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Índice

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epilogo
TRADUÇÃO E FORMATAÇÃO:

BOOKSUNFLOWERS
Capítulo 1
Cole estava observando a morena durante a maior parte dos três
períodos.
O que era simplesmente errado em vários níveis.
Para começar, era raro uma mulher que podia ficar entre Cole
Sharpe e o beisebol. Ou entre Cole e qualquer esporte, na verdade.
E no Yankee Stadium em particular, o jogo vinha em primeiro
lugar. Especialmente um jogo em que os Yankees estavam tentando
estabelecer o domínio precoce sobre o Blue Jays na divisão Leste da
Liga Americana.
Os olhos de Cole deveriam estar colados no campo. Não apenas
porque os Yankees eram sua equipe - ele era um fã obstinado desde
seus dias da Little League - mas porque Cole era um jornalista
esportivo. Amanhã de manhã seria esperado que Cole soubesse todos
os detalhes do jogo.
E mesmo assim...
Seus olhos moveram-se mais uma vez para a figura magra da
morena enquanto ele tomava mais um gole de cerveja.
Havia algo sobre ela que exigia um segundo olhar e, ao mesmo
tempo, não havia nada demais sobre ela. Ela era totalmente,
completamente, simples.
E essa era a outra razão pela qual o fascínio de Cole pela mulher
não fazia sentido.
Cole amava as mulheres quase tanto quanto amava esportes, mas
essa mulher?
Ele gostava de mulheres curvilíneas, mas essa era sem curvas a
ponto de ser magra. Não havia nenhuma definição notável de sua
cintura através de sua camisa do Jeter. Nenhuma definição feminina
de seus quadris.
Além disso, Cole preferia loiras, e o rabo de cavalo bagunçado
dessa era apenas alguns tons mais claros do que preto.
Quanto ao seu rosto? Bem, ele ainda não tinha visto. Não
totalmente. Mas ela virou a cabeça uma vez no terceiro período,
dando a Cole uma rápida olhada no perfil dela. O nariz empinado era
fofo, mas o resto dos traços dela não eram tão pronunciados a ponto
de explicar por que ele continuava a olhar para ela.
Foi preciso passar a metade do terceiro período para Cole perceber
o que o tinha cativado.
Pela primeira vez em sua vida, ele estava vendo uma mulher que
estava mais concentrada em um jogo de beisebol do que ele.
Pequena morena, como ele tinha começado a pensar nela, não
tinha perdido o interesse no jogo uma única vez. Mesmo entre os
períodos, quando o resto do estádio ia pegar mais cerveja e
amendoins, ela simplesmente escrevia como louca em um pequeno
caderno que deixava no colo.
Era como um relógio. A terceira saída sinalizaria a troca dos
jogadores em campo, e a atenção da pequena morena se voltaria para
o maldito caderno.
Sua mão esquerda se moveria para girar seu rabo de cavalo em
torno de um dedo enquanto sua mão direita apressadamente
escrevia...
O quê?
O que ela escrevia naquele caderno? E exatamente porque é que ele
queria tanto saber?
Normalmente, Cole simplesmente perguntaria. O assento ao lado
da pequena morena estava livre. Todos os outros no camarote
estavam lá mais para fazer conexões e pela comida e bebida grátis do
que para o jogo. Teria sido tão fácil simplesmente sentar ao lado
dela, iniciar uma conversa. Flertar.
Mas por alguma razão, ele estava hesitante.
Cole disse a si mesmo que era porque ele não queria interromper o
que quer que fosse que ela estava trabalhando tão diligentemente,
mas havia um medo desconhecido também.
O medo da rejeição.
Porque nada sobre essa mulher sinalizava que ela estaria
interessada em conversar com ele.
E essa seria a primeira vez.
Mas antes que Cole pudesse decidir se deveria ou não morrer de
curiosidade sobre aquele maldito caderno ou arriscar a rejeição da
pequena morena, seu melhor amigo e colega de trabalho estava
segurando uma cerveja gelada na frente de seu rosto.
— Você parece que precisa disso — disse Lincoln Mathis, bebendo a
espuma de sua própria cerveja.
— Como você saberia? — Cole disse. — Você tem conversado com a
esposa de Jonas Leroy durante a melhor parte dos quatro períodos.
— Tive que fazer isso, — disse Lincoln com um pequeno dar de
ombros. — Ela estava entediada. Seu marido está completamente
preocupado com o que quer que esteja acontecendo com aquela bola
ali embaixo.
— Como ele deveria estar em um jogo de beisebol. — Cole disse
com precisão.
Cole não sabia porque ele se preocupava. Seu amigo já estava de
volta ao celular, nem um pouco interessado no jogo.
Lincoln Mathis parecia o tipo de homem que deveria gostar de
esportes: alto, atlético, bem musculoso graças as suas sessões de
academia matinal. Cabelo preto descuidadamente estilizado e olhos
azuis amigáveis que gritavam o cara tão alto quanto eles gritavam
mulherengo.
Mas, para o desânimo de Cole, ele nunca havia conseguido que seu
amigo investisse mais do que um interesse passageiro em esportes -
qualquer esporte. Lincoln sempre gostou de participar de jogos que
envolvessem álcool e mulheres, mas pergunte a ele quem ele achava
que seria o MVP deste ano, e ele diria Babe Ruth sem o menor traço
de ironia.
Ainda assim, esta noite, Cole não poderia exatamente reclamar
com Lincoln por não prestar atenção quando ele mesmo estava tendo
um péssimo momento tentando manter a atenção na pontuação.
Mais uma vez, seus olhos encontraram a pequena morena, que
estava… sim. Escrevendo em seu caderno.
— Ei, Sharpe. Você sabe onde eles guardam um extintor de
incêndio por aqui? — Lincoln perguntou, olhando ao redor do
luxuoso camarote do Yankee Stadium.
Cole afastou o olhar da mulher e do maldito caderno dela. — Para
quê?
— Se você encarar aquela garota com mais força, ela vai explodir
em chamas. — Lincoln disse, indicando com o queixo para a pequena
morena.
— Eu não estava encarando.
— Não insulte nosso bromance. — Lincoln disse alegremente.
— Continua a falar e não teremos um bromance. — Cole se forçou a
não olhar para a mulher novamente.
— Ei, se você tem uma quedinha pela garotinha, você pode me
dizer. — Lincoln disse, tomando outro gole de sua cerveja.
— Eu não tenho uma quedinha. E garotinha? Sério? Você é escocês
agora?
— Às vezes. As garotas curtem o sotaque. Você deveria
experimentar com a sua garota ali.
— Ela não é minha garota. Ela é apenas… — Interessante, Cole
terminou silenciosamente.
— Bom, — disse Lincoln, batendo uma mão no ombro dele. —
Então você não vai se importar em saber que ela foi embora.
Os olhos de Cole voaram para o assento onde a mulher estava
sentada, irritado ao ver que seu amigo estava certo. Ela tinha ido
embora.
— É melhor assim. — Lincoln disse. — Nós temos coisas maiores
para focar. Diga, como nós vamos aniquilar o bastardo que está atrás
do seu trabalho?
— Não é meu trabalho. — Cole disse, cuidadosamente mantendo a
nota de amargura fora de sua fala.
— Ainda não. — Lincoln disse. — Mas vai ser. Tirar a competição de
fora da jogada é a única razão pela qual eu estou nesse evento
bárbaro.
— Me lembre de nunca te levar a um jogo de hóquei. — Cole
murmurou.
Ainda assim, ele apreciou a lealdade de seu amigo. E Lincoln estava
certo. Esta noite não era sobre pequenas fãs de beisebol e seus
malditos cadernos.
Esta noite era sobre o futuro profissional de Cole.
A chave para esse futuro? Revista Oxford.
Oxford era a revista masculina mais vendida do país, onde Lincoln
- e a maioria dos outros amigos mais próximos de Cole -
trabalhavam.
Mas mais importante, era também onde Cole trabalhava.
Bem, mais ou menos.
Ele iria trabalhar lá. Assim que encontrasse o idiota que estava
atrás do emprego dele.
Cole não ia fingir que não tinha uma tendência competitiva. Era
um pré-requisito para alguém cujo pão de cada dia vinha do
conhecimento das nuances do esporte profissional.
E era raro que Cole sentisse um investimento pessoal numa
competição. Mas esta noite? Esta noite, era definitivamente pessoal.
Cole era o concorrente.
O prêmio?
O título de Editor Sênior de Esportes na Oxford.
A revista estava finalmente ganhando uma seção de esportes de
verdade. Sua amostra de duas páginas sobre futebol que eram
espremidas entre críticas de colônia e a maneira correta de usar um
clipe de gravata estava sendo expandida para uma seção de esportes
com multi páginas e multi tópicos.
Uma seção que precisava de um editor.
Cole era o homem certo para o trabalho. O único homem para o
trabalho. Não só ele tinha escrito para Oxford como freelancer por
anos, mas o editor-chefe, Alex Cassidy, era um de seus amigos mais
próximos.
Quando Cassidy chegou a Cole e explicou que queria fazer de
Oxford uma candidata séria como concorrente para os leitores da
Sports Illustrated, Cole tinha certeza de que Cassidy estava
oferecendo-lhe o emprego.
Inferno, Cassidy vinha lhe implorando a meses para se juntar à
equipe, e Cole estava finalmente pronto para um salário fixo.
Pronto para pertencer a alguma coisa.
Porque, embora Cole não estivesse exatamente ansiando para
comprar uma casa nos subúrbios e se estabelecer com uma garota
legal, não se tratava apenas de Cole.
Era sobre Bobby, e o fato de que o cuidado de Bobby estava ficando
cada vez mais caro. Seu irmão precisava de mais do que os cheques
de freelance ocasionais de Cole podiam oferecer.
Cole não estava apenas pronto para esse trabalho. Ele precisava
dele.
E foi quando Alex Cassidy largou a bomba.
O trabalho não era do Cole.
Então, adeus ao Cole descontraído. Olá, Cole Gladiador.
Porque, sério, que porra é essa?
Cole não se importou que eles tivessem que postar a vaga
publicamente. Ele entendeu que havia caixas de RH que tinham que
ser checadas. Mas nunca pensou que haveria competição. Não só
porque os caras de Oxford eram praticamente sua família, mas
porque Cole era o melhor jornalista esportivo da cidade.
Sua candidatura deveria ter sido uma formalidade. O pedido para
que ele atualizasse seu currículo e apresentasse um portfólio deveria
ter sido apenas uma questão de documentação.
O cargo era dele, caramba. Cole era a seção de esportes de Oxford.
Só que ele não era. Ainda não.
Cassidy ligou ontem para informar que ele era um finalista. Um
maldito finalista.
Irritando ainda mais Cole, Cassidy não disse a ele quem era seu
competidor. Cole tinha nomeado todos os jornalistas esportivos da
cidade, mas Cassidy não iria nem mesmo grunhido de confirmação.
Maldito Cassidy e seu profissionalismo inabalável.
Mas seu amigo não havia deixado completamente em apuros.
Cassidy tinha mencionado a Lincoln que o outro candidato tinha
sido convidado ao camarote reservado pelo Grupo da Hospitalidade
de Berkin para o jogo de hoje à noite dos Yankees.
Lincoln tinha, naturalmente, dito a Cole.
Por isso eles estão aqui, tentando descobrir quem era competidor.
Era a única razão para que Cole fosse encontrado no camarote
luxuoso. Ele odiava camarotes de luxo.
Isso não era o que o beisebol - ou qualquer jogo - era. O beisebol
era sobre os amendoins, as multidões barulhentas, a cerveja acima
do preço. Era sobre o som de uma bola rápida chocando-se contra a
luva do receptor, a fissura satisfatória de um taco quando um
batedor novato conseguisse realmente um bom lançamento.
Para Cole, ver beisebol era sobre sentar com seu irmão nas
arquibancadas, ver o rosto de Bobby ficar positivamente extasiado
toda vez que faziam a onda, e o jeito que seu irmão nunca se cansou
da sétima entrada.
Isso era beisebol.
E Cole queria nada mais do que ser uma parte anônima na
multidão, de preferência na terceira linha de base, vendo os Yankees
esperançosamente atropelarem os Blue Jays.
Em vez disso, ele estava preso aqui com um bando de tolos que não
reconheceriam uma bola a meia altura nem se ela os atingisse na
bunda.
Colocando sal na ferida, foi tudo por nada. Não havia nenhum sinal
de sua concorrência. Cole conhecia todos os jornalistas esportivos
decentes da cidade, e nenhum deles estava ali esta noite.
Era possível, ele supôs, que Cassidy estivesse considerando algum
desportista de fora da cidade para a posição, mas uma rápida
varredura da sala mostrou apenas rostos familiares, todos grandes
corporativistas.
— Vamos sair daqui. — Cole disse a Lincoln, terminando com o
resto de sua cerveja em três goles.
— Você não quer esperar pelo Cassidy?
— Nah, eu falo com ele amanhã.
Antes de Cole se virar para sair, ele não conseguiu resistir a um
último olhar na direção onde sua pequena morena estava sentada.
Ele parou quando viu que ela tinha voltado e, incrivelmente, a
mulher tinha se tornado mais atraente.
Seu rosto estava ligeiramente virado para o lado, seu caderno
estava agora aberto no assento à direita ao invés de no seu colo, e ela
escrevia furiosamente com a mão direita, enquanto sua mão
esquerda segurava...
Um cachorro-quente.
Acalme-se, coração.
Aparentemente, senhorita Vidrada-no-Jogo tinha conseguido se
afastar tempo suficiente para conseguir um bom cachorro-quente à
moda antiga. Só mostarda, pelo que parece. Pessoalmente, Cole teria
adicionado um pouco de ketchup, mas ainda assim... uma mulher
que comia um cachorro-quente tão descaradamente?
Ele tem que falar com essa mulher, o risco de rejeição que se
ferrasse.
Cole estava ao lado dela antes mesmo de se comprometer
totalmente com a decisão de se mover, ignorando o riso de Lincoln
atrás dele.
De perto, ela era ainda menor do que ele esperava. Ombros
estreitos, sem peitos para que se tecesse um comentário, braços
pequenos e magros.
Ele ainda não tinha visto seu rosto completamente, graças ao boné
que ela usava, e de repente ele não tinha certeza do que ele estava
mais desesperado para ver, seu rosto ou seu caderno de anotações.
Ele limpou a garganta. — Ei.
Não exatamente sua melhor apresentação, mas foi o suficiente para
chamar a atenção dela.
A caneta da pequena morena parou de rabiscar furiosamente, e a
mandíbula dela pausou na mastigação constante do cachorro-quente.
Lentamente o rosto dela se levantou para o dele e Cole teve a mais
estranha sensação de perder o fôlego enquanto ele esperava para
finalmente encontrar os olhos dessa mulher.
E, uau. Que incrível par de olhos que eles eram.
Se o resto dela era pequeno, os olhos dela eram enormes em
comparação. Enormes, castanho-escuros e amigáveis.
Maldição, ela era fofa.
Não era gostosa. Não era linda. Mas ela tinha algo do tipo de
charme de garota-comum, quer-tomar-uma-cerveja?
Ela também não era o tipo do Cole. Nem um pouco. Ele gostava de
loiras, com belas pernas e sedutoras.
Mesmo assim, aquele maldito caderno...
— Cole Sharpe. — Disse ele, erguendo uma mão.
Os olhos dela se abriram um pouco mais, e por um segundo ele
pensou que talvez ela tivesse reconhecido o nome dele, mas então ela
sorriu e foi apenas pura curiosidade amigável.
— Oi! — A voz dela combinava com a do resto dela. Feminina e
inocente.
Cole se viu estranhamente encantado. Ela era tão... diferente.
— Posso? — Ele perguntou, gesticulando com o queixo dele em
direção ao assento ao lado dela.
— Claro que sim!
Cole tentou pegar seu caderno sob o pretexto de abrir espaço para
si mesmo, mas ela puxou-o para o colo antes que ele pudesse tocá-lo.
Merda.
Ele sentou e se permitiu satisfazer totalmente sua curiosidade,
aproveitando que agora ele podia vê-la cara a cara.
O boné dos Yankees ainda protegia a parte de cima do rosto dela,
mas ele podia ver claramente um queixo pontiagudo, nariz pequeno,
e aqueles grandes e lindos olhos castanhos. Até onde ele podia dizer,
ela não estava usando uma grama de maquiagem, o que permitiu que
uma leve camada de sardas se mostrassem fortes e orgulhosas sobre
o nariz e o topo de suas bochechas.
Fofa. Definitivamente fofa.
E, rapidamente, ela voltou a focar no jogo.
Os olhos de Cole se estreitaram um pouco quando ele percebeu que
tinha sido o único a encarar. A atenção dela tinha voltado para o
campo, quase antes dele se sentar.
O que era essa merda?
A falta de apreciação feminina era incomum o suficiente - e
desconfortável o suficiente - para deixá-lo levemente irritado. Então,
ao invés de fazer a coisa decente e deixá-la ver a entrada dos Yankees
recuperando o lugar no campo, ele falou com ela.
Para ela, na verdade. Ela ainda não estava olhando para ele. Nem
mesmo para dar uma olhada nele.
— Primeiro jogo? — Ele perguntou.
Olhos castanhos piscaram para ele, levemente. — O quê?
— Primeiro jogo de beisebol?
Isso chamou a atenção dela. Pela primeira vez, ela pareceu
realmente olhar para ele. Os olhos dela se passaram lentamente
sobre ele, antes de retornar aos dele, o tom dela apenas um pouco
irritado. — Não. Não é o meu primeiro jogo.
— Ah, — ele disse, já mentalmente recuando. — Má suposição a
minha. É que você estava tão interessada no jogo...
— Então você pensou que eu devia estar tentando entender como é
que tudo funcionava? — Perguntou ela. — Que eu devo estar
tentando entender por que algumas partes do campo são verdes e
outras são marrons, e o que esses quadrados brancos na terra são, e
por que - ah - por que esses homens estão correndo para os
quadrados brancos, mas só às vezes…
— Tudo bem, — Cole disse com uma gargalhada. — Eu sou um
idiota. Você sabe sobre beisebol.
O sorriso dela foi rápido e fácil, e ele ficou aliviado ao ver que ela
não era um daqueles tipos vou-te-odiar-para-sempre. — Eu sei sobre
beisebol.
É isso que está no seu caderno? Coisas sobre beisebol?
Ela deu uma mordida enorme no cachorro-quente, completamente
sem vergonha das bochechas estufadas, e Cole escondeu um sorriso,
fingindo que, ao invés disso, estava fixado no jogo.
Inferno. Quando é que ele teve que fingir estar fixado nos Yankees?
— Você estava parcialmente certo. — Ela admitiu, depois de engolir
o cachorro-quente.
Ele olhou para ela. — Ah é?
Ela sorriu. — Esse é meu primeiro jogo dos Yankees.
— Eu sabia, — ele disse, sorrindo para ela. — Eu sabia que havia
algo virgem em você. Mas me diga, porque uma fã de beisebol como
você nunca veio ao Yankee Stadium até agora?
— Bem... — Ela lambeu um pouco de mostarda do dedo, mas não
da maneira lenta e deliberada que a maioria das mulheres que ele
conhecia teria feito. — É muito longe de Chicago...
Cole retirou os olhos da cena de como os lábios dela se fecharam
em volta do polegar, sugando a mostarda. — Você é de Chicago?
— De lá, sim. — Ela disse. — Mas vamos apenas dizer que daqui
duas semanas, eu vou passar muito mais tempo aqui do que em
Wrigley.
— Ah. Você é nova em Nova York.
— Completamente.
— O que acha daqui?
Ela hesitou. — É... intenso.
— O que você quer dizer é... nós, os nova-iorquinos, somos
assustadores como o inferno?
Ela sorriu. — Bem, não são tão hostis quanto tinham me alertado,
mas sim. Nós de Chicago somos um pouco mais amigáveis do que
vocês, nova-iorquinos.
— Eu sou amigável. — Ele contra-atacou.
A pequena morena riu. — Não. Você é incrivelmente charmoso. E
um bocadinho bonito.
Ele deu a ela seu melhor olhar sedutor. — Eu sou?
Ela sorriu. — Você sabe que é.
Os olhares deles se prenderam por um momento, e Cole ficou
assustado ao perceber que aquela era a vez que ele mais se sentiu
relaxado - o mais ele mesmo - perto de uma mulher em... inferno...
ele não sabia quanto tempo.
Na maioria das vezes ele estava acostumado a lançar um par de
frases engraçadas, alguns sorrisos lentos, e ver as mulheres usando
de seus próprios movimentos.
Não houve jogos com esta mulher. Ela simplesmente era ela.
Cole percebeu que ele nem sabia o nome dela.
— Então me diga, como fã de beisebol de Chicago, você torce para o
Cubs ou White Sox, senhorita...
— Pope. — Ela disse. — Penelope Pope. E ambos.
O subconsciente de Cole reconheceu que Penelope Pope era
exatamente o nome que deveria ser dessa mulher. Alegre e
aliterativo. Sua consciência, no entanto, se apegou a outro fato. —
Ambos?
Não era uma resposta típica. A maioria das pessoas tinham um
time de beisebol, mesmo que você fosse de uma cidade com dois
times, como Penelope.
Ela deu de ombros. — O beisebol não é sobre quem ganha. Nem
sequer se trata de quem está jogando. É sobre o jogo. O fluxo
consistente dele, a batida da bola contra a luva quando você tem a
sorte de estar sentado ao longo de uma das linhas de base, em vez de
ficar preso aqui nesta caixa abafada...
Ele a encarou. As palavras se assemelhavam tanto aos
pensamentos dele, de apenas alguns momentos atrás que ele quis
beijá-la.
Ela poderia ser a mulher dos seus sonhos.
— Isso explica o cachorro-quente. — Ele disse.
— O quê?
Ele acenou com a cabeça para a última mordida de cachorro-
quente, ignorada na mão esquerda dela. — O cachorro-quente. Você
está em um camarote de luxo no Yankee Stadium com um buffet
inteiro de comida gourmet, e ainda assim você foi e pegou o
cachorro-quente mais simples que você pôde encontrar.
Ela sorriu. — Culpada.
Cole virou seu corpo na direção dela agora. — Diga-me, Penelope
Pope, o que traz uma fã dos Cubs e White Sox até Nova York, onde
você vai enfrentar um novo dilema de escolher entre os Yankees e os
Mets...
A pequena morena nunca chegou a responder.
A sombra de alguém que se aproximava atrás de seus assentos fez
com que ambos se virassem. Era Alex Cassidy, editor-chefe de
Oxford, olhando para eles com uma expressão meio-surpreso e meio-
preocupado.
— Cassidy. — Disse Cole. Ele levantou uma sobrancelha e
silenciosamente adicionou, que legal de você aparecer.
— Desculpe o atraso. — Cassidy disse, sem soar nada arrependido.
— Eu acabei ficando preso.
Automaticamente, os olhos de Cole varreram o camarote de luxo
até que ele encontrou a mulher bonita que ele sabia que
provavelmente estaria em algum lugar por ali...
Sim, lá estava ela.
Emma Sinclair, a noiva de Cassidy, com quem ele havia se
reconciliado recentemente, estava limpando sorrateiramente a
mancha de batom do canto da boca.
Seus olhos voltaram-se para seu chefe, desta vez olhando mais de
perto...
— Terceiro botão, cara. — Cole disse cansado.
O sempre polido Cassidy olhou para baixo e, sem nenhum
acanhamento, ajeitou os botões desalinhados de sua camisa.
Cole deveria saber. Uma Emma Sinclair nua era a única coisa que
poderia tirar Alex Cassidy de seu rígido horário.
Mas a vida sexual de Emma e Cassidy foi onde a parte previsível da
noite terminou, porque Cole não estava nem um pouco preparado
quando Cassidy estendeu a mão para a pequena morena, um sorriso
educado em seu rosto geralmente impassível.
— Alex Cassidy. Desculpe o atraso, Senhorita Pope.
Cole olhou entre os dois. Eles se conheciam?
— Sem problemas. — Disse ela, dando um sorriso amigável para
Cassidy. Era exatamente o mesmo sorriso amigável que ela tinha
dado a Cole, e isso fez com que Cole quisesse esmurrar seu amigo na
boca.
— É ótimo ver vocês dois estão se dando bem. — Disse Cassidy com
uma olhada estranha para Cole.
Ele estreitou os olhos para o chefe, não tinha certeza do que estava
perdendo, mas tinha certeza de que estava perdendo alguma coisa.
Cassidy respondeu à pergunta silenciosa de Cole com seu sorriso
habitual de empresário profissional. — Cole, essa é Penelope Pope.
— Nós nos conhecemos. — Cole disse lentamente.
— Excelente. Então você sabe que Penelope é nossa candidata ao
cargo de editora de esportes em Oxford?
Muito lentamente, Cole virou-se para a pequena morena.
Encontrou seu sorriso amigável e o relance de “me desculpa, só que
não” nos olhos dela.
Essa era a competição dele. Essa era a pessoa que estava entre Cole
e o trabalho que ele queria tão desesperadamente.
— Suponho que eu deveria ter sido mais minuciosa quando me
apresentei, — ela disse docemente. — Penelope Pope. Editora de
esportes.
Lado positivo? Pelo menos agora Cole sabia o que estava em seu
maldito caderno.
O lado negativo? Todo o resto.
Capítulo 2
Não é que Penelope nunca usasse salto altos.
Ela usava. Às vezes.
Digamos, como... no casamento da melhor amiga, ou no funeral da
avó. Ah, e teve aquele encontro com o banqueiro de investimentos
numa das principais churrascarias de Chicago.
E... bem, ok, essas eram as três últimas ocorrências das quais ela se
lembrava.
O problema: nenhum desses eventos ocorreram no ano passado.
O maior problema? A falta de prática de andar com salto agulha
tinha causado apenas um pequeno tropeço, que por sua vez tinha
causado uma mancha de café, não tão pequena, em toda a sua blusa
branca.
O maior problema de todos?
A única razão pela qual ela estava usando uma blusa branca e os
malditos saltos altos em primeiro lugar era porque ela precisava
estar na maior entrevista de sua carreira em...
Penelope olhou para seu relógio.
Trinta minutos.
Trinta minutos até que ela tivesse que convencer o editor-chefe da
revista Oxford que ela era a melhor candidata possível para assumir
a nova seção de esportes.
Trinta minutos para descobrir como superar Cole Sharpe em seu
território, tudo isso com uma grande mancha de café nos seus peitos.
Normalmente, meia hora teria sido suficiente para uma entrevista,
mas certamente não era tempo suficiente para voltar para casa e
trocar de roupa. E sendo ela que tinha chegado na cidade de Nova
York a um total de duas semanas, ela não tinha um único amigo que
pudesse chamar para ajudá-la.
— Merda. Merda, merda, merda, merda, merda. — Penelope
sussurrou para si mesma, olhando ao redor do enorme e
extravagante lobby do prédio que abrigava a revista Oxford.
Não ajudava que o lugar parecesse um palácio, pelo menos, para
alguém que passou os últimos dois anos trabalhando em seu
minúsculo escritório em casa, em uma mesa instável sobre piso de
madeira batida.
Penelope, de repente, percebeu que ela não pertencia a aquele
lugar. Ela não se encaixava com as mulheres glamorosas
atravessando o lugar em stilettos muito mais altos do que os dela,
sem dar nenhum tropeço.
Penelope teimosamente empurrou o pensamento para fora de sua
cabeça enquanto limpava a mancha.
E daí que o edifício de escritórios de Manhattan era apenas um
pouco mais glamoroso do que seu apartamento no Wicker Park. E
daí que ela tivesse derramado café na camisa. E daí que ela teria
vendido uma pequena parte de sua alma por um par de tênis.
Nada disso era importante.
O que era importante era que Penelope era uma grande jornalista
esportiva. O que era importante era que ela poderia convencer Alex
Cassidy disso, independentemente da grande mancha em sua
camisa.
O que era importante era que...
Ah, que se dane.
Penelope não podia de forma alguma entrar na entrevista mais
importante de sua vida com uma mancha marrom gigante entre seus
peitos.
Ela olhou para cima novamente, os olhos dela presos no discreto
letreiro da que indicava “BANHEIRO FEMININO” no lado mais
distante do lobby. Ela não sabia o que faria quando chegasse lá, mas
talvez alguém tivesse um lenço umedecido. Ou doze.
Penelope começou a andar - ok, oscilar - naquela direção quando
ouviu o nome dela.
— Penelope?
Ela congelou. A voz masculina era familiar. Ela se virou devagar.
Lá, olhando para ela com uma expressão perplexa, estava um Cole
Sharpe muito lindo, muito bem vestido, muito sem mancha de café.
Querido Deus. Você está brincando comigo?
— Oi Cole! — Penelope manteve sua voz alegre, apesar de ele ser
possivelmente a última pessoa na terra que ela queria ver agora.
Por que, de todas as pessoas para testemunhar seu desastre com o
café, tinha que ser o mesmo homem que estava entre Penelope e seu
emprego dos sonhos?
— Bom dia. — ele respondeu, mantendo o tom agradável.
Seus olhos caíram na mancha de café, mas ela teve que dar crédito
ao homem, porque ele voltou o olhar para o rosto dela quase
imediatamente. É claro, isso poderia ter sido devido ao fato de que
seu peito tamanho P, plano como uma prancha, não valer a pena um
olhar prolongado.
Ainda assim, ela apreciou que ele conseguiu segurar um sorriso,
mesmo que ele provavelmente estivesse mentalmente erguendo o
punho em vitória graças a sua infeliz falta de jeito.
— É bom te ver de novo — ela disse, deslocando o peso
desajeitadamente de um pé para o outro.
— Está aqui para a sua entrevista? — Cole perguntou.
— É daqui alguns minutos — ela respondeu. — E você? Apenas
dando uma volta?

— A minha é só às duas.
Penelope olhou para o relógio dela. Eram dez para as onze. — Uau,
isso traz um novo significado para aparecer cedo.
Cole olhou para o lado por breves segundos. — Na verdade...
— Ah, — disse ela. — Você não está aqui apenas para a entrevista,
está? Esse é o seu lugar. Esse é o seu pessoal.
— Eu venho em alguns dias por semana. Como freelancer.
Não havia nenhuma arrogância na voz dele, o que ela apreciava,
mas havia uma luz guerreira feroz nos seus olhos mesmo assim.
Penelope se intimidou, só um pouco.
O subtexto de sua declaração estava alto e claro: “Você está no meu
território, querida”.
O que ela não daria para ele voltar a ser o homem encantador com
quem tinha conversado no jogo de beisebol. Antes que ele soubesse
que ela era sua competidora.
Não é que ele tivesse se tornado hostil ao saber que ela era sua
principal adversária. Depois que Alex Cassidy os apresentou ontem à
noite, Cole ficou por ali tempo o suficiente para ser educado, fazendo
conversa fiada.
Mas o Cole ousado - ousaria dizer provocante - tinha desaparecido.
Ela não o culpava. Se ele queria esse trabalho tanto quanto ela,
tinha todos os motivos para pensar nela como inimiga.
O que era uma pena. Ela gostou dele. Não só porque ele era bonito
de se olhar, mas meu Deus, ele era bonito de se olhar. E exatamente
o tipo dela. Ele tinha o tipo atlético de um jogador. Cabelo loiro cor
de areia longo o suficiente para passar as mãos nele. Olhos castanhos
escuros que prometiam um momento bom.
E aquele sorriso.... O sorriso de Cole Sharpe era uma coisa infernal,
lento e sexy, e ela tinha certeza que tinha feito mais de uma mulher
perder qualquer habilidade de pensar em outra coisa que não fosse
imaginá-lo nu.
Mas por outro lado, ele também parecia ser o tipo de cara com
quem ela gostaria de tomar uma cerveja. Alguém com quem pudesse
falar sobre compras e contar piadas.
Cole Sharpe estava além do seu alcance - muito além do seu
alcance - no sentido de relacionamento, mas e como amigo?
Instintivamente disse que ele seria um bom amigo se não
continuasse a olhando como se fosse alguém que estava entre ele e
um grande prêmio.
O que, é claro, ela estava.
Assim como ele estava no caminho dela.
Foi uma sensação desconfortável. Apesar do seu amor por todas as
coisas esportivas, ela própria não era muito competitiva. Não que ela
fosse mole, ela só não gostava de ganhar apenas por ganhar.
Mas ela queria ganhar esta posição em Oxford.
Não, precisava ganhá-la, não só para o novo começo que isso
representava, mas para lembrá-la de que havia coisas mais
importantes para se ganhar do que o coração inconstante de Evan
Barstow.
O pensamento de Evan causou uma pontada, como sempre faz, e
Penelope endireitou seus ombros, a mancha de café que se dane.
— Boa sorte com sua entrevista, Sr. Sharpe — disse ela, dando-lhe
um sorriso amigável apesar de seus pensamentos hostis.
Ele acenou com a cabeça. — Você também.
Ela retribuiu o gesto, esperando parecer mais sofisticada do que
sentia. — Agora se você me dá licença, eu preciso ir ao banheiro
feminino. Eu tive um… — Ela gesticulou com a mão na direção do
peito. — Problema com a minha roupa.
Os olhos dele desceram de novo, mas ele apenas acenou.
Penelope virou as costas, desejando que ela fosse coordenada o
suficiente em stilettos para girar sensualmente em seus calcanhares.
Ao invés disso ela se moveu devagar, mantendo a cabeça erguida
mesmo quando as lágrimas pinicavam no canto dos olhos. Isso não
era como este dia supostamente deveria ser. Ela devia parecer
elegante e confiante, e...
— Ei, Penelope.
Ela parou, encolhendo-se quando percebeu que ele a tinha seguido.
— Sim? — Ela se virou.
De pé a alguns metros de distância, Cole subiu a alça da bolsa do
laptop dele mais alto no ombro. Os olhos dele desceram até a
mancha, então voltaram para os olhos dela, parecendo absorver as
suas bochechas vermelhas e o fato de que o queixo dela estava muito
perto de tremer.
Então ele praguejou baixo e passou uma mão pelo cabelo. —
Vamos.
Ela piscou. — Perdão?
Ele inclinou o queixo na direção da recepção. — Venha comigo.
Ela estava muito confusa para fazer qualquer outra coisa além de
segui-lo, embora continuou a mover-se lentamente, o café mantido
cuidadosamente na frente dela para evitar mais um passo em falso.
Ele olhou por cima do ombro e viu que ela não estava
acompanhando o ritmo dele. Ele parou, marchou em sua direção e,
sem avisar, tirou o café da mão dela.
— Ei...
— Acelera, Pequena — disse ele.
— Eu nem sei para onde vamos.
Ele não respondeu quando se aproximou dos seguranças, dizendo
algo a eles antes de se virar e estalar os dedos para ela. —
Identificação com foto.
Penelope entregou, observando como os homens musculosos atrás
da mesa colocavam algo no computador.
Um minuto depois, Cole entregou-lhe de volta a sua identificação e
um crachá temporário antes de colocar a mão nas costas dela e guiá-
la não muito gentilmente através da catraca em direção ao enorme
elevador do lobby.
— Cole, eu não posso encontrar o Cassidy assim, — ela disse
quando eles entraram no elevador. — Eu preciso ir no banheiro
feminino, ver se eu consigo tirar um pouco dessa mancha de café.
Ele deu um soco no botão do décimo segundo andar e olhou para
ela. — Pequena, nenhuma limpeza vai remover latte de baunilha de
uma camisa branca.
— Como você sabe que é um latte de baunilha?
Ele gesticulou em direção ao copo que ainda estava segurando,
onde o pedido da bebida dela estava claramente marcado ao lado.
Então ele tomou um gole.
— Ei! — Ela estendeu a mão para pegar o café de volta, mas ele a
rebateu para o lado assim que as portas do elevador se abriram para
o piso.
— Depois de você. — Ele fez um gesto amplo, e Penelope o
precedeu relutantemente para fora do elevador e...
— Onde estamos? — Ela respirou, paralisada.
Ele parou ao lado dela com um pequeno sorriso. — Bem-vinda a
Stiletto, Pequena.
Stiletto.
A maior revista feminina do país e irmã de publicação da Oxford.
Penelope não era muito por dentro de coisas de garotas, mas até
ela tinha passado muitas tardes ensolaradas com as páginas
brilhantes de Stiletto, aprendendo sobre o batom coral certo para o
seu tom de pele ou folheando o "Guia da Boa Menina para Ser Má".
— Todas parecem tão felizes — ela disse, mais para si mesma do
que para Cole.
— Talvez você devesse considerar trabalhar aqui, então — ele disse,
sua voz rabugenta quando ele colocou uma mão nas costas dela e a
empurrou pelo corredor para onde quer que a estivesse levando.
— Bem, talvez eu fizesse isso se eles tivessem uma seção de
esportes — ela respondeu.
— Provavelmente não vai acontecer. A não ser que você conte
Pilates como esporte. Eu sei porque eu tentei. Ok, aqui estamos nós.
Cole parou na frente de uma porta fechada no perímetro externo
do andar e bateu duas vezes antes de abri-la.
— O que você está...?
Penelope calou-se quando a porta se abriu e Cole deu um passo
paro o lado. — Pequena, conheça as abelhas rainhas da Stiletto.
Quatro das mulheres mais lindas que Penelope já tinha visto
olharam para ela.
— Cole, que criatura maravilhosa você nos trouxe? — Perguntou
uma mulher linda, alta e de cabelo preto que estava no canto. A linda
aparência da mulher ficou um pouco menos intimidante pelo fato de
que a boca dela estava cheia de donut. Ela lambeu açúcar em pó do
polegar e deu a Penelope um sorriso amigável.

— Penelope? — Era Emma Sinclair. Graças a Deus. Um rosto


familiar.
Penelope conheceu Emma - a namorada de Alex Cassidy - no jogo
dos Yankees na noite anterior, e a mulher não poderia ter sido mais
simpática. Ou mais bonita. Magra com longos cabelos castanhos,
olhos castanhos quentes e maçãs do rosto altas e salientadas, era
fácil ver porque Cassidy tinha se apaixonado por ela.
— Garotas, essa é Penelope Pope — disse Emma às outras
mulheres.
— Ah sim, a queridinha de Chicago que está dando ao nosso Cole
uma corrida pelo seu dinheiro no Departamento de Esportes — disse
uma mulher loira. Ela balançou o dedo mindinho para Cole, que
piscou de volta.
Havia uma familiaridade fácil lá que deu a Penelope uma facada
estranha em algo próximo a inveja.
g p j
A loira bonita ficou de pé e estendeu a mão para Penelope. — Eu
sou Julie Greene. Essa fera enfiando outro donut na boca e não
ganhando um quilo, é Riley McKenna, a engomadinha do suéter é
Grace Malone, e é claro que você já conhece Emma. Nós somos as
colunistas de Relacionamentos para a Stiletto.
— Hum, olá — Penelope deu um pequeno aceno ridículo.
Houve um momento estranho de silêncio, e então Cole deu um
passo à frente.
— A Penelope aqui tem uma entrevista com Cassidy em quinze
minutos.
— Ahhhhhhh, — todas as quatro mulheres disseram ao mesmo
tempo.
— Não diga mais nada — disse a linda morena chamada Grace,
chegando para frente para puxar Penelope para dentro.
— Vamos continuar a partir daqui, Cole, querido. — Julie disse,
levando Cole para o lado de fora da porta. — Foi muito gentil da sua
parte trazê-la até nós.
Foi? Penelope se perguntou. Ela ainda não sabia o que estava
acontecendo.
E então a porta foi fechada na cara de Cole, e as quatro mulheres a
cercaram.
Riley caminhou até ela - alta o suficiente que se sobrepôs
facilmente sobre os 1,55 de Penelope, mesmo com seu enorme salto
alto - e, sem vergonha alguma, curvou-se e fungou na direção das
mamas de Penelope.
— Oh, pelo amor de Deus, Ri — Emma murmurou.
Riley se ergueu. — Baunilha latte.
— Impressionante. — Penelope disse.
Riley bateu no nariz e piscou. — Esse bebê pode identificar
qualquer coisa.
— Bem, qualquer coisa comestível. — Emma completou. — O que
vocês acham, garotas? Vamos lá no pessoal de Estilo? Ver se elas têm
algo que sirva em Penelope?
O entendimento recaiu sobre Penelope.
Estas mulheres iam ajudá-la a superar o desastre com café. Quatro
perfeitas estranhas - bem, três estranhas e Emma - a ajudariam sem
outra razão que não fosse ser gentis.
— Ultimamente, tem sido difícil escolher coisa lá em Estilo, — disse
Grace, circulando por Penelope e batendo no lábio, — muita porcaria
de passarela. Nada de apropriado para uma entrevista.
— Ela pode trocar de camisa comigo. — Riley disse, as mãos dela já
indo para a bainha da blusa de leopardo com decote V.
Julie bufou. — Você e seus peitos grandes não têm lugar aqui, Ri.
Eu vou trocar com ela.
Sem avisar, Julie puxou sua blusa de gola alta preta sobre sua
cabeça e a estendeu para Penelope.
Penelope piscou os olhos. — Eu não posso pegar sua camisa.
Julie a sacudiu. — Claro que você pode.
— O que você vai usar?
— Sua monstruosidade manchada, é claro.
Penelope balançou a cabeça. — Eu não posso deixar você fazer isso.
— Não é o dia todo, — Julie disse numa voz suave — eu só preciso
usar até o outro lado da cidade para a Bloomingdale's. Certo,
garotas?
— Podemos parar e comer um burrito? — Riley não perguntou a
ninguém em particular.
Cole bateu do outro lado da porta. — Doze minutos, Pequena.
— Pequena. Você e Cole estão na fase de apelidos, hmm? — Grace
disse com as sobrancelhas levantadas.
Penelope ignorou isso, respirou fundo, e desabotoou os botões da
camisa manchada. Assim que ela a tirou dos ombros, Julie a pegou e
a vestiu.
Penelope apressadamente puxou a camisa de Julie sobre sua
cabeça, antes de assistir de forma culpada enquanto Julie abotoava o
desastre de Penelope, a frente esticando um pouco por causa seios
maiores de Julie, tornando a mancha de café ainda mais perceptível.
Penelope gemeu. — Você não pode usar isso.
Julie olhou para baixo e deu de ombros. — Que melhor maneira de
chamar a atenção para as gêmeas?
Grace estendeu a mão e endireitou a gola alta sobre os ombros de
Penelope. — Um pouco grande, mas os caras não percebem essas
coisas.
— Muito obrigada — disse Penelope, olhando para as quatro
mulheres. — Eu realmente não... nem sei o que dizer. Se houver
alguma coisa que eu possa fazer para recompensar…
— Na verdade, tem — disse Julie com um olhar pensativo no rosto.
— Qualquer coisa.
Julie deu a Penelope um olhar um pouco presunçoso e cruzou os
braços sobre o peito. — Que tal você nos dizer por que Cole Sharpe
está ajudando uma mulher que está diretamente no caminho do
emprego dos sonhos dele?
Penelope congelou enquanto a pergunta de Julie pairava.
Cole Sharpe poderia ter ido embora no lobby. Poderia ter deixado
ela aparecer com uma grande mancha molhada em sua camisa após
uma tentativa malsucedida de removê-la.
Ele poderia ter feito ela ficar desequilibrada e envergonhada para
sua entrevista.
Em vez disso, ele a ajudou. Ele tinha ido além, na verdade.
Penelope só podia balançar a cabeça para as mulheres curiosas. —
Honestamente? Eu não faço a mínima idéia.
Capítulo 3
Quase duas horas depois de ter mostrado a Penelope Pope
os escritórios da Oxford para sua entrevista com Cassidy, Cole ainda
não tinha descoberto o que diabos ele estava pensando.
Ele tinha tido a oportunidade perfeita de ter uma vantagem sobre
Penelope Pope no processo de entrevista, e em vez disso ele tinha
sido a maldita fada madrinha, levando-a para o baile.
Ou para o escritório das meninas Stiletto. A mesma coisa.
Era só que...
Ela pareceu tão pequena. E quando ela piscou para ele com
enormes olhos castanhos tentando desesperadamente conter
lágrimas...
Ah, inferno. Foi um caso perdido.
Mesmo assim, isso não significava que ele não estava morrendo de
vontade de saber se ela tinha estragado a entrevista. E ele conhecia a
pessoa certa para falar sobre o assunto.
Joanna Barry era recepcionista principal da Oxford, e a mão direita
de Alex Cassidy. Se alguém sabia o que Cassidy tinha pensado da
Pequena Pope, era Jo.
Ou pelo menos, Cole com certeza esperava que sim, porque ele
tinha esperado na fila do Starbucks por vinte e cinco minutos para
conseguir seu suborno.
— Olá, doçura. Eu te trouxe uma coisa… ah. É você.
A cadeira da recepção da Oxford girou. Cole estava esperando
Joanna, mas teve uma visão mais masculina.
Lincoln Mathis.
— Isso é para mim? — Perguntou o homem de cabelos pretos,
jogando para o lado a revista que estava lendo e esticando uma mão
ansiosa por um dos copos na mão de Cole.
— É para a Jo. — Cole disse, olhando ao redor do escritório e
esperando que a recepcionista estivesse por perto.
— Voltou para casa, estava doente. — Lincoln disse. Ele estalou os
dedos com expectativa para o café.
Cole hesitou por cerca de meio segundo antes de ceder e entregar o
café, com cuidado para esconder seu sorriso. Ele tomou um gole de
seu próprio café, mantendo uma expressão inocente em seu rosto
enquanto Lincoln tomava uma bebida do café destinado a Joanna.
Apenas aguarde…
Lincoln cuspiu. — Filho da... O que é isto, alcatrão?
— Isso, meu amigo, é um Americano — disse Cole.
— Um Ameri… O quê? Tem gosto de sujeira.
— Eu pensei que você tinha dito que tinha gosto de alcatrão.
— Me dê o seu — disse Lincoln, erguendo uma mão.
Cole tirou o copo de alcance. — Vá pegar seu próprio café. E além
disso, você não iria gostar. É um cappuccino sem açúcar. Não tem
amêndoas ou granulados o suficiente, ou o que quer que você
coloque.
Lincoln Mathis parecia do tipo que gostava de seu café puro. Mas
ele tinha um pequeno segredo sujo: um sério problema com doces.
—Tem que ser melhor do que aquilo. — Lincoln resmungou.
Cole deu de ombros. — Jo gosta de coisas quentes e fortes.
— Ah, é? — Uma sobrancelha escura se ergueu.
— É por isso que ela me chamou para sair. — Cole disse, sorrindo
maldosamente.
— Ela não fez isso.
— Só porque Cassidy está rígido sobre funcionários namorando
outros funcionários.
— Mas você não é um funcionário. — Lincoln apontou, inclinando-
se para trás na cadeira.
— Obrigado pelo lembrete — disse Cole.
As palavras de Lincoln fizeram com que a realidade se
desmoronasse quando Cole lembrou por que ele estava aqui.
Uma maldita entrevista.
Uma olhada em seu relógio indicou que ele ainda tinha quase uma
hora até que pudesse acabar com a formalidade. Ele olhou para
Lincoln, que tinha retomado a folhear uma revista.
— Cara, você está lendo a Stiletto? — Cole perguntou, notando a
inconfundível capa da revista feminina.
Olhos azuis apareceram por cima da revista. — Diga-me que você
não a pega de vez em quando para as dicas de sexo.
— Não preciso delas. Ei, já que você está sentado aqui,
aparentemente sem fazer absolutamente nenhum trabalho, você
viu...
O telefone tocou e o Lincoln ergueu um dedo. — Espere, por favor,
eu tenho que atender isso.
— Sério?
Lincoln enfiou o telefone debaixo do queixo dele enquanto puxava
uma caneta e papel em sua direção. — Revista Oxford, Lincoln
falando, como posso direcionar sua chamada?... Humm-hummm. É
claro. Só um momento.
Lincoln apertou o botão de espera e olhou para o telefone. — Ei,
venha aqui e me ajude a descobrir como transferir essa chamada
para o Peter.
— Hum, não.
Lincoln o encarou. — Sério? Porque eu poderia te contar tudo
sobre a morena fofa que está falando com Cassidy agora mesmo
sobre seu trabalho.
Cole não poderia ter dado a volta na mesa mais rápido.
Puta merda, aquilo tinha um monte de botões.
— Por que não há apenas um simples botão de transferência? —
Lincoln murmurou.
— Há quanto tempo você está sentado aqui? — Cole perguntou. —
Você não descobriu como transferir uma chamada até agora?
Lincoln deu nos ombros. — Eu consegui convencer todo mundo a
ligar de volta mais tarde, ou distraí-los perguntando sobre seu dia.
— Claro que sim. — Cole murmurou. Cole se considerava
galanteador. Mas Lincoln havia transformado aquilo em uma arte.
A luz piscando era um lembrete de que alguém ainda estava em
espera, e Lincoln praguejou, pegou o telefone e digitou uma rápida
série de números, e então desligou-o novamente.
— O que acabou de acontecer? — Cole perguntou.
— Não faço ideia. — Disse Lincoln, inclinando-se para trás na
cadeira. — Ok, então converse comigo sobre essa Penelope Pope.
Cole voltou para a frente da mesa, só para perceber que Lincoln
tinha roubado seu café. Conhecendo Lincoln, esse provavelmente era
seu o plano o tempo todo.
— Ela... Espera, você era quem supostamente devia me dar
informações.
Lincoln deu nos ombros.
— Bem, como ela estava quando saiu da entrevista? — Cole
perguntou. — Nervosa? Estressada? Esperançosa?
Cole tinha a intenção de ficar por perto e ver isso ele mesmo, mas
alguns dos caras do departamento de Fitness o arrastaram para um
longo almoço, e então ele foi direto para o Starbucks para pegar o
café de Jo.
— Não sei. — Lincoln disse.
— O que você quer dizer com "não sabe"? Você é o especialista em
relacionamento residente de Oxford. Você analisa mulheres para
viver.
Era verdade. Cole era bom com mulheres, mas Lincoln estava em
outra liga. Ainda mais irritante do que a habilidade de Lincoln de
pegar mulheres com pouco mais do que um piscar de olhos, era sua
habilidade de deixá-las ir sem ofender seus sentimentos.
Enquanto a caixa de entrada de Cole guardava cronicamente pelo
menos um e-mail de ódio de uma mulher com quem ele tinha
terminado, Lincoln tinha encontros no almoço com pelo menos
metade de suas ex-namoradas.
Cole sempre imaginou que tinha que ter uma história por trás da
estranha abordagem de Lincoln com as mulheres. Ele só não tinha
descoberto ainda.
— Eu analiso mulheres para viver, — Lincoln respondeu
calmamente. — Mas eu tenho que realmente vê-las primeiro.
A implicação por trás das palavras de Lincoln caiu sobre Cole, e ele
congelou. — Espera. Calma aí, porra. Você está me dizendo que você
não a viu sair do escritório do Cassidy ainda?
Lincoln deu nos ombros. — Eu estou sentado aqui desde que ela
entrou. Não a vi sair.
— Talvez porque você está muito ocupado lendo sobre o que
esperar na sua próxima consulta no ginecologista. — Cole disse,
apontando acusadoramente para a revista Stiletto nas mãos do
amigo dele. — Porra, Linc, você deveria estar prestando atenção.
— Eu posso fazer multitarefas, cara. Estou te dizendo, sua garota
ainda não saiu de lá.
Antes que Cole pudesse parar para considerar se era uma boa idéia
(não era), ele já estava passeando pelo corredor em direção ao
escritório de Cassidy.
— Se eu fosse a Jo, teria que te seguir e dizer que não pode entrar
aí! — Lincoln falou atrás dele.
Cole não se preocupou em responder. Ele não precisava olhar para
saber que Lincoln já estava de volta à sua revista.
Passaram quase duas horas desde o início da entrevista de
Penelope. De que diabos eles estavam falando?
Cole talvez poderia entender que Cassidy tinha que passar pelas
formalidades de entrevista com outro candidato - talvez.
Mas uma sessão de perguntas e respostas de trinta minutos como
"me fale sobre alguma vez que você mostrou iniciativa" deveria ter
sido o suficiente.
Mais de uma hora?
Más notícias para Cole.
Alex Cassidy era um profissional. Ele não apressaria ninguém a sair
sem dar a eles uma chance justa. Mas ele também não faria graça
com alguém se achasse que eles estavam fazendo ele perder seu
tempo.
Se a Pequena Morena ainda estava lá, isso significava que ela
estava arrasando em sua entrevista.
— Merda. — Cole murmurou, quando encontrou a porta de Cassidy
ainda fechada.
Infelizmente, para ele, o escritório de Cassidy não era um daqueles
com paredes de vidro. Não havia nem sequer uma pequena janela na
porta para ele passar acidentalmente.
Ele teria que esperar até que fosse sua vez, ou...
A mão dele estava na maçaneta da porta e, antes de pensar melhor,
abriu-a.
O rosto de Cassidy foi o primeiro que ele viu - a expressão do
editor-chefe foi de surpresa para irritado em tempo recorde - mas
Cole mal notou.
Seus olhos estavam muito ocupados absorvendo a pequena mulher
de cabelos escuros do outro lado da mesa de Cassidy, observando
enquanto ela se virava com a interrupção.
Deus, aqueles olhos.
Eles o pegavam toda vez.
E então ela sorriu. — Oi, Cole!
Que Deus o ajudasse. Ela parecia genuinamente feliz em vê-lo. E
não do jeito que ele estava acostumado.
Apenas um sorriso amigável, do tipo eu-sou-uma-pessoa-legal.
— Fora. — Cassidy rosnou para Cole.
Cole olhou para o relógio dele, deixando seu rosto solto com falso
desânimo. — Caramba, vocês ainda estão... desculpe. Cheguei cedo?
Cassidy apontou para a porta. — Fora. Sua entrevista é só às duas.
— Eu sei, mas Jo não estava na recepção, então eu pensei em entrar
como sempre fiz.
O “como eu sempre fiz” foi um lembrete deliberado para Penelope
de que Cole pertencia ali. Ele. Não ela.
Mas se Penelope percebeu isso, nunca foi registrado no rosto dela,
e por alguma razão isso irritou ainda mais Cole.
Pelo amor de Deus, mulher, se imponha. Diga-me para sair da
sua entrevista.
Em vez disso, o maldito sorriso dela nunca vacilou e ela virou-se
para Cassidy. — Sinto muito, Sr. Cassidy. Eu tomei muito do seu
tempo. Vou deixá-lo em paz.
— Por favor, Senhorita Pope, pela última vez... me chame de Alex.
Cole revirou os olhos atrás das costas de Penelope.
A maioria chamava Cassidy de Cassidy.
A coisa toda do "Me chame de Alex" foi só para irritar Cole. Para
que ele soubesse que ele não era o único na cidade.
— Só se você me chamar de Penelope. — Disse Pequena Morena,
levantando-se.
— Eu gostaria disso. — Disse Cassidy com um sorriso genuíno
enquanto também se levantava.
O sorriso de Cole vacilou um pouco quando ele percebeu que eles
estavam terminando a entrevista.
Por outro lado, ele tinha feito o que se propôs a fazer - interromper
a entrevista de Penelope Pope. Talvez espiar um pouco.
Por outro lado, se sentiu horrível.
Cole sabia que podia ser um filho da puta arrogante às vezes, mas
não era um babaca.
E agora ele definitivamente se sentia como um.
— Senhorita Pope, por favor, — Cole disse, erguendo uma mão. —
Sente-se. Eu absolutamente não deveria ter entrado assim,
arruinando sua entrevista.
Fazer a coisa certa foi uma grande merda.
— Ah, está tudo bem. — Ela disse animadamente, pegando um
portfólio da mesa de Cassidy e colocando em uma grande bolsa. —
Você não estragou nada. Eu não estou preocupada com essa
interrupção me fazer parecer mal.
Cole ficou em silêncio por vários segundos, e então ele não
conseguiu segurar um pequeno riso.
Penelope Pope pode parecer doce como uma gatinha, mas maldita
seja se ele não tivesse sentido o arranhão mais sutil de suas garras.
Ele a admirava por isso.
