre como
a. L  α + β.
as microestruturas podem ser formadas a partir de um
campo austenítico de um sistema hipo-eutetóide, eutetóide
b. L + α  β.
e hiper-eutetóide, supondo que as transformações de fases
ocorram no equilíbrio, isto é, durante todo o processo de
c. α + β  L.
resfriamento as composições se encontram segundo a
regra da alavanca. d. α + β  γ.

e. γ  α + β.

VERIFICAÇÃO DA LEITURA 3. Os diagramas de fases ternários são aqueles que


possuem três elementos ou componentes. Sua
1. Difusão no estado sólido é um mecanismo utilizado
representação é mais complexa que a dos diagramas
para melhoria de certas propriedades dos materiais.
binários, portanto são representados por isopletas.
Além disso, durante a solidificação esse mecanismo
As isopletas mais comuns dos diagramas ternários
também está muito presente. Quais são os fatores que
são representadas com uma variável fixa. Qual é
aceleram ou desaceleram o mecanismo da difusão em
essa variável?
regime transitório?
a. Um dos três componentes.
a. Temperatura e tipo de ligação química.

b. Fase mais estável.


b. Temperatura e composição química.

c. Pressão.
c. Temperatura e gradiente de concentração.

d. Tempo.
d. Composição química e tempo.

e. Temperatura.
e. Temperatura e tempo.

 87 88
88
Referências bibliográficas
ASKELAND, D. R; WRIGHT, W. J. FULAY, P. P. The Science and Engineering of
Materials. 6. ed. Cengage Learning, 2011.
CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: an introduction.
7. ed. 2006. Comportamento mecânico
METALS HANDBOOK. Alloy Phases Diagram. v. 3, 10. ed. ASM Int., 1988. dos materiais
PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia: microestrutura e propriedades. 2000. Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.

Objetivos
Gabarito
• Conhecer e entender a curva tensão-deformação e
Questão 1 – Resposta C identificar os principais pontos da curva.
Difusão no estado sólido é a movimentação ou transporte
• Conhecer os tipos de ensaios de dureza.
de átomos de uma região para outra. A difusão é altamente
dependente da temperatura, em que o coeficiente de difusividade • Conhecer e entender os tipos de falhas típicas dos
aumenta exponencialmente com a temperatura. Em regime materiais e ensaios mecânicos para obtenção das
permanente, isto é, quando a concentração é constante, a difusão propriedades dos materiais.
depende apenas da temperatura. Já em regime transitório, outro
fator muito importante é o gradiente de concentração.

Questão 2 – Resposta A
As reações invariantes são transformações entre três estados.
A transformação eutética é a transformação de um líquido em
dois sólidos.

Questão 3 – Resposta: E
O diagrama de fases ternário possui uma representação
tridimensional. Por ser um diagrama complexo de se visualizar,
outra representação comum são as isopletas. Essas isopletas
são fatias bidimensionais da representação tridimensional
e sua representação mais comum são as isopletas com a
temperatura fixa.

 89 90
90
1. Introdução A deformação de engenharia (ε) é determinada pela diferença de
comprimento inicial e final, dada por:
Os materiais em serviço, geralmente, estão sujeitos a forças ou
esforços mecânicos. Para determinar se um material servirá para
uma determinada aplicação, são feitos vários testes laboratoriais
cuidadosamente programados que reproduzem o mais fielmente
possível as condições de trabalho. Onde, l é o comprimento útil em uma determinada carga e l0 é o
Para que o material esteja conforme a especificação de determinada comprimento inicial do material (carga zero).
aplicação, cabe ao engenheiro de materiais analisar e interpretar as
relações entre a microestrutura dos materiais e suas propriedades Figura 2 – Gráfico tensão-deformação
mecânicas, segundo Callister Jr. (2006).

2. Tensão-Deformação
O ensaio mecânico mais comum para determinar o quão dúctil um
material é e algumas de suas propriedades, é o ensaio de tração (figura
1). Nesse ensaio, temos um corpo de prova que será alongado até à
ruptura. O resultado da carga pela área (tensão) versus deformação nos
dá um gráfico (figura 2). A partir desse gráfico, podemos avaliar diversas
propriedades mecânicas do material.

Figura 1 – Ensaio de tração

Fonte: Shackelford (2012).

