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https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1971/por-que-o
coordenador-pedagogico-pode-ser-o-melhor-formador-de
professores
Blog Coordenação
Vejo o coordenador pedagógico como aquele intelectual que, ao mesmo tempo em que
põe a mão na massa, é capaz de compreender como a teoria e os debates em torno da
Educação estão perto ou longe do chão da escola. É um ótimo termômetro da
aplicabilidade das políticas públicas e das propostas pensadas pela universidade em
cursos de pós-graduação, além de outras propostas das redes pública e privada.
Como detentor do saber, ainda é muito comum que os professores sejam formados
pelas faculdades para ser tudo, exceto educadores. O desejo de torná-los altamente
capazes de dominar os saberes próprios de sua disciplina, bem como de entupi-los de
teorias sem propor sua articulação com a prática faz sair dos cursos de graduação
profissionais que não estão preparados para a sala de aula.
Falo por mim. Pouco ou nada sabia da efetiva aprendizagem em sala de aula até pisar
em uma como professor. Minha experiência era a de aluno e meu fazer pedagógico
inicial se baseou naquilo que vi meus professores fazerem, para o bem e para o mal.
Mas como desejamos ir, parafraseando Nietzsche, além do bem e do mal, a prática me
mostrou que ou buscava formação mais específica e adequada, ou jamais conseguiria
desempenhar meu papel de professor no século XXI.
A formação do nosso professor ainda está muito vinculada à ideia de que ele deve ser
o especialista dominador de sua disciplina como alguém encerrado em uma torre de
marfim. Nosso professor sente-se muito desconfortável com a incerteza. E com razão:
a sociedade – e os educandos – também esperam dele respostas para tudo.
O outro aspecto que pode ser alvo do processo formativo proposto pelo coordenador
pedagógico é o fazer docente como ato solitário. Permitam-me o trocadilho, mas
precisamos tornar nossos professores solidários.
A prática docente, como bem o dizem Lessard e Tardif, em um belo e minucioso livro
chamado O Trabalho Docente, tem sido um ato isolado. O professor entra na sala de
aula, fecha a porta e esse espaço passa a ser um microcosmo alheio ao restante da
escola, à comunidade e à sociedade em geral.
Mas como fica o coordenador diante desse feudo? Aqui acredito que seu papel
formativo associado à sua função como articulador do projeto da escola é a melhor
forma de quebrar esse isolamento – melhor e única, pois as demais formações estão
fora da escola e não reúnem aquele grupo de docentes.
Algumas redes têm garantido efetivamente o tempo de coletivo para o professor fora
da sala de aula. Ainda há muitas dificuldades pela própria condição dos professores
que, em vista de baixos salários, são forçados a acumular aulas em duas ou três
escolas, além das obstruções burocráticas colocadas pelos sistemas para negar ao
professor o acesso ao tempo de horário coletivo. No entanto, também ouvimos de
colegas educadores discursos de pouca valorização desse tempo, como se o horário de
formação em serviço fosse um fardo a ser carregado.
Não é trabalho que se faça em um mês. Como disse em outro artigo, tudo que mexe
com a cultura instituída em uma comunidade exige paciência para mudar, mas
também coragem para fazê-lo. Afinal, é tão importante compreender como questionar.
Até a próxima!