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A epopeia

Os Lusíadas, de Luís de Camões


Friso cronológico
IDADE MÉDIA RENASCIMENTO
Século XVI
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

Século XII Século XIII Século XIV Século XV Século XV

Luís de Camões (1524/5-1580)


Os Lusíadas (1572)
Renascimento
Renovação cultural e artística
• Reinvenção das formas artísticas,
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

com base numa perspetiva naturalista


e humanista.
Contextualização • Interesse pela arte e cultura da
histórico-literária Antiguidade Clássica.
(século XVI)

Classicismo
• Recuperação de figuras e temas
mitológicos.
• Gosto pela harmonia e simetria.
• Entendimento do corpo humano
como medida da arte.
Luís de Camões
(1524/5-1580)

Poeta português, filho de Simão Vaz de Camões e


CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

de Ana de Sá e Macedo, Luís Vaz de Camões terá


nascido por volta de 1524/1525, não se sabe
exatamente onde, e morreu a 10 de junho de
1580, em Lisboa.

Atribuem-se-lhe vários desterros, sendo um para


Ceuta, onde se bateu como soldado e em
combate perdeu o olho direito […] e outro para
Constância, entre 1547 e 1550, obrigado, diz-se,
por ofensas a uma certa dama da corte.

José Malhoa, Luís Vaz de Camões


Depois de regressado a Lisboa, foi preso, em 1552, em consequência de
uma rixa com um funcionário da Corte, e metido na cadeia do Tronco.
Saiu logo no ano seguinte, inteiramente perdoado pelo agredido e pelo
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

rei, conforme se lê numa carta enviada da Índia, para onde partiu nesse
mesmo ano, quer para mais facilmente obter perdão quer para se libertar
da vida lisboeta, que o não contentava.

Em 1569, após 16 anos de desterro, regressou a Lisboa, tendo os seus


amigos pago as dívidas e comprado o passaporte. Só três anos mais tarde
conseguiu obter a publicação da primeira edição de Os Lusíadas, que lhe
valeu de D. Sebastião, a quem era dedicado, uma tença anual de 15 000
réis pelo prazo de três anos e renovado pela última vez em 1582 a favor
de sua mãe, que lhe sobreviveu.

A 10 de junho, comemora-se o Dia de Camões, de Portugal e das


Comunidades Portuguesas.

“Luís de Camões” [em linha], in Infopédia [com supressões]


Uma epopeia é um género literário do modo narrativo que narra,
num estilo solene/elevado, as façanhas ilustres de um herói individual ou de
um povo. Encontra-se este tipo de narração em verso em muitas
civilizações, desde a indiana e a chinesa, até às civilizações ocidentais.
É indissociável do género épico a presença do elemento do
maravilhoso, que agiganta ou transcendentaliza a ação e os respetivos agentes.
No Ocidente, as matrizes do maravilhoso são basicamente duas: o paganismo
greco-latino e o cristianismo. Sobre esse pano de fundo mitológico ou religioso,
as personagens, as ações, os episódios ganham uma dimensão superior e
exemplar.
Os Lusíadas são uma epopeia. Como tal, apresentam
características específicas deste género literário:

1. Tema

2.1. interna
2. Estrutura
2.2. externa
1. Tema

A epopeia Os Lusíadas tem como tema o passado épico


nacional, inspirando-se na tradição nacional (e não na
experiência individual). Nela narram-se os feitos grandiosos do
povo português, desde a fundação da nacionalidade até ao
século XVI (data em que Camões escreve a obra).
2. Estrutura
2.1. Estrutura interna

Os Lusíadas encontram-se divididos em quatro partes:

Proposição

Invocação

Dedicatória

Narração
2.1. Estrutura interna

1. Proposição

O poeta apresenta o assunto da epopeia, propondo-se


cantar os grandes portugueses:

os reis que expandiram o Reino e a Fé;

os navegadores que chegaram ao Oriente;

os que se imortalizaram pela sua coragem.


(Canto I, est. 1-3)
2.1. Estrutura interna
2. Invocação

O poeta invoca:

as ninfas do Tejo para que lhe concedam a inspiração


necessária para exaltar os feitos heroicos dos lusitanos
(Canto I, est. 4-5);

Calíope (Cantos III, est. 1-2, e X, est. 8-9);

as ninfas do Tejo e do Mondego (Canto VII, est. 78-87).