— Você está absolutamente certa. — Ele disse. — Essa não é uma
boa maneira de começar minha entrevista, não é, Cassidy?
— Você não faz ideia, — Cassidy murmurou. — Eu a acompanho até
a saída, Senhorita Po… Penelope.
— Ah, não se preocupe com isso. — Penelope disse, se movendo em
direção à porta. Ela parecia uma garota brincando de se vestir, com
suas calças escuras, e especialmente com blusa de manga curta e gola
alta preta que era um pouco grande demais no seu pequeno corpo. —
Boa sorte, Sr. Sharpe.
— Sim, obrigado. Ah, e Penelope...
Ela parou na porta e virou com um sorriso questionador.
Cole deixou o sorriso dele brilhar quente. — Tenho certeza de que é
difícil se mudar para uma nova cidade com tantas equipes e
jogadores novos para aprender. Se você quiser que eu lhe mostre por
onde começar...
— Poupe-se, Sharpe. Você tem que ver isso. — Cassidy
interrompeu, vindo para ficar ao lado de Cole.
Cassidy virou-se para se concentrar em Penelope. — Terrence
Mason.
Ela parou um pouco e mexeu os pés.
Cassidy acenou em encorajamento para ela, antes de virar a cabeça
ligeiramente para Cole e murmurar veja isso com o canto da boca.
Penelope lambeu seus lábios nervosamente. — Um, ok. Terrence
Mason. Começando com Interbases para os Mets, média de três
pontos doze batidas, média de 130-RBI ao longo de sua carreira de
seis anos, conseguia rebater com as duas mãos apesar de perder a
metade externa de seu mindinho esquerdo devido a um acidente na
sala de aula na escola secundária...
— Joe Carrington. — Cassidy interrompeu.
Penelope nem parou para pensar. — Segunda-Base para os Knicks.
Severamente subestimado, nunca parece fazer o mesmo movimento
duas vezes na quadra. Formado em Duke, levou sua equipe para o
campeonato da NCAA todos os quatro anos, foi MVP no seu último
ano depois de marcar...
— Rick Macornis. — Disse Cassidy, interrompendo novamente.
— Goleiro recentemente aposentado do Rangers. Provavelmente
poderia ter continuado mais alguns anos, mas ele tinha começado a
ficar lento, provavelmente fez uma boa escolha aposentando
enquanto estava na frente. Seu AG estava crescendo todos os anos de
uma maneira ruim. Teve um caso com a esposa de seu melhor amigo.
Cole balançou a cabeça, sentindo-se um pouco atordoado. — Eu
entendi, — ele disse, todos os vestígios de leveza desapareceram de
sua voz. — Eu deveria estar te perguntando sobre dados.
— Oh, eu gostaria disso! — Penelope disse, parecendo não perceber
o tom na voz dele. — Talvez pudéssemos tomar um café um dia
desses. Eu adoraria saber sua opinião sobre quais jogadores gostam
de falar e quais precisam ser persuadidos...
Ela parou, olhando entre os dois homens, sem dúvida vendo as
expressões atordoadas de Cole e Cassidy.
Esta mulher era de verdade?
Eles estavam disputando uma posição altamente remunerada,
altamente desejável em uma das maiores revistas do país e ela queria
tomar café e trocar dicas?
— Hum… — Foi tudo o que Cole conseguiu dizer.
— Sem pressão, — ela se apressou a dizer. — Eu só pensei, bem...
eu sou nova na cidade. O Sr. Cassidy tem o meu número se você
quiser tomar uma bebida um dia desses. Não é um encontro, apenas,
você sabe, apenas... Ok, boa sorte com sua entrevista.
As palavras dela ficaram cada vez mais rápidas, de modo que o
cérebro dele teve que lutar para acompanhar... e então ela
desapareceu.
A porta fechou com um clique atrás dela, e nem Cassidy nem Cole
se moveram por vários segundos.
— Isso acabou de acontecer? — Cole perguntou, ainda olhando
para a porta.
— Aparentemente, — murmurou Cassidy. — Você vai ligar para
ela?
— Não se ela pegar o meu emprego, — Cole resmungou.
Cassidy não respondeu, e Cole deu ao outro homem um olhar
afiado enquanto o editor-chefe deu a volta para se sentar em sua
mesa.
— Não tente me tranquilizar nem nada. — Cole disse sob seu
fôlego.
Cassidy suspirou. — Você poderia sentar-se para que possamos
fazer essa maldita entrevista?
Cole olhou para a porta. — Temos que fazer isso agora? Você
parece que está de mau humor.
— É claro que eu estou de mau humor, — Cassidy disse, passando
uma mão pelo cabelo. — Você acabou de interromper a entrevista
daquela mulher. Ela pode nos processar.
— Por favor, — Cole disse com um bufo. — Ela queria ir tomar café
comigo.
— Só porque ela não te conhece, — Cassidy murmurou.
— Sim, você está definitivamente de mau humor. Talvez
devêssemos remarcar...
— Sente-se, — ordenou Cassidy. — Vamos acabar com isso. Que tal
começarmos com uma fácil?
— Claro, — disse Cole, se remexendo na cadeira, fingindo que não
se sentiu atraído pela exibição impressionante das estatísticas
esportivas de Nova York da Pequena Morena.
— Ótimo, — disse Cassidy. — Que tal você me dizer o que diabos
você estava pensando, entrando aqui?
O discurso de Cassidy continuou por vários momentos, mas Cole
não se deu ao trabalho de ouvir. Ele já sabia a resposta para a
pergunta de Cassidy.
Por que ele invadiu o escritório? Havia dois motivos.
O primeiro era fácil. Ele queria garantir que a pequena forasteira
de Chicago não estivesse roubando seu emprego.
A segunda parte era mais complicada. Ele queria ver a pequena
forasteira de Chicago.
Agora ele só precisava descobrir o porquê.
Capítulo 4
— Não pode ter sido assim tão ruim. — A voz do outro lado do
telefone era calma.
— Confia em mim, — disse Penelope. — Foi péssimo.
Houve um momento de silêncio quando sua irmã mais nova
ponderava. — E você disse que ele apenas olhou para você?
— Como se eu fosse um animal no zoológico. Um exótico, mas não
bonito, exótico, — disse Penelope, mordendo o cachorro-quente que
ela havia comprado de um vendedor no Central Park.
Carne de rua, ela tinha escutado chamarem. Soava tão nojento. O
gosto era tão bom.
Penelope sempre imaginou que o Central Park seria loucamente
lotado, sendo a joia da coroa da cidade mais populosa do país e tudo
mais.
Mas em uma quarta-feira de abril, mais fria do que o habitual,
estava quase deserta, e Penelope sentiu que o parque era seu
playground pessoal.
— Que barulho é esse? — Janie perguntou. — Você está comendo?
— Cachorro-quente, — disse Penelope.
A irmã dela gemeu. — E eu aqui pensando que a única coisa boa em
você sair de Chicago é que isso te afastaria dessas coisas.
Penelope sugou uma gota de mostarda do polegar dela. — Não.
Nova cidade, novo cachorro-cachorro.
— Você diz isso como se fosse uma frase comum, — Janie disse. —
Não é.
— Não para uma vegetariana que está fazendo mais uma limpeza
com suco detox, — Penelope disse, amassando o papel alumínio com
o punho dela e encostando no banco. — Mas você sabia que cidades
diferentes têm estilos diferentes de cachorro-quente? O cachorro-
quente de Chicago, por exemplo...
— Para. Para, — Janie a cortou. — Se eu não posso te dizer o que
tem neles, você não pode me contar todas as coisas nojentas que vão
neles. Vamos voltar para esse cara...
— Cole, — disse Penelope. — Cole Sharpe.
— Humm. Bom nome.
Era um bom nome.
Ficava muito bem em uma assinatura também, como Penelope
bem sabia. Ela fez o dever de casa.
Ela conhecia todo mundo na indústria.
Sendo uma das poucas mulheres em sua área de trabalho, Penelope
não tinha exatamente uma infinidade de mentores para escolher. Os
escritores esportivos veteranos de Chicago a achavam uma
abominação. Os colunistas de esportes que tinham uma idade
próxima da sua se sentiam tanto irritados como ameaçados por sua
existência.
Apesar de toda a conversa de hoje sobre feminismo e igualdade, as
escritoras esportivas femininas ainda eram poucas e distantes entre
si. Ninguém estava exatamente batendo na porta para mostrar a
Penelope o caminho certo....
Ela ensinou a si própria.
Ela assinou dezenas de jornais em todo o país e leu todas as suas
seções de esportes, todos os dias.
Depois havia as revistas. E os blogs. E os aplicativos. E o Twitter.
Então, sim, ela sabia quem era Cole Sharpe, mesmo antes de decidir
se mudar para Nova York.
E se Penelope fosse honesta, ela gostaria de ter enfrentado alguém
menos, bem, bom.
O trabalho de Cole Sharpe era incrível. Ele tinha uma habilidade
impressionante para misturar perfeitamente análise, estatísticas e
resumo de uma maneira que parecia uma história muito boa.
Acrescente o fato de que ele tinha um estilo de escrita distinto -
uma "voz" que vinha através da palavra escrita - e, bem, ele era
praticamente tão digno de um adversário para a posição de editor
quanto ela poderia ter sonhado.
Lá se vai a esperança de que seu rival seria alguém um pouco mais
velho - do tipo colunista “antiquado”. Pelo menos Penelope poderia
ter a vantagem de jogar a carta "Sou jovem e tecnicamente esperta".
Mas Cole Sharpe mal parecia ter mais de trinta anos. Era provável
que ele não só estivesse tão bem versado em redes sociais quanto ela,
mas também entendesse sua importância no futuro da reportagem
esportiva.
Lá se foi sua vantagem.
— Pen?
— Hmm? — Ela perguntou, percebendo que estava completamente
distraída e perdeu o que quer que Janie estivesse falando.
— Eu perguntei se Cole Sharpe era tão gostoso quanto seu nome
sugere. Ele parece... delicioso.
Penelope sorriu. Era exatamente o tipo de pergunta que ela
esperava de sua irmã. É verdade que Janie não era mais uma
adolescente louca por garotos, mas o casamento não tinha feito
muito para diminuir sua apreciação pelo sexo oposto.
Mais nova dois anos, Janie era o oposto de Penelope em quase
todos os sentidos. Na aparência, certamente. Janie era alta e loira,
com um corpo de ampulheta - tão diferente da pequena Penelope,
morena e com um corpo de garoto.
Mas eram seus interesses e personalidades que realmente as
diferenciavam. O único esporte em que Janie acreditava era nas
compras. Ainda assim, sua irmã era sua melhor amiga, e uma das
pessoas que tinha sido mais difícil deixar para trás em Chicago.
Mais difícil ainda do que deixar Evan.
O sorriso de Penelope diminuiu com a memória de seu antigo
colega de trabalho e amigo.
Ela lutou para deixar os pensamentos dele de lado, e odiou o quão
difícil era. O homem tinha traído ela - pessoalmente e
profissionalmente, e ela ainda podia ver o lindo sorriso dele toda vez
que fechava os olhos.
Ela. Era. Patética.
— Pen? Você vai me contar sobre esse tal de Cole?
Penelope inclinou a cabeça para trás, sentindo apenas o mais fraco
indício de calor do sol escondido atrás das nuvens. — Hum, Cole é...
— Ele é delicioso. Não é? — Janie exigiu.
— Cachorros-quentes são deliciosos, — Penelope disse. — Homens
não.
— Oh, Pen, — a irmã dela suspirou. — O que eu não daria para você
se apaixonar. Ou pelo menos conhecer um cara que te dê borboletas
no estômago.
Lá estava ela de novo. Aquela pontada.
Penelope nunca havia dito à irmã o que sentia por Evan, embora
ela às vezes suspeitasse que Janie sabia e era muito gentil para
mencionar isso.
Ou talvez a irmã dela estivesse esperando que o silêncio sobre o
assunto matasse a paixão de Penelope. A irmã dela nunca tinha
gostado de Evan.
— Cole é... atraente. — Disse Penelope, forçando sua mente a se
afastar do passado.
— Descreva.
Ela abriu a boca para tentar descrever as características dele para
Janie, apenas para perceber que não havia nada de particularmente
distintivo nelas, além de que todas elas se encaixavam
excepcionalmente bem.
— Ele tem um sorriso bonito. — Foi o que ela decretou.
Janie soltou um gemido frustrado. — Você não tem esperança.
— Bem, não importa a aparência dele, — Penelope resmungou. —
Ele foi de perfeitamente gentil a totalmente mal-humorado. Ele não
pôde nem mesmo responder à minha oferta de café.
— Querida, você é a principal competição dele por um emprego
muito bom. Nem todo mundo é tão descontraído quanto você em
relação a essas coisas.
— Eu sei, — Penelope disse, passando um mindinho no vinco
perfeito da sua calça. — É que... eu não tenho nenhum amigo aqui.
Eu pensei que talvez ele pudesse ser um.
Janie fez um barulho estrangulado. — Você está partindo meu
coração aqui. Volte para Chicago. Você tem um milhão de amigos
aqui.
Penelope fechou os olhos. — Eu não posso.
— Por que não? — Janie exigiu. — Nova York não pode ser tão boa
assim. E eu ainda não acredito que você se mudou para aí antes de
saber se você conseguiu ou não o emprego. Quero dizer, você vai
conseguir, é claro, mas...
Penelope não conseguia fazer isso agora.
— Janie, eu tenho que desligar. — Penelope interrompeu.
— Por quê?
— Eu esqueci que o cara da TV a cabo vem mais tarde. Algo está
errado com o aparelho que eles instalaram na semana passada.
— Ah. Ok. Bem... você vai me mandar uma mensagem assim que
souber do emprego, certo?
— Com certeza, — Penelope prometeu. — Amo você. Diga ao Josh
que eu mandei um oi.
Penelope desligou o telefone com um longo suspiro, sentindo uma
facada de culpa.
Não tinha sido uma mentira completa. O cara da TV a cabo
realmente tinha marcado para aparecer e descobrir porque a ESPN
continuava entrando e saindo. Era só que ele estava marcado para
aparecer amanhã.
Mas a alternativa à mentira dela era dizer a verdade à irmã - toda a
verdade. Que a razão pela qual ela saiu de Chicago não foi só porque
ela não conseguiu o emprego dos sonhos, mas por causa de um
homem.
Um homem que tinha roubado seu trabalho dos sonhos bem
debaixo do seu nariz.
Penelope parou, puxando a bolsa pesada por cima do ombro
enquanto ela voltava para casa.
Seu apartamento na 107th Amsterdam ficava muito ao norte para
ser considerado um local privilegiado pela maioria dos nova-
iorquinos. Mas em uma cidade nova, onde ela não conhecia
ninguém, não tinha restaurantes favoritos e ainda não conhecia o
sistema de transporte público, o aconchegante apartamento com um
quarto era perfeito para ela.
Era perto do parque. Perto dos escritórios da Oxford....
Se ela conseguisse o emprego.
Ela se sentiu muito confiante até o momento em que conheceu Cole
Sharpe ontem à noite.
É verdade que, até hoje, ela só tinha tido entrevistas telefônicas.
Mas em suas conversas com Alex Cassidy e um punhado de outros
caras de Oxford que a examinaram, Penelope tinha uma sensação de
certeza.
Ela sentiu como se eles gostassem dela. Parecia que ela pertencia a
aquele lugar.
Mas Cole Sharpe - ele pertencia lá também.
Algo que ele tinha lembrado quando interrompeu sua entrevista.
Penelope supôs que ela deveria estar brava com isso - foi uma
jogada péssima da parte dele. Imatura na melhor das hipóteses, sem
escrúpulos na pior das hipóteses.
Mas ela nunca tinha sido uma pessoa que desperdiçasse energia se
zangando com as pequenas coisas. Sua tolerância com dramas era
notavelmente alta, o que era parte da razão pela qual ela se encaixava
tão bem no mundo dos esportes.
Era tudo números e pontuações.
E foi por isso que ela chamou Cole Sharpe para um café. Alguém
com quem conversar.
Pelo menos... essa era a história dela, e ela se grudou nisso.
Não tinha nada a ver com o fato de que ele estava tão bem de terno
esta manhã quanto estava de jeans e camiseta ontem à noite....
Mas em última análise, a razão não importava, porque ele tinha
recusado.
Não, nem mesmo recusou - ele respondeu com um Hum.
Isso foi muito pior.
Penelope tentou dizer a si mesma que não doeu quando ela
destrancou a porta do apartamento e deixou cair a bolsa ao lado da
porta.
Ela estava acostumada com a rejeição em todas as suas formas.
Penelope não tinha ilusões sobre seu lugar no mundo dos homens:
a friendzone.
Ela era a garota da porta ao lado com quem você sempre podia
contar para pegar sua correspondência quando estava fora da cidade,
dar entrada quando precisava comprar um anel de noivado para sua
namorada, servir como acompanhante de última hora para o
casamento de um membro distante da família que você não gostava
muito.
A não ser, é claro, que ela estivesse entre outros escritores
esportivos, caso em que ela não era nem um dos caras e nem atraente
como mulher, o que a deixava cronicamente por fora. Penelope
entrou em seu apartamento, tentando ignorar o quão vazio ele era.
Ela havia pensado em finalmente colocar alguma arte nas paredes -
algumas lindas fotos de seus estádios favoritos - faria com que o
apartamento parecesse menos vazio.
Mas por mais bonitas que fossem as fotos, elas não substituíam a
companhia humana.
Penelope se arrependeu de não ter tido a coragem de pedir a Emma
Sinclair seu número de telefone quando a outra mulher tinha sido
tão amigável.
Não que ela se encaixasse exatamente no glamour das mulheres da
Stiletto, mas pelo menos assim ela se sentiria como se conhecesse
alguém nessa grande cidade.
Penelope sentou-se na borda de seu sofá e se perguntou o que fazer
com o resto de seu dia.
Ela conseguiu passar suas primeiras duas semanas na cidade
preparando-se infinitamente para sua entrevista, mas agora isso
tinha acabado, e ela não tinha nada para fazer além de esperar.
Esperar para descobrir se sua mudança espontânea para Nova York
valeria a pena na forma de uma oferta de emprego na Oxford, ou se
ela teria que voltar para o começo e ir à caça de emprego.
Enquanto isso, é claro, havia sempre coisas de freelancer. Alguns
de seus antigos contatos em Chicago provavelmente comemorariam
a chance de ter alguma cobertura dedicada aos jogos da Liga Leste
Americana.
Poderia conseguir um bom dinheiro como freelancer.
Especialmente se escrevesse rápido, o que ela fazia.
Mas freelance também significava o inferno de um monte de tempo
sozinha.
Se Penelope fosse honesta consigo mesma - e ela geralmente era - o
apelo da posição de Oxford não era apenas sobre a chance de
construir uma seção inteiramente nova de uma revista aclamada
nacionalmente.
Era sobre pertencer a uma equipe. Para ter alguém para trocar
ideias depois do trabalho, happy-hours para participar, a festa de
feriado corporativo. Alguém para ir tomar café.
Ela encolheu-se com aquela última, lembrando-se da maneira
balbuciante e exagerada como ela se tinha atirado a Cole Sharpe,
tudo porque ele lhe tinha mostrado o mais pequeno traço de
bondade.
Teria sido ruim o suficiente se ela estivesse convidando-o para sair
em um encontro. Era ainda mais patético porque ela tinha chamado
um perfeito estranho - e adversário - para sair como amigo. Ele nem
tinha se interessado por isso.
Penelope gemeu e atirou-se para o lado direito dela. — Eu poderia
ser mais patética?
Ela rolou de costas, puxando um dos travesseiros dela contra o
peito.
Talvez ela devesse pensar em adotar um cachorro.
Ou até mesmo um peixe.
Sim, um peixe seria melhor. Menos cocô.
Ela pegou seu celular, com a intenção de procurar lojas de animais
locais, quando ele vibrou na mão dela com uma mensagem de texto
recebida.
Era um número com DDD 212 - sem nome, o que significava que
não era um de seus contatos.
Os olhos dela se estreitaram em confusão antes de se alargar em
surpresa enquanto ela se sentava.
Ela leu novamente, só para ter certeza.
Oi, é o Cole Sharpe. Alguma chance de eu trocar sua oferta de café
por cerveja?
Penelope deixou um sorriso idiota rastejar sobre o rosto dela
enquanto a solidão diminuía - apenas ligeiramente.
Com certeza, ela digitou em resposta.
Ela começou a perguntar quando e onde, mas decidiu que parecia
um pouco desesperada demais. Penelope tinha aprendido da
maneira mais difícil que “Nós deveríamos tomar uma bebida um dia
desses” estava emparelhado com “Eu te ligo”...
Não significava que a outra pessoa realmente quisesse ir tomar
uma bebida.
Mas então a próximo mensagem chegou, e ela percebeu -
felizmente - que Cole Sharpe talvez estivesse falando sério.
Ótimo. O que você pensa sobre beber durante o dia?
Ela sorriu enquanto escrevia de volta. Depende do dia. E da
ocasião.
Penelope não percebeu que ela estava segurando a respiração até
que ela soltou o ar com a resposta dele.
O dia: Quarta-feira. A ocasião: receber um pedido de desculpas
por se intrometer em sua entrevista.
Ela sorriu. Bem, eu gosto de cerveja e pedidos de desculpas.
Fico feliz em ouvir isso. E na quarta-feira, eu quis dizer hoje.
Dubliner na 82nd com a Broadway em meia hora?
Penelope ficou de pé em empolgação, e então fez uma dança feliz
constrangedora.
A própria existência de Cole Sharpe pode significar um passo para
trás em sua busca por emprego em Nova York, mas também pode
significar um passo à frente em algo muito mais importante: fazer
seu primeiro amigo em Nova York.
Capítulo 5
Não era que o Cole estivesse aborrecido com a sua vida. Não mesmo.
Claro, ele estava prestes a sofrer uma mudança relacionada ao seu
trabalho, tanto para o propósito prático de um salário maior, bem
como o seu cérebro precisando de um novo desafio.
E sim, ele estava um pouco cansado de suas noites de encontros
habituais na sexta-feira e sábado com uma sequência interminável de
mulheres agradáveis, mas esquecíveis.
Até mesmo sua rotina noturna da semana de WhistlePig Rye
Whiskey com gelo e qualquer que fosse o jogo que estava passando,
tinha começado a ficar um pouco monótona.
Mas mesmo com tudo isso, foi uma surpresa que o melhor
momento que Cole teve em muito tempo foi uma tarde espontânea
de quarta-feira em um pub medíocre, com cerveja medíocre, asinhas
apimentadas medíocres e uma maria-rapaz agressiva.
Penelope Pope continuou a surpreendê-lo.
Ela o surpreendeu ontem à noite no jogo dos Yankees, com seu
foco inabalável no campo.
Ela o surpreendeu novamente hoje com sua amigável e não
compromissada oferta de café.
E ela o surpreendeu agora, com o quão agradável era estar perto
dela.
Cole tinha levado a maior parte de uma hora esta tarde - sentando-
se lado a lado com ela nos bancos de uma porcaria de bar, bebendo
uma porcaria de cerveja - antes que ele finalmente descobrisse o que
a tornou tão cativante.
Penelope Pope era real.
Ele não se lembrava da última vez que conheceu alguém que era
sincera - sincera com tudo o que dizia. Mas essa mulher tinha mais
honestidade em seu corpo minúsculo do que toda a população de
Manhattan.
No entanto, essa não foi a parte mais surpreendente. Havia muitas
pessoas que reivindicavam a sinceridade como uma forma de
proferir declarações duras e observações ríspidas. O que fez Penelope
agradável foi que sua bondade era honesta.
Gentil e direta. Ele não queria ficar todo sentimental e estranho
sobre isso, mas até mesmo ele podia admitir que Penelope Pope era
uma criatura rara de fato.
— Ok, é a sua vez de confessar, — ela disse, mergulhando uma
asinha picante em um molho de queijo azul antes de rasgar ela com
seus pequenos dentes brancos.
— Confessar o que? — Ele perguntou.
Ele pegou sua própria asa de frango e deu uma grande mordida.
Finalmente. Uma refeição com uma mulher que não era sushi ou
aperitivos.
Ela lambeu o molho de seu dedo, e se ele tinha vontade de ver o
movimento dos lábios dela por mais tempo do que deveria, ele
ignorou isso.
— Você e os esportes, — disse ela. — Você os ama, obviamente. Mas
você é bom neles?
Cole pegou um pedaço de aipo. — Você quer dizer que eu sou bom
em jogá-los?
— Sim. Você era quarterback no ensino médio? Basquete? Jogador
de tênis?
— Baseball, — ele disse.
— Meu favorito! Que posição? Não, deixe-me adivinhar.
Interbases.
— Calma aí, stalker. Como você sabe disso?
Ela sorriu e pegou uma asinha de novo. — É o meu trabalho saber.
— Não vai revelar seus segredos para conseguir essas informações?
O pequeno ombro dela se levantou. — É o seu corpo. É magro.
Musculoso, mas não muito grande. E você se move bem.
Cole sufocou uma risada. Essa deve ter sido a conversa mais
estranha que ele teve enquanto bebia com uma mulher. — Eu me
movo bem?
— Sim, — ela disse. — Seu corpo aparenta que você sabe como usá-
lo. Sabe?
Os olhos dela se arregalaram, como se ela tivesse acabado de
perceber que a escolha das palavras dela poderia ser mal
interpretada. — Oh. Deus. Não assim...
Cole não conseguiu evitar. Ele se inclinou para frente com um
sorriso manhoso. — Assim como?
Os olhos dela se estreitaram. — Você está me provocando.
Cole riu. — Na verdade, eu pensei que estava flertando.
— Ah. Bem. Talvez você estivesse, — ela disse. — Eu nunca fui boa
em perceber isso.
A voz dela ficou apenas um pouco triste, e Cole queria perguntar
mais, apesar do fato de que querer ir além da superfície de uma
mulher ser incomum para ele.
Não porque ele era um idiota ou algo assim, era só que... ele não
tinha experimentado o que ele tinha visto alguns de seus amigos
experimentarem. Amor verdadeiro, e tudo isso.
Algum dia, talvez. Ou não. Ele não estava desesperado por isso.
Em vez disso, ele dirigiu a conversa para tópicos mais seguros. —
Ok, é a minha vez de fazer uma pergunta.
Ela ergueu as mãos e fez um aceno. — Pode fazer.
Ele sorriu. Ele gostava dela.
— Tudo bem, — ele disse devagar, inclinando-se ligeiramente para
trás. — Qual é a sua história?
Ela ergueu as sobrancelhas. — Minha história?
— Todas pessoas têm uma, querida.
Ela riu. — Essa é uma pergunta dos diabos para o nosso primeiro
não encontro, Sharpe. Quero dizer, por onde eu iria começar? Sobre
como eu nasci em um dia de neve em novembro? Filme favorito?
Primeira vez que eu quebrei meu nariz? Ou que tal a primeira vez
que eu quebrei o nariz da minha irmã?
— Essa, — disse ele. — Você quebrou o nariz da sua irmã?
— Um acidente total. Na minha ignorância juvenil, eu não sabia
que era instinto de algumas pessoas congelarem de horror quando
uma bola de softball vinha em sua direção em vez de pegá-la.
— E seu nariz quebrado?
— Sexta série. Cotovelo na cara durante um jogo de basquete.
— Pequena. Você jogava basquete?
Ela sorriu. — Vamos apenas dizer que não era meu melhor esporte.
Ele acenou com a cabeça enquanto tomava outro gole. — É bom.
Todas as coisas boas que você está compartilhando aqui, Pequena.
Mas eu quero saber as coisas realmente interessantes.
— Tais como?
A expressão dela era um pouco desconfiada, e o interesse dele foi
despertado. Seria possível que Penelope Pope não fosse o livro aberto
que ela fingiu ser?
— Que tal começarmos com o porquê de você se mudar para Nova
York, quando o melhor que eu posso dizer, é que você não conhece
ninguém e está destinada ao desemprego?
Penelope bateu no braço de Cole. — Não conte com esse último.
Mas quanto ao primeiro...
Ela suspirou, e Cole sentiu a mesma pontada de proteção que ele
teve naquela manhã quando ela estava lá, de camisa manchada, com
aqueles grandes olhos tristes olhando para ele.
— Ok, eu te digo, mas você não pode contar a mais ninguém, — ela
disse.
— Então sobre o que vou falar na noite das garotas?
— Ha. Ha. Ha. Ok, a questão é, Sharpe...
Ela soltou um suspiro, bebeu um gole de cerveja, e depois girou o
seu banco de bar para encará-lo.
— Eu estou meio que fugindo de um cara.
Estava?
Ele não sabia porque poderia estar interessado na vida amorosa de
Penelope Pope, mas manteve sua voz casual para convencê-la a
continuar.
— Bem, mudar de fuso horário não é uma má maneira de fazer
isso, — ele respondeu.
— Sim. Isso e...
Ele levantou uma sobrancelha. — Não se acovarde agora, Pequena.
— Trabalhávamos juntos. Mais ou menos. Éramos ambos
freelancers, mas fizemos uma tonelada de histórias juntos. Nossos
estilos se encaixavam bem. Os leitores adoraram nossas brigas
inocentes sobre quem ganharia na temporada, ou quem seria a
melhor escolha do draft. O Chicago Tribune nos chamava por meses
e meses para cobrir tudo, de Sweet Sixteen à Tríplice Coroa
Havaiana....
Cole mexeu as sobrancelhas. — Você sabe como seduzir um cara.
O sorriso dela estava fraco, e ele a cutucou com o joelho. — Então o
que aconteceu?
Penelope mordeu o lábio. — Bem, a coisa é que, eu sempre quis ir
em uma direção mais digital. Quero dizer, eu amo o jornal, e a equipe
do Tribune era ótima, mas eu meio que sou uma nerd com as coisas
mais interativas que estão acontecendo na frente tecnológica.
— Inteligente, — disse Cole.
Ela concordou com a cabeça. — Evan também pensava assim. Ele
me encorajou. Me apresentou um amigo da faculdade que estava
dirigindo esta grande startup. Basicamente um site de redes sociais
para amantes do esporte. Eles tinham uma tonelada de investidores,
e eles estavam procurando um diretor de editorial. Eu queria. Eu me
preparei por semanas. Conversei com todos os nerds técnicos de
Chicago, aprendendo a linguagem. Juntei esse portfólio incrível.
Mostrei ao Evan, e ele adorou...
Ela inclinou a cabeça para trás. — Ah Deus, eu era estúpida.
Cole franziu a sobrancelha quando percebeu para onde essa
história estava indo. — Ele pegou seu portfólio.
Ela engoliu um seco e acenou com a cabeça. — O problema é
que eu nem sabia que ele queria o emprego. Ele nunca disse uma
palavra sobre isso. Se ele tivesse, eu teria...
— Vocês eram alguma coisa?
— Não, — ela disse rapidamente. — Quer dizer, eu pensei que
talvez, um dia... eu pensei... bem, eu descobri que ele tinha uma
namorada. No mesmo dia em que eu descobri que ele tinha sido
entrevistado para o trabalho com a minha proposta.
— Caramba, Pequena, — ele disse, olhando para ela. — Eu me sinto
como se tivesse entrado em um filme de sucesso de bilheteria de
verão e seu cara Evan é o vilão. Pessoas reais realmente fazem essas
merdas?
Ela esfregou as mãos no rosto. — Aparentemente. E isso é tudo o
que vamos falar sobre o assunto.
— Sério? Porque se você quiser chorar...
Ela sorriu. — Eu não vou chorar.
— Tem certeza? Porque eu estava pronto.
— Pra quê, oferecer um ombro amigo?
Cole esticou a mão para o outro lado do balcão e rapidamente
puxou meia dúzia de guardanapos de papel de um porta-
guardanapos surrado.
Ele estendeu os guardanapos para ela e sorriu quando ela começou
a rir.
Penelope empurrou sua mão para o lado. — Já superei isso. Sério.
Ele não pensava assim. Mas ela tinha um olhar teimoso, do tipo
não-me-pressione, no rosto dela, e não era o trabalho dele fazer isso.
Ele mal conhecia a mulher.
— Minha vez de fazer uma pergunta. — Ela disse.
Ele gesticulou para que ela continuasse.
— As garotas da Stiletto, — ela disse, sugando uma gota de molho
do dedo dela.
Cole sentiu a virilha enrijecer-se e olhou para o lado. Recomponha-
se, cara.
— O que tem elas?
— Elas são... amigas?
Ele sorriu. — Sim. Boas amigas.
— Então você nunca… — Ela balançou as sobrancelhas.
— Nunca, — ele disse. — Julie e eu flertamos algumas vezes, mas
nunca chegamos perto de namorar. E quando eu conheci o resto
delas, já estavam envolvidas com seus respectivos parceiros.
— Caramba, — ela murmurou. — Não há nem mesmo uma solteira
entre elas?
— Não. Por quê, você estava esperando que elas fossem a sua
turma de Sex in the City?
— Como você sabe sobre Sex in the City?
— Eu moro em Nova York e já namorei com muitas mulheres. É
claro que eu sei sobre Sex in the City.
— Muitas, humm? Quantas você considera muitas?
Ele piscou. — Checando? Vendo se eu estou disponível?
Penelope deu um tapinha em seu braço. — Definitivamente não.
Você é bonito, mas não se preocupe. Você está seguro comigo.
Cole levantou uma sobrancelha. — Por que isso?
Ela franziu os lábios e inclinou a cabeça para estudá-lo.
Cole riu. — Por que eu sinto que deveria estar te dando meu lado
bom? Para ver se eu passo no teste?
— Ah, não se preocupe, esse é bem interessante, — ela disse,
levantando a mão para gesticular sobre o rosto dele.
— Mas você ainda não está sentindo a atração, hum?
Penelope tomou um gole de cerveja. — Você está?
Ele piscou em surpresa. — O quê?
Ela se deslocou no banco do bar para encará-lo. — Absorva tudo.
Você está se sentindo tonto? Deslumbrado pelos meus encantos
femininos?
— Hum...
— Exatamente, — disse ela, parecendo estranhamente satisfeita
com a sua não reação. — Você está fora do meu alcance, Sharpe.
Ele abriu a boca, e ela lhe deu um grande susto inclinando-se para
frente e tocando com um dos dedos os lábios dele.
— Nem tente, — ela disse. — É assim que vai ser, ok? Eu não tenho
nenhuma ilusão sobre o fato de eu ser uma garota do tipo
"friendzone", e eu estou bem com isso. E felizmente para você, eu sou
uma boa amiga.
Ele tentou falar, mas ela continuou.
— Além disso, temos uma carreira em comum, e vamos ser
honestos, não há muitos escritores esportivos lá fora, então devemos
nos unir, certo?
— Eu...
— Você não pode dizer não, — ela continuou a falar. — Porque eu
sou nova na cidade e estou desesperada por um amigo, e eu gosto de
você. Mas é aí que acaba, ok? Bem aí. Você não precisa se preocupar
que eu vou ter a ideia errada sobre o que é isso porque eu não vou.
Mas em troca, você tem que prometer não flertar.
Cole só conseguia olhar para ela.
Foi a conversa mais estranha que ele já teve com uma mulher. Ele
não tinha certeza se alguma vez teve uma mulher lhe dizendo tão
claramente que não queria nada romântico dele.
O que era bom - ele não estava procurando por uma namorada, e
mesmo que estivesse, essa garota tagarela não era realmente o tipo
dele.
Mesmo assim, ele não podia deixar de ficar um pouco insultado
pela fácil rejeição dele como potencial amante.
E a insistência dela para que ele não flertasse - Cole não tinha
certeza de que ele sabia mais onde estava o limite disso. Qual era a
diferença entre amigável e galanteador?
Penelope apontou um dedo para ele. — Você está pensando demais
nisso.
Ele pegou outro talo de aipo e mordeu enquanto estudava a ela. —
Bem, eu tenho uma pergunta. Já que você tem isso tão planejado, e
tudo mais.
— Faça, — ela disse, tomando um gole da cerveja dela.
Ele se inclinou um pouco para frente. — Há um detalhe não tão
pequeno que agora estamos competindo ativamente pelo mesmo
trabalho. O que acontece quando um de nós conseguir?
E apesar do seu surpreendente afeto pela Pequena, ele conseguiria
o emprego. Tinha que conseguir. O aluguel do lugar adaptado de seu
irmão ficava mais caro cada vez que Cole piscava o olho, e ele não
conseguia suportar a idéia de que Bobby teria que se afastar de seus
amigos se Cole tivesse uma lacuna em seus contratos de freelance.
Ele precisava de um salário fixo.
Penelope deu nos ombros. — Por que isso faria diferença? Quero
dizer, não me entenda mal. Eu quero o emprego. Eu quero muito.
Mas se você conseguir... bem, então, eu tenho que pensar que você é
a melhor pessoa para Oxford. E eu ficarei feliz por você.
Cole só conseguia balançar a cabeça. — Você é uma criatura única,
Penelope Pope.
— E você? Se eu conseguir o emprego, você consegue lidar com
isso? Ainda podemos ser amigos?
Cole olhou para os copos quase vazios. — Outra rodada?
— Claro, — ela disse devagar, — mas você não respondeu à
pergunta.
Ele levantou a mão para chamar a atenção do garçom. — Nós com
certeza podemos ser amigos, — ele disse a ela.
— Mesmo que eu consiga o emprego, — ela pressionou, parecendo
duvidosa.
Cole olhou para ela e sorriu antes de acariciar divertidamente
debaixo do queixo dele. — Ah, Pequena. Isso nunca vai acontecer.
Capítulo 6
Penelope: Seus preciosos Yankees não estão parecendo tão bons.
Cole: Cuidado com a sua boca nojenta de Chicago.
Penelope: Hmm, talvez eu precise de óculos, porque eu continuo
olhando para a minha TV, e estou vendo Chicago White Sox: 6, New
York Yankees: 2... O que você está vendo?
Cole: Os Yankees vão dar a volta por cima. Eles sempre dão.
Penelope: Alguém já lhe disse quão bonitas são as suas ilusões?
Cole: Não recentemente. Quer vir aqui e dizer na minha cara?
Penelope: Boa tentativa, Sharpe. Estou muito confortável no meu
próprio sofá, muito obrigada.
Cole: É justo... O que você está vestindo?
Penelope: Tchau, Cole.

Cole Sharpe era bom em muitas coisas. Baseball. Combinar móveis.
Assar carne.
Sexo.
Mas esperar não estava em sua lista de habilidades.
E quando uma semana inteira passou depois de sua entrevista sem
nenhuma palavra de Cassidy, Cole estava impaciente e caminhando
para irritado.
A única consolação era que Penelope Pope também não tinha
recebido notícias. Ele sabia porque, fiel ao acordo deles naquela
tarde no bar, eles se aventuraram em uma espécie de amizade.
Não que estivessem juntos todos os dias ou qualquer outra coisa.
Na verdade, ele não a via desde aquele dia no bar.
Mas eles tinham trocado algumas mensagens casuais.
Principalmente sobre esportes, com a recomendação ocasional de
restaurante feita quando ela queria comida italiana e não sabia de
qual das centenas de restaurantes na cidade escolher.
Cole descobriu que meio que gostava da sua nova rotina noturna de
mergulhar no sofá com o controle remoto, o notebook, o uísque... e o
celular.
Ele discutiu com Penelope por mensagens se o homer novato do
Hendersons era apenas um golpe de sorte ou se havia potencial. Se
Perez tinha ou não ganhado peso na baixa temporada e seria capaz
de manter seu impressionante desempenho.
Foi através dessas conversas noturnas que ele soube que ela não
tinha conseguido a oferta de emprego também.
Por que diabos Cassidy estava demorando tanto para decidir?
Na quinta-feira, uma semana e um dia depois das entrevistas com
Penelope, Cole resolveu tomar as rédeas.
E desta vez, quando ele entrou nos escritórios de Oxford, com dois
cafés na mão, o destinatário correto estava sentado na recepção.
— Jo. Meu amor, — ele disse, dando a ela o seu melhor sorriso.
A recepcionista de cabelos escuros olhou por cima de seu
computador e deu a ele um sorriso irônico. — Eu estava me
perguntando quando você iria aparecer com subornos.
Ele entregou a ela o café com um olhar inocente. — Estou ofendido,
querida. Isso é só eu tentando te cortejar para que você jante comigo.
— Unh-uh, — a morena disse, tomando um gole. — Pela
milionésima vez, eu não saio com caras do escritório.
— Ah, — ele disse, levantando um dedo. — Mas eu não sou do
escritório. Eu sou um freelancer.
Ela desviou o olhar, apenas por um segundo, e foi exatamente a
abertura que Cole estava esperando.
— Jo, — ele disse, encostado na mesa. — Há alguma coisa que você
quer me contar sobre a posição de editor de esportes?
— Sharpe!
A cabeça de Cole girou rapidamente, e ele se preparou para um
Alex Cassidy furioso, só para ceder um pouco em alívio quando
percebeu que o editor-chefe não estava em nenhum lugar à vista.
— Jake Malone, — disse Cole, em pé e sorrindo para um de seus
amigos mais próximos.
Cole poderia jurar que ouviu Jo suspirar um pouco quando Jake se
aproximou.
Isso acontecia muito ao redor de Jake. O editor de viagens de
Oxford tinha uma aura do tipo Hugh Jackman acontecendo, e
definitivamente tinha monopolizado o mercado no quesito alto,
sombrio e bonito.
Jake já havia sido o playboy intocável de Oxford - um título que ele
havia alegremente entregado a Lincoln, uma vez que Jake conheceu e
se apaixonou por sua esposa, Grace - uma das fadas-madrinhas da
Stiletto que ajudaram Penelope.
Mundo pequeno e tudo mais.
— Por onde diabos você esteve? — Jake disse, batendo com as mãos
no ombro de Cole e dando a ele um daqueles meio abraços que
homens dão.
— Esperando que seu chefe se decida, — Cole disse, mantendo a
voz tranquila.
Jake balançou para trás com os calcanhares. — Ah.
Cole procurou no rosto do amigo, mas Jake não deu nenhum sinal
de que ele sabia de alguma coisa. Cole não ficou surpreso. Cassidy e
Jake eram bons amigos, mas Cassidy também sabia que Jake tinha
uma boca grande. Se Cassidy tivesse se decidido sobre a posição,
Jake seria o último a quem ele contaria.
— Você está aqui para um encontro com Cassidy? — Jake
perguntou.
— Hum, bem...
Jake sorriu. — Ele não sabe que você está aqui, não é? Fantástico.
Posso estar lá quando você o surpreender? Ouvi dizer que você fez
isso quando ele estava entrevistando sua adversária no outro dia.
Maldição, eu queria ter visto isso.
Cole se encolheu. — Ele ainda está irritado?
Jake deu nos ombros. — Honestamente? Eu mal vi o cara. Ele tem
estado lá em cima quase todos os dias dessa semana. Vamos, — Jake
disse, gesticulando em direção ao escritório dele. — Diga-me o que
você tem feito.
Cole seguiu Jake até o escritório dele, apontando para um novo
cartaz de um vinhedo na parede do seu amigo. — Napa?
— Espanha, — disse Jake. — Estou tentando convencer o chefe a
me mandar para lá em outubro. Todos falam de vinhos franceses,
vinhos da Califórnia, até mesmo vinhos italianos... Espanha não
ganha amor suficiente.
— Vinho, hein? Deixa eu adivinhar de quem foi essa ideia.
Jake sorriu. — Vamos apenas dizer que se Cassidy permitisse
deixar a minha mulher me acompanhar, ela provavelmente não diria
não. Ah, e falando na esposa... quer vir jantar em nossa casa? Duas
semanas a partir de sexta-feira?
Cole olhou para ele de surpresa. — Qual é a pegadinha?
— Não há nenhuma pegadinha. O quê, eu não posso convidar meu
amigo para jantar?
Cole levantou uma sobrancelha. Esperando.
Jake suspirou e cedeu. — Ok, tudo bem. Grace e as outras garotas -
elas têm na cabeça que querem adotar essa tal de Penelope Pope.
A sobrancelha de Cole ficou mais alta. — E você acha que eu
deveria estar lá? Você está ciente de que aquela mulher está
querendo o meu emprego?
— Aquela mulher? — Jake repetiu. — Você parece o meu avô
sexista que está tendo dificuldades em lidar com o fato de que as
mulheres que mostram um pouco de tornozelo não são prostitutas.
— Não foi isso que eu quis dizer, — Cole resmungou, caindo na
cadeira em frente a Jake.
— Então não te incomoda que ela seja uma mulher?
— Claro que não. Eu amo mulheres.
— Excelente, — Jake disse. — Então você não vai ter problemas em
vir jantar.
— Essa foi a tentativa mais lamentável de uma armadilha, — Cole
disse. — Me explique porque a decisão da sua esposa de se tornar
amiga de Penelope Pope - a qual eu sou a favor, aliás - exige que eu
esteja presente.
— Não é uma armadilha, — disse Jake irritado.
— Uhum. Então você está me dizendo que essa não é uma festa só
de casais, com Penelope e eu sendo as únicas pessoas solteiras?
— Não, — Jake disse sem hesitação. — E mesmo que as garotas
estivessem tentando arranjar alguém pra Penelope, dizem que o
irmão da Riley é a primeira escolha. Só que ele está em Milão ou
Roma, algo assim.
Cole franziu o cenho. — Por que Liam é a primeira escolha?
Jake jogou as mãos para o ar. — Você quer vir para a merda do
jantar ou não?
Cole considerou. Por um lado, ele gostava de sair com Jake e o
resto do pessoal. Ele estava ligeiramente ciente de que era o único
solteiro do grupo? Sim. Isso o incomodou? Nem um pouco.
Exceto que... Grace e suas amigas estavam sempre não tão
sutilmente tentando colocar Cole com mulheres numa tentativa de
atraí-lo para o estilo de vida deles.
Então, ele podia sentir o cheiro de uma armadilha a um quilômetro
de distância. E isso era definitivamente uma delas.
— Eu acho que vou respeitosamente recusar, — Cole disse devagar,
inclinando-se para trás na cadeira dele e descansando os calcanhares
na mesa de Jake. — Penelope é ótima, mas...
Jake deu de ombros como se isso não fizesse diferença para ele. —
Sem problemas. Eu vou chamar o Lincoln.
Os pés de Cole bateram no chão. — Não vai não.
— O que há de errado com o Lincoln? — Jake perguntou
distraidamente, olhando para algo que tinha acabado de passar na
tela do seu computador.
— Sim? O que há de errado com Lincoln? — Veio uma voz familiar
da porta.
Cole olhou por cima do ombro para ver o próprio tópico da
conversa que passava pelo escritório de Jake. Lincoln sentou na
cadeira ao lado de Cole.
— Quer vir jantar? — Jake perguntou a Lincoln.
— Não, — Cole disse, apontando um dedo para Jake. — De jeito
nenhum.
— Claro, eu adoro jantares, — Lincoln disse, ignorando Cole. —
Quando?
— Você não vai, — Cole disse a Lincoln.
Jake franziu as sobrancelhas. — Bem, pelo menos um de vocês tem
que vir. Se eu for para casa e disser a Grace que não encontrei o
décimo membro do jantar dela, ela vai ficar rabugenta, e quando ela
fica rabugenta, eu não transo.
— Eu estarei lá, — disse Cole.
Jake levantou uma sobrancelha. — Mudou de idéia, foi?
Cole não pegou a isca.
Jake provavelmente sabia muito bem que Lincoln era a pior
alternativa possível.
As mulheres pareciam se apaixonar por Lincoln só por ele existir.
Cole tinha visto mulheres inteligentes e racionais se oferecerem para
ter o bebê do homem em troca de um sorriso.
Não que Lincoln tenha se apaixonado de volta. Na verdade, sempre
que Cole o provocava sobre ter um relacionamento sério, Lincoln
ficava com aquele olhar assustado como se estivesse dividido entre
vomitar e esmurrar alguma coisa.
De jeito nenhum Cole iria sujeitar Penelope a isso. A mulher
precisava de um amigo, não de um coração partido.
— O que eu perdi? — Lincoln perguntou a Jake. — Eu sinto que há
um contexto aqui.
Jake apontou com o queixo para Cole. — O cara não consegue
decidir o que ele sente sobre Penelope Pope.
— Ah, a morena fofa que está atrás do seu trabalho.
— Não é o meu trabalho ainda, — Cole resmungou. — A menos que
vocês dois saibam de alguma coisa...
Lincoln levantou as mãos. — Cara, acredite em mim, eu tentei.
Cassidy está de boca fechada sobre isso.
— De boca fechada sobre o que?
Cole nem precisou virar para saber que Cassidy estava na porta.

É
— É isso que vocês fazem o dia todo? — Cole perguntou ao grupo.
— Apenas vagueiam pelas portas do escritório de outras pessoas e
bisbilhotam?
— Por que você não se junta ao time e descobre? — Jake perguntou.
— Pois é, Cassidy, — Cole disse, inclinando a cabeça para trás e
olhando para seu talvez em breve chefe. — Por que eu não entro para
o time e descubro?
Cassidy revirou seus olhos, cruzando ambos os braços no peito
enquanto ele se inclinava contra a porta. — Sim, vejo que você seria
uma grande influência positiva na produtividade da minha equipe.
— Ainda bem que você está vendo o óbvio, — Cole respondeu. —
Devo começar hoje? O Jake aqui não se importa de dividir seu
escritório.
— Não. Eu definitivamente me importo, — Jake disse.
Cassidy suspirou. — Eu ia te ligar amanhã, Sharpe, mas já que você
está aqui, vamos acabar logo com isso.
Cole sentiu o estômago revirar-se de repente. As palavras de
Cassidy dificilmente foram o encorajamento de alguém que estava
prestes a fazer uma oferta de emprego.
Ele engoliu sua amargura.
Ele não ia conseguir o emprego. Iam dá-lo a Penelope Pope.
E maldição, ela provavelmente merecia.
Mas ele também.
E ele precisava disso. Ele não podia deixar Bobby ser expulso de
sua casa. Claro, seu irmão podia morar com Cole, mas eles tentaram
isso, e Bobby ficava entediado enquanto Cole estava no trabalho, e
Cole ficava estressado e irritado, preocupado com seu irmão mais do
que provavelmente precisava.
Cole olhou para Lincoln e Jake, fazendo um gesto de cortar a
garganta com o dedo. Nenhum de seus amigos disse nada quando ele
saiu do escritório de Jake, mas fez com que ele se sentisse um pouco
melhor que eles pareceram quase tão desapontados com o tom grave
de Cassidy quanto Cole se sentia.
Cassidy já estava indo pelo corredor até seu escritório, então Cole o
seguiu, sentindo-se muito menos exultante do que costumava sentir
nos escritórios de Oxford.
Abruptamente ele percebeu que poderia ser a última vez que ele
passeava por esses corredores.
Claro, havia sempre a chance de que ele pudesse continuar com seu
atual status como freelancer, exceto....
Isso caberia à Penelope agora, não caberia?
Cassidy já estava sentado quando Cole entrou no escritório, com o
cuidado de manter sua decepção fora de seu rosto. Cuidado para não
mostrar o quanto ele se importava.
Ele não sabia por que era tão importante manter sua reputação de
feliz, só que o pensamento de qualquer pessoa sentir pena dele lhe
dava nos nervos.
— Como vão indo as coisas? — Cassidy perguntou, quando Cole se
sentou na cadeira em frente a ele.
Ele resistiu à vontade de rolar os olhos. — Está tudo bem, Cassidy.
Podemos apenas arrancar o Band-Aid rápido?
As sobrancelhas de Cassidy se ergueram. — O que você acha que
vou dizer?
Cole se aproximou e pegou uma caneta da mesa, só para que ele
tivesse algo para fazer com as mãos, e então a colocou de volta tão
rápido quanto a pegou.
— Você está dando o trabalho para Penelope Pope.
A cadeira de Cassidy girou ligeiramente, os olhos dele nunca
saíram dos de Cole. — Ela é muito boa. Você viu isso.
— Sim, — Cole disse, exalando lentamente uma longa e cansada
respiração. — Ela é.
— Estou feliz que você pense assim, — Cassidy disse.
— Por quê, para que eu fique menos amargurado nos jantares? —
Cole perguntou, tentando manter o riso fora do tom dele, e falhando.
— Eu não quero saber se você vai estar com TPM em nossos
jantares, — disse Cassidy. — Estou feliz que você goste - ou pelo
menos respeite - a Penelope, porque vocês dois vão passar muito
tempo juntos.
— Cara, é só um jantar, — Cole murmurou. — Quanto tempo você
está pensando que vai durar?
Cassidy se inclinou para frente, ambos os braços apoiados na mesa.
— Ok, vamos parar com essa merda. Estou te oferecendo o trabalho,
Sharpe.
Demorou alguns segundos para processar isso. E então...
— Mas que porra, Cassidy. Por que você me fez ouvir quão boa pra
caralho a Penelope era se eu consegui o emprego?
Cassidy nem sequer vacilou com a explosão de Cole. — Penelope
ser perfeita para esse trabalho não te torna menos perfeito. Esse
cargo pertence a você, Cole. Você sabe disso.
Cole engoliu um seco, desconfortável com os elogios incomuns. Ele
sabia que Cassidy gostava do seu trabalho. Seu contrato não seria
renovado todos os anos se ele não gostasse. Mas era bom ouvir
aquilo.
Ainda assim, Cole sentiu que faltava alguma coisa...
— Estive trabalhando com a empresa durante toda a semana para
obter aprovação para uma segunda contagem de cabeças, — disse
Cassidy calmamente.
Vários momentos de silêncio se seguiram enquanto o editor-chefe
esperava que Cole juntasse as peças.
E então tudo se conectou.
— Você está contratando nós dois, — disse Cole, irritado por não
ter percebido antes. — É por isso que você tem estado lá em cima
todos os dias dessa semana. É por isso que você não deu a nenhum
de nós uma resposta.
— Sim, — disse Cassidy. — Eu decidi dividir a posição. Dois
editores esportivos ao invés de um, e antes que você pule na minha
garganta, isso não é sobre eu ser indeciso.
Cole quase sorriu para isso. — Confie em mim. Não era isso que eu
estava pensando.
Alex Cassidy não era nada mais que decisivo. Implacável quando
ele precisava ser.
— Vocês serão equivalentes, — explicou Cassidy. — Os mesmos
títulos, a mesma autoridade. Há trabalho mais do que suficiente para
ambos. Vocês sabem o que quero fazer com esta nova seção de
esportes. É enorme. Estamos falando de quase um quinto da revista
dedicada ao esporte.
Cole sentou-se mais reto na cadeira, considerando. — O que
acontece quando não nos entendermos? Se um de nós não tiver a
última palavra...
Cassidy sorriu abertamente para isso. — Então vocês terão que
aprender como resolver isso. Na pior das hipóteses, você traz o
problema para mim. Eu tomo a decisão.
— Isso parece terrível, — Cole murmurou.
— É a oferta que está disponível, — disse Cassidy na sua habitual
voz de vamos- logo-com-essa-merda. — Você pode pegar ou largar.
Cole deixou sair um suspiro. Não era o que ele tinha imaginado.
Ele tinha imaginado dirigir o show, contratar uma equipe do jeito
que queria, arrumar as páginas do jeito que estava na cabeça dele....
A ideia de ter uma parceira... O irritou.
Em seguida, seus pensamentos foram para Penelope Pope, sobre a
quantidade ridícula de conhecimento esportivo que praticamente
explodia de seu cérebro, sobre a maneira como ela irradiava
verdadeira paixão por sua carreira.
Então ele pensou no idiota de Chicago - aquele que tinha roubado
um trabalho debaixo do nariz dela só porque ela era uma pessoa
ridiculamente boa e não o tinha visto aquilo acontecer.
— Ok, — Cole disse simplesmente. — Estou dentro.
Cassidy expirou em alívio. — De alguma forma eu estava esperando
que fosse preciso ser um pouco mais durão do que isso para te
convencer.
Cole sorriu de volta. — Não se preocupe, chefe. Tenho certeza que
consigo pensar em uma série de outras maneiras de tornar sua vida
miserável. Quando começamos?
