Você está na página 1de 472

500 QUESTÕES – PORTUGUÊS (GABARITO)

01 - Texto 2

Notícia publicada na imprensa na penúltima semana de setembro de 2019:

“Tráfico da Rocinha ameaça quem joga lixo na rua

Bandidos espalham cartazes em área onde houve deslizamentos de terra nas últimas chuvas,
alertando moradores para não despejar detritos em beco. Medida seria tomada porque venda
de drogas é interrompida quando a região alaga”.

O cartaz aludido no texto 2 dizia o seguinte:


“Por favor, não jogue lixo no beco! Caso contrário, varrerá até a Rua 1. Estamos de olho...”

Para melhorar a escritura da frase extraída do cartaz aludido no texto 2 “Caso contrário,
varrerá até a Rua 1”, poderíamos incluir um sujeito explícito, cuja forma mais adequada seria:

a) o morador da Rocinha;
b) o habitante descuidado;
c) o infrator da “lei”;
d) a facção rival;
e) o traficante da comunidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. O termo "Lei" entre aspas dá a entender conotativamente que


os bandidos ditavam as leis, logo quem as desobedecesse seria responsabilizado.

02 - Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição


oceânica, mas, até o momento, não tomaram quaisquer medidas concretas.A organização
holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à frente e assumir a missão de combater
a poluição oceânica nos próximos anos.

A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os


mares do planeta e pretende começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção
de detritos marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte, utilizando seu sistema de limpeza
recentemente redesenhado.

Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes oceânicas fazer todo o


trabalho. Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto
central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para
fins de reciclagem.

(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com)

2
Considerando que o pronome ele, com suas formas flexionadas ela, eles, elas, pode exercer
função de sujeito, mas não de objeto direto do verbo, a expressão que pode ser substituída
por esse pronome está sublinhada em:

a) Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição


oceânica... (1° parágrafo)

b) O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins
de reciclagem. (3° parágrafo)

c) A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os


mares do planeta... (2° parágrafo)

d) Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central.
(3° parágrafo)

e) A organização holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à


frente... (1°parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Temos um sujeito, logo o termo poderia ser substituído pelo
pronome "ele".

A alternativa A está incorreta. Enfrenta alguma coisa (não poderia ser usado o pronome
"ela", temos um verbo transitivo direto), o correto seria: enfrentá-la (verbos terminados em -
r, -s e -z, essas letras saem e o pronome usado é -lo(s), -la(s)).

A alternativa C está incorreta. Temos o pronome relativo "que" atraindo o pronome, um


verbo transitivo direto (poluem alguma coisa), logo o correto é: que os poluem.

A alternativa D está incorreta. Temos um verbo no futuro, transitivo direto (coletar alguma
coisa), sem palavra atrativo, logo o correto é usar a mesóclise: coletá-lo-ia.

A alternativa E está incorreta. Temos um verbo transitivo direto, nesse contexto, dar algo
(um passo à frente → objeto direto), o correto seria: o dar ou dá-lo.

03 – “Onde, sob os olhos dos juízes, o direito é derrubado pela iniquidade e a verdade pela
mentira, são derrubados os próprios juízes”.

Sobre a estrutura dessa frase, a única afirmação inadequada é:

a) o termo inicial “onde” não se refere a nenhum lugar específico;

b) no segmento “e a verdade pela mentira” está omitida a forma verbal “é derrubada”;

c) no segmento “sob os olhos dos juízes” não se pode substituir a forma “sob” por “sobre”;

d) no segmento “o direito é derrubado pela iniquidade” há um exemplo de voz passiva em


que o sujeito (o direito) sofre a ação;

3
e) no segmento “são derrubados os próprios juízes” não se pode colocar o sujeito (os
próprios juízes) antes do verbo (são derrubados).

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Está incorreto, visto que originalmente o sujeito está posposto
ao verbo, somente seria colocado na ordem direta, mantendo a correção frasal: Os próprios
juízes são derrubados.

04 – Atenção: Considere a entrevista abaixo, com o americano Seth M. Siegel, autor


do livro Faça-se a Água, para responder à questão.

1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como
descreveria o estágio atual dessa crise?
Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será
afetada pela escassez de água. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o
aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os principais
impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países
já estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.

2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?
Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais
sofisticada do mundo. Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações
de mais rápido crescimento do mundo, é abundante em água. Penso que todos têm algo a
aprender com o exemplo de Israel.

3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que
papel acredita que essas riquezas brasileiras poderiam vir a desempenhar?
Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a
água às vezes está disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez.
O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico
e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático construir um
encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso
que outras formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam
usar outras técnicas.

4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou
recentemente uma grave crise hídrica. Como vê essa situação?
Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda
chance. Estes dias de melhor abastecimento de água quase certamente não durarão muito.
Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier, haja
menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.

(Disponível em: www.cartacapital.com.br. Com adaptações)

4
Até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será afetada pela escassez de
água

Colocando-se o segmento sublinhado na função de sujeito, uma nova redação para a frase
acima, em que se respeitam as regras de pontuação, está em:

a) A escassez de água, afetará grande parte da massa, terrestre mundial, até 2025.
b) Com a escassez de água até 2025, afetar-se-á grande parte da massa terrestre mundial.
c) Até 2025, a escassez de água afetará grande parte da massa terrestre mundial.
d) A escassez de água afetará, grande parte, da massa terrestre mundial até 2025.
e) Grande parte da massa terrestre mundial, até 2025, afetará a escassez de água.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. É a única incorreta, pois o verbo mantém a sua temporalidade,


futuro do presente do indicativo). Outrossim, não há que se falar em vírgula entre o sujeito e
o verbo, salvo as intercalações.

05 – Amazônia, berço de civilizações? Se a expressão soa estranha aos seus ouvidos, é porque
as descobertas recentes sobre o passado da maior floresta tropical do mundo ainda não tinham
sido reunidas num conjunto coerente.

Um grupo de pesquisadores brasileiros e americanos fez exatamente isso e concluiu que,


antes de Cabral, a região amazônica já estava fortemente "domesticada", e não intocada,
como muita gente acredita.

As conclusões da equipe, liderada por Charles Clement, do Inpa (Instituto Nacional de


Pesquisas da Amazônia, em Manaus) estão em artigo na revista científica britânica Proceedings
B. Os dados mais recentes apontam, segundo eles, que mais de 80 espécies de plantas
selvagens foram transformadas em cultivos agrícolas pelos povos nativos da Amazônia. As
mais conhecidas são o cacau, a batata-doce, a mandioca, o tabaco e o abacaxi, além das que
ainda são tipicamente amazônicas, como o açaí e o cupuaçu.

A impressionante lista de lavouras "inventadas" pelos indígenas conta só parte da história,


porém. Os habitantes originais da região parecem ter domesticado, em certo sentido, até as
florestas aparentemente não habitadas por seres humanos.

Isso acontece porque esses povos manejavam a distribuição natural de espécies da mata,
favorecendo a predominância de espécies que eram úteis para eles, como as castanheiras que
produzem a castanha-do-pará.

Ao longo do tempo, além das plantações propriamente ditas, eles passaram a ficar cercados
por "florestas antropogênicas" (ou seja, geradas em grande medida pela ação humana) que
facilitavam um bocado sua vida.

(Adaptado de: LOPES, Reinaldo José. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.


br/ ciência)

5
Mantendo-se, em linhas gerais, o mesmo sentido, caso se altere a oração Os habitantes
originais da região parecem ter domesticado [...] até as florestas... (4° parágrafo) de modo
que “as florestas” passem a desempenhar a função de sujeito, tem-se:

a) Até as florestas parecem terem-se domesticados pelos habitantes originais da região.


b) Até as florestas os habitantes originais da região parece que tinham domesticadas.
c) Até as florestas parece que tinham domesticado os habitantes originais da região.
d) Até as florestas parecem ter-se domesticadas pelos habitantes originais da região.
e) Até as florestas parecem ter sido domesticadas pelos habitantes originais da região.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Temos uma locução verbal formada pelo verbo principal + verbo
"ser" + particípio "domesticadas", o termo em verde é o agente da passiva; "até as florestas"
passou a ser o sujeito verbal da frase.

A alternativa A está incorreta.

A alternativa B está incorreta. A frase continuou da forma original, o termo em destaque


apenas foi descolado ao início da frase.

A alternativa C está incorreta. O verbo deveria estar no plural para concordar com o núcleo
do sujeito "florestas".

A alternativa D está incorreta. Não há o hífen, pois se trata de pronome no qual não
necessita essa junção com o verbo.

06 – O gramático Celso Cunha define substantivo do seguinte modo: “Substantivo é a palavra


com que designamos os seres em geral, servindo de núcleo de funções” (p. 187).

Para essa definição, o gramático utilizou os critérios

a) morfológico e sintático.
b) morfológico e semântico.
c) semântico e etimológico.
d) semântico e textual;
e) sintático e semântico.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Função sintática é o papel que determinada palavra


desempenha dentro de uma oração. A função de cada termo da oração é determinada pela
análise sintática. Nesse tipo de análise, cada termo da oração é estudado de acordo com o
sentido e posição que ocupa na oração, estabelecendo relação com os restantes termos.
Semântica é um ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e textos de
uma língua. A semântica está dividida em: descritiva ou sincrônica – a que estuda

6
o sentido atual das palavras e em histórica ou diacrônica - a que estuda as mudanças que as
palavras sofreram no tempo e no espaço.

07 –Imigrações no Rio Grande do Sul

Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de
povoadores. Portugueses oriundos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do
governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde anteriormente estavam
situadas as Missões.

A partir da década de vinte do século XIX, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda
de imigrantes europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem
habilitação profissional e pudessem oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser
importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Os primeiros imigrantes que
chegaram foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em glebas de terra situadas nas
proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o perfil da economia
do atual estado.

Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora
praticada. Depois, estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram
por beneficiar o Rio Grande. Pela primeira vez havia, no país, uma região em que
predominavam os homens livres, que viviam de seu trabalho, e não da exploração do trabalho
alheio.

As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande.


Trouxeram a agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades,
consolidaram um mercado interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora
o poder político ainda fosse detido pelos grandes senhores das estâncias e charqueadas, o
poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se consolidando.

(Adaptado de: projetoriograndetche.weebly.com/imigraccedMatMdeo-no-rs.html)

Atentando para aspectos de construção sintática do texto, observa-se que

a) a oração para formar uma camada social de homens livres (2º parágrafo) tem
valor causal.

b) o segmento uma região em que predominavam os homens livres (3º parágrafo) é


o sujeito da forma verbal constante em havia, no país.

c) é indefinido, em razão do contexto, o sujeito da forma Trouxeram a agricultura (4º


parágrafo)

d) é exemplo de objeto direto o termo sublinhado em fosse detido pelos grandes


senhores (4º parágrafo)

e) configura-se como agente da voz passiva o termo pelos grandes senhores (4º
parágrafo)

Comentários

7
O gabarito é a alternativa E.

A alternativa A está incorreta. A oração tem valor de finalidade, propósito.

A alternativa B está incorreta. O segmento uma região em que predominavam os homens


livres é o objeto direto da forma verbal constante em havia, no país.

A alternativa C está incorreta. É implícito e determinado.

A alternativa D está incorreta. É exemplo de agente da passiva.

08 – Uma palavra sobre cultura e Constituição

Todas as Constituições brasileiras foram lacônicas e genéricas ao tratar das relações entre
cultura e Estado. Não creio que se deve propriamente lamentar esse vazio nos textos da Lei
Maior. Ao Estado cumpre realizar uma tarefa social de base cujo vetor é sempre a melhor
distribuição da renda nacional. Na esfera dos bens simbólicos, esse objetivo se alcança, em
primeiro e principal lugar, construindo o suporte de um sistema educacional sólido conjugado
com um programa de apoio à pesquisa igualmente coeso e contínuo.

A sociedade brasileira não tem uma “cultura” já determinada. O Brasil é, ao mesmo tempo,
um povo mestiço, com raízes indígenas, africanas, europeias e asiáticas, um país onde o ensino
médio e universitário tem alcançado, em alguns setores, níveis internacionais de qualidade e
um vasto território cruzado por uma rede de comunicações de massa portadora de uma
indústria cultural cada vez mais presente.

O que se chama, portanto, de “cultura brasileira” nada tem de homogêneo ou de uniforme.


A sua forma complexa e mutante resulta de interpenetrações da cultura erudita, da cultura
popular e da cultura de massas. Se algum valor deve presidir à ação do Poder Público no trato
com a “cultura”, este não será outro que o da liberdade e o do respeito pelas manifestações
espirituais as mais diversas que se vêm gestando no cotidiano do nosso povo. Em face dessa
corrente de experiências e de significados tão díspares, a nossa Lei Maior deveria abster-se de
propor normas incisivas, que soariam estranhas, porque exteriores à dialética das “culturas”
brasileiras. Ao contrário, um certo grau de indeterminação no estilo de seus artigos e
parágrafos é, aqui, recomendável.

(Adaptado de: BOSI, Alfredo. Entre a Literatura e a História. São Paulo: Editora 34,
2013, p. 393-394)

Observando-se a construção da frase: Não creio que se deve propriamente lamentar


esse vazio nos textos da Lei Maior, é correto afirmar que

a) a oração Não creio tem por sujeito a oração subsequente.

b) no caso de substituição da forma Não creio por Não é crível, o sujeito manter-se-á o
mesmo.

c) os termos nos textos e da Lei Maior são complementos verbais.

8
d) no caso de substituição de Não creio por Não tenho a convicção, a regência seguinte
passará a ser nominal.

e) uma forma da voz ativa equivalente a que se deve propriamente lamentar é que deve
ser propriamente lamentado.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A alternativa A está incorreta. A oração tem sujeito sim, que está em elipse. No caso, o
sujeito é o pronome "Eu".

A alternativa B está incorreta. O sujeito passaria a ser indeterminado.

A alternativa C está incorreta. São complementos nominais.

A alternativa E está incorreta. Refere-se na voz passiva.

09 – Atenção: Considere o texto a seguir para responder à questão.

Peça teatral no Amapá retrata os conflitos e superações da mulher contemporânea

“Mulher do Fim do Mundo” ficará em cartaz nos dias 20 e 27 de outubro, no Sesc Araxá.
Entrada é franca e a classificação é 16 anos.

Por Rita Torrinha, G1 AP, Macapá


20/10/2017 09h10 Atualizado 20/10/2017 09h29

Uma montagem solo amapaense traz à reflexão a figura da mulher contemporânea como
resistência de luta e superação. “Mulher do Fim do Mundo” será a atração nos dias 20 e 27 de
outubro no salão de eventos do Sesc Araxá, em Macapá.
A peça tem a assinatura da Associação Artística Casa Circo, que foi premiada este ano.
Jones Barsou, diretor do espetáculo, diz que esse olhar sobre a mulher é feito de forma brutal,
que se ameniza ou se agita ainda mais com momentos de dança.
O texto é forte e fala da mulher diante de seus conflitos internos. A atriz, bailarina e artista
circense Ana Caroline é quem dá vida à personagem.
“A todo o momento a mulher é obrigada a impor uma política que valide o seu corpo e o
seu discurso enquanto ser significante na sociedade. Essa condição seria desnecessária se a
vida de cada pessoa fosse restrita a ela”, comenta Barsou.

Serviço
Mulher do Fim do Mundo
Data: 20 e 27 de outubro
Horário: 20h
Local: salão de eventos do Sesc Araxá − Rua Jovino Dinoá, bairro Araxá
Classificação: 16 anos
Entrada franca

9
(Texto adaptado. Disponível em: https://g1.globo.com)

O verbo e seu sujeito estão sublinhados em:

a) Jones Barsou, diretor do espetáculo, diz que esse olhar sobre a mulher é feito de forma
brutal... (2o parágrafo)

b) Uma montagem solo amapaense traz à reflexão a figura da mulher contemporânea...


(1o parágrafo)

c) A peça tem a assinatura da Associação Artística Casa Circo... (2o parágrafo)

d) a mulher é obrigada a impor uma política que valide o seu corpo e o seu discurso...
(4o parágrafo)

e) Essa condição seria desnecessária se a vida de cada pessoa fosse restrita a ela...
(4 parágrafo)
o

Comentários

O gabarito é a alternativa A. O verbo dizer está perfeitamente relacionado ao sujeito que é


Jones Barsou. Essa ficou fácil de responder. Vale dizer, que o fato do sujeito e do verbo estarem
separados por vírgula, não deixa a frase errada, visto que essa separação se refere a uma
intercalação.

10 – Texto 2:

Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem cotidiana, usamos
os dois termos indistintamente. Vivemos em uma sociedade onde a eficiência e os resultados
são valorizados. Aparentemente, apenas os mais inteligentes estão destinados a obter
sucesso. No entanto, apenas os sábios conseguem uma felicidade autêntica. Eles são guiados
por valores e preocupados em fazer uso da bondade, aplicando uma visão mais otimista à
vida.
Se procurarmos agora no dicionário o termo sabedoria, será encontrada uma definição
simples: a faculdade das pessoas de agir de maneira sensata, prudente ou correta. Sendo
assim, a primeira pergunta que vem à mente é: a inteligência não nos dá a capacidade de nos
movimentarmos no nosso dia a dia da mesma maneira? Um QI médio ou alto não nos garante
a capacidade de tomar decisões acertadas?
É claro que sim. Também é claro que quando falamos de inteligência surgem diferentes
nuances. Por isso, o tipo de personalidade e a maturidade emocional são fatores que
influenciam mais concretamente as realizações das pessoas. Isso também é verdadeiro em
relação à capacidade de investir mais ou menos em seu próprio bem-estar e no dos outros.
Em vista disso, inteligência e sabedoria são dois conceitos interessantes. Assim, poderemos
ter uma ideia mais precisa e útil do que realmente são. Afinal, se queremos algo, além de ter
um alto QI, é necessário desenvolver uma sabedoria excepcional e moldar uma personalidade
virtuosa. Isso vai um passo além do cognitivo e do emocional. “A verdadeira sabedoria está
em reconhecer a própria ignorância.” Sócrates.
Disponível em https:amentemaravilhosa.com.br/inteligencia-e-sabedoria/

10
Em todas as frases abaixo (texto 2) sublinhamos formas verbais de primeira pessoa do plural,
em que o sujeito é quantitativamente impreciso.

O caso em que o sujeito de uma dessas formas abrange o maior universo possível de
pessoas é:

a) “Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem


cotidiana, usamos os dois termos indistintamente”;

b) “Vivemos em uma sociedade onde a eficiência e os resultados são valorizados”;

c) “Também é claro que quando falamos de inteligência surgem diferentes nuances”;

d) “Assim, poderemos ter uma ideia mais precisa e útil do que realmente são”;

e) “Afinal, se queremos algo, além de ter um alto QI, é desenvolver uma sabedoria
excepcional e moldar uma personalidade virtuosa”.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Apenas essa alternativa mostra exatamente e abrange o maior


número de pessoas, pois todo mundo vive em uma sociedade. As outras alternativas não
abrangem o maior número de pessoas.

11 – Necessidade interior

Uma coisa que não podemos fazer é forçar o tempo interior. Cada coisa tem seu momento
de maturação, e apressá-la significaria debilitá-la, uma fatal distorção. Num segmento do teu
tempo, tens um conjunto de coisas que estão desorganizadas, e subitamente se introduz aí
um elemento que organiza tudo.

Algo assim me ocorreu de uma maneira muito intensa, em meados de 1960. Uma vivência
sentimental que tive, muito forte, pôs-se de repente a exigir de mim uma expressão, uma
manifestação que fosse além da expressão direta desse sentimento mesmo. Senti que tinha
algo a dizer, a criar. Foi dessa forma tão elementar que tudo começou. Foi assim que me fiz
escritor.

(Adaptado de: SARAMAGO, José. As palavras de Saramago. São Paulo: Companhia


das Letras, 2010, p. 75)

No segmento textual Foi assim que me fiz escritor,

a) o verbo ir está flexionado numa forma do pretérito.


b) o sujeito de fazer está oculto.
c) as duas formas verbais têm o mesmo sujeito.
d) escritor é sujeito de uma forma verbal passiva.
e) a expressão assim que tem sentido temporal.

11
Comentários

O gabarito é a alternativa B. O verbo fazer é o pronome “eu” e este está oculto na oração.
Portanto, correta a assertiva.

A alternativa A está incorreta. Apesar de estar mesmo flexionado na forma pretérita, o


verbo não é “ir”, mas “ser.

A alternativa C está incorreta. O sujeito do verbo "fazer" é o pronome "eu" (oculto),


enquanto o sujeito do verbo "ser" em sua forma pretérita ("foi") é todo o contexto apresentado
anteriormente no texto.

A alternativa D está incorreta. O termo escritor não é o sujeito da oração.

A alternativa E está incorreta. A expressão assim que não tem sentido de tempo, mas de
modo.

12 – Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.

Vou falar da palavra pessoa, que persona lembra. Acho que aprendi o que vou contar com
meu pai. Quando elogiavam demais alguém, ele resumia sóbrio e calmo: é, ele é uma pessoa.
Até hoje digo, como se fosse o máximo que se pode dizer de alguém que venceu numa luta,
e digo com o coração orgulhoso de pertencer à humanidade: ele, ele é um homem.

Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os
atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela
expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.

Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e
que a máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco
sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto
o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que
vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em
diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade
horrível de não ser. E a hora da escolha.

Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma
que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não,
não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto
que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível.
É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o
primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo
que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-
se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.

Se bem que pode acontecer uma coisa que me humilha contar.

É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que
de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara
de guerra de vida cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem com
um ruído oco no chão. Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para

12
ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser
morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.

(Adaptado de: LISPECTOR, Clarice. “Persona”, em Clarice na cabeceira: crônicas.


Rio de Janeiro, Rocco Digital, 2015)

... era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma
máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria
exprimir. (2o parágrafo)

Fazendo-se as devidas alterações na frase acima, caso o segmento “uma máscara” seja
transformada em sujeito da oração a que pertence, o verbo por ele regido deverá assumir a
seguinte forma:

a) pregavam-se
b) seria pregada
c) era pregada
d) eram pregados
e) havia sido pregada

Comentários

O gabarito é a alternativa C. "Era pregada" singular, pretérito imperfeito e o particípio no


feminino.

13 – Explicar ou compreender?

Muitas coisas podemos explicar sem, propriamente, compreender. Mas a pessoa humana, em
sua dimensão mais íntima e profunda, só pode ser compreendida, jamais explicada. Posso
explicar, segundo a lei da gravidade, a queda de uma pedra do décimo andar de um edifício.
A pedra está totalmente sujeita à lei da gravidade, que a determina por inteiro, de modo a
permitir uma explicação cabal desse fenômeno físico, dentro do princípio estrito da causalidade
mecânica. Se, entretanto, um homem desesperado atira-se desse mesmo andar, o fato passa
a pertencer a nível fenomênico inteiramente distinto. Posso explicar a queda do seu corpo pela
mesma lei da gravitação, mas, nessa medida, estou a assimilá-lo à pedra, e meu juízo é apenas
o de um físico interessado na queda dos corpos. Se quero interpretar o seu gesto, tenho que
compreendê-lo em seu significado, tenho que aceitá-lo em sua irredutível integridade. Será
sempre um ato significativo, pleno de interioridade; uma resposta criadora da vontade, embora
destrutiva, de uma liberdade pessoal acuada, frente a uma situação interna insuportável.
Se a pessoa humana é explicada, e não compreendida, destroem-se sua escolha e sua
liberdade e, assim, degrada-se a sua história existencial. Sem liberdade interior não há história
a ser compreendida, só fenômenos mecânicos. O homem, como pessoa, é um permanente
emergir da necessidade, e essa emergência transcendente constitui o seu projeto como ser-
no-mundo − projeto que não se pode explicar, mas que se deve buscar compreender.
(Adaptado de: PELLEGRINO, Hélio. Lucidez embriagada. São Paulo: Planeta, 2004,
p. 28-29)

Classificam-se como sujeito (S) e complemento (C) da mesma forma verbal os


termos destacados em

13
a) Uma pessoa complexa (S) só pode ser compreendida (C), jamais explicada.
b) A transcendência (S) constitui o seu projeto (C) como ser-no-mundo.
c) Pode-se explicar a lei da gravidade (C) pelos princípios da Física (S).
d) Sem liberdade interior (C) não há história (S) a ser compreendida.
e) A queda de um homem desesperado (S) não é equivalente (C) à de uma pedra.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A alternativa A está incorreta. O sujeito é "uma pessoa complexa", cujo núcleo é "pessoa".
"Complexa" é apenas um adjunto adnominal, não podendo ser sujeito sozinho. "Pode ser
compreendida" é uma locução verbal, ou seja, representa o verbo, não o complemento.

A alternativa C está incorreta. Trata-se aqui de voz passiva sintética (para tirar a prova,
transpô-la-emos para a voz passiva analítica: "a lei da gravidade pode ser explicada pelos
princípios da Física"). Portanto: "a lei da gravidade" (SUJEITO PACIENTE = aquele
que SOFRE a ação) e "pelos princípios da Física" (AGENTE DA PASSIVA = termo da oração
que se refere a um verbo na voz passiva, sempre introduzido por preposição).

A alternativa D está incorreta. Verbo haver no sentido de existir é impessoal. Portanto,


permanece na terceira pessoa do singular e não tem sujeito.

História = objeto direto do verbo "haver (não há)" (complemento verbal, portanto);

"Sem liberdade interior" = adjunto adverbial de condição; portanto, "liberdade interior" é


apenas parte do adjunto adverbial;

"a ser compreendida" = oração reduzida de infinitivo adjetiva restritiva (com o verbo na voz
passiva).

A alternativa E está incorreta. O sujeito aqui é "A queda de um homem desesperado". "De
um homem desesperado" é adjunto adnominal apenas. "Equivalente" é predicativo do sujeito,
já que o verbo ser ("é") é um verbo de ligação.

14 – Texto 2 – Violência: O Valor da vida

Kalina Vanderlei Silva / Maciel Henrique Silva, Dicionário de conceitos históricos. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 412

A violência é um fenômeno social presente no cotidiano de todas as sociedades sob várias


formas. Em geral, ao nos referirmos à violência, estamos falando da agressão física. Mas
violência é uma categoria com amplos significados. Hoje, esse termo denota, além da agressão
física, diversos tipos de imposição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar ou de
gênero, ou a censura da fala e do pensamento de determinados indivíduos e, ainda, o desgaste
causado pelas condições de trabalho e condições econômicas. Dessa forma, podemos definir
a violência como qualquer relação de força que um indivíduo impõe a outro.

Consideremos o surgimento das desigualdades econômicas na história: a vida em sociedade


sempre foi violenta, porque, para sobreviver em ambientes hostis, o ser humano precisou
produzir violência em escala inédita no reino animal.

14
Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma ferramenta de
sobrevivência e passou a ser um instrumento da organização da vida comunitária. Ou seja, foi
usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade
não se desenvolveria nem se complexificaria. Essa desigualdade social é o fenômeno em que
alguns indivíduos ou grupos desfrutam de bens e valores exclusivos e negados à maioria da
população de uma sociedade. Tal desigualdade aparece em condições históricas específicas,
constituindo-se em um tipo de violência fundamental para a constituição de civilizações.

“Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns
teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se complexificaria”. Sobre um
componente desse segmento do texto 2, é correto afirmar que:

a) o sujeito da forma verbal “foi usada” está posposto;


b) a frase “para criar uma desigualdade” indica uma concessão;
c) o relativo “a qual” se refere a um termo seguinte;
d) o termo “alguns teóricos” funciona como objeto direto;
e) a forma verbal no futuro do pretérito – desenvolveria – indica uma possibilidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

A alternativa A está incorreta. O sujeito está preposto.

A alternativa B está incorreta. A frase indica uma finalidade para algo.

A alternativa C está incorreta. Refere-se ao termo anterior “desigualdade social”.

A alternativa D está incorreta. Na verdade, funciona como sujeito. Basta inverter a ordem.

15 – Texto associado:

Em relação aos verbos da tirinha e sua natureza sintática, analise as afirmativas a seguir:

I. Só há um verbo de ligação na tirinha, em única ocorrência.


II. Só há um verbo transitivo direto na tirinha, em única ocorrência.
III. Todos os verbos possuem sujeito simples.

15
Assinale

a) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.


b) se nenhuma afirmativa estiver correta.
c) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O verbo estar não é verbo de ligação, nessa oração, uma vez
que não há um predicativo que qualifica o sujeito, o "ai" é um adjunto adverbial, assim como
o "por algum motivo". Nessa situação, o verbo estar é intransitivo. Diferentemente da oração:
"logo, essa minhoca está muito apetitosa", percebe-se que muito apetitosa está qualificando
o sujeito "essa minhoca", ou seja, é um verbo de ligação.

16 – As crianças gostam de brincadeiras que sejam imitativas e repetitivas, mas, ao mesmo


tempo, inovadoras. Firmam-se no que lhes é conhecido e seguro, e exploram o que é novo e
nunca foi experimentado.

O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir
são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e
em muitos animais.

Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo,
imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata
possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão
representativa à imitação. Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o
de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em
muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas
no ser humano.

A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição
e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição
musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado.
Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos
admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados.

Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas
brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer
descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons,
carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez
sejam essenciais para a realização criativa, por exemplo, audácia, confiança, pensamento
independente?

A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento conscientes, mas também


de preparação inconsciente. Esse período de incubação é essencial para permitir que o
subconsciente assimile e incorpore influências, que as reorganize em algo pessoal. Na abertura
de Rienzi, de Wagner, quase podemos identificar todo esse processo. Há ecos, imitações,

16
paráfrases de Rossini, Schumann e outros − as influências musicais de seu aprendizado. E
então, de súbito, ouvimos a voz de Wagner: potente, extraordinária (ainda que horrível, na
minha opinião), uma voz genial, sem precedentes.

Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta.
As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem
da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que
possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é
“emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que
é tomado de empréstimo.

(Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São
Paulo: Cia. das Letras, 2017, ed. digital)

Será que lhes faltam características (5° parágrafo)

O segmento que exerce a mesma função sintática do sublinhado acima está também
sublinhado em:

a) As ideias estão no ar.


b) A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação.
c) que as reorganize em algo pessoal.
d) Há ecos, imitações, paráfrases de Rossini.
e) A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Quando se fala em análise sintática, é importante primeiro


procurar identificar o sujeito e depois partir para as demais funções. As bancas gostam de
deslocá-lo dentro das frases ou separá-lo por orações intercaladas. Analisando a frase: "Será
que lhes faltam características" Fazendo a pergunta: o que faltam: "As características faltam
a eles" - por tanto devemos buscar o sujeito nos itens. Aqui, o sujeito está na ordem direta,
sempre mantendo a mesma regra, vou primeiro identificar o sujeito, e depois as outras ações.

17 – Vejo pela manhã os escolares caminhando rumo aos estabelecimentos de ensino. Uma
boa percentagem carrega o malote nas costas, preso pelas correias passando pelos ombros.
Assim usam meus netos. Meus filhos imitaram os pais, conduzindo os livros numa bolsa, levada
na mão esquerda. A recomendação clássica é ter sempre a mão direita livre, desocupada,
pronta para a defesa.

Esse transporte da bolsa estudantil parece pormenor sem importância. Mesmo assim foi
anotado há mais de vinte séculos em versos latinos. O poeta Quinto Horácio Flaco faleceu oito
anos antes de Jesus Cristo nascer. No primeiro livro das Sátiras, a sexta inclui essa referência,
recordação do menino Horácio, filho de liberto, indo para a aula do brutal Orbílio Pupilo, ex-
soldado em Benavente: Laevo suspensi locutos tabulamque lacerto. Antônio Luís Seabra
(1799-1895), tradutor de Horácio, divulgou o “No braço esquerdo com tabela e bolsa”. Essas
“tabelas” eram as placas de madeira encerada onde escreviam. Valiam os livros
contemporâneos. A figura do escolar atravessando as ruas da tumultuosa Roma no ano 55 e

17
que seria o eternamente vivo Horácio, volta aos meus olhos, nessa janela provinciana e
brasileira, aos seis graus ao sul da Equinocial.

(CASCUDO, Câmara, “Indo para a Escola”, em História dos Nossos Gestos. Edição
digital. Rio de Janeiro: Global, 2012)

O segmento sublinhado em Assim usam meus netos (1° parágrafo) exerce, no


contexto, a mesma função sintática que o sublinhado em:

a) ...volta aos meus olhos, nessa janela provinciana... (2° parágrafo)


b) Valiam os livros contemporâneos. (2° parágrafo)
c) ... a sexta inclui essa referência... (2° parágrafo)
d) Uma boa percentagem carrega o malote nas costas... (1° parágrafo)
e) A recomendação clássica é ter sempre a mão direita livre... (1° parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O termo "meus netos" exerce a função de sujeito. Portanto,


apenas a alternativa D está com a função de sujeito. Quem carrega o malote nas costas? R:
Uma boa percentagem (Sujeito, assim como o comando da questão).

18 – TEXTO I.

Temos uma notícia triste: o coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem,
não é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele, afinal? Calma, não jogue o
coração para escanteio, ele é superimportante. “É um órgão vital. É dele a função de bombear
sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital
do Coração.

O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e tem dois sistemas de
bombeamento independentes. Com essas “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança
para as artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando de tamanho. E o que
tem a ver com o amor? “Ele realmente bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada.
O corpo libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial”.

(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)

“Ao contrário do que dizem, não é ali que moram os sentimentos.”

Nesse segmento do texto, há duas formas verbais na terceira pessoa do plural: dizem e
moram.

Sobre essas formas, assinale a opção correta.

a) As duas formas mostram sujeitos pospostos.


b) Só a primeira forma tem sujeito indeterminado.
c) Só a segunda forma tem sujeito.
d) As duas formas mostram sujeitos indeterminados.
e) As duas orações não tem sujeito.

18
Comentários

O gabarito é a alternativa B. Sujeito Indeterminado: é aquele que, embora existindo, não


se pode determinar nem pelo contexto, nem pela terminação do verbo. Assim, o verbo morar
diz respeito a “sentimentos”, ou seja, não é um sujeito indeterminado.

19 – Ciência e religião

A prestigiosa revista semanal norte-americana Newsweek publicou um surpreendente


artigo intitulado “A ciência encontra Deus”. Esse foi o artigo de capa, a qual mostrava o vitral
de uma igreja com anjos substituídos por cientistas em seus jalecos brancos e cruzes
substituídas por telescópios e microscópios. Planetas, estrelas e galáxias adornam essa
imagem central, que é finalmente emoldurada pela estrutura helicoidal de uma molécula de
DNA. O artigo sugere que a ciência moderna precisa de Deus.

Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho
científico, contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras impostas pela comunidade
científica. A inspiração para se fazer ciência é completamente subjetiva e varia de cientista
para cientista. Mas o produto de suas pesquisas tem um valor universal, fato que separa
claramente a ciência da religião.

Quando tantas pessoas estão se afastando das religiões tradicionais em busca de outras
respostas para seus dilemas, é extremamente perigoso equacionar o cientista com o sacerdote
da sociedade moderna. A ciência oferece-nos a luz para muitas trevas sem a necessidade da
fé. Para alguns, isso já é o bastante. Para outros, só a fé pode iluminar certas trevas. O
importante é que cada indivíduo possa fazer uma escolha informada do caminho que deve
seguir, seja através da ciência, da religião ou de uma visão espiritual do mundo na qual a
religião e a ciência preenchem aspectos complementares de nossa existência.(GLEISER,
Marcelo. Retratos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 46-47)

Há emprego de forma verbal na voz passiva, estando sublinhado o sujeito dessa


forma, na seguinte frase:

a) Não ouse a ciência interferir em assuntos religiosos.


b) Cuidem os homens de não se confundirem diante dos caminhos da religião e da ciência.
c) Não é dado a um cientista justificar seu trabalho com o exclusivo valor de sua fé.
d) Sempre se levantaram questões quanto aos caminhos dos cientistas e dos religiosos.
e) A dúvida, para os cientistas, inclui-se em seu método de busca.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A alternativa A está incorreta. Ouse é verbo no imperativo, portanto, não cabe voz passiva.

A alternativa B está incorreta. A partícula SE é um pronome reflexivo, portanto, não cabe


voz passiva.

19
A alternativa C está incorreta. Cientista não é o sujeito da frase. Neste caso, o sujeito seria
“justificar seu trabalho com o exclusivo valor de sua fé”. Vejamos: O que não é dado a um
cientista? Justificar seu trabalho com o exclusivo valor de sua fé.

A alternativa E está incorreta. Nesse caso, A dúvida é incluída no método de busca, para
os cientistas. Dessa forma, o sujeito da frase é "dúvida", e não "método".

20 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Quando confrontada a duas teorias – uma simples e outra complexa – para explicar um
problema, a maior parte das pessoas não hesita em favorecer a primeira, também qualificada
como elegante. “Em muitos casos, porém, a complexa pode ser mais interessante”, lembra o
filósofo Marco Zingano, da Universidade de São Paulo. Segundo ele, a escolha é natural na
cultura ocidental contemporânea porque o pensamento dessas civilizações foi moldado por
Aristóteles e Platão, os filósofos de maior destaque na Grécia Antiga, para quem a metafísica
da unidade tinha como paradigma a simplicidade.

Levado ao pé da letra, o resgate puramente historiográfico das contribuições da Antiguidade


pode parecer folclórico diante do conhecimento atual. Mas, mesmo que oculta, a influência de
Aristóteles e de Platão está presente na forma como o pensamento governa os hábitos
intelectuais da civilização atual.

Um dos problemas que ocuparam Platão e Aristóteles foi a acrasia, que leva uma pessoa a
tomar uma atitude contrária à que sabe ser a correta. Se está claro, por exemplo, que uma
moderada dose diária de exercícios é suficiente para prevenir uma série de doenças graves e
trazer benefícios à saúde, por que alguém optaria por passar horas deitado no sofá e se
locomover apenas de carro? Para Sócrates, a resposta era simples: guiado pela razão, o ser
humano só deixa de fazer o que é melhor se lhe faltar o conhecimento.

Platão discordava, e resolveu o dilema dividindo a alma em três partes: um par de cavalos
alados conduzidos por um cocheiro que representa uma delas, a razão. Um dos cavalos,
arredio, só pode ser controlado a chicotadas e representa os apetites. O outro é a porção
irascível da alma. É o impulso, em geral obediente à razão, mas que pode levar a decisões
impetuosas em determinadas situações. “O que determina as ações seriam fontes distintas de
motivação”, observa Zingano. Platão pensou o conflito como interno à alma, dando lugar à
acrasia. Já Aristóteles dedicou um livro de sua Ética ao fenômeno.

Aristóteles e Platão tiveram um papel importante – e persistente – porque foram grandes


sistematizadores do conhecimento. Eles procuraram domar conceitos diversos do Universo, do
corpo e da mente, entender seu funcionamento e deixar registrado para uso futuro. Resgatar
esses textos, explica Zingano, é uma busca da compreensão de como a cultura ocidental
descreve o mundo e enxerga a si mesma ainda hoje.

(Adaptado de: GUIMARÃES, Maria. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)

Um dos problemas que ocuparam Platão e Aristóteles foi a acrasia... (3º parágrafo) O
segmento grifado exerce, na frase acima, a mesma função sintática que o segmento também
grifado em:

a) ... guiado pela razão, o ser humano só deixa de fazer o que é melhor se...
b) ... o pensamento dessas civilizações foi moldado por Aristóteles e Platão.

20
c) Eles procuraram domar conceitos diversos do Universo...
d) ... conduzidos por um cocheiro que representa uma delas, a razão.
e) ... só pode ser controlado a chicotadas e representa os apetites...

Comentários

O gabarito é a alternativa A. ... guiado pela razão, o ser humano (SUJEITO) só deixa
de fazer o que é melhor se...

A alternativa B está incorreta. ... o pensamento dessas civilizações foi moldado por
Aristóteles e Platão (AGENTE DA PASSIVA).

A alternativa C está incorreta. Eles procuraram domar (VTD) conceitos diversos do


Universo (OBJETO DIRETO).

A alternativa D está incorreta. ... conduzidos por um cocheiro que representa uma
delas, a razão (APOSTO).

A alternativa E está incorreta. ... só pode ser controlado a chicotadas (ADJUNTO


ADVERBIAL) e representa os apetites...

21 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão a seguir.

Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, elevando a fatia dos brasileiros com ensino
médio e superior em andamento ou concluído. Ou seja, houve mais ofertas de trabalhadores
dessa classe. E muitos profissionais podem ter ingressado no nível mais elevado de
escolaridade, mas com o mesmo salário, o que reduz a média de ganho da categoria. "Nos
últimos anos, as pessoas ficaram mais tempo na escola e a oferta de profissionais com ensino
médio e superior aumentou. O crescimento da escolaridade também foi impulsionado pelo
aumento do número de universidades privadas", disse Naercio.

(Disponível em: http://exame.abril.com.br/ brasil/noticias mais-escolarizados-


perdem-8-da-renda-de-2002-para-2011. Texto adaptado)

Os trabalhadores passaram mais tempo na escola...

O segmento grifado acima possui a mesma função sintática que o destacado em:

a) ... o que reduz a média de ganho da categoria.


b) ... houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe.
c) O crescimento da escolaridade também foi impulsionado...
d) ... elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio...
e) ... impulsionado pelo aumento do número de universidades...

Comentários

21
O gabarito é a alternativa C. Em ambas as frases estão sublinhados os sujeitos. Os
trabalhadores passaram mais tempo na escola...

Quem passou mais tempo na escola? Os trabalhadores. Logo, SUJEITO

O crescimento da escolaridade também foi impulsionado...

Quem também foi impulsionado? O crescimento da escolaridade. Logo, também exerce a


função de SUJEITO.

22 – Texto

A população brasileira

Os primeiros habitantes do território, hoje conhecido como Brasil, chegaram aqui há


milhares de anos. Por volta de 1500, havia diferentes povos indígenas espalhados por todo o
território. Em 1500 chegaram os portugueses e, no século XVI, eles começaram a trazer os
povos africanos. Assim, pode-se dizer que a população brasileira se originou do encontro
desses três grupos.

Outros povos, como os chineses, os italianos, os alemães e os japoneses, começaram a


chegar no século XIX. Todos trouxeram importantes contribuições.

A convivência entre diferentes povos deu à população brasileira uma de nossas principais
características: a grande diversidade de costumes e tradições, que faz do nosso país um lugar
muito rico culturalmente.

A diversidade nem sempre foi respeitada em nosso país. Desde a chegada dos portugueses,
em 1500, inúmeras situações de preconceito têm ocorrido em razão das diferenças de etnia,
religião, sexo, classe social, nacionalidade, idade.

Muita coisa ainda precisa melhorar, mas hoje existem leis que proíbem quaisquer
manifestações e atitudes de preconceito. Elas também determinam que todos devem ser
tratados com igualdade, respeito e tolerância.

(Cláudia Carvalho Neves)

“Elas também determinam que todos devem ser tratados com igualdade, respeito e tolerância”

Com a utilização da forma passiva “devem ser tratados”, o autor consegue o seguinte
efeito:

a) identifica-se o sujeito.
b) não se atribui a ação verbal a ninguém.
c) localiza-se a ação verbal no passado.
d) torna a ação verbal obrigatória.
e) o agente da ação verbal passa a ser indeterminado.

22
Comentários

O gabarito é a alternativa B. Quando se passa uma frase na ativa para voz passiva analítica
o sujeito ativo vira agente da passiva, o objeto direto vira sujeito passivo e o verbo ganha um
ser ou estar auxiliar, no tempo do verbo da ativa. Nesse caso, todos são sujeitos passivos (que
sofre a ação do verbo), o antigo OD. O agente da passiva, quem pratica a ação do verbo, não
está ali, por isso não se atribui a ação verbal a ninguém.

23 – “Os primeiros habitantes do território, hoje conhecido como Brasil, chegaram(1) aqui há
milhares de anos. Por volta de 1500, havia diferentes povos indígenas espalhados por todo o
território. Em 1500, chegaram(2) os portugueses e, no século XVI, eles começaram a trazer
os povos africanos. Assim, pode-se dizer que a população brasileira se originou do encontro
desses três grupos”.

Nesse segmento do texto, a forma verbal que mostra sujeito posposto é:

a) chegaram(1).
b) havia.
c) chegaram(2).
d) começaram a trazer.
e) se originou.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Esse verbo, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal.


Isso significa que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito. Portanto,
é errônea a flexão do verbo no plural. Embora a Língua Portuguesa se apresente
predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo + predicado), é comum
encontrarmos alguns termos em posições variadas na oração. É o que se entende por ordem
inversa, na qual alguns termos são encontrados em combinação contrária ao esperado (ex.:
verbo + sujeito = sujeito posposto).

24 – Texto 2 – Semana Nacional do Trânsito

Estamos no último dia da Semana Nacional do Trânsito e vamos encerrar falando sobre o
tema que foi bem escolhido pelo Denatran: Seja Você a Mudança no Trânsito.

Vivemos numa sociedade que tem o hábito de responsabilizar o Estado, autoridades e


governos pelas mazelas do país. Em muitos casos são críticas absolutamente procedentes,
mas, quando o tema é segurança no trânsito, não nos podemos esquecer que quem faz o
trânsito são seres humanos, ou seja, somos nós.

Deveríamos aproveitar a importância desta semana para refletir sobre nosso


comportamento como pedestres, passageiros, motoristas, motociclistas, ciclistas, pais, enfim,
como cidadãos cujas ações tem reflexo na nossa segurança, assim como dos demais. O
pedestre que não respeita a faixa coloca em risco sua vida e também a do motorista e de
terceiros. Muitas vezes para desviar de um pedestre e evitar seu atropelamento, um motorista
perde o controle do veículo e provoca um acidente grave com outras pessoas que nada têm a

23
ver com o comportamento do pedestre. Não precisamos nem aprofundar as consequências dos
motoristas que andam em excesso de velocidade, sob efeito de álcool, ou que dirigem uma
carreta cansados. São todos fatores humanos que contribuem para o que chamamos de
acidente.

(....) Nesta semana nacional do trânsito pelo menos mil pessoas vão ter morrido nas ruas
e nas estradas. Não podemos mais tolerar esses números e, para que isso mude realmente, é
preciso que você e cada um de nós sejamos de fato os agentes da mudança na direção de um
trânsito mais seguro. Com certeza você pode contribuir para isso, aproveite esta semana para
refletir e conversar sobre o tema com seus entes queridos e amigos, afinal, quem morre no
trânsito é amigo ou parente de alguém. Ninguém está livre disso.

Rodolfo Alberto Rizzotto (adaptado)

“Deveríamos aproveitar a importância desta semana para refletir sobre nosso comportamento
como pedestres, passageiros, motoristas, motociclistas, ciclistas, pais, enfim, como cidadãos
cujas ações tem reflexo na nossa segurança, assim como dos demais".

O comentário correto sobre os componentes desse segmento do texto 2 é:

a) a forma verbal “deveríamos" tem como sujeito todos os motoristas;


b) a forma verbal “tem" deveria ter acento circunflexo pois seu sujeito está no plural;
c) a forma “sobre" deveria ser substituída pela forma “sob";
d) a forma “enfim" deveria ser grafada em duas palavras “em fim";
e) a forma “dos demais" deveria ser substituída por “das demais", por referir-se ao
feminino “ações".

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Acentua-se sempre o “tem” quando o sujeito está no plural.


Portanto, questão correta e é nosso gabarito.

25 – Assinale a opção em que as duas ocorrências sublinhadas pertencem à mesma classe


gramatical.

a) A última função da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a


ultrapassam.

b) Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para
mudar as que posso e sabedoria para distinguir entre elas.

c) Estatística é a ciência que diz que se eu comi um frango e tu não comestes nenhum,
teremos comido, em média, meio frango cada um.

d) A inteligência é o farol que nos guia, mas é a vontade que nos faz caminhar.

e) Quando eu era jovem, descobri que nove de cada dez coisas que eu fazia eram um
fracasso.

24
Comentários

O gabarito é a alternativa D. A inteligência é o farol que (conjunção integrante) nos guia,


mas é a vontade que (pronome relativo) nos faz caminhar.

26 – Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois que Guimarães Rosa conduzia
do pasto ao sonho, julguei que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um deles
num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só um boi.

Mas por que diabos um poema panfletário de um cara de vinte anos de idade, que morava
num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado
naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância? O
fato é que na época eu estava lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu
direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom
poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse
que era um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poema panfletário?

Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido no asfalto; sei que era exatamente
isso o que eu queria; queria que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi
de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo completamente estranho para
ele, sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos
homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, sem saber muito bem onde
ele entrava nessa história toda de opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo
libertador, eu queria um boi poema concreto no asfalto, para que minha impotência diante dos
donos do poder se configurasse no berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou
minha índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo de resistência.

Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no asfalto; sei até onde está o velho
caderno com o velho poema. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em
outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, transformado em minha própria
estrela. (Adaptado de: GUERRA, Luiz, "Boi no Asfalto", Disponível
em: www.recantodasletras.com.br. Acessado em: 29/10/2015)

Considere:

I. No segmento ... que morava num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um
boi? (2° parágrafo) os verbos sublinhados possuem o mesmo sujeito.

II. Na oração ... o que é que um boi pode fazer num poema panfletário? (2° parágrafo), o
segmento sublinhado é expletivo, de modo que pode ser suprimido sem prejuízo para a
correção.

III. No segmento ... as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância... (2°
parágrafo), a locução verbal sublinhada pode ser substituída por "tivesse chegado a ver", por
estar no pretérito-mais-que-perfeito.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e III.
b) I.
c) II.
d) II e III.

25
e) I e II.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. I- Quem morava num bairro inteiramente urbanizado? R: Um


cara de vinte anos de idade. Quem iria precisar de um boi? R: o poema. ERRADA!

II- Certa, a supressão do termo sublinhado não impacta no entendimento da passagem do


texto.

III- ERRADA! Mesmo que você não soubesse nada sobre conjugação, note que o "chegara"
passa a ideia de certeza que ocorreu, e o "tivesse" passa incerteza.

27 – Observe as três orações a seguir.

I – Viu‐se o crime de longe.


II – O crime foi visto de longe.
III – João viu o crime de longe.

Sobre as orações, assinale a afirmativa correta.

a) Todas as frases estão na voz passiva.


b) Duas das frases estão na voz ativa.
c) Nas frases I e II, o agente da ação não é identificado.
d) Nas frases I e II, não há sujeito expresso.
e) Na frase III, o sujeito apresenta passividade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Há sujeito expresso. Não é o agente da ação, mas sim o paciente.
Típico nas vozes verbais passivas. E nessas não há agente da ação. Somente paciente.

28 – No estudo sintático, é comum ensinar‐se que os termos essenciais da oração são o sujeito
e o predicado. Mas, encontramos muitas vezes orações classificadas como “sem sujeito". Como
explicar ser um termo essencial e, ao mesmo tempo, não estar presente na oração?

a) Trata‐se de um erro de classificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira.


b) Deriva do fato de “essencial" ser uma classificação de base lógica, mas não sintática.
c) Mostra que sempre há um sujeito, mesmo que ele não esteja formalmente presente.
d) Indica uma antiga classificação dos termos sintáticos que não foi atualizada.
e) Demonstra que “essencial" tem o sentido de “fundamental" e não de “imprescindível".

26
Comentários

O gabarito é a alternativa B. Deriva do fato de “essencial" ser uma classificação de base


lógica, mas não sintática. Há base lógica. Alternativa A é incorreta, pois a falta de sujeito na
oração não deriva de um erro de classificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, uma vez
que não há proibição neste sentido. Alternativa C é incorreta, pois nem sempre haverá um
sujeito explícito na oração. Alternativa D é absurda, pois a falta de termos essenciais na frase
não caracteriza erro, muito menos falta de atualização. Alternativa E é incorreta devido à falta
de coerência nos sentidos das palavras.

29 – Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

A morte e a morte do poeta

Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista Marcos Resende primeiro tratou de
verificar que estava vivo, bem vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária
eletrônica: “Hoje é 27 e eu não morri. Não posso atender porque estou na outra linha dando
a mesma explicação”. Quando li esta nota, me lembrei de como tudo neste mundo caminha
cada vez mais depressa. Em 1862, chegou aqui a notícia da morte de Gonçalves Dias.
O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue chegou a
Marselha com um morto a bordo. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação da
quarentena. Gonçalves Dias tinha ido se tratar na Europa e logo se concluiu que era ele o
morto. A notícia chegou ao Instituto Histórico durante uma sessão presidida por d. Pedro II.
Suspensa a sessão, começaram as homenagens ao que era tido e havido como o maior poeta
do Brasil.
Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O imperador, em pleno Instituto Histórico, só
podia ser verdade. Ofícios fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província. Vinte e
cinco nênias saíram publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juvenal Galeno e Bernardo
Guimarães debulharam lágrimas de esguicho, quentes e sinceras. O grande poeta! O grande
amigo! Que trágica perda! As comunicações se arrastavam a passo de cágado. Mal se
começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois chegou o desmentido: morreu, uma
vírgula! Vivinho da silva.
A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É mentira! Não morri, nem morro, nem
hei de morrer nunca mais!” Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.”
Todavia, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coincidência. Em 1864, trancado na
sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da costa do Maranhão. Seu corpo não foi encontrado.
Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não morreu.
[...]
(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia das Letras,
2011, p.107-8)
Suspensa a sessão, começaram as homenagens...

O segmento grifado exerce na frase acima a mesma função sintática que o segmento
também grifado em:

a) As comunicações se arrastavam a passo de cágado.


b) O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo.
c) Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia...
d) Terá sido devorado pelos tubarões.
e) ... dois meses depois chegou o desmentido...

27
Comentários

O gabarito é a alternativa B. O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo. Quem


chegou com um morto a bordo? O brigue, logo brigue é sujeito, da mesma forma que ocorre
na frase em epígrafe.

30 – Texto 1 – Cercados de objetos por todos os lados

Nunca possuímos tantas coisas como hoje, mesmo que as utilizemos cada vez menos. As
casas em que passamos tão pouco tempo são repletas de objetos. Temos uma tela de plasma
em cada aposento, substituindo televisores de raios catódicos que há apenas cinco anos eram
de última geração. Temos armários cheios de lençóis; acabamos de descobrir um interesse
obsessivo pelo “número de fios”. Temos guarda-roupas com pilhas de sapatos. Temos
prateleiras de CDs e salas cheias de jogos eletrônicos e computadores. Temos jardins
equipados com carrinhos de mão, tesouras, podões e cortadores de grama. Temos máquinas
de remo em que nunca nos exercitamos, mesa de jantar em que não comemos e fornos triplos
em que não cozinhamos. São os nossos brinquedos: consolos às pressões incessantes por
conseguir o dinheiro para comprá-los, e que, em nossa busca deles nos infantilizam. [...]

Exatamente como quando as marcas de moda põem seus nomes em roupas infantis, uma
cozinha nova de aço inoxidável nos concede o álibi do altruísmo quando a compramos.
Sentimo-nos seguros acreditando não se tratar de caprichos, mas de investimento na família.
E nossos filhos possuem brinquedos de verdade: caixas e caixas de brinquedos que eles deixam
de lado em questão de dias. E, com infâncias cada vez mais curtas, a natureza desses
brinquedos também mudou. O Mc Donald’s se tornou o maior distribuidor mundial de
brinquedos, quase todos usados, para fazer merchandising de marcas ligadas a filmes. [...]

Na minha vida, devo admitir que andei fascinado pelo brilho do consumo e ao mesmo
tempo enojado e com vergonha de mim mesmo diante do volume do que nós todos
consumimos e da atração superficial, mas forte, que a fábrica do querer exerce sobre nós.
Sudjic, Deyan. A linguagem das coisas, Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.)

Os verbos de ligação mostram noções distintas de estados.

A noção do verbo sublinhado indicada corretamente é:

a) “O Mc Donald's se tornou o maior distribuidor mundial de brinquedos" / mudança de


estado;

b) “Na minha vida, devo admitir que andei fascinado pelo brilho do consumo" / estado
permanente;

c) “As casas em que passamos tão pouco tempo são repletas de objetos" / continuidade de
estado;

d) “há apenas cinco anos eram de última geração" / estado transitório;

e) “São os nossos brinquedos" / aparência de estado.

28
Comentários

O gabarito é a alternativa A. Indica mudança de estado, era uma coisa e depois virou outra.
Alternativa B é incorreta, indica algo que já foi, e não um estado permanente . Alternativa C é
incorreta, "São" repletas de objetos não dá ideia de continuidade. Se a letra "C" estivesse
certa, a letra "E" também deveria estar correta, mas não é o caso. Alternativa D é incorreta,
eram de última geração. "Eram" é pretérito imperfeito do indicativo, dá ideia de algo que já
foi e não é mais. Alternativa E é incorreta, “são” traz um estado permanente e não, uma
aparência.

31 – Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A gerontologia, palavra cunhada em 1903, é a ciência que estuda a velhice. Como um campo
de saber específico, cria profissionais e instituições encarregados da formação de especialistas
no envelhecimento. Assim, uma nova categoria cultural é produzida: os idosos, como um
conjunto autônomo e coerente que impõe outro recorte à geografia social. A preocupação da
sociedade com o processo de envelhecimento deve-se, sem dúvida, ao fato de os idosos
corresponderem a uma parcela da população cada vez maior.

Terceira idade é uma expressão que surge na década de 1970, quando foi criada na França
a primeira universidade voltada para pessoas com setenta anos ou mais. Essa expressão não
é apenas uma forma de nomear os mais velhos sem uma conotação pejorativa. Sinaliza, antes,
mudanças no significado da velhice. Trata-se de celebrar a velhice como sendo um momento
privilegiado para o lazer. A invenção da terceira idade, ou "melhor idade", indicaria assim uma
experiência inusitada de envelhecimento, em que o prolongamento da vida nas sociedades
contemporâneas ofereceria aos mais velhos a oportunidade de dispor de saúde, independência
financeira e outros meios apropriados para tornar reais as expectativas de que essa etapa da
vida é propícia à satisfação pessoal.

A visão da velhice como um processo contínuo de perdas e de dependência, responsável por


um conjunto de imagens negativas associadas a ela, tem sido substituída pela consideração
de que esse é um momento fecundo para novas conquistas. Proliferaram, na última década,
programas voltados para a terceira idade, como as universidades e os grupos de convivência.

Contudo, o sucesso dessas iniciativas é proporcional à precariedade dos mecanismos de que


dispomos para lidar com a velhice avançada. A nova imagem do idoso não oferece
instrumentos capazes de enfrentar a decadência de habilidades cognitivas e controles físicos
e emocionais que são fundamentais, na nossa sociedade, para que um indivíduo seja
reconhecido como capaz do exercício pleno dos direitos de cidadania. A dissolução desses
problemas nas representações gratificantes da terceira idade fecha o espaço para outras
iniciativas voltadas para o atendimento das situações de abandono e dependência que marcam
o avanço da idade. As perdas próprias do envelhecimento passam, então, a ser vistas como
consequência da falta de envolvimento dos mais velhos em atividades motivadoras ou da
adoção de formas de consumo e estilos de vida inadequados.

É, portanto, ilusório pensar que essas mudanças são acompanhadas de uma atitude mais
tolerante em relação às idades. A característica marcante desse processo é a valorização da
juventude, que é associada a valores e a estilos de vida, e não propriamente a um grupo etário
específico.

29
(BOTELHO, S. & SCHWARCZ, L. H. Agenda Brasileira. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009, p. 544-553)

Proliferaram, na última década, programas voltados para a terceira idade, (3º


parágrafo) O segmento grifado exerce na frase acima a mesma função sintática que
o segmento também grifado em:

a) É, portanto, ilusório pensar que essas mudanças... (último parágrafo)


b) ...quando foi criada na França a primeira universidade voltada... (2º parágrafo)
c) A gerontologia (...) é a ciência que estuda a velhice. (1º parágrafo)
d) ...ofereceria aos mais velhos a oportunidade de dispor de saúde... (2º parágrafo)
e) As perdas próprias do envelhecimento passam, então, a ser vistas como.. (4º parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa E. ORDEM DIRETA: Programas voltados.... proliferaram como as


universidades e os grupos.., na ultima década

SUJEITO: programas voltados...

PALAVRA SUBLINHADA: programas voltados...

ITEM "E": GABARITO : As perdas próprias do envelhecimento passam, então, a ser vistas
como....
SUJEITO : As perdas próprias ....

PALAVRA SUBLINHADA: As perdas próprias...

32 – Considere o texto abaixo para responder à questão.

Há uma explicação para a escultura de Picasso não ter sido reunida com frequência. Picasso,
o filho de pintor, treinado como pintor, não se levava a sério como escultor. Não considerava
as esculturas vendáveis ou tema de exposição. Ele as guardava em casa e no estúdio,
misturadas aos objetos da decoração. Depois de sua morte, em 1973, a organização do espólio
permitiu que obras fossem adquiridas por outras coleções. Embora as esculturas ficassem
longe do público, elas foram vistas por artistas que visitavam Picasso.

O diálogo do pintor com o escultor é constante. A escultura, diz a curadora Ann Temke,
adaptava-se ao temperamento irrequieto de Picasso, que se permitia improvisação no meio.
Na década em que predomina o metal, ela se diverte com a ideia do artista mais rico da história
frequentando ferros-velhos em busca de objetos.

A influência da arte africana sobre a pintura de Pablo Picasso é conhecida. É só admirar as


sublimes Demoiselles D'Avignon, que moram no quinto andar do MoMA. Mas só quando
apreciamos a obra em escultura a conexão fica mais evidente e compreensiva. Ann Temke
lembra que a visita de Picasso ao Museu Etnográfico de Paris, em 1907, por sugestão do amigo
e pintor André Derain, foi um divisor de águas. “A noção de fazer um espírito habitar uma
figura vem daí", diz ela. “Você não olha para a escultura europeia daquele tempo e pensa
neste poder mágico."

A curadora vê na representação erótica das formas femininas uma âncora do diálogo entre
o pintor e o escultor. “Ele estava mapeando a renovação de sua linguagem em duas e três

30
dimensões ao mesmo tempo."(Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. O Estado de S. Paulo. 26
Setembro 2015)

Considere para o que se afirma:

I. O elemento sublinhado em ...que se permitia improvisação no meio. (2º parágrafo) introduz


uma restrição ao sentido do termo imediatamente anterior.

II. Sem prejuízo da correção e do sentido, o segmento sublinhado em Na década em


que predomina o metal... (2º parágrafo) pode ser substituído por: “à qual".

III. O elemento sublinhado em ...que moram no quinto andar do MoMA (3º parágrafo) é um
pronome, com o papel de sujeito na oração que introduz.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) II.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.
e) III.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

I. O termo é explicativo e não restritivo. Na verdade, a vírgula que traz uma oração restritiva.

II. A preposição 'em' se refere ao verbo "predomina". (o quem predomina,


predomina em...) o verbo predominar exige a preposição 'em' e não 'a';

III. "que" retoma "Demoiselles D'Avigno" = SUJEITO.

33 – Leia o texto abaixo para responder à questão.

Nos últimos dias, fomos bombardeados com estatísticas e reportagens alarmantes sobre
pais angustiados por não poder gastar o mesmo que gastaram no ano de 2014 no dia da
criança − em letras minúsculas. Não acredito em dia da criança em maiúsculas. Não há
celebração da infância (ou da maternidade e paternidade) que careça de compras. Todos
sabemos que são datas para movimentar o comércio e nada há de errado em aquecer a
atividade econômica. Mas, no caso das crianças, que não compreendem a comercialização do
afeto, é triste ver pais se desculpando por não poder comprar algo como se isto represente
uma falha em demonstrar dedicação aos filhos. Falar de dinheiro com os filhos parece quase
tão difícil quanto falar de sexo.

Num distante longo feriado, visitando uma família querida na costa oeste americana, me
surpreendi com a naturalidade de uma menina de oito anos, quando perguntei: “Qual é o plano
para amanhã?". “Compras", foi a resposta. A menina não me disse que precisava de um casaco
de inverno ou um livro para a escola. É possível que nada lhe faltasse no momento, mas o
programa seria comprar, verbo intransitivo. Minha surpresa era explicada pelo choque de

31
cultura e geração. Crescendo no Rio de Janeiro, o verbo comprar como uma atividade, tal
como ir à praia ou ao teatro, não era usado por crianças.

Um jornalista americano, que foi um dos inventores da cobertura sobre finanças pessoais,
lançou, este ano, o livro O Oposto de Mimados: Criando Filhos Generosos, Bem Fundamentados
e Inteligentes Sobre Dinheiro. Ron Lieber começou a ser emparedado pela própria filha de três
anos com perguntas sobre dinheiro que o faziam engasgar. Ele se deu conta de que uma das
maiores ofensas que se pode fazer a mães e pais é descrever seus filhos como mimados. O
verbo é passivo. Mimados por quem?

Assim, não chega a surpreender que pais vejam o impedimento para comprar como um
fracasso pessoal. (Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. Comprar, verbo intransitivo. In:
Cultura-Estadão, 12/10/2015)

Atente para as seguintes afirmações.

I. Na primeira frase do texto, as formas verbais “poder gastar" e “gastaram" têm o mesmo
sujeito.

II. No segmento É possível que nada lhe faltasse no momento... (2º parágrafo), caso se
substitua "nada" por "poucas coisas", o verbo "faltasse" deverá obrigatoriamente ser
flexionado no plural.

III. Em Não acredito em dia da criança em maiúsculas (1º parágrafo), não se pode acrescentar
uma vírgula imediatamente após “acredito", uma vez que "em dia da criança" é uma locução
adverbial.

Está correto o que se afirma APENAS em:

a) I e II.
b) III.
c) II e III.
d) II.
e) I e III.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

I – Correta.

II- Correto

III- Errado. Em dia da criança é objeto indireto, pois quem acredita, acredita em alguma coisa
e por isso não pode haver a virgula imediatamente após acredito pois não se separa o verbo
do seu complemento.

34 – Recém-chegado a Roma em 1505, Michelangelo Buonarroti foi contratado para fazer


aquela que vislumbrava como a obra de sua vida. O jovem que acabara de se consagrar como
escultor do Davi recebeu a incumbência de criar o futuro túmulo do papa Júlio II. O projeto
consistia no maior conjunto de esculturas desde a antiguidade. Mas Júlio II mudou de ideia:

32
antes de fazer o túmulo, resolveu reconstruir a Catedral de São Pedro. Com o adiamento,
Michelangelo recebeu um prêmio de consolação: pintar o teto de uma capela de uso reservado
que se encontrava em estado deplorável.

Michelangelo resistiu a pintar a capela não apenas por julgar que seria um projeto menor.
Relatos indicam que, na raiz disso, havia uma forte insegurança. O artista, que se considerava
um escultor, cortava de forma peremptória quando lhe pediam uma pintura: “não é minha
profissão”. Hoje, é curioso imaginar que o criador do teto da Capela Sistina possa ter resistido
a seu destino.

Michelangelo fez fortuna servindo a sete papas e a outros tantos notáveis, como o clã
florentino dos Medici. Nem sempre, porém, entregava o que prometia. Para sobreviver, enfim,
Michelangelo teve de enfrentar questões que afligem os seres humanos em qualquer tempo.
Como no caso de sua resistência a trocar a escultura pela pintura, quem nunca tremeu nas
bases ao ser forçado a sair de sua zona de conforto? Em matéria de pressão competitiva, a
arte renascentista não diferia tanto do ambiente de busca pelo alto desempenho das
corporações modernas. O jovem Michelangelo penou para demonstrar o valor de seu gênio
numa Florença dominada por estrelas veteranas como Leonardo da Vinci.

O corpo humano foi o campo de batalha artística de Michelangelo. Como definiu o pintor
futurista Umberto Boccioni (1882-1916), essa era sua “matéria arquitetônica para a construção
dos sonhos”. Michelangelo criou corpos perfeitos, mas irreais: o Davi tem musculatura de
homem adulto, mas compleição de menino. Com isso, o artista resgatava a imagem juvenil
dos deuses gregos.

(Adaptado de Revista VEJA. Edição 2445,


30/09/2015)

...antes de fazer o túmulo, resolveu reconstruir a Catedral de São Pedro.


O elemento que possui a mesma função sintática do sublinhado acima se encontra
também sublinhado em:

a) Recém-chegado a Roma em 1505...


b) ... havia uma forte insegurança.
c) O corpo humano foi o campo de batalha artística de Michelangelo.
d) Como definiu o pintor futurista Umberto Boccioni...
e) Mas Júlio II mudou de ideia...

Comentários

O gabarito é a alternativa B. A Catedral de São Pedro” tem a função de objeto direto que é
complementada pelo sentido de a forma verbal “reconstruir”. Na alternativa B, o verbo “haver”
é impessoal, por isso que permaneceu na 3ª pessoa do singular, tendo como seu complemento
direto a estrutura “uma forte insegurança”.

35 – A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o


continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias.
Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão
menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática.

33
Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava,
adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire", diz ele, “leem-se
aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a
linguagem que neles se encontram." E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa
medida no louvor e na crítica das nossas coisas.

Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior
através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das
estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada
a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de
sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás.

Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde
percorreu as regiões mal-afamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e
Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao
sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas!

Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e
para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-
Hilaire o “nosso" Saint-Hilaire.

Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia
vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de
Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento
parece apenas bom senso".

Precisamos ler muitos homens como Auguste SaintHilaire.

(Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso" Saint-Hilaire. Crônicas da


província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202)

Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil...

O elemento em destaque na frase acima exerce a mesma função sintática que o


segmento grifado em:

a) “Os livros de Auguste Saint-Hilaire (...) leem-se aos quinze anos como...”

b) Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática.

c) Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos
avaliar as dificuldades e fadigas...

d) A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o


continuador de Lamarck...

e) “...exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece


apenas bom senso”.

Comentários

34
O gabarito é a alternativa E. Quem é que voltou três vezes? Saint-Hilaire = Portanto SUJEITO
da oração. O enunciado quer o sujeito. "exposta com tanta clareza e simplicidade
que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso". Quem é que está exposta? A
profundeza do julgamento= SUJEITO da oração.

36 – Texto

A Globalização

A partir da segunda metade do século XX, o mundo parece ter ficado cada vez menor. Os
avanços nos sistemas de comunicação tornaram possível que pessoas de diferentes lugares
passassem a se falar e a estar em contato o tempo todo. As pessoas começaram a viajar mais
e, com isso, alteraram o seu modo de ver o mundo e de se relacionar.
Os satélites, a televisão e a Internet possibilitam que uma pessoa que mora no Brasil seja
informada de um fato que esteja ocorrendo do outro lado do mundo quase no exato momento
em que ele está acontecendo.
A globalização modificou a vida das pessoas no mundo e trouxe aspectos positivos, como o
maior contato entre indivíduos de lugares distantes e notícias em tempo real. Porém,
também trouxe aspectos negativos, entre os quais o aumento do desemprego, da pobreza e
de problemas sociais, como a violência urbana.
Alguns aspectos da globalização, como o acesso ao computador, ainda não são uma realidade
para milhões de pessoas no Brasil. Alguns programas sociais, porém, têm procurado levar
informação e conhecimento a todo o país.

(Cláudia Carvalho Neves)


"Os avanços nos sistemas de comunicação tornaram possível que pessoas de diferentes
lugares passassem a se falar e a estar em contato o tempo todo. As pessoas começaram a
viajar mais e, com isso, alteraram o seu modo de ver o mundo e de se relacionar".

As duas ocorrências do pronome "se" sublinhadas indicam, respectivamente,

a) sujeito indeterminado e sujeito indeterminado.


b) voz passiva e pronome reflexivo.
c) pronome reflexivo e pronome recíproco.
d) pronome recíproco e pronome recíproco.
e) pronome recíproco e sujeito indeterminado.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. PRONOME RECÍPROCO - quando dois seres trocam uma ação,
de modo que seja agente em relação ao outro - paciente.

37 – FESTA

Uma explicação simples para a proliferação nas favelas e nos subúrbios de campinhos de terra
batida: o futebol, no Brasil, é esse fenômeno que leva à gloria e à fortuna um menino pobre,
quase sempre negro ou mulato, o que já o situa em um país que aboliu a escravidão mas não
a sua herança.

35
Pelé ou Neymar, esse menino serve de espelho às esperanças de um povo inteiro a quem o
futebol oferece uma oportunidade — rara, quase única — de se sentir o melhor do mundo. A
centralidade do futebol na vida dos brasileiros é razão de sobra para vivermos este mês em
estado de euforia como se na Copa do Mundo estivesse em jogo a nossa identidade. (...)

A Copa do Mundo revela ambiguidades de nosso tempo. Um bilhão e meio de pessoas assistem
às mesmas imagens confirmando o avanço da globalização. Mas o conteúdo das imagens a
que todos assistem afirma os pertencimentos nacionais, expressos com símbolos ancestrais,
bandeiras, emblemas, hinos entoados com lágrimas nos olhos. O nosso é cantado a capela
pelos jogadores e uma multidão em verde e amarelo desafiando o regulamento da FIFA,
entidade sem pertencimento que salpica no espetáculo, em poucas notas mal tocadas, o que
para cada povo é a evocação emocionada de sua história. No mundo de hoje comunicação e
mobilidade se fazem em escala global, mas os sentimentos continuam tingidos pelas cores da
infância.

O respeito às regras, saber ganhar e saber perder, são conquistas de um pacto civilizatório
cuja validade se testa a cada jogo. (...)

O futebol é useiro e vezeiro em contrariar cenários previsíveis. O acaso pode ser um


desmancha-prazeres. A multidão que se identifica com os craques e que conta com eles para
realizar o gesto de grandeza que em vidas sem aventuras nunca acontece, essa massa
habitada pela nostalgia da glória deifica os jogadores e esquece — e por isso não perdoa —
que deuses às vezes tropeçam nos próprios pés, na angústia e no medo.

É essa irrupção do acaso que faz do futebol mais do que um esporte, um jogo, cuja emoção
nasce de sua indisfarçada semelhança com a própria vida, onde sucesso ou fracasso depende
tanto do imponderável. Não falo de destino porque a palavra tem a nobreza das tragédias
gregas, do que estava escrito e fatalmente se cumprirá. O acaso é banal, é próximo do
absurdo. É, como poderia não ter sido. Se o acaso é infeliz chamamos de fatalidade. Feliz, de
sorte. O acaso decide um jogo. Nem sempre a vida é justa, é o que o futebol ensina.

(...)

A melhor técnica, o treino mais cuidadoso estão sujeitos aos deslizes humanos.

(...)

O melhor do futebol é a alegria de torcer. Essa Copa do Mundo vem sendo uma festa vivida
nos estádios, nas ruas e em cada casa onde se reúnem os amigos para misturar ansiedades.
A cada gol da seleção há um grito que vem das entranhas da cidade. A cidade grita. Nunca
tinha ouvido o Rio gritar de alegria. Um bairro ou outro, talvez, em decisões de campeonato.
Nunca a cidade inteira, um país inteiro. Em tempos de justificado desencanto e legítimo mau
humor, precisamos muito dessa alegria que se estende noite adentro nas celebrações e na
confraternização das torcidas.

Passada a Copa, na retomada do cotidiano, é provável que encontremos intactos o desencanto


e o mau humor, já que não há, à vista, sinais de mudança no que os causou. Uma razão a
mais para valorizar esse tempo de alegria na vida de uma população que, no jogo da vida,
sofre tantas faltas.

(OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Festa. Seção: Opinião. O Globo, 21.6.2014, p. 20).

36
O pronome relativo sublinhado exerce a função de objeto direto (e não de sujeito)
em:

a) que salpica o que para cada povo é a evocação (...)( 3º §);


b) a multidão que se identifica com os craques (...) (5º §);
c) (...) é essa irrupção do acaso que faz do futebol (...) (6º §);
d) nem sempre a vida é justa. É o que o futebol ensina (6º §);
e) (...) não há (...) sinais de mudança no que os causou (9º §).

Comentários

O gabarito é a alternativa D. Nesse caso, o pronome relativo "que" está retomando o pronome
demonstrativo "o" que é objeto direto do verbo ensinar cujo sujeito é "futebol". Nas demais,
o pronome relativo exerce a função de sujeito.

38 – Texto

A formação da cidadania

Em todas as manifestações de caráter social, político e econômico, da mais inconsequente


opção (pessoal) às mais sérias decisões do governo, o ser humano é guiado por dois
comportamentos básicos: pensar e agir, de acordo com os conhecimentos disponíveis. (....)

A interação contínua entre pensamento e ação permite ao homem tomar decisões, tanto
as de natureza particular – como a escolha de um curso ou profissão ou a compra de um par
de sapatos -, quanto as que terão consequências coletivas, como a eleição de governantes ou
a participação em manifestações públicas. Portanto, de modo geral, as decisões não são
arbitrárias. Não importa o grau de consciência política que o indivíduo possui, ou a massa de
conhecimentos de que ele dispõe sobre uma questão: há sempre uma dose de reflexão em
cada um dos seus atos.

É fácil de constatar que as ideias, as opiniões, as atitudes e as ações não seguem um


esquema simples, mecanicista e uniforme, pois as diferentes preocupações que atormentam
o homem se embaralham e se cruzam a cada instante e às vezes se chocam. É como se todas
as provas automobilísticas do mundo fossem disputadas ao mesmo tempo no mesmo
autódromo.

A formação do cidadão consiste em capacitá-lo a pôr ordem nesse processo, que se


desenvolve ao seu redor mas sempre explode dentro dele. A principal contribuição formativa
da educação é a de atuar sobre esse mecanismo mental decisório e ajustá-lo o mais
corretamente possível, equilibrando os conhecimentos, as habilidades e as atitudes segundo
padrões éticos, morais e outros, válidos para todos ou para a maioria das pessoas.

Não existe um método infalível para que alguém possa chegar, sempre, às melhores
decisões sobre todas as coisas, mas pode-se melhorar a capacidade de raciocínio com a
prática, o estudo, a crítica, a reflexão. O grande objetivo, que mais parece um ideal inatingível,
é conseguir que cada indivíduo se torne autônomo, isto é, que seja capaz de decidir por si
mesmo, não se sujeitando à interferências ou pressões externas. É o caminho que levará à
formação de cidadãos conscientes.

37
(Martinez, Paulo. Direitos de cidadania – um lugar ao sol.)

“É fácil de constatar que as ideias, as opiniões, as atitudes e as ações não seguem um esquema
simples, mecanicista e uniforme, pois as diferentes preocupações que atormentam o homem
se embaralham e se cruzam a cada instante e às vezes se chocam”.

Sobre os componentes desse segmento do texto, é correto afirmar que:

a) não há necessidade do emprego da preposição de após “é fácil”.


b) os três empregos do pronome se possuem valores diferentes.
c) o pronome que apresenta “ideias, opiniões, atitudes, ações” como antecedentes.
d) os sujeitos de embaralham e cruzam são diferentes.
e) simples e uniforme são sinônimos.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. A preposição DE é facultativa ao introduzir uma oração: (1)


completiva nominal ou (2) objetiva indireta. Vale dizer que depois de adjetivos como
certo/seguro/ansioso ou substantivos como esperança/receio/medo (no caso 1), ou de verbos
transitivos indiretos que regem a preposição DE, como duvidar/lembrar/convencer-se (no caso
2), muitas vezes a preposição DE é omitida, especialmente na linguagem falada. É chamada
de elipse preposicional.

39 – O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha

aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela
minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios


E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha


E o Tejo entra no mar em Portugal
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo


Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

38
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

(Alberto Caeiro)

E o Tejo entra no mar em Portugal

O elemento que exerce a mesma função sintática que o sublinhado acima encontra-
se em

a) a fortuna. (4a estrofe)


b) A memória das naus. (2a estrofe)
c) grandes navios. (2a estrofe)
d) menos gente. (3a estrofe)
e) a América. (4a estrofe)

Comentários

O gabarito é a alternativa B. O fragmento o tejo tem grandes navios e navega nele ainda,
para aqueles que veem em tudo o que lá não está, a memória das naus está em ordem indireta.
ao inserir a memória das naus entre a conjunção E e o verbo navega, tem-se: o tejo tem
grandes navios e a memória das naus navega nele ainda. Constrói-se, pois, a função sintática
de sujeito.

40 – Lições dos museus

Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante
a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as
casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e objetos de arte. O quebra-quebra era um
jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional debateu durante
meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser
considerados patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que
todos visitariam, preservando agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.

A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez
que estava começando uma nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua
origem, mas por sua capacidade e potencialidades pessoais? Não seria lógico destruir os
vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido segundo o qual
era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.

Dessa escolha nasceram os museus e, logo depois, a decisão de preservar os monumentos


históricos. Na mesma época, na Europa inteira, ganhou força o interesse pela História. A
justificativa seria: lembrar para não repetir. Não deu muito certo, ao que tudo indica, pois
nunca paramos de repetir o pior. No fundo, não queremos que o passado decida nosso destino:
o que nos importa, em princípio, é sempre o futuro.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha,


2004, p. 330-331)

39
A frase em que ambos os elementos sublinhados exercem a função de núcleo do
sujeito é:

a) Os bens dos aristocratas deviam ser considerados patrimônio de quem os tomou.


b) Os parisienses revoltados arrebentaram as casas dos nobres.
c) Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna.
d) Muitos acham que não é justo apagar os vestígios do passado.
e) Dessa escolha da Assembleia Nacional nasceram os museus.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Em A, o termo “bens” é núcleo do sujeito e o vocábulo “quem”


refere-se ao núcleo do sujeito. Em B, “parisienses” é núcleo do sujeito; revoltados é adjunto
adnominal; “nobres” qualifica casas, logo é adjunto adnominal. Em C, “museus” é núcleo do
sujeito; “invenção” (moderna) é predicativo do sujeito. Em D, o sujeito oracional, logo não há
núcleo e vestígios é objeto direto. Em E, “escolha” não é sujeito; “museus” é núcleo do sujeito.

41 – Texto 1 “Brasileiro adora elogio de estrangeiro. Ninguém questiona quando falam bem
da gente. Quando nos criticam, porém, a história é outra. Quem nos critica é mal-intencionado
– ou quer nos colonizar. Se a revista Economist publica na capa o Cristo Redentor em forma
de foguete, com a manchete 'o Brasil decola', é chamada de “a melhor revista do mundo". Se
traz o mesmo Cristo Redentor voando desgovernado, com a pergunta 'O Brasil estragou tudo?',
é acusada de 'instrumento do capital internacional'. Muito da dificuldade que encontramos em
lidar com a crítica decorre de insegurança em relação a nossa identidade nacional. Não
sabemos bem quem somos." (Alexandre Vidal Porto. Folha de São Paulo.) “Ninguém questiona
quando falam bem da gente. Quando nos criticam, porém, a história é outra. Quem nos critica
é mal- intencionado – ou quer nos colonizar". Assinale a opção que indica o problema estrutural
desse segmento do texto.

a) O emprego simultâneo de “a gente" e “nós".


b) O uso da forma plural “falam" sem sujeito explícito.
c) O deslocamento de “porém" para o meio da frase.
d) A grafia de “mal-intencionado" com hífen.
e) A colocação do pronome “nos" entre dois verbos.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Só se usa hífen depois de mal se a palavra seguinte começar


por h ou vogal. Seu oposto, a palavra bem, sempre é seguido de hífen. O pronome "nos"
pressupõe uma estrutura baseada no pronome "nós", esteja ele escrito ou oculto. Isso
é coesão textual. O correto seria: Ninguém questiona quando falam bem de nós.
Quando nos criticam, porém, a história é outra. Quem nos critica é mal- intencionado – ou
quer nos colonizar; ou: Ninguém questiona quando falam bem da gente. Quando criticam a
gente, porém, a história é outra. Quem critica a gente é mal- intencionado – ou
quer colonizar a gente".

40
42 – Dia do Trabalho

Em abril de 1886, eclodiram nos Estados Unidos diversas greves, nas quais os operários
reivindicavam jornada de trabalho de oito horas diárias. Essa reivindicação baseava-se em um
raciocínio muito simples: se o dia tem 24 horas, deveria ser dividido logicamente em três
partes de oito horas - uma para o trabalho, outra para descanso e lazer e outra para o estudo.

Em 1° de maio do mesmo ano, milhares de trabalhadores de Chicago iniciaram uma greve


geral. Três dias depois, a praça Haymarket, na cidade, foi ocupada por operários anarquistas
reunidos em um grande comício para protestar contra a morte de grevistas na porta de uma
fábrica no dia anterior. Quase no fim da manifestação, a polícia ordenou que os operários
abandonassem imediatamente a praça. Nesse momento uma bomba foi atirada na direção dos
policiais, matando um deles e ferindo vários outros. Seguiu-se um tiroteio, no qual foram
mortos vários manifestantes.

Os anarquistas foram acusados de atirar a bomba, o que motivou uma grande campanha
na imprensa para reprimir o movimento. Alguns dias depois, oito líderes foram presos e
julgados rapidamente. Sete deles foram condenados a morte sem provas conclusivas sobre
seu envolvimento no atentado. Ao final do processo, dois condenados à morte tiveram a pena
transformada em prisão perpétua, um se suicidou na prisão e quatro foram enforcados em
praça pública.

Esses manifestantes passaram a ser lembrados como os "mártires de Chicago” . Em


homenagem a eles, a partir de 1890 correntes ideológicas do movimento operário internacional
e organizações sindicais passaram a comemorar em 1° de maio o Dia do Trabalho, realizando
grandes manifestações em todo o mundo, exceto nos Estados Unidos. Curiosamente, no país
onde ocorreu o massacre de Chicago, o Dia do Trabalho é comemorado oficialmente na
primeira segunda-feira de setembro, desde 1894.

(Marcos Napolitano e Mariana Villaça)

Assinale a frase em que não ocorre a presença de um sujeito posposto.

a) "Curiosamente, no país onde ocorreu o massacre de Chicago...".


b) "... o Dia do Trabalho é comemorado oficialmente na primeira segunda-feira de setembro,
desde 1894”.
c) "Em abril de 1886, eclodiram nos Estados Unidos diversas greves...".
d) "Seguiu-se um tiroteio..".
e) "...no qual foram mortos vários manifestantes”.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Sujeito posposto é o que se entende por ordem inversa, na qual
alguns termos são encontrados em combinação contrária ao esperado (ex.: verbo + sujeito
= sujeito posposto). Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente
pela ordem direta (sujeito + verbo + predicado), é comum encontrarmos alguns termos em
posições variadas na oração. Assim, a oração “...o Dia do Trabalho é comemorado oficialmente

41
na primeira segunda-feira de setembro, desde 1894” é a única que traz um sujeito posposto.
O dia do trabalho é o sujeito e o verbo é “comemorar”.

43 – Dia do Trabalho

Em abril de 1886, eclodiram nos Estados Unidos diversas greves, nas quais os operários
reivindicavam jornada de trabalho de oito horas diárias. Essa reivindicação baseava-se em um
raciocínio muito simples: se o dia tem 24 horas, deveria ser dividido logicamente em três
partes de oito horas - uma para o trabalho, outra para descanso e lazer e outra para o estudo.

Em 1° de maio do mesmo ano, milhares de trabalhadores de Chicago iniciaram uma greve


geral. Três dias depois, a praça Haymarket, na cidade, foi ocupada por operários anarquistas
reunidos em um grande comício para protestar contra a morte de grevistas na porta de uma
fábrica no dia anterior. Quase no fim da manifestação, a polícia ordenou que os operários
abandonassem imediatamente a praça. Nesse momento uma bomba foi atirada na direção dos
policiais, matando um deles e ferindo vários outros. Seguiu-se um tiroteio, no qual foram
mortos vários manifestantes.
Os anarquistas foram acusados de atirar a bomba, o que motivou uma grande campanha
na imprensa para reprimir o movimento. Alguns dias depois, oito lideres foram presos e
julgados rapidamente. Sete deles foram condenados a morte sem provas conclusivas sobre
seu envolvimento no atentado. Ao final do processo, dois condenados à morte tiveram a pena
transformada em prisão perpétua, um se suicidou na prisão e quatro foram enforcados em
praça pública.

Esses manifestantes passaram a ser lembrados como os "mártires de Chicago”. Em


homenagem a eles, a partir de 1890 correntes ideológicas do movimento operário internacional
e organizações sindicais passaram a comemorar em 1° de maio o Dia do Trabalho, realizando
grandes manifestações em todo o mundo, exceto nos Estados Unidos. Curiosamente, no país
onde ocorreu o massacre de Chicago, o Dia do Trabalho é comemorado oficialmente na
primeira segunda-feira de setembro, desde 1894.

(Marcos Napolitano e Mariana Villaça)

"Nesse momento uma bomba foi atirada na direção dos policiais, matando um deles e ferindo
vários outros”.

Sobre os componentes desse segmento do texto, assinale a afirmativa correta.

a) "Nesse momento” se refere ao momento da morte do policial.


b) "foi atirada” se refere a uma ação praticada pela "bomba".
c) "na direção dos policiais" indica uma ação involuntária.
d) "matando" e "ferindo" são ações praticadas pelo mesmo agente.
e) "um deles' indica um policial qualquer, não uma quantidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. "matando" e "ferindo" foram provocados pelo mesmo agente, a


bomba.

42
A alternativa A está incorreta. Nesse momento" faz referência ao momento em que a
bomba é lançada.

A alternativa B está incorreta. "Foi atirada" se refere à ação praticada pelos manifestantes.

A alternativa C está incorreta. “na direção dos policiais" é uma ação provocada com
intenção.

A alternativa E está incorreta. "um deles", perceba que ele quantifica, um morreu, os
outros, foram feridos.

44 – A justiça é o tema dos temas da Filosofia do Direito por conta da força de um sentimento
que atravessa os tempos: o de que o Direito, como uma ordenação da convivência humana,
esteja permeado e regulado pela justiça. A palavra direito, em português, vem de directum,
do verbo latino dirigere, dirigir, apontando, dessa maneira, que o sentido de direção das
normas jurídicas deve ser o de se alinhar ao que é justo.

O acesso ao conhecimento do que é justo, no entanto, não é óbvio. Basta lembrar que os
gregos, para lidar com as múltiplas vertentes da justiça, valiam-se, na sua mitologia, de mais
de uma divindade: Têmis, a lei; Diké, a equidade; Eirene, a paz; Eunômia, as boas leis;
Nêmesis, que pune os crimes e persegue a desmedida.

No mundo contemporâneo o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades, que
torna ainda mais problemático o acesso ao conhecimento do que é justiça, por meio da razão,
da intuição ou da revelação. Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
justiça, que surge como um valor que emerge da tensão entre o ser das normas do Direito
Positivo e de sua aplicação, e o dever ser dos anseios do justo. Na dinâmica dessa tensão tem
papel relevante o sentimento de justiça. Este é forte, mas indeterminado. Daí as dificuldades
da passagem do sentir para o saber. Por esse motivo, a tarefa da Teoria da Justiça é um
insistente e contínuo repensar o significado de justiça no conjunto de preferências, bens e
interesses positivados pelo Direito.

(Celso Lafer. O Estado de S. Paulo, A2, Espaço aberto, 18 de novembro de 2012,


trecho)

No mundo contemporâneo o Direito tem uma complexa função de gestão das


sociedades, que torna ainda mais problemático o acesso ao conhecimento do que é
justiça, por meio da razão, da intuição ou da revelação.

Considerando-se o segmento acima, a afirmativa que NÃO condiz com a estrutura


sintática é:

a) trata-se de período composto por coordenação.


b) o Direito e que exercem função de sujeito, no período.
c) gestão e acesso são palavras que possuem, igual- mente, complemento nominal.
d) ainda mais problemático é um termo que exerce função de predicativo.
e) o termo por meio da razão, da intuição ou da revelação tem sentido adverbial.

43
Comentários

O gabarito é a alternativa A. Período composto por coordenação é aquele separado por


vírgulas e não CONJUNÇÕES. No caso da frase, há conjunções, o que configura período
composto por subordinação.

45 – “As melhores e as mais lindas coisas do mundo não se podem ver nem tocar. Elas devem
ser sentidas com o coração. Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam,
e do caos nascem as estrelas.

Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro
valor do homem é o seu caráter, suas ideias e a nobreza dos seus ideais.”

(Charles Chaplin)

Das frases abaixo, assinale aquela que possui um sujeito posposto.

a) “As melhores e as mais lindas coisas do mundo não se podem ver nem tocar.”
b) “Elas devem ser sentidas com o coração.”
c) “Não devemos ter medo dos confrontos.”
d) “Até os planetas se chocam.”
e) “...do caos nascem as estrelas.”

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Sujeito Posposto: Embora a Língua Portuguesa se apresente


predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo + predicado), é comum encontrarmos
alguns termos em posições variadas na oração. É o que se entende por ordem inversa, na qual
alguns termos são encontrados em combinação contrária ao esperado (ex.: verbo + sujeito =
sujeito posposto). Das alternativas, a única que apresenta um sujeito depois do verbo é a
alternativa E.

46 – Texto

Contraste entre discurso e realidade

No contexto político em que vivemos, sentimos saudade de alguns conceitos de verdade


que estão na raiz da filosofia e da teologia. Se para Sócrates a verdade está ligada à sabedoria
humana, o discurso verdadeiro, segundo Platão, é aquele que diz como as coisas são. Na
profundidade do pensamento de Santo Agostinho, a verdade não é minha e nem tua para que
seja nossa, ou, como muito bem conceituou Santo Tomás de Aquino, a verdade é a adequação
entre a inteligência e a coisa, ou seja, a realidade das coisas. Parece que nenhum deles se
ajusta ao contexto das atuais propagandas políticas.

O que chama atenção de todos nós neste momento é que nos debates políticos não aparece
com relevância a riqueza do conceito de verdade, pois os mesmos não demonstram sabedoria
humana, não se diz com transparência como as coisas são, não aparece a adequação entre a
inteligência e a realidade das coisas, e carece de humildade para dizer que a verdade não está

44
apenas naquilo que eu afirmo, ou que outros do meu partido estão afirmando, subestimando
o todo, e, portanto, nunca poderá ser nossa no sentido mais amplo. Esquecemo-nos muitas
vezes de sublinhar que a verdade tem uma dimensão ética de compromisso com aquilo que é
anunciado publicamente no discurso.

A maquiagem marqueteira que conduz os atores políticos esconde o significado profundo


da verdade, resultando em debates carentes em profundidade de argumentos, e não imbuídos
de verdade sobre a realidade, limitando-se a discussões acusativas, ofensivas e contraditórias.
Os contrastes entre o discurso e a realidade, a riqueza de experiências humanas dos
candidatos e a superficialidade de suas propostas, a carência de discussões e debates de temas
de relevância para o país, entre outros, estiveram distantes de nossas propagandas políticas
nestas eleições.
Como a verdade é o que nos liberta, segundo os ensinamentos de Jesus Cristo, temos a
esperança que nesta segunda etapa das eleições possamos ter a verdade como princípio
inspirador dos debates políticos, não subestimando a inteligência de nosso povo, pois o mesmo
conhece bem a realidade das coisas, estando ávido para ouvir as propostas e assumir-las como
verdadeiras, subsidiando as suas escolhas e pensando melhor no futuro de nosso Brasil.

(Adaptado. Josafá Carlos de Siqueira, O Globo, 22/10/2014)

“O que chama atenção de todos nós neste momento é que nos debates políticos não aparece
com relevância a riqueza do conceito de verdade, pois os mesmos não demonstram sabedoria
humana, não se diz com transparência como as coisas são, não aparece a adequação entre a
inteligência e a realidade das coisas, e carece de humildade para dizer que a verdade não está
apenas naquilo que eu afirmo...”.

Nesse segmento, as quatro frases sublinhadas são exemplos do que “chama atenção
de todos nós”. O problema de construção dessas frases é que

a) o tempo verbal das frases não é o mesmo.


b) os sujeitos das formas verbais são diferentes.
c) os sujeitos aparecem pospostos aos verbos.
d) a forma verbal “carece” não tem sujeito identificado.
e) as frases apresentam extensões inadequadas.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O verbo "carecer" está no singular e não está ligado a debates
políticos, no plural. Apresentando assim, problema de construção, discordância verbal.

47 - Texto I

A maçã não tem culpa

Pela lenda judaico-cristã, o homem nasceu em inocência. Mas a perdeu quando quis
conhecer o bem e o mal. Há uma distorção generalizada considerando que o pecado original
foi um ato sexual, e a maçã ficou sendo um símbolo de sexo.

Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia, Adão e Eva já tinham filhos pelos métodos
que adotamos até hoje. Não usaram proveta nem recorreram à sapiência técnica e científica

45
do ex-doutor Abdelmassih. Numa palavra, procederam dentro do princípio estabelecido pelo
próprio Senhor: “Crescei e multiplicaivos". O pecado foi cometido quando não se submeteram
à condição humana e tentaram ser iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal. A folha de
parreira foi a primeira escamoteação da raça humana. Criado diretamente por Deus ou
evoluído do macaco, como Darwin sugeriu, o homem teria sido feito para viver num paraíso,
em permanente estado de graça. Nas religiões orientais, creio eu, mesmo sem ser entendido
no assunto (confesso que não sou entendido em nenhum assunto), o homem, criado ou
evoluído, ainda vive numa fase anterior ao pecado dito original. Na medida em que se
interioriza pela meditação, deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges, o homem
busca a si mesmo dentro do universo físico e espiritual. Quando atinge o nirvana, lendo a obra
completa do meu amigo Paulo Coelho, ele vive uma situação de felicidade, num paraíso
possível. Adão e Eva, com sua imensa prole, poderiam ter continuado no Éden se não tivessem
cometido o pecado. A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso. Repito: o pecado
original não foi o sexo, o ato do sexo, prescrito pelo próprio latifundiário, dono de todas as
terras e de todos os mares. A responsabilidade pelo pecado foi a soberba do homem em ter
uma sabedoria igual à de seu Criador.

(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo)

Assinale a opção que indica a frase em que o sujeito aparece posposto ao verbo.

a) “Há uma distorção generalizada”.


b) “a maçã ficou sendo um símbolo do sexo”.
c) “Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia”.
d) “A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso”.
e) “O pecado original não foi o sexo”

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Observe que, na letra C, o sujeito do verbo "ocorrer"


é "episódio". Então, vê-se que o sujeito está POSPOSTO ao verbo (está depois do verbo).

A primeira pergunta que fazemos ao verbo nos dá como resposta o sujeito (Pergunta: O que
ocorreu? Resposta: O episódio). Somente após essa primeira pergunta, é que vamos em busca
dos complementos verbais, se houver.

48 – TEXTO 1 – DIREITO AFETIVO

João Paulo Lins e Silva, O Globo, 09/10/2014

Acompanhamos recentemente notícias na imprensa sobre registros de nascimento de menores


com a inclusão de duas mães e um pai. Três atos distintos ocorreram; um em Minas Gerais e
dois no Rio Grande do Sul. Por maior semelhança, carregam os registros características
peculiares, mas que trazem e antecipam uma forte tendência, com a visão da família
multiparental, ou seja, a capacidade de uma pessoa possuir, simultaneamente, mais de um
pai ou de uma mãe em seu registro de nascimento. O que poderia soar absurdo ou, no mínimo,

46
estranho antigamente, a evolução do formato da família brasileira força a necessidade de uma
adequação de nossa legislação notarial.

A frase abaixo em que o sujeito do verbo sublinhado aparece posposto é:

a) “acompanhamos recentemente notícias na imprensa”;


b) “três atos distintos ocorreram”;
c) “por maior semelhança, carregam os registros características peculiares”;
d) “mas que trazem e antecipam uma forte tendência”;
e) “a evolução do formato da família brasileira força a necessidade de uma adequação”.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. “Os registros" é sujeito da oração e está localizado após o


verbo sublinhado.

49 – Não há hoje no mundo, em qualquer domínio de atividade artística, um artista cuja arte
contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin. A razão vem de que o tipo de Carlito
é uma dessas criações que, salvo idiossincrasias muito raras, interessam e agradam a toda a
gente. Como os heróis das lendas populares ou as personagens das velhas farsas de
mamulengos.

Carlito é popular no sentido mais alto da palavra. Não saiu completo e definitivo da cabeça
de Chaplin: foi uma criação em que o artista procedeu por uma sucessão de tentativas erradas.

Chaplin observava sobre o público o efeito de cada detalhe.

Um dos traços mais característicos da pessoa física de Carlito foi achado casual. Chaplin
certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. O público riu:
estava fixado o andar habitual de Carlito.

O vestuário da personagem - fraquezinho humorístico, calças lambazonas, botinas


escarrapachadas, cartolinha - também se fixou pelo consenso do público.

Certa vez que Carlito trocou por outras as botinas escarrapachadas e a clássica cartolinha,
o público não achou graça: estava desapontado. Chaplin eliminou imediatamente a variante.
Sentiu com o público que ela destruía a unidade física do tipo. Podia ser jocosa também, mas
não era mais Carlito.

Note-se que essa indumentária, que vem dos primeiros filmes do artista, não contém nada
de especialmente extravagante. Agrada por não sei quê de elegante que há no seu ridículo de
miséria. Pode-se dizer que Carlito possui o dandismo do grotesco.

Não será exagero afirmar que toda a humanidade viva colaborou nas salas de cinema para
a realização da personagem de Carlito, como ela aparece nessas estupendas obras-primas de
humor que são O garoto, Em busca do ouro e O circo.

Isto por si só atestaria em Chaplin um extraordinário discernimento psicológico. Não


obstante, se não houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura, seria levado
por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o
fácil gosto do público.

47
Aqui é que começa a genialidade de Chaplin. Descendo até o público, não só não se
vulgarizou, mas ao contrário ganhou maior força de emoção e de poesia. A sua originalidade
extremou-se. Ele soube isolar em seus dados pessoais, em sua inteligência e em sua
sensibilidade de exceção, os elementos de irredutível humanidade. Como se diz em linguagem
matemática, pôs em evidência o fator comum de todas as expressões humanas.

(Adaptado de: Manuel Bandeira. “O heroísmo de Carlito”.Crônicas da província do


Brasil. 2. ed. São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 219-20)

Aqui é que começa a genialidade de Chaplin.

O elemento que desempenha a mesma função sintática desempenhada pelo


segmento grifado na frase acima está grifado em:

a) Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético.


b) Chaplin eliminou imediatamente a variante.
c) ... uma criação em que o artista procedeu por uma sucessão de tentativas erradas.
d) ... o tipo de Carlito é uma dessas criações que, salvo idiossincrasias muito raras,
interessam e agradam a toda a gente.
e) Carlito é popular no sentido mais alto da palavra.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. "A genialidade de Chaplin(suj.) começa (VI) aqui (adj. adv.
lugar)".

É QUE: partícula expletiva. Não tem função na frase. Pode ser suprimida sem causar
alterações.

Dessa forma, não pode ser confundida com or. sub. subst. Letra C também evidencia o sujeito.

50 – Texto 1 – Advogado do diabo

Márcio Cotrim

A expressão vem da Igreja Católica. Sempre que é iniciado um processo de canonização – ou


seja, de avaliar a santificação de uma pessoa -, a Igreja nomeia oficialmente alguém que
procura descobrir-lhe os defeitos. Em latim, esse cidadão é o Advocatus Diaboli, Advogado do
Diabo e terá como oponente aquele que é a favor da canonização, o chamado Advocatus
Dei, Advogado de Deus.

Instalado o processo – que passa por várias etapas e pode levar anos, até séculos para ser
concluído -, trava-se discussão minuciosa e circunstanciada. De um lado, a busca da prova
indiscutível dos milagres do candidato à santidade. Do outro, aquele que traz a público as
informações de que ele não era tão santinho como parecia...

48
O termo do segundo parágrafo do texto 1 que exerce a função de adjunto e não de
complemento ou sujeito é:

a) as informações;
b) tão santinho;
c) a público;
d) discussão minuciosa;
e) à santidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. A alternativa correta é a "C" (a público), pois a referida


expressão exerce a função sintática de adjunto adverbial de modo (a público = publicamente).
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE ADJUNTO ADNOMINAL E COMPLEMENTO NOMINAL:
PRIMEIRA DIFERENÇA: o complemento nominal se liga a substantivos abstratos, a adjetivos e
a advérbios; o adjunto se liga a substantivos, que podem ser abstratos ou
concretos. SEGUNDA DIFERENÇA: o complemento nominal tem sentido passivo, ou seja,
recebe a ação expressa pelo nome a que se liga; o adjunto tem sentido ativo, isto é, ele pratica
a ação expressa pelo substantivo modificado por ele. TERCEIRA DIFERENÇA: o complemento
não expressa ideia de posse; o adjunto frequentemente indica posse.

51 – Cafezinho

Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe
disseram que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à
conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.

Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor
podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:

— Ele foi tomar café.

A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de


pessoas. O remédio é ir tomar um "cafezinho". Para quem espera nervosamente, esse
"cafezinho" é qualquer coisa infinita e torturante. Depois de esperar duas ou três horas dá
vontade de dizer:

— Bem, cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho.

Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares
este recado simples e vago:

— Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.

Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:

— Ele está? - alguém dará o nosso recado sem endereço. Quando vier o amigo e quando
vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a morte vier, o
recado será o mesmo:

49
— Ele disse que ia tomar um cafezinho...

Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para
deixá-lo. Assim dirão:

— Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu dele está aí...

Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais.
Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.

Quando vier a grande hora de nosso destino nós teremos saído há uns cinco minutos para
tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.
(Rubem Braga)

"Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram
que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão
de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café".

Nesse segmento, a forma verbal que não tem agente identificado é

a) leio.
b) precisava falar.
c) disseram.
d) havia ido tomar.
e) chegou.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Leio (O CRONISTA) a reclamação de um repórter irritado


que precisava falar (REPÓRTER) com um delegado e lhe disseram (QUEM?) que o homem
havia ido tomar (DELEGADO) um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou (REPÓRTER)à
conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café". AGENTE: SUJEITO QUE
PRATICA ALGUMA AÇÃO OU ESTÁ IMPLÍCITO NO TEXTO.

52 – Acredite, progredimos sim

Faz hoje exatos 50 anos do chamado Comício da Central do Brasil, que funcionou como
acelerador para a conspiração já em andamento que acabaria por depor o presidente
constitucional João Belchior Marques Goulart, apenas 18 dias depois.

É bom olhar para trás para verificar que, pelo menos no terreno institucional, o país progrediu
bastante desde que chegou ao fim o ciclo militar, há 29 anos. É um dado positivo em uma
nação com tão formidável coleção de problemas e atraso em tantas áreas como o Brasil.

Ajuda-memória: o comício foi organizado pelo governo Goulart. Havia uma profusão de
bandeiras vermelhas pedindo a legalização do ainda banido Partido Comunista Brasileiro, o
que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com
que se atiça o touro na arena.

50
Se fosse pouco, havia também faixas cobrando a reforma agrária, anátema para os poderosos
latifundiários e seus representantes no mundo político.

Para completar, Jango aproveitou o comício para assinar dois decretos, ambos tomados como
“comunizantes" pelos seus adversários: o que desapropriava refinarias que ainda não eram da
Petrobrás e o que declarava de utilidade pública para fins de desapropriação terras rurais
subutilizadas.

Na visão dos conspiradores, eram dois claros atentados à propriedade privada e, como tais,
provas adicionais de que o governo preparava a comunização do país.

Cinquenta anos depois, é um tremendo progresso, do qual talvez nem nos damos conta, o fato
de que bandeiras vermelhas - ou azuis ou amarelas ou verdes ou brancas ou pretas - podem
ser tranquilamente exibidas em atos públicos sem que se considere estar ameaçada a ordem
estabelecida.

Reforma agrária deixou de ser um anátema, e a desapropriação de terras ociosas é comum


mesmo em governos que a esquerda considera de direita ou conservadores.

Continua, é verdade, a batalha ideológica entre ruralistas e o Movimento dos Trabalhadores


Sem Terra, mas ela se dá no campo das ideias, sem que se chame a tropa para resolvê-la.
Pena que ainda continuemos primitivos o suficiente para que haja mortes no campo (além de
trabalho escravo), mas, de todo modo, ninguém pensa em chamar o Exército por causa dessa
carência.

Nos quase 30 anos transcorridos desde o fim do ciclo militar, foi possível, dentro da mais
absoluta ordem e legalidade, promover o impeachment de um presidente, ao contrário do
ocorrido em 1964, ano em que Jango foi impedido à força de exercer o poder.

Votei pela primeira vez para presidente em 1989, quando já tinha 46 anos. Meus filhos também
votaram pela primeira vez naquela ocasião, o que significa que uma geração inteira teve
capada parte essencial de sua cidadania durante tempo demais.

Hoje, votar para residente é tão rotineiro que ficou até meio monótono. Democracia é assim
mesmo.

Pena que esse avanço institucional inegável não tenha sido acompanhado por qualidade das
instituições. Espero que esse novo passo não leve 50 anos.

(Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 13/03/2014)

“Ajuda-memória: o comício foi organizado pelo governo Goulart. Havia uma profusão de
bandeiras vermelhas pedindo a legalização do ainda banido Partido Comunista Brasileiro, o
que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com
que se atiça o touro na arena”.

Sobre as formas verbais desse segmento do texto, assinale a afirmativa correta.

51
a) A frase “o comício foi organizado pelo governo Goulart” está na voz passiva e sua forma
ativa correspondente é “o governo Goulart organizou o comício”.

b) A forma verbal “havia” não tem sujeito expresso e equivale a “existiam”.

c) A forma verbal “pedindo” equivale a “que embora pedissem”.

d) A forma verbal “acenar” equivale à forma desenvolvida “estar acenando”.

e) A forma verbal “se atiça” exemplifica o que se denomina construção com sujeito
indeterminado.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Como identificar voz passiva:

A frase deve conter o verbo SER/ESTAR + PARTICÍPIO: " foi organizado"

Além disso, existe na frase o agente da passiva iniciado por: PELO ou


POR: "pelo governo Goulart”

A voz passiva é formada somente por verbos VTD E VTDI. (verificar sempre a transitividade
dos verbos).

Na voz passiva NÃO EXISTE OBJETO DIRETO. Este será sempre o SUJEITO PACIENTE: quem
organiza, organiza alguma coisa: "O comício" (mas como se trata de voz passiva,
este não será OD e sim sujeito paciente: sofre a ação verbal, ou seja, não pratica a ação)

É importante classificar os termos da oração corretamente para poder fazer a transposição de


voz.

Para fazer a transposição de voz passiva para ativa:

“o governo Goulart organizou o comício”.

Na voz ativa, o SUJEITO PACIENTE vira o OBJETO DIRETO. "organizou o comício"

O AGENTE DA PASSIVA vira SUJEITO. "o governo Goulart "

53 – Atenção: Para responder a questão considere o texto abaixo.

Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para viver noutro
mundo. A janela iluminada noite adentro isola o leitor da realidade da rua, que é o sumidouro
da vida subjetiva. Árvores ramalham. De vez em quando passam passos. Lá no alto estrelas
teimosas namoram inutilmente a janela iluminada. O homem, prisioneiro do círculo claro da
lâmpada, apenas ligado a este mundo pela fatalidade vegetativa do seu corpo, está suspenso
no ponto ideal de uma outra dimensão, além do tempo e do espaço. No tapete voador só há
lugar para dois passageiros: Leitor e autor.

52
O leitor ingênuo é simplesmente ator. Quero dizer que, num folhetim ou num romance
policial, procura o reflexo dos seus sentimentos imediatos, identificando-se logo com o
protagonista ou herói do romance.

Isto, aliás, se dá mais ou menos com qualquer leitor, diante de qualquer livro; de modo geral,
nós nos lemos através dos livros.

Mas no leitor ingênuo, essa lei dos reflexos toma a forma de um desinteresse pelo livro
como obra de arte. Pouco importa a impressão literária, o sabor do estilo, a voz do autor. Quer
divertir-se, esquecer as pequenas misérias da vida, vivendo outras vidas desencadeadas pelo
bovarismo da leitura. E tem razão. Há dentro dele uma floração de virtualidades recalcadas
que, não encontrando desimpedido o caminho estreito da ação, tentam fugir pela estrada larga
do sonho.

Assim éramos nós então, por não sabermos ler nas entrelinhas. E daquela primeira fase
de educação sentimental, que parecia inevitável como as espinhas, passava quase sempre o
jovem monstro para uma crise de hipercrítica. Devido à necessidade de um restabelecimento
de equilíbrio, o excesso engendrava o excesso contrário. A pouco e pouco os românticos
perdiam terreno em proveito dos naturalistas. Dava-se uma verdadeira subversão de valores
na escala da sensibilidade e a fantasia comprazia-se em derrubar os antigos ídolos. Formava-
se muitas vezes, coincidindo com manifestações mórbidas que são do domínio da psicanálise,
um pedantismo da clarividência, tão nocivo como a intemperança imaginosa ou sentimental,
e talvez mais ingênuo, pois refletia um ressentimento de namorado ainda ferido nas suas
primeiras ilusões.

(Adaptado de: MEYER, Augusto. “Do Leitor”, In: À sombra da


estante, Rio de Janeiro, José Olympio, 1947, p. 11-19)

Na frase Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para
viver noutro mundo, os elementos sublinhados têm, respectivamente, a mesma função que os
sublinhados em:

a) ... um ressentimento de namorado ainda ferido nas suas primeiras ilusões.


b) ... os românticos perdiam terreno em proveito dos naturalistas.
c) ... essa lei dos reflexos toma a forma de um desinteresse...
d) ... o excesso engendrava o excesso contrário.
e) ... de modo geral, nós nos lemos através dos livros.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. No trecho “... um ressentimento de namorado ainda ferido nas


suas primeiras ilusões”, o termo “ressentimento” é núcleo do objeto direto do verbo “refletir”,
considerando-se o trecho no seu todo: “... refletia um ressentimento de namorado ainda ferido
nas suas primeiras ilusões...”. Já a expressão “nas suas primeiras ilusões” funciona como
adjunto adverbial.

54 – Viagens

53
Viagens de avião e de metrô podem guardar certa semelhança. Entre nuvens carregadas,
ou tendo o azul como horizonte infinito, o passageiro não sente que está em percurso; no
interior dos túneis, diante das velozes e uniformes paredes de concreto, o passageiro tampouco
sabe da viagem. Em ambos os casos, vai de um ponto a outro como se alguém o levantasse
de um lugar para pô-lo em outro, mais adiante.

Nesses casos, praticamente se impõe uma viagem interior. As nuvens, o azul ou o concreto
escuro hipnotizam-nos, deixam-nos a sós com nossas imagens e nossos pensamentos, que
também sabem mover-se com rapidez. Confesso que gosto desses momentos que, sendo
velozes, são, paradoxalmente, de letargia: os olhos abertos veem para dentro, nosso cinema
interior se abre para uma profusão de cenas vividas ou de expectativas abertas. Em tais
viagens, estamos surpreendentemente sós - uma experiência rara em nossos dias,
concordam?

Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer engenhoca eletrônica, por favor: que
enfrente o vital desafio de um colóquio consigo mesmo, de uma viagem em que somos ao
mesmo tempo passageiros e condutores, roteiristas do nosso trajeto, produtores do nosso
sentido. Não é pouco: nesses minutos de íntima peregrinação, o único compromisso é o de
não resistir à súbita liberdade que nossa imaginação ganhou. Chegando à nossa estação ou ao
nosso aeroporto, retomaremos a rotina e nos curvaremos à fatalidade de que as obrigações
mundanas rejam o nosso destino. Navegar é preciso, viver não é preciso, diziam os antigos
marinheiros. É verdade: há viagens em que o menos importante é chegar.

(Ulisses Rebonato, inédito)

São exemplos de uma mesma função sintática os elementos sublinhados na frase:

a) Viagens de avião e de metrô podem guardar certa semelhança

b) Em tais viagens, estamos surpreendentemente sós.

c) Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer engenhoca eletrônica.

d) O único compromisso é o de não resistir à súbita liberdade que


nossa imaginação ganhou.

e) Chegando à nossa estação, retomaremos a rotina.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O único compromisso é o de não resistir à súbita liberdade


que nossa imaginação ganhou. Mesma função sintática: compromisso (núcleo do
sujeito); imaginação (núcleo do sujeito).

55 – O dia 12 de outubro de 1822, data da aclamação do imperador Pedro I, amanheceu


nublado e chuvoso no Rio de Janeiro. Mas nem a chuva nem as rajadas de vento conseguiram
atrapalhar a primeira grande festa cívica do Brasil independente. Logo ao alvorecer, a cidade
foi acordada por uma ensurdecedora salva de canhões, disparada das fortalezas situadas na
entrada da baía de Guanabara e dos navios de guerra ancorados no porto. As ruas estavam

54
ocupadas pela multidão e das varandas pendiam colchas, toalhas bordadas e outros adereços.
Os moradores colocaram suas melhores roupas e saíram às janelas para ver o espetáculo.

(Adaptado de Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p. 207)

... das varandas pendiam colchas, toalhas bordadas e outros adereços.

O segmento grifado exerce na frase acima a função de

a) sujeito.
b) objeto direto.
c) objeto indireto.
d) adjunto adverbial.
e) adjunto adnominal.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Trata-se de uma oração invertida. “das varandas” não pode
ser sujeito, pois a expressão está precedida preposição. Logo, “colchas, toalhas e outros
adereços” pendiam das varandas, sendo o termo, portanto, sujeito.

56 – CIDADE URGENTE

Os problemas da expansão urbana estão na conversa cotidiana dos milhões de brasileiros


que vivem em grandes cidades e sabem “onde o sapato aperta”. São reféns do metrô e do
ônibus, das enchentes, da violência, da precariedade dos serviços públicos. No vestibular, todo
estudante depara com a “questão urbana” e os pesquisadores se debruçam sobre o assunto,
que também é parte significativa da pauta dos meios de comunicação.
Não poderia ser diferente: com 85% da população nas cidades (chegará a 90% ao final
desta década), quem pode esquecer a relevância do tema?
Parece incrível, mas os grandes operadores do sistema econômico e político tratam os
problemas das cidades como grilos que irritam ao estrilar. Passados os incômodos de cada
crise, quem ganha dinheiro no caos urbano toca em frente seus negócios e quem ganha votos,
sua campanha. Só alguns movimentos populares e organizações civis - Passe Livre, Nossa São
Paulo e outros - insistem em plataformas, debates e campanhas para enfrentar os problemas
e encontrar soluções sustentáveis.
A criação do Ministério das Cidades, no governo Lula, fazia supor que o Brasil enfrentaria o
desafio urbano, integrando as políticas públicas no âmbito municipal, estabelecendo
parâmetros de qualidade de vida e promovendo boas práticas. Passados quase 12 anos, o
ministério é mais um a ser negociado nos arranjos eleitorais.
A gestão é fragmentada, educação para um lado e saúde para outro, habitação submetida
à especulação imobiliária, saneamento à espera de recursos que vão para as grandes obras
de fachada, transporte inviabilizado por um século de submissão ao mercado do petróleo. A
fragmentação vem do descompasso entre União, Estados e municípios, desunidos por um
pacto antifederativo, adversários na disputa pelos tributos que se sobrepõem nas costas dos
cidadãos.
(....) Uma nova gestão urbana pode nascer com a participação das organizações civis e
movimentos sociais que acumularam experiências e conhecimento dos moradores das

55
periferias e usuários dos serviços públicos. Quem vive e estuda os problemas, ajuda a achar
soluções.

Marina Silva, Folha de São Paulo, 7/1/2014.

Sobre a estrutura sintática do período “Quem vive e estuda problemas, ajuda a achar
soluções” a única alternativa com uma afirmação correta é

a) o período é composto por coordenação.


b) o pronome “quem” exerce a função de sujeito.
c) o termo “problemas” exerce a função de predicativo.
d) o termo “soluções” exerce a função de objeto indireto.
e) os verbos “vive” e “estuda” possuem complementos diferentes.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Esta oração é uma Oração Subordinada Substantiva Subjetiva,


uma vez que a expressão “Quem vive e estuda problemas" funciona como sujeito da outra
oração. Olhe: “Quem vive e estuda problemas", ou seja, essa pessoa, esse cara que vive e
estuda problemas ajuda a achar soluções. Veja, também, que o verbo '' ajudar'' da segunda
oração está na 3 pessoa do singular, pois o sujeito é oracional, logo o verbo deve concordar
com oração, devendo, assim, aparecer na 3 pessoa do singular.

57 – Texto associado

Em relação aos verbos da tirinha e sua natureza sintática, analise as afirmativas a seguir;

I. Só há um verbo de ligação na tirinha, em única ocorrência.

II. Só há um verbo transitivo direto na tirinha, em única ocorrência.

III. Todos os verbos possuem sujeito simples.

Assinale

a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

56
b) se nenhuma afirmativa estiver correta.
c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

No 1° quadro, colocando na ordem direta, temos:

“Minhocas aquáticas não existem.”

Minhocas aquáticas = SUJEITO SIMPLES

Existem = VI (Verbo Intransitivo)

No 2° quadro, temos:

“logo, alguém colocou essa minhoca aí”

Alguém = SUJEITO SIMPLES

Colocou = VTD

No 3° quadro, temos:

“Logo, essa minhoca está aí por algum motivo”

essa minhoca = SUJEITO SIMPLES

está = VI

aí = ADJ. ADVERBIAL DE LUGAR

por algum motivo = ADJ. ADVERBIAL DE CAUSA

No 4° quadro, temos:

“Logo, essa minhoca está muito apetitosa”

essa minhoca = SUJEITO SIMPLES

está = VL (VERBO DE LIGAÇÃO)

muito = ADJ ADVERBIAL DE INTENSIDADE

apetitosa = PS (PREDICATIVO DO SUJEITO)

No 5° quadro, temos:

“Em algum ponto minha lógica se perdeu!”

minha lógica = SUJEITO SIMPLES

Perdeu = VI (VERBO INTRANSITIVO)

57
58 – Perspectiva de Montesquieu

O grande pensador francês Montesquieu (1689-1755) é um dos mais importantes


intelectuais na história das ciências jurídicas. A grande originalidade de sua obra maior − O
espírito das leis − consiste na revolução metodológica. O método de Montesquieu comporta
dois aspectos inter-relacionados, que podem ser distinguidos com clareza. O primeiro exclui
da ciência social toda perspectiva religiosa ou moral; o segundo afasta o autor das teorias
abstratas e dedutivas e o dirige para a abordagem descritiva e comparativa dos fatos sociais.

Quanto ao primeiro, constituía um solapamento do finalismo teológico e moral que ainda


predominava na época, segundo o qual todo o desenvolvimento histórico do homem estaria
subordinado ao cumprimento de desígnios divinos. Montesquieu, ao contrário, reduz as
instituições a causas puramente humanas. Segundo ele, introduzir princípios teológicos no
domínio da história, como fatores explicativos, é confundir duas ordens distintas de
pensamento. Deliberadamente, dispõe-se a permanecer nos estritos domínios dos fenômenos
políticos, e jamais abandona tal projeto.

Já nas primeiras páginas do Espírito das leis ele adverte o leitor contra um possível mal-
entendido no que diz respeito à palavra “virtude", que emprega amiúde com significado
exclusivamente político, e não moral. Para Montesquieu, o correto conhecimento dos fatos
humanos só pode ser realizado cientificamente na medida em que eles sejam visados como
são e não como deveriam ser. Enquanto não forem abordados como independentes de fins
religiosos e morais, jamais poderão ser compreendidos. As ciências humanas deveriam
libertar-se da visão finalista, como já haviam feito as ciências naturais, que só progrediram
realmente quando se desvencilharam do jugo teológico.

Para o debate moderno das relações que se devem ou não travar entre os âmbitos do
direito, da ciência e da religião, Montesquieu continua sendo um provocador de alto nível.

(Adaptado de Montesquieu − Os Pensadores. S. Paulo: Abril, 1973)

A oração sublinhada exerce a função de sujeito dentro do seguinte período:

a) Montesquieu preferiu guiar-se pelos valores civis, em vez de se deixar levar pelo finalismo
religioso.

b) A um espírito sensível e religioso não convém ler um filósofo como Montesquieu buscando
apoio espiritual.

c) Um estudo sério da história das ciências jurídicas não pode prescindir dos métodos de
que se vale Montesquieu em O espírito das leis.

d) As ciências humanas deveriam libertar-se da religião, assim como ocorreu com as


ciências naturais.

e) O método de Montesquieu valorizou as instituições humanas e solapou o finalismo


teológico e moral.

Comentários

58
O gabarito é a alternativa B. A um espírito sensível e religioso não convém ISTO (ler um
filósofo como Montesquieu). Colocando na ordem direta: ISTO (ler um filósofo como
Montesquieu) não convém a um espírito sensível e religioso buscando apoio espiritual.

59 – Bárbaros

A hipocrisia é uma característica comum dos impérios, mas alguns exageram. Quando a rainha
Vitória se declarou chocada com os bárbaros chineses em revolta contra os ingleses, no fim
do século XIX, não mencionou que a revolta era uma reação dos chineses à obrigação de
importar o ópio que os ingleses plantavam na Índia, tendo destruído sua agronomia no
processo.

Os ingleses obrigavam os hindus a abandonarem culturas tradicionais para produzir o ópio e


foram à guerra para obrigar os chineses a consumi-lo, num momento particularmente bárbaro
de sua história.

Havia sempre bárbaros convenientes nas fronteiras dos impérios: orientais fanáticos, monstros
primitivos, tiranos sanguinários.

Legitimavam a conquista colonial, transformando-a em missão civilizadora, enobreciam a raça


conquistadora pelo contraste e – em episódios como o da Guerra do Ópio – disfarçavam a
barbaridade maior dos civilizados alegando a truculência já esperada de raças inferiores.

As razões do mais forte continuam chamando-se razões históricas. As razões dos mais fracos
são “protestos raivosos desses bárbaros rebeldes”, que teimam em se opor à sua dominação
pelos mais fortes. E como são os vencedores que se encarregam de contar a História...

(Adaptado de Luís Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)

O termo sublinhado em Sabe-se quão barbaramente os ingleses subjugaram os hindus exerce


a função de ......, a mesma função sintática que é exercida por ...... na frase Cometeram-se
incontáveis violências contra os hindus.

Preenchem corretamente as lacunas do enunciado acima, respectivamente:

a) objeto direto - os hindus.


b) sujeito - os hindus
c) sujeito - violências
d) agente da passiva - os hindus
e) agente da passiva - violências

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Sabe-se quão barbaramente os ingleses subjugaram os hindus

- Quem subjugou os hindus? Os ingleses - SUJEITO

59
Cometeram-se incontáveis violências - SUJEITO PACIENTE contra os hindus. - VOZ PASSIVA
SINTÉTICA
Só a título de informação se a frase for transformada em voz passiva analítica ficaria assim:
- Incontáveis violências foram cometidas contra os hindus - VOZ PASSIVA ANALÍTICA

60 – Texto associado

Assinale a opção correta acerca dos recursos linguísticos do texto acima.

a) A substituição da expressão “vinditas e represálias” (l.3) por vingança e desforra não


traz prejuízo ao sentido geral do texto nem à correção gramatical.

b) O substantivo referente ao verbo “Suspende” (L.4) se grafa corretamente assim:


suspenção.

c) Passando-se a frase “restaura as franquias legais” (l.5) para a voz passiva pronominal,
obtém-se, segundo as normas da escrita padrão: restaura-se as franquias legais.

d) Exerce função sintática de sujeito a expressão “os veículos da liberdade” (L.6-7).

e) Entende-se, pela expressão “respeito inapelável à voz das urnas” (l.8-9), que o estadista
teve de apelar ao respeito para ser ouvido pelos seus eleitores.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

REPRESÁLIA - s.f. Ato praticado contra uma pessoa para vingar-se de ofensa ou para se
indenizar de um dano por ela causado; vindita, vingança
DESFORRA - s.f. Ato de desforrar. (Sin.: desforço, vingança, desafronta, desagravo,
represália, vindita.)

VINDITA - s.f. Vingança, represália, retaliação.

VINGANÇA - s.f. Ato ou efeito de vingar(-se).

60
Represália, desforra, vindita, retaliação.

61 – Texto associado

Assinale a opção em que o verbo da oração tem dois complementos.

a) “Ela é uma gatinha.”


b) “Eu fiz um coraçãozão vermelho.”
c) “Agora vou botar renda em volta.”
d) “Eu te odeio.”
e) “Vou mandar um cartão de dia dos namorados para a Susi Derkins.”

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

61
Vou mandar (VTDI) um cartão (OD) de dia dos namorados para a Susi Derkins (OI)
Vou mandar (VTDI) = O quê? (objeto direto) e Para quem? (objeto indireto)

Lembre-se a pergunta se faz ao último verbo (o principal)

62 – Voluntário

O velho gaúcho foi ajudar, no posto mais próximo do


hotel em que se hospedara, o serviço de assistência aos
desabrigados pelo temporal. Ninguém lhe dá a idade que tem,
ao vê-lo caminhar desempenado, botar colchão na cabeça,
carregar dois meninos ao mesmo tempo, inclinar-se até o
ladrilho, reassumir a postura erecta sem estalo nas juntas. Só
que não se apressa e, quando um mais afobado desanda a
correr pelo pátio ou a gritar ordens, aconselha por baixo da
bigodeira branca:
? Eh lá, não te apures que é lançante.
E se o outro não entende:
? Devagar pelas pedras, amigo!
Está sempre recomendando calma e jeito; bota a mão no
ombro do voluntário insofrido e diz-lhe, olhos nos olhos:
? Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião,
homem!
O outro, surpreso, ia queimar-se, mas o rosto claro e
amical do velho o desarma. Ainda assim, pergunta:
? Mas por quê?
? Porque senão te abombachas no banhado, chê!
Como tem prática de campo e prática de cidade, prática
de enchente, de seca, de incêndio, de rodeio, de eleição, de
repressão a contrabando e prática de guerra (autobiografia
oral), propõe, de saída, a divisão dos serviços em setores bem
caracterizados:
? Pois não sabes que tropa grande se corta em mais de
um lote pra que vá mais ligeiro?
Ajuda mesmo, em vez de atrapalhar, e procura impedir
que outros atrapalhem, o que às vezes aumenta um pouco a
atrapalhação, mas tudo se resolve com bom humor. Vendo o
rapazinho imberbe que queria tomar a si o caso de uma família
inteira, que perdera tudo, afasta-o de leve, explicando:
? Isto não é cancha pra cavalo de tiro curto.
Nomeia o rapazinho seu ajudante-de-ordens, e daí a
pouco a família sente que, depois de tudo perder, achara uma
coisa nova: proteção e confiança.
Anima a uns e outros, não quer ver ninguém triste
demais da conta. Suspende no ar o garotinho que não fala nem
chora, porque ficou idiotizado de terror, puxa-lhe o queixo, dálhe
uma pancadinha no traseiro, e diz-lhe:
? Estás que nem carancho em tronqueira, piazito! Toma
lá este regalo.

62
O regalo é um reloginho de pulso, de carregação, que
ele saca do bolso da calça como se fosse mágico - e é capaz
de tirar outros, se aparecerem mais garotos infelizes.
[...]

(Carlos Drummond de Andrade. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. único,
2003, p.570-571)

O velho gaúcho foi ajudar, no posto mais próximo do hotel em que se hospedara, o serviço
de assistência aos desabrigados pelo temporal.

A função sintática do termo grifado acima é a mesma do termo, também grifado, da frase:

a) ... quando um mais afobado desanda a correr pelo pátio ...


b) Como tem prática de campo e prática de cidade ... de repressão a contrabando ...
c) ... propõe, de saída, a divisão dos serviços em setores bem caracterizados ...
d) ... mas tudo se resolve com bom humor.
e) Nomeia o rapazinho seu ajudante-de-ordens ...

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Complemento Nominal: complementa um adjetivo, advérbio ou SUBSTANTIVO ABSTRATO.


Adjunto Adnominal: complementa um substantivo concreto ou ABSTRATO.
No caso da questão são substantivos abstratos (assistência e repressão), nesse caso deve-se
analisar se a ideia é ativa ou passiva.
"assistência aos desabrigados "
desabrigados são assistenciados (ideia passiva).
"repressão a contrabando ..."
contrabando sofre repressão (ideia passiva).
Quando a ideia for passiva será Complemento Nominal.
Se a ideia for ativa será Adjunto Adnominal.

63 – Texto associado

63
Acerca de aspectos gramaticais do texto acima, assinale a opção correta.

a) O emprego de vírgula após a palavra "Rússia" (l.5) justifica-se por isolar elementos de
mesma função gramatical componentes de uma enumeração.

b) O trecho "que afligem a sociedade" (l.9) constitui uma oração subordinada adjetiva
explicativa.

c) Na linha 11, o emprego do sinal de dois-pontos justifica-se por anteceder uma citação de
outro texto.

d) Em "se alimentam" (l.13), o pronome "se" indica indeterminação do sujeito.

e) Em "às injustiças" (l.14), a substituição de "às" por a tornaria o período gramaticalmente


incorreto.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Antes de palavras femininas no plural não há crase em artigo no singular. Ex.: “Não vou à
festas (errado), mas “Não vou a festas” está certo, assim como Não vou às festas.

64 – Texto para as questões 1 e 2

1 Falei de esquisitices. Aqui está uma, que prova ao


mesmo tempo a capacidade política deste povo e a grande
observação dos seus legisladores. Refiro-me ao processo
4 eleitoral. Assisti a uma eleição que aqui se fez em fins de
novembro. Como em toda a parte, este povo andou em busca

64
da verdade eleitoral. Reformou muito e sempre; esbarrava-se,
7 porém, diante de vícios e paixões, que as leis não podem
eliminar. Vários processos foram experimentados, todos
deixados ao cabo de alguns anos. É curioso que alguns deles
10 coincidissem com os nossos de um e de outro mundo. Os
males não eram gerais, mas eram grandes. Havia eleições
boas e pacíficas, mas a violência, a corrupção e a fraude
13 inutilizavam em algumas partes as leis e os esforços leais dos
governos. Votos vendidos, votos inventados, votos destruídos,
era difícil alcançar que todas as eleições fossem puras e
16 seguras. Para a violência havia aqui uma classe de homens,
felizmente extinta, a que chamam pela língua do país,
kapangas ou kapengas. Eram esbirros particulares,
19 assalariados para amedrontar os eleitores e, quando fosse
preciso, quebrar as urnas e as cabeças. Às vezes quebravam
só as cabeças e metiam nas urnas maços de cédulas. Estas
22 cédulas eram depois apuradas com as outras, pela razão
especiosa de que mais valia atribuir a um candidato algum
pequeno saldo de votos que tirar-lhe os que deveras lhe foram
25 dados pela vontade soberana do país. A corrupção era menor
que a fraude; mas a fraude tinha todas as formas. Enfim,
muitos eleitores, tomados de susto ou de descrença, não
28 acudiam às urnas.

Machado de Assis. A semana. Obra completa, v. III.


Rio de Janeiro: Aguilar, 1973, p. 757.

Em relação ao texto, assinale a opção incorreta.

a) Após o termo "uma" (L.1), subentende-se a elipse da palavra esquisitice.

b) Caso a expressão "aqui se fez" (L.4) seja substituída por aqui foi feita, prejudica-se a
correção gramatical do período.

c) Em "esbarrava-se" (L.6), o termo "se" indica indeterminação do sujeito.

d) O emprego da vírgula após "paixões" (L.7) justifica-se porque a oração subsequente é


explicativa.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. "Aqui se fez" equivale a Voz passiva sintática e "aqui foi feita"
Voz passiva analítica" - esses casos podem substituir um ao outro sem problemas gramaticais.
Caso estivesse sido substituído uma voz passiva por uma voz ativa, ai sim prejudicaria
gramaticalmente a questão.

65 – 1 Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. Seus sintomas
incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa imunidade, flutuações de

65
humor, entre outros. Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na
esteira de dispositivos que emitem luz azul.

2 Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia. Velas e lenha produziam luz
amarelo-avermelhada e não havia iluminação artificial à noite. A luz do fogo não é problema
porque o cérebro interpreta a luz vermelha como sinal de que chegou a hora de dormir. Com
a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada da manhã.

3 Assim, um dos responsáveis pelo declínio da qualidade do sono nas duas últimas décadas
é a luz azulada que emana de aparelhos eletrônicos; mas um dano ainda maior acontece
quando estamos acordados, fazendo um malabarismo obsessivo com computadores
e smartphones.

4 A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos - e muitos gastam bem mais que isso. Não é problema de uma minoria.
Pesquisadores nos aconselham a usar o celular por menos de uma hora diariamente. Mas o
uso excessivo do aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o
termo “nomofobia" (uma abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever
a fobia de ficar sem celular.

5 O cérebro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes experiências.


Um deles retrata reações cerebrais de um viciado em jogos eletrônicos. “Comportamentos
viciantes ativam o centro de recompensa do cérebro", afirma Claire Gillan, neurocientista que
estuda comportamentos obsessivos. “Contanto que a conduta acarrete recompensa, o cérebro
a tratará da mesma maneira que uma droga".

(Adaptado de: ALTER, Adam. Irresistível. São Paulo: Objetiva, edição digital)

Mas o uso excessivo do aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o termo
“nomofobia" (uma abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever a fobia
de ficar sem celular. (4° parágrafo)

O trecho sublinhado exprime uma

a) consequência.
b) oposição.
c) finalidade.
d) condição.
e) causa.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Conjunção subordinativa adverbial consecutiva (tão...que);


lembrem-se de que após o "tesão" vem a "consequência".

66 – De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. Eram furiosos, eram
mansos, eram monomaníacos, era toda a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de quatro
meses, a Casa Verde era uma povoação. Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se
anexar uma galeria de mais trinta e sete. O padre Lopes confessou que não imaginara a
existência de tantos doidos no mundo, e menos ainda o inexplicável de alguns casos. Um, por
exemplo, um rapaz bronco e vilão, que todos os dias, depois do almoço, fazia regularmente

66
um discurso acadêmico, ornado de tropos, de antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de
grego e latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano. O vigário não queria acabar de
crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses antes, jogando peteca na rua!

− Não digo que não, respondia-lhe o alienista; mas a verdade é o que Vossa
Reverendíssima está vendo. Isto é todos os dias.

− Quanto a mim, tornou o vigário, só se pode explicar pela confusão das línguas na torre
de Babel, segundo nos conta a Escritura; provavelmente, confundidas antigamente as línguas,
é fácil trocá-las agora, desde que a razão não trabalhe...

− Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenômeno, concordou o alienista,
depois de refletir um instante, mas não é impossível que haja também alguma razão humana,
e puramente científica, e disso trato...

− Vá que seja, e fico ansioso. Realmente!

(ASSIS, Machado de. O alienista. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 24-25)

confundidas antigamente as línguas, é fácil trocá-las agora, desde que a razão não trabalhe...
(3° parágrafo)

Em relação ao trecho anterior, o trecho sublinhado tem sentido de

a) causa.
b) condição.
c) concessão.
d) consequência.
e) oposição.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Conjunção subordinativa condicional trazendo valor semântico


de condição, hipótese.

67 – Atenção: Considere a entrevista abaixo para responder à questão.

1. La Lettre − O centésimo aniversário de Claude Lévi-Strauss e a grande atenção que suscita


revelam a posição excepcional que ocupa o autor de Tristes trópicos, uma das grandes figuras
do pensamento do século XX. Qual é o papel de Lévi-Strauss?

2. Eduardo Viveiros de Castro − Lévi-Strauss é um intelectual que excede amplamente o


quadro de sua disciplina, embora tenha sempre se preocupado em só falar como antropólogo.
Lévi-Strauss é uma referência de seu tempo.

67
3. La Lettre − Tristes trópicos se apresenta como um testemunho nostálgico de um mundo
que está em via de desaparecer, uma vez que a assim chamada civilização destrói a
diversidade cultural e os biótopos.

4. Eduardo Viveiros de Castro − Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo
seus últimos séculos, visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente. Nossa espécie já
enfrentou situações piores. Contudo, há motivo para inquietação. Como gerir a expansão
demográfica neste momento em que a superpopulação oferece um perigo para nós mesmos?
Talvez estejamos diante de um impasse antropológico, que é também biológico. A distinção
entre natureza e cultura se apagou: se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens"
estarem imbricadas, agora não há mais. Vemos que a cultura é uma força natural, e que a
natureza está envolvida em redes culturais. Portanto, é absurdo tentar distingui-las.

Talvez sejamos a única espécie em risco de se extinguir sabendo disso de antemão.


Concomitantemente, no campo da ficção científica vai se desenvolvendo todo um imaginário
em torno da salvação da espécie. A ficção científica é a metafísica popular do nosso tempo,
nossa nova mitologia.

Lévi-Strauss insistia na convergência entre o pensamento selvagem e a vanguarda da ciência.


Parece que o mais primitivo e o mais avançado se juntam desde o auge da modernidade.

(Trecho adaptado de entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Disponível


em: www.scielo.br)

Considerado o contexto, o segmento com valor concessivo está em:

a) visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente


b) uma vez que traz a ideia de que a assim chamada civilização destrói a diversidade cultural
c) Contudo, há motivo para inquietação
d) Portanto, é absurdo tentar distingui-las
e) embora tenha sempre se preocupado em só falar como antropólogo

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia


contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que,
conquanto, etc. Por exemplo:

Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

Eu não desistirei desse plano mesmo que todos me abandonem.

68 – Da alegria

Fico comovido toda vez que ouço o finalzinho da música que Chico Buarque escreveu para
a filha recém-nascida, dizendo o seu melhor desejo: “... e que você seja da alegria sempre
uma aprendiz...”

68
Haverá coisa maior que se possa desejar? Acho que não. E penso que Beethoven
concordaria: ao final de sua maior obra, a Nona Sinfonia, o que o coral canta são versos da
“Ode à alegria” de Schiller. Já o filósofo Nietzsche não se envergonhava de tratar desse assunto
de tão pouca respeitabilidade acadêmica (em nossas escolas a alegria não é tópico de nenhum
currículo), ele dizia que o nosso único pecado original é a falta de alegria.

(Adaptado de: ALVES, Rubem. Tempus fugit. São Paulo: Paulus, 1990, p. 41)

No período E penso que Beethoven concordaria, a oração sublinhada exerce a mesma função
sintática que a oração grifada em:

a) Escreveria sobre a alegria se fosse capaz.


b) Mesmo que tente, não consigo ser alegre.
c) Eles resolveram se unir para compor uma grande sinfonia.
d) O compositor não previu que faria tanto sucesso.
e) Seria preferível que você continuasse a compor.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

E penso que Beethoven concordaria → quem pensa, pensa alguma coisa (verbo transitivo
direto, a oração em destaque é uma OBJETIVA DIRETA, é o que procuramos); o "que" é uma
conjunção integrante com valor de "isso".

O compositor não previu que faria tanto sucesso. → quem prevê, prevê alguma coisa →
"que" é uma conjunção integrante, dando início a uma oração subordina substantiva OBJETIVA
DIRETA.

69 – Conversa entreouvida na antiga Atenas

Ao ver Diógenes ocupado em limpar vegetais ao pé de um chafariz, o filósofo Platão


aproximou-se do filósofo rival e alfinetou: “Se você fizesse corte (*) a Dionísio, rei de Siracusa,
não precisaria lavar vegetais”. E Diógenes, no mesmo tom sereno, retorquiu: “É verdade,
Platão, mas se você lavasse vegetais você não estaria fazendo a corte a Dionísio, rei de
Siracusa.”

(*) fazer corte = cortejar, bajular, lisonjear

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras,
2016, p. 92)

As orações Se você fizesse corte a Dionísio e se você lavasse vegetais

a) valem-se de construção verbal na voz passiva.


b) são ambas orações principais do período que integram
c) apresentam dois tempos verbais distintos.
d) têm como complementos nominais Dionísio e vegetais.

69
e) constituem exemplos de oração subordinada condicional.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Condicional: exprimem ideia de condição. Algumas conjunções são se, desde que,
contanto que etc.

Ex.: Desde que haja garra, o cargo será seu.

“Se você fizesse corte (*) a Dionísio, rei de Siracusa, não precisaria lavar vegetais”

70 – “- Esterco – respondeu Oscar, farejando aborrecimento: - Por quê? Não lhe cheira bem?”

A oração reduzida “farejando aborrecimento” pode ser adequadamente substituída por uma
oração desenvolvida, na seguinte estrutura:

a) “enquanto farejava aborrecimento”.


b) “quando farejou aborrecimento”.
c) “após farejar aborrecimento”.
d) “sem deixar de farejar aborrecimento”.
e) “ao farejar aborrecimento”.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Orações reduzidas são aquelas que não são introduzidas por
conjunções e que possuem verbos nas suas formas nominais: infinitivo, gerúndio e particípio.
São, assim, diferentes das orações desenvolvidas, que são introduzidas por um pronome ou
conjunção e que são formadas por um verbo no indicativo ou no subjuntivo.

Esterco – respondeu Oscar, farejando aborrecimento

→ temos, aqui, um valor de proporcionalidade → à medida que/enquanto ele farejava


aborrecimento ele respondeu.

→ ambas conjunções são subordinativas proporcionas → o "enquanto" com um valor original


de tempo, segundo Celso Cunha, Maria Helena de Moura Neves e alguns dicionários pode
trazer uma ideia de proporcionalidade;

→ dessa forma, em destaque, temos uma oração subordina adverbial proporcional reduzida
de gerúndio.

70
71 – Numa parede de uma fábrica de cerveja de Tiradentes (MG), estava escrita a seguinte
frase: “Há bares que vêm para o bem”. Sobre a estrutura e o conteúdo semântico desse texto,
a única afirmativa INADEQUADA é:

a) a estrutura dessa pequena frase é de caráter intertextual;


b) a repetição fônica vêm/bem auxilia a apreensão da frase;
c) a oração “que vêm para o bem” explica o sentido de “bares”;
d) a forma plural “vêm” concorda com “bares”;
e) a forma verbal “Há” tem sentido de “existência”.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. A oração “que vêm para o bem” explica o sentido de “bares”;
>>> errado, pois temos uma oração adjetiva RESTRITIVA (que não está entre vírgulas), a
explicativa aparece entre vírgulas.

“Há bares que vêm para o bem” >>> restringindo e não explicando.

72 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Contar histórias é o antecedente remoto da literatura, da história, das religiões e talvez,


indiretamente, a locomotiva do progresso. A oralidade contribuiu de maneira decisiva para
impulsionar a civilização da época das pinturas rupestres até a viagem dos homens às estrelas.
Oralidade quer dizer pré-literatura, aquela que existia apenas graças à voz humana, antes que
aparecesse a escrita.
Os contos, as histórias inventadas, davam mais vida aos nossos ancestrais, tiravam homens
e mulheres das prisões asfixiantes que eram suas vidas e os faziam viajar pelo espaço e pelo
tempo e viver as vidas que não tinham nem nunca teriam em sua miúda e sucinta realidade.
Sairmos de nós mesmos, sermos outros, graças à fantasia, nos entretém e enriquece. Mas,
além disso, nos ensina como é pequeno o mundo real comparado com os mundos que somos
capazes de fantasiar, e deste modo nos incita a agir para transformar nossos sonhos em
realidade. O progresso nasceu assim, da insatisfação e do mal-estar com o mundo real que
inspirava nos humanos a mesma ficção que os deleitava.

As histórias que inventamos constituem a vida secreta de todas as sociedades, aquela


dimensão da existência que, embora nunca tenha tido chance de se realizar, foi de alguma
forma vivida pelos seres humanos, na incerta realidade dos desejos, fantasias, pesadelos e
invenções, de toda essa projeção da vida que não tivemos e por isso devemos inventá-la. Ela
existiu sempre na memória das gentes, mas só a escrita a fixou e lhe deu permanência, muitos
séculos depois de que nascesse, ao redor das fogueiras, quando nossos antepassados
contavam-se histórias à noite para esquecer o medo do trovão, as aparições e os milhares de
perigos que os espreitavam em qualquer parte.

(Adaptado de VARGAS LLOSA, Mario. Disponível em: www.brasil.elpais.com)

... para esquecer o medo do trovão, as aparições e os milhares de perigos... (último


parágrafo)

No contexto, o segmento acima assinala noção de

71
a) causa.
b) temporalidade.
c) oposição.
d) comparação.
e) finalidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Na maioria das vezes, a preposição PARA dá ideia de finalidade.

AO + INFINITIVO = TEMPO
POR + INFINITIVO = CAUSA.
PARA + INFINITIVO = FINALIDADE.
A + INIFINITIVO = CONDIÇÃO.
APESAR DE + INFINITIVO = CONCESSÃO.

73 – Atenção: Leia abaixo o Capítulo I do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para
responder à questão.

Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central
um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se
ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta,
e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava
cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a
leitura e metesse os versos no bolso.

– Continue, disse eu acordando.

– Já acabei, murmurou ele.

– São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava
amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom
Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à
alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade,
e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar
com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas
essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom
Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-
lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no
que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me
fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha
narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem
ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá
cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)

72
...como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes... (1° parágrafo)

Em relação à oração que a sucede, a oração destacada expressa sentido de

a) causa.
b) comparação.
c) consequência.
d) proporção.
e) conclusão.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Indica a ideia de causa. Senão vejamos:

...como eu estava cansado (Causa), fechei os olhos três ou quatro


vezes (Consequência) ... (1° parágrafo)

Por causa de eu estar cansado, tive a consequência de fechar os olhos três ou quatro
vezes.

74 – Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é uma
realidade histórica. A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de sua definição:
como evoluiu sua distinção na sociedade francesa do século XX? Como o domínio da vida
privada variou em seu conteúdo e abrangência?

A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu contorno tenha
o mesmo sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle Époque 1, não há
nenhuma dúvida: o “muro da vida privada” separa claramente os domínios. Por trás desse
muro protetor, a vida privada e a família coincidem com bastante exatidão. Esse domínio
abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião: se os pais que querem casar os filhos
consultam o notário ou o pároco para “tomar informações” sobre a família de um eventual
pretendente, é porque a família oculta cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão de
costumes dissolutos e o montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado
socialista que lhe censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida
faz o que quer de sua mulher, eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua
existência de político e sua vida privada.

Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa Staffe3, por
exemplo, cita: “Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais merecemos a
estima e consideração dos que nos cercam”, “não devemos falar de assuntos íntimos com os
parentes ou amigos que viajam conosco na presença de desconhecidos”. O apartamento ou a
casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma nítida diferença entre as salas para as visitas e
os demais aposentos. O lugar da família propriamente dita não é o salão: as crianças não
entram no aposento quando há visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família ficariam

73
deslocadas nesse recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama
da boa sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers 4 −, a visita à
esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia. As salas de recepção estabelecem,
portanto, um espaço de transição para a vida privada propriamente dita.

(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine;
VINCENT, Gérard (orgs.). História da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias.
Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 14 e 15.)

Obs.: 1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século XIX até
a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

2 Jean Léon Jaurès (1859-1914): político socialista francês.

3 Pseudônimo de Blanche-Augustine-Angèle Soyer (1843-1911), autora francesa, célebre em


seu tempo pela obra Uso do mundo, sobre como saber viver na sociedade moderna.

4 Região da França, ao sul-sudeste de Paris.

E Jaurès, respondendo a um deputado socialista que lhe censurava a comunhão solene da


filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, eu não”, marcava
com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada.
Sobre o que se tem no trecho acima transcrito, comenta-se com propriedade

a) Sendo certo que a forma simples do gerúndio expressa uma ação em curso, que pode
ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo da oração principal, ou simultânea a ela,
é reconhecível, na frase acima transcrita, a simultaneidade.

b) O desenvolvimento da oração reduzida respondendo a um deputado socialista deve gerar


a forma “ao responder”.

c) O verbo “censurar” está empregado com adequada regência, assim como estaria se
houvesse a forma “que lhe censurava à comunhão solene da filha”.

d) O emprego de você exemplifica a forma linguística usada para interpelação ao


interlocutor, como vocativo, no discurso direto.

e) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado está empregado
como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias, como fazem alguns”.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Note que de fato ele respondeu ao deputado que estava
censurando (= censurava) a solenidade (as duas ações ocorreram simultaneamente -
enquanto um censurava, o outro começou a respondê-lo).

75 – Texto

74
Uma carta e o Natal

Este será o primeiro Natal que enfrentaremos, pródigos e lúcidos. Até o ano passado
conseguimos manter o mistério — e eu amava o brilho de teus olhos quando, manhã ainda,
vinhas cambaleando de sono em busca da árvore que durante a noite brotara embrulhos e
coisas. Havia um rito complicado e que começava na véspera, quando eu te mostrava a estrela
de onde Papai Noel viria, com seu trenó e suas renas, abarrotado de brinquedos e presentes.

Tu ias dormir e eu velava para que dormisses bem e profundamente. Tua irmã, embora menor,
creio que ela me embromava: na realidade, ela já devia pressentir que Papai Noel era um mito
que nós fazíamos força para manter em nós mesmos. Ela não fazia força para isso, e desde
que a árvore amanhecesse florida de pacotes e coisas, tudo dava na mesma. Contigo era
diferente. Tu realmente acreditavas em mim e em Papai Noel.

Na escola te corromperam. Disseram que Papai Noel era eu — e eu nem posso repelir a infâmia
e o falso testemunho. De qualquer forma, pediste um acordeão e uma caneta — e fomos
juntos, de mãos dadas, escolher o acordeão.

O acordeão veio logo, e hoje, quando o encontrar na árvore, já vai saber o preço, o prazo da
garantia, o fabricante. Não será o mágico brinquedo de outros Natais.

Quanto à caneta, também a compramos juntos. Escolheste a cor e o modelo, e abasteceste


de tinta, para "já estar pronta" no dia de Natal. Sim, a caneta estava pronta. Arrumamos
juntos os presentes em volta da árvore. Foste dormir, eu quedei sozinho e desesperado.

E apanhei a caneta. Escrevi isto. Não sei, ainda, se deixarei esta carta junto com os demais
brinquedos. Porque nisso tudo o mais roubado fui eu. Meu Natal acabou e é triste a gente não
poder mais dar água a um velhinho cansado das chaminés e tetos do mundo.

Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 31/12/2017.

“... ela já devia pressentir que Papai Noel era um mito que nós fazíamos força para manter
em nós mesmos.”

Se trocássemos a forma da oração reduzida sublinhada por uma oração desenvolvida, a


forma adequada seria:

a) para que mantivéssemos em nós mesmos.


b) para a manutenção em nós mesmos.
c) para que mantenhamos em nós mesmos.
d) para que seja mantido em nós mesmos.
e) para mantermos em nós mesmos.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Oração Desenvolvida:

75
1. Iniciada por conjunção integrante
2. Verbo flexionado

Oração Reduzida:

1. Sem conjunção
2. Verbo expresso no infinitivo.

76 – Texto 1

A Política de Tolerância Zero

Suas vozes frágeis e seus corpos miúdos sugerem que elas não têm mais de 7 anos, mas já
conhecem a brutal realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras para sobreviver.
O drama dessas crianças tiradas dos braços de seus pais e mães pela “política de tolerância
zero” do governo americano tem comovido o mundo e dividido o país do presidente Donald
Trump. Os relatos são de solidão e desespero para essas famílias divididas, que, não raro, mal
podem se comunicar com o mundo exterior e não conseguem informações sobre o paradeiro
de seus parentes após terem cruzado a fronteira do México para os EUA em busca de uma
vida menos difícil. Em vez de encontrarem a realização de seu “sonho americano”, elas vêm
sendo recebidas por essa prática de hostilidade reforçada na zona fronteiriça, que já separou
mais de 2300 crianças de seus pais desde abril.

Época, nº 1043. Adaptado.

Texto 2

“Isso é inacreditável. Autoridades do governo Trump estão enviando bebês e crianças


pequenas... desculpem... há pelo menos três...”. Foi o que conseguiu dizer Rachel Maddow,
âncora da MSNBC, antes de se render às lágrimas ao tentar noticiar esse drama infantil latino-
americano, num vídeo que já viralizou”.

Época, nº 1043, p. 11.

“...mas já conhecem a brutal realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras para
sobreviver”. Se, no mesmo segmento, substituirmos a oração “cruzar fronteiras” por uma
forma de oração desenvolvida adequada, sua forma correta seria

a) o cruzamento de fronteiras.
b) o cruzarem-se as fronteiras.
c) a cruzada das fronteiras.
d) que cruzassem fronteiras.
e) que cruzem fronteiras.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

76
Orações reduzidas não possuem pronome relativo e tem que observar as formas nominais:
infinitivo, gerúndio ou particípio.

Já na forma desenvolvida são iniciadas por pronome relativo e o verbo é flexionado, uma pista
é observar o tempo verbal que já vem na frase, pois vai da a ideia de como ficará a
desenvolvida.

“...mas já conhecem a brutal realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras
para sobreviver”.

Se, no mesmo segmento, substituirmos a oração “cruzar fronteiras” por uma forma de oração
desenvolvida adequada, sua forma correta seria:

que - pron. relativo presente na oração desenvolvida- (eles) cruzem - presente do


subjuntivo - fronteiras.

..meditar no foco e treino..

77 – Texto 2:

Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem cotidiana, usamos
os dois termos indistintamente. Vivemos em uma sociedade onde a eficiência e os resultados
são valorizados. Aparentemente, apenas os mais inteligentes estão destinados a obter
sucesso. No entanto, apenas os sábios conseguem uma felicidade autêntica. Eles são guiados
por valores e preocupados em fazer uso da bondade, aplicando uma visão mais otimista à
vida.

Se procurarmos agora no dicionário o termo sabedoria, será encontrada uma definição


simples: a faculdade das pessoas de agir de maneira sensata, prudente ou correta. Sendo
assim, a primeira pergunta que vem à mente é: a inteligência não nos dá a capacidade de nos
movimentarmos no nosso dia a dia da mesma maneira? Um QI médio ou alto não nos garante
a capacidade de tomar decisões acertadas?

É claro que sim. Também é claro que quando falamos de inteligência surgem diferentes
nuances. Por isso, o tipo de personalidade e a maturidade emocional são fatores que
influenciam mais concretamente as realizações das pessoas. Isso também é verdadeiro em
relação à capacidade de investir mais ou menos em seu próprio bem-estar e no dos outros.

Em vista disso, inteligência e sabedoria são dois conceitos interessantes. Assim, poderemos
ter uma ideia mais precisa e útil do que realmente são. Afinal, se queremos algo, além de ter
um alto QI, é necessário desenvolver uma sabedoria excepcional e moldar uma personalidade
virtuosa. Isso vai um passo além do cognitivo e do emocional. “A verdadeira sabedoria está
em reconhecer a própria ignorância.” Sócrates.

Disponível em https:amentemaravilhosa.com.br/inteligencia-e-sabedoria/

“Afinal, se queremos algo, além de ter um alto QI, é necessário desenvolver uma sabedoria
excepcional”.

77
A forma adequada de uma oração desenvolvida correspondente à oração reduzida sublinhada
(texto 2) é:

a) o desenvolvimento de uma sabedoria excepcional;


b) que desenvolvemos uma sabedoria excepcional;
c) que desenvolvêssemos uma sabedoria excepcional;
d) desenvolvermos uma sabedoria excepcional;
e) que desenvolvamos uma sabedoria excepcional.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

→ Orações na forma reduzida não possuem pronome relativo e o verbo é expresso no infinitivo,
gerúndio ou particípio (formas nominais).

Já na forma desenvolvida são iniciadas por pronome relativo/conjunção e o verbo é


flexionado.

Diante disso, vocês já podem tirar da jogada "a" e "d".

Saber o tempo verbal é de grande ajuda tb.

"...é necessário desenvolver uma sabedoria excepcional".

"...é necessário que (nós) desenvolvamos uma sabedoria excepcional."

"desenvolvamos" tá no presente do subjuntivo.

"desenvolvemos" tá no presente do indicativo.

"desenvolvêssemos" tá no pretérito imperfeito do subjuntivo.

78 - Texto 1 - Garoto das Meias Vermelhas (Carlos Heitor Cony)

Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito.

Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa.

Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas. Um dia, o
cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas.

Ele falou, com simplicidade: "No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao
circo. Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo
mundo ia rir de mim, por causa das meias vermelhas.

78
Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que
se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias
vermelhas, saberia que o filho era dela."

"Ora", disseram os garotos, "mas você não está num circo. Por que não tira essas meias
vermelhas e as joga fora?"

O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar
lacrimoso e explicou:

"É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas
meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai
me encontrar e me levará com ela."

Carlos Heitor Cony, Crônicas (adaptado)

Texto 2 – Os Estatutos do Homem (segmento)

Artigo VIII

Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se
ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Thiago de Mello, Os Estatutos do Homem

“não poder dar-se amor a quem se ama”; a forma reduzida desse verso pode ser corretamente
substituída por:

a) que não se pudesse dar amor;


b) que não se pode dar amor;
c) que não se pôde dar amor;
d) que não se podia dar amor;
e) que não se possa dar amor.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. O presente do subjuntivo é a única forma possível, já


que faz referência a uma possibilidade futura (sempre será).

79 - Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Comer um ovo por dia pode ajudar a evitar problemas cardíacos comuns, de acordo com
um novo estudo científico publicado no jornal Heart.

A análise foi realizada por pesquisadores dos Estados Unidos e da China, que avaliaram a
existência de uma relação entre o consumo de ovos e o menor risco de desenvolvimento de
problemas coronários, problemas cardiovasculares, doença arterial coronariana, acidentes
vasculares cerebrais isquêmicos ou hemorrágicos.

79
Coletados entre os anos de 2004 e 2008 (com participantes acompanhados por 8 ou 9 anos
depois disso), os dados usados eram de mais de 500 mil pessoas que residem em diferentes
regiões da China e têm idades entre 30 e 79 anos. Dessa base, 13,1% dos participantes
disseram consumir cerca de um ovo por dia (0,76), enquanto 9,1% afirmaram nunca ou quase
nunca comer o alimento (0,29 ovo por dia).

A conclusão dos pesquisadores foi de que o consumo moderado de ovos, um por dia, em
média, apresentou um nível significativamente mais baixo de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, sem que a ingestão do alimento apresentasse efeitos que coloquem a saúde
em risco.

No estudo, o alimento reduziu em 26% o risco de hemorragia cerebral e em 28% o risco de


morte por essa condição. Já o risco de morte por doença cardiovascular foi diminuído em 18%
devido ao consumo do ovo. No caso de pessoas que comem, em média, 5 ovos por semana,
o risco de doença cardíaca isquêmica foi reduzido em 12%, em relação às pessoas que
afirmaram consumir ovos raramente.

(Texto adaptado. Disponível em: exame.abril.com.br)

A relação de sentido que cada trecho abaixo estabelece no seu período do texto está
corretamente indicada em:

a) Coletados entre os anos de 2004 e 2008 (com participantes acompanhados por 8 ou 9


anos depois disso),... (3o parágrafo) // Comparação.

b) em relação às pessoas que afirmaram consumir ovos raramente. (último parágrafo) //


Conformidade.

c) sem que a ingestão do alimento apresentasse efeitos ... (4o parágrafo) // Consequência.

d) que avaliaram a existência de uma relação entre o consumo de ovos e o menor risco de
desenvolvimento de problemas coronários,... (2o parágrafo) // Causa.

e) que residem em diferentes regiões da China e têm idades entre 30 e 79 anos. (3o
parágrafo) // Adjetivação.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Há uma oração subordinada adjetiva restritiva, pois o "que" estabelece uma limitação quanto
às pessoas referidas no trecho:

"os dados usados eram de mais de 500 mil pessoas que residem em diferentes regiões da
China e têm idades entre 30 e 79 anos."

Reparem que os dados usados foram apenas das pessoas que residem em diferentes regiões
da china. No entanto, caso houvesse a vírgula antes do "que", não haveria o sentido da
restrição, pois estaríamos diante de uma oração subordinada adjetiva explicativa.

80
Logo,

, QUE - Com vírgula, EXPLICA.


QUE - Sem vírgula, RESTRINGE.

80 – “Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio)

A forma de oração desenvolvida adequada correspondente à oração sublinhada acima é:

a) relembrarmos este dia;


b) a relembrança deste dia;
c) que relembremos este dia;
d) que relembrássemos este dia;
e) uma nova lembrança deste dia.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Orações reduzidas são aquelas que não são introduzidas por conjunções e que possuem
verbos nas suas formas nominais: infinitivo, gerúndio e particípio.

São, assim, diferentes das orações desenvolvidas, que são introduzidas por um pronome
ou conjunção e que são formadas por um verbo no indicativo ou no subjuntivo.

QUE = CONJUNÇÃO INTERGRANTE;

RELEMBREMOS = VERBO RELEMBRAR NA PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL


DO PRESENTE DO SUBJUNTIVO;

81 – No período “O Governo optou por transformar o Carnaval em um evento privado”, a


oração reduzida sublinhada pode ser reescrita em forma de oração desenvolvida adequada ao
sentido global do texto, do seguinte modo:

a) Por que transformasse o Carnaval em evento privado;


b) Pela transformação do Carnaval em um evento privado;
c) Para que se transformasse o Carnaval em evento privado;
d) Por transformarem o Carnaval em evento privado;
e) Por que transforme o Carnaval em evento privado.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. A preposição "por" é exigida pela regência do verbo "optar"; há


a inserção da conjunção integrante "que", porquanto se trata de oração substantiva; e o verbo

81
passou para o pretérito imperfeito do subjuntivo, uma vez que a ideia já era de passado, em
face de a forma verbal "optou" estar flexionada no pretérito perfeito do indicativo.

82 – Os textos mostram distintas estruturas quando o enunciador pretende atribuir uma


qualidade a um substantivo.

A estrutura abaixo que está devidamente caracterizada, em relação ao substantivo sublinhado,


é:

a) O discurso presidencial levou uma hora / atribuição por meio de um adjetivo que
expressa uma qualidade;

b) Um governante eficiente não transfere as providências / atribuição por meio de uma


metáfora;

c) Um livro que custa caro é menos vendido / atribuição por meio de uma oração adjetiva
explicativa;

d) A obra proposta mostrar-se-ia de grande beleza / atribuição por meio de predicativo


formado por locução;

e) Um dia de fúria pode causar prejuízos para o resto da vida / atribuição por meio de frase
verbal descritiva.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. De grande beleza é predicativo do objeto direto, e é formado


por uma locução adjetiva = de grande/grandiosa.

83 – Explicar ou compreender?

Muitas coisas podemos explicar sem, propriamente, compreender. Mas a pessoa humana, em
sua dimensão mais íntima e profunda, só pode ser compreendida, jamais explicada. Posso
explicar, segundo a lei da gravidade, a queda de uma pedra do décimo andar de um edifício.

A pedra está totalmente sujeita à lei da gravidade, que a determina por inteiro, de modo a
permitir uma explicação cabal desse fenômeno físico, dentro do princípio estrito da causalidade
mecânica. Se, entretanto, um homem desesperado atira-se desse mesmo andar, o fato passa
a pertencer a nível fenomênico inteiramente distinto. Posso explicar a queda do seu corpo pela
mesma lei da gravitação, mas, nessa medida, estou a assimilá-lo à pedra, e meu juízo é apenas
o de um físico interessado na queda dos corpos. Se quero interpretar o seu gesto, tenho que
compreendê-lo em seu significado, tenho que aceitá-lo em sua irredutível integridade. Será
sempre um ato significativo, pleno de interioridade; uma resposta criadora da vontade, embora
destrutiva, de uma liberdade pessoal acuada, frente a uma situação interna insuportável.

Se a pessoa humana é explicada, e não compreendida, destroem-se sua escolha e sua


liberdade e, assim, degrada-se a sua história existencial. Sem liberdade interior não há história
a ser compreendida, só fenômenos mecânicos. O homem, como pessoa, é um permanente

82
emergir da necessidade, e essa emergência transcendente constitui o seu projeto como ser-
no-mundo − projeto que não se pode explicar, mas que se deve buscar compreender.

(Adaptado de: PELLEGRINO, Hélio. Lucidez embriagada. São Paulo: Planeta, 2004, p. 28
29)

Articulam-se como uma causa e seu efeito, nesta ordem, os seguintes segmentos:

a) Muitas coisas podemos explicar / sem, propriamente, compreender (1º parágrafo)

b) Posso explicar a queda do seu corpo / pela mesma lei da gravitação (1º parágrafo)

c) uma resposta criadora da vontade / de uma liberdade pessoal acuada (1º parágrafo)

d) destroem-se sua escolha e sua liberdade / degrada-se a sua história existencial (2º
parágrafo)

e) projeto que não se pode explicar / mas que se deve buscar compreender (2º parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O fato de (causa) faz com que (consequência)

o fato de (destruirem sua escolha e sua liberdade) faz com que (faz com que a sua história
existencial se degrade)

Os demais trechos não se encaixam nessa construção.

84 – Diógenes de Sínope viveu no ano 336 a.C., em Corinto. Alexandre Magno, rei da
Macedônia, foi ao seu encontro, para satisfazer o desejo de falar com o grande sábio. Ao
encontrá-lo, disse-lhe: − Sou Alexandre, rei da Macedônia.

E aproximou-se tanto do velho filósofo, que sua sombra se projetou sobre ele.

Respondeu Diógenes: − Eu sou Diógenes, o cínico.

Alexandre, vendo o estado de fragilidade material do velho filósofo, que não acreditava
em bens materiais, disse-lhe: − Ó Diógenes, formula um desejo, e eu farei com que ele se
cumpra, por mais difícil que seja!

Entre os dois, estabeleceu-se um silêncio. Diógenes encontrava-se na mesma posição, à


sombra do rei da Macedônia. E respondeu: − Afasta-te, não me tapes o sol.

Alexandre atendeu ao pedido e afastou-se rapidamente.

83
A resposta de Diógenes ficou para a história, como expressão de humildade, desapego e
desprendimento. Ele não queria mais do que a luz do sol, um bem que não precisava do poder
do rei para ser usufruído.

(Adaptado de: NETO, Aureliano. Sei lá, a vida tem sempre


razão. www.oprogressonet.com)

E aproximou-se tanto do velho filósofo, que sua sombra se projetou sobre ele.

A atuação combinada dos vocábulos em destaque articula as orações, na ordem dada, numa
relação de

a) conformidade e proporção.
b) intensidade e condição.
c) causa e consequência.
d) proporção e conformidade.
e) condição e causa.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Dica para resolver as questões sobre causa e consequência:

O fato de (causa) faz com que (consequência)

O fato dele ter se aproximado do filósofo (causa), fez com que sua sombra se projetasse
sobre ele (consequência).

85 – Texto 1 – Quem protege os cidadãos do Estado?

Renato Mocellin & Rosiane de Camargo, História em Debate

O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas


pelos países, busca garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no
entanto, inúmeras situações em que o Estado coloca a população em risco, estabelecendo
políticas públicas autoritárias, investindo poucos recursos nos serviços públicos essenciais e
envolvendo civis em conflitos armados, por exemplo.

Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para
a vida das pessoas nesses casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos
sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais, essas instituições conseguem atuar em
regiões de conflito onde há perigo para a população.

Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em


uma guerra civil nigeriana, no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu

84
criar uma organização que pudesse oferecer atendimento médico a toda população envolvida
em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma posição política favorável
ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas
e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.

Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes
envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização
informa a localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é
proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos
profissionais da organização.

“Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas e/ou sob forte bombardeio para
atender os que estão feridos e sob risco de vida”.

Se transformarmos a oração reduzida sublinhada em forma de oração desenvolvida,


teremos:

a) para que se atendam os que estão feridos;


b) para atenção dos que estão feridos;
c) para atendimento dos que estão feridos;
d) para que se atenda os que estão feridos;
e) para que se atendesse os que estão feridos.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Vamos eliminar as letras B e C (pois não estão desenvolvidas. As desenvolvidas precisam ter
uma conjunção ou pronome relativo!)

Ficamos com letra a/d/e, e agora?

a) para que se atendam os que estão feridos;

d) para que se atenda os que estão feridos;

e) para que se atendesse os que estão feridos.

Vamos eliminar a letra "e", pois está no pretérito!

Ficamos com letras a/d ...

Agora é ver o que concorda (questão de concordância):

a) para que se atendam os que estão feridos;

d) para que se atenda os que estão feridos;

A frase está meio invertida, fica difícil de ver, mas é uma VOZ PASSIVA

85
Para que ATENDAM-SE os que estão feridos (= para que os que estão feridos sejam
atendidos)

Para que ATENDAM-SE os que (= aqueles que) estão feridos

O verbo fica no plural para concordar com "aqueles que" (= feridos)

86 – Texto 3 – A produção do conhecimento,

Flávio de Campos

Estudar é semelhante ao trabalho de um detetive que investiga um determinado assunto. O


bom detetive é aquele que considera o maior número de hipóteses e escolhe aquelas que
julgar mais convincentes. Para fazer isso, ao contrário do que se pode pensar, é importante
ter dúvidas. Todos têm dúvidas. Do mais importante cientista ao mais humilde trabalhador.

O que faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas e
tentar solucionar o maior número delas. Em qualquer área profissional, há sempre questões
em aberto, onde as reflexões e as investigações ainda não obtiveram respostas conclusivas. A
pesquisa dá respostas sempre provisórias. Sempre é possível ampliar e reformular essas
respostas obtidas anteriormente.

“Estudar é semelhante ao trabalho de um detetive que investiga um determinado assunto. O


bom detetive é aquele que considera o maior número de hipóteses e escolhe aquelas que
julgar mais convincentes. Para fazer isso, ao contrário do que se pode pensar, é importante
ter dúvidas. Todos têm dúvidas. Do mais importante cientista ao mais humilde trabalhador.

O que faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas e
tentar solucionar o maior número delas”.

A forma desenvolvida adequada das formas reduzidas acima destacadas é:

a) Que julgar mais convincentes / que julgasse mais convincentes;

b) Para fazer isso / para que faça isso;

c) É importante ter dúvidas / é importante que se tivesse dúvidas;

d) O que faz um trabalho de investigação ser bom / o que faz com que um trabalho de
investigação fosse bom;

e) a capacidade de organizar essas dúvidas / a capacidade de que se organizem essas


dúvidas.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

86
Oração reduzida: sem conjunção + verbo infinitivo.

Oração desenvolvida: conjunção integrante + verbo flexionado.

a) Que julgar mais convincentes / que julgasse mais convincentes; sem conjunção
integrante.

b) Para fazer isso / para que faça isso; sem verbo flexionado.

c) É importante ter dúvidas / é importante que se tivesse dúvidas; sem conjunção


integrante

d) O que faz um trabalho de investigação ser bom / o que faz com que um trabalho de
investigação fosse bom; sem conjunção integrante

e) a capacidade de organizar essas dúvidas / a capacidade de que se organizem essas dúvidas.


conjunção integrante + verbo flexionado.

87 – Texto 2 – Violência: O Valor da vida

Kalina Vanderlei Silva / Maciel Henrique Silva, Dicionário de conceitos históricos. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 412

A violência é um fenômeno social presente no cotidiano de todas as sociedades sob várias


formas. Em geral, ao nos referirmos à violência, estamos falando da agressão física. Mas
violência é uma categoria com amplos significados. Hoje, esse termo denota, além da agressão
física, diversos tipos de imposição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar ou de
gênero, ou a censura da fala e do pensamento de determinados indivíduos e, ainda, o desgaste
causado pelas condições de trabalho e condições econômicas. Dessa forma, podemos definir
a violência como qualquer relação de força que um indivíduo impõe a outro.

Consideremos o surgimento das desigualdades econômicas na história: a vida em sociedade


sempre foi violenta, porque, para sobreviver em ambientes hostis, o ser humano precisou
produzir violência em escala inédita no reino animal.

Por outro lado, nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma ferramenta de
sobrevivência e passou a ser um instrumento da organização da vida comunitária. Ou seja, foi
usada para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade
não se desenvolveria nem se complexificaria. Essa desigualdade social é o fenômeno em que
alguns indivíduos ou grupos desfrutam de bens e valores exclusivos e negados à maioria da
população de uma sociedade. Tal desigualdade aparece em condições históricas específicas,
constituindo-se em um tipo de violência fundamental para a constituição de civilizações.

“Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a oração reduzida
de infinitivo por uma oração desenvolvida, a forma adequada seria:

87
a) para a criação de uma desigualdade social;
b) para que se criasse uma desigualdade social;
c) para que se crie uma desigualdade social;
d) para a criatividade de uma desigualdade social;
e) para criarem uma desigualdade social.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a oração reduzida
de infinitivo por uma oração desenvolvida, a forma adequada seria:

b) para que se criasse uma desigualdade social;

c) para que se crie uma desigualdade social;

88 – As crianças gostam de brincadeiras que sejam imitativas e repetitivas, mas, ao mesmo


tempo, inovadoras. Firmam-se no que lhes é conhecido e seguro, e exploram o que é novo e
nunca foi experimentado.

O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir
são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e
em muitos animais.

Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo,
imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata
possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão
representativa à imitação. Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o
de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em
muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas
no ser humano.

A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição
e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição
musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado.
Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos
admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados.

Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas
brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer
descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons,
carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez
sejam essenciais para a realização criativa, por exemplo, audácia, confiança, pensamento
independente?

A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento conscientes, mas também


de preparação inconsciente. Esse período de incubação é essencial para permitir que o
subconsciente assimile e incorpore influências, que as reorganize em algo pessoal. Na abertura

88
de Rienzi, de Wagner, quase podemos identificar todo esse processo. Há ecos, imitações,
paráfrases de Rossini, Schumann e outros − as influências musicais de seu aprendizado. E
então, de súbito, ouvimos a voz de Wagner: potente, extraordinária (ainda que horrível, na
minha opinião), uma voz genial, sem precedentes.

Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta.
As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem
da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que
possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é
“emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que
é tomado de empréstimo.

(Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo:
Cia. das Letras, 2017, ed. digital)

ainda que horrível, na minha opinião (6° parágrafo)

O segmento sublinhado acima estabelece, no contexto, noção de

a) conclusão.
b) concessão.
c) finalidade.
d) causa.
e) conformidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. A ideia de contraste na oração subordinada adverbial


concessiva, traz em si o fundamento de transgressão, ou em outra palavra o não
cumprimento de uma lei, ou, ainda mais resumidamente --> Fazer aquilo que não se é
esperado, ou seja, uma contradição. Suas decorébas são = embora, conquanto, ainda que,
mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que, por mais que, por pouco que, por muito
que

89 – É compreensível imaginar que, dentro do contexto de uma arte de tantos séculos como
o teatro, o clichê “nada se cria, tudo se copia” já seja uma máxima. Alguns estudiosos da
dramaturgia dizem que tal frase é perfeitamente aplicável. O curioso, no entanto, é constatar
a rapidez com que o cinema, que tem menos de 120 anos de vida, tem incorporado essa
máxima.

No século 21, é em Hollywood que essa tendência aparece com maior força. Praticamente
todos os sucessos de bilheteria da indústria cinematográfica norte-americana são adaptações
de quadrinhos, livros, videogames ou programas de TV que fizeram sucesso. A indústria da
adaptação tornou-se tão forte que existe uma massa de escritores com contratos fixos com
alguns estúdios, o que significa que escrevem obras literárias já pensando em sua adaptação
para o cinema. O roteiro original, portanto, tornou-se um artigo de luxo no cinema norte-
americano.

89
Em Hollywood, tal fenômeno é compreensível. A razão para que haja uma alta sem
precedentes das adaptações é o medo do risco em tempos de crise econômica, que faz com
que os estúdios apostem em histórias já testadas e aprovadas por leitores. Essa estratégia,
apesar de não garantir êxito de bilheteria, reduz o risco de apostar todas as fichas em histórias
inéditas.

No Brasil, as adaptações também viraram moda, uma vez que, nos primeiros anos do
século 21, os filmes mais comentados vieram de livros e outras formas de expressão artística.

(Adaptado de: BALLERINI, Franthiesco. Cinema Brasileiro no Século 21: reflexões de


cineastas, produtores, distribuidores, exibidores, artistas, críticos e legisladores sobre os
rumos da cinematografia nacional. Edição digital. São Paulo: Summus Editorial, 2012)

O segmento em que se observa uma conclusão a que se chegou a partir das ideias expostas
na oração anterior está em:

a) ... o cinema, que tem menos de 120 anos de vida... (1° parágrafo)

b) ... uma vez que [...] os filmes mais comentados vieram de livros e outras formas de
expressão artística. (último parágrafo)

c) Essa estratégia, apesar de não garantir êxito de bilheteria... (3° parágrafo)

d) ... dentro do contexto de uma arte de tantos séculos como o teatro... (1° parágrafo)

e) O roteiro original, portanto, tornou-se um artigo de luxo no cinema norte-americano. (2°


parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Se você soubesse que a conjunção PORTANTO é de conclusão,


você já teria a questão na sua mão.

“Uma vez que” é conjunção de causa.

“Apesar de”, concessão.

Dica: decore as conjunções.

90 – Texto I - Moradias em Áreas de Risco

Alguns locais são impróprios para a construção de moradias. Os morros são um exemplo,
porque a inclinação do terreno dificulta a construção das casas e pode colocar em risco a vida
dos moradores. Quando chove muito, a água pode fazer com que a terra deslize sobre o
terreno inclinado. E, se a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas nos
morros.

90
Casas construídas em áreas próximas de córregos e rios também estão sujeitas a alagamentos
quando há muita chuva em um período curto de tempo. Além disso, por conta dos esgotos
que muitas vezes são jogados nos rios, as pessoas que vivem nesses locais ficam sujeitas a
contrair doenças.

(Ricardo Dreguer)

“Alguns locais são impróprios para a construção de moradias.”

Se substituirmos o segmento sublinhado por uma oração reduzida, teremos como forma
correta:

a) para construírem-se moradias.


b) para que se construísse moradias.
c) para que se construa moradias.
d) para que se construam moradias.
e) para moradias ser construídas.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Orações subordinadas reduzidas NÃO iniciam por pronome


relativo ou por conjunção subordinativa e têm o verbo empregado em uma das formas
nominais (gerúndio, particípio ou infinitivo).

91 – TEXTO 1 - REFEIÇÃO EM FAMÍLIA

Rosely Sayão

Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que


alimentação é uma questão de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o
corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de populações com alto índice de
longevidade, alimentos ganham adjetivos como “funcionais”. Temos dietas para cardíacos,
para hipertensos, para gestantes, para obesos, para idosos.

Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se
encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham
escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos
entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.

[....]

O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com
regularidade e de modo informal. E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus
afetos pelos filhos de modo mais natural. (adaptado)

“Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros
oferecem cardápios de populações com alto índice de longevidade”.

91
Sobre o período e as orações que o constituem (texto 1), é correto afirmar que:

a) o período é composto por duas orações;


b) o período apresenta orações do tipo coordenado e subordinado;
c) todas as orações do período são subordinadas;
d) todas as orações do período são coordenadas;
e) o período mostra mais orações coordenadas que subordinadas.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Programas de TV ensinam a comer bem (oração


principal) para manter o corpo magro e saudável (oração subordinada adverbial
final), livros oferecem cardápios de populações com alto índice de longevidade (oração
coordenada)”.

92 – TEXTO 1 - REFEIÇÃO EM FAMÍLIA

Rosely Sayão

Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que


alimentação é uma questão de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o
corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de populações com alto índice de
longevidade, alimentos ganham adjetivos como “funcionais”. Temos dietas para cardíacos,
para hipertensos, para gestantes, para obesos, para idosos.

Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se
encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham
escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos
entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.

[....]

O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com
regularidade e de modo informal. E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus
afetos pelos filhos de modo mais natural. (adaptado)

Na estruturação do texto 1, o segundo parágrafo, em relação ao primeiro, estabelece


uma relação de:

a) explicação;
b) consequência;
c) oposição;
d) exemplificação;
e) causa.

Comentários

92
O gabarito é a alternativa C.
1° paragrafo relata a positividade da tv em relaçao de contribuir p uma alimentaçao
saudavel.
2° paragrafo relata o negativismo da tv em relaçao de afastamento do laço familiar.

93 – Civilização e infelicidade

Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas que regulam os
vínculos pessoais na família, no Estado e na sociedade. Não queremos admitir que as
instituições por nós mesmos criadas não trariam bem-estar e proteção para todos nós.
Deparamo-nos com a afirmação espantosa que boa parte da nossa miséria vem do que é
chamado de nossa civilização; seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e
retrocedêssemos a condições primitivas.

A asserção me parece espantosa porque é fato estabelecido – como quer que se defina o
conceito de civilização – que tudo aquilo com que nos protegemos da ameaça das fontes do
sofrer é parte da civilização. Descobriu-se que o homem se torna neurótico porque não pode
suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol de seus ideais culturais, e
concluiu-se então que, se estas exigências fossem abolidas ou bem atenuadas, isto significaria
um retorno a possibilidades de felicidade.

(Adaptado de: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo César de Souza.
São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2011, p. 30-32)

Há desdobramento de uma oração em duas e alteração na voz verbal nesta nova


redação de um segmento do texto:

a) Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas // a insuficiência


das normas seria uma fonte da infelicidade humana.

b) A asserção me parece espantosa // Espanta-me que se faça tal asserção.

c) Descobriu-se que o homem se torna neurótico // perceberam a razão da neurose do


homem.

d) nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer // nos poupamos do risco dos
sofrimentos.

e) isto significaria um retorno a possibilidades de felicidade // isto equivaleria retornar à


eventualidade de ser feliz.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Duas orações, uma delas na passiva sintética. Na analítica


ficaria assim: Espanta-me que seja feita tal asserção.

93
94 – Brasileiros e latino-americanos fazemos constantemente a experiência do caráter postiço
da vida cultural que levamos. Essa experiência tem sido um dado formador de nossa reflexão
crítica desde os tempos da Independência. Ela pode ser e foi interpretada de muitas maneiras,
o que faz supor que corresponda a um problema durável e de fundo.

O Papai Noel enfrentando a canícula em roupa de esquimó é um exemplo de inadequação.


Da ótica de um tradicionalista, a guitarra elétrica no país do samba é outro. São exemplos
muito diferentes, mas que comportam o sentimento da contradição entre a realidade nacional
e o prestígio ideológico dos países que nos servem de modelo.

Tem sido observado que, a cada geração, a vida intelectual no Brasil parece recomeçar do
zero. O apetite pela produção recente dos países avançados muitas vezes tem como avesso o
desinteresse pelo trabalho da geração anterior e, por conseguinte, a descontinuidade da
reflexão. Nos vinte anos em que tenho dado aula de literatura, por exemplo, assisti ao trânsito
da crítica por uma lista impressionante de correntes. Mas é fácil observar que só raramente a
passagem de uma escola a outra corresponde ao esgotamento de um projeto; no geral, ela se
deve ao prestígio americano ou europeu da doutrina seguinte. Conforme notava Machado de
Assis em 1879, “o influxo externo é que determina a direção do movimento”.

Não é preciso ser adepto da tradição para reconhecer os inconvenientes desta praxe, a
que falta a convicção das teorias, logo trocadas. Percepções e teses notáveis a respeito da
cultura do país são decapitadas periodicamente, e problemas a muito custo identificados ficam
sem o desdobramento que lhes poderia corresponder. O que fica de nosso desfile de
concepções e métodos é pouco, já que o ritmo da mudança não dá tempo à produção
amadurecida.

O inconveniente faz parte do sentimento de inadequação que foi nosso ponto de partida.
Nada mais razoável, portanto, para alguém consciente do prejuízo, que passar ao polo oposto
e imaginar que baste não reproduzir a tendência metropolitana para alcançar uma vida
intelectual mais substantiva. A conclusão tem apoio intuitivo forte, mas é ilusória. Não basta
renunciar ao empréstimo para pensar e viver de modo mais autêntico. A ideia de cópia
discutida aqui opõe o nacional ao estrangeiro e o original ao imitado, oposições que são irreais
e não permitem ver a parte do estrangeiro no próprio, a parte do imitado no original e também
a parte original no imitado.

(Adaptado de: SCHWARZ, Roberto. Que horas são? São Paulo, Cia. Das Letras, 1987, p.
29-48)

O segmento sublinhado em O que fica de nosso desfile de concepções e métodos é pouco, já


que o ritmo da mudança não dá tempo à produção amadurecida (4°parágrafo) expressa, no
contexto, noção de

a) concessão.
b) consequência.
c) causa.
d) conformidade.
e) finalidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

94
Causais : porque , porquanto , visto que , já que , uma vez que , na medida em que , dado
que , haja vista que.

CONcessiva ( CONtraste = oposição) : Embora , mesmo , CONquanto, AINDA


QUE , apesar de , não obstante , malgrado, A despeito de , Posto que , se bem que.

CONSEcutiva (CONSEquência = decorrência) : de modo que , de maneira que , de sorte


que , tal que , tão que, tamanho que)

Conformativa : como, conforme , segundo , consoante , em conformidade com.

95 – Texto 1

A contracapa de um livro de suspense – Em águas sombrias – informa aos possíveis leitores:

“Uma mãe solteira aparece morta no rio que atravessa a cidade. Pouco tempo antes, uma
adolescente vulnerável teve o mesmo destino. Embora não sejam as primeiras mulheres
perdidas para estas águas escuras, suas mortes causam uma perturbação no rio e em sua
história, dragando dele segredos há muito submersos. (...) um novo e viciante suspense
psicológico em que a verdade é escorregadia e pode afogar as pessoas em seus próprios
mistérios”.

“Embora não sejam as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras” é uma oração
que poderia ser reescrita em forma reduzida de infinitivo e mantendo-se o sentido original, da
seguinte forma:

a) Apesar de não serem as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
b) Mesmo não sendo as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
c) Por não serem as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
d) Não sendo, portanto, as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.
e) A fim de não serem as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. EMBORA, É UMA CONCESSIVA, junto com: Conquanto, ainda


que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto, etc.

96 – A tentativa de jogar a culpa por uma situação indesejada − de desastres naturais a


guerras, de crises econômicas a epidemias − nas costas de um único indivíduo ou grupo quase
sempre inocente é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a consideram essencial
para entender a vida em sociedade. Como é possível que explicações irracionais convençam
tanta gente, apesar da falta de evidências?

Em um livro publicado recentemente, Charlie Campbell defende a tese de que cada ser
humano tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem dificuldade de admitir
os próprios erros. "Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, e assim continuamos
assiduamente desde então", ele escreveu. Junte-se a isso a necessidade intrinsecamente

95
humana de encontrar um sentido, uma ordem no caos do mundo, e têm-se os elementos
exatos para aceitarmos a primeira e a mais simples explicação que aparecer para os males
que nos afligem.

Desde muito cedo, provavelmente com o surgimento das primeiras crenças religiosas, a
humanidade desenvolveu rituais para transferir a culpa para pessoas, animais ou objetos como
uma forma de purificação e recomeço. A expressão "bode expiatório" refere-se a uma
passagem do Velho Testamento, em que um animal era sacrificado imediatamente em tributo
a Deus, para pagar pelos pecados da comunidade, e um outro era enxotado da aldeia,
carregando consigo, simbolicamente, a culpa de todos os moradores.

Outro estudioso, René Girard, é autor da teoria do desejo mimético, segundo a qual
ninguém almeja algo porque precisa dele, mas sim porque aquilo também é desejado por outra
pessoa. A vida em sociedade consiste na multiplicação dessa equação e a dificuldade de
conciliar os desejos de todos cria tensão e violência. Para que a ordem social não desmorone
em atos de vingança, existem os rituais de sacrifício, em que os impulsos destrutivos são
canalizados para um bode expiatório. No mundo moderno, os sacrifícios com sangue deram
lugar a rituais mais sutis de expiação, auxiliados por tecnologias como a internet.

(Adaptado de Diogo Schelp. Veja, 16 de maio de 2012. p.113- 115.)

... é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a consideram essencial para entender
a vida em sociedade. (1° parágrafo)

O segmento grifado acima introduz, no contexto, noção de

a) condição.
b) finalidade.
c) comparação.
d) temporalidade.
e) consequência.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Consecutivas – Introduzem uma oração que expressa


consequência da principal. São elas : de sorte que , de modo que , de forma que , sem que
(=que não ) , que ( tendo com antecedente na oração principal uma palavra como : Tal , tão
, cada , tanto , tamanho).

97 – Uma manchete do jornal Metro, 11/04/2017, dizia o seguinte: “Se reforma for adiada,
direitos serão perdidos”.

A relação lógica entre as duas orações da manchete é:

a) uma afirmação seguida de uma explicação;


b) uma condição seguida de uma consequência;
c) uma consequência seguida de sua causa;
d) uma possível causa seguida de uma exemplificação;
e) uma opinião seguida de uma conclusão.

96
Comentários

O gabarito é a alternativa B. Oração iniciada com a conjunção SE pode iniciar uma oração
subordinada adverbial condicional ou causal. O que difere as duas é o contexto, se apresentar
a idéia de uma hipótese(suposição ou fato dado como incerto) é condicional, se apresentar a
partida de uma lógica de ação certa é causal (ex: Se não tinha competência para o cargo, não
poderia ter aceitado a proposta).

Para saber se é uma condicional, o que ajuda é colocar a condição oposta e ver se isso muda
o desfecho:

"Se a reforma não for adiada, direitos não serão perdidos." <= Como é possível inferir isso
da frase, ela pode ser considerada uma condicional.

98 – Texto 4 – ANIMAIS, NOSSOS IRMÃOS

“Desde o início da vida no planeta Terra, muitas são as espécies animais que foram extintas
por vários motivos.

Atualmente, quando se mencionam ‘espécies em extinção’, afloram as várias atividades


humanas que as provocaram, ou estão provocando.

Dentre essas ações, as principais talvez sejam:

l) a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses
animais, de uma forma ou de outra, rendem expressivos lucros;

ll) a descuidada aplicação dos chamados ‘defensivos agrícolas’ ou agrotóxicos,


desestabilizando completamente o ecossistema;

lll) as grandes tragédias provocadas também pela incúria humana como os incêndios florestais
e derramamento de petróleo cru nos mares;

lV) o desmatamento de grandes áreas, fator de cruel desalojamento dos habitats de


incontáveis espécies animais”. (Eurípedes Kuhl)

“a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses
animais, de uma forma ou de outra, rendem expressivos lucros”.

O segmento (texto 4) sublinhado, em relação ao trecho anterior, funciona como sua:

a) finalidade;
b) causa;
c) consequência;
d) conclusão;
e) proporção.

97
Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Relação causa x consequência

(Macete: o FATO DE (CAUSA) FAZ COM QUE (CONSEQUÊNCIA)

O FATO DE OS ANIMAIS RENDEREM EXPRESSIVOS LUCROS FAZ COM QUE OCORRA A CAÇA
PREDATÓRIA

99 – Depois de subir uma serra que parecia elevar-se do caos, o taubateano Antônio Dias de
Oliveira se deparou com uma vista inebriante: uma sequência de morros enrugados, separados
por precipícios e vales. No fundo desses grotões, corriam córregos de água transparente. O
mais volumoso deles era o Tripuí. Foi nele que Antônio Dias encontrou um ouro tão escuro que
foi chamado de ouro preto. A região, que ficaria conhecida como Ouro Preto, tinha uma
formação geológica rara. Portugal tinha enfim seu Eldorado. O ouro era encontrado nas
margens e nos leitos dos rios, e até à flor da terra.

Já em 1697, el-rei pôde sentir em suas mãos o metal precioso do Brasil. Naquele ano, doze
navios vindos do Rio de Janeiro aportaram em Lisboa. Além do tradicional açúcar, traziam ouro
em barra. A presença do metal na frota vinda do Brasil era tão inusitada que espiões franceses
pensaram que o ouro era proveniente do Peru. Mas logo todos saberiam da novidade e o
mundo voltaria seus olhos para o Brasil.

Como só havia dois caminhos que levavam às lavras, o trânsito de ambos se intensificou.
Os estrangeiros que chegavam por Salvador ou Recife se embolavam às massas vindas do
Nordeste. Juntos, desciam às minas acompanhando o rio São Francisco até o ponto em que
este se encontra com o rio das Velhas, já em território mineiro. Os portugueses que
desembarcavam no Rio de Janeiro seguiam o fluxo dos moradores da cidade. Em
Guaratinguetá, portugueses e fluminenses agregavam-se às multidões vindas do Sul e de São
Paulo e, unidos, subiam o chamado Caminho Geral do Sertão, que terminava nas minas.

Foi dessa forma desordenada e no meio do sertão bruto que pela primeira vez o Brasil se
encontrou.

(Adaptado de: Lucas Figueiredo. Boa Ventura!. Rio de Janeiro, Record, 2011, pp. 120; 131;
135)

Existe relação de causa e consequência entre as orações:

a) Como só havia dois caminhos que levavam às lavras, o trânsito de ambos se intensificou.
b) Já em 1697, el-rei pôde sentir em suas mãos o metal precioso do Brasil.
c) No fundo desses grotões, corriam córregos de água transparente.
d) Além do tradicional açúcar, traziam ouro em barra.

Comentários

98
O gabarito é a alternativa A.

DICA:

O FATO DE (causa) FEZ COM QUE (Consequência)

Como só havia dois caminhos que levavam às lavras, o trânsito de ambos se intensificou O
FATO DE Só Haver dois caminhos que levavam às lavras, FEZ COM QUE o trânsito de ambos
se intensificassem Orações subordinativas adverbiais:

Causais: Exprimem motivo, causa

Porque, porquanto, visto que, já que, como

Ex: A cidade foi alagada porque o rio transbordou

Consecutivas: Indicam uma consequência do fato, referido na oração principal.

De modo que, de forma que, de maneira que

ex: O rio transbordou tanto que a cidade foi a alagada.

100 – Texto 1 – ENTREVISTA COM O FÍSICO HOWARD GELLER

O Brasil passou por um período de racionamento de energia em 2001. Isso pode se


repetir? O que pode ser feito para evitar um novo racionamento?

O racionamento foi resultado da política de privatização e desregulamentação que não


incentivou suficientemente a construção de novas usinas. O governo também não permitiu
que o setor público investisse nessa área. Não planejou nem implementou uma política para o
setor. O problema principal foi esse e não tinha uma carência de energia ou da capacidade de
fornecê-la, embora o volume de chuvas tenha sido pequeno nos anos anteriores.

No futuro, o desafio será adotar uma política energética que estimule o fornecimento de
energia, através de eletricidade ou de combustíveis, a um custo acessível para os
consumidores e as empresas, protegendo inclusive o meio ambiente. É preciso levar em conta
questões econômicas e sociais. No Brasil, há pelo menos 20 milhões de pessoas que vivem em
áreas rurais das regiões Norte e Nordeste, sem acesso à eletricidade. Uma boa política
expandiria o fornecimento para essa população. (Ciência Hoje, maio de 2004 - adaptado)

“O que pode ser feito para evitar um novo racionamento?”

A oração “para evitar um novo racionamento” pode ser desenvolvida em forma de uma nova
oração do seguinte modo:

a) Para evitar-se um novo racionamento?


b) Para que se evitasse um novo racionamento?
c) Para que um novo racionamento fosse evitado?
d) Para que se evite um novo racionamento?

99
e) Para ser evitado um novo racionamento?

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

1) Para se transformar em uma ORAÇÃO DESENVOLVIDA, temos que ter CONJUNÇÃO. Nas
respostas, temo o Que.

Daí, elininam-se as letras A e E. Pois não tem a conjunção QUE.

2) A pergunta original possui VERBO NO PRESENTE DO ("pode..."). ENTÃO É


NECESSÁRIO MANTER O PARALELISMO.

ENTÃO, Para que (CONJ. INTEGRANTE) se evite (PRESENTE) um novo racionamento?

101 – “Com as novas medidas para evitar a abstenção, o governo espera uma economia
vultosa no Enem”.

A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode ser adequadamente substituída pela seguinte
oração desenvolvida:

a) para que se evitasse a abstenção;


b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
c) para que se evite a abstenção;
d) a fim de evitar-se a abstenção;
e) evitando-se a abstenção.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Item correto. Com a adequação substituída, não se altera o


tempo e nem o sentido da oração.

102 – Uma manchete do Estado de São Paulo, 10/04/2017, dizia o seguinte:

“Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país decreta emergência”.

As duas orações desse período mantêm entre si a seguinte relação lógica:

a) causa e consequência;
b) informação e comprovação;
c) fato e exemplificação;
d) afirmação e explicação;
e) tese e argumentação.

100
Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Sempre se pergunte o que aconteceu primeiro --> será a causa.

O QUE ACONTECEU DEPOIS? --> SERÁ A CONSEQUÊNCIA.

Sendo assim: Primeiro houve um atentado contra cristãos que mataram 44 no Egito

E depois disso: O país decretou emergência”.

103 – Texto 1 – Preâmbulo

O cristianismo impregna, com maior ou menor evidência, a vida cotidiana, os valores e as


opções estéticas até mesmo dos que o ignoram. Ele contribui para o desenho da paisagem dos
campos e das cidades. Às vezes, ganha destaque no noticiário. Contudo, os conhecimentos
necessários à interpretação dessa presença se apagam com rapidez. Com isso, a
incompreensão aumenta.

Admirar o monte Saint-Michel e os monumentos de Roma, de Praga ou de Belém, deleitar-se


com a música de Bach ou de Messiaen, contemplar os quadros de Rembrandt, apreciar
verdadeiramente certas obras de Stendhal ou de Victor Hugo implica poder decifrar as
referências cristãs que constituem a beleza desses lugares e dessas obras-primas. Entender
os debates mais recentes sobre a colonização, as práticas humanitárias, a bioética, o choque
de culturas também supõe um conhecimento do cristianismo, dos elementos fundamentais da
sua doutrina, das peripécias que marcaram sua história, das etapas da sua adaptação ao
mundo.

Foi nessa perspectiva que nos dirigimos a eminentes especialistas. Propusemos a eles que
pusessem seu saber à disposição dos leitores de um vasto público culto. Isso, sem o peso da
erudição, sem o emprego de um vocabulário excessivamente especializado, sem eventuais
alusões a um suposto conhecimento prévio, que não tem mais uma existência real, e, claro,
sem intenção de proselitismo. (História do Cristianismo, org. Alain Corbin. São Paulo: Martins
Fontes. 2009. p.XIII).

“...implica poder decifrar as referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica


convenientemente substituída por uma oração em forma desenvolvida na seguinte opção:

a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs;


b) a possibilidade de decifração das referências cristãs;
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs;
d) que possamos decifrar as referências cristãs;
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências cristãs.

Comentários

101
O gabarito é a alternativa D.

1º passo - leitura do período composto:

"apreciar verdadeiramente certas obras de Stendhal ou de Victor Hugo implica poder decifrar
as referências cristãs "

2º passo - leitura correta do período:

"apreciar verdadeiramente certas obras implica poder decifrar as referências cristãs "

3º passo - Identificar que tipo de oração seria na forma desenvolvida:

incia-se a oração original com uma reduzida de infinitivo, note que a oração reduzida serve
de complemento para o verbo implicar;

"apreciar verdadeiramente certas obras implica ISSO", deu pra trocar por isso, então é
uma: O.Sub.Subs.Obj. Direta

4º passo - adequar um conectivo para poder desenvolver a oração (sugiro o "que")

"apreciar verdadeiramente certas obras implica que possamos decifrar as referências cristãs";

104 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão a seguir.

Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, elevando a fatia dos brasileiros com ensino
médio e superior em andamento ou concluído. Ou seja, houve mais ofertas de trabalhadores
dessa classe. E muitos profissionais podem ter ingressado no nível mais elevado de
escolaridade, mas com o mesmo salário, o que reduz a média de ganho da categoria. "Nos
últimos anos, as pessoas ficaram mais tempo na escola e a oferta de profissionais com ensino
médio e superior aumentou. O crescimento da escolaridade também foi impulsionado pelo
aumento do número de universidades privadas", disse Naercio.

(Disponível em: http://exame.abril.com.br/ brasil/noticias


mais-escolarizados-perdem-8-da-renda-de-2002-para-2011. Texto adaptado)

O trecho elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio e superior em andamento ou
concluído, de acordo com o contexto, expressa

a) concessão.
b) consequência.
c) restrição.
d) justificativa.
e) oposição.

Comentários

102
O gabarito é a alternativa B.

(O fato de) Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, (fez com que ) elevando a
fatia dos brasileiros com ensino médio e superior em andamento ou concluído.

Por causa dos trabalhadores passaram mais tempo na escola, fez com
que consequentemente elevaram a fatia dos brasileiros com ensino médio e superior em
andamento ou concluído.

105 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Instituições e riscos

Sem convívio não há vida, sem convívio não há civilização. Mas para conviver neste pequeno
planeta, para se afastar da barbárie, os homens necessitam de princípios e de regras, em suas
múltiplas formas de agrupamento. Orientados por tantos e tão diferentes interesses, premidos
pelas mais diversas necessidades, organizamo-nos em associações, escolas, igrejas,
sindicatos, corporações, clubes, empresas, assembleias, missões etc., confiando em que a
força de um objetivo comum viabiliza a unificação de todos no corpo de uma instituição. É o
sentido mesmo de uma coletividade organizada que legitima a existência e o funcionamento
das instituições.

Mas é preciso sempre alertar para o fato de que, criadas para permitir o convívio civilizado,
as instituições também podem abrigar aqueles que se valem de seu significado coletivo para
mascarar interesses particulares. A corrupção e a fraude podem tirar proveito do prestígio de
uma instituição, alimentando-se de sua força como um parasita oportunista se aproveita do
hospedeiro saudável. Não faltam exemplos de deturpações e desvios do bom caminho
institucional, provocados exatamente por aqueles que deveriam promover a garantia do
melhor roteiro. Por isso, não há como deixar de sermos vigilantes no acompanhamento das
organizações todas que regem nossa vida: observemos sempre se são de fato os princípios do
bem coletivo que estão orientando a ação institucional. Sem isso, deixaremos que a
necessidade original de convívio, em vez de propiciar a saúde do empreendimento social, dê
lugar ao atendimento do egoísmo mais primitivo.

(Teobaldo de Carvalho, inédito)

Estabelecem entre si uma relação de causa e consequência, nesta ordem, os seguintes


segmentos:

a) para se afastar da barbárie / os homens necessitam de princípios (1º parágrafo)

b) premidos pelas mais diversas necessidades / organizamo-nos em associações (1º


parágrafo)

c) a unificação de todos no corpo de uma instituição / a força de um objetivo comum (1º


parágrafo)

d) alertar para o fato / abrigar aqueles que se valem de seu significado coletivo para
mascarar interesses (2º parágrafo)

103
e) tirar proveito do prestígio de uma instituição / alimentando-se de sua força como um
parasita (2º parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Macete: O FATO DE (CAUSA) FAZ COM QUE (CONSEQUÊNCIA)

A - para se afastar da barbárie, os homens necessitam de princípios e de regras, (A FIM DE


SE AFASTAR = FINALIDADE).

B - O FATO DE os homens estarem premidos das mais diversas necessidades FEZ COM
QUE eles se organizassem em associações.

106 – Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

O conceito de infância, como o conhecemos, consolidou-se no Ocidente a partir do século


XVIII. Até o século XVI, pelo menos, assim que conseguissem se virar sem as mães ou as
amas, as crianças eram integradas ao mundo dos adultos. A infância, como idade da
brincadeira e da formação escolar, ao mesmo tempo com direito à proteção dos pais e depois
à do Estado, é algo relativamente novo.

A infância não é um conceito determinado apenas pela biologia. Como tudo, é também um
fenômeno histórico implicado nas transformações econômicas e sociais do mundo, em
permanente mudança e construção.

Hoje há algo novo nesse cenário. Vivemos a era dos adultos infantilizados. Não é por acaso
que proliferaram os coaches. Coach, em inglês, significa treinador. Originalmente, treinador
de esportistas. Nesse conceito importado dos Estados Unidos, país que transformou a infância
numa bilionária indústria de consumo, a ideia é a de que, embora estejamos na idade adulta,
não sabemos lidar com a vida sozinhos. Precisamos de um treinador que nos ajude a comer,
conseguir amigos e emprego, lidar com conflitos matrimoniais e profissionais, arrumar as
finanças e até mesmo organizar os armários. Uma espécie de infância permanente do
indivíduo.

Os adultos infantilizados desse início de milênio encarnam a geração do “eu mereço”. Alcançar
sonhos, ideais ou mesmo objetivos parece ser compreendido como uma consequência natural
do próprio existir, de preferência imediata. Quando essa crença fracassa, é hora de buscar o
treinador de felicidade, o treinador de saúde. É estarrecedor verificar como as gerações que
estão aí parecem não perceber que dá trabalho conquistar o que se deseja. E, mesmo que se
esforcem muito, haverá sempre o que não foi possível alcançar.

(Adaptado de: BRUM, ELIANE. Disponível em:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Época)

Identifica-se noção de concessão no segmento que se encontra em:

a) Quando essa crença fracassa... (último parágrafo)


b) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as amas... (1o parágrafo)

104
c) ... a partir do século XVIII. (1o parágrafo)
d) ... em permanente mudança e construção. (2o parágrafo)
e) ... embora estejamos na idade adulta... 3o parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia


contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que,
conquanto, etc.

Por exemplo:

Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

Eu não desistirei desse plano mesmo que todos me abandonem.

107 – Somos um povo fútil?

“No Brasil, tudo vira moda. Até manifestação de rua.”

Ouvi essa frase de um motorista de táxi durante os acontecimentos de junho, e achei um


exagero. Rebati, dizendo que o povo nas ruas tinha um significado imenso e ira propiciar a
mudança de várias leis. Ele me olhou pelo retrovisor e respondeu que era verdade, mas que
via muitos jovens, a caminho das manifestações, agindo como se estivessem indo para um
bloco de carnaval. “É a onda do momento”, insistiu. “Daqui a pouco passa.”

Em poucas semanas, as manifestações começaram a esvaziar. Os motivos eram muitos:


a ação dos black blocks, as depredações, a violência da polícia, as denúncias de interesses
escusos por parte de políticos, milicianos, traficantes. Mas não pude deixar de pensar nas
palavras do motorista de táxi.

