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Ciências Sociais e Humanas

Curso de Mestrado em Ciências do Desporto

Unidade Curricular: Cinesiologia

Avaliação cardiorrespiratória e prescrição do exercício: determinação do


VO2 em natação

Diogo Silva, m5845


Docente: Professor Doutor Daniel Marinho

Covilhã, 17 de Setembro de 2013

Universidade da Beira Interior – Mestrado em Ciências do Desporto


Resumo

Na natação pretende-se que o nadador efectue uma determinada distância no menor


tempo possível. Para isso é necessário que tenha a máxima performance e que evite
desperdiçar energia desnecessariamente, ou seja, tem que conseguir nadar à máxima
velocidade possível mas com um custo energético baixo, tem de ser económico. Muitos
factores afectam essa economia e existem alguns métodos para determinar essa economia
de nado. Um desses métodos consiste na determinação do VO2. Nesta breve revisão é
demonstrado alguns métodos de determinação do VO2.

Palavras-chave: natação, método directo, VO2, expiração, inspiração

Introdução

Na natação pretende-se que o nadador se desloque na água à velocidade mais


elevada que consegue, a qualquer distância, para que o tempo de prova seja o mínimo
possível. Para que o nadador consiga ser mais rápido que os seus adversários, para
além de outros factores, terá de minimizar o custo energético na prova (Barbosa, Bragada,
Reis et al., 2010; Silva, Reis, Marinho et al., 2006). O custo energético ou custo de nado é
definido como a energia necessária para nadar um metro (Ratel e Poujade, 2009; Chatard et
al, 1990; Kjendlie et al., 2004; Lätt et al., 2009). Quanto menor for o custo energético
melhor vai ser a performance do nadador (Silva et al, 2006; Zamparo et al., 2011). Com
base neste pressuposto, o nadador terá de ser o mais economicamente possível a nadar.
Onde se define a economia de nado como o consumo de oxigénio para nadar a uma
dada velocidade (Chatard et al., 1990; Kjendlie et al., 2004; Lätt et al., 2009). Ao
conseguirmos medir o custo energético, estamos também a medir a economia de nado, pois
o custo energético é um dos meios para quantificar a economia de nado (DiGeronimo,
2010).

Segundo a literatura, a economia de nado é um método mais eficiente que o VO2


para determinar a performance de um nadador (Silva et al., 2006; Reis, Alves et al., 2011;
Barbosa et al. 2010), pois nem todas as distâncias de prova são maioritariamente aeróbias,
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como o caso das provas de velocidade, que são anaeróbias.
Mas como determinar todos os valores e os factores que podem afectar a economia
de nado, a recolha do VO2 pode ser o melhor método para a determinar.

O objectivo deste trabalho é mostrar algumas técnicas para determinação do VO2 na


natação, com base em protocolos realizados em diferentes trabalhos.

Determinar a economia de nado

Como já referido anteriormente, ao analisarmos o custo energético conseguimos


analisar a economia de nado. Ao medirmos o VO2, o lactato e frequência cardíaca
(Silva et al. 2006; DiGeronimo, 2010) e a velocidade de nado (Silva et al. 2006) estamos a
estimar o custo energético e consequentemente a economia de
nado.

Segundo Silva et al. (2006), podemos determinar a economia de nado por dois
métodos: o método directo e o método indirecto. O método directo consiste na
determinação do VO2 com uma velocidade de nado, podendo essa medida ser retirada
directamente através de oximetria directa (Silva et al., 2006) ou através de nado a diferentes
velocidades durante um determinado tempo (Kjendlie et al., 2004)
No método indirecto, podemos utilizar dois modelos: a relação entre lactato e
velocidade de nado ou a relação entre frequência cardíaca e velocidade de nado (Silva et al.
2006). A medição de lactato usa-se quando as velocidades de nado são mais elevadas e os
esforços anaeróbios e a frequência cardíaca para quando os esforços são mais aeróbios.
Ambos os métodos não são 100% eficazes, mas sendo o método directo o que
apresenta menos erros (Silva et al., 2006). O método indirecto apresenta maior diferença
com os valores reais, visto que se utilizar a medição da frequência cardíaca, teremos de nos
afastar da velocidade de prova, isto porque não existe nenhuma prova em que o esforço seja
totalmente aeróbio. Quanto ao método directo, este não é 100% eficaz porque é um pouco
incómodo ao nadador nadar com o equipamento para retirar os valores de ar inspirado e
expirado.