— Espera aí, cowboy. Tem um pequeno obstáculo para superar
primeiro.
— Quem fica com o escritório maior? — Perguntou Cole.
— Mais do tipo... como diabos vamos convencer Penelope Pope a
dividir o trabalho com você?
Cole levantou as sobrancelhas. — Você ainda não disse a ela?
Cassidy balançou a cabeça. — Eu ia ligar para vocês dois amanhã.
Cole levantou-se e se dirigiu para a porta, já planejando arrastar
Lincoln e Jake para beber cerveja em comemoração. — Não se
preocupe. Ela vai concordar.
— Como você sabe? — Cassidy perguntou.
Cole deu um sorriso por cima ombro para seu chefe. — Você não
ouviu falar? Nós somos melhores amigos agora.
Capítulo 7
— Não. Não, não, não, não. Porque diabos nós iríamos querer que a
nossa primeira história de cobertura desportiva fosse sobre um
narcisista mulherengo? — Penelope disse, mãos nos quadris
enquanto ela andava pelo escritório.
Cole se inclinou para trás na cadeira - a cadeira dela - parecendo
completamente imperturbável enquanto comia uma maçã. — Porque
essa é uma revista masculina. E os homens não se importam que
outro homem seja, e cito, 'um narcisista mulherengo' quando ele
consegue acertar em mais de 300 jardas.
— Adam Bailey é um merda de primeira categoria, — Penelope
respondeu.
— Provavelmente, — concordou Cole, girando na cadeira como um
inquieto aluno do terceiro ano. — Mas ele é um bom golfista, e você
sabe disso.
Penelope grunhiu em reconhecimento e pausou em seu ritmo o
tempo suficiente para bater com as unhas contra a mesa.
A mesa dela. Ela tinha uma mesa.
Era uma coisa tão simples - uma alegria simples, realmente, ter o
próprio escritório para decorar como quisesse, embora ela não
tivesse feito isso, tendo estado aqui por um total de três dias.
Mas ainda era a sua mesa. Seu escritório.
O sorriso feliz se espalhou pelo rosto dela antes que pudesse parar.
— Ah não, — disse Cole.
Ela olhou para ele. — O quê?
— Esse sorriso, — ele disse, dando outra mordida na maçã. — É
perigoso.
— Como um sorriso pode ser perigoso?
Ele balançou a cabeça. — Você é tão fofa e ingênua.
Já que ele tomou a cadeira dela, Penelope não se sentiu tão mal por
roubar seu copo da Starbucks e tomar um grande gole.
— Cuidado, — ele disse. — Você não teve um problema com a sua
roupa na última vez que bebeu café?
— Isso foi apenas porque eu estava usando saltos altos, — ela disse.
— Eu tenho muita coordenação com essas aqui.
Ela levantou a perna para que ele pudesse ver suas sapatilhas
pretas.
— Sensata, — ele disse, mal olhando para elas. — Mas me diga
honestamente, Pope. O quanto você gostaria de estar usando um
tênis agora?
Ela suspirou e caiu na sua própria cadeira para convidados. — Tão
desesperadamente.
Ele sorriu deliberadamente.
— Você, por outro lado, parece ter se adaptado aos trajes chiques
de escritório muito bem, — ela disse, os olhos passando por ele.
— Pequena. — Ele colocou uma mão sobre o coração. — Você
notou!
Penelope revirou os olhos. Foi difícil não notar o quão bem Cole
Sharpe ficava de terno. O de hoje era azul escuro, acompanhado de
uma gravata azul mais clara para um conjunto monocromático que
parecia, bem… delicioso.
Ele tinha assumido o papel de editor de esportes sênior muito bem.
Não. Coeditor de esportes sênior.
Penelope tinha sentido a menor pontada de decepção quando Alex
Cassidy lhe disse que suas novas responsabilidades seriam
compartilhadas.
Ela queria ter esse emprego sozinha - queria provar que conseguia.
Mas, se você não conseguia vencê-los, junte-se a eles, certo? E se
havia alguém com quem ela quisesse se juntar, era Cole Sharpe.
Bem...
Não se juntar.
Não desse jeito.
Os olhos de Penelope viajaram sobre o torso esguio dele. Bem, ok.
Talvez desse jeito, só um pouquinho.
Mas ela falou sério quando disse sobre os dois permanecerem
platônicos. Era bom deixar as coisas bem claras. Penelope sabia
muito bem que tipo de sofrimento acontecia se dois membros do
sexo oposto não estavam com as mesmas ideias sobre a sua relação.
Um pensou que eles estavam indo em direção a um
relacionamento....
O outro tinha tido uma namorada secreta o tempo todo.
— Oh-oh, — Cole disse, olhando para ela. — Agora o sorriso
desapareceu. O que está acontecendo nessa cabecinha?
Penelope sentou na frente e ajustou desnecessariamente o
grampeador. — Nada.
Ele mastigou a maçã enquanto a observava. — Só para constar, eu
não acredito em você nem por um segundo. Mas como eu sei em
primeira mão o quão irritante pode ser bisbilhotar, eu vou deixar pra
lá.
Penelope observou enquanto atirava o núcleo da maçã pela sala em
direção ao lixo. O barulho indicou que ele havia acertado.
— Você sabe que há uma cesta de lixo bem debaixo da minha mesa,
certo? Isso foi completamente desnecessário.
— Por favor. Demonstrações de proezas masculinas nunca são
desnecessárias. — Cole se sentou mais para a frente. — Ok, então o
que fazemos com Adam Bailey? Nós temos compartilhado este
trabalho por três dias, e já estamos em um impasse.
Ela arranhou a ponta do nariz enquanto pensava sobre isso. — E
Jackson Burke? Você não pode me dizer que todo cara na América
não quer secretamente ser ele.
— Não há discussão aí. O homem é uma lenda viva. Mas se sua
briga com Adam Bailey é seu histórico com mulheres, como Jackson
Burke é melhor?
Penelope o olhou com uma carranca e cruzou os braços. — Eu não
acredito nesses rumores sobre ele.
— Rumores, — Cole disse lentamente. — Você quer dizer como
quando a esposa dele o acusou de ter múltiplos casos com mulheres
que ela chamou pelo nome, e então essas mesmas mulheres vieram à
frente para confirmar suas afirmações?
Penelope olhou para as unhas dela. — Eu acho que elas inventaram
isso.
Cole se inclinou para frente, um sorriso de entendimento no rosto
dele. — Pequena. Você tem uma queda por Jackson Burke?
Talvez.
O quarterback do Texas Redhawks era um dos ídolos de Penelope.
Não só porque o homem era excepcionalmente habilidoso no
campo de futebol, embora fosse. Mas ele também havia financiado
uma dúzia de instituições de caridade - silenciosamente, fora dos
holofotes. Ele havia adotado um punhado de cães resgatados do
hediondo hobby de luta de cães de outro jogador de futebol. Ele tinha
levado os pais para jantar depois de cada vitória do Super Bowl...
— Pequena? — Cole perguntou.
— Jackson Burke é um bom homem, — ela disse teimosamente.
— Muito bem, digamos que ele não tenha tido casos com metade
das mulheres do Texas, — disse Cole lentamente. — Ele ainda não é
uma boa escolha. Ninguém se importa com o futebol em abril.
Ele tinha razão. Eles estariam melhor se guardassem uma matéria
sobre Jackson para a temporada de futebol, quando todos estariam
se perguntando se os rumores sobre suas atividades fora de
temporada afetaram seu jogo.
— Mas golfe? — Disse ela, cética. — Eu sei que está crescendo em
popularidade, mas...
— Está crescendo em popularidade por causa do Adam Bailey, —
argumentou Cole. — O homem sozinho reanimou o esporte quando
ganhou quatro turnês seguidas e depois começou a namorar com
atrizes de Hollywood.
— Exatamente, e então ele sozinho manchou o esporte quando
começou a namorar mais de uma atriz de Hollywood ao mesmo
tempo, — Penelope argumentou. — O cara é um playboy. E ao
contrário de Burke, Bailey quase admitiu isso.
— Nós não nos importamos com seu jogo de quarto, nos
importamos com o jogo de golfe. E o jogo dele é tão bom quanto
sempre foi. Melhor.
— Mas...
— Você sabe que estou certo sobre isso. Se fôssemos os editores de
Relacionamentos, seríamos criticados por falarmos sobre ele, mas
somos editores esportivos.
— Nós ainda vamos ser criticados, — ela resmungou.
— A má publicidade ainda é publicidade. Você sabe disso.
Maldição. Maldição. Ele estava certo.
Era só que... ela odiava homens que estavam com uma mulher
enquanto ficavam com outra.
Esqueça isso, Penelope.
Ela levantou as mãos para os lados e sacudiu-as.
Cole sorriu. — Penelope. Você está fisicamente se livrando desses
pensamentos?
— Não julgue, isso ajuda, — ela disse.
Ele levantou os braços e imitou os movimentos dela, então eles
estavam batendo como pássaros. — Você está certa. É verdade.
— Do que você está se livrando?
Cole deu nos ombros. — Nada. Eu sou impecável.
Houve uma limpada de garganta na porta e ela se virou, pegando
Lincoln Mathis os observando com as sobrancelhas erguidas.
— Ah, oi, Lincoln! — Ela deixou os braços caírem para os lados.
— Ah, oi, Lincoln! — Cole a imitou uma voz ofegante.
Ela o ignorou, principalmente porque ele tinha razão. Ela
provavelmente estava um pouco ofegante, mas era 100% justificável.
Sim, Lincoln Mathis ainda era o homem mais lindo que ela já viu.
Cabelo ondulado escuro, olhos azuis que eram amigáveis e
distantes, praticamente implorando a uma mulher que o consertasse.
O mesmo acontecia com o sorriso tímido, mas confiante, o corpo
musculoso, mas magro.
Penelope sentiu um esguicho de água na bochecha dela e virou
para ver Cole segurando uma garrafa azul com spray. — O que você
está fazendo? Isso é pra molhar as minhas plantas!
— Você parecia com calor, — ele disse com um dar de ombros,
colocando a garrafa de lado.
Ela limpou o rosto molhado com a manga. Esqueça Lincoln. Era
Cole que ela ia ter que aprender a sobreviver.
— Em que podemos te ajudar, Lincoln?
O outro homem andou por seu escritório, sentando na cadeira ao
lado dela antes de inclinar a cabeça. — Não há algo ao contrário
aqui? Ou você trocou de escritório?
— Não, você está certo, — ela disse. — Sharpe roubou minha
cadeira.
— E você deixou?
Penelope deu nos ombros. — Não me incomoda onde eu sento
quando estamos discutindo.
— Conversando, — Cole disse. — Nós estávamos conversando.
— Ah é? E quem ganhou? — Ela perguntou.
— Eu ganhei. Obviamente.
— Exatamente. Não há nenhum vencedor numa conversa. Foi uma
discussão, e eu vou conceder esta rodada, mas...
Lincoln levantou uma mão. — Que tal vocês dois resolverem isso
mais tarde? Eu tenho uma crise em minhas mãos para a minha
seção.
Penelope voltou sua atenção para Lincoln. — Relacionamentos,
certo?
— Ah, claro, — Lincoln disse. — Podemos chamar assim.
— Bem, como você chama? — Penelope perguntou.
Ele não respondeu.
— Vamos, lá, — ela persuadiu, — Eu faço parte da equipe.
Lincoln soltou um suspiro. — Bem, o Índice chama de Sexo e
Relacionamentos. Mas por aqui nós chamamos de...
— Garotas e clitóris, — disse Cole.
— Nós não chamamos assim, — Lincoln disse, olhando para Cole.
— Às vezes sim, — Cole murmurou.
— De qualquer forma, nós chamamos de...
— Ei, porque é que eu não fui convidado para a festa? — Jake
Malone entrou no escritório sem bater na porta.
— Bem-vindo ao meu escritório, — Cole disse, gesticulando
amplamente com as mãos.
— É o meu escritório, — Penelope disse.
— Bem, deveria ser o meu escritório, — disse Cole. — É maior.
Jake inclinou-se até a boca dele estar perto da orelha da Penelope.
— O Pobre rapaz tem que compensar.
Penelope riu e Cole ergueu o dedo do meio para o amigo.
— Rapazes - garota - foquem, — Lincoln disse, estalando os dedos.
— Cassidy me pediu para fazer uma história de preenchimento
rápido depois que uma merda chata sobre sapatos acabou sendo um
fracasso, e eu estou travado.
— Tudo bem, jovem Lincoln, você pode perguntar a nós deuses do
sexo nossa opinião, — Jake disse.
— Na verdade, eu estava procurando pela Penelope.
Jake parecia desapontado. — Eu pensei que eu era o seu cara de
conselhos sexuais.
— Hum, eu sou o cara dos conselhos sexuais dele, — Cole disse. —
Lincoln vem até mim quando ele precisa de dicas para suas histórias.
Você é um velho casado sem graça...
— Que faz sexo toda a noite, — Jake jogou de volta. — Você pode
dizer o mesmo?
Penelope não pôde deixar de dar uma olhada em Cole. Ele podia
dizer o mesmo?
Cole estreitou os olhos para Jake, que sorriu. — Achei que não.
Penelope sorriu, curtindo as brincadeiras deles.
Isso era o que ela queria quando se candidatou para o trabalho.
Esse tipo de camaradagem. É verdade que ela era a única mulher,
mas eles pareciam dispostos o suficiente para incluí-la.
E Deus sabia que eles não pareciam estar segurando a "conversa de
homem" na presença dela. Garotas e clitóris? Sério?
Lincoln pegou seu caderno. — Ok, Penelope, então meu artigo é
sobre o primeiro beijo de um primeiro encontro...
— Beijar? — Perguntou Cole. — Isso parece chato.
Lincoln atirou um olhar cortante em sua direção. — Você já fez
sexo sem isso?
Cole abriu a boca, então fechou-a, fazendo um gesto de prosseguir
com a mão. — Continue.
— Ok, então, Srta. Pope, — Lincoln disse, colocando a ponta da
caneta no lábio e parecendo, bem, gostoso. — Eu sempre tive a
impressão de que as mulheres preferiam um bom beijo em que
seguram sua cabeça. Você sabe, nossas mãos grandes no seu
pequeno rosto. As garotas gostam. Mas, contra o meu melhor
julgamento, decidi fazer uma pesquisa informal no escritório, e até
agora meus resultados estão... dispersos.
O silêncio caiu sobre a sala e Penelope percebeu que os três
homens estavam olhando para ela. Esperançosamente.
— Espera, desculpa, — Penelope disse nervosamente — O que você
quer que eu faça sobre isso?
— Pesar na votação, é claro, — disse Lincoln. — Nós homens só
sabemos o que achamos que sabemos sobre as preferências das
mulheres.
Penelope deu uma risada nervosa. — Certamente eu não sou a
única mulher no escritório.
— Não, claro que não, — disse Lincoln com um pequeno sorriso. —
Há seis de vocês.
— Seis? É só isso? De quantos funcionários?
— Muitos, — disse Jake.
Penelope lambeu os lábios. — Ok, bem... por que você não pergunta
as outras cinco?
— Eu perguntei, — Lincoln disse pacientemente. — Mas seis
opiniões são melhores que cinco, estou certo?
— É claro, é só que...
Ela olhou em volta da sala e viu os três a observando curiosamente.
Os olhos de Lincoln se estreitaram ligeiramente embora não de
uma maneira má. Ele se inclinou para frente. — Penelope, querida.
Você já foi beijada?
— Eh, não é apropriado, Mathis, — Jake disse, olhando para a
porta.
— Merda, — Lincoln disse, parecendo horrorizado, — Merda.
Desculpe. Eles fazem você ter aulas de assédio sexual, mas eu estou
tão acostumado a dizer qualquer coisa com esses caras...
— Não, não, está tudo bem! — Ela apressou-se em dizer.
A última coisa que ela queria fazer era estabelecer em sua primeira
semana que ela deveria ser tratada de forma diferente. — Claro que
já fui beijada. Tenho trinta e um anos...
— Sério? — Cole interrompeu. — Caramba, quando te vi pela
primeira vez, pensei que era dezoito.
— É a falta de peito, — ela disse sem pudor.
Jake passou uma mão no rosto dele com uma risada sufocada. —
Jesus. Talvez devêssemos fechar a porta antes que a Sandra passe.
— Sandra? — Penelope perguntou enquanto Lincoln se levantava
para fechar a porta do escritório.
— Sandra Atens, — explicou Cole.
— Ah, — disse Penelope. — A mulher do RH que me deu toda a
minha papelada.
— Essa mesmo, — disse Lincoln. — Olha, então, Pen, se você não
quiser responder...
— Não, é só que… — Ela começou a morder a unha e depois
lembrou-se que tinha ido na manicure na primeira semana de
trabalho e deixou as mãos no colo. — Eh, já faz um tempo. Desde o
beijo.
Por alguma razão, Penelope não conseguiu olhar para Cole Sharpe
quando disse isso, então ela manteve os olhos focados em Lincoln,
que, Deus o abençoe, não parecia nem tentado a rir.
— Bem, o que porra tem de errado com os caras de Chicago, anjo?
— Perguntou ele.
Ela riu. — Você é gentil. Mas eu acho que nós sabemos que os
homens não estão exatamente arrombando a porta para chegar a
tudo isso.
Ela gesticulou desajeitadamente sobre seu corpo com as mãos.
Lincoln olhou para ela, e Penelope suspirou em resignação sobre o
que ele iria ver. Ela estava usando uma saia hoje - cinza, e uma
camisa rosa - rosa! Mas mesmo assim, ela sabia que o efeito era
dificilmente o de mulher fatal.
Inferno, mal era feminino.
Não importava o que ela fazia, não importava a cor do batom, não
importava o tamanho dos saltos, ela nunca conseguia escapar do
efeito de menina-brincando-de-se-vestir.
— Estou gostando do que vejo, — Lincoln disse.
— Ai meu Deus, — alguém murmurou. Penelope não tinha certeza
se era Cole ou Jake.
Ainda assim, a voz de Lincoln era mais educada do que
apaixonante ou lasciva, então ela simplesmente sorriu.
Penelope não estava aqui há muito tempo, mas ela percebeu que
Cole e Lincoln tinham reputação de mulherengos. Ela podia ver o
porquê. Ambos eram dolorosamente bonitos.
E ainda havia algo sobre Lincoln... algo sobre a maneira como ele
se segurava e tratava as mulheres com um respeito diferencial,
mesmo quando ele as encantava o suficiente para tirar suas
calcinhas...
Pelo menos, ela assumiu. Lincoln não tinha encantado ela. Ele não
tinha tentado, na verdade. E ela estava feliz. Ele era bonito, e ainda
assim Lincoln não era aquele que às vezes fazia seu coração bater um
pouco rápido demais.
— Que tal a última vez que você foi beijada, Pequena?
A cabeça de Penelope foi em direção a Cole. — O quê?
Ele deu de ombros. — Você disse que já faz um tempo, mas
certamente não passou tanto tempo que você não consegue lembrar
de como você gosta de ser beijada. Então, como é? Você gosta
quando um homem segura sua cabeça? Sua cintura? Suas costas?
— Cole! — Jake disse em exasperação.
— Eu, hum... — Penelope mordeu o lábio, imaginando como diabos
ela poderia permanecer relevante nessa conversa sem trair a horrível
verdade de que ela não tinha realmente um favorito, porque ela
sempre achou beijar... algo superestimado.
— Ok, é isso, — Lincoln disse, jogando as mãos para cima antes de
jogar a caneta e o caderno na mesa.
Ele se levantou, então fez um gesto para que Penelope fizesse o
mesmo.
— Levanta, — disse ele.
— O quê?
— Levante-se. — Sua voz estava calma. Persuasiva. — É hora de
experimentar.
— Não, — Jake disse. — Não, de jeito nenhum, porra. Isso é um
escritório, Lincoln, ela é nossa colega de trabalho. Com RH ou sem
RH, você não pode simplesmente andar por aí beijando ela.
Lincoln franziu o cenho. — Não é um beijo romântico. É como
quando o cara na seção de bebidas traz uísque para o teste de
degustação. Estamos experimentando. E ela pode dizer não.
— Mas...
— Não, está tudo bem, — disse Penelope, erguendo uma mão para
parar as objecções de Jake. — Lincoln está certo. Não tem que ser
estranho.
O que diabos você está fazendo? Isso não é você.
Penelope ignorou a voz e se levantou.
Ela estava confortável com quem realmente era. Mas isso não
significava que não havia uma pequena parte dela que estivesse
cansada de ser um dos caras. E essa mesma parte dela estava dando
piruetas porque um homem bonito estava se oferecendo para beijá-la
- não, mais importante, ele estava olhando para ela como alguém que
merecia ser beijada.
De jeito nenhum ela iria recusar isso, sendo sem sentido ou não.
— Ok, — Lincoln disse se aproximando. — Isso é bom. Aqui está a
primeira opção.
— Você não pode estar falando sério, — Cole disse, a voz irritada.
Penelope olhou para ele, surpresa pela nitidez de seu tom. O rosto
dele combinava com o tom - incrédulo e talvez um pouco... zangado?
— Ignore-o, — Lincoln disse, chamando a atenção dela de volta
para ele. — Pronta para isso, querida?
—Hum...
A mão de Lincoln fechou-se sobre o rosto dela, gentilmente, mas
com firmeza... e uau, ok... ela entendeu o que ele quis dizer com
"segurar a cabeça". Foi legal.
A boca de Lincoln fechou sobre a dela, e os olhos de Penelope se
fecharam, enquanto ela avaliava.
Também foi… legal. Não é exatamente algo que te faça se contorcer
de bom, mas... legal.
Ele foi para trás.
— Não? — Ele perguntou. — Que tal esse?
As mãos dele se moveram para os ombros dela, puxando-a para
frente novamente. Os olhos de Penelope fecharam mais uma vez,
perguntando se este seria um pouco mais, bem, excitante, mas os
lábios dele nunca tocaram os dela.
Em vez disso, ele a soltou completamente.
Ela abriu os olhos em confusão.
Cole estava inclinado sobre a mesa dela, a mão dele no ombro de
Lincoln, tendo claramente empurrado o outro homem para longe
dela.
— Se recomponha, — Cole disse. — Jake tem razão, você não pode
simplesmente andar por aí seduzindo as funcionárias.
— Seduzindo, — Jake murmurou por detrás dela. — Sério?
— É a porra de um processo legal esperando para acontecer, — Cole
rosnou.
— Uhum, — disse Lincoln, cruzando os braços. — Você é
funcionário há menos de um mês, e está preocupado com os
Assuntos Internos?
— Porra, não, estou preocupado com ela, — disse Cole, apontando
para Penelope.
Ela não conseguiu evitar. Uma risada surgiu, e Cole deu a ela um
olhar incrédulo.
— Desculpe, — ela disse, tentando manter o rosto sério, e falhando.
— É só que... você se pareceu muito com meu pai agora.
A boca de Cole abriu quando Jake deixou sair uma risada abafada e
Lincoln colocou um punho na frente da boca dele, olhos azuis
brilhando em diversão.
— Seu pai? — Cole disse, soando horrorizado.
Lincoln olhou para o relógio dele. — Merda. Malone. Estamos
atrasados para a reunião.
— Que reunião? — Jake perguntou.
Lincoln deu a ele um olhar cortante enquanto ele agarrava seu
caderno e caneta. — Tudo bem, você quer ficar aqui e ver isso
acontecer, fique à vontade...
— Ah, aquela reunião? — Jake disse. — Certo. Estamos atrasados.
— Obrigada pelo beijo, — Penelope falou brincando para Lincoln.
— Eu acho que segurar a cabeça é definitivamente...
Ela parou quando viu Alex Cassidy na porta. Sua expressão não
dizia nada, mas não havia como ele não ter ouvido ela agradecendo
em alto e bom som a seu colega por um beijo.
Penelope sentiu as bochechas corarem enquanto o chefe deles
olhava em volta para os quatro.
— Nós estávamos, ah, fazendo uma pesquisa, — disse Lincoln,
fugindo de Cassidy.
Jake seguiu Lincoln, erguendo sua mão esquerda inocentemente.
— Não a toquei. Eu sou casado.
Cassidy estreitou os olhos para os dois homens antes de desviar sua
atenção de volta para Penelope, depois para Cole.
Então ele simplesmente revirou os olhos e foi embora.
Penelope deu um suspiro de alívio quando ela voltou para a
cadeira. — Ufa. Você acha que é sempre assim por aqui?
— Não soe tão esperançosa, — Cole murmurou rabugento.
— Ah, vamos lá, — ela disse. — Como se você não tivesse feito o
mesmo na posição de Lincoln. Eu vejo o jeito que você flerta com a
recepcionista todas as manhãs.
— Flertar é diferente de ficar se agarrando, — ele disse, mãos
apoiadas na mesa enquanto ele pairava sobre ela.
Penelope revirou os olhos. — Foi um beijo de cinco segundos. Não
dá para considerar como uma sessão de amassos.
— Então você não gostou?
— Eu não disse isso.
A sobrancelha dele ergueu-se em desafio.
— Bem, você interrompeu, — ela bufou. — Talvez se ele tivesse
chegado aos outros métodos de beijo, eu teria ficado um pouco mais
animada.
Cole olhou para ela por vários segundos antes de se levantar. — Eu
acho que não.
— Por que? Porque eu não sou capaz de me apaixonar? — Ela
perguntou, a voz dela soava mais defensiva do que ela pretendia.
Ele estava no processo de passar por ela, mas parou.
Cole olhou-a de cima a baixo, sua expressão pensativa.
— Nah, eu acho que você é muito capaz. — Ele esperou até que
Penelope encontrou seu olhar. — Eu acho que Lincoln não é o seu
cara.
Ele piscou e então saiu do escritório dela, o bom humor
aparentemente restaurado, fechando a porta atrás dele.
No segundo em que a porta se fechou, ela caiu de volta na cadeira,
se sentindo abalada.
Cole estava errado. Não havia nada de errado com Lincoln. Esse
beijo teria sido exatamente o mesmo vindo de qualquer outra pessoa.
Digamos que, vindo de Cole, por exemplo.
Ela empurrou-se para fora de sua cadeira de convidado e se moveu
em torno da mesa para sua cadeira real.
Penelope estava, de repente, desesperada para se perder no
trabalho. Desesperada para ignorar aquela pequena voz na parte de
trás da cabeça dela sussurrando, Mentirosa.
Capítulo 8
Cole não sabia exatamente o que o fez sugerir que ele e Penelope
aparecessem juntos no jantar de Jake e Grace.
Na verdade, ele deveria ter se esforçado ao máximo para não fazer
nada disso.
Já era ruim o suficiente que eles fossem as únicas pessoas que não
estavam em casal na festa. E, apesar das afirmações de Jake, Cole
não tinha certeza de que as garotas Stiletto não estavam armando
uma armadilha.
Chegar ao mesmo tempo só iria colocar a ideia errada na cabeça de
todo mundo. Bem, todo mundo menos Penelope.
Era quase um insulto o quanto ele tinha sido colocado na
friendzone.
Ou pelo menos, ele se sentiria insultado se não estivesse muito
aliviado. A última coisa que ele precisava era de um envolvimento
romântico com uma colega de trabalho.
O que decididamente não explicava por que ele estava do lado de
fora do prédio do apartamento dela, sentindo-se decididamente
animado para vê-la.
Penelope vivia em um prédio no Upper West Side. Bem, Upper
Upper West Side, dada a distância ao norte que ela estava. Ele
deveria saber. Ele vivia quase tanto quanto ao norte, exceto no lado
leste do Central Park. A caminhada tinha levado apenas dez minutos.
Ele fez uma careta quando percebeu que ele já estava tentando
chegar a uma explicação para a razão pela qual ele estava parando no
apartamento dela primeiro.
Cole conhecia seus amigos muito bem. De maneira alguma eles
iriam acreditar em sua desculpa "a casa dela era caminho".
Ainda assim, a casa dela era a caminho, mais ou menos, e aqui
estava ele.
Cole usou o interfone para ligar para o apartamento dela, sorrindo
enquanto sua voz cansada saiu toda pequenina. — Cole?
— Sim.
— Suba aqui!
Ele levantou uma sobrancelha com a urgência do tom dela. Alguns
minutos depois, ela abriu a porta, e ele entendeu.
— Nossa, — ele disse, olhando para ela. Penelope estava usando um
robe branco, o cabelo preso num coque bagunçado, os olhos dela
enormes e em pânico.
— Eu dormi, — ela disse, empurrando-o para dentro. — Eu queria
tirar uma soneca rápida e, quando dei por mim, eram seis horas...
— Posso esperar lá embaixo, — disse ele educadamente.
— Nem pense nisso, — ela disse, colocando ambas as mãos nas
costas dele e empurrando-o na direção do quarto dela. — Eu preciso
de ajuda.
— Hum, — Cole parou um pouco. Normalmente quando uma
mulher precisava de "ajuda" no quarto...
— Me conte tudo sobre essas pessoas, — ela disse, correndo os
dedos pelo cabelo enquanto ela ficou na frente do closet. — Eles são
como a velha Nova York, ou a Nova York fashion? Tipo, estamos
falando do Fashion Week ou da Audrey Hepburn, ou...
Ele olhou para ela, horrorizado. — Você quer que eu te ajude a
descobrir o que vestir?
Ela se virou, olhos suplicantes. — Eu sou terrível nesse tipo de
coisa.
— Pequena, com todo o respeito, eu sou muito melhor em despir
mulheres do que as vestir.
— Sem dúvidas, — ela disse desdenhosamente, olhando para ele. —
Mas olhe para você. Você parece que deveria ser um dos modelos da
Oxford, não um colunista.
Ele olhou para sua calça, camisa social branca e jaqueta esportiva,
que ele não considerava exatamente o traje de modelo masculino.
Ela puxou um vestido amarelo feio. — E quanto a isso?
Cole suspirou. Uau. Ela não estava brincando. Ela realmente era
ruim nisso.
— Eles não vão se importar com o que você está vestindo,
Penelope. Mas, hum... isso não.
Ela pisou com força. — Cole!
Ele levantou as mãos. — Ok, ok.
Ele foi até o closet dela, vasculhando os cabides. — Sério, mulher,
quantas camisetas esportivas diferentes você tem?
— Cerca de metade da quantidade de camisetas que eu tenho, — ela
disse, irritada.
— Você não parece ser tão mal-humorada no trabalho, — ele disse,
tirando uma camisa do Ichiro de seus dias no Mariners. — Isso é em
tamanho infantil?
— Sim, são todas em tamanho infantil, — disse ela. — São as únicas
que serve. Mas eu não vou aparecer vestida como uma jogadora de
baseball, então concentre-se.
— E quanto a uma das roupas tediosas que você usa para
trabalhar? Calças e uma social, ou algo assim?
— Bem, considerando que você acabou de chamar essas roupas de
tediosas....
Ele olhou para ela. — Em que você se sente mais confortável?
— Jeans e uma camiseta, obviamente, mas às vezes...
Ela parou e ele levantou uma sobrancelha em expectativa.
— Sim, Pequena? — Ele disse quando ela olhou para o chão.
— Às vezes tenho vontade de me sentir bonita.
A voz dela estava baixa quando ela disse isso, o coração dele
quebrou um pouco por ela. Ele teve uma estranha vontade de puxá-la
na direção dele. De dizer a ela que ela era linda. Talvez colocar as
mãos nas costas dela, mostrar uma daquelas técnicas de beijo que
Lincoln mencionou…
Ele grunhiu e afastou o pensamento. A última coisa que ele
precisava fazer era repetir aquele dia no escritório quando ele sentiu
algo suspeitosamente perto de ciúmes.
Cole não sentia ciúmes.
Certamente não por causa de uma mulher que desenhou uma linha
na areia e a rotulou de platônica.
Ele voltou sua atenção para o closet dela, puxando um top azul
brilhante que era meio que sedoso.
— Que tal isso?
Ela olhou para ele com ceticismo. — Com o que eu iria usá-lo?
Cole revirou os olhos, virou de volta para o closet, e tirou um par de
jeans. — Veste isso.
— Mas...
Cole apontou um dedo para o rosto dela. — Vista-se. Se você quer
minha ajuda, você tem que confiar em mim.
Ela o encarou por vários segundos antes de ceder com um suspiro.
— Tudo bem.
Então, para choque total dele, ela tirou o robe e jogou na cama.
Ele virou-se para não olhá-la, mas não antes de ter visto Penelope
Pope de calcinha e sutiã sem alças.
— Jesus.
— Ah, para, — ela disse. — Não é como se houvesse muita coisa
acontecendo aqui.
Ele sugou um suspiro. Sua ereção furiosa dizia o contrário.
Como diabos isso aconteceu? Normalmente era preciso mais do
que uma espiada acidental de uma mulher de sutiã e calcinha para
excitá-lo.
Mas não tinha dúvida alguma. Ele estava excitado.
Ele tentou bloquear o som do jeans dela deslizando sobre os
quadris finos, tentou bloquear o desejo de puxá-los para baixo
novamente.
— Tudo bem, — ela disse alguns momentos depois. — Você pode se
virar. Eu estou vestida, então não há mais ameaças à sua virtude.
Ele deu um olhar cético por cima do ombro, confirmou que ela
estava vestida, e então se virou para olhá-la completamente.
Ela segurou as mãos ao lado do corpo. — Bem? Você está
deslumbrado?
Ele voltou para o closet dela, localizou o sapateiro, e puxou um par
de saltos altos preto.
— Hum hum, — ela disse, olhando para eles como se fossem um
rato morto. — Lembra o que aconteceu da última vez que eu usei
saltos altos? É um desastre esperando para acontecer.
— É aí que eu entro, — ele disse. — Você pode segurar meu braço.
— Ah sim, porque isso vai deixá-los mais confortáveis, — ela disse.
— Além disso, supostamente vai nevar hoje à noite.
Cole jogou seus braços no ar. — Droga, mulher. Use seus tênis,
tanto faz.
Ela ronronou. — Nah. Botas.
— Tudo bem. Podemos ir agora?
— Não! E a maquiagem? Eu dominei a máscara de cílios, a maior
parte, mas eu poderia usar alguma ajuda para descobrir que sombra
ficaria boa.
Cole olhou para ela, esperando para ver se ela estava brincando,
então balançou a cabeça. — Não. Inferno, não.
Ele se moveu em direção à porta e ela o seguiu. — Mas eu não sei...
Cole tirou a bolsa pequena dela de um gancho junto à porta. — É
isso que você está levando?
— Sim, mas...
Ele enrolou a alça sem cerimônia por cima do ombro dela. — Pegue
seu celular ou qualquer outra coisa que você precise e então vamos
embora daqui.
Ela abriu a boca. — Mas...
Ele suspirou e deu um passo em frente. As palavras dela se
interromperam quando as mãos dele se ergueram até a cabeça dela.
Muito lentamente, os dedos dele foram para dentro do cabelo dela,
tentando ignorar o quão sedoso ele era contra os dedos dele
enquanto procurava o elástico que o segurava no lugar.
Suavemente, ele puxou, deslizando a faixa centímetro por
centímetro até que o cabelo escuro dela se espalhasse sobre os
ombros. Por toda a mão dele.
— Aqui, — ele disse, a voz dele apenas um pouco áspera. — Agora
você está pronta.
Ela estava olhando para ele, a expressão ilegível, e ele sentiu uma
súbita onda de ternura por essa mulher que ele mal conhecia e ainda
assim de alguma forma conhecia completamente.
Cole limpou a garganta e deu um passo atrás. — Você não precisa
de maquiagem para ficar bonita, Penelope.
— É o que os caras sempre dizem um segundo antes de darem
olhares fatais para uma modelo da Victoria's Secret, — ela
resmungou levemente enquanto colocava as botas.
— Claro, — ele concordou cordialmente. — Mas só porque
queremos dormir com a modelo da Victoria's Secret não significa que
queremos acordar ao lado dela de manhã.
— Bem, isso é muito reconfortante, Sharpe, — ela disse enquanto
trancava a porta. — Mas guarde isso para alguém que não está
sozinha toda noite e toda manhã.
Cole não tinha certeza do que dizer sobre isso, então ele não disse
nada enquanto eles desciam pelo corredor até o elevador dela.
Penelope parecia pensativa enquanto apertava no botão para
descer. — Ei, Cassidy ou Jake mencionaram se Lincoln estaria lá hoje
à noite?
Ele olhou para ela surpreso. — Você quer que ele esteja?
Ela não respondeu quando entrou no elevador.
Cole seguiu-a um pouco surpreso - e irritado - com o quão
desesperadamente ele queria que ela respondesse.
Capítulo 9
Demorou um total de cinco minutos no maravilhoso apartamento
dos Malones para que Penelope percebesse o que estava
acontecendo: Ela estava saindo com as pessoas bonitas.
Aquelas pessoas que você vê na televisão ou nos filmes. Aquelas
que você assistiu enquanto usava moletom e empurrava pipoca na
sua cara e pensava que pessoas reais não podiam ter essa aparência.
E certamente as pessoas não davam jantares de verdade em que
houvesse um esquema de cores nas toalhas de mesa e flores frescas
por todo o lado.
Mas elas existiam, e ela era uma delas. Mais ou menos.
Por apenas essa noite.
E Penelope estava apenas meio certa sobre seu estresse com o que
vestir.
Por um lado, como esperado, as mulheres do grupo estavam todas
perfeitamente arrumadas. Mas, por outro lado, elas eram tão bonitas
que ela tinha certeza de que poderia ter usado uma de suas camisetas
e jeans, e elas não teriam sequer piscado.
— Então, Penelope, nos diga honestamente agora, — disse Riley
McKenna, enquanto a linda morena segurava o braço de Penelope e a
guiava em direção do sofá. — Como está indo na jaula de
testosterona?
Levou um minuto para Penelope entender o que Riley queria dizer.
— Os escritórios da Oxford? É assim que se chama?
— Não — disse Emma com uma onda de desdém de sua mão
quando veio se juntar a elas na sala de estar, — não é assim, ignore
Riley.
— Sim, mas há muita testosterona lá em cima, — argumentou
Riley. — Estou certa?
— Sim, querida, mas a menos que queiramos que eles comecem a
chamar a Stiletto de caverna de estrogênio, eu sugiro que nós...
— Caverna de estrogênio soa como um nome para vagina — disse
Riley.
Penelope engasgou-se com o vinho branco que ela estava bebendo,
e Emma deu a ela um olhar simpático. — Desculpe pela Riley. Ela
esquece que nomes de genitais não são apropriados para o jantar.
— Elas são nesse grupo — disse Riley.
Emma ignorou sua amiga e se inclinou para frente com um sorriso
ansioso para Penelope. — Ok, mas nos diga... como é que isso
realmente funciona com Cole e Lincoln? Qual deles é mais gostoso?
Eu quero dizer, eles são ambos gostosos, mas qual deles faz você ficar
toda ofegante?
— Espera! — Uma voz feminina gritou.
Julie Greene pegou uma garrafa de vinho, encheu o copo, e então
fez uma linha reta para elas. — Como você se atreve a falar sobre as
coisas boas enquanto eu estava ajudando a fazer o jantar?
— Você não estava ajudando, Jules! — Grace chamou da cozinha. —
Você massacrou o pão!
— Julie não sabe cozinhar — disse Riley, batendo no joelho da
amiga.
— Eu não costumava cozinhar, — disse Julie, levantando um dedo.
— Mas eu aprendi.
Emma chamou a atenção de Penelope e balançou a cabeça.
Penelope escondeu um sorriso no copo de vinho.
— Ok, então de volta para Cole, — Julie disse. — Na verdade não,
não responda. Vamos esperar pela Grace.
— Ah, bem, não há nada para falar.... — Penelope disse.
— Claro que não, querida. Mas vamos discutir tudo da mesma
forma antes que os homens voltem, está bem?
— Honestamente, quanto tempo leva para checar uma
churrasqueira quando está congelando lá fora? — Grace ponderou.
O prédio do apartamento de Jake e Grace estava em processo de
remodelar o lounge dos moradores da cobertura, e no segundo em
que Jake mencionou a churrasqueira, todos os outros cinco homens
insistiram em fazer um tour.
— Você sabe que eles estão falando sobre nós, assim como nós
estamos falando sobre eles, certo? — Emma disse, quando veio para
se juntar às outras na sala de estar.
— Talvez, — Grace disse duvidosamente. — Ou eles estão falando
sobre bife...
— Quem se importa, — Julie interrompeu. — Eu quero ouvir sobre
Cole.
Penelope deu uma risada nervosa quando percebeu que toda a
atenção das mulheres estava voltada para ela. — Ok, então por favor,
não pensem que estou me fazendo de tímida, e eu realmente
agradeço o convite hoje à noite, mas... Cole e eu somos apenas
colegas de trabalho.
Riley levantou uma sobrancelha cética.
— E amigos — Penelope se apressou a explicar. — Eu gosto dele.
Muito. Mas não desse jeito.
O nariz da Julie enrugou. — Mas ele veio aqui com você esta noite,
apesar de termos deixado bem claro que não estávamos tentando
fazer disso uma coisa de casais.
— Mentira! — Riley disse. — Estamos totalmente tentando fazer
disso uma coisa de casais. Nós só não sabíamos se chamávamos
Lincoln ou Cole, então chamamos ambos. Ooh, talvez eles pudessem
lutar na lama por você!
Penelope riu um pouco da honestidade crua de Riley. — Eu aprecio
o sentimento. De verdade. Mas se vocês estão procurando arranjar
um encontro para Cole com uma mulher, eu acho que vocês irão
precisar de alguém um pouco mais...
— Um pouco mais o quê? — Riley exigiu.
Penelope respirou fundo. — Eu não sou o tipo dele.
— Fato engraçado: — disse Julie alegremente, — Cole não tem um
tipo.
— Bem, ele tem, mais ou menos — corrigiu Grace. — Com peitos.
— Viu, aí! — Penelope disse, estalando os dedos e apontando para o
peito dela. — Eu estou faltando nesse departamento.
— Pegue de outra garota que não é bem-dotada — Emma disse —
os homens acham todos os tamanhos muito interessantes.
— Bem, Cole não acha esses interessante. — Penelope disse. — E eu
não quero que ele ache.
— Bem, isso é decepcionante — Julie disse com um beicinho. — Eu
poderia ter jurado que meus instintos de casamenteira estavam
certos.
— Rumores dizem que deveríamos ter seguido o plano B — disse
Grace as amigas, soando um pouco presunçosa.
— Plano B? — Penelope perguntou. — Você tinha múltiplos planos?
— Múltiplos homens, ela quis dizer. Para você, querida. — Julie
explicou.
— O Plano B é o Lincoln — disse Grace.
— Mmmm, Lincoln, — disse Riley com um suspiro sonhador. —
Você gosta dele, Pen?
— Ele a beijou, — disse Grace, antes que a Penelope pudesse
responder.
— Oh, por amor de Deus — Penelope murmurou.
Mas ninguém a ouviu. Riley estava muito ocupada fingindo
desmaiar, Julie estava se abanando, e até mesmo a sempre legal,
Emma, parecia extremamente interessada.
— Como você sabe disso? — Julie disse, batendo no joelho de
Grace.
— Jake viu, — Grace respondeu. — Lincoln fez isso bem no
escritório de Penelope. Algo sobre um artigo em que ele estava
trabalhando, e...
— Não foi nada romântico. Ou sexy, — Penelope se intrometeu. —
Sério. Foi brincalhão e...
— Mas foi bom, não foi? — Riley perguntou. — Quero dizer, eu
posso ser uma mulher quase casada, mas Lincoln Mathis é gostoso.
— O beijo foi… — Penelope pensou sobre a boca do Lincoln na dela.
— Foi bom.
O silêncio desceu sobre a sala.
— Bom? — Riley disse, soando horrorizada.
— Você sabe, foi… — Penelope olhou pela sala para os rostos
desapontados. — Não tenho muito com que comparar.
Ela supôs que deveria estar envergonhada com a admissão - e
estava, um pouco. Mas Penelope nunca tinha visto o ponto em fingir
ser algo que não era.
E ela absolutamente não era uma mulher fatal experiente.
Pelo que sabia, talvez os beijos de Lincoln fossem os melhores que
ela ia conseguir. Certamente tinha sido mais habilidoso do que a
maioria dos beijos que ela tinha dado na faculdade. E melhor do que
o de Erik, um cara com quem ela namorou por alguns meses e que
tinha mau hálito no limite.
— Penelope — Julie disse devagar. — Eu não quero me
intrometer...
— Ela quer, — Emma interrompeu.
— Ok, tudo bem, eu quero me intrometer, — continuou Julie. —
Mas você está me dizendo seriamente que o melhor beijo que você já
recebeu é meramente bom? De um cara que você mal conhece, pelo
bem do trabalho?
— Espere! — Grace disse, levantando uma mão. — Não responda
até eu encher seu copo!
Penelope agradeceu alegremente enquanto Grace enchia todos os
copos. Ela era mais uma garota de cerveja, mas ei, era sexta-feira e
um jantar extravagante, e bem, ela estava se divertindo.
A única vez que Penelope se entregou à conversa de menina foi
com Janie, mas a irmã dela não estava aqui...
— Acho que não esqueci o cara que deixei em Chicago — ela disse.
Riley se inclinou para frente. — Ele beijava mal? Ele é o porquê de
vocês ser toda contra-beijos? Porque eu me mudaria para outro
estado se Sam fosse um mau beijador. Diabos, eu deixaria o
continente.
Penelope sorriu tristemente. — Não. Quero dizer... não sei. Nós
nunca, hum… meus sentimentos eram unilaterais.
— Oh, bem, querida, se você tem sentimentos por um cara, você
tem que dizer a ele! — Julie disse.
— Eu planejei contar, — Penelope disse, tomando um gole de
vinho. — Quero dizer, tipo, eu realmente tinha um plano. Fiz
reservas para jantar, comprei um vestido. Era vermelho....
Riley assobiou. — Vestido vermelho, hein? Arrebentando em todas
as paradas.
— Exatamente, — Penelope disse. Ela olhou para o copo dela.
E então eu descobri que ele roubou meu emprego e que estava
morando com uma comissária de bordo nos últimos seis meses...
Para o crédito das outras mulheres, ninguém se intrometeu.
Sentaram-se ali, silenciosamente, esperando que continuasse, e ela
sabia que se não dissesse mais nada, eles mudariam de assunto.
Mas era hora de dizer a alguém - era hora de seguir em frente.
Então ela contou. — Ele pegou o emprego que eu queria. Eu não sei
se era a intenção dele, mas ele pegou. Mas essa não é nem mesmo a
pior parte. Antes que ele pudesse me contar tudo isso, eu tinha
decidido fazer a minha jogada. Fui corajosa. Ou estúpida. Eu não
tenho certeza de qual, mas… eu o beijei.
Penelope respirou fundo antes de continuar. — Não é nem
necessário dizer que ele não me beijou de volta. Não quando ele
estava esperando para me apresentar a sua nova namorada, que viu
toda a coisa humilhante acontecer...
Ela colocou a mão sobre os olhos por um momento, revivendo o
momento. — A pior parte foi que eu realmente achava que ele
gostava de mim. Que também estava apaixonado por mim. Mas
agora eu acho que talvez ele estivesse me mantendo por perto para
me usar para o trabalho.
— Bastardo — Julie respirou.
Penelope sorriu tristemente. — Exatamente. Então por que eu não
consigo parar de pensar nele?
— O coração precisa de tempo para curar, — Emma disse
calmamente.
— Isso. Tipo sete anos, hmm, Em? — Riley perguntou.
Penelope olhou entre as duas. — Sete anos?
Emma hesitou. — Eu e Cassidy... nós uma vez, eh... eu te contarei
em outra ocasião. Esta noite é sobre você. Onde as coisas estão com
você e esse cara agora?
Penelope levantou um ombro. — Ele manda mensagens às vezes.
Ainda quer ser meu amigo, tenta manter as coisas amigáveis. E talvez
um dia eu queira isso, mas eu só... eu tinha que fugir, sabe?
— Nova York é seu recomeço, — disse Grace, depois de estudar o
rosto de Penelope.
— Isso, — concordou Penelope — e também talvez um pouco de
fuga.
— O que você foi certa em fazer, — Julie disse, batendo com o dedo
no joelho de Penelope. — Como Emma disse, a ferida precisa sarar.
— Essa é a ideia — disse Penelope com um encolher de ombros. —
Uma nova cidade foi meu primeiro passo. O novo emprego foi o meu
segundo.
— E um novo homem é o terceiro — disse Riley.
— Bem... não, não exatamente — disse Penelope com um pouco de
cara feia. — Eu não quero me apressar em nada.
— Bem, claro que não. Eu não estou dizendo para você ficar com o
coração emaranhado de coisas. Esse idiota precisa se remendar
sozinho com algum tempo. Mas isso não significa que você não pode
se distrair do...qual é o nome do cara?
— Evan.
— Ok, sem Evan. E também, sem se rebaixar, agir como se você não
fosse digna de atenção masculina. Você é adorável.
— Você é, — Julie concordou. — Eu posso pensar em uma dúzia de
caras que iriam te comer.
— Não do jeito sujo — Grace apressou-se a esclarecer.
— Mas o jeito sujo é o melhor tipo, — Riley disse, soando confusa.
— Independentemente — Emma disse. — Nós não precisamos de
uma dúzia de caras para tirar sua mente desse Evan.
— Não, só um serve — Julie disse.
— Ok, mas eu não sei se Lincoln...
— Não, o Lincoln não, — disse Julie. — Se o beijo foi apenas bom,
ele não vai servir.
— Então quem...
Os caras escolheram aquele momento para invadir o apartamento,
e a julgar pela conversa deles sobre mal passado, Grace estava certa
era sobre o que estavam discutindo.
Os homens congelaram perto da porta quando viram as mulheres
observando-os, e Penelope observou enquanto o noivo de Riley se
inclinou para Cassidy e perguntou pelo canto da boca dele: — Por
que eu tenho a sensação de que acabamos de atrapalhar um dos
planos desastrosos delas?
Cassidy balançou a cabeça, mas também parecia desconfiado. —
Não sei. Mas elas já têm a maioria de nós presos ou a caminho do
altar.
— A maioria de nós, — disse Jake. — Mas não todos.
Os outros quatro homens voltaram a atenção para Cole e Lincoln,
que estavam olhando para os celulares deles e perderam tudo.
Eles olharam para cima, então olharam um para o outro em
confusão.
— Hum, o que perdemos? — Cole perguntou.
O marido de Julie, Mitchell, bateu no ombro de Cole. — Não se
preocupe com isso, cara. É bem provável que você não queira saber.
Cole franziu a sobrancelha, os olhos dele se movendo pela sala até
encontrarem os de Penelope. Ele levantou uma sobrancelha como se
fosse para perguntar: Você sabe o que está acontecendo aqui?
Julie se inclinou para Penelope com um olhar conhecedor no rosto.
— Aposto que os beijos de Cole são mais que bons, — ela disse
calmamente.
— Eu não saberia — Penelope respondeu.
— Ah, mas você vai saber. — Julie disse confiante, enquanto ela se
encostou no sofá e bebeu seu vinho. — Você vai.
Capítulo 10
Cole e a Penelope nunca discutiram o fato de ele a levar para casa.
Simplesmente... aconteceu.
Estava nevando, mas, levemente, e Cole ficou aliviado quando
Penelope ficou contente em andar com ele ao invés de pegar um táxi
por vários quarteirões até a casa dela.
— Eu amo a neve — ela disse enquanto eles caminhavam ao longo
das calçadas silenciosas, levantando as palmas das mãos e deixando
os flocos cair em suas mãos com luvas pretas.
— Mesmo em abril?
— Bem, sim, isso é um pouco errado. Mas, ainda assim, é bonito.
Ele sorriu.
— Claro, agora é bonito. Mas, você vai amar quando ela estiver
empilhada ao lado do meio-fio, ficar preta da sujeira da cidade, e
criar uma pilha de lama de uma semana em cada calçada?
Cole quis fazer o comentário como uma observação de um
imprevisto, mas o jeito que ela estava olhando para ele o fez se sentir
um pouco como um resmungão que declarou que a mesa de
sobremesa estava fora dos limites.
Então, ela o surpreendeu com uma resposta igualmente sombria.
— Tudo o que é bonito tem um lado feio.
Desta vez, foi a vez de Cole levantar as sobrancelhas e olhar para
ela.
— Pensamentos sombrios, Pequena.
— Ah, eu não quis dizer isso do jeito deprimido, copo meio vazio, —
ela explicou. — Mas, às vezes, é melhor estar preparada, sabe? Estar
ciente de que para cada momento de maravilha, outro de
desapontamento é provável que se siga.
Cole considerou isso.
Ele ficou surpreso ao perceber o quanto a filosofia dela estava
alinhada com a dele.
Cole sabia como as pessoas o viam. Ele estava ciente de sua
imagem de alguém encantador e descontraído. Ele cultivava isso, na
verdade. Todo mundo assumia que nada irritava Cole, porque ele
nunca mostrou irritação.
Mas, parte da razão pela qual ele foi capaz de manter a vibe feliz
com frequência era, precisamente, o que Penelope estava
descrevendo. Ele estava sempre preparado para quando o outro
sapato caísse; e desde que ele soubesse que isso ia acontecer, ele
poderia sorrir e passar por isso.
— Então, e essa noite? — Perguntou curiosamente. — Você parecia
que estava se divertindo.
— Sim! Me divertindo demais. — Ela disse, soando tão feliz que o
peito dele apertou.
— Então, qual é a desvantagem de um jantar feliz? — Ele
perguntou, provocando. — Qual é o lado feio?
Ela estava quieta, e ele ficou surpreso ao ver que ela estava
realmente pensando sobre isso.
Eles andaram mais meio quarteirão antes que ela respondesse.
— O lado feio vai acontecer mais tarde hoje à noite. Quando eu
estiver quase dormindo, — ela disse calmamente. — Não vai ser bem
inveja, mas... algo próximo a isso.
Ele supôs que deveria parar de se surpreender com a honestidade
de Penelope Pope, mas ela continuou a pegá-lo desprevenido com
sua franqueza.
— Inveja da… — disse ele.
— Da felicidade deles, — ela disse calmamente, soando um pouco
envergonhada. — Eu sei que você é um solteirão dedicado e tudo
isso, mas certamente não deixa de notar o quanto eles estão
apaixonados por seus respectivos parceiros?
Cole sorriu um pouco.
— Eu notei. Droga, eu conhecia cada um deles quando eram
solteiros, e acredite em mim, ver todos eles encontrarem uns aos
outros tem sido, infinitamente, divertido.
— Aposto que foi adorável — ela disse com um pequeno suspiro.
Ele não podia deixar de rir.
— Você é uma romântica.
— Eu sei, — ela disse, sorrindo para ele através da neve caindo cada
vez mais pesada enquanto caminhavam. — Isso sempre deixou meus
pais perplexos. Logo quando meu pai começou a se entusiasmar com
o meu amor pelo esporte, eu o despistei chorando por causa de um
filme romântico. E minha mãe ficava muito emocionada quando eu
pedia emprestado seus livros da Jane Austen, só para ficar
desanimada quando eu os colocava de lado para assistir a um jogo de
futebol.
— Sem irmãos para tirar o foco?
— Uma irmã — disse ela. — Janie é mais nova por dois anos. Nós
somos totalmente opostas, e ainda assim eu acho que nos
equilibramos uma a outra. Eu tenho sorte em tê-la. Ela é a pessoa
mais ferozmente leal que eu conheço.
Cole acenou, e ela inclinou a cabeça para olhar para ele.
— E você, algum irmão?
Ele endureceu como sempre fazia quando alguém mencionava seus
irmãos, mas então forçou seus ombros a relaxarem, lembrando que a
pergunta dela era inofensiva - inocente.
— Um irmão mais velho — ele disse, sua voz estava ficando áspera.
Cole não precisava de outra razão para gostar de Penelope Pope,
mas ela lhe deu uma de qualquer maneira.
Ela não fez perguntas. Não parecia ofendida por ele não ter
elaborado. Em vez disso, ela parecia saber que o tema de seu irmão
não era um tema aberto para conversação, então ela deixou pra lá.