Tornei a pensar nelas há algumas semanas, ao voltar de uma viagem de quase um mês à
Alemanha. Ao desembarcar no Brasil, fui tomada pela sensação de que somos mesmo um país
de modismos. Um povo fútil. Sei que é um clichê essa história de ir à Europa e voltar falando
de “um banho de civilização”. Sempre fui contra isso. Mas, desta vez – depois de visitar 11
museus, duas exposições, de ir a um concerto de música clássica e de visitar uma feira
gigantesca de livros –, alguma coisa aconteceu comigo.

Acho que uma das razões dessa sensação foi a leitura, durante a viagem, do livro de Mário
Vargas Llosa, “A civilização do espetáculo”. Embora em alguns pontos eu discorde do escritor,
o livro me chamou a atenção para a destruição da cultura no mundo moderno, em favor do
entretenimento. Esse conceito me deixou pensando no Brasil – nesse país que não lê livros,
mas onde quase todo mundo tem celular. Onde se veem, nos bairros pobres, antenas
parabólicas sobre casas miseráveis, onde há mais televisores do que geladeiras, e onde, em
vez de bibliotecas, temos lan houses. País que parece ter passado, em massa, do
analfabetismo funcional para o Facebook – sem escalas.

105
(....) Voltei da viagem com essa sensação de que somos mesmo fúteis, superficiais, e me
lembrei do motorista de táxi.

(Heloísa Seixas, O Globo, 14 de dezembro de 2013)

“Embora em alguns pontos eu discorde do escritor”

Assinale a alternativa em que essa frase tem seu sentido modificado.

a) Sem que em alguns pontos eu discorde do escritor.


b) Apesar de em alguns pontos eu discordar do escritor.
c) Mesmo que em alguns pontos eu discorde do escritor.
d) Não obstante em alguns pontos eu discordar do escritor.
e) Ainda que em alguns pontos eu discorde do escritor.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia


contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que,
conquanto, etc.

a) Sem que em alguns pontos eu discorde do escritor. condicional


b) Apesar de em alguns pontos eu discordar do escritor. concessiva
c) Mesmo que em alguns pontos eu discorde do escritor. concessiva
d) Não obstante em alguns pontos eu discordar do escritor. concessiva
e) Ainda que em alguns pontos eu discorde do escritor. concessiva

108 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Os azulejos de São Luís compõem um dos patrimônios culturais mais belos da cidade. Eles
são encontrados nas fachadas das casas antigas, bem como foram e ainda são utilizados em
igrejas e na decoração interna de casarões.

Foi no século XVIII, período colonial, que os azulejos lusitanos começaram a chegar à capital
maranhense, em um contexto de crescimento urbano, para enriquecer a estética das casas e
dos prédios comerciais.

O Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Museu de Artes Visuais) contém o maior acervo
de azulejos em exposição. Todos são provenientes de doações. Lá é possível confirmar com
historiadores que o patrimônio azulejar maranhense é em sua maior parte proveniente de
Portugal, mas também possui influência da França.

Os portugueses se dedicaram à produção de azulejos, utilizando técnicas diferenciadas e


trabalho manual. Eles também trabalharam em prol de uma construção visual, de forma que

106
um painel com o mesmo azulejo colocado em determinadas posições possa ser visto de várias
formas.

Portugal fez de São Luís a mais lusitana das capitais brasileiras. Por isso, a cidade preserva
o maior aglomerado urbano de azulejos dos séculos XVIII e XIX, em toda a América Latina.
Eles assumem importância no contexto universal da criação artística, pela longevidade de seu
uso, sem interrupção durante cinco séculos, resistindo a tempos chuvosos e amenizando o
calor do verão, devido aos matizes de branco que refletem os raios solares.

Assim, essa cultura material ludovicense, respeitada mundialmente, evoca a identidade e a


memória do povo maranhense.

(Adaptado de: ASSIS, Isabella Bogéa de. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/


conteudo/heran%C3%A7-lusitana-da-cidade-dosazulejos)

Identifica-se noção de finalidade no segmento que se encontra em:

a) ... mas também possui influência da França. (3º parágrafo)


b) ... pela longevidade de seu uso. (5º parágrafo)
c) ... para enriquecer a estética das casas e dos prédios comerciais. (2º parágrafo)
d) Por isso, a cidade preserva o maior aglomerado urbano de azulejos dos séculos XVIII e
XIX. (5º parágrafo)
e) ... devido aos matizes de branco que refletem os raios solares. (5º parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa C. As orações subordinadas adverbiais finais exprimem finalidade


sendo as conjunções integrantes adverbiais: a fim de que, para que, que, porque.

Exemplo: Estamos aqui para trabalhar.

109 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Tolerância brasileira?

A internet vem ajudando a derrubar o mito de que nós, brasileiros, somos tolerantes às
diferenças. Expressões preconceituosas predominam em postagens que revelam todo tipo de
intransigência em relação ao outro, rejeitado por sua aparência, classe social, deficiência,
opção política, idade, raça, religião etc.

Num primeiro momento, parece que a internet criou uma onda de intolerância. O fato,
porém, é que as redes sociais apenas amplificaram discursos existentes no nosso dia a dia. No
fundo, as pessoas são as mesmas, nas ruas e nas redes.

(Adaptado de: COSTA, Bob Vieira da. Folha de S.Paulo, 3/08/2016)

A oração sublinhada exerce a função de sujeito no seguinte período:

107
a) Parece que o mito da tolerância já não se sustenta entre nós.
b) A internet derrubou a crença de que somos tolerantes.
c) As redes sociais deram vazão à intolerância que já se notava nas ruas.
d) Uma vez disseminados, os preconceitos vão revelando nossa intolerância.
e) Quando se acessa uma rede social depara-se com uma onda de intolerância.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Alternativa A– Correta – Substituindo “que o mito da tolerância já não se sustenta entre


nós” por isso: parece ISSO ou ISSO parece. Repare que o verbo PARECER é intransitivo, por
isso não tem complemento e sim sujeito.

Alternativa B – Incorreta – A oração sublinhada complementa o nome crença, por isso é


classificada como completiva nominal (oração subordinada substantiva CN).

Alternativa C – Incorreta - A oração sublinhada qualifica e restringe o nome


“intolerância” (oração subordinada adjetiva restritiva). Note que o termo “que” é pronome
relativo (pode ser substituído por a qual).

Alternativa D– Incorreta – A oração tem valor adverbial temporal (oração subordinada


adverbial temporal).

Alternativa E – Incorreta – A oração tem valor adverbial temporal (oração subordinada


adverbial temporal).

110 – “Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro,
enquanto grande parte dela já ficou para trás.

Cada hora do nosso passado pertence à morte.” (Sêneca)

A forma reduzida “em ver a morte à nossa frente” pode ser adequadamente desenvolvida
pela seguinte oração:

a) “na visão da morte à nossa frente”.


b) “ao vermos a morte à nossa frente”.
c) “em que vejamos a morte à nossa frente”.
d) “em que víssemos a morte à nossa frente”.
e) “quando virmos a morte à nossa frente”.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Orações Desenvolvidas: Tem Conjunção e os verbos NÃO estarão


nas formas nominais (Gerúndio/Particípio/Infinitivo). Já as orações reduzidas, estas não terão
conjunções e os verbos estarão nas formas nominais.

108
111 – Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase
não havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje,
era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me
considerava bem distante da juventude.

Lidar com a inexorabilidade do envelhecimento exige uma habilidade na qual somos


inigualáveis: a adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como
nós. Da mesma forma que ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos que aprender
a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos.
A adolescência é um fenômeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta
sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias, aos 7 anos, os meninos trabalhavam
na roça e as meninas já cuidavam dos afazeres domésticos. A figura do adolescente que mora
com os pais até os 30 anos surgiu nas sociedades industrializadas após a Segunda Guerra
Mundial.
A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das
sociedades ocidentais. Restringir aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a
estética, os costumes e os padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o
efeito perverso de insinuar que o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.
A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos. É preciso sabedoria para aceitar
que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá
aos 60 o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física
para os que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e
continuam atentos às transformações do mundo.
Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos ao deixar a juventude é torná-la
experiência medíocre. Julgar que os melhores anos foram aqueles dos 15 aos 25 é não levar
em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as
experiências traumáticas e relegar ao esquecimento inseguranças, medos e desilusões
afetivas.
Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem "cabeça de jovem". Ainda que
maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das
diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais
nem sonhávamos anteriormente.

(Adaptado de: VARELLA, Drauzio. Disponível em: www.drauziovarella.com.br

Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da
juventude. (1o parágrafo)

Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das
ambiguidades... (último parágrafo)

Sem prejuízo da correção e do sentido, os segmentos sublinhados acima podem ser


substituídos, correta e respectivamente, por:

a) embora – Haja vista


b) todavia – Mesmo que
c) contudo – Apesar de
d) conquanto – Desde que
e) porquanto – Se bem que

Comentários

109
O gabarito é a alternativa B. Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou
dois termos semelhantes de uma mesma oração. De acordo com o tipo de relação que
estabelecem, as conjunções podem ser classificadas em coordenativas e subordinativas.
No primeiro caso, os elementos ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse
isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de sentido que cada um dos elementos
possui. Já no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção depende da
existência do outro.

Conjunções Subordinativas Adverbiais CONCESSIVAS: introduzem uma oração que


expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São
elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto
que, conquanto.

Conjunções Coordenativas Adversativas: ligam duas orações ou palavras,


expressando ideia de contraste ou compensação. São elas: mas, porém,
contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante.

112 – “........ a educação um valor central, é fundamental refletir sobre o tipo de escola que
desejamos criar. A educação, ........ comprometida com a igualdade social e a inclusão, pode
vir a ser um caminho privilegiado para a emancipação" (Adaptado de: ACCIOLY, Lins, Beatriz
et al. Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola. São Paulo: Reviravolta,
2009, passim) Preenche respectivamente as lacunas da frase acima, mantendo-se a coerência,
o que está em:

a) Por mais que seja − conquanto


b) Sendo − se
c) Embora seja − conquanto
d) Por mais que seja − a menos que seja
e) Sendo − embora

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Sendo a educação um valor central, é fundamental refletir sobre o tipo de escola que
desejamos criar. A educação, se comprometida com a igualdade social e a inclusão, pode vir
a ser um caminho privilegiado para a emancipação"

Sendo com sentido de consistindo - A educação consistindo em um valor central;

Se - com sentido de hipótese dando voz a suposição na sequência seguinte: pode vir a
ser....

Conjunção condicional: caso, no caso de, na hipótese de, na condição de.

113 – Assinale a opção que apresenta a frase em que a substituição da oração adjetiva
sublinhada pelo termo em destaque é inadequada.

110
a) “O que é a felicidade além da simples harmonia entre o homem e a vida que ele leva?”
– vivida por ele.
b) “Sucesso é conseguir o que você quer e felicidade é gostar do que você
conseguiu”. – desejado.
c) “Você não será mais feliz com mais até ser feliz com o que você já tem”. – já obtido.
d) “A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido”. – multiplicável.
e) “Felicidade é como uma flor que não se deve colher”. – recolhida.

Comentários
O gabarito é a alternativa E. “Felicidade é como uma flor que não se deve colher”.
– recolhida. Se mudar a frase “não deve recolher” por “recolhida” vai alterar completamente
o sentido da frase. E só questão de interpretação.

114 – As opções a seguir apresentam pensamentos em que os pronomes sublinhados


estabelecem coesão com elementos anteriores. Assinale a frase em que esse referente anterior
é uma oração.

a) “Um diplomata é um sujeito que pensa duas vezes antes de não dizer nada”.
b) “A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca”.
c) “Não existe assunto desinteressante, o que existe são pessoas desinteressadas”.
d) “A dúvida é uma margarida que jamais termina de se despetalar”.
e) “Se você pensa que não tem falhas, isso já é uma”.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) “Um diplomata é um sujeito que pensa duas vezes antes de não dizer nada”. (ERRADO)
o "QUE" é Pronome Relativo (o qual) e refere-se a "sujeito".

b) “A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca”. (ERRADO) o


LHE faz referência a "a minha vontade", sendo objeto indireto.

c) “Não existe assunto desinteressante, o que existe são pessoas


desinteressadas”.(ERRADO) o "que" nao faz referência a nenhum termo da oração anterior.

d) “A dúvida é uma margarida que jamais termina de se despetalar”.(ERRADO) Assim como


na letra A, o "QUE" é Pronome Relativo (a qual), referindo-se a "margarida"

e) “Se você pensa que não tem falhas, isso já é uma”. (CERTO) o ISSO faz referência a oração
anterior. ISSO é uma falha...isso o que? voce pensar que não tem falhas.

115 – Texto II

A inteligibilidade

111
A imprensa, como veículo de interesses da coletividade, participou e participa decisivamente
da propagação do futebol. A aceitação crescente desse esporte em nosso país fez com que os
jornais, superando a fase inicial de certa indiferença, o reconhecessem como um conteúdo
próprio à difusão em massa.
[....] Em função do receptor (leitor de classes sociais distintas e de diferentes graus de
escolarização), a narrativa esportiva apresenta um vocabulário reduzido e o mais corrente
possível, para garantir a legibilidade do texto. O emissor, limitado a um código comum de um
receptor de nível social médio, procura muito mais repetir modelos anteriores do que tentar
novas realizações na potencialidade do sistema. Entre o normal (convencional) e o anormal
(novo), o primeiro é o mais frequente na seleção vocabular, onde não se usa uma linguagem
tão apurada. A sofisticação de alguns termos é resultante do espírito da época. Não é
determinada por um receptor identificado com este código, como é o caso do editorial nos
jornais. Trata-se apenas da utilização de um código que valorize o conteúdo, dando-lhe um
pretenso caráter de seriedade.
(Maria do Carmo Fernandez)
Na frase “A imprensa, como veículo de interesses da coletividade...”, o termo sublinhado
apresenta valor semântico de:

a) concessão.
b) finalidade.
c) comparação.
d) modo.
e) causa.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da oração principal.

São elas: porque, que, como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma
vez que, porquanto, já que, desde que, etc.

116 – Leia a frase: “Sou como uma planta do deserto. Uma única gota de orvalho é
suficiente para me alimentar”.

Nesse pensamento há uma oração reduzida sublinhada; essa oração, se modificada para a
forma de uma oração desenvolvida, deveria ser:

a) para que me alimentasse.


b) para que eu fosse alimentado.
c) para a minha alimentação.
d) para que eu me alimente.
e) para eu ser alimentado.

Comentários

112
O gabarito é a alternativa D.

Uma oração reduzida é uma oração que apresenta o verbo em sua forma nominal (infinitivo,
gerúndio ou particípio) e que não é ligada com a oração principal através de conjunção. Para
acharmos sua forma desenvolvida, devemos passar o verbo para um tempo no indicativo ou
no subjuntivo:

“Uma única gota de orvalho é suficiente para me alimentar”. (Oração subordinada


adverbial final reduzida de infinitivo)

“Uma única gota de orvalho é suficiente para que eu me alimente”. (Oração subordinada
adverbial final desenvolvida)

• Observe que o "para", que é preposição, se torna a conjunção adverbial final "para que" na
oração desenvolvida. O verbo "alimentar" foi para o presente do subjuntivo.

117 – Texto

A população brasileira

Os primeiros habitantes do território, hoje conhecido como Brasil, chegaram aqui há


milhares de anos. Por volta de 1500, havia diferentes povos indígenas espalhados por todo o
território. Em 1500 chegaram os portugueses e, no século XVI, eles começaram a trazer os
povos africanos. Assim, pode-se dizer que a população brasileira se originou do encontro
desses três grupos.

Outros povos, como os chineses, os italianos, os alemães e os japoneses, começaram a


chegar no século XIX. Todos trouxeram importantes contribuições.

A convivência entre diferentes povos deu à população brasileira uma de nossas principais
características: a grande diversidade de costumes e tradições, que faz do nosso país um lugar
muito rico culturalmente.

A diversidade nem sempre foi respeitada em nosso país. Desde a chegada dos portugueses,
em 1500, inúmeras situações de preconceito têm ocorrido em razão das diferenças de etnia,
religião, sexo, classe social, nacionalidade, idade.

Muita coisa ainda precisa melhorar, mas hoje existem leis que proíbem quaisquer
manifestações e atitudes de preconceito. Elas também determinam que todos devem ser
tratados com igualdade, respeito e tolerância.

(Cláudia Carvalho Neves)

“Os primeiros habitantes do território”

Nesse segmento do texto, o numeral “primeiros” tem valor semântico de

a) qualidade, pois mostra a melhor cultura dos indígenas.


b) tempo, pois indica o momento em que chegaram.

113
c) lugar, pois demarca a ocupação do território brasileiro.
d) modo, pois assinala a maneira como foi feita a ocupação.
e) comparação, pois estabelece uma relação com os habitantes posteriores.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Nessa questão, observando a frase inteira, dá para perceber


que o numeral “primeiros” indica perfeitamente o valor de tempo.

Os primeiros habitantes do território, hoje conhecido como Brasil, chegaram aqui HÁ


MILHARES DE ANOS.

118 – Observe a frase a seguir:

“Os fantasmas são frutos do medo: quem não tem medo não vê fantasmas”.

Os dois pontos entre os dois segmentos da frase podem ser adequadamente substituídos pelo
seguinte conectivo:

a) pois.
b) logo.
c) contudo.
d) entretanto.
e) no entanto.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

“Os fantasmas são frutos do medo: _______ quem não tem medo não vê fantasmas”. =>
"pois" se encaixa porque a explicação está APÓS a conclusão.

"Quem não tem medo não vê fantasmas: _______ os fantasmas são frutos do medo" =>
"logo" se encaixa porque a explicação está ANTES da conclusão.

A questão é meio sacana visto que é difícil saber qual é a explicação e qual a conclusão. Para
a FGV, a explicação é que "quem não tem medo não vê fantasmas" e a conclusão é que "os
fantasmas são frutos do medo".

119 – Assinale a opção que indica a frase machadiana em que a conjunção “e” tem valor
adversativo.

114
a) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao menos crer na fábula, e pouco apreço
dá às demonstrações científicas.”

b) “O pão do exílio é amargo e duro.”

c) “Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos.”

d) “A amizade lhe fará esquecer o amor; é mais serena que ele e talvez menos exposta a
perecer.”

e) “O casamento é bom e tem seus inconvenientes como tudo neste mundo.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

(e) “O casamento é bom e tem seus inconvenientes como tudo neste mundo.

(e) “O casamento é bom MAS tem seus inconvenientes como tudo neste mundo.

No entanto, é importante ressaltar a seguinte situação desta questão: A conjunção (E) é


Aditiva, para que ela se torne Adversativa é necessário o emprego da virgula anteposto a
conjunção, como no exemplo abaixo, no entanto isso não ocorre, mas podemos perceber a
relação de adversidade pelo contexto, e que além disso, só pode ocorrer porque o comando
da questão nos diz: Assinale a opção que indica a frase machadiana: o que significa que
Machado de Assis tem autoridade na escrita, ele pode fazer isso, enquanto nós não
podemos.

e) “O casamento é bom, e tem seus inconvenientes como tudo neste mundo.

120 – Assinale a alternativa correta quanto à caracterização da Redação Oficial:

a) Forma Linguística Republicana


b) Formas e Jargões Burocráticos
c) Impessoalidade
d) Interpretações pessoais
e) Ausência de Formalidades

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A redação oficial deve caracterizar-se por:

• clareza e precisão;
• objetividade;
• concisão;

115
• coesão e coerência;
• impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
• uso da norma padrão da língua portuguesa.

121 – Quanto às suas características, a redação oficial deve caracterizar-se pela:

a) individualidade, uso da linguagem coloquial, clareza, concisão, formalidade e


uniformidade.

b) impessoalidade, uso da linguagem coloquial, clareza, concisão, formalidade e


uniformidade.

c) impessoalidade, uso do padrão culto da linguagem, clareza, concisão, formalidade e


uniformidade

d) individualidade, uso do padrão culto da linguagem, clareza, concisão, formalidade e


uniformidade.

e) impessoalidade, uso da linguagem coloquial, clareza, concisão, informalidade e


especificidade

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A redação oficial deve caracterizar-se por:

• clareza e precisão;
• objetividade;
• concisão;
• coesão e coerência;
• impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
• uso da norma padrão da língua portuguesa.

122 – Assinale a alternativa correta no que se refere à correção gramatical e à adequação


da linguagem do trecho apresentado à correspondência oficial.

a) Informo que Vossa Senhoria deveis encaminhar o documento de denúncia diretamente a


Comissão de Ética deste Conselho.

b) É muito importante que você compareça à Sessão de Pessoal, sem falta, com
antecedência, para pedir suas férias.

c) Informo que não dá pra entregar seu registro profissional na data prevista por que o
papel timbrado acabou.

d) Esclarecemos a Vossa Senhoria que, no momento, tua solicitação não poderá ser
atendida, cujos os motivos estão expressos a seguir.

116
e) Importa ressaltar que a informatização dos trabalhos desta Comissão foi essencial para
a melhoria da qualidade dos serviços prestados ao público.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Importa ressaltar que a informatização dos trabalhos desta


Comissão foi essencial para a melhoria da qualidade dos serviços prestados ao público. →
correto, formalidade mantida e demais regras de concordância em perfeito atendimento à
norma-padrão.

123 – Assinale a alternativa CORRETA. Segundo o Manual de Redação da Presidência


da República (3º edição, revista, atualizada e ampliada, 2018), para o atributo “concisão”
deve-se:

a) exibir advérbios que denotem pessoalidade.


b) transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras.
c) utilizar redundância e prolixidade para melhor clareza e compreensão do texto oficial.
d) utilizar adjetivos que destaquem a qualidade do que se pretende apresentar, com a
finalidade de demonstrar consideração ao leitor.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do


texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o
mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento,
isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-
lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e
passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.

→ Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve evitar caracterizações e comentários


supérfluos, adjetivos e advérbios inúteis, subordinação excessiva.

124 – De acordo com o Manual de Redação Oficial do Estado do Piauí, o pleonasmo passa a
ser vicioso quando a repetição de ideia não traz nenhuma energia à expressão, devendo,
nesse caso, ser evitado. Desse modo, contém pleonasmo a ser evitado a frase que se
encontra em:

a) Deve-se planejar o evento antecipadamente para evitar surpresas inesperadas de última


hora.

b) Para não haver imprevistos, todo evento deve ser planejado meticulosamente.

c) É fundamental que o evento seja planejado com rigor a fim de assegurar o sucesso da
empreitada.

117
d) Quando se planeja um evento com eficiência, costuma sobrar tempo para cuidar de
imprevistos.

e) O planejamento de um evento bem-sucedido envolve a definição de etapas e métodos.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Deve-se planejar o evento antecipadamente para


evitar surpresas inesperadas de última hora.

→ temos um pleonasmo vicioso com três ideias que poderiam ser resumidas em somente uma,
logo há uma repetição desnecessária na frase: uma surpresa já é inesperada e também ocorre
em última hora; o correto seria usar somente "surpresa", os outros termos são dispensáveis.

125 – Assinale abaixo o único significado correto da expressão “verbi gratia”:

a) com a devida vênia


b) por exemplo
c) atenciosamente
d) literalmente

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

> Data venia = Com a devida licença;


> Verbi gratia = Por exemplo;
> Benigne = atenciosamente;
> Ad litteram = literalmente.

126 – Segundo o Manual de Redação da Presidência da República, a clareza é requisito básico


de todo texto oficial. Por isso a ambiguidade deve ser evitada nos textos oficiais.

Nos enunciados a seguir marque o que NÃO apresenta ambiguidade.

a) O diretor explicou que o requerimento do funcionário estava atrasado.

b) O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor que ele seria exonerado.

c) O Deputado saudou o Presidente da República, em seu discurso, e solicitou sua


intervenção no seu Estado, mas isso não o surpreendeu.

d) Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o funcionário.

e) O deputado falou para os seus colegas que sua posição, quanto ao relatório apresentado,
não deveria ser revista.

Comentários

118
O gabarito é a alternativa A. AMBIGUIDADE: um duplo sentido em uma mesma sentença
ou frase. É quando temos palavras ou estruturas que podem ser interpretadas de duas formas
diferentes, causando confusão no discurso. Logo, a única que não apresenta ambiguidade é a
alternativa A.

127 – Julgue o item, considerando a correção gramatical dos trechos apresentados e a


adequação da linguagem à correspondência oficial.

Informo à Vossa Senhoria que, afim de obter tais informações, este signatário promoveu
cadastro e solicitou acesso ao Sistema Geral de Informações, todavia, em que pese as
tentativas feitas reiteradamente acerca de quinze dias, o acesso ao sistema não está
disponível.

Comentários

A alternativa está errada.

A fim -> com a finalidade de; o propósito de (indica finalidade)

Afim-> semelhante, parecido.

Outra observação: não há crase antes de pronomes de tratamento.

Assim, o correto seria:

Informo a Vossa Senhoria que, a fim de obter tais informações, este signatário promoveu
cadastro e solicitou acesso ao Sistema Geral de Informações, todavia, em que pese as
tentativas feitas reiteradamente há cerca de quinze dias, o acesso ao sistema não está
disponível.

128 – Na redação de uma correspondência oficial, a Concisão do texto é uma das


características mais importantes.

São características de um texto conciso, exceto:

a) Construir as orações na ordem indireta.


b) Manter o emprego cuidadoso de adjetivos, sem exageros.
c) Evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto.
d) Eliminar palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentam ao texto.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

119
Concisão

A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o
texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras.

Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve
eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-
se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada
acrescentem ao que já foi dito. Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve evitar
caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos e advérbios inúteis, subordinação
excessiva.

129 – Considerando a Lei Complementar do Estado de Goiás n° 33/2001, no que se refere à


obtenção de precisão na articulação e redação das leis, assinale a alternativa correta.

a) Mostra-se pertinente o emprego de sinonímia com propósito estilístico, a fim de


enriquecer o texto.

b) Devem-se empregar livremente vocábulos ou expressões, de modo que o leitor


identifique o respectivo significado pelo contexto da informação.

c) É necessário grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto


data, número de lei e nos casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto.

d) Devem-se usar as expressões “anterior”, “seguinte” ou equivalentes para se referir a


dispositivo objeto de remissão.

e) É preciso utilizar apenas siglas consagradas pelo uso, dispensando assim a explicitação
do respectivo significado.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Art. 10 - As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica,
observadas, para esse propósito, as seguintes normas:

f) grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de
lei e nos casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto;

130 – De acordo com a Lei Complementar do Estado de Goiás n° 33/2001, para obtenção de
clareza na articulação e na redação das leis, deve-se

a) empregar palavras e expressões rebuscadas.

120
b) construir frases na ordem indireta, evitando preciosismo.
c) usar adjetivações, de modo a enriquecer o texto.
d) utilizar frases curtas e concisas.
e) dar preferência à conjugação de verbos no futuro do pretérito do modo indicativo.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do


texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o
mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento,
isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-
lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e
passagens que nada acrescentem ao que já foi dito

131 – São características que demonstram a concisão de uma correspondência oficial, exceto:

a) Articular a linguagem, técnica ou comum, de modo que enseje perfeita compreensão do


objetivo do texto.

b) Buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto, dando preferência ao gerúndio.

c) Evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto.

d) Manter o emprego cuidadoso de adjetivos, sem exageros.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Fechos para comunicações

O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto,
saudar o destinatário. Os modelos para fecho anteriormente utilizados foram regulados pela
Portaria no 1, de 1937, do Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões.

Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de


somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:

a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República:


Respeitosamente,

b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos:


Atenciosamente,

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que


atendem a rito e tradição próprios.

121
132 – O processo de comunicação só se realiza plenamente satisfazendo as expectativas do
emissor e do receptor, quando o texto for exposto em linguagem que atenda a certos
requisitos. É INCORRETO afirmar que o requisito clareza, na redação oficial, decorre:

a) do uso de palavras e expressões em sentido comum, salvo quando o assunto for de


natureza técnica.

b) da construção de orações na ordem indireta.

c) do emprego dos sinais de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos estilísticos.

d) do uso do tempo verbal de maneira uniforme em todo o texto.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Para a obtenção de clareza, sugere-se:

a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, salvo quando o texto versar
sobre assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomenclatura própria da área;

b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações na ordem direta e evitar
intercalações excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da
ordem inversa da oração;

c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto;

d) não utilizar regionalismos e neologismos;

e) pontuar adequadamente o texto;

f) explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e

g) utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando indispensáveis, em razão de


serem designações ou expressões de uso já consagrado ou de não terem exata tradução.

133 – A ambiguidade em comunicações oficiais pode causar sérios problemas, portanto deve
ser evitada, de modo a garantir a precisão das informações.

INDIQUE a alternativa que NÃO contém problemas de ambiguidade.

a) O Delegado de Polícia redigiu seu relatório e encaminhou o respectivo inquérito à justiça.

b) O Deputado saudou o Embaixador, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu


Estado.

122
c) O Governador comunicou a seu secretariado que ele seria exonerado.

d) Roubaram o computador do gabinete em que eu costumava trabalhar.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Ambiguidade: duplo sentido. Podemos dizer que é o vício de


linguagem que acontece, na maioria dos casos, pelo uso dos pronomes possessivos.

134 – Relativamente caras, custarão R$ 0,19 cada uma. (L.30‐31)

Assinale a alternativa em que se tenha alterado o trecho acima em consonância com a norma
culta e com as recomendações de boa redação contidas no Manual de Redação da Presidência
da República. Não leve em conta alterações de sentido

a) Relativamente cara, custará R$ 0,19 cada.


b) Custarão relativamente caro, R$ 0,19 cada uma.
c) R$ 0,19 cada, custará relativamente caro.
d) Custará relativamente caras, R$ 0,19 cada uma.
e) Custarão relativamente caras, R$ 0,19 cada.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

LETRA A: "Relativamente cara" não tem coerência com "cada", no fim da oração.
LETRA B: "Custará" não concorda com "caras".

LETRA C: "Caro" é advérbio de modo e é invariável.

LETRA D: se "caro", na opção anterior, é invariável, a forma "caras" não pode ser admitida.
LETRA E: "custará" refere às sacolas, no plural. Assim deveria concordar em gênero e
número: As sacolas custarão relativamente caro.

135 – Nas técnicas de redação oficial, a ambiguidade deve ser evitada, porque a clareza é um
requisito básico de todo texto oficial. Em relação à ambiguidade, é correto afirmar que ela
pode ocorrer por meio do emprego de

a) pronomes impessoais, nomes substantivos, nomes adjetivos e artigos indefinidos.

b) qualificativos pessoais, adjetivos verbais, sujeito passivo e conjunções coordenadas.

c) períodos coordenados, conjunções coordenativas, adverbiais causais e orações


subordinadas.

d) orações coordenativas, orações subordinadas, conjunções adversativas e conjunções


aditivas.

123
e) pronomes pessoais, pronomes possessivos, pronomes oblíquos e pronomes relativos.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

" A ambigüidade decorre, em geral, da dificuldade de identificar-se a que palavra se refere


um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer com:
(....)

a) pronomes pessoais: (....)

b) pronomes possessivos e pronomes oblíquos: (...)

c) pronome relativo: (...)

Há, ainda, outro tipo de ambigüidade, que decorre da dúvida sobre a que se refere a oração
reduzida (...) "

136 – Kaspary (2007) define que _____________ é o tratamento dispensado, no Poder


Judiciário, ao tribunal como instituição e tem o significado de notável, distinto, eminente,
insigne.

Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do trecho acima.

a) Colendo
b) Excelso
c) Egrégio
d) Douto
e) Venerável

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Significado de Egrégio

Egrégio é um adjetivo na língua portuguesa, relativo ao que é distinto, importante, notável e


digno de admiração.

137 – Assinale a alternativa que atende aos critérios de concisão, objetividade e correção
gramatical.

124
a) Pelo presente documento, a coordenação vem divulgar os números de todas as
prestações de serviços executados sob a gestão fiscal 2015-2017, em conformidade com a
resolução aprovada pelo conselho superior.

b) No último semestre, em resposta às solicitações da chefia imediata, organizando as


pastas, descartando o excesso, este departamento começou, a fazer, de forma organizada a
sua seleção de material.

c) Encaminhou-se por meio deste os relatórios de estágios ocorridos em meados do ano


corrente de 2016, para que a administração, após o recesso de fim de ano, examine as
portarias de que trata os relatórios encaminhados.

d) Sem descer a maiores detalhes técnicos, o comitê gestor acrescenta de que seria ideal a
renovação do acervo para ficarem a cargo do setor de comando, cuja chefia alegremente
manifestou o desejo a esse respeito.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Pelo presente documento, a coordenação vem divulgar os números de todas as prestações de


serviços executados sob a gestão fiscal 2015-2017, em conformidade com a resolução
aprovada pelo conselho superior.

A palavra “executados” se refere a “números”. Portanto, deverá ser no masculino. Questão


correta.

138 – Assinale a alternativa que contém o trecho que apresenta clareza, objetividade,
impessoalidade e concisão.

a) Os conceitos e normas reunidos têm o propósito de esclarecer as bases de estudo


permanentes da base nacional de servidores ao esclarecer a demanda por recursos.

b) Busca-se com essa declaração a pretensão de poder talvez atender a permanente


demanda de dirigentes e técnicos da Administração Pública federal.

c) Daquilo informado na última reunião, vimos que será, infelizmente, necessário instaurar
processo administrativo, resultando em instauração de apuração dos responsáveis e sua
punição.

d) Este documento apresenta um conjunto de orientações e parâmetros técnicos aplicáveis


ao processo de organização de estruturas do Poder Executivo Federal.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

a) Os conceitos e normas reunidas têm o propósito de esclarecer as bases de estudo


permanentes da base nacional de servidores ao esclarecer a demanda por recursos.

125
b) Busca-se com essa declaração a pretensão de poder talvez atender a permanente demanda
de dirigentes e técnicos da Administração Pública federal. (o talvez deixa a comunicação falha,
sem determinação)

c) Daquilo informado na última reunião, vimos que será, infelizmente, necessário instaurar
processo administrativo, resultando em instauração de apuração dos responsáveis e sua
punição. (Daquilo o que? Se eu não estava na reunião e recebo a comunicação, como vou
saber o que foi informado na última reunião ou mesmo se na reunião anterior foram abordados
vários temas, não temos como saber o que significa "daquilo")

d) Este documento apresenta um conjunto de orientações e parâmetros técnicos aplicáveis


ao processo de organização de estruturas do Poder Executivo Federal. (correto)

139 – Sobre a forma de linguagem requerida pela comunicação oficial, identifique a


afirmativa correta.

a) Deve se empregar a linguagem técnica indiscriminadamente.


b) Deve-se empregar ao máximo o jargão burocrático.
c) No padrão culto, simplicidade de expressão é sinônimo de pobreza de expressão.
d) Nas comunicações oficiais, quanto mais rebuscada a forma de escrita, melhor.
e) O padrão culto da língua observa as regras da gramática formal.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. A comunicação oficial deve seguir um padrão culto que oficializa
a gramática formal, ou seja, sem gírias e incorreções gramaticais e no sentido semântico.

140 – Leia o texto a seguir:

A redação comercial deve primar pela clareza, concisão e precisão vocabular.


Analisando o texto apresentado, é correto afirmar que

a) um dos procedimentos básicos para alcançar clareza das ideias é fazer uso do código
aberto, aquele que permite apenas uma interpretação.

126
b) em geral as mensagens que se valem desse tipo de código são matemáticas, cronológicas
e fazem uso de sistemas algébricos.

c) a preocupação deve ser com a informação e quem a escreve.

d) a fim de se alcançar a objetividade, recomenda-se a utilização de frases longas.

e) se recomenda a utilização de frases curtas, sem muitos adjetivos e advérbios, uso de


palavras do conhecimento do receptor, ordem direta.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica,
observadas, para esse propósito, as seguintes normas:

I - para a obtenção de clareza:

b) usar frases curtas e concisas;

c) construir as orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivações


dispensáveis;

141 – Escrita que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de


palavras, trata-se de:

a) Clareza.
b) Formalidade.
c) Concisão.
d) Padronização.
e) Objetividade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o
texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de
palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto
depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou
repetições desnecessárias de ideias.

127
142 – A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes
oficiais decorrem do(a):

a) Caráter público dos atos e comunicações e de sua finalidade.


b) Caráter oficioso e de sua objetividade.
c) Regramento e funcionamento dos órgãos públicos.
d) Normatividade da conduta dos cidadãos e da informação com clareza.
e) Objetividade e da oficialidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes oficiais


decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações, de outro, de sua
finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, estabelecem
regras para a conduta dos cidadãos ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que
só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá
com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e
objetividade.

143 – A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de
linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.

Manual de Redação da Presidência da República.

Assinale a opção em que o trecho de texto atende aos requisitos mencionados no fragmento
acima.

a) Informo todas as unidades que em virtude de implantação de novo sistema de


armazenamento de dados e informações estaremos desativando, a partir de 8 horas da manhã,
do dia 15 de dezembro, a rede intranet. Caso a implantação do novo sistema corra tudo bem,
a previsão é a de que esse serviço volte a funcionar às 14 horas do mesmo dia. Contamos com
a colaboração de todos. Grato.

b) Conforme ficou decidido na última reunião do conselho de 27 de outubro deste ano,


informo que a Secretaria de Memória e Comunicação acabou o texto, cujo original submete à
apreciação. Reiteramos que o texto, caso seja aprovado, vai integrar o prefácio do livro
comemorativo dos 80 anos de fundação desta Casa. Como a edição encontra-se em fase
avançada, gostaríamos de pedir a todos que leiam-no atentamente com vistas a detectar
falhas, inadequações e inconsistências. Encontrando-as, por favor, avisem-nos urgentemente
para que possamos resolver a tempo.

c) Comunicamos a todos os colegas que, a partir de semana que vem, a Secretaria de Apoio
Externo (SAE) não funcionará mais na sala 15 do segundo andar. Essa mudança trata-se de
uma primeira consequência da política de realocação dos espaços físicos. A SAE funcionará na
sala 27 do bloco térreo. Pedimos a gentileza de todos no sentido de se divulgar essa nova sala
para que se evitem transtornos.

d) Em atenção ao Memorando n.º 33, de 15 de dezembro de 2015, encaminho, em anexo,


cópias de três documentos, a saber: ficha funcional dos servidores lotados nesta seção, folha

128
de ponto dos referidos servidores e ficha de avaliação desses servidores pelo público externo.
Acreditamos que esses documentos já contêm todas as informações solicitadas por Vossa
Senhoria. Caso sejam necessários mais documentos ou mais esclarecimentos, coloco-me à
disposição para sanar eventuais dúvidas quanto a esse assunto.

e) Solicitamos a Vossa Senhoria que seja concedido, excepcionalmente, uma prorrogação


para os estágios dos alunos da área de administração que prestam serviços neste setor. O
pedido se justifica em virtude de termos poucos funcionários no momento e, por conta da
época do ano, estarmos com uma carga de trabalho além do limite. Informamos, ainda, que
tal tipo de solicitação já é prevista na cláusula três do convênio celebrado entre este órgão e
a universidade de origem dos alunos. Sem mais para o momento.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

Nessa questão, em particular, há várias falhas em cada alternativa; colocações mal feitas,
bases da redação oficial, como impessoalidade que não foram respeitadas, entre outros... Para
ficar mais objetivo, vou apontar só os equívocos de gramática mesmo - que estão muito
ostensivos -, mas tenho certeza de que, na sua leitura, você perceberá outros. Vamos lá:

a) Informo todas as unidades que em virtude de implantação de novo sistema de


armazenamento de dados e informações estaremos desativando, a partir de 8 horas da manhã,
do dia 15 de dezembro, a rede intranet. Caso a implantação do novo sistema corra
tudo bem, a previsão é a de que esse serviço volte a funcionar às 14 horas do mesmo dia.
Contamos com a colaboração de todos. Grato.

verbo informar, nesse caso é VTDI: Informo a todas as unidades (objeto indireto)
que... ("objeto direto" - aqui será iniciada uma ORAÇÃO SUBORDINADA
SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA)

b) Conforme ficou decidido na última reunião do conselho de 27 de outubro deste ano, informo
que a Secretaria de Memória e Comunicação acabou o texto, cujo original submete à
apreciação. Reiteramos que o texto, caso seja aprovado, vai integrar o prefácio do livro
comemorativo dos 80 anos de fundação desta Casa. Como a edição encontra-se em fase
avançada, gostaríamos de pedir a todos que leiam-no atentamente com vistas a detectar
falhas, inadequações e inconsistências. Encontrando-as, por favor, avisem-nos urgentemente
para que possamos resolver a tempo.

o "que" obriga a próclise do pronome "o": que O leiam

c) Comunicamos a todos os colegas que, a partir de semana que vem, a Secretaria de Apoio
Externo (SAE) não funcionará mais na sala 15 do segundo andar. Essa mudança trata-se de
uma primeira consequência da política de realocação dos espaços físicos. A SAE funcionará na
sala 27 do bloco térreo. Pedimos a gentileza de todos no sentido de se divulgar essa nova sala
para que se evitem transtornos.

Redação truncada, impessoalidade comprometida em "pedimos a gentileza", trecho


prolixo.

129
d) Gabarito.

e) Solicitamos a Vossa Senhoria que seja concedido, excepcionalmente, uma prorrogação para
os estágios dos alunos da área de administração que prestam serviços neste setor. O pedido
se justifica em virtude de termos poucos funcionários no momento e, por conta da época do
ano, estarmos com uma carga de trabalho além do limite. Informamos, ainda, que tal tipo de
solicitação já é prevista na cláusula três do convênio celebrado entre este órgão e a
universidade de origem dos alunos. Sem mais para o momento.

que seja concedida uma prorrogação

144 – Entre outras, as ações que conferem clareza a um texto oficial incluem o(a)

a) revisão detalhada do texto pronto.


b) seleção de um estilo de linguagem mais próximo do coloquial.
c) uso de todos os padrões de ordem de palavras na oração permitidos pela língua.
d) emprego de terminologia específica de determinadas áreas do saber.
e) eliminação de passagens do texto com redução das informações apresentadas e de
espaço.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

De acordo com o Manual de Redação Oficial, um texto oficial possui a característica de clareza
quando ele atendente simultaneamente as características da impessoalidade, do uso do padrão
culto, da formalidade, da uniformidade e da concisão. Conforme mesmo manual, para que um
texto conciso possua qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do
assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.

145 – Assinale a opção correta no que se refere às características dos expedientes oficiais.

a) O que garante a impessoalidade nas comunicações oficiais é o cuidado tanto na seleção


dos assuntos que figurarão nessas comunicações como na observação das regras de uso
das expressões de tratamento.

b) Uma boa revisão textual, ao permitir a eliminação de excessos linguísticos, é condição


suficiente para garantir a concisão das comunicações oficiais.

c) A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a correta


diagramação do texto são alguns exemplos de regras de forma de apresentação gráfica a que
as comunicações oficiais obedecem.

d) O emprego de linguagem técnica nas comunicações oficiais é permitido apenas em


situações nas quais é indispensável.

130
e) Dada a necessidade de que as comunicações oficiais sejam entendidas por todo e
qualquer cidadão brasileiro, adota-se, nessas comunicações, uma variedade de linguagem que
lhes é própria, denominada padrão oficial de linguagem.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar
o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio
a determinada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado.
Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros
órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.

146 – A concisão e a objetividade estão presentes na organização do seguinte texto:

a) Informo que haverá um curso de atualização em Redação Oficial a partir do mês de


agosto.

b) Venho através desta informar que será ministrado um curso de Redação Oficial a partir
do mês de agosto.

c) Informo respeitosamente por meio desta que um curso de atualização em Redação Oficial
ocorrerá a partir de agosto.

d) Venho informar que haverá um curso de Redação Oficial a partir do mês de agosto, curso
este oportuno.

e) Venho respeitosamente por meio desta informar que haverá um oportuno curso de
Redação Oficial a partir do mês de agosto.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

- A concisão e objetividade estão presentes em: “Informo que haverá um curso de


atualização em Redação Oficial a partir do mês de agosto“.

De acordo com a norma posta na língua portuguesa, a frase é objetiva na forma direta da
oração SUJEITO > VERBO > COMPLEMENTO (Objeto direto ou indireto) > ADJUNTO
ADVERBIAL.

OBS: Deve se evitar o uso das formas: "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de", "Cumpre-
me informar que".

131
147 – O minidicionário de língua portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira conceitua
o vocábulo Correspondência como o "ato ou efeito de corresponder (se); troca de cartas,
telegrama etc." Pode-se concluir que o vocábulo correspondência compreende todos os
instrumentos de comunicação escrita, tais como bilhetes, cartas, circulares, memorandos,
ofícios, requerimentos, telegramas. Dependendo dos fins a que se destinam pode ser citada a
correspondência particular, familiar ou social; a correspondência bancária; a correspondência
comercial; a correspondência oficial, cada uma com suas características próprias. Tanto a
correspondência comercial quanto a oficial deve conter algumas qualidades e características
fundamentais: Clareza, Coesão, Concisão, Correção Gramatical, Formalidade e Uniformidade
e Impessoalidade. "Deve-se informar economizando palavras, isto é, expressar-se com um
mínimo de palavras um máximo de informações." Essa qualidade recebe a denominação de;

a) Clareza.
b) Coesão.
c) Concisão.
d) Formalidade.
e) Uniformidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do


texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um
mínimo de palavras.

148 – “Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo
de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto
depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou
repetições desnecessárias de ideias.”

(Manual de Redação da Presidência da República)

Sobre o enunciado, assinale a ÚNICA ALTERNATIVA CORRETA que contém um texto que
pode ser considerado conciso:

a) A necessidade emergente se caracteriza por uma correta relação entre estrutura e


superestrutura no interesse primário da população, substanciando e vitalizando, numa ótica
preventiva e não mais curativa, a transparência de cada ato.

b) A necessidade emergente prefigura a superação de cada obstáculo e/ou resistência


passiva sem prejudicar o atual nível das contribuições, não assumindo nunca como implícito,
no contexto de um sistema integrado, um indispensável salto de qualidade.

c) A necessidade emergente propicia a incorporação das funções e a descentralização


decisória numa visão orgânica e não totalizante, ativando e implementando, a cavaleiro da
situação contingente, a redefinição de uma nova figura profissional.

132
d) A necessidade emergente propõe-se ao reconhecimento da demanda não satisfeita
mediante mecanismos da participação, não omitindo ou calando, mas antes particularizando,
com as devidas e imprescindíveis enfatizações, o envolvimento ativo de operadores e utentes.

e) A necessidade emergente evidencia a importância do engajamento das partes


interessadas na construção de mecanismos que promovam o diferencial competitivo
fundamental à integração e à competição como elementos inerentes ao cenário evolutivo e
globalizado.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Em todas as outras alternativas há predominância do gerúndio


e de linguagem rebuscada. A alternativa mais concisa contém menos orações intercaladas
por vírgulas.

149 – O tratamento impessoal que deve ser dado aos documentos oficiais gera, no texto,

a) uma desejável padronização no conteúdo de documentos escritos.


b) um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal.
c) a presença da interferência individual de quem a elabora.
d) a inserção de impressões pessoais nos textos escritos.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A Impessoalidade

b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser
dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois
casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal;

150 – Uma frase comum no início de certo tipo de documento oficial está corretamente
redigida em:

a) Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais que seja


realizado uma Audiencia Pública...

b) Requeremos a Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, seja


realizado uma Reunião Solene...

c) Requeremos a Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas às formalidades regimentais, que


seja formulado um Voto de Aplauso pela beneficiência da senhora Ana Margarete da Silva...

d) Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, que


sejam transcritos os artigos sobre a ascensão da nova classe média em Pernambuco...

133
e) Requeremos a Mesa, ouvido o Plenario e cumpridas as formalidades regimentais, que,
seja enviado Votos de Pesares aos familiares dos cabeleleiros...

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

Requerer – quem requere, requere algo (OD) a alguém (OI) – VTDI

Requerer que sejam transcritos os artigos (OD)... à mesa (OI)

151 – Instrução: A questão versar sobre aspecto da redação oficial.

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas das frases abaixo, na ordem em
que aparecem.

1. _______ reuniões aqui nesta tarde.


2. _______ divergências quanto a este caso.
3. _______ haver duas audiências judiciais para que se possa encerrar o caso.
4. Se não _____ suficientes recursos financeiros, o novo prédio do tribunal não teria sido
construído.

a) Houve – existem – Deverá – tivesse havido


b) Houveram – existe – Deverão – houve
c) Houve – existe – Deverão – tivessem havido
d) Houveram – existiam – Deveriam – houve
e) Haviam – existem – Deverá – tinha havido

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Sabemos que verbo "haver" no sentido de "existir" é impessoal, ou seja, não tem sujeito.
Desta forma, no número (1.) temos "houve", pois não concorda com "reuniões", já que não
há sujeito.

Já o verbo "existir" tem sujeito, e concorda com o mesmo, seja no singular ou plural. Desta
forma, em (2.) temos "Existem".

Em (3.) se o verbo principal estiver no singular, o auxiliar também estará no singular. Desta
forma, o correto é "Deverá".

Em (4.) o verbo "havido" é impessoal, flexionado na terceira pessoa. O auxiliar, desta forma,
também estará na terceira pessoa. Percebemos que há relação entre dois passados: aquele
do novo prédio e o dos recursos financeiros. O tempo do novo prédio é mais atual do que o
outro, estabelecendo uma relação de passado com um passado mais antigo, ou seja, de um

134
passado pretérito com um pretérito mais-que-perfeito. A flexão correta, então, é "tivesse
havido".

152 – Em um e-mail, enviado aos responsáveis pelo setor de vendas de uma multinacional, a
secretária do Presidente escreveu a seguinte mensagem: “O presidente da empresa revelou-
se incréu em relação à política de vendas adotada pela equipe.”

O entendimento da mensagem em destaque ficou comprometido, para alguns destinatários,


em função do_________________.

Assinale a alternativa CORRETA.

a) neologismo.
b) hipérbato.
c) preciosismo.
d) barbarismo.
e) zeugma.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Preciosismo: é o emprego desnecessário de vocábulos de baixa frequência, palavra de


significado desconhecidos da maioria das pessoas.

Hipérbato: Também conhecido como inversão, que consiste na troca da ordem direta dos
termos da oração ou de nomes e seus determinantes.

Neologismo: Consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um


novo sentido a uma palavra que já existe.

Barbarismo: É o erro de pronúncia, grafia ou de uma determinada palavra.

Zeugma: Consiste na omissão de uma ou mais elementos de uma oração, já expresso


anteriormente.

153 – A questão versa sobre redação oficial.

Assinale a alternativa que atende plenamente ao uso do padrão culto de linguagem nos atos
oficiais.

a) Através de um memorando, recomendou-se aos servidores evitar problemas de


ambiguidade nos textos oficiais e que estudassem com afinco as normas gramaticais.

b) No tempo em que vigia seu estágio probatório, o servidor apresentou pontualidade,


assiduidade, ser rápido e ter ambição.

135
c) A peça processual tem mais de quinhentas folhas e várias complicações.

d) O chefe da repartição tem obrigação não só de averiguar supostas irregularidades, como


também de instaurar inquérito administrativo, se for o caso.

e) O novo Promotor de Justiça é profissional de muita experiência, e que tem reputação


ilibada.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A questão apresenta cinco alternativas diferentes e pede que seja marcada aquela que
corresponde à resposta correta.

Na letra A há problemas quanto ao paralelismo. Recomenda-se algo para alguém. Foi


recomendado aos servidores (objeto indireto) "evitar problemas (...)" e "estudar com afinco
(...)". Desta forma, há erro quanto ao uso do "que" e quanto à flexão do verbo "estudar".

Na letra B, há outro erro de paralelismo em relação aos complementos do verbo "apresentar":


o correto seria pontualidade, assiduidade, rapidez e ambição.

Na letra C, outro erro de paralelismo: o verbo ter em sentido apenas para "mais de quinhentas
folhas". Para "várias complicações" o verbo recomendado é "apresenta".

Na letra E, o erro está no uso inadequado do "que". O correto é "O novo Promotor de Justiça
é profissional de muita experiência, e tem reputação ilibada". Para falar a verdade, este verbo
"ilibada" não está incorreto, mas demonstra ser muito culto, e segundo o Manual de Redação
Oficial, o padrão culto remete ao emprego de "um vocabulário comum ao conjunto
dos usuários do idioma". O uso de um sinônimo mais comum seria o ideal.

154 – São recomendações que contribuem para a clareza da Redação Oficial, EXCETO:

a) Apresentação inicial do assunto tratado.


b) Emprego de metáforas e outras figuras de estilo.
c) Precisão vocabular.
d) Uso preferencial da ordem direta na construção das frases.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A redação oficial deve ser clara, concisa, impessoal, norma culta da língua portuguesa e uso
correto dos pronomes de tratamento. Nunca se deve usar a " informalidade".

155 – O texto abaixo é o extrato do rascunho de um memorando que um diretor pretende


mandar aos chefes de departamento. Considere-o para responder

136
Para que fique de acordo com o padrão dos textos oficiais, é necessário que o seu autor, dentre
outros procedimentos,

a) comece o texto com Venho solicitar, deslocando para o fim do período o trecho “Nos
termos... Administração”. (L. 1)

b) substitua o verbo organizar (L. 3) por suspender, mantendo, assim, o mesmo sentido.

c) corrija a concordância do verbo permanecer, passando-o para o singular. (L. 5)

d) coloque a expressão sem maiores detalhes antes de acrescento. (L. 7)

e) substitua o pronome oblíquo lhes pelo pronome os. (L. 9)

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

(...) cada seção PERMANEÇA (...)

Para ficar ainda mais de acordo com o padrão dos textos oficiais era necessário substituir o
termo "VENHO SOLICITAR" por "SOLICITO", e suprimir a expressão "que verifiquem", dando
mais concisão e objetividade.

156 – Assinale a opção correta acerca dos aspectos formais das comunicações oficiais

a) Assinatura, nome e cargo compõem a forma da identificação do signatário, elemento


essencial nas comunicações oficiais, exceto quando o remetente é o presidente da República

137
b) A formalidade diz respeito à urbanidade na abordagem do assunto da comunicação, ao
passo que a impessoalidade diz respeito ao emprego adequado dos pronomes de tratamento
na interação com as autoridades

c) Os ministros dos tribunais superiores devem ser tratados por Vossa Excelência e o
vocativo referente a eles deve ser Senhor Ministro.

d) O aviso, o ofício e a exposição de motivos têm a apresentação do padrão ofício, embora


difiram quanto à diagramação.

e) Os pronomes possessivos devem ser empregados em concordância com os pronomes de


tratamento, a exemplo de “Vossa Senhoria deve prestar contas de vosso uso da verba de
gabinete”

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) Errada. Apenas a assinatura do Presidente da República é requerida. Dispensando o nome


e o cargo.

B) Errada. A formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto
do qual cuida a comunicação.

C) Correta.

D) Errada. Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade do que pela
forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma
diagramação única, que siga o que chamamos de padrão ofício. Formalmente, a exposição de
motivos tem a apresentação do padrão ofício. Ou seja, o aviso o ofício e a exposição de motivos
têm a mesma diagramação, que segundo o MRPR é o mesmo que o padrão ofício.

E) Errada. Os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da


terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).

157 – Uma frase comum no início de certo tipo de documento oficial está corretamente
redigida em:

a) Requeremos a Mesa, ouvido o Plenario e cumpridas as formalidades regimentais, que,


seja enviado Votos de Pesares aos familiares dos cabeleleiros...

b) Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais que seja


realizado uma Audiencia Pública...

c) Requeremos a Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, seja


realizado uma Reunião Solene...

d) Requeremos a Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas às formalidades regimentais, que


seja formulado um Voto de Aplauso pela beneficiência da senhora Ana Margarete da Silva...

138
e) Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, que
sejam transcritos os artigos sobre a ascensão da nova classe média em Pernambuco...

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) ERRADA - "seja" deve ir para o plural para concordar com seu sujeito "Votos de Pesares...";
"Plenário" se acentua, pois é paroxítona terminada em ditongo; "Cabeleireiro" é o correto;
"Requerer" é VTDI, logo, seu objeto direto (O quê?) seria " que sejam enviados..." e objeto
indireto (A quem?) "à Mesa" com acento indicativo de crase.

b) ERRADA - "Audiência" é acentuada, porque é uma paroxítona terminada em ditongo; Vírgula


antes de "que".

c) ERRADA - "Requerer" é VTDI, portanto, "à Mesa" seria seu objeto indireto com sinal
indicativo de crase.

d) ERRADA - "Requerer" é VTDI, portanto, "à Mesa" seria seu objeto indireto com sinal
indicativo de crase; "Beneficente" é o correto; Apesar de "as formalidades" está no plural o
nome " cumpridas" não pede complemento (cumpridas o quê? as formalidades), portanto, sem
acentuação.

e) CORRETA - "sejam" concordando com seu sujeito " os artigos..."; "Requerer", como já dito,
é VTDI, logo, seu objeto direto (O quê?) seria "que sejam transcritos os artigos..." e objeto
indireto (A quem?) " à Mesa" com acento indicativo de crase.

158 – Assinale a opção cujo excerto apresente, segundo o Manual de Redação da


Presidência da República, as características de texto oficial, a saber: impessoalidade,
clareza, uniformidade, concisão e uso da norma padrão da língua escrita.

a) Insta frisar, que o preenchimento das vagas remanescentes será feito mediante a
realização de concurso público, devendo, para tanto, que Vossa Excelência publique em Diário
Oficial, essa informação.

b) Foi realizado, na tarde de ontem, reunião onde foi deliberada a obrigatoriedade de


padronização dos uniformes dos funcionários que fazem a segurança interna do prédio e que
estes fossem confeccionados nas cores cinza e preta.

c) Ilustríssimo Senhor José da Silva, Informamos que a listagem de clínicas as quais


firmaram convênio com esta secretaria para o ano de 2013 encontram-se à disposição do
público no portal eletrônico dos servidores.

d) Informamos ao Senhor Ministro de que a emposse dos novos servidores acontecerá no


dia 15/03/13, às 15h, na sala de reuniões desta seção. Esperamos contar com a vossa
agradável presença.
Atenciosamente,
João do Nascimento
Assessor

139
e) Seguem, em anexo, a relação de servidores que aderiram à paralisação da última sexta-
feira, 20/3/2013, e o cronograma das reuniões previstas para abril. Solicitamos que os
documentos sejam assinados e devolvidos em até três dias, a contar da data do recebimento.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) "Insta frisar, que o preenchimento das vagas remanescentes será feito mediante a
realização de concurso público, devendo, para tanto, que Vossa Excelência publique em Diário
Oficial, essa informação". ERRADA

Justificativa: a vírgula que aparece após "Diário Oficial" estaria correta se antes da expressão
"em Diário Oficial" (que é adjunto adverbial de lugar) também aparecesse vírgula. Outra
possibilidade seria suprimir a vírgula que separa o adjunto adverbial "em Diário Oficial" do
complemento verbal "essa informação".

"... que Vossa Excelência publique, em Diário Oficial, essa informação" CERTO

"... que Vossa Excelência publique em Diário Oficial essa informação" CERTO

b) "Foi realizado, na tarde de ontem, reunião onde foi deliberada a obrigatoriedade de


padronização dos uniformes dos funcionários que fazem a segurança interna do prédio e que
estes fossem confeccionados nas cores cinza e preta". ERRADA

Justificativa: o adjunto adverbial de lugar "onde" foi empregado incorretamente, pois não
denota lugar. Deve ser substituído por "em que", "na qual" etc.

c) "Ilustríssimo Senhor José da Silva, Informamos que a listagem de clínicas as quais firmaram
convênio com esta secretaria para o ano de 2013 encontram-se à disposição do público no
portal eletrônico dos servidores". ERRADA

Justificativa: é preciosismo o uso de palavras como "ilustríssimo", "digníssimo" etc.

d) Informamos ao Senhor Ministro de que a emposse dos novos servidores acontecerá no dia
15/03/13, às 15h, na sala de reuniões desta seção. Esperamos contar com a vossa agradável
presença. ERRADA
Atenciosamente,
João do Nascimento

Assessor

Justificativa: o verbo "informar", na questão, apresenta 2 complementos verbais


preposicionados ("ao Senhor Ministro" / "de que a emposse"), o que é vedado na gramática
brasileira.

159 – Assinale a alternativa correta, a respeito de uma redação empresarial.

140
a) Em uma correspondência empresarial é bom se houver alguma clareza, concisão e
correção gramatical.

b) Como é você quem assina a correspondência, não faz diferença se ela não ficar bem
formatada ou apresentar pequenos problemas de ortografa.

c) Você pode emitir opinião pessoal a respeito do assunto redigido, pois é você, não a
empresa,quem irá assumir eventuais reclamações a respeito.

d) A linguagem de um documento empresarial deve permitir diferentes interpretações do


texto, conforme o nível cultural de quem o ler.

e) O texto deve ser objetivo, lógico, com frases curtas, que possam ser facilmente
compreendidas pelo receptor.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. A clareza, concisão e etc não é uma escolha, mas uma
obrigação. Além disso, deve haver boa formatação interpretação única, não confusa e que
possa ser facilmente compreendida pelo receptor.

160 – Considerando os princípios da impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso


de linguagem formal, constantes do Manual de Redação da Presidência da República,
assinale a opção que apresenta um trecho adequado para compor um documento oficial.

a) Solicitamos a prorrogação do estágio da estudante de administração alocada nesta Seção


por mais um semestre, tendo em vista que a mesma tem desempenhado as atividades dela
com extrema eficiência.

b) O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Secretaria do


Gabinete.

c) É com grande honra e satisfação, que comunico que V. Exa. será agraciada, pelo
Presidente desta Instituição com a Medalha de Condecoração.

d) Venho por meio deste solicitar autorização para realização do seminário sobre o
tabagismo no salão de reuniões nos dias 27 e 28 de março.

e) A senadora saudou a presidenta da República, em seu discurso, e solicitou sua


intervenção no seu Estado, mas isso não surpreendeu-a.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

a) Solicitamos a prorrogação do estágio da estudante de administração alocada nesta Seção


por mais um semestre, tendo em vista que a mesma tem desempenhado as atividades dela
com extrema eficiência. (DELA - REDUNDÂNCIA- FERE O PRINCÍPIO DA CONCISÃO)

141
b) O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Secretaria do
Gabinete. Correta

c) É com grande honra e satisfação, que comunico que V. Exa. será agraciada, pelo
Presidente desta Instituição com a Medalha de Condecoração. (É com grande honra e
satisfação - DESNECESSÁRIO, PREJUDICA A CONCISÃO)

d) Venho por meio deste solicitar autorização para realização do seminário sobre o
tabagismo no salão de reuniões nos dias 27 e 28 de março. (POR MEIO DESTE - TAMBÉM
FERE A CONCISÃO DO TEXTO)

e) A senadora saudou a presidenta da República, em seu discurso, e solicitou sua


intervenção no seu Estado, mas isso não surpreendeu-a. (SEU - USO DESTE PRONOME
AQUI GERA AMBIGUIDADE, COLOCAÇÃO DO PRONOME DEVE VIR ANTES DE
SURPREENDEU, uma vez que é atraído pelo advérbio não).

161 – Considerando que, de acordo com o Manual de Redação da Presidência da


República (2002), “A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão
culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade”, assinale a opção em que
o fragmento apresentado atende esses requisitos.

a) Em virtude de compromissos assumidos anteriormente, não será possível a presença do


secretário de gestão de pessoas na mesa de abertura do seminário que realizar-se-á no
próximo dia 25, pelo que lamentamos e desejamos sucesso na realização do evento.

b) Diante das necessidades desta instituição, encaminhamos a Vossa Senhoria termo de


cooperação que pleiteia a descentralização de recursos para a construção de prédio anexo ao
edifício sede.

c) Dada a abertura do nosso próximo seminário, cujas inscrições encontram-se abertas até
o dia 17 de fevereiro, encaminhamos cartazes promocionais e pedimos para que os mesmos
sejam afixados nos cartórios eleitorais do estado.

d) Solicitamos que essa unidade faça um levantamento das demandas de equipamentos a


serem adquiridos para atender os setores responsáveis pelo atendimento ao cidadão. Sem
mais, renovamos votos de estima e apreço.

e) Encaminhamos o processo em anexo ao diretor-geral, com análise concluída pelo setor


de compras, para que sejam tomadas as providências necessárias referentes à solicitação
daquela diretoria, e que depois seja dado o devido encaminhamento de restituição do processo
a esta secretaria.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

142
a) ...de pessoas à mesa. Lamentamos e desejamos?? não podem existir impressões pessoais.

c) ...sejam fixados, não afixados.

d) ....Sem mais, renovamos votos de estia e apreço. (Não devem existir impressões pessoais).

e) Encaminhamos processo em anexo ao diretor geral. (Pregaram o processo no couro do


cidadão?)

162 – A problemática referente à declaração incidenter tantum de constitucionalidade na ação


civil pública diz respeito ao caráter erga omnes da coisa julgada material, especialmente no
caso de julgamento procedente do pedido. A eficácia erga omnes em caso da improcedência
decorrente de pretensão infundada do pedido não importa no caso, por total irrelevância da
eventual alegação de inconstitucionalidade. Internet: <jus.com.br/revista/texto/7849/> (com
adaptações).

No fragmento de texto acima, a locução latina “erga omnes”

a) é empregada para indicar que um princípio diz respeito exclusivamente aos homens e
não atinge as mulheres.

b) é empregada no meio jurídico principalmente para indicar que os efeitos de algum ato ou
lei atingem todos os indivíduos de determinada população.

c) significa que a ação pública a que se refere está além da decisão dos seres humanos,
pois é uma ação natural.

d) indica característica da ação pública que valoriza o ser humano que está no centro do
processo litigante.

e) refere-se a decisões judiciais que têm como regra geral apenas o efeito interpartes, ou
seja, restrito àqueles que participaram da respectiva ação judicial.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Erga omnes – diz-se de ato, lei ou decisão que a todos obriga,
ou é oponível contra todos, ou sobre todos tem efeito.

163 – Portaria n.º 0273/2012-CG

O CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA, no uso de suas atribuições


legais e regimentais, CONSIDERANDO a competência da Corregedoria para fiscalizar as
atividades do foro extrajudicial, conforme art. 157, inc. VII, do Regimento Interno;
CONSIDERANDO a competência da Corregedoria-Geral da Justiça para promover inspeção
quanto à regularidade das custas do Fundo de Informatização, Edificação e Aprimoramento
dos Serviços Judiciários;

143
CONSIDERANDO o Provimento n.º 032/2005-CG, que aprova as Diretrizes Gerais dos Serviços
Notariais e de Registro (Cap. I,Seção I, Itens 1 e 3.2);

RESOLVE:

I – ESTABELECER correição ordinária nas serventias extrajudiciais abaixo indicadas: (...) V –


Durante a correição, não haverá interrupção do expediente, devendo estar presente o titular
da serventia. VI – Encaminhe-se cópia da presente portaria ao juiz corregedor permanente e
aos cartórios extrajudiciais dos referidos municípios.

Publique-se. Cumpra-se. Porto Velho, 3 de setembro de 2012. Internet: <www.tjro.jus.br>


(com adaptações).

Em relação à linguagem jurídica do texto, assinale a opção correta.

a) Na expressão “ESTABELECER correição”, o substantivo “correição” está sendo empregado


com o sentido de inspeção, fiscalização.

b) No segmento “correição ordinária”, o adjetivo “ordinária” está relacionado à ideia de má


qualidade dos trabalhos.

c) Mantém-se a correção gramatical ao se substituir o sinal de ponto e vírgula por ponto


final ao término de cada consideração, uma vez que a palavra subsequente está escrita em
letras maiúsculas.

d) Estaria gramaticalmente correta e adequada a substituição do termo “CONSIDERANDO”,


em suas três ocorrências, pela estrutura Já que considerou.

e) A forma verbal “RESOLVE”, que, embora esteja empregada no presente, refere-se a ação
já acontecida, poderia ser substituída, sem prejuízo do gênero e da correção gramatical do
texto, pela forma no pretérito RESOLVEU.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Correição = inspeção, fiscalização.

As demais estão demonstrando sentidos incorretos das expressões em destaque.

164 – Nas opções a seguir, são apresentados fragmentos de correspondências oficiais.


Assinale a opção cujo excerto apresenta as características necessárias de um texto oficial:
clareza, concisão, impessoalidade, uniformidade e linguagem culta e apropriada a esse tipo de
expediente.

a) Em sua comunicação, Sua Excelência destaca a necessidade de incremento de pessoal


nesta casa, que há muito carece de funcionários que deem conta da demanda municipal, que
vem crescendo ano após ano, e a população já começou a perceber o acúmulo de afazeres do
órgão e passou a reclamar formalmente da falta de atendimento adequado.

144
b) Em resposta ao memorando n.° 15, de 11 de agosto de 2012, encaminham-se, em anexo,
as atas das reuniões do Conselho Tutelar do município de Porto Velho – RO.

c) Vossa Excelência há de reconhecer como é bonito o trabalho desenvolvido na região e


ficará encantado quando conhecer as pessoas que o desenvolveram.

d) As terras demarcadas para plantio estão legalmente prevista, no acordo, permitindo a


cultura de mais de um produto e não precisando de autorização prévia para uso.

e) Senhor Juiz,
Segue pareceres para exame e pronunciamento de
Vossa Excelência.
Atenciosamente,
[nome do remetente]
Advogado Criminalista

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Faltou clareza e concisão


B) CORRETO
C) "como é bonito o trabalho desenvolvido" Faltou impessoalidade.
D) As terras demarcadas para plantio estão legalmente prevista ----> previstas
E) "Segue pareceres para exame"-------> SEGUEM

165 – Texto

O fecho acima deve ser aposto ao seguinte documento oficial:

a) ofício.
b) requerimento.
c) relatório.
d) memorando.
e) aviso.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

145
REQUERIMENTO: É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma autoridade
administrativa um direito do qual se julga detentor.

Estrutura
1. Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.
2. Texto, incluindo:

a) Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva


qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior
de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei 10.741/03), e
domicílio (caso o requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à
qualificação civil deve ser colocado o número do registro funcional e a lotação);

b) Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requerimento e os


elementos probatórios de natureza fática.

3. Fecho:

“Nestes termos,

Pede deferimento”.

4. Local e data.

5. Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

*Manual de Redação Oficial da Câmara dos Deputados

166 – A expressão que apresenta um pleonasmo na correspondência é

a) então.
b) além disso.
c) rogamos que.
d) reiterar outra vez.
e) casualmente.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

Pleonasmo

Pleonasmo é uma figura de linguagem usada para intensificar o significado de um termo


através da repetição da própria palavra ou da ideia contida nela. A palavra pleonasmo tem
origem no latim "pleonasmu" e significa redundância.

Pleonasmo Vicioso

O pleonasmo vicioso de linguagem é a repetição supérflua da palavra ou da ideia contida


nela, são vícios de linguagem. Por exemplo:

146
"Entrar para dentro."

"Sair para fora."

"A brisa matinal da manhã."

167 – Expressões que podem causar um efeito negativo na redação são:

a) prematuro, anteriormente e falha.


b) conforme entendimento, superficial e anexo.
c) falha, ineficiência e despreparo.
d) através desta, absurdo e pela presente.
e) apesar de, anexo segue e recebemos.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Como mencionado na introdução deste capítulo, o sentido das


palavras liga-se intimamente à tradição e ao contexto de seu uso. Assim, temos vocábulos e
expressões (locuções) que, por seu continuado emprego com determinado sentido, passam a
ser usados sempre em tal contexto e de tal forma, tornando-se expressões de uso consagrado.
Mais do que do sentido das palavras, trata-se aqui também da regência de determinados
verbos e nomes (v. 9.2.3. Regência).

O esforço de classificar expressões como de uso a ser evitado ou como de uso


recomendável atende, primordialmente, ao princípio da clareza e da transparência que deve
nortear a elaboração de todo texto oficial. Não se trata, pois, de mera preferência ou gosto
por determinada forma.

168 – A maneira pela qual o poder público redige atos normativos e comunicações denomina-
se redação

a) empresarial.
b) oficial.
c) governamental.
d) mercadológica.
e) estadual.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Essa é para não zerar. A maneira pela qual o poder público
redige atos normativos e comunicações denomina-se redação OFICIAL.

169 – Texto IV: base para a questão.

147
Um homem de consciência

Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e
lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a
coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.

Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito
tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.

Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua
Itaoca.

— Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e
bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o
Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o
restolho. Decididamente, a minha Itaoca está acabando...

João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava
dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo
conserto ou arranjo possível.

— É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca
não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.

Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso
homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não
era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada...

Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante.
É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com
o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de
Itaoca!...

João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando
as malas. Pela madrugada, botou-as num burro, montou no seu cavalo magro e partiu.

— Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?

— Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.

— Mas, como? Agora que você está delegado?

— Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus. E
sumiu."

(Monteiro Lobato, CIDADES MORTAS. 12a Edição. São Paulo, Editora Brasiliense, 1965)

As marcas narrativas presentes no texto são características da preponderância do discurso:

a) direto.
b) indireto.

148
c) indireto livre.
d) expositivo.
e) injuntivo.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. No discurso direto há uma clara definição sobre a fala do


personagem e narrador. Há também a presença de aspas e de travessões e presença de verbos
de elocução.

170 – Leia o TEXTO 2 para responder a questão.

TEXTO 2

FUTEBOL DE RUA

(1) Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. Mas existe um tipo de futebol ainda
mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada
é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. Futebol de rua é tão humilde
que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou
num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim:

(2) DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol
serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a
merendeira do seu irmão menor, que sairá correndo para se queixar em casa. No caso de se
usar uma pedra, lata ou outro objeto contundente, recomenda-se jogar de sapatos. De
preferência os novos, do colégio. Quem jogar descalço deve cuidar para chutar sempre com
aquela unha do dedão que estava precisando ser aparada mesmo.
(3) DA DURAÇÃO DO JOGO – Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier primeiro. Nos jogos
noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia.

(4) DA FORMAÇÃO DOS TIMES – O número de jogadores em cada equipe varia, de um a 70


para cada lado. Algumas convenções devem ser respeitadas. Ruim vai para o gol. De óculos é
meia-armador, para evitar os choques.

(5) DO JUIZ – Não tem juiz.

(6) DAS INTERRUPÇÕES – No futebol de rua, a partida só pode ser paralisada numa destas
eventualidades:

(7) a) Se a bola for para baixo de um carro estacionado e ninguém conseguir tirá-la, mande o
seu irmão menor.

(8) b) Se a bola entrar por uma janela. Neste caso os jogadores devem esperar não mais de
10 minutos pela devolução voluntária da bola. Se isto não ocorrer, os jogadores devem
designar voluntários para bater na porta da casa ou apartamento e solicitar a devolução,
primeiro com bons modos e depois com ameaças de depredação. Se o apartamento ou casa
for de militar reformado com cachorro, deve-se providenciar outra bola. Se a janela

149
atravessada pela bola estiver com o vidro fechado na ocasião, os dois times devem reunir-se
rapidamente para deliberar o que fazer. A alguns quarteirões de distância.

(9) c) Quando passarem veículos pesados pela rua. De ônibus para cima. Bicicletas e
Volkswagen, por exemplo, podem ser chutados junto com a bola e se entrar é gol.

(10) DO INTERVALO PARA DESCANSO – Você deve estar brincando!

(11) DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o futebol de verdade (que é
como, na rua, com reverência, chamam a pelada), mas com algumas importantes variações.
O goleiro só é intocável dentro da sua casa, para onde fugiu gritando por socorro. É permitido
entrar na área adversária tabelando com uma Kombi. Se a bola dobrar a esquina é córner.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Futebol de rua. Disponível em: <


http://contobrasileiro.com.br/futebol-de-ruacronica-de-luis-fernando-verissimo/>. Acesso
em: 05 maio 2018 (adaptado).

Com relação à estrutura e à função do TEXTO 2, afirma-se que

a) é um exemplo de paráfrase: tem função social de lei, pois se baseia na estrutura de um


regulamento, mas se utiliza de linguagem subjetiva reconstruindo um passado afetivo com
base em termos antigos do discurso futebolístico.

b) é um exemplo de intertextualidade explícita: constitui um relato e os intertextos com a


subjetividade do discurso literário ficam evidentes através da poeticidade do texto que se apoia
em metáforas e comparações.

c) é um exemplo de paródia: possui função social de regimento e é composto pela recriação


de uma obra já existente a partir de um ponto de vista predominantemente cômico.

d) é um exemplo de intertextualidade implícita: tem função social de conto, mas é composto


por longas sequências injuntivas resultantes de diálogos com intertextos diversos, mas sem
identificação da fonte.

e) é um exemplo de gênero textual híbrido: possui função social de crônica, mas se


estrutura por meio de sequência tipológica injuntiva e se constitui na forma de gêneros da
esfera jurídica, como regimentos e leis.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Notóriamente é um exemplo de gênero textual híbrido: possui


função social de crônica, mas se estrutura por meio de sequência tipológica injuntiva e se
constitui na forma de gêneros da esfera jurídica, como regimentos e leis

Ademais, Injunção é o ato de injungir, ou seja, de instruir, ordenar, de estabelecer


leis, regras, para que alguma ação, costume ou circunstância aconteça. A injunção é bastante
frequente no cotidiano de grande parte das pessoas, já que podemos encontrá-la em algumas
situações durante a interação verbal oral – quando recebemos ou damos ordens a alguém –
e/ou verbal escrita – a partir de textos injuntivos, como os manuais de instrução, as receitas
culinárias, algumas campanhas eleitorais e publicitárias, as cartilhas com instruções e regras

150
de jogos, bulas de remédio, livro de autoajuda, cartilhas de instrução de viagens aéreas e
rodoviárias etc.

171 – Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos
(1636-1696), para responder à questão.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,


Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?


Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Poemas escolhidos, 2010.)

O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu sentido original, em:

a) “Começa o mundo enfim pela ignorância,” (4° estrofe) → Pela ignorância, enfim, o mundo
começa.

b) “Em tristes sombras morre a formosura,” (1ª estrofe) → A formosura morre em tristes
sombras.

c) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe) → O Sol não dura mais que um
dia que nasce.

d) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1ª estrofe) → Segue-se a noite escura depois
da Luz.

e) “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,” (3ª estrofe) → Mas falte a firmeza no Sol e na Luz.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Para colocar-se uma oração em ordem direta, é necessário


manter-se a seguinte sequência de termos da oração: sujeito, verbo, complementos verbais e
adjuntos adverbiais, como ocorre na alternativa apontada, em que o verbo morrer é antecedido
de sujeito (“A formosura”) e seguida de adjunto adverbial (“em tristes sombras”).

151
172 – Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990), para responder à questão.

A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava no batelão1 velho; remava
cansado, com um resto de sono. De longe veio um rincho2 de cavalo; depois, numa choça de
pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina.

Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu encontrara galopando na praia.
Ela era corada, forte. Viera do Rio, sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um
homem de nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela usava calças
compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco com os pescadores. Mas na segunda noite,
quando nos juntamos todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido cachaça,
como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês, depois o Luar do sertão e uma canção
antiga que dizia assim: “Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
canção triste.

Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu a adorasse com essa
adoração súbita, mas tímida, esse fervor confuso da adolescência – adoração sem esperança,
ela devia ter dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de basquete, que
costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem casado, que já tinha ido até à Europa e tinha
um automóvel e uma coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha
pobre flaubert 3, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que não sabia lidar nem
com um motor de popa, apenas tocar um batelão com meu remo.

Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia solitária; eu vinha a pé,
ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, meu coração bateu adivinhando quem poderia
estar galopando sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela fosse passar
me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no interior a gente dá a quem encontra; mas
parou, o animal resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro da blusa
fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na minha memória, desse encontro: a
pele escura e suada do cavalo e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar
fino da manhã.

E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, como se eu fosse um rapaz
mais velho do que ela, um homem como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio
de pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não saber quase nada, não
sabia os nomes dos peixes que ela dizia, deviam ser peixes de outros lugares mais importantes,
com certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos dos coqueirinhos junto
da praia – e falou de minha irmã, que conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara
desde a ponta do Boi até perto da lagoa.

De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você me trata sempre de um
modo esquisito...” Respondi, estúpido, com a voz rouca: “Eu não”.

Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela, e eu disse: “Não é
isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar
na casa dos Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia seguinte foi-se
embora.

Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone apanhar uns camarões vivos
para isca; e o relincho distante de um cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse
comigo – rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os respingos de água
fria, cada vez com mais força, como se isto adiantasse alguma coisa.

152
(Os melhores contos, 1997.)

1
batelão: embarcação movida a remo.

2 rincho: relincho.

3
flaubert: um tipo de espingarda.

Ao se converter o trecho “Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo dela”
(7° parágrafo) para o discurso direto, o verbo “confessara” assume a forma:

a) confessei.
b) confessou.
c) confessa.
d) confesso.
e) confessava.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Discurso direto - É aquele em que o narrador reproduz as palavras de outra pessoa ou


personagem, separando-as das suas, utilizando para isso dois pontos, aspas ou travessão de
diálogo, marcas que ajudam a identificar quem está falando.

Discurso indireto - O narrador diz, ele próprio, o que a outra pessoa ou personagem disse.

173 – Para responder à questão, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-
1980), publicada originalmente em setembro de 1953.

Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira
curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque
tratava-se muito mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá
das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando
pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como linguista,
cultor do vernáculo¹e aplicador de sutilezas gramaticais, seu Afredo estava sozinho.

Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação


linguística perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha
mãe ficou ligeiramente ressabiada2 quando seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto
a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:

– Onde vais assim tão elegante?

Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo
os mais deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à
lide3 caseira, queixou-se do fatigante ramerrão4 do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se
para ela e disse:

153
– Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem.
Diz que é muito bão.

De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto
seu Afredo, acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto
minha tia mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:

– Cantas? Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:

– É, canto às vezes, de brincadeira...

Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento
do nosso encerador:

– Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática.

Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela com ar disfarçado e
falou:

– Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que
pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de
calouro!

E, a seguir, ponderou:

– Agora, piano é diferente. Pianista ela é!

E acrescentou:

– Eximinista pianista!

(Para uma menina com uma flor, 2009.)

1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.

2
ressabiado: desconfiado.

3
lide: trabalho penoso, labuta.

4
ramerrão: rotina.

“[Seu Afredo] perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:

– Onde vais assim tão elegante?” (2° parágrafo/3° parágrafo)

Ao se adaptar este trecho para o discurso indireto, o verbo “vais” assume a seguinte forma:

a) foi.
b) fora.
c) vai.
d) ia.

154
e) iria.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. A frase em discurso direto com verbo no presente do indicativo


na segunda pessoa do singular “vais”, passa à terceira pessoa do pretérito imperfeito no
discurso indireto: Onde ia daquele jeito tão elegante.

174 – Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de
Almeida, para responder a questão.

De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar com estranhos. À noite,
não saia para caminhar, principalmente se estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando
estacionar, tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em sinal vermelho.
Se for assaltado, não reaja – entregue tudo.

É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas recomendações. Faz
tempo que a ideia de integrar uma comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte
de um coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das grandes cidades
brasileiras. As noções de segurança e de vida comunitária foram substituídas pelo sentimento
de insegurança e pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto como parceiro
ou parceira em potencial; o desconhecido é encarado como ameaça. O sentimento de
insegurança transforma e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, troca,
comunidade, participação coletiva, as moradias e os espaços públicos transformam-se em
palco do horror, do pânico e do medo.

A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, drena recursos públicos já
escassos, ceifa vidas – especialmente as dos jovens e dos mais pobres –, dilacera famílias,
modificando nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais cidadãos, passamos
a ser consumidores do medo. O que fazer diante desse quadro de insegurança e pânico,
denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual tarefa impõe-se
aos cidadãos, na democracia e no Estado de direito?
(Violência urbana, 2003.)

O modo de organização do discurso predominante no excerto é

a) a dissertação argumentativa.
b) a narração.
c) a descrição objetiva.
d) a descrição subjetiva.
e) a dissertação expositiva.

Comentários

155
O gabarito é a alternativa A. Linguagem objetiva, observar a fonte do texto (é um livro que
tem como tema a violência urbana).

No primeiro parágrafo, o recurso que ele emprega é instrucional (verbos no imperativo):


instruções de segurança para o dia a dia e a partir disso, ele começa a argumentar sobre o
problema da violência: as cidades perdem sua função, sentimento de medo, movimentos
retóricos ao final do último parágrafo, tudo isso reforça o ponto de vista do autor.

175 – Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?)
para responder à questão.

Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1. Como seria morto, rogou à
doninha que poupasse sua vida.

– Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por natureza, inimiga de todos
os pássaros.

– Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.

E assim ele conseguiu escapar.

Mais tarde, ao cair de novo e ser capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não
o devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos, ele afirmou que não era um
rato, mas um morcego. E de novo conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe
bastou mudar de nome para ter a vida salva.

(Fábulas, 2013.)

1doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e de patas curtas (também
conhecido como furão).

“– Não sou um pássaro – alegou o morcego.” (3° parágrafo)

Ao se transpor este trecho para o discurso indireto, o verbo “sou” assume a seguinte forma:

a) era.
b) Fui.
c) fora.
d) fosse.
e) seria.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. O discurso indireto é definido como o registro da fala da


personagem sob influência por parte do narrador. Nesse tipo de discurso, os tempos verbais
são modificados para que haja entendimento quanto à pessoa que fala. Além disso, costuma-
se citar o nome de quem proferiu a fala ou fazer algum tipo de referência. Neste caso,
alterando o tempo verbal para o pretérito, se transformaria em “era”.

156
176 - Texto 2

Notícia publicada na imprensa na penúltima semana de setembro de 2019:

“Tráfico da Rocinha ameaça quem joga lixo na rua

Bandidos espalham cartazes em área onde houve deslizamentos de terra nas últimas chuvas,
alertando moradores para não despejar detritos em beco. Medida seria tomada porque venda
de drogas é interrompida quando a região alaga”.

Sobre a estruturação do texto 2, é INCORRETO afirmar que:

a) a palavra “tráfico” é empregada em lugar de “traficantes”;


b) a forma verbal “houve” está empregada corretamente;
c) a palavra “deslizamentos” deveria ser grafada com S em lugar de Z;
d) o verbo “despejar” poderia ser substituído por “jogar”;
e) a palavra “região” se refere aos becos em geral.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Tudo depende da palavra de origem;


se tiver S no radical da palavra de origem = grafa-se com S
quando não tiver S, será grafada com Z. Exemplos:
improviso/// Improvisar
Análise// analisar
No caso da questão: DESLIZE// Deslizar.

177 - Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta muitas alternativas para construir
um olhar positivo sobre a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental denunciar
a conspiração do silêncio e revelar como a sociedade trata os velhos: eles costumam ser
desprezados e estigmatizados. Apesar de ter consciência de que são inúmeros os problemas
relacionados ao processo de envelhecimento, quero compreender se existe algum caminho
para chegar à última fase da vida de uma maneira mais plena e mais feliz. Encontro na própria
Simone de Beauvoir a resposta para esta questão. Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice,
um possível caminho para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de vida.

No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney
Mato grosso, Chico Buarque, Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém
consiga enxergar neles, que já chegaram ou estão chegando aos 70 anos, um retrato negativo
do envelhecimento. São típicos exemplos de pessoas chamadas “sem idade”.

Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!” ou qualquer
outro rótulo que sempre contestaram. São de uma geração que transformou comportamentos
e valores de homens e mulheres, que inventou diferentes arranjos amorosos e que legitimou
novas formas de família. Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo e se

157
reinventam permanentemente. Continuam cantando, dançando, criando, amando, brincando,
trabalhando, transgredindo tabus. Não se aposentaram de si mesmos, recusaram as regras
que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se tornaram invisíveis, infelizes,
deprimidos. Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e dão novos
significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos:
inclassificáveis”.

Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A liberdade é o que você faz com o
que a vida fez com você”. Esta máxima existencialista é fundamental para compreender a
construção de um projeto de vida. O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a
infância, mas também pode ser construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois a
ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da liberdade de escolha e da
responsabilidade individual na construção de um projeto de vida que dê significado às nossas
existências até os últimos dias.

(Adaptado de: GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. Record. edição digital)

Duvido que alguém consiga enxergar neles [...] um retrato negativo do envelhecimento. (2º
parágrafo)

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do sublinhado acima está em:

a) Não se tornaram invisíveis, infelizes, deprimidos.


b) uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!”
c) uma geração que transformou comportamentos e valores
d) A ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da liberdade de escolha
e) um projeto de vida que dê significado às nossas existências até os últimos dias.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Duvido que alguém consiga enxergar neles [...] um retrato negativo do envelhecimento
(=verbo está na terceira pessoa do singular do presente do subjuntivo).

→ um projeto de vida que dê significado às nossas existências até os últimos dias (=que ele
dê → terceira pessoa do singular do presente do subjuntivo).

178 - [A harmonia natural em Rousseau]

A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-1784) como responsável pela
degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição
pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade
às pessoas, leva-as a ignorar os deveres humanos e as necessidades naturais.

A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com
suas necessidades inatas. Ele é amplamente autossuficiente porque constrói sua existência no
isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores

158
dificuldades e não é atingido pela angústia diante da doença e da morte. As necessidades
impostas pelo sentimento de autopreservação – presente em todos os momentos da vida
primitiva e que impele o homem selvagem a ações agressivas – são contrabalançadas pelo
inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros desnecessariamente.

Desde suas origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de livre arbítrio e
sentido de perfeição, mas o desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quando
estabelecidas as primeiras comunidades locais, baseadas sobretudo no grupo familiar. Nesse
período da evolução, o homem vive a idade do ouro, a meio caminho entre a brutalidade das
etapas anteriores e a corrupção das sociedades civilizadas.

(Encarte, sem indicação de autoria, a Jean-Jacques Rousseau – Os Pensadores. Capítulo


34. São Paulo: Abril, 1973, p. 473)

Estão plenamente observadas a correção da redação e a correlação entre tempos e modos


verbais na frase:

a) Caso seja levada a sério, a disciplina aristocrática impediria o homem civilizado de que
fosse plenamente feliz.

b) Se felicidade dos homens civilizados se equiparasse a dos homens primitivos, não haveria
porquê não festejar o rumo da civilização.

c) Entende-se que os povos primitivos estivessem sendo mais felizes do que nós porquanto
eles saberão atender a suas necessidades básicas.

d) Quando viermos a considerar mais de perto a felicidade dos primitivos, estaremos


próximos da felicidade maior a que aspiramos.

e) Nos tempos primitivos, onde sobejavam os impulsos naturais, os homens sabem


administrar o equilíbrio que lhes demanda a natureza.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) Caso seja levada a sério, a disciplina aristocrática impediria o homem civilizado de que
fosse plenamente feliz. → o correto seria "fosse".

B) Se a felicidade dos homens civilizados se equiparasse a dos homens primitivos, não


haveria porquê não festejar o rumo da civilização. →O correto seria "por que" equivalendo a
"por qual motivo".

C) Entende-se que os povos primitivos estivessem sendo mais felizes do que nós porquanto
eles saberão atender a suas necessidades básicas. → o correto seria "saberiam".

D) Quando viermos a considerar mais de perto a felicidade dos primitivos, estaremos próximos
da felicidade maior a que aspiramos. → correto; "aspirar" com sentido de almejar é verbo
transitivo indireto e exige um complemento regido pela preposição "a", essa está antes do
pronome relativo "que", não ocorreu crase pois não temos o artigo definido "a" antes do
pronome, logo somente a preposição deve estar presente.

159
E) Nos tempos primitivos, onde sobejavam os impulsos naturais, os
homens sabem administrar o equilíbrio que lhes demanda a natureza. → o correto é
"saberiam".

179 - Texto associado

Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a gente não se vê. Dei-me conta da
coisa rara que é a amizade. E, no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá.

Lembrei-me de um trecho de Jean-Christophe, que li quando era jovem, e do qual nunca


esqueci. Romain Rolland descreve a primeira experiência com a amizade do seu herói
adolescente. Já conhecera muitas pessoas nos curtos anos de sua vida. Mas o que
experimentava naquele momento era diferente de tudo o que já sentira antes.

Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. Pela primeira vez, estando com
alguém, não sentia necessidade de falar. Bastava a alegria de estarem juntos.

“Christophe voltou sozinho dentro da noite. Nada via. Nada ouvia. Estava morto de sono
e adormeceu apenas deitou-se. Mas durante a noite foi acordado duas ou três vezes, como
que por uma ideia fixa. Repetia para si mesmo: ‘Tenho um amigo’, e tornava a adormecer.”

Jean-Christophe compreendera a essência da amizade. Amiga é aquela pessoa em cuja


companhia não é preciso falar. Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade, então a pessoa
com quem você está não é amiga. Porque um amigo é alguém cuja presença procuramos não
por causa daquilo que se vai fazer juntos, seja bater papo ou comer. Quando a pessoa não é
amiga, terminado o alegre e animado programa, vêm o silêncio e o vazio, que são
insuportáveis.

Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. A amizade anda por caminhos que não
passam por programas.

Um amigo vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o
torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de
comunhão. E alegria maior não pode existir.

(Adaptado de: ALVES, Rubem. O retorno e terno. Campinas: Papirus, 1995, p. 11-13)

Os verbos que se encontram nos mesmos tempo e modo estão em:

a) Mas o que experimentava naquele momento era diferente


b) mas era como se já tivessem sido amigos a vida inteira
c) Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre.
d) Repetia para si mesmo: “tenho um amigo”.
e) Dei-me conta da coisa rara que é a amizade.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

160
A) Mas o que experimentava naquele momento era diferente → ambos verbos estão no
pretérito imperfeito do modo indicativo.

B) mas era como se já tivessem sido amigos a vida inteira → respectivamente: pretérito
imperfeito do indicativo e pretérito imperfeito do subjuntivo (se eles tivessem).

C) Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. → respectivamente: presente


do indicativo e pretérito perfeito do indicativo.

D) Repetia para si mesmo: “tenho um amigo”. → respectivamente: pretérito imperfeito do


indicativo e presente do indicativo.

E) Dei-me conta da coisa rara que é a amizade. → respectivamente: pretérito perfeito do


indicativo e presente do indicativo.

180 - Texto associado

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo


de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa
companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase,


redigida a partir do texto:

161
a) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja.
b) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo.
c) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.
d) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros.
e) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja. → voltar a algum
lugar (preposição "a"), porém já temos o artigo indefinido "um", logo não há como ocorrer a
crase, somente a preposição deve estar presente: a um dia...

B) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo. → não se manterão com algo
(o termo não rege a preposição "a"), logo somente o artigo definido "a" que acompanha o
substantivo "passagem" deveria estar presente: com a passagem.

C) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais. → nós dedicamos a


alguma coisa (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino
"criação"= crase (à criação).

D) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros. → O correto é


"propuseram"; crase antes de verbo é incorreto.

E) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada. → temos um pronome
masculino "outro", logo ele não é acompanhando pelo artigo definido "a", dessa forma, sem
crase.

181 - Texto associado

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo


de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

162
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa
companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Na frase A miséria não substituíra a pobreza (4° parágrafo), a forma verbal destacada equivale
a

a) se substituiu.
b) fora substituída.
c) substituía.
d) tinha substituído.
e) teria substituído.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O verbo está empregado no pretérito mais-que-perfeito do


indicativo (Terminação "-RA"). Pode ser substituído pelo TER/HAVER (conjugado no pretérito
imperfeito do indicativo- "Tinha"/"havia") + Verbo principal no particípio.

182 - Texto associado

Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

Uma pesquisa feita em uma universidade mostrou que cães têm a capacidade de
distinguir palavras de um vocabulário e captar a entonação da fala dos donos usando regiões
cerebrais semelhantes àquelas usadas por seres humanos.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram a atividade do cérebro dos
cães em aparelhos de ressonância magnética. Eles ouviam então gravações de vozes de seus
donos ou treinadores usando várias combinações de vocabulário e entonação, ou elogiando ou
de modo neutro.
"A imagem por ressonância magnética fornece um método inofensivo de medição de que
os cães gostam", diz a coautora do estudo.
Independentemente da entonação, cães reconheceram cada palavra como algo distinto e
o fizeram de uma forma similar aos seres humanos, usando o lado esquerdo do cérebro.
Os pesquisadores descobriram ainda que os cães processam a entonação separadamente
do vocabulário, nas regiões auditivas no lado direito do cérebro, o que também acontece com
humanos.
Os pesquisadores observaram que o elogio ativa o "centro de recompensa" do cérebro
dos cães – a região que responde a estímulos de prazer. Mas o centro de recompensa só era
ativado quando o cão ouvia palavras de louvor com entonação adequada.
Isso mostra que, para os cães, um elogio pode funcionar como recompensa, mas funciona
melhor ainda se as palavras e a entonação baterem. Ou seja, os animais não só separam o
que dizemos e como dizemos, mas também podem combinar os dois para uma melhor
interpretação do que aquelas palavras realmente querem dizer.

163
Os resultados indicam que os mecanismos neurais para processar palavras evoluíram
bem antes do que se imaginava. "O que torna as palavras singularmente humanas não é a
capacidade neural para processá-las", dizem os autores. Seres humanos são únicos na sua
capacidade de inventar palavras.

(Adaptado de: NETO, Ricardo Bonalume. Disponível


em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia)

Ambos os verbos sublinhados estão empregados nos mesmos tempo e modo em:

a) o fizeram de uma forma similar aos seres humanos − o que também acontece com
humanos.

b) pesquisadores mediram a atividade do cérebro dos cães − A imagem por ressonância


magnética fornece

c) Eles ouviam então gravações de vozes de seus donos − bem antes do que se imaginava

d) do que aquelas palavras realmente querem dizer − Os pesquisadores observaram que o


elogio

e) o que dizemos − cães reconheceram cada palavra como algo distinto

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Eles ouviam então gravações de vozes de seus donos − bem antes do que se imaginava

→ Ambos verbos estão conjugados no pretérito imperfeito do modo indicativo.

183 - Texto associado

Antropologia reversa

É sempre tarefa difícil – no limite, impossível – compreender o outro não a partir de nós
mesmos, ou seja, de nossas categorias e preocupações, mas de sua própria perspectiva e
visão de mundo. “Quando os antropólogos chegam”, diz um provérbio haitiano, “os deuses
vão embora”.

Os invasores coloniais europeus, com raras exceções, consideravam os povos autóctones


do Novo Mundo como crianças amorais ou boçais supersticiosos – matéria escravizável. Mas
como deveriam parecer aos olhos deles aqueles europeus? “Onde quer que os homens
civilizados surgissem pela primeira vez”, resume o filósofo romeno Emil Cioran, “eles eram
vistos pelos nativos como demônios, como fantasmas ou espectros, nunca como homens vivos!
Eis uma intuição inigualável, um insight profético, se existe um”.

O líder ianomâmi Davi Kopenawa, porta-voz de um povo milenar situado no norte da


Amazônia e ameaçado de extinção, oferece um raro e penetrante registro contra-antropológico
do mundo branco com o qual tem convivido: “As mercadorias deixam os brancos eufóricos e

164
esfumaçam todo o resto em suas mentes [...] Seu pensamento está tão preso a elas, são de
fato apaixonados por elas! Dormem pensando nelas, como quem dorme com a lembrança
saudosa de uma bela mulher. Elas ocupam seu pensamento por muito tempo, até vir o sono.
Os brancos não sonham tão longe quanto nós. Dormem muito, mas só sonham consigo
mesmos”.

(Adaptado de GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras,
2016, p. 118-119)

É plenamente adequada a correlação entre os tempos e os modos verbais na frase:

a) Seria de se supor que um nativo venha a estranhar os colonizadores do mesmo modo


que estes viriam a com ele se espantar.

b) Não se apresentaria como fácil a plena compreensão que alguém se dispusesse a ter da
cultura que se sustentasse em outros valores.

c) Para que venham a ser compreendidos os valores de uma cultura, houvera de se esforçar
quem os buscar analisar mais de perto.

d) Segundo supõe Davi Kopenawa, os brancos não poderiam sonhar tão longe quanto os
nativos porque estejam presos ao mundo das mercadorias.

e) Ao se depararem com os nativos, tão logo chegados ao Novo Mundo, os colonizadores


passassem a julgá-los como criaturas amorais e infantilizadas.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Seria de se supor que um nativo venha a estranhar os colonizadores do mesmo modo que
estes viriam a com ele se espantar. → correto seria: viesse.

B) Não se apresentaria como fácil a plena compreensão que alguém se dispusesse a ter da
cultura que se sustentasse em outros valores. → correto.

C) Para que venham a ser compreendidos os valores de uma cultura, houvera de se esforçar
quem os buscar analisar mais de perto. → correto seria: viessem e haveria e buscasse.

D) Segundo supõe Davi Kopenawa, os brancos não poderiam sonhar tão longe quanto os
nativos porque estejam presos ao mundo das mercadorias. → correto seria: estariam.

E) Ao se depararem com os nativos, tão logo chegados ao Novo Mundo, os


colonizadores passassem a julgá-los como criaturas amorais e infantilizadas. → correto seria:
passariam.

184 - Texto associado

165
Atenção: Considere a entrevista abaixo, com o americano Seth M. Siegel, autor do livro Faça-
se a Água, para responder à questão.

1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como
descreveria o estágio atual dessa crise?

Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será
afetada pela escassez de água. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o
aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os principais
impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países
já estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.

2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?

Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais
sofisticada do mundo. Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações
de mais rápido crescimento do mundo, é abundante em água. Penso que todos têm algo a
aprender com o exemplo de Israel.

3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que
papel acredita que essas riquezas brasileiras poderiam vir a desempenhar?

Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a
água às vezes está disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez.
O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico
e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático construir um
encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso
que outras formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam
usar outras técnicas.

4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou
recentemente uma grave crise hídrica. Como vê essa situação?

Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda
chance. Estes dias de melhor abastecimento de água quase certamente não durarão muito.
Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier, haja
menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.

(Disponível em: www.cartacapital.com.br. Com adaptações)


Os verbos empregados nos mesmos tempo e modo estão agrupados em:

a) haja − tenha
b) poderiam − precisam
c) levará − faça
d) recebeu − durarão
e) vivem – enfrentou

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

166
a) haja − tenha: ambos verbos estão empregados no presente do subjuntivo.
b) Poderiam − precisam
Poderiam - indicativo(futuro do pretério) precisam-indicativo(presente)
c) Levará − faça
Levará- indicativo (futuro do presente) faça-subjuntivo (presente)
d) Recebeu − durarão
Recebeu-indicativo (pretérito perfeito) durarão-indicativo (futuro do presente)
e) Vivem − enfrentou
Vivem-indicativo (presente) enfrentou-indicativo (pretérito perfeito)

185 - A frase em que os verbos se encontram em perfeita correlação está em:

a) A floresta amazônica preservou o bioma que seus habitantes originários têm alterado no
período anterior a Pedro Álvares Cabral, quando habitassem aquele santuário ecológico.

b) A imensa população que habitava o Brasil pré-cabralino, ainda que se tenha reduzido
drasticamente, deixou marcas que estão presentes em todo o bioma da Amazônia.

c) Na época pré-cabralina, tribos indígenas são responsáveis por terem manejado a terra
de maneira a tornassem a floresta amazônica um bioma rico de espécies frutíferas.

d) Quando Pedro Álvares Cabral chegou, os habitantes nativos tinham sido surpreendidos
por interesses que a Europa cultivara a propósito das riquezas brasileiras.

e) As tribos indígenas que viviam no Brasil antes de os europeus chegassem, modificariam


toda a flora do que hoje é a floresta amazônica, com fins a dinamizar sua riqueza natural.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) A floresta amazônica preservou o bioma que seus habitantes originários têm alterado no
período anterior a Pedro Álvares Cabral, quando habitassem aquele santuário ecológico. →
correto seria: teriam alterado; quando habitavam.

B) A imensa população que habitava o Brasil pré-cabralino, ainda que se tenha reduzido
drasticamente, deixou marcas que estão presentes em todo o bioma da Amazônia. → correto.

C) Na época pré-cabralina, tribos indígenas são responsáveis por terem manejado a terra de
maneira a tornassem a floresta amazônica um bioma rico de espécies frutíferas. → correto
seria: seriam responsáveis.

D) Quando Pedro Álvares Cabral chegou, os habitantes nativos tinham sido surpreendidos por
interesses que a Europa cultivara a propósito das riquezas brasileiras. → correto seria: teriam
sido...

E) As tribos indígenas que viviam no Brasil antes de os europeus chegassem, modificariam


toda a flora do que hoje é a floresta amazônica, com fins a dinamizar sua riqueza natural. →
correto seria: antes de os europeus chegarem.

167
186 - Texto associado

Em 1938, o cineasta Orson Welles causou algumas horas de pânico ao fazer crer a milhares
de ouvintes de rádio que o planeta estava sob ataque de marcianos. A dramatização,
transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico,
tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam
acostumados. Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior caso empregasse seu
talento nas mídias sociais, onde notícias falsas enganam milhões diariamente em todo o
mundo.

Nos EUA, o debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força com
a recente eleição − em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. Levantamentos mostraram que em diversas ocasiões o presidente eleito foi beneficiado
pela leva de informações fabricadas. Ainda que seja quase impossível medir o impacto do
fenômeno na definição do resultado eleitoral, a gravidade do problema não se apaga.

