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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO

MANUAL DE REDAÇÃO DO MINISTÉRIO


PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
- Redação Oficial
- Redação Profissional
- Gramática

Elaboração: PAULO RICARDO GONTIJO LOYOLA


Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 1
Conselho Editorial:
Altamir Rodrigues Vieira Júnior Milene Coutinho
Edison Miguel da Silva Júnior Mozart Brum Silva
Eduardo Abdon Moura Paulo Ricardo Gontijo Loyola
Érico de Pina Cabral Ricardo Papa
Estela de Freitas Rezende Spiridon Nicofotis Anifantis
Ivana Farina Navarrete Pena

Elaboração: Paulo Ricardo Gontijo Loyola

Colaboradores: Estela de Freitas Rezende Ivana Farina Navarrete Pena


Eduardo Abdon Moura Liana Antunes Vieira Tormin
Fausto Campos Faquineli Denis Augusto Bimbati Marques

Digitação: Paulo Ricardo Gontijo Loyola


Christiano Martins de Freitas

Agradecimento Especial:
Marta Moriya Loyola

Loyola, Paulo Ricardo Gontijo.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás:


redação oficial, redação profissional, gramática / Paulo Ricardo Gontijo
Loyola. - Goiânia : ESMP/GO, 2006.
170 p.

I. Título

CDU 808
Ficha catalográfica: Tânia Gonzaga Gouveia – CRB 1842

© Ministério Público do Estado de Goiás


Tiragem: 600 exemplares
Capa: Humberto de Vasconcelos Andrade
Fotografias: Rogério César Silva e Agetur Divulgação
Procuradoria-Geral de Justiça
Procurador-Geral : Dr. Saulo de Castro Bezerra
Rua 23, esquina c/ Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts 15/24. Jardim Goiás – Goiânia – GO
CEP 74.805-100 Fone: (62) 3243-8000
e-mail: esmp@mp.go.gov.br
Http:// www.mp.go.gov.br
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7

Parte I – Redação Oficial

CAPÍTULO I – Aspectos Gerais da Redação Oficial ..................... 9

1 O que é redação oficial ............................................................... 9


1.1 Impessoalidade .................................................................... 9
1.2 A linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais ................ 10
1.3 Formalidade e padronização ................................................ 11
1.4 Concisão, coerência e clareza ............................................... 11

2 Pronomes de Tratamento.. ......................................................... 12


2.1 Emprego dos pronomes de tratamento.. ............................ 12

3 Normas gerais de preparação de documentos oficiais ................ 15


3.1 Sinais de pontuação ............................................................. 15
3.2 Remissão a texto legal ......................................................... 15
3.3 Fechos e identificação do signatário .................................... 15
3.4 Siglas .................................................................................... 16
2.5 Artigos, incisos, parágrafos, letras e números ..................... 16
3.6 Numerais e valores monetários ........................................... 17

CAPÍTULO II – Atos Oficiais ......................................................... 18

O Padrão Ofício ......................................................................... 20


Aviso e Ofício ............................................................................. 23
Memorando ................................................................................ 24
Circular ....................................................................................... 24
Portaria ....................................................................................... 25
Regimento .................................................................................. 25
Resolução.................................................................................... 26
Ato (normativo).......................................................................... 26
Edital .......................................................................................... 26
Exposição de Motivos ................................................................ 27
Mensagem .................................................................................. 27
Requerimento ............................................................................. 28
Parecer ......................................................................................... 29
Despacho .................................................................................... 29
Termo ......................................................................................... 30
Comunicação .............................................................................. 30
Relatório ..................................................................................... 30
Certidão ...................................................................................... 30
Ata .............................................................................................. 31
Convênio .................................................................................... 31
Instrução Normativa e Instrução de Serviço ............................. 32
Ordem de Serviço ...................................................................... 32
Comunicação eletrônica ............................................................. 32
Fax ............................................................................................... 33
Telegrama ................................................................................... 33

CAPÍTULO III – Modelos .............................................................. 37

