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PROPRIEDADES FÍSICAS DO BIODIESEL A PARTIR DE

ÓLEO DE MICROALGAS E ÁLCOOIS DE CADEIA LONGA

Orientador: Fabio Batista

CARLOS DEVANIR CANALLI JUNIOR

LORENA
2016
1 Introdução

A crescente preocupação com os efeitos do aquecimento global e a diminuição das reservas


naturais de petróleo vem estimulando a utilização de combustíveis de fontes renováveis, incluindo o
biodiesel. Quimicamente o biodiesel é considerado um éster de ácido graxo, produzido a partir da
reação de transesterificação de uma fonte de lipídeos (normalmente óleo vegetal) com um álcool de
cadeia curta. Esta reação consiste em uma sequência de três reações reversíveis na qual o óleo
vegetal (triglicerídeo – TAG) reage com um álcool (geralmente metanol ou etanol) na presença de
um catalisador (ácido ou básico), produzindo três moléculas de éster de ácido graxo (biodiesel) e,
como subproduto, uma molécula de glicerina (GARCIA, 2006).
Uma das principais críticas à produção de biodiesel está centrada no dilema “combustível vs
alimento” (SILVAI; FREITAS, 2008), uma vez que os principais óleos vegetais utilizados para
produção do biocombustível no mundo são tidos como alimentícios (óleos de soja e palma). Esse
problema pode ser minimizado com a utilização de matérias-primas alternativas como óleos não
alimentícios, óleos residuais e, especialmente, óleos obtidos de microalgas. Esses microorganismos
vem despertando grande interesse científico uma vez que sua produção não compete com a
produção de alimentos, são capazes de fixar CO2, produzem biocompostos de alto valor agregado e
algumas espécies são capazes de armazenar teores consideráveis de lipídios em base seca (Chen et
al, 2012).
Ainda que tecnicamente a utilização do etanol e, principalmente do metanol, seja preferida
como álcool reagente do processo, devido a sua elevada reatividade com os triglicerídeos do óleo
vegetal, a utilização de alcoóis de cadeia longa na reação pode contribuir para importantes
alterações das propriedades a frio do biocombustível produzido, viabilizando o seu uso em condição
mais extremas (GARCIA, 2006).
Diante do exposto, esse trabalho visa o estudo de algumas propriedades físicas do biodiesel
produzido a partir de óleo de microalga e alcoóis de cadeia longa (Isobutanol, álcool isoamílico e 2-
metil-1-butanol), com o intuito de fornecer subsídios para a utilização deste biocombustível em
condições extremas como, por exemplo, na aviação.

2 Objetivos

Este trabalho tem como objetivo geral o estudo de propriedades físicas de biodieseis
produzidos a partir de óleo de microalga transesterificado com álcool de cadeia longa. Para alcançar
esse objetivo geral, alguns objetivos específicos devem ser atingidos: avaliar a influência da
temperatura e do álcool reagente na densidade, viscosidade, ponto de fulgor, ponto de nuvem e pour
point do biodiesel; investigar as condições adequadas para a produção do biocombustível,
especialmente no que tange a reatividade com os diferentes alcoóis; e modelar matematicamente
algumas das propriedades anteriormente citadas.

3 Metodologia

3.1 Produção do biodiesel a partir de microalgas

Biodiesel de microalga será produzido por catálise homogênea com etóxido de sódio (1% da
massa de óleo), utilizando-se isobutanol, álcool isoamílico e 2-methil-1-butanol Merck PA (> =
99,5%) como álcoois reagente, na razão molar de 9:1 (álcool/óleo). Essa metodologia será adaptada
de Sanli e Canakci (2007) e Liu et al. (2010).