No Brasil, a prática também preocupa. Muitas vezes, veículos da imprensa profissional


precisam desmentir as mentiras, tão depressa elas se espalham.

Em Mianmar, país em lento processo de democratização, violentas ondas de ataque contra


muçulmanos têm sido atribuídas à circulação de notícias fictícias.

Os grandes oligopólios da internet fogem da responsabilização pela montanha de


barbaridades a que dão vazão. Não pecam apenas pela passividade, contudo. Associam-se às
estratégias liberticidas e censórias de ditaduras.

Nesse quadro que ameaça os pilares da arquitetura democrática do Ocidente, o jornalismo


profissional, compromissado com os fatos e a ampla circulação das ideias, torna-se ainda mais
necessário.

(Adaptado de: FSP. Editorial. Disponível


em: www1.folha.uol.com.br/opinião)

... que o planeta estava sob ataque de marcianos.

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da frase acima está em:

a) ... em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes sociais.


b) Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior...
c) No Brasil, a prática também preocupa.
d) Ainda que seja quase impossível...
e) ... tinha todas as características do radiojornalismo da época...

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

168
... tinha todas as características do radiojornalismo da época... → pretérito imperfeito do
indicativo e nossa resposta.

187 - Disseminação da violência

A violência não se administra nem admite negociação: é da sua natureza impor a força
como método. Sua lógica final é a adoção da barbárie. As instituições humanas existem para
regulamentar nossos ímpetos, disciplinar nossas ações, impedir que se chegue à supremacia
da violência. São chamados justamente de “supremacistas” (um neologismo, para atender a
uma necessidade de nossos tempos violentos) aqueles que querem se impor pela força bruta,
alcançar um poder hegemônico. Apoiam-se eles em ideologias que cantam a superioridade de
uma etnia, de uma cultura, de uma classe social, de uma seita religiosa. Acabam por fazer de
sua brutalidade primitiva uma “instituição” organizada pelo princípio brutal da lei do mais forte.

Talvez em nenhuma outra época foi tão premente a necessidade de se fortalecerem as


instituições que de fato trabalham a favor do homem, da coletividade, do interesse público. A
profusão e a difusão das chamadas redes sociais puseram a nu a violência que está em muitos
e que já não se envergonha de si mesma, antes se proclama e se propaga com inaudito
cinismo. Estamos todos diante de um grande espelho público e anônimo, onde se projeta o
que se é ou o que se quer ser. Admirável como conquista tecnológica, a expansão da internet
ainda não encontrou os meios necessários para canalizar acima de tudo os impulsos mais
generosos, que devem reger nossa difícil caminhada civilizatória.

(Aníbal Tolentino, inédito)

Há ocorrência de voz passiva e correta articulação entre tempos e modos verbais na


frase:

a) Seria desejável que a caminhada civilizatória possa dar vazão às nossas melhores
qualidades naturais.

b) Esperava-se que em nosso atual estágio civilizatório hão de prevalecer o bom senso e a
racionalidade.

c) Às redes sociais devem-se tanto o mérito de uma ampla comunicabilidade como os


abusos implicados.

d) Os “supremacistas” haverão de contar com a benevolência daqueles que não lhes


resistissem.

e) Os preconceitos que muitos vierem a cultivar impediriam a supremacia dos bons valores.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Às redes sociais devem-se tanto o mérito de uma ampla comunicabilidade como os abusos
implicados.

→ Ordem direta: Tanto o mérito de uma ampla comunicabilidade como os abusos


implicados devem-se às redes sociais.

169
→ temos uma voz passiva sintética (se), na analítica: são devidos.

188 - Texto associado


Estação de águas

Esta poética designação – estação de águas – nada tem a ver, como eu imaginava quando
menino, com alguma estação de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em criança
a gente tende a entender tudo meio que literalmente. “Estação de águas”, soube depois, indica
aqui a época, a temporada ou mesmo a estância em que as pessoas se dispõem a um lazer
imperturbado ou a algum tratamento de saúde baseado nas específicas qualidades medicinais
das águas de uma região. Água para se beber ou para se banhar, conforme o caso. Tais
estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares atrativos, ao turismo de quem procura, além
de melhor saúde, a tranquilidade e o repouso que via de regra elas oferecem a quem as visita
ou nelas se hospeda.

Em meio ao turbilhão da vida moderna ainda se encontra nessas paragens um oásis de


sossego e descompromisso com o tempo. O desafio pode estar, justamente, em saber o que
fazer com um longo dia de ócio, em despovoar a cabeça das imagens tumultuosas trazidas da
cidade grande. Nessas pequenas estâncias, o relógio da matriz opera num ritmo lerdo e
preguiçoso, em apoio à calmaria daquele mundo instituído para que nada de grave ou agitado
aconteça. Os visitantes velhinhos dormitam no banco da praça, as velhinhas vão atrás de
algum artesanato, os jovens se entediam, os turistas adultos se dividem entre absorver a paz
reinante e planejar as tarefas da volta.

Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara oportunidade de paz. As informações
do mundo de hoje circulam o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida digital
é implacável e não tolera espaços de vazio ou tempos vazios. Mas enquanto não morrer de
todo o interesse de se cultuar a vida interior, experiência possível nessas estâncias sossegadas,
não convém desprezar a sensação acolhedora de pertencer a um mundo sem pressa.

(Péricles Moura e Silva, inédito)

É plenamente adequada a correlação entre os tempos e os modos verbais na frase:

a) É possível que os atropelos das grandes cidades um dia chegarão a impedir que as
estâncias continuariam na mesma paz.

b) Caso alguém imagine que todos amam a paz das cidadezinhas estaria enganado: sempre
há os que a desprezassem.

c) Poucos haverão de crer que ainda se resista nas pequenas cidades ao uso descontrolado
das mídias eletrônicas.

d) Se lhes parecesse possível, muitos habitantes das metrópoles cogitarão de se transferir


para alguma cidadezinha interiorana.

e) A menos que ocorresse alguma hecatombe, nada alterará o ritmo de vida que predomine
naquela cidadezinha.

170
Comentários

O gabarito é a alternativa C.

As correlações mais abordadas em provas de concurso públicos são estas:

--> Presente do indicativo + presente do subjuntivo

Não é certo que você assedie as pessoas assim.

--> Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo

Esperei durante horas que você me ligasse

--> Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo

Quando os governantes resolverem ser honestos, serei o primeiro a elevá-los.

--> Pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo

Se fôssemos pessoas perfeitas, cometeríamos atos falhos?

189 - Texto associado

A mensagem desejada

Brigaram muitas vezes e muitas vezes se reconciliaram, mas depois de uma discussão
particularmente azeda, ele decidiu: o rompimento agora seria definitivo. Um anúncio que a
deixou desesperada: vamos tentar mais uma vez, só uma vez, implorou, em prantos. Ele,
porém, se mostrou irredutível: entre eles estava tudo acabado.

Se pensava que tal declaração encerrava o assunto, estava enganado. Ela voltou à carga.
E o fez, naturalmente, através do e-mail. Naturalmente, porque através do e-mail se tinham
conhecido, através do e-mail tinham namorado. Ela agora confiava no poder do correio
eletrônico para demovê-lo de seus propósitos. Assim, quando ele viu, estava com a caixa de
entrada entupida de ardentes mensagens de amor.

O que o deixou furioso. Consultando um amigo, contudo, descobriu que era possível
bloquear as mensagens de remetentes incômodos. Com uns poucos cliques resolveu o assunto.

Naquela mesma noite o telefone tocou e era ela. Nem se dignou a ouvi-la: desligou
imediatamente. Ela ainda repetiu a manobra umas três ou quatro vezes.

Esgotada a fase eletrônica, começaram as cartas. Três ou quatro por dia, em grossos
envelopes. Que ele nem abria. Esperava juntar vinte, trinta, colocava todas em um envelope
e mandava de volta para ela.

171
Mas se pensou que ela tinha desistido, estava enganado. Uma manhã acordou com
batidinhas na janela do apartamento. Era um pombo-correio, trazendo numa das patas uma
mensagem.

Não teve dúvidas: agarrou-o, aparou-lhe as asas. Pombo, sim. Correio, não mais.

E pronto, não havia mais opções para a coitada. Aparentemente chegara o momento de
gozar seu triunfo; mas então, e para seu espanto, notou que sentia falta dela. Mandou-lhe
um e-mail, e depois outro, e outro: ela não respondeu. E não atendia ao telefone. E devolveu
as cartas dele.

Agora ele passa os dias na janela, contemplando a distância o bairro onde ela mora. Espera
que dali venha algum tipo de mensagem. Sinais de fumaça, talvez.

(Adaptado de: SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2013, p. 71-72)

O segmento Mas se pensou que ela tinha desistido, estava enganado (6° parágrafo) está
corretamente reescrito, com a correlação entre as formas verbais preservada, em: Mas se

a) pensou que ela tinha desistido, tinha estado enganado.


b) pensasse que ela tinha desistido, estaria enganado.
c) pensaria que ela tinha desistido, está enganado.
d) pense que ela tinha desistido, estivesse enganado.
e) pensará que ela tinha desistido, teria estado enganado.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Mas se pensasse que ela tinha desistido, estaria enganado.

→ correlação que a FCC adora: pretérito imperfeito do subjuntivo e o tempo da maria (futuro
do pretérito),

190 - TEXTO 1

“Oscar tinha um sítio. Um dia Oscar resolveu levar na camioneta um pouco de esterco do sítio,
que era no interior de Minas, para o jardim de sua casa na capital. Na barreira foi interpelado
pelo guarda: - O que é que o senhor está levando aí nesse saco? - Esterco – respondeu Oscar,
farejando aborrecimento: - Por quê? Não lhe cheira bem? - O senhor tem a guia? – o guarda
perguntou, imperturbável. - Guia? - É preciso de uma guia, o senhor não sabia
disso?” Fernando Sabino, A mulher do vizinho

Considerando-se que um texto narrativo supõe a sequência cronológica de ações ou


acontecimentos, as formas verbais que documentam uma sequência temporal são

a) tinha / resolveu levar.


b) era / foi interpelado.
c) foi interpelado / está levando.
d) está levando / farejando.

172
e) farejando / sabia.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Foi interpelado = VP no pretérito PERFEITO do indicativo + particípio

está levando = presente do indicativo + gerúndio

Sequência temporal = passado - presente

191 - Texto associado

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

1 As rápidas e crescentes mudanças no setor da comunicação puseram em xeque os antigos


modelos de negócios. As novas rotinas criadas a partir das plataformas digitais produziram um
complexo cenário de incertezas. Vivemos um grande desafio.

2 É preciso refletir sobre a mudança de paradigmas, uma vez que a criatividade e a capacidade
de inovação - rápida e de baixo custo - serão fundamentais para a sobrevivência das
organizações tradicionais e para o sucesso financeiro das nativas digitais. Mas é preciso,
também, que façamos uma autocrítica sobre o modo como vemos o mundo e a maneira como
dialogamos com ele.

3 Antes da era digital, em quase todas as famílias existia um álbum de fotos. Lembram disso?
Lá estavam as nossas lembranças, os nossos registros afetivos. Muitas vezes abríamos o álbum
e a imaginação voava.

4 Agora fotografamos tudo compulsivamente. Nosso antigo álbum foi substituído pelas
galerias de fotos digitais de nossos dispositivos móveis. Temos excesso de fotos, mas falta o
mais importante: a memória afetiva, a curtição daqueles momentos. Pensamos que o registro
do momento reforça sua lembrança, mas não é assim. Milhares de fotos são incapazes de
superar a vivência de um instante. É importante guardar imagens. Porém, é mais importante
viver cada momento com intensidade. As relações afetivas estão sucumbindo à coletiva solidão
digital.

5 Algo análogo se dá com o consumo da informação. Navegamos freneticamente no espaço


virtual. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade, já que não
dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do nosso diário personalizado.
Será? Não creio, sinceramente. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Ficamos
reféns da superficialidade. Perdemos contexto e sensibilidade crítica.

Adaptado de: DI FRANCO, Carlos Alberto. Disponível em: opiniao.estadao.com.br)

Estão flexionados nos mesmos tempo e modo os verbos que se encontram em:

a) Navegamos freneticamente no espaço virtual // que façamos uma autocrítica.

b) Lembram disso? // Muitas vezes abríamos o álbum.

173
c) em quase todas as famílias existia um álbum de fotos // a imaginação voava.

d) Algo análogo se dá com o consumo da informação // puseram em xeque os antigos


modelos de negócios.

e) Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência // produziram um complexo cenário


de incertezas.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

“em quase todas as famílias existia (PRETÉRITO IMPERFEITO/INDICATIVO) um álbum de fotos


// a imaginação voava (PRETÉRITO IMPERFEITO/INDICATIVO)”.

192 - Texto associado

Texto 4
“Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, alguns escritores, pressentindo
certamente a era tecnológica que se avizinhava e o conflito bélico que abalaria as raízes de
um universo ainda estruturado com base na Nação-Estado, dedicaram-se à antevisão do
mundo do futuro. H.G. Wells, Aldous Huxley, George Orwell, entre outros, iniciando a série
de Science-fiction, procuraram descrever a sociedade do futuro, como uma projeção das
linhas que as descobertas científicas indicavam como prováveis. Em todas essas profecias
havia uma constante: o mundo novo não conheceria mais a liberdade, pelo menos com a
latitude e o conceito que dela então se tinha”. (L. G. Nascimento Silva. A liberdade e o
computador. Revista brasileira de estudos pedagógicos. Rio de Janeiro, nº 116, 1969)
O emprego do tempo verbal (texto 4) “abalaria” mostra o seguinte valor semântico:

a) denotação de uma ação passada vista como futura;


b) expressão de incerteza sobre fatos atuais;
c) sinalização de uma ação que ocorreu antes de outra ação passada;
d) indicação de um fato que seria consequência certa e imediata de outro, que não ocorreu;
e) anunciação de um fato atual, que ocorre no momento em que se fala.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, alguns escritores, pressentindo
certamente a era tecnológica que se avizinhava e o conflito bélico que abalaria as raízes de
um universo ainda estruturado com base na Nação-Estado, dedicaram-se à antevisão do
mundo do futuro.

"Abalaria" está no futuro do pretérito do indicativo, pode indicar um fato futuro em relação a
outro fato passado (passado-futuro).

174
193 - Envelhecer

Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que envelhece por inteiro -


famosa tolice. Alguém já notou: envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde,
aquele outro já quase apodrece; aqui há seiva estuando, além é coisa murcha.

A infância não volta, mas não vai - fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode
dar um acesso. Outro dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me
célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios
me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha velocidade por fora.
Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e condição.

Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de repente começa a agir como


um menino bobo. Será que só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor?

*árdego: impetuoso.

(BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71)

Está plenamente adequada a correlação entre os tempos e os modos verbais na frase:

a) Caso envelhecêssemos por inteiro, não haveremos de frequentar sensações já vividas.

b) Alguém já terá notado que o que vivemos não pudesse retornar senão com o auxílio da
nossa imaginação.

c) Se meus olhos não estivessem úmidos, eu não haverei como me dar conta da força
daquela emoção.

d) À medida que as emoções iam tomando conta de mim, maior a inibição que me impedia
a fala.

e) Pior ataque costumava ser o da infância, quando esta se imporia a mim de modo súbito
e intenso.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

a) Caso envelhecêssemos (envelhecessemos) por inteiro, não haveremos (haveríamos) de


frequentar sensações já vividas.

Dica: na maioria das vezes, quando ocorre o Pretérito imperfeito do


subjuntivo, (envelhecessemos) o tempo verbal que deve concordar com ele é o Futuro do
pretérito (Haveríamos)

b) Alguém já terá (teria) notado que o que vivemos não pudesse (poderia) retornar senão com
o auxílio da nossa imaginação.

c) Se meus olhos não estivessem úmidos, eu não haverei (haveria) como me dar conta da
força daquela emoção.

175
d) Gabarito

e) Pior ataque costumava ser o da infância, quando esta se imporia (impor-se-ia) a mim de
modo súbito e intenso.

Dica: quando houver futuro do pretérito ou futuro do presente, deve-se usar MESÓCLISE.

194 - Texto associado


A chave do tamanho

O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades no espaço infinito


circunscrevem o nosso breve espasmo de vida. A imensidão do universo visível com suas
centenas de bilhões de estrelas costuma provocar um misto de assombro, reverência e
opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me abate de terror”, afligia-
se o pensador francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?

O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde à questão com lucidez e bom
humor: “Discordo de alguns amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico do
universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas
podem ser grandes, mas não pensam nem amam - qualidades que impressionam bem mais
do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e vinte quilos”.

Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado
de décadas, mas centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da
existência renderiam, por conta disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a
imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria difícil de suportar.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras,
2016, p. 35)

Há ocorrência de forma verbal na voz passiva e adequada articulação entre os tempos e os


modos verbais na frase:

a) Ainda que em algum dia tenhamos para viver muito mais de 100 anos, ainda assim é que
os julgássemos insuficientes.

b) Caso viéssemos a viver, no futuro, dois ou mais séculos, nada garantirá que estivéssemos
satisfeitos com esse tempo de vida.

c) Na hipótese de um dia viermos a viver por alguns séculos, ainda assim houvesse quem
não se satisfaria com todo esse tempo.

d) Quando, em idos tempos, a expectativa de vida era em média 35 anos, os homens não
passariam a alimentar metas muito mais altas.

e) Os anos que forem bem vividos bastarão para aqueles que não costumam esperar pelo
desfrute de uma margem inalcançável de tempo.

Comentários

176
O gabarito é a alternativa E.

Resumidamente, para acharmos a frase que está na voz passiva analítica, devemos lembrar
que deve existir a combinação de um verbo auxiliar (ser/estar/ir/ficar) e outro no
particípio passado funcionando como verbo principal. Deste modo, a única alternativa
que apresenta essa estrutura é a "E", visto que foi utilizado o verbo "ir" conjugado e o particípio
"vividos" ("forem vividos").

195 - Texto associado

Desde 2016, registra-se queda na cobertura vacinal de crianças menores de dois anos.
Segundo o Ministério da Saúde, entre janeiro e agosto, nenhuma das nove principais vacinas
bateu a meta estabelecida — imunizar 95% do público-alvo. O percentual alcançado oscila
entre 50% e 70%.

As autoridades atribuem o desleixo a duas causas. Uma: notícias falsas alarmantes


espalhadas pelas redes sociais. Segundo elas, vacinas seriam responsáveis pelo autismo e
outras enfermidades. A outra: a população apagou da memória as imagens de pessoas
acometidas por coqueluche, catapora, sarampo. Confirmar-se-ia, então, o dito de que o que
os olhos não veem o coração não sente.

Trata-se de comportamento irresponsável que tem consequências. De um lado, ao impedir


que o infante indefeso fique protegido contra determinada doença, os pais lhe comprometem
a saúde (e até a vida). De outro, contribuem para que a enfermidade continue a se propagar
pela população. Em bom português: apunhalam o individual e o coletivo. Põem a perder
décadas de esforço governamental de proteger os brasileiros de doenças evitáveis.

O Brasil, vale lembrar, é citado como modelo pela Organização Mundial de Saúde. As
campanhas de vacinação exigiram esforço hercúleo. Para cobrir o território nacional e cumprir
o calendário, enfrentaram selvas, secas, tempestades. Tiveram êxito. Deixaram relegada para
as páginas da história a revolta da vacina, protagonizada pela população do Rio de Janeiro
que, no início do século passado, se rebelou contra a mobilização de Oswaldo Cruz para reduzir
as mazelas do Rio de Janeiro. O médico quis resolver a tragédia da varíola com a Lei da Vacina
Obrigatória.

Tal fato seria inaceitável hoje. A sociedade evoluiu e se educou. O calendário de vacinação
tornou-se rotina. Graças ao salto civilizatório, o país conseguiu erradicar males que antes
assombravam a infância. O retrocesso devolverá o Brasil ao século 19. Há que reverter o
processo. Acerta, pois, o Ministério da Saúde ao deflagrar nova campanha de adesão para
evitar a marcha rumo à barbárie. O reforço na equipe de agentes de imunização deve merecer
atenção especial.

(Adaptado de: “Vacina: avanço civilizatório”. Diário de Pernambuco. Editorial. Disponível


em: www.diariodeper-nambuco.com.br)

Considere os seguintes trechos:

- ao impedir que o infante indefeso fique protegido contra determinada doença... (3°
parágrafo)

177
- a enfermidade continue a se propagar pela população. (3° parágrafo)

- As campanhas de vacinação exigiram esforço hercúleo. (4° parágrafo)

As expressões verbais estão correta e respectivamente substituídas por verbos flexionados no


mesmo tempo e modo em:

a) se mantenha - permaneça - requiseram


b) se mantém - permanece - requereram
c) se mantenha - permanece - requereram
d) se mantém - permaneça - requiseram
e) se mantenha - permaneça - requereram

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Não existem as formas "requiseram" nem "requisesse", uma vez que o verbo REQUERER não
tem como base o verbo QUERER

196 - Texto associado

Mais da metade da população mundial usa internet

Cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo atualmente, o que
representa mais da metade da população mundial - informou a ONU na sexta-feira (7 de
dezembro de 2018).

A agência da ONU para informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de 2018,
51,2% da população mundial estará usando a internet. “Até o final de 2018, teremos
ultrapassado a marca de 50% do uso da internet”, afirmou o diretor da UIT, Houlin Zhou, em
um comunicado. “Esse é um passo importante para uma sociedade global da informação mais
inclusiva”, disse ele.

Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram um crescimento sólido no uso
da internet, que passou de 51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%.

(Texto adaptado. Disponível em: https://exame.abril.com.br)

O futuro do indicativo em estará usando e teremos ultrapassado (2° parágrafo) serve ao


propósito discursivo de

a) constatar fatos ocorridos.


b) retificar propósitos.
c) sinalizar prognósticos.
d) apresentar sugestões.
e) evocar experiências.

178
Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Prognóstico é uma previsão baseada em fatos ou dados reais e atuais, que pode indicar
o provável estágio futuro de um processo.

Em suma, o prognóstico é todo o resultado que é tido como uma hipótese ou probabilidade,
ou seja, algo que pode acontecer devido as circunstâncias observadas no presente.

197 - Texto associado

[Vocação de professor]

Escritor nas horas vagas, sou professor por vocação e destino. “A quem os deuses odeiam,
fazem-no pedagogo”, diz o antigo provérbio; assim, pois, dando minhas aulas há tantos anos,
talvez esteja expiando algum crime que ignoro, cometido porventura nalguma existência
anterior. Apesar disso, não tenho maiores queixas de um ofício que, mantendo-me sempre no
meio dos moços, me dá a ilusão de envelhecer menos rapidamente do que aqueles que passam
a vida inteira entre adultos solenes e estereotipados.

Outra vantagem da minha profissão principal é fornecer material copioso para a profissão
acessória. Se fosse ficcionista, que mina não teria à mão no mundo da adolescência, mina
ainda insuficientemente explorada e cheia de tesouros! Mas, como não sou ficcionista, utilizo-
me desse cabedal apenas para observação e reflexão; às vezes o aproveito nalgum monólogo
inócuo, como este.

(Adaptado de: RÓNAI, Paulo. Como aprendi o Português e outras aventuras. Rio de
Janeiro: Edições de Janeiro, 2014, p. 109)

Há emprego de voz passiva e adequada articulação entre tempos e modos verbais na frase:

a) Não lhe havendo estendido os deuses outra pena, o autor teria de amargar a condição
de pedagogo.

b) Se quisesse se valer de sua condição de professor, o escritor poderá ter aproveitado seu
convívio com os jovens.

c) Caso fosse dada ao professor a oportunidade da criação literária, proveitoso material é


que não lhe faltaria.

d) Uma vez que lhe coubesse aproveitar melhor a companhia dos jovens, o autor terá sabido
convertê-la em ficção.

e) Havendo desprezado o ódio dos deuses, ao professor coubera redimir-se de algum modo
no exercício desse ofício.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

179
l CORRELAÇÃO DE MODO E TEMPO VERBAIS

Ø Se eu pudeSSE, eu faRIA;
Ø Se eu pudeR, eu faREI;
Ø Caso eu POSSA, eu faREI.

l VOZ PASSIVA:

Ø Voz Passiva Analítica => Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do verbo
principal. Ex: A casa foi construída por mim;

Voz Passiva Sintética => A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª
pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Ex: Construiu-se a casa.

Portanto:

Caso foSSE dada ao professor a oportunidade da criação literária, proveitoso material é que
não lhe faltaRIA.

Fosse dada = Verbo ser + particípio

198 - Texto associado


Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.

Presente para Maria da Graça

Quando ela chegou à idade avançada de quinze anos eu lhe dei de presente o livro Alice
no País das Maravilhas. Esse livro é doido, Maria da Graça. Isto é: o sentido dele está em
ti.
Escuta: se não descobrires algum sentido que há em toda loucura acabarás louca. Aprende,
pois, logo de saída para a grande vida, a ler esse livro como um simples manual do sentido
evidente de todas as coisas, inclusive as loucuras. A realidade, Maria, é louca.

Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso
acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu neste mundo?" Essa indagação perplexa é o
lugar-comum de toda história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão
entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a
resposta: o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.

Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, todos
vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão
desnecessárias que, quando os corredores chegam exaustos a um ponto costumam perguntar:
“Quem ganhou?” Bobagem, Maria. Há mais sentido nas saudáveis loucuras da nossa
imaginação do que na seriedade que atribuímos a algumas bobagens que chamamos de
“realidade”.

(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 191-192)

Há presença de forma verbal na voz passiva e adequada correlação entre os tempos e


modos verbais na frase:

180
a) Quando se chegasse à idade avançada dos quinze anos, não deverão faltar ao
aniversariante os dotes máximos da imaginação.

b) As corridas que se apostam no mundo dos negócios constituem uma prova de que os
homens perdem tempo com tolos desafios.

c) Aqueles a quem a loucura sempre espantará não teriam aproveitado o uso saudável da
imaginação mais criativa.

d) Se o mundo um dia surgir como irreconhecível, você terá imaginado que, além de você
mesmo, também ele enlouqueceu.

e) Por pior que fosse uma mentira ela terá sempre o dom de apelar para a imaginação de
que a realidade costumasse se esquivar.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Quando se chegasse à idade avançada dos quinze anos, não deverão faltar ao
aniversariante os dotes máximos da imaginação. (quando - é futuro do subj - usa-se o chegar)

B) CORRETA.

C) Aqueles a quem a loucura sempre espantará não teriam aproveitado o uso saudável da
imaginação mais criativa. Não há ocorrência de voz passiva.

D) Se o mundo um dia surgir como irreconhecível, você terá imaginado que, além de você
mesmo, também ele enlouqueceu. Não há ocorrência de voz passiva. E

E) Por pior que fosse uma mentira ela terá sempre o dom de apelar para a imaginação de que
a realidade costumasse se esquivar. Por pior que for/seja .. ela terá, OU ..Por pior que
fosse...ela teria.. ....a REALIDADE costuma-se se esquivar.

199 - Texto associado

Gatos, cães e gêneros literários

Ao contrário dos cães, gatos não fazem festa nem estardalhaço, não são excessivamente
carentes de afeto, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o mundo ao redor. Não
por acaso, um ditado chinês diz: “O cachorro é um romance, e o gato, um poema".

Nesse sábio ditado oriental reside uma delicada definição de gêneros literários. Pense no
cotidiano de um cão: as peripécias, o corre-corre, os momentos de exaltação e melancolia,
ganidos de dor, saltos estabanados, ataques de raiva... Agora imagine o discreto cotidiano de
um gato: a pose hierática, a atitude ensimesmada, o salto sem ruído, a expressão misteriosa
do olhar, a repetição dos gestos, o olhar em transe, fitando as asas de um inofensivo beija-
flor... O gato encarna uma subjetividade lírica que reitera o ditado chinês.

181
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 209)

Há adequada correlação entre os tempos verbais e pleno atendimento às normas de


concordância na frase:

a) Houvesse no gato e no cachorro outros atributos característicos desses animais, não seria
aceitável a analogia que faz o ditado chinês entre eles e os gêneros literários.

b) Caso não se compreenda bem as distinções entre prosa e poesia, não seria fácil distinguir
entre as alusões que o ditado chinês faz ao comportamento do gato e do cachorro.

c) As atribuições em que se empenham o ditado chinês para distinguir entre cachorro e gato
dificilmente fossem compreensíveis sem a consciência do que seja as artes da poesia e da
prosa.

d) Se o cachorro encarnasse alguns dos atributos da poesia e o gato alguns da prosa, o


ditado chinês poderá ser contestado quanto às analogias que promovem.

e) À medida que fôssemos observando o comportamento do cachorro e do gato, seremos


levados a concordar com o que se asseguram nas palavras do ditado chinês.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Pretérito imperfeito do subjuntivo (houvesse) + Futuro do pretérito do indicativo (seria)

Pretérito imperfeito do subjuntivo pode ter correlação com

->a) Futuro do pretérito do indicativo (final com "ria" ou "rie")

->b)Pretérito imperfeito do indicativo (final com "va")

Ex.: Pretérito imperfeito do subjuntivo + Futuro do pretérito

Se ele quisesse, tudo seria diferente.

Ex.: Pretérito imperfeito do subjuntivo + pretérito imperfeito do indicativo

Se ele pudesse, largava tudo e ficava com ela

200 - Uma placa com 13 versos de uma rapsódia da Odisseia gravados, que, I (poder) ser
uma das inscrições mais antigas do poema de Homero, foi encontrada recentemente em
Olímpia, no Peloponeso. Segundo as estimativas dos arqueólogos, a tábua de argila II (ser)
do século 3 d.C. Primeiro transmitida oralmente, a epopeia atribuída a Homero,
que III (compor) a Ilíada e a Odisseia no fim do século 8 a.C., foi transcrita antes da era cristã
em rolos antigos, dos quais só restam alguns fragmentos encontrados no Egito.
(Adaptado de: cultura.estadao.com.br)

182
Considerando a correção e o teor hipotético do que se afirma no texto, preenchem
corretamente as lacunas I , II e III acima, na ordem dada:

a) poderia - seria - teria composto


b) pudessem - seriam - teria composto
c) poderia - fosse - tenham composto
d) podia - fosse - tinham composto
e) pudessem - seria - tenha composto

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

I. (poder) ser uma das inscrições mais antigas do poema de Homero, foi
encontrada (poderia)

Futuro do pretérito do indicativo - se refere a um fato que poderia ter acontecido


posteriormente a uma situação passada. Remete a uma ocorrência no Passado

II. Segundo as estimativas dos arqueólogos, a tábua de argila II (ser) do século 3


d.C. (seria)

Futuro do pretérito do indicativo - se refere a um fato que poderia ter acontecido


posteriormente a uma situação passada. Remete a uma ocorrência no Passado

III. Primeiro transmitida oralmente, a epopeia atribuída a Homero, que III (compor) a Ilíada
e a Odisseia no fim do século 8 a.C. (compusera - Teria composto)

Pretérito mais-que-perfeito do indicativo é usado para indicar uma ação que ocorreu
antes de outra ação passada.

201 - Texto associado


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Contar histórias é o antecedente remoto da literatura, da história, das religiões e talvez,


indiretamente, a locomotiva do progresso. A oralidade contribuiu de maneira decisiva para
impulsionar a civilização da época das pinturas rupestres até a viagem dos homens às estrelas.
Oralidade quer dizer pré-literatura, aquela que existia apenas graças à voz humana, antes que
aparecesse a escrita.

Os contos, as histórias inventadas, davam mais vida aos nossos ancestrais, tiravam homens
e mulheres das prisões asfixiantes que eram suas vidas e os faziam viajar pelo espaço e pelo
tempo e viver as vidas que não tinham nem nunca teriam em sua miúda e sucinta realidade.
Sairmos de nós mesmos, sermos outros, graças à fantasia, nos entretém e enriquece. Mas,
além disso, nos ensina como é pequeno o mundo real comparado com os mundos que somos
capazes de fantasiar, e deste modo nos incita a agir para transformar nossos sonhos em

183
realidade. O progresso nasceu assim, da insatisfação e do mal-estar com o mundo real que
inspirava nos humanos a mesma ficção que os deleitava.

As histórias que inventamos constituem a vida secreta de todas as sociedades, aquela


dimensão da existência que, embora nunca tenha tido chance de se realizar, foi de alguma
forma vivida pelos seres humanos, na incerta realidade dos desejos, fantasias, pesadelos e
invenções, de toda essa projeção da vida que não tivemos e por isso devemos inventá-la. Ela
existiu sempre na memória das gentes, mas só a escrita a fixou e lhe deu permanência, muitos
séculos depois de que nascesse, ao redor das fogueiras, quando nossos antepassados
contavam-se histórias à noite para esquecer o medo do trovão, as aparições e os milhares de
perigos que os espreitavam em qualquer parte.

(Adaptado de VARGAS LLOSA, Mario. Disponível em: www.brasil.elpais.com)

... aquela que existia apenas graças à voz humana...(1o parágrafo)


O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da frase acima encontra-se em:

a) ... antes que aparecesse a escrita.


b) A oralidade contribuiu de maneira decisiva para...
c) ... tiravam homens e mulheres das prisões asfixiantes...
d) Mas, além disso, nos ensina como...
e) ... nem nunca teriam em sua miúda e sucinta realidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

DICAS PARA IDENTIFICAR OS MODOS VERBAIS:

INDICATIVO:

*PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO: palavras terminadas em (VA) e (IA); verbos


terminados em (NHA) tinha ou vinha; ERA/ERAM;

*PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO: coloque (ONTEM) antes do verbo;

*PRETÉRITO MAIS QUE PERFEITO DO INDICATIVO: verbos terminados


em (RA) e (RE) átonos;

*FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO: verbos terminados em (RA) e (RE) tônicos;

*FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO: verbos terminados em (RIA) e (RIE).

SUBJUNTIVO:

*PRESENTE DO SUBJUNTIVO: coloque (TALVEZ) antes do verbo;

*PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO: coloque (SE) antes do verbo; verbos terminados


em (SSE);

184
*PRETÉRITO PERFEITO DO SUBJUNTIVO: coloque (QUANDO) antes do verbo; verbos
terminados em (R).

IMPERATIVO (NÃO se conjuga a 1ª pessoa do singular):

*IMPERATIVO AFIRMATIVO: a 2ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do plural são retiradas


do presente do indicativo, suprimindo-se o (S) final. As demais pessoas são exatamente as
mesmas do presente do subjuntivo;

*IMPERATIVO NEGATIVO: todas as pessoas são exatamente as mesmas do presente do


subjuntivo.

202 - Lições erradas

Dividimos a história em eras, com começo e fim bem definidos, e mesmo que a ordem
seja imposta depois dos fatos – a gente vive para a frente mas compreende para trás, ninguém
na época disse “Oba, começou a Renascença!” – é bom acreditar que os fatos têm coerência,
e sentido, e lições. Mas podemos aprender a lição errada.

A gente fala nos loucos anos 20, quando várias liberdades novas começavam a ser
experimentadas, e esquece que foi a era que gerou o fascismo e outras formas liberticidas. O
espírito da “era do jazz” foi também o espírito totalitário. Prevaleceram não os passos
do charleston*, mas os passos de ganso dos nazistas.

A leitura convencional dos anos 40 é que foram os anos em que os Estados Unidos salvaram
a Europa dela mesma. Na verdade, a Segunda Guerra salvou os Estados Unidos, acabou com
a crise econômica que sobrara dos anos 30, fortalecendo a sua indústria ao mesmo tempo que
os poupava da destruição que liquidou a Europa, fortalecendo um sistema econômico que
mantém sua economia saudável até hoje. O fim da Segunda Guerra foi o começo da era
americana. Os americanos salvaram o mundo – e ficaram com ele.

Já nos fabulosos anos 60, enquanto as drogas, o sexo e a comunhão dos jovens pela paz
e contra tudo o que era velho tomavam conta das praças e das ruas, o conservadorismo se
entrincheirava no poder.

Quando fizerem, no futuro, a leitura de nossa época, qual será a conclusão errada?

*Charleston = dança de salão muito difundida na década de 20

(Adaptado de: VERISSIMO, Luís Fernando. Banquete com os deuses. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2003, p. 207/208)

As formas verbais mantêm adequada correlação entre os tempos e os modos e concordam


regularmente com seus sujeitos em:

a) Se aprendêssemos as lições da História, não teremos voltado a repisar os mesmos erros


que se cometeu no passado.

185
b) Caso os Estados Unidos não se aliasse aos demais países, a Segunda Guerra terá
alcançado proporções ainda mais trágicas.

c) Quando vierem a avaliar a história dos nossos dias, aprenderiam algo com as lições que
legaram nossa época?

d) O humor e a ironia do autor seriam menos eficazes caso seus dotes de analista não seja
também um seu atributo.

e) Ninguém haveria de aprender lições erradas, com a História, se não nos contentassem
as explicações mais simplórias.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) Se aprendêssemos as lições da História, não teremos voltado a repisar os mesmos erros


que se cometeu no passado.

Se aprendêssemos as lições da História, não teríamos voltado a repisar os mesmos erros que
se cometeu no passado.

b) Caso os Estados Unidos não se aliasse aos demais países, a Segunda Guerra terá alcançado
proporções ainda mais trágicas.

Caso os Estados Unidos não se aliassem [porque Estados Unidos vem marcado por um
artigo] aos demais países, a Segunda Guerra teria alcançado proporções ainda mais trágicas.

c) Quando vierem a avaliar a história dos nossos dias, aprenderiam algo com as lições que
legaram nossa época?

Quando vierem a avaliar a história dos nossos dias, aprenderão algo com as lições que legaram
nossa época?

d) O humor e a ironia do autor seriam menos eficazes caso seus dotes de analista não seja
também um seu atributo.

O humor e a ironia do autor seriam menos eficazes caso seus dotes de analista
não fossem também um seu atributo.

e) Ninguém haveria de aprender lições erradas, com a História, se não nos contentassem as
explicações mais simplórias. [CORRETA]

203 - Texto associado

Atenção: Utilize o texto abaixo para responder a questão.

É preciso ser taxativo: seu planejamento financeiro familiar não será eficiente se você não
tiver equilíbrio orçamentário, o que se traduz em gastar menos do que ganha e investir a

186
diferença com regularidade. Alcançar e manter o equilíbrio orçamentário mês a mês é
fundamental para viabilizar a realização de seus sonhos, já que os sonhos têm custo.

Não é difícil detectar o desequilíbrio orçamentário ao analisar seu comportamento familiar


de consumo. Se você tem o hábito de gastar enquanto o saldo no banco permite, a constatação
é imediata: o uso do dinheiro em sua família é irresponsável, pois negligencia a necessidade
de reservas no futuro. Se, por outro lado, você procura manter algum tipo de disciplina com
os gastos ao controlar suas dívidas, mas não controla o suficiente para viabilizar sobras
regulares, a situação é ainda pior. Você apenas tem mais trabalho para conduzir a vida de
maneira descuidada. O controle, por si só, não passa de perda de tempo.

(CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira


pessoal na prática. São Paulo, Elsevier, 2009, p. 25)

Se, por outro lado, você procura manter algum tipo de disciplina com os gastos ao controlar
suas dívidas, mas não controla o suficiente para viabilizar sobras regulares, a situação é ainda
pior.

Atendendo-se às regras de uso verbal, as formas sublinhadas estarão corretamente


substituídas, na ordem dada, por:

a) mantiver – controlar – seja


b) mantesse – controlasse – será
c) mantivesse – controlasse – seria
d) manter – controlar – será
e) mantêm – controlaria – fosse

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Se, por outro lado, você mantivesse algum tipo de disciplina com os gastos ao controlar suas
dívidas, mas não controlasse o suficiente para viabilizar sobras regulares, a
situação seria ainda pior.

Terminação SSE + RIA.

Pretérito Imperfeito do Indicativo + Futuro do Pretérito do Indicativo

204 - Texto associado

Atenção: Para responder à questão, considere os excertos extraídos do discurso jurídico-


institucional, relativo à Legislação Ambiental Básica brasileira.

Constituição Federal

Art. 225.

187
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:


I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;

Lei no 5.197, de 3 de janeiro de 1967


Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
[...]

Art. 1o Os animais de quaisquer espécies em qualquer fase do seu desenvolvimento e que


vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização,
perseguição, destruição, caça ou apanha.
[...]

Art. 10. A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre
são proibidas:

a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem
a caça;

b) com armas a bala, a menos de 3 (três) quilômetros de qualquer via férrea ou rodovia
pública;

e) nas zonas urbanas, suburbanas, povoados e nas estâncias hidrominerais e climáticas;

f) nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público, bem como nos terrenos
adjacentes, até a distância de 5 (cinco) quilômetros;

g) na faixa de 500 (quinhentos) metros de cada lado do eixo das vias férreas e rodovias
públicas;

l) à noite, exceto em casos especiais no caso de animais nocivos;

Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999


Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1o
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.

188
Considere estas descrições, relativas aos recursos linguísticos presentes na Lei no 5.197, de 3
de janeiro de 1967. É correto afirmar que

a) os três primeiros substantivos que aparecem no caput do artigo 10, utilização,


perseguição, destruição, graças à significação contida no radical, criam um efeito de gradação
crescente da periculosidade da ação persecutória junto aos animais, o que fortalece a
contundência do sentido da lei.

b) o caput do artigo 10 mediante a particularização do termo espécimes enfatiza aspectos


singulares de cada animal citado; o efeito decorrente é a restrição do alcance da semântica
lexical, o que é compatível com o viés subjetivo da lei, reforçado pela recorrência, ao longo
dos artigos, dos verbos em primeira pessoa como faço saber.

c) as alíneas e), f), g) apresentam na sua abertura o uso da preposição em na contração


com o artigo indefinido, respeitada a concordância nominal (nas zonas; nos estabelecimentos;
na faixa); desse modo o espaço contemplado torna-se geral o suficiente para amenizar o
impacto da interdição.

d) o verbo maltratar no Presente do Indicativo na alínea a) em armadilhas que maltratem a


caça, indica a certeza destituída de quaisquer hipóteses a respeito da ação referida; enquanto
isso, a desinência número-pessoal do mesmo verbo faz com que ele concorde com o objeto
direto (armadilhas) introduzido pelo pronome relativo que.

e) o emprego do acento gráfico na sílaba tônica das palavras finalizadas por ditongo
crescente – estâncias (alínea e) e distância (alínea f) – é facultativo, assim como
em incêndio (alínea a).

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) os três primeiros substantivos que aparecem no caput do artigo 10, utilização, perseguição,
destruição, graças à significação contida no radical, criam um efeito de gradação crescente da
periculosidade da ação persecutória junto aos animais, o que fortalece a contundência do
sentido da lei. [CORRETA]

B) o caput do artigo 10 mediante a particularização do termo espécimes enfatiza aspectos


singulares de cada animal citado; o efeito decorrente é a restrição do alcance da semântica
lexical, o que é compatível com o viés subjetivo da lei, reforçado pela recorrência, ao longo
dos artigos, dos verbos em primeira pessoa como faço saber. [Mesmo sem saber o lado
gramatical, é possível matar a questão tendo noção de direito, já que toda lei deve ser clara e
objetiva]

C) as alíneas e), f), g) apresentam na sua abertura o uso da preposição em na


contração com o artigo indefinido, respeitada a concordância nominal (nas zonas; nos
estabelecimentos; na faixa); desse modo o espaço contemplado torna-se geral o suficiente
para amenizar o impacto da interdição. [NAS = em (preposição) + as (artigo DEFINIDO), NOS
= em (preposição) + os (artigo DEFINIDO) e NA = em (preposição) + a (artigo DEFINIDO)]

D) o verbo maltratar no Presente do Indicativo na alínea a) em armadilhas que maltratem


a caça, indica a certeza destituída de quaisquer hipóteses a respeito da ação referida; enquanto
isso, a desinência número-pessoal do mesmo verbo faz com que ele concorde com o objeto
direto (armadilhas) introduzido pelo pronome relativo que. [Maltratar está no subjetivo, pois

189
gera uma incerteza e não o contrário. Uma possível retificação para pôr no indicativo =
maltratam)]

E) o emprego do acento gráfico na sílaba tônica das palavras finalizadas por ditongo crescente
– estâncias (alínea e) e distância (alínea f) – é facultativo, assim como em incêndio (alínea
a). [É obrigatório]

205 - Texto associado


Os deuses de Delfos

Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo limite para
cada ser: o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e mensurável,
expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de Delfos: “O mais justo é o mais
belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em excesso”. Sobre estas
regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo com uma visão do mundo que
interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe um limite ao “bocejante Caos”, de
cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta visão é colocada sob a proteção de Apolo,
que, de fato, é representado entre as Musas no frontão ocidental do templo de Delfos.

Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus do caos e
da desenfreada infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades antitéticas não é
casual, embora só tenha sido tematizada na idade moderna, com Nietzsche. Em geral, ela
exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se periodicamente, da irrupção do caos
na beleza da harmonia. Mais especificamente, expressam-se aqui algumas antíteses
significativas que permanecem sem solução dentro da concepção grega da Beleza, que se
mostra bem mais complexa e problemática do que as simplificações operadas pela tradição
clássica.

Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a Beleza é
perceptível, mas não completamente, pois nem tudo nela se exprime em formas sensíveis,
abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e Beleza: oposição que os artistas tentarão
manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito abrirá em toda a sua amplidão,
afirmando que a Beleza harmônica do mundo se evidencia como casual desordem. Uma
segunda antítese é aquela entre som e visão, as duas formas perceptivas privilegiadas pela
concepção grega (provavelmente porque, ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis
a medidas e ordens numéricas): embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a
alma, é somente às formas visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que
agrada e atrai”. Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da
Beleza apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.

Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar uma
“ideia” (presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era entendida
como algo que suscita paixões.

(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p.
55-56)

Considerando-se o uso linguístico nos segmentos, no contexto em que ocorrem no texto, está
correto o que se afirma em:

190
a) A forma verbal destacada em Zeus teria designado (1° parágrafo) pode ser substituída
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo sem prejuízo da correção gramatical.

b) A substituição da forma verbal em o governo do mundo coincide assim com uma


harmonia precisa e mensurável (1° parágrafo) por ajusta-se exige a substituição do elemento
sublinhado por à.

c) O sentido mantém-se inalterado caso se substitua o segmento sublinhado em de cuja


goela saiu [...] o mundo (1° parágrafo) por em cuja goela imergiu.

d) A reescrita de embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma (3°


parágrafo) com o verbo na voz passiva analítica deve conter a forma seja reconhecida.

e) Ao substituir-se a conjunção em Esta diferença é compreensível se pensarmos (4°


parágrafo) por caso, o verbo pensar deve assumir a forma do presente do modo subjuntivo.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

(A) A forma verbal destacada em Zeus teria designado (1º parágrafo) não pode ser substituída
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo sem prejuízo da correção gramatical, porque “tivesse
designado” causaria um erro de emprego do tempo verbal, já que a referência é futura em
relação a um passado remoto mitológico.

(B) A substituição da forma verbal em o governo do mundo coincide assim com uma harmonia
precisa imensurável (1º parágrafo) por ajusta-se exige a substituição do elemento sublinhado
por a, sem crase, pois não há crase antes de “uma”.

(C) O sentido se altera caso se substitua o seguimento sublinhado em de cuja goela saiu […]
o mundo (1º parágrafo) por em cuja goela imergiu, porque “imergir” é afundar, submergir.

(D) A reescrita de embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma (3º parágrafo)
com o verbo na voz passiva analítica deve conter a forma seja reconhecidO, concordando
com “privelégio”.

(E) Ao substituir-se a conjunção em Esta diferença é compreensível se pensarmos (4º


parágrafo) por caso, o verbo pensar deve assumir a forma do presente do modo subjuntivo.

Correto. Se pensarmos vira “caso pensemos”.

206 - Texto associado

Juventude de hoje, de ontem e de amanhã

A juventude é estranha porque é a velhice do mundo passada indefinidamente a limpo.


Uma geração lega à outra um magma de erros e sabedoria, de vícios e virtudes, de esperanças
e desilusões. O jovem é o mais velho exemplar da humanidade. Pesa-lhe a herança dos
conhecimentos acumulados; pesa-lhe o desafio do que não foi conquistado; a inadequação

191
entre o idealismo e o egoísmo prático; pesa-lhe o inconsciente da raça, esta sessão espírita
permanente, através da qual cada homem se comunica com os mortos.

No encontro de duas gerações, a que murcha e a que floresce, há uma irrisão dramática,
um momento de culpas, apreensões e incertezas. As duas figuras se contemplam: o jovem é
o passado do velho, e este é o futuro que o jovem contempla com horror. Assim, o momento
desse encontro é um espelho cujas imagens o tempo deforma, sem que se desfaça, para o
moço e para o velho, a sinistra impressão de que as duas figuras são uma coisa só, um homem
só, uma tragédia só.

O poeta romântico inglês Shelley poderia ser o padrão do adolescente de todas as épocas:
nasceu de família respeitável e rica, foi bonito, sincero, revoltado, idealista, violento, amoroso,
apaixonado pela vida e pela morte, inteligente, confuso e, sobretudo, de uma sensibilidade
crispada. Não era um monstro: seus atos eram a consequência lógica de suas ideias, da
lealdade às suas crenças. E enquanto escrevia versos musicais, fecundados de amor cósmico,
esperança e idealismo social, atirava-se feroz contra o conformismo do clero, a monarquia, as
leis vigentes, o farisaísmo universal.

(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 135-136)

Há emprego de voz passiva e adequada correlação entre os tempos e modos verbais na frase:

a) Reconheçam-se na geração de hoje as experiências das gerações passadas, para que


bem se compreenda a importância da transmissão dos valores.

b) Não fossem as experiências dos mais velhos, cada geração haverá de contar apenas com
suas intuições e pressentimentos.

c) Muitos jovens terão deixado de reconhecer a importância das experiências de outras


gerações, mesmo que vierem a desfrutar delas.

d) Ainda que muitos jovens acreditassem que nada os ligava ás gerações passadas, não
terão como deixar de reconhecer o respeito que lhes devem.

e) caso o comportamento de um jovem pareça monstruoso, pelo que guarda de paradoxal,


é preciso considerar a força que o leva às indecisões.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

As experiências das gerações passadas são reconhecidas na geração de hoje...

Quem reconhece, reconhece alguma coisa ou alguém, logo o verbo reconhercer é VTD e
acompanhado do SE (pronome apassivador) concorda com o sujeito "As experiências das
gerações passadas".

192
207 - Texto associado

É um pássaro? É um avião? Não, é uma borboleta

Há 30 anos, Brasília se tornava Patrimônio Cultural da Humanidade. Primeira (e ainda


única) cidade moderna com tal honraria, a capital do país foi inscrita na lista de Patrimônio da
Unesco em 7 de dezembro de 1987.

O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco reconheceu a capital obra-prima do gênio


criativo humano e exemplo eminente de conjunto arquitetural que representava período
significativo da história. Para o comitê, Brasília era um marco do movimento moderno. Mas,
para ganhar o título de patrimônio mundial, precisava de leis para protegê-la de alterações e
deturpações fatais. A cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não contava com essa
cobertura. Não havia nada que a livrava dos males da especulação imobiliária e de outras
ameaças.

Ao tomar conhecimento desse entrave, o então governador de Brasília, José Aparecido de


Oliveira, publicou o decreto, em outubro de 1987, regulamentando a Lei n° 3.751, de 13 de
abril de 1960, de preservação da concepção urbanística de Brasília. Em síntese, a lei manda
respeitar as quatro escalas que definem os traços essenciais da capital, ou seja, as quatro
dimensões dos quatro modos de viver na cidade.

Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano que havia apresentado no concurso
público aberto pelo Governo Federal para escolher o projeto da nova capital brasileira, as
escalas são definidas como monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária
(dos setores de serviços e diversão) e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais,
incluindo a vegetação nativa). Com elas, o urbanista deixou claras as funções de cada espaço
da cidade, definindo os setores de trabalho, moradia, serviços e lazer, em harmonia com a
natureza.

Era justamente esse conceito o grande trunfo de Brasília, que trazia um desenho único de
cidade. Diferentemente do que muitos pensam, seria tombado o projeto urbanístico de Lucio
Costa e não os prédios modernistas de Oscar Niemeyer. Esses viriam a ser protegidos por meio
de outras leis. Mas as obras de Niemeyer contribuíram para a conquista do título da Unesco.
Os representantes da organização ressaltaram que cada elemento − da arquitetura das áreas
residenciais e administrativas à simetria dos edifícios − dos traços de Niemeyer estavam em
harmonia com o desenho geral da cidade. Assim como o plano de Lucio, a Unesco considerou
os prédios inovadores e criativos.

Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião. Mas Lucio Costa o comparava a uma
borboleta. O arquiteto Leon Pressouyre, o relator da candidatura de Brasília ao título de
Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco, viu “um pássaro gigante voando em direção
ao sudeste”. O certo é que o tombamento protegeu uma ideia de liberdade.

(Adaptado de: ALVES, Renato. http://blogs.correiobraziliense.com.br)

Diferentemente do que muitos pensam, seria tombado o projeto urbanístico de Lucio Costa e
não os prédios modernistas de Oscar Niemeyer. (5° parágrafo)

193
Considerando-se o contexto, a forma verbal sublinhada designa, nessa frase, uma ação

a) a ser realizada futuramente, caso se cumpram algumas exigências.


b) realizada hipoteticamente no passado, com referência a um futuro também hipotético.
c) possível de ser ou não realizada no futuro, o que não se pode deduzir da leitura do texto.
d) possível de ser realizada no futuro, o que se condiciona a uma ação também futura.
e) realizada no passado, mas num tempo futuro relativo a um marco anterior.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

e) realizada no passado, mas num tempo futuro relativo a um marco anterior.


Verbo no participio -> expressa uma ação concluída, terminada.
Verbo aux. seria está no futuro do pretérito do indicativo

208 - Na dinâmica das leis

Toda legislação racionaliza os valores sociais, buscando reconhecê-los e afastá-los do âmbito


das paixões ou dos interesses mais estritos do indivíduo, bem como compreendê-los no tempo
vivo da História. Diz-se que as leis “caducam”, e o termo, pouco ortodoxo, é expressivo: por
anacronismo, dispositivos legais podem perder a razão de ser, superados que são pela primazia
que ganham novos costumes.

São vários os fatores que determinam mudanças drásticas em nosso comportamento. Entre
eles está a alta tecnologia de ponta, com seus incontáveis reflexos na vida cotidiana: o que
fazer, por exemplo, do direito à privacidade na onipresença de câmeras instaladas por medida
de segurança? No campo da moral e da ética, das disputas políticas, das ideologias, do
comportamento, dos hábitos cotidianos, muito do que ontem valia deixa de ter sentido hoje;
considere-se, pois, a possibilidade sempre aberta para que um novo “espírito” de uma lei deva
corresponder a uma nova prática social. Nessa atualização necessária, conta-se com a
sensatez e o senso de oportunidade do legislador, sem falar na atenção continuada aos
dispositivos básicos constitucionais já estabelecidos na Carta Magna.

A mobilidade dos costumes enseja a formação de novos sujeitos sociais. Note-se que, além
das instituições já clássicas, nosso tempo vem testemunhando a criação dos chamados
“coletivos”, cuja natureza se distingue da dos partidos políticos ou dos órgãos de classe
tradicionais, embora sejam agrupamentos cuja ação se reveste de evidente importância
política e cuja representação de setores específicos da sociedade pode ser vista como legítima.
É possível que a legislação venha a contemplar as iniciativas desses “coletivos”, munindo-se
de novos dispositivos para acompanhar os novos traços de uma sociedade em movimento.
(Alcebíades Nunes Cardoso, inédito)

Há emprego de forma verbal na voz passiva e está plenamente adequada a correlação entre
os tempos e os modos dos verbos na frase:

a) Não fossem os ajustes a que são levados os legisladores para a atualização das leis,
ocorreria um grave descompasso entre estas e os hábitos sociais.

b) Embora pudessem ser pouco ortodoxas, sempre haverá oportunidade para


experimentarmos o sabor informal de algumas expressões.

194
c) Se um dia a mobilidade dos costumes não implicar a formação de novos grupos, menos
trabalho haveria para que ocorra a atualização das leis.

d) Ainda que a necessidade de atualização não fosse permanente, sempre houvera o


compromisso de fazer andar no mesmo passo as leis e os usos.

e) Como não haveria quem contestasse a presença de tantas câmeras, quando estas vierem
a impedir de vez a nossa privacidade?

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) Não fossem os ajustes a que são levados os legisladores para a atualização das
leis, ocorreria um grave descompasso entre estas e os hábitos sociais. (Gabarito -
Correlação típica entre o Pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do pretérito do
indicativo).

209 - No segmento narrativo “O ladrão arrombou o trinco da janela, levantou a vidraça,


enquanto olhava para o interior do quarto. Observou de imediato que não havia ninguém no
aposento e ficou mais tranquilo” traz uma série de ações; as formas verbais que indicam
sucessão temporal são:

a) arrombou / levantou / observou.


b) arrombou / levantou / olhava.
c) levantou / olhava / observou.
d) observou / havia / ficou.
e) olhava / observou / havia.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Sucessão temporal: Eventos que ocorrem em sequência, um após o outro.

a) arrombou (pretérito perfeito do indicativo)


levantou (pretérito perfeito do indicativo)
observou (pretérito perfeito do indicativo

210 - Assinale a frase cujas formas verbais mostram correspondência adequada de tempos.

a) “Nenhuma moralidade pode fundar-se na autoridade, mesmo que a autoridade fosse


divina.”

b) “Se os teus princípios morais te deixam triste, podes estar certo de que estivessem
errados.”

c) “O modo mais seguro de prevenir as revoltas é que eliminássemos sua matéria.”

d) “´Foi o cargo que permitiu que se conheça o homem.”

195
e) “Tenho a impressão de que a exclamação ‘A pátria corre perigo’ não seja tão terrível
quanto ‘A cultura corre perigo!’”

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) “Nenhuma moralidade pode fundar-se na autoridade, mesmo que a autoridade fosse


divina.”

“Nenhuma moralidade pode fundar-se na autoridade, mesmo que a


autoridade seja divina.”

b) “Se os teus princípios morais te deixam triste, podes estar certo de que estivessem
errados.”

“Se os teus princípios morais te deixam triste, podes estar certo de que estão errados.”

c) “O modo mais seguro de prevenir as revoltas é que eliminássemos sua matéria.”

“O modo mais seguro de prevenir as revoltas é que eliminemos sua matéria.”

d)“´Foi o cargo que permitiu que se conheça o homem.”

“´Foi o cargo que permitiu que se conhecesse o homem.”

e) “Tenho a impressão de que a exclamação ‘A pátria corre perigo’ não seja tão terrível
quanto ‘A cultura corre perigo!’”

211 – 1 Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. Seus
sintomas incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa imunidade,
flutuações de humor, entre outros. Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem
crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul.

2 Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia. Velas e lenha produziam luz
amarelo-avermelhada e não havia iluminação artificial à noite. A luz do fogo não é problema
porque o cérebro interpreta a luz vermelha como sinal de que chegou a hora de dormir. Com
a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada da manhã.

3 Assim, um dos responsáveis pelo declínio da qualidade do sono nas duas últimas décadas
é a luz azulada que emana de aparelhos eletrônicos; mas um dano ainda maior acontece
quando estamos acordados, fazendo um malabarismo obsessivo com computadores
e smartphones.

4 A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos - e muitos gastam bem mais que isso. Não é problema de uma minoria.
Pesquisadores nos aconselham a usar o celular por menos de uma hora diariamente. Mas o
uso excessivo do aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o

196
termo “nomofobia" (uma abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever
a fobia de ficar sem celular.

5 O cérebro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes experiências.


Um deles retrata reações cerebrais de um viciado em jogos eletrônicos. “Comportamentos
viciantes ativam o centro de recompensa do cérebro", afirma Claire Gillan, neurocientista que
estuda comportamentos obsessivos. “Contanto que a conduta acarrete recompensa, o cérebro
a tratará da mesma maneira que uma droga".

(Adaptado de: ALTER, Adam. Irresistível. São Paulo: Objetiva, edição digital)

O verbo que pode ser corretamente flexionado em uma forma do singular, sem que nenhuma
outra alteração seja feita na frase, está em:

a) A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos

b) Seus sintomas incluem falta de apetite

c) Velas e lenha produziam luz amarelo-avermelhada

d) Comportamentos viciantes ativam o centro de recompensa do cérebro

e) e muitos gastam bem mais que isso

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Clássica questão da FCC com uso de expressão partitiva:

→ A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos
eletrônicos ⇢ dupla possibilidade de concordância, com a expressão partitiva (a maioria...
passa) ou com o determinante (das pessoas... passam).

212 – [Gravado na pele]

Dizem que a tatuagem data do paleolítico, quando era usada por povos nativos da Ásia.
Além da beleza das formas e cores, há algo de simbólico nessas inscrições corporais. Os índios
pintam o corpo em cerimônias, festas e rituais de guerra. Os marinheiros, cujas pátrias são os
portos e os oceanos, ostentam em sua pele símbolos que evocam a breve permanência em
terra firme e a longa travessia marítima: âncoras, ilhas, mapas, peixes, pássaros, bússolas.

Antes de ser uma febre no Brasil, a tatuagem inspirou uma música de Chico Buarque e
Ruy Guerra. Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, diz a letra dessa belíssima canção.

Para um observador parado à beira-mar, um observador que teme o sol forte e protege a
cabeça com um chapéu, cada tatuagem é uma descoberta, uma viagem do olhar. Jovens e
velhos exibem tatuagens; uso o verbo exibir porque talvez haja uma ponta de exibicionismo
nessa arte antiga de fazer da pele uma pintura para toda a vida.

197
Numa única manhã ensolarada, sob meu chapéu, vi tatuagens de vários tipos e tamanhos,
li nomes próprios, adjetivos, bilhetes, e até mesmo uma mensagem cifrada, cuja revelação
será sempre adiada: Amanhã saberás o segredo...

(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 122)

Está plenamente adequado o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) As economias que provieram de seus salários, ele as despendeu em sessões de


tatuagem.

b) Elas interviram quando ele se dispôs a apagar uma tatuagem que o custara tão caro.

c) A propósito de tatuagens, o velho lhes vê como assessórios inúteis que marcam um


corpo.

d) Depois de se deixar seduzir a uma tatuagem, conheceu o remorso em cujo se martirizou.

e) Ele diz não saber porquê a tatuagem goza de tanto prestígio aonde quer que surja.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) As economias que provieram de seus salários, ele as despendeu em sessões de tatuagem.

B) Elas interviram quando ele se dispôs a apagar uma tatuagem que o custara tão caro. → o
correto é "intervieram" e também o "lhe" (custara tão caro a ele → lhe).

C) A propósito de tatuagens, o velho lhes vê como assessórios inúteis que marcam um corpo.
→ quem vê, vê alguma coisa (o "lhes" não pode ser usado como um objeto direto, o correto é
"as"); o substantivo correto é "acessórios".

D) Depois de se deixar seduzir a uma tatuagem, conheceu o remorso em cujo se martirizou.


→ deixar se seduzir POR alguma coisa (por uma tatuagem); se martirizou por alguma coisa
("por que" seria o correto, visto que não temos relação de posse para que se utilizasse o
"cujo").

E) Ele diz não saber porquê a tatuagem goza de tanto prestígio aonde quer que surja. → o
correto é "por que" equivalente a "por qual motivo", "porquê" (marca a substantivação do
termo e equivale a "motivo"); surja em e não "a", logo, o correto é "onde".

213 – [Como se estrutura uma sociedade?]

A pergunta formulada acima é uma constância da história social. Alguns antropólogos têm
afirmado que a estrutura social é a rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa, numa dada
sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. Não estabelece distinção entre os elementos

198
efêmeros e os mais persistentes na atividade social, e torna quase impossível distinguir a
noção de estrutura de uma sociedade da totalidade da própria sociedade.

No extremo oposto, está a noção de estrutura social compreendendo, somente, as relações


entre os grupos principais na sociedade, que persistem por muitas gerações, mas exclui outros
como a família, que se dissolve de uma geração para outra. Essa definição é limitada demais.

Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tanto as relações reais entre pessoas
ou grupos, mas as relações esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse ponto
de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e permite a seus membros exercerem
suas atividades são as expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está feito, ou do
que deverá ser feito pelos outros membros. Não falta quem veja tal formulação como bastante
insatisfatória.

Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será preciso sempre reconhecer que
a validade de qualquer uma delas estará presa à validação do critério que a sustenta.

(Adaptado de: FIRTH, Raymond. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José
Duarte Lanna. São Paulo: Nacional, 1975, p. 35-36)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para integrar
corretamente a frase:

a) As respostas que se (aguardar) para essa questão prendem-se aos critérios a serem
observados.

b) A propósito dessa exata definição de estrutura com que se (afligir) os antropólogos,


estamos longe de qualquer consenso.

c) Não (dever) caber aos sociólogos ou antropólogos definir açodadamente o que seja uma
estrutura social.

d) Àqueles que (haver) de pesquisar o funcionamento de uma sociedade recomenda-se


sensatez na escolha de um critério.

e) A validação dos critérios que se (apresentar) como parâmetros aceitáveis deve receber
o aval de todos os envolvidos na definição.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) As respostas que se (aguardar) para essa questão prendem-se aos critérios a serem
observados. → o correto é "aguardam" (respostas que se aguardam/ respostas que são
aguardadas).

B) A propósito dessa exata definição de estrutura com que se (afligir) os antropólogos,


estamos longe de qualquer consenso. → voz passiva sintética com sujeito paciente no plural
(afligem-se os antropólogos/ os antropólogos são afligidos).

199
C) Não (dever) caber aos sociólogos ou antropólogos definir açodadamente o que seja uma
estrutura social. → perguntando ao verbo (o quê não deve caber? definir açodadamente o que
seja uma estrutura social → sujeito oracional, logo, verbo deve ficar no singular: ISSO não
DEVE caber).

D) Àqueles que (haver) de pesquisar o funcionamento de uma sociedade recomenda-se


sensatez na escolha de um critério. → verbo "haver" empregado como auxiliar e deverá
concordar com "aqueles" (o sujeito é o pronome relativo "que" e não necessariamente
"àqueles", por isso, a pegadinha da FCC em relação a um possível sujeito preposicionado);
àqueles que/aqueles hão de pesquisar.

E) A validação dos critérios que se (apresentar) como parâmetros aceitáveis deve receber o
aval de todos os envolvidos na definição. → pronome relativo está retomando o substantivo
"critérios", observa-se pelo emprego do termo "parâmetros" no plural (que/critérios se
apresentam/ são apresentados).

214 – [Como se estrutura uma sociedade?]

A pergunta formulada acima é uma constância da história social. Alguns antropólogos têm
afirmado que a estrutura social é a rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa, numa dada
sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. Não estabelece distinção entre os elementos
efêmeros e os mais persistentes na atividade social, e torna quase impossível distinguir a
noção de estrutura de uma sociedade da totalidade da própria sociedade.

No extremo oposto, está a noção de estrutura social compreendendo, somente, as relações


entre os grupos principais na sociedade, que persistem por muitas gerações, mas exclui outros
como a família, que se dissolve de uma geração para outra. Essa definição é limitada demais.

Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tanto as relações reais entre pessoas
ou grupos, mas as relações esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse ponto
de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e permite a seus membros exercerem
suas atividades são as expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está feito, ou do
que deverá ser feito pelos outros membros. Não falta quem veja tal formulação como bastante
insatisfatória.

Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será preciso sempre reconhecer que
a validade de qualquer uma delas estará presa à validação do critério que a sustenta.

(Adaptado de: FIRTH, Raymond. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José
Duarte Lanna. São Paulo: Nacional, 1975, p. 35-36)

Está clara e correta a redação desta livre consideração sobre o texto:

a) A menos que se sigam algum critério aceitável, os estudiosos da sociedade se apresentam


como problemáticos no caso de sua definição estrutural.

b) Os diferentes critérios para a definição do que seja a estrutura social são julgados, por
razões diversas, como insatisfatórios.

200
c) Há quem julguem as relações sociais como um produto que ao mesmo tempo considere
que as individualidades já as constituam por si mesmas.

d) Não é por formularem alguma ordem ideal para as relações sociais definidas como
expectativas que se obtêm, apenas por isso, a validade de uma estrutura.

e) O autor do texto leva-nos à crer que, a depender do critério que adotássemos, nossa
definição de estrutura social terá validade nessa dependência.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) A menos que se sigam algum critério aceitável, os estudiosos da sociedade se apresentam


como problemáticos no caso de sua definição estrutural. → o correto é "siga" (a menos que se
siga algum critério/ algum critério seja seguido);

B) Os diferentes critérios para a definição do que seja a estrutura social são julgados, por
razões diversas, como insatisfatórios. → adjunto adverbial intercalado corretamente por
vírgulas.

C) Há quem julguem as relações sociais como um produto que ao mesmo tempo considere
que as individualidades já as constituam por si mesmas. → o sujeito é o pronome "quem" e a
concordância verbal deve ser feita no singular (quem julgue).

D) Não é por formularem alguma ordem ideal para as relações sociais definidas como
expectativas que se obtêm, apenas por isso, a validade de uma estrutura. → voz passiva
sintética (se) com sujeito paciente logo após o termo intercalado, obtém-se a validade de uma
estrutura (a validade de uma estrutura é obtida).

E) O autor do texto leva-nos à crer que, a depender do critério que adotássemos, nossa
definição de estrutura social terá validade nessa dependência. → erro fatal de crase antes de
verbo, o correto é "a crer" (somente preposição presente).

215 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Assembleia Geral da ONU reconhece saneamento como direito humano distinto do


direito à água potável

Uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada recentemente,


reconheceu o saneamento básico como um direito humano separado do direito à água potável.
A decisão pretende chamar a atenção para a situação de mais de 2,5 bilhões de pessoas que
vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo.

De acordo com o relator especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao
saneamento básico, o brasileiro Léo Heller, a deliberação “dá para as pessoas uma percepção
mais clara do direito ao saneamento, fortalecendo sua capacidade de reivindicá-lo quando o
Estado falha em prover os serviços ou quando eles não são seguros, são inacessíveis ou sem

201
a privacidade adequada”. A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do
saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos juntos.

Para Heller, a ausência de estruturas sanitárias adequadas tem um “efeito dominó”,


prejudicando a busca e o usufruto de outros direitos humanos, como o direito à saúde, à vida
e à educação. A falta de saneamento favorece a transmissão de doenças infecciosas, como
cólera, hepatite e febre tifoide. Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as
abstenções escolares de todos os alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento
e água fazem com que 443 milhões de dias letivos sejam perdidos todos os anos.

(Adaptado de: https://nacoesunidas.org/assembleia-geral-da-onu-reconhece-


saneamento-como-direito-humano-distinto-do-direito-a-agua-potavel)

Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as abstenções escolares de todos os
alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento e água fazem com que 443 milhões
de dias letivos sejam perdidos todos os anos. (3° parágrafo)

O trecho sublinhado (incluindo-se a vírgula após mundo) pode ser substituído, atendendo às
normas de concordância e preservando-se a correlação entre as formas verbais, por:

a) a partir do momento em que se somasse as abstenções escolares de todos os alunos no


mundo, seja possível perceber que

b) se forem somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, será possível


perceber que

c) caso seja somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, era possível
perceber que

d) quando fossem somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, é


possível perceber que

e) assim que se somem as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, teria sido
possível perceber que

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as abstenções escolares de todos
os alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento e água fazem com que 443
milhões de dias letivos sejam perdidos todos os anos → temos uma oração subordinada
adverbial condicional reduzida do particípio -ada, queremos essa ideia de condição e os verbos
conjugados corretamente.

A) a partir do momento em que se somasse as abstenções escolares de todos os alunos no


mundo, seja possível perceber que → o correto é "somassem" concordando com o núcleo do
sujeito paciente "abstenções".

B) se forem somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, será possível


perceber que → correto, conjunção subordinativa condicional "se" e verbo conjugados
corretamente, expressando uma possibilidade, uma hipótese de algo vir a acontecer.

202
C) caso seja somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, era possível
perceber que → o correto é "sejam" concordando com "abstenções".

D) quando fossem somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, é possível


perceber que → o correto é "forem" e "será".

E) assim que se somem as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, teria sido
possível perceber que → o correto é "será" (=fazendo parte da condição e apresentando algo
futuro que poderá ocorrer).

216 – TEXTO 1

Anúncio Publicitário: o Conar

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem
mesmo o menor deslize. E só não falamos nisso por um pequeno detalhe: seria uma mentira.
Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um
eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós
não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “meia-
verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Aurorregulamentação Publicitária, existem a
verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.
O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela
ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso,
mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter
o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor
não acreditasse nela?

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação
ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.

Veja, 8 de julho de 2009.

“E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?”

A substituição respectiva dos tempos verbais sublinhados está inadequada em

a) servirá / tiver acreditado.


b) tem servido / tem acreditado.
c) serviu / acreditou.
d) servia / acreditava.
e) serve / acredita.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. O correto seria: (servirá / acreditar) ou (serve / tiver


acreditado).

203
217 – TEXTO 1

Anúncio Publicitário: o Conar

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem
mesmo o menor deslize. E só não falamos nisso por um pequeno detalhe: seria uma mentira.
Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um
eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós
não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “meia-
verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Aurorregulamentação Publicitária, existem a
verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.
O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela
ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso,
mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter
o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor
não acreditasse nela?

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação
ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.

Veja, 8 de julho de 2009.

A frase do texto 1 em que o verbo sublinhado admitiria a forma de concordância verbal indicada
entre parênteses é:

a) “Para o Conar [....] existem a verdade e a mentira”. (existe)


b) “Não fazemos isso porque somos bonzinhos...” (são)
c) “Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária...”. (sintam)
d) “... como acabamos de fazer”. (acaba)
e) “... porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade”. (terem)

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Para o Conar [....] existem a verdade e a mentira”. (existe)

→ Sujeito posposto (=após o verbo, nesse caso, a concordância pode ser feita com os dois
termos ou através da concordância atrativa, com o termo mais próximo):

Existem a verdade e a mentira (=concordando com os núcleos "verdade" e "mentira");

Existe a verdade e a mentira (=concordância com o termo mais próximo "verdade").

204
218 – Falso mar, falso mundo

O mundo anda cada vez mais complicado, o que não é bom. O frágil corpo humano não
foi feito para competir com a máquina, conviver com a máquina e explorá-la. A cada
adiantamento técnico-científico, o conflito fica mais duro para o nosso lado.

Mas nesta semana vi na TV uma reportagem que me horrorizou como prova de que, a
cada dia, mais renunciamos às nossas prerrogativas de seres vivos e nos tornamos
robotizados. Foi a “praia artificial” no Japão (logo no Japão, arquipélago penetrado e cercado
de mar por todos os lados!).

É um galpão imenso, maior que qualquer aeroporto, coberto por uma espécie de cúpula
oblonga, de plástico. E filas à entrada, lá dentro um guichê, o pessoal paga a entrada, que é
cara, e some. Deve entrar no vestiário, ou antes, no despiário, pois surgem já
convenientemente seminus, como se faz na praia. Pois que debaixo daquele imenso teto de
plástico está um mar, com a sua praia. Mar que, na tela, aparece bem azul com ondas de
verdade, coroadas de espuma branca; ondas tão fortes que chegam a derrubar as pessoas e
sobre as quais jovens atletas surfam e rebolam. E um falso sol, de luz e calor graduáveis; e a
praia é de areia composta por pedrinhas de mármore.

Não sei se pelo comportamento dos figurantes, a gente tinha a impressão absoluta de que
assistia a uma cena de animação figurada em computador. A única presença viva, destacando-
se no elenco de bonecos, era a repórter, apresentadora do espetáculo. Já se viu! Se fosse uma
honesta piscina de água morna, tudo bem. Mas fingir as ondas, falsificar um sol bronzeando,
de trinta e cinco graus, e toda aquela gente se deitando com a simulação e depois voltando
para a rua vestida nos seus casacos! Me deu pena, horror, sei lá. Aquilo não pode deixar de
ser pecado. Falsificar com tanta impudência as criações da natureza, e pra quê!

(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 1994,
edição digital)

Está correta a redação do seguinte comentário:

a) O comportamento das pessoas, à medida que a tecnologia avança, por vezes se tornam
tão robotizados que causam espanto em alguns.

b) Durante uma filmagem em uma praia artificial, destacavam-se, dentre os


frequentadores, a repórter que estava ali apenas para apresentar o espetáculo.

c) O comportamento das pessoas, quando transmitido pela TV, criam a impressão de que
são figurantes em uma cena de animação computadorizada.

d) Ao observar o comportamento dos frequentadores de uma praia artificial, alguns tiveram


a impressão de assistir a uma cena de animação computadorizada.

e) Em uma praia artificial, vê-se até mesmo jovens atletas surfando sobre ondas fortes, as
quais chegam a derrubar as pessoas.

Comentários

205
O gabarito é a alternativa D.

A) O comportamento das pessoas, à medida que a tecnologia avança, por vezes


se tornam tão robotizados que causam espanto em alguns → sujeito simples estando longe
do verbo, típica estratégia da FCC, o núcleo do sujeito é "comportamento" (=singular → torna).

B) Durante uma filmagem em uma praia artificial, destacavam-se, dentre os


frequentadores, a repórter que estava ali apenas para apresentar o espetáculo → quem se
destacava? A repórter (=destaca).

C) O comportamento das pessoas, quando transmitido pela TV, criam a impressão de que
são figurantes em uma cena de animação computadorizada sujeito simples estando longe do
verbo, o núcleo do sujeito é "comportamento" (=singular → cria).

D) Ao observar o comportamento dos frequentadores de uma praia artificial, alguns tiveram


a impressão de assistir a uma cena de animação computadorizada → correto.

E) Em uma praia artificial, vê-se até mesmo jovens atletas surfando sobre ondas fortes, as
quais chegam a derrubar as pessoas → voz passiva sintética com sujeito paciente no plural, o
correto é "veem-se" jovens atletas/jovens atletas são vistos.

219 – Está correta a redação do seguinte comentário:

a) Rejeitam estereótipos, criando novos significados para o envelhecimento, àqueles a quem


se classificam como “belos velhos”.

b) Consoante a observação de Simone de Beauvoir, ao redor dos velhos, que costumam ser
estigmatizados, paira certa “conspiração do silêncio”.

c) Observam-se que há pessoas as quais criam novos significados para o envelhecimento,


desafiando as convenções sociais.

d) Já não se enxerga em certas pessoas próximas dos 70 anos, as típicas consequências


negativas associadas ao processo de envelhecer.

e) Construir um projeto de vida ao qual desse significado permanente à existência são


objetivos da maioria das pessoas.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Rejeitam estereótipos, criando novos significados para o envelhecimento, àqueles a quem


se classificam como “belos velhos”. → nenhum termo rege o uso de preposição "a" para que a
crase seja formada, o correto é somente "aqueles".

B) Consoante a observação de Simone de Beauvoir, ao redor dos velhos, que costumam ser
estigmatizados, paira certa “conspiração do silêncio”.

206
C) Observam-se que há pessoas as quais criam novos significados para o envelhecimento,
desafiando as convenções sociais → voz passiva sintética e o sujeito é uma oração subordinada
substantiva subjetiva, isso é observado/observa-se isso (=concordância no singular).

D) Já não se enxerga em certas pessoas próximas dos 70 anos, as típicas consequências


negativas associadas ao processo de envelhecer → vírgula separando o sujeito paciente do
verbo e verbo no singular incorretamente, o correto é (=se enxergam as típicas
consequências/as típicas consequências são enxergadas).

E) Construir um projeto de vida ao qual desse significado permanente à existência são


objetivos da maioria das pessoas → o que é objetivo? Construir um projeto de vida... (isso →
sujeito oracional, logo, concordância no singular: é objetivo).

220 – Custos da ciência

Peça a um congressista dos Estados Unidos para destinar um milhão de dólares adicional
à Fundação Nacional da Ciência de seu país a fim de financiar pesquisas elementares, e ele,
compreensivelmente, perguntará se o dinheiro não seria mais bem utilizado para financiar a
capacitação de professores ou para conceder uma necessária isenção de impostos a uma
fábrica em seu distrito que vem enfrentando dificuldades.

Para destinar recursos limitados, precisamos responder a perguntas do tipo “O que é mais
importante?” e “O que é bom?”. E essas não são perguntas científicas. A ciência pode explicar
o que existe no mundo, como as coisas funcionam e o que poderia haver no futuro. Por
definição, não tem pretensões de saber o que deveria haver no futuro. Somente religiões e
ideologias procuram responder a essas perguntas.

(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens − Uma breve história da humanidade. Trad.
Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 283)

Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal na frase:

a) Não cabem nem à ideologia nem à religião interessar-se pelos mesmos procedimentos
de investigação que interessam à ciência.

b) Não é da alçada da ciência positiva aquelas interrogações cujas respostas se encontram


no âmbito da religião ou da ideologia.

c) Ao tratar das questões de âmbito científico, os pesquisadores devem conduzir-se pelos


métodos que sua investigação precisa adotar.

d) Para que se lhe conceda as verba solicitadas, o proponente de uma pesquisa deverá
realçar os benefícios econômicos de seu projeto.

e) A poucos cidadãos comuns deverão interessar, em meio a propostas de cunho científico,


o tipo de investigação que movem os pesquisadores.

Comentários

207
O gabarito é a alternativa C.

A) Não cabem nem à ideologia nem à religião interessar-se pelos mesmos procedimentos de
investigação que interessam à ciência. → temos um sujeito oracional, ISSO não cabe (verbo
fica no singular).

B) Não é da alçada da ciência positiva aquelas interrogações cujas respostas se encontram no


âmbito da religião ou da ideologia. → frase na ordem indireta, na ordem direta: Aquelas
interrogações não são da alçada...

C) Ao tratar das questões de âmbito científico, os pesquisadores devem conduzir-se pelos


métodos que sua investigação precisa adotar.

D) Para que se lhe conceda as verba solicitadas, o proponente de uma pesquisa deverá realçar
os benefícios econômicos de seu projeto. → o correto é "verbas".

E) A poucos cidadãos comuns deverão interessar, em meio a propostas de cunho científico, o


tipo de investigação que movem os pesquisadores. → o correto é "move" (concordando com o
núcleo do sujeito "tipo"); na ordem direta: O tipo de investigação que move os
pesquisadores deverá interessar a pouco cidadãos comuns...

221 – [Os nomes e os lugares]

É sempre perigoso usar termos geográficos no discurso histórico. É preciso ter muita
cautela, pois a cartografia dá um ar de espúria objetividade a termos que, com frequência,
talvez geralmente, pertencem à política, ao reino dos programas, mais que à realidade.
Historiadores e diplomatas sabem com que frequência a ideologia e a política se fazem passar
por fatos. Rios, representados nos mapas por linhas claras, são transformados não apenas em
fronteiras entre países, mas fronteiras “naturais”. Demarcações linguísticas justificam
fronteiras estatais.

A própria escolha dos nomes nos mapas costuma criar para os cartógrafos a necessidade
de tomar decisões políticas. Como devem chamar lugares ou características geográficas que
já têm vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram mudados oficialmente? Se for oferecida
uma lista alternativa, que nomes são indicados como principais? Se os nomes mudaram, por
quanto tempo devem os nomes antigos ser lembrados?

(HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas. São Paulo: Companhia das
Letras, 2013, p. 109)

Ao se flexionar na voz passiva, a forma verbal atende às normas de concordância na frase:

a) Ao se revelar no mapa, os nomes cartográficos sobrepõem-se por vezes à conformação


natural daquilo que designa.

b) Por mais que se determine os critérios de nomeação adotados pelos cartógrafos, nunca
eles alcançarão uma plena objetividade.

c) No momento em que são adotados pelo cartógrafo idôneo, o critério linguístico se mostra
adequado na confecção dos mapas.

208
d) Na medida em que se submetam a algum critério objetivo, as denominações de um mapa
podem fazer muito sentido.

e) Como deixar de se reconhecerem nas nomeações dos mapas a influência determinante


de razões políticas e ideológicas?

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) Ao se revelar no mapa, os nomes cartográficos sobrepõem-se por vezes à conformação


natural daquilo que designa. → o correto seria "revelarem" (concordando com "nomes
cartográficos").

B) Por mais que se determine os critérios de nomeação adotados pelos cartógrafos, nunca
eles alcançarão uma plena objetividade. → temos uma voz passiva sintética (se) com sujeito
paciente no plural, o correto é: se determinem os critérios (os critérios sejam determinados).

C) No momento em que são adotados pelo cartógrafo idôneo, o critério linguístico se mostra
adequado na confecção dos mapas. → o correto é: é adotado (concordando com "critério
linguístico").

D) Na medida em que se submetam a algum critério objetivo, as denominações de um


mapa podem fazer muito sentido. → correto, voz passiva sintética com correta concordância:
as denominações se submetam (as denominações sejam submetidas).

E) Como deixar de se reconhecerem nas nomeações dos mapas a influência determinante de


razões políticas e ideológicas? → de se RECONHECER... a influência.

222 – Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?

Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam
vistas de todos os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.

Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento oferece um potencial incrível para o


futuro dos filmes – como a realidade aumentada, a inteligência artificial e a capacidade cada
vez maior de computadores de criar mundos digitais detalhados.

Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as histórias cinematográficas do futuro


diferem das experiências disponíveis hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e artista
Chris Milk, os filmes do futuro oferecerão experiências imersivas sob medida. Eles serão
capazes de “criar uma história em tempo real que é só para você, que satisfaça exclusivamente
a você e o que você gosta ou não”, diz ele.

(Adaptado de: BUCKMASTER, Luke. Disponível em: www.bbc.com)

Quanto à concordância, o segmento do texto reescrito corretamente está em:

209
a) Como são possíveis diferenciar as histórias cinematográficas do futuro das experiências
disponíveis hoje?

b) Um potencial incrível para o futuro dos filmes é oferecido por tecnologias em rápido
desenvolvimento.

c) Análogos aos anos experimentais dos filmes no final do século 19 e início do 20 é o


momento atual do cinema.

d) No futuro será possível que se criem uma história em tempo real só para o espectador.

e) Experiências imersivas sob medida é o que parecem aptas a oferecer os filmes do futuro.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A - Como são possíveis diferenciar as histórias cinematográficas do futuro das experiências


disponíveis hoje?
ERRO = VERBO E NÚCLEO DO SUJEITO = Como diferenciar é possível?

ERRO = PREDICATIVO DO SUJEITO E NÚCLEO DO SUJEITO = Como diferenciar é possível?

_________________________
B - Um potencial incrível para o futuro dos filmes é oferecido por tecnologias em rápido
desenvolvimento.

GABARITO!

__________________________
C - Análogos aos anos experimentais dos filmes no final do século 19 e início do 20 é o
momento atual do cinema.

ERRO = PREDICATIVO DO SUJEITO E NÚCLEO DO SUJEITO = O momento é análogo

__________________________
D - No futuro será possível que se criem uma história em tempo real só para o espectador.

ERRO = VERBO E NÚCLEO DO SUJEITO = .... que história se crie...

__________________________
E - Experiências imersivas sob medida é o que parecem aptas a oferecer os filmes do futuro.

ERRO = VERBO E NÚCLEO DO SUJEITO = Experiências são

210
ERRO = PREDICATIVO DO SUJEITO E NÚCLEO DO SUJEITO = Filmes parecem aptos

223 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Como vamos lidar com robôs em casa, na educação e no trabalho?

A combinação entre a imaginação dos escritores de ficção e a tendência a aceitar desafios


dos cientistas costuma gerar revoluções nas nossas vidas. Assim também foi com o surgimento
dos robôs. O nome foi usado pela primeira vez em uma peça teatral da década de 1920 para
designar um ciborgue ficcional que tinha como principal tarefa servir à humanidade.

Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: nas indústrias, montando ou
soldando peças; nos atendimentos telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos
assistentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas essas automações são
exatamente robôs. “Para se tornar um robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou
um robô de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do Centro Universitário FEI
e pesquisador de robótica e inteligência artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-
requisito é mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a distância, bem como
ser capaz de interagir com o ambiente.

“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e de inteligência artificial”, afirma
Tonidandel. Simplificando bastante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cérebro
do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões.

O desenvolvimento interdependente entre as tecnologias de IA e robótica trouxe uma nova


geração de robôs, capazes de interagir com os humanos para executar tarefas, transitar pelos
mesmos lugares que as pessoas e atuar como assistentes nas tarefas do dia a dia. É a chamada
robótica de serviços, que promete levar robôs para dentro de casas, empresas, hospitais e até
escolas.

Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos servir, contudo, traz novas
questões. A que regras eles estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos pelos humanos?
São perguntas bem difíceis de responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a
evolução da robótica.

(Adaptado de: LAFLOUFA, Jacqueline. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.


30/05/2019)

Com o deslocamento da expressão sublinhada em No entanto, nem todas essas automações


são exatamente robôs (2º parágrafo), a frase que está pontuada corretamente é:

a) Nem todas essas automações, no entanto, são exatamente robôs.


b) Nem todas essas automações no entanto, são exatamente robôs.
c) Nem todas essas automações, no entanto são exatamente robôs.
d) Nem todas essas automações são, no entanto exatamente robôs.
e) Nem todas essas automações são no entanto, exatamente robôs.

211
Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) Nem todas essas automações, no entanto, são exatamente robôs. → para que não ocorra
nenhum erro como os das opções abaixo, é necessário isolar a conjunção coordenativa
adversativa por vírgulas.

B) Nem todas essas automações no entanto, são exatamente robôs. → somente uma vírgula
é incorreto, visto que separou o sujeito de seu verbo.

C) Nem todas essas automações, no entanto são exatamente robôs.

D) Nem todas essas automações são, no entanto exatamente robôs. → separou o predicativo
do sujeito do sujeito, uso incorreto da vírgula.

E) Nem todas essas automações são no entanto, exatamente robôs.

224 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Como vamos lidar com robôs em casa, na educação e no trabalho?

A combinação entre a imaginação dos escritores de ficção e a tendência a aceitar desafios


dos cientistas costuma gerar revoluções nas nossas vidas. Assim também foi com o surgimento
dos robôs. O nome foi usado pela primeira vez em uma peça teatral da década de 1920 para
designar um ciborgue ficcional que tinha como principal tarefa servir à humanidade.

Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: nas indústrias, montando ou
soldando peças; nos atendimentos telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos
assistentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas essas automações são
exatamente robôs. “Para se tornar um robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou
um robô de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do Centro Universitário FEI
e pesquisador de robótica e inteligência artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-
requisito é mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a distância, bem como
ser capaz de interagir com o ambiente.

“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e de inteligência artificial”, afirma
Tonidandel. Simplificando bastante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cérebro
do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões.

O desenvolvimento interdependente entre as tecnologias de IA e robótica trouxe uma nova


geração de robôs, capazes de interagir com os humanos para executar tarefas, transitar pelos
mesmos lugares que as pessoas e atuar como assistentes nas tarefas do dia a dia. É a chamada
robótica de serviços, que promete levar robôs para dentro de casas, empresas, hospitais e até
escolas.

Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos servir, contudo, traz novas
questões. A que regras eles estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos pelos humanos?

212
São perguntas bem difíceis de responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a
evolução da robótica.

(Adaptado de: LAFLOUFA, Jacqueline. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.


30/05/2019)

No que se refere à concordância, está correta a frase:

a) Surgem acerca da convivência com esse tipo de seres autônomos novas questões.

b) Convém que se discutam a que regras esses robôs estarão sujeitos.

c) Não está claro o que poderão resultar da combinação entre inteligência artificial e
robótica.

d) Até que ponto os serviços hoje feitos por humanos virão a ser executado pela máquina?

e) Tratam-se de perguntas às quais têm sido difíceis encontrar respostas.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) Surgem acerca da convivência com esse tipo de seres autônomos novas questões. →
correto, mas a frase não está na ordem direta, colocando na ordem direta: Novas questões
surgem acerca a da convivência com esse tipo de seres autônomos.

B) Convém que se discutam a que regras esses robôs estarão sujeitos. → regras estarão
SUJEITAS.

C) Não está claro o que poderão resultar da combinação entre inteligência artificial e robótica.
→ o que poderá...

D) Até que ponto os serviços hoje feitos por humanos virão a ser executado pela máquina? →
serviços.... executados.

E) Tratam-se de perguntas às quais têm sido difíceis encontrar respostas. → o correto é "trata-
se" (sujeito indeterminado: terceira pessoa do singular + se, verbo transitivo indireto); têm
sido difíceis encontrar respostas para alguma coisa (para as quais).

225 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Como vamos lidar com robôs em casa, na educação e no trabalho?

A combinação entre a imaginação dos escritores de ficção e a tendência a aceitar desafios


dos cientistas costuma gerar revoluções nas nossas vidas. Assim também foi com o surgimento
dos robôs. O nome foi usado pela primeira vez em uma peça teatral da década de 1920 para
designar um ciborgue ficcional que tinha como principal tarefa servir à humanidade.

213
Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: nas indústrias, montando ou
soldando peças; nos atendimentos telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos
assistentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas essas automações são
exatamente robôs. “Para se tornar um robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou
um robô de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do Centro Universitário FEI
e pesquisador de robótica e inteligência artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-
requisito é mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a distância, bem como
ser capaz de interagir com o ambiente.

“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e de inteligência artificial”, afirma
Tonidandel. Simplificando bastante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cérebro
do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões.

O desenvolvimento interdependente entre as tecnologias de IA e robótica trouxe uma nova


geração de robôs, capazes de interagir com os humanos para executar tarefas, transitar pelos
mesmos lugares que as pessoas e atuar como assistentes nas tarefas do dia a dia. É a chamada
robótica de serviços, que promete levar robôs para dentro de casas, empresas, hospitais e até
escolas.

Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos servir, contudo, traz novas
questões. A que regras eles estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos pelos humanos?
São perguntas bem difíceis de responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a
evolução da robótica.

(Adaptado de: LAFLOUFA, Jacqueline. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.


30/05/2019)

No trecho ... capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e
reconhecimento de padrões (3º parágrafo), o termo sublinhado pode ser corretamente
substituído por

a) conceder-lhe
b) munir-lhe de
c) atribuí-lo
d) providenciá-lo
e) propiciar-lhe de

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

...capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, raciocínio, aprendizagem e


reconhecimento de padrões (3º parágrafo)

→ O verbo "dar" é sinônimo de "conceder"; conceder algo (potencial de tomada de decisão...


→ objeto direto) a alguém (lhe → a ele → objeto indireto).

214
226 – Atenção: Para responder a questão, considere o texto abaixo.

Nisto entrou o moleque trazendo o relógio com o vidro novo. Era tempo; já me custava estar
ali; dei uma moedinha de prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra ocasião, e saí
a passo largo. Para dizer tudo, devo confessar que o coração me batia um pouco; mas era
uma espécie de dobre de finados. O espírito ia travado de impressões opostas. Notem que
aquele dia amanhecera alegre para mim. Meu pai, ao almoço, repetiu-me, por antecipação, o
primeiro discurso que eu tinha de proferir na Câmara dos Deputados; rimo-nos muito, e o sol
também, que estava brilhante, como nos mais belos dias do mundo; do mesmo modo que
Virgília devia rir, quando eu lhe contasse as nossas fantasias do almoço. Vai senão quando,
cai-me o vidro do relógio; entro na primeira loja que me fica à mão; e eis me surge o passado,
ei-lo que me lacera e beija; ei-lo que me interroga, com um rosto cortado de saudades e
bexigas...

Lá o deixei; meti-me às pressas na sege, que me esperava no Largo de S. Francisco de Paula,


e ordenei ao boleeiro que rodasse pelas ruas fora. O boleeiro atiçou as bestas, a sege entrou
a sacolejar-me, as molas gemiam, as rodas sulcavam rapidamente a lama que deixara a chuva
recente, e tudo isso me parecia estar parado. Não há, às vezes, um certo vento morno, não
forte nem áspero, mas abafadiço, que nos não leva o chapéu da cabeça, nem rodomoinha nas
saias das mulheres, e todavia é ou parece ser pior do que se fizesse uma e outra coisa, porque
abate, afrouxa, e como que dissolve os espíritos? Pois eu tinha esse vento comigo; e, certo de
que ele me soprava por achar-me naquela espécie de garganta entre o passado e o presente,
almejava por sair à planície do futuro. O pior é que a sege não andava.

− João, bradei eu ao boleeiro. Esta sege anda ou não anda?


− Uê! nhonhô! Já estamos parados na porta de sinhô conselheiro.

(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001,
p. 135-136)

A forma verbal em negrito deve sua flexão ao termo sublinhado em:

a) dei uma moedinha de prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra ocasião, e
saí a passo largo. (1º parágrafo)

b) as rodas sulcavam rapidamente a lama que deixara a chuva recente (2º parágrafo)

c) meti-me às pressas na sege, que me esperava no Largo de S. Francisco de Paula (2º


parágrafo)

d) e tudo isso me parecia estar parado (2º parágrafo)

e) um certo vento morno, não forte nem áspero, mas abafadiço, que nos
não leva o chapéu da cabeça (2º parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Até o momento o item não se encontra grifado, tive que ir até a prova original; típica questão
da FCC para saber o se o sujeito (ou núcleo do sujeito) está corretamente grafado:

215
→ as rodas sulcavam rapidamente a lama que deixara a chuva recente (2º parágrafo) →
sujeito posposto ao verbo, na ordem direta: que a chuva deixara (temos o núcleo do sujeito
assinalado, logo o verbo está flexionado para concordar com esse termo).

227 – Pensar e redigir

O aluno diz ao professor que está com “ótimas ideias” para fazer o trabalho, falta “apenas
colocar no papel”. O rapaz acha que a passagem da boa ideia para a redação que a sustentará
é fácil, ou mesmo automática. É como se o bom conteúdo imaginado garantisse por si mesmo
a forma que melhor o expressará. Essa ilusão se desmancha logo na primeira frase: descobre-
se que cada palavra empregada fixa-se inapelavelmente no papel, diz somente o que diz, e o
mesmo acontece com a ordem das frases que vão chegando, tudo é inapelável, e se apresenta
longe de corresponder às “ótimas ideias”.

Não é o caso de desanimar, mas de aprender que é longo o caminho que vai da ideia solta
e criativa ao necessário determinismo das palavras. Aprende-se com isso o limite que é nosso,
a fronteira onde se detém nossa capacidade de expressão. Esse aprendizado sofrido não deixa
de ser um ganho: faz-nos querer alargar os domínios da nossa capacidade expressiva.

Sendo um limite, na sua compulsória particularização de sentido, toda linguagem é


também a garantia de alguma forma conquistada; ainda que modesta no alcance, essa forma
é mais do que o silêncio que a precedia. O que nos limita é também o que nos define: é o que
nos diz nossa linguagem, no espelho da página em que se projeta.

(CRUZ, Aníbal Tolentino, inédito)

Está plenamente adequada a correlação entre os tempos e modos verbais na frase:

a) Não houvesse a ilusão de que a boa redação acompanha as boas ideias, pode-se evitar
que muitas frustrações ocorram.

b) Muitas frustrações deixarão de ocorrer caso viéssemos a ter a certeza de que boas ideias
não implicavam em boas palavras.

c) Tão logo desconfiemos dos fatais limites que toda expressão impõe, já não seremos
presas fáceis de uma grande frustração.

d) Uma vez que estivéssemos convencidos dos limites da linguagem, passaremos a usá-la
com moderada expectativa.

e) Assim que ele percebesse a redução de suas ideias aos limites de sua linguagem, por que
não reviu suas pretensões?

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

216
A) Não houvesse a ilusão de que a boa redação acompanha as boas ideias, pode-se evitar que
muitas frustrações ocorram. → o correto seria usar o futuro do pretérito do indicativo (poder-
se-ia).

B) Muitas frustrações deixarão de ocorrer caso viéssemos a ter a certeza de que boas ideias
não implicavam em boas palavras. → o correto seria: deixariam (futuro do pretérito do
indicativo).

C) Tão logo desconfiemos dos fatais limites que toda expressão impõe, já não seremos presas
fáceis de uma grande frustração. → correto, correlação verbal formada pelo presente do
subjuntivo e futuro do presente do indicativo.

D) Uma vez que estivéssemos convencidos dos limites da linguagem, passaremos a usá-la
com moderada expectativa. → o correto seria: passaríamos (futuro do pretérito do indicativo).

E) Assim que ele percebesse a redução de suas ideias aos limites de sua linguagem, por que
não reviu suas pretensões? → o correto seria: reveria (futuro do pretérito do indicativo do
verbo "rever").

228 – Pensar e redigir

O aluno diz ao professor que está com “ótimas ideias” para fazer o trabalho, falta “apenas
colocar no papel”. O rapaz acha que a passagem da boa ideia para a redação que a sustentará
é fácil, ou mesmo automática. É como se o bom conteúdo imaginado garantisse por si mesmo
a forma que melhor o expressará. Essa ilusão se desmancha logo na primeira frase: descobre-
se que cada palavra empregada fixa-se inapelavelmente no papel, diz somente o que diz, e o
mesmo acontece com a ordem das frases que vão chegando, tudo é inapelável, e se apresenta
longe de corresponder às “ótimas ideias”.

Não é o caso de desanimar, mas de aprender que é longo o caminho que vai da ideia solta
e criativa ao necessário determinismo das palavras. Aprende-se com isso o limite que é nosso,
a fronteira onde se detém nossa capacidade de expressão. Esse aprendizado sofrido não deixa
de ser um ganho: faz-nos querer alargar os domínios da nossa capacidade expressiva.

Sendo um limite, na sua compulsória particularização de sentido, toda linguagem é


também a garantia de alguma forma conquistada; ainda que modesta no alcance, essa forma
é mais do que o silêncio que a precedia. O que nos limita é também o que nos define: é o que
nos diz nossa linguagem, no espelho da página em que se projeta.

(CRUZ, Aníbal Tolentino, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para integrar
adequadamente a frase:

a) Com os limites da linguagem não (dever) surpreender-se quem das palavras espera a
fiel expressão de uma ideia.

b) Se a todas as boas ideias (vir) sempre a corresponder a melhor expressão delas, não
ficaríamos decepcionados com nossa redação.

217
c) Aos jovens alunos não (costumar) ocorrer que as deficiências de uma redação
comprometem a qualidade das ideias.

d) Os limites verbais que se (reconhecer) na prática da linguagem abrem espaço para


algum aprimoramento na expressão das ideias.

e) Do poder das palavras (resultar), para os usuários de uma língua, a impressão de que
elas sempre traduzem fielmente nossas ideias.

Comentários

O gabarito é a alternativa

229 – Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a gente não se vê. Dei-me
conta da coisa rara que é a amizade. E, no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá.

Lembrei-me de um trecho de Jean-Christophe, que li quando era jovem, e do qual nunca


esqueci. Romain Rolland descreve a primeira experiência com a amizade do seu herói
adolescente. Já conhecera muitas pessoas nos curtos anos de sua vida. Mas o que
experimentava naquele momento era diferente de tudo o que já sentira antes.

Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. Pela primeira vez, estando com
alguém, não sentia necessidade de falar. Bastava a alegria de estarem juntos.

“Christophe voltou sozinho dentro da noite. Nada via. Nada ouvia. Estava morto de sono
e adormeceu apenas deitou-se. Mas durante a noite foi acordado duas ou três vezes, como
que por uma ideia fixa. Repetia para si mesmo: ‘Tenho um amigo’, e tornava a adormecer.”

Jean-Christophe compreendera a essência da amizade. Amiga é aquela pessoa em cuja


companhia não é preciso falar. Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade, então a pessoa
com quem você está não é amiga. Porque um amigo é alguém cuja presença procuramos não
por causa daquilo que se vai fazer juntos, seja bater papo ou comer. Quando a pessoa não é
amiga, terminado o alegre e animado programa, vêm o silêncio e o vazio, que são
insuportáveis.

Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. A amizade anda por caminhos que não
passam por programas.

Um amigo vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o
torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de
comunhão. E alegria maior não pode existir.

(Adaptado de: ALVES, Rubem. O retorno e terno. Campinas: Papirus, 1995, p. 11-13)

A flexão do verbo em destaque deve-se ao elemento sublinhado em:

a) Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna um amigo.
b) terminado o alegre e animado programa, vêm o silêncio e o vazio, que são insuportáveis.
c) Bastava a alegria de estarem juntos.
d) A amizade anda por caminhos que não passam por programas.

218
e) Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

a) Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna um amigo.

Lendo o texto, percebe-se que o sujeito está oculto: (Um amigo) pode até ser útil (...)

b) terminado o alegre e animado programa, vêm o silêncio e o vazio, que são insuportáveis.

O verbo vêm concorda com "O silêncio e o vazio"

c) Bastava a alegria de estarem juntos.

d) A amizade anda por caminhos que não passam por programas.

O verbo passam concorda com "caminhos"

e) Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade

O verbo causa concorda com "silêncio"

230 – Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond
publicou um artigo afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era
repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil, considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra
de renovação da cultura geral”. Na correspondência que manteve com Mário de Andrade nas
décadas de 1920 e 1930, Machado também teria papel crucial no embate acerca da tradição.
Nas cartas, o escritor volta e meia surge como encarnação de um passado a ser descartado.

Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”,
uma das mais belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único
verso dá a medida do elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O
poema compõe-se de frases do escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava.
O poeta maduro, que agora assinava Carlos Drummond de Andrade, emprestava palavras do
próprio Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação, o “bruxo do Cosme
Velho”. O que teria se passado com Drummond para mudar tão radicalmente de posição?

Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes
gerações. O processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo
movimento que marca a construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e,
finalmente, pela reapropriação do legado.

A assimilação dificultosa do passado é também um processo vivido pela geração de


Drummond. Os antepassados foram vistos muitas vezes como obstáculos aos desejos de
renovação que emergiram a partir da década de 1910 em vários pontos do Brasil. E tanto no
âmbito individual como no geracional, Machado surge como emblema do antigo. Alguém que

219
fora sepultado com os elogios fúnebres de Rui Barbosa e Olavo Bilac não podia deixar de ser
uma pedra no caminho para escritores investidos do propósito de romper com as convenções.
Até Drummond chegar à declaração de respeito, admiração e amor, foi um longo percurso.
Pouco a pouco, Machado deixa de ser ameaça para se tornar uma presença imensa que ocupa
a imaginação do poeta.

(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido.
São Paulo: Três Estrelas, 2019, p. 9-30.)

Está correta a redação deste livre comentário:

a) O ímpeto de renovação da cena cultural nacional, dificultou para toda uma geração no
início do século, a assimilação de um legado.

b) Através de exemplos das cartas enviadas, notam-se a presença incômoda de Machado


de Assis no desenvolvimento intelectual de Carlos Drummond.

c) Costuma-se considerar que, a rivalidade entre um jovem escritor e outro já consagrado


deve-se a imaturidade do primeiro.

d) Em diversos momentos, Carlos Drummond criticou a transformação de Machado de Assis


em uma celebridade literária.

e) Na maturidade, com palavras do próprio Machado de Assis, Carlos Drummond criou o


epíteto “bruxo do Cosme Velho” cujo ficou bastante notório.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) O ímpeto de renovação da cena cultural nacional, dificultou para toda uma geração no início
do século, a assimilação de um legado. → vírgula separando erroneamente o sujeito de seu
verbo.

B) Através de exemplos das cartas enviadas, notam-se a presença incômoda de Machado de


Assis no desenvolvimento intelectual de Carlos Drummond. → voz passiva sintética com sujeito
paciente no singular, o correto é: Nota-se a presença (a presença é notada).

C) Costuma-se considerar que, a rivalidade entre um jovem escritor e outro já consagrado


deve-se a imaturidade do primeiro. → considerar ISSO, a vírgula está separando a conjunção
integrante do restante da oração subordinada substantiva objetiva direta, marcando, assim,
erro.

D) Em diversos momentos, Carlos Drummond criticou a transformação de Machado de Assis


em uma celebridade literária. → correto, adjunto adverbial deslocado marcado corretamente
pela vírgula.

E) Na maturidade, com palavras do próprio Machado de Assis, Carlos Drummond criou o epíteto
“bruxo do Cosme Velho” cujo ficou bastante notório. → uso incorreto do pronome "cujo" (não
está ligando dois substantivos), o correto seria somente o uso do pronome relativo "que".

220
231 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de


malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto
(org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Está escrito em conformidade com as regras de concordância este livre comentário:

a) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores.

b) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo.

c) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré.

d) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de
carqueja.

e) Quando se encontrava na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo “Ô,


batuta!”.

Comentários

221
O gabarito é a alternativa D.

A) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores. →
temos o aposto resumitivo "nada", o verbo deve concordar com esse aposto: nada...era.

B) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo. → temos
um sujeito simples com o núcleo no singular "hábito", o correto é: foi adquirido.

C) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré. →
temos um sujeito posposto ao verbo sendo composto (dois núcleos), logo na ordem direta e
com correção: Os morros e os bondes de Jaguaré fizeram parte....

D) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de
carqueja. → correto.

E) Quando se encontrava na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo “Ô,


batuta!”. → as pessoas... se encontravam; se saudarem;

232 – De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo


de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto
(org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Está escrito em conformidade com as regras de concordância este livre comentário:

222
a) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores.

b) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo.

c) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré.

d) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de
carqueja.

e) Quando se encontrava na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo “Ô,


batuta!”.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores. →
temos o aposto resumitivo "nada", o verbo deve concordar com esse aposto: nada...era.

B) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo. → temos
um sujeito simples com o núcleo no singular "hábito", o correto é: foi adquirido.

C) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré. →
temos um sujeito posposto ao verbo sendo composto (dois núcleos), logo na ordem direta e
com correção: Os morros e os bondes de Jaguaré fizeram parte....

D) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de
carqueja. → correto.

E) Quando se encontrava na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo “Ô,


batuta!”. → as pessoas... se encontravam; se saudarem;

233 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.

2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.

3. Recém-formado, Kafka começa a trabalhar numa companhia de seguros, afirmando que


esse trabalho matará sua vocação; como poderia chegar a ser um escritor alguém que dedica
tantas horas a um afazer alimentício? Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas. Mas
este fez o que a maioria deles não faz: escrever em todos os momentos livres que tinha, e,
embora tenha publicado pouco em vida, deixar uma obra de longuíssimo fôlego.

223
4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos
livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi
um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.

5. A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos que acreditavam no talento


de Kafka, há agora uma retomada dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça!
O mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de acatado a decisão do amigo a
quem admirava, salvado para os leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.

6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.

7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia
publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia,
perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e
histórias.

(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. 19/5/19. Disponível em: brasil.elpais.com)

Está correta a redação do livre comentário que se encontra em:

a) Ao esmiuçar sua insegurança, Kafka afirmou que nenhuma das coisas e pessoas que
conhecia lhes inspiravam confiança, a não ser a terra em que pisava.

b) A opção de escrever em todos os momentos disponíveis, como fizera Kafka, são poucos
os escritores que adota.

c) Deve ter havido expectativas otimistas de Kafka em relação a sua obra, uma vez que não
foi capaz de queimar seus escritos inéditos.

d) Na cidade de Praga, encontra-se, em diversos lugares, turistas que tiram fotos e


compram livros e recordações de Kafka.

e) A indagação de que mais horas do dia deveriam ser dedicados à escrita costumam
acompanhar os escritores.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) Ao esmiuçar sua insegurança, Kafka afirmou que nenhuma das coisas e pessoas que
conhecia lhes inspiravam confiança, a não ser a terra em que pisava. → o correto seria usar o
"lhe", equivalendo "nele", retomando o termo "Kafka".

B) A opção de escrever em todos os momentos disponíveis, como fizera Kafka, são poucos os
escritores que adota. → o pronome relativo "que" retoma um termo no plural "escritores", logo
o correto seria o verbo estar flexionado no plural "adotam".

224
C) Deve ter havido expectativas otimistas de Kafka em relação a sua obra, uma vez que não
foi capaz de queimar seus escritos inéditos. → correto.

D) Na cidade de Praga, encontra-se, em diversos lugares, turistas que tiram fotos e compram
livros e recordações de Kafka. → temos uma voz passiva sintética (se) com o sujeito paciente
no plural, logo o correto seria: encontram-se turistas...; turistas são encontrados.

E) A indagação de que mais horas do dia deveriam ser dedicados à escrita costumam
acompanhar os escritores. → mais horas... dedicadas.

234 – Para responder à questão,considere o texto abaixo.

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo


de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa
companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase,


redigida a partir do texto:

a) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja.


b) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo.
c) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.
d) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros.

225
e) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja. → voltar a algum lugar
(preposição "a"), porém já temos o artigo indefinido "um", logo não há como ocorrer a crase,
somente a preposição deve estar presente: a um dia...

B) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo. → não se manterão com algo (o
termo não rege a preposição "a"), logo somente o artigo definido "a" que acompanha o
substantivo "passagem" deveria estar presente: com a passagem.

C) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais. → nós dedicamos a alguma
coisa (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino "criação"=
crase (à criação).

D) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros. → O correto é "propuseram";
crase antes de verbo é incorreto.

E) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada. → temos um pronome
masculino "outro", logo ele não é acompanhando pelo artigo definido "a", dessa forma, sem
crase.

235 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.

2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.

3. Recém-formado, Kafka começa a trabalhar numa companhia de seguros, afirmando que


esse trabalho matará sua vocação; como poderia chegar a ser um escritor alguém que dedica
tantas horas a um afazer alimentício? Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas. Mas
este fez o que a maioria deles não faz: escrever em todos os momentos livres que tinha, e,
embora tenha publicado pouco em vida, deixar uma obra de longuíssimo fôlego.

4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos
livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi
um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.

5. A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos que acreditavam no talento


de Kafka, há agora uma retomada dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça!

226
O mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de acatado a decisão do amigo a
quem admirava, salvado para os leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.

6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.

7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia
publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia,
perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e
histórias.

(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. 19/5/19. Disponível em: brasil.elpais.com)

O verbo em negrito deve sua flexão ao termo sublinhado em:

a) embora talvez restasse alguma expectativa otimista


b) abrindo lojas que tiveram certo êxito e elevaram os níveis de vida da família
c) quando escrevia, perdia a insegurança da qual sempre padeceu
d) Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas.
e) que, naqueles anos, já havia publicado alguns livros

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) embora talvez restasse alguma expectativa otimista → correto, sujeito posposto ao


verbo, na ordem direta: alguma expectativa restasse; o substantivo "expectativa" é núcleo do
sujeito.

236 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.

2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.

3. Recém-formado, Kafka começa a trabalhar numa companhia de seguros, afirmando que


esse trabalho matará sua vocação; como poderia chegar a ser um escritor alguém que dedica
tantas horas a um afazer alimentício? Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas. Mas
este fez o que a maioria deles não faz: escrever em todos os momentos livres que tinha, e,
embora tenha publicado pouco em vida, deixar uma obra de longuíssimo fôlego.

4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos
livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi
um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que

227
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.

5. A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos que acreditavam no talento


de Kafka, há agora uma retomada dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça!
O mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de acatado a decisão do amigo a
quem admirava, salvado para os leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.

6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.

7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia
publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia,
perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e
histórias.

(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. 19/5/19. Disponível em: brasil.elpais.com)

Mantendo-se a correção, o verbo que pode ser flexionado no plural, sem que nenhuma outra
alteração seja feita na frase, está em:

a) alguém que dedica tantas horas a um afazer alimentício


b) o que a maioria deles não faz
c) do contrário, ele mesmo os teria queimado
d) se notasse que foi um dos grandes
e) naqueles anos, já havia publicado alguns livros

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

→ o que a maioria deles não faz → temos o termo partitivo "a maioria", dupla possibilidade
de concordância, ou com esse termo (a maioria...faz); ou com o termo especificado
(deles...fazem).

237 – Em reunião realizada na capital de Ruanda, no leste da África, as nações do


mundo ...I... em cortar cerca de 80% das emissões dos gases HFCs, o que ...II... o
aquecimento global em 0,5 grau Celsius ainda neste século. Os países ...III... estabilizando
suas emissões de HFCs e farão cortes de 80% ou mais até a metade deste século.

(Adaptado de: Folha de S.Paulo, 16/10/16. Mundo, A19)

Preenchem corretamente as lacunas I, II e III da notícia acima, nesta ordem:

a) concordarão – minimizou – começaram


b) concordaram – minimizaria – começarão

228
c) concordariam – minimizaria – começavam
d) concordarão – minizava – começassem
e) concordaram – minizava – comecem

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Em reunião realizada na capital de Ruanda, no leste da África, as nações do mundo ...I... em


cortar cerca de 80% das emissões dos gases HFCs, o que ...II... o aquecimento global em 0,5
grau Celsius ainda neste século. Os países ...III... estabilizando suas emissões de HFCs e farão
cortes de 80% ou mais até a metade deste século.

→ concordaram (marcando o pretérito mais-que-perfeito, ação situada no passado e que


ocorreu antes de outra, já finalizada);

→ minimizaria (futuro do pretérito);

→ começarão (futuro do presente do indicativo, fato que ainda irá acontecer).

238 – Por que o cão que insiste em enterrar ossos? Na verdade, ele age assim porque
ancestrais que ...I... comida lhe ...II... esse instinto. Enquanto outros exemplares menos
precavidos eram mais atingidos pela fome, os mais bem nutridos ...III... se defender e se
reproduzir melhor.

(Adaptado de: ROSSI, Alexandre. Disponível em: http://www.scielo.br)

Completam corretamente as lacunas I, II e III, nessa ordem:

a) esconderão – passavam – poderiam


b) escondiam – passaram – puderam
c) esconderiam – passavam – poderão
d) escondiam – passem – poderiam
e) escondam – passam − pudessem

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Por que o cão que insiste em enterrar ossos? Na verdade, ele age assim porque ancestrais
que ...I... comida lhe ...II... esse instinto. Enquanto outros exemplares menos precavidos
eram mais atingidos pela fome, os mais bem nutridos ...III... se defender e se reproduzir
melhor.

→ "escondiam" (marcando o pretérito imperfeito do indicativo, fato passado que não há como
marcar uma data certa, é imperfeito, se estendeu no passado).

229
→ "passaram" (pretérito perfeito do indicativo, marcando um fato concluído).

→ "puderam" (pretérito perfeito do indicativo novamente).

239 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

Uma pesquisa feita em uma universidade mostrou que cães têm a capacidade de
distinguir palavras de um vocabulário e captar a entonação da fala dos donos usando regiões
cerebrais semelhantes àquelas usadas por seres humanos.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram a atividade do cérebro dos


cães em aparelhos de ressonância magnética. Eles ouviam então gravações de vozes de seus
donos ou treinadores usando várias combinações de vocabulário e entonação, ou elogiando ou
de modo neutro.

"A imagem por ressonância magnética fornece um método inofensivo de medição de que
os cães gostam", diz a coautora do estudo.

Independentemente da entonação, cães reconheceram cada palavra como algo distinto e


o fizeram de uma forma similar aos seres humanos, usando o lado esquerdo do cérebro.
Os pesquisadores descobriram ainda que os cães processam a entonação separadamente
do vocabulário, nas regiões auditivas no lado direito do cérebro, o que também acontece com
humanos.

Os pesquisadores observaram que o elogio ativa o "centro de recompensa" do cérebro


dos cães – a região que responde a estímulos de prazer. Mas o centro de recompensa só era
ativado quando o cão ouvia palavras de louvor com entonação adequada.

Isso mostra que, para os cães, um elogio pode funcionar como recompensa, mas funciona
melhor ainda se as palavras e a entonação baterem. Ou seja, os animais não só separam o
que dizemos e como dizemos, mas também podem combinar os dois para uma melhor
interpretação do que aquelas palavras realmente querem dizer.

Os resultados indicam que os mecanismos neurais para processar palavras evoluíram


bem antes do que se imaginava. "O que torna as palavras singularmente humanas não é a
capacidade neural para processá-las", dizem os autores. Seres humanos são únicos na sua
capacidade de inventar palavras.

(Adaptado de: NETO, Ricardo Bonalume. Disponível


em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia)

Ao se reescrever uma passagem do texto, foi observado o respeito às normas de concordância


em:

a) Foram observados pelos pesquisadores que o elogio ativa a área considerado como o
"centro de recompensa" do cérebro dos cães.

b) No estudo, a atividade do cérebro dos cães foi medida pelos pesquisadores em aparelhos
de ressonância magnética.

230
c) A entonação, o que também foi descoberto por pesquisadores, é processado pelos cães
no lado direito do cérebro.

d) Gravações de vozes dos donos ou treinadores, com várias combinações de vocabulário e


entonação, ou elogiando ou de modo neutro, foi usado na pesquisa.

e) A partir dos resultados da pesquisa, percebem-se que evoluiu, bem antes do que se
imaginava, os mecanismos neurais para processar palavras.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Foram observados pelos pesquisadores que o elogio ativa a área considerado como o
"centro de recompensa" do cérebro dos cães. → temos uma oração subordinada substantiva
subjetiva (função de sujeito) que está deslocada; ISSO foi observado (verbo fica no singular).

B) No estudo, a atividade do cérebro dos cães foi medida pelos pesquisadores em aparelhos
de ressonância magnética. → correto.

C) A entonação, o que também foi descoberto por pesquisadores, é processado pelos cães no
lado direito do cérebro. → termos colocados entre o verbo e o sujeito para tentar confundir o
candidato; a entonação é processada.

D) Gravações de vozes dos donos ou treinadores, com várias combinações de vocabulário e


entonação, ou elogiando ou de modo neutro, foi usado na pesquisa. → temos um sujeito
simples com núcleo no plural, logo, sujeito vai ao plural (gravações foram usadas).

E) A partir dos resultados da pesquisa, percebem-se que evoluiu, bem antes do que se
imaginava, os mecanismos neurais para processar palavras. → temos uma voz passiva
sintética (percebe-se ISSO; ISSO é percebido); os mecanismos evoluíram...

240 – Está plenamente correta a concordância, a ortografia e a acentuação da frase que


se encontra em:

a) Com os novos métodos de cultivo agrícola e armazenagem de alimentos, o acesso de


grandes massas populacionais a nutrientes de alta qualidade foi possível.

b) Hoje os alimentos da classe media tem mais nutrientes do que as dos nóbres da Idade
Media.

c) A explozão da epidemia de obesidade que se vê no mundo hoje foi causado pela ingestão
diaria de calorias em excesso em um corpo sedentário.

d) O sistema de saúde sofre consequencias graves provocadas por doenças causado pela
vida sedentária, conforme estudo de pesquisadores.

e) Aplicando estatistica, tira-se diversas concluzões a respeito das verbas que é despendido
no sistema de saúde.

231
Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) Com os novos métodos de cultivo agrícola e armazenagem de alimentos, o acesso de


grandes massas populacionais a nutrientes de alta qualidade foi possível. → correto.

B) Hoje os alimentos da classe media tem mais nutrientes do que as dos nóbres da
Idade Media. → o correto é: média, têm (marcando a concordância com "alimentos"), nobres.

C) A explozão da epidemia de obesidade que se vê no mundo hoje foi causado pela


ingestão diaria de calorias em excesso em um corpo sedentário. → o correto é: explosão, (foi
causada), diária.

D) O sistema de saúde sofre consequencias graves provocadas por doenças causado pela vida
sedentária, conforme estudo de pesquisadores. → o correto é: consequências; doenças
causadas.

E) Aplicando estatistica, tira-se diversas concluzões a respeito das verbas que é


despendido no sistema de saúde. → o correto é: estatística, tiram-se diversas conclusões (voz
passiva sintética com sujeito paciente no plural, logo verbo vai ao plural); são despendidas.

241 – Linguagens

Há muitas linguagens em nossa linguagem. Disse isso a um amigo, a propósito da


diversidade de níveis de comunicação, e ele logo redarguiu:

− Mas certamente você concordará em que haverá linguagens boas e linguagens ruins,
melhores e piores.

− Não é tão simples assim, respondi. Essa, como se sabe, é uma discussão acesa, um
pomo da discórdia, que envolve argumentos linguísticos, sociológicos e políticos. A própria
noção de erro ou acerto está mais do que relativizada. Tanto posso dizer “e aí, mano, tudo nos
conformes?” como posso dizer “olá, como está o senhor?”: tudo depende dos sujeitos e dos
contextos
envolvidos.
As linguagens de uma notícia de jornal, de uma bula de remédio, de um discurso de
formatura, de uma discussão no trânsito, de um poema e de um romance diferenciam-se
enormemente, cada uma envolvida com uma determinada função. Considerar a pluralidade de
discursos e tudo o que se determina e se envolve nessa pluralidade é uma das obrigações a
que todos deveríamos atender, sobretudo os que defendem a liberdade de expressão e de
pensamento.

(Norton Camargo Pais, inédito)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

232
a) Embora existam os que pensem diversamente, o emprego das linguagens revela porquê
algumas são consideradas mais preferíveis do que outras.

b) Apesar de que não houveram exemplos efetivamente ilustrativos, o texto dispõe de que
os níveis de linguagem são vários e justificáveis.

c) Não haverá como qualificar a eficácia do emprego de uma fala deixando de se considerar
a situação do falante e o contexto dessa fala.

d) Ainda que não se leve em conta as diferenças de linguagem, seria preciso que se
considerasse as diferenças de situações implicitadas.

e) Deve-se a variação de linguagens os encantamentos que nos proporcionam a leitura de


diferentes gêneros literários.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

a) Embora existam os que pensem diversamente, o emprego das linguagens


revela porquê [por que] algumas são consideradas mais preferíveis do que outras.

b) Apesar de que não houveram [houve] exemplos efetivamente ilustrativos, o texto dispõe
de que os níveis de linguagem são vários e justificáveis.

d) Ainda que não se leve [levem] em conta as diferenças de linguagem, seria preciso que se
considerasse as diferenças de situações implicitadas.

e) Deve-se [devem-se] a [à] variação de linguagens os encantamentos que nos proporcionam


a leitura de diferentes gêneros literários.

242 – [Nossa quota de felicidade]

Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi
unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e
hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e
a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente
sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana
e a psicologia humana.

Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos
se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de
nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios
desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido
astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que
os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma
parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda,
impérios, ciência e indústria?

233
Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais
importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos
atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.
Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.
Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e
satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas
esse relato progressista não convence.

(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad.
Janaína Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o elemento
sublinhado na frase:

a) É injusto que se (atribuir) aos homens de uma época o ônus de consequências que eles
não podiam prever.

b) Nos últimos cinco séculos de nossa história (haver) revoluções que alteraram
fundamentalmente os modos de produção.

c) Não (caber) aos homens de uma época projetar as etapas seguintes do progresso,
buscar prever o imprevisível.

d) Ao se (desfazer) as certezas absolutas, um improviso criativo ganha uma importância


fundamental.

e) As perguntas que não se (colocar) a um historiador tendem a ser provocadas pelo


próprio curso dos fatos históricos.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

a) É injusto que se (atribuir) aos homens de uma época o ônus de consequências que eles
não podiam prever.. CONCORDA COM ÔNUS;

b) Nos últimos cinco séculos de nossa história (haver) revoluções que alteraram
fundamentalmente os modos de produção.; VERBO HAVER NÃO FLEXIONA;

c) Não (caber) aos homens de uma época projetar as etapas seguintes do progresso, buscar
prever o imprevisível.; CONCORDA COM OS VERBOS PROJETAR E BUSCAR;

d) Ao se (desfazer) as certezas absolutas, um improviso criativo ganha uma importância


fundamental.; GABARITO;

e) As perguntas que não se (colocar) a um historiador tendem a ser provocadas pelo próprio
curso dos fatos históricos.: CONCORDA COM "PERGUNTAS"

234
243 – A frase escrita em conformidade com a concordância e a regência da norma-padrão da
língua é:

a) Um grande número de estudantes foi às ruas exigir medidas efetivas no combate às


mudanças climáticas.

b) As reivindicações de Greta Thunberg incluem à redução da emissão dos gases que


acarreta o efeito estufa.

c) São importantes lembrar que as mudanças climáticas arriscam à vida de espécies em


várias regiões do planeta.

d) Em todo o mundo, jovens se dispõe a participar de protestos que alertam na preservação


do meio ambiente.

e) Engajado sob a preservação ambiental, jovens se reúnem em protestos totalmente


organizados pela internet.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

a) Um grande número de estudantes foi às ruas exigir medidas efetivas no combate às


mudanças climáticas. (CORRETA)

b) As reivindicações de Greta Thunberg incluem à redução da emissão dos gases que acarreta
o efeito estufa.

Correção: O verbo incluir não rege preposição "a".

c) São importantes lembrar que as mudanças climáticas arriscam à vida de espécies em várias
regiões do planeta.

Correção: É importante. O verbo arriscar, nesse caso, não rege preposição "a".

d) Em todo o mundo, jovens se dispõe a participar de protestos que alertam na preservação


do meio ambiente.

Correção: Núcleo do sujeito no plural, portanto o verbo deve concordar com o sujeito. O correto
é "dispõem".

e) Engajado sob a preservação ambiental, jovens se reúnem em protestos totalmente


organizados pela internet.

Correção: Novamente, se o sujeito está no plural, o predicativo do sujeito também deve estar.
O correto é "engajados".

235
244 – Atenção: Para responder a questão, leia a notícia a seguir, publicada em 15 de março
de 2019.

Estudantes vão às ruas em protesto global contra mudança climática

Milhares de estudantes saíram às ruas nesta sexta-feira (15) para protestar por medidas
efetivas no combate às mudanças climáticas.

O movimento “Fridays For Future” (Sextas-feiras pelo futuro) ganhou força com Greta
Thunberg, que uma vez por semana falta às aulas, em Estocolmo, para se sentar em uma
praça em frente ao Parlamento da Suécia e pedir medidas concretas contra o aquecimento
global. Nesta sexta, não foi diferente. Greta protestou diante do Parlamento na capital do país,
cercada por 30 manifestantes. Ao todo, nesta sexta, estão previstos 2 mil eventos em 123
países − no Brasil, 20 cidades têm protestos agendados.

“Não sou a origem do movimento. Já existia. Precisava apenas de uma faísca para acender.
Vivemos uma crise existencial ignorada durante décadas. Se não agirmos agora, será muito
tarde”, disse Thunberg.

Desde o ano passado, Greta já discursou em eventos internacionais como a COP24, a


Conferência do Clima da ONU, em dezembro, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na
Suíça, em janeiro. Nesta quinta (14), ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por três políticos
noruegueses por sua atuação na agenda ambiental.

(Adaptado de: OLIVEIRA, Elida. Portal G1, 15.03.2019. Disponível em:


https://g1.globo.com)

Ao todo, nesta sexta, estão previstos 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades têm
protestos agendados. (2º parágrafo)

Caso a notícia fosse publicada depois de todos os eventos previstos acontecerem de fato, essa
frase poderia ser reescrita da seguinte maneira, conforme a norma-padrão da língua:
Ao todo, nesta sexta,

a) houveram 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, tiveram protestos em 20 cidades.


b) haviam 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades tinham protestos.
c) haveria 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, teriam protestos em 20 cidades.
d) houve 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades tiveram protestos.
e) havia 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades tinha protestos.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) houveram 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, tiveram protestos em 20 cidades. →


verbo "haver" com sentido de "ocorrer" é um verbo impessoal e que não deve ser flexionado,
logo o correto seria "houve".

B) haviam 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades tinham protestos. → verbo
"haver" com sentido de "ocorrer" é um verbo impessoal e que não deve ser flexionado, logo o
correto seria "havia".

236
C) haveria 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, teriam protestos em 20 cidades. → de
acordo com o comando da questão não é adequado usar o futuro do pretérito do indicativo.

D) houve 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades tiveram protestos. → correto,
verbo "haver" sem estar no plural e conjugado no pretérito perfeito do indicativo,
indicando que a ação verbal aconteceu num determinado momento do passado, tendo o seu
início e o seu fim no passado

E) havia 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades tinha protestos. → 20 cidades
TINHAM, o sujeito está no plural, logo o verbo sendo pessoal deveria concordar com o sujeito.

245 – Está correta a redação do seguinte comentário:

a) Visto que, em uma determinada escola, cada um dos estudantes apresentam diferentes
talentos, a mesma aula pode ser percebida como fácil para alguns, enquanto a outros, parece
intransponível.

b) Os pais de hoje creem que, não ceder aos desejos da criança faz parte de uma educação
sólida, mesmo quando lhe pedem coisas insignificantes, que caberia no orçamento.

c) Como é difícil admitir que não somos todos iguais, oculta-se atualmente as diferenças
entre alunos bem-sucedidos e aqueles que não apresentam a mesma predisposição e
inteligência destes.

d) Embora a ideia de que seríamos hedonistas e imediatistas esteja disseminada e chegue


a despertar a indignação de alguns, o fato é que se valoriza, na nossa cultura, a renúncia ao
prazer.

e) Acredita-se que hajam aqueles que perdem a coragem diante de uma frustração, ainda
que possuam as mesmas habilidades dos que não desistem; estes, assim, não recuam diante
dos reveses.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) Visto que, em uma determinada escola, cada um dos estudantes apresentam diferentes
talentos, a mesma aula pode ser percebida como fácil para alguns, enquanto a outros, parece
intransponível. → temos uma concordância feita com a expressão "cada um", o verbo deveria
concordar com ela e ir ao singular: cada um... apresenta.

B) Os pais de hoje creem que, não ceder aos desejos da criança faz parte de uma educação
sólida, mesmo quando lhe pedem coisas insignificantes, que caberia no orçamento. → vírgula
inadequada e o certo seria "caberiam", concordando com o sujeito "que", o qual retoma um
substantivo no plural "coisas insignificantes".

C) Como é difícil admitir que não somos todos iguais, oculta-se atualmente as diferenças entre
alunos bem-sucedidos e aqueles que não apresentam a mesma predisposição e inteligência
destes. → temos uma voz passiva sintética, o sujeito paciente está no plural, logo o verbo
deveria estar no plural: ocultam-se as diferenças (as diferenças são ocultadas).

237
D) Embora a ideia de que seríamos hedonistas e imediatistas esteja disseminada e chegue a
despertar a indignação de alguns, o fato é que se valoriza, na nossa cultura, a renúncia ao
prazer. → correta.

E) Acredita-se que hajam aqueles que perdem a coragem diante de uma frustração, ainda que
possuam as mesmas habilidades dos que não desistem; estes, assim, não recuam diante dos
reveses. → verbo "haver" com sentido de "existir" é impessoal e não deve ser flexionado, logo
o correto seria: haja aqueles que...

246 – A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia-Geral das
Nações Unidas em 1948. Com a Declaração, estabeleceu-se que a humanidade compartilha de
alguns valores comuns, considerados fundamento, inspiração e orientação no processo de
desenvolvimento da comunidade internacional, compreendida não apenas como uma
comunidade constituída por Estados-nação independentes, mas também de indivíduos livres e
iguais.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma resposta à intolerância étnica e racial
verificada durante a Segunda Guerra Mundial. O holocausto, os campos de concentração, a
morte de milhares de seres humanos, a maior parte judeus – além de comunistas,
homossexuais e todos aqueles que se opunham à marcha dos regimes autoritários europeus
– constituem desdobramentos dramáticos dessa intolerância. Para entender por que os direitos
humanos se converteram em bandeira de luta, é preciso entender os acontecimentos da
Segunda Guerra.

A afirmação dos direitos humanos é ao mesmo tempo universal e positiva. Universal


porque alcança todos os homens, independentemente de raça, cor, credo religioso, classe,
gênero, nacionalidade ou qualquer outra sorte de clivagem econômica, política, social ou
cultural. Positiva porque coloca em movimento um conjunto de preceitos que visam proteger
os direitos humanos. Agora, não se trata apenas de proclamar princípios e atribuir-lhes
fundamento teórico. Trata-se, antes de tudo, de assegurá-los mediante a criação de leis,
normas e regulamentos, seja no âmbito de um Estado nacional, seja no âmbito de convenções
internacionais.

Os direitos humanos não constituem uma agenda com fim determinado. À medida que as
sociedades humanas se transformam, e se tornam mais complexas as relações sociais, novos
direitos vão sendo criados. Isso significa que as lutas em torno das conquistas desses direitos
são contínuas, visando vigiar o rigoroso cumprimento dos acordos e das leis.

(Adaptado de: ADORNO, Sérgio. “Os Primeiros 50 Anos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos da ONU”. Disponível em: nevusp.org)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia-Geral das Nações
Unidas em 1948. (1° parágrafo)

Transformando-se o segmento sublinhado no sujeito da frase acima, a forma verbal resultante


será:

a) tinha sido aprovado.


b) aprovaram.
c) aprovaram-se.
d) aprovou.

238
e) haviam aprovado.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia-Geral das
Nações Unidas em 1948. ↔ A Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 1948, aprovou a
Declaração Universal dos Direitos Humanos.

247 – Cem anos atrás, pessoas que ..I.. (nascer) na Índia ou na Coreia ..II.. . (ter) uma
expectativa de vida de apenas 23 anos.

Considerando a adequada correlação verbal, preenchem as lacunas I e II da frase acima,


respectivamente:

a) havessem nascido – teriam tido


b) nasceriam – tiveram
c) nasciam – tivessem tido
d) nascessem – teriam
e) nascera – teram

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

→ Cem anos atrás, pessoas que NASCESSEM na Índia ou na Coreia TERIAM uma expectativa
de vida de apenas 23 anos.

→ temos o pretérito imperfeito do subjuntivo (nascessem) >>> indica um acontecimento


determinado por outro, uma possibilidade, uma incerteza;

→ temos o futuro do pretérito do indicativo (teriam) >>> refere-se a um fato que poderia ter
acontecido posteriormente a uma situação passada.

248 – Encontram-se respeitadas as normas de concordância em:

a) Todos que tem costume de frequentar o teatro brasileiro reconhece seu importante papel
político na formação da cidadania.

b) Um dos papéis mais conhecidos de Fernanda Montenegro foi o representado no filme “A


Falecida”, adaptado da peça homônima de Nelson Rodrigues.

239
c) Fernanda Montenegro, juntamente com Marília Pera, é uma das grandes atrizes
brasileiras de todos os tempos, sejam no teatro, sejam na televisão.

d) Assemelham-se aos teatros antigos, em sua estrutura básica, a ágora, um dos símbolos
da democracia dos gregos.

e) A peça “O Rei da Vela”, encenada pelo Teatro Oficina duas vezes, um dos principais
grupos do teatro brasileiro, ainda hoje mantêm sua atualidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Todos que tem costume de frequentar o teatro brasileiro reconhece seu importante papel
político na formação da cidadania. → o correto seria "têm" (terceira pessoa do plural do
presente do indicativo) e "reconhecem".

B) Um dos papéis mais conhecidos de Fernanda Montenegro foi o representado no filme “A


Falecida”, adaptado da peça homônima de Nelson Rodrigues. → concordância deita com o
termo "um dos", estando plenamente correta.

C) Fernanda Montenegro, juntamente com Marília Pera, é uma das grandes atrizes brasileiras
de todos os tempos, sejam no teatro, sejam na televisão. → o correto seria "seja".

D) Assemelham-se aos teatros antigos, em sua estrutura básica, a ágora, um dos símbolos da
democracia dos gregos. → temos um sujeito posposto ao verbo e um termo intercalado por
vírgulas para tentar confundir o candidato, o correto seria: A ágora assemelha-se aos teatros
antigos...

E) A peça “O Rei da Vela”, encenada pelo Teatro Oficina duas vezes, um dos principais grupos
do teatro brasileiro, ainda hoje mantêm sua atualidade. → o núcleo do sujeito simples é
"peça", foram colocados diversos itens entre o sujeito e o verbo para dispersar o candidato,
mas o correto seria: peça mantém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo).

249 – Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua
moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75
anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.

Por viver tantos personagens, o ator não se torna um ser diferente?

− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos
num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você
tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma,
incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te
obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que
aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão
num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso
acontece.

240
Em casos como esse dá para guardar as emoções?

− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate
na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que
muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo
imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia.
Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro
ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma
energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma
pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou,
não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar
fascínio e buscar uma comunhão.

O que significa esse ofício de atriz?

– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos
sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda,
os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser
humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num
cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores.
Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no
fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada
pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a
cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?

(Adaptado de: Revistae, São Paulo, Sesc, jul. 2018.)

A flexão do verbo em destaque deve-se ao elemento sublinhado em:

a) Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona... (3° parágrafo)
b) Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval... (último parágrafo)
c) ...porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. (2° parágrafo)
d) Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia... (2° parágrafo)
e) Acho que no fundo tudo na vida é um teatro. (último parágrafo)

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

→ queremos, basicamente, o sujeito:

A) Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona... (3° parágrafo) → o
termo "o espetáculo" é objeto direto (ver algo → o espetáculo).

B) Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval... (último parágrafo) → "um ato
medieval" é o predicativo do sujeito, marcado pelo verbo de ligação "ser";

241
C) ...porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. (2° parágrafo) → essa
alternativa poderia ser fator de queda, mas observe que o pronome "nos" é o oblíquo átono e
tem função de objeto direto, aceitamos alguma coisa (nos); se fosse o "nós" aí sim seria o
sujeito e uma possível resposta.

D) Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia... (2° parágrafo) → temos
a nossa resposta, quem faz? você; Você faz (temos o nosso sujeito), o verbo é flexionado
devido a ele.

E) Acho que no fundo tudo na vida é um teatro. (último parágrafo) → O verbo está flexionado
devido ao sujeito oculto na primeira pessoa do singular: EU acho; o termo "tudo" é sujeito do
verbo "é".

250 – A Idade da Comunicação

Foi-lhe posto o nome de Idade da Comunicação porque nela sucedeu a confusão da


linguagem de toda a Terra. Ainda ficaria mais certo dizer: “das linguagens”, incluindo na
confusão as comunicações orais, escritas, iconográficas, tácteis etc.

Considerável parte da humanidade fala ou arranha o inglês. Intérpretes bem treinados


reproduzem com fidelidade os pensamentos de antípodas. As notícias dão volta ao mundo
antes que uma dona de casa faça chegar a uma vizinha a cortesia de um pedaço de bolo. Uma
pessoa pode ocupar todas as horas do dia informando-se do que se passa no resto do mundo.
As palavras básicas de todas as comunidades e nações são as mesmas: paz, amor, liberdade,
fraternidade, justiça, democracia...

Mas a comunicação não se estabelece. Dizemos paz e fazemos a guerra. Proclamamos o


amor e puxamos as armas. Os continentes brigam, as raças se hostilizam, e o próprio idioma
utilizado dos governos para com o povo sofre distorções. Apenas em um setor a eficiência da
comunicação costuma atingir o ótimo: os produtos de consumo, mesmo quando inoperantes,
são regularmente vendidos. Estamos por dentro, cada um de nós, cheios de ligações erradas,
de informações falsas ou equívocas. Nossas paixões famélicas não se comunicam com o nosso
tíbio amor pelo conhecimento da verdade; nosso egoísmo não nos transmite sinal algum do
que se passa com o próximo em naufrágio. É a Idade da Comunicação.

(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 174-175)

Há observância das normas gramaticais, incluindo uma adequada pontuação, na seguinte


frase:

a) Não pareceu-lhe justo, considerar que haja Comunicação, em nosso tempo.


b) À medida em que cresce nossa ânsia de informarmo-nos mais, isolamo-nos.
c) À exceção dos produtos de consumo, têm-se perdido, nossos esforços de comunicação.
d) Ao mesmo tempo, em que puxamos as armas, costumam haver palavras de paz.
e) A despeito das nossas palavras de paz, armam-se em cada um de nós os gestos hostis.

Comentários

242
O gabarito é a alternativa E.

a) Não pareceu-lhe justo, considerar que haja Comunicação, em nosso tempo.

Incorreto. Há solecismo de colocação pronominal e erro na inserção das vírgulas. Correção:


"Não lhe pareceu justo considerar que haja Comunicação em nosso tempo";

b) À medida em que cresce nossa ânsia de informarmo-nos mais, isolamo-nos.

Incorreto. Inexiste "à medida em que". Existem as locuções "à medida que", de valor
proporcional, e "na medida em que", de valor causal. As bancas normalmente aglutinam
elementos de ambas, intencionando atarantar o candidato. O emprego correto é o da locução
com valor proporcional, "à medida que". Correção: "À medida que cresce nossa ânsia de
informarmo-nos mais, isolamo-nos";

c) À exceção dos produtos de consumo, têm-se perdido, nossos esforços de comunicação.

Incorreto. Novamente há problema com a inserção da vírgula, especificamente na segunda


ocorrência. Correção: "À exceção dos produtos de consumo, têm-se perdido nossos esforços
de comunicação";

d) Ao mesmo tempo, em que puxamos as armas, costumam haver palavras de paz.

Incorreto. Terceiro caso com problema na virgulação, além do solecismo de concordância.


Correção: "Ao mesmo tempo em que puxamos as armas, costuma haver palavras de paz";

e) Correto.

251 – A Idade da Comunicação

Foi-lhe posto o nome de Idade da Comunicação porque nela sucedeu a confusão da


linguagem de toda a Terra. Ainda ficaria mais certo dizer: “das linguagens”, incluindo na
confusão as comunicações orais, escritas, iconográficas, tácteis etc.

Considerável parte da humanidade fala ou arranha o inglês. Intérpretes bem treinados


reproduzem com fidelidade os pensamentos de antípodas. As notícias dão volta ao mundo
antes que uma dona de casa faça chegar a uma vizinha a cortesia de um pedaço de bolo. Uma
pessoa pode ocupar todas as horas do dia informando-se do que se passa no resto do mundo.
As palavras básicas de todas as comunidades e nações são as mesmas: paz, amor, liberdade,
fraternidade, justiça, democracia...

Mas a comunicação não se estabelece. Dizemos paz e fazemos a guerra. Proclamamos o


amor e puxamos as armas. Os continentes brigam, as raças se hostilizam, e o próprio idioma
utilizado dos governos para com o povo sofre distorções. Apenas em um setor a eficiência da
comunicação costuma atingir o ótimo: os produtos de consumo, mesmo quando inoperantes,
são regularmente vendidos. Estamos por dentro, cada um de nós, cheios de ligações erradas,
de informações falsas ou equívocas. Nossas paixões famélicas não se comunicam com o nosso
tíbio amor pelo conhecimento da verdade; nosso egoísmo não nos transmite sinal algum do
que se passa com o próximo em naufrágio. É a Idade da Comunicação.

243
(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 174-175)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o termo
sublinhado na seguinte frase:

a) É possível que (levar) mais tempo as donas de casa para fazer chegar um pedaço de
bolo à vizinha do que uma notícia para correr o mundo.

b) Não (competir) aos meios de comunicação fazer por si mesmos aquilo que a vontade
dos homens desistiu de fazer.

c) É preciso que se (estabelecer), entre nós, muito maior proximidade, se o intento for de
fato nosso ingresso numa Idade da Comunicação.

d) A incontáveis palavras (recorrer) a humanidade para disfarçar sua incompetência para


estabelecer uma comunicação verdadeira.

e) Por conta de suas paixões famélicas (deixar) um indivíduo de atender ao seu amor por
algum conhecimento mais sereno.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

a)É possível que (levar) mais tempo as donas de casa para fazer chegar um pedaço de bolo à
vizinha do que uma notícia para correr o mundo.

É possível que DONAS DE CASA levem mais tempo...

b)Não (competir) aos meios de comunicação fazer por si mesmos aquilo que a vontade dos
homens desistiu de fazer.

Sujeito Oracional

FAZER ISSO não compete aos meios de comunicação

C) Gabarito

É preciso que se (estabelecer), entre nós, muito maior proximidade, se o intento for de fato
nosso ingresso numa Idade da Comunicação.

d) A incontáveis palavras (recorrer) a humanidade para disfarçar sua incompetência para


estabelecer uma comunicação verdadeira.

A HUMANIDADE [...] recorre a incontáveis palavras

e) Por conta de suas paixões famélicas (deixar) um indivíduo de atender ao seu amor por
algum conhecimento mais sereno.

244
UM INDIVÍDUO deixa de atender ao seu amor...

252 – Simbolismo da água: aspectos rituais

Numa fórmula sumária, pode-se dizer que as águas simbolizam a totalidade das
virtualidades; elas são “fons et origo”, fonte e origem, a matriz de todas as possibilidades de
existência. “Àgua, tu és a fonte de todas as coisas”, diz um texto indiano. As águas são os
fundamentos do mundo inteiro: elas são, nas mais variadas culturas, a essência da vegetação,
o elixir da imortalidade, asseguram longa vida, força criadora, são o princípio de toda cura etc.
etc.

Princípio do indiferenciado e do virtual, fundamento de toda manifestação cósmica,


receptáculo de todos os gérmens, as águas simbolizam a substância primordial de que nascem
todas as formas e para a qual todas voltam. O contato com a água implica sempre
regeneração: por um lado, porque à dissolução segue um novo nascimento; por outro lado,
porque a imersão fertiliza e aumenta o potencial de vida e de criação. A água confere um “novo
nascimento” por um ritual iniciático, cura por um ritual mágico, assegura o renascimento “post
mortem” por rituais funerários.

O caminho para a origem das águas e a sua obtenção implicam uma série de provas e
desafios, exatamente como na busca aventurosa da “árvore da vida”. No Apocalipse, os dois
símbolos encontram-se lado a lado: “Ele mostrou-me, em seguida, o rio da água da vida,
límpida como cristal, que brota do trono de Deus. E nas duas margens do rio cresce a árvore
da vida”. O simbolismo imemorial e ecumênico da imersão na água como instrumento de
purificação e de regeneração foi aceito pelo cristianismo e enriquecido por novas valências
religiosas.

(Adaptado de ELIADE, Mircea. Tratado de história das religiões. Lisboa: Cosmos, 1977,
p. 231-237, passim)

Há ocorrência de forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às normas de concordância


na frase:

a) Cabe sempre reconhecer a simbolização essencial conferidas às aguas, cujos atributos


reconheceram-nos cada uma das mais antigas culturas.

b) Produziram-se, dada a importância da água, simbolizações e ritos mais que justificáveis


desse elemento da natureza ao qual devemos a própria vida.

c) Além de fundamentarem tantos ritos que celebram a vida, a água também pontifica como
um símbolo poderoso e expressivo em cerimônias funerárias.

d) Sempre couberam às antigas civilizações a criação de ritos pelos quais a água recebesse
o justo reconhecimento que lhe granjeou suas propriedades.

e) As cerimônias de batismo, incluindo-se a que se dá no cristianismo, tem servido à


celebração de uma vida que se constitui como promissora e purificada.

245
Comentários

O gabarito é a alternativa B.

→ Produziram-se, dada a importância da água, simbolizações e ritos mais que justificáveis


desse elemento da natureza ao qual devemos a própria vida.

>>> temos uma voz passiva sintética, marcada pela partícula apassivadora "se";
"simbolizações e ritos" fazem parte do sujeito paciente: Simbolizações e ritos foram
produzidos.

253 – Na Itália da década de 1950, o dinamismo já era visível: por toda parte ...I.. máquinas
de café expresso, que em breve conquistariam o mundo, e multidões de motonetas que ..ll.. a
erupção de automóveis baratos. (Adaptado de: Hobbsbawm. Op. cit., p. 379)
Preenchem corretamente as lacunas I e II da frase acima, na ordem dada:

a) haviam − prenunciavam
b) havia − prenunciavam
c) houveram − prenunciaram
d) há − prenunciava
e) houve – prenunciava

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

→ Na Itália da década de 1950, o dinamismo já era visível: por toda parte HAVIA máquinas
de café expresso, que em breve conquistariam o mundo, e multidões de motonetas
que PRENUNCIAVAM a erupção de automóveis baratos.

→ temos o verbo "haver" com sentido de existir, o qual não deve ser flexionado;

→ o segundo sujeito é o pronome relativo "que", o qual retoma um termo no plural (multidões
de motonetas), logo o verbo deve ir ao plural.

254 – Está correta a redação do seguinte comentário:

a) Publica-se diariamente, nos jornais do mundo inteiro, notícias alarmantes a respeito dos
problemas que a falta de água pode acarretar no futuro.

b) No mundo todo, grande parte da água doce é utilizada na agricultura, e já existem


diversas técnicas que permitem aos produtores economizar água nas plantações.

c) A escassez de recursos hídricos em épocas de seca ocorridas à não muito tempo,


afetaram diversas regiões brasileiras, como a cidade de São Paulo.

246
d) Como tudo na natureza, um ecossistema está ligado a outro, mesmo quando se encontra
à cerca de dois mil quilômetros de distância, pode ser fundamental para garantir a produção
de água em outro.

e) Sendo um recurso natural fundamental que contribue para todas as atividades humanas,
cujo uso racional da água armazenada nas caixas de uso doméstico é crucial para que não
venha a faltar água no futuro.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Publica-se diariamente, nos jornais do mundo inteiro, notícias alarmantes a respeito dos
problemas que a falta de água pode acarretar no futuro. → temos uma voz passiva sintética,
o sujeito paciente está no plural, logo o verbo deveria estar no plural: publicam-se notícias
(notícias são publicadas).

B) No mundo todo, grande parte da água doce é utilizada na agricultura, e já existem diversas
técnicas que permitem aos produtores economizar água nas plantações. → correto.

C) A escassez de recursos hídricos em épocas de seca ocorridas à não muito tempo,


afetaram diversas regiões brasileiras, como a cidade de São Paulo. → crase incorreta, visto
que não há artigo definido "a" antes do advérbio "não", logo somente a preposição deveria
estar presente; vírgula separando o sujeito de seu verbo e conjugação inadequada: a escassez
afeta...

D) Como tudo na natureza, um ecossistema está ligado a outro, mesmo quando se encontra à
cerca de dois mil quilômetros de distância, pode ser fundamental para garantir a produção de
água em outro. → incorreto, o correto é "a cerca de", sem crase, indicando aproximação.

E) Sendo um recurso natural fundamental que contribue para todas as atividades humanas,
cujo uso racional da água armazenada nas caixas de uso doméstico é crucial para que não
venha a faltar água no futuro. → o correto é contribui.

255 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Nossos sonhos estão repletos de originalidade. Seus elementos são velhos, nossas memórias
do passado, mas as combinações são originais. As combinações compensam em variedade o
que lhes falta em qualidade. Nossos sonhos misturam tempo, lugares e pessoas.

Acordados, possuímos um fluxo de consciência que também contém uma série de erros.
Mas podemos rapidamente corrigi-los antes de expressá-los em voz alta. Podemos melhorar a
frase ainda enquanto estamos falando. De fato, a maioria das frases que pronunciamos nunca
foi dita por nós antes. Nós elaboramos as frases no ato.

Também antecipamos o futuro de uma forma que nenhum outro animal pode fazer. Já que
ainda não aconteceu, temos que imaginar o que poderia acontecer. Frequentemente prevemos
o futuro tomando atitudes correspondentes ao que supomos que irá acontecer. Somos capazes

247
de pensar antes de agir, supondo como objetos ou pessoas podem reagir diante de
determinado curso da ação.

Essa capacidade no ser humano é extraordinária quando comparada à de todos os outros


animais. Ela leva certo tempo para se desenvolver nas crianças. Por volta da época em que
elas começam a ir à escola, os adultos passam a esperar que consigam prever consequências.

A habilidade de prever as consequências do curso de uma ação é o fundamento da ética. O


livre-arbítrio não implica somente escolher entre as opções já conhecidas, mas também
imaginar alternativas inusitadas. Muitos animais usam a técnica de tentativa e erro diante da
novidade, mas nós, humanos, fazemos isso “nos bastidores” antes de agir de fato. E podemos
assim criar algo proveitoso. O processo de contemplação e ensaio mental está incluído no
âmago de alguns dos atributos humanos mais estimados.

(Adaptado de: CALVIN, William H.. As coisas são assim. Org. John Brockman e Katinka Matson. Trad.
Diogo Meyer e Suzana Sturlini Couto. São Paulo, Cia das Letras, 1995, p. 164-165)

A frase em que se respeitam as normas de concordância verbal é:

a) Acredita-se que deva haver razões lógicas para que os sonhos misturem tempo, lugares
e pessoas.

b) Caberiam estudar as diversas razões pelas quais os sonhos misturam tempo, lugares e
pessoas.

c) Há de ser notáveis os motivos pelos quais os sonhos misturam tempo, lugares e pessoas.

d) Alega-se que existe mesmo motivos concretos para que os sonhos misturem tempo,
lugares e pessoas.

e) Fazem anos que muitas teorias se dedicam a explicarem por que nos sonhos se misturam
tempo, lugares e pessoas.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) Acredita-se que deva haver razões lógicas para que os sonhos misturem tempo, lugares e
pessoas. → verbo "haver" com sentido de "existir", sendo impessoal, transfere essa
impessoalidade ao verbo que o acompanha.

B) Caberiam estudar as diversas razões pelas quais os sonhos misturam tempo, lugares e
pessoas. → o quê caberia? Estudar as diversas razões (temos um sujeito oracional, logo o
verbo deveria ficar no singular: caberia...).

C) Há de ser notáveis os motivos pelos quais os sonhos misturam tempo, lugares e pessoas.
→ temos uma locução verbal formada pelo verbo "haver", logo não é impessoal e o sujeito
está posposto e no plural, o correto seria: Os motivos hão de ser...

248
D) Alega-se que existe mesmo motivos concretos para que os sonhos misturem tempo,
lugares e pessoas. → verbo "existir" é pessoal e o sujeito está posposto, o correto, na ordem
direta, seria: Motivos existem.

E) Fazem anos que muitas teorias se dedicam a explicarem por que nos sonhos se misturam
tempo, lugares e pessoas. → verbo "fazer" indicando tempo decorrido é impessoal, logo não
deveria ser conjugado, o correto seria: faz anos.

256 – Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse
insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m3 por ano
dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões
como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e
outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.

Só em aparência, contudo, é confortável a situação brasileira. Em primeiro lugar, há o


problema da distribuição: o líquido é tanto mais abundante onde menor é a população e mais
preservadas são as florestas, como na Amazônia. No litoral do país, assim como nas regiões
Sudeste e Nordeste (onde se concentra 70% da população), muitos centros urbanos já
enfrentam dificuldades de abastecimento.

Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as
crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol
perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta
os ventos e tempestades.

Se os resultados das simulações do clima futuro feitas por modelos de computador


estiverem corretos, algumas regiões poderão sofrer estiagens mais frequentes e graves,
enquanto outras ficarão sujeitas a inundações.

O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, um comitê com alguns dos maiores


especialistas do país em climatologia, fez projeções sobre as alterações prováveis nas várias
regiões, mas com diferentes graus de confiabilidade. As mais confiáveis valem para a Amazônia
(aumento de temperatura de 5°C a 6°C e queda de 40% a 45% na precipitação até o final do
século), para o semiárido, no Nordeste (respectivamente 3,5°C a 4,5°C e − 40% a − 50%), e
para os pampas, no Sul (2,5°C a 3°C de aquecimento e 35% a 40% de aumento de chuvas).

Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as
inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como
o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas
próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.

Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido,
região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema
improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades
básicas da população, mesmo a mais isolada.

É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores
estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que
costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.

249
(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE,
Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br)

A redação em que se respeitam as normas de concordância verbal está em:

a) Supre-se, mesmo que de forma irregular, por meio de um sistema improvisado de


cisternas e açudes, as necessidades básicas da população.

b) Associa-se o fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico, a algumas


das graves secas que o Brasil já enfrentou.

c) Que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou inundações em Rondônia tenham


relação direta com alterações globais e regionais do clima não se tratam de afirmações
comprováveis.

d) Flagelos, como secas e inundações, bem como o alto custo associado a elas, provê uma
amostra confiável das consequências do agravamento do aquecimento global.

e) É por meio do processo de dessalinização da água do mar que se obtém, em algumas


regiões, os recursos hídricos necessários.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Supre-se, mesmo que de forma irregular, por meio de um sistema improvisado de cisternas
e açudes, as necessidades básicas da população. → temos uma voz passiva sintética (se), o
sujeito paciente está após os termos intercalados pelas vírgulas, logo o correto seria: Suprem-
se as necessidades (as necessidades são supridas).

B) Associa-se o fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico, a algumas das
graves secas que o Brasil já enfrentou. → temos a nossa resposta, sujeito simples, no singular,
verbo correto: O fenômeno El Niño associa-se a alguma das graves...

C) Que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou inundações em Rondônia tenham relação


direta com alterações globais e regionais do clima não se tratam de afirmações comprováveis.
→ temos um verbo transitivo indireto, marca um sujeito indeterminado, terceira pessoa do
singular + se, o correto seria: trata-se de...

D) Flagelos, como secas e inundações, bem como o alto custo associado a elas, provê uma
amostra confiável das consequências do agravamento do aquecimento global. → o sujeito está
antes do verbo e há um enorme termo intercalado por vírgulas para tentar confundir o
candidato, sujeito no plural, verbo no plural: Flagelos proveem.

E) É por meio do processo de dessalinização da água do mar que se obtém, em algumas


regiões, os recursos hídricos necessários. → temos uma voz passiva sintética, o sujeito
paciente está após o verbo e há um adjunto adverbial intercalado por vírgulas para enganar o
candidato, o correto seria: Obtêm-se os recursos (os recursos são obtidos).

250
257– As normas de concordância foram respeitadas na frase:

a) Os métodos de cultivo utilizados pela população da época continua a intrigar


pesquisadores contemporâneos.

b) Estimam-se que os povos anteriores à colonização mantinha uma rica cultura na região
amazônica.

c) A presença de vestígios arqueológicos evidenciam uma agricultura bastante elaborada na


Região Norte.

d) Chegou a oito milhões o número de habitantes da região amazônica antes de 1500.

e) O que deixam os pesquisadores apreensivos é o fato de que as novas descobertas


neguem suas expectativas.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. Chegou a oito milhões o número de habitantes da região


amazônica antes de 1500.

-> O verbo concorda com o núcleo do sujeito. Neste caso, o verbo "CHEGOU" está concordando
com o núcleo do sujeito "O número", "de habitantes" é somente a especificação do núcleo.

258 – Em Sorocaba, interior de São Paulo, o silêncio e a tranquilidade de uma casa de repouso
...... espaço, uma vez por semana, para a música. Há cerca de um ano, 38 idosos que vivem
ali ...... a visita de integrantes do projeto Músicos do Elo, criado na França pelo compositor
brasileiro Victor Flusser para humanizar ambientes hospitalares. A iniciativa, que busca
melhorar a qualidade de vida das pessoas hospitalizadas, ...... há pouco mais de um ano no
Brasil.

(Adaptado de: http://revistapesquisa.fapesp.br)

Preenchem corretamente as lacunas do texto acima, na ordem dada:

a) cede – recebe – desembarcou


b) cedem – recebem – desembarcou
c) cedem – recebe – desembarcaram
d) cede – recebem – desembarcou
e) cedem – recebem – desembarcaram

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

"o silêncio e a tranquilidade de uma casa de repouso CEDEM espaço, uma vez por semana,
para a música."

251
Quando o sujeito é composto e vem antes do verbo, a concordância se faz no plural.

No caso do sujeito composto posposto, o verbo pode ficar no plural ou concordar com o núcleo
do sujeito mais próximo.

259 – Em 1938, o cineasta Orson Welles causou algumas horas de pânico ao fazer crer a
milhares de ouvintes de rádio que o planeta estava sob ataque de marcianos. A dramatização,
transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico,
tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam
acostumados. Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior caso empregasse seu
talento nas mídias sociais, onde notícias falsas enganam milhões diariamente em todo o
mundo.

Nos EUA, o debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força com
a recente eleição − em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. Levantamentos mostraram que em diversas ocasiões o presidente eleito foi beneficiado
pela leva de informações fabricadas. Ainda que seja quase impossível medir o impacto do
fenômeno na definição do resultado eleitoral, a gravidade do problema não se apaga.

No Brasil, a prática também preocupa. Muitas vezes, veículos da imprensa profissional


precisam desmentir as mentiras, tão depressa elas se espalham.

Em Mianmar, país em lento processo de democratização, violentas ondas de ataque contra


muçulmanos têm sido atribuídas à circulação de notícias fictícias.

Os grandes oligopólios da internet fogem da responsabilização pela montanha de


barbaridades a que dão vazão. Não pecam apenas pela passividade, contudo. Associam-se às
estratégias liberticidas e censórias de ditaduras.

Nesse quadro que ameaça os pilares da arquitetura democrática do Ocidente, o jornalismo


profissional, compromissado com os fatos e a ampla circulação das ideias, torna-se ainda mais
necessário.

(Adaptado de: FSP. Editorial. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/opinião)

Ao se reescrever uma passagem do texto, foi observado o respeito às normas de concordância


verbal em:

a) Houveram algumas horas de pânico quando em 1938 o cineasta Orson Welles fez
milhares de ouvintes de rádio acreditarem que o planeta estava sob ataque de marcianos.

b) Alega-se que, em Mianmar, país em lento processo de democratização, a circulação de


notícias fictícias tem causado ondas de ataques violentos contra muçulmanos.

c) A leva de informações fabricadas, de acordo com levantamentos, mostraram que o


presidente eleito foi beneficiado em diversas ocasiões.

d) Diante desse quadro, em que os pilares da arquitetura democrática do Ocidente se vê


ameaçada, o jornalismo profissional torna-se ainda mais necessário.

252
e) Muitas vezes se espalha mentiras com tamanha velocidade, que os veículos da imprensa
profissional precisam desmentir as informações inverídicas.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Houveram algumas horas de pânico quando em 1938 o cineasta Orson Welles fez milhares
de ouvintes de rádio acreditarem que o planeta estava sob ataque de marcianos. → verbo
"haver" com sentido de "ter/ocorrer/existir" é impessoal e não deve ser flexionado, logo o
correto seria: houve horas;

B) Alega-se que, em Mianmar, país em lento processo de democratização, a circulação de


notícias fictícias tem causado ondas de ataques violentos contra muçulmanos. → correto,
temos uma voz passiva sintética, o sujeito paciente é uma oração subordinada substantiva
subjetiva, logo o verbo está conjugado corretamente: Alega-se ISSO (ISSO é alegado).

C) A leva de informações fabricadas, de acordo com levantamentos, mostraram que o


presidente eleito foi beneficiado em diversas ocasiões. → temos um sujeito simples com núcleo
no singular "leva", há um termo intercalado por vírgulas para tentar confundir; a leva mostrou
(seria o correto).

D) Diante desse quadro, em que os pilares da arquitetura democrática do Ocidente se vê


ameaçada, o jornalismo profissional torna-se ainda mais necessário. → o núcleo do sujeito
está no plural "pilares", logo o verbo deveria ficar no plural: Os pilares se veem ameaçados.

E) Muitas vezes se espalha mentiras com tamanha velocidade, que os veículos da imprensa
profissional precisam desmentir as informações inverídicas. → temos uma voz passiva sintética
(se); o sujeito paciente está no plural "mentiras", logo o verbo deveria estar no plural:
espalham-se mentiras (mentiras são espalhadas).

260 – O que suas postagens nas redes sociais revelam sobre suas emoções

Nossas atividades nas redes sociais podem oferecer um retrato fiel − e muitas vezes não
intencional − de nosso bem-estar mental. Portanto, não é de se espantar que profissionais
cujo trabalho é zelar por nossa saúde emocional agora estejam explorando como usar esses
canais para medir a quantas andam as emoções das pessoas.

Um estudo realizado pela Universidade Brunel, do Reino Unido, com 555 usuários do
Facebook, mostrou que os mais extrovertidos tendem a postar mais sobre atividades sociais e
sobre seu dia a dia, e o fazem com frequência. Já indivíduos com baixa autoestima acabam
fazendo mais postagens sobre seus cônjuges ou parceiros. Por outro lado, pessoas com traços
de neurose podem usar a rede social para validação e para chamar a atenção, enquanto
aquelas mais narcisistas costumam exibir suas conquistas ou discorrer sobre suas dietas e
rotinas de atividade física.

(Adaptado de: NOGRADY, Bianca. BBC Brasil. www.bbc.com/portuguese/vert-fut-37816962)

253
... não é de se espantar que profissionais [...] estejam explorando como usar esses canais
para medir a quantas andam as emoções das pessoas. (1° parágrafo)

O trecho sublinhado encontra nova e correta redação em:

a) dedicados por usar esses canais para pôr em prática à medição das emoções das pessoas.

b) interessados de usar esses canais para dedicar-se pela medição das emoções das
pessoas.

c) comprometidos por usar esses canais para executar à medição das emoções das pessoas.

d) empenhados em usar esses canais para proceder à medição das emoções das pessoas.

e) determinados de usar esses canais para efetuar na medição das emoções das pessoas.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) dedicados por usar esses canais para pôr em prática à medição das emoções das
pessoas. → dedicados a algo (a usar).

B) interessados de usar esses canais para dedicar-se pela medição das emoções das
pessoas. → interessados em algo (em usar).

C) comprometidos por usar esses canais para executar à medição das emoções das
pessoas. → comprometidos por algo (correto); executar alguma coisa (a medição), somente
artigo definido "a" presente, visto que não temos um termo que rege a preposição "a" para
que se forme a crase.

D) empenhados em usar esses canais para proceder à medição das emoções das pessoas.
→ correto, empenhados em algo e proceder a algo (preposição) + artigo definido "a" que
acompanha o substantivo "medição"= crase "à".

E) determinados de usar esses canais para efetuar na medição das emoções das pessoas.
→ determinados em alguma coisa (em usar).

261– As normas de concordância estão respeitadas na frase:

a) Armazenar em dispositivos móveis galerias de fotos digitais substituíram o álbum de


família.

b) O excesso de estímulos que acaba nos tornando reféns da superficialidade prejudicam a


sensibilidade crítica.

c) Transmite sensação de liberdade a fragmentação dos conteúdos digitais, na medida em


que somos os editores daquilo que publicamos.

254
d) A criatividade e a capacidade de inovar, no âmbito dos negócios e nas relações pessoais,
compõe-se o vetor da era digital.

e) Compartilha-se acriticamente inúmeras fotos nas redes sociais, o que inviabiliza a criação
de vínculos afetivos.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) Armazenar em dispositivos móveis galerias de fotos digitais substituíram o álbum de


família.

→ Armazenar substitui

B) O excesso de estímulos que acaba nos tornando reféns da superficialidade prejudicam a


sensibilidade crítica.

→ O excesso prejudica

C) Transmite sensação de liberdade a fragmentação dos conteúdos digitais, na medida em que


somos os editores daquilo que publicamos.

GABARITO → A fragmentação transmite

D) A criatividade e a capacidade de inovar, no âmbito dos negócios e nas relações


pessoais, compõe-se o vetor da era digital.

→ A criatividade e a capacidade compõem-se

E) Compartilha-se acriticamente inúmeras fotos nas redes sociais, o que inviabiliza a criação
de vínculos afetivos.

→ Compartilham-se inúmeras fotos

262 – Disseminação da violência

A violência não se administra nem admite negociação: é da sua natureza impor a força
como método. Sua lógica final é a adoção da barbárie. As instituições humanas existem para
regulamentar nossos ímpetos, disciplinar nossas ações, impedir que se chegue à supremacia
da violência. São chamados justamente de “supremacistas” (um neologismo, para atender a
uma necessidade de nossos tempos violentos) aqueles que querem se impor pela força bruta,
alcançar um poder hegemônico. Apoiam-se eles em ideologias que cantam a superioridade de
uma etnia, de uma cultura, de uma classe social, de uma seita religiosa. Acabam por fazer de
sua brutalidade primitiva uma “instituição” organizada pelo princípio brutal da lei do mais forte.

255
Talvez em nenhuma outra época foi tão premente a necessidade de se fortalecerem as
instituições que de fato trabalham a favor do homem, da coletividade, do interesse público. A
profusão e a difusão das chamadas redes sociais puseram a nu a violência que está em muitos
e que já não se envergonha de si mesma, antes se proclama e se propaga com inaudito
cinismo. Estamos todos diante de um grande espelho público e anônimo, onde se projeta o
que se é ou o que se quer ser. Admirável como conquista tecnológica, a expansão da internet
ainda não encontrou os meios necessários para canalizar acima de tudo os impulsos mais
generosos, que devem reger nossa difícil caminhada civilizatória.

(Aníbal Tolentino, inédito)

Está correto o emprego dos elementos sublinhados na seguinte frase:

a) A violência dos nossos instintos, de cuja ninguém escapa, ignora os ideais da civilização,
quando não lhes perverte de modo radical.

b) Às pessoas de quem compete zelar pelos bons princípios não devem se render à
violência, aonde estes se sacrificam.

c) Aquele espelho grande e anônimo, em cujo se reproduz nossa imagem, dá bem a medida
da pessoa em que cada um aspira a ser.

d) São fortes os impulsos para a violência, mas devemos resisti-los, pois representam
graves riscos dos quais podemos incorrer.

e) O poder hegemônico a que muitos aspiram não se tornará uma obsessão para
quem o considera dentro de parâmetros críticos.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) "de cuja", além de ser inadequado está precedido de preposição;

b) "aonde", requer referente espacial;

c) "em cujo", pronome relativo requer um substantivo imediatamente após, a preposição em


"também” está inadequada.

d) "resisti-los", ficou estranha a construção, logo percebe-se que há algo de estranho, já que
verbo pede um complemento preposicionado.

263 – A corrida armamentista do consumo

Imagine uma corrida em que os contendores se afastam cada vez mais do objetivo pelo
qual competem. A corrida armamentista tem dinâmica e propriedades conhecidas: um país
decide se armar; os países vizinhos sentem-se vulneráveis e decidem fazer o mesmo a fim de
não ficarem defasados; sua reação, porém, deflagra uma nova rodada de investimento bélico

256
no primeiro país, o que obriga os demais a seguirem outra vez os seus passos. A escalada
armamentista leva os participantes a dedicarem uma parcela crescente de sua renda e trabalho
à garantia da segurança externa, mas o resultado é o contrário do pretendido.

A corrida do consumo tem uma lógica semelhante à da corrida armamentista. Nenhum


consumidor é uma ilha: existe uma forte e intrincada interdependência entre os anseios de
consumo das pessoas. Aquilo que cada uma delas sente que “precisa” ou “não pode viver sem”
depende não só dos seus “reais desejos e necessidades”, mas também, e talvez sobretudo,
ao menos nas sociedades mais afluentes, daquilo que os outros ao seu redor possuem. A cada
vez que um novo artigo de consumo é introduzido no mercado, o equilíbrio se rompe e o
desconforto causado pela percepção da falta impele à ação reativa da compra do bem.

Em ambas as corridas – a armamentista e a do consumo – a lógica da situação obriga a


todos a correrem cada vez mais, como hamsters confinados a esferas rotatórias, para não sair
do lugar.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 102-
103)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para integrar
adequadamente a frase:

a) Nunca lhes (ter) ocorrido que devem se empenhar mais nessa disputa pela vaga?
b) A muitos competidores não (interessar) permanecer por mais tempo nessa corrida.
c) Aos interessados (cumprir) buscar novas energias para ainda terem alguma chance.
d) O que aos perdedores (servir) de consolação é o fato de que fizeram o que era possível.
e) A nenhum participante do concurso (prejudicar) as alterações no regulamento da
corrida.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

A) Nunca lhes (ter) ocorrido que devem se empenhar mais nessa disputa pela vaga? → o quê
tem ocorrido? ISSO (oração em vermelho, sendo uma substantiva subjetiva, verbo fica no
singular).

B) A muitos competidores não (interessar) permanecer por mais tempo nessa corrida. →
ordem direta: Permanecer por mais tempo nessa corrido não interessa a muitos competidores
(temos, em vermelho, o sujeito oracional, verbo fica no singular).

C) Aos interessados (cumprir) buscar novas energias para ainda terem alguma chance. →
ordem direta: Buscar novas energias para ainda terem alguma chance cumpre aos
interessados (novamente, em vermelho, o nosso sujeito oracional, verbo fica no singular).

D) O que aos perdedores (servir) de consolação é o fato de que fizeram o que era
possível. → ordem direta: O fato de que fizeram o que era possível é o que serve de
consolação aos perdedores (temos um sujeito simples, núcleo é o substantivo "fato", verbo
fica no singular.

E) A nenhum participante do concurso (prejudicar) as alterações no regulamento da


corrida. → ordem direta: As alterações no regulamento da corrida PREJUDICAM a nenhum

257
participante do concurso (essa preposição "a" marca um objeto direto preposicionado, a FCC
tentou mexer com a cabeça do candidato).

264 – A corrida armamentista do consumo

Imagine uma corrida em que os contendores se afastam cada vez mais do objetivo pelo
qual competem. A corrida armamentista tem dinâmica e propriedades conhecidas: um país
decide se armar; os países vizinhos sentem-se vulneráveis e decidem fazer o mesmo a fim de
não ficarem defasados; sua reação, porém, deflagra uma nova rodada de investimento bélico
no primeiro país, o que obriga os demais a seguirem outra vez os seus passos. A escalada
armamentista leva os participantes a dedicarem uma parcela crescente de sua renda e trabalho
à garantia da segurança externa, mas o resultado é o contrário do pretendido.

A corrida do consumo tem uma lógica semelhante à da corrida armamentista. Nenhum


consumidor é uma ilha: existe uma forte e intrincada interdependência entre os anseios de
consumo das pessoas. Aquilo que cada uma delas sente que “precisa” ou “não pode viver sem”
depende não só dos seus “reais desejos e necessidades”, mas também, e talvez sobretudo,
ao menos nas sociedades mais afluentes, daquilo que os outros ao seu redor possuem. A cada
vez que um novo artigo de consumo é introduzido no mercado, o equilíbrio se rompe e o
desconforto causado pela percepção da falta impele à ação reativa da compra do bem.

Em ambas as corridas – a armamentista e a do consumo – a lógica da situação obriga a


todos a correrem cada vez mais, como hamsters confinados a esferas rotatórias, para não sair
do lugar.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 102-
103)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

a) O autor do texto acredita que as corridas mais competitivas são aquelas cujos
participantes jamais se satisfazem com algum resultado alcançado.

b) Nada satisfazem mais as pessoas obsecadamente competitivas do que haverem cada vez
mais e mais metas a se alcançarem.

c) Para muitos o mérito das corridas mais competitivas residem no fato de que nunca se
chegam aos melhores resultados.

d) São próprias das competições extremadas as pessoas se envolverem tanto com a disputa
que perdem o censo mesmo do limite.

e) Por mais que se empenhe na competição os competidores mais fanatisados parece que
de fato não tem o desejo de chegar à seus objetivos.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

258
B) Satisfaz, do que.
C) reside, deve concordar com mérito.
D) Censo: é o do IBGE, o correto seria senso.
E) parecem, à seus.

265 – Atenção: Para responder a questão, baseie-se no texto abaixo.

Os sons de antigamente

Conta-se na família que quando meu pai comprou nossa casa em Cachoeiro do
Itapemirim esse relógio já estava na parede da sala e que o vendedor o deixou lá, porque
naquele tempo não ficava bem levar.

Há poucos anos trouxe o relógio para minha casa em Ipanema. Mais velho do que eu,
não é de admirar que ele tresande um pouco. Há uma corda para fazer andar os ponteiros e
outra para fazer bater as horas. A primeira é forte, e faz o relógio se adiantar; de vez em
quando alguém me chama a atenção para isso. Eu digo que essa é a hora de Cachoeiro. É
comum o relógio marcar, digamos, duas e meia, e bater solenemente nove horas.

Na verdade, essa defasagem não me aborrece nada: há muito desanimei de querer as


coisas deste mundo todas certinhas, e prefiro deixar que o velho relógio badale a seu bel-
prazer. Sua batida é suave, como costumam ser as desses senhores antigos; e esse som me
carrega para as noites mais antigas da infância. Às vezes tenho a ilusão de ouvir, no fundo, o
murmúrio distante e querido do meu Itapemirim.

Pois me satisfaz a batida desse velho relógio, que marcou a morte de meu pai e, vinte
anos depois, a de minha mãe; e que eu morra às quatro e quarenta da manhã, com ele
marcando cinco e batendo onze, não faz mal nenhum; até é capaz de me cair bem.

(Adaptado de BRAGA, Rubem. Casa dos Braga. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 115/117)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para compor
adequadamente a frase:

a) Não se (impor) aos velhos relógios a obrigação de funcionarem com toda a regularidade.

b) A muitos de nós (causar) espanto se os velhos relógios funcionassem como os novos.

c) Tudo o que ainda nos (conceder) nossos velhos relógios deve ser visto como um bônus.

d) O que mais nos (chamar) a atenção nos velhos relógios são aqueles trabalhados
ponteiros.

e) Aos grandes colecionadores não (costumar) faltar critério na avaliação de velhos


relógios.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

259
A) Não se (impor) aos velhos relógios a obrigação de funcionarem com toda a regularidade.

A obrigação de funcionarem com toda a regularidade Não se (impõe) aos velhos relógios

B) A muitos de nós (causar) espanto se os velhos relógios funcionassem como os novos.

Se os velhos relógios funcionassem como os novos (causaria) espanto a muitos de nós

C) Tudo o que ainda nos (conceder) nossos velhos relógios deve ser visto como um bônus.

Tudo o que nossos velhos relógios ainda nos (concedem) deve ser visto como um bônus.

D) O que mais nos (chamar) a atenção nos velhos relógios são aqueles trabalhados ponteiros.

O que mais nos (chama) a atenção nos velhos relógios são aqueles trabalhados ponteiros.

E) Aos grandes colecionadores não (costumar) faltar critério na avaliação de velhos relógios.

Critério na avaliação de velhos relógios não (costuma) faltar aos grandes colecionadores

266 – Atenção: Para responder a questão, baseie-se no texto abaixo.

Darwin nos trópicos

Ao desembarcar no litoral brasileiro em 1832, na baía de Todos os Santos, o grande


cientista Darwin deslumbrou-se com a natureza nos trópicos e registrou em seu diário: “Creio,
depois do que vi, que as descrições gloriosas de Humboldt* são e sempre serão inigualáveis:
mas mesmo ele ficou aquém da realidade”. Mas a paisagem humana, ao contrário, causou-lhe
asco e perplexidade: “Hospedei-me numa casa onde um jovem escravo era diariamente
xingado, surrado e perseguido de um modo que seria suficiente para quebrar o espírito do
mais reles animal.”
O mais surpreendente, contudo, é que a revolta não o impediu de olhar ao redor de si
com olhos capazes de ver e constatar que, não obstante a opressão a que estavam submetidos,
a vitalidade e a alegria de viver dos africanos no Brasil traziam em si a chama de uma
irrefreável afirmação da vida. Darwin chegou mesmo a desejar que o Brasil seguisse o exemplo
da rebelião escrava do Haiti. Frustrou-se esse desejo de uma rebelião ao estilo haitiano, mas
confirmou-se sua impressão: a África salva o Brasil.

*Alexander von Humboldt (1769-1859): geógrafo, naturalista e explorador prussiano.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
167/168)

Há ocorrência de forma verbal na voz passiva e observação das normas de concordância


verbal na frase:

a) As impressões da realidade brasileira que foram recolhidas por Darwin ocorreram em dois
planos bem distintos de observação.

260
b) Darwin não deixou de notar as discrepâncias que lhes saltou à vista em face de uma
dupla visão de realidade que o Brasil lhe oferecia.

c) É de se concluírem que as impressões de Darwin levaram-no a sentir emoções opostas


em sua passagem pelo Brasil.

d) Não ocorreram ao grande cientista que as realidades do Brasil e do Haiti, no que dizem
respeito ao regime escravocrata, eram bem distintas.

e) A muitos viajantes e exploradores estrangeiros impressionaram, quando no Brasil, a


disparidade entre as belezas naturais e uma sociedade opressiva.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Presta atenção na estrutura. Voz passiva é formada por: (Verbo


Auxiliar - Ter/Haver/Ser/Estar + Verbo Principal no Particípio - ADO/IDO). (Exceções -
Verbo TER no sentido de posse e Haver no sentido de existir).

1º - Na passagem de vozes verbais, os tempos (presente/pretérito/futuro)


e modos (indicativo/subjuntivo/imperativo) permanecem inalterados.

2º - Se Voz Ativa tem um verbo, a passiva passa a ter dois verbos e assim sucessivamente.

3º - o Sujeito na voz ativa, vira agente da passiva, e o objeto direto na voz ativa, vira sujeito
paciente na passiva.

As impressões da realidade brasileira que foram recolhidas por Darwin ocorreram


em dois planos bem distintos de observação. (Voz passiva analítica - sujeito sofre a
ação).

267 – 1. A ideia do triunfo da democracia ficou associada à obra de Francis Fukuyama. Em


controverso ensaio publicado nos anos 1980, Fukuyama afirmava que o encerramento da
Guerra Fria levaria à “universalização da democracia liberal ocidental como forma definitiva de
governo humano”. O triunfo da democracia, proclamou numa frase que veio a condensar o
otimismo de 1989, marcaria o “fim da história”.

2. Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. Alguns alegavam que a
democracia liberal estava longe de ser implementada em larga escala, porquanto muitos países
se mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. Outros afirmavam que era cedo
para prever que tipo de avanço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez a
democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas de governo, mais justas e
esclarecidas.

3. A despeito das críticas sofridas, o pressuposto fundamental de Fukuyama se revelou de


enorme influência. A maioria dos cientistas políticos acreditava que a democracia liberal
permaneceria inabalável em certos redutos, ainda que o sistema não triunfasse no mundo

261
todo. Na verdade, a maior parte dos cientistas políticos, embora evitando fazer grandes
generalizações sobre o fim da história, chegou mais ou menos à mesma conclusão de
Fukuyama.

4. Impressionados com a estabilidade das democracias ricas, cientistas políticos começaram a


conceber a história do pós-guerra como um processo de consolidação democrática. Para
sustentar uma democracia duradoura, o país devia atingir níveis altos de riqueza e educação.
Tinha de construir uma sociedade civil forte e assegurar a neutralidade de instituições de
Estado fundamentais. Todos esses objetivos frequentemente se revelaram fugidios. Mas a
recompensa que acenava no horizonte era tão valiosa quanto perene. A consolidação
democrática, segundo essa visão, era uma via de mão única.

(Adaptado de: MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de Arantes Leite e Débora
Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)

Está correta a redação do seguinte comentário:

a) Tem se revelado estáveis em diferentes regiões do mundo, democracias consolidadas


com o fim da Segunda Guerra Mundial.

b) Acompanham períodos de estabilidade democrática, um rápido aumento no padrão de


vida, o que alimenta nos cidadãos a esperança de um futuro promissor.

c) Alguns questionam se a deterioração de determinadas condições econômicas colocam em


risco as conquistas democráticas de uma nação.

d) Cientistas políticos questionam, se a estabilidade pregressa da democracia teria sido


ocasionada por certas condições que atualmente já não se vê.

e) Observam-se, desde o advento das democracias modernas, melhorias crescentes nas


condições socioeconômicas da população.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

A) Tem se revelado estáveis em diferentes regiões do mundo, democracias consolidadas


com o fim da Segunda Guerra Mundial. → faltou uma vírgula nesse adjunto adverbial
intercalado de lona extensão.

B) Acompanham períodos de estabilidade democrática, um rápido aumento no


padrão de vida, o que alimenta nos cidadãos a esperança de um futuro promissor. → o
correto seria "acompanha" e a vírgula separou o sujeito do verbo, o correto seria: Um rápido
aumento no padrão de vida ACOMPANHA...

C) Alguns questionam se a deterioração de determinadas condições


econômicas colocam em risco as conquistas democráticas de uma nação. → núcleo do sujeito
simples está no singular: A deterioração COLOCA (seria o correto).

D) Cientistas políticos questionam, se a estabilidade pregressa da democracia teria sido


ocasionada por certas condições que atualmente já não se vê. → questionam alguma coisa

262
(ISSO), o "se" é uma conjunção integrante que dá início a uma oração subordinada objetiva
direta, logo a vírgula separou o verbo de seu complemento, marcando, assim, incorreção.

E) Observam-se, desde o advento das democracias modernas, melhorias crescentes nas


condições socioeconômicas da população. → correto, temos um termo intercalado e uma voz
passiva sintética, em perfeita correção a frase.

268 – Está clara e correta a redação deste livre comentário:

a) Existe sociedades cuja atitude em relação a história é muito diferente daquela


considerada correta pela ocidental.

b) Não há por que supor que todas as sociedades entendam os conceitos de natureza e
cultura da mesma maneira.

c) Obras de ficção científica tem sido considerado um recurso facilitador para o ensino de
ciências.

d) Costuma ser associado à avanços tecnológicos do século XX o aumento elevado e


incessante da população.

e) É provável que todos intuam de que a perda de sustentabilidade em ambientes naturais


podem se tornar irreversíveis.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Existe sociedades cuja atitude em relação a história é muito diferente daquela considerada
correta pela ocidental. → verbo "existir" é pessoal: SOCIEDADES existem (seria o correto).

B) Não há por que supor que todas as sociedades entendam os conceitos de natureza e cultura
da mesma maneira.

C) Obras de ficção científica tem sido considerado um recurso facilitador para o ensino de
ciências. → o correto seria: têm (terceira pessoa do plural, concordando com o núcleo "obras")
e CONSIDERADAS.

D) Costuma ser associado à avanços tecnológicos do século XX o aumento elevado e


incessante da população. → associado a alguma coisa (preposição), porém não há artigo
definido "a", visto que "avanços" é um substantivo masculino.

E) É provável que todos intuam de que a perda de sustentabilidade em ambientes


naturais podem se tornar irreversíveis. → nenhum termo exige a preposição "de", além disso
o núcleo do sujeito do verbo "poder" é "perda": perda...pode.

263
269 – Atenção: Considere a entrevista abaixo para responder à questão.

1. La Lettre − O centésimo aniversário de Claude Lévi-Strauss e a grande atenção que suscita


revelam a posição excepcional que ocupa o autor de Tristes trópicos, uma das grandes figuras
do pensamento do século XX. Qual é o papel de Lévi-Strauss?

2. Eduardo Viveiros de Castro − Lévi-Strauss é um intelectual que excede amplamente o


quadro de sua disciplina, embora tenha sempre se preocupado em só falar como antropólogo.
Lévi-Strauss é uma referência de seu tempo.

3. La Lettre − Tristes trópicos se apresenta como um testemunho nostálgico de um mundo


que está em via de desaparecer, uma vez que a assim chamada civilização destrói a
diversidade cultural e os biótopos.

4. Eduardo Viveiros de Castro − Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo
seus últimos séculos, visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente. Nossa espécie já
enfrentou situações piores. Contudo, há motivo para inquietação. Como gerir a expansão
demográfica neste momento em que a superpopulação oferece um perigo para nós mesmos?
Talvez estejamos diante de um impasse antropológico, que é também biológico. A distinção
entre natureza e cultura se apagou: se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens"
estarem imbricadas, agora não há mais. Vemos que a cultura é uma força natural, e que a
natureza está envolvida em redes culturais. Portanto, é absurdo tentar distingui-las.

Talvez sejamos a única espécie em risco de se extinguir sabendo disso de antemão.


Concomitantemente, no campo da ficção científica vai se desenvolvendo todo um imaginário
em torno da salvação da espécie. A ficção científica é a metafísica popular do nosso tempo,
nossa nova mitologia.

Lévi-Strauss insistia na convergência entre o pensamento selvagem e a vanguarda da ciência.


Parece que o mais primitivo e o mais avançado se juntam desde o auge da modernidade.

(Trecho adaptado de entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Disponível em: www.scielo.br)

O verbo em destaque deve sua flexão ao termo sublinhado em:

a) Como gerir a expansão demográfica neste momento em que a


superpopulação oferece um perigo para nós mesmos?

b) Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo seus últimos séculos, visto
que causa danos irreversíveis ao meio ambiente.

c) ...se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens" estarem imbricadas...

d) Concomitantemente, no campo da ficção científica vai se desenvolvendo todo um


imaginário em torno da salvação da espécie.

e) O centésimo aniversário de Claude Lévi-Strauss e a grande atenção que


suscita revelam a posição excepcional que ocupa o autor de Tristes trópicos...

Comentários

264
O gabarito é a alternativa D.

A) Oferece > superpopulação

B) Causa > a espécie

C) Verbo HAVER é impessoal

D) Gabarito

E) Revelam > o centésimo aniversário de Claude Lévi-Strauss e a grande atenção que suscita

270 – Inovação sempre foi algo fundamental para o sucesso das empresas. Na atualidade, a
capacidade de inovação se tornou questão de sobrevivência para a maioria das empresas,
independentemente da atividade da organização. Não me refiro apenas àquelas empresas
ligadas à tecnologia que notoriamente possuem inovação em seu DNA. Supermercados estão
inovando. Empresas de construção civil estão inovando. Seja em relação ao produto ou ao
serviço, à maneira de interagir com os clientes ou às estratégias que serão implementadas
para conquistar mercado, todas as empresas que pretendem crescer buscam inovar.

Ao contrário do que possa parecer, a habilidade de inovar requer muita disciplina. A ideia
de que a inspiração precisa “baixar” para se poder inovar ou ser criativo é um mito. Mesmo
parecendo um contrassenso, você pode desrespeitar todas as regras, porém de maneira
disciplinada.

O compositor austríaco Schoenberg desafiou todas as convenções da composição quando


criou, no início do século XX, uma nova maneira de compor que se tornou conhecida como
dodecafonismo. Mesmo que as composições de Schoenberg possam a princípio parecer difíceis
de apreciar, a história da música reservou-lhe um lugar de destaque como um dos grandes
compositores do século XX. Para desenvolver seu método revolucionário de compor,
Schoenberg estudou com muita disciplina todas as técnicas de composição tradicionais e foi
testando novas possibilidades até chegar ao dodecafonismo. Não foi algo que simplesmente
aconteceu da noite para o dia.

(Adaptado de: GRINBERG, Renato. A excelência do olho de tigre. São Paulo: Editora Gente, 2016. edição
digital).

Está plenamente correta a redação do comentário que se encontra em:

a) Buscado por todos os setores da economia, assim como também por outros segmentos
da sociedade, hoje a inovação ocupa lugar de destaque nas metas empresariais.

b) O conceito de inovação, a apenas duas décadas, estava associado, quase que


exclusivamente ao setor secundário da economia, principalmente ao lançamento de produtos
relacionados à tecnologia.

c) Vêm sendo registrados avanços importantes no estabelecimento de parcerias que visem


a fomentar a cooperação entre empresas e institutos de pesquisa dedicados à disseminação
de novos conhecimentos.

265
d) Não apenas na gestão de empresas, mas diversas esferas do poder público, estão em
busca de medidas inovadoras no qual lhe permita atender à demanda da cidadania.

e) É intenso o envolvimento das ciências da computação e da natureza no processo de


inovação, cujo o avanço é insólito, devido o elevado potencial de alavancagem através da
tecnologia.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) Buscado por todos os setores da economia, assim como também por outros segmentos da
sociedade, hoje a inovação ocupa lugar de destaque nas metas empresariais. → a inovação...
BUSCADA

B) O conceito de inovação, a apenas duas décadas, estava associado, quase que


exclusivamente, ao setor secundário da economia, principalmente ao lançamento de produtos
relacionados à tecnologia. → o correto seria o suo do verbo "haver" marcando tempo decorrido:
há apenas duas décadas, faltou uma vírgula no termo intercalado (em vermelho).

C) Vêm sendo registrados avanços importantes no estabelecimento de parcerias que visem a


fomentar a cooperação entre empresas e institutos de pesquisa dedicados à disseminação de
novos conhecimentos. → CERTO.

D) Não apenas na gestão de empresas, mas diversas esferas do poder público, estão em busca
de medidas inovadoras no qual lhe permita atender à demanda da cidadania. → temos o
sujeito separado de seu verbo, nenhum termo exige a preposição "em", logo o "no" é incorreto,
e o verbo deveria estar no plural: permitam.

E) É intenso o envolvimento das ciências da computação e da natureza no processo de


inovação, cujo o avanço é insólito, devido o elevado potencial de alavancagem através da
tecnologia. → depois do "cujo" não há artigo, devido a alguma coisa (ao elevado).

271 – [Formas de ler]

Antigamente eu apanhava e largava um livro sem me preocupar com outra coisa que não
as parcelas de realidade e de fantasia encerradas naquele maço de folhas impressas. Mais
aberto à emoção, reparava menos na técnica; atraído pela obra, pouco me interessava pelo
escritor.

A leitura profissional, os estudos de literatura e algumas incursões no campo da crítica


acabaram com esse leitor irresponsável. Hoje, ao pegar um livro, penso no homem que se
encontra atrás das frases, em suas ambições e seus objetivos, seus materiais e ferramentas.
O que antes se me apresentava como a beleza imaterial de uma flor ou de uma nuvem, soltas
no tempo e no espaço, depara-se-me como o produto de um artesanato e a manifestação de
uma vontade inteligente.

266
Por isso dificilmente leio agora um livro isolado em si mesmo. Vem-me logo a vontade de
percorrer outras obras do escritor, de aferrar nelas os traços de uma personalidade diferente
das outras, de chegar ao canal misterioso que une a criação ao criador. Daí também uma
curiosidade biográfica, como se a vida do autor necessariamente encerrasse um segredo, uma
chave para a compreensão da obra.

(RÓNAI, Paulo. Como aprendi o Português e outras aventuras. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro,
2014, p. 137)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o elemento
sublinhado para integrar adequadamente a frase:

a) Quando se (percorrer) as obras de um autor percebe-se a unidade íntima delas.


b) É preciso que se (dedicar) a todos os livros de um autor a mesma atenção curiosa.
c) Àquele maço de folhas impressas (dedicar-se) a atenção de um leitor incauto.
d) Ao leitor ainda ingênuo não (costumar) impressionar os aspectos técnicos de uma obra.
e) Uma flor, em seus dotes naturais, (encerrar) um chamado à contemplação da beleza.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) Quando se (percorrer) as obras de um autor percebe-se a unidade íntima delas.

Quando se percorrem as obras de um autor percebe-se a unidade íntima delas. ("se" é P.A)

b)É preciso que se (dedicar) a todos os livros de um autor a mesma atenção curiosa.

É preciso que se dedique a todos os livros de um autor a mesma atenção curiosa. ("se" P.A)

c) Àquele maço de folhas impressas (dedicar-se) a atenção de um leitor incauto.

Àquele maço de folhas impressas dedica-se a atenção de um leitor incauto. ("se" é P.A)

d) Ao leitor ainda ingênuo não (costumar) impressionar os aspectos técnicos de uma obra.

Ao leitor ainda ingênuo não costumam impressionar os aspectos técnicos de uma


obra. (locução verbal - VTI)

e) Uma flor, em seus dotes naturais, (encerrar) um chamado à contemplação da beleza.

Uma flor, em seus dotes naturais, encerra um chamado à contemplação da beleza. (VTD)

272 – Estação de águas

Esta poética designação – estação de águas – nada tem a ver, como eu imaginava quando
menino, com alguma estação de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em criança
a gente tende a entender tudo meio que literalmente. “Estação de águas”, soube depois, indica

267
aqui a época, a temporada ou mesmo a estância em que as pessoas se dispõem a um lazer
imperturbado ou a algum tratamento de saúde baseado nas específicas qualidades medicinais
das águas de uma região. Água para se beber ou para se banhar, conforme o caso. Tais
estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares atrativos, ao turismo de quem procura, além
de melhor saúde, a tranquilidade e o repouso que via de regra elas oferecem a quem as visita
ou nelas se hospeda.

Em meio ao turbilhão da vida moderna ainda se encontra nessas paragens um oásis de


sossego e descompromisso com o tempo. O desafio pode estar, justamente, em saber o que
fazer com um longo dia de ócio, em despovoar a cabeça das imagens tumultuosas trazidas da
cidade grande. Nessas pequenas estâncias, o relógio da matriz opera num ritmo lerdo e
preguiçoso, em apoio à calmaria daquele mundo instituído para que nada de grave ou agitado
aconteça. Os visitantes velhinhos dormitam no banco da praça, as velhinhas vão atrás de
algum artesanato, os jovens se entediam, os turistas adultos se dividem entre absorver a paz
reinante e planejar as tarefas da volta.

Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara oportunidade de paz. As informações
do mundo de hoje circulam o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida digital
é implacável e não tolera espaços de vazio ou tempos vazios. Mas enquanto não morrer de
todo o interesse de se cultuar a vida interior, experiência possível nessas estâncias sossegadas,
não convém desprezar a sensação acolhedora de pertencer a um mundo sem pressa.

(Péricles Moura e Silva, inédito)

Há ocorrência de voz passiva e respeito às normas de concordância verbal na frase:

a) Do sossego que reina nas pequenas estâncias extraem-se prazeres a que já não se tem
acesso nas modernas capitais.

b) Aos moradores das estações de água não parecem especial o fato de que os visitantes
podem usufruir da paz desses logradouros.

c) Quem costuma entender as expressões literalmente acabam por comprometerem o


sentido real que se pretendiam.

d) Agita-se no turbilhão de uma cidade grande os sentimentos de uma urgência


despropositada, que a ninguém beneficiam.

e) A poucos parecem atrair, nestes nossos dias agitados, o chamado à paz e à tranquilidade
que nos fazem as estações de águas.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Voz Passiva - Duas Formas

Voz passiva analítica - verbo ser + particípio do verbo principal.

Ex: O ministro foi afastado do cargo.

Voz passiva pronominal ou sintética - ser + verbo na terceira pessoa.

268
EX: Procuram-se soluções para crise.

273 – Leis da natureza, leis dos homens

As leis gerais da natureza, até onde sabemos, são imutáveis e irrecorríveis, capitaneadas
todas por sua Lei maior, a que faz nascer, viver e morrer. Parte da natureza, os homens – não
se sabe se por mérito próprio ou por mais um atendimento às determinações naturais –
destacaram-se dos demais viventes por desenvolver atributos e habilidades que lhes
permitiram associar experiências, produzir conhecimento, desenvolver e articular linguagens.
Seres de natureza sociável, logo sentiram a necessidade de estipular princípios de
comportamento que tornassem a vida de todos mais protegida e mais colaborativa. Nasceram
assim os rudimentos de uma legislação primitiva, transmitida nos gestos da tradição e nos
valores passados de boca em boca. Com a escrita, esses dispositivos fixaram-se,
formalizaram-se em códigos, criados e administrados por especialistas e referendados pelo
poder constituído.

Ao contrário do que ocorre com as leis naturais, as humanas não são nem imutáveis nem
irrecorríveis. Elas estão permanentemente convocadas para responder ao envelhecimento e
ao nascimento dos valores sociais, e abrem espaço para que sejam interpretadas em meio a
demandas e conflitos. É missão das leis assegurarem aos homens princípios de civilidade, em
distribuição justa e equilibrada dos direitos e deveres. É missão dos legisladores – seja no
âmbito influente dos estudiosos do Direito doutrinário, seja no âmbito decisivo dos
parlamentares das diferentes casas legislativas – constituírem a melhor formalização possível
das leis que venham a reger os interesses essenciais de uma comunidade. A expressão
“democrática distribuição da justiça” é o princípio regente, sem o qual ficam os homens
abandonados a algum poder discricionário, quando não tirânico e ditatorial. Sem as leis
humanas, vigorariam os princípios básicos – segundo alguns, “bárbaros” – dos instintos
naturais. Sabemos que a barbárie jamais foi de todo afastada da História, mas sempre
podemos perguntar o que seria de nós sem a busca e determinação dos princípios que vão
garantindo, de qualquer modo, a escalada da civilização.

(MOURINHO, Geraldo Tomé, inédito)

Há perfeita correlação entre os tempos e os modos verbais na frase:

a) A menos que a sociedade se deixe orientar globalmente pela razão e pelos melhores
sentimentos, não há como dispensar o rigor das leis.

b) Os homens não haveriam de se destacar entre as espécies caso lhes falte o


desenvolvimento das propriedades que a natureza lhes legara.

c) Acreditava-se que dos rudimentares princípios jurídicos dos velhos tempos venham a
nascer elaborações sofisticadas que chegaram até nós.

d) Não sobrevivesse em tantos homens a fúria dos instintos, não terá sido necessário tanto
empenho na criação dos códigos criminais.

e) Aos primeiros legisladores coube a missão de vierem a nos legar os princípios básicos e
inquebrantáveis que constituem uma boa legislação.

269
Comentários

O gabarito é a alternativa A.

a) A menos que a sociedade se deixe orientar globalmente pela razão e pelos melhores
sentimentos, não há como dispensar o rigor das leis.

b) Os homens não haveriam de se destacar entre as espécies caso lhes falte o


desenvolvimento das propriedades que a natureza lhes legara. → FALTASSE;

c) Acreditava-se que dos rudimentares princípios jurídicos dos velhos tempos venham a nascer
elaborações sofisticadas que chegaram até nós. → CHEGARÃO

d) Não sobrevivesse em tantos homens a fúria dos instintos, não terá sido necessário tanto
empenho na criação dos códigos criminais. → TERIA SIDO.

e) Aos primeiros legisladores coube a missão de vierem a nos legar os princípios básicos e
inquebrantáveis que constituem uma boa legislação. → VIREM.

274 – Leis da natureza, leis dos homens

As leis gerais da natureza, até onde sabemos, são imutáveis e irrecorríveis, capitaneadas
todas por sua Lei maior, a que faz nascer, viver e morrer. Parte da natureza, os homens – não
se sabe se por mérito próprio ou por mais um atendimento às determinações naturais –
destacaram-se dos demais viventes por desenvolver atributos e habilidades que lhes
permitiram associar experiências, produzir conhecimento, desenvolver e articular linguagens.
Seres de natureza sociável, logo sentiram a necessidade de estipular princípios de
comportamento que tornassem a vida de todos mais protegida e mais colaborativa. Nasceram
assim os rudimentos de uma legislação primitiva, transmitida nos gestos da tradição e nos
valores passados de boca em boca. Com a escrita, esses dispositivos fixaram-se,
formalizaram-se em códigos, criados e administrados por especialistas e referendados pelo
poder constituído.

Ao contrário do que ocorre com as leis naturais, as humanas não são nem imutáveis nem
irrecorríveis. Elas estão permanentemente convocadas para responder ao envelhecimento e
ao nascimento dos valores sociais, e abrem espaço para que sejam interpretadas em meio a
demandas e conflitos. É missão das leis assegurarem aos homens princípios de civilidade, em
distribuição justa e equilibrada dos direitos e deveres. É missão dos legisladores – seja no
âmbito influente dos estudiosos do Direito doutrinário, seja no âmbito decisivo dos
parlamentares das diferentes casas legislativas – constituírem a melhor formalização possível
das leis que venham a reger os interesses essenciais de uma comunidade. A expressão
“democrática distribuição da justiça” é o princípio regente, sem o qual ficam os homens
abandonados a algum poder discricionário, quando não tirânico e ditatorial. Sem as leis
humanas, vigorariam os princípios básicos – segundo alguns, “bárbaros” – dos instintos
naturais. Sabemos que a barbárie jamais foi de todo afastada da História, mas sempre
podemos perguntar o que seria de nós sem a busca e determinação dos princípios que vão
garantindo, de qualquer modo, a escalada da civilização.

(MOURINHO, Geraldo Tomé, inédito)

Para compor adequadamente a frase, o verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se
de modo a concordar com o termo sublinhado em:

270
a) A um homem justo não (perturbar) os rigores da lei, nem ele os teme em seu posto de
honradez.

b) Não (caber) aos seres de natureza sociável esquivar-se do cumprimento dos códigos
legais.

c) Desde o início de sua história (cumprir) aos homens estipular as melhores normas de
convívio.

d) Aos estudiosos do Direito, em todas as épocas, (competir) a missão de participar


ativamente da elaboração das leis.

e) Aqueles em que a ética predomina não (deixar) de medir esforços para que os direitos
e deveres sejam bem distribuídos.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

a) A um homem justo não (perturbar) os rigores da lei, nem ele os teme em seu posto de
honradez. → o termo sublinhado é LEI que vem acompanhado da preposição DA.

b) Não (caber) aos seres de natureza sociável esquivar-se do cumprimento dos códigos
legais. → o termo sublinhado é SERES que vem acompanhado da preposição AOS

c) Desde o início de sua história (cumprir) aos homens estipular as melhores normas de
convívio. → o termo sublinhado é HOMENS que vem acompanhado da preposição AOS

Restam assim as alternativas D e E. Agora basta encontrar o sujeito das orações.

d) Aos estudiosos do Direito, em todas as épocas, (competir) a missão de participar


ativamente da elaboração das leis. → em ordem direta A MISSÃO DE PARTICIPAR
ATIVAMENTE DA ELABORAÇÃO DAS LEIS COMPETE, EM TODAS AS ÉPOCAS, AOS
ESTUDIOSOS DO DIREITO.

e) Aqueles em que a ética predomina não (deixar) de medir esforços para que os direitos e
deveres sejam bem distribuídos. → O sujeito da oração aqui é o termo AQUELES, é só
perguntar pra frase "quem não deixa de medir esforços? AQUELES", logo o verbo deve
concordar com AQUELES e não com ética.

275 – O tempo nos nossos tempos

O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente


discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso
comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas,
dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única
escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de
contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em
torno do qual organizamos nossa rotina diária. Reconhecemos, é verdade, que os nossos

271
processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz
ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos
reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem
sentidos de tempo bem distintos.

Na sociedade moderna, muitos sentidos distintos de tempo se entrecruzam. Os movimentos


cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas
populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de segurança num
mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na
direção do firmamento do desconhecido.

Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão,
pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo
cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a
uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto
perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós
consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses?

(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo:
Loyola, 1993, p. 187-188)

Há forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às regras de concordância na frase:

a) Entre as várias assertivas do texto figuram, já ao final dele, a de que os antigos ritos e
mitos ainda exercem sua força sobre nós.

b) Reconhecem-se a natureza e a qualidade do tempo segundo as disposições emocionais a


que se esteja submetido.

c) Não hão de se evitar que nossos estados emocionais atuem decisivamente sobre as
nossas percepções do tempo.

d) Tanto nos vem marcando os ritmos do progresso a qualquer custo que nossa
compreensão do tempo nunca se contrapõem a eles.

e) Mesmo as ações da rotina simples, como tomar café ou ir ao trabalho, deixa-se marcar
por bem determinada qualificação do tempo.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A Entre as várias assertivas do texto figuram (correto seria FIGURA - verbo no singular), já ao
final dele, a de que os antigos ritos e mitos ainda exercem sua força sobre nós.

