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Universidade Federal do Paraná

Curso de Engenharia Química


CQ320 - Físico-química Experimental – EQA
Profª Regina Maria Queiroz de Mello
01/07/2022
Bancada nº 1
Alunos: Ariane do Nascimento Forte, Caio Augusto Cessel, Gustavo Marcondes de
Barros, Matheus Polati Farinhas e Nicole Mantoani

PRÁTICA 07 – CÉLULAS ELETROLÍTICAS E DETERMINAÇÃO DO PRODUTO


DE SOLUBILIDADE DO CLORETO DE PRATA

1. INTRODUÇÃO

A matéria é composta por partículas as quais são eletricamente carregadas,


assim, temos a possibilidade de transformar energia elétrica em energia química e o
oposto também é verdade. A conversão de energia química em energia elétrica pode
ser exemplificada em células galvânicas como um pilhas ou baterias.

Uma célula eletroquímica de corrente contínua consiste em dois condutores


elétricos os quais são denominados eletrodos, são mergulhados em uma solução de
eletrólitos ou ainda condutor iônico.

A corrente elétrica é um fluxo de partículas carregadas, normalmente, no


processo de condução da corrente duas ou mais classes de partículas participa,
assim íons de ambos os sinais se movimentam. Para que uma corrente flua na célula
se torna necessário que os eletrodos estejam conectados através de um condutor
metálico, as soluções de eletrólitos estejam em contato, permitindo o movimento de
íons entre elas e que uma reação de transferência de elétrons possa ocorrer em cada
um dos eletrodos.

De forma sintetizada, as células eletroquímicas são dispositivos feitos para o


processamento de uma reação redox. Consistindo em dois eletrodos submersos em
soluções de eletrólitos diferentes, para as células galvânicas as reações ocorrem de
forma espontânea gerando energia.
FIGURA 1 – Exemplo de célula galvânica
Fonte: Fundamentos de Química Analítica

A Equação de Nernst permite calcular o potencial de um eletrodo em quaisquer


condições dadas, se conhecida seu potencial padrão ela pode ser descrita da
seguinte forma:
𝑅𝑇 𝑎𝑐 𝑐 ∗ 𝑎𝐷𝑑
𝐸𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 = 𝐸°𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 − ∗ ln( 𝑎 )
𝑛𝐹 𝑎𝐴 ∗ 𝑎𝐵 𝑏

Pilhas ou ainda Células de concentração são compostas por duas células de


volume aproximadamente equivalente do mesmo material, entretanto com
concentrações diferentes.
FIGURA 2 – Células de concentração

Fonte: Pilha de Concentração

O Produto de Solubilidade por sua vez é quando por exemplo em situações


que se adicionam um sólido iônico pouco solúvel em água, temos um equilíbrio entre
os íons em solução e o sólido, assim o Kps ou ainda produto de solubilidade descreve
a “concentração” de íons existente na reação. Para exemplificar podemos pensar na
seguinte reação:
𝐴𝐵(𝑠) ↔ 𝐴+ (𝑎𝑞) + 𝐵 − (𝑎𝑞)
𝐾𝑝𝑠 = [𝐴+ (𝑎𝑞)][𝐵 − (𝑎𝑞)]

2. OBJETIVO

Os experimentos realizados têm por objetivo a determinação da diferença de


potencial de diversas células eletroquímicas galvânicas e células de concentração de
cobre. Já a segunda parte, visa a obtenção do produto de solubilidade (Kps) do cloreto
de prata (AgCl) utilizando os métodos de condutividade e diferença de potencial,
permitindo assim a comparação dos resultados encontrados.
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 MATERIAIS
Reagentes: solução de sulfato de cobre (1,0 e 0,1 mol. L-1); solução de sulfato
de zinco (0,01 mol. L-1); solução de nitrato de níquel (0,001 mol. L-1); solução de nitrato
de prata (0,001 mol. L-1); eletrodo de cobre, níquel, prata e zinco.
Vidrarias: béqueres de 50 mL; tubos em U (contendo ágar-ágar e KNO3); pipeta
graduada de 5 mL; balões volumétricos de 50 mL ou 100 mL; palha de aço.
Equipamentos: condutivímetro, multímetro e conectores do tipo banana-jacaré.