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Determinação do VO2

Diversos autores, nos seus trabalhos, realizaram diferentes protocolos para


determinar o VO2. Esses protocolos são algumas vezes iguais entre autores. Um dos
protocolos usados é determinar o VO2 através de um saco de Douglas (Silva et al.,
2006; Ratel e Poujade, 2009; Kjendlie et al., 2004; Chatard et al, 1990), em que o nadador
nada com uma peça na boca com ligação ao saco de Douglas que colecta o gás expirado e
que segue o nadador ao longo da piscina. As medições do gás expirado podem ser medidas

nos últimos 50m num teste de 200m (Ratel e Poujade, 2009) ou nos últimos 30s de cada
200m (Chatard et al, 1990), visto que para estes autores a velocidade de nado devia de ser
constante.
Um outro protocolo (DiGeronimo, 2010), consiste na utilização também de um
método de back extrapolation, por via indirecta de calorimetria (TruOne 2400) e é
realizado depois de o nadador acabar de nadar durante 60s, sendo os valores registados aos
30, 45 e 55 segundos.
Outros autores (Lätt et al., 2009), determinam o VO2 nos primeiros 20s de
recuperação do nadador depois de este nadar 400m máximos, com um equipamento portátil
de circuito aberto (MedGraphics VO200).
No trabalho de Zamparo, Lazzer, Antoniazzi et al. (2008), recolhem os valores dos
gases expirados e inspirados, através do K4B 2, durante 45 segundos na fase de
recuperação do atleta. As medições são feitas através de medição directa através de um
bocal com uma mola no nariz para evitar a saída de gases desnecessariamente. Já para
outros autores (Sousa, Figueiredo, Oliveira et al., 2010) utilizaram o mesmo aparelho mas
as medições foram feitas as 5, 10, 15 e 20 segundos. Noutro trabalho de Sousa et al. (2011),
também se utilizou o mesmo aparelho portátil (K4B 2) mas as medições feitas de forma
diferente. Desta vez os nadadores nadavam 200m à máxima velocidade (com o medidor
colocado) e mediam até o VO2 chegar a valores basais.
A utilização de oximetria directa também é falada em estudos (Silva et al., 2006),
em que os testes eram feitos em ergómetros de água, com o aparelho Sensormedics 2900,
que faz a recolha directa e relaciona as concentrações de gases quando os recolhe, e que
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terá de se descolar ao longo da piscina, ao lado do nadador, para que os dados possam ser
recolhidos. Segundo estes autores, existem aparelhos mais fáceis de fáceis de transportar e
mais portáteis que permitem fazer as mesmas leituras, esses aparelhos são apresentados
aqui neste trabalho (MedGraphics, K4B 2,)
Jurimae, Haljaste, Cicchella et al. (2007), determinaram o VO2 dos nadadores num
ciclo ergómetro, com um medidor portátil de circuito aberto (MedGraphics VO200),
duração de 8-10min de exercício com um aumento de potência a cada 2min.
A análise dos gases expirados e inspirados é feita através de programas de
computador ligados aos diferentes instrumentos de recolha de gases (Silva et al., 2006;

Ratel e Poujade, 2009; Kjendlie et al., 2004; Chatard et al, 1990; DiGeronimo, 2010; Lätt et
al., 2009; Zamparo et al., 2008; Jurimae et al., 2007).

Conclusão

Para os técnicos é importante a determinação do VO2 e saber a se o seu nadador é


económico ou não para poder fazer os treinos indicados para obter o máximo de
performance do nadador. A determinação do VO2 é bastante importante mas obtê-la na
natação é algo que não é muito fácil, pois o nadador tem que nadar com um bocal e isso
pode fazer com que o nado não seja o mais correcto e que o tempo obtido não se aproxime
do da prova. Obter os valores de VO2 depois do nado, na fase de recuperação, pode ser um
método mais eficaz para essa determinação, pois o nadador não tem outras condicionantes
que possam prejudicar a sua performance.
Todas as técnicas aqui demonstradas são utilizadas em trabalhos de investigação e
qualquer um destes protocolos pode ser usado, pois vão todos de encontro ao mesmo
objetivo.

Bibliografia

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