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Luiz Henrique Martinez Antunes
1ª edição
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CIÊNCIA DOS MATERIAIS
Presidente
Rodrigo Galindo
Coordenador
Estrutura atômica e ligação interatômica dos sólidos.
Nirse Ruscheinsky Breternitz Estrutura cristalina e não cristalina dos sólidos 35
Revisor Direções e planos cristalográficos. Imperfeições nos sólidos 53
Rocio del Pilar Bendezú Hernández
ISBN 978-85-522-1551-6
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
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Apresentação da disciplina
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1. Introdução à Engenharia de Materiais Essa interrelação de composição química, estrutura, processamento
e desempenho é chamado de tetraedro da ciência e engenharia de
A Engenharia de Materiais é a área que estuda e manipula as relações materiais (figura 1) (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
que existem entre as estruturas e as propriedades dos materiais por
Figura 1 – Tetraedro da Ciência e Engenharia dos Materiais
meio de alterações na composição química e processamento, a fim de se
obter um conjunto de propriedades predeterminadas de um material.
A composição química é o termo utilizado para a constituição química
de um material, ou seja, quais elementos químicos estão presentes no
material e em qual proporção. O termo “estrutura” está relacionado ao
arranjo dos átomos em escala microscópica, ou seja, como os átomos
estão arranjados (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
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Após o passar dos tempos, a caça se tornou cada vez mais difícil devido
perfeita otimização desses quatro pilares, seja por questões
à baixa presença de animais. A adaptação foi seguida pelo domínio da
econômicas ou mesmo por impossibilidades físicas. O que
agricultura, logo após a domesticação de animais, e assim por diante.
se deve ter em mente são quais as prioridades de cada pilar
Com essas mudanças, as tribos que melhor conseguiam se adaptar
que o material deve ter.
foram as que sobreviveram por mais tempo e constituíram as maiores
populações e controlaram os maiores territórios.
Nessa época, os hominídeos eram majoritariamente nômades e iam 2.1 Idade da pedra
em busca de territórios férteis para se alimentar e também para caçar,
pois tais locais atraiam também os animais. Para a sobrevivência, eram A idade da pedra foi a idade na qual os seres humanos criaram e utilizaram
necessárias a busca por alimentos e a defesa contra outras tribos. ferramentas de pedras para a sua sobrevivência. Contudo, a definição da
Devido a isso, artefatos bélicos foram surgindo para essa necessidade, idade da pedra não se deu somente pelo uso da pedra como ferramentas
segundo Navarro (2006). necessárias para a sobrevivência. Outros fenômenos fundamentais
marcaram a idade da pedra como o uso do fogo, o que proporcionou
Com o crescimento populacional e a expansão territorial, a busca por o desenvolvimento da transformação dos alimentos, da agricultura, da
alimentos e a defesa da população iam ficando cada vez mais difíceis, daí descoberta dos metais, entre outras. A idade da pedra é dividida em três
a necessidade de se mudarem de região em busca de novos solos férteis períodos: Paleolítico (pedra antiga ou pedra lascada), Mesolítico (pedra
e de menor concorrência. intermediária) e Neolítico (pedra polida), de acordo com Navarro (2006).
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Figura 2 – Utensílios utilizados durante o período Paleolítico Com o domínio da agricultura, as populações começaram a se fixar em
determinadas regiões, e assim foi o começo do desenvolvimento das
civilizações. Além da agricultura, outro fator importante desse período
foi a domesticação de animais, que permitiu a produção de alimentos
sem a necessidade da caça.
2.1.2 Mesolítico
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A figura 4 mostra a importância relativa dos tipos de materiais ao longo 2.3 Idade do cobre
do tempo, dada pela área entre as linhas, e não pelas linhas em si.
Ou seja, a importância relativa das cerâmicas e vidros é representada A idade do cobre sucedeu o período Neolítico, e foi a primeira na
pela área abaixo da linha inferior. A importância relativa dos metais classificação da idade dos metais. Datada aproximadamente entre
os anos 8.000-4.000 a.C., foi nesse período que se observou o
corresponde a área acima da linha superior. Da mesma forma, a
descobrimento e o desenvolvimento do uso do cobre em utensílios.
importância relativa dos polímeros e dos compósitos corresponde as
áreas entre as linhas onde estão demarcados. Assim, pode-se observar O cobre pode ser encontrado na natureza na forma simples e também
que, no início, as cerâmicas e os polímeros eram predominantes combinado, na forma de óxidos, sendo o mais comum a calcopirita.
basicamente no uso das pedras e madeiras, respectivamente. Após a No entanto, acredita-se que o primeiro minério utilizado tenha sido a
descoberta dos metais houve um grande crescimento da importância malaquita, que é um carbonato mineral básico de cobre Cu2(OH)2(CO3),
relativa destes até a década de 1960 que pode ser observado pelo utilizado como pigmento verde, segundo Navarro (2006). A descoberta do
aumento da área ocupada pelos metais. Após a década de 1960, o fogo no período Neolítico não foi somente importante para a alimentação
desenvolvimento de outros materiais foram tomando relevância, e hoje e aquecimento contra o frio, mas também para o início da fundição dos
podemos observar que todos os materiais apresentam quase a mesma metais, em que o cobre era obtido após a queima das cerâmicas.
importância relativa, segundo Shackelford (2012).
2.4 Idade do bronze
Figura 4 – Gráfico da importância relativa dos
materiais ao longo do tempo A idade do bronze foi o período em que ocorreu o desenvolvimento
desta liga metálica resultante da mistura de cobre (Cu) e estanho (Sn).
Muitos admitem que a idade do bronze sucede o período Neolítico,
porém, em certas regiões, há a presença da idade do cobre antes da
descoberta do bronze, segundo Navarro (2006). A idade do bronze
começou na Grécia e na China por volta dos anos 3.000 a.C. e depois
se desenvolveu para a Mesopotâmia e o Egito, chegando até a Grã-
Bretanha por volta dos anos 1.900 a.C.
O domínio das ligas metálicas, que iniciou a idade do bronze, tem como
atividade mais relevante a metalurgia, pois dominou-se a técnica de
misturar o estanho com o cobre, ambos metais relativamente de fácil
fundição, formando, assim, essa liga metálica.
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Figura 5 – Ferramentas e armas utilizadas pelos homens na Figura 6 – Armas utilizadas durante a idade do ferro
idade do cobre
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modifica algum dos quatro pilares da Ciência e Engenharia a. Uso de utensílios de pedra mais refinados.
de Materiais, os outros três pilares são afetados.
b. Desenvolvimento da agricultura e domesticação
Imagine que você é um engenheiro de materiais e um
dos animais.
cliente solicita um material que apresente uma elevada
dureza. Quais os cuidados que você, como engenheiro, deve c. Descoberta do fogo e refino das armas de
tomar para que o material não fique comprometido? pedra e ossos.
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CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: An Introduction. 7. ed. 2006.
NAVARRO, R. F. A Evolução dos Materiais. Parte 1: da Pré-história ao Início da Era
Moderna. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v. 1, 1(2006), p. 01-11.
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
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1. Introdução Figura 1 – Resistência dos materiais
(ASKELAND; WRIGHT, 2015). utilizados. Além dos materais mais comumente utilizados,
há alguns que apresentam características específicas,
como a supercondutividade, os high-entropy-alloys (ligas
de alta entropia), entre outros. Esses materiais, apesar
de ainda não serem utilizados no dia a dia, estão em
desenvolvimento para a viabilidade no futuro.