3.2 MÉTODOS
3.2.1 PARTE 1
Para a primeira parte experimental, foi realizado a montagem das células
galvânicas a partir dos reagentes e eletrodos empregados. Primeiramente foi
realizado a limpeza das superfícies dos eletrodos, em seguida realizado a
montagem das células galvânicas e medido seu devido potencial entre os
eletrodos.
O diagrama das células galvânicas construídas é ilustrado na Figura 3:
FIGURA 3 – Diagrama das células galvânicas construídas

FONTE: Os Autores
A leitura do potencial de cada pilha foi feita com o multímetro em contato com
os eletrodos, e com a devida calibração para medição da ddp.
Em seguida, foi realizado as células de concentração. Portanto, foi realizado
algumas soluções, por diluição sucessiva, de CUSO4 com concentrações de 0,1;
0,01; 0,001 mol. L-1, a partir de uma solução mais concentrada de 1,0 mol. L -1
(disponível no laboratório).
Com as soluções preparadas, foi montado as células de concentração, o
diagrama das células segue na Figura 4, e medido o potencial em cada caso
analisado.
FIGURA 4 – Diagrama das células de concentração construídas
FONTE: Os Autores
3.2.2 PARTE 2
Para a segunda parte experimental, foi realizado a determinação do produto
de solubilidade (Kps) do cloreto de prata. Nesse procedimento realizou-se a análise
em dois casos, o primeiro analisando a condutividade da solução e o segundo
analisando o conceito de potencial da célula.
Para determinarmos o Kps pela condutividade, foi calibrado o condutivímetro e
em seguida feito a imersão da célula de condutância no béquer contendo a
solução de supersaturada de água destilada e AgCl (0,005 g de AgCl em
aproximadamente 50 mL de água).
Para determinarmos o Kps pelo potencial da célula, foi feito duas semi-células.
A primeira contendo 25 mL de NaCl (1,0 mol. L-1), 10 gotas de AgNO3 (1,0 mol. L-
1) e um fio de prata. A segunda contendo 25 mL de ZnSO 4 (1,0 mol. L-1) e uma
placa de zinco.
Após prepararmos as semi-células foi adicionado a ponte salina e medido a
ddp da célula eletroquímica empregando o multímetro em contato com a placa de
zinco e o fio de prata.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 PARTE 1
A tabela abaixo mostra as diferenças de potencial medidas para as diferentes
pilhas montadas no experimento:
TABELA 1 - POTENCIAIS MEDIDOS DE DIFERENTES PILHAS
Número da Diferença de
Pilha
pilha potencial medida
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
1 𝑍𝑛 | 𝑍𝑛2+ (0,01 ) ||𝐶𝑢2+ (0,1 ) |𝐶𝑢 1,0936 V
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
2 𝑍𝑛 | 𝑍𝑛2+ (0,01 ) ||𝑁𝑖 2+ (0,001 ) |𝑁𝑖 0,84 V
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
3 𝑁𝑖 | 𝑁𝑖 2+ (0,001 ) ||𝐶𝑢2+ (0,1 ) |𝐶𝑢 0,37 V
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
4 𝐶𝑢 | 𝐶𝑢2+ (0,1 ) ||𝐴𝑔+ (0,001 ) |𝐴𝑔 0,3363 V
𝐿 𝐿
FONTE: Os Autores (2022).

Além desses potenciais, foram medidos aqueles relativos às células de


concentração. Os resultados dessas medições estão mostrados abaixo:

TABELA 2 - POTENCIAIS MEDIDOS DE DIFERENTES CÉLULAS DE CONCENTRAÇÃO


Diferença de
Número da
Pilha potencial
pilha
medida
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
5 𝐶𝑢 | 𝐶𝑢2+ (0,001 ) ||𝐶𝑢2+ (1,0 ) |𝐶𝑢 0,0415 V
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
6 𝐶𝑢 | 𝐶𝑢2+ (0,01 ) ||𝐶𝑢2+ (1,0 ) |𝐶𝑢 0,0318 V
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
7 𝐶𝑢 | 𝐶𝑢2+ (0,1 ) ||𝐶𝑢2+ (1,0 ) |𝐶𝑢 0,0140 V
𝐿 𝐿
FONTE: Os Autores (2022).