A figura 2 pode ser dividida em duas regiões. A primeira é a região da


deformação elástica, isto é, a deformação máxima que um material
pode sofrer sem que haja a deformação permanente. Já a segunda
região é a de deformação plástica. A tensão máxima da deformação
elástica é conhecida como limite de escoamento (σe); a tensão
máxima antes da ruptura é conhecida como limite de resistência à
tração (σr); a deformação máxima é conhecida como ductilidade. A
área dentro da curva é conhecida como tenacidade e a inclinação da
reta da região elástica é conhecida como módulo de elasticidade (ou
Fonte: Shackelford (2012). módulo de Young) (Figura 3).

 91 92
92
Figura 3 – Curva tensão-deformação, mostrando as principais regiões Tenacidade é a capacidade de um material em absorver energia até à sua
fratura. Ela é determinada pela área abaixo da curva tensão-deformação.
A tenacidade à fratura é uma propriedade que indica a resistência do
material quando este possui uma trinca, segundo Callister Jr. (2006).

PARA SABER MAIS


O ensaio mecânico de tração é muito utilizado em
materiais metálicos. Há outros tipos de ensaios mecânicos
muito comuns, como o ensaio de compressão utilizado
para materiais cerâmicos. Outros testes, como o ensaio
de flexão e torção, servem para determinar diversas
propriedades dos materiais.
Fonte: Shackelford (2012).

O módulo de Young representa a rigidez do material, ou seja, sua


resistência à deformação elástica. Esse valor nos dá uma referência da 3. Dureza
facilidade com que um material se deforma elasticamente. Essa relação
é conhecida como Lei de Hooke: Dureza é uma propriedade do material que representa a resistência à
deformação plástica localizada. Os ensaios de dureza são realizados
utilizando um indentador (pontiagudo ou esférico), o qual penetra no
material e indica a dureza a partir da profundidade e largura obtida
Onde, σ é a tensão de engenharia, E o módulo de Young e ε a
da penetração. Esses ensaios, segundo Callister Jr. (2006), são muito
deformação de engenharia. Quanto menor esse valor, maior a
utilizados por serem testes baratos, fáceis, muitas vezes não-destrutivos,
deformação elástica a baixas cargas, de acordo com Shackelford (2012).
e podem fornecer também o limite de resistência do material. A dureza
Ductilidade é a habilidade que um material possui em se deformar antes pode ser realizada e determinada de quatro maneiras: dureza Brinell,
do rompimento. Há duas maneiras de se medir a ductilidade: uma delas dureza Rockwell, dureza Vickers e dureza Knoop.
é pela porcentagem de alongamento, e a outra pela porcentagem de
redução da área (ASKELAND; WRIGHT, 2011). 3.1 Dureza Brinell

No ensaio de dureza Brinell é utilizada uma esfera de 10 mm de


diâmetro como indentador a qual é forçada sobre a superfície do
material. A dureza (HB) é medida por meio da equação:

 93 94
94
Onde, F é a força aplicada em kg, D o diâmetro do indentador em mm, Di 3.3 Dureza Vickers e Knoop
o diâmetro da impressão em mm. A unidade da dureza Brinell é kg/mm²
Os ensaios de dureza Knoop e Vickers são realizados utilizando um
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011). A Tabela 1 mostra a relação entre indentador muito pequeno na forma de uma pirâmide. As cargas
algumas ligas, a dureza Brinell e seu limite de resistência à tração. utilizadas nesses ensaios são muito pequenas quando comparadas aos
testes de dureza Brinell e Rockwell. Para os ensaios de dureza Knoop e
Tabela 1 – Tabela de dureza Brinell de algumas ligas Vickers as amostras devem ser bem preparadas metalograficamente,
Liga HB LRT (Mpa)
isto é, a superfície das amostras deve estar plana com a menor
rugosidade possível. A dureza é determinada pela medição das
Aço carbono 1040 235 750
diagonais da indentação e convertida pelas fórmulas:
Aço de baixa liga 8630 220 800
Aço inixodável 410 250 800
Superliga ferrosa (410) 250 800
Ferro dúctil, 60-40-18 167 461
Alumínio 3003-H14 40 150
Magnésio AZ31B 73 290
Magnésio fundido AM100A 53 150
Onde, HV é a dureza Vickers, HK a dureza Knoop, P a carga aplicada, d
Ti-5Al-2,5Sn 335 862 as diagonais do indentador Vickers e l a diagonal do indentador Knoop.
Bronze com alumínio,
165 652 O Quadro 1 apresenta um resumo dos ensaios de dureza, segundo
9% (liga de cobre)
Shackelford (2012).
Monel 400 (liga de níquel) 110-150 579
Zinco AC41A 91 328 Quadro 1 – Resumo dos ensaios de dureza
Solda 50:50 (liha de chumbo) 14,5 42
Vista Fórmula para o
Ensaio Indentador Vista Lateral Carga
Liga de ouro dentária (metal precioso) 80-90 310-380 superior número de dureza
Fonte: adaptada de Shackelford (2012). Esfera de aço
de 10mm ou
Brinell P
carbeto de
tungstênio
3.2 Dureza Rockwell
Pirâmide de
Vickers P VHN = 1,72P/d12
diamante
O ensaio de dureza Rockwell pode ser realizado utilizando-se uma
pequena esfera (para materiais macios) ou um indentador cônico de Microdureza Pirâmide de
P KHN = 14,2P/l 2
diamante (para materiais duros). A profundidade que o indentador Knoop diamante