Mas, não antes dela tocar a mão dele, apenas brevemente. Não foi
nada. Luva a luva, nem mesmo qualquer contato com a pele. Não
havia nenhuma intenção no toque - nenhuma tentativa de sedução,
nenhuma brincadeira de ser tímida, como se fosse um acidente.
O toque simplesmente era.
Dizia: Estou aqui, mas só se quiser que eu esteja.
E, curiosamente, ele queria que ela estivesse. Havia algo calmo em
Penelope Pope.
Não porque ela era, particularmente, calma ou serena. Ele
testemunhou isso há apenas uma hora, durante um jogo espontâneo
de charadas em grupo, no qual ela jogou seu corpo inteiro em uma
tentativa de fazer o grupo adivinhar ciclone.
Não, sua influência calma vinha dela ser genuína. Apesar de sua
propensão para esportes, não havia nenhum jogo com essa mulher.
Ele gostava dela. Muito.
Cole deu uma gargalhada quando percebeu que tinha passado
muito tempo desde que ele simplesmente gostou de uma mulher,
exceto as mulheres de Stiletto, todas as quais ele considerava suas
amigas mais próximas.
Mas, Julie, Grace, Riley e Emma eram casadas ou próximas a isso.
Penelope era solteira.
Embora, talvez, não por muito tempo. Ele tinha perdido a conta do
número de vezes ao longo da noite que uma das mulheres tinha
perguntado subitamente se Lincoln estava vendo alguém. Ele
também não tinha perdido como o arranjo de assento tinha colocado
Penelope entre ele e Lincoln.
Como se eles tivessem que lutar por ela, com Lincoln sendo em
quem todos estavam apostando.
Mas, isso não era o que estava realmente incomodando ele. As
mulheres de Stiletto, enquanto se intrometiam, eram inofensivas.
O que o incomodava era que os amigos dele - os que o conheciam
melhor - também pareciam pensar que Lincoln era melhor para
Penelope.
Eles tinham quase dito isso quando estavam no telhado admirando
a nova churrasqueira de Jake como se seus cartões de homem
dependessem disso.
Seus comentários tinham sido casuais, mas eles tinham machucado
mesmo assim.
Claro, vocês são ambos mulherengos, mas pelo menos Lincoln dá
as mesmas oportunidades as mulheres. Cole só gosta de louras e
não muito brilhantes.
A menos que Penelope descubra uma maneira de jogar para os
Yankees, ela não consegue manter o interesse de Cole por mais de
uma semana. Ninguém consegue.
E o pior de tudo, apesar de ser uma piada, foi a afirmação de Jake
de que Lincoln tinha um segredo obscuro, enquanto que com Cole, o
que você vê é o que ele é.
Não era que Cole precisasse ser todo misterioso e atraente, ou seja
lá o que for que Lincoln era. Ele não queria ser visto como o tipo de
homem que poderia ser consertado com a mulher certa.
Mas, o incomodava que as pessoas pensassem que ele não se
importava com as coisas. Que ele não se importava com as pessoas.
Cole se importava. Ele se importava profundamente. Com Bobby.
Com seus amigos e colegas de trabalho. Com as mulheres de Stiletto,
e talvez...
Talvez, se importasse com Penelope Pope. Porque, embora mal a
conhecesse, de alguma forma aqui estava ele, levando-a em casa, não
por dever, mas porque queria.
Porque gostava dela.
New York estava estranhamente calma durante uma noite de sexta-
feira, devido à tempestade de neve, e Cole ficou surpreendido com a
rapidez com que chegaram na casa de Penelope.
Muito rápido, se ele estava sendo totalmente honesto. Ele parou do
lado de fora do prédio, pronto para lhe dizer um adeus relutante,
mas como sempre, a mulher o surpreendeu.
Ela inclinou a cabeça para trás para olhar para ele, a neve girando
ao redor dela, flocos embebendo seu cabelo escuro, aterrissando
suavemente em seus pequenos traços.
— Quer subir? — Ela perguntou.
Cole sorriu.
— De alguma forma, eu acho que você não quer dizer isso do jeito
que normalmente dizem.
O nariz dela se enrugou.
— Isso significa...?
Ele sorriu para ela, mais uma vez, maravilhando-se com a estranha
sensação de ternura que essa mulher tirava dele.
— Significa que normalmente quando uma mulher pede a um
homem para ir ao seu apartamento numa sexta à noite, é para sexo.
A palavra ficou entre eles enquanto ela piscava contra os flocos de
neve.
— Eu não quero fazer sexo com você, Cole.
— Por que eu não sou Lincoln? — Ele disse.
Maldição. Ele quis fazer a pergunta de forma brincalhona, mas ela
saiu... dura.
Penelope apenas riu, um som alegre e feminino. Nada a
incomodava?
— Eu tenho 100% de certeza que Lincoln não está interessado em
mim.
Não era bem a resposta que ele esperava. Ela não havia esclarecido
que ela não estava interessada em Lincoln.
— E ainda assim, ele beijou você — Cole pressionou.
Os olhos dela reviraram.
— Você sabe muito bem que isso era para a pequena e tola história
dele. Não foi porque ele não conseguia deixar as mãos longe de mim.
— As garotas da Stiletto estão tentando juntar vocês dois — ele
disse, sem saber porque ele não estava deixando isso pra lá.
— Não, elas não estão.
Ele cruzou os braços e deu a ela um olhar presunçoso.
— Ah, é? Então, por que elas não pararam de empurrar você para
Lincoln hoje à noite?
Penelope deixou sair mais uma daquelas risadas deliciosas.
— Porque estão tentando me juntar com você. Riley disse algo
sobre acender seu lado competitivo.
Cole olhou para ela, os pedaços, lentamente, encaixando no lugar.
Ele suspeitou cedo que esse tinha sido o plano, mas então todos
começaram a falar sobre Lincoln, e ele achou que elas tinham
mudado de rumo.
Aparentemente, não.
Então ele riu, principalmente de si mesmo, por não ter descoberto
isso mais cedo. Era assim com eles. Os seus amigos podiam ser...
astutos. Seus corações estavam no lugar certo, sempre, mas ele
deveria saber que deveria ter levado tudo o que eles dissessem pelo
valor nominal.
— É. Eu tentei dizer a elas que era ridículo. — Ela disse. Ela sorriu
de novo, mas o sorriso não alcançou os olhos dela.
Ele deu um passo adiante.
— Espere um pouco, Pequena. Você achou que eu estava rindo de
você agora mesmo?
— Não, — ela disse rapidamente. — Apenas a perspectiva de nós
juntos é tão...
Ele deu mais um passo em frente, mesmo quando se perguntava o
que raio estava fazendo. Ele não deveria brincar com ela. Ela era boa
demais para isso.
E mesmo assim não parecia um jogo. Parecia....
Bem, inferno. Ele não tinha ideia de como explicar o que estava
acontecendo aqui. Se alguma coisa estava acontecendo.
— Eu estava rindo da minha própria estupidez, — ele explicou
calmamente. — Eu deveria ter descoberto que elas estariam fazendo
alguma coisa.
Ela sorriu levemente, e mesmo através da neve espessa caindo ele
viu que ela não acreditava nele.
O que havia acontecido com essa mulher sorridente e adorável para
convencê-la de que era indesejável? Que a perspectiva de um cara ter
algum tipo de interesse sexual por ela era cômica?
Claro, ela não era abertamente sexy. Mas, Cole estava começando a
pensar que tinha mais a ver com o fato de que a própria Penelope
nunca parecia estar pensando em sexo, do que com o fato de que os
homens não pensavam em sexo com ela.
Cole, definitivamente, não estava achando um trecho para pensar
em Penelope de uma forma não tão platônica. Algo sobre seus olhos
grandes e corpo pequeno e...
As mãos dela com luva se estenderam para segurar levemente os
antebraços dele enquanto ela ficava nos dedos dos pés e beijava a
bochecha dele.
Cole não era tão alto - um e oitenta metros, mais ou menos, mas
Penelope era tão baixa que ele teve que mover a cabeça para baixo,
apenas um pouco, para que ela pudesse alcançar.
— Obrigada por uma boa noite, Cole. — Seus dedos apertaram
levemente enquanto ela dava um passo atrás, e o gesto foi amigável
ao ponto de ser irmã.
O que não explica porque Cole se viu, apenas ligeiramente,
atordoado pelo contato.
Ela levantou a mão com outro daqueles sorrisos felizes e começou a
virar as costas, e algo em Cole estalou, e ele queria provar... algo.
Para ela? Para ele mesmo?
Diabos, ele não sabia. Não se preocupou em pensar.
— Ei, Penelope.
Ela voltou para trás.
— Sim?
Os olhos dele trancados nos dela.
— Você nunca respondeu a pergunta de Lincoln.
Ela olhou para ele em confusão.
— Que pergunta?
— Sobre o tipo de beijo que você prefere.
Os lábios dela se separaram ligeiramente, e maldito era ele se não
estivesse conhecendo essa mulher, porque ele avistou a centelha de
desconfiança no rosto dela mesmo quando ela a afastou com um
sorriso.
— Ah, bem... nós realmente só tentamos um, sabe?
— Você gostou?
Que diabos, Sharpe? O que você está fazendo?
A neve tinha se acalmado, apenas alguns flocos flutuando ao redor
deles agora.
— Hum, eu acho que sim?
A voz dela estava nervosa agora, e se ele tivesse alguma decência,
deixaria ela ir. Ao invés disso, ele se moveu em direção a ela de novo.
— Você não parece convencida. Beijos que seguram a cabeça não
são a sua onda, então?
O riso dela era ofegante. Nervosa.
— Bem, não foi a mais romântica das situações. Era difícil
realmente, hum, medir.
— Huh. — Ele disse, parando quando havia apenas alguns
centímetros separando-os. Ela não se afastou dele, mas os olhos dela
eram cautelosos, a linguagem corporal dela dizendo para ele se
afastar.
Ele não o fez.
— Quando foi a última vez que você foi beijada decentemente,
Penelope?
Ela lambeu os lábios. O gesto foi mais nervoso do que sedutor, mas
Cole foi seduzido mesmo assim.
Era uma loucura.
Ela era sua colega de trabalho. Eles passariam oito a cinco anos
juntos, de segunda a sexta-feira. Será que ele realmente queria ir e
complicar isso?
Não. Ele não queria.
Especialmente, considerando a pequena conversa que ela deu a ele
há algumas semanas sobre como eles iriam ser amigos. Apenas
amigos.
Diga-lhe boa noite. Vá para casa e tome um banho frio. Ou
melhor ainda, vá para casa e ligue para uma das dezenas de
mulheres dispostas e descomplicadas do seu livro preto que vão
saber o resultado.
Mas, então ele viu. Viu que ela viu o momento em que ele decidiu ir
embora. Que ela estava esperando por isso.
O Cole não tinha temperamento, não era propenso a rajadas de
raiva. Mas, ele estava bem e chateado. Zangado com quem quer que
tenha ensinado a ela que não merecia um beijo quente de boa noite
na calçada de Nova York.
Cole puxou a luva dele, então colocou a mão na nuca dela, o
polegar dele correndo ao longo da linha da mandíbula dela, enquanto
ele deslizava o outro braço pelas costas dela, o grosso casaco de
inverno inchado dela não fazendo nada para disfarçar o quão
pequena ela era.
— Cole...
Ele dobrou os joelhos levemente enquanto usava o polegar para
enganchar debaixo do queixo dela, inclinando o rosto dela para o
dele. Ele pausou por um breve momento - dando a ela a
oportunidade de se afastar... para protestar se ela não quisesse isso.
Ela não protestou.
Ele a beijou.
Beijou Penelope Pope na neve como se sua vida dependesse disso.
Seus lábios se moviam contra os dela insistentemente, engolindo os
doces ruídos de respiração que ela fazia, e seu braço os unia ainda
mais firmemente.
E quando ela se moldou contra ele, suas mãos com luva subindo
para cobrir seu rosto, Cole esqueceu-se de todas as razões pelas quais
não deveriam estar fazendo isso. Esqueceu-se do fato de que isso iria
tornar a manhã de segunda-feira muito mais complicada.
Ele só pensava nela. Deles. A língua dele empurrou os lábios dela
para longe, e ela o surpreendeu, colocando sua própria língua na
boca dele, entrelaçando-se com a dele, provocando golpes ainda que
urgentes.
Para alguém que dizia não ter muita experiência com beijos, ela
com certeza parecia saber exatamente do que ele gostava.
Ele os aproximou ainda mais, a mão no pescoço dela deslizando
para trás para que a cabeça dela estivesse embalada na curva do
cotovelo dele, enquanto ele segurava o pequeno quadril dela contra
ele e devorava a boca dela.
A porta de um carro bateu, e Penelope pulou, as mãos dela
empurrando contra os ombros dele enquanto ela se afastava.
Estava na ponta da língua de Cole para protestar contra o fim do
beijo, quando ele viu o olhar de pânico no rosto dela.
Ela estava assustada.
Repentinamente, ele a soltou e deu um passo atrás.
Penelope deu um sorriso dolorosamente estranho para o casal de
idosos que tinha acabado de sair do táxi e deu a eles um olhar
indulgente.
Cole ainda estava tentando reunir os pensamentos dele - o inferno,
ainda estava esperando o mundo parar de girar - quando ela fechou a
distância entre eles mais uma vez, a mão dela chegando quando ela
espetou um dedo no rosto dele.
— Nunca mais faça isso de novo.
A boca de Cole abriu.
Não exatamente a resposta que ele estava esperando. Ou esperando
por ela.
— Hey, espere, agora — ele disse.
Ele pegou ela, mas ela deu um passo atrás.
— Não se atreva, Cole Sharpe.
A voz dela era firme e inabalável, mas os lábios dela tremeram, só
um pouco, e os olhos dele se estreitaram enquanto tentava descobrir
o que diabos estava acontecendo aqui.
Fale sobre sinais mistos. Ela parecia louca e assustada e excitada,
tudo ao mesmo tempo.
— Penelope...
Ela abanou a cabeça.
— Não. Eu disse que não íamos fazer isto. Naquele dia no bar
irlandês, lembra?
— Claro, mas...
— Não quero isto, Cole. Eu não quero você, não assim.
Bem… inferno. O que é que um homem diz para isso?
Ele queria perceber que o beijo dela tinha dito o contrário. Que esta
mulher beijou este homem que ela não quer.
— Você está me dizendo que você não sentiu nada com aquele
beijo? — Ele perguntou, odiando o que a pergunta revelou - que ele
tinha sentido algo -, mas ele jogou fora de qualquer maneira.
Ela desviou o olhar, e os olhos dele se estreitaram.
— É claro que sim. Você é muito... habilidoso.
Ele sentiu uma pequena emoção de vitória, e começou a alcançá-la
novamente, mas as próximas palavras dela pararam-no frio.
— Mas, Lincoln também. Habilidoso, quero dizer. E não me
entenda mal, é lisonjeiro ter todos vocês lindos beijando garotas
como eu, todos com vontade e nada, mas eu não... não faça isso de
novo. Por favor.
Foi a última palavra. O por favor proferiu com apenas um pequeno
pedaço de súplica que teve as mãos dele caindo para o lado mais uma
vez.
— Ok. — Ele disse calmamente.
Ele se sentiu derrotado. E rejeitado. Nem uma sensação familiar,
nem agradável.
Mas, o que ele poderia fazer?
Ele esteve no lugar dela dezenas de vezes. Nunca foi fácil dizer a
uma mulher que ela queria mais do que ele tinha que dar.
De alguma forma, ele nunca imaginou como seria do outro lado,
e...
Foi uma porcaria.
Ele começou a virar as costas, quando ela chamou o nome dele.
Cole virou-se, encontrou a observando com uma expressão
nervosa.
— Vamos ficar bem, certo? Na segunda-feira?
Ele forçou um sorriso.
— Absolutamente, Pequena.
Foi só quando ele colocou vários quarteirões entre os dois que
deixou seu sorriso forçado escapar.
Mas, enquanto ele caminhava para casa através da neve, Cole sabia
uma coisa com certeza. Penelope Pope nunca descobriria o quanto
aquele beijo o abalou.
Ou o quanto essa rejeição tinha queimado.
Capítulo 11
Fiel à palavra de Cole, ele não tinha deixado a segunda-feira ficar
estranha.
Nem a terça-feira. Ou quarta-feira… ou qualquer um dos dias que
se seguiram. Quase duas semanas se passaram, e dizer que era como
se o beijo nunca tivesse acontecido era o maior dos eufemismos.
O que foi bom. Muito bom.
Penelope tinha dito a si mesma duas vezes por dia, todos os dias
desde que isso aconteceu.
— Ei pequena, você vem almoçar? — Cole perguntou, batendo na
porta dela.
Lincoln apareceu atrás de Cole.
— Sim, venha conosco.
Ela mordeu o lábio.
— Eu não deveria. Eu trouxe um sanduíche.
Cole fez um movimento de polegar para baixo.
— Não. Nós vamos ao Roadies.
— Anéis de cebola, — Penelope respirou respeitosamente.
Cole levantou uma sobrancelha em desafio. O homem estava
começando a conhecê-la muito bem. Ele entendeu que o apetite dela
corria mais para cebola frita do que para o sanduíche de trigo com
peru que estava esperando por ela na geladeira.
Então, ela olhou para o artigo em que estava trabalhando.
— Tenho que terminar isto antes da minha reunião com Cassidy.
— Precisa de ajuda? — Perguntou Cole. — Eu posso ficar.
Cole não viu o olhar surpreso e atencioso de Lincoln nele, mas
Penelope viu. Lincoln desviou seu olhar para o dela, balançando suas
sobrancelhas, e ela o olhou como se dissesse "pare com isso".
— Não, eu estou bem, — ela disse a Cole, não querendo que Lincoln
tenha a ideia errada. Ou diabos, não querendo que Cole fique com a
ideia errada.
Embora ela duvidasse que precisava se preocupar com isso.
Qualquer sensação que ela tivesse tido na noite Do Beijo que ele
tivesse visto ela como uma mulher, ao invés de uma colega não tinha
feito nem mesmo a mais breve reaparição.
Cole deu de ombros e ele e Lincoln foram almoçar.
Penelope voltou para o computador. Ela tentou se perder no
mundo das estatísticas de golfe, mas o golfe era um esporte pelo qual
Penelope nunca havia ficado particularmente entusiasmada, e em
vez disso ela se viu checando o Facebook.
Um erro.
— Aí Deus, — ela respirou enquanto olhava mais de perto para a
tela.
Sem tirar os olhos da tela, ela pegou seu celular. Dois toques depois
a irmã dela atendeu.
— Eu nunca te perdoarei por ajudar a mãe a entrar no Facebook, —
disse Penelope, como saudação.
Janie gemeu.
— O que ela fez agora?
— Vamos apenas dizer que ela interpretou o TBT como 'uma
oportunidade de mostrar minhas filhas nuas', — disse Penelope.
— De novo? Quantas fotos de nós nuas ela tem?
— Muitas, aparentemente, — disse Penelope. — A foto de hoje é
você correndo em uma fralda com ketchup espalhado por todo o seu
rosto, e ela me pegou no processo de vestir meu vestido de girassol
sobre minha cabeça.
— Você sabe, você sempre teve uma coisa em ficar nua.
— Não tenho uma coisa em ficar nua, — disse Penelope.
Embora, com tantas fotos que a mãe tem de Penelope rasgando
suas roupas, sua irmã pode estar certa.
— Você viu o post dela ontem à noite sobre o joanete do papai? —
Janie perguntou. — Ele tem cento e quatro curtidas. Eu não tive
tantas curtidas quando anunciei meu noivado.
— Não está certo, — Penelope murmurou, enquanto ela analisou os
comentários altamente divertidos no post da mãe. — Devíamos
mudar a senha dela.
— Ah, pelo menos isso a mantém ocupada, — disse Janie
desdenhosamente. — Agora, ela só me liga uma vez por dia em vez de
cinco. E você?
— Eu ainda estou na programação de três por dia, mas espero que
isso desapareça quando ela entender que não estou em risco
constante de ser assaltada.
O telefone de Penelope tocou, e ela o tirou da orelha para ver a
chamada recebida.
Ela sorriu. Claro que seria a mãe dela.
Ela voltou para Janie.
— A mãe está me ligando. Nem tente me dizer que ela não
grampeou nossos telefones para saber quando estamos falando sobre
ela. Eu sei que ela sabe.
— Divirta-se com isso, — Janie disse em uma voz cantada. — Além
disso, da próxima vez que você me ligar, é melhor que seja para
discutir seu tempo de adulta nua...
Penelope trocou a Janie pela mãe antes que a irmã terminasse.
— Olá, mãe.
— Penny! Oi, querida!
Penelope sorriu. Lydia Pope era de uma daquelas pessoas sempre
felizes cujo rosto nunca ficou sem um sorriso, e cuja voz nunca ficou
sem um ponto de exclamação.
— Como está, querida? Alguma novidade?
— Desde ontem? — Penelope perguntou, tomando um gole de sua
garrafa de água. — Nada demais.
A mãe dela fez um suave barulho de repreensão.
— Quantas vezes eu tenho que te dizer que a vida acontece em
momentos, querida? Qualquer coisa podia ter acontecido desde a
última vez que nos falamos!
— Claro, mas você tem que admitir, as hipóteses de eu conhecer o
amor da minha vida ou engravidar desde a última vez que nos
falamos ontem à tarde são escassas.
— Só porque você se mudou para Nova York, — disse a mãe dela. —
Se você tivesse ficado em Chicago, eu sei que seu pai e eu poderíamos
ter encontrado um bom garoto para você.
Penelope virou os olhos.
— Sim, porque esse é o sonho de qualquer mulher de trinta e
poucos anos. Ter um encontro arranjado pelos pais dela.
— Tudo bem, tudo bem. Eu admito que não somos bons em termos
de relações de pessoas com menos de sessenta anos. Mas, ah! Eu não
te disse quem encontrei ontem à noite!
— Quem? — Penelope perguntou, mesmo que a mãe lhe dissesse
com ou sem a sua participação na conversa.
— Evan!
Penelope congelou com a garrafa de água a meio caminho dos
lábios.
— Sabe… Evan Barton? Barter? — Disse a mãe dela.
— Barstow, — disse Penelope casualmente - como se a menção do
nome dele não a fizesse sentir ligeiramente nervosa. — Onde você o
viu?
— Oh, seu pai me arrastou para Wrigley Field ontem à noite. Eu
estava entediada, como sempre, mas, então, veja só, adivinhe quem
estava sentado bem na nossa frente! Eu não posso acreditar que ele
me reconheceu. Nós só o conhecemos uma vez que você o trouxe
para o nosso churrasco do Memorial Day...
Penelope fechou os olhos, desejando que houvesse uma maneira de
mudar de assunto sem que a mãe percebesse que o peito de Penelope
doía um pouco ao mencionar Evan. Na lembrança de como ela havia
pensado tão inocentemente que havia algo entre eles....
— De qualquer forma, ele perguntou de você.
— Ele perguntou, — ela murmurou.
Claro que Evan perguntaria sobre ela. Ele não era nada além de
educado. Falso e manipulador, mas educado.
— Disse que ele poderia estar indo para Nova York em breve para
trabalhar. Disse que ia te procurar.
Penelope respirou fundo. Ela conhecia aquele tom - sua mãe era
casamenteira.
— Ele tem namorada, mãe.
— Não ontem à noite, — disse sua mãe de forma presunçosa. — Ele
estava no jogo com um rapaz baixo e corpuloso.
Penelope apostaria muito dinheiro que o rapaz baixo e corpuloso
era Caleb Mulroney, um dos caras que entrevistou Penelope para o
trabalho que Evan roubou debaixo do nariz dela.
Embora, surpreendentemente, essa memória não tenha doído tão
forte como normalmente doía. Ela queria aquele trabalho com a
Sportiva, certamente. Se ela tivesse conseguido, tinha certeza de que
estaria adorando. Ela iria aos jogos dos Cubs com o amigável e
simpático Caleb.
Mas, talvez, fosse para o melhor. Ela estava amando Nova York.
Adorando Oxford. Amando os amigos que ela estava fazendo, graças
a Cole trazê-la para o grupo de amigos dele.
E então, havia o próprio Cole...
Mas, a Penelope não estava pronta para falar sobre Cole. Não para
sua mãe bisbilhoteira ou sua irmã maliciosa. Se alguém era capaz de
pegar um simples beijo e transformá-lo em planejamento de
casamento, era a família dela.
Em vez disso, ela mudou o assunto para outro dos favoritos de sua
mãe: Facebook.
Ao final do telefonema, ela tinha a promessa de sua mãe de não
publicar nenhuma foto de Penelope nua na qual ela tinha mais de
oito anos.
Terminando a ligação com sua mãe, Penelope forçou sua atenção
de volta às estatísticas de golfe.
Apesar de seus sentimentos mornos sobre o esporte, ela supôs que
seu aumento de popularidade era refrescante.
Havia algo muito humano sobre um esporte que qualquer pessoa
poderia jogar, em qualquer idade. Os fãs de beisebol foram limitados
a ligas amadoras de softball, os fãs de basquete a pegar um jogo
aleatório após o um tempo no ginásio. Futebol americano?
Definitivamente não era um esporte para leigos.
Mas, o golfe era um campo de jogo nivelado. Crianças. Mulheres.
Aposentados. Qualquer um podia jogar.
E graças a caras como Adam Bailey, agora era tão legal quanto
acessível.
Penelope ainda achava que o homem era um babaca, mas isso não
significava que ela não estivesse um pouco ansiosa em conhecê-lo na
sessão de fotos na próxima semana. Por alguma razão, quando ela
decidiu prosseguir com o trabalho em Oxford, a vantagem potencial
de conhecer atletas profissionais em pessoa não tinha ocorrido a ela.
Foi apenas uma das muitas vantagens do trabalho que ela não
tinha visto chegar. A outra vantagem inesperada?
Ela gostava de trabalhar com um parceiro.
Trabalhar com Cole era...
Bem, parecia certo. Ela não sabia como dizer isso de outra forma.
A parceria deles ainda era recente, é verdade, mas além das brigas
ocasionais, eles pareciam concordar com a maioria das coisas.
Ele a desafiava quando ela se apegava demais a um projeto, e ele
estava sempre aberto para que ela o desafiasse. O que ela fez. Muitas
vezes.
O estômago de Penelope fez um barulho alto, e um olhar no relógio
lhe mostrava o porquê.
Era quase uma e meia. Muito depois da hora do almoço.
Ela empurrou a cadeira para trás e parou, tentando reunir
entusiasmo pelo sanduíche de peru que a esperava, quando Cole
apareceu na porta.
— Procurando por isso? — Ele perguntou, segurando uma sacola de
papel pardo.
— Ah! Sim, eu estava, na verdade, — ela disse, sorrindo em
agradecimento enquanto ele colocava a sacola na frente dela na
mesa.
Ele tocou na frente da sacola onde ela tinha escrito o nome e
sobrenome, em um marcador preto.
— Sério? — Ele perguntou.
— O quê?
— Isso é tão terceira série.
— Bem, de que outra forma eu vou saber que é meu?
— Talvez, porque ninguém mais literalmente coloca o seu almoço
em sacolas de papel pardo?
— Ah, — ela disse, sentindo-se um pouco tola.
— Não se preocupe, — ele disse. — É fofo.
Antes que ela pudesse registrar o que isso significava, ele deixou
cair algo mais na mesa dela. Uma caixa branca de isopor.
Ela olhou para cima confusa, mas ele apenas levantou as
sobrancelhas.
Abrindo-a, ela suspirou de alegria quando viu os anéis de cebola.
— Você me trouxe as sobras.
— Não, — ele disse, sentando na cadeira em frente a ela e
colocando os sapatos dele na mesa enquanto se arrumava para ficar
confortável. — Fiz um pedido especial, com instruções para não fritá-
los até que nós estivéssemos pagando nossa conta para que eles
ainda estivessem quentes.
Penelope parou de mastigar a cebola frita e olhou para ele,
surpresa, mas ele estava ocupado digitando algo em seu celular e não
percebeu o olhar curioso dela.
Ela mastigou pensativamente enquanto o estudava, se
perguntando, não pela primeira vez, se havia segredos que Cole
Sharpe escondia cuidadosamente do mundo.
Claro, era do conhecimento geral que ele era bom. Amigável.
Encantador.
Mas, as pessoas viam o que estava por baixo da bondade?
— Pare de me olhar assim, pequena, — ele disse, sem tirar os olhos
do celular.
— Assim como?
— Como se eu tivesse me jogado na frente de um caminhão para
salvar uma criança. São anéis de cebola, não flores.
— Eu não gosto de flores.
Ele olhou para ela.
— Como assim, você não gosta de flores?
Ela encolheu os ombros e mergulhou outro anel de cebola na
maionese picante que veio em um pequeno recipiente.
— Quero dizer, eu gosto de flores. Mas, eu não gosto de recebê-las.
Não que ela estivesse recebido muitas flores.
— O que você tem contra um ramo de rosas bonitas?
— Não me entenda mal, elas são lindas, — disse ela, terminando de
comer o anel de cebola e olhando em desespero para os dedos dela
agora completamente gordurosos.
Cole se mexeu e colocou a mão no bolso, tirando um monte de
guardanapos.
Era a vez dela levantar as sobrancelhas, e ele apenas deu de
ombros.
— Achei que você precisaria deles. Mas, de volta à questão das
flores - como você pode achar que são bonitas e não gosta delas?
— Eu não gosto que elas sejam cortadas, — ela explicou, limpando
os dedos no guardanapo. — Eu gosto de flores em seu habitat
natural. Elas pertencem à natureza, não cortadas e condenadas a
morrer em um vaso em algum lugar.
— Hum, — disse ele, olhando para ela. Os pés dele desceram da
mesa, aterrissando suavemente no tapete do escritório enquanto ele
se inclinava para frente. — Bem, então, me diga, pequena, como você
espera que um cara te conquiste se você não fica toda empolgada
com rosas de caule longo e muito caras?
— Eu não espero. — Ela disse.
— O que você quer dizer com isso?
— Eu não espero ser conquistada, — ela disse, pegando outro anel
de cebola, deixando os dedos gordurosos novamente. — Não quero,
na verdade.
— Toda mulher quer ser conquistada.
— Não.
Ele se inclinou para trás e bateu com os dedos contra o braço da
cadeira enquanto a observava comer. Ela supôs que ela deveria se
sentir envergonhada com a velocidade com que ela estava
terminando a cebola frita, mas… não.
— Sabe o que eu acho? — Ele perguntou.
— Não sei o que você acha, mas sei que não quero ouvir, — ela
respondeu.
Ele a disse assim mesmo.
— Eu acho que apesar de tudo o que você diz de eu sou apenas uma
simples garota, você tem muros.
— Oh, cara, — ela disse, mergulhando outro anel no molho. — Isso
vai ser bom.
Ele se inclinou para frente novamente, sorrindo maldosamente.
— Eu acho que você finge que não quer ser conquistada, porque
ninguém se esforçou, e no fundo, você está aterrorizada que ninguém
nunca vai querer.
Penelope ignorou a verdade das palavras dele e revirou os olhos.
— Isso é bom, Cole. Você aceita cartões de crédito, ou devo passar
um cheque?
Ele ignorou o deboche dela.
— Eu vou esquecer isso, se você responder a uma pergunta para
mim.
— Tudo bem, — ela disse com suspiro.
Os seus olhos trancaram nos dela.
— Quando foi a última vez que você recebeu flores?
— Duas semanas atrás, — ela disse, feliz por ter uma resposta
pronta.
Os olhos de Cole se estreitaram.
— De quem elas eram?
Ela lambeu o polegar.
— De uma pessoa.
— E a ocasião? — Ele perguntou.
Ela hesitou, desejando poder dizer a ele que eles eram da variedade
romântica. Mas, ela era uma péssima mentirosa.
— Eram para parabenizar pelo novo emprego.
— Uhuum, — ele disse. — E de que pessoa elas eram?
— Você disse uma pergunta, — ela disse. — Isso está se
transformando em uma investigação.
— É justo. Vou reformular minha pergunta original, — ele disse,
como se isso fosse um compromisso justo. — Quando foi a última vez
que você recebeu flores de um homem?
— O que isso tem a ver com alguma coisa?
A voz dela era defensiva, e ele sabia disso.
— Aham, então estas últimas flores não eram de um homem.
— Minha irmã, Janie, as enviou, — ela admitiu, relutantemente. —
Mas, o nome do marido dela também estava no cartão. E ele é um
homem.
Cole balançou a cabeça e parecia desapontado.
— Eu sabia.
— Sabia o quê? — Ela perguntou, mesmo quando disse a si mesma
para não jogar no seu pequeno jogo de provocação.
— Você é tão espinhosa que os homens estão muito assustados
para tentar.
— Espinhosa! — Penelope disse, indignada. — Eu não sou
espinhosa.
— Não em termos de personalidade, — ele disse, sua voz
tranquilizadora, como se estivesse falando com um cavalo nervoso. —
Mas, em termos de romance... você é.
Penelope cruzou os braços sobre a mesa e se inclinou para ele.
— É porque eu te disse para não me beijar de novo?
Ele cruzou seus próprios braços, imitando a postura dela.
— Definitivamente não. Você vai ficar aliviada em saber que eu
encontrei meu caminho para mulheres que realmente querem me
beijar.
Penelope tentou ignorar uma facada de ciúmes. É claro que ele
encontrou mulheres mais dispostas. Esse tinha sido o objetivo dela
em colocar esses limites entre eles.
A razão pela qual ela tinha insistido que as coisas não se tornassem
românticas.
Para Cole Sharpe, Penelope teria sido uma entre um milhão de
outras mulheres em sua vida.
Para Penelope, Cole poderia ter sido um em um milhão. O único. É
como ela funcionava, jogando-se todo o caminho sobre o parapeito
sem olhar.
Nem pensar que ela estava se preparando para esse tipo de dor
novamente.
— Você vai a algum lugar com isso? — Ela perguntou cansada.
— Vou, — ele disse com um grande sorriso. — Eu decidi fazer de
você meu projeto de estimação.
Ela gemeu.
— De jeito nenhum. Passo.
— Qual é. Uma mulher que odeia flores? Isso é simplesmente
errado.
— Muitas mulheres não gostam de flores, — ela disse
testemunhando.
— Justo, — ele disse, ficando de pé. — Você é mais do tipo que
gosta de caixa de chocolates. Eu posso trabalhar com isso. Meu ponto
é, eu vou te mostrar que um pouco de romance pode ser divertido.
Casual.
Sem dúvida que podia.
Para ele.
— Na verdade, eu também não sou muito fã de chocolate, — ela
admitiu, pegando um anel de cebola. — De doces em geral.
— Bem, o que a faria desmaiar, Pope? — Ele perguntou, parando
perto da porta. — Tem que haver algum atalho para o seu coração.
Sem perceber que ela estava fazendo isso, Penelope olhou para o
anel de cebola na mão. Pensou na forma como ele os tinha
encomendado separadamente, em vez de apenas atirar alguns restos
numa caixa. Pensou sobre a maneira como ele tentou cronometrar
para que ficassem tão quentes e não-seco quanto possível.
Deus a ajude.
Anéis de cebola para Penelope eram o que rosas e trufas de
chocolate eram para outras mulheres.
E quando ela olhou para cima e pegou Cole partir com um piscar
de olhos, ela viu que ele sabia disso.
Ele sabia disso o tempo todo.
Capítulo 12
Se alguém perguntasse, Cole juraria que conhecer atletas
profissionais tinha se tornado uma coisa normal.
Que ele estava tão acostumado a conhecer seus heróis do esporte
que mal piscava duas vezes quando ia apertar as mãos de alguém que
a maioria das pessoas só veria em uma tela de TV.
Mas, a verdade é que nunca muda.
Ele nunca tinha saído do choque do quão incrível era o seu
trabalho.
Hoje, não foi exceção.
Adam Bailey não era o atleta favorito de Cole. Nem o golfe era seu
esporte favorito. Ainda assim, o homem estava no caminho certo
para se tornar uma lenda, e o fanático por esportes em Cole não
podia deixar de se sentir um pouco fascinado.
Ainda assim, pelo menos ele estava escondendo isso.
Era mais do que ele poderia dizer da coeditora dele.
Cole balançou a cabeça enquanto assistia Penelope rir como uma
garota de escola sobre o que quer que fosse que o profissional de
golfe estava dizendo a ela.
Por todo o seu protesto sobre Adam Bailey ser um porco
mulherengo, ou o que quer que seja, ela parecia muito disposta a ser
uma das mulheres dele.
Cole a estudou. Ela estava usando suas roupas habituais.
Sapatilhas escuras, calças escuras, camisa social de botão.
Cole não era exatamente um especialista em moda feminina, mas
ele namorava o suficiente para saber que seu traje, embora
perfeitamente respeitável, não era particularmente elegante. Os
olhos dele se estreitaram um pouco. Mas, ela estava usando...
maquiagem?
Ele não achava que era imaginação dele que os lábios dela tivessem
mais cor do que o normal. Os grandes olhos dela se destacavam
ainda mais do que o normal. Mas, que diabos?
Certamente, ela não tinha feito isso por Bailey. Ela passou todo o
dia de ontem lembrando Cole das maneiras pelas quais o golfista era
o equivalente humano da sarna.
Os olhos dele se estreitaram quando ela riu de novo, ainda mais
alto dessa vez, e então bateu brincando no ombro de Adam no mais
estranho e óbvio movimento de flerte de todos os tempos.
— Sharpe.
Cole finalmente registrou alguém tentando chamar sua atenção, e
puxou seus olhos para longe de Penelope para encontrar seu chefe de
pé ao lado dele. Pelo olhar irritado do rosto de Cassidy, não foi a
primeira vez que o chefe dele disse seu nome.
— O que foi? — Ele perguntou.
Cassidy levantou uma sobrancelha e desviou o olhar para Penelope
e Adam.
— Algum problema?
— Por que haveria um problema?
— Você estava encarando, — Cassidy disse.
— Sim, bem. O cara é um idiota, — Cole disse, pegando uma
garrafa de água da mesa do buffet e tirando a tampa.
— Bem, fico feliz que ele está na nossa capa, então, — Cassidy disse
friamente. — O que, se bem me lembro, foi ideia sua.
Cole tomou um gole de sua água e continuou a olhar para o
golfista.
Cassidy parecia que queria sorrir.
— Você quer falar sobre isso?
— Falar sobre o quê? Adam Bailey?
Cassidy levantou uma sobrancelha, e Cole balançou a cabeça.
— Cara. Só porque você e Jake decidiram sobrepor suas vidas
profissionais e pessoais não significa que o resto de nós tenha
qualquer intenção de seguir seus passos.
— Absolutamente, — Cassidy disse com um aceno de cabeça
rápido. — Melhor assim. Além disso, Jake e eu não estamos
namorando colegas de trabalho, tecnicamente não. Apenas mulheres
que trabalham no mesmo prédio.
Cole não disse nada.
— Sharpe.
— Sim?
O olhar de Cassidy era perspicaz.
— Penelope é muito boa para Oxford.
— Concordo, — Cole disse lentamente.
— Eu odiaria se ela decidisse que não deu certo.
Cole não se fez de bobo. Ele sabia onde o chefe estava querendo
chegar.
— Eu não vou me meter com ela.
Cassidy acenou com a cabeça.
— Que bom.
— Se você é tão anti eu e Penelope juntos, por que você nos deu
permissão para irmos ao mesmo jantar? — Cole perguntou,
esperando que Cassidy não notasse a nota irritada no tom dele.
Cassidy respirou fundo.
— Emma pode ser... persuasiva. Ainda assim, ela não terá que lidar
com vocês dois, diariamente, se houver uma desordem, — Cassidy
disse.
— Nada com que se preocupar, — disse Cole. — Somos apenas
amigos.
— Eu já ouvi isso antes, — Cassidy murmurou antes de sair para
falar com o agente de Adam Bailey.
Cole deu outra olhada em Penelope, que deu um tchauzinho tímido
para o golfista quando o assistente do fotógrafo o levou embora.
Ela olhou para Cole, e ele ficou, levemente, apaziguado quando o
seu sorriso floresceu enquanto ela encontrava os olhos dele.
Penelope se aproximou dele, e quando ela se aproximou, ele
percebeu que estava certo sobre a maquiagem.
— Isso é novo, — disse ele, deixando os olhos dele vaguearem sobre
os traços dela.
Ela suspirou.
— Eu sei. Eu pareço uma palhaça?
Cole fez uma careta. Não havia uma maneira fácil de responder
isso. Era como a velha armadilha do "Isso me deixa gorda?”.
Você diz que não, elas assumem que você está apenas dizendo o
que elas querem ouvir, e começam a te dar uma aula sobre a
importância da honestidade.
Você diz que sim, você é um homem morto.
— Hum...
— A garota da maquiagem fez isso, — ela disse, tocando os dedos
na bochecha mais rosa do que o normal. Ele não tinha certeza se era
do blush, ou do embaraço, e no caso de ser o último, ele cutucou o
ombro dela com o dele, apesar de ter que se abaixar para fazer isso.
— Ei. Está bom.
Era a coisa certa a dizer.
Ela sorriu, e ele sentiu uma estranha sensação de triunfo de que ele
tinha sido capaz de se passar por debaixo das paredes dela, pelo
menos por um momento. E Cole tinha certeza que ele estava certo
sobre ela ter paredes.
A simpatia exagerada, por mais genuína que fosse, também era
deliberada. Era sua maneira de garantir que os caras a mantenham
na zona de amigos.
— Então, Adam perguntou se eu queria tomar uma bebida depois,
— Penelope disse, mordendo o lábio dela.
A cabeça dela chicoteou para o lado. O que...
Talvez, ele estivesse errado sobre a coisa da zona de amigos,
porque, aparentemente, Adam Bailey não tinha recebido o discurso
do Vamos ser apenas amigos.
— É? — Cole perguntou, mantendo sua voz casual. — O que você
disse?
— Eu disse talvez, — ela respondeu, mastigando o lábio enquanto
ambos olhavam para onde Adam estava, habilmente, posando para
as câmeras como se ele tivesse feito isso um milhão de vezes. Porque
ele tinha.
— Eu pensei que você tivesse dito que ele era um porco.
Ela levantou um ombro.
— Eu não vou me casar com o cara. E foi você quem disse que eu
deveria me deixar ser conquistada.
— Não por ele! — Cole disse.
A voz dele saiu mais alta do que ele queria, e várias pessoas se
voltaram para olhar para eles.
Ele forçou um sorriso antes de baixar a voz.
— Quer saber? Eu acho que você deveria ir em um encontro com
ele.
— Não é um encontro, apenas uma bebida, — ela disse.
Cole balançou a cabeça.
Ingênua. Tão adoravelmente ingênua.
— É um encontro, — ele disse.
— Não é, — ela disse enfaticamente. — Na verdade… você deveria
vir!
Sim. Porque era assim que ele queria passar a noite de quinta-feira.
Ver um atleta profissional playboy dar em cima da única mulher que
o rejeitou.
— Não posso, — disse ele.
— Planos? — Ela perguntou.
Foi o tom distraído e desinteressado na voz dela, como se ela não
se importasse de uma forma ou de outra, que levou a mentira até a
ponta da língua dele.
— Sim, tenho um encontro.
Isso chamou a atenção dela.
Ela virou a cabeça, e ele não achou que imaginou o leve atraso no
sorriso habitual dela.
— Ah! Bem, divirta-se, — ela disse.
— Eu vou. E você se divirta com Adam. — Ele balançou as
sobrancelhas só para mexer com ela e ela estreitou os olhos.
— Eu te disse, não é um encontro. Eu tenho, absolutamente,
nenhuma intenção de me tornar uma das mulheres de Adam Bailey.
— Uhum.
Ele se afastou então, não querendo que ela notasse o mau humor
dele, e a voz de Penelope o seguiu.
— Ei, onde você está indo? A sessão de fotos ainda não acabou.
Ele virou e andou para trás enquanto respondia.
— Tenho que ir ligar para o meu encontro. Confirmar onde estamos
nos encontrando.
Uma vez do lado de fora do estúdio onde a sessão estava
acontecendo, Cole puxou seu celular.
Só que para não ligar para uma mulher.
Lincoln atendeu no primeiro toque.
— Opa.
— Preciso de ajuda.
— Diga.
— Eu preciso de um encontro de última hora.
Lincoln pausou.
— E você está me dizendo isso porque...
Cole revirou os olhos.
— Vamos lá. Eu sei que você tem uma dúzia de exs que você pode
me arranjar.
— Eu posso ter muitas mulheres na discagem rápida, — Lincoln
disse lentamente. — Mas, eu não quero que você mexa com elas.
Lá estava novamente - essa implicação de que Cole era um usuário
inexperiente de mulheres.
— Isso do cara que nunca teve um relacionamento desde... sempre?
— Cole atirou de volta.
Lincoln ficou quieto por vários momentos.
— Quando você diz de última hora, de que última hora estamos
falando?
— Hoje à noite. Vamos lá, Mathis, eu não estou procurando minha
alma gêmea, apenas uma mulher que não se importaria de tomar
uma bebida com um cara bonito.
— Me recuso a atestar a parte do bonito, — disse o amigo dele. —
Mas, eu conheço algumas garotas que não se importam em deixar
um cara pagar uma bebida para elas. Sem expectativas de corações e
flores e coisas do gênero.
A menção de corações e flores o lembrou de sua conversa com
Penelope, e estava na ponta da língua dele perguntar se Lincoln sabia
de alguma mulher que preferia anéis de cebola a chocolate.
Merda. Isso tinha que parar.
Penelope Pope era...inferno, ele não a queria. Não queria namorar
com ela.
O que era bom. Porque ela também não o queria. Ela não podia ter
sido mais clara quanto a isso. Eu não quero isso, Cole. Eu não quero
você, não assim.
— Claro, ligue para uma delas, — Cole disse a Lincoln. — Ou me
mande um número e eu farei a ligação.
— Pode deixar, — Lincoln disse. — Mas, cara, você parece estranho.
O que está acontecendo?
Cole desligou o telefone sem responder.
Não adianta responder uma pergunta para a qual você não tinha a
resposta.
Capítulo 13
Penelope e Cole eram coeditores por quase dois meses, e Penelope
pensou que tinha feito um bom trabalho sem pensar naquele beijo na
neve.
Ela tinha feito um bom trabalho não interpretando demais o fato
de que Cole trouxe os anéis de cebola só porque ele sabia que ela
gostava deles. Ela tinha feito um bom trabalho de não prestar
atenção quando ele a convidava para o happy hour de sexta-feira na
maioria das semanas.
Foi autopreservação, na verdade. Penelope tinha cometido o erro
de interpretar demais na amizade de um homem, e ela estava
determinada a não cometer o mesmo erro com Cole.
Eles trabalhavam bem juntos - nenhuma surpresa lá, mas mais do
que isso, eles se respeitavam mutuamente. Eram confortáveis um
com o outro.
Gostavam um do outro.
E se de vez em quando, Penelope se via desejando voltar no tempo
e fazer as coisas um pouco diferente na noite daquele beijo, ela se
lembrava que a maneira como elas eram agora era melhor.
Mais seguro.
E então...
E então, ela viu Cole e outra mulher.
— Oh! — Penelope derrapou até uma parada na entrada do
escritório dele. — Oh!
Cole tinha uma loira curvilínea presa contra a mesa dele, uma mão
em cada lado dos amplos quadris da mulher enquanto eles se
beijavam.
Penelope voltou ao tempo em que Evan disse a ela que estava
saindo com alguém.
Doeu. Não deveria. Mas doeu.
Cole percebeu a interrupção antes da amiga dele, e ele,
preguiçosamente, tirou a boca da loira antes dos olhos dele
encontrarem Penelope do outro lado do escritório.
— Ei, pequena.
O homem não parecia nem um pouco envergonhado, mas Penelope
estava mortificada.
— Desculpe, — ela disse, a voz dela saindo toda rouca e desajeitada.
— A porta estava fechada, e eu deveria ter batido, é só que...
É que eles nunca batem na porta.
Ele entrava no escritório dela sempre que queria, e vice-versa.
Uma política que ela estaria remediando já.
A loira tinha se virado para ver a interrupção por si mesma, e
Penelope não se surpreendeu ao ver que a outra mulher era muito -
muito bonita.
Claro que era.
— Desculpe — disse Penelope, enquanto fechava a porta.
— Espera aí, — disse Cole, se afastando de sua mesa. — Sobre o que
você queria falar comigo?
Penelope forçou um sorriso e segurou o papel em suas mãos.
— As primeiras provas vieram para o artigo de Adam Bailey. Eu
estou pensando que talvez quiséssemos rever quais fotos nós
escolhemos. Elas pareciam bem sozinhas, mas na página - quer
saber? Não importa. Isso pode esperar.
Esperar até você terminar de jogar hóquei com amígdalas.
— Eu estava de saída, — disse a loira, alisando uma mão sobre o
vestido rosa de seda dela. — Eu sou Meredith, a propósito.
— Penelope, — ela disse, sentindo-se, terrivelmente, deslocada.
Penelope deu uma olhada em Cole para ter certeza de que ele não
estava incomodado com a interrupção, mas ele pareceu,
completamente, indiferente à presença dela enquanto passava o
dedo sobre a boca, provavelmente, para tirar o batom de Meredith.
— Até logo, bebê, — Meredith disse, inclinando-se para frente para
escovar os lábios dela contra a bochecha de Cole.
Penelope notou com muita inveja que a mulher não precisava ficar
nas pontas dos dedos dos pés para alcançar o rosto de Cole. A
combinação de sua altura e saltos colocava a bochecha e a boca em
uma distância fácil de beijar.
Tudo sobre a outra mulher fez Penelope se sentir como uma
criança. A altura. As curvas. As roupas. A confiança.
Meredith pegou a bolsa perto da porta e Penelope quase se afastou
do caminho, enquanto a mulher lhe dava um sorriso amigável e saía
do escritório com um perfume picante e exótico.
Penelope começou a segui-la, mas a voz de Cole a parou.
— Ei. Pope. Entra aqui. Mostre-me o que você tem.
Ela engoliu em seco e se aproximou da mesa enquanto ele se
sentava em sua cadeira.
Então ele queria agir com naturalidade? Tudo bem. Ela podia fazer
isso.
— Nova namorada? — Ela perguntou, orgulhosa de sua voz não ter
traído sua vergonha. Ou ciúmes.
Não, não ciúmes.
Aborrecimento.
Não, isso também não estava certo.
Agonia. Isso foi mais perto.
— Eu não tenho namorada, — ele disse, tirando a pasta das mãos
dela e vasculhando as provas. — Você está certa. Essas fotos não
funcionam lado a lado. Elas possuem muitas informações.
— Você poderia ter colocado uma meia na porta ou algo assim.
Ele olhou para cima em confusão.
— O quê?
Ela apontou para a porta.
— Da próxima vez que você for fazer sexo no seu escritório, me dê
algum tipo de aviso.
Ele levantou as sobrancelhas e se inclinou para trás na cadeira.
— Um beijo dificilmente equivale a fazer sexo.
— Bem, foi um beijo e tanto. — Quem era essa mulher esnobe e
mesquinha que está com a boca aberta?
Ele levantou as sobrancelhas.
— Tudo bem? Você soa...
— Não diga, — ela disse com raiva.
— Dizer o quê?
— Não diga que eu soo com ciúmes.
— Você estava?
— Por que eu ficaria com ciúmes?
Ele jogou as mãos para cima em exasperação.
— Você me diz.
Penelope se inclinou para frente e tirou a pasta da mesa, antes de
se virar nos e marchar para fora do escritório.
— Onde diabos você está indo? — Ele gritou atrás dela.
Penelope não parou. Não queria ter uma conversa até que ela
resolvesse seus pensamentos.
E pensar que, apenas algumas semanas antes, ela havia recusado o
convite de Adam Bailey para subir ao quarto de hotel dele, porque ela
estava pensando em Cole.
Ela deveria ter aceitado o convite do profissional de golfe
mulherengo, ela pensou, enquanto ela bateu a porta do seu escritório
fechada atrás dela. Ela deveria ter...
A porta se abriu novamente quando Cole entrou em seu escritório
sem ser convidado, então bateu mais uma vez atrás dele.
— O que está acontecendo com você?
— Nada, — ela disse, a única palavra conseguindo soar brava.
— Olha, eu sinto muito por você ter visto aquilo, mas...
— Não foi apropriado, Cole.
— A única coisa inapropriada é a Meredith. A mulher está aqui a
cada duas semanas. Pensa que Oxford é o seu terreno de caça pessoal
para o seu próximo sabor da semana. Lincoln a rejeitou muitas vezes,
então ela seguiu em frente para mim.
Penelope apontou um dedo acusador para ele.
— Você não parecia se importar.
— Eu não quero Meredith, — ele disse calmamente, — mas,
Pequena, você não pode andar por aí me dizendo que odeia meus
beijos e então fica brava quando eu tento dá-los para outra pessoa...
— Eu nunca disse que odiei aquele beijo, — ela o interrompeu.
Ele se parou, e então o sorriso dele foi lento e sexy.
Tarde demais, ela percebeu que tinha entrado na armadilha de um
sedutor muito, muito habilidoso.
— É mesmo? — Ele disse, com uma voz baixa e sexy.
Ela revirou os olhos e tentou disfarçar.
— Eu só quis dizer que não foi uma porcaria.
— Mas, você não queria que eu fizesse de novo, — ele disse, se
aproximando dela.
— Eu… eu não achei que fosse uma boa ideia, — ela disse,
recuando.
Ele continuou se movendo em direção a ela e o traseiro de
Penelope bateu na mesa; ela estava completamente sem lugar para
ir.
Cole pausou quando havia apenas alguns centímetros entre eles.
— Isso não é uma resposta. Você quer que eu faça isso de novo?
Você tem pensado em mim? Beijando você? Tocando você?
Ela podia sentir a respiração dele no rosto dela enquanto olhava
para baixo para evitar o contato visual.
Um erro, porque os olhos dela travaram no braço dele.
Sem jaqueta hoje, e ele enrolou a camisa até os cotovelos, expondo
os antebraços cobertos de lindos pelos dos braços.
Lindos pelos dos braços?
Ah, cara. Ela estava com problemas. Sérios problemas.
Ela tentou se mover para o lado, mas as mãos dele subiram,
enjaulando-a contra a mesa.
A postura era uma réplica quase exata da cena que ela tinha visto
alguns minutos antes, e era exatamente o lembrete que ela precisava
que Cole não queria ela.
Ele queria conquistas.
Penelope dobrou os braços no peito dela e se forçou a encontrar os
olhos dele.
— Vá ligar de volta para Meredith se você quiser se divertir em uma
mesa, — ela disse. — Eu não estou interessada.
— Você não está? — Ele disse, os olhos na boca dela.
— Acabei de dizer que não estava.
— Então, você não quer meus lábios nos seus? Você tem certeza?
Penelope hesitou. Foi só por um segundo, mas ela viu pela chama
do triunfo nos olhos dele que ele tinha notado a pausa.
— Me deixe em paz, Cole.
As palmas das mãos dele estavam tão próximas que com o menor
movimento dos polegares dele, ele teria escovado o lado de fora dos
quadris dela.
Quadris que eram minúsculos e masculinos ao invés de
exuberantes e curvos. Se ela se inclinasse para frente, o peito dela
escovaria o dele, mas era um peito que era plano e mal enchia um
sutiã.
E ainda assim, ela queria... ela queria desesperadamente.
— Penelope.
A voz dele era gentil agora. Mais preocupada do que sedutora.
— O quê? — Ela disse, a sua própria voz baixa. Derrotada. Talvez,
um pouco triste.
— Você, realmente, não quer que eu te beije? Eu não vou me forçar
com uma mulher, então, se você me disser para ir, eu vou. Você quer
que eu solte você, eu vou soltar você. Mas, eu tenho que te dizer,
querida, o jeito que você está olhando para mim...
Ela sentiu um pico de raiva.
— Você estava beijando outra mulher quase agora.
— Na verdade, ela estava me beijando.