Explicação: figura a assertiva de que os antigos (...) entre as várias assertivas

C Não hão (correto seria HÁ) de se evitar que nossos estados emocionais atuem decisivamente
sobre as nossas percepções do tempo.

Explicação: verbo haver empregado no sentido de existir fica no singular.

272
D Tanto nos vem marcando os ritmos do progresso a qualquer custo que nossa compreensão
do tempo nunca se contrapõem (correto seria CONTRAPÕE, verbo no singular) a eles.

Explicação: nossa compreensão (sujeito no singular) nunca se contrapõe (verbo no singular).

E Mesmo as ações da rotina simples, como tomar café ou ir ao trabalho, deixa-se (correto
seria DEIXAM-SE) marcar por bem determinada qualificação do tempo.

Explicação: ações da rotina (sujeito no plural) deixam-se (verbo no plural).

276 – Deverá ser flexionado no plural o verbo que se encontra entre parênteses na seguinte
frase:

a) Fundada em 1626, São Nicolau do Piratini, segundo relatos históricos, (Possuir) das mais
belas igrejas da região das Missões.

b) O território das Missões Jesuíticas dos Guarani, no Brasil, (Apresentar) paisagens


culturais de alto valor patrimonial e ambiental.

c) (Reunir) diversos sítios arqueológicos o Parque Histórico Nacional das Missões, criado em
2009.

d) São Miguel das Missões, uma das reduções jesuíticas do Paraguai, (Formar), juntamente
com outras seis, os Sete Povos das Missões.

e) (Constituir) patrimônio histórico importante do Rio Grande do Sul as belas ruínas das
igrejas construídas pelos jesuítas durante a colonização.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

CUIDADO! Pegue o sujeito da oração e flexione o verbo.

A) São Nicolau do piratini possui.

B) O território...apresenta.

C) O parque... reúne.

D) São Miguel... forma.

E) As belas ruínas das igrejas constituem.

277 – Educação familiar

273
A família cumpre cada vez menos a sua função de instituição de aprendizagem e educação.
Ouve-se dizer hoje, repetidamente, o mesmo a respeito dos filhos de famílias das camadas
superiores da sociedade, “nada trouxeram de casa”. Os professores universitários comprovam
até que ponto é escassa a formação substancial, realmente experimentada pelos jovens, que
possa ser considerada como pré-adquirida.

Mas isso depende do fato de que a formação cultural perdeu a sua utilidade prática. Mesmo
que a família ainda se esforçasse por transmiti-la, a tentativa estaria condenada ao fracasso
porque, com a certeza dos bens familiares hereditários, esvaziaram-se alguns motivos de
insegurança e sentimento de desproteção. Por parte dos filhos, a tendência atual consiste em
furtarem-se a essa educação, que se apresenta como uma introversão inoportuna, e em
orientarem-se, de preferência, pelas exigências da chamada “vida real”.

O momento específico da renúncia pessoal, que hoje mutila os indivíduos, impedindo a


individuação, não é a proibição familiar, ou não o é inteiramente, mas a frieza, a indiferença
tanto mais penetrante quanto mais desagregada e vulnerável a família se torna.

(Adaptado de: HORKHEIMER, Max, e ADORNO, Theodor (orgs.). Temas básicos da Sociologia. São Paulo:
Cultrix, 1973, p. 143)

Numa nova redação de um segmento do texto, mantém-se a adequada correlação entre


tempos e modos verbais em:

a) Os professores universitários comprovariam até que ponto seja escassa a formação


substancial dos jovens.

b) Mas isso dependerá do fato de que a formação cultural perdia sua utilidade prática.

c) Mesmo que a família venha a se esforçar por transmiti-la, a tentativa estará condenada
ao fracasso.

d) A tendência atual consistiria em que hão de se furtar a essa educação.

e) O momento específico da renúncia pessoal, não sendo a proibição familiar, ou não o fosse
inteiramente, é a frieza, a indiferença.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Numa nova redação de um segmento do texto, mantém-se a adequada correlação entre


tempos e modos verbais em:

RESOLUÇÃO:

A) Os professores universitários comprovariam até que ponto seja escassa a formação


substancial dos jovens.

>Na letra A, não há compatibilidade entre “comprovariam” e “sejam”.

B) Mas isso dependerá do fato de que a formação cultural perdia sua utilidade prática.

274
>Na letra B, não há compatibilidade entre “dependerá” e “perdia”.

D) A tendência atual consistiria em que hão de se furtar a essa educação.

>Na letra D, não há compatibilidade entre “consistiria” e “hão”.

E) O momento específico da renúncia pessoal, não sendo a proibição familiar, ou não


o fosse inteiramente, é a frieza, a indiferença.

>Na letra E, não há compatibilidade entre “fosse” e “é”.

>A resposta, portanto, é a letra C: nela, as formas “venha” – presente do subjuntivo


– e “estará” – futuro do presente do indicativo – convivem harmoniosamente.

278 –Educação familiar

A família cumpre cada vez menos a sua função de instituição de aprendizagem e educação.
Ouve-se dizer hoje, repetidamente, o mesmo a respeito dos filhos de famílias das camadas
superiores da sociedade, “nada trouxeram de casa”. Os professores universitários comprovam
até que ponto é escassa a formação substancial, realmente experimentada pelos jovens, que
possa ser considerada como pré-adquirida.

Mas isso depende do fato de que a formação cultural perdeu a sua utilidade prática. Mesmo
que a família ainda se esforçasse por transmiti-la, a tentativa estaria condenada ao fracasso
porque, com a certeza dos bens familiares hereditários, esvaziaram-se alguns motivos de
insegurança e sentimento de desproteção. Por parte dos filhos, a tendência atual consiste em
furtarem-se a essa educação, que se apresenta como uma introversão inoportuna, e em
orientarem-se, de preferência, pelas exigências da chamada “vida real”.

O momento específico da renúncia pessoal, que hoje mutila os indivíduos, impedindo a


individuação, não é a proibição familiar, ou não o é inteiramente, mas a frieza, a indiferença
tanto mais penetrante quanto mais desagregada e vulnerável a família se torna.

(Adaptado de: HORKHEIMER, Max, e ADORNO, Theodor (orgs.). Temas básicos da Sociologia. São Paulo:
Cultrix, 1973, p. 143)

Há ocorrência de forma verbal na voz passiva e pleno atendimento às regras de concordância


na frase:

a) As funções educativas que em nossos dias deveriam assumir a família do jovem passaram
a ocupar um plano inteiramente secundário.

b) No caso de ser assumido pelas famílias seu papel educativo, os jovens passariam a ser
os grandes beneficiários dessa iniciativa.

c) Assumir a família um papel complementar no processo educacional corresponde a uma


das iniciativas de que não podem se esquivar.

d) Ainda que não caibam às famílias assumir o protagonismo do processo educacional, não
há como se furtarem a participar desse processo.

275
e) Imagina-se que em algum momento as famílias venham a assumir o papel que delas se
esperam ao longo de um processo educacional.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

O comando da questão pede 2 coisas: ocorrência de forma verbal na voz passiva e pleno
atendimento às regras de concordância.

B) No caso de ser assumido pelas famílias seu papel educativo, os jovens passariam a ser os
grandes beneficiários dessa iniciativa. voz passiva analítica (ser + particípio) ok e concordância
ok

E) Imagina-se que em algum momento as famílias venham a assumir o papel que delas
se esperam ao longo de um processo educacional. voz passiva sintética (verbo na 3º pessoa
+ partícula "se" apassivadora) ok e ERRO de CONCORDÂNCIA ( O correto é: "... o papel que
delas se espera...", pois o termo 'que' retoma o antecedente 'papel').

279 – Fertilidade das utopias

Um ideal de vida pessoal ou coletivo precisa estar lastreado numa avaliação realista das
circunstâncias e restrições existentes. Ocorre, porém, que a realidade objetiva não é toda a
realidade. A vida dos povos, não menos que a dos indivíduos, é vivida em larga medida na
imaginação.

A capacidade de sonho e o desejo de mudar fertilizam o real, expandem as fronteiras do


possível e reembaralham as cartas do provável. Quando a vontade de mudança e a criação do
novo estão em jogo, resignar-se a um covarde e defensivo realismo é condenar-se ao passado
e à repetição medíocre. Se o sonho descuidado do real é vazio, o real desprovido de sonho é
deserto. No universo das relações humanas, o futuro responde à força e à ousadia do nosso
querer. O desejo move.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p 145)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular na frase:

a) Nem ao sonho, nem à realidade (caber) fazer restrições, uma vez que ambos sempre se
compuseram em nossas experiências.

b) Sempre (haver) de precipitar-se desavenças inúteis e inconsequentes entre os idealistas


puros e os realistas radicais.

c) Não (constar) em nosso passado de civilizados incongruências fatais entre sonhos e


desejos possíveis.

d) É comum que mesmo numa relação familiar (atingir) uma proporção inaudita as
desavenças entre idealistas e realistas.

276
e) Não deixa de ser uma ironia que a idealistas e realistas (poder) eventualmente
contrapor-se os indiferentes ao destino humano.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular na frase:

A)Nem ao sonho, nem à realidade (caber) fazer restrições, uma vez que ambos sempre se
compuseram em nossas experiências.

>Na letra A, deve-se empregar a forma singular “cabe”, para que haja concordância com
o sujeito oracional “fazer restrições”.

B)Sempre (haver) de precipitar-se desavenças inúteis e inconsequentes entre os idealistas


puros e os realistas radicais.

>Na letra B, deve-se empregar a forma “haverão de precipitar-se”, para que haja
concordância com “desavenças”.

C)Não (constar) em nosso passado de civilizados incongruências fatais entre sonhos e


desejos possíveis.

>Na letra C, deve-se empregar a forma “constam”, para que haja concordância
com “incongruências”.

D)É comum que mesmo numa relação familiar (atingir) uma proporção inaudita as
desavenças entre idealistas e realistas.

>Na letra D, deve-se empregar a forma “atinjam”, para que haja concordância com “as
desavenças”.

E)Não deixa de ser uma ironia que a idealistas e realistas (poder) eventualmente contrapor-
se os indiferentes ao destino humano.

>Na letra E, deve-se empregar a forma “podem”, para que haja concordância com “os
indiferentes.

280 – A era das compras

A economia capitalista moderna deve aumentar a produção constantemente, se quiser


sobreviver, como um tubarão que deve nadar para não morrer por asfixia. Mas a maioria das
pessoas, ao longo da história, viveu em condições de escassez. A fragilidade era, portanto,
sua palavra de ordem. A ética austera dos puritanos e a dos espartanos são apenas dois
exemplos famosos. Uma pessoa boa evitava luxos e nunca desperdiçava comida. Somente reis
e nobres se permitiam renunciar publicamente a tais valores e ostentar suas riquezas.

277
O consumismo vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo.
Encoraja as pessoas a cuidarem de si mesmas, a se mimarem e até a se matarem pouco a
pouco por meio do consumo exagerado. A frugalidade é uma doença a ser curada. Não é
preciso olhar muito longe para ver a ética do consumo em ação – basta ler a parte de trás de
uma caixa de cereal: “Para uma refeição saborosa no meio do dia, perfeita para um estilo de
vida saudável. Um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso do “quero mais!”.

Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por
esse texto. Elas o teriam considerado egoísta, indecente e moralmente corrupto. O
consumismo trabalhou duro, com a ajuda da psicologia e da vontade popular, para convencer
as pessoas de que a indulgência com os excessos é algo bom, ao passo que a frugalidade
significa auto-opressão.

(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. 38. ed. Porto
Alegre: L&PM, 2018, p. 357-358)

Há adequada correlação entre os tempos e os modos verbais empregados na frase:

a) Há quem queira que a economia capitalista deva aumentar sua produção para que
sobrevivesse de modo mais consistente.

b) Caso retornássemos às antigas situações de escassez em que viviam os antigos, talvez


venhamos a sentir saudade do presente consumismo.

c) A menos que venha a encorajar as pessoas a um consumismo desenfreado, a propaganda


poderia não ver sentido na linguagem de que se vale.

d) Quem esperasse encontrar informações úteis e objetivas numa caixa de cereal terá se
decepcionado com a linguagem apenas persuasiva.

e) Na hipótese de virem a ser contrariadas em sua inclinação para o consumo, muitas


pessoas não hesitariam em maldizer seus críticos.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) Há quem queira que a economia capitalista deva aumentar sua produção para
que sobrevivesse (sobreviva) de modo mais consistente.

b) Caso retornássemos às antigas situações de escassez em que viviam os antigos,


talvez venhamos (viéssemos)a sentir saudade do presente consumismo.

c) A menos que venha a encorajar as pessoas a um consumismo desenfreado, a


propaganda poderia (poderá) não ver sentido na linguagem de que se vale.

d) Quem esperasse encontrar informações úteis e objetivas numa caixa de cereal terá se
decepcionado (teria se decepcionado) com a linguagem apenas persuasiva.

e) Na hipótese de virem a ser contrariadas em sua inclinação para o consumo, muitas pessoas
não hesitariam em maldizer seus críticos.

278
281 – “ I habituados II posse, ou mesmo III esperança da admiração pública”, observa Adam
Smith, “todos os demais prazeres esmaecem e definham.”

(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 85)

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas I, II e III do texto


devem ser preenchidas, respectivamente, por:

a) Àqueles − à −a
b) Aqueles − à −à
c) Àqueles − a −a
d) Aqueles − à −a
e) Àqueles − à –à

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Sempre que houver a preposição A junto aos pronomes demonstrativos AQUELE(S),


AQUELA(S) e AQUILO, haverá crase. Devemos, então, usar o acento da crase no primeiro
“a”.

282 – A história do animal de estimação revela mudanças sociais ao longo do tempo. Na


França, por exemplo, a corte de Luís XVI já rompera com o animal-máquina dos cartesianos.
A afeição que Rousseau dedicou a seu cão fizera escola nos salões; deixara-se de considerar
o animal como um boneco vivo para ver nele um indivíduo, digno de sentimento.

A época romântica fornece numerosos exemplos de atitudes de ternura para com o animal
de companhia. O animal faz-se recurso contra os temores da solidão. Isolado em 1841 em
Citavecchia, Stendhal afaga seus dois cachorros. Victor Hugo mostra-se muito apegado ao cão
que o acompanha no exílio.

Em 1845, a Sociedade Protetora dos Animais instala-se em Paris. Desde então amplia-se
a mania das exposições caninas; a fotografia do bicho junta-se à das crianças no álbum de
família. O cão chega a colocar um problema para as companhias ferroviárias, que reservam
um vagão para eles.

Durante o final do século XIX, o status do animal tende a modificar-se. A crescente


influência dos livres-pensadores favorece o crescimento de uma nova fraternidade entre o
homem e o bicho. Garantir seus direitos, assegurar sua felicidade é tentar romper com a nova
solidão do gênero humano. O problema absolutamente não se coloca em termos ecológicos;
trata-se de enaltecer simultaneamente o sentimento de humanidade e a utilidade social. A
escola primária empenha-se em dar uma crescente atenção aos animais. A vulgarização das
doutrinas evolucionistas, a expansão da medicina veterinária, os êxitos da zootecnia trabalham

279
em favor desta nova fraternidade e avivam a inclinação ao antropomorfismo. Este alcança
então o seu ápice.

Entretanto, igualmente neste domínio, as descobertas de Pasteur convidam a uma


mudança de conduta. É certo que não parece que o cuidado com a assepsia, que levava a não
se acariciar um animal sem usar luvas, tenha sobrevivido por muito tempo à moda inicial das
novas teorias; o medo dos micróbios irá atuar pelo menos em favor do gato de apartamento,
reputado como mais limpo que seu concorrente. O felino, até então limitado à alta sociedade
e aos meios artísticos, expande-se entre o povo. Ao raiar do século XX, inaugura-se entre o
homem e o animal uma inversão na relação afetiva de dependência; o último já se apresta a
tornar-se o soberano e o senhor do espaço doméstico.

(Adaptado de: A história da vida privada. Volume IV, 1993)

A partir do texto, afirma-se corretamente:

a) A crase em tenha sobrevivido por muito tempo à moda inicial das novas teorias (5°
parágrafo) é facultativa e pode ser suprimida.

b) A vírgula colocada imediatamente após “ferroviárias” pode ser suprimida, sem prejuízo
do sentido em O cão chega a colocar um problema para as companhias ferroviárias, que
reservam um vagão para eles. (3° parágrafo)

c) O elemento sublinhado em o último já se apresta a tornar-se o soberano e o senhor do


espaço doméstico (5° parágrafo) refere-se a “felino”.

d) No segmento a fotografia do bicho junta-se à das crianças no álbum de família (3°


parágrafo) o emprego da crase indica a elipse da palavra “fotografia”.

e) O elemento sublinhado em Este alcança então o seu ápice (4° parágrafo) refere-se ao
êxito da zootecnia.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

No segmento a fotografia do bicho junta-se à das crianças no álbum de família (3° parágrafo)
o emprego da crase indica a elipse da palavra “fotografia” → correto, elipse (=omissão) do
substantivo "fotografia" (=junta-se a alguma coisa "preposição a" + artigo definido do termo
omitido "fotografia" → à "à fotografia").

283 – Na história da humanidade, jamais se viveu um período de tão radical metamorfose,


especialmente no campo das concretudes, materializadas sobretudo no cenário das máquinas.
Em velocidade vertiginosa, o mundo se reorganiza a partir da revolução científica e tecnológica
permanente, cuja influência se estende da biologia à engenharia da comunicação. Criam-se,
assim, diariamente, novas categorias para as coisas e para os fabulosos eventos a elas
relacionados. Trata-se de um momento de deslumbramento, mas também de dura incerteza.

Se resiste ..I.. ilusão de que ..II.. felicidade vem ..III.. reboque dessas transformações,
também é fato que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.

280
(Adaptado de: MIRANDA, Danilo Santos de. “Mutações: caminhos sinuosos e inquietações na
busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.). Mutações. São Paulo: Edições SESC SP, 2008)

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas I, II e III do


segundo parágrafo devem ser preenchidas, respectivamente, por:

a) à – à – à.
b) à – a – a.
c) a – a – a.
d) a – a – à.
e) à – a – à.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Se resiste A ilusão de que A felicidade vem A reboque dessas transformações, também é fato
que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.

O fenômeno da crase existe quando há uma fusão (ou contração) entre a preposição "a" e o
artigo definido feminino "a". Isso não ocorreu nos casos apresentados.
_________________
I - Artigo definido. Não é preposição exigida pelo verbo, pois faz parte do sujeito. Ele inicia
a oração com valor de sujeito.(O verbo resistir, no caso, é intransitivo, não necessita de
complemento.)

Pergunte ao verbo: o que é que resiste? Resposta: a ilusão (sujeito). Se passarmos a


frase para a ordem direta, perceberemos.

Se A ilusão de que A felicidade vem A reboque dessas transformações resiste, também é fato
que os homens frequentemente se desanimam com as próprias invenções.

II - Artigo definido antes do substantivo "felicidade".

III - Somente preposição A, visto que está antes de um substantivo masculino


(reboque).

284 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta muitas alternativas para construir
um olhar positivo sobre a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental denunciar
a conspiração do silêncio e revelar como a sociedade trata os velhos: eles costumam ser
desprezados e estigmatizados. Apesar de ter consciência de que são inúmeros os problemas
relacionados ao processo de envelhecimento, quero compreender se existe algum caminho
para chegar à última fase da vida de uma maneira mais plena e mais feliz. Encontro na própria
Simone de Beauvoir a resposta para esta questão. Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice,
um possível caminho para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de vida.

281
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney
Mato grosso, Chico Buarque, Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém
consiga enxergar neles, que já chegaram ou estão chegando aos 70 anos, um retrato negativo
do envelhecimento. São típicos exemplos de pessoas chamadas “sem idade”.

Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!” ou qualquer
outro rótulo que sempre contestaram. São de uma geração que transformou comportamentos
e valores de homens e mulheres, que inventou diferentes arranjos amorosos e que legitimou
novas formas de família. Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mundo e se
reinventam permanentemente. Continuam cantando, dançando, criando, amando, brincando,
trabalhando, transgredindo tabus. Não se aposentaram de si mesmos, recusaram as regras
que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se tornaram invisíveis, infelizes,
deprimidos. Eles, como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e dão novos
significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos:
inclassificáveis”.

Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A liberdade é o que você faz com o
que a vida fez com você”. Esta máxima existencialista é fundamental para compreender a
construção de um projeto de vida. O projeto de cada indivíduo pode ser traçado desde a
infância, mas também pode ser construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois a
ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da liberdade de escolha e da
responsabilidade individual na construção de um projeto de vida que dê significado às nossas
existências até os últimos dias.

(Adaptado de: GOLDENBERG, Mirian. A bela velhice. Record. edição digital)

Substituindo-se o segmento sublinhado pelo que se encontra entre parênteses, o emprego de


crase está correto em:

a) recusaram as regras que os obrigariam a se comportar (à agirem) como velhos.

b) um projeto de vida que dê significado à existência (à nossas vidas)

c) dão novos significados ao envelhecimento (à velhice)

d) são inúmeros os problemas relacionados ao processo de envelhecimento (à questões


relacionadas ao envelhecimento)

e) se existe algum caminho para chegar à última fase da vida (à idades avançadas) de uma
maneira mais plena

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Dão novos significados ao envelhecimento (à velhice) → correto, dão novos significados a


algo (preposição "a") + artigo definido "a" que acompanha o substantivo "velhice" (=crase).

285 – [Os nomes e os lugares]

282
É sempre perigoso usar termos geográficos no discurso histórico. É preciso ter muita
cautela, pois a cartografia dá um ar de espúria objetividade a termos que, com frequência,
talvez geralmente, pertencem à política, ao reino dos programas, mais que à realidade.
Historiadores e diplomatas sabem com que frequência a ideologia e a política se fazem passar
por fatos. Rios, representados nos mapas por linhas claras, são transformados não apenas em
fronteiras entre países, mas fronteiras “naturais”. Demarcações linguísticas justificam
fronteiras estatais.

A própria escolha dos nomes nos mapas costuma criar para os cartógrafos a necessidade
de tomar decisões políticas. Como devem chamar lugares ou características geográficas que
já têm vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram mudados oficialmente? Se for oferecida
uma lista alternativa, que nomes são indicados como principais? Se os nomes mudaram, por
quanto tempo devem os nomes antigos ser lembrados?

(HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.
109)

É inteiramente adequado o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) O acesso a que se tem aos elementos de um mapa leva-nos a estranhar os nomes


que os atribuem os cartógrafos.

b) A cautela de que se reveste um historiador, diante das denominações de um mapa,


justifica-se pelos critérios políticos que as influenciaram.

c) A estranheza de cuja somos possuídos quando comparamos as denominações de um


mapa está na multiplicidade de critérios que à elas se impõem.

d) Há nos mapas limites geográficos dados enquanto naturais, quando de fato o


que lhes determina é uma posição política.

e) É nos tempos remotos em cujos se estabeleceram as denominações de um mapa que se


pode encontrar uma justificativa para os mesmos.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A cautela de que se reveste um historiador, diante das denominações de um mapa, justifica-


se pelos critérios políticos que as influenciaram. → reveste-se de alguma coisa (preposição
"de" antes do pronome relativo "que"); influenciaram alguma coisa (denominações de um
mapa).

286 – Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?

Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam
vistas de todos os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.

283
Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento oferece um potencial incrível para o
futuro dos filmes – como a realidade aumentada, a inteligência artificial e a capacidade cada
vez maior de computadores de criar mundos digitais detalhados.

Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as histórias cinematográficas do futuro


diferem das experiências disponíveis hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e artista
Chris Milk, os filmes do futuro oferecerão experiências imersivas sob medida. Eles serão
capazes de “criar uma história em tempo real que é só para você, que satisfaça exclusivamente
a você e o que você gosta ou não”, diz ele.

(Adaptado de: BUCKMASTER, Luke. Disponível em: www.bbc.com)

No contexto, substitui corretamente o elemento sublinhado o que se encontra entre colchetes


em:

a) (3° parágrafo) ... como as histórias cinematográficas do futuro diferem


das experiências... [se opõem às]

b) (1° parágrafo) ... o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos...
[semelhante à]

c) (1° parágrafo) ... que capturam vistas de todos os ângulos... [à partir de]

d) (3° parágrafo) ... uma história em tempo real que é só para você... [à qual]

e) (3° parágrafo) Como serão os filmes daqui a 20 anos? [à decorrerem]

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

(3° parágrafo) ... como as histórias cinematográficas do futuro diferem das experiências... [se
opõem às] → correto, opõem-se a alguma coisa (preposição) + artigo definido "as" que
acompanha o substantivo "vivências"= crase.

287 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão

Ai, que vergonha...

Sou tímida. Já nasci assim, veio de algum gene que meus pais me transmitiram, o que não
deixa de ser estranho, já que sou incomparavelmente mais tímida que os dois juntos.

Só quem é tímido − e não me refiro aí aos falsos tímidos, aqueles que têm uma timidezinha
boba de vez em quando, por exemplo, ao chegar a uma festa sem conhecer ninguém − sabe
a dificuldade de se dizer “não” a um amigo ou de cobrar alguma coisa de alguém. E só nós
tímidos sabemos também o quanto nos custa entrar em uma loja e experimentar uma roupa.
O verdadeiro tímido tem vergonha de tudo e de todos.

Hoje em dia, depois de anos de teatro e terapia, melhorei demais. Muita gente me afronta
e diz que não sou tímida nada, que eu nunca subiria em um palco se minha timidez fosse de
verdade. Eu digo que uma coisa não tem nada a ver com a outra. O palco possui uma parede

284
invisível, e quando subo nele é como se não visse ninguém. Além disso, quando as pessoas
vão a alguma das minhas apresentações, é esperado que eu cante. Muito diferente é ir a um
churrasco e me pedirem para tocar violão. Morro de vergonha. As pessoas param de conversar
e ficam me olhando, na expectativa. A minha voz nem sai direito, tamanha a vontade de
desaparecer do recinto.

Os psicólogos dizem que timidez, na verdade, é orgulho. O tímido seria alguém com tal
mania de perfeição que não se dá o direito de errar. Não concordo. Eu digo que o tímido é
alguém que tem vergonha de errar, de acertar, de ser julgado ignorante, de ser considerado
inteligente, de ser taxado de prepotente...
Eu tenho vergonha de tudo. Mas já descobri − até há bastante tempo − o antídoto da timidez.
Quando gosto e quero realmente alguma coisa, vergonha nenhuma me impede. Aí eu finjo que
sou uma outra pessoa, coloco uma base no rosto para disfarçar a vermelhidão e vou em frente.
É assim inclusive com essas crônicas, que tenho vergonha de publicar, mas gosto demais de
escrever para parar.

(Adaptado de: PIMENTA, Paula. Disponível em: www.patio.com.br. 13/12/2006)

Observe a seguinte passagem:


− as pessoas vão a alguma das minhas apresentações (3º parágrafo)

Considerando-se o emprego do sinal indicativo de crase, substitui corretamente a expressão


sublinhada o que se encontra em:

a) à qualquer uma das


b) à maioria das
c) à
d) às
e) à todas as

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

→ Questão com dois gabaritos para mim ("b" e "d") visto que a questão não pediu sentido e
somente o uso da crase:

→ Vão a algo (preposição) + artigo definido "a"= à maioria das minhas apresentações;

→ Vão a algo (preposição) + artigo definido "as"= às minhas apresentações.

288 – Na palavra “amor” I algo tão ambíguo, tão sugestivo, que tanto fala II recordação
e III esperança, que mesmo IV mais fraca inteligência e o mais frio coração percebem algo
do cintilar desse termo.
(Adaptado de: Friedrich Nietzsche. 100 aforismos sobre o amor e a morte. Tradução de
Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.23)
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas I, II, III e IV do
texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:

a) a−à−à−a

285
b) há − à − à − a
c) há − a − a − à
d) a−a−a−a
e) há − à − a − à

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

→ Na palavra “amor” há algo tão ambíguo, tão sugestivo, que tanto fala à recordação
e à esperança, que mesmo a mais fraca inteligência e o mais frio coração percebem algo do
cintilar desse termo.

→ Verbo "haver" com sentido de "existir" (há);

→ Vou para o quarto item; observamos que o termo que acompanha o advérbio "mais" é
somente um artigo definido, visto que dá início ao sujeito composto, e sujeito não pode ser
preposicionado, assim eliminamos a letra "c" e "e", restando-nos somente a letra "b";

→ Agora esse verbo "falar" (possui várias transitividades); no contexto foi usado como
transitivo indireto (falar a algo); daí a exigência da preposição "a" + o artigo definido "a",
formando a crase.

289 – Em 1925, um estudante de farmácia e jovem poeta que assinava Carlos Drummond
publicou um artigo afirmando que, em relação a Machado de Assis, o melhor a fazer era
repudiá-lo. Cheio de ímpeto juvenil, considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à obra
de renovação da cultura geral”. Na correspondência que manteve com Mário de Andrade nas
décadas de 1920 e 1930, Machado também teria papel crucial no embate acerca da tradição.
Nas cartas, o escritor volta e meia surge como encarnação de um passado a ser descartado.

Décadas mais tarde, em 1958, Drummond publicou o poema “A um bruxo, com amor”,
uma das mais belas homenagens de escritor para escritor na literatura brasileira. Um único
verso dá a medida do elogio: “Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro”. O
poema compõe-se de frases do escritor, cujo cinquentenário de morte então se comemorava.
O poeta maduro, que agora assinava Carlos Drummond de Andrade, emprestava palavras do
próprio Machado para compor um epíteto que ganharia ampla circulação, o “bruxo do Cosme
Velho”. O que teria se passado com Drummond para mudar tão radicalmente de posição?

Harold Bloom descreve as razões que marcam a relação entre escritores de diferentes
gerações. O processo passa pela ironia do mais jovem em relação ao seu precursor; pelo
movimento que marca a construção de um sublime que se contrapõe ao do precursor; e,
finalmente, pela reapropriação do legado.

A assimilação dificultosa do passado é também um processo vivido pela geração de


Drummond. Os antepassados foram vistos muitas vezes como obstáculos aos desejos de
renovação que emergiram a partir da década de 1910 em vários pontos do Brasil. E tanto no
âmbito individual como no geracional, Machado surge como emblema do antigo. Alguém que
fora sepultado com os elogios fúnebres de Rui Barbosa e Olavo Bilac não podia deixar de ser
uma pedra no caminho para escritores investidos do propósito de romper com as convenções.
Até Drummond chegar à declaração de respeito, admiração e amor, foi um longo percurso.

286
Pouco a pouco, Machado deixa de ser ameaça para se tornar uma presença imensa que ocupa
a imaginação do poeta.

(Adaptado de: GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Amor nenhum dispensa uma gota de ácido. São Paulo:
Três Estrelas, 2019, p. 9-30.)

O termo sublinhado pode ser substituído pelo que se encontra entre parênteses em:

a) O poema compõe-se de frases do escritor, cujo (do qual) cinquentenário de morte então
se comemorava.

b) correspondência que (à qual) manteve com Mário de Andrade nas décadas de 1920 e
1930.

c) pelo movimento que (no qual) marca a construção de um sublime que se contrapõe ao
do precursor.

d) Harold Bloom descreve as razões que (nas quais) marcam a relação entre escritores de
diferentes gerações.

e) considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à (para a) obra de renovação da cultura


geral”.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

Considerava o criador de Brás Cubas um “entrave à (para a) obra de renovação da cultura


geral”. → correto, entrave a alguma coisa (preposição "a") + artigo definido "a"= crase OU
entrave para alguma coisa (preposição "para" e logo após o artigo definido "a").

290 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de


malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a

287
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase,


redigida a partir do texto:

a) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja.


b) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo.
c) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.
d) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros.
e) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais. → nós dedicamos a alguma
coisa (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino "criação"=
crase (à criação).

291 – De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o
gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo


de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no

288
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-
se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor.
Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a
pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase,


redigida a partir do texto:

a) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja.


b) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo.
c) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.
d) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros.
e) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais. → nós dedicamos a alguma
coisa (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino "criação"=
crase (à criação).

292 – 1. A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus
escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os
cafés que frequentava.

2. Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa
carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha
medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa
seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.

3. Recém-formado, Kafka começa a trabalhar numa companhia de seguros, afirmando que


esse trabalho matará sua vocação; como poderia chegar a ser um escritor alguém que dedica
tantas horas a um afazer alimentício? Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas. Mas
este fez o que a maioria deles não faz: escrever em todos os momentos livres que tinha, e,
embora tenha publicado pouco em vida, deixar uma obra de longuíssimo fôlego.

4. Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos livros
jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi um dos
grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que

289
acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista,
porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.

5. A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos que acreditavam no talento de


Kafka, há agora uma retomada dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça! O
mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de acatado a decisão do amigo a quem
admirava, salvado para os leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.

6. Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato
nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e
elevaram os níveis de vida da família.

7. O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia publicado
alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem trégua a
acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia, perdia a
insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e histórias.

(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. 19/5/19. Disponível em: brasil.elpais.com)

Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas (1° parágrafo)

No contexto, o segmento sublinhado acima pode ser corretamente reescrito do seguinte modo:

a) que lhe foram dedicadas.


b) as quais dedicam-se a ele.
c) que foram-no dedicadas.
d) às quais dedicaram-lhe.
e) que lhes foram dedicadas.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Quem dedica, dedica algo a alguém - DEDICADAS (VTDI)

DEDICADAS as esculturas (VTD) -

DEDICADAS para ele (VTI) usando assim lhe

Sendo o pronome QUE atrativo (atrai o lhe), a alternativa certa é a letra A

Que lhe foram dedicadas

293 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento. Desde que nossos
ancestrais desceram das árvores, há 6 milhões de anos, a competição conferiu vantagem de
sobrevivência às pessoas que se movimentavam com mais desenvoltura. Como resultado, o
corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr,
abaixar e levantar com eficiência.

290
A partir da segunda metade do século 20, no entanto, sucessivos avanços tecnológicos
tornaram possível trabalhar sem sair da cadeira. Graças ao conforto moderno, passamos a
usar o corpo de uma maneira para a qual ele não foi engendrado.

Ao mesmo tempo, novas técnicas de cultivo agrícola e armazenagem possibilitaram o


acesso de grandes massas populacionais a alimentos de alta qualidade. As refeições da classe
média de hoje são mais nutritivas do que as dos nobres medievais.

A ingestão diária de um número maior de calorias do que as exigidas para a manutenção


do peso saudável de um corpo sedentário criou as condições para a explosão da epidemia de
obesidade que assola o mundo. No Brasil, 52% dos adultos estão acima do peso.
Em estudo recente, pesquisadores consideraram o impacto direto no sistema de saúde
causado por enfermidades nas quais a influência da vida sedentária é conhecida com mais
detalhes.

A aplicação de métodos estatísticos permitiu chegar às seguintes conclusões, entre


outras: contados os gastos dos sistemas de saúde e os anos perdidos de trabalho por morte
precoce, a inatividade física custou para o mundo US$ 67,5 bilhões; quanto mais pobre o país,
menor o suporte financeiro governamental e maior a despesa das famílias com o tratamento
das doenças estudadas.

No Brasil, a faixa etária da população que mais cresce é a que está acima dos 60 anos,
justamente a mais sedentária. É nessa fase da vida que incidem as doenças crônico-
degenerativas mais comuns.

Qual de nossos antepassados poderia imaginar que o maior desafio da saúde pública no
século 21 seria convencer a população a andar?

(Adaptado de: VARELLA, Dráuzio. Disponível em: drauziovarella.com.br)

... o corpo que chegou até nós... (1º parágrafo)

Considerado o contexto, a frase acima se manterá correta, sem prejuízo para o sentido
original, caso o elemento sublinhado seja substituído por:

a) foi trazido à nós


b) nós herdamos
c) à nós chegou
d) ainda chegou conosco
e) recebemos à tempos

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

→ A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento. Desde que nossos
ancestrais desceram das árvores, há 6 milhões de anos, a competição conferiu vantagem de
sobrevivência às pessoas que se movimentavam com mais desenvoltura. Como resultado, o
corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr,
abaixar e levantar com eficiência.

291
→ Marca a ideia de uma passagem de tempo e a evolução do corpo físico, dessa forma, o
sentido é de algo que "herdamos" no decorrer do tempo, uma evolução.

A) foi trazido à nós → crase incorreta antes do pronome do caso reto "nós".

B) nós herdamos

C) à nós chegou

D) ainda chegou conosco → incorreto, não temos esse valor de algo que ocorreu
simultaneamente.

E) recebemos à tempos → incorreto, não temos o artigo definido "a" antes do substantivo
masculino "tempos", logo sem crase.

294 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento. Desde que nossos
ancestrais desceram das árvores, há 6 milhões de anos, a competição conferiu vantagem de
sobrevivência às pessoas que se movimentavam com mais desenvoltura. Como resultado, o
corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr,
abaixar e levantar com eficiência.

A partir da segunda metade do século 20, no entanto, sucessivos avanços tecnológicos


tornaram possível trabalhar sem sair da cadeira. Graças ao conforto moderno, passamos a
usar o corpo de uma maneira para a qual ele não foi engendrado.

Ao mesmo tempo, novas técnicas de cultivo agrícola e armazenagem possibilitaram o


acesso de grandes massas populacionais a alimentos de alta qualidade. As refeições da classe
média de hoje são mais nutritivas do que as dos nobres medievais.

A ingestão diária de um número maior de calorias do que as exigidas para a manutenção


do peso saudável de um corpo sedentário criou as condições para a explosão da epidemia de
obesidade que assola o mundo. No Brasil, 52% dos adultos estão acima do peso.

Em estudo recente, pesquisadores consideraram o impacto direto no sistema de saúde


causado por enfermidades nas quais a influência da vida sedentária é conhecida com mais
detalhes.

A aplicação de métodos estatísticos permitiu chegar às seguintes conclusões, entre


outras: contados os gastos dos sistemas de saúde e os anos perdidos de trabalho por morte
precoce, a inatividade física custou para o mundo US$ 67,5 bilhões; quanto mais pobre o país,
menor o suporte financeiro governamental e maior a despesa das famílias com o tratamento
das doenças estudadas.

No Brasil, a faixa etária da população que mais cresce é a que está acima dos 60 anos,
justamente a mais sedentária. É nessa fase da vida que incidem as doenças crônico-
degenerativas mais comuns.

Qual de nossos antepassados poderia imaginar que o maior desafio da saúde pública no
século 21 seria convencer a população a andar?

292
(Adaptado de: VARELLA, Dráuzio. Disponível em: drauziovarella.com.br)

... a competição conferiu vantagem de sobrevivência às pessoas que se movimentavam com


mais desenvoltura.(1º parágrafo) Sem prejuízo para a correção, o segmento sublinhado acima
pode ser substituído por:

a) à sujeitos
b) à mulheres e homens
c) à seres
d) a indivíduos
e) as mulheres e aos homens

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A indivíduos, sem crase por ser palavra masculina e melhor se encaixar no entendimento.

295 – “Todos aqueles que devem deliberar sobre questões dúbias devem também manter-se
imunes ao ódio e à simpatia, à ira e ao sentimentalismo”.

Nesse pensamento de um historiador latino, ocorreu duas vezes a utilização correta do acento
grave indicativo de que houve crase; a frase abaixo em que esse mesmo acento
está equivocado é:

a) Quem perdoa uma culpa encoraja à cometer muitas outras;


b) A aspiração à glória é a última da qual se conseguem libertar os homens mais sábios;
c) Quem aspira à sumidade, raras vezes consegue passar do meio;
d) Veja o que ocorreu com muitos intelectuais, condenados à fama imortal;
e) Todos somos levados à obediência eterna a Deus.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

O verbo "encorajar" é transitivo indireto (tem sentido incompleto). Logo, usa preposição
"a" antes do complemento.

Quem encoraja encoraja "a" alguma coisa.

Porém em seguida aparece "cometer" (verbo).

O termo que completa o sentido desse verbo como objeto indireto é a oração "cometer
muitas outras". Trata-se de um objeto indireto oracional.

Antes de verbo no infinitivo NÃO se usa crase!

293
296 – Atenção: Leia a crônica a seguir para responder a questão.

O substituto da vida

Quando meu instrumento de trabalho era a máquina de escrever, eu me sentava a ela,


punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de escrever, tirava o papel, lia o que
escrevera, fazia eventuais emendas e, se fosse o caso, batia o texto a limpo. Relia-o para ver
se era aquilo mesmo, fechava a máquina, entregava a matéria e ia à vida.

Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol com o pessoal da editoria de
esporte, paquerar a diagramadora do caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. Se
estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de escrever eu fechava a máquina
e abria um livro, escutava um disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina no
dia seguinte.

Hoje, diante do computador, termino de produzir um texto, vou à lista de mensagens para
saber quem me escreveu, deleto mensagens inúteis, respondo às que precisam de resposta,
eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais e revistas on-line. Quando me dou
conta, já é noite lá fora e não saí da frente da tela.

Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a caneta, o bloco, a agenda, o telefone,
a banca de jornais, a máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema, o DVD, o
correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso, o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o
CD, a bússola, os mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que me substitua
também.

(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação Brasil, 2018, p. 67-68)

Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, a alternativa que apresenta um substituto


correto para a expressão sublinhada é:

a) Só reabria a máquina... (2º parágrafo) / voltava à


b) ... eu me sentava a ela... (1º parágrafo) / em frente à ela
c) Relia-o para ver se era aquilo... (1º parágrafo) / à fim de
d) ... paquerar a diagramadora... (2º parágrafo) / flertar com à
e) ... entro em jornais e revistas on-line. (3º parágrafo) / faço consultas à

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Só reabria a máquina... (2º parágrafo) / voltava à → voltava a algo (preposição) + artigo


definido "a" que acompanha o substantivo "máquina"= crase.

297 – O equilíbrio entre desafio e frustração é crucial no ensino. O problema é que estudantes
têm talentos variados e diferentes. A mesma aula pode ser fácil demais e entediar certos
alunos e, ao mesmo tempo, parecer intransponível a outros.

É óbvio que não somos todos iguais, mas custamos a admitir isso. Uma consequência da
ideia de que somos todos iguais é que a diferença entre os alunos que terão sucesso na escola

294
e os que não terão não pode ser questão de mais ou menos inteligência, predisposição ou
preguiça.

A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na
capacidade de resistir à frustração.

Ou seja, os que conseguem são os que não desistem, e não desistem porque não se
deixam derrubar pela frustração. Os que não conseguem têm as mesmas habilidades, mas
perdem coragem quando frustrados. Consequência: o que é preciso ensinar às crianças é
resistência à frustração, que os estudos e a vida em geral necessariamente lhes prometem.

Não deixa de ser paradoxal: nossa cultura pensa que a chave do sucesso está na
capacidade de se frustrar. Sempre tem alguém para se indignar porque seríamos hedonistas
e imediatistas. Na verdade, somos uma das culturas menos hedonistas da história do Ocidente:
somos apologistas da frustração, que, aliás, tornou-se mérito.

É raro encontrar pais que não estejam convencidos de que não é bom dar a uma criança
o que ela quer. É claro que, se faz manhas para obter algo que está fora do orçamento familiar,
é preciso dizer não. E talvez seja bom que ela aprenda, assim, que a realidade resiste ao
desejo.

Mas nossa pedagogia frustradora não depende do orçamento: uma criança de classe
média, nem obesa nem pré-diabética, pede um sorvete (valor insignificante). Em regra, a
resposta será negativa: agora é tarde ou cedo demais, é muito doce, e por aí vai... Produzir
uma frustração é considerado um ato pedagógico, que ajudará a criança a crescer.

Amadurecer, na nossa cultura, significa aprender a renunciar. Por isso, presume-se que o
idoso seja mais sábio que o jovem, porque saberia "naturalmente" que a vida é renúncia.

Mas e se o essencial da vida forem os sorvetes que não tomamos, todos os pequenos
(grandes) prazeres aos quais renunciamos em nome de uma propedêutica à suposta grande
frustração da vida? Pior: e se estivermos educando as crianças para que queiram desde
pequenas renunciar aos prazeres da vida?

Obviamente, não é preciso dar à criança tudo o que pede. Mas também não é preciso lhe
negar o que ela pede sob pretexto de que estaríamos treinando-a para alguma preciosa
sabedoria.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Disponível em: folha.uol.com.br, 21/12/2017)

A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na capacidade
de resistir à frustração. (3° parágrafo)

Sem que se faça nenhuma outra alteração na frase acima, mantém-se a correção substituindo-
se frustração por

a) expectativas frustradas.
b) falta de êxito.
c) um desapontamento.
d) fracassos.
e) uma desilusão.

295
Comentários

O gabarito é a alternativa B.

→ A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na capacidade
de resistir à frustração. (3° parágrafo)

→ nada deve ser alterado, ou seja, a crase deve continuar:

A) expectativas frustradas. → resistir a algo (preposição) + artigo definido


"as": às expectativas... (seria alterado).

B) falta de êxito. → resistir a algo (preposição) + artigo definido "a": à falta de êxito (nada
mais foi alterado, temos a nossa resposta).

C) um desapontamento. → resistir a algo (preposição), mas não temos o artigo definido "a"
para formar a crase, logo teríamos somente a preposição: a um desapontamento (seria
alterado).

D) fracassos. → resistir a algo (preposição), porém temos um termo masculino e no plural,


acompanha o artigo definido "os", ficaria assim: aos fracassos (seria alterado).

E) uma desilusão. → resistir a algo (preposição), mas não temos o artigo definido "a" para
formar a crase (já temos o artigo definido "uma"), logo teríamos somente a preposição: a uma
desilusão (seria alterado).

298 – Agindo conforme a natureza

Monge e discípulos iam por uma estrada. Quando passavam por uma ponte, viram um
escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na
água e tomou o bichinho nas mãos. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou, e, por causa
da dor, o bom homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então à margem, tomou um ramo
de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o
salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e
o receberam perplexos e penalizados:

− Mestre, deve estar doendo muito! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que
se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o
salvou! Não merecia sua compaixão!

O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:

− Ele agiu conforme sua natureza e eu, de acordo com a minha.

(RANGEL, Alexandre (org.). As mais belas parábolas de todos os tempos. Belo Horizonte, Leitura, 2002,
p. 20)

Foi então à margem... (1° parágrafo)

296
O acento indicador de crase deve permanecer apenas se a palavra sublinhada for antecedida
por

a) perigosa.
b) alguma.
c) esta.
d) qualquer.
e) uma.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

Perigosa. → Foi então à perigosa margem... → correto, visto que foi acrescentado apenas um
adjetivo feminino, o artigo definido "a" foi mantido juntamente com a preposição "a", logo
crase.

299 – 1. A ideia do triunfo da democracia ficou associada à obra de Francis Fukuyama. Em


controverso ensaio publicado nos anos 1980, Fukuyama afirmava que o encerramento da
Guerra Fria levaria à “universalização da democracia liberal ocidental como forma definitiva de
governo humano”. O triunfo da democracia, proclamou numa frase que veio a condensar o
otimismo de 1989, marcaria o “fim da história”.

2. Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. Alguns alegavam que a
democracia liberal estava longe de ser implementada em larga escala, porquanto muitos países
se mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. Outros afirmavam que era cedo
para prever que tipo de avanço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez a
democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas de governo, mais justas e
esclarecidas.

3. A despeito das críticas sofridas, o pressuposto fundamental de Fukuyama se revelou de


enorme influência. A maioria dos cientistas políticos acreditava que a democracia liberal
permaneceria inabalável em certos redutos, ainda que o sistema não triunfasse no mundo
todo. Na verdade, a maior parte dos cientistas políticos, embora evitando fazer grandes
generalizações sobre o fim da história, chegou mais ou menos à mesma conclusão de
Fukuyama.

4. Impressionados com a estabilidade das democracias ricas, cientistas políticos começaram a


conceber a história do pós-guerra como um processo de consolidação democrática. Para
sustentar uma democracia duradoura, o país devia atingir níveis altos de riqueza e educação.
Tinha de construir uma sociedade civil forte e assegurar a neutralidade de instituições de
Estado fundamentais. Todos esses objetivos frequentemente se revelaram fugidios. Mas a
recompensa que acenava no horizonte era tão valiosa quanto perene. A consolidação
democrática, segundo essa visão, era uma via de mão única.

(Adaptado de: MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de Arantes Leite e Débora
Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)

297
Quanto à pontuação e ao emprego de crase, está plenamente correta a frase que se encontra
em:

a) O fim da Guerra Fria traria como forma definitiva de governo, à universalização da


democracia liberal ocidental.

b) Atrelada às necessidades de construir uma sociedade civil forte, havia a necessidade de


assegurar a neutralidade de instituições de Estado fundamentais.

c) O sistema político se estabilizava, à medida que, um país passava a ser rico e, ao mesmo
tempo, democrático.

d) Cientistas políticos, impressionados com à estabilidade sem paralelo das democracias


ricas viram no pós-guerra um período de consolidação democrática.

e) A controversa obra de Francis Fukuyama associou-se, no pensamento político, à ideais


do triunfo da democracia.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

Atrelada às necessidades de construir uma sociedade civil forte, havia a necessidade de


assegurar a neutralidade de instituições de Estado fundamentais. → correto, atrelada a alguma
coisa (preposição) + artigo definido "as": às necessidades.

300 – [Pai e filho]

No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano
só começa a envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes
traumas de um filho.

A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem sobre as discussões, discórdias e


outras asperezas de uma relação às vezes complicada, mas sempre profunda. Às vezes você
lamenta não ter conversado mais com o seu pai, não ter convivido mais tempo com ele. Mas
há também pais terríveis, opressores e tirânicos.

Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos
exemplos notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o
inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é
totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais
ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância de sofrimento e
humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.

(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-
205)

298
É plenamente adequado o emprego de pronomes e do sinal indicativo de crase em:

a) Diante da morte do pai, o filho não apenas lhe lamenta como se vê submetido à culpas
inconsoláveis e a profundos remorsos.

b) Kafka escreveu uma Carta ao pai, carregando-lhe de sentimentos duros, que o leitor à
muito custo acompanhará.

c) Ninguém se sentirá alheio às provações que Kafka nos conta em sua carta, a propósito
das dores que o pai lhe infligiu.

d) As emoções que provoca no leitor à leitura da carta de Kafka ao pai devem-se ao poder
da ficção que lhe captura.

e) As palavras da Carta conduzem o leitor, passo à passo, pelas dores e humilhações que
o pai de Kafka fez-lhe passar.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Ninguém se sentirá alheio às provações que


Kafka nos conta em sua carta, a propósito das dores que o pai lhe infligiu. → correto, alheio
a alguma coisa (adjetivo pedindo um complemento, sendo um complemento nominal: alheio
a+as = às provocações; pronome "nos" sendo atraído pelo "que", estando plenamente
correto).

301 – A era das compras

A economia capitalista moderna deve aumentar a produção constantemente, se quiser


sobreviver, como um tubarão que deve nadar para não morrer por asfixia. Mas a maioria das
pessoas, ao longo da história, viveu em condições de escassez. A fragilidade era, portanto,
sua palavra de ordem. A ética austera dos puritanos e a dos espartanos são apenas dois
exemplos famosos. Uma pessoa boa evitava luxos e nunca desperdiçava comida. Somente reis
e nobres se permitiam renunciar publicamente a tais valores e ostentar suas riquezas.

O consumismo vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo.
Encoraja as pessoas a cuidarem de si mesmas, a se mimarem e até a se matarem pouco a
pouco por meio do consumo exagerado. A frugalidade é uma doença a ser curada. Não é
preciso olhar muito longe para ver a ética do consumo em ação – basta ler a parte de trás de
uma caixa de cereal: “Para uma refeição saborosa no meio do dia, perfeita para um estilo de
vida saudável. Um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso do “quero mais!”.

Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por
esse texto. Elas o teriam considerado egoísta, indecente e moralmente corrupto. O
consumismo trabalhou duro, com a ajuda da psicologia e da vontade popular, para convencer
as pessoas de que a indulgência com os excessos é algo bom, ao passo que a frugalidade
significa auto-opressão.

(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. 38. ed. Porto
Alegre: L&PM, 2018, p. 357-358)

299
Ao analisar os hábitos de consumo, o autor do texto avalia esses hábitos de consumo
contrapondo os mesmos aos hábitos de consumo que havia em épocas de maior frugalidade.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, na


ordem dada, por:

f) os avalia − contrapondo-os − àqueles


g) avalia-os − contrapondo-lhes − àqueles
h) avalia-lhes − contrapondo-os − a esses
i) lhes avalia − lhes contrapondo − a aqueles
j) avalia a estes − contrapondo-os − a estes

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

RESOLUÇÃO:

>Os pronomes o(s), a(s), como complementos verbais, substituem objetos diretos.

>Já os pronomes lhe(s), como complementos verbais, substituem objetos indiretos.

>Nas letras B, C e D, utilizou-se o pronome “lhes” para substituir objetos diretos, o que
é equivocado.

>Já na letra E, utilizou-se a forma preposicionada “a estes” para substituir o objeto direto,
o que é equivocado.

> A resposta é, portanto, letra A. Note que a crase em “àqueles” é resultado da fusão
da preposição “a” – requerida por “contrapondo” – com o demonstrativo “aqueles”
– que substitui “hábitos”.

302 – O cartaz publicitário de um evento de moda no Rio de Janeiro mostrava o seguinte:


VESTE-RIO A MODA AQUI É FAZER NEGÓCIO

O evento citado na questão anterior teria seu horário de funcionamento indicado de forma
correta na seguinte alternativa:

a) de 12h às 20 horas;
b) das 12h a 20 horas;
c) das 12hs às 20hs;
d) das 12h às 20 horas;
e) de 12hs a 20 horas.

Comentários

300
O gabarito é a alternativa D.

Quando fazemos referência à representação de horas (h), sempre devemos usar letra
minúscula, assim como nos mostra o exemplo a seguir:

Chegamos às 14 h. Às 14H está incorreto.

Como você deve ter percebido, a letra “h” aparece sozinha. Dessa forma nada de deixá-la
acompanhada da letra “s”, combinado? Veja:

Iremos ao cinema às 17h, e não às 17hs.

Quando desejamos fazer referência à duração, as horas deverão ser grafadas por extenso.
Vamos ver?

Ficamos no parque durante duas horas, por isso aproveitamos bastante.

Para indicar horas exatas não é necessário o emprego dos dois zeros (00). Sendo assim, como
já vimos, devemos proceder assim:

A aula começou às 7h, e não às 7:00h.

No sentido de indicar horas não exatas, ou seja, indicando os minutos, o correto é:

O filme começou às 17h30min, ou simplesmente:

O filme começou às 17h30.

Outro fator muito importante, e que devemos saber, é que a representação de horas também
está relacionada ao uso da crase. Vamos ver um exemplo?

A aula de natação será das 9h às 10h.

Analisando a ideia expressa na oração, chegamos à conclusão de que a aula de natação


começará às 9h e terminará às 10h. Sendo assim, o uso da crase é indispensável.

303 – Assinale a frase em que o emprego do acento grave indicativo da crase é optativo.

a) Trabalhar às claras.
b) Comi frango à passarinho.
c) Dei um prêmio à Margarida.
d) Cansava-se à proporção que caminhava.
e) Respondi às perguntas do juiz.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

301
a) Trabalhar às claras. >>> adjunto adverbial de modo com núcleo feminino, uso de crase
obrigatório.

B) Comi frango à passarinho. >>> frango à passarinho, bife à cavalo >>> sem crase, pois
nem passarinho e nem cavalo fazem bife.

c) Dei um prêmio à Margarida. >>> uso do artigo diante de nomes próprios é facultativo, logo
a formação da crase será facultativa.

d) Cansava-se à proporção que caminhava. >>> adjunto adverbial com núcleo feminino, uso
de crase obrigatório.

e) Respondi às perguntas do juiz. >>> quem responde, responde alguma coisa (quando
refere-se à coisa é transitivo direto, logo a preposição não é regida).

304 – Envelhecer

Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que envelhece por inteiro -


famosa tolice. Alguém já notou: envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde,
aquele outro já quase apodrece; aqui há seiva estuando, além é coisa murcha.

A infância não volta, mas não vai - fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode
dar um acesso. Outro dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me
célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios
me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha velocidade por fora.
Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e condição.

Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de repente começa a agir como


um menino bobo. Será que só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor?

*árdego: impetuoso.

(BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71)

O emprego da pontuação e a observância do sinal de crase estão adequados na frase:

a) Quando se está à envelhecer, as nossas sensações boas ou más, parecem confundir-se


em nosso espírito.

b) Não se tribute as nossas experiências desafortunadas, a responsabilidade maior de um


penoso envelhecimento.

c) Em meio aquelas boas horas da infância, sempre havia alguma suspeita, de que tudo
logo acabaria.

d) Quem diria, que a proporção que o tempo passa, mais retornos imaginários
experimentamos à outras idades?

e) Corresse o tempo de modo uniforme, como alguns acreditam, não voltaríamos às mais
antigas sensações.

302
Comentários

O gabarito é a alternativa E.

A - "Quando se está à envelhecer...": Não se usa crase de verbo

B - Acredito que o verbo em questão seja VTDI, então o correto seria: "Não se tribute as
nossas experiências desafortunadas à responsabilidade maior de um penoso envelhecimento".

C - O termo "Em meio" pede a preposição a. Portanto, o correto seria: "Em meio àquelas boas
horas da infância..."

D - "mais retornos imaginários experimentamos à outras idades": Se o a estiver no singular


e a palavra seguinte no plural, não se usa crase.

E - GABARITO. Porque quem volta, volta a algum lugar. Portanto, está correto o uso da crase.

305 – Sobre a amizade

O clássico pensador romano Cícero dizia que nada é mais difícil do que conservar
intacta uma amizade até o último dia da vida. Para ele, os interesses e mesmo o caráter dos
homens costumam variar com o tempo, por conta dos reveses ou dos sucessos por que
passamos. As mais vivas amizades da infância podem não resistir aos anos da adolescência,
quando grandes transformações nos atingem.

Mesmo para aqueles cuja amizade resiste por muito tempo, há a possibilidade de
desavenças políticas porem tudo a perder. Outras violentas dissensões surgem quando se
exige de um amigo algo de inconveniente, como se tornar cúmplice de uma fraqueza nossa,
ou quando se lhe pede uma providência que esteja acima de suas forças. Mas essas ameaças
à amizade não devem enfraquecer a potência desse sentimento; devem nos lembrar o quanto
um amigo é precioso, e quão preciosa será a conservação de sua leal companhia.

(Cláudio Augusto Catilino, inédito)

Há correta flexão das formas verbais e plena observância das normas para emprego do
sinal de crase em:

a) É a muito custo que preservaremos uma amizade, sobretudo se não contivermos nossos
primeiros impulsos.

b) Ele acabará se desfazendo dos amigos a medida que eles virem a contrariar seus ímpetos
caprichosos.

c) Uma amizade resiste à toda prova quando, em qualquer das ocasiões da vida, se manter
leal e verdadeira.

d) Se aprouviesse a alguém construir uma sólida amizade, teria de renunciar as fraquezas


mais comuns.

303
e) Nada poderei fazer em reparo a fragilidade de uma amizade que não advir de uma leal
construção.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

a) Correto;
b) Incorreto. Correções: "à medida que" e "vierem";
c) Incorreto. Correções: "a toda" e "mantiver";
d) Incorreto. Correções: "aprouvesse" e "renunciar às";
e) Incorreto. Correção: "reparo à".

306 – A chave do tamanho

O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades no espaço infinito


circunscrevem o nosso breve espasmo de vida. A imensidão do universo visível com suas
centenas de bilhões de estrelas costuma provocar um misto de assombro, reverência e
opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me abate de terror”, afligia-
se o pensador francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?

O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde à questão com lucidez e bom
humor: “Discordo de alguns amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico do
universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da vastidão do espaço. As estrelas
podem ser grandes, mas não pensam nem amam - qualidades que impressionam bem mais
do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e vinte quilos”.

Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um de nós, não apenas um punhado
de décadas, mas centenas de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma da
existência renderiam, por conta disso, os seus segredos? E se nos fosse concedida a
imortalidade, isso teria o dom de aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos, seria difícil de suportar.

(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 35)

Quanto à pontuação e à observância do emprego do sinal de crase, está plenamente correta


a frase:

a) Tendo em vista à longevidade da atual geração, as seguintes pode beneficiar um


horizonte ainda mais largo.

b) Dada a condição dos moços de hoje, os moços de amanhã obterão mais facilidades.

c) Uma vez alcançada, a imortalidade, será que à ela todos festejarão?

d) É à longo prazo que muitas felicidades possíveis são alcançadas.

e) Sempre haverá aqueles que, à todo custo, perseguem o ideal da imortalidade.

304
Comentários

O gabarito é a alternativa B.

(A) Tendo em vista à longevidade da atual geração, as seguintes pode beneficiar um horizonte
ainda mais largo.

Tendo em vista A longevidade da atual geração, as seguintes podem beneficiar um


horizonte ainda mais largo.

>>> "pode" deve se flexionar no plural para concordar com "as seguintes". Note que “as
seguintes” tem efeito anafórico, remetendo geração e também efeito catafórico prospectivo
elíptico: novas gerações.

(B) Dada a condição dos moços de hoje, os moços de amanhã obterão mais
facilidades.

(C) Uma vez alcançada, a imortalidade, será que à ela todos festejarão?

Uma vez alcançada a imortalidade, será que a ela todos festejarão?

>>> crase antes de pronome passa fome.

(D) É à longo prazo que muitas felicidades possíveis são alcançadas.

É a longo prazo que muitas felicidades possíveis são alcançadas.

>>> crase antes de masculino é pepino.

(E) Sempre haverá aqueles que, à todo custo, perseguem o ideal da imortalidade.

Sempre haverá aqueles que, a todo custo, perseguem o ideal da imortalidade.

307 – Gatos, cães e gêneros literários

Ao contrário dos cães, gatos não fazem festa nem estardalhaço, não são excessivamente
carentes de afeto, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o mundo ao redor. Não
por acaso, um ditado chinês diz: “O cachorro é um romance, e o gato, um poema".

Nesse sábio ditado oriental reside uma delicada definição de gêneros literários. Pense no
cotidiano de um cão: as peripécias, o corre-corre, os momentos de exaltação e melancolia,
ganidos de dor, saltos estabanados, ataques de raiva... Agora imagine o discreto cotidiano de

305
um gato: a pose hierática, a atitude ensimesmada, o salto sem ruído, a expressão misteriosa
do olhar, a repetição dos gestos, o olhar em transe, fitando as asas de um inofensivo beija-
flor... O gato encarna uma subjetividade lírica que reitera o ditado chinês.

(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209)

Está correto o emprego do segmento sublinhado na seguinte frase:

a) Opõe-se as manifestações de segurança do gato a indecisão do cachorro.

b) Os cachorros são acometidos àquelas carências que são também nossas.

c) É graças aquele ensimesmamento em que lhes é característico que faz os gatos


admirados.

d) O autocontrole dos gatos é um traço forte do qual devemos nos render.

e) Àquela insegurança típica dos cães contrapõe-se a soberania íntima dos gatos.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) Opõe-se as manifestações.. (Quem se opõe, se opõe a alguma coisa ou a algo - Verbo pede
a preposição) Opõe-se às manifestações

b) Os cachorros são acometidos àquelas carências que são também nossas.

O verbo acometer pode a preposição DE e POR. Dentro desse contexto, não caberia a
preposição A. Os cachorros são acometidos POR carências..

c) É graças aquele ensimesmamento em que lhes...

DICA!! Quando tiver dúvida se pode ou não usar crase nos


pronomes aquele/aquilo substitua o termo sem a crase (...Aquele ensimesmamento..) por a
este/a esta. Desta feita termos a presença da preposição + aquilo/aquele (É graças a
este ensimesmamento...)

d) O autocontrole dos gatos é um traço forte do qual devemos nos render.

Perceba que não há verbo que solicite a preposição DE + artigo O (podemos até substituir
o DO QUAL por QUE)

e) Àquela insegurança típica dos cães contrapõe-se a soberania íntima dos gatos.

QUESTÃO CORRETA... mas por quê? O verbo contrapor é bitransitivo (dependendo do


contexto).

306
308 – Há pouco, em belo artigo, anunciou-se num jornal “a morte da voz humana”. Nenhum
exagero no título. Um software que “aperfeiçoa” a afinação dos cantores está criando padrões
de perfeição inatingíveis para humanos, oferecendo a recompensa sem esforço e tornando
dispensáveis a vocação, o talento e o mérito na música popular. “É como se Ronaldinho Gaúcho
usasse uma chuteira que acertasse o gol por si. Treinar pra quê?”

O grito de protesto foi dado por quem tem toda a autoridade para fazê-lo: João Marcello
Bôscoli, músico, produtor e diretor de gravadora. Como se não bastasse, é filho de Elis Regina
e do compositor Ronaldo Bôscoli, um dos criadores da bossa nova, e enteado do pianista César
Camargo Mariano, com quem Elis se casou ao se separar de Bôscoli. Nunca houve gente mais
exigente em música.

Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não tem, o programa faz com a
voz o que outro já fez com a figura humana. Assim como um software de retoque fotográfico
“gerou um padrão estético em que poros, rugas de expressão e outras características se
tornaram defeitos”, o software de afinação passa o rodo e “corrige” tudo o que considera
imperfeito num cantor: afinação, respiração, pausas, volume, alcance − sem se importar se
pertencem à sua expressão e emoção.

Ele vai mais longe: “Hoje em dia, tomamos remédio quando sentimos tristeza, dopamos
as crianças quando estão agitadas, passamos horas no computador quando nossa vida nos
parece desinteressante” etc. − e “usamos softwares de afinação quando temos um cantor
desafinado”.

O filho da cantora mais afinada do Brasil defende os desafinados no que eles têm de mais
precioso: sua falível condição humana, essencial à obra de arte.

(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem: crônicas. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. Edição
digital)

Considerando-se o contexto, afirma-se corretamente:

a) No segmento sem se importar se pertencem à sua expressão e emoção (3° parágrafo),


a crase pode ser suprimida sem prejuízo da correção.

b) No segmento sua falível condição humana, essencial à obra de arte (último parágrafo),
o sinal de crase pode ser suprimido sem prejuízo da correção.

c) O segmento sublinhado em Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não
tem (3° parágrafo) exprime noção de finalidade.

d) Na frase É como se Ronaldinho Gaúcho usasse uma chuteira que acertasse o gol por
si (1° parágrafo), o pronome sublinhado retoma “Ronaldinho Gaúcho”.

e) Sem prejuízo da correção, o segmento Nenhum exagero no título (1° parágrafo) pode
ser reescrito do seguinte modo: Não houve quaisquer exagero no título.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

307
a) No segmento sem se importar se pertencem à sua expressão e emoção, a crase
pode ser suprimida sem prejuízo da correção.

→ Correto.

Casos de crase facultativa:

- Diante de nomes próprios femininos. Ex.: Sérgio entregou o livro à Isabela.

- Diante de pronome possessivo feminino. Ex.: Sérgio entregou o livro à sua mãe.

- Depois da preposição até. Ex.: Sérgio foi até à ávore.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
b) No segmento sua falível condição humana, essencial à obra de arte, o sinal de
crase pode ser suprimido sem prejuízo da correção.

→ Errado, a crase, nesse caso, é obrigatória, pois o termo "essencial" rege a preposição A.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
c) O segmento sublinhado em Para João Marcello, pior até do que dar afinação a
quem não tem exprime noção de finalidade.

→ Errado, o "para" nessa oração está expressando uma ideia conformativa, e poderia ser
substituído por "segundo" ou "consoante". Ex.: Segundo João Marcelo [...].

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
d) Na frase É como se Ronaldinho Gaúcho usasse uma chuteira que acertasse o gol
por si, o pronome sublinhado retoma “Ronaldinho Gaúcho”.

→ Errado, o pronome sublinhado está retomando o termo "chuteira".

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
e) Sem prejuízo da correção, o segmento Nenhum exagero no título pode ser
reescrito do seguinte modo: Não houve quaisquer exagero no título.

→ Errado, o termo "quaisquer" deve concordar com "exagero", ficando "qualquer".

309 – “A primeira marca do príncipe soberano é o poder de dar lei a todos em geral, e a cada
em particular. Mas isso não basta, e é necessário acrescentar: sem o consentimento de maior
nem igual nem menor que ele.” “O soberano de uma República, seja ele uma assembleia ou
um homem, não está absolutamente sujeito ..I.. leis civis. Pois tendo o poder de fazer ou
desfazer as leis, pode, quando lhe apraz, livrar-se dessa sujeição revogando as leis que o
incomodam e fazendo novas.”

308
A primeira destas frases é do francês Jean Bodin (1576). A segunda é de Thomas Hobbes
(1651). Ambos conferem ao Príncipe legítimo uma potência (potestas) tal que o exercício do
seu poder acha-se, como se vê, liberto de toda norma ou regra. E, para medirmos a inovação
assim introduzida, basta recorrermos ..II.. frase de um teólogo do século XII: “A diferença
entre o príncipe e o tirano é que o príncipe obedece à Lei e governa ..III.. seu povo em
conformidade com o Direito.”

(Adaptado de: LEBRUN, Gérard. O que é poder. Tradução de Renato Janine Ribeiro e Silvia Lara. São
Paulo: Brasiliense, 1995, p. 28-29.)

Preenchem corretamente as lacunas I, II e III do texto, na ordem dada:

a) às – à – o
b) às – a – ao
c) as – à – ao
d) às – a – o
e) as – à – o

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

I) Não está absolutamente sujeito ..I.. leis civis, troque as leis civis por um masculino, por
exemplo os estatutos, e substitua na frase, ficará: não está absolutamente
sujeito aos estatutos, então utiliza-se a crase.

II) Basta recorrermos ..II.. frase, faça como na anterior, troque a frase por o
paragráfo: basta recorrermos ao paragráfo, crase também.

III) governa ..III.. seu povo, para responder essa última frase, verifiquei se o verbo exigia
preposição "a", quem governa governa algo ou alguma coisa e não governa a algo ou a alguma
coisa, portanto apenas o artigo o

Uma boa dica para saber se deve ou não usar crase, é substituir a palavra feminina por
uma masculina. Na frase "fui à feira", por exemplo. "Substitua 'feira' por 'supermercado'. Se
o 'a' virar 'ao', o 'a' em questão tem que receber o acento grave, explica a professora Fernanda
Bérgamo.

310 – [Gestos e palavras]

Uma vez eu estava em Londres numa sala comum da classe média inglesa: a lareira acesa,
todo mundo com sua taça de chá, a família imersa naquela naturalidade (chega a parecer
representação) com que os ingleses aceitam a vida. Os ingleses, diz o poeta Pessoa, nasceram
para existir!

A certa altura um garoto de uns dez anos começou a contar uma história de rua, animou-
se e começou a gesticular. Só comecei a perceber o que se passava quando notei que aquele
doce sorriso mecânico, estampado em cada rosto de todas as pessoas da família, sumiu de

309
repente, como se uma queda de voltagem interior houvesse afetado o sorriso coletivo. Olhos
de avó, mãe, tias e tios concentraram-se em silêncio sobre o menino que continuava a
narrativa com uma inocência maravilhosa. Diante disso, uma das senhoras falou para ele com
uma voz sem inflexões: “Desde quando a gente precisa usar as mãos para conversar?”

Vi deliciado o garoto recolher as mãos e se esforçar para transmitir o seu conto com o
auxílio exclusivo das palavras. O sorriso de todos iluminou de novo a sala: a educação britânica
estava salva.

Imaginemos um garoto italiano de dez anos que fosse coarctado* pela família em seus
gestos meridionais. Seria uma crueldade, uma afetação pedagógica, uma amputação social.
Daí cheguei à conclusão óbvia: os ingleses educam os filhos para que eles venham a ser
ingleses, os italianos, para que venham a ser italianos.

*Coarctar: reduzir-se a limites mais estritos; restringir, estreitar

(CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209-210)

Observam-se as normas que regem o emprego dos sinais de crase e de pontuação em:

a) Não há dúvida, de que o autor do texto recorre à estereótipos culturais em sua narrativa
a qual não faltam elementos de humor.

b) Quando se assiste à cenas familiares, marcadas pelo conservadorismo, vê-se logo, quão
divertido é quebrar os protocolos.

c) O que será? – pensou o autor que parecia ter levado às pessoas a calarem-se diante de
uma narrativa tão animada.

d) Não sem propósito, atribui o autor às crianças italianas características de comunicação


que não se permitem às inglesas.

e) O garoto inglês advertido pela senhora, desistiu da ênfase dos gestos e passou aquela
que se dá nos limites do discurso verbal.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

a) Não há dúvida _ de que o autor do texto recorre A estereótipos culturais em sua


narrativa a qual não faltam elementos de humor.

→ Não cabe vírgula separando o termo "dúvida" do seu complemento.

→ Artigo no singular, substantivo no plural? Crase nem a pau!

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
b) Quando se assiste ÀS cenas familiares _ marcadas pelo conservadorismo, vê-se
logo _ quão divertido é quebrar os protocolos.

→ 1) O verbo "assistir" no sentido de ver algo é transitivo indireto, portanto, rege a preposição
"A". 2) Como o substantivo "cenas" está no plural, o artigo também deve estar.

310
→ A partícula "se" está exercendo função de partícula apassivadora, portanto, não cabe
vírgula separando o sujeito "quão divertido é quebrar os protocolos" do seu verbo "ver".

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
c) O que será? – pensou o autor que parecia ter levado AS pessoas a calarem-se
diante de uma narrativa tão animada.

→ O verbo "levar" é transitivo direto e indireto, o seu objeto direto é "as pessoas", portanto,
não cabe preposição, não havendo crase.

→ Levar o quê? As pessoas [Objeto Direto] | A quê? A calarem-se diante de uma


narrativa [Objeto Indireto]

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
e) O garoto inglês [ , ] advertido pela senhora, desistiu da ênfase dos gestos e
passou Àquela que se dá nos limites do discurso verbal.

→ Deve haver 1 vírgula isolando a expressão intercalada "advertido pela senhora".

→ O verbo "passar", nesse contexto, rege a preposição "A", portanto, deve haver a junção do
"A" + aquela = àquela.

311 – Quanto ...... origens do ruído, o pensador David le Breton ...... associa ao utilitarismo,
com que se relaciona, por vezes, ...... racionalismo, que dispõe a experiência dos sentidos em
segundo plano.
Preenche as lacunas da frase acima, correta e respectivamente, o que se encontra em:

a) as − às − ao
b) a − a − ao
c) às − às − ao
d) as − as − o
e) às − as – o

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

ÀS - QUANTO A + AS ORIGENS, QUANTO ÀS ORIGENS. A expressão quanto a, que


significa no que se refere a, relativamente a, é composta de dois vocábulos, sendo o
último uma preposição (a), o que a torna uma locução prepositiva. Como é acompanhada da
preposição a, quando a expressão quanto se ligar a um substantivo feminino determinado,
o a será craseado. (https://portugues.dicaseexercicios.com.br/a-crase-e-a-expressao-
quanto-a/)

AS - ASSOCIA AS ORIGENS AO UTILITARISMO. Quem associa, associa algo a alguma coisa.


(Algo: As origens - O.D e A alguma coisa: Ao utilitarismo: O.I)

O - POR VEZES, ASSOCIA O RACIONALISMO AO UTILITARISMO.

311
312 – Meditação e foco no macarrão

"Sente os pés no chão", diz a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve
sentir os pés no chão, "sente a respiração”.

"Inspira, expira", ela diz, mas o narrador dentro da minha cabeça fala mais alto: "Eis então
que no início do terceiro milênio, tendo chegado à Lua e à engenharia genética, os seres
humanos se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamento na esperança de encontrar
alguma paz e algum sentido para suas vidas simultaneamente atribuladas e vazias".

Um lagarto, penso, jamais faria um curso de meditação. "Sente a pedra. A barriga na


pedra. Relaxa a cauda. Agora sente o sol aquecendo as escamas. Esquece as moscas. Esquece
as cobras rondando a toca. Inspira. Expira." Eu imagino que o lagarto sinta a pedra. A barriga
na pedra. O prazer simples e ancestral de lagartear sob o sol.

Se o lagarto consegue esquecer as moscas ou a cobra rondando a toca, já não sei. A parte
mais interna e mais antiga do nosso cérebro é igual à dos répteis. É dali que vem o medo,
ferramenta evolutiva fundamental para trazer nossos genes triunfantes e nossos cérebros
aflitos através dos milênios até aquela roda, no décimo segundo andar de um prédio na cidade
de São Paulo.

Não há nada de místico na meditação. Pelo contrário. Meditar é aprender a estar aqui,
agora. Eu acho que nunca estive aqui, agora. O ansioso está sempre em outro lugar. Sempre
pré-ocupado. Às vezes acho que nasci meia hora atrasado e nunca recuperei esses trinta
minutos. "Inspira. Expira".

Não é um problema só meu. A revista dominical do "New York Times" fez uma matéria de
capa ano passado sobre o tema. Dizia que vivemos a era da ansiedade. Todas as redes sociais
são latifúndios produzindo ansiedade. Mesmo o presente mais palpável, como um prato
fumegante de macarrão, nós conseguimos digitalizar e transformar em ansiedade. Eu preciso
postar a minha selfie dando a primeira garfada neste macarrão, depois nem vou conseguir
comer o resto do macarrão, ou sentir o gosto do macarrão, porque estarei ocupado conferindo
quantas pessoas estão comentando a minha foto comendo o macarrão que esfria, a minha
frente.

"Inspira, expira.” A voz da instrutora é tão calma e segura que me dá a certeza de que ela
consegue comer o macarrão e me dá a esperança de que também eu, um dia, aprenderei a
comer o macarrão. É só o que eu peço a cinco mil anos de tradição acumulada por monges e
budas e maharishis e demais sábios barbudos ou imberbes do longínquo Oriente. "Inspira.
Expira.” Foco no macarrão.

(Adaptado de: PRATA, Antonio. Folha de S. Paulo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)

O sinal indicativo de crase pode ser acrescido, por ser facultativo, à expressão destacada em:

a) Meditar é aprender a estar aqui, agora. (5° parágrafo)


b) se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamento... (2° parágrafo)
c) Agora sente o sol aquecendo as escamas. (3° parágrafo)
d) o macarrão que esfria, a minha frente. (6° parágrafo)
e) Esquece as moscas. (3° parágrafo)

312
Comentários

O gabarito é a alternativa D.

a) Meditar é aprender a estar aqui, agora.

→ Não se usa crase antes de verbo, JAMAIS!

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
b) se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamento...

→ Artigo no singular e substantivo no plural? Crase nem a pau!

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
c) Agora sente o sol aquecendo as escamas.

→ O verbo "aquecer" é transitivo direto e não exige preposição, logo não cabe crase.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
d) o macarrão que esfria, a minha frente.

→ Correto.

Quando a crase será facultativa?

1) Diante de nomes próprios femininos. Ex.: Sergio entregou o vinho à Isabela.

2) Diante de pronome possessivo feminino. Ex.: Sergio atribuiu confiança à sua luta diária.

3) Depois da preposição até. Ex.: Sergio foi até à árvore.

313 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

O filósofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num
poço quando se embrenha em suas reflexões − é o que contam a respeito de Tales (cerca de
625-547 a.C.). O primeiro filósofo, segundo a tradição grega, combina enorme senso prático
para os negócios com uma capacidade de abstração que o retira do mundo. Por isso é visto
como indivíduo dotado de um saber especial, admirado porque manipula ideias abstratas,
importantes e divinas. No fundo não está prefigurando as oposições que desenharão o perfil
do homem do Ocidente? O divino Platão e o portentoso Aristóteles fizeram desse
estranhamento o autêntico espanto diante das coisas, o empuxo para a reflexão filosófica.

Nos dias de hoje essa imagem está em plena decadência; o filósofo se apresenta como
um profissional competindo com tantos outros. Ninguém se importa com as promessas já
inscritas no nome de sua profissão: a prometida amizade pelo saber somente se cumpre se a
investigação for levada até seu limite, cair no abismo onde se perdem suas raízes. A palavra

313
grega filosofia significa “amigo da sabedoria”, por conseguinte recusa da adesão a um saber
já feito e compromisso com a busca do correto.

Em contrapartida, o filósofo contemporâneo participa do mercado de trabalho. Torna-se


mais seguro conforme aumenta a venda de seus livros, embora aparente desprezar os
campeões de venda. Às vezes participa do jogo da mídia. Graças a esse comércio transforma
seu saber em capital, e as novidades que encontra na leitura de textos, em moeda de troca.
Ao tratar as ideias filosóficas como se fossem meras opiniões, isoladas de seus pressupostos
ligados ao mundo, pode ser seduzido pela rigidez de ideias sem molejo, convertendo-se assim
num militante doutrinário. Outras vezes, cai nas frivolidades da vida mundana. Não vejo na
prática da filosofia contemporânea nenhum estímulo para que o estudioso se comprometa com
uma prática moral e política mais consciente de si mesma, venha a ser mais tolerante às
opiniões alheias.

Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis, a filosofia e o filósofo também
se tornam dispensáveis, sempre havendo uma doutrina ou um profissional capaz de enaltecer
uma trama de interesses privados. A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo a
dizer o que o grande público espera dele e, assim, também pode usufruir de seus quinze
minutos de celebridade. Diante do perigo de ser engolfado pela teia de condutas que inverte
o sentido original de suas práticas, o filósofo, principalmente o iniciante, se pretende ser
amante de um saber autêntico, precisa não perder de vista que assumiu o compromisso de
afastar-se das ideias feitas − ressecadas pela falta da seiva da reflexão − e de desconfiar das
novidades espalhafatosas. Se aceita consagrar-se ao estudo das ideias, que reflita sobre o
sentido de seu comportamento.

(Adaptado de: GIANNOTTI, José Arthur. Lições de filosofia primeira. São Paulo: Companhia das Letras,
2011, edição digital)

A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo... (último parágrafo)

No segmento acima, o sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso se substitua “mídia”
por

a) imprensa.
b) programas.
c) meio de comunicação.
d) debates.
e) propagandas.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

a) imprensa.

→ Correto, há crase pois o substantivo é feminino.

b) programas.

→ Errado, não há crase antes de substantivo masculino.

314
c) meio de comunicação.

→ Errado, vide (b).

d) debates.

→ Errado, vide (b).

e) propagandas.

→ Errado, "A" no Singular, palavra no plural? Crase nem a PAU!

314 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

1 A partir de que momento uma obra é, de fato, arte? Mona Suhrbier, etnóloga e especialista
em questões ligadas à Amazônia do Museu de Culturas do Mundo de Frankfurt, explica em
entrevista por que trabalhos de mulheres indígenas que vivem em zonas não urbanas têm
dificuldade de achar um lugar nos museus.

2 Qual tipo de arte pode ser classificado como “arte indigena”? Devo mencionar, de
início, que aqui no Museu das Culturas do Mundo não usamos o termo “arte indígena”. O Museu
coleciona desde 1975 arte não europeia. Em cada exposição, indicamos o nome da região de
que a arte em questão vem. Mas para responder a sua pergunta com uma pequena
provocação: arte indígena é sempre aquela que não é nacional. É o tipo de arte que os países
não querem usar para representá-los no exterior. É o “folclore”, o “artesanato”. Para este tipo
de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do Folclore. Já me perguntei: por
que é que se precisa desse museu? Por que aquilo que é exibido nele não é considerado
simplesmente arte?

3 E você encontrou uma resposta a essa pergunta? Quando uma produção deriva de
formas de expressão rurais, colocase a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por
mulheres. Mas se a obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou
seja, se tiver estudado com “as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se
torne um artista reconhecido. Na minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”.
Muitas vezes o próprio material já define: o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim,
poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é mais difícil.

4 Até que ponto especialistas em arte, socializados em culturas ocidentais, refletem


a respeito do fato de que talvez não possam julgar tradições artísticas que não
conhecem? Acredito que as pessoas, inclusive os especialistas em arte, tendem a julgar como
bom aquilo que já conhecem. As pessoas, em sua maioria, não pensam que cresceram em um
mundo visual específico. Esse mundo serve como uma espécie de norma. É mais uma questão
sensorial que intelectual. Acho que, entre nós, há muito pouco autoquestionamento no que
concerne ao que nos marcou esteticamente.

(Adaptado de: REKER, Judith. “Arte não europeia: ‘não queremos ser como vocês’”. Disponível
em: https://www.goethe.de)

315
Quanto à ocorrência de crase, é correto afirmar:

a) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3° parágrafo), pode ser acrescentado
o sinal indicativo de crase ao termo sublinhado, uma vez que a regência do verbo “aceitar” o
permite.

b) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3° parágrafo), caso o verbo em
destaque seja substituído por “prefere”, o termo sublinhado deverá ser também substituído
por “à”.

c) Em especialista em questões ligadas à Amazônia (1° parágrafo), o sinal de crase pode


ser suprimido, uma vez que se trata de uso opcional da preposição “a”.

d) Em o nome da região de que a arte em questão vem (2° parágrafo), caso se substitua o
verbo em destaque por “advém”, o termo sublinhado terá de ser substituído por “à”.

e) Em E você encontrou uma resposta a essa pergunta? (3° parágrafo), pode-se substituir
o segmento sublinhado por “à”, do mesmo modo que em para responder a sua pergunta (2°
parágrafo).

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3° parágrafo), pode ser
acrescentado o sinal indicativo de crase ao termo sublinhado, uma vez que a regência
do verbo “aceitar” o permite.

→ Errado. O verbo "aceitar é (VTD), ou seja, não cabe preposição, logo não há crase.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
b) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3° parágrafo), caso o verbo
em destaque seja substituído por “prefere”, o termo sublinhado deverá ser também
substituído por “à”.

→ Errado. Caso houvesse a substituição dos verbos nesta oração, "a cerâmica" funcionaria
como o objeto direto do verbo "preferir", ou seja, não caberia preposição, logo não
haveria crase.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
c) Em especialista em questões ligadas à Amazônia (1° parágrafo), o sinal de crase
pode ser suprimido, uma vez que se trata de uso opcional da preposição “a”.

→ Errado. A preposição "a" está sendo regida pelo termo anteposto, e como "amazônia" é um
substantivo feminino, a crase é obrigatória.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
d) Em o nome da região de que a arte em questão vem (2° parágrafo), caso se
substitua o verbo em destaque por “advém”, o termo sublinhado terá de ser
substituído por “à”.

316
→ Errado. Corrigindo o meu comentário pelo aviso da colega Jamila Ibrahim, o verbo "advir"
realmente rege a preposição "de", pois ele provém do verbo "vir", portanto não há de se falar
na hipótese de substituir a preposição "de" pelo "à", pois a preposição "de" é uma exigência
do verbo.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Quando a crase será facultativa?

1) Diante de nomes próprios femininos. Ex.: Sergio entregou o vinho à Isabela.

2) Diante de pronome possessivo feminino. Ex.: Sergio atribuiu confiança à sua luta diária.

3) Depois da preposição até. Ex.: Sergio foi até à árvore.

315 - Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.

Em um trabalho de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, defende-se a ideia de que em nossos


dias há o enaltecimento de uma cultura global, a cultura-mundo, que, apoiando-se no
apagamento das fronteiras, cria denominadores culturais dos quais participam sociedades e
indivíduos, apesar das diferentes tradições, crenças e línguas que lhes são próprias.

Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. Uma que
se diria pouco procedente consiste em supor-se que, em vista de milhões de turistas visitarem
locais como a Acrópole e os anfiteatros gregos da Sicília, a cultura não perdeu valor em nosso
tempo. Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não
representam um interesse genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz
parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo passado e pela arte,
exonera-o de conhecê-los a fundo. Essas visitas dos turistas “em busca de distrações”
desnaturam o significado real desses museus e monumentos.

Um estudo recente do sociólogo Frédéric Martel mostra que tal “cultura-mundo” de que
falavam Lipovetsky e Serroy já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo.

As reportagens e os testemunhos coligidos por Martel são representativos de uma realidade


que a sociologia e a filosofia ainda não tinham se atrevido a reconhecer. A maioria das pessoas
não consome hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada
passatempo, sem parentesco com as atividades intelectuais e artísticas que constituíam a
cultura. O autor vê com simpatia essa transformação, porque, graças a ela, a cultura do grande
público arrebatou a vida cultural à pequena minoria, que antes a monopolizava.

A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os


produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, ao passo que os produtos deste
são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer.

Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial.
A distinção entre preço e valor se apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista
o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.

(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: Uma radiografia do nosso tempo e da
nossa cultura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Edição digital)

317
A um segmento do texto segue-se uma nova redação, em que se mantêm a correção e a
lógica, em:

a) As reportagens e os testemunhos coligidos por Martel são representativos de uma


realidade // Martel levou em consideração reportagens e testemunhos inerentes à uma
realidade

b) A distinção entre preço e valor se apagou // Não se observam mais a diferença entre
valores e preços

c) a sociologia e a filosofia ainda não tinham se atrevido a reconhecer // a sociologia e a


filosofia ainda não haviam tido a ousadia de admitir

d) Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso
comercial // À essa nova cultura não pode faltar, a produção industrial maciça e o sucesso
comercial

e) já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo // já é ultrapassada, devido a
defasagem arrebatada pela época atual

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

Não se pode afirmar que o verbo “haver” nunca vai para o plural. Ele pode, por exemplo,
desempenhar a função de verbo auxiliar (que indica pessoa, tempo e modo
verbal; sinônimo de “ter” nos tempos compostos). Nesse caso, o verbo é conjugado no
plural.

Exs.:

Eles haviam chegado cedo.

Ele ainda não havia tido a ousadia de admitir...

[a sociologia e a filosofia] ainda não haviam tido a ousadia de admitir

316 – 1 Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos adultos. Seus sintomas
incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa imunidade, flutuações de
humor, entre outros. Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na
esteira de dispositivos que emitem luz azul.

2 Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia. Velas e lenha produziam luz amarelo-
avermelhada e não havia iluminação artificial à noite. A luz do fogo não é problema porque o
cérebro interpreta a luz vermelha como sinal de que chegou a hora de dormir. Com a luz azul
é diferente: ela sinaliza a chegada da manhã.

3 Assim, um dos responsáveis pelo declínio da qualidade do sono nas duas últimas décadas é
a luz azulada que emana de aparelhos eletrônicos; mas um dano ainda maior acontece quando
estamos acordados, fazendo um malabarismo obsessivo com computadores e smartphones.

318
4 A maioria das pessoas passam de uma a quatro horas diárias em seus dispositivos eletrônicos
- e muitos gastam bem mais que isso. Não é problema de uma minoria. Pesquisadores nos
aconselham a usar o celular por menos de uma hora diariamente. Mas o uso excessivo do
aparelho é tão predominante que os pesquisadores cunharam o termo “nomofobia" (uma
abreviatura da expressão inglesa no-mobile-phobiaj para descrever a fobia de ficar sem
celular.

5 O cérebro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes experiências. Um


deles retrata reações cerebrais de um viciado em jogos eletrônicos. “Comportamentos
viciantes ativam o centro de recompensa do cérebro", afirma Claire Gillan, neurocientista que
estuda comportamentos obsessivos. “Contanto que a conduta acarrete recompensa, o cérebro
a tratará da mesma maneira que uma droga".

(Adaptado de: ALTER, Adam. Irresistível. São Paulo: Objetiva, edição digital)

A respeito da pontuação do texto, afirma-se corretamente:

a) No trecho Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na esteira
de dispositivos que emitem luz azul (1° parágrafo), uma vírgula pode ser colocada
imediatamente após “dispositivos”, sem prejuízo da correção e do sentido.

b) No trecho - e muitos gastam bem mais que isso (4° parágrafo), o sinal de travessão
introduz uma oposição.

c) No segmento Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia (2o parágrafo), a
vírgula indica mudança de sujeito.

d) Sem prejuízo da correção, no segmento Com a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada
da manhã (2° parágrafo), o sinal de dois-pontos pode ser substituído por pois, precedido de
vírgula.

e) Em Seus sintomas incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa
imunidade e flutuações de humor (1° parágrafo), as vírgulas isolam um segmento explicativo.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) No trecho Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem crescendo na esteira
de dispositivos, que emitem luz azul (1° parágrafo), uma vírgula pode ser colocada
imediatamente após “dispositivos”, sem prejuízo da correção e do sentido.

ERRADO: O pronome relativo que introduz uma oração subordinada adjetiva restritiva (sem
vírgula) e a inserção faria com que tornasse uma oração subordinada adjetiva explicativa,
portanto haveria mudança semântica.

B) No trecho - e muitos gastam bem mais que isso (4° parágrafo), o sinal de travessão
introduz uma oposição.

ERRADO: O travessão da início a um aposto explicativo.

319
C) No segmento Por milênios, a luz azul existiu apenas durante o dia (2o parágrafo), a vírgula
indica mudança de sujeito.

ERRADO: A vírgula está marcando um adjunto adverbial deslocado da sua ordem direta, e a
vírgula, nesse casso, é facultativa.

D) Sem prejuízo da correção, no segmento Com a luz azul é diferente: ela sinaliza a chegada
da manhã (2° parágrafo), o sinal de dois-pontos pode ser substituído por pois, precedido de
vírgula.

CORRETO: O uso do sinal de dois pontos é apenas para marcar uma explicação e é
perfeitamente possível a troca por uma conjunção coordenativa explicativa.

E) Em Seus sintomas incluem falta de apetite, dificuldade para controlar o peso, baixa
imunidade e flutuações de humor (1° parágrafo), as vírgulas isolam um segmento explicativo.

ERRADO: A vírgula está sendo usada para marcar enumerativos com mesma função sintática.

317 – A supressão da vírgula altera significativamente o sentido da frase:

a) De acordo com a reportagem, a campanha de vacinação continuará por duas semanas.

b) Está em curso uma campanha de vacinação contra a epidemia, que está assolando tribos
indígenas.

c) Quando a campanha começou, surgiram muitas dúvidas quanto à eficácia da vacina.

d) Há quem duvide da eficácia da vacina, apesar da campanha de esclarecimento.

e) Não fosse pela divulgação na imprensa, a campanha de vacinação não teria sido bem
sucedida.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) De acordo com a reportagem, a campanha de vacinação continuará por duas


semanas. ⇢ O trecho "De acordo com a reportagem" é um adjunto adnominal anteposto.
Visto que a supressão da virgula não altera o sentido, mas prejudica a sua correção.

B) Está em curso uma campanha de vacinação contra a epidemia, que está assolando
tribos indígenas. ⇢ Veja que o "que" é um pronome relativo que retoma "epidemia". A oração
"que está assolando tribos indígenas" explica que a epidemia está assolando tribos [...]. Logo,
trata-se de uma oração subordinada adjetiva. A supressão da virgula, faz-se uma restrição,
em vez de explica-la.

C) Quando a campanha começou, surgiram muitas dúvidas quanto à eficácia da


vacina. ⇢ "Quando a campanha começou" é uma oração subordinada adverbial temporal
anteposta. Logo, deve ser separada por virgula, e sua supressão altera sim o sentido.

320
D) Há quem duvide da eficácia da vacina, apesar da campanha de esclarecimento. ⇢
"apesar da campanha de esclarecimento" o conectivo expressão uma concessão. Logo, temos
um adjunto adverbial de concessão. A supressão da virgula não altera o sentido, e nem o
prejudica.

E) Não fosse pela divulgação na imprensa, a campanha de vacinação não teria sido
bem sucedida. ⇢ "Não fosse pela divulgação na imprensa" é uma oração subordinada
adverbial condicional anteposta. Portando, o uso da virgula é IMPRESCINDÍVEL. Sua supressão
não altera o sentido, contudo prejudica sua correção.

318 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Na costa noroeste da África, cerca de 230 quilômetros ao sul das Ilhas Canárias, a linha
costeira se estende ligeiramente, formando uma protuberância conhecida como cabo Bojador.
Para os europeus do início do século XV, o Bojador marcava a fronteira entre o conhecido e o
desconhecido. Ao norte do cabo estavam a civilização e as cidades esclarecidas. Ao sul ficavam
as terras místicas da África e do Mar da Escuridão. Nenhum marinheiro desde os antigos
cartagineses tinha se aventurado ao sul do Bojador e retornado.

Entre 1424 e 1434, o infante dom Henrique de Portugal enviou catorze expedições de
navios para circundar o perigoso cabo, com seus mortais bancos de areia, redemoinhos e
violentas tempestades. Todas fracassaram. O insondável, no entanto, revelava-se uma
tentação irresistível. Inabalável, o infante dom Henrique despachou o explorador Gil Eanes
para uma décima quinta tentativa. Em sua viagem, Eanes passou a grande distância do
Bojador, desviando-se acentuadamente para oeste e penetrando no Mar da Escuridão. Ao virar
para o sul, olhou por sobre o ombro e ficou estarrecido ao perceber que deixara o temido cabo
para trás. Na viagem seguinte, em 1453, Eanes voltou a contornar o Bojador e ancorou numa
baía a mais de duzentos quilômetros ao sul. Ali, viu pegadas humanas, de camelos…

Na visão dos historiadores, dom Henrique não mandou seus navios para o sul, para a
África, com o objetivo de colonizar seu território ou abrir novas rotas de comércio. Não, ele
queria simplesmente descobrir o que havia para ser descoberto. A necessidade de encontrar,
inventar, conhecer o desconhecido parece tão profundamente humana que não podemos
imaginar nossa história sem ela. No fim, esse desejo profundo acaba por superar o medo do
desconhecido e até mesmo o medo do perigo pessoal e da morte. O que resta é a emoção da
descoberta.

(Adaptado de: LIGHTMAN, Alan. As descobertas: os grandes avanços das ciências no século XX.
Trad. George Schlesinger. São Paulo, Companhia das Letras, 2015, p. 6-7)

A frase redigida de acordo com a norma-padrão da língua é:

a) Dom Henrique de Portugal mostra-se obstinado em conhecer o que quer que haja além
do temido cabo Bojador e obtém êxito em seu intuito.

b) Mesmo após diversas tentativas frustradas, dom Henrique de Portugal, deu segmento à
seu projeto de explorar os segredos do Mar da Escuridão.

321
c) Dentre as histórias, de que os viajantes se entretinham, estavam àquelas do cabo
Bojador: fronteira entre o universo vivido e o imaginado.

d) O cabo Bojador durante séculos, alimentou o imaginario de navegantes com figuras


lendárias as quais se atribuia, traços monstruosos e assustadores.

e) Muitos exploradores morreram na tentativa de cruzar, o cabo Bojador e mesmo assim,


nunca cessou de surgir aventureiros dispostos a enfrenta-lo.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

(A) Dom Henrique de Portugal mostra-se obstinado em conhecer o que quer que haja
além do temido cabo Bojador e obtém êxito em seu intuito. Gabarito

(B) Mesmo após diversas tentativas frustradas, dom Henrique de Portugal, deu
segmento à seu projeto de explorar os segredos do Mar da Escuridão. ⇢ I) Separou
sujeito do verbo (dom Henrique de Portugal) separado de (deu). ⇢ II) o emprego da crase
está incorreto, pois "seu" é palavra masculina.

(C) Dentre as histórias, de que os viajantes se entretinham, estavam àquelas do


cabo Bojador: fronteira entre o universo vivido e o imaginado. ⇢ entretém COM alguma
coisa II) não há crase em "aquelas".

(D) O cabo Bojador durante séculos, alimentou o imaginario de navegantes com


figuras lendárias as quais se atribuia (A alguma coisa), traços monstruosos e
assustadores. ⇢ I) A virgula separou o sujeito de verbo. ⇢ II) "imaginário" tem acendo. II)
"as quais" deve haver crase, pois temos preposição "a" + artigo "a".

(E) Muitos exploradores morreram na tentativa de cruzar, o cabo Bojador e mesmo


assim, nunca cessou de surgir aventureiros dispostos a enfrenta-lo. ⇢ I) A virgula está
separando o verbo de seu complemento, um caso proibido. II) a Palavra enfrentá-lo tem
acendo, visto que é uma oxítona terminada em "a".

319 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Assembleia Geral da ONU reconhece saneamento como direito humano distinto do


direito à água potável

Uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada recentemente,


reconheceu o saneamento básico como um direito humano separado do direito à água potável.
A decisão pretende chamar a atenção para a situação de mais de 2,5 bilhões de pessoas que
vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo.

De acordo com o relator especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao
saneamento básico, o brasileiro Léo Heller, a deliberação “dá para as pessoas uma percepção
mais clara do direito ao saneamento, fortalecendo sua capacidade de reivindicá-lo quando o
Estado falha em prover os serviços ou quando eles não são seguros, são inacessíveis ou sem

322
a privacidade adequada”. A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do
saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos juntos.

Para Heller, a ausência de estruturas sanitárias adequadas tem um “efeito dominó”,


prejudicando a busca e o usufruto de outros direitos humanos, como o direito à saúde, à vida
e à educação. A falta de saneamento favorece a transmissão de doenças infecciosas, como
cólera, hepatite e febre tifoide. Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as
abstenções escolares de todos os alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento
e água fazem com que 443 milhões de dias letivos sejam perdidos todos os anos.

(Adaptado de: https://nacoesunidas.org/assembleia-geral-da-onu-reconhece-saneamento-como-


direito-humano-distinto-do-direito-a-agua-potavel)

A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do saneamento em relação à água


potável, embora tenha mantido os direitos juntos. (2° parágrafo)

Ao reescrever-se a frase acima em dois períodos distintos, sem prejuízo do sentido e da


correção gramatical, a vírgula será substituída por ponto final e a expressão sublinhada por

a) Pois que mantinha.


b) Apesar de ter mantido-se.
c) Portanto, manteve-se.
d) Contudo, manteve.
e) Todavia, manteram-se.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. "A resolução da Assembleia reconheceu a natureza


distinta do saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos
juntos. (2o parágrafo) "

⇢ Temos uma conjunção concessiva que indica oposição entre ideias. Portando, é equivalente
a frase "Contudo, manteve os direitos juntos. (2º parágrafo)"

320 – [A harmonia natural em Rousseau]

A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-1784) como responsável pela
degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição
pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade
às pessoas, leva-as a ignorar os deveres humanos e as necessidades naturais.

A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com
suas necessidades inatas. Ele é amplamente autossuficiente porque constrói sua existência no
isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores
dificuldades e não é atingido pela angústia diante da doença e da morte. As necessidades
impostas pelo sentimento de autopreservação – presente em todos os momentos da vida
primitiva e que impele o homem selvagem a ações agressivas – são contrabalançadas pelo
inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros desnecessariamente.

323
Desde suas origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de livre arbítrio e
sentido de perfeição, mas o desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quando
estabelecidas as primeiras comunidades locais, baseadas sobretudo no grupo familiar. Nesse
período da evolução, o homem vive a idade do ouro, a meio caminho entre a brutalidade das
etapas anteriores e a corrupção das sociedades civilizadas.

(Encarte, sem indicação de autoria, a Jean-Jacques Rousseau – Os Pensadores. Capítulo 34. São Paulo:
Abril, 1973, p. 473)

A supressão da vírgula altera o sentido da frase:

a) Desde as origens, o homem primitivo já era detentor da capacidade de livre arbítrio.

b) Na teoria de Rousseau, o homem primitivo tem um bom padrão de vida comunitária.

c) Rousseau considera mais felizes os antigos, capazes de fugir de todo artificialismo.

d) Ao se considerar a condição do homem civilizado, não há como negar que é menos feliz
que o primitivo.

e) Ao longo da idade do ouro, o homem se pôs a meio caminho entre brutalidade e


corrupção.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

→ Rousseau considera mais felizes os antigos, capazes de fugir de todo artificialismo.

→ temos em destaque uma oração subordinada adjetiva explicativa reduzida do infinitivo;


desenvolvendo: que eram capazes de fugir de todo artificialismo;

→ A eliminação da vírgula a transforma em uma adjetiva restritiva (correção gramatical é


mantida, MAS O SENTIDO É ALTERADO, logo, temos a nossa resposta).

321 – Sempre pensei que ser um cidadão do mundo era o melhor que podia acontecer a uma
pessoa, e continuo pensando assim. Que as fronteiras são a fonte dos piores preconceitos, que
elas criam inimizades entre os povos e provocam as estúpidas guerras. E que, por isso, é
preciso tentar afiná-las pouco a pouco, até que desapareçam totalmente. Isso está ocorrendo,
sem dúvida, e essa é uma das boas coisas da globalização, embora haja também algumas
ruins, como o aumento, até extremos vertiginosos, da desigualdade econômica entre as
pessoas.

Mas é verdade que a língua primeira, aquela em que você aprende a dar nome à família e
às coisas deste mundo, é uma verdadeira pátria, que depois, com a correria da vida moderna,
às vezes vai se perdendo, confundindo-se com outras. E isso é provavelmente a prova mais
difícil que os imigrantes têm de enfrentar, essa maré humana que cresce a cada dia, à medida
que se amplia o abismo entre os países prósperos e os miseráveis, a de aprender a viver em
outra língua, isto é, em outra maneira de entender o mundo e expressar a experiência, as
crenças, as pequenas e grandes circunstâncias da vida cotidiana.