Uma pilha de solução de cobre com concentração 0,0001 mol por litro seria
também testada, entretanto, essa montagem não foi realizada, já que os erros dos
cálculos seriam muito grandes de acordo com a professora orientadora da disciplina.
As semirreações referentes às pilhas estão na seguinte tabela. A primeira
semirreação é referente ao ânodo (oxidação) e a segunda é referente ao cátodo
(redução). A terceira equação para cada pilha é a reação global.

TABELA 3 - SEMIRREAÇÕES E REAÇÃO GLOBAL PARA CADA PILHA


Número da pilha Semirreações e reação global
𝑍𝑛 → 𝑍𝑛2+ + 2𝑒 −
1 𝐶𝑢2+ + 2𝑒 − → 𝐶𝑢
𝑍𝑛 + 𝐶𝑢2+ → 𝑍𝑛2+ + 𝐶𝑢
𝑍𝑛 → 𝑍𝑛2+ + 2𝑒 −
2 𝑁𝑖 2+ + 2𝑒 − → 𝑁𝑖
𝑍𝑛 + 𝑁𝑖 2+ → 𝑍𝑛2+ + 𝑁𝑖
𝑁𝑖 → 𝑁𝑖 2+ + 2𝑒 −
3 𝐶𝑢2+ + 2𝑒 − → 𝐶𝑢
𝑁𝑖 + 𝐶𝑢2+ → 𝑁𝑖 2+ + 𝐶𝑢
𝐶𝑢 → 𝐶𝑢2+ + 2𝑒 −
4 𝐴𝑔+ + 𝑒 − → 𝐴𝑔
𝐶𝑢 + 2𝐴𝑔+ → 2𝐴𝑔 + 𝐶𝑢2+
𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑢 → 𝐶𝑢2+ (0,001 ) + 2𝑒 −
𝐿
𝑚𝑜𝑙
5 𝐶𝑢2+ (1,0 ) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢
𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑢2+ (0,001 ) → 𝐶𝑢2+ (1,0 )
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑢 → 𝐶𝑢2+ (0,01 ) + 2𝑒 −
𝐿
𝑚𝑜𝑙
6 𝐶𝑢2+ (1,0 ) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢
𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑢2+ (0,01 ) → 𝐶𝑢2+ (1,0 )
𝐿 𝐿
𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑢 → 𝐶𝑢2+ (0,1 ) + 2𝑒 −
𝐿
𝑚𝑜𝑙
7 𝐶𝑢2+ (1,0 ) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢
𝐿
𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
𝐶𝑢2+ (0,1 ) → 𝐶𝑢2+ (1,0 )
𝐿 𝐿
FONTE: Os Autores (2022).
O cálculo das diferenças de potencial teóricas para essas pilhas pode ser feito
com a equação de Nernst:
𝑅𝑇
∆𝐸 = ∆𝐸 0 − ln 𝑄
𝑛𝑒 𝐹
Na equação, ∆𝐸 0 é o potencial da pilha nas condições padrão (temperatura de
298,15 K, pressão de 1 bar e atividade dos íons igual a 1), 𝑅 é a constante dos
gases, 𝑇 é a temperatura, 𝑛𝑒 é o número de elétrons transferidos na reação
correspondente à pilha, 𝐹 é a constante de Faraday e 𝑄 é o coeficiente de reação
da pilha.
Com a aproximação de que a atividade é igual à concentração, pressão igual
a 1 bar, temperatura de 298,15 K e com o fator de conversão 2,303 de logaritmo
natural para decimal, a equação é reescrita como:
0,0592
∆𝐸 = ∆𝐸 0 − log 𝑄
𝑛𝑒
As diferenças de potencial no estado padrão podem ser obtidas por dados
tabelados dos potenciais das semirreações. Os valores dos potenciais de cada
semirreação foram obtidos de Atkins e de Paula (2006) (potenciais de redução do
cobre, zinco, níquel e prata, respectivamente, 0,34 V, -0,76 V,0,23 V e 0,8 V). A
análise para a obtenção do número de elétrons transferidos e do coeficiente de
reação seguirá um procedimento “padrão”. Portanto, ela será explicitada para a
pilha 1 e os raciocínios foram os mesmos para as outras pilhas.
No caso da pilha 1, a reação global é:
𝑍𝑛 + 𝐶𝑢2+ → 𝑍𝑛2+ + 𝐶𝑢
Analisando as semirreações, o zinco transfere 2 elétrons para o cobre (o
número de oxidação de ambos os metais varia em 2 unidades e somente um átomo
de cada metal está presente na reação, por estequiometria). Portanto, 𝑛𝑒 = 2.
A expressão do coeficiente de reação para esse caso, aproximando as
atividades pelas concentrações, é a seguinte:
∏ 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çõ𝑒𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 (𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑍𝑛2+ )1
𝑄= =
∏ 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çõ𝑒𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 (𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝐶𝑢2+ )1

