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CAPÍTULO 6

Sobre as palavras ish e ishá (homem e


mulher)

Ish e Ishá são dois termos com os quais foram determinados


primeiramente o homem e a mulher e, posteriormente, usados
metaforicamente a todo macho e fêmea de todas as espécies
animais. A Escritura diz: “De todos os animais puros levarás contigo
sete e sete, o homem (ish) e sua mulher (ishtó)” (Gênesis 7:2), como
que dizendo: macho e fêmea. Posteriormente, o termo ishá foi
empregado metaforicamente a toda coisa destinada e preparada a se
juntar com outra coisa, como em “as cinco cortinas serão enlaçadas,
uma (ishá) à outra (achotá)” (Êxodo 26:3). Daqui fica claro a ti que
irmã e irmão também são empregados no sentido figurado, como
homônimos similares a ish e ishá.

CAPÍTULO 7

Sobre o verbo ialad (gerar, dar à luz)

Ialad. O significado entendido desta palavra é conhecido, que é


“nascimento”: “e lhe nasceram (veialedu) filhos” (Deuteronômio
21:15). Posteriormente, essa palavra foi empregada de modo figurado
para a produção das coisas naturais, como “antes das montanhas
terem sido geradas (iuládu)” (Salmos 90:2). Também foi empregada
no sentido figurado para indicar o que faz germinar, através de
comparação com o nascimento: “e a fazem nascer (holída) e brotar”
(Isaías 55:10).

Assim também este termo foi aplicado para eventos que se renovam
no tempo como se fossem coisas que nascem, como “porque não
sabes o que nascerá (ieled) no dia” (Provérbios 27:1), e foi aplicado
também aos pensamentos que se renovam e às ideias e opiniões que
derivam disso, como em “e dará à luz (veialad) à mentira” (Salmos
7:14). E neste sentido foi dito: “e com filhos (ialdê) dos estrangeiros
pactuaram” (Isaías 2:6), ou seja, que se contentaram com suas
opiniões, como explicou Ionatan ben Uziel:25 “E foram pelas leis das
nações”. Assim, quem ensinou algo a alguém e transmitiu-lhe uma
ideia é considerado como se o tivesse feito nascer,26 devido a ser o
autor desta ideia. Neste sentido, os discípulos dos profetas foram
denominados “filhos dos profetas”, conforme explicaremos ao
falarmos do homônimo do termo ben, “filho”.

De acordo com esta metáfora foi dito a respeito de Adão: “Adão viveu
cento e trinta anos, e gerou (vaioled) um filho à sua semelhança,
conforme a sua imagem” (Gênesis 5:3). E já lhe foi explicado
anteriormente27 o significado de tsêlem (“imagem”) de Adão e demutó
(“sua semelhança”). Portanto, todos os filhos anteriores a Shet não
alcançaram a qualidade de possuir a forma humana verdadeira, que é
“tsêlem (“imagem”) de Adão e demutó (“sua semelhança”)”, a respeito
do que foi dito sobre “à imagem de Deus e à Sua semelhança”. No
entanto, com relação a Shet, a quem Adão ensinou e instruiu, dando-
lhe a inteligência pela qual chegou à perfeição humana, foi dito: “à
sua semelhança, conforme a sua imagem” (ibid. 5:3).

Daqui aprendestes que todo aquele que não obteve esta forma, a
qual explicamos o significado, não é um homem e sim um animal com
a figura e contornos de um homem. Porém, ele possui o poder – que
os animais não possuem – de causar danos e cometer más ações,
porque o pensamento e a reflexão que possui, que poderiam ser
usados para alcançar a perfeição, são empregados em todo tipo de
artifícios que causam más ações e geram danos. Por isso, diz-se que
ele é como se fosse algo parecido com um ser humano ou que o
imita. E assim eram os filhos de Adão que precederam a Shet. E os
Sábios disseram no Midrash: “Durante todos os cento e trinta anos
que Adão esteve repreendido, ele gerava espíritos”28 – ou seja,
“demônios”–, mas quando obteve a Sua graça (nirtsá), gerou um
semelhante a ele, ou seja, “à sua semelhança, segundo a sua
imagem (bidmutó ketsalmó)”. Este é o sentido das palavras “Adão
viveu cento e trinta anos, e gerou (vaioled) um filho à sua
semelhança, conforme a sua imagem” (ibid. 5:3).

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