Ofício .......................................................................................... 37
Aviso ............................................................................................ 38
Memorando ................................................................................ 39
Ofício Circular ........................................................................... 40
Portaria ....................................................................................... 41
Autuação de Portaria .................................................................. 43
Regimento .................................................................................. 44
Resolução.................................................................................... 45
Ato .............................................................................................. 46
Edital .......................................................................................... 47
Exposição de Motivos ................................................................ 49
Mensagem .................................................................................. 50
Termos
Conclusão............................................................................ 51
Declarações ......................................................................... 52
Constatação ......................................................................... 53
Notificação ................................................................................. 54
Certidão ...................................................................................... 55
Fax ............................................................................................... 56
Parte II – Redação Profissional

CAPÍTULO I – Aporte Teórico ....................................................... 57

1 Elementos da comunicação ....................................................... 58

2 Funções da linguagem ............................................................... 58


2.1 Função referencial ............................................................... 58
2.2 Função conotativa................................................................ 58
2.3 Função emotiva ................................................................... 59
2.4 Função metalingüística ....................................................... 59
2.5 Função poética..................................................................... 59

3 O sentido das palavras: denotação e conotação......................... 60

4 Alguns conceitos úteis................................................................ 61


Quadros de exemplos
Exemplos de Parônimos ............................................................. 62
Exemplos de Homônimos Homófonos ..................................... 63

4 Coesão e coerência textual ......................................................... 64


Elementos de coesão encontradiços no discurso jurídico ......... 66
Expressões de transição .............................................................. 68

CAPÍTULO II – Parte Prática

1 Peças processuais ........................................................................ 69


1.1 Denúncia ............................................................................. 69
1.2 Ação Civil Pública. .............................................................. 77
1.3 Manifestação. ....................................................................... 85
1.4 O nome das partes no Processo Civil.................................. 89

Parte III – Gramática

CAPÍTULO I – O Conceito de Erro em Português ....................... 91

1 Introdução .................................................................................. 91

2 O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa .................... 93


CAPÍTULO II – Temas Complexos ................................................ 94

1 O uso do infinitivo pessoal ........................................................ 94

2 O uso da partícula SE ................................................................ 98

3 Colocação dos pronomes átonos ................................................ 103

CAPÍTULO III – Quadros Gramaticais ......................................... 108

CAPÍTULO IV – Pequeno Dicionário de Dificuldades do Português 120

ANEXOS

Anexo I – Breves noções sobre a pronúncia do Latim .............. 155

Anexo II – Termos em Latim mais utilizados no Direito ......... 157

BIBLIOGRAFIA .............................................................................. 169

6 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


APRESENTAÇÃO

Manual de redação voltado para o Ministério Público. Eis o que


esta obra se propõe a ser. Eis o que ela é. Se não se arroga ares de guia
de atuação e de conduta do Ministério Público, também não se
acomoda no perfunctório.

Definidos esses lindes, várias são as virtudes deste Manual de


Redação do Ministério Público do Estado de Goiás. A primeira delas,
com certeza, a forma escolhida para apresentação dos temas. Subdividido
em três blocos principais – redação oficial, redação profissional e gramática
– o Manual, sem resvalar na superficialidade, mostra-se ideal para
consultas rápidas.

Longe das corriqueiras, e nem sempre profícuas, coletâneas de


modelos, a compilação oferece significativo aporte teórico, utilizadas as
peças práticas como ilustração para as considerações.

A maneira com que desenvolvidos os tópicos, outrossim, é elogiável:


concisão e objetividade são as palavras de ordem. O autor aborda uma
grande diversidade de assuntos e, sem pretensão de esgotá-los, enfrenta-
lhes as nuanças mais problemáticas, objeto de dúvidas e dissensões
mais freqüentes.

A disposição dos tópicos também é merecedora de registro,


porquanto, somados, formam eles um todo lógico e harmônico, que
agiliza e facilita a pesquisa.

Dessa profusão de boas escolhas emerge uma obra robusta, sem ser
pretensiosa; prática, sem que se circunscreva a um enfeixado de formu-
lários, e útil, muito útil.

Goiânia, outubro de 2006.

