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UNISC - UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E COMPUTAÇÃO

DISCIPLINA: MÁQUINAS HIDRÁULICAS

CAVITAÇÃO

Prof.ª: Luciara Silva Vellar

Setembro de 2021
CAVITAÇÃO

Definição

A cavitação é um fenômeno que pode ocorrer em máquinas


hidráulicas, caracterizando-se pela vaporização do fluido de trabalho
nas regiões da máquina onde a pressão estática atinge o valor da
pressão de vaporização do líquido.
CAVITAÇÃO

Consequência da cavitação

O fenômeno de cavitação, geralmente propricia os seguintes problemas

1º Erosão
2º Vibrações
3º Diminuição do rendimento
4º Diminuição do tempo de vida da bomba...
CAVITAÇÃO
CAVITAÇÃO
CAVITAÇÃO

Janelas para visualização da cavitação


CAVITAÇÃO
Como se dá a cavitação

No interior da máquina hidráulica, a pressão estática atinge a pressão de


vaporização do fluído

Ocorre a vaporização do fluído

As bolhas são arrastadas pela corrente até regiões de pressões mais


elevadas

Ocorre a condensação do vapor

Esta condensação deixa um espaço vazio, preenchido rapidamente pela


água circundante

Ocorre as implosões das bolhas, durante o preenchimento destes espaços

Ocorre o choque inelástico das moléculas de líquido contra as paredes da


máquina hidráulica
CAVITAÇÃO

A pressão de vaporização dos líquidos aumenta com a temperatura

O líquido quente cavita mais precocemente que o líquido frio

Pontos de nucleação: locais onde, preferencialmente, tem início a


cavitação.

Micro cavidades em superfícies sólidas da máquina e partículas


sólidas que escoam junto com o líquido (carregam ar junto de si). Por
isso, o transporte de líquidos com sólidos em suspensão favorece a
ocorrência de cavitação.
CAVITAÇÃO

Coeficientes de cavitação

pr  pv

 * c2 / 2
 = coeficiente de cavitação, adimensional;
pr = pressão de referência do líquido;
pv = pressão de vaporização do líquido à temperatura considerada;
 = massa específica do líquido;
c = velocidade do líquido num ponto ou numa seção de referência.

Este coeficiente pode ser considerado uma medida da sensibilidade de


uma máquina à cavitação e varia com a velocidade de rotação específica.
CAVITAÇÃO

Coeficientes de cavitação

Y

Y

 = coeficiente de cavitação, adimensional;


ΔY = energia específica devida à depressão que ocorre no rotor em
função das sobre velocidades localizadas.
Y = salto energético específico.
CAVITAÇÃO

Valores mínimos – início da cavitação

 min  2,4 *10 5 * n1qa,64 (turbinas de reação de eixo vertical)

 min  3,95 *10 6 * nqa2 (turbinas Francis)

 min  0,28  2,124 *10 9 * nqa


3
(turbinas Kaplan ou hélice)

 min  2,9 *10 4 * nqa4 / 3 (bombas hidráulicas)

 Depende dos cuidados adotados para evitar


a cavitação e também da forma do rotor
CAVITAÇÃO
NPSH e altura máxima de sucção
2
c pv p3 3
NPSH d   
 2g 
NPSHd = energia específica disponível para introduzir o líquido na
bomba sem que haja vaporização, em metros de coluna de líquido;
p3 = pressão na boca de sucção da bomba, em kgf/m²;
C3 = velocidade do líquido na boca de sucção na bomba, em m/s;
pv = pressão de vaporização do líquido na temperatura de
bombeamento, em kgf/m²;
 = peso específico do líquido bombeado, em kgf/m³;
g = aceleração da gravidade.

Energia disponível por unidade de peso, medida na boca da sucção


da bomba
CAVITAÇÃO

Adotando a cota Z2 para um ponto na superfície do reservatório de


sucção e a cota Z3 para um ponto na boca de sucção da bomba,
chega-se a equação:

p2 pv c22
NPSH d    H sg  H ps 
  2g

Hsg = altura de sucção geométrica

Hps = perda de carga na tubulação de sucção

= velocidade do líquido na superfície do reservatório de sucção, em


m/s
CAVITAÇÃO
w32 c32
NPSH b  1  2
2g 2g
NPSHb = energia específica mínima requerida pela bomba para que
não haja risco de cavitação, em metros de coluna de líquido

w3 = velocidade relativa da corrente, medida na boca de sucção diante


da aresta de entrada do rotor, em m/s

NPSHd = energia específica disponível para introduzir o líquido na


bomba sem que haja vaporização, em metros de coluna de líquido

Nas bombas existentes no mercado, com base em resultados


experimentais com pás de diferentes formas e entrada sem choque da
corrente fluída, no rotor em média = 0,3 = 1,2

NPSH d  NPSH b
CAVITAÇÃO

Convém prever, no dimensionamento da linha de sucção, uma certa


margem de segurança, levando em conta oscilações de temperatura
do líquido, variação da pressão no reservatório de sucção, presença
de impurezas no líquido a ser bombeado, etc.

O NPSHb (requerido pela bomba) sofre influência na natureza do


líquido, fazendo com que seja importante a especificação das
características do fluido a ser bombeado, principalmente no caso de
industrias químicas e petrolíferas.
CAVITAÇÃO

O aumento da viscosidade do fluido, por exemplo, reduz o campo de


funcionamento da bomba, sem risco de cavitação, pois além de
aumentar o valor de NPSHb diminui o NPSHd, pelo acréscimo da
perda de carga na canalização.