— E eu tenho certeza que você estava ali parado, sem gostar.
— Eu não tinha decidido se eu queria gostar ou não, — ele disse.
Ela fez um barulho de nojo, empurrou os ombros dele.
— Você é nojento.
Ele se segurou firme, recusando-se a se mexer.
— A questão é, Pequena... quando se trata de você, eu não tenho
que decidir. Eu não tenho que parar e pensar se eu quero te beijar.
Eu sei. Eu sei todos os dias quando eu vejo você colocar rímel no
reflexo do monitor do seu computador, porque você esqueceu de
fazer isso em casa. Eu sei quando vamos tomar café juntos e você
pode recitar tudo o que aconteceu na ESPN na noite anterior. Eu sei
quando eu compartilho minhas batatas fritas com você no almoço e
você come todas elas. Eu sei...
Penelope colocou os lábios dela contra os dele.
Ela não queria. Realmente, não queria. Ela não se lembrava de ter
tomado a decisão de se mover.
Mas, ela tinha feito isso, e estava beijando Cole.
A resposta dele foi imediata, seus lábios brigando com os dela para
conseguir o controle do beijo, e ainda assim as mãos dele nunca se
moveram. Ele não usou nada além de lábios e calor corporal para
seduzi-la.
Mas, Penelope usou suas mãos. A língua dele escorregou na boca
dela e ela soltou um pequeno suspiro enquanto as mãos dela se
levantavam para puxar o colarinho dele e segurar os lábios dele nos
dela.
Ele inclinou a cabeça, aprofundou o beijo, e se Penelope pensou
que o beijo na neve tinha sido fora deste mundo, este beijo estava em
um universo completamente diferente. Um universo onde homens
lindos queriam beijar meninas iguais a ela.
Objetivamente, Penelope sabia que ele só a queria, porque ela o
tinha rejeitado. Um homem como Cole gostava de um desafio.
Depois desse beijo - esse beijo maravilhosamente irresponsável que
ela tinha iniciado - seu ardor esfriaria e ele sairia para perseguir
alguma outra mulher.
Mas, tudo bem. Ele não era Evan. Ela não estava apaixonada por
ele.
Se ele nunca mais a beijasse, isso não partiria o coração dela.
Ela não deixaria.
Cole se afastou devagar, endireitando até que as mãos dele
deslizaram da mesa para os lados dele, e eles olharam um para o
outro.
— E então? — Ele perguntou finalmente, quando o silêncio se
esticou tempo suficiente para ficar estranho.
Ela lambeu os lábios.
— Então, o que?
— De qual você gostou mais? Do que eu segurei sua cabeça? Ou do
que acabamos de fazer?
Ela revirou os olhos e foi para o outro lado da mesa, sentindo-se
um pouco mais segura com a distância entre eles.
— Lincoln já entregou aquele artigo estúpido. A hora de pesquisa
já passou há muito tempo.
— Ah, eu não estou fazendo pesquisa para o artigo de Lincoln. E eu
não tenho nenhum interesse em ser um perito em todas as coisas
relacionadas a beijos, embora honestamente, eu suspeito que eu
estou muito perto de obter minha faixa preta...
Ela levantou uma mão.
— Então o que você quer?
Ele sorriu e puxou a pasta com as provas da história deles fora da
mesa enquanto ele caminhava em direção à porta.
— Não é óbvio? Estou aqui para ser um especialista em Penelope
Pope. Porque, apesar dos seus esforços para provar o contrário, eu
não acredito por um segundo que você não me quer.
— Você está errado, — ela gritou para ele, mesmo que ele já tivesse
saído pela porta.
Ele recuou dois passos, o suficiente para colocar a cabeça de volta
no escritório dela.
O olhar que ele deu para ela era positivamente de derreter
calcinhas.
— Vamos ver, Pequena. Vamos ver.
Capítulo 14
Para Cole, os domingos sempre foram, sempre seriam sobre Bobby.
Cole via seu irmão em outros dias da semana, certamente. Almoços
ocasionais, jogos de bola, visitas espontâneas. Mas, os domingos
eram os dias deles.
Seja jogando damas no quarto de Bobby, enquanto assistiam a
reprise de qual quer que fosse o programa atual favorito do seu
irmão, ou viagens a Governors Island em dias ensolarados de verão,
Cole sempre garantiu que Bobby soubesse que ele via em primeiro
lugar.
E mais do que isso, Cole gostava. Mesmo antes de seus pais
desengajados terem falecido, Bobby sempre foi a única família real
de Cole.
Foi Bobby quem ensinou a Cole que as pessoas podiam ser,
incondicionalmente, boas.
E foi também, através de Bobby, que ele aprendeu o quão cruéis
elas poderiam ser. As pessoas ficavam olhando por muito tempo,
riam quando não deviam, ou zombavam.
Mesmo aquelas com boas intenções, erravam mais frequentemente
do que não. Seja falando sobre Bobby como se ele não estivesse lá ou
falando com ele como se ele fosse uma criança, as pessoas em geral
simplesmente erravam.
Foi por causa de pessoas assim que Cole manteve Bobby separado
do resto de sua vida, embora às vezes ele temesse que Bobby
entendesse mal seus motivos - que ele pensaria que Cole tivesse
vergonha dele.
Felizmente, isso nunca pareceu cruzar a mente de Bobby, e Cole
ficou feliz por isso, porque não podia estar mais longe da verdade.
Ele era culpado de ser superprotetor de seu irmão?
Talvez. Mas, tinha vergonha do Bobby? Nunca.
Bobby era a luz de sua vida. Sua constante.
Foi por isso que, neste domingo em particular, quando Bobby
estava doente na cama com intoxicação alimentar e instruções
estritas para Cole manter sua distância, Cole estava se sentindo um
pouco...
Perdido.
Não, isso não estava certo. Cole estava sozinho.
Ele não tinha percebido o quanto ele contava com os domingos
como sua maneira de relaxar - de se conectar - até que a
oportunidade não estivesse lá.
Mas, a percepção mais surpreendente não era que Cole não queria
passar o domingo sozinho. A parte mais surpreendente foi a maneira
pela qual ele tinha decidido remediá-la.
De alguma forma, Cole se viu do lado do interfone do prédio de
apartamentos de Penelope, tentando esconder sua apreensão ao
apertar o botão ao lado do nome dela e esperou para ver se ela estava
em casa. Esperou para ver se ela o deixaria subir.
— Oi? — Sua voz era estridente, embora não tão confusa como
deveria ser para uma mulher solteira que não estava esperando
companhia.
A menos que ela estivesse esperando companhia. Ah, porra, e se ela
tivesse planos com outra pessoa - outro homem, ele... ele…
— Olá? — Disse ela outra vez, um pouco impaciente.
Ele apertou o botão antes dela desligar.
— Ei, é o Cole.
Ele esperou pela pausa previsível. Os poucos momentos de silêncio
enquanto ela registrava que seu colega de trabalho estava do lado de
fora do seu apartamento e descobria como ela se sentia sobre isso.
Como sempre, Penelope o surpreendeu. Não houve nem mesmo o
menor atraso antes que a voz dela saiu, ainda mais alta do que o seu
olá.
— Cole! Ei! Você quer subir?
Ele olhou por um segundo para o interfone.
Como que tudo era sempre tão simples com ela?
Mesmo com essa coisa de empurrar e puxar, de às vezes beijos, às
vezes discussões, às vezes uma bagunça platônica que eles tinham
nas mãos, ela parecia genuinamente feliz em vê-lo.
Ele fechou os olhos em gratidão, apenas por um segundo.
— Cole? Você ainda está aí?
— Sim, — ele disse, apertando o botão mais uma vez.
— Bom, suba até aqui.
Ela o deixou entrar no prédio, e enquanto ele subia até o andar dela
e batia na porta, ele percebeu que não foi há muito tempo que ele
estava nesse mesmo lugar, esperando para levá-la ao jantar de Jake e
Grace.
Naquela época, ela abriu a porta vestida com um roupão, e os
dedos dele não coçaram para removê-lo - muito.
E agora, Cole estava esperando que a história se repetisse. Que ela
abrisse a porta com um roupão, e que ele tiraria do corpo dela....
A porta se abriu e o Cole deu um suspiro de arrependimento.
Sem roupão.
Apenas uma enorme blusa de moletom do Texas Rangers, calça
legging preta, e pés descalços.
— O que houve? — Ela disse, o apressando para dentro.
Cole teve que rir.
— Você é assim tão acolhedora para todos os visitantes não
convidados?
Ela bufou.
— Confie em mim. Quando você tem tão poucos visitantes quanto
eu, você ficaria animado em ver qualquer um.
Ele sorriu, embora não fosse bem a resposta que ele queria. Ele
queria que ela dissesse que estava feliz em vê-lo...
— Mas, eu estou de bom humor, — ela estava dizendo. — Edgar
está vivo.
— Perdão? — Ele disse, seguindo-a até a sala de estar onde a TV
passava o jogo de Boston/Toronto. Os Yankees estavam fora, na
Costa Oeste, então o jogo só começaria daqui a uma hora.
— Edgar, — disse ela, gesticulando para o aquário. — Meu peixe. Eu
pensei que ele estava morto, porque ele não comeu seu café da
manhã, e estava apenas flutuando lá, mas talvez ele estivesse apenas
descansando, porque agora ele está se movendo novamente.
Penelope estava olhando para o peixe com um olhar adorável no
rosto dela, e Cole poderia jurar que o coração dele se apertou.
Tanto carinho por um peixe.
— Ei, Edgar, — ele disse, olhando para o peixinho dourado preto.
Ele olhou para ela. — Talvez ele esteja sozinho. Você já pensou em
trazer uma amiga para ele?
A boca dela virou para baixo, os olhos dela tristes.
— Ele tinha uma amiga. Lola. Ela morreu alguns dias depois que eu
a trouxe para casa.
Cole assentiu, solenemente.
— Que ela descanse em paz.
— Ela está totalmente no paraíso dos peixes onde Procurando
Nemo passa vinte e quatro horas por dia, — Penelope disse, bom
humor retornando. — Você quer uma cerveja?
Ele levantou uma sobrancelha.
— Você não vai perguntar o que estou fazendo aqui?
Ela pareceu pensar sobre isso.
— Ah. Claro. O que você está fazendo aqui?
De repente, Cole se arrependeu de ter instigado ela a perguntar,
porque ele se lembrou tarde demais que não tinha a mínima idéia.
Ele abriu a boca, depois a fechou de novo, e Penelope lhe deu um
sorriso astuto.
— Imaginei que esse fosse o caso. Cerveja?
— Sim, ok, — ele disse, passando a mão pelo cabelo.
— Tire seu casaco, — ela disse por cima do ombro, enquanto ia para
a cozinha. — Sente-se. Fique confortável. É um jogo incrível.
Ele olhou para a tela enquanto tirava o casaco dos ombros.
— Está zero a zero.
— Exatamente, — ela disse, voltando e dando a ele uma garrafa de
cerveja. — É a quinta entrada e nenhum dos dois times marcou.
— Sério, — ele disse, esticando a palavra enquanto voltava para a
tela com mais interesse.
Ela acenou com a cabeça e sentou-se ao lado dele, colocando as
pernas debaixo dela.
— Ainda é cedo. Um deles está fadado a estragar tudo. Mas, mesmo
assim, quão legal seria um jogo sem pontos. Só houve um na história
da MLB...
— Fred Toney e Hippo Vaughn, — ele interrompeu, — em 1917. O
primeiro ponto não aconteceu até a décima entrada.
Penelope olhou para ele, então levantou a garrafa.
— Muito bem, senhor.
Ele se inclinou para trás com um sorriso presunçoso, tirando seus
sapatos antes de colocar os pés no pufe dela.
— É irritante, não é? Não ser mais a única no seu círculo social que
pode dizer fatos esportivos pouco conhecidos?
— Eu meio que gosto, — Penelope disse, tomando um gole de
cerveja. — Talvez, seja diferente sendo mulher. Eu odeio
estereótipos, mas a maioria das minhas amigas não estão muito
interessadas em falar de esportes. Quero dizer, algumas gostam de
futebol, outras de beisebol, etc., mas não há ninguém tão apaixonado
por todos eles como eu.
Ele olhou para o perfil dela. Sem maquiagem. Ele adorou.
— E os seus amigos homens?
Ela levantou um ombro.
— É, eles se importam mais com o meu conhecimento de fatos de
hóquei, eu acho. Era mais fácil aos vinte e poucos anos, quando eu
podia ficar num bar num sábado com um monte de amigos homens.
Mas, quanto mais velhos ficamos, mais eles começavam a sumir. Se
casaram. Eles meio que pararam de sair para discutir esportes o dia
todo, sabe?
Ele sabia. Ela estava sozinha.
Assim como ele.
Bem, não apenas como ele. Para ser justa, ela tinha um ponto sobre
ser mais fácil para ele passar um tempo com os caras do que para ela.
Ele podia ver muito bem, porque a piscina de amigos homens dela
tinha secado. Penelope não teria pensado em si mesma como uma
ameaça para todas aquelas esposas e namoradas, mas havia algo
atraente sobre uma mulher com quem você poderia ser você mesmo;
alguém que não te desligaria quando você falasse sobre corridas
impulsionadas e bandeiras de penalidades. Ele estava apostando que
todas as parceiras dos amigos dela sabiam disso.
Cole sabia que Penelope achava que sua vibe de "uma dos caras"
prejudicava seu apelo, mas ela estava completamente errada sobre
isso. Ele não conhecia nenhuma outra mulher que ficasse tão
satisfeita - tão emocionada - por passar o domingo na frente de um
potencial jogo sem pontos.
Era fantástico.
Como se estivesse determinada a provar o ponto de vista dele,
Penelope olhou para ele durante o próximo comercial.
— Eu ia pedir pizza hoje à noite. Você quer ficar para jantar?
Diga não. Não interfira na privacidade dela. Não se acostume
muito com isso.
— Claro, — ele disse, mantendo a voz dele fácil.
Ela pegou o celular da mesa.
— Do que você gosta?
— O que quer que você esteja pedindo é bom.
— Eu sou entediante. Pepperoni e azeitonas?
— Perfeito, — ele disse.
O jogo sem pontos chegou ao fim dois turnos depois, mas a
decepção foi atenuada pelo fato de a pizza ter chegado exatamente na
mesma hora.
Cole pagou pela pizza enquanto Penelope pegou mais cervejas.
— Mudo para os Yankees? — Perguntou ela.
— Pensei que você nunca perguntaria, — disse ele.
— Vai ser uma varrida, — disse ela, se inclinando para a caixa e
puxou uma fatia. Ela deu uma mordida enorme enquanto procurava
o controle remoto entre as almofadas do sofá.
— Esses são os melhores, — disse ele.
Penelope tinha um fio de queijo no queixo dela, e ele limpou com o
guardanapo dele e ela grunhiu um agradecimento antes de levantar o
controle remoto em triunfo.
Não foi um momento sexy. Não foi um momento nada romântico,
ela mastigando pizza alegremente enquanto encontrava o time
esportivo dele na TV.
Eu poderia fazer isso, ele pensou. Eu poderia fazer isso todos os
malditos dias.
Ela olhou para ele, fazendo uma pausa na mastigação enquanto via
o olhar no rosto dele.
— O que há de errado? Você não vai me dizer agora que não gosta
de azeitonas, né?
Ele balançou a cabeça, pegando uma fatia de pizza enquanto
tentava limpar a cabeça.
Isso era confortável, só isso. E um pouco incomum. Isso não
significava que era especial.
Isso era um caminho que ele nem queria explorar.
As duas horas seguintes passaram em um borrão contente,
enquanto eles dividiam a pizza, bebiam cerveja, e se alternavam
entre discutir sobre faltas erradas e concordar que o árbitro da placa
de casa tinha uma preferência definida contra as bolas rápidas
internas.
À medida que a nona entrada se aproximava (Penelope estava
certa, um varrimento total, com os Yankees subindo 7 a 1), Cole
percebeu que talvez essa foi a experiência agradável de assistir
esportes que ele teve em anos.
E quase imediatamente depois dessa realização, veio uma facada
de decepção por já ter acabado. Uma coisa era dois editores
esportivos assistirem juntos a um jogo, mas o que acontecia depois
que o jogo acabou?
Ele não podia ficar. Eles não estavam namorando. Não estavam
dormindo juntos.
E a julgar pela forma como Penelope estava comendo mais um
pedaço de pizza, ele duvidou muito que ela estivesse planejando ou
antecipando uma sedução.
Não que ele estivesse pensando nisso também, era só que...
Ele assistiu enquanto ela tirava um pedaço de pepperoni da fatia e
o comia em pequenas mordidas. Era estranho e fofo.
Ele queria ela.
Não faça isso, Sharpe.
Ele fez.
Ele se endireitou e calmamente tirou a cerveja e a pizza dela da
mão dela, colocando os dois na mesa de café.
Ela olhou para ele com surpresa no mesmo momento em que o
polegar e o dedo indicador dele encontraram o queixo dela e
inclinaram o seu rosto para o dele.
E então, ele a beijou.
Capítulo 15
Penelope não tinha visto o beijo chegar. Ela estava mais focada, em,
bem... pizza. E beisebol.
Ela estava um pouco hiperconsciente do Cole?
Talvez.
Ok, tudo bem, sim, claro que ela estava hiperconsciente dele.
O homem cheirava como homem da melhor maneira possível. Mas,
não era só isso.
Era o menor grau de vulnerabilidade no rosto dele quando ela
abriu a porta. Ele não tinha sido ele mesmo, e o fato de ter vindo até
ela significava mais do que ela queria admitir.
Mas, ela estava fazendo um bom trabalho em manter as coisas
casuais. De não deixá-lo se tornar mais importante para ela do que
ele já era. As paredes a qual ele se referia - elas estavam firmemente
no lugar.
Até o momento em que seus lábios pousaram nos dela.
Agora aquelas paredes estavam desmoronando rapidamente.
A língua de Cole passou pelo lábio inferior dela e ela gemeu.
Exceto...
As mãos dela encontraram os ombros dele, pronta para o empurrar
para trás.
— Me beije de volta, — ele disse contra a boca dela. — Me beije de
volta, Penelope. Por favor.
Foi o desespero na voz dele que acabou com ela. Havia uma
necessidade lá, abaixo de toda a confiança sexy de Cole, que ela não
conseguia dizer não.
Ela avançou para frente no sofá, colocando os lábios dela contra os
dele e beijando-o suavemente. O gemido dele enviou uma estranha
emoção através dela. Ela tentou de novo, deixando os lábios se
entrelaçarem com os dele, a sua mão se aproximando da bochecha
dele.
Ele a deixou controlar o beijo, a mão dele movendo-se sobre as
costas dela em movimentos calmantes enquanto ela aprendia o gosto
dele. Aprendia como a barba dele arranhava contra os lábios dela.
Aprendia como as mãos grandes dele fizeram ela se sentir ainda
menor do que o normal enquanto as corriam sobre as costas e os
quadris dela em movimentos longos e prolongados.
O beijo tornou-se cada vez mais urgente, e ela sentiu uma suave
pressão enquanto Cole tentava persuadi-la para o colo dele.
A confiança recém-descoberta de Penelope evaporou
instantaneamente, e ela recuou.
Os olhos dele estavam escuros de excitação, enquanto ele levantava
as sobrancelhas, confuso.
Ela pressionou os lábios juntos. Eles formigavam. De uma boa
maneira.
— Você deveria saber… eu não sou muito boa nisso, — ela disse.
Você vai ficar desapontado.
Ele sorriu e passou um dedo no lábio inferior dela.
— Não se preocupe. Porque eu sou muito bom nisso.
E então ele provou isso, enrolando as mãos dele nos quadris dela e
facilmente a levantando para que ela estivesse em cima do seu colo
no sofá.
— Ah, — ela disse suavemente.
Ele sorriu maliciosamente, enrolou a mão dele na nuca dela, e
puxou o rosto dela para baixo, a língua dele deslizando contra a dela
em um golpe quente e delicioso.
Sim, sim, ele era bom nisso.
Se os seus primeiros beijos a tinham aquecido, este beijo a
incendiou. Os seus lábios e a sua língua estavam por todo o lado. As
suas mãos tocavam todas as partes dela que ele podia alcançar.
As suas mãos seguravam a bunda dela, puxando-a firmemente
contra a sua ereção e a empurrando para cima. Ela gemeu, os seus
quadris se moviam por conta própria agora enquanto ela roçava
contra ele.
Era bom, mas não o suficiente. Nem um pouco. Ainda havia
camadas os separando, e Penelope nunca odiou tanto as roupas
como naquele momento.
Como se estivesse lendo sua mente, as mãos de Cole deslizaram sob
a camisa dela, as palmas das mãos dele tocando a pele nua das suas
costas pela primeira vez, e aquele simples contato pele a pele fez um
gemido escapar dos lábios dela.
Ele correu as mãos para cima até que encontraram as alças do seu
sutiã, as soltando com desconcertante facilidade antes de deslizar as
mãos dele para cobrir os seios dela.
Penelope apertou os olhos.
Essa seria a parte onde ele mudava de ideia. A parte onde ele
percebia que ela não tinha absolutamente nenhuma curva. Que as
roupas dela não mentiam - que ela não estava escondendo
secretamente um corpo curvilíneo debaixo de todas as camadas.
— Ah, porra, Pen, — ele disse, os dedos dele apertando os mamilos
dela em movimentos provocadores. — Você é perfeita pra caralho.
Os olhos dela se abriram, procurando sinais de mentira no rosto
dele.
Mas, então ele estava puxando a camisa dela sobre a cabeça,
empurrando o sutiã dela para longe.
Antes que ela pudesse registrar vergonha, a mão dele deslizou pelas
costas dela, puxando-a para ele enquanto a boca dele encontrava o
seu peito.
A respiração dela saiu em uma arfada enquanto ela se curvava para
ele. A língua dele balançou para o mamilo dela antes que ele
mudasse para o outro seio, e Penelope esqueceu tudo sobre se sentir
envergonhada, esqueceu tudo sobre o fato de que a experiência
sexual dela era minúscula em comparação com a dele.
Nada disso importava. Havia apenas Cole com sua boca quente e
dedos inteligentes.
Ela tinha que tocá-lo.
As mãos dela vagaram sobre os ombros dele, o peito, e depois até a
bainha da camisa. Ele se endireitou e em um movimento fácil puxou
a camisa para fora.
A boca de Penelope ficou seca. Ele era perfeito. Tonificado e
bronzeado e muito, muito masculino.
— Você está tão fora do meu alcance, — ela disse, raspando as
unhas no peito nu dele.
Os olhos dele se estreitaram.
— Não de onde eu estou sentado, — ele disse, a voz rouca.
Ele se sentou mais reto, com as mãos segurando o rosto dela
enquanto ele beijava os lábios dela.
— Deixa eu te levar para o quarto.
As mãos dele deslizaram para baixo, os polegares dele encontraram
os mamilos dela e mandaram qualquer protesto que ela pudesse ter
feito pela janela.
Ela começou a sair dele, mas ele passou as mãos debaixo da bunda
dela, puxando-a para ele enquanto ficava de pé, segurando-a
facilmente.
— Belo truque, Sharpe.
Ele balançou as sobrancelhas.
— Você gostou?
Em resposta, ela passou as pernas em volta da cintura dele e os
braços em volta do pescoço e o beijou enquanto ele os levava para o
quarto.
Penelope teve um momento de vergonha por não ter feito a cama -
ela raramente se incomodava.
Mas, Cole não pareceu se importar quando ele a depositou entre a
bagunça de cobertores e lentamente se abaixou sobre ela, a língua
dele correndo círculos preguiçosos sobre a garganta dela até que ele
se abaixou e chupou um mamilo na boca quente dele.
Então as calças dela foram embora - como isso tinha acontecido? -
e os lábios dele estavam fazendo cócegas na pele macia da barriga
dela.
— Eu gosto do gosto que você tem aqui, — ele disse, lambendo a
pele sensível logo abaixo do umbigo dela. — Doce.
Penelope se apoiou nos cotovelos, olhando enquanto a boca dele
deslizava sobre a pele dela, deixando um rastro de fogo onde quer
que ele tocasse.
Uma das mãos dele foi para baixo, sobre as coxas dela, antes de se
mover para cima de novo, gentilmente, sobre o tecido da roupa
íntima dela, e Penelope arqueou as costas.
As sobrancelhas dele se levantaram, e ele voltou a mão para o
pequeno triângulo de algodão, traçando círculos de provocação sobre
ela.
— Cole. Não provoque.
Em resposta, ele puxou a calcinha dela pelas pernas, abriu suas
coxas, e mergulhou os dedos dele na umidade dela.
Ela choramingou.
— É isso o que você quer? — Ele rosnou, movendo-se para cima
para que a boca dele pudesse focalizar o pescoço dela.
Penelope só conseguia assentir com a cabeça. A leve aspereza das
pontas dos dedos dele, a velocidade perfeita em que ele brincava com
ela era o doce e tortuoso céu.
— Sensível pra caralho, — ele disse roucamente. — Eu poderia te
torturar assim para sempre.
— Não se atreva. — Ela beijou o queixo dele. — Mais.
Os olhos dele escureceram e ele beijou os lábios dela.
— Isso eu posso fazer. Apenas me aponte para os preservativos.
Penelope congelou, e Cole congelou em resposta, a mão dele
parou.
— Me fala que você tem preservativos.
Ela corou.
— Eu não faço isso muitas vezes. Você não deveria carregar um na
sua carteira?
Ele gemeu.
— Não, porque eu não sou um garoto no ensino médio à espera de
ter sorte na noite do baile de formatura.
Penelope engoliu. Bem, merda.
— E agora?
Os olhos dele estudaram o corpo dela, virando especulativos.
— Agora nós ficamos criativos.
— O que...
Cole deslizou pelo corpo, suas mãos encontrando os joelhos dela e
empurrando suas pernas para cima, a abrindo.
Penelope mal teve tempo para registar a intenção dele antes de ele
abaixar a cabeça e lambê-la. Ele olhou para cima, encontrando os
olhos dela, brevemente, antes que seu rosto caísse mais uma vez, sua
boca se abrindo sobre ela enquanto sua língua explorava suas
dobras.
Penelope choramingou de novo, apertando a colcha enquanto ele a
degustava, primeiro em lambidas provocadores e depois em círculos
regulares. Ela alternou entre rezar para que isso nunca terminasse e,
silenciosamente, implorar para que ele a libertasse.
E, então, um dedo deslizou para dentro dela e era exatamente o
que ela precisava para se desmoronar nas mãos dele. Na sua boca.
Ela ainda estava ofegando quando ele beijou o corpo dela, se
deitando ao seu lado e passando os dedos sobre as suas costelas em
movimentos calmantes até que ela se lembrou de como pensar.
Penelope virou o rosto para olhar para ele.
— Isso foi...
Ele sorriu e piscou o olho.
— Eu sei.
Ela virou na direção dele, lambendo o lábio nervosamente.
— Hum, e você...
Cole a beijou suavemente.
— Da próxima vez. Eu virei preparado.
Penelope ficou ligeiramente aliviada. Verdade seja dita, ela não
tinha certeza se tinha as habilidades ou experiência para dar prazer a
um homem tão claramente habilidoso em sexo quanto Cole.
E, no entanto, ela também era... determinada.
Ela empurrou sua vergonha para o lado e se inclinou sobre ele até
que o deitou de costas.
Uma vez que ela estava em cima dele, Penelope raspou a palma da
mão ao longo da mandíbula dele e engoliu nervosamente.
— Você vai me mostrar?
— Penelope...
— Por favor.
Seus olhos procuraram o rosto dela, e ela tentou banir a incerteza
da única maneira que ela poderia pensar.
A mão dela deslizou pelo corpo dele até a palma da mão dela
descansar sobre a ereção por baixo do jeans dele.
— Amor. — Os olhos dele se fecharam, e ela sorriu, sabendo que o
tinha.
Ela moveu a mão, esfregando contra ele enquanto juntava sua
coragem.
E então ela a puxou, abrindo o jeans dele e puxando o zíper para
baixo.
A cueca dele representava um problema. Um problema que ele
resolveu rapidamente sentando e o despindo sem o mínimo de
timidez.
Cole Sharpe estava nu. Nu e lindo.
Ele deitou-se de costas novamente.
— Faça o seu pior. Eu garanto que você não pode errar.
Ela não tinha tanta certeza, mas se surpreendeu ao querer tocar
nele. Querendo conhecer cada centímetro dele, e fazê-lo sentir o tipo
de êxtase que ele deu a ela.
Antes que ela pudesse perder a coragem, ela enrolou os dedos ao
redor do pênis dele, maravilhando-se com o quão pequena a mão
dela parecia contra ele. Ela o acariciou, e Cole empurrou o quadril
para cima.
Ela sorriu em triunfo e Cole deu uma risada.
— Eu não acho que você precise de mim para te mostrar nada,
Pequena. Eu diria que você sabe disso.
A mão dela se moveu sobre ele novamente, observando o rosto dele
para ver do que ele gostava, e ela percebeu que ele gostava de um
pouco com força.
A respiração dele ficou mais irregular e Penelope se surpreendeu
ao querer ir mais longe. Fazer coisas que ela sempre achou,
insuportavelmente, estranhas no passado.
Antes que ela pudesse mudar de ideia, ela se abaixou no corpo dele
até que estava inclinada sobre ele.
— Pen...
Ela beijou a ponta do pênis dele e ele amaldiçoou. A língua dela
passou suavemente sobre a ponta, descobrindo o sabor salgado dele.
E, então, ela o chupou, a mão dela cobrindo a base inferior dele onde
sua boca não conseguia alcançar.
Ele estava xingando sério agora, e ela continuou, confiando no
instinto. Ela achou que estava fazendo algo certo, porque os dedos
dele estavam apertados no cabelo dela e os quadris dele começaram
a balançar em direção à boca dela.
— Querida, você tem que... eu vou...
Sim.
Ela acenou com a cabeça e se moveu mais rápido, os movimentos
da boca dela dizendo a ele o que ela queria. E então, ele deu a ela,
gozando na boca dela enquanto ele gritava o seu nome.
Isso. Foi. Glorioso.
Cole a puxou para cima, e ela se aconchegou contra ele, bochecha
no seu ombro enquanto ele suavemente passava a mão sobre o
cabelo dela.
— Agora o que acontece? — Ela perguntou depois que eles ficaram
quietos por vários minutos.
— Bem, para começar, vamos estocar alguns preservativos.
Ela sorriu.
— Você parece estar pensando que vamos fazer isso de novo.
Ele beijou a testa dela.
— Eu sei que vamos.
Ela inclinou o rosto para cima para poder encontrar os olhos dele.
— Cole, eu... isso foi...
— Não se atreva a me dizer que isso foi uma coisa única, Pequena.
Você gostou tanto quanto eu gostei.
Ela se sentiu corada, e esperava que ele não notasse.
— Eu não estou dizendo que não gostei, é só que - eu quis dizer o
que eu disse naquele primeiro dia. Eu não estou procurando um
namorado.
Ele piscou os olhos.
— Eu acho que isso é uma versão do que é suposto ser a minha fala.
— Você sabe o que quero dizer. É só que já passamos tanto tempo
juntos no trabalho, e se adicionarmos sexo à mistura, estou
preocupada que as linhas se cruzarão, e...
Ele deitou de costas, rolando para cima dela.
— Eu tenho uma ideia. Nós fazemos um pacto.
Os olhos dela se estreitaram.
— Que tipo de pacto? Um pacto sexual?
O sorriso dele era gentil.
— Você é adorável. E claro, eu acho que é um pacto sexual, já que
vamos ter muito disso. Mas, eu estava pensando mais na linha de
uma garantia. Algo para garantir que nenhum de nós cruze uma
linha que não queremos cruzar.
— Vá em frente...
Ele emoldurou o rosto dela com as mãos.
— Eu vou tratá-la com o respeito que você merece no trabalho, e
então eu vou usar seu corpo doce para o sexo depois do trabalho,
mas Penelope Pope, eu lhe dou a minha promessa solene de não me
apaixonar por você.
Seus lábios se separaram e ele lhe deu um beijo rápido.
— Sua vez.
— Cole...
— Vá em frente.
Ela revirou os olhos.
— Isso é estúpido.
— Estou esperando.
Penelope respirou fundo.
— Tudo bem. Eu prometo nunca me apaixonar por você, e idem na
mesma coisa no trabalho e no sexo, só que tem que haver regras.
Sem sexo nos dias de semana.
— Não. Não concordo.
Ela fez uma careta para ele.
— Estou falando sério. Se queremos manter as coisas separadas, se
queremos manter tudo em perspectiva, temos que ser inteligentes
sobre isso. Nos dias de semana, somos colegas. Fins de semana, nós
podemos ser...
— Amigos coloridos.
Ela sorriu.
— Sim. Isso.
Ele estreitou os olhos.
— Essa é minha única opção?
— É pegar ou largar, — ela disse numa voz cantada.
Pegue. Por favor, pegue.
Ele a estudou por vários momentos antes de se levantar e começou
a sair da cama.
O coração de Penelope afundou enquanto ela se sentava.
— Você está saindo?
Ele pegou as calças jeans e as colocou.
— Claro que estou.
Ela empurrou o cabelo para fora dos olhos e tentou manter o rosto
composto. Não foi mais do que ela realmente esperava. Ela sempre
soube que não tinha o fascínio de manter o interesse de um cara...
— Ok, bem... eu te vejo amanhã, — ela disse, esperando que a voz
dela soasse fria e indiferente ao invés de pequena e rejeitada.
Ele congelou no processo de abotoar o jeans.
— Do que você está falando?
— Você disse que estava saindo...
Ele lhe deu um olhar exasperado.
— Pequena, se você só está me dando sexo nos fins de semana, eu
tenho que aproveitar cada momento. Você entendeu?
— Não muito.
Ele apontou para o relógio da mesa de cabeceira dela.
— Ainda é domingo. Domingo é fim de semana.
— Então, onde você vai? — Ela gritou atrás dele, enquanto ele saía
do quarto dela.
A cabeça dele voltou para o quarto.
— Acorda. Onde você acha que eu vou? Nós precisamos de
preservativos.
E então, ele se foi, e Penelope não conseguiu evitar o sorriso idiota
que rastejou sobre o rosto dela.
Ela estava realmente fazendo isso. Ela estava prestes a embarcar
em um caso real e adulto com Cole Sharpe.
Capítulo 16
O Cole passou quase uma semana seguindo a estúpida regra da
Penelope de não-fazer-sexo-durante-a-semana.
Ele não gostou, mas tinha visto pelo teimoso levantar do seu
pequeno queixo pontiagudo que era isso ou nada, e, bem... por
razões que ele não queria explorar muito de perto, nada não era uma
opção quando se tratava de Penelope Pope.
Não quando ele passou a maior parte dos últimos três dias e meio
tentando não pensar naqueles pequenos suspiros que ela fez quando
ele lambeu seus mamilos, ou na maneira como os quadris dela
ficaram loucos quando ele a tocou.
Diabos, ele quase pensou que eles conseguiriam seguir com a regra.
Eles conseguiram passar pela reunião de funcionários de segunda-
feira, almoço de equipe de terça-feira e happy hour de quarta-feira
sem que ele a arrastasse para um canto deserto e a beijasse.
De alguma forma, ele conseguiu sentar ao lado dela por horas a fio
enquanto eles revisavam imagens, copiavam e faziam estatísticas,
sem deslizar a mão debaixo da saia dela e ver se ela estava tão
molhada quanto ele estava duro.
E então quinta-feira aconteceu.
— Pequena, — ele latiu, no segundo em que saiu do elevador. —
Onde diabos você estava?
Ela piscou de surpresa com o tom severo dele.
— Eu estava almoçando.
Ele sabia que ela estava em horário de almoço. Ele também sabia
com quem ela estava.
O olhar de Cole mudou para Lincoln, que estava parado ao lado de
Penelope e olhando para Cole com um sorriso sábio.
— Nós teríamos te convidado para participar, — disse Penelope,
claramente confusa com a raiva dele, — mas você estava ao telefone,
e nós tínhamos que voltar em uma hora, então...
Ele estava ao telefone. Ele estava tentando mais uma vez falar com
Bobby, só para descobrir que seu irmão estava ocupado. De novo.
Cole estava feliz por seu irmão ter uma vida. Ter amigos. Estava
feliz que seu irmão estava feliz.
Era só que...
Durante anos, Cole sabia que era tudo o que o irmão tinha. Que seu
irmão precisava dele.
Mas, houve momentos em que Cole ficou impressionado com a
percepção de que Bobby era tudo o que ele tinha. Sua única família.
E Bobby nunca teve a intenção de dar bolo nele - seu irmão
morreria se ele pensasse que tinha ferido os sentimentos de alguém,
muito menos os de Cole...
E ainda assim, feridos seus sentimentos estavam.
O que o deixou com um humor de merda.
— Relaxe, Pen, — Lincoln estava dizendo para Penelope. — Nós não
fizemos nada de errado.
Ele pontuou essa afirmação colocando sua mão brevemente nas
costas de Penelope e Cole teve a mais estranha vontade de colocar
seu punho no rosto de Lincoln.
O que diabos havia de errado com ele?
Lincoln era seu amigo. Penelope era sua… amiga.
Eles eram ambos seus colegas, e eles eram absolutamente
autorizados a ir almoçar juntos.
E mesmo assim... e mesmo assim...
Ele olhou para a Penelope.
— Você tem alguns minutos? Temos que fazer o layout do US Open
de tênis até o final do dia.
— Isso vai levar quatro horas? — Lincoln perguntou em uma
confusão falsa, olhando para o relógio dele.
Cole o ignorou, indo para o seu escritório e esperando mais do que
ele deveria que Penelope o seguisse.
— Eu realmente sinto muito por não termos esperado por você, —
Penelope disse quando ela entrou no escritório dele.
Cole fechou a porta sem responder.
Ela tocou no braço dele.
— Ei, você está bem?
Ele franziu a sobrancelha com a pergunta. Cole Sharpe estava
sempre bem. Cole Sharpe era quem fazia todo mundo rir, quem
deixava todo mundo à vontade, quem sempre tinha as repostas
rápidas e o sorriso pronto.
Mas, às vezes... às vezes, ele queria se apoiar.
Só um pouco. Ou, no mínimo, simplesmente existir, sem ter
sempre uma resposta na ponta da língua. E quando ela estava
olhando para ele com aqueles malditos olhos grandes, largos e
compassivos, e inferno, carinhosos, ele queria se apoiar nela.
— Cole?
— Foda-se, — ele murmurou.
As mãos dele envolveram os braços de Penelope e ele a puxou para
si e reclamou a boca dela.
Foi um beijo bagunçado e faminto. Não tinha a delicadeza habitual
dele, mas ele precisava disso. Precisava dela.
Ele estava tão perdido no gosto dela que levou um momento para
perceber que ela estava parada contra ele.
Ele recuou um pouco e deu a ela um olhar de interrogação.
— Cole, você sabe as regras, — ela disse, os olhos trancados na boca
dele. — Sem misturar trabalho com prazer, sem sexo nos dias de
semana...
Ele tirou as mãos dos braços dela, libertando-a, mas não se afastou.
Havia meros centímetros separando-os, e ele se perguntou se ela
sentia o calor entre eles tão agudamente quanto ele.
Como isso tinha acontecido? Como é que essa doce e espirituosa
mulher podia excitá-lo tão facilmente como ela o virava
completamente do avesso cada vez que olhava para ele?
— Vamos lá, Cole. Não faça isso. — A voz dela agora era um
sussurro.
Suas mãos coçavam para alcançá-la novamente, mas ele se forçou a
ficar parado. Esperar.
Ele sorriu em triunfo quando ela mexeu os ombros levemente,
deixando a bolsa cair no chão com um baque quieto, enquanto os
braços dela se levantavam para se enrolarem ao redor do pescoço
dele.
Os lábios deles colidiram enquanto devoravam um ao outro.
Como era possível que tivessem passado apenas três dias e meio
desde que ele havia provado os lábios dela pela última vez? Desde a
última vez que ele passou as mãos por cima do corpo macia dela?
Parecia uma eternidade.
Ele passou os dedos dele nos quadris dela, segurando-a,
confortavelmente, contra seu pau duro, enquanto as mãos dela
vagueavam incansavelmente pelas costas dele.
— Eu odeio esse casaco, — ela disse com uma pequena arfada,
quando ele se afastou um pouco e dobrou os joelhos levemente para
chegar ao pescoço dela. — Quero dizer, eu normalmente gosto,
porque você fica todo corporativo e gostoso, mas está no meu
caminho, e eu não consigo te tocar.
— Como você acha que eu me sinto sobre todas as suas roupas?
Ela estava usando um top roxo de manga curta com o mais leve
decote em V. A boca dele forjou uma trilha para baixo até que ele
pudesse lamber o tecido da camisa dela, provando as doces curvas
superiores dos seios dela.
Ela soltou uma respiração, suspirando.
— Nós realmente não deveríamos fazer isso. Estamos no trabalho, e
qualquer um pode entrar.
— Em primeiro lugar, — ele disse, beijando o caminho de volta pelo
pescoço dela, — não pense por um segundo que somos os primeiros.
Jake fecha a porta do escritório toda vez que a esposa "traz o almoço"
e o cabelo dela nunca está tão arrumado quando ela sai. E eu tenho
certeza de que o chefe teve sorte em seu escritório uma ou duas
vezes.
Ela recuou.
— Cassidy? Não. Ele não faria isso. Sexo no escritório dele, sério?
Ele é tão controlado.
— Não, perto de Emma ele não é, — Cole disse confiante, puxando-
a de volta para um longo e molhado beijo.
— Qual é o 'segundo lugar'? — Penelope perguntou, quando eles se
separaram para respirar.
— Humm? — Cole perguntou, as mãos dele deslizando para cima,
aproximando-se cada vez mais dos seios dela.
— Bem, você disse 'em primeiro lugar'. Isso implica que há outra
coisa.
— Ah, certo. — Ele deu uns passos para trás, apoiando Penelope
contra a porta. — Em segundo lugar, há uma fechadura na porta.
Ambos viram a mão dele deslizar para baixo, virando a fechadura
com um movimento rápido de seus dedos.
E então, ela se lançou contra ele, quase subindo pelo corpo dele,
tentando alcançar a boca dele.
Ele riu um pouco, colocando as mãos debaixo da bunda dela e a
puxando para cima enquanto ele deixava o corpo dela entre a porta e
o corpo dele enquanto se beijavam.
Cole mal registrou o som de um dos sapatos dela caindo e batendo
no chão quando ela enrolou suas pernas na cintura dele. Ele estava
muito ocupado a tocando. Provando.
Querendo.
Finalmente, ele não podia aguentar mais. Ele precisava dela nua.
Agora.
Ele recuou, e ela fez um lindo som de protesto quando ele a colocou
de volta no chão.
Cole trancou os olhos nos dela, enquanto ele, lentamente,
levantava a camisa sobre a cabeça dela. O sutiã dela era rosa e
rendado. Bonito, mas ele estava muito mais interessado no que
estava por baixo, e enviou o sutiã na mesma direção que a camisa
dela: para fora.
— Cole, — ela sussurrou, claramente envergonhada. Ela levantou as
mãos para se cobrir, mas ele bateu empurrou as mãos para o lado. Se
alguém ia pôr as mãos nos seios dela, seria ele.
Ele esfregou os calcanhares de suas palmas das mãos contra ela,
seu pau se endurecendo ainda mais quando ela choramingou. Ele
nunca tinha estado com uma mulher tão receptiva. E, de repente, ele
queria saber se ela era sempre assim, ou se era só com ele.
Ele esperava que fosse o último.
Ele brincava com ela em suaves toques de provocação antes de
mergulhar sua cabeça e colocar sua boca nela. Tão obcecado era ele
com a sensação do mamilo dela contra sua língua que ele não
percebeu que ela tinha desfeito as calças dele até que a mão dela
escorregou abaixo do cós das cuecas dele e palmou seu pênis.
— Poorra, — disse, a cabeça dele caindo para trás enquanto ela o
acariciava.
Ele viu o triunfo do prazer nos olhos dela, e ele a deixou ter o
momento dela. Deixou a palma da mão dela torturá-lo por vários
momentos até que ele estivesse embaraçosamente perto de gozar.
Cole agarrou o pulso dela, puxando a sua mão para longe dele,
enquanto ele rapidamente avaliava suas opções. Ele tinha um
preservativo - vários deles, na verdade. Ele tinha aprendido sua lição
depois do último fim de semana.
Seu pau endureceu ao pensar em virá-la, pressioná-la contra a
porta e fode-la por trás. Mas, logisticamente falando, a diferença de
altura deles tornaria isso difícil.
Em vez disso, ele segurou o pulso dela, puxando-a para a mesa. Ele
beijou seu caminho pelo corpo dela até que ele se ajoelhou na frente
dela, as mãos dele rapidamente livrando-a das calças e calcinha
assim como do sapato restante.
Ele queria se levantar. Ele queria sentá-la até a mesa dele e se
enterrar dentro dela.
Em vez disso, inclinou-se para a frente e deixou que a língua
encontrasse sua abertura. Ela soltou um gemido afiado, e ele a
lambeu com mais força, palmando as costas de uma de suas coxas e
levantando a perna para o lado, então ela estava bem aberta para ele.
As mãos dela encontraram a cabeça dele para se equilibrar, as
unhas dela cavando no cabelo dele enquanto a língua dele a
circundava.
Chupar Penelope Pope em seu escritório estava definitivamente
entrando no catálogo de melhores memórias eróticas de Cole.
Ele estava muito perto de gozar em suas calças só de lambê-la. Isso
era loucura. Maldita loucura.
Cole ficou de pé, tirando um preservativo da carteira antes de tirar
a jaqueta do terno. Penelope empurrou as calças dele para baixo em
torno de seus quadris enquanto ele libertava seu pau com a mão e
colocava o preservativo.
Ela se sentou na mesa, abrindo as pernas e o chamando com o
dedo. Cole gemeu enquanto se aproximava, posicionando-se na
entrada molhada dela.
— Eu pensei que você disse que não era boa nisso, — ele rosnou.
As mãos dela encontraram os ombros dele.
— Acho que eu só precisava o fazer com o cara certo.
As palavras dela causaram uma estranha emoção através dele, e ele
a recompensou deslizando para dentro dela com um impulso lento e
escorregadio.
Quando ele estava completamente dentro, ele descansou a testa
contra a dela, colocando as mãos dela ao redor do pescoço dele.
— Segure-se.
As palmas das mãos dele escorregaram até a bunda dela, puxando-
a ainda mais apertada ao redor dele antes dele se afastar, e empurrar
para casa de novo, mais forte dessa vez.
— Jesus, — sussurrou ele, já à beira de perder a cabeça. — Você
está tão apertada. Eu não consigo…
— Com força e rápido, — ela sussurrou contra o ouvido dele.
Cole não precisava de mais encorajamento. Ele deslizou o polegar
para baixo até o clitóris dela, pressionando-o em círculos
implacáveis, enquanto ele empurrava contra ela em um ritmo
impiedoso.
Segurar o clímax foi a coisa mais difícil que ele já tinha feito na
vida, mas ele esperou. Esperou até que ele a ouvisse choramingar,
esperou até que ela se contraísse ao redor dele.
Então, ele se deixou ir. Ele gozou com um rugido suave, enterrando
seu rosto na curva do ombro dela, muito longe para se deixar
embaraçar por sua falta de controle.
Eles se agarraram um ao outro por longos momentos depois,
ambos ofegando, sem falar.
Foi Penelope quem recuou primeiro, e Cole sentiu uma facada de
aborrecimento quando ela não encontrou os olhos dele.
Ela desceu da mesa e atirou um olhar rápido e envergonhado antes
de se ajoelhar para pegar suas calças.
Não. Não haveria nada disso. Sem vergonha.
Ele se ajoelhou ao lado dela, se recusando a deixar que qualquer
um deles ficasse envergonhado pela nudez ou pelo que tinha acabado
de acontecer.
Ele enganchou um dedo debaixo do seu queixo, levantando os
olhos dela para o dele.
— Você é a transa mais gostosa que eu já tive, Senhorita Pope.
Foi a coisa certa a dizer. Ela deu uma risada surpresa, mas ele
podia ver pelo calor dos olhos dela que estava satisfeita com o elogio.
Cole só esperava que ela soubesse que ele queria dizer todas as
malditas palavras.
Ele a entregou as roupas, depois virou-se ligeiramente para que ela
pudesse vestir-se com um pouco de privacidade.
Cole fez uma careta enquanto puxava suas próprias calças para
cima dos quadris, perguntando, não pela primeira vez, quem ou o
que fez Penelope pensar que ela era nada menos que uma mulher
sexy e de sangue quente. Aquele bastardo do Evan em Chicago?
Ele queria perguntar a ela, mas parecia um tipo de pergunta de
namorado, e ela deixou perfeitamente claro que não estava
procurando por um desses.
Ótimo. Maravilhoso. Ele certamente não estava no mercado para
um relacionamento.
Ele não era compromisso-fóbico por si só, ele só não tinha tido
ainda um relacionamento que não tivesse dado mais dor de cabeça
do que valia a pena.
Cole se preparou mentalmente para que Penelope saísse de seu
escritório, provavelmente para evitá-lo pelo resto do dia, se não pelo
resto da semana.
Mas, ela o surpreendeu. Quando ele se virou, ela estava
completamente vestida, parecendo completamente composta
enquanto pegava a bolsa do chão e caminhava em direção à mesa
dele.
Ela colocou a bolsa na cadeira dele e então ficou nas pontas dos pés
para beijar a bochecha dele.
— É vulgar se eu disser obrigada? — Ela perguntou.
Ele sorriu.
— Se for, eu gosto de vulgar.
Penelope sorriu de volta para ele, então foi destrancar a porta, a
abrindo como se nada fora do comum tivesse acabado de acontecer.
Quando ela se virou, ela sorriu o sorriso de Penelope para ele.
— Então, devemos rever os layouts das páginas?
Cole balançou a cabeça com a facilidade de tudo isso, quando ele
foi para o outro lado da mesa.
Ele não sabia exatamente o que era isso.
Mas, o que quer que eles tenham decidido chamar - ou não chamar
- ele poderia facilmente se acostumar com isso.
Capítulo 17
Penelope disse a si mesma que era bom que Cole estivesse ocupado
no domingo.
Só porque eles tinham concordado em limitar o seu tempo sexy aos
fins-de-semana, não significava que deveria ser o fim-de-semana
todo.
Eles passaram a noite de sexta-feira juntos na casa dela. Comida
tailandesa, beisebol, e sexo muito bom... basicamente a ideia dela de
paraíso.
Sábado à noite tinha sido mais ou menos uma repetição, exceto
com comida italiana.
E então, o domingo rolou, e Cole disse a ela que tinha outros
planos.
Ela não perguntou o que eram. Não era da conta dela. Além disso,
eles tinham violado totalmente as regras dela fazendo sexo na
quinta-feira, então, na verdade, era como se ela estivesse trocando
um dia por outro.
Mas, Penelope estava confiante que manter algum tipo de limite e
distância era uma decisão inteligente, havia uma pequena e estúpida
parte de seu cérebro que ficava se perguntando se os planos dele
envolviam outra mulher.
Ela não poderia culpá-lo se envolvesse. Ela deixou bem claro que
não queria um namorado.
E ele tinha prometido não se apaixonar por ela - não que isso
tivesse sido uma séria possibilidade. Eles eram apenas colegas de
trabalho que dormiam juntos, nos finais de semana, mas não o fim
de semana inteiro, aparentemente, porque ele tinha planos.
Então, quem era ela para julgá-lo se ele tinha outra mulher?
Perfeitamente aceitável.
Mesmo que o pensamento de outra mulher colocando as mãos em
Cole tenha feito Penelope um pouco…com raiva.
E foram esses pensamentos perversos e tortuosos dele despindo
outra mulher... dele beijando o pescoço dela... fazendo-a suspirar....
Foram estes pensamentos tortuosos que fizeram Penelope perceber
que precisava de uma distração.
Penelope caiu em seu sofá e puxou para fora seu celular, rolando
através de seus contatos até que ela encontrou a única pessoa que
poderia acalmar seus nervos, mesmo quando ela estava em seu
estado mais agitado.
— Ei, pai, — ela disse, assim que ele atendeu.
— Penny!
Ambos os pais dela a chamavam de Penny desde que ela se
lembrava. Ela não se importou, mas também não levava o apelido
para fora da casa dos Popes. Ela não precisava de um apelido infantil
para parecer mais jovem do que era. Ela parecia conseguir fazer isso
sozinha.
— Como estão as coisas? — Ela perguntou.
— Eu estava pensando em você, na verdade. Pensando em ir para o
jogo dos Sox hoje.
Ela levantou uma sobrancelha. O pai dela era um grande fã dos
Cubs.
— Ah é?
— Sua mãe está tendo o clube de leitura dela, Deus me ajude, o que
significa que eu preciso sair de casa. Os Cubs estão fora da cidade,
então eu pensei... por que não?
Por que não de fato. Rick Pope foi o responsável por ensinar
Penelope seu amor pelos jogos - todos os jogos. Seu pai era um ávido
esportista, e ao invés de lamentar a falta de um filho, tinha arrastado
Janie e Penelope para o mundo do atletismo.
Ele tinha tido apenas um sucesso parcial com Janie. Ele teve que
pintar o taco dela de rosa para que ela jogasse softball em longas
noites de verão, e o único esporte que ela praticou por mais de um
mês foi o tênis, e ela deixou de jogar na sétima série.
Mas, ele tinha acertado em cheio com Penelope. Janie era a
imagem cuspida de sua mãe em aparência e personalidade, enquanto
Penelope era filha de seu pai, do cabelo escuro ao amor dos esportes
ao peito liso.
Ela não amava exatamente esse último.
— Então me diga, como está a minha pequena nova-iorquina?
— Sentindo sua falta, — disse Penelope.
Só porque Nova York estava começando a parecer um lar não
significava que um pedaço enorme de seu coração ainda não
estivesse de volta aos subúrbios de Chicago, na casa onde ela havia
crescido. Agora, ela poderia usar um dos famosos biscoitos de aveia
da mãe, ou os abraços do pai dela...
— O que deixou minha garotinha triste? É um rapaz? Se é um
rapaz, eu conheço um garoto...
Ela revirou os olhos, sorrindo.
— Você conhece um cara, e o que? Você vai quebrar os joelhos de
alguém? Qual é pai, Janie e eu descobrimos por volta dos quinze
anos que você só fala.
— Há maneiras não violentas de quebrar um homem, — o pai dela
disse em uma voz ao estilo da máfia falsa. — E não pense que eu não
percebi que você não negou ter um namorado.
Penelope respirou fundo e não disse nada.
— Penny...
— Se eu te contar, você contará a mamãe, e se contar a mamãe, ela
vai começar me mandar fotos de vestidos da mãe da noiva.
— Eu posso guardar um segredo se você precisar.
Ela soltou um suspiro. O problema é que, provavelmente, ele
poderia. E a ideia de falar com alguém sobre Cole era tentadora, mas
com o pai dela? Por mais que ela amasse o homem, e ele tivesse uma
visão progressiva, não havia como ela sequer pensar em contar sobre
a regra dela e do Cole de sexo só durante o fim de semana.
— Só estou em um momento de reflexão agora, — respondeu ela.
— Ah, sim. Entendi.
Penelope sorriu, sabendo que ele realmente entendeu. Rick Pope
sempre disse à sua esposa que Penelope estava num momento de
reflexão, quando a mãe bem-intencionada de Penelope tentava
convencer Penelope a falar sobre o que a estava incomodando
quando criança.
Janie e sua mãe eram extrovertidas - gostavam de falar sobre tudo
e mais alguma coisa, e tendiam a resolver melhor os problemas
discutindo-os.
Penelope era mais parecida com seu pai - extrovertidos quando
eles precisavam ser, mas introvertida de coração, especialmente,
quando ela estava refletindo sobre um problema.
— Parece que você precisa ir a um lugar de reflexão, se você sabe o
que quero dizer, — o pai dela respondeu.