Estela de Freitas Rezende


Conselho Editorial

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 7


8 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás
PARTE I - REDAÇÃO OFICIAL

CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL

1 O que é Redação Oficial

A redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos


normativos e comunicações. Suas características básicas são impessoalidade,
uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e unifor-
midade.
Porquanto a publicidade e a impessoalidade são princípios funda-
mentais de toda a Administração Pública (art. 37, caput, CR), devem tam-
bém nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Não se mostra
aceitável que um ato normativo seja redigido de forma obscura, dificultan-
do sua compreensão. A transparência do sentido dos atos normativos, bem
como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito. A
publicidade implica, pois, clareza e concisão. O mesmo ocorre com as co-
municações oficiais, que devem sempre permitir uma interpretação unívoca
e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível
de linguagem.
O delineamento das especificidades da redação oficial, todavia, não
deve levar a que se lhe veja como uma linguagem própria, à parte da lingua-
gem comum. Isso significaria, em verdade, a violação da publicidade e trans-
parência que devem caracterizá-la, porquanto o abuso de expressões e clichês
do jargão burocrático dificultaria a compreensão do conteúdo exarado.
A redação oficial não pode ser indiferente à evolução da língua. Sua
peculiaridade está, simplesmente, em que sua evolução obedece a parâmetros
mais rígidos no uso do vernáculo, de maneira diversa do uso literário,
jornalístico e informal.

1.1 Impessoalidade

O agente ou servidor público, ao redigir seus atos normativos e co-


municações, não age em nome próprio, mas sim em nome do órgão ao qual
pertence. De igual modo, em razão da publicidade, dirige-se sempre, ao
menos em última instância, a um público indeterminado. O tratamento

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 9


impessoal presente nas comunicações oficiais decorre de tais peculiarida-
des, que podem ser melhor desdobradas na forma que se segue:
a) Ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se
trate, por exemplo, de um expediente assinado pelo chefe de determinada
seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação.
Busca-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunica-
ções elaboradas em diferentes setores da Administração guardem entre si
certa uniformidade;
b) Impessoalidade de quem recebe a comunicação: ela pode ser
dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão
público. Em ambos os casos, temos um destinatário concebido de forma
homogênea e impessoal;
c) Caráter impessoal do próprio assunto tratado: o universo temático
das comunicações oficiais restringe-se a questões de interesse público, sen-
do natural a ausência de um tom particular ou pessoal.

1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais

A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos


e expedientes oficiais decorre do próprio caráter público desses atos e co-
municações, bem como de sua finalidade.
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de
acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo,
podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore
expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico,
não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente.
Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da
língua, à finalidade com que a empregamos.
Os textos oficiais, por seu caráter impessoal e por sua finalidade de
informar com o máximo de clareza e concisão, requerem o uso do padrão
culto da língua, que se caracteriza como aquele em que se observam as regras
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos
usuários do idioma. A obrigatoriedade do padrão culto na redação oficial
não é mero capricho ou pedantismo. Decorre, simplesmente, de que esta
deve estar acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regio-
nais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias lingüísticas, permitin-
do, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os
cidadãos.
Ressalte-se, porém, que o padrão culto em nada se opõe à simplici-
dade de expressão, não implicando o emprego de linguagem rebuscada.

10 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Pode-se dizer que não há propriamente um padrão oficial de lingua-
gem, mas apenas o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais,
marcado pela preferência por determinadas formas e expressões, decorren-
tes da obediência a certa tradição vernacular.

1.3 Formalidade e padronização

As comunicações oficiais devem obedecer a certas regras de forma,


unindo à impessoalidade e ao padrão culto de linguagem um tratamento
marcado pela formalidade, a qual consiste não apenas no emprego de pro-
nomes de tratamento adequados, mas também na polidez, civilidade e uni-
formidade dos textos.
A estética e clareza da apresentação do documento, o uso de papéis
uniformes para o texto definitivo e a sua correta diagramação são indispen-
sáveis à padronização, cujas especificações serão adiante expostas.