3.2 Análise da densidade

Serão realizadas análises de densidade dos biodieseis em função da temperatura utilizando


um densímetro digital Anton Paar, modelo DMA 4500. Os experimentos serão realizados em uma
faixa de 20 a 85 °C com uma variação de 5 °C. As análises serão realizadas em triplicata para cada
temperatura. Os dados experimentais serão correlacionados com a temperatura através de uma
equação linear (Pratas et al, 2011; Rodenbush et al, 1999), como mostrado na Equação Error:
Reference source not found. Para esta correlação ρ é a densidade ( g . cm−3), A e B são as constantes
da correlação (específicos para biodiesel) e T é a temperatura em °C.
ρ= A+ B⋅T (1)
3.3 Análise de viscosidade

A viscosidade dos biodieseis serão realizadas em um microviscosímetro capilar Anton Paar,


modelo AMVn, na faixa de temperatura de 20 °C até 85 °C. As medições serão realizadas em
quadruplicatas em intervalos de temperatura de 5 °C. Os dados experimentais serão correlacionados
com a temperatura de acordo de Equação (2), a qual apresenta dois parâmetros ( A e B) específicos
para cada biodiesel. Da mesma forma, o modelo proposto por Azian et al. (2005) (Equação (3)), que
aumenta o número de parâmetros ajustáveis para três, também será avaliado.
B (2)
ln μ= A+
T
B B (3)
ln μ= A + +
T T2

3.4 Determinação do ponto de fulgor

Para a determinação experimental do ponto de fulgor dos biodiseis, será utilizado o


equipamento Miniflash FLPH (Grabner Instruments, Áustria). As medidas serão realizadas em
triplicata, utilizando um volume de amostra de 1 ml, em uma faixa de temperatura de 165 ºC a 203
ºC, de acordo com o método oficial ASTM D6450.
3.5 Determinação da capacidade calorífica (CP)

A capacidade calorífica dos biodieseis serão determinadas utilizando o método de Stepscan


DSC de acordo com a seguinte metodologia: taxa de aquecimento linear de 2 K•min-1, temperatura
secundária de 0.5 K, passo isotérmico de 2 min and critério de estabilidade de 0.005 mW. As
analises serão realizadas em triplicata.

3.6 Determinação do ponto de névoa (Cloud Point) e Pour Point

Para a determinação do Cloud Point e Pour Point, será utilizado a técnica DSC, assim como
na determinação da capacidade calorífica. Amostras de 2 a 5 mg dos biodieseis serão pesadas e
colocadas em recipientes selados de alumínio. Um recipiente vazio será utilizado como referência.

4 Cronograma

Atividade 1o Trimestre 2o Trimestre 3o Trimestre 4o Trimestre


Revisão Bibliográfica
Produção Biodiesel
Viscosidade / Densidade
Determinação do Ponto de Fulgor e CP
Determinação do Pour e Cloud Point
5 Referência Bibliográfica

Azian, M.N.; Kamal, A.A.M.; Panau, F.; Ten, W.K. Viscosity estimation of triacylglycerols and of some
vegetable oils, based on their triacylglycerol composition. J Am Oil Chem, 78, 1001-1005, 2005.
Chen, L., et al. Biodiesel production from algae oil high in free fatty acids by two-step catalytic conversion.
Bioresour. Technol. doi:10.1016/j.biortech.2012.02.033, 2012.
Sanli, H and Canakci, M. Effects of Different Alcohol and Catalyst Usage on Biodiesel Production from
Different Vegetable Oils. Energy & Fuels, Vol. 22, No. 4, 2008
Liu, Y.; Tan, H.; Zhang, X.; Yan, Y.; Hameed, B.H. Effect of monohydric alcohols on enzymatic
transesterification for biodiesel production. Chemical Engineering Journal 157 (2010) 223–229
GARCIA, Camila Martis. Transesterificação de óleos vegetais. 2006. 136 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Mestre em Química na Área de Química Inorgânica, Universidade de Campinas, Campinas,
2006.
Pratas MJ, Freitas S, Oliveira MB, Monteiro SC, Lima AS, Coutinho JAP. BD density: experimental
measurements and prediction models. Energy Fuels 2011; 25:2333–40.
Rodenbush CM, Hsieh FH, Viswanath DS. Density and viscosity of vegetable oils. J Am Oil Chem Soc,
1999; 76:1415e9.
SILVAI, Paulo Regis Ferreira da; FREITAS, Thais Fernanda Stella de. Biodiesel: o ônus e o bônus de
produzir combustível.Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 3, p.843-851, maio 2008.

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