Com esse raciocínio para os cálculos, foram obtidos os resultados de diferença


de potencial por Nernst da tabela abaixo, bem como os erros relativos:
TABELA 4 - POTENCIAIS CALCULADOS PARA AS PILHAS E ERROS RELATIVOS
Pilha 𝑛 ∆𝐸 0 (V) 𝑄 ∆𝐸 (V) ∆𝐸 medido (V) Erro
1 2 1,1 0,1 1,1296 1,0936 3%
2 2 0,53 10 0,5004 0,84 -40%
3 2 0,57 0,01 0,6292 0,37 70%
4 2 0,46 100000 0,312 0,3363 -7%
5 2 0 0,001 0,0888 0,0415 114%
6 2 0 0,01 0,0592 0,0318 86%
7 2 0 0,1 0,0296 0,014 111%
FONTE: Os Autores (2022).

O erro relativo foi calculado com o valor obtido por Nernst comparado ao valor
medido na prática.
É perceptível que alguns valores foram bastante diferentes dos medidos
experimentalmente. Isso pode ser devido a alguns fatores, entre eles:
• A aproximação de atividade dos íons igual à concentração pode ter gerado
resultados do coeficiente de reação diferentes dos ideais (as soluções podem
não ter se comportado de forma ideal para a realização dessa aproximação);
• A temperatura e a pressão atmosférica do laboratório podiam não ser
exatamente 298,15 K e 1 bar. Portanto, a forma simplificada da equação de
Nernst, que funciona idealmente para esse caso de pressão e temperatura,
pode não ter gerado resultados tão próximos dos medidos em função desses
parâmetros. Uma sugestão de melhoria do experimento seria medir esses
valores no dia da prática, para a obtenção de resultados melhores;
• Já que, durante a prática, o potencial demorou a estabilizar para várias das
pilhas, podem ter ocorrido erros humanos no processo de anotar o potencial
com o voltímetro, por exemplo, no ato de o potencial ainda não ter se
estabilizado completamente. Outros erros, por exemplo, na montagem das
pilhas (polimento das peças metálicas etc.) podem ter interferido nos
resultados também.
Também é possível notar que as células de concentração possuem maior
potencial com uma maior diferença de concentração entre os eletrodos, o que é
esperado pela relação do coeficiente de reação. Além disso, essas foram as pilhas
que geraram maiores erros relativos.
4.2 PARTE 2