1.4 Concisão, coerência e clareza

A concisão é o uso de poucas palavras para expressar uma idéia, sendo


antes uma qualidade a ser buscada do que uma característica do texto ofici-
al. Para que se redija com concisão, é fundamental que se tenha, além de
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para
revisar o texto depois de pronto, eliminando-se eventuais redundâncias ou
repetições desnecessárias.
O esforço de concisão, que obedece a um princípio de economia
lingüística, não deve ser confundido com economia de pensamento. Con-
quanto concisa, a exposição de idéias deve ser suficiente para abordar efi-
cazmente a matéria. É um equívoco eliminar passagens substanciais do
texto em busca de concisão, pois esta nada tem a ver com pobreza de
conteúdo.
A coerência consiste na ligação harmônica entre as idéias expostas no
texto. É a existência de vínculos lógicos e a ausência de contradições no
pensamento exposto, fornecendo a este a característica da unidade.
A clareza é a perfeita inteligibilidade do texto, consistindo na quali-
dade básica de todo texto oficial. Depende estritamente das demais caracte-
rística da redação oficial. Para ela concorrem:
a) a impessoalidade, que evita a ambigüidade decorrente de um tra-
tamento personalista dado ao texto;
b) o uso do padrão culto de linguagem, de entendimento geral e por
definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão;

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 11


c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível
uniformidade dos textos;
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lingüísticos
que nada lhe acrescentam.

2. Pronomes de tratamento

Segundo lição de Said Ali,1 após serem incorporados ao português os


pronomes latinos tu e vós, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a
quem se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expediente lingüístico
de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
pessoas de hierarquia superior, recurso consistente em “fingir que se dirigia
a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria supe-
rior, e não a ela própria”2.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga
tradição na língua portuguesa. A partir do final do século XVI, esse modo
de tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes de
certos cargos públicos.
Conquanto se refiram à segunda pessoa gramatical, os pronomes de
tratamento (ou de segunda pessoa indireta) levam a concordância para a ter-
ceira pessoa. O verbo concorda com o substantivo que integra a locução
como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria decidirá quanto à guarda”; “Vos-
sa Excelência julgou acertadamente”.
Os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento, pelo
mesmo motivo acima exposto, são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Se-
nhoria conhecerá seus direitos” (e não “Vossa vossos”).
O gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se
refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Para um interlocutor
masculino, o correto é “Vossa Excelência está equivocado”; para o interlocutor
feminino, “Vossa Excelência está equivocada”.
Por fim, usa-se Sua para se referir à autoridade sem dirigir-se direta-
mente a ela; usa-se Vossa para se dirigir diretamente à autoridade.

2.1 Emprego dos pronomes de tratamento

O vocativo e o endereçamento das comunicações dirigidas às autori-


dades tratadas por Vossa Excelência terão a seguinte forma:
1
Said Ali, Manoel. Gramática secundária histórica da língua portuguesa. 3. ed. Brasília: Ed. Universidade
de Brasília, 1964. p. 93-94.
2
Id. Ibid.

12 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Vocativo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Senhor Senador,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
Senhor Desembargador,
Senhor Procurador,
Senhor Juiz,
Senhor Promotor,

Endereçamento:
A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10a Vara Criminal
Rua Beltrano, no 123
74000-000 – Goiânia - GO

Não é apropriado o uso do tratamento digníssimo (DD) para autori-


dades, pois a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo
público, sendo redundante a sua repetição.
Relativamente às autoridades tratadas por Vossa Senhoria, o vocativo
e o endereçamento das comunicações terão a seguinte forma:

Senhor Fulano de Tal,


[...]
Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua Beltrano, no 123
74000-000 – Goiânia - GO

É desnecessário o emprego do superlativo ilustríssimo para as autori-


dades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares.
Como regra geral, doutor deve ser empregado apenas em comunica-
ções dirigidas a pessoas que tenham concluído doutorado, pois não consti-
tui forma de tratamento, mas, sim título acadêmico. Não obstante isso, é
costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em
Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor é o mais
adequado.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 13


Veja-se abaixo quadro geral para o tratamento de autoridades, com o
pronome pertinente.

