Você está na página 1de 2

Sílvia Alice Maurício Correia, estudante do 3º ano do Curso de Língua Portuguesa e

Comunicação na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Metodista


de Angola
RESUMO ANALÍTICO DA OBRA “O BENGUELENSE BOXEUR” DE
MANUEL RUI
Por: Sílvia Correia, N.º 35026
RESUMO

O presente artigo é resultado de uma reflexão crítica feita, através de um resumo, em


torno da obra “O Benguelense Boxeur” de Manuel Rui. Procurando analisar os aspectos
relevantes da obra, em forma de denúncia de fenómenos sociais, enquadrando-se na
literatura engajada.

Palavras-chave: Denúncia, Fenómenos Sociais; Literatura Engajada.

INTRODUÇÃO

A obra em resumo constitui um romance que traz, de forma engajada, problemas


sociais vividos principalmente durante os anos 1975 a 2000, numa altura em que eram
muito mais visíveis as marcas deixadas pela colonização tanto do Brasil como em
Angola. A obra denuncia casos de discriminação, má governação, juízo de valores
morais, entre outros.

RESUMO ANALÍTICO DA OBRA

Publicado em 2021, “O Benguelense Boxeur” é uma obra de Manuel Rui, autor


da letra do Hino Nacional de Angola, ensaísta, cronista, dramaturgo e poeta natural do
Huambo, a antiga Nova Lisboa.
O Benguelense Boxeur é uma obra literária constituída por 93 páginas. Conta a
história de um jovem mestiço de Benguela, que, depois de perder os dois irmãos e a
mãe, se torna escritor respeitado. A personagem principal, Manuel Monteiro, carrega
muitas lembranças da sua família, de uma maneira especial do seu tio que foi um
campeão lutador de boxe e do seu irmão falecido que queria seguir os passos do tio
Viriato, que, aposentado, constituiu família no Brasil.
Durante uma viagem de negócios com o seu compadre, o escritor decide fazer
uma visita ao tio, depois de muitos anos sem o ver.

É no Brasil onde vão ser identificadas as maiores cenas de discriminação que a


trama apresenta. Começamos pela discriminação da sociedade L.G.B.T., onde Paula,
sobrinha de Manuel, com quem vive um romance, chama uma lésbica por um nome
pejorativo – gilete – como podemos observar no último diálogo da página 61:
Sílvia Alice Maurício Correia, estudante do 3º ano do Curso de Língua Portuguesa e
Comunicação na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Metodista
de Angola
“Tu sabias que ela é gilete?/ Sim. Toda gente sabe e então?/ Nada, mas ela
queria me paquerar, puta que pariu!”.

A utilização de palavras ou interjeições ofensivas usadas por Paula demostra


claramente uma certa “repulsa” ao pensar na possibilidade de manter um
relacionamento com uma lésbia.

Além disto, um outro factor de destaque na obra é a denúncia a má governação,


precisamente na relação entre a Polícia e o pacato cidadão, como podemos verificar
num dos trechos retirados da página 59:

“Ela contra a discriminação racial e da entrada da polícia nas favelas,


arrombando portas à coronhada...”;

E também sobre os julgamentos da perda dos valores morais, (página 65):

“Eu ouvi, a sua bênção, educação antiga. Hoje quase que não se ouve...”

No final da história, o tio querido do escritor Manuel Rui também morre,


deixando os seus títulos, prémios e outras recordações para o seu sobrinho que já estava
em Luanda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra “O Benguelense Boxeur”, de Manuel Rui, traz, claramente, elementos
sociais que concorrem com fenómenos e problemas emergentes, enquadrando-se, assim,
na literatura engajada, onde o autor e a própria narrativa não trazem só factos do seu
universo imaginário mas também pensamentos e vivências reais e colectivas.

REFERÊNCIAS
DURÃO, Fábio Akcelrud (2016). O que é Crítica Literária?. São Paulo: Nankin
Editorial.
RUI, Manuel (2021), O Benguelense Boxeur. Luanda: Mayamba Editora
SILVA, Laura Cristina Leal (s/d). Os Limites entre Literatura. Universidade Federal do
Amazonas.

Você também pode gostar