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2. Metais Figura 2 – Materiais a base de ferro
As ligas metálicas podem ser divididas em dois grupos: ferrosas e não- Há diversas aplicações para os materiais cerâmicos. Por serem materiais
isolantes e refratários, são comumente utilizados em aplicações que
ferrosas. As ligas ferrosas são as que possuem na sua composição
exijam resistência térmica, como em revestimento em paredes de
ferro como o principal elemento, por exemplo, os aços-carbono, ferros
fornos e turbinas. Além disso, podemos observar os materiais cerâmicos
fundidos ou aços-ligas. Já as ligas não-ferrosas são todas as outras ligas aplicados em nosso cotidiano como os tijolos e telhas, louça de cozinha,
que não contém ferro como principal elemento e sim outros metais, por vasos sanitários, revestimentos como pisos e azulejos, entre outros. As
exemplo, ligas de alumínio, ligas de cobre, ligas de níquel, entre outras, cerâmicas também são aplicadas como aditivos de tintas, plásticos e
segundo Padilha (2000). pneus (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
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Além disso, outro tipo de cerâmica bem conhecida é o vidro inorgânico. uma cadeia longa composta de muitos meros, podendo chegar a
Os mais comuns são formados de silicatos que apresentam, milhares deles. O processo de produção dos polímeros é denominado
aproximadamente, 70% em peso de SiO2 (sílica) em sua composição polimerização, e consiste numa reação química que provoca a
química. O restante da sua composição são outros óxidos e nitretos combinação de um grande número de moléculas (meros), de acordo
que configuram características específicas para cada tipo de vidro. com Shackelford (2012).
Apresentam as mesmas propriedades que outras cerâmicas, ou seja,
são isolantes, apresentam alta resistência mecânica, alta dureza e são Os polímeros, na sua maioria, são bons isolantes térmicos e elétricos.
frágeis. A característica que torna o vidro inorgânico uma cerâmica Apesar de apresentarem uma baixa resistência mecânica, quando
diferente é que, por ser um material amorfo, não apresenta um arranjo comparados aos materiais metálicos e cerâmicos, possuem uma boa
atômico regular e periódico, o que faz com que ele seja um material razão resistência-peso. São também materiais muito flexíveis e com
transparente (ASKELAND; WRIGHT, 2015). baixa densidade, segundo Padilha (2000).
Figura 3 – Garrafas de vidro Os polímeros podem ser classificados em duas categorias gerais:
termofixos e termoplásticos. Os polímeros termofixos se tornam mais
rígidos com o aumento da temperatura e são irreversíveis, isto é, uma
vez aquecido e rígido os polímeros termofixos não podem ser reciclados.
Já os polímeros termoplásticos se tornam mais ducteis e deformáveis
com o aumento da temperatura, permitindo, assim, a sua modelagem e
reciclagem, segundo Shackelford (2012).
Figura 4 – Polietileno
Fonte: SupharoekBK/iStock.com.
4. Polímeros
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5. Compósitos Figura 5 – Tipos de compósitos
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de condutividade intrínseca. Já quando as características elétricas são podem ser utilizados como biomateriais. A única condição exigida é que
determinadas pelas impurezas, denomina-se condutividade extrínseca, esses materiais não podem sejam tóxicos ao corpo humano, ou seja,
de acordo com Van Vlack (2000). sejam biocompatíveis.
Os semicondutores revolucionaram a indústria de componentes A corrosão dos biomateriais é a pincipal responsável pela
incompatibilidade no uso destes materiais, pois estão em constante
eletrônicos e de computadores. São utilizados em componentes
contato com ambientes agressivos e esforços mecânicos. As ligas de
eletrônicos como diodos, transistores e outros componentes com
cobalto-cromo são muito aceitas e utilizadas em implantes de próteses
maior complexidade tecnológica, como microprocessadores e
que sofrem desgaste, as ligas de aços-inoxidáveis para construção de
nanotecnologia.
aparelhos ortodônticos e ligas de titânio para implantes dentários e
ortopédicos (RAMIRES; GUASTALDI, 2012).
Figura 6 – Placa de um criscuito eletrônico
Os biomateriais são aplicados em quatro grandes áres: cardiologia,
oftalmologia, odontologia e ortopedia. Na cardiologia são utilizados
no sistema vascular ou circulatório. Na oftalmologia são utilizados nos
olhos e lentes artificiais. Na odontologia são utilizados nos implantes
dentários. E na ortopedia são utilizados em articulações, como joelhos,
quadris, ombro e cotovelo, de acordo com Antunes (2017).
Fonte: matejmo/iStock.com.
7. Biomateriais
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ASSIMILE VERIFICAÇÃO DE LEITURA
Apesar de existirem milhares de materiais disponíveis e a 1. Dentre os materiais existentes, qual a classe de
possibilidade de criação de novos materiais, há sempre a materiais, em geral, que apresentam melhor
questão do custo. Muitas vezes a demanda de uma certa resistência ao calor?
aplicação não exije tanta complexidade na escolha do
material. Cabe ao engenheiro de materiais assimilar isso a. Materiais metálicos.
com a disponibilidade dos materiais já existentes.
b. Materiais cerâmicos.
c. Materiais poliméricos.
Resumindo, a imensa lista de materiais existentes disponíveis aos
engenheiros de materiais pode ser dividida basicamente em três d. Materiais compósitos.
grandes grupos: metais, cerâmicos e polímeros. Além disso, há outros
materiais, como os compósitos, que são misturas de dois ou mais e. Biomateriais.
materiais visando as melhores propriedades de cada um deles. Há
ainda classes especiais de materiais, como os semicondutores, que
2. Os compósitos são materiais em que se têm a mistura
são os materiais eletrônicos que possuem uma condutividade elétrica
de dois ou mais materiais a fim de utilizar as melhores
intermediária. E os biomateriais, que são biocompatíveis, e, portanto, propriedades de cada um deles. A fibra de vidro é
podem ser utilizados para auxiliar, melhorar ou substituir funções do a combinação de uma matriz polimérica com fibras
corpo humano. de vidro dispersas na matriz. Quais as melhores
propriedades que o polímero e o vidro conferem ao
compósito, respectivamente?
TEORIA EM PRÁTICA
a. Ductilidade e resistência ao calor.
Existem milhares de materiais disponíveis para os
engenheiros de materiais escolherem em seus projetos. b. Ductilidade e condutividade elétrica.
Muitas vezes, existem referências, e banco de dados para
se basear. Suponha que você seja recém contratado em c. Dureza e resistência mecânica.
uma empresa que está iniciando suas atividades e você,
engenheiro de materiais, precisa projetar uma lista de d. Ductilidade e resistência mecânica.
materiais baseada em determinadas propriedades. Por
onde você iniciaria sua busca? e. Resistência mecânica e resistência ao calor.
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Gabarito
3. Os semicondutores são materiais utilizados em
placas solares e em componentes eletrônicos, como
computadores, celulares e tablets. Sua produção Questão 1 – Resposta B
necessita de alguns cuidados, como a produção de Os materiais cerâmicos apresentam melhor resistência ao calor.
monocristais, ou seja, materiais com um único grão Geralmente são óxidos, nitretos e carbonetos que apresentam
livre de impurezas. Qual o malefício das impurezas elevados pontos de fusão.
nesses tipos de materiais?
Questão 2 – Resposta D
a. Altera a resistência mecânica.
Os compósitos são materiais em que se utiliza a mistura de dois
b. Altera a dureza. ou mais materiais visando as melhores propriedades de cada um.
A fibra de vidro é um compósico com uma matriz polimérica e
c. Altera as propriedades elétricas.
fibras de vidro dispersas na matriz. A matriz polimérica confere
d. Altera as propriedades óticas. ao compósito a boa ducilidade, já as fibras de vidro conferem ao
compósico uma alta resistência mecânica.
e. Altera as propriedades térmicas.
Questão 3 – Resposta C
Os semicondutores são materiais utilizados especificamente em
dispositivos eletrônicos e computadores, por apresentarem uma
Referências bibliográficas condutividade elétrica intermediária entre os metais e as cerâmicas.
Essa condutividade elétrica pode ser controlada por meio da
ANTUNES, L. H. M. Caracterização da liga Co-28Cr-6Mo obtida por manufatura escolha dos materiais e pela sua produção. Qualquer impureza
aditiva e microfundição. 2017. p. 96. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) – Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de presente nesses materiais pode alterar significativamente essa
Campinas, Campinas, 2017. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/ condutividade elétrica inviabilizando seu uso nessas aplicações.
handle/REPOSIP/330611. Acesso em: 19 set. 2019.
ASHBY, M. F. Materials Selection in Mechanical Design. 2. ed. 1999.
ASKELAND, D. R; WRIGHT, W. J. Ciência e Engenharia dos Materiais. 3 ed. Cengage
Learning, 2015.
CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: An Introduction.
7. ed. 2006.
PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia: Microestrutura e Propriedades. 2000.