Almirante Sua/Vossa Excelência


Arcebispo Sua/Vossa Excelência Reverendíssima
Bispo Sua/Vossa Excelência Reverendíssima
Brigadeiro Sua/Vossa Excelência
Cardeal Sua/Vossa Eminência Reverendíssima
(ou Eminência)
Cônego Sua/Vossa Reverendíssima
Conselheiro de Tribunal de Contas Sua/Vossa Excelência
Cônsul Sua/Vossa Senhoria
Coronel Sua/Vossa Senhoria
Deputado Sua/Vossa Excelência
Embaixador Sua/Vossa Excelência
Frade Sua/Vossa Reverendíssima
Freira Sua/Vossa Reverendíssima
General Sua/Vossa Excelência
Governador de Estado Sua/Vossa Excelência
Irmã (madre, sóror) Sua/Vossa Reverendíssima
Magistrado e membro do MP Sua/Vossa Excelência
Major Sua/Vossa Senhoria
Marechal Sua/Vossa Excelência
Ministro Sua/Vossa Excelência
Monsenhor Sua/Vossa Reverendíssima
Padre Sua/Vossa Reverendíssima
Papa Sua/Vossa Reverendíssima
Patriarca Sua/Vossa Excelência Reverendíssima
(ou Beatitude)
Prefeito e vice Sua/Vossa Excelência
Presidente e vice Sua/Vossa Excelência
Reitor (de Universidade) Sua/Vossa Magnificência
Secretário de Estado e Sua/Vossa Excelência
Secretário Executivo de Ministério
Senador Sua/Vossa Excelência
Tenente-Coronel Sua/Vossa Senhoria
Vereador Sua/Vossa Excelência
Demais autoridades, Sua/Vossa Senhoria
Oficiais e particulares

14 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


3 Normas gerais de preparação de documentos oficiais

3.1 Sinais de pontuação

Após vírgula (,) e ponto-e-vírgula (;), utilizar um espaço, e apenas


um, antes de digitar a próxima palavra.
Ex.: Enviamos a Vossa Excelência o inquérito, acompanhado dos au-
tos em apenso. (Espaçamento entre a vírgula e a palavra acompanhado)

Não se usa espaçamento entre a última palavra digitada e os sinais de


interrogação (?) e exclamação (!). Deve-se, porém, utilizar um espaço entre
esses sinais e a próxima palavra.
Ex.: Em que consiste o direito do requerente? É o que até o momento
não se explicou.

Os colchetes [ ], aspas “ ” e parênteses () devem vir imediatamente


antes e depois do texto por eles destacado.
Ex.: Nascido na cidade de Goiás (antiga Vila Boa), em meados de...

3.2 Remissão a texto legal

Na remissão a um texto legal, a primeira referência deve indicar o


número, seguido da data, sem abreviação do mês e ano.
Ex.: Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971.

Em referências subseqüentes, basta indicar o número e o ano.


Ex.: Lei 5.765, de 1971 (ou Lei 5.765/71).

3.3 Fechos e identificação do signatário

O fecho das comunicações oficiais cumpre duas finalidades: arrema-


tar o texto e saudar o destinatário. Há duas regras bastante simples:
a) para autoridades superiores, usa-se Respeitosamente;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior,
usa-se Atenciosamente.
Nas comunicações internas do Ministério Público goiano, é tradi-
cional o fecho Sem mais para o momento, reitero (ou apresento) protestos de
consideração e apreço.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 15


Todas as comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da auto-
ridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura, na forma que se segue:

(espaço para assinatura)


Nome
Promotor de Justiça de Aurilândia

Por questão de estética e segurança, não é recomendável deixar a assi-


natura em página isolada do expediente, devendo-se transferir para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

3.4 Siglas3

Deve-se, na primeira referência, fazer constar o nome completo do


órgão, entidade, imposto ou locução própria, assinalando a seguir a sigla,
entre travessões ou parênteses.
Ex.: A Constituição da República, em seu art. 102, estatui a compe-
tência do Supremo Tribunal Federal (STF).

É possível pluralizar uma sigla, apondo-se um s minúsculo após a sua


última letra.
Ex.: TRTs, TJs.