No caso de água quente ou hidrocarbonetos líquidos não viscosos,


trabalha-se com uma margem de segurança significativa utilizando
os valores de NPSHb obtidos para a água fria.
CAVITAÇÃO
Valores de pressão de vaporização e peso específico da água em
função da temperatura
CAVITAÇÃO

Desta forma, a máxima altura de sucção geométrica para


bombas será:

á = − −
2

E para turbinas, será:

p7 pv c62
H sgmáx     min H  H ps 
  2g
CAVITAÇÃO

á = altura de sucção geométrica máxima da turbina, em m


= pressão existente no reservatório de descarga da turbina (em
geral atmosférica), em kgf/m²
= peso específico da água, em kgf/m³
H = altura de queda a que está submetida a turbina, em m
= perda de carga no tubo de sucção da turbina, em m
= velocidade da corrente fluida logo após deixar o rotor da
turbina, ou seja, na entrada do tubo de sucção, em m/s
g = aceleração da gravidade, em m/s²
CAVITAÇÃO

Nas instalações de turbinas hidráulicas, diferentemente do que


acontece no caso das bombas, o tubo de sucção normalmente
faz parte do conjunto de componentes fornecido pelo
fabricante. Por este motivo, o projetista da instalação
normalmente despreza os dois últimos termos da última
equação, considerando-os englobados pelo coeficiente de
cavitação í .

Desta forma, tendo em vista que a pressão no reservatório de


descarga da turbina é normalmente a atmosférica, chega-se a
expressão mais usada para o cálculo da altura de sucção
geométrica máxima das turbinas:

á = − − H
CAVITAÇÃO

Onde é a pressão atmosférica no nível de jusante da


instalação, reservatório de descarga ou canal de fuga, em
kgf/m², que pode ser calculada de maneira aproximada por

= 10330 −
0,9

= cota do nível de jusante da instalação (canal de fuga),


tomando como referência o nível do mar (cota zero), em
metros.
CHOQUE SÔNICO

Pressão na entrada Pressão na saída


do bocal do bocal –
compressão
adiabática

Pressão crítica de
estrangulamento –
velocidade do som

Pressão na saída
do bocal –
Expansão
adiabática
CHOQUE SÔNICO
Definição
Súbito acréscimo de pressão e uma brusca redução de velocidade
de escoamento (ponto E no gráfico anterior). Antes do choque, o
fluxo é supersônico e, depois, subsônico.

c w
Ma  
cs cs

Ma = número de Mach, adimensional


c = velocidade absoluta do escoamento, em m/s
w = velocidade relativa do escoamento, em m/s
= velocidade de propagação do som no meio considerado, em m/s
CHOQUE SÔNICO
Limite Sônico
Considere o rotor radial de um turbocompressor, mostrado abaixo:

4e 4i: aresta de sucção do rotor


No ponto 3e, a velocidade relativa w3e é a maior possível, atingindo w3e = 0,6 à 0,8 x Ma.
No mesmo ponto, c3 praticamente não varia e c3 = 0,2 à 0,3 x Ma.
Como w3e é a velocidade num ponto antes de penetrar no rotor, o
valor desta velocidade relativa irá aumentar ainda mais no interior
dos canais do rotor, até um valor máximo definido pela equação
seguinte
CHOQUE SÔNICO

Limite Sônico
2 2
wmáx  (1   ) w 3e Onde λ = 0,2 à 0,3

á = velocidade máxima

Limite Sônico é atingido quando


0,5
 1  0 ,5
w3emáx  c
 s  c s  kRT 
1  
á = velocidade relativa máxima
k = expoente adiabático ou isentrópico, adimensional (1,4
para o ar seco, a 300K)
R = constante dos gases, em J/kg K (287 para o ar seco)
T = temperatura absoluta do gás, em K (Kelvin)
CHOQUE SÔNICO

Através do triângulo de velocidades, determinado w3emáx, é


possível determinar u4e e cm3, sendo dados algumas
informações, conforme ilustra o desenho.

w3emáx cos  3e
u 4 emáx  c m 3máx  w3emáx sen  3e
c u 3e
1
u 4e
Dados: β3e e a relação cu3e / u4e na admissão do rotor
CAVITAÇÃO E CHOQUE SÔNICO

Exemplo 1

As turbinas Kaplan da usina hidrelétrica de Passo Real (RS),


no rio Jacuí, apresentam as seguintes características
nominais: H = 40m e Q = 160m³/s. Sabendo-se que a cota de
instalação das turbinas (com relação ao nível do mar) é
276,5m e que o nível d’água no canal de fuga (a jusante) tem
seu valor mínimo na cota de 281m, qual será o menor número
de pólos a ser usado nos geradores elétricos de 60Hz
acoplados diretamente ao eixo das turbinas e qual a
velocidade de rotação com que deverão operar de maneira a
não cavitar? Considerar temperatura da água = 20°C.
CAVITAÇÃO E CHOQUE SÔNICO
Exemplo 1
CAVITAÇÃO E CHOQUE SÔNICO
Exemplo 1
CAVITAÇÃO E CHOQUE SÔNICO
Exemplo 1
CAVITAÇÃO E CHOQUE SÔNICO

Exemplo 2

Gasolina a 38°C, está sendo retirada de um tanque fechado


com uma pressão relativa de 0,7kgf/cm², em uma instalação
localizada a 900m acima do nível do mar. O nível de gasolina
está a 2m acima da linha de centro da bomba, e as perdas de
carga na tubulação de sucção devidas ao atrito e a turbulência
são de 0,6m. A pressão de vaporização da gasolina nesta
temperatura é de 0,49kgf/cm² e γ=720kgf/m². Calcular o NPSH
disponível na instalação
CAVITAÇÃO E CHOQUE SÔNICO
Exemplo 2

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