RAMIRES, I; GUASTALDI, A. C. Estudo do biomaterial Ti-6Al-4V empregrando-se
técnicas eletroquímicas e xps. Quím. Nova., São Paulo, v. 25. n. 1, 2002.
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.
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1. Estrutura atômica
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possui um único estado, a subcamada p possui três estados, a subcamada Por exemplo, o elemento químico sódio (11Na) apresenta um número
d possui cinco estados e a subcamada f possui sete estados. Por fim, atômico (Z) 11, isto é, apresentam 11 prótons em seu núcleo. A sua
o número quântico de spin está relacionado com o momento de spin distribuição em níveis e subníveis é:
que possui dois valores, podendo ser positivo (+1/2) ou negativo (-1/2).
1s2 2s2 2p6 3s1
(CALLISTER JR., 2006; ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
Já o elemento químico ferro (26Fe) apresenta um número atômico (Z)
1.2 Configuração eletrônica 26, isto é, apresentam 26 prótons em seu núcleo. A sua distribuição em
níveis e subníveis é:
De acordo com o princípio de exclusão de Pauli, no mesmo átomo
dois elétrons não podem ter os mesmos quatro números quânticos e, 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6 4s2
assim, cada elétron possui uma combinação única dos quatro números
Embora a subcamada d possa receber 10 elétrons, devido às
atômicos. Logo, cada orbital eletrônico pode comportar apenas dois
propriedades do ferro, 2 elétrons passam para a subcamada s do nível 4
elétrons em cada camada, sendo que os valores de spins devem ser
opostos. Portanto, as subcamadas (l) devem acomodar um total de 2, 6, (ASKELAND; WRIGHT, 2011).
10 e 14 elétrons respectivamente, isto é, a subcamada s pode comportar
2 elétrons, a subcamada p pode comportar 6 elétrons, a subcamada 1.3 Valência
d pode comportar 10 elétrons e a subcamada f pode comportar 14
elétrons, segundo Shackelford (2012). O número de elétrons no átomo que participa das reações químicas
ou de ligações químicas é chamado de valência e, normalmente, são
A partir desse princípio, foi criado o diagrama de Pauling (figura 1) para representadas pelos elétrons presentes nas subcamadas s e p da última
facilitar a distribuição dos elétrons em níveis e subníveis. camada. Por exemplo:
Figura 1 – Diagrama de Linus Carl Pauling Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 Valência = 2
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Ar: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 Figura 2 – Tabela periódica atualizada de 2019
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2.1 Ligação iônica Figura 4 – Figura mostando a relação do número de coordenação com a
razão dos raios que formam as geometrias de coordenação
A ligação iônica é o resultado da transferência de elétrons de um
átomo para outro, isto é, os elétrons dos átomos eletropositivos são
transferidos para os átomos eletronegativos. O exemplo mais clássico
é o cloreto de sódio (NaCl), em que o elétron do sódio, que possui
valência 1, é transferido para o átomo de cloro, que possui valência 7.
Assim, ambos adquirem a estabilidade eletrônica, conforme Figura 3
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
A ligação iônica é uma ligação não-direcional, ou seja, os elétrons Fonte: Shackelford (2012).
de um elemento eletropositivo atrairão qualquer elétron de um
elemento eletronegativo, independente da direção, de acordo com
2.2 Ligação covalente
Shackelford (2012).
A ligação covalente é caracterizada pelo compartilhamento de um ou
2.1.1 Número de coordenação
mais elétrons entre os elementos, gerando uma força de ligação entre
O número de coordenação (NC) é o número de átomos ou íons os elementos presentes. Esses elétrons compartilhados podem ser
adjacentes que podem cercar um átomo de referência. Esse número é considerados de ambos os elementos que orbitam entre eles. Quando
calculado a partir da razão entre os raios atômicos dos dois elementos há o compartilhamento de um elétron, há uma ligação simples entre
(r/R), o átomo de referência e os átomos adjacentes. A figura 4 apresenta eles, quando compartilham dois elétrons há uma ligação dupla, e
a geometria de coordenação em relação ao número de coordenação e a quando compartilham três elétrons há uma ligação tripla, de acordo
razão dos raios atômicos. com Padilha (2000).
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A ligação covalente é direcional, isto é, essa ligação ocorre somente ligações primárias estiver evidente, a ligação secundária é praticamente
na direção entre os elementos que estão sendo compartilhados. Essa nula. A principal causa dessa ligação é a polarização da molécula e
direcionalidade pode gerar ângulos entre as ligações. Por exemplo, essas ligações são subdivididas em quatro tipos: atração entre dipolos
a água (H2O) faz uma ligação covalente que faz o hidrogênio ficar permanentes, atração entre dipolos permanentes e dipolos induzidos,
levemente positivo e o oxigênio levemente negativo, gerando um ângulo forças de dispersão e ponte de hidrogênio, segundo Callister Jr. (2011).
entre as moléculas de hidrogênio. Esse compartilhamento resulta em
uma ligação chamada polar. Quando as ligações não formarem um A polarização molecular origina-se de dipolos elétricos que são
ângulo entre eles é chamado de uma ligação apolar, como é o caso do formados em toda molécula assimétrica, ou seja, quando a distribuição
metano (CH4), segundo Callister Jr. (2006). espacial dos elétrons é assimétrica, possuindo uma extremidade
positiva e a outra negativa. Essa polarização molecular é o que gera as
As ligações covalentes geralmente são ligações fortes, como é o caso atrações entre dipolos permanentes. Já as atrações dipolos permanentes
do diamante, que apresenta um alto ponto de fusão, mas também
e dipolos induzidos (ou forças de London), ocorrem em moléculas
podem existir ligações covalentes fracas, como a do bismuto. A ligação
apolares, onde a aplicação de um campo elétrico pode polarizar a
covalente é a principal ligação que forma os compostos orgânicos, como
molécula, de acordo com Van Vlack (1964).
os polímeros que possuem longas cadeias de carbonos ligados entre si,
segundo Van Vlack (1964). As forças de dispersão ocorrem em todas as moléculas simétricas e nos
átomos dos gases nobres. Nessa força, pode ocorrer uma polarização
2.3 Ligação metálica momentânea devido aos movimentos dos elétrons. As atrações são
fracas, porém são essas forças que mantêm os átomos dos gases nobres
Os metais apresentam até três elétrons em sua camada de valência,
unidos, segundo Padilha (2000).
por isso são considerados elementos eletropositivos. Esses elétrons
estão livres em uma “nuvem de elétrons” que circunda o elemento e, As pontes de hidrogênio são ligações entre um átomo de hidrogênio
por estarem livres, são os responsáveis por algumas características com outros átomos grandes, como é o caso do F, O ou N, entre outros.
dos metais, como a boa condutividade elétrica e térmica (ASKELAND; Essas ligações são polares e as mais fortes dentre as ligações de van der
WRIGHT; FULAY, 2011). Waals. Devido a essa forte ligação, as moléculas que possuem pontes
de hidrogênio apresentam temperaturas de ebulição elevadas, segundo
As ligações metálicas não são direcionais e, devido a isso, os metais Callister Jr. (2011).
apresentam boa ductilidade, isto é, a habilidade do material se deformar
plasticamente antes de romper, de acordo com Callister Jr. (2006).
ASSIMILE
2.4 Ligação de van der Waals ou secundária
Muitas propriedades físicas dos elementos químicos e
A ligação de van der Waals, ou ligação secundária, é o nome dado a moléculas estão diretamente ligadas com as ligações
qualquer ligação fraca existente entre dois elementos. Naturalmente, químicas entre os elementos, por exemplo, o ponto de
sempre há essa ligação secundária, porém, quando qualquer uma das três
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Figura 5 – Geometria de uma célula unitária geral
fusão, ponto de ebulição, ductilidade, condutividade elétrica
e térmica, entre outros. Um engenheiro de materiais,
entendendo esses tipos de ligações, pode ter alguma ideia
dessas propriedades apenas sabendo sobre as ligações
químicas e vice-versa.