2.1. Estrutura interna
3. Dedicatória

O poeta dedica a epopeia ao rei D. Sebastião, tecendo-lhe vários elogios


pelo seu espírito guerreiro e empreendedor.
(Canto I, est. 6-18)
2.1. Estrutura interna

3. Narração

Narram-se as aventuras e feitos do protagonista, o povo português. É a


parte mais extensa da obra.
(Canto I, est. 19 – Canto X)
2.1. Estrutura interna

Ordenação dos factos narrados

Nas epopeias, os factos não são narrados por ordem


cronológica. O narrador inicia o relato num momento adiantado da
ação, recuperando depois os acontecimentos anteriores através de

analepses.
N’Os Lusíadas, a ação apresenta-se in medias res, ou seja,
já a meio dos acontecimentos.
2.1. Estrutura interna
A viagem de Vasco da Gama à Índia

Mapa-múndi de Cantino, 1502 [adap.].


2.1. Estrutura interna

Ordenação dos factos narrados

Até ao final da obra, narram-se:

as peripécias da viagem de Vasco de Gama até à Índia ➞ narração


de acontecimentos presentes;

factos do passado da História de Portugal ➞ narração de


acontecimentos passados, em analepse;

sonhos proféticos e profecias dos deuses relativamente ao


futuro dos Portugueses ➞ narração de acontecimentos
futuros.
2.1. Estrutura interna

Planos narrativos

A narração d’Os Lusíadas ocupa a quase totalidade da epopeia, mas


ainda assim o poeta conseguiu garantir a unidade da ação. Para isso
contribuiu a perfeita articulação entre os vários planos narrativos.

Plano da Viagem

Plano da História de Portugal

Plano dos Deuses/Mitológico

Plano das Considerações do Poeta


2.1. Estrutura interna

Planos narrativos

Plano da Viagem

Consiste na ação central do poema, a viagem

marítima da tripulação comandada por Vasco da Gama


até à Índia.
Predomina, sobretudo, nos Cantos I, II, V, VI, IX e X.
2.1. Estrutura interna

Planos narrativos

Plano da História de Portugal

Surge encaixado no plano da Viagem e consiste na narração da


História de Portugal (por Vasco da Gama ao rei de Melinde, por
Paulo da Gama ao Catual de Calecut ou ainda pelo Adamastor e por
Tétis, que profetizam as proezas dos
Portugueses). Predomina, sobretudo,
nos Cantos III, IV, VIII e X.
2.1. Estrutura interna

Planos narrativos

Plano dos Deuses/Mitológico

Surge, geralmente, articulado com o plano da Viagem, uma vez


que se refere à intervenção que as figuras divinas e mitológicas têm
na ação, ou seja, na viagem dos
portugueses até à Índia. Predomina,
sobretudo, nos Cantos I, II, VI, VIII, IX e X.
2.1. Estrutura interna

Planos narrativos

Plano das Considerações do Poeta

Encontra-se em quase todos os Cantos, geralmente, no final, e


consiste em reflexões, críticas, elogios ou lamentações do poeta
acerca de diversos assuntos (a condição humana, o conceito de
heroísmo, o elogio dos Portugueses, a ingratidão e o
desprezo pelas artes…).
2.1. Estrutura interna

Episódios

Ao longo d’Os Lusíadas, encontramos diversos episódios inseridos


nos vários planos referidos anteriormente. Trata-se de pequenas
unidades narrativas (ações de carácter secundário) que contribuem
para uma ação variada e dinâmica.
2.1. Estrutura interna

Episódios

Tendo em conta a sua natureza, é possível agrupar os vários


episódios d’Os Lusíadas nos seguintes grupos:

episódios mitológicos: Consílio dos Deuses;

episódios líricos: Inês de Castro, Despedidas em Belém;

episódios simbólicos: Adamastor, Ilha dos Amores;

episódios naturalistas: Tempestade.


2. Estrutura
2.2. Estrutura externa
Epopeia Os Lusíadas

escrita em verso divide-se em dez Cantos

Cada canto apresenta um número variável de oitavas


(estâncias de oito versos), sendo o mais longo o Canto X e o
mais curto o Canto VII.

Esquema rimático fixo: rima cruzada nos seis primeiros


versos e rima emparelhada nos dois últimos versos, segundo o
esquema abababcc.

versos decassilábicos (dez sílabas métricas)

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