324
(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. O regresso à Grécia. Disponível em: https://brasil.elpais.com)

Está clara e correta esta frase escrita a partir do texto:

a) A língua primeira caracteriza-se como aquela que atribuímos nome, à família e às coisas
deste mundo.

b) Umas das vantagens da globalização talvez, é a proximidade que se propõe estabelecer


povos diversos.

c) Convêm lembrar que com a globalização, a desigualdade econômica entre as pessoas


galgou extremos vertiginosos.

d) As fronteiras geradas pelo medo de quem é diferente redundam em inimizades que


podem acarretar guerras.

e) Com a correria da vida moderna tem suscitado a perda da língua primeira, que se mistura
com outras.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A – A língua primeira caracteriza-se como aquela que atribuímos nome, à família e às coisas
deste mundo.

ERRO = NÃO SE COLOCA 1 VÍRGULA ENTRE SUJEITO E VERBO OU ENTRE VERBO E


OBJETO/PREDICATIVO

B - Umas das vantagens da globalização talvez, é a proximidade que se propõe estabelecer


povos diversos.

ERRO = NÃO SE COLOCA 1 VÍRGULA ENTRE SUJEITO E VERBO OU ENTRE VERBO E


OBJETO/PREDICATIVO

C - Convêm lembrar que com a globalização, a desigualdade econômica entre as pessoas


galgou extremos vertiginosos.

ERRO = SUJEITO ORACIONAL FICA SEMPRE NO SINGULAR

D - As fronteiras geradas pelo medo de quem é diferente redundam em inimizades que podem
acarretar guerras.

GABARITO!

E - Com a correria da vida moderna tem suscitado a perda da língua primeira, que se mistura
com outras.

ERRO = PARA A FCC, ADJUNTO ADVERBIAL DESLOCADO SEMPRE É SEPARADO COM VÍRGULA.

325
322 – Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?

Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câmeras 360 (que capturam
vistas de todos os ângulos), o momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.

Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento oferece um potencial incrível para o


futuro dos filmes – como a realidade aumentada, a inteligência artificial e a capacidade cada
vez maior de computadores de criar mundos digitais detalhados.

Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as histórias cinematográficas do futuro


diferem das experiências disponíveis hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e artista
Chris Milk, os filmes do futuro oferecerão experiências imersivas sob medida. Eles serão
capazes de “criar uma história em tempo real que é só para você, que satisfaça exclusivamente
a você e o que você gosta ou não”, diz ele.

(Adaptado de: BUCKMASTER, Luke. Disponível em: www.bbc.com)

No 2° parágrafo, a informação introduzida pelo travessão corresponde a

a) uma síntese das consequências da revolução ocorrida no cinema recentemente.


b) uma explicação das técnicas da maior parte das produções cinematográficas atuais.
c) uma exemplificação das tecnologias que terão impacto sobre o futuro dos filmes.
d) um apanhado das produções cinematográficas que se destacaram por serem inovadoras.
e) uma ressalva sobre os aspectos positivos dos avanços técnicos da linguagem do cinema.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento oferece


um potencial incrível para o futuro dos filmes – como a realidade aumentada, a inteligência
artificial e a capacidade cada vez maior de computadores de criar mundos digitais detalhados.

→ O travessão introduz uma exemplificação acerca das tecnologias que proporcionaram o


futuro dos filmes; apresenta alguns exemplos da "série de tecnologias".

323 – Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famoso e lido livro, Pedagogia
do oprimido, Paulo Freire critica aquilo que chama de uma visão “bancária” da educação, em
que os educadores mantêm com os alunos uma relação que detém informações que são
“depositadas” numa sala de aula, que está ali para memorizar, e não aprender. “Em lugar de
comunicar-se, o educador faz ‘comunicados’ e depósitos que os educandos, meras incidências,
recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção ‘bancária’ da educação,
em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos,
guardá-los e arquivá-los.”

(ALMEIDA, Carol. Disponível em: Suplemento Pernambuco, p. 12, janeiro de 201

Sobre o uso de aspas no texto, é correto afirmar:

a) Deriva do discurso direto, com o intuito de criar intertextualidade.


b) Decorre de situações diferentes, entre elas a referência de título e a citação.

326
c) Fere, em ‘comunicados’, o uso normativo desse sinal gráfico.
d) É reservado à citação de outro autor, como argumento de autoridade.
e) Tenciona, em “bancária”, realçar um termo deslocado de seu sentido denotativo.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Tenciona, em “bancária”, realçar um termo deslocado de seu


sentido denotativo.

→ de uma visão “bancária” da educação [...]; É apresentado um sentido divergente do literal,


faz alusão ao depósito de dinheiro, comparando com o depósito de informações; uma visão
superficial, rasa.

324 – [Nossa duplicidade]

Querem saber a história abreviada de quase todo o mal-estar na civilização? Ei-la: a


evolução natural produziu o animal homem. No âmago desse homem, entretanto, foi-se
instalando um inquilino altivo, exigente e dado à hipocrisia e ao autoengano: o homem
civilizado. As rusgas foram crescendo, o conflito escalou, mas nenhum dos dois é forte o
bastante para aniquilar o outro. E assim brotou no interior da caverna uma guerra civil que se
prolonga por toda a vida.

(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos: uma perspectiva brasileira da crise civilizatória.
São Paulo: Companhia das Letras, 2016)

Está plenamente correta a pontuação da seguinte frase:

a) Uma história abreviada da humanidade, prometeu aos seus provocados leitores, o autor
do texto.

b) Na evolução natural nota-se que, há em seu processo, elementos contraditórios com a


civilização.

c) À medida que avança o homem, em sua caminhada civilizatória, conflitos ocorrem, entre
a criatura moderna, e a primitiva.

d) Ao longo do tempo, instalou-se no animal homem um inquilino altivo, representado pela


criatura em processo de civilização.

e) A hipocrisia e o autoengano, são, ambas, qualidades que vieram se agregar ao homem,


na trajetória da civilização.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. Ao longo do tempo, instalou-se no animal homem um


inquilino altivo, representado pela criatura em processo de civilização. → correto,
respectivamente: adjunto adverbial deslocado e oração subordinada adjetiva explicativa
reduzida do particípio separada corretamente pela vírgula.

327
325 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de


malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés
no chão. (2° parágrafo)

Está condizente com o que se lê no trecho acima, com a vírgula empregada corretamente, o
que se encontra em:

a) Tínhamos um par de sapatos para o domingo, só. A semana tocada de tamancos ou de


pés no chão.

b) Tínhamos um par, de sapatos, só para o domingo. A semana tocada de tamancos ou de


pés no chão.

c) Só, tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana tocada de tamancos ou de


pés no chão.

d) Tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana só, tocada de tamancos ou de


pés no chão.

328
e) Tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana tocada de tamancos ou de pés,
só no chão.

Comentários

O gabarito é a alternativa A. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana


tocada de tamancos ou de pés no chão. (2° parágrafo) → o termo em destaque é um advérbio
e equivale a "somente", queremos uma frase correta e com o termo com o mesmo valor.

326 – Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade
orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros
pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando
fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só.
A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto
de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha
bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela,
como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de


malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no
morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
som e sem inflação.

Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se
até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não
desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé
pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A
gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia:
crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143)

No segmento ... morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos
altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear (2° parágrafo), o sinal de
dois-pontos introduz

a) uma ressalva.
b) uma citação.
c) um esclarecimento.
d) uma contradição.

329
e) um resumo.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora
substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a
propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava
gear.

→ Os dois pontos dão início a uma explicação, a um esclarecimento acerca do porquê do morro
ter o nome de Geada.

327 – Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição
oceânica, mas, até o momento, não tomaram quaisquer medidas concretas.A organização
holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à frente e assumir a missão de combater
a poluição oceânica nos próximos anos.

A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os


mares do planeta e pretende começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção
de detritos marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte, utilizando seu sistema de limpeza
recentemente redesenhado.

Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes oceânicas fazer todo o


trabalho. Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto
central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para
fins de reciclagem.

(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com)

Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central. O
plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins de
reciclagem.

Com as devidas alterações na pontuação, o trecho acima estará corretamente reescrito, em


um único período, substituindo-se o segmento sublinhado por:

a) aonde o tanto
b) que o mesmo
c) ao qual o produto
d) onde o material
e) o qual o restante

Comentários

O gabarito é a alternativa D. Uma rede de telas em forma de “U” coletaria o plástico


flutuante até um ponto central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e enviado
à costa marítima para fins de reciclagem.

330
→ o correto seria o uso do pronome relativo "onde" retomando um lugar (ponto central), dando
início a uma oração adjetiva explicativa (extraído de algum lugar → de um ponto central →
onde), o termo "o material" substituiria o substantivo "plástico".

328– Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

Mamãe, mamãe, descobri que o Capitão Gancho é bonzinho. Ele falou “Eu vou cuidar muito
bem de você!”, anunciou o garoto durante a consulta, interrompendo a conversa da mãe com
o médico. E repetiu mais duas ou três vezes a descoberta que fizera ao assistir ao filme sobre
Peter Pan, para em seguida retomar o silêncio habitual e voltar a agitar as mãos para cima e
para baixo. Diferentemente de crianças de sua idade, o menino de 7 anos atendido pelo
psiquiatra infantil não conseguia perceber a ironia na fala do vilão, determinada por uma
marcante alteração no tom de voz. Os sinais que o médico observou no garoto são
característicos de um grupo de distúrbios classificados como transtornos do espectro autista
ou transtornos globais do desenvolvimento. Esses problemas de origem neuropsicológica se
manifestam na infância e, com maior ou menor intensidade, prejudicam a capacidade de
comunicação.

(Adaptado de: ZORZETTO, Ricardo. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)

Ao se reescrever uma passagem do texto, foi observado o respeito às normas de pontuação


em:

a) Os problemas de origem neuropsicológica observados pelo médico manifestam-se na


infância, comprometendo, com maior ou menor intensidade, a capacidade de comunicação.

b) A ironia, indicada pela forte alteração no tom de voz, na fala do vilão, não foi, percebida
pelo menino, de 7 anos; atendido pelo psiquiatra infantil.

c) O médico observou sinais, no garoto que são típicos de um grupo de, distúrbios
conhecidos, como transtornos do espectro autista ou transtornos globais do desenvolvimento.

d) O garoto repetiu, outras duas ou três vezes a descoberta que, fizera ao assistir ao filme
sobre Peter Pan e, em seguida retomou o silêncio habitual, voltando a agitar as mãos: para
cima e para baixo.

e) Interrompendo a conversa da mãe, com o médico, o garoto anunciou, a descoberta de


que: o Capitão Gancho é bonzinho, após ter ouvido a frase, Eu vou cuidar muito bem de você!

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A) Os problemas de origem neuropsicológica observados pelo médico manifestam-se na


infância, comprometendo, com maior ou menor intensidade, a capacidade de comunicação.

331
B) A ironia, indicada pela forte alteração no tom de voz, na fala do vilão, não
foi, percebida pelo menino, de 7 anos; atendido pelo psiquiatra infantil. → vírgula separando
inadequadamente a locução verbal que caracteriza uma voz passiva analítica.

C) O médico observou sinais, no garoto que são típicos de um grupo de, distúrbios
conhecidos, como transtornos do espectro autista ou transtornos globais do
desenvolvimento. → vírgula separando o adjunto adnominal, sendo inadequada.

D) O garoto repetiu, outras duas ou três vezes a descoberta que, fizera ao assistir ao
filme sobre Peter Pan e, em seguida retomou o silêncio habitual, voltando a agitar as mãos:
para cima e para baixo. → vírgula separando o objeto direto do verbo "repetir", o correto seria
intercalar este termo (outras duas ou três vezes).

E) Interrompendo a conversa da mãe, com o médico, o garoto anunciou, a descoberta de


que: o Capitão Gancho é bonzinho, após ter ouvido a frase, Eu vou cuidar muito bem de você!
→ novamente vírgula separando o objeto direto de seu verbo (anunciou alguma coisa).

329 – [Nossa quota de felicidade]

Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi
unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e
hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e
a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente
sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana
e a psicologia humana.

Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos
se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de
nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios
desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido
astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que
os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma
parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda,
impérios, ciência e indústria?

Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais
importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos
atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.
Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.
Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e
satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas
esse relato progressista não convence.

(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína
Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)

A supressão da vírgula altera efetivamente o sentido da frase:

a) A ideia mesma de felicidade parece ter bem pouca relevância, no curso da caminhada da
civilização.

332
b) Ao longo dos últimos cinco séculos, ocorreram revoluções cruciais na história da
humanidade.

c) Para muitos homens, não faz sentido indagar sobre o teor de felicidade que deveria
acompanhar o progresso.

d) A pouca gente ocorre indagar sobre o sentido do progresso, que atinge uns poucos
privilegiados.

e) Na argumentação do autor, o sentido de progresso civilizacional merece ser amplamente


discutido.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. O pronome relativo QUE se vier com virgula será explicativo
se não vier será restritivo. Uma coisa a ressaltar é que a inserção da virgula apenas altera o
sentido da frase não alterando a correção gramatical.

330 – [Nossa quota de felicidade]

Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi
unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e
hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e
a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente
sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana
e a psicologia humana.

Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos
se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de
nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios
desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido
astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que
os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma
parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda,
impérios, ciência e indústria?

Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais
importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos
atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.
Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.
Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e
satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas
esse relato progressista não convence.

(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína
Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)

A interrogação Mas somos mais felizes?, que abre o 2° parágrafo do texto, tem como função

333
a) ponderar sobre um conceito que tem preocupado exageradamente a filosofia e as artes.

b) ratificar o que houve de mais positivo nas conquistas da humanidade nos últimos 500
anos.

c) associar o progressivo índice da felicidade humana aos feitos da ciência e da economia.

d) introduzir criticamente um conceito sempre subestimado ao longo da nossa civilização.

e) abrir uma linha de raciocínio que desqualifica as supostas conquistas da tecnologia.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. Ponto de interrogação: indica uma pergunta direta, ainda que
não exija resposta.

Ponto de exclamação: marcar o fim de enunciado com entonação, normalmente exprimindo


admiração, surpresa, assombro ou indignação (pode ser usado com interjeições ou locuções
interjetivas, estas últimas que são a união de duas palavras normais formando uma
interjeição).

Ponto-e-vírgula: separa orações coordenadas que venham quebradas no seu interior por
vírgulas; separa oração que tenha zeugma na segunda (ele estudou economia; nós
português); antítese = oposição; oração coordenada extensa; e enumeração.

331 – Atenção: Leia a crônica a seguir para responder a questão.

O substituto da vida

Quando meu instrumento de trabalho era a máquina de escrever, eu me sentava a ela,


punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de escrever, tirava o papel, lia o que
escrevera, fazia eventuais emendas e, se fosse o caso, batia o texto a limpo. Relia-o para ver
se era aquilo mesmo, fechava a máquina, entregava a matéria e ia à vida.

Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol com o pessoal da editoria de
esporte, paquerar a diagramadora do caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. Se
estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de escrever eu fechava a máquina
e abria um livro, escutava um disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina no
dia seguinte.

Hoje, diante do computador, termino de produzir um texto, vou à lista de mensagens para
saber quem me escreveu, deleto mensagens inúteis, respondo às que precisam de resposta,
eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais e revistas on-line. Quando me dou
conta, já é noite lá fora e não saí da frente da tela.

Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a caneta, o bloco, a agenda, o telefone,
a banca de jornais, a máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema, o DVD, o
correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso, o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o
CD, a bússola, os mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que me substitua
também.

334
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação Brasil, 2018, p. 67-68)

... eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de escrever,
tirava o papel, lia o que escrevera, fazia eventuais emendas... (1º parágrafo)

Nesse trecho, as vírgulas servem ao propósito de

a) apresentar atividades tidas como hipotéticas.


b) ordenar fatos em uma hierarquia, do mais ao menos importante.
c) encadear eventos que ocorrem em concomitância.
d) separar ações que se sucedem cronologicamente.
e) listar acontecimentos que se ligam aleatoriamente.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

... eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de
escrever, tirava o papel, lia o que escrevera, fazia eventuais emendas... (1º
parágrafo)

As alternativas, A, B e E já eliminamos, por serem absurdas. Sendo assim, as demais: C e D


são as que sobraram. A letra "C" não pode ser o gabarito da questão, pois a palavra
"CONCOMITANTEMENTE" deixa a assertiva errada. Vejamos a seguir:

CONCOMITANTEMENTE: algo que acontece ao mesmo tempo.

Logo, percebemos que a virgula não foi inserida para separar algo de forma concomitante,
pois não há concomitância na referida frase, e sim a virgula foi usada para separar ações que
se sucedem cronologicamente. Portanto, nosso gabarito letra D.

332 – Em janeiro de 1968, estreava na Europa e nos Estados Unidos um filme considerado o
primeiro da nova era do cinema hollywoodiano, por quebrar tabus e fazer sucesso entre o
público jovem. Era Bonnie e Clyde, de Arthur Penn. Tratava-se da história de dois jovens
apaixonados, ladrões de banco, que circulavam pelo centro dos Estados Unidos durante a
Grande Depressão. O casal reforçava nos jovens a ideia da quebra de todas as regras.

Lançado num país que ainda se recuperava do trauma do assassinato do presidente John
Kennedy e via aumentar a tensão provocada por conflitos raciais, o filme causou repulsa e
indignação entre os críticos. Por adotar, com humor, o ponto de vista dos criminosos, foi visto
como subversivo.

Paralelamente ao lançamento do filme, surgiam produtos que se destinavam


exclusivamente aos jovens e que passariam a depender do consumo destes. Esses produtos
atravessavam as fronteiras nacionais com uma facilidade sem precedentes e a cultura de
massas tornou-se internacional por definição.

(Adaptado de: ZAPPA, Regina e SOTO, Ernesto. 1968: Eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro:
Zahar, edição digital)

335
Está adequada a pontuação do seguinte período:

a) Bonnie e Clyde de Arthur Penn, conta a história de dois ladrões de banco, apaixonados,
circulando durante a Grande Depressão, pelo centro dos Estados Unidos.

b) Na época do lançamento do filme, o país ainda se recuperava do trauma do assassinato


do presidente John Kennedy, e a tensão provocada por conflitos raciais aumentava.

c) Estreou, na Europa e nos Estados Unidos, em janeiro de 1968: o filme considerado, o


primeiro da nova era do cinema hollywoodiano.

d) Produtos destinados aos jovens passaram a circular, pelo mundo, agilmente; fazendo
com que, a cultura de massas se internacionalizasse.

e) O lançamento do filme, alavancou a multiplicação de produtos os quais se destinavam,


exclusivamente ao público jovem.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Bonnie e Clyde de Arthur Penn, conta a história de dois


ladrões de banco, apaixonados, circulando durante a Grande Depressão, pelo centro
dos Estados Unidos.

_ Não se usa vírgula para separar o sujeito do verbo. Além disso, temos outro erro de
concordância. O verbo "CONTA" deve está flexionado no plural, para concordar com o sujeito
composto, Bonnie e Clyde.

333 – Atenção: Considere a entrevista abaixo, com o americano Seth M. Siegel, autor do
livro Faça-se a Água, para responder à questão.

1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como
descreveria o estágio atual dessa crise?

Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será
afetada pela escassez de água. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o
aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os principais
impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países
já estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.

2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?

Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais
sofisticada do mundo. Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações
de mais rápido crescimento do mundo, é abundante em água. Penso que todos têm algo a
aprender com o exemplo de Israel.

336
3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que
papel acredita que essas riquezas brasileiras poderiam vir a desempenhar?

Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a
água às vezes está disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez.
O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico
e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático construir um
encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso
que outras formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam
usar outras técnicas.

4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou
recentemente uma grave crise hídrica. Como vê essa situação?

Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda
chance. Estes dias de melhor abastecimento de água quase certamente não durarão muito.
Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier, haja
menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.

(Disponível em: www.cartacapital.com.br. Com adaptações)

As vírgulas foram empregadas para separar os diferentes sujeitos da oração principal em:

a) O Canadá tem uma enorme quantidade de água doce, mas é, principalmente, no Círculo
Ártico e na Baía de Hudson.

b) Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial...

c) Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que...

d) Este período deve ser usado como preparo para a próxima seca, para que, quando vier,
haja menos prejuízo para a economia...

e) As mudanças climáticas, o crescimento da população, o aumento dos padrões de vida e


a deficiência de infraestrutura da água serão os principais impulsionadores...

Comentários

O gabarito é a alternativa E. As mudanças climáticas, o crescimento da população, o


aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da água serão os
principais impulsionadores... → as vírgulas marcam a enumeração de termos com a mesma
função sintática, sujeito, sendo a nossa resposta.

334 – Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse
insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m 3 por ano
dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões
como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e
outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.

337
Só em aparência, contudo, é confortável a situação brasileira. Em primeiro lugar, há o
problema da distribuição: o líquido é tanto mais abundante onde menor é a população e mais
preservadas são as florestas, como na Amazônia. No litoral do país, assim como nas regiões
Sudeste e Nordeste (onde se concentra 70% da população), muitos centros urbanos já
enfrentam dificuldades de abastecimento.

Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as
crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol
perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta
os ventos e tempestades.

Se os resultados das simulações do clima futuro feitas por modelos de computador


estiverem corretos, algumas regiões poderão sofrer estiagens mais frequentes e graves,
enquanto outras ficarão sujeitas a inundações.

O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, um comitê com alguns dos maiores


especialistas do país em climatologia, fez projeções sobre as alterações prováveis nas várias
regiões, mas com diferentes graus de confiabilidade. As mais confiáveis valem para a Amazônia
(aumento de temperatura de 5°C a 6°C e queda de 40% a 45% na precipitação até o final do
século), para o semiárido, no Nordeste (respectivamente 3,5°C a 4,5°C e − 40% a − 50%), e
para os pampas, no Sul (2,5°C a 3°C de aquecimento e 35% a 40% de aumento de chuvas).

Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as
inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como
o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas
próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.

Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido,
região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema
improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades
básicas da população, mesmo a mais isolada.

É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores
estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que
costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.

(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE,
Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br)

Está correta a pontuação do seguinte trecho adaptado do texto:

a) Porém, ficar sem água, é cena cada vez mais, incomum no Nordeste, mesmo no
semiárido: região onde moram 22 milhões de pessoas, e onde as chuvas são pouco previsíveis.

b) Há em primeiro lugar, o problema da distribuição, o líquido é tanto mais abundante onde


menor é a população.

c) A atmosfera terrestre, retém, com as crescentes emissões de gases do efeito estufa,


mais calor do Sol perto da superfície.

d) Não é possível afirmar, com certeza, que, recentes secas no Sudeste e no Nordeste, ou
as inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.

338
e) Nas regiões Sudeste e Nordeste, onde se concentra 70% da população, muitos centros
urbanos já enfrentam dificuldades de abastecimento.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Nas regiões Sudeste e Nordeste, onde se concentra 70%


da população, muitos centros urbanos já enfrentam dificuldades de abastecimento. →
correto, vírgulas separando, respectivamente: adjunto adverbial deslocado de longa extensão
e uma oração subordinada adjetiva explicativa (entre pontuação).

335 – Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse
insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m 3 por ano
dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões
como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e
outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.

Só em aparência, contudo, é confortável a situação brasileira. Em primeiro lugar, há o


problema da distribuição: o líquido é tanto mais abundante onde menor é a população e mais
preservadas são as florestas, como na Amazônia. No litoral do país, assim como nas regiões
Sudeste e Nordeste (onde se concentra 70% da população), muitos centros urbanos já
enfrentam dificuldades de abastecimento.

Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as
crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol
perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta
os ventos e tempestades.

Se os resultados das simulações do clima futuro feitas por modelos de computador


estiverem corretos, algumas regiões poderão sofrer estiagens mais frequentes e graves,
enquanto outras ficarão sujeitas a inundações.

O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, um comitê com alguns dos maiores


especialistas do país em climatologia, fez projeções sobre as alterações prováveis nas várias
regiões, mas com diferentes graus de confiabilidade. As mais confiáveis valem para a Amazônia
(aumento de temperatura de 5°C a 6°C e queda de 40% a 45% na precipitação até o final do
século), para o semiárido, no Nordeste (respectivamente 3,5°C a 4,5°C e − 40% a − 50%), e
para os pampas, no Sul (2,5°C a 3°C de aquecimento e 35% a 40% de aumento de chuvas).

Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as
inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima.
Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como
o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas
próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.

Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido,
região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema
improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades
básicas da população, mesmo a mais isolada.

339
É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores
estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que
costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.

(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE,
Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br)

A respeito do 1° parágrafo, afirma-se corretamente:

a) No segmento Nações como a Argélia e regiões como a Palestina, uma vírgula pode ser
inserida imediatamente após “Argélia”, uma vez que separa sujeitos de orações diferentes.

b) O segmento Cada habitante conta com mais de... pode ser substituído por “Cada um dos
habitantes do país contam com mais de”, sem prejuízo do sentido e da correção.

c) Sem prejuízo da correção e do sentido, o segmento ...o Brasil é um país rico nesse insumo
que a natureza provê... pode ser alterado do seguinte modo: “o Brasil − país rico nesse insumo
− que, a natureza provê...”.

d) No segmento ...outras precisam obter recursos hídricos... o elemento sublinhado pode


ser substituído pelo pronome "lhes".

e) Como o verbo “prover” admite complemento, o segmento que a natureza provê de


graça pode ser reescrito do seguinte modo: “que a natureza provê de graça à população”.

Comentários

O gabarito é a alternativa E. Como o verbo “prover” admite complemento, o segmento que


a natureza provê de graça pode ser reescrito do seguinte modo: “que a natureza provê de
graça à população”. → correto, no caso, o verbo passou a ser transitivo direto e indireto:
prover algo ("que", retomando o substantivo "insumos" → objeto direto) a alguém (objeto
indireto, preposição "a" regida pelo verbo + artigo definido "a" que acompanha o substantivo
feminino "população", formando, dessa forma, a crase).

336 – Em 1938, o cineasta Orson Welles causou algumas horas de pânico ao fazer crer a
milhares de ouvintes de rádio que o planeta estava sob ataque de marcianos. A dramatização,
transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico,
tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam
acostumados. Hoje, talvez Welles provocasse um estrago ainda maior caso empregasse seu
talento nas mídias sociais, onde notícias falsas enganam milhões diariamente em todo o
mundo.

Nos EUA, o debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força com
a recente eleição − em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. Levantamentos mostraram que em diversas ocasiões o presidente eleito foi beneficiado
pela leva de informações fabricadas. Ainda que seja quase impossível medir o impacto do
fenômeno na definição do resultado eleitoral, a gravidade do problema não se apaga.

340
No Brasil, a prática também preocupa. Muitas vezes, veículos da imprensa profissional
precisam desmentir as mentiras, tão depressa elas se espalham.

Em Mianmar, país em lento processo de democratização, violentas ondas de ataque contra


muçulmanos têm sido atribuídas à circulação de notícias fictícias.

Os grandes oligopólios da internet fogem da responsabilização pela montanha de


barbaridades a que dão vazão. Não pecam apenas pela passividade, contudo. Associam-se às
estratégias liberticidas e censórias de ditaduras.

Nesse quadro que ameaça os pilares da arquitetura democrática do Ocidente, o jornalismo


profissional, compromissado com os fatos e a ampla circulação das ideias, torna-se ainda mais
necessário.

(Adaptado de: FSP. Editorial. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/opinião)

Reescrita a partir de um segmento do texto, a frase que apresenta pontuação inteiramente


adequada é:

a) O debate sobre os efeitos nocivos de, informações inverídicas, ganhou força, com a
recente eleição nos EUA: em que os norte-americanos se informaram, maciçamente, pelas
redes sociais.

b) O debate, sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força nos EUA, com
a recente eleição, em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais.

c) O debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força, nos EUA, com
a recente eleição, em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais.

d) O debate (sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas) ganhou, força com a


recente eleição, nos EUA: em que, os norte-americanos se informaram maciçamente pelas
redes sociais.

e) O debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas, ganhou força, nos EUA com
a recente eleição; em que os norte-americanos se informaram maciçamente, pelas redes
sociais.

Comentários

O gabarito é a alternativa C.

A) O debate sobre os efeitos nocivos de, informações inverídicas, ganhou força, com a
recente eleição nos EUA: em que os norte-americanos se informaram, maciçamente, pelas
redes sociais. → incorreto: efeitos nocivos de alguma coisa (temos o complemento nominal
separado pela vírgula, não pode acontecer, logo está incorreto).

B) O debate, sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força nos EUA, com
a recente eleição, em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais. → incorreto, separou o sujeito de seu verbo, não pode acontecer isso.

341
C) O debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas ganhou força, nos EUA, com
a recente eleição, em que os norte-americanos se informaram maciçamente pelas redes
sociais.

D) O debate (sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas) ganhou, força com a


recente eleição, nos EUA: em que, os norte-americanos se informaram maciçamente pelas
redes sociais. → incorreto, separou o complemento de seu verbo (ganhou alguma coisa: força,
separou o objeto direto de seu verbo, estando incorreto).

E) O debate sobre os efeitos nocivos de informações inverídicas, ganhou força, nos


EUA com a recente eleição; em que os norte-americanos se informaram maciçamente, pelas
redes sociais. → incorreto, novamente separou o sujeito de seu verbo, logo está incorreto.

337– Está correta a redação da frase que se encontra em:

a) Substituímos, pelas galerias de fotos digitais, de nossos dispositivos móveis o antigo


álbum de família.

b) Imagens são importantes, desde que se considerem que milhares de fotos não tem a
capacidade de superar a intensidade de uma experiência.

c) Conforme seja importante viver cada momento com intensidade, onde as relações
afetivas estão sendo solapadas na solidão digital coletiva.

d) Devido às rápidas e crescentes mudanças no setor da comunicação, os antigos modelos


de negócio foram postos em xeque.

e) Formas tradicionais de gestão, quando não apresentam capacidade de inovação e


criatividade não sobrevive no mercado.

Comentários

O gabarito é a alternativa D.

A) Substituímos, pelas galerias de fotos digitais, de nossos dispositivos móveis o antigo


álbum de família. → as vírgulas estão incorretas, adjunto adnominal separado, marcando
incorreção.

B) Imagens são importantes, desde que se considerem que milhares de fotos não tem a
capacidade de superar a intensidade de uma experiência. → milhares de fotos TÊM (terceira
pessoa do plural do presente do indicativo).

C) Conforme seja importante viver cada momento com intensidade, onde as relações afetivas
estão sendo solapadas na solidão digital coletiva. → o pronome relativo "onde" está
inadequado, visto que não retoma um lugar e sim um momento, um valor temporal.

D) Devido às rápidas e crescentes mudanças no setor da comunicação, os antigos modelos de


negócio foram postos em xeque. → CORRETO.

342
E) Formas tradicionais de gestão, quando não apresentam capacidade de inovação e
criatividade não sobrevive no mercado. → formas... SOBREVIVEM.

338 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes
de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da
imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período
republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]

O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico.
De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços
para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o
intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de
que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação.
Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco.
Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido
como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa
política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o
pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de
italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população
aumentou quase dez vezes.

Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.

O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus


defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea
em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.

(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, nº 27, pp. 45 e 47, 2018)

343
O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus
defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea
em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
Considerado o trecho reproduzido, é correto afirmar:

a) Redação alternativa à acima transcrita, que reúna os dois períodos iniciais num só e não
prejudique o sentido original, deve valer-se da locução coesiva “à medida que”.

b) O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de um


pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em termos de
religião”.

c) Se o segmento um pressuposto falso fosse alterado para “uma ideia falsa”, a frase
manteria sua correção sem que houvesse necessidade de outra modificação no período.

d) Os dois-pontos estão empregados pelo mesmo motivo que se nota em “Curioso,


perguntou: − Quem lhe deu esse belo presente?”, exigidos por verbo dicendi.

e) No último período, a retirada da vírgula após a conjunção não prejudica a correção


original da frase, visto que seu emprego é facultativo.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Redação alternativa à acima transcrita, que reúna os dois períodos iniciais num só e não
prejudique o sentido original, deve valer-se da locução coesiva “à medida que”. → incorreto,
eu vejo um valor causal entre os dois períodos e não proporcional, não tenho certeza dessa:
O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual, já que seus
defensores partiam de um pressuposto falso

B) O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de um


pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em termos de
religião”. → correto.

C) Se o segmento um pressuposto falso fosse alterado para “uma ideia falsa”, a frase manteria
sua correção sem que houvesse necessidade de outra modificação no período. → incorreto,
haveria outra alteração: Seus defensores partiam de UMA IDEIA FALSA: a de que [...].

D) Os dois-pontos estão empregados pelo mesmo motivo que se nota em “Curioso, perguntou:
− Quem lhe deu esse belo presente?”, exigidos por verbo dicendi. → incorreto, no item está
certo, temos um verbo de dizer (dicendi, representa um verbo que marca uma citação direta,
um discurso direto → perguntou), na parte do texto: Seus defensores partiam de um
pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de
religião (temos uma oração apositiva, valor de aposto, traz uma explicação acerca de qual
pressuposto falso é esse).

E) No último período, a retirada da vírgula após a conjunção não prejudica a correção original
da frase, visto que seu emprego é facultativo. → incorreto, prejudicaria, o sujeito ficaria

344
separado de seu verbo, não tendo mais um termo intercalado: Os três grupos estiveram
presentes desde a época colonial e cada um a seu modo, contribuíram para a formação do
país.

339 – Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes
de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da
imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período
republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]

O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico.
De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços
para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o
intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de
que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação.
Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco.
Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido
como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa
política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o
pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de
italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população
aumentou quase dez vezes.

Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.

O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus


defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea
em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.

(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, nº 27, pp. 45 e 47, 2018)

345
Está correto o seguinte comentário:

a) No contexto em que estão empregadas, as aspas em “melhorar a raça” indicam que o


autor está citando expressão difundida por outros, e não que deseje marcar o segmento com
particular tom expressivo.

b) Na frase Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim, o primeiro


segmento expressa uma ideia de restrição.

c) Na frase Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim, a palavra


destacada tem a mesma função sintática da sublinhada em “Vou para o mesmo lado que
você, assim, podemos ir juntos”.

d) Em O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe
imigrantes de braços abertos, ambas as palavras destacadas são conjunções, pois o contexto
elimina a possibilidade de a segunda palavra ser pronome relativo.

e) Se, em lugar de O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam


eram falsas, houvesse “O primeiro, concreto, é que eles consideravam crível as doutrinas
científicas cujos fundamentos eram falsos”, a correção da frase, segundo a norma-padrão da
língua, seria preservada.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

a) Incorreto. As aspas dão sim destaque expressivo à expressão.

b) Correto. Temos uma expressão adverbial restritiva, particularizante, como se fosse:


historicamente e estatisticamente, do ponto de vista restrito da história e da estatística,
considerando estritamente essas esferas e excluindo as outras.

c) Incorreto. O primeiro “assim” é advérbio de modo; o segundo é conectivo conclusivo,


equivalente a “portanto”:

“Vou para o mesmo lado que você, portanto, podemos ir juntos”.

d) Incorreto. O contexto não elimina a possibilidade, podemos encarar como conjunção


integrante:

O brasileiro gosta de pensar [que recebe imigrantes de braços abertos]

O brasileiro gosta de pensar [ISTO]

Ou como pronome relativo, retomando “uma nação acolhedora”:

uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos

e) Incorreto. Haveria desrespeito à concordância: consideravam críveis…

346
340 – [O tempo sem rumo]

As datas deveriam nos fixar no tempo como as coordenadas geográficas nos fixam no
espaço, mas a analogia não funciona. O tempo não tem pontos fixos, o tempo é uma sombra
que dá a volta na Terra. Ou a Terra é que dá voltas na sombra. Nossa única certeza é que será
sempre a mesma sombra – o que não é uma certeza, é um terror.

Na nossa fome de coordenadas no tempo nos convencemos até que dias da semana têm
características. Que uma terça-feira, por exemplo, não serve para nada. Que terça é o dia
mais sem graça que existe, sem a gravidade de uma segunda – dia de remorso e decisões –
e o peso da quarta, que centraliza a semana. Gostaríamos que passar pelos dias fosse como
passar por meridianos e paralelos, a evidência de estarmos indo numa direção, não entrando
e saindo da mesma sombra. Não passando por cada domingo com a nítida impressão de que
já estivemos aqui antes.

Já que não há coordenadas e pontos fixos no tempo, contentemo-nos com as metáforas


fáceis. Este nosso milênio se estende como um imenso pergaminho à nossa frente, esperando
para ser preenchido. Podemos escolher nosso destino, desenhar nossos próprios meridianos e
paralelos e prováveis novos mundos. É verdade que a passagem do tempo não se mede apenas
pelo retorno aos domingos, também se mede pela degradação orgânica, e que a cada domingo
estaremos mais perto daquela sombra que nunca acaba... Nenhum de nós chegará muito longe
neste milênio. Mas é bom saber que ele está, aqui, quase inteiro, sempre à nossa espera.

(Adaptado de VERISSIMO, Luis Fernando. Em algum lugar do paraíso. São Paulo: Objetiva, 2011, p. 7)

Está plenamente adequada a pontuação da frase:

a) O tempo, ainda que não possa ser controlado, dá-nos a sensação de que está aberto,
sujeito a um preenchimento nosso.

b) Move-nos uma ilusão, de que possamos contar com o tempo como se ele estivesse
disponível, para dele nos valermos, segundo nosso interesse.

c) O que se teme no tempo, é o fato de não podermos dimensioná-lo, segundo nossa


necessidade.

d) Não se planeja o tempo, conquanto nosso desejo, fosse determinar exatamente os passos
que temos a dar.

e) Cada dia da semana segundo o autor, tem características tão próprias, que nos fazem
senti-los de modo distinto.

Comentários

347
O gabarito é a alternativa A. O tempo, ainda que não possa ser controlado, dá-nos a
sensação de que está aberto, sujeito a um preenchimento nosso. → CORRETO,
respectivamente: oração subordinativa concessiva isolada por vírgulas e oração coordenadas
assindéticas.

341 – [Pai e filho]

No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano
só começa a envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes
traumas de um filho.

A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem sobre as discussões, discórdias e


outras asperezas de uma relação às vezes complicada, mas sempre profunda. Às vezes você
lamenta não ter conversado mais com o seu pai, não ter convivido mais tempo com ele. Mas
há também pais terríveis, opressores e tirânicos.

Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos
exemplos notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o
inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é
totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais
ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância de sofrimento e
humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.

(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-
205)

Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:

a) O grande escritor cubano José Lezama Lima no romance Paradiso, tece uma
consideração, a respeito da morte do pai.

b) Freud ao tratar da morte do pai, considera-a um dos grandes traumas, que podem
acometer a um filho.

c) Embora haja asperezas, na relação de um pai e um filho, há também, por outro lado
muita amizade e cumplicidade.

d) Ao escrever a Carta ao pai em que faz uma espécie de inventário infernal, Kafka não
deixa de mostrar-se alternadamente, sofrido e humilhado.

e) Ainda que afastada da figura do pai real, sua construção ficcional, promovida por Kafka,
expressa em alto grau o sofrimento de um filho.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

348
A) O grande escritor cubano José Lezama Lima no romance Paradiso, tece
uma consideração, a respeito da morte do pai.

>Na letra A, o termo adverbial “no romance Paradiso” deveria estar entre vírgulas, pois
está intercalado entre sujeito e verbo. Além disso, a vírgula após “consideração” isola
nome e complemento, o que é equivocado.

B)Freud ao tratar da morte do pai, considera-a um dos grandes traumas, que podem
acometer a um filho.

>Na letra B, a oração adverbial “ao tratar da morte do pai” deveria estar entre
vírgulas, pois está deslocada.

C)Embora haja asperezas, na relação de um pai e um filho, há também, por outro lado muita
amizade e cumplicidade.

>Na letra C, a expressão “por outro lado” deveria estar isolada por vírgulas. No entanto,
somente há vírgula antes, e não depois, o que torna incorreta a pontuação.

D)Ao escrever a Carta ao pai em que faz uma espécie de inventário infernal, Kafka não deixa
de mostrar-se alternadamente, sofrido e humilhado.

>Na letra D, para que seja possível a vírgula após “alternadamente”, deve-se empregar
uma outra antes desse termo. Note, no entanto, que as duas vírgulas são
facultativas, haja vista que se trata de um adjunto adverbial de pequena extensão.

342 – O motorista do 8-100

Fui convidado por um colega da redação de jornal, outro dia, a ver um belo espetáculo.
Que eu estivesse pela manhã bem cedo junto ao último edifício da Avenida Rio Branco para
assistir à coleta de lixo. Fui. Vi chegar o caminhão 8-100 da Limpeza Urbana e saltarem os
ajudantes que se puseram a carregar e despejar as latas de lixo. Enquanto isso, que fazia o
motorista? O mesmo de toda manhã. Pegava um espanador e um pedaço de flanela, e fazia o
seu carro ficar rebrilhando de beleza.

É costume dizer que a esperança é a última que morre. Nisso está uma das crueldades da
vida: a esperança vive à custa de mutilações. Vai minguando e secando devagar, se
despedindo dos pedaços de si mesma, se apequenando e empobrecendo, e no fim é tão
mesquinha e despojada que se reduz ao mais elementar instinto de sobrevivência e ao
conformismo.

Esse motorista, que limpa seu caminhão, não é um conformado, é o herói silencioso que
lança um protesto superior. A vida o obriga a catar lixo e imundície; ele aceita a sua missão,
mas a supera com esse protesto de beleza e dignidade. Muitos recebem com a mão suja os
bens mais excitantes e tentadores da vida; e as flores que vão colhendo no jardim de uma
existência fácil logo têm, presa em seus dedos frios, uma corrupção que as desmerece e avilta.
O motorista do caminhão 8-100 parece dizer aos homens da cidade: “O lixo é vosso: meus
são estes metais que brilham, meus são estes vidros que esplendem, minha é esta consciência
limpa”.

349
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. O homem rouco. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1963, p. 145-146)

Está clara e correta a redação desta observação apoiada no texto:

a) O motorista referido no texto constitui, aos olhos do autor, o exemplo de uma dignidade
que não cede às mais duras circunstâncias.

b) O autor foca-se no lugar-comum de um provérbio ao qual se deseja dar uma nova versão
menos otimista do que a habitual.

c) Quanto mais nos promete a esperança, em seu processo degradativo, à medida em que
nos tornamos presas fáceis de sua sujeição.

d) O conformismo, em cujo pendor a gente acaba se postando, pode ser o derradeiro degrau
aonde se aloja a esperança.

e) Tanto mais limpas são as dádivas na proporção mesma em que as recebamos com a
condecendência de toda a nossa dignidade.

Comentários

O gabarito é a alternativa A.

A letra A está correta. A crase se justifica pela fusão de ceder A + AS duras


circunstâncias.

b) Incorreto. Aqui, o problema principal é a falta de clareza. A nova versão não é dada ao
provérbio, mas sim a uma visão otimista da esperança, à interpretação do provérbio. Além
disso, o autor “foca”, não há motivo para o pronome. Também é inadequado esse “se deseja
dar”, o autor é que deseja dar, ele é o sujeito, não cabe esse pronome também.

c) Incorreto. O vocábulo “degradativo” não existe oficialmente em língua portuguesa; a


palavra seria “degradante”. Além disso, não existe a expressão “à medida em que”; temos “na
medida em que”, indicativa de causa, e “à medida que”, com sentido de proporção.

d) Incorreto. Aonde só deve ser usado se houver algum verbo que peça a preposição “a”;
aqui o verbo é “alojar”, que pede preposição “em”.

e) Incorreto. Além da redação confusa, há erro crasso de ortografia. A palavra é


“condescendência”.

343 – Considere o texto abaixo para responder às questões.

Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo natalino
que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de inverno (o dia
mais curto do ano).

350
Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo
assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza,
tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.

Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as
relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia
que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.

É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a
Epifania. A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que
hoje seria Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que
o irmão se afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem,
assumindo o nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros
na qual as identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.

O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a


entender que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se
modificam conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são
muitas vezes incompatíveis.

É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas
que certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir a
ilusão das respostas mais simples.

Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem a ver
com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender é
preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em sua
imperfeição e irrealização permanentes, depende disso.

(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)

Está correta a redação deste livre comentário:

a) Na medida em que nossas convicções sociais são relativas, não surpreendem que as
noções de identidade sejam confrontadas a elas.

b) Deve ser visto como fator inerente à consolidação da democracia as contradições que
existem na sociedade.

c) As convenções sociais podem ser assimiladas com clareza, mas o desejo que lhes
confrontam costumam ser incompreensíveis.

d) Demanda a democracia, sistema em permanente construção, o reconhecimento de que


contradições são inerentes às sociedades humanas.

e) Em nome do temor da instabilidade da natureza, já se criou rituais onde se suspendem


critérios de controle de impulsos inconscientes.

351
Comentários

O gabarito é a alternativa D. Demanda a democracia, sistema em permanente construção,


o reconhecimento de que contradições são inerentes às sociedades humanas. → o quê
demanda? o reconhecimento de que contradições são inerentes às sociedades humanas
DEMANDA (CORRETO).

344 – Conversas movimentadas

É muito comum que logo pela manhã, nas grandes cidades, a conversa entre colegas
de trabalho se inicie por frases que aludam aos congestionamentos enfrentados no caminho,
ou à surpresa de o trânsito naquela praça não estar inteiramente prejudicado, ou então –
milagre dos milagres! − ao fato inexplicável de como dessa vez não demorou quase nada a
travessia da famosa ponte. Tais assuntos dominam as conversas, determinam o humor;
representam-se nelas o pequeno drama, a ansiedade, a aflição ou o desespero que vivem os
habitantes das metrópoles.

É um assunto tão invasivo quanto obrigatório, do qual não se pode fugir. A simples
locomoção de um lugar para outro reedita, a cada dia, a façanha que é o ir e o vir nas grandes
cidades, o desafio que está na chamada “mobilidade urbana”, designação do conjunto de
fatores que condicionam a movimentação dos indivíduos no espaço público. A mobilidade
urbana tem enorme importância para a qualidade de vida da população. Não se trata,
simplesmente, da movimentação mecânica de um lugar para outro; trata-se do modo pelo
qual ela ocorre, de seus efeitos no cotidiano, da fixação de prazos e horários de trabalho e
lazer, do humor dos indivíduos, dos prazeres e desprazeres que acarreta.

Falar do trânsito, sobretudo de suas dificuldades que parecem fatais, torna-se, assim,
mais do que um papo corriqueiro: vira uma espécie de senha familiar pela qual todos se
reconhecem, um motivo para se reafirmar aquela cumplicidade solidária que os problemas
comuns provocam nas criaturas. Um considerável salto civilizatório se dará quando as pessoas,
no começo do dia de trabalho, não tiverem do que se queixar quanto à sua mobilidade, e
puderem tratar de outros assuntos que melhor as congreguem.

(Salustino Penteado, inédito)

Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:

a) Não obstante, a dificuldade, das soluções, está-se avançando, no bom caminho da


mobilidade urbana.

b) Pautadas pelos desabafos pessoais, as conversas sobre o trânsito, animadas já na


manhã, deixam ver uma cumplicidade solidária.

c) O desafogo do trânsito, nas grandes cidades prende-se, de fato, a uma solução, que só
se encontra na priorização do transporte coletivo.

d) Não é possível separar, de modo algum a mobilidade urbana, da qualificação do nível de


vida, numa metrópole.

e) Não há como deixar de sonhar, com o dia em que deixando de ser um problema, o
trânsito já não seja um assunto obrigatório das conversas.

352
Comentários

O gabarito é a alternativa B.

A) Não obstante, a dificuldade, das soluções, está-se avançando, no bom caminho da


mobilidade urbana. → separou o complemento do substantivo, incorreto.

B) Pautadas pelos desabafos pessoais, as conversas sobre o trânsito, animadas já na manhã,


deixam ver uma cumplicidade solidária.

C) O desafogo do trânsito, nas grandes cidades prende-se, de fato, a uma solução, que só
se encontra na priorização do transporte coletivo. → o adjunto adverbial não ficou intercalado,
deixando o sujeito separado do seu verbo, o correto seria:, nas grandes cidades, prende-se...

D) Não é possível separar, de modo algum a mobilidade urbana, da qualificação do nível


de vida, numa metrópole. → mesma coisa da questão anterior, de modo algum, a mobilidade
urbana, → SEPAROU O COMPLEMENTO DO VERBO.

E) Não há como deixar de sonhar, com o dia em que deixando de ser um problema, o
trânsito já não seja um assunto obrigatório das conversas. → separou o complemento verbal
do verbo "sonhar", vírgula incorreta.

345 – Falando sobre uma passeata em São Paulo, um jornal paulista escreveu o seguinte:

“Os alunos iam à frente da passeata, e os professores seguiam atrás”.

A vírgula, nesse caso,

a) tem emprego incorreto, pois não se emprega vírgula antes da conjunção coordenativa
aditiva.

b) tem emprego incorreto, pois, nesse caso, não há qualquer interrupção na leitura que
demonstre pausa.

c) tem emprego adequado, pois o sujeito da segunda oração não é o mesmo da anterior.

d) mostra correção, pois a nova frase tem valor explicativo da primeira.

e) está bem empregada, pois a segunda frase indica mudança de pensamento.

Comentários

O gabarito é a alternativa C. “Os alunos iam à frente da passeata, e os professores


seguiam atrás”. → vírgula usada de maneira adequada antes da conjunção coordenativa
aditiva "e" separando orações com sujeitos diferentes (OS ALUNOS → OS PROFESSORES),
lembrando que esse é um uso facultativo.

353
346 – “A civilização do século XX tornou-se altamente dependente do mais nobre dos
combustíveis, porque ele é extremamente conveniente: é líquido, podendo pois ser
transportado facilmente nos mais variados recipientes e em oleodutos, e, além disso, é o
combustível mais rico em calorias. Assim, a humanidade se acostumou com o “creme” dos
combustíveis e o desperdiçou, como quem desperdiça um bem ganho sem qualquer esforço.
Mas isso vai acabar, o petróleo é uma herança que recebemos do passado e que fatalmente
vai terminar”.

José Goldemberg, Quatro Rodas, maio de 2013.

No texto acima, o corretor de texto do computador sublinhou os termos “podendo pois”.

Nesse caso, o erro apontado foi

a) a ausência da conjunção “mas” antes de “podendo”.


b) o emprego indevido de uma vírgula antes do gerúndio.
c) o erro de posição de “pois”, que deveria vir antes de “podendo”.
d) a falta de vírgulas antes e depois de “pois”.
e) o erro no emprego do gerúndio “podendo”.

Comentários

O gabarito é a alternativa D. É líquido, podendo, POIS, ser transportado facilmente nos


mais variados recipientes e em oleodutos, e, além disso, é o combustível mais rico em calorias.

JÁ QUE O COMBUSTÍVEL É LÍQUIDO ===> a conjunção em destaque é uma conjunção


coordenativa conclusiva ===> o POIS conclusivo deve estar entre vírgulas.

CONCLUSÃO DA IDEIA: Sendo líquido ele poderá ser transportado facilmente em recipientes.

347 – Uma mudança ocorrida no último meio século foi o aparecimento do museu que
constitui, por si só, uma grande atração cultural, independentemente do conteúdo a ser exibido
em seu interior. Esses edifícios espetaculares e em geral arrojados vêm sendo construídos por
arquitetos de estima universal e se destinam a criar grandes polos globais de atração cultural
em centros em tudo o mais periféricos e pouco atrativos. O que acontece dentro desses museus
é irrelevante ou secundário. Um exemplo disso ocorreu na cidade de Bilbao. Em tudo o mais
praticamente inexpressiva, nos anos 1990 ela transformou-se num polo turístico global graças
ao Museu Guggenheim, do arquiteto Frank Gehry. A arte visual contemporânea, desde o
esgotamento do modernismo nos anos 1950, considera adequados e agradáveis para
exposições esses espaços que exageram a própria importância e são funcionalmente incertos.
Não obstante, coleções de grande significado para a humanidade, expostas, por exemplo, no
Museu do Prado, ainda não precisam recorrer a ambientes de acrobacia arquitetônica.

(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados: Cultura e sociedade no século XX. São Paulo:
Companhia das Letras, 2013, edição digital)

A partir do texto, afirma-se corretamente:

354
a) Sem prejuízo do sentido, a vírgula colocada imediatamente após “obstante”, no
segmento Não obstante, acervos de grande significado para a humanidade, pode ser
suprimida.

b) O segmento por arquitetos de estima universal tem valor concessivo.

c) O segmento o esgotamento do modernismo é sujeito da forma verbal constante


em considera adequados e agradáveis.

d) O segmento graças ao apelo arquitetônico exprime noção de consequência.

e) A inserção de uma vírgula após museu em Uma mudança ocorrida no último meio século
foi o aparecimento do museu que constitui [..] a grande atração cultural altera o sentido
original da frase.

Comentários

O gabarito é a alternativa E.

a) falso - as vírgulas foram usadas para isolar uma explicação (aposto), logo são obrigatórias.

b) falso - valor concessivo traz uma ideia de contradição, contrasta a frase principal - usa-se
muito as conjunções, loc. conjuntivas: embora, ainda que, apesar de que

c) falso - A arte visual contemporânea, desde o esgotamento do modernismo nos anos


1950, considera adequados e agradáveis para exposições esses espaços que exageram a
própria importância e são funcionalmente incertos.

Período composto, sendo o sujeito do verbo considera, na primeira oração, o termo "a a arte
visual contemporânea". (para saber se o período é simples ou composto, conte os verbos
principais):

d) falso - Nem existe esse trecho no texto, acredito que a assertiva era pra ser "graças ao
Museu Guggenheim". Ainda assim, trataria de uma causa.

e) verdadeira - inclusão ou supressão de vírgula antes de conector que, normalmente altera


o sentido da frase, pois ela deixa de ser uma oração subordinada adjetiva restritiva (sem
vírgula), para o. sub. adj. explicativa (com vírgula).

348 – 1. A ideia do triunfo da democracia ficou associada à obra de Francis Fukuyama. Em


controverso ensaio publicado nos anos 1980, Fukuyama afirmava que o encerramento da
Guerra Fria levaria à “universalização da democracia liberal ocidental como forma definitiva de
governo humano”. O triunfo da democracia, proclamou numa frase que veio a condensar o
otimismo de 1989, marcaria o “fim da história”.

2. Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. Alguns alegavam que a
democracia liberal estava longe de ser implementada em larga escala, porquanto muitos países
se mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. Outros afirmavam que era cedo
para prever que tipo de avanço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez a

355
democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas de governo, mais justas e
esclarecidas.

3. A despeito das críticas sofridas, o pressuposto fundamental de Fukuyama se revelou de


enorme influência. A maioria dos cientistas políticos acreditava que a democracia liberal
permaneceria inabalável em certos redutos, ainda que o sistema não triunfasse no mundo
todo. Na verdade, a maior parte dos cientistas políticos, embora evitando fazer grandes
generalizações sobre o fim da história, chegou mais ou menos à mesma conclusão de
Fukuyama.

4. Impressionados com a estabilidade das democracias ricas, cientistas políticos começaram a


conceber a história do pós-guerra como um processo de consolidação democrática. Para
sustentar uma democracia duradoura, o país devia atingir níveis altos de riqueza e educação.
Tinha de construir uma sociedade civil forte e assegurar a neutralidade de instituições de
Estado fundamentais. Todos esses objetivos frequentemente se revelaram fugidios. Mas a
recompensa que acenava no horizonte era tão valiosa quanto perene. A consolidação
democrática, segundo essa visão, era uma via de mão única.

(Adaptado de: MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de Arantes Leite
e Débora Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, edição digital.)

Quanto à pontuação e ao emprego de crase, está plenamente correta a frase que se encontra
em:

a) O fim da Guerra Fria traria como forma definitiva de governo, à universalização da


democracia liberal ocidental.

b) Atrelada às necessidades de construir uma sociedade civil forte, havia a necessidade de


assegurar a neutralidade de instituições de Estado fundamentais.

c) O sistema político se estabilizava, à medida que, um país passava a ser rico e, ao mesmo
tempo, democrático.

d) Cientistas políticos, impressionados com à estabilidade sem paralelo das democracias


ricas viram no pós-guerra um período de consolidação democrática.

e) A controversa obra de Francis Fukuyama associou-se, no pensamento político, à ideais


do triunfo da democracia.

Comentários

O gabarito é a alternativa B. Atrelada às necessidades de construir uma sociedade civil


forte, havia a necessidade de assegurar a neutralidade de instituições de Estado fundamentais.
===> temos aqui a regência nominal do adjetivo "atrelada" ---> atrelada A alguma coisa +
artigo definido pluralizado que acompanha o substantivo "necessidades."

349 – O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes
de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da
imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período

356
republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]

O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e


católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais.
Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com
o intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa
de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação.
Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco.
Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido
como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa
política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o
pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de
italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população
aumentou quase dez vezes.

Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.

O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus


defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea
em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.

(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)

O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus


defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea
em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.

Considerado o trecho reproduzido, é correto afirmar:

a) Redação alternativa à acima transcrita, que reúna os dois períodos iniciais num só e não
prejudique o sentido original, deve valer-se da locução coesiva “à medida que”.

357
b) O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de um
pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em termos de
religião”.

c) Se o segmento um pressuposto falso fosse alterado para “uma ideia falsa”, a frase
manteria sua correção sem que houvesse necessidade de outra modificação no período.

d) Os dois-pontos estão empregados pelo mesmo motivo que se nota em “Curioso,


perguntou: - Quem lhe deu esse belo presente?”, exigidos por verbo dicendi.

e) No último período, a retirada da vírgula após a conjunção não prejudica a correção


original da frase, visto que seu emprego é facultativo.

Comentários

O gabarito é a alternativa B.

a) para que não haja alteração semântica, a locução coesiva utilizada deveria ser “NA
MEDIDA EM QUE”, que indica causalidade;

B) O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de


um pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em
termos de religião”.

Nesse caso, o pronome relativo "este" retoma, por coesão, o termo "pressuposto fático". Ainda,
o termo "qual seja" substitui os dois pontos, dando ideia de explicação.

c) com a referida alteração, haveria necessidade de modificação do ARTIGO DEFINIDO "o",


por "a";

d) os dois pontos estão empregados para introduzir uma oração subordinada substantiva
APOSITIVA;

e) a retirada da vírgula incorreria em erro gramatical, pois termos EXPLICATIVOS devem


aparecer entre vírgulas;

350 – O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe
imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim.
Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro
período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável,
passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da
imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no
parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de
degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada
de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em
1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]

O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e


católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais.

358
Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com
o intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa
de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação.
Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco.
Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido
como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa
política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o
pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de
italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população
aumentou quase dez vezes.

Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O
primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe
raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo,
circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por
trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos
em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de
que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em
massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto
de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram
inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros,
a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque
se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.

O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus


defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea
em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a
presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes
desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.

(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)

Está correto o seguinte comentário:

a) No contexto em que estão empregadas, as aspas em “melhorar a raça” indicam que o


autor está citando expressão difundida por outros, e não que deseje marcar o segmento com
particular tom expressivo.

b) Na frase Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim, o primeiro


segmento expressa uma ideia de restrição.

c) Na frase Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim, a palavra


destacada tem a mesma função sintática da sublinhada em “Vou para o mesmo lado que
você, assim, podemos ir juntos”.

d) Em O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe
imigrantes de braços abertos, ambas as palavras destacadas são conjunções, pois o contexto
elimina a possibilidade de a segunda palavra ser pronome relativo.

e) Se, em lugar de O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam


eram falsas, houvesse “O primeiro, concreto, é que eles consideravam crível as doutrinas
científicas cujos fundamentos eram falsos”, a correção da frase, segundo a norma-padrão da
língua, seria preservada.

359
Comentários

O gabarito é a alternativa B.

a) Incorreto. As aspas dão sim destaque expressivo à expressão

b) Correto. Temos uma expressão adverbial restritiva, particularizante, como se fosse:


historicamente e estatisticamente, do ponto de vista restrito da história e da estatística,
considerando estritamente essas esferas e excluindo as outras

c) Incorreto. O primeiro “assim” é advérbio de modo; o segundo é conectivo conclusivo,


equivalente a “portanto”:“Vou para o mesmo lado que você, portanto, podemos ir juntos”.

d) Incorreto. O contexto não elimina a possibilidade, podemos encarar como conjunção


integrante:O brasileiro gosta de pensar [que recebe imigrantes de braços abertos] .O brasileiro
gosta de pensar [ISTO] Ou como pronome relativo, retomando “uma nação
acolhedora”: uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos

e) incorreto. Haveria desrespeito à concordância: consideravam críveis

351 – Com base no texto elencado abaixo e seus aspectos linguísticos, julgue o item:

A acentuação gráfica das palavras “saúde” e “óleos” justifica-se pelo fato de a vogal tônica
formar, sozinha, uma sílaba.

( ) certo ( ) errado

360
Internet: <www.nutricio.com.br> (com adaptações).

Comentários

A palavra “saúde”, paroxítona que forma hiato com “u”, deve ser acentuada de acordo com a
regra dos hiatos. (Regra do Hiato: acentua-se I ou U tônico, sozinho ou seguido de S, formando
hiato com a sílaba anterior).

361
Já a palavra “óleos” respeita a regra das paroxítonas terminadas em ditongo.

Gabarito: Errado

352 – Quanto à acentuação gráfica, assinale a alternativa correta:

a) Gramátical.
b) Feiúra.
c) Higiêne.
d) Ambíguo.

Comentários

- Gramátical: oxítona terminada em L não recebe acento.

- Feiúra: U e I depois de ditongo decrescente perde o acento.

- Higiêne: paroxítonas terminadas em E (s), A (s), O (s), Em (ens) não recebem acento.

- Ambíguo: TODA paroxítona terminada em ditongo é acentuada.

Gabarito: Letra D.

353 – “Para mapear esses diferenças, pesquisadores suíços da Universidade de Lausanne,


perguntaram a indivíduos de diferentes etnias e nacionalidades qual significado eles atribuíam
ao amarelo. O amarelo foi escolhido porque “é uma __________ da luz do Sol, que sustenta
a vida e o clima agradável”. (Texto: A cor amarela é sinônimo de felicidade? Depende de onde
você nasceu).

Assinale a alternativa que preenche a lacuna do texto corretamente:

a) reminicência
b) reminicencia
c) reminiscência
d) reminiscencia

Comentários

A palavra REMINISCÊNCIA, substantivo, o qual possui sentido de “lembrança do passado”, é


classificada como paroxítona terminada em ditongo, assim, obrigatoriamente, é acentuada.

Gabarito: Letra C.

354 – Assim como a palavra DESFECHO se escreve com CH, a seguinte dupla de palavras em
que se escreve corretamente com esse dígrafo:

362
a) tóchico ; fichinha
b) coachar ; achatar
c) cheirosa ; inchado
d) machismo ; chaveco
e) cocheira ; deichar

Comentários

a) tóchico ; fichinha – o correto é “tóxico”.


b) coachar ; achatar – o correto é “coaxar”.
c) cheirosa ; inchado – corretas.
d) machismo ; chaveco – o correto é “xaveco”.
e) cocheira ; deichar – o correto é “deixar”.

Gabarito: Letra C.

355 – Assinalar o grupo disposto abaixo em que todas as palavras estão grafadas de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.

a) admissão, infração, renovação


b) diversão, execessão, sucessão
c) extenção, eleição, informação
d) introdução, repreção, intenção
e) transmissão, conceção, omissão

Comentários

a) admissão, infração, renovação – corretas.


b) diversão, execessão, sucessão – o correto é “exceção”.
c) extenção, eleição, informação – o correto é “extensão”.
d) introdução, repreção, intenção – o correto é “repressão”.
e) transmissão, conceção, omissão – o correto é “concessão”.

Gabarito: Letra A.

356 – De acordo com a norma padrão, complete as lacunas usando a aplicação de parônimos.

I. O juiz ________ os pleitos solicitados. II. Fernanda ________ as pupilas no


oftalmologista. III. O jurado do concurso _________ a contagem dos votos, perfeitamente.
IV. Houve um _________, acabou a tinta da impressora.

A alternativa que preenche, correta e sequencialmente, de cima para baixo, as lacunas dos
trechos acima é:

a) deferiu/ delatou/ auferiu/ acidente


b) deferiu/ dilatou/ auferiu/ incidente
c) diferiu/ dilatou/ auferiu/ incidente

363
d) diferiu/ delatou/ aferiu/acidente
e) deferiu/ dilatou/ aferiu/ incidente

Comentários

O correto é “deferiu” – vem do verbo deferir. O mesmo que: respeitou, outorgou, conferiu...

O correto é “dilatou” – vem do verbo dilatar. O mesmo que: inchou, estendeu, aumentou...

O correto é “aferiu” – vem do verbo aferir. O mesmo que: comparou, conferiu, confrontou...

O correto é “incidente” – substantivo masculino, equivale a episódio inesperado; não


importante; inconveniência...

Gabarito: Letra E

357 – Com base nas regras de ortografia, assinale a alternativa em que todas as palavras
estão corretamente escritas a letra “j”.

a) ferrugem – fulijem
b) pajem – laringe
c) jilete – vajem
d) tijela – pajé
e) jenipapo – berinjela

Comentários

Escrevem-se G: na terminação -gem: imagem, vertigem, penugem.

Escrevem-se J: palavras derivadas dos verbos terminados em – jar. Exemplo: Viagem


(substantivo) x Viajem (verbo).

Gabarito: Letra E.

358 – Assinale a alternativa que indica palavra corretamente escrita com a letra “s”.

a) catalisador
b) proesa
c) canalisação
d) coalisão
e) catequisar

Comentários

- proeza; canalização; coalizão; catequizar

Gabarito: Letra A.

364
359 – Assinale a alternativa que apresenta uma palavra acentuada pelo mesmo motivo que é
acentuado o vocábulo “sustentável”.

a) gerações
b) disponível
c) econômico
d) fábricas
e) máximo

Comentários

A palavra “sustentável” é paroxítona terminada em -l, de modo equivalente, a palavra


disponível também é classificada como paroxítona terminada em -l.

“Gerações” – o til tem função de marcar a nasalização.

“Econômico”, “fábricas” e “máximo” são proparoxítonas.

Gabarito – Letra B.

360 - Considerando a norma culta para o plural dos substantivos, analise as orações a seguir.
É uma delícia comer __________ nessa confeitaria. Subi os _________ rapidamente. Os
__________ visitaram meu jardim. Os _________ se revezaram no inquérito. A alternativa
que preenche, correta e sequencialmente, de cima para baixo, as lacunas dos trechos acima é

a) pãos de lós / degrais / beijas-flor / escrivãos


b) pães de ló / degraus / beija-flores / escrivães
c) pãos de lós / degrais / beija-flores / escrivães
d) pães de ló / degrais / beijas-flores / escrivãos
e) pães de ló / degraus / beijas-flores / escrivãos

Comentários

Conforme algumas regras básicas:

- Apenas a primeira palavra vai para o plural quando há ligação de termos por preposição.

- Palavras terminadas em vogais, vão para o plural com uso do S. Palavras terminadas em R
e Z, vão para o plural com o uso de ES.

- Flexiona-se somente o segundo elemento quando o primeiro se caracterizar por uma palavra
invariável ou por um verbo.

- Substantivos terminados em ÃO vão para o plural com a grafia ÃES.

Gabarito: Letra B.

365
361 - Julgue o próximo item, a respeito das ideias e estruturas linguísticas do texto

Os territórios inteligentes. A palavra “está” recebe acento gráfico em decorrência da mesma


regra que determina o emprego do acento no vocábulo “três”.

( ) certo

( ) errado

Comentários

A palavra “três” é classificada como monossílabo tônico em E. A “está” é classificada como


oxítona terminada em A. Logo, a acentuação se dá por regras diferentes.

Gabarito: Errado.

362 – Sobre a palavra PANACEIA, pode-se afirmar que está grafada sem acento gráfico em
virtude do Acordo Ortográfico vigente.

( ) certo

( ) errado

Comentários

Conforme expõe o Acordo Ortográfico, o acento agudo em ditongos abertos EI e OU em


paroxítonas foi excluído.

Gabarito: Correto.

363 – O arquiteto Oscar Niemeyer transformou as ideias em prédios.

A ausência de acento agudo em “ideias” está em conformidade com as regras ortográficas


vigentes.

( ) certo

( ) errado

Comentários

Paroxítonas que tragam ditongos abertos não serão acentuadas.

Gabarito: Correto.

366
364 - A sequência de vocábulos: “Islâmico, vitória, até, público” pode ser empregada para
demonstrar exemplos de três regras de acentuação gráfica diferentes. Indique a seguir o grupo
de palavras que apresenta palavras cuja acentuação tenha as mesmas justificativas das
palavras do grupo anteriormente apresentado (considere a mesma ordem da sequência
apresentada).

a) atípica, aparência, é, vítimas

b) típico, província, será, Nínive

c) famílias, público, diários, várias

d) violência, próprios, já, violência.

Comentários

Regras básicas:

- A palavra “Islâmico” é proparoxítona. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

- “Vitória” é proparoxítona. Todas paroxítonas terminadas em ditongo são acentuadas.

- “Até” é oxítona. Todas as oxítonas terminadas em A(s), E(s), O(s), Em, Ens. são acentuadas.

- “Público” é proparoxítona. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

Desse modo, temos a mesma sequência em: típico, província, será, Nínive.

Observem que essa questão deixa bem claro que a banca considera as paroxítonas terminadas
em ditongo numa regra DIFERENTE da regra das proparoxítonas, por isso diz exemplos de três
regras de acentuação gráfica diferentes.

Contudo, não é assim que as bancas costumam cobrar, como podemos concluir da letra A: “é”
[monossílabo tônico terminado em A(s), E(s), O(s)] está numa regra diferente de “será”
(oxítona). Esse é o entendimento prevalente nas provas, ou as letras A e B estariam corretas.

Por fim, o acordo também registra dupla possiblidade de grafia para algumas palavras: bebé
ou bebê; bidé ou bidê, etc.

Gabarito: Letra B.

365 - De acordo com a ortografia oficial de Língua Portuguesa em vigor, marque a alternativa
em que a palavra em destaque não está corretamente acentuada:

367
a) Ficou decepcionado após ver tamanha feiura.

b) Com a vigência do Novo Acordo Ortográfico é necessária muita atenção quanto ao uso do
hífen.

c) Nunca soube os casos em que deveria ou não utilizar os hifens.

d) Acompanhar tantas noticias ruins está te deixando paranóico.

e) Crianças não devem entrar na piscina sem o uso de boia.

Comentários

- “Paranoico” e “Boia” não levam acento, pois o Acordo Ortográfico vigente retirou os acentos
agudos dos ditongos abertos EI e OI nas paroxítonas.

- “Hifens” não recebem acento, pois termina em ENS (terminação da regra das oxítonas). De
modo diverso, “Hífen” possui acento porque termina em EN, que não faz parte da regra das
oxítonas, então cai na regra geral das paroxítonas.

- “Feiura” é uma exceção, está na regra do hiato, que após ditongo decrescente em paroxítona,
não recebe acento.

Gabarito: Letra D.

366 – Assinale alternativa correta:

a) Acentua-se o verbo “é”, quando átono, para diferenciá-lo da conjunção “e”.

b) “Você” é palavra acentuada por ser paroxítona terminada na vogal “e” fechada.

c) “Despachá-los” se acentua pelo mesmo motivo de “deverá”.

d) Ocorre acento grave em “submeter-se à busca pessoal” em razão do emprego de locução


com substantivo no feminino.

e) O acento agudo em “grávidas” se deve por se tratar de palavra paroxítona terminada em


ditongo.

Comentários:

- Acentua-se o verbo “é”, quando tônico. Os monossílabos tônicos terminados em A(s), E(s),
O(s) são acentuados.

- As palavras “você” e “despachá-los” são acentuadas pelo mesmo motivo de “deverá”.

368
OBS: Quando uma palavra tem um pronome preso a ela por hífen, devemos ignorar o pronome
e acentuá-la como se estivesse sozinha: Despachá=deverá, oxítona terminada em A, logo,
obrigatoriamente acentuada.

- “à busca pessoal” em razão da regência do verbo que o precede, demanda a preposição “a”.

- “grávidas” possui acento agudo por se tratar de palavra proparoxítona.

Gabarito: Letra C.

367 - Do que a terra mais garrida

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;


"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".

Julgue o item abaixo.

A palavra “têm” continua com acento diferencial após a última reforma ortográfica da língua
portuguesa, assim como crêem e vêem.

( ) certo

( ) errado

Comentários

“Têm” é acentuado devido regra do acento diferencial;

“Creem e veem” não possuem mais acento, conforme expôs Novo Acordo Ortográfico.

Gabarito: Errado.

368 - As duas palavras que recebem acento gráfico por razões diferentes são:

a) homicídio/média;

b) país/juízes;

c) histórico/pública;

d) secretários/relatório;

e) está/é.

369
Comentários

- homicídio/média: ambas são paroxítonas terminadas em ditongo.

- país/juízes: ambas possuem o “i” tônico no hiato.

- histórico/pública: ambas são proparoxítonas.

- secretários/relatório: ambas são paroxítonas terminadas em ditongo.

- “está” é oxítona terminada em “a”, enquanto “é” tem classificação de monossílabo tônico
terminado em “e”.

Gabarito: Letra E.

369 - No trecho “Isto é possível através de aerogeradores, geradores elétricos associados ao


eixo de cata-ventos”, a palavra destacada apresenta hífen porque o primeiro elemento é uma
forma verbal.

O grupo em que todas as palavras apresentam hífen pelo mesmo motivo é:

a) porta-retrato, quebra-mar, bate-estacas;

b) semi-interno, super-revista, conta-gotas;

c) guarda-chuva, primeiro-ministro, decreto-lei;

d) caça-níqueis, hiper-requintado, auto-observação;

e) bem-visto, sem-vergonha, finca-pé.

Comentários

- Na alternativa A temos três substantivos compostos cujo primeiro elemento é um verbo.


Nesse caso, o hífen deve existir para indicar a palavra composta.

- Em “semi-interno”, “super-revista”, “hiper-requintado”, “auto-observação” e “bem-visto”


,temos hífen pela união de um prefixo. Respeitando a análise de “terminar em letra igual ou
diferente”.

- Quando há palavra composta, o hífen aparece obrigatoriamente.

Gabarito: Letra A.

370
370 - Julgue o item, de acordo com a norma-padrão:

É provável que desenhos de outros animais sejam benvindos nos livros que o autor se refere.

( ) certo

( ) errado

Comentários

- A palavra “benvindos” está escrita de modo errado, uma vez que após “bem”, usado como
prefixo”, devemos usar hífen seja seguido de vogal ou consoante. Com exceção do caso de ser
derivada de “querer ou fazer”. Logo, a grafia correta é “bem-vindos”.

Gabarito: Errado.

371 - Assinale a locução que não deve ser grafada com hífen de acordo com o Novo Acordo
Ortográfico.

a) cor-de-rosa
b) pingue-pongue
c) mato-grossense
d) manda-chuva

Comentários

Em regra não há hífen em compostos que tragam elementos de ligação. Porém, a questão
pediu uma exceção, sendo esta “cor-de-rosa”.

Exceções: cor-de-rosa, água-de-colônia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, ao deus-dará, à


queima-roupa, pé-de-meia, pé-d’água, pau-d’alho, gota-d’água, colade-sapateiro, pão-de-
leite.

Mato não é prefixo! Então, numa palavra composta, tem hífen! Pingue pongue é uma palavra
composta onomatopeica (imita sons), tem hífen.

Gabarito: Letra A.

372 - Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra que
explica o uso do acento agudo em “paraíso”:

a) miséria – critério – hemisfério


b) árvore – patético – xícara
c) saúde – saúva – saída

371
d) jabá – chulé – mocotó
e) chá – crê – pó.

Comentários

- Saúde – Saúva – Saída – são palavras pertencentes à regra do hiato, igual a “paraíso”.
Acentuam-se as vogais Tônicas "I" e "U", quando forem a segunda vogal de um hiato

- Miséria – critério – hemisfério – são paroxítonas terminadas em ditongo.


- Árvore – patético – xícara – são proparoxítonas.
- Jabá – chulé – mocotó – são todas oxítonas.
- Chá – crê – pó – são monossílabos tônicos.

Gabarito: Letra C.

373 - Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas por serem
proparoxítonas ou paroxítonas terminadas em ditongo.

a) Presídios – polícia – âmbito – públicas


b) Violência – públicas – instituições – cidadãos
c) Repertório – ações – também – presídios
d) Através – ações – auxílio – também
e) Cidadãos – democrática – exercício – auxílio

Comentários

- “Presídios” e “Polícia” são palavras paroxítonas terminadas em ditongo seguido de -s ou


proparoxítonas eventuais.

- “Âmbito” e “Públicas” são palavras proparoxítonas.

Gabarito: Letra A.

374 - O vocábulo “bolachas” é escrito com ‘ch’. Das palavras abaixo, qual tem a mesma grafia?

a) Pu_ar
b) Bai_o
c) En_ergar
d) Cai_a
e) En_ente

Comentários

Regras básicas: a letra X é utilizada depois de EN desde que não seja prefixo de enxada; após
ditongos e depois da sílaba ME.

Gabarito: Letra E.

372
375 - Observe as afirmações que se fazem a seguir sobre a palavra “anúncio”:
I. Trata-se de palavra trissílaba e paroxítona. II. Caso suprimíssemos o acento agudo, a
palavra originada seria uma forma verbal. III. Trata-se de substantivo simples, comum e
abstrato.

Quais são corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II.
e) Apenas I e III.

Comentários

A palavra “anúncio” é classificada como substantivo simples, comum e abstrato. É paroxítona


terminada em ditongo. Por fim, ao suprimir o acento agudo, a palavra fica na forma verbal:
1ª pessoa do singular, no presente do indicativo.

Gabarito: Letra C.

376 - Julgue o item, considerando a correção gramatical dos trechos apresentados e sua
adequação à ortografia oficial.

A pouco eu disse que voçê não teria mais duvidas. Todas as questões ficaram para traz.

( ) certo

( ) errado

Comentários

- “Você” não tem cedilha.

- “Dúvidas” tem acento porque é proparoxítona.

- “Traz” vem do verbo trazer.

Gabarito: Errado.

377 - O ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial, de acordo com a
organização holandesa Aviation Safety Network (ASN). Foram dez acidentes — nenhum deles
envolvendo linhas comerciais regulares...

Com relação a aspectos linguísticos do texto, JULGUE O ITEM.

373
O vocábulo “deles” remete à expressão “dez acidentes”.

( ) certo

( ) errado

Comentários

Os pronomes, como regra geral, possuem função coesiva: retomar ou substituir palavras para
evitar repetição. Na questão, por exemplo, “eles” substitui “acidentes”.

Gabarito: Certo.

378 - Sei que “meio-dia e meio” está errado. Mas a língua é como a mulher de César: não lhe
basta ser honesta, convém que o pareça.

A correção gramatical e as ideias do texto seriam mantidas se o trecho “o pareça” fosse


substituído por:

a) lhe parecesse.
b) pareça ser honesta.
c) ele parecesse.
d) lhe pareça.
e) pareceria ser honesta.

Comentários

O pronome demonstrativo neutro “o”, que retoma orações e adjetivos, é um recurso muito
comum de coesão. Seu emprego se verifica na questão: “a língua é como a mulher de César:
não basta ser honesta, convém que o pareça.

Gabarito: Letra B.

379 - Ainda hoje, em muitos rincões do nosso país, são encontrados administradores públicos
cujas ações em muito se assemelham às de Nabucodonosor, rei do império babilônico, que,
buscando satisfazer sua rainha Meda, saudosa das colinas e florestas de sua pátria,
providenciou a construção de estupendos jardins suspensos. Essa excentricidade, que
consumiu anos de labor e gastos incalculáveis, culminou em uma das sete maravilhas do
mundo antigo.

No texto CB1A1-II, a palavra “labor” (L.5) é sinônimo de:

a) trabalho.
b) favor.
c) luta.
d) atenção.

374
e) sofrimento.

Gabarito: Letra A.

380 - Era preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo ao fim
do processo judicial e com a sentença prolatada, não me deixavam esquecê-las.

No texto, a palavra “prolatada” foi empregada como sinônimo de deferida.

( ) certo

( ) errado

Comentários

A palavra “prolatada” significa que a sentença foi disponibilizada. Não significa que os pedidos
nelas contidos foram deferidos ou indeferidos.

Gabarito: Errado.

381- As audiências públicas integram o perfil dos Estados democráticos de direto, modelados
pelo constitucionalismo europeu do pós-guerra, segundo o qual o poder político não apenas
emana do povo, sendo em nome dele exercido, mas comporta a participação direta do povo.

Em relação aos elementos linguísticos do texto, julgue o item a seguir.

O pronome ele, em “dele” (l.3), refere-se a “o poder político”.

( ) certo

( ) errado

Comentários

O pronome ele, em “dele”, faz referência a “povo” e não ao “poder político”.

Gabarito: Errado.

382 - Assim, enquanto nos regimes autocráticos a comunicação social constitui monopólio dos
governantes, nos países geralmente considerados democráticos o espaço de comunicação
social deixa de ser público, para tornar-se, em sua maior parte, objeto de oligopólio da classe
empresarial.

375
Os termos “monopólio” e “oligopólio” podem ser considerados sinônimos no texto, pois têm o
mesmo sentido: comércio realizado por poucos.

( ) certo

( ) errado

Comentários

“Mono”, em “monopólio”, até pelo prefixo, não significa “poucos”, significa “um, único”.

Gabarito: Errado.

383 – “... o cidadão é titular de direitos e liberdades em relação ao Estado e a outros


particulares — mas permanece situado fora do campo estatal, não assumindo qualquer
titularidade quanto a funções públicas”.

Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, a forma verbal


“permanece” poderia ser corretamente substituída por

a) continua.
b) se mantêm.
c) quedar-se-á.
d) sentir-se-á.
e) surge.

Comentários

Questão de sinonímia direta do verbo “permanecer” equivale a continuar. Veja que “semântica”
envolve todas as classes, todos os assuntos do curso, porque todas as palavras têm seu efeito
de sentido no texto.

Gabarito: Letra A.

384 - Assinale a alternativa que substitui o trecho destacado e expressa a relação de sentido
que a conjunção “embora” estabelece na passagem – Ela estava tão aflita que embora
fizesse frio se abanava com uma revista.

a) Contanto que fizesse frio – condição.


b) Mesmo fazendo frio – concessão.
c) Apesar de fazer frio – tempo.
d) Desde que fazia frio – tempo.
e) A menos que fizesse frio – consequência.

Comentários

376
- Na concessão ocorre uma quebra que expectativa, contradição, por exemplo: ‘mesmo
fazendo frio, ela se abanava”.

OBS: a oração concessiva deve possuir verbo no subjuntivo.

- “Apesar de” não substitui corretamente porque se trata de uma oração subordinada adverbial
concessiva, relatando o modo, mas não a concessão.

- “Contanto que” é equivalente a uma condição.

- “Desde que” retrata tempo.

- “A menos que” retrata uma consequência.

Gabarito: Letra B.

385 – Assinale a alternativa correta:

I – O verbo “haver”, com sentido de “existir”, é impessoal e não admite sujeito; assim deve
ser usado na 3ª pessoa do singular.

II – O verbo “passar”, na indicação de tempo e acompanhado da preposição "de", p impessoal


e deve permanecer na 3ª pessoa do singular.

III - O verbo "fazer", na indicação de tempo decorrido, deve concordar com o numeral a que
ele se refere.

Alternativas:

a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) As afirmativas, I, II e III estão corretas.
e) Somente afirmativa III está correta.

Comentários

- O verbo “haver” é impessoal, quando usado como sinônimo de existir, devendo ser conjugado
apenas na 3ª pessoa do singular: há, houve, havia, haverá e haveria.

- O verbo “passar” é impessoal quando seguido da preposição de, indicando tempo, exemplo:
já passa das sete horas.

- O verbo “fazer” quando indica tempo decorrido ou fenômeno atmosférico, é um verbo


impessoal, devendo ser conjugado apenas na 3ª pessoa do singular.

Gabarito: Letra A.

377
386 – Analise o texto e responda a seguir:

entre os muros que os separam da realidade (5º parágrafo)


como a esconde, encobre, transforma-a em fantasma (8º parágrafo)

Os pronomes sublinhados acima referem-se, respectivamente, a:

a) Muros – casa da família


b) Desempregados – desigualdade econômica
c) Desempregados – modernidade
d) Ricos frívolos – desigualdade econômica

378
e) Ricos frívolos – casa da família rica

Comentários

“entre os muros que os separam da realidade” faz papel de pronome oblíquo átono retomando
o termo “ricos frívolos”, diferente da palavra “desempregados” que não faz complemento ao
pronome.

“A casa da família rica, em seu empenho modernista, não só não resolve a desigualdade
econômica como a esconde, encobre, transforma-a em fantasma” o pronome oblíquo átono
retomando o termo “desigualdade econômica” tem ligação com “a desigualdade econômica”.

Gabarito: Letra D.

387 – Observe o texto a baixo e responda.

Mantendo-se a coerência e a correção gramatical do texto CG1A1-II, o verbo


“aceitar” (R.15) poderia ser substituído por

379
a) Consentir
b) Prescindir
c) Assistir
d) Obstar
e) Enjeitar

Comentários

De acordo com o dicionário brasileiro:

- “Consentir” significa: não pôr obstáculo; permitir; dar autorização; permissão; aceitar;

- “Prescindir” significa: não precisar de; dispensar; não ter em consideração; em conta;

- “Assistir” significa: estar presente em; observar participando; participar de algo;


comparecer; estar junto de; acompanhar;

- “Obstar” significa: criar dificuldade a; ser utilizado como obstáculo a; impedir; desenvolver
oposição;

- “Enjeitar” significa: recusar, rejeitar, não aceitar, desprezar, abandonar.

Gabarito: Letra A.

388 –

“Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo
refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de
mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal,
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse
à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas,
descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”

O cortiço, Aluísio de Azevedo.

O trecho acima, progride por meio de diversos elementos constitutivos, entre eles os
conectivos – que lhe dão coesão, introduzindo novas ideias – e as palavras anafóricas
– que retomam termos anteriormente mencionados. Nesse sentido, explica-se
adequadamente o emprego do vocábulo destacado quando se afirma que:

380
a) em “[...] que a punha ofegante; JÁ correndo de barriga empinada; JÁ recuando de braços
estendidos [...]”, os elementos em destaque articulam a ideia de tempo.

b) em “[...] como se se fosse afundando num prazer grosso QUE NEM azeite [...]”, a locução
destacada é de natureza comparativa e de cunho popular.

c) em “Depois, COMO SE voltasse à vida, soltava um gemido prolongado [...]”, a expressão


destacada acumula as ideias de finalidade e de concessão.

d) em “[...] rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ORA para a esquerda, ORA para
a direita [...]”, os termos destacados constroem a ideia de explicação.

e) em “[...] ENQUANTO a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando”, o vocábulo em
destaque dá ao trecho o sentido de proporcionalidade.

Comentários

- Assertiva A tem sentido de alternância.


- Assertiva B possui um termo comparativo, para a maioria gramatical "que nem" e "feito" são
vistos como conectivos comparativos coloquiais.
- Assertiva C tem sentido de possibilidade.
- Assertiva D tem sentido de alternância, é uma locução conjuntiva coordenativa.
- Assertiva E tem sentido de tempo.

Gabarito: Letra B.

389 – Analise o texto para responder à questão.

381
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. RJ: Vozes, 2013, p. 25–26, com adaptações.

Em “Mas uma coisa é singular na justiça criminal moderna: se ela se carrega de


tantos elementos extrajurídicos, não é para poder qualificá-los juridicamente e
integrá-los pouco a pouco no estrito poder de punir” (linhas de 10 a 14), a conjunção
que inicia o período apresenta ideia que

a) corrobora a de que é comum na justiça criminal absorver elementos e personagens


extrajurídicos e, por isso, pode ser substituída por “Portanto”, sem incorrer em prejuízo
gramatical e semântico.

b) se opõe à de que é comum na justiça criminal absorver elementos e personagens


extrajurídicos e, por isso, pode ser substituída por “No entanto”, sem incorrer em prejuízo
gramatical e semântico.

c) contradiz a de que é comum na justiça criminal absorver elementos e personagens


extrajurídicos e, por isso, pode ser substituída por “Embora”, sem incorrer em prejuízo
gramatical e semântico.

d) se diferencia da que é extraordinário na justiça criminal absorver elementos e


personagens extrajurídicos e, por isso, pode ser substituída por “Dessa maneira”, sem incorrer
em prejuízo gramatical e semântico.

e) explica que é próprio da justiça criminal absorver elementos e personagens extrajurídicos


e, por isso, pode ser substituída por “Assim”, sem incorrer em prejuízo gramatical e semântico.

Comentários

- “Corrobora a de que é comum na justiça criminal...” a palavra sublinhada não pode ser
substituída por “Portanto” porque incorre em expressa mudança de sentido gramatical e
semântico. “Portanto” é conjunção com sentido de: logo; desse modo; pois é; por conseguinte.
“Corrobora” é substantiva deverbal, com sentido de: ação de corroborar; de comprovar
existência.

- “Se opõe” pode ser substituída por “No entanto” por ambas expressões serem uma conjunção
coordenativa adversativa. Não incorre em prejuízo gramatical e semântico.

- “Contradiz” pode ser substituída por “embora” sem incorrer em prejuízo gramatical e
semântico. Todavia, apesar de algumas bancas aceitarem a substituição de uma coordenada
adversativa por uma subordinada concessiva, a expressão “embora seja” tornaria a alternativa
incorreta.

- “Se diferencia” pode ser substituída por “Dessa maneira” sem incorrer em prejuízo gramatical
e semântico, devido seu sentido explicativo na oração.

- “Explica” pode ser substituída por “Assim” sem incorrer em prejuízo gramatical e semântico,
pois “explica” tem sentido de fazer com que fique claro e compreensível, enquanto “assim”
com sentido de conjunção, possui o sentido de explicação; de continuidade ou mudança do
pensamento.

382
Gabarito: Letra B.

390 – Analise o texto para responder à questão.

COYLE, A. Administração penitenciária: uma abordagem de direitos humanos. Manual para servidores
penitenciários. Brasília: Ministério da Justiça, 2002, p. 21.

Com base nas relações morfossintáticas estabelecidas pelo autor no primeiro


período, assinale a alternativa correta.

a) Na linha 1, a conjunção “Quando” relaciona orações coordenadas entre si.

b) Os termos “em prisões” (linha 1) e “seu aspecto físico” (linha 2) funcionam como
complementos verbais e classificam-se, respectivamente, como objeto indireto e objeto direto.

c) As formas verbais “pensam” (linha 1) e “tendem a considerar” (linhas 1 e 2) referem-se


ao mesmo sujeito sintático: “as pessoas” (linha 1).

d) Na linha 1, a exclusão do pronome “elas” alteraria a estrutura do período, pois o


predicado da segunda oração passaria a se referir a um sujeito indeterminado.

e) Na linha 2, o adjetivo “físico” completa o sentido do substantivo “aspecto”, por isso


desempenha a função de complemento nominal.

Comentários

- “Quando” relaciona a oração principal à oração subordinada adverbial de tempo, mas não
todas as orações coordenadas.

- “pensam” (linha 1) e “tendem a considerar” (linhas 1 e 2) se referem ao mesmo sujeito


semântico, mas não ao mesmo sujeito sintático.

- O pronome “elas” alteraria a estrutura do período, passaria a se referir a um sujeito oculto.

- O adjetivo “físico” completa o sentido do substantivo “aspecto”, desempenhando função de


adjunto adnominal.

383
OBS:

- sentido semântico do sujeito (agente de uma ação).

- sentido sintático do sujeito (aquele que estabelece concordância com o núcleo do predicado).

Gabarito: Letra B.

391 - Leia trecho da crônica de Luís Fernando Veríssimo para responder à questão.

Vá entender. ___________, que depois dos 7 a 1 o torcedor brasileiro, desencantado,


passaria _______ badminton, balé aquático ou outro esporte que não envolvesse bola ou
qualquer coisa vagamente esférica. O desastre na Copa de 2014 não só não éramos mais o
país do futebol como fomentaria nosso ódio pelo futebol. O futebol seria para nós como a
História para Stephen Dedalus, aquele personagem do James Joyce: um pesadelo do qual
estaríamos tentando acordar. Mas não. Assimilamos a derrota até com certa resignação
filosófica. Depois da derrota para o Uruguai em 1950, correram boatos de suicídios em massa,
de torcedores ateando fogo _______ vestes, do Bigode engolindo formicida e do Barbosa
pedindo asilo numa embaixada estrangeira. Depois dos 7 a 1 não houve nada parecido, nem
boatos de coisa parecida. Foi uma desilusão dolorida, não foi uma tragédia.

(Luis Fernando Veríssimo [org. Adriana Falcão e Isabel Falcão],“O bum”. Ironias do tempo, 2018. Adaptado.)

Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas,


respectivamente, com:

a) Imaginava-se ... a se interessar por ... convencer-nos-ia de que ... às


b) Se imaginava ... à se interessar em ... convenceria-nos de que ... a
c) Imaginava-se ... à se interessar sobre ... nos convenceria que ... à
d) Se imaginava ... a se interessar em ... convencer-nos-ia que ... as
e) Imaginava-se ... a se interessar por ... nos convenceria de que ... às

Comentários

- Não se pode começar frase com pronome oblíquo átono, logo, usa-se a ênclise, após o verbo.

- Somente a crase presente, o pronome oblíquo “se” e nem o verbo são acompanhados de
artigo definido para que venha a se formar a crase.

- Adverbio de negação sendo fator de atração do pronome, fato de próclise.

- Preposição “a” + artigo definido “as” que acompanha o substantivo “vestes”.

OBS: quando há palavra atrativa, não prevalece o fator de mesóclise.

Gabarito: Letra E.

384
392 - Considere o seguinte enunciado.

Ele estava prestes ________ aceitar aquele emprego, ________ foi ________ a ele uma
oportunidade muito melhor. As lacunas do enunciado devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, da língua portuguesa, por:

a) Por ... porquanto ... oferecido


b) De ... mesmo que ... oferecida
c) Para ... contudo ... oferecido
d) Por ... enquanto ... oferecido
e) A ... quando ... oferecida

Comentários

- antes de verbo deve ser usado preposição, no caso a preposição “a”.

- “quando” é conjunção subordinativa temporal expressando valor semântico de tempo.

- “oferecida” tem função de sujeito simples com núcleo no feminino e no singular.

OBS: não deve ser analisado apenas se a palavra é masculina ou feminina, mas sim seu valor
semântico.

Gabarito: Letra E.

393 – Assinale a alternativa cuja redação é claro, correta, concisa e coerente.

a) A cultura letrada é rigorosamente estamental, não dando azo à mobilidade vertical, a não
ser em casos de excessão; o domínio do alfabeto reservado a poucos, serve como divisor de
águas entre a cultural e oficial e a popular.

b) Alinha-se o carimbó entre os bailados populares sem enredo verbal, de cuja melodia
nutre o caboclo, que se estende por toda a zona atlântica do Pará, com incidência ainda no
Marajó e no Baixo Amazonas.

c) O carimbó no trajeto das origens folclóricas à expressão de cultura popular, revela uma
complexa conversão equivalente ao que ocorreu com o samba, e com o baião, num idêntico
trajeto no Rio de Janeiro e no Nordeste brasileiro.

d) A nivelação de toda a produção cultural das regiões, assim como o folclore foi um
processo que se foi construindo, de início a partir do enquadramento nessa categoria das
atividades estéticas típicas da Amazônia.

e) A cultura de um povo é fonte inesgotável de inspiração, de símbolos, de experiência, de


trabalho acumulado, de beleza; a preservação da memória coletiva por um grupo, ainda que
pequeno, é uma verdadeira tábua de salvação para toda a comunidade.

385
Comentários

- “Excessão” está escrita de modo errado, o correto é “exceção”

- “Que se estende por toda a zona atlântica do Pará” não traz clareza e sentido a toda frase.

- “O carimbó no trajeto das origens folclóricas à expressão de cultura popular, revela” tem
uma vírgula separando o sujeito do verbo, o que não é correto.

- “Assim como o folclore” deveria estar entre vírgulas, pois sem vírgulas o sujeito fica separado
do verbo.

Gabarito: Letra E.

394 – Analise o Texto abaixo para responder à questão.

JARRETT, C. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut44282247>. Acesso em: 13 set.


2019, com adaptações.

Suponha que a psicóloga Marieke Liema, a serviço da Universidade Estadual de Goiás,


estivesse interessada em realizar entrevistas com detentos de alguns presídios
goianos e que, para isso, fosse necessário emitir um expediente ao Diretor-Geral de
Administração Penitenciária do Estado de Goiás, com a finalidade de apresentar a
proposta e solicitar a realização do trabalho. De acordo com as normas prescritas pelo Manual

386
de Redação da Presidência da República, nesse contexto comunicativo, a suposta
correspondência

a) deveria dispensar o uso do vocativo, pois, no corpo do texto, seria citado o nome do
destinatário.

b) poderia ser escrita em linguagem informal, pois os interlocutores estariam em um mesmo


nível hierárquico.

c) deveria conter, no texto do local e da data da expedição do documento, a


estrutura Cidade-UF, XX/XX/XX.

d) deveria apresentar o fecho alinhado à margem esquerda da página.

e) poderia, preferencialmente, apresentar na introdução a construção Tenho a honra de


informar que.

Comentários

- O vocativo não deve ser dispensado, pois pode gerar uma quebra no sentido do texto.

- A linguagem no referido trabalho deve ser formal.

- De acordo com as regras vigente, não há obrigatoriedade do local e data da expedição do


documento.

- Segundo o Manual de Redação da Presidência, 3ª edição: o fecho da comuniação deve ser


formatado com alinhamento à margem esquerda da página.

- A forma textual deve ser formal e impessoal.

Gabarito: Letra D.

395 - O texto abaixo é uma crônica. Leia e assinale a alternativa em que a definição contraria
a justificativa inicial:

Morte

Sou, em princípio, contra a pena de morte, mas admito algumas exceções. Por exemplo:
pessoas que contam anedotas como se fossem experiências reais vividas por elas e só no fim
você descobre que é anedota. Estas deviam ser fuziladas.

Todos os outros crimes puníveis com a pena capital, na minha opinião, têm a ver, de alguma
maneira, com telefone.

Cadeira elétrica para as telefonistas que perguntam: "Da onde?"

387
Forca para pessoas que estendem o polegar e o dedinho ao lado da cabeça quando querem
imitar um telefone. Curiosamente, uma mímica desenvolvida há pouco. Ninguém,
misericordiosamente, tinha pensado nela antes, embora o telefone, o polegar e o mindinho
existam há anos.

Garrote vil para os donos de telefone celular em geral e garrote seguido de desmembramento
para os donos de telefone celular que gostam de falar no meio de multidões e fazem questão
de que todos saibam que se atrasou para a reunião porque o furúnculo infeccionou. Claro, a
condenação só viria depois de um julgamento, mas com o Aristides Junqueira na defesa.

(L. F. Veríssimo, "Morte", Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 22/12/1994. Caderno Opinião, p. 11)

a) Porque se ocupa em relatar e expor determinada pessoa, objeto, lugar ou acontecimento.

b) Porque é um tipo de texto narrativo curto, geralmente, produzido para meios de


comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc.

c) Porque se encarrega de expor um tema ou assunto por meio de argumentações.

d) Porque é um tipo de texto que apresenta uma linguagem simples.

e) Nenhuma das alternativas.

Comentários

A crônica é texto narrativo e não argumentativo, normalmente é curto e produzido para meios
de comunicação.

Ademais, possui uma “vida curta”, por trataram de acontecimentos recentes, do cotidiano, de
forma que com o passar do tempo vai perdendo seu sentido na vida social, ficando fora de
contexto.

Desse modo a letra “C” NÃO expõe uma característica da crônica.

Gabarito: Letra C.

388
396 – A partir das características do texto abaixo, qual gênero textual é representado:

a) Artigo de opinião.
b) Carta do leitor.
c) Editorial.
d) Notícia.
e) Diário.

Comentários

- Artigo de opinião é um tipo de texto dissertativo-argumentativo onde o autor tem a


finalidade de apresentar o tema escolhido e diante dele seu ponto de vista.

- Carta ao leitor é um tipo de carta veiculada geralmente em jornais e revistas, onde seus
leitores podem apresentar opiniões, sugestões, críticas, perguntas, etc. É um modo de
interação.

389
- Editorial é obra opinativa escrita por jornalista em algum meio de comunicação.
Normalmente com finalidade de avaliar quais questões são importantes para seus leitores.

- Notícia é um texto informativo, com gênero textual jornalístico e não literário, encontrado
nos diversos meios de comunicação.

- Diário tipo de texto pessoal em que uma pessoa relata suas experiências, ideias, desejos
etc.

Gabarito: Letra C.

397 – O texto abaixo trata-se de uma tirinha que é um gênero textual de cunho:

a) Argumentativo
b) Descritivo
c) Injuntivo
d) Explicativo
e) Humorístico

Comentários

- Texto argumentativo: tem como objetivo defender uma ideia, hipótese, teoria ou opinião
para que consiga convencer o leitor a acreditar.

- Texto descritivo: se ocupam em relatar e expor determinada pessoa, objeto, lugar e


acontecimento.

- Texto injuntivo ou instrucional ou explicativo: serve para indicar uma ordem, com
finalidade em orientar e persuadir o interlocutor.

390
- Texto humorístico: tem por objetivo provocar o entretenimento no interlocutor para ativar
o humor por meio dos discursos presentes.

Gabarito: Letra E.

398 - OCDE reduz projeções para Brasil e Argentina

As manchetes jornalísticas seguem um padrão em sua elaboração; NÃO faz parte desse
padrão, segundo o que se pode deduzir a partir da manchete acima:

a) Emprego de verbos no presente;


b) Ausência de pontuação;
c) Concentração de informações;
d) Siglas não explicitadas;
e) Emprego de linguagem coloquial.

Comentários

- “Reduz” está no presente do indicativo

- Faltou a pontuação final no título

- A manchete contém diversas informações, como: a sigla, um verbo e dois países.

- A sigla OCDE não foi explicada.

- Não houve emprego de linguagem coloquial no título apresentado.

Gabarito: Letra E.

399 - Partindo do pressuposto de que um texto tem estrutura à partir de características gerais
de um determinado gênero, identifique os gêneros descritos a seguir:

I. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre algum
assunto de interesse. Algumas revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;

II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o
de maneira particular, refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
possibilitam a criação de imagens;

III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à vida cotidiana. Apresenta certa dose
de lirismo e sua principal característica é a brevidade;

391
IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam
em torno de uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
encaminham-se diretamente para um desfecho;

V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais de eletrodomésticos, jogos


eletrônicos, receitas, rótulos de produtos, entre outros.

São, respectivamente:

a) Texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta argumentativa.


b) Carta, bula de remédio, narração, prosa e crônica.
c) Entrevista, poesia, crônica, conto e texto instrucional.
d) Entrevista, poesia, conto, crônica e texto instrucional.

Comentários

- A alternativa I transmite a opinião e tem como características a tipologia argumentativa,


sendo assim uma entrevista.

- A alternativa II relata uma poesia.

- A alternativa III ao retratar fatos cotidianos com narrativa informal mostrou as características
de uma crônica.

- A alternativa IV retrata as características de um conto.

- A alternativa V ao trazer instruções, é um texto instrucional.

Gabarito: Letra C

400 - Leia o cartaz de uma propaganda de combate ao mosquito da dengue e responda a


questão a seguir.

392
A partir da leitura atenta da propaganda apresentada e da gramática normativa, analise as
afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.

I. O gênero publicitário, como exemplifica a propaganda apresentada, sempre tem a intenção


de vender um produto, convencer um consumidor a comprá-lo.

II. O verbo “matar” está conjugado no modo Imperativo.

III. A oração “Se você tiver febre alta com dor de cabeça” é uma Oração Coordenada
Explicativa

IV. No trecho “Mobilize sua família e seus vizinhos” o termo destacado, sintaticamente, é um
verbo transitivo direto.

a) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.


b) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Apenas a afirmativa II está correta.
d) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
e) Apenas a afirmativa IV está correta.

Comentários

- O gênero publicitário não tem apenas intenção voltada para venda, há também o caráter
publicitário, como caso em questão.

- O verbo “matar” está conjugado no presente do modo indicativo.

- A oração tem conjunção subordinativa condicional “se” dando início a uma oração
subordinada adverbial condicional.

- “Mobilize” é verbo transitiva direto, com sentido de quem mobiliza, mobiliza algo ou alguém.

Gabarito: Letra E.