3. Estrutura cristalina e não cristalina dos sólidos As estruturas cristalinas podem ser determinadas de 14 maneiras
diferentes, denominados reticulados de Bravais envolvendo sete
Os materiais sólidos podem ser caracterizados pela regularidade em que sistemas diferentes, denominados sistemas de Bravais. A figura 6 mostra
os átomos estão arranjados uns em relação aos outros. Um material é as 14 redes de Bravais.
considerado cristalino quando o arranjo atômico se apresenta ordenado
Figura 6 – Quatorze redes de Bravais
e com uma periodicidade, existe uma ordem em que os átomos se
organizam e se repetem tridimensionalmente. Quando esse arranjo e/
ou periodicidade não acontecem, os materiais sólidos são chamados de
não-cristalino ou amorfos, como o caso dos vidros e alguns materiais
poliméricos, de acordo com Shackelford (2012).
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Os diferentes parâmetros de rede e ângulo que formam os sistemas de A estrutura CCC apresenta um átomo no centro e 1/8 de átomos em cada
Bravais estão descritos pela tabela 1. vértice da célula unitária. Essa estrutura apresenta os átomos se tocando na
diagonal da célula unitária. A relação do parâmetro de rede (a) com o raio
Tabela 1 – Sete sistemas de Bravais e seus parâmetros de rede e ângulos atômico pode ser definida por: a = 4r/√3. Já a estrutura CFC apresenta ½ de
átomos em cada face e 1/8 de átomos em cada vértice da célula unitária.
Sistema Parâmetros de rede Ângulos
Os átomos dessa estrutura se tocam nas faces da célula unitária, assim,
Cúbico a=b=c α = β = γ = 90°
possuem uma relação de a = 4r/√2 (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011).
Tetragonal a=b≠c α = β = γ = 90°
Ortorrômbico a≠b≠c α = β = γ = 90° 3.2.2 Fator de empacotamento atômico
Romboédrico a=b=c α ≠ β ≠ γ ≠ 90°
O fator de empacotamento atômico (FEA) representa o grau de
Hexagonal a= b ≠ c α = β = 90° e γ = 120°
ocupação dos átomos na célula unitária e é determinada por:
Monoclínico a≠b≠c α = γ = 90° e β > 90°
volume dos átomos da célula
Triclínico a≠b≠c α ≠ β ≠ γ ≠ 90° FEA =
Fonte: adaptada de Padilha (2000).
volume da célula unitária
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a. 5.
PARA SABER MAIS
Vários elementos no estado sólido apresentam diferentes b. 2.
estruturas cristalinas, isto é, dependendo de alguma
variável, por exemplo a temperatura em que o elemento se c. 7.
encontra, apresentam diferentes estruturas cristalinas. Essa
mudança é denominada alotropia. O exemplo mais comum d. 10.
é o ferro, que apresenta uma estrutura de corpo centrado
em temperaturas acima de 1394 ˚C e abaixo de 912 ˚C. e. 15.
Enquanto que entre 1394 ˚C e 912 ˚C ele apresenta uma
estrutura cúbica de face centrada.
2. A ligação covalente é caracterizada pelo compartilhamento
de elétrons entre os elementos. Essas ligações são
características de substâncias orgânicas, como o etano
(C2H4). Se o carbono possui quatro elétrons na camada
TEORIA EM PRÁTICA
de valência, é certo afirmar que a quantidade de elétrons
O fator de empacotamento atômico (FEA) é de suma compartilhados entre os átomos de carbono do etano é de:
importância na área de Engenharia de Materiais. Ele pode
determinar os vazios presentes nas células unitárias, isto é, a. 1.
a porcentagem da célula unitária que não está preenchida
por átomos. Mostre que o FEA da estrutura CCC e CFC são b. 2.
de 0,68 e 0,74, respectivamente.
c. 3.
d. 4.
VERIFICAÇÃO DA LEITURA e. 5.
1. A valência de um átomo é o número de elétrons que
participam de reações químicas, sejam eles ligações 3. Algumas propriedades físicas dos materiais e moléculas
iônicas, covalentes, metálicas ou de van der Waals. estão diretamente relacionadas às ligações químicas entre
Normalmente, a valência é o número de elétrons nas
os elementos que os compõem. A água (H2O) apresenta uma
subcamadas s e p do último nível. Para o elemento
ligação química particular que faz com que seu ponto de
Bromo, que possui um número atômico de Z=35 e a
distribuição dos elétrons nas subcamadas 1s2 2s2 2p6 3s2 ebulição seja relativamente alto em comparação com outras
3p6 4s2 3d10 4p5, qual é a sua valência? moléculas. Qual é essa ligação?
49 50
50
dois elétrons de cada carbono para se compartilharem. Logo, cada
a. Ponte de “hidrogênio”.
carbono compartilha dois elétrons com dois átomos de hidrogênios
b. Ligação iônica. e dois elétrons entre si.
Referências bibliográficas
Gabarito
Questão 1 – Resposta C
A valência é dada pelos elétrons livres nas subcamadas do último
nível. No caso do Bromo, que tem um número atômico de 35,
apresenta sete elétrons livres na última camada (4s2 4p5). Logo, a
valência do Bromo é 7.
Questão 2 – Resposta B
O carbono apresenta quatro elétrons na camada de valência.
O hidrogênio apresenta apenas um elétron na sua camada de
valência. Como são dois carbonos e quatro hidrogênios, sobrarão
51 52
52
1. Introdução
2. Direções cristalográficas
Objetivos Uma direção cristalográfica é uma reta que liga dois pontos ou um
vetor. Para facilitar a determinação dos índices de Miller de uma direção
• Conseguir identificar e projetar as direções e cristalográfica, as seguintes etapas podem ser seguidas:
planos cristalográficos das estruturas cúbicas.
• A origem do vetor deve passar pela origem do sistema. O vetor
pode ser movido para qualquer lugar do retículo cristalino, desde
• Conhecer e identificar os tipos de defeitos
que seu paralelismo seja mantido.
presentes nos sólidos.
• A projeção do vetor é determinada nos três eixos, em que são
• Conhecer e saber diferenciar os diferentes tipos de funções dos parâmetros (a, b e c) que cruzam os eixos (x, y e z),
defeitos de linha e de superfície. respectivamente.
53 54
54
equivalentes. Essas direções equivalentes são chamadas de famílias de As orientações dos planos de uma estrutura cristalina seguem o mesmo
direções e, neste caso, é representada por <100> (CALLISTER JR., 2006; princípio das direções cristalográficas. Em todas as estruturas, com
PADILHA, 2000; ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011). exceção à estrutura hexagonal, os planos são representados por três
índices de Miller (hkl). De acordo com Callister Jr. (2006), para determinar
Figura 1 – Exemplo de direções cristalográficas os valores de h, k e l, as seguintes etapas podem ser seguidas:
• Determinam-se os parâmetros a, b e c nos interceptos do plano
com os eixos x, y e z, respectivamente. Caso o plano passe pela
origem, ou seja, no ponto (0, 0, 0) deve-se adotar outra origem.
As direções cristalográficas são utilizadas para indicar uma orientação • Por fim, os três índices de Miller são representados por números
particular de um monocristal ou policristal. Conhecer essas direções inteiros dentro de parênteses e não são separados por vírgulas,
pode ser útil em muitas aplicações, por exemplo, os metais se deformam por exemplo (hkl).
mais facilmente em direções em que os átomos estão em contato. As
A Figura 2 mostra uma imagem mostrando um plano (210) indicando as
propriedades magnéticas do ferro e outros materiais magnéticos são
interceptações do plano em cada eixo.
diretamente afetados por essas direções, sendo mais fácil magnetizar
ferro na direção [100] comparado às direções [110] ou [111]. Devido Figura 2 – Plano cristalográfico
a isso, os grãos de aços Fe-Si utilizados em aplicações magnéticas são
orientados na direção [100] ou direções equivalentes.
55 56
56
Como no caso das direções cristalográficas, os planos cristalográficos
seguem a mesma regra. Caso um intercepto toque no lado negativo
do eixo, os números são representados com uma barra em cima do
número (CALLISTER JR., 2006; PADILHA, 2000).