As siglas com até três letras devem ser escritas inteiramente em mai-
úsculas. As com mais de três letras podem ser escritas inteiramente em
maiúsculas se não formarem uma palavra. Se forem pronunciadas como
sílabas, apenas a primeira letra virá em maiúscula.
Ex.: ECT, MEC, IPVA, IPTU, Petrobrás, Emater.

3.5 Artigos, incisos, parágrafos, letras e números

Os artigos que compõem textos normativos devem ser designados


pela forma abreviada art., seguida de algarismo arábico e do símbolo de
número ordinal (º) até o de número 9, inclusive. Do artigo de número 10
em diante, deve-se usar apenas o algarismo arábico pertinente. Nos diplo-
mas normativos, usa-se um ponto para separar do texto o número cardinal,
o que é dispensado no caso dos números ordinais, que exigem apenas um
espaçamento simples.
Ex.: Art. 1º, Art. 9º, Art. 10, Art. 99;
3
Ver Parte III, Pequeno Dicionário de dificuldades do Português, verbete Abreviaturas.

16 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela…” (Consti-
tuição da República);
“Art. 10. É assegurada a participação de trabalhadores e empregado-
res” (Constituição da República).

Devem-se designar os incisos dos artigos por meio de algarismos ro-


manos, seguidos de travessão. Seu texto inicia-se com letra minúscula, salvo
quando começado por nome próprio. Os incisos terminam com ponto-e-
vírgula, excetuado o que encerra o rol, seguido de ponto, e aqueles que se
desdobrarem em letras, terminados em dois pontos.
As alíneas ou letras de um inciso ou parágrafo são grafadas com a
letra minúscula correspondente, seguida de parêntese: a), b), c), etc. As
letras iniciam-se com minúscula e terminam em ponto-e-vírgula, excetua-
da a que encerra o rol, seguida do sinal adequado ao inciso ou parágrafo, e
aquelas que se desdobrarem em números, terminadas em dois pontos.
Ex.: “Art. 5º [...] I – homens e mulheres são iguais em direitos e obri-
gações, nos termos desta Constituição; XLVI – a lei regulará a individulização
da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liber-
dade; [...] e) suspensão ou interdição de direitos; [...] LXXVIII – a todos, no
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” (A letra “e” do
inciso XLVI termina em ponto-e-vírgula porque aquele assim terminaria, já
que não é o último da relação constante no art. 5º.)

Os números são desdobramentos das letras e seguem regras seme-


lhantes. São grafados em algarismos arábicos, seguidos de ponto. Os núme-
ros se iniciam com minúscula e terminam em ponto-e-vírgula, excetuado o
que encerra o rol, seguido do sinal adequado à letra.

3.6 Numerais e valores monetários

Quando constituírem uma só palavra, os numerais devem ser grafados


por extenso. Se constituírem mais de uma, devem ser grafados em algaris-
mos arábicos, salvo quando no início da frase.
Ex.: Os envolvidos no golpe eram doze. Levava consigo uma arma
calibre 45. Vinte e cinco anos já se passaram desde o cometimento do
crime.

Os numerais indicadores de porcentagem seguem as mesmas regras


acima. Quando grafados por extenso, são seguidos da expressão por cento.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 17


Quando em algarismos arábicos, não é necessário transcrevê-los por extenso
entre parênteses.
Ex.: 32%, 64%, quinze por cento, vinte por cento.

A parte inteira é separada por vírgula da parte decimal. Dividem-se


os números em grupos de três algarismos a contar da vírgula para a esquer-
da ou para a direita, separando os grupos com um ponto ou com um
espaçamento simples. Observe-se, todavia, que os numerais indicadores de
anos não são separados por ponto.
Ex.: 3.456.987 ou 3 456 987, 2.578.367 ou 2 578 367, ano de
1910, 2006.

Os valores monetários são expressos em algarismos, seguidos da for-


ma por extenso, entre parênteses.
Ex.: O prejuízo da parte foi calculado em R$ 35.000,00 (trinta e
cinco mil reais).

Quando o valor for muito elevado, pode-se fazer uma aproximação


com uma parte em numeral e o restante por extenso. Se o numeral vem
separado por vírgula, o valor por extenso refere-se ao primeiro número; se
por ponto, aos números colocados após o ponto.
Ex.: Um valor total de 1,48 milhão (um milhão, quatrocentos e oi-
tenta mil reais); um valor total de 1.48 milhões (um bilhão, quatrocentos e
oitenta milhões de reais).