penetra no material é medida pela máquina de teste e convertido em


um número. A escala Rockwell pode ser determinada dependendo do Rockwell Cone de
60kg (A)
150kg (C) 100-150
tipo de indentador e carga utilizada. A escala pode ser desde Rockwell A (A, C e D) Diamante
100kg (D)
até Rockwell H (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).

 95 96
96
Esfera de aço 100kg (B) 4. Falhas
Rockwell
com 1/16pol 60kg (F) 130-500
(B, F e G)
de diâmetro 150kg (G)
A falha ou fratura ocorre quando há a separação de dois corpos. Elas
Esfera de aço
Rockwell
de 1/8pol
100kg (E)
130-500 podem ser consideradas fraturas dúcteis ou frágeis. A classificação é
(E e H) 60kg (H)
de diâmetro baseada na habilidade de um material se deformar plasticamente antes
Fonte: adaptado de Shackelford (2012). da sua ruptura. Quando um material apresenta grande deformação
plástica antes da fratura é considerado dúctil; já os materiais frágeis,
As diversas durezas podem ser convertidas de uma escala para outra,
ou seja, uma determinada dureza Brinell pode ser convertida para uma apresentam pouca ou quase nenhuma deformação plástica antes da
dureza Rockwell ou Vickers. Essa conversão ocorre de maneira empírica, fratura, segundo Callister Jr. (2006).
isto é, a partir de dados experimentais tabelados. A figura 4 apresenta
escalas de conversão entre quatro tipos de dureza distintos. Dúctil ou frágil são termos relativos. Dependendo da situação ou
Figura 4 – Figura da correlação dos diferentes tipos de dureza aplicação, a fratura do material pode ser considerada de um modo ou
outro. Além disso, a fratura do material é dependente da temperatura.

O processo de fratura consiste em duas etapas: a primeira é a


formação da trinca, e a segunda a propagação da trinca. O modo da
fratura é considerado através da propagação da trinca. A fratura dúctil
é caracterizada por uma alta deformação plástica na vizinhança da
trinca, e a propagação da trinca é lenta e estável. Já a fratura frágil é
considerada instável e a propagação da trinca é rápida, sem muita
deformação plástica.

4.1 Transição dúctil-frágil

A fragilidade do material está ligada com a temperatura. Podemos


analisar se uma fratura será dúctil ou frágil por meio do teste de
impacto (figura 5). O teste consiste na fratura do corpo de prova por
meio de um pêndulo. A energia de impacto é calculada pela diferença
de altura inicial e final. O ensaio mais comum é o ensaio Charpy, de
acordo com Shackelford (2012).
Fonte: adaptada de Callister Jr. 2006.

 97 98
98
Figura 5 – Esquema do ensaio de impacto Figura 6 – Transição dúctil-frágil

Fonte: elaborada pelo autor.

4.2 Fadiga

Fadiga é a falha de um material devido aos esforços repetitivos que,


geralmente, são menores que a tensão limite de escoamento. A fadiga
ocorre em três etapas: inicialmente ocorre a formação ou nucleação
da trinca, que normalmente está localizada na superfície da peça. Após
a nucleação, há a propagação da trinca para o interior do material e,
por fim, a ruptura do material. Geralmente, como afirmam Askeland,
Fonte: Shackelford (2012).
Wright e Fulay (2011), os testes de fadiga são realizados de forma cíclica
e com a carga constante. A Figura 7 apresenta as três etapas da fadiga
A transição dúctil-frágil é a temperatura na qual ocorre a mudança
dividindo o gráfico em três regiões. A primeira é correspondente à
da fratura dúctil para a frágil. Essa temperatura é determinada nucleação das trincas. Nessa região, as trincas são geradas, porém não
por meio de ensaios de impacto a várias temperaturas diferentes. são propagadas devido aos esforços aplicados. A segunda etapa é a
Assim, é montada uma curva e na mudança da inclinação da curva, região da propagação da trinca estável, isto é, região onde é possível
é determinada a temperatura de transição dúctil-frágil (figura 6) prever o crescimento da trinca. A taxa de propagação da trinca de fadiga
é uma função do nível de tensão e das variáveis do material; e a taxa de
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
crescimento da trinca estável, pode ser matematicamente escrita por:

 99 100
100
Onde, A e m são constantes do material, a é o comprimento da trinca, Assim como na fadiga, na fluência há três estágios. A primeira região
N o número de ciclos e K é o fator de intensidade de tensão, segundo é caracterizada por uma fluência contínua e decrescente. A segunda
Callister Jr. (2006). A terceira região corresponde à região do crescimento região é a região estável, algumas vezes conhecida como regime
acelerado da trinca levando à ruptura do material. estacionário. Nessa região, a taxa de deformação é constante. E a
terceira região é a região instável onde ocorre a falha do material. A
Figura 7 – Curva de fadiga
falha é causada pela formação de trincas, separação dos contornos de
grãos, formação de vazios, entre outros motivos (CALLISTER JR., 2006).

Figura 8 – Curva esquemática de fluência

Fonte: Callister Jr. (2006).

4.3 Fluência
Fonte: adaptada de Callister Jr., (2006).
Fluência é o mecanismo de falha que ocorre no material a uma carga
e temperatura constantes. O ensaio de fluência é realizado em um O mecanismo de fluência está relacionado com a movimentação das
corpo de prova submetido a uma carga ou tensão constante em um discordâncias. Em baixas temperaturas as discordâncias possuem pouca
forno com uma elevada temperatura. A deformação do corpo de prova mobilidade, assim o fenômeno de fluência é pouco pronunciado. Já em
é medida pela máquina e apresentada em um gráfico de deformação altas temperaturas, a movimentação das discordâncias é elevada, o que
pelo tempo (Figura 8). leva à ruptura dos materiais (VAN VLACK, 1964).

 101 102
102
O valor da inclinação da reta é conhecido como módulo de
ASSIMILE
Young. Qual o significado desse módulo?
A fluência é um fenômeno que necessita de uma carga
ou tensão e elevada temperatura. Como materiais a. Representa a rigidez do material à deformação elástica.
poliméricos, em geral, possuem baixos pontos de fusão e
materiais cerâmicos apresentam pouca deformação antes b. Representa a rigidez do material à deformação plástica.
da ruptura, o fenômeno de fluência é característico de
materiais metálicos. c. Deformação máxima permitida do material.

d. Limite da deformação elástica.

TEORIA EM PRÁTICA e. Limite da deformação plástica.

A fratura costuma ser um mecanismo indesejável na


maioria dos materiais. Quando ela ocorre, os engenheiros 2. Em um gráfico de transição dúctil-frágil, a fratura
preferem que seja uma fratura dúctil a uma fratura frágil, dúctil se localiza na direita da curva. Por que nessa
pois a fratura dúctil pode ser prevista e controlada, assim região a energia de absorção é mais alta que na região
a manutenção dos equipamentos é facilitada. O teste de de fratura frágil?
impacto é utilizado para verificar se a fratura ocorrerá de
modo dúctil ou frágil. Esse teste é realizado com diferentes a. Porque os materiais apresentam alta resistência
temperaturas, assim, é possível montar uma curva de mecânica nessa região.
transição dúctil-frágil.
Como engenheiro de processos em uma indústria de b. Porque os materiais apresentam baixa deformação
ferramentas, explique ao estagiário recém contratado como elástica antes da falha.
os elementos e as propriedades dos materiais podem afetar
essa curva de transição dúctil-frágil. c. Porque os materiais apresentam bastante deformação
elástica antes da falha.

d. Porque os materiais apresentam baixa deformação


VERIFICAÇÃO DA LEITURA plástica antes da falha.

1. A inclinação da reta em um gráfico tensão-deformação e. Porque os materiais apresentam bastante deformação


na região reta pode ser determinada pela Lei de Hooke. plástica antes da falha.

 103 104
104
Questão 2 – Resposta E
3. Os ensaios de fadiga são, geralmente, cíclicos, variando
uma carga máxima e mínima. O processo de fadiga ocorre A fratura dúctil é sempre desejada em relação à fratura frágil, pois
pode ser prevista por meio de testes e observações. Nesse tipo
em três etapas ou regiões. Quais são elas, em ordem?
de fratura, pode ser observada uma alta deformação plástica do
a. Propagação; Pausa; Falha. material antes da sua ruptura.