III. As famílias dos planos podem sem representados por {}, por
exemplo a família {110} no sistema cúbico, onde os planos dessa
família são: (110), (101), (011), (110), (101) e (011). A Figura 3 aprenta algumas direções cristalográficas e suas conversões
para o sistema hexagonal. Pode-se observar que os índices de Miller são
IV. No sistema cúbico, os índices da direção são perpendiculares aos
planos dessa mesma direção. convertidos em índices de Miller-Bravais utilizando as fórmulas anteriores.
2.2 Sistema hexagonal – Direção e plano cristalográfico Figura 3 – Estrutura hexagonal e algumas direções cristalográficas
57 58
58
Na estrutura hexagonal, segundo Padilha (2000), existem alguns planos dos materiais. Os três tipos básicos de imperfeições são os defeitos
que recebem denominações especiais como o plano Basal {0001}, plano pontuais, defeitos de linha (discordância) e defeito de superfície. Muitas
prismático do tipo I {1010}, plano prismático do tipo II {1120}, plano vezes esses defeitos não são considerados degenerativos no ponto de
piramidal do tipo I {1011} e o plano piramidal do tipo II {1121}. vista tecnológico, mas pelo contrário, a maioria das vezes são benéficos
para a produção de materiais e suas aplicações.
59 60
60
O número de lacunas em equilíbrio Nv está relacionado à temperatura. • A diferença da valência não pode ser maior que uma unidade.
Quanto maior for a temperatura, maior o número de lacunas, que pode
• As eletronegatividades devem ser quase iguais, caso contrário
ser calculado pela seguinte equação:
formarão uma ligação iônica entre os elementos.
61 62
62
3.2.1 Discordância em cunha Figura 6 – Representação da formação de uma discordância em hélice
63 64
64
3.3.2 Contornos de grão lado do contorno. A região entre esses contornos é chamada de macla.
As maclas são formadas devido a esforços mecânicos de deformação
Embora um material puro contenha apenas uma fase, ele contém muitos plástica ou por recozimento do material, segundo Callister Jr. (2006).
cristais de várias orientações. Esses cristais são chamados de grãos e A figura 8 apresenta uma imagem obtida por microscopia ótica de um
todos os átomos estão arranjados segundo um único modelo e orientação aço inoxidável recozido. Podemos observar que no grão do centro, há a
determinados pela célula unitária. O contorno entre cada um desses cristais presença de maclas de deformação caracterizadas pelas regiões cinzas.
é chamado de contorno de grão. A Figura 7 mostra duas imagens, uma a
esquerda, representativa de contorno de grão, e outra a direita, de um aço Figura 8 – Imagem mostrando grão com maclas
inoxidável, mostrando os diferentes grãos, segundo Van Vlack (1964).
ASSIMILE
Há duas maneiras de formação de maclas. Elas
podem ser formadas por deformação plástica ou por
tratamento térmico de recozimento. Quando a macla
Fonte: adaptada de Askeland, Wright (2011). for formada pelo tratamento térmico de recozimento
é denominado macla de recozimento, e quando for
3.3.3 Contorno de macla formada por deformação plástica é denominada de macla
de deformação. As maclas também são locais com alta
Os contornos de macla são um tipo específico de contorno de grão, em energia, logo também são locais com preferência de
que existe um espelhamento na rede cristalina, isto é, os átomos de formação de vazios e segregação de partículas.
um lado do contorno de macla apresenta as mesmas posições do outro
65 66
66
3.3.4 Falhas de empilhamento e contornos de fases
d. {uvw} e (uvw).
As falhas de empilhamento ocorrem em metais que apresentam a
e. [uvw] e {uvw}.
estrutura cúbica de face centrada quando existe a interrupção na
sequência de empilhamento dos planos compactos. Já os contornos de
fases, existem na maioria dos materiais que apresentam múltiplas fases, 2. A direção do vetor de Burgers é utilizada para
onde há mudança repentina de características físicas ou químicas, de determinar a direção do movimento das discordâncias.
acordo com Callister Jr. (2006). Para discordância em cunha e em hélice, o vetor de
Burgers está à linha de discordância, respectivamente:
a. Paralelo e paralelo.
TEORIA EM PRÁTICA
b. Paralelo e perpendicular.
A determinação das densidades linear e planar é
importante, pois ambas estão relacionadas com os
c. Perpendicular e paralelo.
processos de deslizamento, ou seja, o mecanismo
pelo qual os metais se deformam plasticamente. Este d. Perpendicular e perpendicular.
deslizamento geralmente ocorre pelo plano mais
compacto. Quais são as densidades linear e planar dos e. Aleatório e aleatório.
planos mais compactos de uma estrutura CCC?
3. Os contornos de grão são regiões de alta energia, por
isso são regiões favoráveis para a formação de vazios ou
segregação de partículas. Mesmo em materiais com uma
VERIFICAÇÃO DE LEITURA única fase, muitas vezes os materiais apresentam vários
grãos. Esses grãos apresentam:
1. As direções e planos cristalográficos são importantes na
Engenharia de Materiais. Elas são determinadas pelos a. Diferentes elementos químicos.
índices de Miller ou no caso do sistema hexagonal pelo
índice de Miller-Bravais. Como é a representação das b. Diferente orientação e diferente estrutura cristalina.
direções e planos de um suposto índice uvw?
c. Mesma estrutura cristalina e mesma orientação.
a. [uvw] e (uvw).
67 68
68
Referências bibliográficas
Objetivos
Gabarito
• Conhecer e entender o mecanismo de difusão no
Questão 1 – Resposta A estado sólido.
Os índices de Miller para as direções cristalográficas são
• Conhecer e entender os tipos de diagramas de
representados por colchetes [] e sem vírgula e os planos são
fases existentes.
representados por parênteses () e sem vírgula.
Questão 3 – Resposta: D
Os diferentes grãos dentro de um material são separados por
contornos de grãos. Os grãos possuem as mesmas estruturas
cristalinas diferenciando apenas as orientações delas.
69 70
70
1. Difusão no estado sólido Figura 1 – Gráfico semilogarítimo da taxa versus temperatura
71 72
72
1.2 Difusão intersticial A primeira Lei de Fick pode ser representada na forma de fluxo pelo
gradiente de concentração por uma determinada área, dada por:
A difusão intersticial ocorre para átomos com raio atômico pequeno,
por exemplo, hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio. O mecanismo
envolve a migração de um átomo intersticial de uma lacuna para
outra, como pode ser observado na figura 2, onde são mostrados a
movimentação do átomo em uma difusão substitucional (a) e intersticial 1.4 Segunda Lei de Fick
(b). Por serem átomos menores, são mais móveis, e a difusão intersticial
requer menor energia em relação à difusão por lacuna. Em muitos casos, a difusão não ocorre em estado estacionário e sim
em condições transitórias, isto é, o perfil de concentração varia com o
Figura 2 – Figura esquemática da difusão intersticial
tempo. Podemos representar essa difusão por uma equação diferencial
conhecida como Segunda Lei de Fick, determinada por:
73 74
74
A aplicação mais comum da Segunda Lei de Fick é o processo de De acordo com Callister Jr. (2006), microestrutura é a estrutura que um
carbonetação utilizada para aumentar a concentração de carbono na determinado material ou região apresenta, dadas suas observações, em
superfície dos materiais. Esse processo ajuda no aumento de certas um microscópio ótico ou eletrônico de varredura. Uma microestrutura
propriedades mecânicas do material a ser utilizado, por exemplo, a pode conter uma ou mais fases.
resistência ao desgaste, de acordo com Shackelford (2012).
Já o limite de solubilidade é o limite no qual uma fase é solúvel em outra,
ou seja, o quanto um soluto pode se dissolver no solvente para formar
1.5 Coeficiente de Difusão (D)
uma solução sólida. Este limite pode ser variável dependendo das
condições onde os solutos e solventes estão.