CAPÍTULO II
ATOS OFICIAIS

Os atos oficiais são originários dos poderes Executivo, Legislativo e


Judiciário e do Ministério Público. Sua veiculação se dá por meio da lingua-
gem escrita, que deve obedecer às regras fixadas na Ortografia Oficial e
codificadas na Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB)4.
Classificam-se os atos oficiais nas seguintes categorias:
a) Atos Deliberativo-Normativos;
b) Atos de Correspondência;
c) Atos Enunciativo-Esclarecedores;

4
Trabalho realizado por uma comissão de notáveis (Antenor Nascentes, Rocha Lima, Celso Cunha e
outros) com o fim de estabelecer uma divisão esquemática dos conteúdos gramaticais, unificando e
fixando, para uso escolar, a nomenclatura a ser usada pelos professores. Em 1959, uma portaria do
Ministério da Educação e Cultura recomendou sua adoção em todo o território nacional.

18 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


d) Atos de Assentamento;
e) Atos Comprovativo-Declaratórios;
f ) Atos de Pacto ou Ajuste (bilaterais).
Tais categorias compreendem todos os documentos de redação ofici-
al de que se utiliza o serviço público na exteriorização dos atos administra-
tivos.
Os atos deliberativo-normativos são as decisões de órgãos colegiados,
bem como as regras, resoluções e normas imperativas promulgadas por au-
toridade administrativa.
Compreendem as seguintes espécies:
ATO DECLARATÓRIO, MEDIDA PROVISÓRIA, CARTA DE
RATIFICAÇÃO, NORMA DE EXECUÇÃO, DECISÃO, ORDEM-DE-
SERVIÇO, DECRETO, PORTARIA, ESTATUTO, REGULAMENTO,
INSTRUÇÃO NORMATIVA, RESOLUÇÃO, LEI e VETO.

Os atos de correspondência são atos de comunicação com um desti-


natário declarado, podendo ter natureza individual ou pública.
Compreendem as seguintes espécies:
ALVARÁ, MENSAGEM, AVISO, NOTA DIPLOMÁTICA, CAR-
TA, NOTA MINISTERIAL, CARTA CREDENCIAL, NOTIFICAÇÃO,
CARTA DIPLOMÁTICA, OFÍCIO, CARTA MEMORIAL, OFÍCIO-CIR-
CULAR, CARTA DE PLENOS PODERES, PAPELETA, CARTA
REVOGATÓRIA, RELATÓRIO, CIRCULAR, REPRESENTAÇÃO,
EDITAL, REQUERIMENTO, EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS, TELE-
GRAMA, INTIMAÇÃO, TELEX, MANIFESTO, FAC-SÍMILE, (FAX,
XÉROX), MEMORANDO, CÓPIA HELIOGRÁFICA e CÓPIA
FOTOSTÁTICA.

Os atos enunciativo-esclarecedores são esclarecimentos ou manifes-


tações opinativas acerca de assuntos administrativos ou processuais, com o
fito de subsidiar uma decisão futura.
Compreendem as seguintes espécies:
INFORMAÇÃO, PARECER e VOTO.

Os atos de assentamento destinam-se ao registro de atos administra-


tivos.
Compreendem as seguintes espécies:
APOSTILA, ATA, AUTO DE INFRAÇÃO e TERMO.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 19


Os atos comprovativo-declaratórios são usados para declarações de
fim comprobatório.
Compreendem as seguintes espécies:
ATESTADO, CERTIDÃO, CERTIFICADO, TRASLADO OFI-
CIAL, CÓPIA AUTENTICA e CÓPIA IDÊNTICA.

Os atos de pacto ou ajuste são usados na exteriorização de um acordo


mútuo.
Compreendem as seguintes espécies:
TRATADO, CONVÊNIO, CONTRATO e TERMO DE AJUS-
TAMENTO DE CONDUTA.

No presente trabalho, tratar-se-á apenas dos atos oficiais de maior


relevância.