Questão 3 – Resposta B
b. Nucleação; Propagação; Falha.
O processo de fadiga ocorre em três etapas. A primeira é a
c. Nucleação; Pausa; Falha. nucleação da trinca, geralmente na superfície onde apresentam
algumas imperfeições. A segunda região é considerada a região
d. Nucleação; Regressão; Propagação. estável, onde há a propagação da trinca. E, por fim, a terceira
região onde ocorre a propagação instável e consequentemente
e. Propagação; Regressão; Falha. a falha do material.

Referências bibliográficas

ASKELAND, D. R; WRIGHT, W. J. FULAY, P. P. The Science and Engineering of


Materials. 6. ed. Cengage Learning, 2011.
CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: an introduction.
7. ed. 2006.
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.

Gabarito

Questão 1 – Resposta A

O módulo de Young é uma propriedade do material sobre a rigidez


à deformação elástica, isto é, o quão resistente um material é à
deformação elástica. Quanto maior o valor do módulo de Young,
maior a tensão necessária para deformar o material elasticamente.

 105 106
106
1. Introdução
A escolha dos materiais para as aplicações não está limitada apenas nas
propriedades mecânicas. Outros fatores também são essenciais para
Propriedades térmicas, determinar se um material é apropriado para certas aplicações. Entre
eles estão as propriedades térmicas, propriedades relacionadas com o
magnéticas e óticas dos materiais comportamento do material quando sujeito à variação de temperatura,
Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes as propriedades óticas, relacionadas à variação do raio incidente quando
em contato com o material e as propriedades magnéticas, relacionadas
ao comportamento magnético do material quando sujeito à campos
magnéticos externos.
Objetivos

• Conhecer e entender as propriedades térmicas, 2. Propriedades térmicas


óticas e magnéticas.
O termo propriedade térmica é utilizado para descrever a resposta
• Entender como as propriedades estão relacionadas do material à aplicação de calor. Quando um material absorve calor,
sua temperatura e sua energia interna aumentam. As principais
aos materiais.
propriedades térmicas dos materiais sólidos são: capacidade térmica ou
(capacidade calorífica), dilatação térmica e condutividade térmica.
• A influência de cada propriedade nos materiais.

2.1 Capacidade térmica

A capacidade térmica (C) é a habilidade de um material sólido absorver


calor da sua vizinhança. Em termos matemáticos, ela representa a
quantidade de energia exigida para produzir um aumento unitário de
temperatura, dado por:

Onde, dQ representa a energia necessária para produzir uma variação


de temperatura dT, segundo Callister Jr. (2006). A capacidade térmica,
normalmente, é especificada para 1 átomo-grama. Uma alternativa é
utilizar o calor específico usando como base unitária a massa, dada por:

 107 108
108
Há duas maneiras de representar a capacidade térmica: uma é à pressão Há uma correlação da dilatação térmica com a ligação química dos
constante (Cp) e a outra é à volume constante (Cv). De acordo com materiais. As ligações fortes apresentam uma baixa dilatação térmica,
Shackelford (2012), como usualmente utilizamos a pressão atmosférica como é o caso de materiais cerâmicas e metais refratários (metais
como base de cálculo, o termo mais comum utilizado é o Cp. que apresentam alto ponto de fusão). Os materiais poliméricos, que
apresentam fracas ligações químicas, apresentam alta dilatação térmica.
2.2 Dilatação térmica No caso de polímeros termofixos, estes apresentam menor dilatação
térmica que os termoplásticos, segundo Padilha (2000).
O aumento da temperatura faz a vibração atômica aumentar,
assim como as distâncias interatômicas. Esse fenômeno é chamado 2.3 Condutividade térmica
de dilatação térmica. Quando não há a transformação de fase, o
aumento da temperatura causa uma expansão do material sólido. Naturalmente, a transferência de calor é direcionada pelo gradiente de
calor, onde a transferência ocorre da região mais quente para a região
Matematicamente, essa expansão pode ser calculada por:
menos quente. A propriedade que caracteriza essa transferência de
calor é nomeada de condutividade térmica e, matematicamente, pode
ser expressa por:

Onde, Δl é a diferença entre o comprimento final e inicial (lf – lo), lo o


comprimento inicial, αL o coeficiente linear de expansão térmica e ΔT a
diferença de temperatura, de acordo com Padilha (2000). Onde, q representa o fluxo de calor, k a condutividade térmica e
é o gradiente de temperatura através do meio de condução, de acordo
com Callister Jr. (2006).
ASSIMILE
O calor pode ser transportado de duas maneiras diferentes, seja por
O aumento da temperatura afeta todas as dimensões do
vibrações do retículo ou pela movimentação dos elétrons livres. Por
material, causando uma alteração volumétrica. Na dilatação possuírem muitos elétrons livres, a condutividade térmica é alta nos
linear, o coeficiente é dado por αL; nos casos de dilatação metais. Porém, esses elétrons também participam da condução de
volumétrica, o coeficiente é dado por αV. Nos casos de eletricidade, logo as duas condutividades devem estar relacionadas
materiais com dilatação térmica isotrópica, isto é, dilatação segundo a lei de Wiedemam-Franz, segundo Padilha (2000):
igual nas três dimensões, o coeficiente volumétrico pode ser
aproximado por αV = 3αL.

Onde, σ é a condutividade elétrica, T a temperatura absoluta, k a


condutividade térmica e L é uma constante.

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Os materiais cerâmicos são considerados isolantes térmicos, uma Figura 1 – índice de refração
vez que não possuem elétrons livres, e a transferência de calor por
vibração do retículo é baixa comparado à movimentação de elétrons.
Os materiais poliméricos também são considerados isolantes, porém
por apresentarem menores pontos de fusão, não são utilizados em
aplicações com altas temperaturas, segundo Shackelford (2012).

3. Propriedades óticas

As propriedades óticas são as respostas ou reações de um material à


incidência de radiação eletromagnética, em particular da luz visível. Fonte: Shackelford (2012).

A luz visível é a parte do espectro eletromagnético que o olho humano 3.2 Reflexão
consegue ver. Esse espectro corresponde à faixa de comprimento
de onda entre 400 nm e 700 nm. Como todas as formas de ondas, Quando um raio luminoso passa de um meio para outro com diferentes
índices de refração (R) , parte do raio é refletido e parte é incidido no
a frequência (υ) está relacionada ao comprimento (λ) da onda e a
meio (figura 2). A reflexão é dada por:
velocidade da luz (c), segundo Shackelford (2012):

3.1 Índice de refração Figura 2 – Índice de reflexão

Quando a luz se propaga de uma região, por exemplo o ar, e incide em


um material transparente, um ângulo é formado entre o raio incidente
e o raio refratado. Essa propriedade é chamada de índice de refração
(n), dada por:

Onde, υar é a velocidade da luz no ar, υmeio a velocidade da luz no meio e


θi e θr os ângulos de incidência e de refração, respectivamente, Figura 1. Fonte: Shackelford (2012).

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112
Onde, n1 é o meio do raio incidente e o n2 o meio do raio refratado. 3.4 Cor

Quanto maior o índice de refração maior será o raio refletido. A cor está relacionada com a absorção e a remissão do raio de luz
incidente nos materiais. Em materiais cerâmicos e poliméricos, a cor é
Na maioria dos vidros, a refletância é de aproximadamente 0,05,
percebida pela absorção dos raios de luz no espectro visível e posterior
segundo Padilha (2000). transmissão destes. Já nos metais, a cor é o resultado da refletividade
da luz com os comprimentos de onda característicos de cada cor,
3.3 Transparência, translucidez e opacidade segundo Shackelford (2012).

Muitos materiais cerâmicos e poliméricos são utilizados devido


4. Propriedades magnéticas
à transmissão de luz. O grau de transmissão pode ser separado
em transparente, translúcido e opaco. Um material transparente Magnetismo é o fenômeno de forças de atração e repulsão entre os
possui a capacidade de transmitir uma imagem clara. Já os materiais materiais. Embora seja uma definição simples, muitos dispositivos
tecnológicos modernos dependem do magnetismo, como os geradores e
translúcidos e opacos são subjetivos, porém os materiais translúcidos
transformadores de energia elétrica, as televisões, os rádios, os motores
se diferenciam pela capacidade de transmitir uma imagem não tão elétricos, os computadores entre outros, segundo Callister Jr. (2006).
nítida e os materiais opacos são materiais que não transmitem a
imagem, segundo Shackelford (2012). 4.1 Conceitos básicos

A figura 3, apresenta três materiais com diferentes graus de As forças magnéticas são geradas pelo movimento de partículas
carregadas eletricamente. Essa movimentação gera um campo
transmissão de luz. A esquerda um material transparente, no meio um
magnético ao redor de um condutor pelo qual está passando uma
material translúcido e na direita um material opaco, de acordo com corrente elétrica ou um ímã (figura 4). No caso dos ímãs as linhas de
Callister Jr. (2006). forças saem do polo norte para o polo sul, de acordo com Padilha (2000).