Na segunda parte do experimento de determinação do produto de solubilidade


tinha o objetivo de determinar o Kps (constante de equilíbrio) juntamente com a
solubilidade do cloreto de prata. Para isso, foram feitas duas experiências em
paralelo: a determinação do Kps por medidas de condutividade e a determinação do
Kps por medidas do potencial da célula.
Referente a determinação do Kps através de medidas de condutividade, foi
medido a condutância da água destilada e foi obtido o valor de 2,16×10-6 S/cm. É
importante ressaltar que o condutivímetro estava calibrado com uma solução de KCl
0,01 mol/L, k = 1413×10-6 S/cm.
Em seguida, foram adicionados, aproximadamente, 0,050g de AgCl em água
destilada para, então, ser medida a condutividade da solução eletrolítica e que obteve
um valor de 3,96×10-6 S/cm.
Calcula-se a solubilidade de acordo com o rearranjo da expressão analítica da
condutividade molar descrita abaixo:
k k k(sal) k(solução) − k(água)
Λ°m = = →S= =
c 𝑆 Λ°m Λ°m
Nessa expressão, como é usado um sal pouco solúvel, é feita uma
aproximação entre a concentração e a solubilidade e o fator Λ°m representa a soma
das condutividades molares limites do e Cl- por causa da lei da migração
independente dos íons. Portanto, o valor tabelado que representa essa soma das
condutividades molares limites é de 138,25 S×cm2/mol (Ag+ = 61,9 S×cm2/mol e Cl- =
76,35 S×cm2/mol) (ATKINS; DE PAULA, 2006).
Tem-se, então, a solubilidade igual a:
3,96 × 10−6 − 2,16 × 10−6
S= = 1,32 × 10−8 mol/cm3 = 1,32 × 10−5 mol/L
138,25
Para calcular o Kps, tem-se a relação abaixo na qual a concentração é sempre
usada em mol/L.
Kps = [Ag + ][Cl− ] = S ∙ S = S 2 = (1,32 × 10−5 )2 = 1,695 × 10−10
Considerando agora a segunda determinação do Kps através das medidas
utilizando o potencial da célula, foi realizada uma semi -célula de NaCl, AgCl e
NaNO3 e outra semi-célula de zinco, sendo que ocorre o a oxidação do zinco e a
redução da prata nessa pilha, por esse motivo, utilizando a semirreações do
potencial de redução das espécies, obtém-se a reação global abaixo.
Zn + 2Ag + → Zn2+ + 2Ag
Para calcular a concentração de prata na pilha é usado a equação de Nernst,
na qual E é o potencial obtido no experimento, E° é o potencial padrão tabelado para
a reação global da prata e do zinco, T é a temperatura ambiente, R é a constante dos
gases, ne representa a quantidade de elétrons envolvidas na reação e F é o número
de Faraday (96485 C/mol).
RT [ Zn2+ ]
E = Eo − ln
ne F [Ag + ]2
No experimento, foi medido um potencial de 0,982 V para essa pilha. Utilizando
os valores tabelados de potencial de redução, é obtido um valor de 1,56 V como
potencial padrão dessa pilha (valores usados: E° (prata) = 0,8 V, E° (zinco) = -0,76
V). A concentração do zinco é de 1 mol/L e a quantidade de elétrons envolvida na
reação, ne, é 2.

[ Zn2+ ] 1
[Ag + ] = √ (E−Ee )ne F
= √ (0,982−1,56)∙2∙96485
= 1,700 ∙ 10−10 mol/L
− −
e RT e 8,314∙(25+273,15)
Portanto, o valor do Kps obtido na parte do potencial da célula é obtido através
da fórmula abaixo na qual é considerado que a concentração de cloro é 1 mol/L e a
da prata a calculada pelo potencial da célula.
Kps = [Ag + ][Cl− ] = 1,700 ∙ 10−10 ∙ 1 = 1,700 ∙ 10−10
Na Tabela apresentada abaixo possui o valor do Kps na literatura e os dois Kps
calculados acima com os seus respectivos erros.
TABELA 5 - COMPARAÇÃO DO Kps CALCULADO E Kps DA LITERATURA
Método Kps Literatura Kps Calculado Erro (%)
Condutividade 1,695e-10 2,74%
1,65E-10
Potencial 1,700e-10 3,06%
FONTE: Os Autores (2022).
5. CONCLUSÃO

Dessa forma, é possível concluir a respeito do primeiro experimento que a prática


não foi realizada com precisão adequada, em especial no caso das células
eletroquímicas de concentração, visto que os valores obtidos tiveram um erro
percentual relativamente alto. Essa diferença, conforme discorrido anteriormente,
pode ter sido devida à diversos fatores, como aproximações realizadas na Lei de
Nernst, o fato de não terem sido coletados dados do ambiente, limitações dos
operadores e do equipamento, soluções com concentração não tão precisa, entre
outros.
Já quando à segunda parte do experimento, tanto o método do condutivímetro
quanto o método da diferença de potencial permitiram a obtenção de um valor de Kps
de cloreto de prata muito próximo ao encontrado na literatura. Portanto, pode-se
concluir que ambos os métodos são adequados para a medição da constante de
solubilidade e foram realizados corretamente.
6. REFERÊNCIAS

ATKINS, P.; DE PAULA, J. Physical Chemistry. 8. ed. New York: W. H. Freeman


and Company, 2006.

SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH, Fundamentos de Química Analítica,


Tradução da 8ª Edição norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006.

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