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LET00002 – Turma H

Curso Livre: Prazer na dor: da épica homérica à tragédia ática


01 crédito – 15 h/aula
Sexta, segunda e quarta à tarde, dias 31/03, 03/04 e 05/04

Ministrante – Prof. Dr. Christian Werner (USP)


Docente Responsável – Prof. Dr. Carlos Leonardo Bonturim Antunes (UFRGS)

Público-alvo: alunos de pós-graduação e de graduação

Inscrições devem ser feitas pelo seguinte formulário: https://forms.gle/FSioXSKm1vPdbGEM6


Contato com o docente responsável pelo e-mail - leonardo.antunes@ufrgs.br
Participantes com frequência mínima de 75% recebem atestado de participação.

Matrícula - Alunos regulares do PPG Letras UFRGS para fins de obtenção de crédito podem
solicitar matrícula no curso. Encaminhar e-mail ao ppglet@ufrgs.br

Objetivos:
Discutir como a épica homérica e a tragédia ática concebem o prazer estético advindo do
contato com o sofrimento alheio, sobretudo a partir da teorização, em Platão e Aristóteles, dos
efeitos dessas práticas poéticas. Mais especificamente, por meio de uma leitura cerrada de
cenas da Ilíada, do Ájax de Sófocles e do Héracles de Eurípides, vai-se buscar definir a
economia de afetos que se revela no exercício crítico de se contrapor formas épicas e trágicas.

Justificativa:
A Ilíada e a Odisseia são parte fundamental do horizonte de produção e recepção dos
espetáculos trágicos na Atenas do século V a.C. e, como atestado em Platão e Aristóteles, na
teorização em comum dessas formas poéticas no século IV a.C. Que Platão aproxime a épica
homérica e a tragédia na República e Aristóteles faça o mesmo na Poética, isso indica, grosso
modo, que, no horizonte de recepção dessas tradições poéticas já canônicas na primeira
metade do século IV a.C., elas podiam ser concebidas, a partir de certos parâmetros (o
mimético é o principal), como possuindo semelhanças fundamentais entre si mais do que, por
exemplo, com a épica hesiódica ou a poesia mélica. As semelhanças e contrastes entre o
canto 24 da Ilíada, que parece exemplificar a mecânica da catarse trágica aristótelica, e as
tragédias Ájax e Héracles, em particular, de sua forma, articulada em torno da busca de um
prazer ligado à (própria) morte e de como arquivar trajetórias (auto)destrutivas, tornam esse
conjunto de textos profícuo para uma discussão de concepções do prazer por eles gerado em
sua recepção, vale dizer, da economia de afetos envolvida.

Conteúdo:
1. Ilíada, sobretudo cantos 18 e 24:
- Aquiles e o prazer da cólera e da dor lutuosa;
- crítica platônica aos excessos passionais (Liebert 2017).
2. Ájax:
- três formas de experiência trágica no prólogo;
- os afetos no funeral de Ájax (Munteanu 2012).
3. Héracles
- concepções da estrutura bipartida da tragédia: dois Héracles?;
- Teseu/Atenas asila (“arquiva”) Héracles (Telò 2020).
Bibliografia:

Bibliografia principal:
EURÍPIDES. Héracles. In: Teatro completo. Trad.: J. Torrano. Vol. 2. São Paulo: Iluminuras,
2016.

GAZONI, F. M. A Poética de Aristóteles: tradução e comentários. Dissertação de mestrado.


São Paulo: USP/FFLCH, 2006.

HOMERO. Ilíada. Tradução e introdução: C. Werner. São Paulo: SESI-SP / Ubu, 2018.

PLATÃO. A República. Intr., trad. e notas: M. H. da Rocha Pereira. 6a. ed. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 1990.

SÓFOCLES. Ájax. Trad.: Jaa Torrano. Ateliê / Mnema: Cotia / Araçoiaba da Serra, 2022.

Bibliografia de apoio:

LIEBERT, R. S. Tragic pleasure from Homer to Plato. Cambridge: Cambridge University Press,
2017.

MUNTEANU, D. L. Tragic pathos: pity and fear in Greek philosophy and tragedy. Cambridge;
New York: Cambridge University Press, 2012.

TELÒ, M. Archive feelings: a theory of Greek tragedy. Columbus: Ohio State University Press,
2020.

WERNER, C. Novas formas do herói e do divino no Héracles de Eurípides. In: CARDOSO, I.


B.; COSTA, L. L.; COELHO, M. C. M. N. (org.) Kléos – entre deuses, homens e heróis. Belo
Horizonte: Fino Traço, 2022, p. 101-19.

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