Figura 3 – Transparência, translucidez e opacidade Figura 4 – Forças magnéticas

(a) (b)
Fonte: Callister Jr. (2006). Fonte: Shackelford (2012).

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114
O campo magnético (B) está relacionado com a permeabilidade do 4.2.1 Diamagnetismo
campo magnético (μ) e a intensidade do campo magnético (H):
O diamagnetismo é um tipo de magnetismo fraco, que só está
B = μH
presente quando um campo magnético externo é aplicado. A direção
No vácuo, a permeabilidade é representada por μ0 e apresenta um valor do diamagnetismo é oposta à direção do campo externo aplicado
de 4π10-7 H/m). (figura 5).

Vários parâmetros podem ser utilizados para descrever as propriedades Figura 5 – Diamagnetismo
magnéticas de um material. A mais comum é a permeabilidade
magnética relativa (μr), dada por:

O valor da permeabilidade magnética representa a facilidade com que


um material pode ser magnetizado, ou seja, a facilidade com a qual
um campo magnético B pode ser induzido na presença de um campo
magnético externo H, segundo Callister Jr. (2006).
Fonte: Padilha (2000).

Outro parâmetro utilizado é a suscetibilidade magnética (xm), que está


relacionada com a permeabilidade magnética. Todos os materiais apresentam diamagnetismo, porém, ele só pode
ser observado quando outro tipo de magnetismo não está presente.
Além disso, a permeabilidade relativa μr é menor que a unidade, e a
suscetibilidade magnética é negativa, segundo Padilha (2000).
4.2 Origem e comportamento magnético dos materiais
4.2.2 Paramagnetismo
As propriedades magnéticas dos materiais estão relacionadas aos
momentos magnéticos de cada elétron, que podem ser originados do Nos materiais paramagnéticos, cada átomo possui um momento
movimento orbital ao redor do núcleo ou do movimento no seu próprio
magnético em diferentes orientações que resultam em um momento
eixo. O momento magnético mais importante é o magnéton de Bohr,
magnético total nulo. As orientações dos momentos magnéticos de cada
μB (9,27x10-24 A/m²). Para cada elétron, um momento magnético de
spin está associado que pode ter um valor de ± μB, segundo Callister Jr. átomo, podem se alinhar com um campo magnético externo, figura 6, de
(2006). Os tipos de magnetismos estão associados ao comportamento acordo com Padilha (2000).
magnético do material, e são classificados em: ferromagnetismo,
diamagnetismo e paramagnetismo, e as subclasses do ferromagnetismo:
antiferromagnetismo e ferrimagnetismo, de acordo com Padilha (2000).

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116
Figura 6 – Paramagnetismo distinta do ferromagnetismo. Esses materiais são chamados de ferritas
(não são as mesmas ferritas do ferro α), que apresentam a fórmula
MFe2O4, onde M é um elemento metálico (PADILHA, 2000). O material
ferrimagnético mais comum é a magnetita (Fe3O4) que pode ser escrita
como Fe2+O2-(Fe3+)2(O2-)3, onde os íons de ferro apresentam os estados
de valência +2 e +3. Por apresentarem valências diferentes, conforme
Callister Jr. (2006), os momentos dos spins não se cancelam, assim,
apresentam um magnetismo no material.

Os materiais antiferrimagnéticos estão presentes em materiais não


Fonte: Padilha (2000). ferromagnéticos. Quando o alinhamento do momento de spin dos
átomos vizinhos ocorre de forma oposta é denominado um material
Tanto os materiais diamagnéticos quanto os materiais paramagnéticos, não antiferromagnetismo. O exemplo mais comum é o óxido de manganês
são considerados magnéticos, pois na ausência de um campo externo, não (MnO), (figura 7).
exibem nenhum tipo de magnetismo, segundo Callister Jr. (2006).
Figura 7 – Antiferrimagnetismo
4.2.3 Ferromagnetismo

Os materiais ferromagnéticos apresentam magnetismo forte


mesmo sem a aplicação de um campo magnético externo. O termo
ferromagnetismo vem da associação dos materiais ferrosos ou que
contém ferro em sua composição, segundo Shackelford (2012).