O coeficiente de difusão ou difusividade segue uma equação de
Arrhenius, dada por: O diagrama de fases, também chamado de diagrama de equilíbrio,
representa as fases no equilíbrio em função da combinação dos
componentes ou elementos, que podem ser formados em determinada
composição e temperatura. Os diagramas de fases são construídos
Onde D0 é um fator pré-exponencial que independe da temperatura em pressão atmosférica e a partir de experimentos e simulações
(m²/s), Q a energia de ativação, R a constante dos gases e T a computacionais, de acordo com Shackelford (2012).
temperatura absoluta. O coeficiente de difusão está relacionado à
temperatura e à energia de ativação. Dependendo da composição onde 2.1 Regra da alavanca
a difusão ocorrerá, a energia de ativação pode ser maior ou menor, ou
A regra da alavanca é utilizada para a determinação das composições
seja, para a difusão intersticial ou de átomos pequenos, a energia de
das fases. A Figura 4 diz como identificar as composições e como traçar
ativação é baixa. Já para a difusão substitucional ou de átomos grandes,
as linhas da regra da alavanca seguindo as seguintes etapas, segundo
a energia de ativação é alta, segundo Van Vlack (1964). Callister Jr. (2006):
I. Identificar e traçar a linha de amarração por meio da
2. Diagramas de fases região bifásica.
Uma fase pode ser definida como uma porção de um sistema II. Anotam-se as interseções da linha de amarração com as
homogêneo separada por uma fronteira. As fases possuem as mesmas fronteiras das regiões nos dois lados.
propriedades químicas e físicas uniformemente distribuídas ao longe III. Traçam-se as perpendiculares à linha de amarração até o eixo
delas. Para identificar uma fase, deve-se obedecer a três características: das composições.
i) devem possuir a mesma estrutura ou arranjo atômico; ii) possuir a
IV. Utilizar a seguinte equação para determinação da fração das fases:
mesma composição e propriedades ao longo de toda ela; e iii) haver
uma interface definida que separe duas ou mais fases (ASKELAND;
WRIGHT; FULAY, 2011).
75 76
76
Figura 4 – Regra da alavanca Figura 5 – Diagrama de fases isomorfo
(a) (b)
Fonte: Shackelford (2012).
Fonte: adaptada de Callister Jr. (2006). Um sistema binário sem solução sólida é aquele que não apresenta
solubilidade entre os elementos ou componentes, ou a solubilidade
é insignificante. Esses tipos de sistemas possuem um ponto onde, no
2.2 Diagrama de fases isomorfo
equilíbrio, apresentam três fases ao mesmo tempo. As reações que
Diagramas de fases isomorfos representam sistemas onde os ocorrem nesses pontos são chamadas de transformações invariantes,
elementos ou componentes apresentam completa solubilidade um no como pode ser observado no Quadro 1 (ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011):
outro, tanto no estado líquido quanto no sólido. A Figura 5 apresenta
Quadro 1 – Transformações invariantes
um diagrama representativo de um sistema binário isomorfo. A Figura
5 (a) apresenta duas linhas importantes, linha liquidus e linha solidus. Transformação
Fases Diagrama de fases
invariante
Acima da linha liquidus, o sistema apresenta uma única fase líquida;
já abaixo da linha solidus, o sistema apresentará apenas uma única Eutético Lα+β
fase sólida. A figura 5 (b) apresenta uma representação com uma liga
hipotética com composição x desde a fase líquida até a fase sólida, Peritético α + Lβ
segundo Shackelford (2012).
77 78
78
Figura 6 – Diagrama de fases Sn-Pb
Monotético L1L2 + α
Eutetóide γα+β
Peritetóide α + β γ
79 80
80
O sistema Pb-Sn, mostrado na Figura 6, apresenta um sistema simples de forma análoga às transformações eutéticas, as microestruturas
eutético, em que uma liga com 61,9% Sn apresenta a composição observadas seguem os mesmos princípios de formação, apenas
eutética. A temperatura de solidificação dessa liga ocorre a 183 ºC. Acima substituindo o líquido por um sólido. O exemplo mais comum dessa
dessa temperatura, o sistema apresenta apenas a fase líquida com uma transformação é o sistema Fe-C para a formação dos aços, em que a
composição de 61,9% de estanho e 31,8% de chumbo. À 183 ºC, há a transformação eutetóide ocorre da formação de ferrita (α) + cementita
reação eutética, em que o líquido se transforma em dois sólidos com a (Fe3C) a partir da austenita (γ) (Figura 8).
composição determinada pela regra da alavanca.
Figura 7 – Diagrama de fases Sn-Pb mostrando as
microestruturas formadas
81 82
82
Figura 8 – Diagrama de fases Fe-C Figura 9 – Diagrama de fases hipotético
Fonte: http://www.cienciadosmateriais.org/index.php?acao=exibir&cap=14&top=89.
Acesso em: 6 jun. 2019.
Um diagrama simples peritético apresenta as mesmas três regiões Variando a composição química, podemos formar
diversas combinações ente dois elementos. Devido a
monofásicas que um sistema eutético, a diferença está no tipo de
essa diversidade de fases que podem ser formadas, um
transformação (Figura 9). A transformação peritética é a formação de diagrama de fases pode apresentar diversos tipos de
uma fase sólida a partir de uma fase líquida e outra sólida, de acordo transformações invariantes.
com Callister Jr. (2006).
83 84
84
2.4 Diagrama de fases ternário 2.5 Diagrama de cerâmicos
A representação mais comum desses diagramas são as isopletas, isto Figura 11 – Diagrama de fases Al2O3-MgO
é, triângulos bidimensionais representativos de uma temperatura
específica. A variável fixa nessa representação é a temperatura, e as que
variam são as composições. As isopletas são fatias da representação
tridimensional dos diagramas ternários, como pode ser observado na
figura 10, segunfo Metals Handbook (1998).
85 86
86
2. As transformações invariantes são reações nas
TEORIA EM PRÁTICA
quais ocorre o equilíbrio de três fases numa mesma
Os diagramas de fases são muito importantes para prever temperatura, e as composições das três fases são fixas.
as fases e microestruturas que podem ser formadas no A transformação invariante chamada eutética é uma
equilíbrio. Um diagrama muito conhecido pelos engenheiros transformação de:
de materiais é o sistema ferro-carbono (Fe-C). Mostre como
a. L α + β.
as microestruturas podem ser formadas a partir de um
campo austenítico de um sistema hipo-eutetóide, eutetóide
b. L + α β.
e hiper-eutetóide, supondo que as transformações de fases
ocorram no equilíbrio, isto é, durante todo o processo de
c. α + β L.
resfriamento as composições se encontram segundo a
regra da alavanca. d. α + β γ.
e. γ α + β.
c. Pressão.
c. Temperatura e gradiente de concentração.
d. Tempo.
d. Composição química e tempo.
e. Temperatura.
e. Temperatura e tempo.
87 88
88
Referências bibliográficas
ASKELAND, D. R; WRIGHT, W. J. FULAY, P. P. The Science and Engineering of
Materials. 6. ed. Cengage Learning, 2011.
CALLISTER JR., W. D. Materials Science and Engineering: an introduction.
7. ed. 2006. Comportamento mecânico
METALS HANDBOOK. Alloy Phases Diagram. v. 3, 10. ed. ASM Int., 1988. dos materiais
PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia: microestrutura e propriedades. 2000. Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes
SHACKELFORD, J. F. Ciências dos Materiais. 6. ed. Pearson, 2012.
VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciências e Tecnologia dos Materiais. 1964.
Objetivos
Gabarito
• Conhecer e entender a curva tensão-deformação e
Questão 1 – Resposta C identificar os principais pontos da curva.
Difusão no estado sólido é a movimentação ou transporte
• Conhecer os tipos de ensaios de dureza.
de átomos de uma região para outra. A difusão é altamente
dependente da temperatura, em que o coeficiente de difusividade • Conhecer e entender os tipos de falhas típicas dos
aumenta exponencialmente com a temperatura. Em regime materiais e ensaios mecânicos para obtenção das
permanente, isto é, quando a concentração é constante, a difusão propriedades dos materiais.
depende apenas da temperatura. Já em regime transitório, outro
fator muito importante é o gradiente de concentração.
Questão 2 – Resposta A
As reações invariantes são transformações entre três estados.
A transformação eutética é a transformação de um líquido em
dois sólidos.
Questão 3 – Resposta: E
O diagrama de fases ternário possui uma representação
tridimensional. Por ser um diagrama complexo de se visualizar,
outra representação comum são as isopletas. Essas isopletas
são fatias bidimensionais da representação tridimensional
e sua representação mais comum são as isopletas com a
temperatura fixa.