Penelope se endireitou no sofá enquanto a inspiração chegava.
— Pai, eu sei exatamente o que você quer dizer. E você é um
maldito gênio.
Dez minutos depois, Penelope tinha desligado a ligação com o pai e
saía pela porta em direção ao lugar onde ela sempre pensava melhor:
o estádio. Qualquer estádio.
Ela foi ver os Mets. Parcialmente, porque os Yankees estavam fora,
e parcialmente, porque ela só tinha ido a um jogo dos Mets até agora,
e ela ainda não tinha conseguido ter um senso dos fãs e do estádio.
O beisebol era mais do que o próprio jogo. Era também sobre a
experiência.
Não havia dois estádios iguais, nem duas bases de fãs
intercambiáveis. Entender essas nuances dos times da casa foi a
parte favorita de Penelope no trabalho. Sim, ela era boa com as
estatísticas e as jogadas e provavelmente poderia superar qualquer
árbitro... mas foi o elemento humano que a levou ao esporte em
primeiro lugar. Aquele encontro de pessoas.
Ela pôde escolher seu assento quando chegou ao estádio. Os Mets
não atraíam o tipo de multidões que os Yankees atraíam, e embora,
ela tivesse certeza de que o estádio poderia ser um lugar
perfeitamente adorável para experimentar um dia de jogo, hoje
estava nublado, com uma sólida promessa de chuva.
Penelope tinha planejado pegar um assento atrás da base, mas no
último minuto ouviu-se pedir um ao longo da terceira linha de base.
Tinha sido desde sempre um dos seus lugares favoritos para
assistir a um jogo. A proximidade com o campo fez com que
parecesse menos lotado, mas ainda perto da ação.
Ela já tinha perdido o primeiro lance no momento em que entrou,
mas ela levou seu tempo fazendo seu caminho em direção a sua
seção. Ela pausou na frente de uma das lojas de souvenirs. Um boné
do Mets era um dos poucos bonés de times que ela não possuía, e
como parecia errado usar boné de outro time, ela optou por ficar sem
um durante o dia.
Que, em um jogo de bola, apenas parecia errado. Ela pensou em
comprar um, mas comprar um boné para si mesma, enquanto
assistia um jogo sozinha parecia um pouco... triste.
Em vez disso, ela se contentou com um cachorro-quente e cerveja e
fez seu caminho em direção ao seu assento. Como ela esperava, havia
muitos assentos livres, incluindo os de ambos os lados.
Penelope tinha acabado de se instalar e morder seu cachorro-
quente quando a segunda base dos Mets enviou uma tacada para
cima da linha de falta da primeira base, e a multidão começou a
aplaudir quando o árbitro determinou que era uma bola justa.
Penelope mastigou felizmente seu cachorro-quente, assistindo
enquanto o corredor na segunda base passou pelo da terceira e
começou a corrida desesperada para pegar o arremesso para a base.
Era um dos melhores momentos para ver em qualquer jogo. O
deslize dramático do corredor, a mão desesperada do apanhador,
então aquele batimento cardíaco de espera antes da decisão do
árbitro de...
Seguro.
Os Mets estavam no placar, e o fã entusiasmado na frente de
Penelope ficou louco, jogando ambas as mãos no ar em excitação.
O único problema?
Uma dessas mãos estava segurando um saco cheio de pipoca.
E de uma forma um pouco atordoada, em câmera lenta, Penelope
se viu coberta de pipoca amanteigada.
— Ah, eu sinto muito! Eu sinto muito!
Suas desculpas eram tão entusiasmadas quanto sua torcida, e
Penelope se viu sorrindo enquanto olhava para o Lançador de
Pipoca.
O coração dela se partiu um pouco com o rosto vermelho dele de
vergonha. Os olhos azuis dele estavam cheios de desespero enquanto
ele olhava para a camiseta dela cheia de manteiga, e Penelope estava
desesperada para fazer ele se sentir melhor.
Ela pegou alguns pedaços de pipoca do colo dela e jogou-os na
boca.
— Que gentil da sua parte compartilhar comigo!
O sorriso dele iluminou todo o seu rosto. Era impossível não sorrir
de volta. O homem tinha cabelo curto e castanho claro, olhos azuis, e
as características distintivas de alguém com síndrome de Down.
Tão imersa estava Penelope no sorriso feliz e aliviado dele, que não
registrou imediatamente que o lançador de pipoca dela não estava
sozinho.
Ou que ela reconhecia o homem com ele.
— Cole?
Ele se virou, a notando com uma expressão que caiu em algum
lugar entre choque, espanto e desconfiança.
— Você conhece o meu irmão? — Lançador de pipoca perguntou
feliz.
Irmão. Esse era o irmão de Cole.
— Penelope e eu trabalhamos juntos, — disse Cole, voltando sua
atenção para o irmão. — Penelope, esse é o Bobby.
— Eu sou o irmão mais velho dele! — Bobby disse, levantando uma
mão para ela apertar.
— Ah, então eu aposto que você sabe todos os segredos dele, hein?
Você pode se tornar meu próximo melhor amigo.
— Cole é o meu melhor amigo, — Bobby respondeu imediatamente.
— Mas você pode ser minha segunda melhor amiga. Depois do Andy.
E Sara. E Joyce. E...
— Tenho a certeza que a Penelope vai adorar estar na longa lista,
amigo, — disse Cole. — Mas talvez devêssemos dar a ela alguns de
nossos guardanapos?
Bobby se virou e procurou no bolso dianteiro de seu moletom e
puxou um punhado de guardanapos. Penelope os pegou, embora
fosse muito tarde para fazer muito mais do que limpar os caroços
restantes. A manteiga já tinha deixado uma mancha oleosa na camisa
e jeans dela.
Bobby tinha se distraído com uma jogada dupla no campo, mas
Cole ainda a observava. O choque tinha desaparecido, e talvez um
pouco espanto, mas ele ainda estava desconfiado. Por que ela estava
atrapalhando seu tempo com o irmão dele?
Espera. Oh Deus. Ele achava que ela o tinha seguido até aqui?
Ela foi um pouco para frente.
— Cole, eu juro, isso é uma coincidência. Eu não tinha ideia que
você viria aqui hoje, e... espera, você não é fã dos Yankees?
— Eu sou, mas...
— Eu sou fã dos Mets, — disse Bobby orgulhosamente.
Penelope assentiu com a cabeça para isso, dando uma mordida no
cachorro-quente negligenciado dela.
— Uma família dividida. Eu adoro esse tipo de drama.
— Você deveria vir aqui e sentar ao nosso lado! — Bobby disse.
— Oh, eu estou...
— Sim, faça isso, — disse Cole. — Não é seguro para você aí atrás.
Ouvi dizer que está nublado, com uma chance de chuvas de pipoca.
Bobby riu e Cole piscou para ela.
— Bem, eu acho que...
Cole estendeu a mão, pegando a cerveja dela do porta-copos e a
colocou na fileira deles.
Por que não?
É melhor que assistir ao jogo sozinha.
Além disso, agora ela sabia que Cole não estava com outra mulher e
ela estava se sentindo um pouco contente.
Havia dois assentos livres. Um do outro lado de Bobby, um do
outro lado de Cole.
Ela escolheu aquele ao lado de Bobby, que parecia absolutamente
encantado por ter alguém para se alegrar com o seu conhecimento
impressionante da história dos Mets.
Penelope estava um pouco preocupada que ela tivesse dificuldade
em não olhar para Cole, mas à medida que o tempo passava, a sua
preocupação evaporou. Bobby era muito, muito charmoso.
Ele tinha uma energia jovem que fazia uma pessoa feliz por estar
viva. Ele também compartilhou suas pipocas restantes. Não podia ser
melhor que isso.
— Você tem uma queda pelo meu irmão? — Bobby perguntou,
depois que Cole comprou sorvetes para todos.
Penelope se inclinou e deu uma mordida no sorvete de chocolate de
Bobby, que era melhor do que a baunilha dela.
— Eu tenho. Um pouco, — ela disse.
Cole olhou para ela com surpresa e ela deu de ombros.
— Vocês vão se casar? — Bobby perguntou. — Então nós podemos
ser melhores amigos e você pode ser minha irmã!
— Bob, — Cole disse numa voz de aviso.
Bobby olhou para ele em confusão.
— O quê?
— Penelope e eu somos apenas amigos, — Cole explicou.
Penelope engoliu em seco, dizendo a si mesma que não doía.
Claro que eles eram apenas amigos. Caramba, foi ela quem
estabeleceu as regras. Várias vezes. E mesmo que fossem mais do
que amigos, ela conseguia entender porque é que ele não queria que
o irmão ficasse com a ideia errada.
Não era como se os três deles fossem começar a fazer uma rotina
de jogos juntos.
Esse último pensamento causou um pouco de arrependimento, e
Penelope franziu a sobrancelha para seu sorvete. O que havia de
errado com ela? Um jogo de beisebol e ela estava pronta para se
inserir na família de Cole?
Ela queria saber se era sempre apenas os dois, ou se os pais às
vezes também vinham. Os pais de Cole viviam em Nova York? Eles
estavam vivos?
Era algo que uma namorada saberia. Caramba, era algo que uma
amiga saberia.
A careta dela se aprofundou quando ela percebeu o quão pouco ela
conhecia o homem com quem às vezes dormia.
Depois de cantar "Take Me Out to the Ball Game" na sétima
entrada, Bobby foi para os banheiros com instruções firmes de que
ele não queria que Cole viesse com ele.
Penelope e Cole ficaram de pé, observando em silêncio
constrangedor, enquanto os funcionários limpavam o campo. Ela
empurrou as mãos para os bolsos de trás de seus jeans, e Cole se
virou para ela de repente.
— Obrigado.
Ela olhou para ele.
— Pelo o quê?
Ele levantou um ombro.
— Por não tornar isso estranho. Por ser… compreensiva.
Estava na ponta da língua de Penelope para protestar que não era
grande coisa - ou pelo menos que não deveria ser. Mas, algo no rosto
de Cole a fez recuar. Como se ele tivesse passado por esse tipo de
interação antes, e não tivesse terminado bem.
Ela tocou seus dedos levemente no cotovelo dele.
— Estou me divertindo muito.
Ele engoliu e olhou para ela antes dos olhos dele voltarem para o
campo.
Esse era um lado diferente do Cole. Um que ela estava, de repente,
desesperada para conhecer. Mas, não era a hora. Ou o lugar. E então,
Bobby estava de volta, e o jogo acabou se transformando no que
acabou sendo uma vitória impressionante para os Mets.
Os três deles saíram de seus assentos e juntaram-se à lenta e lotada
procissão em direção ao portão principal. Bobby conversava
alegremente o tempo todo sobre uma grande festa que eles estavam
fazendo na Casa Grande mais tarde, e como ele ia usar sua nova
camiseta roxa.
Eles estavam a poucos metros da saída quando Cole interrompeu
seu irmão.
— Espera, Bobby, há algo que precisamos fazer antes de irmos
embora.
Tanto Penelope quanto Bobby olharam para ele.
— Olhe para Penelope aqui, — disse Cole. — Não parece estar
faltando algo nela?
Bobby a estudou com precisão antes de levantar um dedo.
— Um boné!
— Muito bem, — Cole disse. — Ela não tem um boné do Mets.
— Diz o cara usando o boné dos Yankees, — Penelope disse.
Ela queria combinar com a brincadeira dele, mas por dentro, o
coração dela estava fazendo coisas estranhas, saltitantes.
Como ele sabia? Não que ela queria um boné, mas que não queria
comprá-lo para ela mesma.
— Você escolhe, — ela disse a Bobby, uma vez que eles estavam
dentro da loja lotada. — Você conhece os Mets melhor do que
ninguém.
— O clássico, — disse Bobby sem hesitar. — Definitivamente
clássico. Você sabe o seu tamanho?
— É claro que eu sei o tamanho do meu boné, — Penelope disse
com uma voz ofendida.
Ela pegou o sorriso de Cole do canto do olho dela.
— Uma mulher que sabe o tamanho do boné, Bob. Não é de se
admirar que a adoremos?
Os olhos dela voaram para Cole, mas ele pareceu não saber o que
ele tinha acabado de dizer, ao invés, ajudou Bobby a procurar através
da massa desorganizada de bonés até que eles encontraram o
tamanho dela.
Ela colocou a mão no bolso para pegar dinheiro que tinha trazido,
mas Cole levantou uma mão.
— De jeito nenhum. Os irmãos Sharpe estão pagando por isso e por
sua conta da lavanderia.
Os olhos dele deslizaram sobre a roupa dela salpicada de manteiga,
e Penelope não achava que era a imaginação dela que os olhos dele
permaneciam em certas partes do corpo.
E, definitivamente, não era a imaginação dela que a loja
anteriormente confortável tinha ficado extremamente quente.
Cole levou o boné dela para o balcão enquanto ela e Bobby
discutiam se estava tudo bem que houvesse camisetas de times cor-
de-rosa. Ela disse não, ele insistiu que sim.
Quando Cole voltou para eles, ele colocou o boné na cabeça dela
antes de curvar as mãos ao redor da aba e aplicar uma leve pressão
na tentativa de se livrar do olhar de "novo boné".
Os olhos dele estavam quentes enquanto travaram nos dela, e ela
sentiu uma sensação muito boa de que se eles estivessem sozinhos,
ele a teria beijado.
E ela sentiu uma sensação muito boa de que o teria beijado de
volta.
— Penelope, você deveria vir conosco para jantar, — disse Bobby,
sem saber da eletricidade cantarolando entre ela e seu irmão.
— Ah, não posso, — disse ela. — Eu tenho que voltar para casa para
que eu possa...
Merda. A única desculpa que ela tinha pronta era alimentar meu
peixe, e não havia como ela dar voz a esse nível de babaquice.
— Bobby tem razão, — Cole disse. — Você deveria vir conosco. Nós
só vamos comer um hambúrguer rápido. Nada extravagante. Bobby
tem que chegar em casa para sua grande festa.
— Hum, bem, se vocês têm certeza que eu não estaria...
— Temos certeza, — o Bobby interrompeu, inclinando-se para a
frente e agarrando a mão dela. — Vamos lá. Estou morrendo de
fome.
Penelope deixou Bobby arrastá-la para frente, mas deu um último
olhar para Cole para ter certeza de que estava tudo bem.
Mas, ele obviamente não esperava que ela olhasse para trás, porque
a expressão dele estava tão aberta e vulnerável quanto ela já tinha
visto.
Ela só queria saber o que ele estava sentindo.
Inferno, neste caso...
Ela não se importaria em saber o que ela estava sentindo.
Capítulo 18
Foi uma coisa estranha, sentir ciúmes do irmão. Cole não estava
acostumado com isso.
Protetor? Sim.
Adorador? Definitivamente.
Divertido? Sempre. Bobby era uma das pessoas mais engraçadas
que ele conhecia.
Mas, ciumento? Não era realmente uma parte do relacionamento
deles. Até agora.
Cole observou enquanto Penelope e seu irmão andavam à frente
dele, de mãos dadas, brigando como um casal de velhos casados
sobre se as batatas fritas regulares ou as fritas de batatas doce doces
tinham sido melhores no restaurante.
As fritas de batata doce tinham sido de longe as melhores, mas
dizer isso significaria concordar com Penelope, que nem uma vez
olhou para ele na longa caminhada até a casa de repouso para
adultos onde Bobby morava.
E mesmo assim, apesar do fato de que a mulher com quem ele
estava dormindo estava mal olhando para ele, Cole estava amando
pra caralho cada minuto disso.
Ele não conseguia se lembrar de um dia em que ele sentiu completo
assim. Nunca.
Ele acelerou seu ritmo para alcançá-los e Penelope lhe deu um
sorriso tão genuíno e feliz, que ele queria pegar a outra mão dela.
Em vez disso, ele enfiou as mãos nos bolsos.
O céu ainda estava nublado, mas até agora não tinha chovido, e o
final da tarde estava quente para a estação, deixando o tempo
agradável para a caminhada da estação de metrô de volta a casa de
Bobby no Lower East Side.
Alguns minutos depois, eles estavam na frente da casa de grupo de
Bobby.
Cole, normalmente, odiava essa parte. Odiava a sensação de vazio
depois que Bobby voltava alegremente para o que ele e seus amigos
tinham planejado para a noite, deixando Cole se sentindo um pouco
oco.
Mas, esta noite foi diferente. Hoje à noite, quando Bobby subisse as
escadas e desse um último tchau antes de desaparecer do lado de
dentro, Cole não seria deixado sozinho.
— Foi um prazer conhecê-la, Penelope, — disse Bobby.
— Você também.
— E me desculpe pelas pipocas.
Ela acenou com a mão para isso. — Não se preocupe.
Bobby assentiu com a cabeça e sorriu.
— Eu te vejo em breve?
O coração de Cole partiu um pouco na doce ignorância por trás da
pergunta de Bobby, e ele abriu a boca para salvar Penelope de ter que
responder, mas ela o venceu.
— Eu iria gostar disso.
Cole olhou para ela fortemente, procurando a mentira por trás de
suas palavras, mas viu apenas a genuinidade habitual de Penelope.
Bobby sorriu feliz e abraçou uma Penelope surpresa antes de se
voltar para Cole.
Cole abraçou seu irmão, sentindo a habitual combinação de amor e
culpa que acontecia sempre que se despediam.
— Eu te vejo em breve, ok, Bobbo? — Ele disse calmamente.
— Eu sei, — Bobby disse, batendo as costas de Cole duas vezes e se
afastando. — Mas, agora eu tenho que ir à minha festa.
Cole sorriu e permitiu que seu irmão se afastasse. O rosto de Bobby
estava em conflito.
— Você pode vir à festa se quiser, Cole. Eles vão deixar.
— Nah, pode ir, — Cole disse. — Eu tenho coisas para fazer.
— Como sair com a Penelope?
Cole olhou para a pequena morena ao lado dele. O rosto dela estava
inclinado para cima para que ele pudesse ver abaixo da aba do boné
dela, e ela balançou as sobrancelhas, brincando. Ela também ficou
completamente tranquila com os respingos de manteiga em sua
camisa e jeans.
— Sim, — ele se ouviu dizer ao irmão. — Eu vou sair com a
Penelope.
Ele observou enquanto o irmão subiu os degraus, se virando
enquanto ele abria a porta da frente e dando um último tchau feliz
antes de desaparecer.
Penelope começou a virar as costas, mas Cole levantou um dedo
para ela esperar. Um momento depois, a porta se abriu novamente, e
uma mulher de aparência amigável com cabelos pretos curtos
colocou sua cabeça para fora e deu a Cole um tchauzinho.
— Os moradores devem se registrar na entrada e na saída sempre
que saem. Bobby sempre esquece isso, mas ele odeia quando eu o
trato igual bebê, levando-o para dentro. Gloria sempre olha por ele.
Ela acenou com a cabeça em compreensão.
— Há quanto tempo ele mora aqui?
— Desde que eu tinha vinte e cinco anos. Depois da faculdade ele
tentou morar comigo, mas isso... ele ficava entediado quando eu
estava no trabalho. Ele odeia estar sozinho. Eu odiei ter que colocá-lo
em uma casa de repouso, mas...
— Você está brincando? — Penelope disse quando eles começaram
a andar. — Ele claramente adora isso.
— Sim. — Ele engoliu. — Obrigado por dizer isso.
— Isso não é da minha conta, mas seus pais são presentes?
— Ambos morreram há alguns anos, — ele respondeu calmamente.
— Meus pêsames.
Ele assentiu com a cabeça.
— Honestamente, mesmo que eles estivessem por perto, eu não sei
se as coisas seriam diferentes. Eles amavam Bobby, mas se
alternavam entre tratá-lo como um fardo e uma criança. Ele não teria
sido feliz vivendo com eles, e a casa em que ele está agora é cara...
— Você paga por isso? Tudo por conta própria?
Ele sorriu.
— Você parece impressionada agora, mas espere até ver que meu
apartamento não tem uma parede separando o quarto da sala de
estar ou a sala de estar da cozinha...
— Cole, o fato de você sacrificar o seu próprio conforto pelo do seu
irmão te torna mais atraente. Não menos.
Ele agarrou a mão dela e a puxou para enfrentá-lo.
— É por isso que você tem uma queda por mim?
— Ah… — Ela inclinou a cabeça para baixo, o boné dela escondendo
o rosto, e ele a puxou para mais perto.
— Pen. — Ele manteve a voz dele leve, provocando, mas ele estava
estranhamente ansioso para que ela confirmasse que o que ela disse
ao irmão dele era verdade.
Ela inclinou o rosto para cima para olhar para ele.
— Você sabe que é ridiculamente charmoso.
Ele sorriu.
— Você parece rabugenta sobre isso.
— Vamos apenas dizer que eu não estou exatamente amando o fato
de que eu estou prestes a me juntar ao fã-clube de Cole Sharpe.
— Resistir é inútil, — ele disse. Ele começou a abaixar a cabeça para
beijá-la, só para perceber que beijar com bonés de beisebol em uma
calçada cheia de gente era logisticamente irritante.
Ele se endireitou, com os olhos fixos nos dela.
— Que dia é hoje?
— Domingo.
Cole traçou um dedo ao longo da bochecha dela.
— Que é no fim de semana.
Ela sorriu, e o dedo dele caiu para baixo para traçar a boca dela.
— É, — ela respondeu.
Ele engoliu em seco, preparando-se para correr um risco que não
corria há muito, muito tempo.
— Minha casa fica a trinta minutos ao norte daqui.
Ela hesitou, e o coração dele afundou. Ela não poderia saber, é
claro, que ela era a primeira mulher que ele convidou para ir ao seu
estúdio em anos. Não podia saber o quão incomum era ele querer
que ela visse a casa dela. Que o conhecesse por completo.
Mas machucou, mesmo assim.
Eu não quero um namorado.
De repente, a declaração enfática e repetida dela estava começando
a parecer muito mais com eu não quero você.
— O problema é que, Cole... tenho certeza que cheiro a manteiga.
Ele piscou para ela.
— Manteiga?
Ela olhou para baixo.
— É difícil o bastante para mim me sentir sexy em um bom dia,
mas quando eu cheiro como um cinema...
Cole estava dividido entre o alívio de que ela não o estava
rejeitando e a raiva agora familiar pela falta de autoestima dela
quando se tratava de seu apelo. Mas, não pareceu certo trazer isso à
tona - não aqui.
— Tenho boas notícias para você, — disse ele. Cole levantou a mão
dela para os lábios, e antes que ele percebesse o que estava fazendo,
tinha pressionado um beijo na parte de trás da mão dela.
— E qual é? — Ela perguntou cautelosamente.
— A boa notícia, minha querida, é que eu gosto do sabor de pipoca,
quase tanto quanto gosto do seu sabor.
O hálito dela se prendeu um pouco, e ele sabia que a tinha.
— Vamos para a minha casa?
Seus olhos escuros e largos ficaram nebulosos.
— Ok.
Cole cedeu à tentação então. Esqueceu toda essa coisa de beijar-de-
boné-é-estranho.
Ele inclinou a cabeça e a beijou, e então foi demorado. E se
esforçou muito para ignorar o súbito e proibido pensamento que ele
desejava que todos os dias pudessem ser exatamente como esse.
Capítulo 19
A caminhada da vergonha na manhã seguinte foi uma coisa nova
para Penelope, mas felizmente, ela não precisou fazer isso sozinha.
Cole não quis ouvir nada sobre ela ir para casa sozinha, e como ela
se recusou a pegar um táxi para o que parecia ser uma linda manhã
de segunda-feira de verão, ele a levou de volta a casa dela.
— Eu não sei como eu deixei você me convencer a esse despertar as
cinco da manhã, — Cole resmungou enquanto segurava a porta do
Starbucks aberta para ela.
Ela saiu para a calçada e tomou um gole de café com leite.
— Você sabe exatamente porque estamos fazendo isso. Eu preciso
chegar em casa a tempo de tomar banho antes do trabalho, e alguém
se recusou a me deixar ir para casa ontem à noite.
— Pequena, o dia em que eu, voluntariamente, deixar uma mulher
nua sair do meu apartamento depois de um boquete de primeira
classe é o dia em que você deveria simplesmente me eutanasiar.
Penelope começou a dizer a si mesma para não corar com a
memória de ontem à noite, apenas para perceber que... ela não
sentiu que ia corar. Ela sentiu... vontade de fazer tudo de novo.
Muitas vezes.
No fim de semana seguinte, disse a si própria. Você pode fazer isso
no próximo fim de semana.
Embora, verdade seja dita, o seu plano tão inteligente de só fazer
sexo nos fins de semana estava começando a parecer um pouco bobo.
O que haveria de tão errado em fazer isso regularmente? Os jogos
de beisebol, seguidos de jantares regados de conversas. Seguido de
sexo, carícias e conversas longas durante a noite.
Seguido por idas ao Starbucks e...
De mãos dadas.
Cole casualmente pegou a mão dela enquanto eles começaram a
caminhada pelo Central Park em direção a sua casa. Ela olhou para
ele e ele deu uma piscadela.
Ela pode se apaixonar por esse homem. Ela podia se apaixonar
tanto por ele.
— Você está com a sua cara de quem está pensando, pequena.
— Você faz isso parecer uma ocasião rara, — ela disse.
— Vamos apenas dizer que eu gosto mais da sua cara sexy. Ou a de
quando está assistindo algum esporte, a que você morde o lábio
quando a pontuação se aproxima. Ou basicamente, qualquer uma
que não vai acabar com você me dizendo que não podemos fazer sexo
novamente por cinco dias.
E isso, ali mesmo, era o problema.
Para Cole, isso era tudo sobre sexo.
Claro, ele gostava dela. Ela não duvidava disso. Mas, quando ela
quebrar a regra deles e se apaixonar por ele, seria um desastre.
Se, ela se corrigiu mentalmente. Se ela fizesse isso.
— Cole...
Ele suspirou.
— Não faça isso, Pequena. Vamos apenas caminhar tranquilamente
e desfrutar da raridade de ter o Central Park só para nós.
Eles não tinham só para eles mesmos. Havia um punhado de
corredores. Um casal de idosos. Mas, a maior parte do parque estava
deserto, e lindo, com nada mais que o sol nascente e as árvores
florescentes, e...
Julie Greene?
Uma mulher magra e loira adornada em roupa de corrida azul
esverdeada parou em frente a eles, um pouco sem fôlego.
Sim. Era definitivamente Julie da equipe de Stiletto.
— Cole? Penelope?
Julie olhou entre os dois em confusão. Então, ela deu a Penelope
uma olhada sutil uma vez, e a confusão dela se transformou em um
sorriso lento e astuto, sem dúvida fazendo a suposição de que a
camiseta que Penelope estava vestindo era de Cole.
Uma suposição que seria correta.
O marido de Julie dobrou uma esquina, pausou um pouco quando
os viu, então veio para ficar ao lado de Julie.
— Ainda bem que você conseguiu me acompanhar, querido, —
Julie disse, estendendo a mão e dando palmadinhas na bunda dele.
Mitchell deu um olhar para ela antes de estender a mão e apertar a
de Cole em saudação.
— Você deu uma volta a mais que ela, né? — Cole perguntou,
inclinando o queixo para Julie.
Mitchell deu um leve sorriso que suavizou seus traços mais duros.
— Um cavalheiro nunca conta.
Ele não precisava. O fato de que Julie estava com a cara vermelha e
ofegante, enquanto o marido parecia que ele poderia correr para a
Califórnia sem suar, dizia tudo.
Julie abanou um dedo entre Cole e Penelope.
— Então, o cabelo bagunçado de Penelope me diz o que vocês
estavam fazendo ontem à noite, mas o que diabos estão fazendo esta
manhã?
— Algumas pessoas gostam de acordar cedo, — disse Mitchell à
esposa.
— Ninguém gosta de acordar cedo, Mitchell, — Julie respondeu. —
Ninguém com alma.
— Eu estou levando Penelope de volta a casa dela, — Cole disse,
como se fosse a coisa mais natural do mundo ele acompanhá-la de
sua casa até a dela na madrugada. — Ela recusou-se a pegar um táxi.
Algo sobre ar fresco e sol, blá blá blá.
Mitchell acenou para Penelope aprovando e Julie revirou os olhos.
Penelope finalmente conseguiu desgrudar a língua do céu da boca.
— Cole e eu estávamos apenas… nós às vezes só... nós...
— Estamos tendo um sexo fantástico, — completou Cole para ela.
— Cole!
— O quê, como se eles não soubessem? — Cole disse, apontando
seu copo de café para Julie e Mitchell.
E para provar isso, Julie estava sorrindo feliz, e Mitchell deu uma
pequena piscada para ela.
— Não é nada sério, — Penelope se ouviu dizer.
— Definitivamente não, — Cole disse de acordo.
— Claro que não é, — Julie disse calmamente. — Mitchell e eu
também não éramos nada sério.
Então, ela não tão sutilmente levantou a mão esquerda e coçou o
nariz, fazendo com que o diamante no quarto dedo dela pegasse a
luz.
Cole estreitou os olhos ligeiramente.
— Bem, Jules, eu preciso levar Penelope para casa, então vamos
deixar você na sua caminhada rápida, ok?
— Eu estava correndo, — Julie disse.
— Você estava, amor? — Mitchell perguntou. — Você estava
mesmo?
Julie bufou e virou para Penelope.
— Mitchell aqui é uma aberração. Eu o acompanho às vezes,
porque ele me compra um donut depois.
— Eu te compro um donut mesmo quando você não vem, —
Mitchell disse.
Julie deu um tapinha no quadril.
— E é exatamente por isso que eu preciso correr um pouco.
Queimar calorias, etc. De qualquer forma, Penelope, devíamos ir
almoçar mais tarde. Se você não tiver planos?
— Eu gostaria disso, — disse Penelope.
— Cuidado, Pen. Ela quer te interrogar sobre o tamanho do meu
pau, — disse Cole.
Penelope encontrou os olhos de Julie e balançou as sobrancelhas.
— Você está livre mais tarde hoje? Muita coisa para falar.
Mitchell e Julie riram, e Penelope olhou para cima para ver Cole a
encarando. Ele não estava bem sorrindo, mas os olhos dele estavam
quentes.
O que deixou ela quente.
Tudo isso estava ficando muito inconveniente.
Mitchell tinha a mão dele nas costas de Julie, empurrando-a para
frente.
— Vamos deixar vocês irem embora. Vamos, Jules. Ainda temos
seis quilômetros para percorrer.
A boca de Julie abriu.
— Nós não temos. Você prometeu que íamos correr apenas oito
quilômetros no total.
— Nós vamos, — Mitchell explicou pacientemente. — Você só
correu dois até agora, então...
— Dois quilômetros! Foi só isso que corri? Eu me casei com um
monstro!
— Até logo, Jules, — Cole falou por cima do ombro.
— Se eu estiver viva, — ela gritou de volta. Então, ela se apressou
em uma corrida relutante, amaldiçoando seu marido em
xingamentos silenciosos e sinceros.
— Eu gosto dela, — Penelope disse, vendo Mitchell e Julie se
afastarem.
Cole assentiu com a cabeça. — Eu também.
— Você acha que ela vai contar para todo mundo sobre, sabe... nós?
— Ah, definitivamente, — ele disse, tomando um gole do café dele
enquanto eles continuaram caminhando.
— Você não parece se importar.
— Por que eu me importaria? Somos dois adultos saudáveis que
fazem sexo casual e consensual. Eu não consigo pensar em uma
única razão pela qual isso deveria ser um segredo.
— Você faz isso parecer tão fácil, — ela murmurou.
Ele olhou para ela.
— Não é? O que eu não estou vendo que torna isso tudo mais
complicado?
Ah, nada. Apenas o pequeno e insignificante fato de que eu acho
que estou me apaixonando por você.
Mas, ela não podia. Ela prometeu.
Não apenas para ele, mas para si mesma. Não mais amar homens
que não te amam de volta.
Ela tratou o coração dela com descuidado uma vez, e o maldito
órgão ainda parecia que tinha um buraco.
Nunca mais.
Se ela e Cole iriam fazer isso, eles cumpriram as regras. Colegas
durante a semana, sexo nos fins de semana, se quisessem.
E ela definitivamente queria.
Seria o suficiente. Tinha que ser.
Mas, então, ele pegou a mão dela novamente e lançou uma nova
ideia que ele tinha para um artigo sobre os melhores recrutas do
futebol universitário, e Penelope decidiu dar-se o resto da caminhada
para casa para fingir que poderia ser assim todos os dias.
Foram os dez minutos mais felizes da sua vida.
Capítulo 20
Depois de procurar em sua bolsa sem encontrar nada parecido com
um batom, Penelope despejou todo conteúdo em sua mesa.
Certeza que ela tinha um batom aqui. Qualquer um serve.
Claro, mesmo que houvesse um tubo de batom misturado com os
absorventes íntimos e canetas e um sortimento sempre crescente de
ingressos para vários eventos esportivos de Nova York, não havia
garantia de que não tivesse expirado.
Batom expirava? Eram coisas assim que Penelope nunca tinha
pensado em descobrir. Na maioria das vezes, ela nem pensou em
colocar batom, muito menos sabia onde ele estava.
As outras mulheres de Cole Sharpe, provavelmente, sabiam como
usar batom. Veja, por exemplo, aquela loira linda com a língua na
boca de Cole, a quem ela tinha visto não muito tempo atrás...
Penelope afastou o pensamento. Era segunda-feira. Por hoje, e nos
quatro dias seguintes, Cole Sharpe era seu colega. Ele podia beijar
quem quisesse.
E se essa pessoa não fosse ela, ela seria quebrada em um milhão de
pedaços.
— Não, — Penelope murmurou para si mesma. — Você é uma
mulher forte e independente. Você não precisa de um homem para
completá-la. Você não precisa de batom para ser uma pessoa melhor.
O que foi uma coisa boa. Não havia batom em lugar nenhum nessa
confusão de coisas. Ela teria que ir almoçar com Julie Greene como
estava.
Pelo menos ela estava usando um vestido hoje.
Era um dos poucos que ela possuía, mas depois da festa de pijama
no Cole na última noite que envolveu, bem, não muito sono, ela
estava se sentindo feminina e bonita.
O vestido suéter verde claro tinha chamado por ela.
Saltos altos, por outro lado, não tinham, mas suas confortáveis
sapatilhas amarelas trabalhavam com o vestido. Pelo menos, ela
achava que sim...
O celular da Penelope tocou quando ela estava prestes a colocar
tudo de volta na bolsa. Ela o pegou.
— Ei, irmãzinha.
Janie fez um barulho de bufo do outro lado da linha.
— Finalmente. Eu tenho tentado entrar em contato com você por
mais de uma semana.
Penelope sentiu uma facada de culpa.
— Eu sei, sinto muito. O trabalho tem sido uma loucura, e a mamãe
monopoliza todo o tempo de telefone que eu tenho. E papai. Você
sabia que ele está começando a pescar? Podemos vetar isso, por
favor?
— Estou trabalhando nisso, — Janie disse. — Mas, por que eu tenho
a sensação de que você está tentando mudar de assunto? Eu estava
esperando que houvesse uma razão mais interessante para você não
ter me ligado de volta. Talvez alguém alto, moreno e bonito...
Alto, loiro e bonito, na verdade.
As palavras não saíram. Se ela ia contar a alguém sobre a coisa
estranha que está acontecendo entre ela e Cole, deveria ser para
Janie. Mas, a irmã dela faria perguntas para as quais Penelope não
sabia as respostas.
Ou pior, perguntas para as quais ela sabia as respostas, mas não
estava pronta para dizer em voz alta. Ou na cabeça dela. Ou de
maneira alguma.
— O novo emprego tem sido uma loucura, — repetiu Penelope.
Não é uma mentira. Mesmo com Cole como coeditor, o mundo
acelerado de Oxford foi mais do que suficiente para mantê-la
ocupada.
— Me diga que você está amando, — exigiu Janie. — É a única
maneira que eu vou te deixar ficar em Nova York ao invés de te
incitar a levar sua bunda pequena e sem celulite de volta para
Chicago, onde ela pertence.
— Eu estou amando, — Penelope disse, enquanto se sentava na
cadeira dela. Uma rápida olhada no relógio disse que ela tinha alguns
minutos antes de ir almoçar com Julie. — Nova York é... louca. Mas,
é uma loucura boa.
— Bem, é bom ouvir isso, — Janie disse. — Mas, por favor, por
favor, me diga que você reservou seu voo para 4 de julho. Você sabe
que eu não sou párea para o excesso de indulgência da mãe com a
coloração vermelha, branca e azul sem você.
— Sim, ia fazer isso hoje, — Penelope disse, puxando um post-it
para ela e escrevendo Reservar o voo para casa.
Não que ela não estivesse ansiosa para ver sua família em julho. Ela
sentia a falta deles pra caramba. Era só que...
Estranhamente, Chicago não parecia um lar como ela pensou que
seria nesta fase.
Era como se Nova York tivesse afundado seus dentes nela muito
devagar e sutilmente.
O celular dela emitiu um bipe e Penelope suspirou.
— Ok, não há como a mamãe não ter algum tipo de radar para
quando estamos falando ao telefone.
Ela tirou o telefone do ouvido para checar o identificador de
chamadas e congelou.
Não era a mãe dela. Ou o pai dela.
Era Evan.
O que fazer?
O cérebro dela estava gritando para ela ignorar a ligação. Para
mandá-lo direto para a caixa postal.
Seu coração, por outro lado...
— Janie, tenho que desligar. Eu te ligo de volta esta tarde, prometo.
A irmã dela ficou em silêncio por um momento.
— Claro, tudo bem, mas... você está bem?
Não. Nem de perto. Não me deixe fazer isso.
— Sim, totalmente. Falo com você em breve.
Ela trocou para a outra chamada antes que a irmã percebesse o fato
de que o batimento cardíaco de Penelope estava em sobrecarga.
— Alô?
— Agora essa é uma voz que não ouço há muito tempo, — disse a
voz rouca do outro lado da linha.
Ela sempre adorou a voz de Evan Barstow. Era uma pena que sua
primeira paixão fosse escrever sobre esportes, porque ele tinha uma
voz de rádio incrível.
— Oi, Evan.
— Como vai, gata?
Ela engoliu em seco. Ele parecia tão... casual. Como se da última
vez que eles se falaram, ela não estivesse lutando contra as lágrimas,
já que ele tinha dado um golpe duplo de Eu roubei seu emprego, e
Ah, a propósito, aquele beijo que você tentou plantar em mim foi
estranho, porque eu estou vendo alguém.
— Estou bem. — Ela limpou a garganta. — Estou ótima.
Pronto, assim era melhor. Menos patético.
— Como o mundo freelancer de Nova York está te tratando?
— Na verdade, não estou mais fazendo isso. Eu aceitei outro
emprego, com a revista Oxford.
Ele pausou.
— A revista masculina?
— Sim. — A revista massiva, de nome familiar, ela
silenciosamente acrescentou.
— Uau, isso é incrível pra caralho. Embora eles não tenham muito
em esportes, se bem me lembro. Algumas páginas. Você está fazendo
resenhas de colônias agora ou algo assim?
Ele riu de sua própria piada, e a mandíbula dela flexionou. Ele
sempre foi um idiota?
— Na verdade, eles decidiram recentemente revisar e expandir sua
seção de esportes, e me trouxeram para supervisionar o projeto.
Foi apenas uma verdade parcial, já que tecnicamente ela dividia o
trabalho, mas não se sentiu muito mal com a semi-mentira.
— Como vão as coisas com você? — Ela perguntou.
— Boa. Estão muito boas. Ocupado, e é por isso que estou ligando,
preciso de um favor.
Qualquer esperança de que ele pudesse estar ligando para pedir
desculpas saiu pela janela. É claro que ele precisava de alguma coisa.
Ela não disse nada, mas ele não pareceu notar.
— Sportiva está querendo se expandir para Nova York, e eles estão
me mandando para aí para fazer uma espécie de sessão inicial de
reconhecimento. Conhecendo você, você provavelmente fez uma
tonelada de pesquisa sobre a cena esportiva de Nova York antes de se
mudar para...
O que você bem sabe já que roubou a última pesquisa que fiz.
— Estava pensando em te levar para jantar. Saber a sua opinião.
Penelope queria dizer não. Queria dizer a ele para ir para o inferno.
E mesmo assim, parecia… mesquinho.
Além disso, ela queria provar - especialmente para ela mesma - que
já tinha superado Evan Barstow, e a única maneira de fazer isso...
— Quando você está vindo? — Perguntou ela relutantemente.
— Sexta-feira, na verdade.
Ela piscou rapidamente.
— Essa sexta-feira?
— Eu sei que é de última hora, mas pensei, por que esperar, e…
— Você vem sozinho?
Houve uma breve pausa, e Penelope fechou os olhos com a
pergunta que a traiu.
— Quero dizer, Caleb ou qualquer um vem com você ou...
— Ah. — Ele limpou a garganta. — Não, só eu. Estou me
acostumando com meu tempo sozinho agora que estou solteiro de
novo.
Buum. Aí estava.
Evan Barstow estava solteiro. E vindo para Nova York. E queria vê-
la.
E...
Ela não se importava.
Ela se importava?
— Bem, seria bom te ver, — ela disse. — Talvez pudéssemos jantar
na sexta-feira, quando você chegar?
— Absolutamente, — ele disse. Ela não achava que estava
imaginando o alívio na voz dele, e isso a aqueceu um pouco ao pensar
que ele poderia estar nervoso em ligar para ela.
— Olhe, eu tenho que ir. Tenho uma reunião no almoço, mas me
mande uma mensagem com os detalhes do seu voo, está bem?
— Absolutamente, vou mandar. E Penelope...
Ela ficou calada.
— Estou realmente ansioso para te ver.
Ela apertou os olhos e murmurou um adeus envergonhado antes de
desligar o telefone.
Penelope pegou sua bolsa para ir ao encontro de Julie no saguão,
quando de repente ela parou.
Evan estava voando na sexta-feira.
Ele ficaria aqui todo o fim de semana.
Exceto que os dias de fim de semana eram o tempo dela e do Cole,
o que significava...
Ela não sabia o que significava.
— Fantástico, — ela murmurou para si mesma. — Muito bem, Pope.
Como foi que ela passou de um estado crônico de ausência de
homens para, de repente, ter dois para enfrentar?
Um minuto depois, Penelope estava escaneando o saguão em busca
de Julie, quando a inspiração chegou.
Julie... ela definitivamente saberia o que fazer.
— Uou, — Julie disse, levantando a mão enquanto Penelope parou
na frente dela. — Podemos falar sobre sua careta por um segundo?
— Desculpa, — Penelope disse com um sorriso tímido.
— Não peça desculpas. Me conte tudo, — Julie disse, passando o
braço dela pelo de Penelope e puxando-a para a porta. — Eu conheço
essa careta. É sobre um homem. E considerando que eu te vi usando
a camiseta de Cole Sharpe às cinco e meia da manhã...
— Hum...
— Guarde esse pensamento até estarmos sentadas, — disse Julie.
Penelope deixou Julie levá-la a um restaurante italiano próximo, e
fiel à sua palavra, Julie esperou até que eles estivessem sentadas e
bebendo chá gelado antes de atacar.
— Mitchell me deu ordens explícitas para não incomodar você
sobre isso, mas como eu nunca ouço meu marido, tenho que
perguntar... o que está acontecendo com você e o delicioso Cole?
Você vai ter os bebês dele? Posso ser madrinha? Ou, pelo menos, ir
ao casamento?
Penelope procurou no rosto de Julie qualquer sinal de
incredulidade. Qualquer indício de descrença de que alguém como
Cole estaria interessado em alguém como Penelope.
Em vez disso, ela viu apenas a curiosidade feminina.
— Vamos lá, Pen, — disse Julie, pegando um pedaço de pão. — Eu
sou uma velha mulher casada. Me dê algo suculento para trabalhar.
— Uhum, — Penelope disse secamente. — Você esquece que eu vi
você e Mitchell juntos. Vocês dois lançam fogos de artifício toda vez
que entram em contato.
Julie mergulhou o pão dela em azeite de oliva antes de colocá-lo na
boca e mastigar alegremente.
— É um fardo que eu devo carregar, sendo casada com um homem
lindo que eu amo.
O garçom veio e as duas mulheres optaram pelo ravióli de
cogumelos especial com molho de manteiga de trufas, porque, como
Julie apontou, a única coisa melhor que as trufas era manteiga, e
vice-versa.
— Ok, — disse Penelope, respirando fundo quando elas estavam
sozinhas novamente. — Você quer saber o que está acontecendo
entre mim e Cole.
— Eu quero, — Julie disse claramente. — Mas, só se você quiser
compartilhar. Se for privado, apenas diga e eu nunca mais vou falar
outra palavra sobre isso.
Penelope apreciou que Julie estava dando uma saída para ela, e
estava a ponto de aceitar isso... mas, então, ela se surpreendeu.
Porque, de repente, ela queria falar sobre isso. Queria falar sobre
como ele a fazia rir, como era bom o sexo e como ele era doce com o
irmão...
O sorriso de Julie era lento e feliz.
— Você gosta dele.
Penelope suspirou.
— Tenho certeza de que é impossível não gostar dele.
Julie acenou simpaticamente.
— Cole sempre foi um desses caras. Eu duvido que ele consiga
entrar no metrô sem que alguém se apaixone por ele. Lincoln
também.
Penelope assentiu com a cabeça, embora, por mais que ela gostasse
de Lincoln Mathis, com o lindo sorriso e tudo, ela não teve
problemas em evitar se apaixonar por ele.
Por Cole, no entanto...
— Viu, esse meio que é o meu problema, — disse Penelope,
mexendo no guardanapo. — Todo mundo se apaixona por Cole. Eu
não duvido disso. Mas, hum, veja, ninguém se apaixona por mim.
— Penelope! — A voz de Julie ficou meio chocada, meio a
repreendendo.
— Eu sei, eu sei. Acredite ou não, eu me ouço. Eu ouço a coisa
patética, de pobrezinha, que eu disse, e não me orgulho disso. É só
que...
Penelope parou de falar e Julie esticou a mão pela mesa e tocou
suavemente as costas da mão dela.
— Querida, isso tem a ver com aquele cara? Aquele idiota que
roubou seu emprego?
Penelope gemeu.
— Ele está vindo para Nova York. E juro pela minha vida, eu não
sei se eu deveria evitá-lo, ou agir com calma, ou fazer uma
repaginada para mostrar a ele o que ele está perdendo, ou se eu
deveria dizer a ele, ou...
Julie franziu os lábios.
— Ok. Ok, vamos resolver isso. Quanto tempo nós temos?
Penelope sorriu para o uso que Julie fez de nós. A mulher mal a
conhecia, e já estava tratando Penelope como uma velha amiga.
— Essa semana. Ele chega na sexta-feira.
Julie assobiou, só que não foi um barulho muito bom e saiu como
uma respiração estranha.
— Isso não nos dá muito tempo para um plano.
— Nem me fale sobre isso, — Penelope disse, pegando um pedaço
de pão.
— Ok, bem, me deixa te perguntar isso, — Julie disse
hesitantemente. — Você já… superou ele? De verdade.
Penelope pausou na mastigação.
— Eu não tenho ideia. Nenhuma maldita ideia. Eu sei que eu
deveria ter superado. Eu sei que só um tolo não teria feito isso. Mas...
— Mas, o coração às vezes é tolo, — Julie disse. — Eu entendo. Eu
entendo totalmente.
— Então... alguma ideia? — Penelope perguntou com um sorriso.
Julie ficou quieta por vários momentos, um olhar especulativo no
rosto dela enquanto tocava os dedos na mesa.
— Sim, sim, na verdade. Só uma ideia, mas é muito, muito boa.
Capítulo 21
Mais tarde naquela tarde, Cole bateu na porta do Cassidy.
— Chefe. Você queria me ver?
Cassidy olhou do computador dele. — Sim. Cole, entre.
Cole entrou no escritório, plantando-se na cadeira em frente a
Cassidy, como ele tinha feito dezenas de vezes no passado.
— O que houve?
Cassidy se inclinou para trás em sua cadeira.
— Só queria ver como as coisas estão indo. Acho que falo menos
com você desde que se tornou meu empregado do que quando era
freelancer.
— Isso é porque você explora seus funcionários, — disse Cole. — Eu
mal tenho tempo para comer.
— Humm, — disse Cassidy, dobrando as mãos, apoiando-as contra
os lábios e olhando para Cole. — E ainda assim você encontra tempo
para fazer sexo com sua coeditora.
Merda.
— Ahhhn...
Cassidy deu uma risada rara.
— Quem me dera ter uma câmera. Acredito que esta é a primeira
vez que te vejo sem palavras.
— Como é que descobriu tão depressa? — Cole disse, incapaz de
manter o tom um pouco envergonhado fora da voz dele. Como ele
disse a Pen essa manhã, ele não tinha vergonha de dormir com ela,
mas ele não amava o fato de que o chefe deles sabia disso.
— Por favor. Todos sabiam cerca de trinta segundos depois que
Julie voltou da corrida, — Jake Malone disse da porta.
Cole calculou mentalmente o quão dolorosamente lento era o ritmo
de corrida de Julie Greene.
— Então, meio-dia? — Ele perguntou.
Jake entrou no escritório e mergulhou na cadeira ao lado de Cole.
Era uma cena familiar. Quantas vezes ele e Jake se sentaram neste
exato lugar, falando merda para Cassidy sobre qualquer coisa e tudo?
Mas, desta vez, não foi Cassidy que ficou ouvindo a merda. A julgar
pelos sorrisos em ambos os rostos de seus amigos, eles estavam se
preparando para tornar a vida de Cole miserável.
E não apenas eles.
Um estranho barulho de roda soava do corredor, e Cole se mexeu
para ver Lincoln entrar no escritório de Cassidy enquanto ainda
estava sentado em sua cadeira de escritório.
— Sério, cara? — Jake perguntou. — Você veio se empurrando até
aqui? Ninguém faz isso depois dos oito anos de idade no dia de levar
seu filho para o trabalho.
Lincoln encolheu os ombros enquanto mexia os pés, se
empurrando para frente até que sua cadeira estava do outro lado de
Cole. — O quê? Cassidy só tem duas cadeiras, então eu trouxe a
minha própria.
— Para quê? — Cole perguntou. — Terapia de grupo? Por que tenho
a sensação de que isso não tem a ver com o meu trabalho na revista?
— Porque isso seria tedioso, — disse Lincoln.
Cole olhou para a direita e deu uma olhada em Lincoln.
— Cara, você está usando uma gravata rosa?
Lincoln olhou para baixo. — Eu fico bem com ela. Você sabe que
sim.
Cole revirou os olhos. Lincoln meio que ficava. Quando você é
parecido com o Super-Homem, você pode se safar usando
praticamente qualquer coisa que quisesse.
— Então, você está dormindo com Penelope, — Jake disse numa
voz suave e terapeuta.
Cole olhou ao redor.
— Todo mundo sabe, né?
— Definitivamente, — Lincoln disse. — Eu diria que se tornou
conhecimento público que você queria ela na hora em que você quase
arrancou minha cabeça por beijá-la...
— Não, antes disso, — Cassidy se intrometeu. — Ele,
definitivamente, queria dormir com ela naquela primeira noite em
que a viu no jogo dos Yankees. Ele só não sabia disso ainda.
Cole se encostou em sua cadeira, e abanou os dedos em um
movimento que dizia Vá em frente.
— Continuem mandando isso, toda coisa boa. Muito útil para saber
com quem eu quero dormir, e quando.
— Lincoln, feche a porta, — Cassidy disse.
Lincoln rolou para trás, ainda se recusando a sair da cadeira.
— Eu não consigo imaginar porque Penelope me escolheu em vez
de você, — Cole murmurou. — Você é tão maduro.
Cassidy limpou a garganta.
— Nosso garoto Cole aqui nos colocou em uma posição estranha ao
dormir com uma das nossas colegas. E eu sei que todos vocês
respeitam Penelope como colega de trabalho tanto quanto eu a
respeito como minha funcionária.
Todo mundo acenou com a cabeça, mesmo quando Cole estava
tenso para o que as próximas palavras de Cassidy iriam ser.
— Mas, nos próximos cinco minutos, toda a discussão sobre
Penelope Pope, é dela como nossa amiga, e a namorada de Cole...
Os olhos do Cole se estreitaram.
— Ela não é minha...
Cassidy cortou-o com um olhar.
— Me poupe, Sharpe. Depois desses cinco minutos, voltamos a
pensar nela como coeditora da seção de esportes. Entendido? Com
respeito...
— Entendido, — Lincoln disse.
— Ok, o negócio é o seguinte, — Jake disse, inclinando-se para
frente. — Uma pessoa conhecida da Penelope está vindo à cidade
esse fim de semana.
Cole olhou ao redor.
— O quê?
Como Jake sabia disso, e ele não? Além do mais, esse fim de
semana? Era para ser para eles, bem...ficarem nus.
E que pessoa? Ela mencionou um punhado de amigas de Chicago,
mas por que esses caras se importariam com isso?
— Trabalhava com ela, — acrescentou Cassidy.
— E você sabia disso também? — Cole disse, incapaz de conter um
olhar estreito para seu chefe.
Lincoln girou em torno de um círculo em sua cadeira.
— Penelope almoçou com Julie. Julie voltou para o escritório do
Stiletto e contou para Grace, então o Jake sabe, e para Emma, então
o Cassidy sabe.
Jake, Cassidy e Cole olharam para Lincoln.
— E como você sabe disso?
— Porque eu também estava nos escritórios da Stiletto, — disse
Lincoln, como se fosse óbvio que ele estava nos escritórios de uma
revista feminina.
— Explique? — Jake perguntou a Lincoln.
— Estou ficando com uma das garotas do departamento de Beleza.
Eu vi Julie e Riley sussurrando, e elas me informaram.
Cole coçou o nariz.
— Vocês sabem que tudo isso é fodido, certo? Jake casado com uma
garota Stiletto, Cassidy quase casado com uma... Lincoln dormindo
com todo mundo que sobrou...
— Sim, bem, você não pode julgar quem mistura prazer com
negócios, — disse Cassidy. — Mas, esse não é o ponto...
— Então há um ponto nisso tudo? — Perguntou Cole.
— Posso ser quem vai contar a ele? — Lincoln perguntou,
levantando a mão.
Cassidy acenou com a cabeça e murmurou Seu funeral sob o fôlego
dele.
— Então, — Lincoln disse para Cole. — Essa pessoa é do sexo
masculino.
Cole congelou.
— Não me diga que é Ivan. Não, Eric. Não...
— Evan, — disse Jake.
Cole sentiu um flash de raiva seguido de uma facada de alegria de
que o homem que roubou o emprego de Penelope estaria ao alcance
dos braços para que Cole pudesse acabar com ele.
Mas, imediatamente, após a urgência da proteção masculina,
houve uma onda de ciúmes.
Cole pensou na sua primeira conversa com Penelope sobre esse
Evan. Não tinha sido apenas sobre o trabalho. Ela tinha sentimentos
por ele.
Naquela época, ele mal a conhecia, e não se importava.
Mas, Cole com certeza se importava com isso agora.
— Quando? — Cole aterrissou. — Quando ele chega aqui
exatamente?
— Sexta-feira, — disse Lincoln. — E de acordo com Riley, que falou
para Grace, que falou para Julie, Penelope está surtando com isso.
— E é aqui onde você entra, — Jake disse.
Cole deu a todos um olhar cauteloso.
— Eu vou gostar disso?
— Bem, agora, isso depende, — Cassidy disse, dando um rápido
estudo das cutículas dele. — O quão sério você estava quando você
disse que Penelope não é sua namorada?
Capítulo 22
Além das reuniões em que ambos estiveram presentes, Penelope não
viu Cole o dia todo.
Ela disse a si mesma que não era nada demais. Que era assim que
as coisas deveriam ser.
Colegas só de segunda a sexta-feira, se lembra?
Mas, às seis horas, quando ela estava guardando seu laptop e se
preparando para voltar para casa para uma noite tranquila com
comida e o peixinho dourado Edgar, Cole apareceu na porta de seu
escritório.
E pode chamá-la de louca... mas, o coração dela deu uma
cambalhota.