401 - Leia a charge de Malfada, personagem criada pelo chargista argentino Quino, e responda
a questão a seguir.

393
A partir da leitura atenta da charge, e da gramática normativa da Língua Portuguesa, analise
as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

( ) A expressão “olá!” no primeiro quadrinho é uma interjeição.

( ) A vírgula no terceiro quadrinho indica zeugma.

( ) A expressão “seu pai” no segundo quadrinho é um vocativo.

( ) Como exemplo da charge lida, esse é um gênero que tem a função de entreter o leitor com
seu humor sem utilizar a crítica social para isso.

( ) A palavra “não” no segundo quadrinho é um advérbio de negação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

a) V, V, F, F, V
b) V, F, V, V, F
c) F, F, F, V, V
d) F, V, V, V, F
e) V, V, V, F, V

Comentários

- Zeugma é uma figura de estilo ou figura de linguagem que consiste na omissão de um ou


mais elementos de uma oração, já expressos anteriormente.

- A expressão “seu pai” no segundo quadrinho é o sujeito da frase, sujeito do verbo "está".

- Como exemplo da charge lida, esse é um gênero que tem a função de entreter o leitor
utilizando a crítica social de forma perpassada por humor.

- Meu pai não está doente. - o "não" funciona como advérbio de negação.

Gabarito: Letra A.

402 - Em relação ao Texto abaixo, considere as seguintes afirmativas:

394
Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram
pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos
diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse
para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa
inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo era uma
distração das mais excitantes.

E me divertia a valer quando uma nova goteira aparecia, o pessoal correndo para lá e para
cá, e esvaziando as vasilhas que transbordavam. Os diferentes ruídos das gotas d’água
retinindo no vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em atropelo nas tábuas largas
do chão, formavam uma alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras pancadas do
relógio de parede dando horas.

Passado o temporal, meu pai subia ao forro da casa pelo alçapão, o mesmo que usávamos
como entrada para a reunião da nossa sociedade secreta. Depois de examinar o telhado,
descia, aborrecido. Não conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por onde pudesse
penetrar tanta água da chuva, como invariavelmente acontecia. Um mistério a mais, naquela
casa cheia de mistérios. [...]

(SABINO, Fernando. O Menino No Espelho. CIDADE Ed. Especial MPM Propaganda 1992, p.13-18)

I - Trata-se de uma narrativa, cujos acontecimentos são relatados no passado e no presente


histórico.

II - A história é contada por um narrador-personagem, que dela participa, e por isso escreve
em primeira pessoa.

III - Os acontecimentos narrados se ordenam aleatoriamente, evidenciando a transformação


por que passa o personagem.

IV - Trata-se de um texto composto de sequências marcadas por elementos indicadores de


tempo e espaço.

Marque as afirmativas corretas:

a) II e IV, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e III, apenas.

Comentários

- O texto representa narrativa com acontecimentos somente no passado, representando uma


história.

- Como pode ser observado, o texto encontra-se em uma sequência lógica.

395
- O texto está em um espaço (casa) e possui elementos que mostram diversos marcadores
temporais.

Gabarito: Letra A.

403 –

Assinale as assertivas a seguir a respeito do texto:

I. Trata-se de uma notícia de jornal, visando, unicamente, transmitir informações acerca de


um fato ocorrido: o suicídio de uma blogueira, sem objetivar formação de opinião ou
conscientização a respeito do tema.

II. De acordo com especialistas, o cyberbullying pode ser um dos principais fatores que levam
uma pessoa ao suicídio.

396
III. Após o suicídio de uma pessoa, levantar hipóteses sobre o ocorrido ou, ainda, tecer
julgamentos sobre ele pode acarretar sentimentos negativos para aqueles que tinham a vítima
como ente querido.

Quais estão corretas?

a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e III
e) Apenas II e III

Comentários

- A notícia de jornal não visa transmitir apenas informações acerca de um fato ocorrido, mas
também formar consciência e opinião.

- De acordo com a leitura do texto, não há como concluir que o cyberbullying é um dos
principais incentivadores do suicídio.

Gabarito: Letra C.

404 –

397
O objetivo comunicativa do texto é:

a) Narrar recordações vividas a partir das relações de trabalho


b) Problematizar o sentido da vida e da morte, enaltecendo a vida
c) Analisar a articulação entre relações com o trabalho e o sentido da vida
d) Exemplificar diferentes formas de se conceber o trabalho a partir das visões de povos
e/ou profissões.

Comentários

398
O objetivo expresso do texto é de analisar a articulação entre relações com o trabalho e o
sentido da vida.

Gabarito: Letra C.

405 –

399
O trecho O que aconteceu de verdade foi um pouco mais complicado: a onda que povoou a
América se dividiu dentro do próprio continente. Onde hoje estão os EUA, um grupo que ficou
conhecido como “Cultura Clóvis” prosperou e avançou em direção ao sul. Quando chegou por
aqui, deu origem a populações como a de Lagoa Santa (MG) – à qual pertence Luzia. Luzia,
então, é “neta” de Clóvis. (linhas 23 a 27) é

a) Argumentativo
b) Narrativo
c) Dissertativo
d) Descritivo

Comentários

O texto possui elementos de um texto narrativo, onde ocorre espaço, lugar, modo e tempo
bem definidos, de modo que chega ao leitor a intenção de contar algo, um fato ou um
acontecimento de maneira clara.

Gabarito: Letra B.

406 – Assinale a alternativa que identifica as características presentes no gênero textual


meme.

a) Caráter multimodal, discurso cômico, apuro linguístico, suporte digital.


b) Modalidade imagética, discurso satírico, linguagem coloquial, suporte analógico.
c) Modalidade imagética, discurso cômico, apuro linguístico, suporte analógico.
d) Caráter multimodal, discurso cômico, linguagem coloquial, suporte digital.

Comentários

- Meme significa imitação, refere-se ao fenômeno da “viralização” de informações, que se


espalham entre vários usuários rapidamente.

- Caráter multimodal é o fato de coexistirem diversas modalidades comunicativas, exemplos:


fala, gestos, textos, imagens, etc.

- Discurso cômico tem finalidade de provocar o riso.

- Apuro linguístico é o emprego de linguagem culta.

- Suporte digital é o uso de uma rede de comunicações pontuais ou integradas para expor
informações.

- Modalidade imagética é quando se consegue exprimir através de imagens.

- Discurso satírico tem objetivo de ridicularizar, criticas, opinar sobre determinados temas
através do texto.

- Linguagem coloquial é uma variação de linguagem popular utilizada em situações


cotidianas mais informais

400
- Suporte analógico é um suporte físico pode assumir valores contínuos, falamos de
gravação analógica. Por exemplo, um cassete de áudio

Gabarito: Letra D.

407 –

O texto está organizado de forma

a) Argumentativo-injuntiva
b) Narrativo-argumentativo
c) Injuntivo-dialogal
d) Dialogal-descritiva

Comentários

O texto é narrativo-argumentativo por apresentar elementos que fundamentam toda a linha


de pensamento e argumentam sobre o porquê da demissão de Renato.

Gabarito: Letra B.

408 –

Se eu fosse eu

Clarice Lispector

Quando eu não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-
me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes
dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do
papel se torna secundária, e começo a pensar, diria melhor SENTIR.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início
se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser movida do

401
lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a
ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida.

Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até
minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por exemplo, que por
um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu e
confiaria o futuro ao futuro. "Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver,
parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as
primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem
sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor aquela que aprendemos
a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima
que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando, porque me senti
sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.

(Fonte: <https://pensador.uol.com.br/frase/MzY1MTYz/>. Acesso em 12/05/2017)

O texto acima é um (a):

a) Notícia
b) Biografia
c) Conto
d) Fábula
e) Romance

Comentários

- Notícia é texto em formato de divulgação de um acontecimento por meios jornalísticas, tem


objetivo de fornecer informações socialmente relevantes.

- Biografia é uma narração de fatos particulares de várias fases da visa de uma pessoa ou
personagem.

- Conto é uma narração breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação, unidade
de tempo e número restrito de personagens.

- Fábula é uma composição literária onde os personagens, normalmente, são animais que
apresentam características humanas.

- Romance é forma literária pertencente ao gênero narrativo e que apresenta uma história
composta por enredo, temporalidade, ambientação, etc.

Gabarito: Letra C.

402
409 –

[Pai e filho]

No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima diz que um ser humano
só começa a envelhecer depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes
traumas de um filho.

A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem sobre as discussões, discórdias e


outras asperezas de uma relação às vezes complicada, mas sempre profunda. Às vezes você
lamenta não ter conversado mais com o seu pai, não ter convivido mais tempo com ele. Mas
há também pais terríveis, opressores e tirânicos.

Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, de Franz Kafka. É esse um dos
exemplos notáveis do pai castrador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Carta é o
inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é
totalmente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais
ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alternância de sofrimento e
humilhação, imposta por um homem prepotente e autoritário.

(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-
205)

Ao supor que a Carta seja uma construção ficcional, o autor

a) nem por isso esvazia a possibilidade de que o sofrimento e a humilhação nela expostos
atinjam o leitor.

b) desse modo acentua o evidente exagero das páginas cruéis em que o filho atormentado
acusa a malignidade do pai.

c) ressalva assim o fato de que o narrador forjou inteiramente seus sofrimentos para ganhar
a adesão emocional do leitor.

d) lembra por isso que a literatura vive de invenções que pouco têm a ver com situações
que se possam comprovar na vida real.

e) mostra com isso que nessa suposta carta, provinda de um impostor literário, não há mais
que a projeção de um filho e de um pai hipotéticos.

Comentários

Toda produção textual faz com que o leitor acredite na figuração do pai, de modo que ressalva
o fato de que o narrador forjou inteiramente seus sofrimentos para ganhar a adesão emocional
do leitor.

Gabarito: Letra A.

403
410 – No que diz respeito ao meio de produção e à concepção discursiva, respectivamente, a
notícia de TV é um gênero

a) sonoro e escrito
b) sonoro e oral
c) gráfico e oral
d) gráfico e escrito
e) oral e sonoro

Comentários

Devido ao fato de a noticia de TV chegar ao telespectador de modo visual e sonoro, é nítido


observar que também é escrito, uma vez a sequência lógica das informações repassadas.

Gabarito: Letra A.

411 - São exemplos de gêneros considerados multimodais que podem ser estudados nas aulas
de língua portuguesa

a) anúncio publicitário, charge e vídeo


b) noticiário, filme e bula
c) piada, tirinha e propaganda
d) carta, receita culinária e pintura
e) música, e-mail e reportagem

Comentários

O anúncio publicitário, a charge e o vídeo são modos de comunicações que transmitem suas
informações pelo modo visual, além de utilizar imagens escritas e visuais.

Assim, de um modo semiótico, a letra A traz os tipos multimodais, ou seja, transmitidos de


formas diferentes.

Gabarito: Letra A.

404
412 –

Mantendo-se a coerência e a correção gramatical do texto acima, o verbo ”aceitar” (l.15)


poderias ser substituído por

a) consentir

405
b) prescindir
c) assistir
d) obstar
e) enjeitar

Comentários

Com pesquisa ao dicionários, observa-se:

- Consentir é verbo com regência múltipla “concordar com; expressar consentimento,


aprovação; aprovar” etc.

- Prescindir é verbo transitivo indireto “não precisar de; dispensar”.

- Assistir é verbo transitivo indireto “estar presente em; observar participando; participar de
algo; comparecer”.

- Obstar é verbo transitivo direto e transitivo indireto “Criar dificuldade a; ser utilizado como
obstáculo a; impedir”.

- Enjeitar é verbo transitivo “recusar, rejeitar, não aceitar, desprezar, abandonar”

Gabarito: Letra A.

413 – Ainda com base no texto acima, analise:

Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto CG1A1-II, a forma verbal
“há” (l. 12) poderia ser substituída por

a) existem
b) existe
c) ocorre
d) têm
e) tem

Comentários

- Verbos impessoais são os que não possuem sujeito, sempre em terceira pessoa do singular.

- O verbo existir não é impessoal, os demais são impessoais que indicam fenômenos da
natureza; clima e tempo decorrido.

- O verbo haver (culto) ou ter (informal), com o sentido de existir, não substituindo o sentido
original.

Gabarito: Letra A.

406
414 –

“Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo
refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de
mulher.

Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal,
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse
à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas,
descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”

O cortiço, Aluísio de Azevedo.

Em “como se se fosse afundando, num prazer grosso que nem azeite”, é correto
afirmar que:

a) o termo “que” é um pronome relativo e funciona como sujeito.

b) em “como SE SE fosse afundando”, têm-se, respectivamente, uma conjunção


subordinativa de natureza condicional e uma partícula integrante do verbo.

c) a expressão “que nem” é uma locução conjuntiva coordenativa aditiva.

d) em “como se se fosse afundando”, o primeiro “se” é partícula apassivadora, enquanto o


segundo “se” é um pronome clítico.

e) o termo “num” é uma combinação, entre a preposição “em” e o artigo definido “um”, que
apresenta caráter informal na língua portuguesa.

Comentários

- “que” como pronome relativo retoma um termo da oração antecedente, projetando-o na


oração consequente. Equivale a o qual e flexões, não funciona como sujeito.

- E o termo “num” é uma combinação, entre a preposição “em” e o artigo definido “um”, que
apresenta caráter informal, mas pode ser usada em uma linguagem formal. É preposição com
artigo ou numeral um: nem + um = num.

- “que nem” é termo que funciona com significado de comparação.

Gabarito: Letra B.

407
415 –

Escola inclusiva

É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora nas
escolas quando se incluem alunos com deficiência.

Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e assumiu o dever de uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões
negativas para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em
2015 e criou raízes no tecido social.

A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualificados até para o mais básico,
como o ensino de ciências; o que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades.

Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes, a
problemas de aprendizado criados por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e
intelectuais.

Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos. A maioria
dos entrevistados (59%), hoje, discorda de que crianças com deficiência devam aprender só
na companhia de colegas na mesma condição.

Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado, em
cada estabelecimento, para lidar com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar
indica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o número de
professores com alguma formação em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais
que 100 mil deles no país. Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de
aula.

As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma estrutura para o atendimento


inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de
receber o aluno e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do período
regular nas técnicas pedagógicas.

Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compete ao Estado disseminar
essas iniciativas exitosas por seus estabelecimentos. Assim se combate a tendência ainda
existente a segregar em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se confunde
com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.

(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)

Considere as seguintes frases do texto:

• É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora...

408
• Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes...

• Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado...

São sinônimos adequados ao contexto para as palavras destacadas, respectivamente:

a) auspiciosa; os impedimentos; a obrigação


b) formidável; as contestações; a necessidade
c) alentadora; as carências; a determinação
d) capciosa; as incumbências; a expectativa
e) insipiente; as dificuldades; o propósito

Comentários

- Alvissareira é o feminino de alvissareiro. Sinônimo de auspiciosa e promissora.

- Empecilhos, classificado como substantivo masculino no plural, é sinônimo de dificuldades,


coisas que atrapalham, impedimentos.

- Imperativo, classificado como adjetivo, significa: que impõe, que manda, autoritário,
obrigação.

Gabarito: Letra A.

416 –

409
Assinale a alternativa que apresenta palavra sinônima, ou seja, de mesmo sentido, à palavra
“somente” (l. 18).

a) Também
b) Igualmente
c) Apenas
d) Qualquer
e) Diferentemente

Comentários

- Somente é classificada como advérbio, sendo sinônima de nada mais que;


exclusivamente; apenas.

Gabarito: Letra C.

417 – Em análise ao texto acima, responda a questão:

Qual alternativa apresenta palavra de sentido antônimo, ou seja, oposto, ao da palavra


“comum” (linha 01)?

a) Habitual
b) Usual
c) Raro
d) Normal
e) Errado

Comentários

- Antônimo significa palavra cujo sentido é oposto ou contrário ao de outra. Logo, o oposto de
comum é raro: adjetivo com significado de “que não é comum; incomum; pouco frequente;
escasso; invulgar”.

Gabarito: Letra C.

418 – Em análise ao texto acima “Vida sedentária deve ser combatida desde a infância”,
responda:

Qual alternativa que apresenta uma palavra que poderia substituir “elevado” (l. 5), sem
modificar o sentido empregado no texto.

a) Baixo
b) Pequeno
c) Insignificante
d) Desnecessário
e) Alto

410
Comentários

- Elevado, palavra gramaticalmente classificada como adjetivo, sinônima de “com grande


altura; que se pode elevar; que ocupa uma posição acima; alto”.

Gabarito: Letra E.

419 - Leia atentamente o seguinte poema, de autoria de Luís de Camões, para responder à
questão a seguir.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,


Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía”.

No desfecho do poema, o autor emprega o verbo “soía”. Marque a alternativa que


indica um possível significado desse termo, de acordo com o contexto do poema.

a) Mudava
b) Cancelava
c) Costumava
d) Desabituava

Comentários

- Soía vem do verbo Soer, com significado de “ter por hábito; ocorrer frequentemente;
acontecer por costume”. Logo, de acordo com as alternativas, pode ser alterada por
costumava.

Gabarito: Letra C.

420 –

A cor amarela é sinônimo de felicidade? Depende de onde

você nasceu

411
Todos nós associamos emoções a cores: vermelho a amor, amarelo a alegria, azul a
tristeza, etc. Mas essas concepções não são fixas: o laranja, por exemplo, é muito associado
a calor e vitalidade no Ocidente, mas no Oriente Médio tem um significado extremamente triste
– associado à lamentação e ao luto.

Para mapear essas diferenças, pesquisadores suíços da Universidade de Lausanne,


perguntaram a indivíduos de diferentes etnias e nacionalidades qual significado eles atribuíam
ao amarelo. O amarelo foi escolhido porque “é uma __________ da luz do Sol, que sustenta
a vida e o clima agradável”.

Publicado no periódico Journal of Environmental Psychology, o estudo utilizou os dados


das primeiras 6.625 pessoas que responderam a uma pesquisa internacional sobre a relação
entre cores e emoções, contabilizando voluntários de 55 países. Nesse questionário, os
participantes associam 12 cores a gradações de sentimentos como alegria, orgulho, medo e
vergonha.

A conclusão dos pesquisadores foi curiosa: o amarelo não é considerado tão alegre em
países ensolarados. Depois de analisar diversas variáveis – como média de horas diárias de
céu aberto e a duração relativa do dia e da noite, eles perceberam que dois fatores eram
determinantes: a quantidade anual de chuva e a distância do Equador.

No geral, as pessoas que associavam amarelo à alegria viviam em países mais chuvosos,
localizados longe da linha imaginária. No Egito, apenas 5,7% das pessoas associam a cor à
alegria. Já na Finlândia, país frio, com alto índice pluviométrico e distante do equador, 87,7%
acham o amarelo alegre. Em países com climas mais amenos e estações do ano mais definidas,
como os EUA, esses níveis de associação ficaram entre 60% e 70%.

https://super.abril.com.br/... - adaptado

Considerando-se o significado das palavras abaixo relacionadas, numerar a 2ª coluna de


acordo com a 1ª e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

(1) Cerrar.
(2) Serrar.
(3) Cervo.
(4) Servo.

( ) Designação de um animal.
( ) Fechar.
( ) Cortar.
( ) Escravo.

a) 3 – 1 – 2–4
b) 3 – 2 – 1- 4
c) 4 – 1 – 2–3
d) 4 – 2 – 1–3
e) 2 – 1 – 4–3

412
Comentários

- Cerrar é sinônimo de “fecha ou inibir a passagem”.

- Serrar significa “cortar usando serra; serrote”.

- Cervo significa “ruminante da família Cervus, natural da floresta da Europa, Ásia e Amárica”.

- Servo significa “quem não é livre; privado de sua liberdade”.

Gabarito: Letra A.

421 –

O Brasil na memória

BORDINI, Maria da Glória. In: Descobrindo o Brasil. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011, p. 353.

No trecho do Texto II “é orientada por perspectivas do narrador-viajante” (l. 16-17), a


palavra perspectivas, nesse contexto, poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por

a) Ambições
b) Expectativas
c) Aspirações
d) Profundidades
e) Pontos de vista

413
Comentários

- Perspectivas vem do verbo perspectivar, significa “analisar”. No contesto textual, é


classificado como substantivo equivalente a ponto de vista, sinônimo de “pensamento;
concepção; visão”.

Gabarito: Letra E.

422 - De acordo com o texto “O Brasil na memória”, a autora diz que, numa viagem “há
atores, um dos quais o viajante” (l. 5-6).

Ela usa a palavra “ator” por que está referindo-se à pessoa que:

a) Tem papel ativo em algum acontecimento.


b) Desempenha um papel quando está em cena.
c) Age como se estivesse representando um papel.
d) Encara uma viagem como se estivesse num palco.
e) É capaz de simular emoções, sentimentos, atitudes.

Comentários

É possível observar ao longo do texto que “atores” vem exemplificando um “ator” dentro do
texto, tendo papel fundamental de ligar pessoas, acontecimentos, locais, deslocamentos.
Nesse sentido, tem papel ativo em algum conhecimento adquirido na viagem.

Gabarito: Letra A.

414
423 -

Penalidade máxima

415
CARNEIRO, Flávio. In: 22 Contistas em Campo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 69. Adaptado.

A última palavra do Texto poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:

a) Ágil

416
b) Turva
c) Assustadora
d) Importante
e) Enorme

Comentários

- Ágil significa “que movimenta com excesso de facilidade”.

- Turva significa “opaca; inquieta; hesitante”.

- Assustadora significa “tremenda; que causa medo”.

- Importante significa “que é essencial; fundamental”.

- Enorme significa “Que vai além da norma, do normal; excessivo em extensão, em


quantidade; muito grande”. Logo, é sinônimo de “imensa”.

Gabarito: Letra E.

424 - O título do Texto é “Penalidade máxima”, pois se refere a uma situação do jogo de
futebol em que a possibilidade de acontecer um gol é bem alta.

A segunda palavra empregada no título tem como antônimo a palavra

a) Mínima
b) Módica
c) Maiúscula
d) Descomunal
e) Imensurável

Comentários

- Mínima é palavra antônima de Máxima.

- Módica é antônimo de Farta.

- Maiúscula é antônimo de minúscula.

- Descomunal é antônimo de pequeno.

- Imensurável é antônimo de mínimo, mensurável.

Gabarito: Letra A.

425 - Leia o texto para responder à questão.

417
De patas para o ar

Rafiki é um angolano, filho de uma economista e de um funcionário de multinacional. Veio


para o Brasil estudar medicina e foi surpreendido pela carga de preconceito que encontrou
aqui. Já enfrentou o constrangimento de perceber que pessoas fecham os vidros dos carros
nos sinais quando o veem, ou mulheres se agarram a suas bolsas ao cruzarem com ele na
calçada.

O universitário Rafiki mora em um bairro de classe média alta e uma noite, quando estava
para entrar em seu prédio, viu um casal passar por ele, entrar e bater a porta. O angolano
entrou em seguida e encontrou o casal esperando o elevador. Como a mulher o encarava
insistentemente, ele perguntou:

─ Estou sujo? Tem alguma coisa errada comigo? Qual é o problema?

O marido se desculpou dizendo:

─ Sabe como é hoje em dia, né? A gente tem que ficar ligado...

Quando as pessoas, porém, ficam sabendo que Rafiki é estudante de medicina, mudam a
forma de tratá-lo.

Rafiki também não compreende um comportamento que chama sua atenção no Brasil: as
pessoas pedirem informações na rua sem antes dizer “bom dia”, “por favor”, “com licença”.
Mas ele não acredita que essa falta de educação seja maior aqui do que em outros países. A
gentileza tem sido pouco valorizada. Rafiki costuma dizer ultimamente que o mundo todo está
de patas para o ar.

(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)

Assinale a alternativa em que há palavras empregadas com sentido figurado.

a) Veio para o Brasil estudar medicina ...


b) ... pessoas fecham os vidros dos carros ...
c) ... viu um casal passar por ele ...
d) O angolano entrou em seguida ...
e) ... o mundo todo está de patas para o ar.

Comentários

A expressão de “de patas para o ar” apresenta evidente linguagem figurada, irreal, conotativa,
uma vez que “mundo” não tem patas. Com isso o sentido que se espera passar é de uma
realidade distorcida, abalada, invertida.

Concluindo que houve o usa de metáfora para expressar a visão de mundo que o autor possui.

Gabarito: Letra E.

426 - No trecho do 5° parágrafo – A gente tem que ficar ligado ... – a palavra destacada tem
sentido contrário de

418
a) Atento
b) Concentrado
c) Esperto
d) Alerta
e) Distraído

Comentários

- Distraído é antônimo de ligado (ficar atento).

- Atento; concentrado; esperto e alerta, de acordo com o sentido do texto, são sinônimos
de ligado.

Gabarito: Letra D.

427 - Na frase contida no 1° parágrafo – Já enfrentou o constrangimento... – a palavra


destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por

a) Desinteresse
b) Vexame
c) Medo
d) Descuido
e) Perigo

Comentários

- Constrangimento é sinônimo de vexame.

- Desinteresse é sinônimo de indiferença.

- Medo é sinônimo de pavor.

- Descuido é sinônimo de desmazelo.

- Perigo é sinônimo de risco.

Gabarito: Letra B.

428 - Os verbos defectivos representam aqueles que não possuem uma conjugação completa.
A alternativa em que todos os verbos são defectivos é

a) cantar / haver / fazer / vir


b) brincar / namorar / saber / ruir
c) estar / perdoar / vencer / querer
d) chorar / acordar / parecer / aturdir
e) adequar / reaver / colorir / extorquir

419
Comentários

- É possível analisar se um verbo é defectivo quando conjuga-o na primeira pessoa do presente


do indicativo.

Gabarito: Letra E.

429 –

Ortega y Gasset dizia que a comédia era um gênero que confirmava o poder do que já está
estabelecido: o indivíduo que se encontra fora das estruturas torna-se ridículo, cômico. (3º
parágrafo)

No trecho acima, o sinal de dois-pontos pode ser substituído, sem prejuízo do


sentido, por:

a) conquanto, precedido de vírgula.


b) mas, precedido de vírgula.
c) cujo.
d) à medida que.

420
e) pois, precedido de vírgula.

Comentários

- “conquanto” é classificada como conjunção concessiva.

- “mas” dá ideia de adversidade.

- “cujo” é classificado como pronome relativo.

- “à medida que” é classificada como oração subordinada adverbial de proporção.

- “pois” é classificada como conjunção coordenativa explicativa. Antes do verbo, tem sentido
de explicação ou conclusão.

Assim, após dois-pontos, temos necessidade de uma explicação do mencionado anteriormente,


logo, deve ser aplicada uma conjunção coordenativa explicativa.

Gabarito: Letra E.

430 –

Infestação de escorpiões no Brasil pode ser

imparável

A infestação de escorpião no Brasil é o exemplo perfeito de como a vida moderna se tornou


imprevisível. É uma característica do que, no complexo campo de problemas, chamamos de
um mundo “VUCA” (Volatility, uncertainty, complexity and ambiguity em inglês) - um mundo
volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Escorpiões, como as baratas que eles comem, são um a espécie incrivelmente adaptável . O
número de pessoas picadas em todo o Brasil aumentou de 12 mil em 2000 para 140 mil no
ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde. A espécie que aterroriza os brasileiros é o
perigoso escorpião amarelo, ou Tityus serrulatus. Ele se reproduz por meio do milagre da
partenogênese, significando que um escorpião feminino simplesmente gera cópias de si
mesma duas vezes por ano - nenhuma participação masculina é necessária.

A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico "problema perverso". Este termo,


usado pela primeira vez em 1973, refere-se a enormes problemas sociais ou culturais como
pobreza e guerra - sem solução simples ou definitiva, e que surgem na interseção de outros
problemas. Nesse caso, a infestação do escorpião urbano no Brasil é o resultado de uma gestão
inadequada do lixo, saneamento inapropriado, urbanização rápida e mudanças climáticas.

No VUCA, quanto mais recursos você der para os problemas, melhor. Isso pode significar tudo,
desde campanhas de conscientização pública que educam brasileiros sobre escorpiões até
forças-tarefa exterminadoras que trabalham para controlar sua população em áreas urbanas.

421
Os cientistas devem estar envolvidos. O sistema nacional de saúde pública do Brasil precisará
se adaptar a essa nova ameaça.

Apesar da obstinada cobertura da imprensa, as autoridades federais de saúde mal falaram


publicamente sobre o problema do escorpião urbano no Brasil. E, além de alguns esforços
mornos em nível nacional e estadual para treinar profissionais de saúde sobre o risco de
escorpião, as autoridades parecem não ter nenhum plano para combater a infestação no nível
epidêmico para o qual ela está se dirigindo.

Temo que os escorpiões amarelos venenosos tenham reivindicado seu lugar ao lado de crimes
violentos, tráfico brutal e outros problemas crônicos com os quais os urbanitas no Brasil
precisam lidar diariamente.

* Hamilton Coimbra Carvalho é pesquisador em Problemas Sociais Complexos, na Universidade


de São Paulo (USP).

Texto adaptado de Revista Galileu

(https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/MeioAmbiente/noticia/2019/02/infestacao-de-escorpioes-no-
brasilpode-ser-imparavel-diz-pesquisador.html)

Observe a oração destacada:

“A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico "problema perverso.”

Sobre seus termos, é correto afirmar que:

a) escorpião é núcleo do sujeito.


b) urbano é predicativo do objeto.
c) perverso é núcleo do sujeito.
d) clássico é núcleo do predicativo do objeto.
e) problema é núcleo do predicativo do sujeito.

Comentários

- Sujeito da oração é “infestação do escorpião urbano”.


- Núcleo do sujeito “infestação”.
- Adjunto adverbial de lugar “no Brasil”.
- Verbo de ligação “é”.
- Predicativo do sujeito “um clássico”
- Núcleo do predicado do sujeito “problema”.

Gabarito: Letra E.

431 – Com base no texto acima “Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável”,
observe os itens abaixo:

I. A maioria das pessoas não se preocupa com o lixo.

422
II. Pesquisa-se meios de combater a infestação.

III. O presidente, junto com alguns ministros, compareceu à solenidade de posse do


governador.

IV. Houveram motivos para o crescimento do número de escorpiões.

Pode-se afirmar que a concordância verbal está correta em:

a) I e II
b) I e III
c) I e IV
d) I, II e III
e) II, III e IV

Comentários

- “A maioria das pessoas não se preocupa com o lixo” concorda com o termo partitivo
ou com o termo especificado.

- “Pesquisa-se meios de combater a infestação” está errado porque o sujeito (paciente)


deveria estar no plural.

- “O presidente, junto com alguns ministros, compareceu à solenidade de posse do


governador” está gramaticalmente correta.

- “Houveram motivos para o crescimento do número de escorpiões” o verbo “haver”


no sentido de “existir” deve ser conjugado no singular, por ser impessoal.

Gabarito: Letra B.

432 – Com base no texto acima “Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável”,
responda:

“Escorpiões, como as baratas que eles comem, são uma espécie incrivelmente adaptável.”

A oração subordinada tem função e valor semântico iguais à do período em destaque


em:

a) Os médicos, como os demais profissionais de saúde, desempenham papel fundamental


nas políticas sanitaristas.

b) As intervenções, como haviam previsto, foram executadas no início do expediente.

c) Como as pessoas não acreditam em solução, desanimam facilmente.

d) Como combinado com eles, cuidaremos primeiro do lixo.

423
e) O planejamento das ações preventivas, como era complexo, precisou ser revisto.

Comentários

- “como” é classificada como conjunção subordinativa adverbial comparativa. Compara os


médicos com os demais profissionais da saúde, de modo similar à oração que compara
escorpiões com demais animais adaptáveis.

Gabarito: Letra A.

433 – Está de acordo com a norma-padrão de concordância nominal e verbal a alternativa:

a) Atividades desportivas depois da aula depende de deferimento do docente da disciplina


e só pode ser autorizado depois do meio-dia e meio.

b) Está proibido, a partir da próxima segunda-feira, as camisetas de torcidas e a entrada de


alunos não uniformizado para a prática de educação física.

c) Ficam condicionadas a autorização expressa dos pais as saídas dos alunos antes do
horário de encerramento das aulas.

d) Todos os funcionários devem receberem treinamento para ajudar na evacuação das salas
de aulas, em caso de haverem riscos de incêndio.

e) É dever dos docentes dar assistência ao aluno que os procurarem para sanar dúvidas,
mesmo fora dos horários destinado ao atendimento regular.

Comentários

- “Atividades desportivas depois da aula depende de...” o correto seria: dependem.

- “Está proibido, a partir da próxima segunda-feira, as camisetas...” o correto seria: estão


proibidas.

- “Todos os funcionários devem receberem treinamento para ajudar na evacuação...” o


correto seria: receber.

- “É dever dos docentes dar assistência ao aluno que os procurarem para sanar dúvidas...”
o correto seria: os procurar.

Gabarito: Letra C.

434 – Leia o texto, para responder a seguir.

Subi ao avião com indiferença, e como o dia não estava bonito, lancei apenas um olhar
distraído a essa cidade do Rio de Janeiro e mergulhei na leitura de um jornal. Depois fiquei a

424
olhar pela janela e não via mais que nuvens, e feias. Na verdade, não estava no céu; pensava
coisas da terra, minhas pobres, pequenas coisas, uma aborrecida sonolência foi me
dominando, até que uma senhora nervosa ao meu lado disse que “nós não podemos descer!”
O avião já havia chegado a São Paulo, mas estava fazendo sua ronda dentro de um nevoeiro
fechado, à espera de ordem para pousar. Procurei acalmar a senhora.
Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se abanava com uma revista. Tentei convencê-
la de que não devia se abanar, mas acabei achando que era melhor que o fizesse. Ela precisava
fazer alguma coisa, e a única providência que aparentemente poderia tomar naquele momento
de medo era se abanar. Ofereci-lhe meu jornal dobrado, no lugar da revista, e ficou muito
grata, como se acreditasse que, produzindo mais vento, adquirisse maior eficiência na sua luta
contra a morte.
Gastei cerca de meia hora com a aflição daquela senhora. Notando que uma sua amiga
estava em outra poltrona, ofereci- -me para trocar de lugar, e ela aceitou. Mas esperei
inutilmente que recolhesse as pernas para que eu pudesse sair de meu lugar junto à janela;
acabou confessando que assim mesmo estava bem, e preferia ter um homem – “o senhor” –
ao lado. Isto lisonjeou meu orgulho de cavalheiro: senti-me útil e responsável. Era por estar
ali eu, um homem, que aquele avião não ousava cair. (Rubem Braga, Um braço de mulher. Os
cem melhores contos brasileiros do século.)

Assinale a alternativa que substitui o trecho destacado e expressa a relação de sentido que a
conjunção “embora” estabelece na passagem – Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se
abanava com uma revista.

a) contanto que fizesse frio – condição.


b) mesmo fazendo frio – concessão.
c) apesar de fazer frio – modo.
d) desde que fazia frio – tempo.
e) a menos que fizesse frio – consequência.

Comentários

- conjunções concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da


principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de
que, se bem que, mesmo que...

Gabarito: Letra B.

435 – Em análise ao texto acima, responda:

425
A alternativa que reescreve passagem do texto de acordo com a norma-padrão de regência
verbal é:

a) ...e preferia ter um homem – “o senhor” – ao lado, a ter a amiga.


b) Tentei fazê-la crer de que não devia se abanar ...
c) Adentrei do avião com indiferença ...
d) ...esperei inutilmente que retraísse nas pernas
e) ... acabou mencionando a que assim mesmo estava bem ...

Comentários

- “...crer de que não devia...” está incorreto. Quem crê, crê em algo e não de”.

- “Adentrei do avião...” está incorreto, pois quem adentra, adentra em algo.

- “...que retraísse nas pernas” está incorreto, pois que retrai, retrai algo e não “em”.

-“... acabou mencionando a que...” está incorreto porque quem mencina, menciona algo e não
“a”.

Gabarito: Letra A.

436 –

426
Texto CG1A1-I

Considerando os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o item a seguir.

Dada a regência do verbo tender, é facultativo o emprego do sinal indicativo de crase no


vocábulo “a” em “tendem a ser menos efetivas” (l. 45).

( ) Certo

427
( ) Errado

Comentários

Casos de crase facultativa:

1) Pronome possessivo – feminino no singular; 2) Depois da preposição “até” ; 3) Nome


próprio – feminino

Não se usa crase:

1) Antes de palavras masculinas em geral; 2) Antes de artigo indefinido, exceto indicação


de horas (um, uns, umas, etc); 3) Entre palavras repetidas que constituem expressões
idiomáticas (dia a dia, boca a boca, etc); 4) Antes de verbo; 5) Antes de palavra plural
quando o 'a' está no singular; 6) Antes de numeral, exceto horas (de 1⁄5 a 3/5); 7) Antes de
nome próprio feminino completo; 8) Depois de preposição, exceto até (para, perante, etc); 9)
Em sujeito; 10) Em objeto direto; 11) Antes de Dona + Nome próprio; 12) Antes de pronomes
pessoais (ele, ela, mim, etc); 13) Antes de pronome de tratamento em geral; 14) Antes de
pronomes demonstrativos não iniciados por 'a'; 15) Antes de pronomes indefinidos;

Gabarito: Errado.

437 - Considerando os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o item a seguir.

A substituição da forma verbal “desenvolveram” (l. 22) por desenvolveu manteria a correção
gramatical do texto.

( ) Certo

( ) Errado

Comentários

Em expressões partitivas, coletivas ou com porcentagens: o verbo pode concordar com o


núcleo ou com o especificador. Logo, o verbo pode, indiferentemente, ficar no singular ou no
plural.

Gabarito: Certo.

438 - Considerando os aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, julgue o item a seguir.

Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, a forma verbal “restam”
(l. 26) poderia ser substituída por mantém-se.

( ) Certo

( ) Errado

428
Comentários

Os verbos derivados dos verbos “ter” e “vir” são conjugados com acento agudo na 3ª pessoa
do singular e com acento circunflexo na 3ª pessoa do plural.

Assim, o núcleo do sujeito está no plural “companhias”, devendo a concordância correta ser
feita na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo “mantêm-se”.

Gabarito: Errado.

439 - A única construção que NÃO contém nenhum tipo de deslize gramatical é:

a) A casa que me venderam está em mau estado de conservação.


b) A obra a qual me referi ontem está esgotada.
c) O cargo porque anseias está a cada dia que passa mais distante.
d) A mulher para que dedicaste-lhe aquela poesia não existe mais.
e) Certos autores, os cujos me nego a declinar, parecem não pisarem no chão.

Comentários

- “A obra a qual me referi ontem...” o modo correto seria: “A obra à qual...”

- “O cargo porque anseias está a cada dia...” o modo correto seria: “O cargo por que anseias
está a cada dia...”

- “A mulher para que dedicaste-lhe aquela...” o modo correto seria: “A mulher para que
dedicaste-lhe aquela...” o modo correto seria: “A mulher para que lhe dedicaste aquela...”

- “ ... parecem não pisarem no chão” o modo correto seria: “...parecem não pisar no chão”.

Gabarito: Letra A.

440 –

429
Quantas orações compõem o período a seguir, retirado do texto: “Declaramos clara e
inequivocamente que o planeta Terra está enfrentando uma emergência climática”, afirmou
uma declaração chamada “Emergência Climática” feita por mais de 11 mil cientistas do
mundo.”:

a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

Comentários

430
“Declaramos clara e inequivocamente que o planeta Terra está enfrentando uma emergência
climática”, afirmou uma declaração chamada “Emergência Climática” feita por mais de 11 mil
cientistas do mundo.”

Gabarito: Letra D.

441- No trecho: “Mas o prêmio já previa isso, e deixou claro no seu anúncio”, retirado do
texto, quantas outras alterações deveriam ser obrigatoriamente feitas caso substituíssemos a
palavra “prêmio” por sua forma plural?

a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

Comentários

“Os prêmios já previam isso, e deixaram ...”.

Gabarito: Letra B.

442 - Analise o trecho a seguir: “um levantamento (1) feito pelo dicionário inglês (2) mostrou
um aumento (3) exponencial (4) nas pesquisas da expressão (5)” (l. 33-34). O termo que
exerce a função de agente da passiva é dado por:

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

Comentários

O termo “pelo dicionário inglês” é o agente da voz passiva analítica.

OBS: o agente da passiva geralmente vem ligado a preposição “por”, mas pode estar ligado
a preposição “de”.

Gabarito: Letra B.

443 - A concordância das palavras está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa
em:

431
a) Aqueles projetos foram adiados por dois meses.
b) Veio, naquela semana, dezoito candidatos ao emprego.
c) Ela mesmo resolveu pedir demissão.
d) Suas ideias não foi bem aceita pelos diretores.
e) A recepcionista sequer disse obrigado ao funcionário.

Comentários

- “Veio, naquela semana, dezoito...” o correto seria: “Vieram, naquela semana...”

- “Ela mesmo resolveu...” o correto seria “Ela mesma resolveu...”

- “Suas ideias não foi bem aceita pelos...” o correto seria “Suas ideias não foram bem aceitas
pelos...”

- “A recepcionista sequer disse obrigado...” o correto seria “A recepcionista sequer disse


obrigada...”

Gabarito: Letra A.

444 – Leia o texto para responder à questão.

A vontade é capaz de operar grandes mudanças

Harland Sanders (1890-1980) gerenciava um restaurante de beira de estrada, localizado


no sul do estado norte-americano do Kentucky. Sua clientela era composta na maior parte de
viajantes. O lugar tinha grande reputação e gerava bastante lucro. A popularidade do
restaurante crescia, a ponto de Sanders resolver ampliá-lo e torná-lo 24 horas.

Entretanto, uma nova estrada foi construída, absorvendo boa parte do fluxo de veículos.
Era a ruína de Sanders, que colocou o estabelecimento à venda. Após pagar dívidas e impostos,
pouco lhe sobrara. Aos 65 anos, perdera tudo.

Mas ele não desistiu.

– Se as pessoas não vêm, vá até elas. – disse-lhe a esposa.

– É isso! Vamos nos concentrar na venda do nosso prato mais popular: o frango frito! –
concordou ele.

E Sanders teve então a ideia de algo inteiramente novo.

– Façamos com que os restaurantes incluam nosso frango frito nos seus cardápios. Ensinarei
o modo de prepará-lo e, em troca, ficaremos com uma porcentagem das vendas.

Nasciam os royalties, que são uma quantia paga por alguém a um proprietário pelo direito
de usar, explorar ou comercializar seu produto, obra, terreno etc. Atualmente, são comuns no
sistema de franquia.

Para iniciar a divulgação, ele começou fazendo amostras de degustação e as servia aos
proprietários e chefs de restaurantes. Assim, conheceram o delicioso sabor do frango frito.

432
Sanders levava consigo uma panela de pressão e os condimentos necessários e saía em visita.
No início, foi difícil, mas após visitar muitos restaurantes, obteve grande sucesso.

Sanders faleceu aos 90 anos, em 1980. Seu frango frito ultrapassou as fronteiras dos
Estados Unidos e estabeleceu-se em 48 países, com mais de seis mil unidades. Nas cidades
japonesas, por exemplo, é comum encontrar a imagem de Sanders, um velhinho grisalho de
terno branco, gravata preta e bengala. Seu rosto risonho é a manifestação da alegria de viver
em busca de um sonho.

(Koichi Kimura. A bagagem dos viajantes: histórias de ética e


sabedoria. São Paulo: Ed. Sartry, 2014. Adaptado)

Na frase “Entretanto, uma nova estrada foi construída...”, a palavra destacada


estabelece, no texto, relação de

a) Conclusão
b) Causa
c) Oposição
d) Comparação
e) Tempo

Comentários

- “Entretanto” é classificada como conjunção coordenativa adversativa, expressando teor


semântico de adversidade, contraste e oposição. Além de ser equivalente aos conectivos:
mas, porém, contudo...

Gabarito: Letra C.

445 - De acordo com o texto, o Viaduto Santa Tereza foi construído para

a) Carlos Drummond de Andrade escala-lo.


b) conectar dois bairros.
c) aumentar o tráfego de veículos naquela região.
d) enaltecer os bairros vizinhos.
e) melhorar a qualidade de vida dos mineiros.

Comentários

- Segundo o texto: Com revestimento de argamassa em tom de concreto, o viaduto foi


criado para ligar o bairro da Floresta, onde morava o poeta, ao Centro – cumprindo,
profeticamente, os desígnios da letra do compositor Rômulo Paes: “Minha vida é esta: subir
Bahia e descer Floresta”.

433
Gabarito: Letra B.

446 - Analise: “dê uma incerta no sebo Crisálida”, o vocábulo “incerta” pode ser
substituído por qual termo e ainda assim, a oração continua com o mesmo sentido e
mantem a concordância.

a) Visita despretensiosa.
b) Visita programada.
c) Incluída no roteiro.
d) Não certeza.
e) De despercebida.

Comentários

- Observa-se um aconselhamento para que se faça uma visita ao sebo Crisálida (uma incerta,
algo sem pretensão, uma visita não programada).

"Peça um bife à parmegiana na Cantina do Lucas, dê uma incerta no sebo Crisálida, na


sobreloja, onde o varandão abriga happy hour e baladas noturnas (...)"

Gabarito: Letra A.

447 - Analise: “O primeiro roteiro pode ser percorrido a pé” e assinale a alternativa
correta.

a) O núcleo do sujeito é “roteiro”.


b) O núcleo do sujeito é “primeiro”.
c) O verbo principal é “percorrer”.
d) O advérbio de intensidade é “a pé”.
e) O advérbio “a pé” pode ser substituído por “de a pé” e ainda assim, fará parte da
Gramática Normativa da Língua Portuguesa.

Comentários

- “O primeiro roteiro pode ser percorrido a pé”. Logo, o núcleo do sujeito é “roteiro” →
correto, o sujeito simples é "o primeiro roteiro"; o núcleo do sujeito é "roteiro", os outros
termos são adjunto adnominais.

- Ele é a palavra principal do sujeito simples (o primeiro roteiro).

OBS: Na análise para a identificação do sujeito, ao transportar o verbo para o plural, se for
sujeito, ele acompanhará a alteração, auxiliando na sua identificação.

Gabarito: Letra A.

448 - No sétimo parágrafo, Belo Horizonte foi chamada também de

a) Maletta.
b) metrópole.
c) tediosa.

434
d) chuvosa.
e) famosa.

Comentários:

- 7º parágrafo: Mas não perca o foco no Maletta: vire à esquerda na Rua da Bahia, que, nas
palavras do poeta Paulinho Assunção, “inventou Belo Horizonte”. Famosa, a rua concentrou os
bares favoritos de jornalistas e escritores e as redações dos principais jornais impressos – num
deles trabalhou Rubem Braga, que, fazendo troça do caráter provinciano da metrópole,
chamou-a de “Belorizontem” numa crônica.

Gabarito: Letra B.

449 - Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo presente.

a) Harland Sanders gerenciava um restaurante...


b) ... uma nova estrada foi construída...
c) Após pagar dívidas e impostos, pouco lhe sobrara.
d) ... ficaremos com uma porcentagem das vendas.
e) Atualmente, são comuns no sistema de franquias.

Comentários

- “Gerenciava” está no pretérito imperfeito do indicativo.


- “Foi” está no pretérito perfeito do indicativo.
- “Sobrara” está no pretérito mais-que-perfeito do indicativo
- “Ficaremos” está no futuro do presente do indicativo.
- “São” está na 3ª pessoa do plural no presente do indicativo.

Gabarito: Letra E.

450 - Leia as frases a seguir e depois coloque C (se a regência estiver correta) ou E (se a
regência estiver errada):

( ) Revelou-se falsa a causa por que tanto lutei durante minha vida.

( ) A extinção de espécies animais é um fato do qual ele se preocupa.

( ) O romance cujo autor tenho simpatia se encontra esgotado.

( ) Não tenham dúvidas que o mundo vai melhorar, diminuindo a pobreza.

( ) Existem muitos modos em que podemos recorrer para rever a sentença.

( ) O professor atendeu os orientandos na tarde de ontem.

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de cima para baixo:

435
a) E–E–C–E–C–C
b) E–C–C–E–C–E
c) E–C–E–C–C–E
d) C–E–E–E–E–C
e) C–E–C–C–E–C

Comentários

- “... animais é um fato do qual ele se preocupa”; o correto seria “... animais é um fato com
o qual ele se preocupa”

- “O romance cujo autor tenho...” ; o correto seria “O romance por cujo autor tenho...”

- “Não tenham dúvidas que o mundo...” ; o correto seria “Não tenham dúvidas de que o
mundo...”

- “Existem muitos modos em que podemos...” ; o correto seria “Existem muitos modos a que
podemos...”

Gabarito: Letra D.

451 – LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO

“Como é antigo o passado recente!" Gostaria que a frase fosse minha, mas ela é de Nelson
Rodrigues numa crônica de "A Menina sem Estrela". Também fico perplexa com esse fenômeno
rápido e turbulento que é o tempo da vida. Não são poucas as vezes em que me volto para
algum acontecimento acreditando que ele ainda é atual e descubro que ele faz parte do
passado para outros. Um exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me a eventos que se
passaram nos anos 70 e meus alunos me olham como se eu falasse da Idade Média... E eu
nem contei para eles que andei de bonde!

A distância entre nós não é apenas uma questão de gerações. Eles nasceram em um
mundo já transformado pela tecnologia e pela informática. Uma transformação que começou
nos anos 50 e que não nos trouxe somente mais eletrodomésticos e aparelhos digitais. Ela
instalou uma transformação radical do nosso modo de vida.

Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o jeito de namorar, de vestir, de procurar
emprego, de andar na rua e de se locomover pela cidade. Mudou o corpo. Mudou o jeito de
escrever, de estudar, de morar e de se divertir. Mudou o valor da vida, do dinheiro e das
pessoas...

Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda, ele não tem volta. Não se pode ter a
experiência dele nunca mais. Por isso, meus alunos e eu só podemos compartilhar o tempo
atual. Não podemos compartilhar um tempo que, para eles, é passado, mas, para mim, ainda
é presente. Os fatos de 30 anos atrás não são passado na minha vida. Para mim, meu passado
não passou e minha história não envelhece. Minha memória pode alcançar os acontecimentos
que vivi a qualquer momento, e posso revivê-los como se ocorressem agora. Mas, se eu os
narrar, quem me ouve não pode, como eu, vivenciá-los. Por isso, para meus alunos, são contos
o que para mim é vida.

436
Mas é assim que corre o rio da vida dos homens, transformando em palavras o que hoje
é ação. Se não forem narrados, os acontecimentos e os nossos feitos passam sem deixar
rastros. Faladas ou escritas, são as palavras que salvam o já vivido e o conservam entre nós.
Salvam os feitos e os acontecimentos da sua total desintegração no esquecimento.

A memória do já vivido e a sua narração numa história é o que possibilita a construção da


História e das nossas histórias pessoais. Só os feitos e os acontecimentos narrados em histórias
são capazes de salvaguardar nossa existência e nossa identidade.

Só conservados pela lembrança é que os feitos e os acontecimentos podem entrar no


tempo e fazer parte de um passado. Recente ou antigo.

(CRITELLI, Dulce. In cronicasbrasil.blogspot.com/search/ label/Dulce%20 Critelli)

Dos trechos transcritos abaixo, em que foram destacados em caixa alta alguns
conectivos aquele em que a definição do valor semântico NÃO corresponde ao
contexto é:
a) “Também fico perplexa COM esse fenômeno rápido e turbulento que é o tempo da
vida.” (1º §) / consequência.

b) “E, QUANDO um jeito de viver muda, ele não tem volta.” (4º §) / tempo.

c) “Mas, SE eu os narrar...” (4º §) / condição.

d) “quem me ouve não pode, COMO eu, vivenciá-los.” (4º §) / comparação.

e) “os acontecimentos e os nossos feitos passam SEM deixar rastros.” (5º §) / modo.

Comentários

- A preposição “com” expressou a cauda que fez com que ficasse perplexa.

OBS: 1) Causa/consequência ''andam'' sempre juntas; 2) O fato de(causa) fez com que
(consequência); 3) Recebe o nome da ideia que vem depois da conjunção.

Gabarito: Letra A.

452 - O título “Lembrança e esquecimento” constitui uma antítese que está relacionada a uma
oposição de ideias presentes no texto, correspondente:

a) as gerações mais velhas e os mais jovens.


b) os feitos e acontecimentos passados e a vida presente.
c) a geração dos professores e a geração dos alunos.
d) as mudanças do passado e a permanência do presente.
e) o passado narrado e o passado sem narração.

Comentários

- “Lembrança” retrata um passado narrado.

437
- “Esquecimento” retrata um passado sem narração.

Gabarito: Letra E.

453 –

438
Depreende-se do texto que o cineasta Bong Joon-ho:

a) opta por uma linguagem artística convencional, que apresenta metáforas de fácil
compreensão, e deixa de tratar de contradições.

b) defende a ideia de que o discurso artístico pode ser usado para expressar
indignação a respeito da desigualdade que permeia o sistema capitalista.

c) parte do pressuposto de que na linguagem cinematográfica as metáforas devem


ser rapidamente assimiladas pela audiência.

d) revela as contradições do projeto de renovação modernista, propondo, em seu


lugar, um discurso arrojado que caracteriza sua arte como “de ruptura”.

e) contempla as contradições e os mistérios da natureza humana a partir de um


discurso facilmente assimilável pela audiência.

Comentários

- “...deixa de tratar de contradições...” possui sentido diverso do que “...evitando as


contradições....".

"...deixa" não demonstra expressamente que há contradição, enquanto "evitando" demonstra


contradição, mas o autor evita.

Gabarito: Letra A.

454 - Entre as razões que levaram “Parasita” a ser classificado como conservador, está o fato
de que o filme

a) apresenta o indivíduo moderno como um ser resignado diante das mazelas sociais.
b) expressa a necessidade de transgredir a ordem social e econômica.
c) vale-se de situações cômicas com o intuito de sancionar a autoridade estabelecida.
d) furta-se a questionar as diretrizes do entretenimento comercial.
e) trata da desigualdade econômica por meio de linguagem minimalista.

Comentários

- De acordo com o texto, o objetivo do texto é expressar a urgência de uma correção da ordem
social e econômica, sem romper com as regras de entreterimento.

Gabarito: Letra D.

455 - Considerando a norma-padrão da língua portuguesa, assinale a alternativa que


preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto a seguir.

439
É muito ruim quando os casais ficam habituados________ brigas. É importante que as pessoas
_________conscientizem ________ é preciso viver em harmonia.

a) para as ... os ... a que


b) nas ... lhes ... de que
c) das ... os ... em que
d) com as ... os ... de que
e) pelas ... lhes ... a que

Comentários

- quem se habitua, se habitua com alguma coisa.

- O verbo conscientizar está no conjugado no transitivo direto, que pede o objeto direto.
Portanto, é importante que as pessoas os conscientizem.

- As pessoas se conscientizam de alguma coisa “de que é preciso viver em harmonia”.

Gabarito: Letra D.

456 - “Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços
nus, para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata,
a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de
mulher.

Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando
a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal,
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse
à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas,
descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”

O cortiço, Aluísio de Azevedo.

Em “requebrado luxurioso”, o termo “luxurioso” poderia ser substituído, sem


mudança de sentido, por:

a) escasso.
b) minguado.
c) falso.
d) impróprio.
e) opulento.

440
Comentários

- “escasso” é algo sem fatura; não abundante. Sinônimo de raro.

- “minguado” é algo privado; desprovido. Sinônimo de diminuído.

- “falso” é algo contrário à verdade. Sinônimo de mentiroso.

- “impróprio” é algo não apropriado; descabido. Sinônimo de inadequado.

- “opulento” é algo suntuoso; abundante. Sinônimo de rico.

Gabarito: Letra E.

457 –

441
O programa Na Medida, de que trata o texto,

a) tem como público alvo os professores de escolas de ensino fundamental.


b) estimula os clientes da Pernod Ricard ao consumo mais responsável.
c) parte do princípio de que a educação favorece a prevenção.
d) propõe a premiação das escolas participantes.

Comentários

442
Com base no segundo parágrafo do texto é possível concluir que parte do princípio de que a
educação favorece a prevenção, vejamos: “Na prática, a iniciativa reforça o posicionamento
da empresa de que a educação é a chave para a prevenção.”

Gabarito: Letra C.

458 - De acordo com o texto acima, a preocupação com o consumo de bebida alcoólica

a) já é notada há muito tempo no público adulto.


b) se deve à facilidade de acesso à informação.
c) é uma tendência recentemente observada.
d) depende do incentivo dos fabricantes.

Comentários

De acordo com o primeiro parágrafo do texto referido, é nítido observar que a preocupação
com o consumo de bebida alcoólica se deve à facilidade de acesso à informação, vejamos:
“...De certa forma, esse novo movimento tem uma relação direta com o aumento da facilidade
com que as pessoas têm encontrado informações sobre o abuso do álcool...”

Gabarito: Letra B.

459 -

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. RJ: Vozes, 2013, p. 25–26, com adaptações.

443
Assinale a alternativa em que o referente semântico da palavra sublinhada em
“Pode-se dizer que não há nisso nada de extraordinário, que é do destino do direito
absorver pouco a pouco elementos que lhe são estranhos.” (linhas de 8 a 10) está
corretamente indicado.

a) Em “um processo global” (linha 3).


b) Em uma “operação penal inteira” (linha 7).
c) Em “grandes códigos dos séculos 18 e 19” (linha 2).
d) Na presença de “elementos e personagens extrajurídicos” (linhas 7 e 8).
e) Em um “sistema penal – o definido pelos grandes códigos” (linhas 1 e 2).

Comentários

- A operação penal inteira se carregou de elementos e personagens extrajurídicos. Não há


nisso nada de extraordinário ...

- Há um pronome demonstrativo com caráter anafórico.

- Refere-se à presença de elementos e personagens extrajurídicos.

Dica:

"Esse" é usado para retomar um termo, uma ideia ou uma oração já mencionados.
"Este"introduz uma ideia nova, ainda não mencionada.
''Isto'' é usado quando o que está a ser demonstrado está perto da pessoa que fala.
''Isso'' se refere ao que foi mencionado no discurso.
Logo, Nisso, é a junção de "em" (preposição) + "isso" (pronome).

Gabarito: Letra D.

460 -

444
DAMÁZIO, Daiane da Silva. O Sistema Prisional no Brasil: problemas e desafios para o serviço social.
Disponível em: <http://tcc.bu.ufsc.br/Geografia283197.pdf>. Acesso em: 1o out. 2019, com adaptações.

Com relação à tipologia, assinale a alternativa correta.

a) Os dois primeiros períodos correspondem à tese de um texto dissertativo-argumentativo,


em que se apresenta um ponto de vista acerca da segurança em geral.

b) O parágrafo é injuntivo, visto que pretende convencer o leitor da importância da parceria


entre o Estado e a sociedade civil na consolidação democrática.

c) O parágrafo corresponde à introdução de um texto narrativo, em que se apresenta a


história da segurança pública no Brasil e da consolidação da democracia.

d) O texto é predominantemente descritivo, uma vez que objetiva caracterizar, de forma


detalhada, a segurança pública no Brasil.

e) O texto é expositivo e argumentativo, já que, além de informar o leitor quanto à


segurança pública no Brasil, apresenta opinião a respeito do tema.
Comentários

Com relação à tipologia, temos um texto expositivo-argumentativo. Apresenta o tema,


demonstrando sua opinião, pois o emissor foca nos argumentos necessários para a explanação
de suas ideias.

Gabarito: Letra E.

461 - Acerca das relações que se estabelecem em “Esta parceria entre o Estado e a sociedade
civil é essencial para a criação de um novo referencial que veja na segurança espaço
importante para a consolidação democrática e para o exercício de um controle social da
segurança.” (linhas de 8 a 12), as quais permitem a compreensão das ideias do autor em
relação ao problema da segurança pública, assinale a alternativa correta.

a) A criação de um novo referencial de segurança e a consolidação da democracia são


consequências da parceria entre o Estado e a sociedade civil.

b) A criação de um novo referencial de segurança é causa da consolidação democrática e


do exercício de um controle social.

c) A criação de um novo referencial de segurança e a consolidação democrática são a


finalidade da parceria entre o Estado e a sociedade civil.

d) A criação de um novo referencial de segurança explica o quão essencial é a parceria entre


o Estado e a sociedade civil.

e) A criação de um novo referencial de segurança exemplifica a consolidação democrática e


o exercício de um controle social de segurança pública.

Comentários

445
Esta parceria entre o Estado e a sociedade civil é essencial para a (finalidade) criação de um
novo referencial que veja na segurança espaço importante para a consolidação democrática e
para o exercício de um controle social da segurança.”

De acordo com a parte do texto, é possível observar que o conectivo e o sentido da oração
indicam finalidade.

Gabarito: Letra C.

462 - Texto 1 para responder à questão.

JARRETT, C. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut44282247>. Acesso em: 13 set.


2019, com adaptações.

Considerando como referência a norma-padrão e as questões gramaticais relativas


ao texto, assinale a alternativa correta.

a) A substituição do título pela redação Como é mudado pela prisão a personalidade


de detentos está correta, pois foi preservada a conformidade com as regras de concordância.

b) A redação o problema são essas mudanças de personalidade, os quais, embora


ajudem o indivíduo a sobreviver à prisão, são contraproducentes para sua vida após
a soltura., por estar totalmente correta do ponto de vista da concordância, poderia substituir
o trecho “o problema é que essas mudanças de personalidade, embora ajudem o indivíduo a
sobreviver à prisão, são contraproducentes para sua vida após a soltura.” (linhas de 5 a 7).

c) No lugar do verbo “há” (linha 8), o autor poderia empregar a forma verbal existe.

446
d) A redação que submeteram-se em média a 19 anos na prisão está correta do ponto
de vista da colocação do pronome se, por isso poderia substituir a oração “que passaram em
média 19 anos na prisão” (linha 11).

e) Caso o autor resolvesse empregar a construção de entrevistados, logo após o termo


sublinhado no trecho “descobriram que o grupo desenvolveu” (linhas 13 e 14), a forma verbal
“desenvolveu” deveria obrigatoriamente permanecer na terceira pessoa do singular.
Comentários

- “...Como é mudado pela prisão a personalidade de detentos...” o correto seria


mudada¸ concordando com o núcleo do sujeito posposto.

- “...mudanças de personalidade, os quais, embora ajudem o indivíduo...” o correto


seria as quais, retomando “mudanças de personalidade”.

- “...o autor poderia empregar a forma verbal existe.” o correto seria usar “existem”, verbo
pessoal concordando com o núcleo do sujeito posposto.

- “A redação que submeteram-se em média a 19 anos na prisão está correta do ponto de


vista...” o correto é “que se submeteram”.

- “Caso o autor resolvesse empregar a construção de entrevistados...” o mais correto, apesar


da concordância ser facultativa, seria “...infelizmente, às vezes, em uma prova temos que ir
na melhor opção...”

Gabarito: Letra E.

447
Leia atentamente o texto II e responda das questões 463 à 474.

463 – Na organização discursiva da frase “não sou pipoca, mas também dou meus pulinhos”
(linha 25) percebemos uma relação de:

a) adição.
b) conclusão.
c) adversidade.
d) alternância.
e) explicação.

Comentários

Conjunções adversativas indicam oposição e contraste dentro de uma mesma oração.

Gabarito: Letra C.

448
464 - Em relação à estrutura narrativa do gênero textual representado no texto II, é CORRETO
afirmar:

a) Trata-se de uma crônica por apresentar linguagem simples e relatar um fato do cotidiano
em tom de humor.

b) Trata-se de uma pequena novela, tendo em vista a existência de personagens e o caráter


humorístico.

c) Trata-se de um ensaio por evidenciar uma pesquisa científica que seria feita com frases
de caminhão.

d) Trata-se de um conto, uma vez que narra uma história fictícia com personagens reais.

e) Trata-se de um relatório, pois lista uma sequência de frases de para-choques de


caminhão.

Comentários

Trata-se de uma crônica, pois narra fatos do dia a dia, acontecimentos cotidianos e atuais. Ora
com intenção crítica, ora com intenção poética ou de ambas as maneiras. É comum que a
crônica apresente características claras de humos. A linguagem costuma ser coloquial e
simples.

Gabarito: Letra A.

465 - O texto apresenta doze frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente
dos caminhões. Sobre essas frases, é CORRETO afirmar.

a) São frases reflexivas que denotam sabedoria e permitem a reflexão sobre a existência e
a vida.

b) São provérbios, frases curtas que têm por função aconselhar e advertir, transmitindo
ensinamentos.

c) São charadas, frases divertidas que desafiam os leitores a adivinharem os significados.

d) São frases curtas para caber no para-choque, geralmente engraçadas, tendo por objetivo
o riso.

e) São acrósticos nos quais as primeiras letras de cada verso formam, em sentido vertical,
uma palavra.

Comentários

O texto apresenta doze frases que os motoristas costumam pintar à frente dos caminhões.
Sobre as frases, é correto afirmar que: são frases curtas para caber no para-choque,
geralmente engraçadas, tendo por objetivo o riso.

449
- Nem todas frases são reflexivas.

- “Minha mão precisa de uma nora" não é provérbio.

- Não há charada.

- As duas primeiras letras de cada verso não são acrósticos.

Gabarito: Letra D.

466 - Em relação à organização discursiva do texto II, é CORRETO afirmar:

a) Predomina o discurso direto por conta do uso contínuo da primeira pessoa.


b) Predomina o discurso direto que consiste na transcrição exata da fala dos personagens.
c) Predomina o discurso indireto, caracterizado pela intervenção do narrador no discurso.
d) Predomina o discurso indireto por conta do uso contínuo da terceira pessoa.
e) Predomina o discurso indireto livre não havendo marcas que mostrem a mudança do
discurso.

Comentários

O discurso que predomina no texto II é o direto porque o personagem está falando, há


introdução de travessão, 2 pontos, e começa a falar direto.

Quando o discurso é indireto o narrador se apropria da fala do personagem. Usa verbos de


locução - QUE, SE.

OBS: o discurso indireto livre é a fusão entre o narrador e personagem, não usa verbos de
locução e o texto se apresenta em 3ª pessoa.

Gabarito: Letra B.

467 – Dentro da estrutura narrativa, o narrador é a entidade que tem o profundo


conhecimento da história a ser contada e a torna pública aos leitores pelo ato narrativo.
Considerando-se o narrador do texto II, é CORRETO afirmar:

a) Trata-se de um narrador-onisciente. Aparece na terceira pessoa e está a par de tudo.

b) Trata-se de um narrador-observador. Aparece na terceira pessoa e apenas expõe os


eventos.

c) Trata-se de um narrador-testemunha. É um dos personagens inseridos na história, mas


não é o principal.

d) Trata-se de um narrador-personagem. Aparece na primeira pessoa e participa da história.

450
e) Trata-se de um narrador não confiável. É aquele que tem sua credibilidade
comprometida.

Comentários

Temos o uso da 1ª pessoa do singular e a presença de um narrador-personagem. Há uma


relação íntima com outros elementos da narrativa.

OBS - tipos de narradores:

Narrador Personagem = primeira pessoa, ele se coloca dentro da história, é um dos


personagens; Narrador Onisciente = que sabe tudo, mas se coloca fora da história, não é
uma das personagens, 3º pessoa; Narrador Observador = O narrador não sabe o que
acontece no mundo interno da personagem, 3º pessoa.

Gabarito: Letra D.

468 – Um dos sentidos possíveis para a frase “poeira é minha penicilina” (linha 19) é:

a) poeira é meu remédio.


b) poeira é meu destino.
c) poeira é minha estrada.
d) poeira é minha vida.
e) poeira é minha profissão.

Comentários

"penicilina" é um remédio, um antibiótico usada para diversas doenças; logo, poeira é o


remédio/penicilina.

Gabarito: Letra A.

469 – As funções da linguagem configuram-se num importante fenômeno semiológico.


Considerando-se os trechos a seguir: “Precisa de quê” (linha 06); “Continue” (linha 10) e “Não
chora, morena, que eu volto” (linha 11), assinale a opção que apresenta corretamente e
respectivamente as funções da linguagem neles expressas.

a) Fática, conativa e emotiva.


b) Referencial, poética e metalinguística.
c) Referencial, metalinguística e poética.
d) Referencial, conativa e emotiva.
e) Fática, metalinguística e poética.

Comentários

Função fática: busca estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação. É aplicada em


situações em que o mais importante não é o que se fala, nem como se fala, mas sim o contato
entre o emissor e o receptor.

451
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma
coisa por meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da
função). Os verbos costumam estar no imperativo ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa.

Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios.


A realidade é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada
no emitente e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa.

Gabarito: Letra A.

470 – Na frase “Deus, eu e o Rocha” (linha 28), o pronome pessoal em destaque se refere
ao:

a) narrador da história.
b) caminhão.
c) motorista do caminhão.
d) irmão do narrador.
e) chefe de escritório do irmão do narrador.

Comentários

De acordo com o último parágrafo, o “eu” era a o caminhão. Observe: Rocha era o
motorista. Deus era Deus mesmo, e eu, o caminhão.

Gabarito: Letra B.

471 - Acerca da palavra “código” presente no título do texto II, é CORRETO afirmar
o seguinte:

a) Diz respeito à metalinguagem na qual utiliza-se um código para descrever algo sobre
outro código.

b) Diz respeito ao enigma que permeia, geralmente, as frases de caminhão.

c) Diz respeito a uma combinação de signos que sutilmente define as frases de caminhão.

d) Diz respeito a um jogo discursivo que dificulta a compreensão das frases de caminhão.

e) Diz respeito ao fato de as frases de caminhão não serem, a princípio, decifradas pelo
narrador.

Comentários

A resposta está da linha 33 à 35. O narrador-personagem soltou as frases sem qualquer


sentido, por isso a pessoa que transmitia o recado pensou que poderia ser uma mensagem
codificada conforme a linha 21.

452
Gabarito: Letra E.

472 – A organização discursiva do texto II parece, inicialmente, levar a um emaranhado de


frases desconexas. Somente no final, os sentidos se encaixam. Isso se deve ao fato de:

a) o narrador ter-se lembrado de que havia encomendado uma crônica a alguns motoristas
de caminhão.

b) o narrador perceber que as frases de caminhão carregam em si uma filosofia profunda.

c) o narrador compreender que o irmão era apaixonado por caminhão.

d) o narrador esquecer que o irmão era engenheiro e viajava sempre pelo interior.

e) o narrador ter-se lembrado de que havia solicitado frases de caminhão ao irmão que
viajava muito.
Comentários

A resposta está clara no texto. Observe: “aviam-me encomendado uma crônica sobre essas
frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente dos caminhões. Meu irmão,
que é engenheiro e viaja sempre pelo interior fiscalizando obras, prometera ajudar-me,
recolhendo em suas andanças farto e variado material. E ele viajou, o tempo passou, acabei
me esquecendo completamente o trato, na suposição de que o mesmo lhe acontecera [...]”
Gabarito: Letra E.

473 – Um dos sentidos possíveis para a frase de caminhão “não sou colgate, mas
ando na boca de muita gente” (l. 18) é.

a) não sou banguela, mas tenho poucos dentes na boca e admiro muita gente que tem todos
os dentes.

b) não sou o fixador colgate, mas colo a dentadura de muitas pessoas.

c) não sou tagarela, mas falo pela boca de muita gente.

d) não sou o creme dental colgate, mas ando na boca de muita gente porque muitos falam
de mim.

e) não sou beijoqueiro, mas já provei a boca de muitas pessoas.

Comentários

É possível observar que falaram de um contexto relacionado ao mundo dos caminhoneiros, a


relação é de se falar da pasta dental colgate, mas com referência aos caminhoneiros.

Gabarito: Letra D.

453
474 – Considerando-se o contexto enunciativo, assinale a opção que apresenta sinônimos
para as palavras “opilado” (linha 13); “estupefato” (linha 20) e “atônito” (linha 33).

a) ocluso – perplexo – animado


b) desnutrido – admirado – confuso
c) obstruído – apaixonado – alegre
d) abnegado – assombrado – feliz
e) estressado – enraivecido – atencioso

Comentários

- “Opilado” significa que ou aquele que se opilou; ocluso, obstruído, congestionado.

- “Estupefato” significa que demonstra certa imobilidade diante de alguma circunstância


imprevista; que demonstra pasmo, admiração; que está ou ficou perplexo.

- “Atônito” é sinônimo de: admirado, confuso, embasbacado.

Gabarito: Letra B.

475 –

Analise as afirmações a seguir sobre o texto e assinale V, se forem verdadeiras, ou F, se forem


falsas.

454
( ) Os órgãos podem ser afetados em casos de sedentarismo. ( ) É preciso incentivar crianças
e jovens a participar de competições esportivas. ( ) Uma dieta balanceada e exercícios físicos
evitam a obesidade infantil.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

a) F – V – V.
b) F – F – V.
c) V – F – V.
d) F – F – F.
e) F – V – F.

Comentários

Faz-se necessário a compreensão do texto: as linhas 9 e 10 mostram que há comprometimento


do funcionamento de vários órgãos ; É preciso incentivar crianças e jovens a participarem de
competições esportivas; das linhas 12 a 15 é necessário diferenciar a questão de interpretação
de texto da compreensão de texto.

Gabarito: Letra C.

477 - Assinale a alternativa correta sobre o texto.

a) A obesidade é a única doença que o sedentarismo pode causar.

b) É provável que uma criança ativa se torne um adulto obeso.

c) Atividades como jogar videogame e assistir televisão são saudáveis porque não
apresentam riscos à saúde.

d) Uma criança obesa se tornará um adulto ativo.

e) A obesidade infantil é uma das doenças causadas pelo sedentarismo.

Comentários

De acordo com o segundo parágrafo do texto “Com o tempo, a prática desses hábitos pode
levar a criança à obesidade infantil, uma das doenças mais comuns hoje e causada, em boa
parte, pelo sedentarismo.”

Gabarito: Letra E.

455
478 –

Na linha 13, o advérbio “apesar” introduz a ideia de __________ e poderia ser substituído por
_________, desde que __________ as devidas alterações no período. Assinale a alternativa
que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima.

a) condição – contudo – não sejam feitas


b) condição – contudo – sejam feitas
c) concessão – contudo – não sejam feitas
d) concessão – embora – não sejam feitas
e) concessão – embora – sejam feitas

456
Comentários

Gabarito:

- Há uma ideia de concessão, podendo ser substituído perfeitamente pela conjunção


subordinativa concessiva "embora". Tornando necessário que sejam feitas alterações: embora
sejam.
- Sem alteração perde o sentido: embora de ser estranho, essa é a quinta vez na história da
premiação inglesa que uma expressão (ou seja, mais de uma palavra) é escolhida como
''palavra do ano''.

- Com alteração ganha sentido: embora seja estranho, essa é a quinta vez na história da
premiação inglesa que uma expressão (ou seja, mais de uma palavra) é escolhida como
''palavra do ano''.

Gabarito: Letra E.

479 – Na linha 40, a expressão “formando uma massa de texto” emprega qual figura
de linguagem?

a) Metonímia.
b) Personificação.
c) Metáfora.
d) Hipérbole.
e) Eufemismo.

Comentários

Resumo quanto às figuras de linguagem:

Metáfora: comparação implícita; Eufemismo: suavização; Hipérbole: exagero; Metonímia:


substituição do autor pela obra; Personificação é o ato de conferir características humanas aos
objetos inanimados ou ao que é abstrato, como as emoções e animais

Gabarito: Letra C.

480 - Na linha 34, tem-se a palavra “obscuridade”. Assinale a alternativa que


apresenta palavra que poderia substitui-la sem prejuízo ao significado original do
texto.

a) Fama.
b) Exatidão.
c) Anonimato.
d) Nitidez.
e) Claridade.

457
Comentários

- Fama = reputação, renome, notoriedade


- Exatidão = preciso, correto
- Anônimo = algo que falta de clareza, de inteligibilidade;
- Nitidez = clareza, limpidez
- Claridade = brancura, lucidez, luz intensa

Gabarito: Letra C.

481 - Considerando o exposto pelo texto, assinale a alternativa que NÃO apresente um tema
eleito como palavra do ano e mencionado no texto.

a) Economia.
b) Gerações.
c) Meio Ambiente.
d) Machismo.
e) Sociedade.

Comentários

Economia = credit crunch;

Gerações = youthquake;

Meio ambiente = carbon footprint; climate emergency;

Machismo = em 2018, a palavra do ano por pouco não foi “masculinidade tóxica” – no último
minuto, os votantes decidiram eleger apenas “tóxico” para destacar o uso mais abrangente do
termo;

Sociedade = squeezed middle; big society.

Gabarito: Letra D.

482 - Considerando o exposto pelo texto, analise as assertivas a seguir:


I. A palavra do ano é eleita baseando-se no número de ocorrências em artigos científicos. II.
A palavra do ano é eleita com o objetivo de verificar os temas mais populares do ano e provocar
reflexões acerca do tema. III. O texto apresenta exemplos de palavras escolhidas em anos
anteriores como forma de criticar a escolha de 2019.
Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.

458
e) Apenas II e III.

Comentários

- Não há menção sobre aparecimento em artigos científicos;

- O texto apresenta como forma de ilustração e não com intuito de se fazer uma crítica.

Gabarito: Letra B.

483 – Assinale a alternativa em que há formas verbais INCORRETAMENTE empregadas:

a) Se o depoente não se desdisser durante o interrogatório, ficará provado que a propina


foi paga pelo narcotráfico.

b) Contenha-se, refreie seus impulsos destrutivos e reveja seu ponto de vista, para que
possamos chegar a um entendimento.

c) Por difícil que seja nosso aprendizado, os benefícios que dele proveem são muito
salutares, porque provêm as necessidades do dia a dia.

d) Eu intervim na palestra para que a discussão não chegasse ao ponto de ser necessária a
presença da polícia.

e) Se eu a vir, pedir-lhe-ei que águe as plantas da varanda, para que não sequem.

Comentários

- O correto é “Por difícil que seja nosso aprendizado, os benefícios que dele provêm são muito
salutares, porque proveem as necessidades do dia a dia.”

- Prover: abastecer; suprir

- Provir: proceder; nascer

Gabarito: Letra C.

484 - Os períodos do texto a seguir, tirados (e adaptados) do livro Os Reis da voz, de Ronaldo
Conde Aguiar (p. 10), estão desordenados. Coloque-os na ordem correta, a fim de produzir
um enunciado claro, coerente e coeso:

I. Nos dias atuais, em quase todos os lares brasileiros há um computador, tal como quase
todos os brasileiros têm nas mãos ou nos bolsos um celular, que pode ser conectado à internet
e tem mil e uma utilidades, cuja principal é a de torrar a nossa paciência.

II. Mais recentemente, chegaram os computadores, a internet, o Google, o YouTube, e as mais


modernas máquinas de escrever elétricas foram aposentadas quase abruptamente.

459
III. E pensar que eu tinha mais de 50 anos quando comprei meu primeiro celular.

IV. Isso foi um ledo engano.

V. As máquinas de escrever elétricas eram, naqueles idos, o sinal mais visível do porvir que
chegara, cujas delícias íamos desfrutar.

VI. Minha geração viu o surgimento das primeiras máquinas de escrever elétricas, que, nos
anos seguintes, sofreram sucessivas e variadas mudanças técnicas e de layouts, que só as
aprimoravam.

VII. Tornaram-se velharias, sucatas, ninguém mais as usa.

VIII. Ninguém mais as vê, a não ser em brechós ou em museus.

IX. A velhice é a pior invenção de Deus, como o celular, certamente, é a do homem.

Assinale a alternativa que expressa a ordem CORRETA dos períodos:

a) I – II – III – IX – VI – VIII – VII – V – IV


b) VI – V – IV – II – VII – VIII – I – III – IX
c) VI – VII – V – IV – III – I – VIII – II – IX
d) IX – III – I – II –IV – V – VI – VIII – VII
e) IX – I – II – III – IV – VI – V – VIII – VII

Comentários

O texto é introduzido falando das máquinas de escrever, remetendo-as a uma geração


passada. Com o passar dos anos, o texto expõe que as maquinas foram se atualizando. Depois
continua falando das máquinas e que as mesmas seriam um prenúncio do que estaria por vir.
O texto quebra a expectativa criada no fim do último. A quebra de expectativa do período
anterior é desenvolvida neste: ele explica que inovações tecnológicas "aposentaram" as
maquinas de escrever. O texto desenvolve mais essa ideia, ressaltando aspectos retrógrados
que identifica a máquina de escrever contemporaneamente. Chegamos nos dias atuais. O
computador, criado num tempo passado, permanece sendo largamente utilizado. Surge o
celular e se termina o período ressaltando um aspecto negativo do mesmo. [...] O texto finaliza
juntando os dois últimos pontos de vista citados a respeito do celular e da idade.

Gabarito: Letra B.

485 - Assinale a alternativa em que, reescrita, a frase a seguir teve seu sentido alterado:

Os pesquisadores do meio ambiente, que trabalham com a certeza da Ciência, já


propõem providências para que não aconteça uma catástrofe.

a) Os pesquisadores do meio ambiente já propõem providências para que não aconteça uma
catástrofe, a despeito de trabalharem com a certeza da Ciência.

460
b) Os pesquisadores do meio ambiente trabalham com a certeza da Ciência; por
conseguinte, já propõem providências para que não aconteça uma catástrofe.

c) Os pesquisadores do meio ambiente trabalham com a certeza da Ciência, de modo que


já propõem providências para que não aconteça uma catástrofe.

d) Como trabalham com a certeza da Ciência, os pesquisadores do meio ambiente já


propõem providências para que não aconteça uma catástrofe.

e) Os pesquisadores do meio ambiente, por trabalharem com a certeza da Ciência, já


propõem providências para que não aconteça uma catástrofe.

Comentários

- A locução prepositiva “a despeito de” traz a ideia de concessão, equivale a “não obstante”.

Gabarito: Letra A.

486 - Ela está definida no Manual de Redação da Presidência da República como um atributo
“que complementa a clareza e se caracteriza por: a) articulação da linguagem comum ou
técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto; b) manifestação do
pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com
propósito meramente estilístico; e c) escolha de expressão ou palavra que não confira duplo
sentido ao texto”.

O atributo a que se refere o texto é a:

a) coesão.
b) concisão.
c) coerência.
d) objetividade.
e) precisão.

Comentários

- Precisão: O atributo da precisão complementa a clareza e caracteriza-se por: articulação da


linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no
texto; manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o emprego
de sinonímia com propósito meramente estilístico; e escolha de expressão ou palavra que não
confira duplo sentido ao texto.

Gabarito: Letra E.

487 - A seguinte frase está escrita de acordo com as normas da ortografia vigente:

a) Eu me sinto mais vunerável quando viajo à noite.


b) Preciso que vocês viagem para o Perú imediatamente.
c) Alguns roteiros tem um acúmulo grande de deslocamentos.

461
d) Fiz um voo gratuito porque ganhei uma passagem num sorteio.
e) Fizemos um multirão para arrumar as malas, mas conseguimos.

Comentários

O correto é:

-Eu me sinto mais vulnerável quando viajo à noite.

- Preciso que vocês viajem para o Peru imediatamente.

- Alguns roteiros têm um acúmulo grande de deslocamentos.

- Fiz um voo gratuito porque ganhei uma passagem num sorteio.

- Fizemos um mutirão para arrumar as malas, mas conseguimos.

Gabarito: Letra D.

488 – O fragmento abaixo foi retirado do poema Ternura, de Vinícius de Moraes.


“Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos
teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume
dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos teus passos eternamente
fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)”

Se esse mesmo fragmento fosse reescrito usando a 3ª. pessoa do singular para dirigir-se ao
seu interlocutor, mantendo-se o uso determinado pela gramática normativa, a uniformidade
de tratamento e o sentido original, teríamos:

a) Eu te peço perdão por lhe amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção
nos seus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em tua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos teus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)

b) Eu lhe peço perdão por me amar de repente Embora o seu amor seja uma velha canção
nos meus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em tua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos seus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)

c) Eu lhe peço perdão por lhe amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção
nos seus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em sua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos seus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)

d) Eu lhe peço perdão por lhe amar de repente Embora o seu amor seja uma velha canção
nos meus ouvidos Das horas que passei à sombra dos seus gestos Bebendo em sua boca o
perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentado Pela graça indizível dos seus passos
eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente (...)

462
Comentários

De acordo com a gramática, quando a intenção do emissor fizer referência à segunda pessoa
do singular, deve-se usar os pronomes “teu, tua, teus, tuas”. Os pronomes “seu, sua, seus
e suas” referem-se à terceira pessoa do singular, portanto “ele/ela”

Gabarito: Letra C.

489 - Leia o excerto com atenção e assinale a alternativa que apresenta uma informação
correta referente à palavra em destaque.

“Nesta segunda-feira, 13, o jornalista catarinense Vitor Hugo Brandalise lança o livro-
reportagem O Último Abraço - Uma História Real sobre Eutanásia no Brasil, na Livros & Livros
Livraria e Papelaria, a partir das 18h. O último abraço conta a história de Nelson Golla, de 74
anos, que não suportou ver Neusa, sua companheira por mais de 50 anos, debilitada após
sofrer dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs). Ele decidiu por tirar a própria vida e
a dela com explosivos amarrados ao corpo, em um abraço de despedida. Nelson sobreviveu,
aguarda julgamento e pode responder por homicídio qualificado. Em sua defesa, familiares,
amigos e vizinhos escreveram cartas à Justiça atestando que o ocorrido foi um ato de amor.
(Fonte: Diário Catarinense, 13/03/2017)

a) O vocábulo em destaque é um pronome e está substituindo a palavra VIDA;


b) O vocábulo em destaque é um pronome e está substituindo a palavra NEUSA;
c) O vocábulo em destaque é um pronome e está substituindo a palavra HISTÓRIA;
d) O vocábulo em destaque é um pronome e está substituindo a palavra PAPELARIA.

Comentários

- A preposição "de" + pronome reto "ela" = dela, tem valor possessivo; marca a substituição
do substantivo Neusa; ele tirou a própria vida de NEUSA.

Gabarito: Letra B.

490 - Assinale a alternativa na qual a palavra em destaque introduz uma ideia de adversidade:

a) Os meninos estão felizes porque encontraram o tesouro encantado.


b) A adolescente estudou durante semanas contudo não obteve êxito na prova final.
c) As circunstâncias fazem ou descobrem os grandes homens.
d) Aqueles cães não mordem e ladram muito.

Comentários

- porque é conjunção subordinativa causal, traz a causa para que os meninos estejam felizes.

463
- contudo é conjunção coordenativa adversativa, matiz semântica de oposição, contradição,
adversidade, contraposição.

- ou é conjunção coordenativa alternativa, ideia de alternância.

- e conjunção coordenativa aditiva, essa gerou dúvida, pois também tem um valor
contraditório.

Gabarito: Letra B.

491 - Assinale a alternativa em que a preposição de, em destaque, está empregada em


conformidade com a norma-padrão.

a) Paulo Leminski, de que era poeta, trabalhou no Jornal Vanguarda, na TV Bandeirantes.

b) Ming fez com que Leminski reparasse de que suas meias tinham cores diferentes.

c) Leminski, de quem o autor foi colega na TV Bandeirantes, ia trabalhar com chinelo


franciscano.

d) Após notar de que cada meia tinha uma cor diferente, Leminski confessou vestir-se no
escuro.

e) Celso Ming, de quem Paulo Leminski trabalhou na TV Bandeirantes, escreve sobre


economia.

Comentários

- Nenhum termo rege o uso da preposição "de".

- Reparasse alguma coisa e não "de" alguma coisa.

- Preposição regida e posicionada corretamente antes do pronome "quem".

- Notar alguma coisa e não DE alguma coisa (sem preposição).

- Trabalhou COM alguém e não "de".

Gabarito: Letra C.

492 - Assinale a alternativa em que a concordância está em conformidade com a norma-


padrão.

a) Há pessoas que escolhem com bom gosto a roupa que vestem, independentemente das
circunstâncias.

464
b) No coletivo, alguns vestiam-se com cuidado, enquanto outros parecia ser mais
displicente.

c) Roupas belas ou feias, limpas ou sujas, tudo levavam a imaginar como devia viver
aqueles estranhos.

d) Muitos são os fatores que é levado em conta quando cada um de nós escolhem o que
vestir.

e) São importantes lembrar que nossa personalidade e nossos valores não se define pela
roupa que usamos.

Comentários

- “enquanto outros parecia ser mais displicente” o correto seria: “enquanto outros pareciam
ser mais displicentes”

- “Roupas belas ou feias, limpas ou sujas, tudo levava a imaginar...” o correto seria: “Roupas
belas ou feias, limpas ou sujas, tudo levavam a imaginar...”

- “Muitos são os fatores que é levado em conta quando...” o correto seria: “Muitos são os
fatores que são levados em conta quando...”

- “São importantes lembrar que nossa personalidade e nossos valores não se define pela
roupa que usamos.” o correto seria: “Isso é importante lembrar que nossa personalidade e
nossos valores não se definem pela roupa que usamos.”

Gabarito: Letra A.

493 – Leia o texto para responder à questão.

Sentado no coletivo, observo a roupa que cada um está usando e fico imaginando como
escolheu aquele modelito pra sair de casa.
Tem de tudo. Gente bem vestida, gente de qualquer jeito, bom gosto, mau gosto, roupa
limpa, roupa suja.
Toda vez que penso nisso, lembro-me do poeta Paulo Leminski, com quem trabalhei no final
dos anos 1980. Leminski era o que chamamos de “figuraça”. Fazíamos o Jornal de
Vanguarda juntos na TV Bandeirantes.
Lema, como o chamávamos, ia trabalhar de qualquer jeito. Uma calça Lee surrada, sem
cinto, caindo, camiseta branca encardida e muitas vezes aparecia na redação de chinelo
franciscano.
Um dia, foi surpreendido no corredor da Band pelo comentarista de economia Celso Ming.
– Paulo Leminski, você percebeu que está usando uma meia de cada cor?

465
Lema levantou ligeiramente sua calça Lee e constatou que Ming – que ele chamava de
Dinastia Ming – estava certo. Não pensou duas vezes e respondeu na lata.
– Dinastia Ming, eu estou me lixando! Acordo, me visto no escuro e só vejo como estou
quando chego na rua.
(Alberto Villas. Vou assim mesmo!. 07.12.2017.www.cartacapital.com.br. Adaptado)

Uma expressão verbal que designa uma ação habitual realizada no passado está em:

a) ... ia trabalhar de qualquer jeito.


b) … foi surpreendido no corredor...
c) … está usando uma meia de cada cor?
d) … levantou ligeiramente sua calça...
e) ... respondeu na lata.

Comentários

O verbo "ir" está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo, referindo-se a um fato


ocorrido no passado, mas que não foi completamente terminado, ou seja, uma ideia de
continuidade no tempo e de não finalização.

Gabarito: Letra A.

494 – Leia o texto e responda as questões abaixo.

Para ele, o fim do ano era sempre uma época dura, difícil de suportar. Sofria daquele tipo de
tristeza mórbida que acomete algumas pessoas nos festejos de Natal e de Ano-Novo. No seu
caso havia uma razão óbvia para isso: aos setenta anos, solteirão, sem parentes, sem amigos,
não tinha com quem celebrar, ninguém o convidava para festa alguma. O jeito era tomar um
porre, e era o que fazia, mas o resultado era melancólico: além da solidão, tinha de suportar
a ressaca.
No passado, convivera muito tempo com a mãe. Filho único, sentia-se obrigado a cuidar
da velhinha que cedo enviuvara. Não se tratava de tarefa fácil: como ele, a mãe era uma
mulher amargurada. Contra a sua vontade, tinha casado, em 31 de dezembro de 1914 (o ano
em que começou a Grande Guerra, como ela fazia questão de lembrar) com um homem de
quem não gostava, mas que pais e familiares achavam um bom partido. Resultado desse
matrimônio: um filho e longos anos de sofrimento e frustração. O filho tinha de ouvir suas
constantes e ressentidas queixas. Coisa que suportava estoicamente; não deixou, contudo, de
sentir certo alívio quando de seu falecimento, em 1984. Este alívio resultou em culpa, uma
culpa que retornava a cada Natal. Porque a mãe falecera exatamente na noite de Natal. Na
véspera, no hospital, ela lhe fizera uma confissão surpreendente: muito jovem, apaixonara-se
por um primo, que acabou se transformando no grande amor de sua vida. Mas a família do
primo mudara-se, e ela nunca mais tivera notícias dele. Nunca recebera uma carta, uma
mensagem, nada. Nem ao menos um cartão de Natal.
No dia 24 pela manhã ele encontrou um envelope na carta do correio. Como em geral
não recebia correspondência alguma, foi com alguma estranheza que abriu o envelope.
Era um cartão de Natal, e tinha a falecida mãe como destinatária. Um velhíssimo cartão,
uma coisa muito antiga, amarelada pelo tempo. De um lado, um desenho do Papai Noel

466
sorrindo para uma menina. Do outro lado, a data: 23 de dezembro de 1914. E uma única
frase: “Eu te amo.”
A assinatura era ilegível, mas ele sabia quem era o remetente: o primo, claro. O primo
por quem a mãe se apaixonara, e que, por meio daquele cartão, quisera associar o Natal a
uma mensagem de amor. Uma nova vida, era o que estava prometendo. Esta mensagem e
esta promessa jamais tinham chegado a seu destino. Mas de algum modo
o recado chegara a ele. Por quê? Que secreto desígnio haveria atrás daquilo?
Cartão na mão, aproximou-se da janela. Ali, parada sob o poste de iluminação, estava
uma mulher já madura, modestamente vestida, uma mulher ainda bonita. Uma desconhecida,
claro, mas o que importava? Seguramente o destino a trouxera ali, assim como trouxera o
cartão de Natal. Num impulso, abriu a porta do apartamento e, sempre segurando o cartão,
correu para fora. Tinha uma mensagem para entregar àquela mulher. Uma mensagem que
poderia transformar a vida de ambos, e que era, por isso, um verdadeiro presente de Natal.

(SCLIAR, Moacyr. Mensagem de Natal. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 26-28)

Em não deixou, contudo, de sentir certo alívio quando de seu falecimento (2º parágrafo), o
termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por:

a) além disso.
b) portanto.
c) pois.
d) entretanto.
e) por isso.

Comentários

- Na frase “Não deixou, contudo, de sentir certo alívio quando de seu falecimento”. Há uma
conjunção coordenativa adversativa. Tais conjunções têm esse mesmo valor: mas, não
obstante, porém, só que, senão, todavia, entretanto, no entanto, ainda assim.

Gabarito: Letra D.

495 – Estabelece relação de referência a um termo mencionado anteriormente no texto a


palavra sublinhada em:

a) O primo por quem a mãe se apaixonara (5º parágrafo)


b) e tinha a falecida mãe como destinatária (4º parágrafo)
c) Filho único, sentia-se obrigado a cuidar da velhinha (2º parágrafo)
d) uma culpa que retornava a cada Natal (2º parágrafo)
e) Seguramente o destino a trouxera ali (6º parágrafo)

Comentário:

Em “...Seguramente o destino a trouxera ali, assim como trouxera o cartão de Natal”. Temos
um pronome oblíquo átono com valor anafórico e referindo-se à "mulher desconhecida"
mencionada anteriormente, o pronome tem função sintática de objeto direto.

467
Gabarito: Letra E.

496 - [Desconfiar para criar]

Atenção, escritores: desconfiar da observação direta. Um romancista de lápis em punho


no meio da vida – esse acaba fazendo apenas reportagens.

Melhor esperar que a poeira baixe, que as águas resserenem, deixar tudo à deriva da
memória. Porque a memória escolhe, recria.

Quanto ao poeta, este nunca se lembra, propriamente; inventa.

E por isso é que ele fica muito mais perto da verdadeira realidade.

(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Editora Globo, 1979, p. 89)

Ao afirmar que um escritor deve desconfiar da observação direta, o cronista e poeta


Mário Quintana mostra-se convicto de que

a) o discurso da ficção e a linguagem da reportagem podem influenciar-se reciprocamente,


para ganho de ambas.

b) a linguagem da imaginação e a da invenção de um escritor não se confundem com a de


uma simples reportagem.

c) um romancista não pode nem deve confiar em seus olhos ou em suas experiências mais
pessoais.

d) um romancista pode conseguir expressar, melhor do que um poeta, sua análise da


realidade que fotografa.

e) a desconfiança quanto ao poder expressivo das palavras estimula um escritor a produzir


com qualidade crescente.

Comentários

A mensagem do texto é de que as vezes a realidade pode ser dita de várias maneiras. O autor
aparenta ter intenção de dizer que escreve com a imaginação para tentar traduzir a realidade
no encontro de palavras combinadas sem liberdade poética.

Gabarito: Letra B.

497 – Leia o texto “No calor da hora” para responder as questões seguintes.

No calor da hora

468
Os impactos climáticos são mais agressivos e acelerados do que se supunha há uma década.
A temperatura global entre 2015 e 2019, por exemplo, será mais alta que em qualquer período
equivalente já registrado. “Ondas de calor disseminadas e duradouras, recordes de incêndios
e outros eventos devastadores como ciclones tropicais, enchentes e secas têm impactos
imensos no desenvolvimento socioeconômico e ambiental”, afirma o relatório das Nações
Unidas publicado por ocasião do debate anual da Assembleia-Geral. O estudo, sugestivamente
denominado Unidos na Ciência, foi produzido pelo Grupo Consultivo de Ciências da Cúpula da
Ação Climática e compila de maneira altamente sintética as descobertas científicas decisivas
mais recentes no domínio das pesquisas sobre mudanças climáticas.
Estima-se que a temperatura global esteja hoje 1,1 grau Celsius acima da era pré-industrial
(1850-1900) e 0,2 grau acima da média da temperatura global entre 2011 e 2015. Como
resultado, a ascensão do nível do mar está acelerando e a água já se tornou 26% mais ácida
do que no início da era industrial, com grande prejuízo para a vida marinha. Nos últimos 40
anos, a extensão de gelo ártico no mar declinou aproximadamente 12% por década. Entre
1979 e 2018 a perda anual de gelo do lençol glacial antártico sextuplicou. As ondas de calor
aumentaram os índices de letalidade ambiental nos últimos cinco anos. No verão de 2019, os
incêndios florestais na região ártica cresceram sem precedentes. Só em junho as queimadas
emitiram 50 megatons de dióxido de carbono na atmosfera, mais do que a soma de todas as
emissões no mesmo mês entre 2010 e 2018.
Estima-se que, para atingir a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável de limitar
o aumento da temperatura em relação à era pré-industrial a 2 graus, os esforços atuais
precisam ser triplicados. No caso da meta ideal de limitar esse aumento a 1,5 grau, esses
esforços precisariam ser quintuplicados. Tecnicamente, dizem os pesquisadores, isso ainda é
possível, mas demandará ações urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-
sucedidas.
Em resumo, os crescentes impactos climáticos intensificam o risco de cruzar limites
irreversíveis. Os pesquisadores apontam três setores que precisam investir diretamente na
descarbonização: finanças, energia e indústria. Além disso, outras três áreas são decisivas:
soluções baseadas na natureza, ações locais e urbanas e o incremento da resiliência e
adaptação às mudanças climáticas, especialmente nos países mais vulneráveis.
(https://opiniao.estadao.com.br. Adaptado)

Considere as passagens:
• “Ondas de calor disseminadas e duradouras, recordes de incêndios e outros eventos
devastadores como ciclones tropicais, enchentes e secas têm impactos imensos no
desenvolvimento socioeconômico e ambiental”... (1º parágrafo)
• Só em junho as queimadas emitiram 50 megatons de dióxido de carbono na atmosfera, mais
do que a soma de todas as emissões no mesmo mês entre 2010 e 2018. (2º parágrafo)
• Tecnicamente, dizem os pesquisadores, isso ainda é possível, mas demandará ações
urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-sucedidas. (3º parágrafo) As
expressões destacadas são empregadas, respectivamente, com a função de:

a) exemplificar; comparar; opor uma informação a outra.


b) comparar; opor uma informação a outra; concluir.
c) enumerar; comparar; explicar a informação anterior.
d) exemplificar; resumir; adicionar uma informação a outra.
e) comparar; comparar; indicar a condição da informação.

469
Comentários

- “...recordes de incêndios e outros eventos devastadores como ciclones tropicais, enchentes


e secas têm impactos imensos no desenvolvimento socioeconômico e ambiental”. O termo
"como" dá início a exemplificações de alguns eventos devastadores.

- “...mais do que a soma de todas as emissões no mesmo mês entre 2010 e 2018”. A conjunção
subordinativa comparativa "mais do que", traz uma ideia de comparação.

- “Tecnicamente, dizem os pesquisadores, isso ainda é possível, mas demandará ações


urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-sucedidas”. A conjunção
coordenativa adversativa, a matiz semântica é de oposição à informação apresentada
anteriormente.

OBS: Como ⇢ está introduzindo uma explicação ou exemplificação e tem o sentido de: assim
como, isto é; Mais do que ⇢ Conjunção comparativa; Mas ⇢ Inicia uma oração subordinada
em que se admite uma função contrária.

Gabarito: Letra A.

498 – Assinale a alternativa que atende à norma-padrão de concordância.

a) Será requerido ações urgentes de intensificação e replicação das políticas mais bem-
sucedidas para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau.

b) Os pesquisadores apontam que devem haver investimentos diretos na descarbonização


por três setores: finanças, energia e indústria.

c) Os países mais vulneráveis precisa que três áreas seja protagonista nas transformações:
soluções baseadas na natureza, ações locais e urbanas e o incremento da resiliência e
adaptação às mudanças climáticas.

d) O desenvolvimento socioeconômico e ambiental sofre impacto devido às mudanças


climáticas que põe o mundo em estado de alerta.

e) Em junho, as queimadas emitiram 50 megatons de dióxido de carbono na atmosfera,


mais do que a soma de todas as emissões que haviam sido realizadas no mesmo mês entre
2010 e 2018.

Comentários

- “Será requerido ações urgentes de intensificação e replicação ...” o correto seria “ações
urgentes serão requeridas”.

- “Os pesquisadores apontam que devem haver investimentos diretos...” o correto seria: “deve
haver”.

- “Os países mais vulneráveis precisa que três áreas...” o correto seria “precisam”.

470
-“...sofre impacto devido às mudanças climáticas que põe o mundo em estado de alerta”.
Temos um pronome relativo "que" retomando o termo "mudanças climáticas", o pronome tem
função de sujeito e, como retoma um termo pluralizado, a concordância deve ser feita no plural
“põem”.

- “... mais do que a soma de todas as emissões que haviam sido realizadas no mesmo mês
entre 2010 e 2018”. O verbo "haver" aqui é pessoal e concorda com o pronome relativo "que",
o qual retoma um termo no plural “todas as emissões”.

Gabarito: Letra E.

499 - Considere as passagens do texto:

• O estudo [...] compila de maneira altamente sintética as descobertas científicas decisivas


mais recentes... (1º parágrafo)

• ... a ascensão do nível do mar está acelerando... (2º parágrafo)

• As ondas de calor aumentaram os índices de letalidade ambiental nos últimos cinco anos.
(2º parágrafo)

Conforme o contexto em que estão inseridos, os termos destacados significam, correta e


respectivamente:

a) junta; sumarizada; poluição; morbidade.


b) reúne; resumida; elevação; mortalidade.
c) expõe; condensada; alteração; morbidez.
d) converte; explicativa; oscilação; extermínio.
e) organiza; exemplificada; transformação; fatalidade.

Comentários

Os respectivos sinônimos:

- compila =Reunir algo.

- sintética = sucinta, breve, resumida.

- ascensão = elevação subida subimento.

- letalidade = mortalidade.

Gabarito: Letra B.

500 - As informações apresentadas ao longo do 2º parágrafo do texto correspondem a

471
a) possibilidades efetivas de alta de temperatura do planeta, as quais requerem
conscientização das pessoas.

b) expectativas quanto ao aumento da temperatura do planeta, as quais exigem ações


urgentes da população mundial.

c) consequências do aumento da temperatura do planeta, as quais revelam um cenário


preocupante para a humanidade.

d) projeções de aumento da temperatura do planeta, as quais mostram a desatenção da


humanidade com o clima.

e) causas do aumento da temperatura do planeta, as quais têm um impacto irrelevante no


conjunto dos problemas climáticos.

Comentários

A resposta está no próprio texto, vejamos: “a ascensão do nível do mar está acelerando e a
água já se tornou 26% mais ácida do que no início da era industrial, com grande prejuízo para
a vida marinha. Nos últimos 40 anos, a extensão de gelo ártico no mar declinou
aproximadamente 12% por década. Entre 1979 e 2018 a perda anual de gelo do lençol glacial
antártico sextuplicou. As ondas de calor aumentaram os índices de letalidade ambiental nos
últimos cinco anos. No verão de 2019, os incêndios florestais na região ártica cresceram sem
precedentes. Só em junho as queimadas emitiram 50 megatons de dióxido de carbono na
atmosfera, mais do que a soma de todas as emissões no mesmo mês entre 2010 e 2018”.

Observa-se que temos fatos que realmente ocorreram, não são hipóteses, são consequências
direitas do aumento da temperatura.

Gabarito: Letra C.

472

Você também pode gostar