89 90
90
1. Introdução A deformação de engenharia (ε) é determinada pela diferença de
comprimento inicial e final, dada por:
Os materiais em serviço, geralmente, estão sujeitos a forças ou
esforços mecânicos. Para determinar se um material servirá para
uma determinada aplicação, são feitos vários testes laboratoriais
cuidadosamente programados que reproduzem o mais fielmente
possível as condições de trabalho. Onde, l é o comprimento útil em uma determinada carga e l0 é o
Para que o material esteja conforme a especificação de determinada comprimento inicial do material (carga zero).
aplicação, cabe ao engenheiro de materiais analisar e interpretar as
relações entre a microestrutura dos materiais e suas propriedades Figura 2 – Gráfico tensão-deformação
mecânicas, segundo Callister Jr. (2006).
2. Tensão-Deformação
O ensaio mecânico mais comum para determinar o quão dúctil um
material é e algumas de suas propriedades, é o ensaio de tração (figura
1). Nesse ensaio, temos um corpo de prova que será alongado até à
ruptura. O resultado da carga pela área (tensão) versus deformação nos
dá um gráfico (figura 2). A partir desse gráfico, podemos avaliar diversas
propriedades mecânicas do material.
91 92
92
Figura 3 – Curva tensão-deformação, mostrando as principais regiões Tenacidade é a capacidade de um material em absorver energia até à sua
fratura. Ela é determinada pela área abaixo da curva tensão-deformação.
A tenacidade à fratura é uma propriedade que indica a resistência do
material quando este possui uma trinca, segundo Callister Jr. (2006).
93 94
94
Onde, F é a força aplicada em kg, D o diâmetro do indentador em mm, Di 3.3 Dureza Vickers e Knoop
o diâmetro da impressão em mm. A unidade da dureza Brinell é kg/mm²
Os ensaios de dureza Knoop e Vickers são realizados utilizando um
(ASKELAND; WRIGHT; FULAY, 2011). A Tabela 1 mostra a relação entre indentador muito pequeno na forma de uma pirâmide. As cargas
algumas ligas, a dureza Brinell e seu limite de resistência à tração. utilizadas nesses ensaios são muito pequenas quando comparadas aos
testes de dureza Brinell e Rockwell. Para os ensaios de dureza Knoop e
Tabela 1 – Tabela de dureza Brinell de algumas ligas Vickers as amostras devem ser bem preparadas metalograficamente,
Liga HB LRT (Mpa)
isto é, a superfície das amostras deve estar plana com a menor
rugosidade possível. A dureza é determinada pela medição das
Aço carbono 1040 235 750
diagonais da indentação e convertida pelas fórmulas:
Aço de baixa liga 8630 220 800
Aço inixodável 410 250 800
Superliga ferrosa (410) 250 800
Ferro dúctil, 60-40-18 167 461
Alumínio 3003-H14 40 150
Magnésio AZ31B 73 290
Magnésio fundido AM100A 53 150
Onde, HV é a dureza Vickers, HK a dureza Knoop, P a carga aplicada, d
Ti-5Al-2,5Sn 335 862 as diagonais do indentador Vickers e l a diagonal do indentador Knoop.
Bronze com alumínio,
165 652 O Quadro 1 apresenta um resumo dos ensaios de dureza, segundo
9% (liga de cobre)
Shackelford (2012).
Monel 400 (liga de níquel) 110-150 579
Zinco AC41A 91 328 Quadro 1 – Resumo dos ensaios de dureza
Solda 50:50 (liha de chumbo) 14,5 42
Vista Fórmula para o
Ensaio Indentador Vista Lateral Carga
Liga de ouro dentária (metal precioso) 80-90 310-380 superior número de dureza
Fonte: adaptada de Shackelford (2012). Esfera de aço
de 10mm ou
Brinell P
carbeto de
tungstênio
3.2 Dureza Rockwell
Pirâmide de
Vickers P VHN = 1,72P/d12
diamante
O ensaio de dureza Rockwell pode ser realizado utilizando-se uma
pequena esfera (para materiais macios) ou um indentador cônico de Microdureza Pirâmide de
P KHN = 14,2P/l 2
diamante (para materiais duros). A profundidade que o indentador Knoop diamante
95 96
96
Esfera de aço 100kg (B) 4. Falhas
Rockwell
com 1/16pol 60kg (F) 130-500
(B, F e G)
de diâmetro 150kg (G)
A falha ou fratura ocorre quando há a separação de dois corpos. Elas
Esfera de aço
Rockwell
de 1/8pol
100kg (E)
130-500 podem ser consideradas fraturas dúcteis ou frágeis. A classificação é
(E e H) 60kg (H)
de diâmetro baseada na habilidade de um material se deformar plasticamente antes
Fonte: adaptado de Shackelford (2012). da sua ruptura. Quando um material apresenta grande deformação
plástica antes da fratura é considerado dúctil; já os materiais frágeis,
As diversas durezas podem ser convertidas de uma escala para outra,
ou seja, uma determinada dureza Brinell pode ser convertida para uma apresentam pouca ou quase nenhuma deformação plástica antes da
dureza Rockwell ou Vickers. Essa conversão ocorre de maneira empírica, fratura, segundo Callister Jr. (2006).
isto é, a partir de dados experimentais tabelados. A figura 4 apresenta
escalas de conversão entre quatro tipos de dureza distintos. Dúctil ou frágil são termos relativos. Dependendo da situação ou
Figura 4 – Figura da correlação dos diferentes tipos de dureza aplicação, a fratura do material pode ser considerada de um modo ou
outro. Além disso, a fratura do material é dependente da temperatura.
97 98
98
Figura 5 – Esquema do ensaio de impacto Figura 6 – Transição dúctil-frágil
4.2 Fadiga
99 100
100
Onde, A e m são constantes do material, a é o comprimento da trinca, Assim como na fadiga, na fluência há três estágios. A primeira região
N o número de ciclos e K é o fator de intensidade de tensão, segundo é caracterizada por uma fluência contínua e decrescente. A segunda
Callister Jr. (2006). A terceira região corresponde à região do crescimento região é a região estável, algumas vezes conhecida como regime
acelerado da trinca levando à ruptura do material. estacionário. Nessa região, a taxa de deformação é constante. E a
terceira região é a região instável onde ocorre a falha do material. A
Figura 7 – Curva de fadiga
falha é causada pela formação de trincas, separação dos contornos de
grãos, formação de vazios, entre outros motivos (CALLISTER JR., 2006).
4.3 Fluência
Fonte: adaptada de Callister Jr., (2006).
Fluência é o mecanismo de falha que ocorre no material a uma carga
e temperatura constantes. O ensaio de fluência é realizado em um O mecanismo de fluência está relacionado com a movimentação das
corpo de prova submetido a uma carga ou tensão constante em um discordâncias. Em baixas temperaturas as discordâncias possuem pouca
forno com uma elevada temperatura. A deformação do corpo de prova mobilidade, assim o fenômeno de fluência é pouco pronunciado. Já em
é medida pela máquina e apresentada em um gráfico de deformação altas temperaturas, a movimentação das discordâncias é elevada, o que
pelo tempo (Figura 8). leva à ruptura dos materiais (VAN VLACK, 1964).
101 102
102
O valor da inclinação da reta é conhecido como módulo de
ASSIMILE
Young. Qual o significado desse módulo?
A fluência é um fenômeno que necessita de uma carga
ou tensão e elevada temperatura. Como materiais a. Representa a rigidez do material à deformação elástica.
poliméricos, em geral, possuem baixos pontos de fusão e
materiais cerâmicos apresentam pouca deformação antes b. Representa a rigidez do material à deformação plástica.
da ruptura, o fenômeno de fluência é característico de
materiais metálicos. c. Deformação máxima permitida do material.
103 104
104
Questão 2 – Resposta E
3. Os ensaios de fadiga são, geralmente, cíclicos, variando
uma carga máxima e mínima. O processo de fadiga ocorre A fratura dúctil é sempre desejada em relação à fratura frágil, pois
pode ser prevista por meio de testes e observações. Nesse tipo
em três etapas ou regiões. Quais são elas, em ordem?
de fratura, pode ser observada uma alta deformação plástica do
a. Propagação; Pausa; Falha. material antes da sua ruptura.