Uma vez. Duas vezes. Ok, tudo bem, o coração dela várias
cambalhotas para Cole Sharpe.
Merda.
Mas, Penelope se recusou a assumir total responsabilidade pela sua
reação. Cole era pelo menos 80 por cento responsável, especialmente
quando ele tinha sua jaqueta de terno pendurada no ombro todo
sexy, olhando para ela com uma combinação de calor e carinho.
— Ei! — Ela disse.
O sorriso dele era lento e íntimo. Como se ele soubesse exatamente
o que ela estava pensando, e que os pensamentos não eram
particularmente puros.
— Ei para você também.
— Eu pensei que você já tinha ido embora.
Ele se afastou da porta, deslocando a alça da pasta dele mais alto
no ombro.
— Pensei que podíamos beber algo.
Ela hesitou por apenas meio segundo.
Qual era o problema nisso? Tirando o fato não tão pequeno de que
o coração dela poderia ser quebrado, isto é.
— Uma bebida seria ótima, — ela disse, incapaz de conter o sorriso
feliz.
Ele sorriu de volta e Penelope, silenciosamente, repreendeu o
coração dela por iluminar como fez.
Cole Sharpe sorria assim para todas as mulheres, ela se lembrou.
Mas, quando eles saíram do prédio, e ele descansou, levemente,
sua mão- casualmente - sobre as pequenas costas dela, não parecia
que ela fosse uma mulher qualquer. Parecia que ela era a mulher
dele.
— O que você acha de coquetéis extravagantes? — Cole perguntou
enquanto a levava para o sul.
— Depende. Se eles têm uísque, eu sou favorável.
Cole colocou uma mão sobre seu coração. — Eu acredito que o meu
coração acabou de pular uma batida.
Ela sorriu.
— É só isso que é preciso, hã? Uma garota que gosta de bourbon?
— Eu não sou superficial, Pen. A garota tem que gostar de beisebol
e bourbon.
— Bem, então, eu sou a garota para você.
— Sim, você é, — ele disse com um sorriso rápido.
O coração de Penelope fez mais algumas acrobacias, mas antes que
ela pudesse estudar as palavras dele, Cole mudou a conversa para as
coisas do trabalho, e Penelope ficou maravilhada com a facilidade
com que tudo foi feito, passando de colega, para amigo, para amante
e de volta. Era, precisamente, o tipo de coisa que deveria ser
complicada, mas com Cole, parecia maravilhosamente simples.
Penelope enrugou o nariz dela em confusão enquanto ele a levava
para a Grand Central. As bebidas deles envolviam pegar um trem?
Ao invés de entrar no terminal principal, ele a levou para uma
porta lateral e subiu um punhado de degraus até um bar mal
iluminado. Uma linda hostess loira em um vestido preto e pérolas
esperava com um sorriso educado; Frank Sinatra tocava ao fundo.
— Onde estamos? — Ela sussurrou calmamente enquanto a hostess
os conduzia por uma escada até à varanda com vista para o bar
principal. — E em que ano, 1920?
— O apartamento Campbell, — disse Cole, — um dos meus lugares
favoritos na cidade.
— Percebo o porquê, — disse Penelope quando se sentaram. — É
lindo.
— Aparentemente, costumava ser o escritório de um cara chamado
Campbell no passado. Pessoalmente, eu gosto mais como um bar.
Penelope olhou ao redor para a iluminação sexy, fraca e para os
clientes bem vestidos.
— Caramba. Que serviço.
— Você deveria trazer seu amigo aqui neste fim de semana, — disse
Cole, sem olhar para cima do menu do coquetel.
— Eu deveria, — Penelope disse distraidamente. — Evan iria...
Espera. Espera um maldito minuto.
— Como você sabia que eu tinha um amigo vindo à cidade?
Cole sorriu e deixou o menu de lado.
— Sério? Você ainda não descobriu as delícias de fazer parte da
estranha teia Stiletto/Oxford?
Penelope só podia balançar a cabeça, maravilhada.
— Julie. Ela se move rápido.
Uma garçonete de coquetel apareceu em sua mesa, vestindo o
mesmo elegante vestido preto e pérolas que a hostess tinha, só que
essa preenchendo a parte superior do vestido de uma maneira que te
faz pensar eles são reais?
Penelope não deixou de notar a forma como a ruiva deslumbrante
parecia um pouco mais interessada em ajudar Cole a escolher seu
coquetel do que o dela, mas Penelope não podia culpá-la.
Especialmente com a gravata dele levemente solta, as mangas da
camiseta social enroladas até os cotovelos, o sorriso dele fazendo
aquela coisa de derreter a calcinha lentamente.
Cole optou por um coquetel chamado Commodore, enquanto
Penelope ficou com um Manhattan confiável.
— Ok, então, sobre seu amigo, — Cole disse uma vez que a Ruiva
Borbulhante se afastou. — Eu estava pensando...eu posso ir com você
encontrar ele?
Penelope se inclinou para frente com um sorriso.
— Não é por que alguém colocou essa idéia na sua cabeça, é?
Porque isso é muito parecido com um plano que eu tracei com Julie
na tarde de hoje.
Cole deu uma gargalhada e levantou as mãos.
— Culpado. Mas, eu confesso, eu estava preparado para ter que
falar com você sobre isso.
— Por quê? Eu é que preciso do favor.
— Acho que pensei que você ia falar que não precisava de ajuda.
— Ah, eu preciso de ajuda. Eu preciso tanto de ajuda.
O sorriso de Cole escorregou um pouco com a admissão dela, e os
olhos dele ficaram sérios.
— Então você e esse cara...
— Evan.
A mandíbula dele se flexionou um pouco, e quando ele falou
novamente, sua voz estava mais grave do que antes.
— Você e esse Evan. O que exatamente aconteceu entre vocês?
— Eu já te disse.
— Eu sei os detalhes do idiota roubando seu emprego. Eu quero
saber as partes sensuais.
— Não há partes sensuais, — ela resmungou. — Esse era o
problema.
Cole se encolheu.
— Eu não consigo acreditar que estou realmente pedindo para
ouvir sobre você e outro cara, mas... versão curta. Eu preciso dos
detalhes se eu vou fazer isso neste fim de semana.
— Versão curta? Eu pensei que estava apaixonada por ele. Talvez,
eu realmente estivesse, eu não sei. E eu estava tão pronta para dizer a
ele. Eu tinha acabado de mandar super bem na minha entrevista com
a Sportiva - ou assim eu pensei - e estava me sentindo muito
confiante. Pensei que era a minha hora, sabe. O momento em que
minha vida deixou de ser mediana. Eu ia dizer ao Evan como eu me
sentia...
— Você espalhou pétalas de rosa na cama? — Cole perguntou
simpaticamente.
Ela riu.
— Quase. Fui até a casa dele para assistir a um jogo, do jeito que
tínhamos feito cem vezes antes, e eu só... não sei, eu queria ser
espontânea, então assim que ele abriu a porta, eu o beijei.
Cole não disse nada e Penelope se obrigou a contar o resto da
história.
— Ele não me beijou de volta. E na hora em que registrei tudo,
havia uma outra mulher ao fundo sorrindo para mim....
— Ah, — Cole disse conscientemente.
— Sim.
Ela soltou um pequeno gemido.
— O negócio é que, eu deveria ter previsto isso. Caras como Evan
Barstow não gostam de garotas simples como Penelope Pope.
Cole olhou para ela.
— Você acabou de se chamar de simples?
— Bem, você sabe o que quero dizer. Não chamativa.
Como que provando seu ponto, a garçonete deslumbrante voltou
para entregar as bebidas, e os olhos de todos os homens da sala a
seguiram.
De todos menos o de Cole. Ele deu a ela um obrigado distraído sem
sequer olhar para as mercadorias da mulher que estavam tão
flagrantemente expostas.
Em vez disso, ele parecia focado apenas em Penelope.
Ele se inclinou ligeiramente para frente. — Você não é simples,
Pope. E caso eu não tenha dito antes, você tem os olhos mais
incríveis que eu já vi.
Ela piscou atordoada.
— Meus olhos?
Ele deu um sorriso que parecia com vergonha.
— Eu sei que parece uma cantada. Mas, juro por Deus, esses
malditos olhos castanhos me pegam toda vez.
Penelope não tinha palavras para descrever como ela se sentia
naquele momento. Às vezes, feliz simplesmente não era o suficiente.
Cole levantou a bebida em um brinde.
— Então, o que diz? Me deixa ir no fim de semana? Te lembrar de
todas as razões pelas quais sou uma escolha muito melhor do que
este idiota do Evan?
Ela hesitou um pouco.
— Cole, se fizermos isso, seria apenas fingimento. Eu ainda não
tenho certeza se estou pronta para um namorado de verdade.
Não até eu saber que isso pode durar.
Alguma coisa passou pelo rosto dele, mas desapareceu antes que
ela pudesse identificá-la.
— Eu não esqueci as regras, — ele disse calmamente. — Sem se
apaixonar. Só ficarmos nos fins de semana.
Penelope sorriu.
— E ainda assim, hoje é segunda-feira.
— É verdade, mas estamos os dois totalmente vestidos, então, em
teoria, isso pode ser apenas duas bebidas entre colegas de trabalho.
Ela tomou um gole de sua bebida. Isso não parecia uma bebida
entre colegas de trabalho. Parecia… mais.
— Pequena, me faça um favor, — Cole disse, observando-a com um
leve sorriso.
— Humm?
— Pare de pensar demais em tudo, está bem? Só por hoje à noite,
vamos ser apenas Penelope e Cole. Livre de rótulos. Vamos ver como
isso funciona.
Ela respirou fundo.
Aqui estava um cara - um cara loucamente bonito - pedindo para
ela passar uma noite com ele. Sem compromisso. Apenas coquetéis
extravagantes, um bar sexy e companhia.
— Tudo bem, — ela disse devagar. — Sem rótulos.
— Boa menina. Agora, há algo que eu tenho esperado para discutir
desde a nossa reunião de vendas desta manhã. Você ouviu que a
edição com Adam Bailey é provável que seja uma das nossas edições
mais vendidas?
Penelope estreitou os olhos e bebeu mais um gole de seu
Manhattan.
— Uhuum. Eu estava lá. Vi os números.
Ele mexeu em uma mecha do cabelo e bateu seus cílios antes de
afinar sua voz.
— Eu estava lá, Cole, eu vi os números, e eu só quero aproveitar
essa oportunidade para te dizer que você estava certo sobre Adam
Bailey ser a escolha certa, e você é tão sábio e brilhante...
Penelope abriu a boca.
— Espera. Isso era para ser uma imitação minha?
Ele deixou cair a mão.
— Não acertei em cheio?
— Bem, considerando que eu nunca mexi no meu cabelo assim, não
sei como bater meus cílios, e certamente minha voz não soa como um
rato de desenho animado...
— Detalhes. São apenas detalhes. Apenas diga, Pequena. Diga que
eu estava certo, e que Adam Bailey foi uma excelente idéia.
Ela lhe deu um sorriso lento.
— Você estava certo. Adam Bailey foi uma excelente idéia.
Ele abriu a boca, então estreitou os olhos. — Espere um minuto.
Espere só um maldito minuto. Eu conheço esse tom. Quando você e
Adam Bailey foram tomar uma bebida depois da sessão fotográfica,
foi só bebidas, certo?
— Nada de rótulos hoje à noite, Cole. Isso significa que você não
pode perguntar isso. Nós somos apenas Penelope e Cole, lembra?
A carranca dele só se aprofundou.
— Tá, tudo bem, do Cole sem rótulo para a Penelope sem rótulo...
você ficou com Adam Bailey?
— Eu nunca beijo e conto, — ela disse, surpreendendo-se pela nota
atrevida e confiante na voz dela.
Cole franziu a sobrancelha e ficou estranhamente em silêncio, mas
ele logo saiu do seu mau humor. Ela seriamente duvidou que esse
homem ficasse de mau humor por mais de dois minutos. Eles
conversaram sobre tudo e mais algumas coisas, até que uma bebida
se transformou em duas, e então duas bebidas se transformaram em
parar para jantar no caminho de casa.
Quando eles estavam voltando para casa dela, ela estava apenas
tonta o suficiente para não se assustar com o fato de que ele estava
segurando a mão dela. Ou que ele, ocasionalmente, se inclinava para
beijar o topo da cabeça dela.
Ou que, se eles fossem aplicar rótulos à noite, romântico era a
primeira palavra que vinha à mente.
Romântico e doce.
Eles pararam do lado de fora do apartamento dela, e Penelope
percebeu que era o momento da verdade. Era segunda-feira, o que
significava... nenhum “momento sexy”. E, no entanto, eles já tinham
cruzado todo tipo de outras linhas hoje, como as mãos dadas e o
flerte...
— Sabia que estávamos nesse mesmo lugar na primeira vez que te
beijei? — Ele disse, puxando-a para que ficasse de frente para ele.
Ela sorriu.
— É difícil esquecer um beijo perfeito na neve que cai suavemente.
Ele não sorriu de volta.
— Beijo perfeito, hein? Foi por isso que você me chutou para o
meio-fio depois?
O estômago dela se contorceu.
— Cole, eu...
Ele deu um passo em frente, a mão apoiada na bochecha dela.
— Vamos esquecer a forma como aquele acabou. Eu voto a favor de
uma repetição.
A boca dele derreteu contra a dela, e ela suspirou.
Não havia neve dessa vez, mas não importava. Tudo o que
importava era Cole, o calor de sua mão, o calor de seu beijo. A
maneira como a língua dele deslizava para tocar a dela como se ele
precisasse do gosto dela.
Ele se afastou devagar, o polegar dele fazendo círculos na bochecha
dela enquanto ele segurava o seu olhar.
— Esses malditos olhos seus, — ele disse grosseiramente. — Eles
me desfazem.
Penelope tomou a decisão dela.
— Você quer subir?
Ele levantou uma sobrancelha.
— É segunda-feira.
— É, mas, hum, você quer subir? — Ela repetiu.
Ele, delicadamente, passou um dedo pela linha do cabelo dela.
— Eu quero tanto, mas...
— Mas?
Ele sorriu maldosamente e se inclinou para beijar o nariz dela.
— Você se afasta de mim mais facilmente do que eu gostaria,
Penelope Pope. Eu quero que você implore por mim. Não importa o
dia da semana.
— Espera, então você está indo embora? — Ela perguntou, incapaz
de manter a tristeza fora da voz dela.
— Só por esta noite. Tenho que te dar uma chance para ver como
você se sente sobre isso.
Ele deu a ela uma última piscadela antes de sair pela noite -
assobiando, pelo amor de Deus - e Penelope percebeu que ela não
precisava de uma chance para explorar o que ela sentia sobre a saída
dele.
Ela se sentiu terrível e dolorosamente vazia.
Capítulo 23
Cole estava 110 por cento preparado para odiar Evan Barstow.
Não apenas por causa da forma incompleta como o homem
conseguiu o seu novo emprego, mas também por roubar o portfólio
de alguém e apresentá-lo como se fosse seu, foi canalhice.
Não, o que realmente irritou Cole não foi o que ele tinha feito à
carreira de Penelope, mas o que ele tinha feito ao coração dela. Que
Evan tinha sido burro o suficiente para escolher outra mulher
quando tinha Penelope Pope na sua frente.
Idiota.
Ainda assim, a perda de Evan foi um ganho para Cole, então Cole
estava determinado a pelo menos fingir ser civilizado.
Mas, no meio do jantar, a determinação de Cole em ser simpático
foi enfraquecendo.
Porque Penelope estava sendo muito legal, considerando como o
homem a tinha tratado. E considerando que ela deveria estar
namorando Cole.
É verdade que ser namorado dela era uma mentira. Como ela havia
apontado pelo menos meia dúzia de vezes na semana passada, Cole
não era realmente seu namorado.
Tá.
Cole não tinha absolutamente nenhum receio em mentir para esse
filho da puta por causa do orgulho de Penelope. Ele estava fazendo
um bom trabalho com sua mentira. Ele tinha segurado portas para
ela, largado muitos toques casuais e possessivos, chamou-a de
querida.
Mas, tarde demais, Cole estava percebendo que a charada que eles
estavam interpretando por causa do orgulho de Penelope estava
tendo um efeito desastroso sobre o próprio ego de Cole.
Essa coisa toda fez absolutamente zero sentido. Cole passou a
maior parte de sua vida adulta evitando relacionamentos sérios. Ele
não tinha tempo para sua carreira e Bobby e uma mulher.
Então, por que o incomodava tanto que a única maneira que
Penelope pensava nele como um namorado era fingindo?
E por que ele queria dar um soco na cara de Evan toda vez que ele
estava recebendo um dos sorrisos dela?
— Então, por quanto tempo você está aqui, Ev? — Penelope disse
enquanto ela pegava um pedaço de peixe.
— Só até domingo para essa viagem, — disse Evan, inclinando-se
para trás em sua cadeira. — Mas, estou planejando fazer mais
viagens a Nova York em um futuro próximo.
Penelope acenou com a cabeça para isso, aparentemente
preocupada com o jantar dela, mas Cole estava observando o outro
homem. Notou a maneira como os olhos de Evan permaneceram
especulativamente em Penelope, como se ela fosse parte de algum
grande plano.
Evan Barstow era um cara bonito.
Só que isso não incomodava Cole. O que o incomodava era que
Evan se parecia muito com Cole.
Evan era mais forte. E, talvez, uns centímetros mais alto. Mas, o
cabelo loiro escuro era similar em cor e corte. Olhos castanhos, como
os de Cole. O resto de suas feições um pouco mais parecidas com as
Cole do que ele gostaria. Além disso, ambos eram escritores
esportivos...
Cole foi atingido por um pensamento desagradável: E se ele fosse
algum tipo de substituto parecido?
Penelope ainda estava tão agarrada a esse idiota que se contentou
com a versão mais próxima dele de Nova York que pode encontrar?
O pensamento queimou.
— Então, há quanto tempo vocês dois são um casal? — Evan
perguntou, transferindo seu olhar para Cole.
— Não faz muito tempo, — Penelope disse rapidamente, antes que
Cole pudesse responder.
Cole sufocou uma onda de frustração. Qual era o sentido de eles
jogarem esse pequeno jogo se ela estava apenas balançando a
bandeira que dizia disponível para Evan?
— E vocês se conheceram no trabalho? — Evan perguntou.
— Penelope e eu nos candidatamos para a mesma vaga de
emprego, — disse Cole antes que Penelope pudesse responder.
Soa familiar? ele silenciosamente acrescentou.
— Ah, é? E como isso funcionou? — Evan disse com uma risada
desinteressada, como se ele não tivesse uma vez se candidatado ao
mesmo emprego que Penelope.
Cole lentamente, deliberadamente, esticou o braço pelas costas da
cadeira de Penelope, e pousou a mão na nuca dela, enquanto ele se
virava para olhar para ela adoravelmente.
— Eu diria que muito bem.
Ela olhou para Cole e deu uma risada nervosa.
— Nós dois acabamos ficando com a vaga de emprego, na verdade.
Coeditores.
— Hum, — Evan disse sem compromisso.
— Vocês dois costumavam trabalhar juntos, não é? — Cole
perguntou, fingindo ignorância.
Penelope endureceu ligeiramente sob a mão dele, e ele esfregou o
polegar ao longo da nuca dela. Confie em mim.
— Sim, por um tempo, — Evan disse, tomando um gole do vinho
dele.
— E agora você trabalha para... refresque minha memória no nome
da empresa?
— Sportiva, — disse Evan.
Cole franziu a testa, fingindo confusão enquanto mantinha o olhar
fixo em Evan.
— Sportiva. Espera, Pequena, você não fez uma entrevista para
essa empresa?
Houve um momento de silêncio antes de Evan dar uma risada
nervosa.
Cole olhou para Penelope e a encontrou dando-lhe um olhar que
diz pare com isso.
Ele devolveu o olhar, tentando se comunicar silenciosamente.
Vamos, Penelope. Defenda-se. O que estamos fazendo aqui se não
for para colocar esse idiota no lugar dele?
Ela simplesmente desviou o olhar, lambendo os lábios
nervosamente.
— Sim. Eu tive uma entrevista com eles.
Evan baixou seu copo de vinho, e sua expressão passou de nervosa
a séria.
— Na verdade, Pen, eu queria falar com você sobre isso. — Ele
mudou o olhar para Cole brevemente. — Talvez mais tarde neste fim
de semana possamos ter algum tempo para conversar?
Ah, de jeito nenhum, porra.
Penelope ficou em silêncio por vários momentos. Então:
— Claro. Ok.
O olhar de Cole voltou para ela. Mas que porra?
Mas, ela nem estava olhando para ele. Ela e Evan estavam
trancados em uma bolha silenciosa de comunicação com Cole do
lado de fora.
E era uma merda.
O aperto de Cole ficou mais forte em seu copo de vinho enquanto
ele tentava se dizer que isso não o incomodava, mas porra, é claro
que isso o incomodava.
Ele não era namorado dela - ele entendia isso. Mas, ele a tratava
muito melhor do que esse idiota.
Ele se importava com ela. Muito.
No momento em que Cole estava se perguntando se ele deveria dar
uma desculpa para sair da mesa antes de se fazer de bobo, ele sentiu
o suave passar dos dedos dela nas costas de sua mão. Sentiu como a
mão dela deslizou contra a dele até que estivessem palma a palma.
Ela virou a cabeça então, encontrando os olhos dele, sorrindo
timidamente enquanto entrelaçava os dedos dela com os dele.
Ele não conseguia desviar o olhar, embora soubesse que essa
pequena mulher poderia quebrar seu coração ao meio.
Ah, porra, Sharpe, você está com tantos problemas.
Ela deu a ele um olhar atencioso e então voltou para Evan.
— Na verdade, Ev, eu estou ocupada o resto do fim de semana.
O coração de Cole bateu mais rápido, imaginando se ele a ouviu
corretamente, e então ela apertou a mão dele.
— Qual é, Pen, é só que...
— Se há algo que quer dizer, pode dizer agora, — Penelope
interrompeu Evan numa voz calma e firme.
O subtexto da declaração de Penelope era claro: Você não vale um
segundo a mais do meu tempo.
Cole queria bater palmas devagar.
O sorriso de Evan vacilou. — É, hum... eu esperava que
pudéssemos conversar, só nós dois.
Penelope deu nos ombros. — Você perdeu esse direito quando me
usou para subir na sua carreira.
O riso do outro homem era nervoso. — Era sobre isso que eu queria
falar com você. Preciso me desculpar...
— Desculpas aceitas, — disse ela.
Cole e Evan olharam para ela em choque. Ela deu um pequeno
encolher de ombros.
— Eu perdi tempo suficiente com você, Evan. Você fez asneira.
Você me tratou mal. Eu posso continuar a segurar a raiva e a mágoa
ou... eu posso seguir em frente.
Evan começou a esticar a mão sobre a mesa em direção a ela, então
percebeu o olhar estreito de Cole e pensou melhor. — Pen, eu não
posso dizer o quanto eu senti falta...
Ela levantou a mão livre - aquela que não estava ligada à do Cole - e
parou as palavras do outro homem.
— Calma aí, Ev, só porque eu te perdoo não significa que vamos
voltar para o jeito que as coisas estavam. Mesmo que eu ainda
estivesse em Chicago, não podemos voltar atrás. Você não é mais
meu colega e certamente não é mais meu amigo. Eu não sei se você
alguma vez foi.
Evan engoliu em seco, parecendo cada vez mais em pânico
agora. — Eu deixei Tara por causa de você. Porque eu não conseguia
parar de pensar em você.
Cole limpou sua garganta pontualmente, mas Evan o ignorou.
Ela encolheu os ombros outra vez. — Isso não é problema meu,
Evan.
Evan deu um pequeno sorriso, que Cole achou que supostamente
deveria parecer arrependido, mas ao invés disso, parecia um bocado
presunçoso. — Vamos lá, Pen. Me dê uma segunda chance. Eu
mereço pelo menos mais uma. Três strikes você está fora, e tudo isso.
Cole ficou tenso. Chega dessa merda. Cole gostava de uma
referência esportiva tanto quanto qualquer pessoa, mas isso foi
demais. Tratar relacionamentos como um jogo. Tratar o coração de
Penelope como se fosse algum campo a ser navegado...
O Cole limpou a boca com o guardanapo. — Barstow, o trabalho
que roubou de Penelope paga bem, certo?
Evan piscou.
— Hum, o quê?
— Bom, — disse Cole, como se o outro homem tivesse respondido
afirmativamente. — Então você não se importa em pagar? Acho que
terminamos aqui.
Cole estendeu uma mão para Penelope, seu coração implorando
silenciosamente para que ela não a rejeitasse.
Ela colocou a mão dela na dele.
Colocou sua confiança nele.
Penelope ficou de pé.
— Adeus, Evan.
Cole ouviu atentamente por qualquer sinal de arrependimento mal
colocado em sua voz e ficou aliviado por não ouvir nada além de
finalidade.
Eles saíram de mãos dadas do restaurante, sem se preocupar em se
virar para ver se Evan Barstow estava cuspindo fogo sobre estar
preso com a conta ou se ele estava sentado lá em choque.
Cole não se importou muito com isso.
Ele tinha feito o que veio aqui fazer. Ele ajudou a libertar Penelope
do passado que a estava impedindo de ver como ela era incrível.
Eles não falaram quando saíram do restaurante. Cole chamou um
táxi, mas depois de dar o endereço da Penelope ao motorista, ele se
sentiu estranhamente sem palavras, então eles não disseram nada.
Ele não tinha ideia de qual seria o próximo passo. Eles quase
limparam o chão com Evan, mas havia outro obstáculo à frente deles
esta noite. Um mais importante do que o idiota sombrio do passado
de Penelope.
Como é que Cole não percebeu que esta noite não era sobre Evan?
Não de verdade.
Esta noite foi sobre eles - sobre ele e Penelope.
Eles não tinham dormido juntos desde antes da ideia
completamente idiota de se afastar até que ela fosse atrás dele -
quisesse ele.
Até agora, o tiro estava saindo pela culatra. Penelope tinha sido
amigável a semana toda, mas ela mal estava jogando seu corpo nu
contra ele em cantos escuros.
O que ele queria dela?
De repente, Cole se sentiu cansado. Cansado daquela maneira que
ficam quando alguém quer, desesperadamente, algo que parece estar
ficando cada vez mais distante a cada minuto.
Algo que ele não sabia como pedir. Algo importante.
Sem palavras, eles saíram do carro, andando lado a lado, antes de
parar no local familiar. O mesmo lugar onde ele a beijou, duas vezes
agora.
Cole tentou pensar em algo inteligente sobre déjà vu, mas não
tinha nada.
Tudo o que ele queria era puxá-la para ele - beijá-la até que ela lhe
implorasse que a levasse lá para cima. Mas, ele sabia muito bem
como era beijar Penelope na calçada. Ele acabou se afastando com
bolas azuis e, mais recentemente, uma dor no peito.
Ela parecia sentir o humor dele, porque o seu sorriso feliz tinha
desaparecido ligeiramente.
— Ei, então, obrigada por esta noite. Eu tenho certeza que não foi a
sua maneira favorita de passar a noite de sexta...
— Foi bem.
— Cole, as pessoas só dizem 'bem' quando as coisas são tudo,
menos isso.
— Eu me diverti, — ele disse devagar. — Sério.
— Mas...? — Ela perguntou.
Ele só conseguia olhar para ela. O que ele poderia dizer?
Que ele odiava que a única razão pela qual ela o trouxe hoje à noite
fosse para fazer ciúmes a Evan? Que ele odiava o fato de que ela
tinha que ser persuadida a sair com ele, e dormir com ele e beijá-lo...
— Mas nada, Pequena, — disse ele com um suspiro calmo. Ele se
aproximou, passando as mãos ao redor dos braços dela e puxando-a
levemente para cima para que ele pudesse pressionar os lábios na
testa dela. — Eu te vejo depois, ok?
— Ok, — ela disse devagar. Ela parecia confusa.
Somos dois, querida.
Ele piscou para ela, achando que poderia pelo menos tentar agir
como ele mesmo, e então ele foi embora, imaginando se ele deveria
parar para tomar uma bebida no caminho de casa. Perguntou-se se
ele poderia reunir qualquer tipo de interesse em uma mulher. Talvez
alguém que realmente quisesse...
— Cole!
Ele virou-se, viu Penelope correr na sua direção. Foi uma corrida
completa também. Velocidade máxima, de modo que ele teve que se
preparar para o impacto, segurando seu pequeno corpo enquanto ela
colidia com o dele.
Ela jogou os braços ao redor do pescoço dele e o beijou.
Cole congelou. Foi a primeira vez que Penelope iniciou um beijo, e
o choque disso o deixou enraizado no lugar, até que lentamente ele
enrolou os braços em volta da cintura dela e a puxou contra ele.
Os dedos dela se entrelaçaram no cabelo dele enquanto ela o
beijava com entusiasmo sem arte. Ela se afastou, dando a ele um
último beijo antes de passar os dedos no cabelo dele e puxar o seu
rosto para baixo para olhar para o dela.
— No outro dia você me disse que queria que eu implorasse por
você. Qualquer dia da semana.
Ele não disse nada. Ele esperou.
— Essa sou eu. Implorando.
Cole não conseguiu evitar a breve risada com a simples calma na
voz dela.
— Sim, você parece realmente desesperada, Pequena.
Ela sorriu e descansou as mãos contra o peito dele.
— Me dê um tempo; eu só agora estou descobrindo que não estou
apaixonada pelo cara que eu pensei que estava.
O coração de Cole parou por um momento, mas ele forçou sua voz
a ficar calma.
— Ah, é mesmo?
Ela mexeu com o botão da camisa dele, não encontrou o seu olhar.
— Eu não estou dizendo que não estava apaixonada por ele uma
vez. Mas, hoje à noite, eu estava pronta para a agonia costumeira
quando olhei para Evan e me lembrar de todas as maneiras que ele
partiu meu coração...
— E?
— Eu não estava pensando em nada disso. Parece que minha mente
continuava indo para outros lugares. — Penelope olhou para cima. —
Para outras pessoas. Uma em particular.
As mãos dele deslizaram pelas costas dela.
— Isso é verdade?
Ela deu de ombros.
— O que posso dizer? Você fica muito bonito nu.
— Sabe, esse discurso teria sido mais eficaz em uma terça-feira.
Visto que é sexta-feira, você tinha uma boa chance de fazer sexo de
qualquer maneira.
— Não parecia isso quando você estava indo embora, — ela disse
calmamente.
— Foi mal, — ele sussurrou, inclinando-se para escovar os lábios
dele contra os dela.
— Então você quer subir?
— Porra, sim, eu quero subir.
Capítulo 24
Era estranho.
Ela e Cole já tinham feito isto várias vezes. Sexo quente. Sexo
obsceno. Sexo brincalhão.
Sexo ótimo.
Mas, essa noite, enquanto eles ficam de frente um para o outro
apenas com a luz da rua de sua janela iluminando seu quarto, parecia
diferente.
Especial.
Importante.
Ela não queria que fosse importante. Ela queria que fosse
espontâneo, divertido e seguro, e...
Os pensamentos de Penelope se dispersaram enquanto Cole
lentamente, desabotoou metodicamente sua camisa social, e a jogou
de lado.
Os olhos dele nunca deixaram os dela enquanto ele tirava os
sapatos e depois o resto da roupa.
A boca dela se abriu diante da ousadia dele, e ele sorriu.
— Você disse que gostava de mim nu.
Ela tentou falar, mas a boca dela estava seca.
Ele deu um passo à frente e descansou as mãos na cintura dela
antes de abaixar a cabeça e escovar os lábios ao lado da sua garganta.
Penelope suspirou o nome dele, e as mãos dele escorregaram sob a
camisa dela, os dedos quentes nas suas costas enquanto a boca dele
explorava o pescoço dela.
Ele puxou a camisa dela sobre a cabeça, então os lábios dele
capturaram os dela num beijo erótico que a lembrou de noites
quentes de verão, mesmo que fosse apenas junho.
As mãos de Cole abriram o sutiã dela, deslizando para frente para
cobri-la com palmas quentes enquanto ela arqueava suas costas.
Juntos, eles se moveram em direção à cama, caindo sobre ela em
uma pilha bagunçada, sem que suas bocas quebrassem o contato.
Os dedos de Cole foram até o botão das calças dela, e ela o ajudou,
tirando-as pelas pernas até que ela pudesse chutá-las de lado.
Ela rastejou sobre ele então, sem vergonha, esfregando seu corpo
nu contra o dele, apreciando o contraste de seus corpos, duro contra
mole, áspero contra suave, grande contra pequeno.
As mãos de Cole estavam no rabo dela, suas coxas, então ele
escorregou um dedo sob o tecido da roupa íntima dela, deslizando
para baixo até encontrar a umidade dela.
Ele colocou um dedo dentro dela, depois um segundo.
Penelope gemeu enquanto ele lentamente empurrava seus dois
dedos para dentro e para fora, os olhos dele se agarrando nos dela.
Os olhos dele estavam escuros de desejo. Desejo por ela. Por isso.
Mas, por quanto tempo?
Conduzida por um medo repentino e desesperado de que seus dias
como amantes estivessem contados, Penelope montou na mão dele
com mais força até que ela chegou em um clímax forte e de fazer
tremer que ao mesmo tempo era demais e não o suficiente.
Antes que o último tremor a atingisse, Penelope se afastou dele,
cavando em sua mesa de cabeceira até encontrar um preservativo.
Ela nunca havia se sentido tão frenética. Gananciosa. Ela nunca
tinha sentido desejo assim.
Cole esticou a mão para pegar o preservativo, mas ela bateu na mão
dele, e rolou o preservativo nele ela mesma.
Então, ela tirou a roupa íntima e retomou sua posição em cima
dele, sentindo-se inebriada com um estranho poder feminino com
chama da luxúria nos olhos de Cole.
— Penelope...
Ela encontrou as mãos dele, beijando os nós dos dedos antes de
prender as mãos acima da cabeça dele.
Ele tinha o dobro do tamanho dela. Ele podia facilmente jogá-la
para cama e assumir o controle.
Ele não fez isso.
— Eu sou todo seu, — ele disse com a voz grossa.
Tudo o que era preciso.
Quatro palavras simples, e as inibições de Penelope voaram pela
janela.
Por anos, ela vinha pensando que não era boa nisso. Que ela não
era sexy. Que ela não valia a pena querer.
Anos de ridículo foram embora por causa de quatros palavras de
um homem magnífico.
Agindo por instinto, Penelope se moveu ligeiramente para cima até
que os mamilos dela passaram suavemente pela boca dele.
Cole levantou a cabeça, a língua dele flutuava contra a ponta de um
seio antes de soprar ar frio contra ela. Em resposta, ela se abaixou
mais até que ele não teve escolha a não ser levar o mamilo dela para
a boca e chupar.
— Cole, — ela suspirou.
Seus lábios se moveram para o outro seio, tudo isso com as mãos
presas ao travesseiro. Ele deixou que fosse o show dela. O momento
dela.
Ela estava tentada a cavalgar nessa doce tortura para sempre, mas
a boca do homem era muito hábil.
Ela o queria agora. Dentro dela.
Penelope se endireitou, dando a ele um olhar maroto através dos
cílios enquanto a mão dela o envolvia e o guiava até a sua abertura.
Ela segurou o olhar dele enquanto afundava lentamente nele em um
movimento lento e sensual.
Os olhos de Cole se abriram e a respiração dele ficou mais fraca
enquanto ele a enchia, mas ainda assim ele não se mexeu.
Não até ela se levantar mais uma vez antes de afundar nele, mais
forte dessa vez, mais fundo, as mãos dele deslizaram até os quadris
dela com um gemido silencioso que poderia ter sido uma oração ou
uma maldição.
Penelope nunca tinha estado em cima antes. Trinta e um anos de
idade, e ela estava agora aprendendo como era montar um homem.
Ter todo o poder.
E quando ela pensou que não poderia ficar melhor, Cole lambeu os
dedos e então esticou a mão para a brincar com ela.
— Deixe ir, Pen.
Ela deixou. Ela arqueou as costas com um choramingo vitorioso
enquanto se entregava completamente a ele.
— Boa garota, — ele sussurrou antes de enrolar os dois braços ao
redor dela e deitá-la de costas debaixo dele.
Ele empurrou para dentro dela de novo e de novo, os olhos dele
segurando os dela como se estivesse tentando dizer algo a ela.
Ela tentou entender - tentou agarrar o que ele estava dizendo a ela
com o corpo dele, mas ela estava muito longe com desejo.
Cole deslizou um braço atrás do pescoço de Penelope, embalando o
rosto dela na pele quente e lisa do ombro dele, sussurrando o seu
nome tão reverentemente que ela pensou que imaginou.
E então ele foi ao limite, o nome dela era um gemido forte nos
lábios dele.
Cole ficou deitado sobre ela por mais tempo do que o normal, a
respiração dele estava quente contra sua pele, enquanto os lábios
dela acalmavam as marcas de arranhões no ombro dele que ela não
se lembrava de fazer.
Ele se levantou com outro beijo na bochecha dela enquanto se
afastava da cama e entrava no banheiro.
Ele voltou alguns momentos depois, quando Penelope conseguiu
reunir energia suficiente para rastejar debaixo dos lençóis.
Cole hesitou perto do lado da cama, seus traços cintilando com
vulnerabilidade, e o coração de Penelope pareceu se alojar na
garganta.
Ela levantou os lençóis em um convite sem palavras, e assistiu
como a vulnerabilidade dele cintilou em alívio.
Cole puxou-a contra ele, e ela foi facilmente, como se pertencesse
lá.
Mesmo assim, nenhum dos dois falou. Não sobre o que tinha
acabado de acontecer, nem sobre o que significava.
E feliz como estava, pouco antes de adormecer, Penelope não podia
deixar de se perguntar por quanto tempo isso poderia continuar.
Agora ela tinha 100% de certeza de que não conseguiria honrar sua
promessa a Cole de que não se apaixonaria.
Se ela dissesse a ele, ela o perderia.
Mas, se ela não dissesse...
Ela iria se perder.
Capítulo 25
Domingo marcou uma primeira vez para Cole: ele tinha reagendado
o encontro de domingo dele e seu irmão.
Não tinha sido uma decisão fácil. Mas, Jake havia conseguido
quatro ingressos para o Yankees diretamente atrás do placar e
convidou Cole e Penelope. E mesmo que fosse domingo - o dia dele e
de Bobby - Cole tinha se sentido tentado. Tentado a passar uma tarde
ensolarada com amigos e uma mulher que era, bem... ele não sabia.
Algo havia mudado entre Cole e Penelope.
Quanto ao que estava diferente, Cole não tinha a mínima ideia. Ele
não poderia ter dado um nome a isso. Ele só sabia que era muito
mais importante do que companheiros de cama de fim de semana e
colegas de dia de semana.
E jurando pela vida dele, ele não sabia se devia ficar assustado ou
feliz.
Bobby tinha concordado com a mudança de planos com tanto
entusiasmo, Cole meio que se perguntou se Bobby não estava
esperando por esse momento - esperando que Cole tivesse uma razão
para ter um relacionamento com alguém que não fosse seu irmão
mais velho.
É claro que não doeu que os Mets estivessem jogando fora, então
um jogo estava fora de questão de qualquer maneira, já que o
coração bondoso de Bobby se recusava a ir ao Estádio dos Yankees.
Mas, quaisquer que fossem as motivações de Bobby, seu irmão
havia aprovado. De coração.
Ainda assim, a aprovação de Bobby não facilitou muito o ataque de
culpa que Cole sentiu quando ele e Penelope entraram no Yankee
Stadium com Jake e Grace Malone.
Como se sentisse isso, os dedos de Penelope encontraram os dele e
apertaram.
— Ok, — Grace disse, batendo palmas. — Eles têm vinho aqui,
certo? Eu sei que cerveja é costume, mas eu poderia beber um bom
chardonnay...
Penelope olhou para ela horrorizada.
— Você não pode estar falando sério. Isso é um estádio de beisebol.
— Um estádio evoluído, — Grace disse com um piscar de olhos.
— Mas... mas... — Penelope estava gaguejando.
Grace deu um tapinha no ombro dela.
— Eu posso ver que você é toda sobre os clássicos, então que tal nos
separarmos e nos encontrarmos depois que todos acharem sua
comida e bebida de escolha?
— Se ela pegar sushi, vou ter que desfazer a amizade. — Penelope
murmurou para Cole depois que Grace arrastou Jake até o carrinho
de vinho.
— É justo, — Cole concordou enquanto eles se dirigiam para o
estande principal da concessão. — Então, qual é o nosso plano?
Cachorro-quente?
Penelope estudou o menu com tanto interesse quanto um
sommelier lendo uma carta de vinhos.
— Estou pensando em...pretzel, — ela finalmente pronunciou. —
Não como um bom há muito tempo. Ou, espera, eu quero nachos?
— Eu notei que pipoca está fora de questão, — ele disse.
Ela sorriu.
— Eu sei que já passou uma semana desde que eu fui embebido
nas coisas, mas eu juro que às vezes eu ainda sinto um cheiro de
manteiga. Falando nisso, como está o Bobby? Você tem certeza que
está tudo bem que você não está com ele hoje?
Lá estava de novo. Aquela pontada de culpa.
— Vamos ao jogo dos Mets na quarta-feira, — Cole disse a Penelope
enquanto eles se aproximavam do caixa.
— Que bom, — disse Penelope. — O que ele vai fazer hoje enquanto
você está comigo? Provavelmente dar outra festa?
Cole sorriu.
— Provavelmente. O cara é o Sr. Popular. E ele tem falado sem
parar ultimamente sobre uma mulher chamada Carly, então eu estou
pensando que ele tem uma queda por ela.
Penelope balançou a cabeça. — Os irmãos Sharpe têm charme. O
coração da pobre Carly não tem a menor chance.
Ele deslizou a mão atrás do pescoço dela, inclinando sua cabeça
para cima para que ele pudesse ver o rosto dela abaixo da borda do
boné.
— E o seu coração? Como está se sentindo com toda essa coisa do
charme dos irmãos Sharpe?
Os lábios de Penelope abriram em surpresa, provavelmente pela
calma e urgência na voz dele. Ele disse a si mesmo para deixá-la ir -
que a fila de comida no Yankee Stadium não era a hora ou o lugar
para ter essa conversa.
Ele nem sabia o que era essa conversa. Ou o que ele queria ouvir
ela dizer...
Risca isso.
Ele sabia exatamente que palavras queria ouvir. Ele queria saber
que ela era dele. Que isso era mais do que um namoro só de fim de
semana. Que ela estava se apaixonando por ele tão
irremediavelmente quanto ele estava se apaixonando por ela.
Então, diga a ela. Diga a ela como você se sente.
E, então, as pessoas na frente deles terminaram de pedir, e foi a vez
de Penelope e Cole.
Momento arruinado pela comida gordurosa.
Cole passou uma mão no rosto, se sentindo desapontado e aliviado.
Penelope pediu nachos e um pretzel, e então se virou para Cole
com expectativa, esperando que ele fizesse seu próprio pedido. Ele
olhou para ela com surpresa.
— Você vai comer tudo isso?
Ela bufou. — O quê, você pensou que eu ia dividir? Pegue sua
própria comida, Sharpe.
Ele balançou a cabeça e pediu um cachorro-quente e uma Coca-
Cola.
O garoto entediado atrás do balcão colocou a comida deles em uma
bandeja, e Cole a carregou para a banca de condimentos.
— Eca, sem ketchup, — ela disse quando ele foi adicionar isso ao
cachorro-quente dele.
— É meu cachorro-quente, — ele disse.
— No qual eu vou comer um pedaço. E eu não gosto de ketchup nos
meus cachorros-quentes.
— O que aconteceu com sem dividir?
Penelope piscou para ele. — Você é, ou não é, um cavalheiro, Cole
Sharpe?
Em resposta, ele deliberadamente adicionou ketchup ao seu
cachorro-quente. Mais do que ele normalmente adicionaria.
Então, ele deu uma grande mordida, segurando o olhar dela o
tempo todo enquanto ele mastigava.
Os olhos de Penelope estreitaram. — É assim que vai ser, hein?
Esse é o futuro do nosso jogo de bola?
Ele lambeu ketchup do lábio dele.
Ela se levantou nas pontas dos pés, se aproximando do rosto dele.
— O jogo começou, Sharpe.
— Penelope Pope, você estava enchendo o saco de um homem por
causa do seu cachorro-quente? — Grace perguntou por trás deles.
— Esse era o plano, até que ele o contaminou com ketchup. —
Penelope escaneou Grace e Jake, antes que seu olhar se fixasse no
cachorro-quente de Jake. — Malone. Me dê isso.
Jake suspirou e entregou para ela enquanto encontrava os olhos de
Cole com um sorriso questionador.
— É essa, hein?
Ah sim. É essa.
Aparentemente, alheia a conversa acontecendo ao redor dela,
Penelope mordeu o cachorro-quente de Jake - sem ketchup - antes
de devolvê-lo com um suspiro feliz.
— Era tudo o que eu queria, Cole. Uma mordida.
— É justo, — ele disse. — Então, você não vai se importar de dar a
Jake um dos seus nachos em troca, certo?
Penelope agarrou a bandeja de comida no peito dela e deu a Jake
um olhar de aviso.
— Não se atreva.
Cole colocou a palma da mão no topo da cabeça dela.
— Vamos lá, maluca. O jogo está prestes a começar.
Eles se dirigiram para a seção deles, e Cole olhou para ela.
— Quer que eu carregue a bandeja?
Penelope se agitou com ele, e ele sorriu. Como ele já pensou que
uma modelo chata poderia mantê-lo feliz? Tudo o que ele precisava
era de uma fã de beisebol.
Ao contrário do fim de semana passado, o tempo estava perfeito.
Apenas um punhado de nuvens brancas fofas, a mais leve brisa do
início do verão, e muito sol.
Tempo para beisebol.
— Ei, Grace, — Cole disse, colocando um braço ao redor do ombro
de Penelope enquanto ele olhava sobre a cabeça dela até onde Grace,
delicadamente, bebia seu chardonnay.
— Humm?
Ele deu a ela um piscar de olhos brincalhão.
— Lembra daquela vez em que você e eu quase demos uns amassos
para a câmera do beijo nesse estádio?
Penelope olhou para ele, então para Grace.
— Sério. Me conte mais.
Grace revirou os olhos.
— Não é o que parece. Confie em mim.
— Ia ser épico, Gracie, você sabe que ia, — Cole provocou.
Jake deu a Cole um olhar suave sobre a cabeça da esposa.
— Sharpe. Eu vou te matar.
— Você vai é me agradecer por te ajudar a cair em si.
Penelope estava quase balançando na cadeira dela. — Qual é, me
contem tudo! Isso parece interessante.
— Ah, é, — disse Cole. — Mas... uma história para outra hora,
querida.
— Sim, quando estivermos todos mortos, — Jake murmurou.
O celular de Cole tocou no bolso de trás quando a primeira bola
estava prestes a ser lançada. Ele o pegou - um código de área local,
mas não um número que ele reconheceu. Cole empurrou de volta
para o bolso. Eles podiam deixar uma mensagem na caixa postal.
O primeiro batedor de Oakland caiu balançando, e Cole torceu em
voz alta com o resto do estádio. Tive que amar um jogo que começava
com um strikeout.
O celular de Cole tocou novamente, com a curta notificação da
caixa postal. Ele pensou em puxá-lo para fora, mas a multidão estava
muito ocupada com o sol, a cerveja e os Yankees. Não havia como ele
ser capaz de ouvir nada.
O segundo batedor acertou. O terceiro bateu para fora.
Cole roubou um dos nachos de Penelope e piscou para ela quando
ela estreitou os olhos.
Seu celular tocou de novo quando Oakland tomou o campo para o
final do primeiro período. Ele o pegou - o mesmo número.
— Ei, eu vou atender isso, — ele disse para Penelope.
Ela acenou com a cabeça, boca cheia de pretzel, e Cole se dirigiu
para a seção principal, subindo dois degraus de cada vez.
— Cole Sharpe, — ele disse, uma vez que ele se afastou o suficiente
do barulho para atender.
— Alô, Sr. Sharpe? É o irmão de Robert Sharpe?
Cole congelou.
— Sim, eu sou o irmão do Bobby. Quem é?
— Sou do Hospital Bellevue.
A mão de Cole estendeu cegamente para a parede enquanto ele
tentava se firmar.
Hospital.
O estádio inteiro se afastou, e sobrou só Cole, sua respiração
superficial, e a voz de um estranho do outro lado do telefone.
Ah, Deus. Bobby.
— Sr. Sharpe, lamento informá-lo de que seu irmão esteve
envolvido em um acidente...
Capítulo 26
Penelope não tinha certeza de quanto tempo ela ficou sentada
olhando para a mensagem no celular, mas foi tempo suficiente para
Grace dar a ela um suave toque nas costelas.
— Pen. Você está bem? E onde diabos está Cole, ele está fora há
dois turnos e meio. Eu pensei que esse era o time dele...
Penelope abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Ao invés disso,
ela entregou o telefone para Grace. Jake se inclinou para ler a
mensagem.
Bobby se envolveu em um acidente. Indo para o hospital.
— Quem é Bobby? — Grace perguntou, os olhos castanhos dela com
preocupação.
— O irmão mais velho dele, — Penelope respondeu.
Grace olhou para Jake, surpresa.
— Você sabia que Cole tinha um irmão?
Jake parecia preocupado.
— Sim. Ele raramente menciona ele. Eu assumi que eles estavam
brigados ou algo assim.
Penelope engoliu em seco.
— Ele tem síndrome de Down e vive em uma casa de repouso. Eu
não consigo imaginar o que poderia ter acontecido...
Por que é que ele não a levou?
Ela entendeu que Cole estava com pressa. Claro. Mas, ela teria ido
com ele se soubesse. Ela teria segurado a mão dele, e...
Penelope tirou o celular da mão da amiga e escreveu uma resposta
a Cole.
Que hospital? Ele está bem?
Penelope passou os próximos quatro turnos olhando para o
telefone dela enquanto esperava por uma resposta que nunca
chegou.
— Talvez eu devesse ir para o hospital, — ela disse, pela décima vez.
— Mas, qual deles? — Jake perguntou.
— Todos eles.
— É Nova York, querida. Não há apenas um hospital na rua
principal.
Penelope respirou fundo. Jake estava certo. Ela já havia pesquisado
os vários lugares onde eles poderiam ter levado Bobby, e haviam
muitos.
E ela podia ligar, mas tinha certeza de que eles só dariam
informações sobre os pacientes aos membros da família. O que ela
deveria dizer? Oi, o irmão do meu não-namorado com quem eu só
durmo nos fins de semana teve um acidente.
— Vamos lá, Cole, — Penelope murmurou, olhando para o telefone
dela e desejando que ele a respondesse. — Eu não posso ficar aqui
sentada, — ela disse, inclinando-se para frente e curvando-se em si
mesma. Ela não se lembrava da última vez que se sentiu tão
miserável ou indefesa.
Grace esfregou as costas dela.
— Você quer voltar para a cidade? Dessa forma, se ele voltar para
casa, você estará mais perto e poderá ir até ele.
Era verdade. Bobby morava em Manhattan, então as chances eram,
o que quer que tenha acontecido com ele, aconteceu lá. Quanto mais
perto ela se aproximasse de Manhattan, mais perto estaria de Bobby.
E de Cole.
— Sim, — ela disse, — mas vocês dois ficam aqui.
— Claro que não. Vamos com você, — Jake disse. Grace acenou de
acordo.
Penelope abriu a boca, mas Jake a cortou. — Não vamos entrar no
hospital, assim que você descobrir onde ele está. Nós não
pertencemos lá. Mas, estaremos juntos a cada passo do caminho até
lá, ok?
— Tem certeza?
— Ele é nosso amigo também, — Jake disse calmamente.
— Penelope. — Grace colocou uma mão no braço dela, a expressão
dela preocupada. — Isso não é um pequeno casinho, é? É mais do
que você tentando seguir em frente e esquecer aquele Evan?
Penelope não conseguiu parar a risada que borbulhou.
Evan. Ela não tinha pensado nele desde que eles o abandonaram
no restaurante na sexta à noite.
Que qualquer um poderia pensar que Cole e Evan pertenciam à
mesma frase, ou até ao mesmo pensamento...
Penelope talvez tenha amado Evan uma vez. Talvez. O tipo de
amor que se tornou meio desesperado por causa de sua natureza não
correspondida, fazendo você sentir que era o maior amor que você já
conheceu.
Mas, agora...
Em retrospectiva, Penelope reconheceu-o pelo que ele era - um
amor superficial que, embora genuíno, nunca teve a oportunidade de
se enraizar.
Durante muito tempo, ela pensou que Evan não a tinha visto,
porque ela não era de um certo tipo. Porque ela não era bonita o
suficiente ou chamativa o suficiente.
Mas no final, Evan Barstow era um idiota inútil, e Cole era...
— É mais do que um caso, — disse Penelope calmamente.
Grace e Jake se levantaram em uníssono, almas gêmeas perfeitas
que eles eram.
— O que estamos esperando? Se levanta, Pen! Vamos lá!
A viagem de metrô de volta para a cidade foi a viagem mais longa
da vida de Penelope, mas ela foi recompensada quando eles saíram
do túnel em Manhattan e recebeu uma mensagem de Cole.
— Bellevue, — disse ela, já correndo para o meio-fio para chamar
um táxi. — Ele está no Hospital Bellevue.
Um táxi parou ao lado dela, e Penelope pegou a maçaneta da porta
antes mesmo que ela parasse completamente.
Então, ela se virou, deu abraços ferozes à Grace e ao Jake.
— Me prometam que vocês irão a algum lugar, ridiculamente,
chique para jantar e me deixe pagar por isso mais tarde?
Ambos a ignoraram.
— Conte-nos assim que você souber o que está acontecendo, —
Grace disse.
— Eu prometo, — Penelope disse, entrando no táxi. Ela mandou
aos dois um beijo distraído e então releu mensagem de Cole mais
uma vez.
Por um lado, ele respondeu. Bom sinal. Por outro lado...
O levaram para o Hospital Bellevue. Ele foi atropelado por um
táxi enquanto atravessava a rua. Ele está bem, mas eles vão mantê-
lo durante a noite. Não venha, estamos bem.
Não venha, ele disse.
Penelope tentou não ler muito sobre isso. Ele provavelmente estava
apenas sendo um cara legal - não querendo tirá-la do jogo de
beisebol.
Não venha.
Havia algo tão final - tão severo naquelas duas palavras. Uma frase.
Não venha.
— Que pena, Cole, — ela murmurou. — Eu estou indo de qualquer
jeito.
Penelope deu uma nota de vinte para o taxista, sem se preocupar
em esperar pelo troco, e correu para o hospital.
Ela foi em direção à recepção e então parou e deu vários passos
para trás quando viu a loja de presentes pelo canto do olho dela.
Um casal surgiu carregando flores, mas Bobby não queria flores.
Os olhos dela se desviaram para uma exibição de balões. Bobby
adoraria balões.
Dez minutos depois, Penelope chegou à recepção com um enorme
buquê de balões laranjas, azuis e brancos.
Penelope estava com sorte. Ela veio durante o horário de visita.
Penelope seguiu as indicações da enfermeira para o quarto de
Bobby, ignorando os olhares irritados que ela tinha recebido quando
seus balões ocuparam o elevador inteiro.
Seu coração bateu mais forte quando ela se aproximou do quarto
de Bobby. Por favor, que ele esteja bem. Por favor, que ele esteja
perfeitamente bem...
Ela chegou até a porta aberta e congelou, sem ter certeza da melhor
coisa a se fazer.
Surpresa!
Sou eu!
Eu sei que você disse para não vir, mas eu te amo, então sério,
não foi uma escolha...
No final, foi o Bobby quem decidiu por ela. Ele virou a cabeça, e o
rosto dele se transformou em um sorriso que parecia ter levantado o
coração dela diretamente do peito.
— Penelope!
A cabeça de Cole chicoteou ao redor.