Nos materiais ferromagnéticos, os materiais são separados por grandes


regiões volumétricas no cristal denominados domínios. Em cada
domínio, há o alinhamento das direções magnéticas dos átomos.
A máxima magnetização de um material, conhecida como magnetização
de saturação (Ms), é o resultado da orientação de todos os domínios
magnéticos dos átomos na direção do campo externo aplicado. Com
Fonte: Callister Jr. (2006).
isso, há também a densidade de fluxo magnético de saturação (Bs), que
é o resultado do produto do momento magnético líquido para cada
átomo pelo número de átomos presentes, segundo Callister Jr. (2006).
PARA SABER MAIS
4.2.4 Ferrimagnetismo e antiferrimagnetismo
O comportamento magnético é afetado pela temperatura.
Os materiais mais comuns que apresentam o ferrimagnetismo são as O aumento da temperatura aumenta a vibração dos
cerâmicas. Como no ferromagnetismo, os materiais ferrimagnéticos átomos, que possuem mais liberdade para se movimentar.
apresentam forte magnetização permanentes, porém, com origem

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118
Assim, os momentos magnéticos dos átomos estão livres As cores desses materiais não-metálicos podem ser
para girar, e aumentam a aleatoriedade de suas direções. observadas pelo olho humano devido à:
A magnetização de saturação é máxima à temperatura a. Reflexão parcial dos raios incidentes.
de 0 K (zero Kelvin) e vai diminuindo com o aumento
da temperatura até a magnetização chegar a zero. Essa b. Reflexão total dos raios incidentes.
temperatura é conhecida como Temperatura de Curie Te c. Absorção dos raios incidentes.
(CALLISTER JR, 2006).
d. Refração parcial dos raios incidentes.

e. Refração total dos raios incidentes.

TEORIA EM PRÁTICA 2. Os materiais metálicos apresentam maior condução


térmica que os materiais poliméricos e cerâmicos. Essa
Os trilhos de trens são produzidos em seções de 10 m a maior condução de calor se deve:
fim de formar todo o trajeto da linha férrea. Suponha que
a. Às fortes ligações metálicas.
a instalação dos trilhos seja realizada em uma região com
temperatura média de 20 ˚C, e que os trilhos sejam feitos b. Por apresentarem elétrons livres.
de um aço 1025. A temperatura máxima que o trilho atinge
c. Às fracas ligações químicas.
durante o período de trabalho é de 50 ˚C. Um engenheiro
de materiais precisa dimensionar a distância entre cada d. Às ligações iônicas dos metais.
seção dos trilhos. Como engenheiro de projetos responsável e. Às ligações covalentes dos metais.
pelos cálculos do dimensionamento das peças que
comporão os trilhos, informe os construtores sobre qual o 3. A permeabilidade magnética e a suscetibilidade magnética
espaçamento eles devem deixar entre cada uma das seções são dois parâmetros que descrevem as propriedades
para que elas não se toquem em função da dilatação. magnéticas dos materiais. Se a suscetibilidade de um
material é negativa, podemos dizer que esse material é:
a. Diamagnético.

b. Paramagnético.
VERIFICAÇÃO DA LEITURA
c. Ferromagnético.
1. Os materiais podem ser classificados em transparentes,
translúcidos e opacos. Os materiais não-metálicos, que d. Ferrimagnético.
não são transparentes, apresentam cores características. e. Antiferrimagnético.

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Referências bibliográficas

CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: an introduction.


7. ed. 2006.
PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia: microestrutura e propriedades. 2000.
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.

Gabarito

Questão 1 – Resposta C
A observação das cores dos materiais não-metálicos pelo olho
humano ocorre devido à absorção dos raios incidentes no espectro
da luz visível. Cada cor apresenta um comprimento de onda
diferentes que está entre 400 nm a 700 nm.

Questão 2 – Resposta B
O calor pode ser transportado de duas maneiras diferentes: pela
vibração do retículo cristalino ou pela movimentação dos elétrons.
A forma mais efetiva é a movimentação dos elétrons. Os materiais
metálicos apresentam boa condutividade térmica e elétrica devido
aos elétrons livres que estão presentes em sua estrutura.

Questão 3 – Resposta A
A suscetibilidade magnética está relacionada com a permeabilidade
magnética pela equação: xm = μ r –1. Se um material apresenta uma
permeabilidade magnética menor que a unidade, a suscetibilidade
magnética é negativa. A permeabilidade magnética representa
a facilidade que um material possui em se magnetizar com a
presença de um campo externo. Os materiais que apresentam uma
suscetibilidade negativa são os materiais diamagnéticos.

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