Questão 3 – Resposta B
b. Nucleação; Propagação; Falha.
O processo de fadiga ocorre em três etapas. A primeira é a
c. Nucleação; Pausa; Falha. nucleação da trinca, geralmente na superfície onde apresentam
algumas imperfeições. A segunda região é considerada a região
d. Nucleação; Regressão; Propagação. estável, onde há a propagação da trinca. E, por fim, a terceira
região onde ocorre a propagação instável e consequentemente
e. Propagação; Regressão; Falha. a falha do material.
Referências bibliográficas
Gabarito
Questão 1 – Resposta A
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106
1. Introdução
A escolha dos materiais para as aplicações não está limitada apenas nas
propriedades mecânicas. Outros fatores também são essenciais para
Propriedades térmicas, determinar se um material é apropriado para certas aplicações. Entre
eles estão as propriedades térmicas, propriedades relacionadas com o
magnéticas e óticas dos materiais comportamento do material quando sujeito à variação de temperatura,
Autor: Luiz Henrique Martinez Antunes as propriedades óticas, relacionadas à variação do raio incidente quando
em contato com o material e as propriedades magnéticas, relacionadas
ao comportamento magnético do material quando sujeito à campos
magnéticos externos.
Objetivos
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108
Há duas maneiras de representar a capacidade térmica: uma é à pressão Há uma correlação da dilatação térmica com a ligação química dos
constante (Cp) e a outra é à volume constante (Cv). De acordo com materiais. As ligações fortes apresentam uma baixa dilatação térmica,
Shackelford (2012), como usualmente utilizamos a pressão atmosférica como é o caso de materiais cerâmicas e metais refratários (metais
como base de cálculo, o termo mais comum utilizado é o Cp. que apresentam alto ponto de fusão). Os materiais poliméricos, que
apresentam fracas ligações químicas, apresentam alta dilatação térmica.
2.2 Dilatação térmica No caso de polímeros termofixos, estes apresentam menor dilatação
térmica que os termoplásticos, segundo Padilha (2000).
O aumento da temperatura faz a vibração atômica aumentar,
assim como as distâncias interatômicas. Esse fenômeno é chamado 2.3 Condutividade térmica
de dilatação térmica. Quando não há a transformação de fase, o
aumento da temperatura causa uma expansão do material sólido. Naturalmente, a transferência de calor é direcionada pelo gradiente de
calor, onde a transferência ocorre da região mais quente para a região
Matematicamente, essa expansão pode ser calculada por:
menos quente. A propriedade que caracteriza essa transferência de
calor é nomeada de condutividade térmica e, matematicamente, pode
ser expressa por:
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110
Os materiais cerâmicos são considerados isolantes térmicos, uma Figura 1 – índice de refração
vez que não possuem elétrons livres, e a transferência de calor por
vibração do retículo é baixa comparado à movimentação de elétrons.
Os materiais poliméricos também são considerados isolantes, porém
por apresentarem menores pontos de fusão, não são utilizados em
aplicações com altas temperaturas, segundo Shackelford (2012).
3. Propriedades óticas
A luz visível é a parte do espectro eletromagnético que o olho humano 3.2 Reflexão
consegue ver. Esse espectro corresponde à faixa de comprimento
de onda entre 400 nm e 700 nm. Como todas as formas de ondas, Quando um raio luminoso passa de um meio para outro com diferentes
índices de refração (R) , parte do raio é refletido e parte é incidido no
a frequência (υ) está relacionada ao comprimento (λ) da onda e a
meio (figura 2). A reflexão é dada por:
velocidade da luz (c), segundo Shackelford (2012):
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112
Onde, n1 é o meio do raio incidente e o n2 o meio do raio refratado. 3.4 Cor
Quanto maior o índice de refração maior será o raio refletido. A cor está relacionada com a absorção e a remissão do raio de luz
incidente nos materiais. Em materiais cerâmicos e poliméricos, a cor é
Na maioria dos vidros, a refletância é de aproximadamente 0,05,
percebida pela absorção dos raios de luz no espectro visível e posterior
segundo Padilha (2000). transmissão destes. Já nos metais, a cor é o resultado da refletividade
da luz com os comprimentos de onda característicos de cada cor,
3.3 Transparência, translucidez e opacidade segundo Shackelford (2012).
A figura 3, apresenta três materiais com diferentes graus de As forças magnéticas são geradas pelo movimento de partículas
carregadas eletricamente. Essa movimentação gera um campo
transmissão de luz. A esquerda um material transparente, no meio um
magnético ao redor de um condutor pelo qual está passando uma
material translúcido e na direita um material opaco, de acordo com corrente elétrica ou um ímã (figura 4). No caso dos ímãs as linhas de
Callister Jr. (2006). forças saem do polo norte para o polo sul, de acordo com Padilha (2000).
(a) (b)
Fonte: Callister Jr. (2006). Fonte: Shackelford (2012).
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O campo magnético (B) está relacionado com a permeabilidade do 4.2.1 Diamagnetismo
campo magnético (μ) e a intensidade do campo magnético (H):
O diamagnetismo é um tipo de magnetismo fraco, que só está
B = μH
presente quando um campo magnético externo é aplicado. A direção
No vácuo, a permeabilidade é representada por μ0 e apresenta um valor do diamagnetismo é oposta à direção do campo externo aplicado
de 4π10-7 H/m). (figura 5).
Vários parâmetros podem ser utilizados para descrever as propriedades Figura 5 – Diamagnetismo
magnéticas de um material. A mais comum é a permeabilidade
magnética relativa (μr), dada por:
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116
Figura 6 – Paramagnetismo distinta do ferromagnetismo. Esses materiais são chamados de ferritas
(não são as mesmas ferritas do ferro α), que apresentam a fórmula
MFe2O4, onde M é um elemento metálico (PADILHA, 2000). O material
ferrimagnético mais comum é a magnetita (Fe3O4) que pode ser escrita
como Fe2+O2-(Fe3+)2(O2-)3, onde os íons de ferro apresentam os estados
de valência +2 e +3. Por apresentarem valências diferentes, conforme
Callister Jr. (2006), os momentos dos spins não se cancelam, assim,
apresentam um magnetismo no material.
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118
Assim, os momentos magnéticos dos átomos estão livres As cores desses materiais não-metálicos podem ser
para girar, e aumentam a aleatoriedade de suas direções. observadas pelo olho humano devido à:
A magnetização de saturação é máxima à temperatura a. Reflexão parcial dos raios incidentes.
de 0 K (zero Kelvin) e vai diminuindo com o aumento
da temperatura até a magnetização chegar a zero. Essa b. Reflexão total dos raios incidentes.
temperatura é conhecida como Temperatura de Curie Te c. Absorção dos raios incidentes.
(CALLISTER JR, 2006).
d. Refração parcial dos raios incidentes.
b. Paramagnético.
VERIFICAÇÃO DA LEITURA
c. Ferromagnético.
1. Os materiais podem ser classificados em transparentes,
translúcidos e opacos. Os materiais não-metálicos, que d. Ferrimagnético.
não são transparentes, apresentam cores características. e. Antiferrimagnético.
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Referências bibliográficas
Gabarito
Questão 1 – Resposta C
A observação das cores dos materiais não-metálicos pelo olho
humano ocorre devido à absorção dos raios incidentes no espectro
da luz visível. Cada cor apresenta um comprimento de onda
diferentes que está entre 400 nm a 700 nm.
Questão 2 – Resposta B
O calor pode ser transportado de duas maneiras diferentes: pela
vibração do retículo cristalino ou pela movimentação dos elétrons.
A forma mais efetiva é a movimentação dos elétrons. Os materiais
metálicos apresentam boa condutividade térmica e elétrica devido
aos elétrons livres que estão presentes em sua estrutura.
Questão 3 – Resposta A
A suscetibilidade magnética está relacionada com a permeabilidade
magnética pela equação: xm = μ r –1. Se um material apresenta uma
permeabilidade magnética menor que a unidade, a suscetibilidade
magnética é negativa. A permeabilidade magnética representa
a facilidade que um material possui em se magnetizar com a
presença de um campo externo. Os materiais que apresentam uma
suscetibilidade negativa são os materiais diamagnéticos.
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