Ele estava sentado em uma cadeira perto da cama de Bobby, e
mesmo quando ela colocou um sorriso no rosto para o bem de
Bobby, interiormente ela se encolheu com o olhar no rosto de Cole.
Ele parecia ter envelhecido cinco anos em duas horas.
— Isso é para mim? — Bobby perguntou com uma voz encantadora,
aparentemente inconsciente do sofrimento de seu irmão.
— Hm, claro que são, — ela disse, indo em direção à cama.
— As cores do Mets!
— O que mais eu traria? — Ela disse em uma voz brincalhona.
Havia uma pequena mesa e uma cadeira contra a parede. Ela
perguntou:
— E se eu os amarrar aqui? — Enrolando as pontas das cordas dos
balões nas costas da cadeira.
— Ok!
— De quem é o urso? — Ela perguntou, acenando para o enorme
urso de pelúcia na mesa.
— Meus amigos na Casa Grande. Eles não podem me ver ainda,
mas Cole disse que queriam que eu ficasse com o urso.
Penelope arriscou uma olhada em Cole. Ele estava de pé agora,
mãos enfiadas nos bolsos de trás enquanto olhava para Bobby com
uma expressão sombria no rosto.
O sorriso de Penelope nunca vacilou, mas os olhos dela passaram
por Bobby. O pé dele estava em uma daquelas coisas de suporte, um
gesso correndo até a coxa dele, mas era o único sinal óbvio de que ele
estava ferido.
— O que aconteceu? — Ela perguntou, indo ficar ao lado dele.
Bobby suspirou.
— Cole está bravo.
Cole passou uma mão pelo cabelo.
— Eu não estou bravo, é só que...
— Não devo sair de casa sozinho, — explicou Bobby com uma voz
parecida com a de um adolescente cansado. — Mas, Penelope, eu
tinha que sair.
Ela estendeu a mão e esfregou o braço dele.
— Por quê?
Seus olhos eram largos e sinceros.
— Para Carly. Eu queria comprar flores para ela. Amarelas, porque
são as suas favoritas.
Penelope engoliu em seco. A doçura a estava matando.
— Eu não sabia que o táxi não iria parar, — disse Bobby,
deprimido.
— Você deveria ter esperado por mim, Bobby, — disse Cole.
— Eu sei. Você me disse centenas de vezes.
— Então por que...
— Eu só te ia ver na quarta-feira, — disse Bobby. — Eu precisava
das flores para a Carly hoje.
Ah, Bobby, não.
Penelope fechou os olhos.
Ela sabia que Bobby não queria fazer nenhum mal. Ele estava
apenas declarando fatos sem um único pensamento para colocar a
culpa em alguém.
Mas, instintivamente, Penelope sabia que era a pior coisa que ele
poderia ter dito.
Uma olhada em Cole confirmou isso. Ele parecia destruído.
E Penelope sabia o porquê. Domingo era o dia do Cole e Bobby;
qualquer outro domingo, Cole estaria lá quando Bobby quisesse
pegar as flores. Poderia até ter ido com ele. Poderia tê-lo impedido
de ir para a rua.
Mas Cole tinha remarcado para outro dia.
Por ela.
— Você vai assinar meu gesso? — Bobby perguntou. — Meu médico
diz que eu tenho que usá-lo por semanas, mas que eu deixar que
assinem.
— Eu adoraria.
— Ok, — Bobby disse feliz. — Você pode assinar depois da Carly. E
depois de Cole.
— Uhum, eu vejo onde eu estou na lista, — ela provocou.
— Penelope, posso falar contigo por um segundo? Lá fora. — A voz
de Cole era grosseira.
Oh-oh.
— Claro, — ela disse, sorrindo para ele. Ele não sorriu de volta.
— Bob, você pode se manter ocupado assistindo TV por alguns
minutos? — Cole perguntou.
— Definitivamente, — Bobby disse, a atenção já voltada para a
televisão. — Eles têm sorvete aqui?
— Eu acho que não, mas vou ver o que posso fazer.
— Obrigado pelos balões, Penelope! — Bobby gritou quando ela
saiu do quarto.
Ela se virou para encarar Cole enquanto ele a seguia, mas ele
balançou a cabeça.
— Aqui não. Eu preciso de ar.
A caminhada até o elevador foi silenciosa. Como foi o caminho para
baixo.
Não foi até que eles saíram para o sol quente, que ele falou.
— Eu disse a você para não vir.
Os passos dela falharam com o tom duro dele, e ela virou-se para
enfrentá-lo.
— Eu sei, — ela disse calmamente. — Eu só não queria que você
ficasse sozinho.
— Você está brincando comigo, Penelope? É ele quem não deveria
estar sozinho, — Cole disse com raiva. — Eu deveria ter estado lá.
Ela sabia que isso estava vindo, mas a raiva no tom dele ainda
machucou.
— Não é sua culpa, — ela disse calmamente.
Ele a ignorou.
— Você sabe o que ele me disse quando eu perguntei por que ele
saiu da calçada quando havia um sinal para não atravessar?
Penelope balançou a cabeça.
— Ele disse que eu faço isso o tempo todo, — Cole disse, os olhos
dele loucos. — Que eu nunca espero que o sinal de trânsito indique
que está ok para atravessar, então por que ele deveria?
— Cole...
— Vamos recapitular, está bem? — Disse ele, voz mais alta. — Meu
irmão se espelha em mim em tudo, e eu o ensino a fazer travessia
imprudente. E então, no único dia da semana em que eu deveria
estar lá para ele, eu estou na porra de um jogo de beisebol com
uma...
Penelope estreitou os olhos.
— Com uma o quê?
— Uma mulher, — ele disse.
Penelope inalou. Ela não estava exatamente amando o tom dele.
Ainda assim, o cara estava tendo um dia muito ruim. Ele precisava
de paciência, não para ela ficar toda diva com ele.
Cole fechou os olhos brevemente.
— Eu nunca deveria ter cancelado com Bobby.
Ela deu um passo para mais perto e estendeu a mão. Ele recuou, o
que machucou ainda mais do que suas palavras afiadas, mas ela
deixou isso para lá.
Isso não era sobre ela.
— Eu estaria sentindo o mesmo se eu estivesse no seu lugar, —
Penelope disse calmamente. — Mas, eu não seria uma amiga boa se
não te dissesse que a culpa não é sua. Você dá o seu melhor pelo
Bobby, mas não pode colocá-lo numa bolha. Você não pode estar lá a
cada segundo de cada dia.
— Sim, mas...
Ela pressionou.
— E se isso tivesse acontecido numa manhã de terça-feira? Ou uma
quinta-feira à noite? E se ele tivesse decidido que a Carly precisava
de flores à meia-noite de segunda-feira? O fato de que isso aconteceu
no domingo é uma coincidência, Cole.
— Talvez, — ele concedeu. — Mas, Penelope, ele está lá em cima
com a perna em gesso, e tem hematomas para cima e para baixo no
tronco, e...
— E ele está bem. — Ela encontrou a mão dele e apertou. — Eu não
estou minimizando o que aconteceu, mas ele está bem, Cole. E nós
vamos falar com ele sobre atravessar a rua, e vamos ter mais cuidado
com...
Cole recuou, tirando a mão da dela.
— Nós?
Penelope vacilou.
— Bem, eu quero dizer, eu não quero me inserir, mas eu me
importo com Bobby também...
Ele riu.
— Hoje é a segunda vez que conheceu o cara, Penelope. Ele
despejando sua pipoca em cima de você num jogo de basebol
dificilmente te faz parte da família.
Ela soprou um fôlego.
— Uau.
Suas palavras doem; ela suspeitava que ele queria que
machucassem, mas mais uma vez ela tentou lembrar que Cole não
estava sendo ele mesmo.
— Eu não estou tentando me inserir na sua família, — ela disse.
— E ainda assim você veio, quando eu te pedi especificamente para
não fazer isso.
Penelope levantou as palmas das mãos para os lados dela e então
as deixou cair.
— O que está acontecendo aqui, Cole? Estou tendo dificuldade em
ver meu crime. Eu trouxe balões para Bobby, que ele adorou. Eu vim
para estar aqui para você...
Ele a cortou.
— Não preciso que esteja aqui para mim. Eu nem sequer... nós nem
sequer somos...
— Nem sequer somos o quê?
— Não estamos juntos, — ele disse calmamente.
Certo. Havia isso.
— Não oficialmente, — ela disse, — mas eu pensei que... as coisas
pareciam estar mudando entre nós...
Ele balançou a cabeça e cortou-a.
— Você fez uma promessa, Penelope. Eu também. Isso nunca foi
feito para ficar sério, e é esse o porquê.
— Com esse o porquê, você quer dizer a chance de seu irmão ser
atropelado por um táxi enquanto estávamos em um jogo dos
Yankees? É por isso que você prometeu que não se apaixonaria por
mim?
— Zombe o quanto quiser, mas ele é tudo o que eu tenho, — Cole
disse.
— Ele não é, — Penelope respondeu antes de pensar melhor. — Ele
não é tudo o que você tem. Você tem amigos, e colegas, e eu. Você me
tem, Cole. Você pode não gostar que eu esteja aqui, mas isso não
muda o fato de que eu vim por você, e que eu faria tudo de novo.
Seus olhos estavam brancos, sua expressão não mostrava nada.
— Eu não pedi por nada disso.
Penelope o ignorou.
— Além do mais, se isso vale alguma coisa, você também não é tudo
o que Bobby tem. Ele te ama como um louco, Cole, mas,
honestamente, eu me pergunto se ele não é melhor ajustado do que
você, porque ele parece muito bem com o fato de que vocês dois
podem ser irmãos e ter suas próprias vidas.
Desta vez os olhos dele cintilaram para a vida, e quando eles se
prenderam nos dela, eles estavam cheios de raiva.
— Ei, aqui vai uma ideia, Penelope. Você tem uma irmã, certo? Que
tal esperarmos até que ela esteja no hospital, e então podemos
conversar um pouco. Melhor ainda, certifique-se de que ela esteja
totalmente dependente de você, e que o bem-estar dela está em seus
ombros, e então venha me encontrar.
Isso não estava indo bem.
— Você quer que eu vá embora?
Ele não hesitou.
— Sim.
Não foi menos do que ela esperava, dado o seu humor atual, mas
aí.
— Ok, — ela disse. — Se você precisar de alguma coisa, eu...
— Não precisarei.
Ela encontrou os olhos dele firmemente. — Me diga que você não
está fazendo isso, Cole. Me diga que você não é aquele cara que fica
todo Jekyll-e-Hyde quando algo inesperado acontece.
O rosto dele se contorceu por um momento antes dele colocar uma
mão sobre ele, cobrindo a maioria de suas feições enquanto respirava
fundo.
— Desculpe, Penelope. Eu sou.
Ela deu um passo à frente, colocando os braços ao redor dele, o
abraço um pouco estranho porque ela ainda estava usando o boné
dos Yankees.
Ele endureceu, e embora não tenha a afastado, ele não exatamente
retribuiu o abraço dela.
— Eu deveria voltar, — ele disse com a voz grossa.
Penelope recuou um pouco, deixando os braços dela caírem de
volta para os lados e tentando não se sentir humilhada pelo abraço
unilateral.
— Ok.
Ele começou a virar as costas e então pausou, hesitando antes de
encontrar os olhos dela.
— Acredite ou não, eu percebo que estou agindo como um idiota.
Eu só... eu não posso fazer isso agora. Sempre foi só eu e Bobby,
mesmo quando meus pais estavam vivos, e eu não sei o que eu faria
sem ele. Ou ele sem mim. Ele tem que vir primeiro.
— Eu entendo. — Ela conseguiu manter a voz firme. — Você só está
percebendo isso agora?
Ele hesitou.
— Eu sempre soube, mas ultimamente... você fez com que fosse
fácil esquecer, Penelope.
A declaração teria aquecido o coração dela se não tivesse sido dita
enquanto ele se preparava para se afastar dela.
Ela tentou mais uma vez.
— Seu coração é maior do que você pensa, Cole. Há espaço para
mim e Bobby. E Cole, você tem que saber que...
Eu te amo.
Ela abriu a boca para dizer, mas vacilou quando ele deu mais um
passo atrás.
— Não, Penelope.
— Cole...
Ele virou as costas.
— Nos vemos por aí, Pope.
Penelope estava enraizada no local enquanto ela observava seu
corpo magro voltar ao hospital.
Nos vemos por aí, Pope.
Ele estava falando sério?
Nos vemos por aí, Pope.
De repente, ela ficou tão feliz por não ter dito as palavras que
estava prestes a dizer.
Capítulo 27
— Não acredito que vocês vieram de Chicago, — disse Penelope com
a boca cheia de "Cool Ranch Doritos".
— Oh, querida. Nós somos sua família. — Como se estivesse
pontuando esse ponto, sua mãe pegou o saco de salgadinhos e o
substituiu por uma tigela de cenouras.
Penelope ignorou as cenouras, optando em vez disso por puxar
uma almofada sobre o peito e se encolher de volta contra o sofá.
Sua irmã saiu da cozinha e lhe entregou uma cerveja antes de
sentar na mesa de café para que ela pudesse estudar Penelope.
Foi assim por dois dias, Penelope passando pelos movimentos da
vida enquanto sua mãe e irmã se alternavam entre a alimentar com
cerveja e cenouras e a observar como se ela pudesse quebrar a
qualquer momento.
E ela pode quebrar. Talvez ela quebre.
— Obrigada por terem vindo, — ela disse calmamente.
— Pelo amor, — Janie disse, estendendo a mão para apertar o
braço de Penelope. — Você achou que nós duas não íamos pular em
um avião assim que você nos ligou? Você acha que não precisávamos
praticamente algemar o pai ao seu La-Z-Boy para impedi-lo de ir
atrás de Cole com uma espingarda?
Penelope deu um pequeno sorriso ao pensar que seu gentil pai
estava até mesmo batendo em uma mosca. Ele não tinha conseguido
vir com a mãe e a irmã dela por causa do trabalho, mas ele ligava
para ela duas vezes ao dia, tentando distraí-la com todas as
trivialidades esportivas possíveis no planeta. Ela sabia de todos os
fatos antes que ele o dissesse, é claro, mas a distração era bem-vinda
mesmo assim.
Qualquer coisa para não chorar novamente.
Penelope tinha feito todo o caminho de casa do hospital no
domingo sem derramar uma lágrima.
Mas, uma vez dentro da segurança de seu apartamento?
Cachoeiras. As lágrimas eram quentes e furiosas, e só pararam por
volta das 4:00 da manhã de segunda-feira, altura em que ela mandou
uma mensagem à irmã.
Na segunda-feira à noite, sua mãe e irmã haviam pousado em Nova
York em modo de mãe protetora/guerreira.
Agora, era quarta-feira à noite, e as lágrimas tinham se tornado
mais intermitentes, embora ela tivesse tido um colapso no banheiro
das mulheres no trabalho hoje. Jo, a doce recepcionista de Oxford,
tinha acariciado pacientemente seu cabelo antes de pegar um pacote
de gelo para os olhos inchados e vergonhosos de Penelope.
Não tinha funcionado. Penelope tinha certeza que Lincoln e Jake
perceberam. Cassidy também.
Quanto a Cole...
Ela não o tinha visto. Não desde a despedida com o Nos vemos por
aí, Pope.
Ele tinha tirado uma semana de folga para ajudar Bobby, mas
voltaria na segunda-feira. Penelope estava contando os dias, metade
com medo, metade com esperança de que ele aparecesse e seria
como se a briga deles nunca tivesse acontecido.
— Nenhuma notícia dele? — Janie perguntou, tirando a cerveja de
Penelope da mão dela e tomando um gole.
Ela balançou a cabeça.
— Não. Você acha que eu deveria ligar para ele?
— Absolutamente não, — a mãe dela disse. — A bola está no campo
dele. Ele é o maior tolo aqui.
Janie acenou com a cabeça.
— Eu não estou dizendo que ele não tem um pouco de liberdade
por causa do que aconteceu com o irmão, mas ele ainda te deve um
pedido de desculpas. E ele precisa iniciar isso.
Penelope olhou cegamente para o aquário, onde Edgar nadou em
círculos sem rumo.
— Isso seria muito bom se não trabalhássemos juntos. O que eu
devo fazer quando ele aparecer na segunda-feira?
— Bem, uma coisa é certa, você tem que estar fabulosa, — a mãe
dela disse. — O que me lembra, eu quero te levar às compras. Seu
armário é oitenta por cento de roupas esportivas.
Roupas esportivas?
Penelope e Janie trocaram um olhar cansado. A mãe delas não era
superficial - nem um pouco. Mas, Lydia Pope era definitivamente da
opinião de que um batom fúcsia bonito poderia resolver a maioria
dos problemas do mundo.
— Tenho certeza de que Cole se importa com muito mais coisas do
que a aparência de Penelope, — disse Janie gentilmente.
— Bem, claro que sim, — Lydia disse, indignada. — Mas, isso não
significa que não devemos mostrar as pernas dela. Talvez pegar um
sutiã que levanta tudo... lembrá-lo exatamente do que ele expulsou
da cama.
— Mãe, eeeca, — Janie disse.
— Você tem uma ideia melhor? — Lydia perguntou.
— Na verdade, sim, — Janie disse, entregando a Penelope sua
cerveja de volta. — Você vai agir como se nada tivesse acontecido.
— Não consigo, — Penelope disse de forma triste. — Sou uma atriz
horrível.
— Bem, isso é verdade, querida. O que me lembra, você se
importaria se eu colocasse um vídeo daquela vez que você
interpretou o Leão Covarde em O Mágico de Oz e então perseguiu
sua cauda, porque você achou que estava em chamas?
— Mãe, — Janie e Penelope disseram ao mesmo tempo.
— O quê? É fofo! E vocês duas me baniram das fotos nuas. Eu
preciso de algo para postar no Facebook. Meus fãs estão contando
comigo.
— Você sabe que eles são amigos, certo? Não fãs?
— Os meus são ambos, — disse Lydia teimosamente. — Eu tenho
seguidores. Eles dependem de mim para entretenimento.
— Eu disse que estava feliz por você ter vindo para Nova York? —
Penelope perguntou brincando. — Porque eu mudei de ideia.
— Bem, ou é o vídeo do leão, ou eu poderia colocar o do show de
talentos do quarto ano, onde você...
Penelope foi salva de ter que ouvir sua mãe recontar uma
performance desastrosa de Leader Of The Pack pelo zumbido de seu
interfone.
— Credo, — disse Janie, olhando para a caixa de aparência antiga
fazendo o barulho. — Eles ainda têm isso?
— É um prédio antigo, — disse Penelope, arrastando-se do sofá. —
Espero que seja a pizza.
A mãe dela fez um barulho de consternação. — Pizza. Pensei que
tínhamos combinado que eu faria uma bela salada...
— Mãe, sou vegetariana e até eu sei que a salada não é comida de
conforto, — disse Janie. — Nós pedimos uma pizza enquanto você
estava no banheiro enrolando seu cabelo. De novo.
— Oi? — Penelope perguntou, apertando o botão.
— Penelope, querida. Como você está?
Ela franziu a testa com a voz familiar.
— Lincoln?
— Acertou. Posso subir?
— Quem é Lincoln? — Lydia perguntou a Janie.
— Não sei, — disse Janie. — Espero que estejamos prestes a
descobrir. Ele soa sexy.
— Você é casada, — Penelope atirou sobre o ombro para a irmã
dela. — Embora, se você acha que ele soa sexy, veja isso...
— Pode subir, — ela disse a Lincoln, abrindo a porta do prédio para
ele.
— Ver o quê? — Janie perguntou.
— Espere, — Penelope disse, indo até a porta da frente e ficando na
ponta dos dedos do pé para olhar pelo olho mágico.
Ela sorriu em antecipação quando viu o rosto dolorosamente
bonito de Lincoln aparecer do outro lado da porta. Por que ela não
pode ter se apaixonado por esse? Bonito, e pouco provável de se
despedir de uma mulher com um Nos vemos por aí, Pope.
Penelope abriu a porta antes que ele pudesse bater, então deu um
passo atrás para deixar a mãe e a irmã dela receberem o impacto
total da boa aparência de Lincoln Mathis.
— Uau, — Janie disse.
— Ai meu Deus, — a mãe delas respirou.
Penelope sorriu.
— Lincoln, conheça minha irmã, Janie, e minha mãe, Lydia.
As sobrancelhas de Lincoln levantaram.
— Eu teria pensado que ambas são suas irmãs.
Penelope revirou os olhos para a cantada muito usada, mas Lydia
colocou uma mão sobre o peito e soltou uma risadinha que Penelope
não tinha ouvido... nunca.
— Eu não sabia que sua família estava na cidade, — Lincoln disse,
apertando as mãos das duas mulheres. — Mal educação minha me
intrometer assim.
— Oh, você não está se intrometendo, — Janie disse em uma voz
sem fôlego.
Penelope fechou a porta.
— Você não está, — ela confirmou para Lincoln. — Elas vieram
para oferecer apoio moral na consequência de seu melhor amigo ser
um idiota total.
Lincoln se encolheu.
— Eu pensei que era algo assim. Embora ele não esteja retornando
nenhuma de nossas ligações. Jake disse que seu irmão havia sofrido
um acidente, mas nenhum de nós pode obter detalhes.
Penelope estudou Lincoln. Viu a preocupação pelo seu amigo que
não estava bem disfarçada pelo sorriso sempre presente de Lincoln.
— O irmão dele está bem, — disse ela, apesar de não ser novidade
para ela contar. — Ele está machucado e está com uma perna
quebrada, mas poderia ter sido muito pior.
Lincoln deu um suspiro de alívio.
— Obrigado por me contar. Não sei o porquê aquele idiota acha que
tem que manter segredos...
Penelope sorriu gentilmente.
— Certo. Por que você é um livro aberto, humm?
A cabeça de Lincoln se levantou ligeiramente, e seus olhos azuis
ergueram barreiras enquanto ele a estudava.
Sim. Lincoln Mathis definitivamente tinha segredos. Que eram
muito mais escuros do que Cole ser superprotetor do irmão.
Ela suspirou interiormente. Homens e seus segredos.
Janie e sua mãe ainda estavam olhando para Lincoln.
— Você veio para saber sobre seu amigo? — Janie disse. — Agora
isso é um bromance legítimo.
Ele piscou para Janie.
— Na verdade, minha preocupação é mais com o irmão dele e
Penelope. No que me diz respeito, Cole está sendo um idiota.
— Isso é verdade, — Penelope murmurou.
Ele virou-se para enfrentá-la, os olhos dele se agitando.
— O que aconteceu?
Ela deu nos ombros.
— A mesma coisa que os caras sempre fazem. Ele me empurrou
para longe quando eu cheguei muito perto.
— Idiota.
Ela deu um sorriso fraco.
— Totalmente.
— Você já bolou seu plano?
— Na-não, — Janie disse, dando um passo à frente. — Penelope
não é quem precisa de um plano. Foi ele quem estragou tudo.
— Eu sei disso, querida, — Lincoln respondeu suavemente. — Mas,
Cole é... bem, um cara. Se quisermos que ele volte à razão, vamos
precisar ter cuidado. Tomar conta disso certo, sabe?
— No que está pensando? — A mãe de Penelope perguntou,
cruzando os braços sobre o peito e dando a Lincoln um olhar
suspeito.
Penelope sorriu. Aparentemente, até mesmo a boa aparência de
Lincoln não foi suficiente para afastar a ferocidade de uma mãe
felina protegendo seu filhote ferido.
Lincoln nunca tirou os olhos de Penelope. — Bem, tudo depende de
Penelope.
O sorriso dela sumiu com a seriedade estranha com o olhar dele.
— Como assim, depende de mim?
— É simples, amor. Antes mesmo de darmos um passo em frente,
preciso de saber uma coisa. Você o ama o suficiente para querê-lo de
volta, mesmo que ele tenha sido um completo tolo?
Penelope puxou uma respiração, a franqueza da pergunta lhe tirou
a respiração ligeiramente.
Por um lado, o peito dela literalmente doía toda vez que ela se
lembrava do quanto tinha machucado quando ele a empurrou para
longe. Ao lembrar a planura dos olhos dele, e a facilidade com que
ele podia jogar fora tudo o que eles tinham, a segunda vida ficou um
pouco difícil.
Por outro lado...
Uma montagem de Cole passou pela mente dela. Ele comprando
aquele maldito boné dos Mets para ela. A maneira como ele morreria
por seu irmão. A maneira como ele amava seu trabalho, mas nunca
deixaria que isso governasse sua vida como Evan tinha feito.
A maneira como ele olhou para ela como se ela fosse tudo.
A maneira como ele a queria, exatamente como ela era. A maneira
como ele tinha visto o que ninguém mais tinha visto.
Ele tinha visto ela.
Ele queria ela.
E embora o idiota teimoso pudesse não estar pronto para admitir
isso, ele se importava com ela. Ela tinha certeza.
— Sim, — ela disse calmamente. — É claro que eu o amo o
suficiente para querer ele de volta.
— Excelente, — Lincoln disse com um grande sorriso que fez a mãe
e a irmã dela suspirarem de novo enquanto ele tirava o casaco do
terno dele. — Então, é assim que eu acho que vamos ter que agir...
Capítulo 28
TRÊS SEMANAS DEPOIS
— Ei, segure a porta, por favor!
Cole meio que correu os últimos dois passos para o elevador, assim
que uma mão deslizou entre as portas se fechando, acionando os
sensores para que a porta abrisse novamente.
— Obrigado, — disse ele ao entrar no elevador. Seu sorriso
congelou na metade do caminho até a formação quando ele viu quem
tinha segurado a porta para ele.
— Ei, Cole!
— Penelope. — Ele forçou o sorriso dele a completar, nem que fosse
para igualar a felicidade casual dela. Era o que eles faziam agora. Um
monte de coisas forçadas. Pelo menos da parte dele.
Passou quase um mês desde o dia do acidente de Bobby. Três
semanas e meia desde que ele a beijou pela última vez. A segurou.
Teria sido mais fácil se ela lhe tivesse ignorado. Se ela tivesse ficado
toda fria e distante. É o que qualquer outra mulher que ele conhecia
teria feito.
Mas, Penelope não era igual todas as outras mulheres.
Ele não sabia se era porque eles tinham que trabalhar juntos, ou se
era porque ela era ridiculamente decente, mas ela era tão amigável
com ele agora quanto era desde o primeiro dia em que o conheceu.
É claro que havia pequenas diferenças.
Ela não encontrava mais os olhos dele. Claro, ela fazia quase isso -
ele tinha certeza de que as outras pessoas não notariam como os
olhos dela paravam logo abaixo dos deles, meio que timidamente,
quando estavam conversando uns com os outros em uma reunião.
Mas, ele percebeu. Ele sentiu.
Ela também não o tocava. Nunca.
Ela brincava com Lincoln dando soquinhos no braço dele, ou batia
na mão de Jake, mas ela ficava longe de Cole.
Mas, ela ainda o cumprimentava todas as manhãs. Ainda aparecia
no escritório dele inesperadamente, até mesmo o convidou para
almoçar algumas vezes. Ou, como agora, ela estava conversando
sobre sua próxima reunião com a equipe da Web como se nada
tivesse acontecido entre eles.
Como se não tivessem sido amantes. Como se ele não a tivesse
deixado impiedosamente na calçada de Manhattan, do lado de fora
de um maldito hospital.
— Cole?
— Sim.
Ela deu a ele um sorriso confuso.
— Você ouviu alguma coisa que eu disse?
— Desculpe, — ele disse, limpando a garganta. — Acho que eu
estava distraído.
Ela assentiu com a cabeça, entendendo como sempre.
— Como vão as coisas? Bobby ainda está se recuperando?
Merda, pequena, pare de ser tão doce depois que eu te tratei como
lixo.
— Sim, ele está bem, — Cole respondeu. — As contusões
desapareceram quase completamente. O gesso o atrasa um pouco,
mas ele pegou o jeito das muletas. E acontece que a sua nova amada
tem sido uma enfermeira muito cuidadosa.
Penelope sorriu.
— Carly?
— Sim. Ela é doce.
Estava na ponta da língua dele sugerir que Penelope deveria
conhecê-la algum dia, mas é claro que ela não faria isso.
E de quem é a culpa, cuzão? Cole mal vacilou enquanto o
subconsciente dele o repreendia. Ele se acostumou com isso.
O elevador abriu no andar deles e Cole se afastou para que
Penelope pudesse sair primeiro.
Eles caminharam lado a lado em direção aos seus respectivos
escritórios, juntos, mas não.
A separação fez com que todas as partes de Cole doessem, e ele não
tinha a menor idéia do que fazer a respeito.
— Ei, Penelope.
Ela pausou quando destrancou a porta do escritório e olhou para
cima.
— Humm?
Eu sinto sua falta. Eu quero você de volta. Eu sinto muito.
— Você acha que poderia me mandar um e-mail com as maquetes
em que você está trabalhando? Elas são melhores que as minhas,
então eu acho que deveríamos enviar as suas para a reunião de hoje.
— Claro. — Ela mostrou-lhe outro sorriso fácil e entrou no
escritório, fechando a porta, silenciosamente, atrás dela.
Cole ficou ali por vários segundos, olhando para a porta dela,
querendo entrar, mas sem saber o que dizer.
Lincoln apareceu ao lado dele, mastigando uma de suas nojentas
barras energéticas.
— Isso está ficando patético, cara.
— Cala a boca, — Cole rosnou, meio caminhando, meio marchando
em direção ao seu próprio escritório.
Lincoln, sendo Lincoln, não pegou a dica e andou ao lado dele.
— Ninguém te culpa por ter estragado tudo. Quero dizer, todos nós
esperávamos isso.
— Ah, bom, outra conversa animada, — Cole disse. Ele tentou
fechar a porta do escritório na cara de Lincoln, mas o amigo dele a
abriu novamente e se sentou confortavelmente na cadeira de
convidado de Cole enquanto Cole tirava o laptop da bolsa.
— Você quer falar sobre isso? — Lincoln perguntou.
— Não, — disse Cole, encaixando seu laptop em sua estação de
ancoragem. — Não queria falar sobre isso ontem. Ou no dia anterior.
Ou na semana passada. Não quero falar sobre isso agora.
— Sem problemas, cara, eu entendi totalmente, — Lincoln disse. —
Eu também não gosto de falar sobre meus problemas com mulheres.
— Obrigado, — disse Cole, se ajeitando na cadeira dele e tomando
um gole de seu café.
— Exceto que...
Jesus Cristo.
— Não tenho problemas com mulheres, — disse Lincoln. — Então...
— Sim, como é isso? — Cole perguntou, estreitando os olhos para o
outro homem. — Você já namorou cinco vezes o número de mulheres
que eu...
— Mais como dez, — Lincoln interrompeu.
— ...e mesmo assim você não tem uma única ex amarga, e eu nunca
te vi nem um pouquinho incomodado por nada feminino.
Lincoln estendeu as mãos para os lados.
— Engula, Sharpe. Isso é um dom.
— Tanto faz, — Cole murmurou enquanto clicava para abrir o e-
mail.
Lincoln se inclinou para frente.
— Me dê uma dica. Foi por que ela finalmente admitiu que eu era o
melhor beijador? Foi o fato de que você acha que hambúrgueres
contam como jantar? Cara, você não traiu ela, né?
— Eu não traí, — Cole disse. — E por que você acha que a culpa foi
minha?
— E não foi?
Cole suspirou e desistiu de fingir fazer qualquer trabalho enquanto
Lincoln ainda estava falando com ele.
— Sim.
— Agora estamos chegando em algum lugar, — Lincoln disse. — E
isso é realmente uma boa notícia.
Cole deu uma olhada nele. Nada sobre ele e Penelope agindo como
estranhos um com o outro era uma boa notícia.
— Não, é, — Lincoln insistiu. — Se foi você quem fez asneira, a bola
está no seu campo. Você tem uma chance de consertar as coisas.
Cole desviou o olhar.
— Sharpe. Você quer consertar as coisas?
— Não é assim tão simples.
— Claro, claro, — Lincoln disse com um aceno exagerado. — Eu
tenho certeza que é muito complicado. Me explica?
Cole brincou com o mouse do computador. Havia uma maneira boa
de dizer ao seu amigo que você surtou? Que você percebeu que amar
alguém era difícil, e não tinha certeza se seu coração poderia lidar
com as partes mais difíceis?
No momento em que ele ouviu que Bobby tinha sofrido um
acidente, toda a vida de Cole parou e então virou de cabeça para
baixo. O que aconteceria se ele se deixasse amar outra pessoa tanto
quanto amava Bobby?
— Ainda esperando, — Lincoln sussurrou.
— A questão é, Mathis, — Cole disse lentamente. — Todo mundo
age como se o momento em que você percebe que está apaixonado
fosse o grande momento que diz te peguei. Mas, há realmente um
momento depois disso... aquele em que você percebe que pode
perder a pessoa que ama.
Lincoln não disse nada, e Cole olhou para cima, surpreso com o
silêncio incaracterístico de seu amigo.
Lincoln tinha ficado rígido, seus olhos completamente vazios. Ele
parecia um pouco como se alguém o tivesse esfaqueado no peito.
Cole franziu a sobrancelha em preocupação.
— Ei. Você está bem?
Lincoln balançou a cabeça levemente, e Cole observou enquanto os
olhos dele entraram em foto, a mente dele obviamente voltando de
qualquer lugar escuro para onde tivesse ido.
— Sim, eu estou bem. — A voz de Lincoln não tinha nenhuma de
suas energias usuais enquanto ele se levantava abruptamente. —
Mas, eu entendo. Toda essa coisa de amar e perder alguém. É um
grande risco. Nada de palestras aqui.
— Espere, Mathis. Ei! Lincoln! — Cole gritou para o amigo, mas
Lincoln já tinha ido embora. — O que foi isso? — Cole murmurou.
Ele pensou em ir atrás de seu amigo, mas seu instinto lhe disse que
Lincoln não tinha nada a dizer sobre o assunto, pelo menos ainda
não.
Além disso, talvez agora eles pudessem chegar a um entendimento.
Deixe os cães adormecidos dormindo quando os cães envolvem
mulheres.
Ou algo assim.
Cole tinha finalmente voltado sua atenção para sua caixa de
entrada quando Cassidy ligou. Depois que eles se cumprimentaram,
houve uma pausa. Então Cassidy disse:
— Você não ouviu isso de mim.
— Ok?
Houve outra pausa, mais longa dessa vez, e Cole revirou os olhos.
— Cassidy, agora eu não estou ouvindo nada mesmo.
— Todd Kolb está no escritório hoje.
— Bem, merda, Cassidy, — Cole disse. — A NSA sabe? Devemos
chamar a CIA?
Todd Kolb era um tipo fresco, rabugento, figurão de uma loja de
artigos esportivos principal que, frequentemente, anunciava na
Oxford. Todd tendia a pensar que ser uma das maiores contas o
intitulava a ficar no escritório sempre que quisesse. O cara poderia
ser um estranho desajeitado, mas era inofensivo.
— Sim, bem... você ouviu que o tio dele acabou de comprar os New
York Rangers?
— Que tipo de editor de esportes sênior eu seria se não soubesse
disso?
— Coeditor de esportes, — Cassidy corrigiu. — E é meio que por
isso que estou ligando...
— Em vez de fazer uma caminhada de 15 segundos até ao meu
escritório?
— Sim, bem, não queria estar ao alcance de fogo quando eu te dizer
isso...
Os olhos de Cole se estreitaram.
— Me dizer o quê?
— Todd Kolb vai levar Penelope ao jogo dos Rangers hoje à noite. E
um jantar tarde depois disso. Parece que eles estão meio que...
namorando.
Os ouvidos de Cole zumbiram.
— Pera, repete isso?
— Não. Eu não estou repetindo. Nem queria dizer isso da primeira
vez. Só... Merda, Cole, arrume essa bagunça.
A linha ficou muda no ouvido de Cole e ele lentamente colocou o
telefone de volta no lugar.
Deixe ela ir, ele disse a si mesmo.
Penelope merecia a felicidade, e se a felicidade viesse nos braços de
outro homem...
— Não. Não vai acontecer. — Cole levantou tão rápido que sua
cadeira virou para trás, mas ele não parou para arrumá-la.
Ele tinha uma mulher para reconquistar.
Capítulo 29
Cole chegou até ao escritório da Penelope antes de perceber que não
tinha um plano.
O que teria sido bom se ele tivesse parado antes de abrir a porta,
mas não - ele tinha ido abrir a porta sem um único pensamento sobre
o que ele ia dizer ou fazer.
O resultado?
Dois pares de olhos muito assustados olhando para ele.
Um par de olhos - os grandes olhos marrons - em que ele poderia
se afogar. Com prazer.
O outro...
O Cole concentrou toda a sua atenção no outro homem na sala.
— Kolb.
— Ei, Sharpe! — Todd Kolb estava atrás de Penelope, uma mão na
mesa dela, a outra nas costas da cadeira, enquanto ambos olhavam
para algo na tela do computador dela.
Seja porque ele sentiu o olhar fatal de Cole ou por causa de bons
modos enraizados, Todd deixou o lado de Penelope para apertar a
mão de Cole.
Cole talvez tenha apertado mais do que o necessário. Foi um
movimento clichê. Totalmente patético.
E, absolutamente, inevitável.
Cole não gostava desse homem. Ele tinha acabado de decidir. Não
gostava do seu cabelo avermelhado. Não gostava dos óculos de
filhinho de papai. E a gravata dele era da cor de merda.
Penelope não namoraria com um homem usando uma gravata de
merda.
Ela namoraria?
— Então, o que está acontecendo aqui? — Perguntou Cole. Ele
tentou manter sua voz casual e curiosa, mas definitivamente pareceu
sair vagamente predatória, e ele podia ver pelo sutil revirar de olhos
de Penelope que ela notou.
— Todd estava me guiando através de alguns dos jogadores para o
jogo de hoje à noite. Você sabia que o tio dele é dono...
— Sim, eu sei, — Cole disse com raiva.
Honestamente, por que todo mundo achava que ele não sabia
disso? Era um insulto.
— Da próxima vez que eu conseguir ingressos, é a sua vez, — Todd
disse a Cole, fazendo um trabalho admirável de parecer apologético.
— Eu só pensei, já que Penelope é nova na cidade e ainda não foi a
um jogo...
— Sim, isso é ótimo, — disse Cole. — Soa legal. Mas, na verdade,
Penelope e eu temos uma reunião que deveria ter começado há cinco
minutos atrás, então...
— Ah. Claro. — Todd parecia um pouco surpreso, mas então deu
um pequeno encolhimento de ombros como se ele não estivesse nem
um pouco preocupado em deixar a mulher que ele estava namorando
sozinha com Cole Sharpe.
Errado, cara. Você deveria estar preocupado. Muito preocupado.
Cole, praticamente, enfiou o sapato na bunda de Todd em um
esforço para empurrar o outro homem pela porta, e então fechou
com mais força do que o necessário.
Então ele se virou, para encontrar Penelope...
Escrevendo no computador dela.
Diabos, ela nem estava olhando para ele.
— Desculpe se eu estava atrasada para uma reunião, — ela disse,
sem olhar para cima. — Eu não tinha nada no meu calendário, mas o
Outlook tem sido tão estranho para mim ultimamente. Você já
notou...
Cole ignorou tudo isso, atravessando a sala em tempo recorde,
movendo-se para o lado de Penelope da mesa e girando sua cadeira
para enfrentá-lo.
Exceto que isso colocou o rosto dela nivelado com a virilha dele, o
que foi legal, mas não exatamente apropriado para o momento, então
Cole lentamente se inclinou para baixo, suas mãos em ambos os
lados dela contra a mesa enquanto ele a enjaulava.
— Cole? — Ela manteve seus ombros eretos como se não estivesse
afetada, mas sua voz tinha ficado sem fôlego.
Um bom sinal. Definitivamente.
Ele queria dar palavras a ela. Todas as palavras. Mas, primeiro...
Cole não conseguiu evitar de abaixar a cabeça e pressionar os
lábios na pele macia logo abaixo da mandíbula dela. A ponta da
língua dele saiu e ele sentiu uma onda de triunfo quando ela tremeu.
— Me diga que você não vai vê-lo novamente, — ele disse, beijando
o pescoço dela, mais devagar dessa vez.
— O quê? Quem?
Bom. Excelente. Ela nem se lembrava do nome de Kolb.
— Todd Kolb.
Cole gentilmente roçou os dentes contra o pescoço dela e ela arfou.
— Ah, mas... eu realmente quero ir ao jogo.
— Eu vou te levar ao jogo, — ele sussurrou.
Ela riu suavemente.
— Eu não acho que seja uma boa ideia.
O estômago dele se revirou e ele levantou a cabeça ligeiramente.
— Por causa do seu novo namorado?
O nariz dela franziu.
— Que novo namorado?
— Não brinque comigo, Penelope.
— Quando eu brinquei com você? Eu nem sei como.
Bom ponto. Ela era do tipo honesta.
— Todd Kolb, — ele disse. — Você não está namorando com ele?
— Namorando com ele? Eu nem sequer o conheço.
Cole franziu a testa. — O quê?
— Eu acabei de conhecê-lo há uns dez minutos atrás, — Penelope
respondeu. — Cassidy nos apresentou porque pensou que eu poderia
gostar de ir ao jogo...
— Mas, Cassidy me disse… — Cole parou de falar quando os
pedaços se encaixaram enquanto ele se endireitava.
Ah, inferno. Ele tinha sido completamente enganado pelo seu
chefe.
— Aquele bastardo, — ele murmurou.
— Quem? — Penelope perguntou.
— Vamos apenas dizer que Cassidy sabia exatamente quais botões
apertar, — ele disse, sentindo-se tolo.
Ela fez sinal para ele recuar.
— Se mova, você está me fazendo esticar meu pescoço.
— Você estica seu pescoço até mesmo quando estamos os dois de
pé, Pequena.
— Verdade, — ela disse enquanto se levantou. — Mas, pelo menos
quando eu estou de pé eu não me sinto tão cordeira para seu leão.
Qualquer confiança que Cole sentiu com a maneira que ela
respondeu ao carinho no pescoço dela se evaporou quando ela olhou
para ele com uma expressão fria.
Ele não conseguia dizer o que ela estava pensando. Ela parecia
completamente calma.
Ela cruzou os braços e inclinou a cabeça.
— Você está bem? Você parece um pouco fora de si.
Ele deu uma pequena risada.
— Sim. Sim, estou fora de mim. Eu estive fora de mim por
semanas.
— Bem, eu não sei porque você está irritado comigo sobre isso.
Você terminou comigo...
— Eu não terminei com você.
— Hum, permita-me discordar. Eu fui ficar com você enquanto seu
irmão estava no hospital, comprei balões, e você disse, e cito: "Nos
vemos por aí, Pope.” Eu fui para casa e pesquisei no Google, porque
eu pensei que poderia ser uma frase de O Poderoso Chefão, ou um
filme de um cara qualquer. Mas, não. Apenas você sendo um idiota.
— Eu sei. Eu sei que fiz tudo isso, eu disse tudo isso. — Ele apertou
os olhos. — Quais são as chances de fingirmos que aquele dia não
aconteceu? Que eu não agi como um idiota?
— Ok.
Os olhos de Cole se abriram.
— Ok?
Não poderia ser tão fácil assim.
— Ok, — ela repetiu com um pequeno encolhimento. — Vamos
dizer que eu te dou uma segunda chance. Vamos fingir que estamos
de volta à calçada do lado de fora do hospital. O que você diz?
Ah. Porra.
— Hum.
Ela acenou com a cabeça.
— Bom começo.
Ele poderia fazer isso.
— Se eu tivesse uma segunda chance… — Ele limpou a garganta. —
Eu te diria obrigado por ter vindo, é claro.
— É claro.
— E eu... Merda. É o seguinte, Pequena. Alguns meses atrás, eu te
fiz uma promessa de que não me apaixonaria por você.
Ela acenou devagar com a cabeça.
Ele se aproximou.
— Eu vou ter que quebrar essa promessa.
A respiração de Penelope falhou, e ele levantou uma mão no rosto
dela e se pressionou contra ela.
— Eu me apaixonei por você, Penelope. Sim, isso me assusta pra
caramba. E sim, isso me fez surtar. Mas, agora, a minha cabeça está
fora da minha bunda, e eu só quero... eu sou seu, Penelope. Se você
me quiser. Irresistivelmente seu.
Ela olhou para ele, parecendo atordoada, e Cole sentiu o peito dele
apertar.
Ele abaixou a cabeça por um segundo, tentando juntar o último
pedaço de coragem, antes de olhar para os olhos dela. Tentou de
novo.
— Eu amo você. É tudo o que tenho a dizer. Eu amo você.
Penelope ficou perfeitamente quieta enquanto os olhos dela
procuravam o rosto dele, sem falar uma palavra, os traços dela não
diziam nada.
Seja paciente. Seja paciente. Você a tratou horrivelmente, e ela vai
precisar de tempo. Você não pode ir implorando...
— Por favor, diga alguma coisa, — disse ele.
Suave, Cole. Bom trabalho na coisa de não implorar.
Ela engoliu em seco e deixou cair os olhos para o queixo dele.
— Apenas tentando pensar na melhor maneira de te dizer que eu
quebrei minha promessa há muito tempo atrás. Você é realmente um
homem impossível de não se apaixonar.
Cole teve a mais estranha vontade de levantar o punho em triunfo,
mas ao invés disso ele se contentou em puxá-la para mais perto.
— Isso é verdade?
Ela sorriu e ficou nas pontas dos pés enquanto beijava o queixo
dele.
— É sim. E eu te amo.
Ele se curvou e beijou as bochechas dela.
— Diga de novo.
— De jeito nenhum, você diz de novo.
— Não até que você...
— Aqui está uma ideia, — veio uma voz masculina da porta. —
Digam ao mesmo tempo. Então vocês dois ganham.
Cole olhou para cima e viu Lincoln se inclinando na entrada da
porta, bebendo um smoothie. O olhar assombrado desapareceu do
rosto de Lincoln, e agora ele usava um sorriso de merda.
— Você nunca bate na porta? — Perguntou Cole.
— Eu não sei, Jake, nós batemos nas portas? — Lincoln disse,
levantando a voz e olhando para a esquerda. — Tenho certeza que
não batemos.
Jake Malone entrou pela porta, viu Penelope nos braços de Cole, e
sorriu.
— Você não tem ideia de quanto tempo eu esperei por esse
momento, Sharpe. Toda a merda que você tem me dado no último
ano, e...
Cassidy apareceu na entrada, seus olhos verdes e frios não diziam
nada, mas pode ter havido apenas a menor inclinação ascendente de
seus lábios.
Ele se inclinou para frente, sua mão encontrando a maçaneta da
porta do escritório de Penelope.
— Sinto muito pelos meus editores de Relacionamentos e Viagens
aqui, — Cassidy disse. — Vou dar um momento de privacidade para
vocês...
— Espera, — disse Cole antes do Cassidy poder fechar a porta. —
Eu tenho uma coisa para resolver com você, chefe. Você
deliberadamente me deixou pensar...
— Nunca aconteceu, — disse Cassidy, fechando a porta com um
barulho.
Ele abriu meio segundo depois, e Cassidy enfiou a cabeça pela
fresta.
— Vocês se lembram que temos uma reunião da equipe em dez
minutos, certo?
Cole já estava beijando Penelope, e acenou com uma mão sobre a
cabeça dela. Saia.
A porta se fechou novamente, e Cole puxou Penelope para mais
perto, aprofundando o beijo. Se ele só tivesse dez minutos, faria com
que cada um deles contasse.
Penelope, no entanto, tinha outras ideias, porque ela o empurrou
para trás depois de dois minutos.
— Espera. Isso quer dizer que não posso ir ao jogo com o Todd esta
noite?
— Você tem outros planos, — disse Cole, passando as mãos por ela,
só porque ele podia.
— O que eu devo dizer a ele? Eu já disse que estava disponível.
— Diga que houve uma mudança de planos e que você vai passar a
noite nua, na minha casa.
— E se ele me chamar para ir mais tarde esta semana?
— Você estará ocupada também.
— E na próxima semana? — Perguntou ela, a voz estava um pouco
exasperada.
Ele sorriu contra o pescoço dela.
— Vou deixar isso bem claro. Você vai ficar ocupada todas as
noites. Para sempre. Comigo.
Ela recuou.
— Isso me parece um compromisso, Sr. Sharpe.
Ele sorriu.
— Parece mesmo, não é?
— Ok, mas eu estou pensando que eu deveria ter isso por escrito.
Você é obviamente terrível em manter suas promessas, e...
Cole a cortou com um beijo. Penelope ainda não sabia, mas ele
tinha certeza que ela estaria recebendo sua promessa na forma de
algo brilhante e reluzente.
Digamos, seguindo a linha de um anel de diamantes...
Epilogo
— Ai meu Deus. Ai meu Deus, é ele. — Penelope bateu o punho
contra os bíceps de Cole em excitação. — Eu pareço bem? Você tem
batom?
Cole olhou para ela. — Você está brincando comigo, né?
Ela mal ouviu ele. Ela ficou de pé, olhando ao redor da multidão de
repórteres para ver melhor. — Merda, eu queria ser mais alta. Posso
subir nos seus ombros?
— Se você pensa por um segundo que eu vou te levantar nos meus
ombros para que você possa olhar para outro homem...
— Mas, não é qualquer outro homem, — disse ela. — Jackson
Burke. Só, tipo, o maior quarterback da história dos quarterbacks.
— Ex quarterback, — Cole corrigiu sob seu fôlego.
Ambos ficaram quietos por um momento, dois torcedores ávidos
fazendo um momento de silêncio para o fim de uma lenda.
Há cinco dias, Cole e Penelope haviam viajado para o treinamento
dos Redhawks. Era o sonho de um editor de esportes. Uma chance de
entrevistar jogadores, treinadores, ver quem estava bem, quem tinha
bebido algumas cervejas a mais fora da temporada...
No momento em que saíram do avião, os dois celulares explodiram
de mensagens, e-mails e tweets.
Jackson Burke, o quarterback do Texas Redhawks e quatro vezes
vencedor do Super Bowl, esteve envolvido em um acidente com
vários carros a caminho de um jogo de treinamento.
Ninguém do Redhawks havia confirmado a extensão de sua lesão,
mas havia rumores de que sua carreira no futebol havia terminado.
Mais rumores estavam circulando que ele tinha uma mulher, não
sua esposa, no carro com ele.
Era uma bagunça que estava recebendo muita atenção - o fim de
sua vida profissional ou a implosão de sua vida pessoal.
Especialmente tendo em vista os rumores de seu estilo de vida de
mulherengo nos últimos meses.
A multidão se dispersou o suficiente para que Penelope pudesse ter
seu primeiro vislumbre de Jackson, e seu coração afundou ao
perceber que os rumores provavelmente continham alguma verdade.
A tipoia em seu ombro foi a primeira pista, mas foi o olhar em seu
rosto que confirmou.
Esse era um homem que tinha perdido tudo.
— Caramba, — disse Cole.
— Eu sei, — disse Penelope. — Ele fica ainda mais lindo quando
está com esse olhar assombrado, não é?
Cole olhou para ela, e Penelope escondeu um sorriso. Ela estava
fazendo isso para provocá-lo, mas verdade seja dita, Jackson Burke
era um homem excepcionalmente bonito. Cabelo marrom escuro,
olhos de avelã emoldurados por uns grandes cílios. Então havia o
corpo. Aquele corpo glorioso e esculpido.
Basicamente, o homem era tão perfeito que era o modelo de pelo
menos meia dúzia de linhas diferentes de equipamentos de fitness,
produtos para homens, e alguns tipos de uísque.
A multidão se acalmou enquanto Jackson Burke tomava seu lugar
atrás do microfone. Foi a primeira conferência de imprensa que ele
deu desde o acidente, e a julgar pela expressão irritada em seu rosto,
não tinha sido idéia dele.
— Sr. Burke, você pode nos dizer a extensão de suas lesões?
Não.
— Sr. Burke, você antecipa a recuperação para o início da
temporada?
Não.
— Sr. Burke, se suas lesões o impedirem de voltar para o futebol, o
que você vai fazer? Seu diploma universitário é em jornalismo, você
acha que alguma vez será um de nós?
Inferno, não.
— Sr. Burke, pode nos dizer a identidade da jovem mulher no seu
carro?
Não.
— Sr. Burke, nos três dias em que você esteve no hospital, a Sra.
Burke nunca foi vista entrando ou saindo. O que é...
Houve um estrondo alto quando o pódio bateu no chão.
— Caramba, ele acabou de virar um pódio, — um dos outros
repórteres disse entusiasmado.
— Acho que o outro braço dele ainda funciona bem, — Cole
murmurou no ouvido dela.
— Sim, — Penelope disse distraidamente. Os olhos dela ficaram
focados em Jackson Burke enquanto ele se afastava, dispensando o
agente e treinador dele e mostrando o dedo do meio para a multidão
de repórteres mais corajosos que ousaram segui-lo.
— Acabou o tempo, querida, — Cole disse, a mão dele deslizando
pela cintura dela. — Seus minutos de encarar estão esgotados.
Ela se virou para enfrentá-lo, e a visão de suas perfeitas e amadas
feições a fez esquecer tudo sobre Jackson Burke.
O maldito homem ainda não deixou de tirar o fôlego dela. Ela
duvidou que ele conseguisse algum dia.
Ela enrolou os braços ao redor da cintura dele, alheia ao zumbido
da multidão à sua volta.
— E se eu encarasse você?
Ele balançou as sobrancelhas.
— Você quer que eu tire a roupa? Se você me levar de volta para o
nosso quarto, eu, definitivamente, posso me despir e deixar você me
encarar, e se você for uma garota muito boa, eu posso deixar você
tocar...
Ela olhou para o relógio.
— Não devíamos ir para o campo? Ver se nós conseguimos alguém
para falar conosco sobre a quase briga de ontem?
— Definitivamente. Nós deveríamos. Ou, nós podemos
experimentar aquele chuveiro para duas pessoas na nossa suíte.
Penelope franziu os lábios.
— Você sabe, hipoteticamente, se eu concordasse com essa idéia do
chuveiro, seria a primeira vez na minha vida que eu escolhia um cara
em vez de esportes?
Ele abaixou os lábios até o ouvido dela.
— Eu não conto se você não contar.
— Combinado. Mas, se Cassidy perguntar...
— Ele não vai. Confie em mim, ele não quer saber.
Penelope deixou que ele pegasse sua mão e a levasse na direção do
hotel deles, quando de repente ela o puxou até uma parada.
— Espera aí. Eu disse que foi a primeira vez na minha vida que
escolhi um cara em vez de esportes.
— Sim?
— Então você não disse de volta, — ela disse, sentindo-se
estranhamente emburrada. — Você já escolheu uma mulher em vez
de esportes antes?
Ele coçou a bochecha.
— Sim. Uma vez.
Ciúmes esfaqueou Penelope, e a emoção desconhecida a deixou
com a mais estranha sensação de estar fria como gelo e quente ao
mesmo tempo.
— Quem? — Ela exigiu. — Quando?
— Foi num jogo dos Yankees. Eu passei os primeiros três turnos
cativado por suas costas e na maneira como ela continuava
rabiscando naquele pequeno caderno....
Penelope bufou. Ela não gostava dessa mulher. Ela realmente não
gostava que a mulher gostasse de beisebol. Isso era coisa dela e do
Cole.
Ela começou a levantar o queixo e fingir não ligar, mas então ela
viu o sussurro de um pequeno sorriso no rosto dele.
Os olhos de Penelope se estreitaram. — Espere um minuto. Eu
tenho um pequeno caderno. E você me viu pela primeira vez em um
jogo dos Yankees.
— Humm, isso é verdade? Não me lembro.
Ela beliscou seu braço, brincando. — Cole Sharpe, não se atreva a
brincar comigo sobre isso. A mulher que te distraiu daquele jogo dos
Yankees. Fui eu?
As mãos dele encontraram o rosto dela enquanto os polegares dele,
suavemente, escovavam os lábios dela, a expressão dele era suave.
— Penelope. Sempre foi você.

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