O PADRÃO OFÍCIO

O padrão ofício aplica-se a três tipos de expediente que se diferenci-


am antes pela finalidade do que pela forma – o ofício, o aviso e o memorando
–, para os quais se adota uma diagramação única. No Ministério Público
goiano, o ofício é o meio de comunicação oficial mais largamente utilizado,
razão pela qual merecerá uma exposição mais detalhada.

Partes do documento no Padrão Ofício

Os expedientes que observam o padrão ofício – aviso, ofício e memo-


rando –, devem conter as seguintes partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
expede:
Exemplos:
Mem. 123/2006-PGJ Aviso 123/2006-PGJ Of. 123/2006-PGJ

b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à


direita, uma linha abaixo do tipo e número do expediente:
Exemplo:
Goiânia, 15 de junho de 2006.

c) assunto: resumo do teor do documento


Exemplo:
Assunto: Curso preparatório dos Promotores Substitutos recém-
empossados.

20 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co-
municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.

e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-


cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
– Introdução (parágrafo de abertura), na qual é apresentado o assun-
to que motiva a comunicação. Prefira o emprego da forma direta.
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado. Cada idéia ou
assunto deve ser tratado em parágrafo próprio, para conferir maior clareza à
exposição.
– Conclusão, na qual se reafirma a posição recomendada sobre o assunto.
Os parágrafos do texto devem ser numerados ou organizados em itens,
títulos e subtítulos.
Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a estru-
tura, mais simplificada, pode ser a seguinte:
– Introdução: inicia-se com referência ao expediente que solicitou o
encaminhamento. Se não for o caso, deve iniciar-se com a informação do
motivo da comunicação, que é encaminhar documento, indicando a seguir os
dados completos do que está sendo encaminhado (tipo, data, origem – ou
signatário – e assunto de que trata) e a razão pela qual está sendo encami-
nhado, segundo a seguinte fórmula:
“Em resposta ao Ofício nº 21, de 1º de junho de 2006, encaminho,
anexa, cópia do Ofício nº 24, de 5 de maio de 2006, da Diretoria Geral do
Ministério Público do Estado de Goiás.”
ou
“Encaminho, para exame e providências, a anexa cópia do Ofício no
23, de 1o de junho de 2006, do Presidente da Confederação Nacional de
Agricultura, a respeito de projeto de desenvolvimento e modernização de
técnicas agrícolas não-poluentes.”
– Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
um parágrafo de desenvolvimento.

f ) fecho5;

g) assinatura do autor da comunicação;

h) identificação do signatário6.
5
Ver 3.3 Fechos e Identificação do Signatário.
6
Ver 3.3 Fechos e Identificação do Signatário.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 21


Forma de diagramação

Adota-se aqui, para o Padrão Ofício 7, a forma de apresentação


estabelecida no Manual de Redação Oficial da Presidência da República8:
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, podem-
se utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da
página;
d) os ofícios, avisos e memorandos – e os seus anexos – poderão ser
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
e) a logomarca deve estar dentro dos 5,0cm do limite superior da
página, devidamente alinhada e colocada somente na primeira página do
documento;
f ) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5cm de distância da
margem esquerda;
g) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo,
3,0cm de largura;
h) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5cm;
i) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pon-
tos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal
recurso, de uma linha em branco;
j) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de
formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
k) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco.
A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações;
7
O constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à mensagem, adiante tratadas.
8
A forma de apresentação determinada no Manual de Redação Oficial de Goiás difere um pouco do aqui
adotado, consistindo no seguinte: a) Deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12
no texto em geral, 11 nas citações e 10 nas linhas de rodapé. b) É obrigatório constar a numeração de
página desde a primeira folha. Deve ser usada no canto direito da página com fonte tamanho 12. c) O
início de cada parágrafo do texto deverá ter 2,5cm de distância da margem esquerda. O campo
destinado à margem esquerda terá no mínimo 3,0cm de largura. O campo destinado à margem direita
terá 2,0cm. d) Deve ser utilizado espaçamento 1 ou 1e 1/2 entre as linhas de 6 pontos após cada
parágrafo. Dependendo da quantidade de parágrafos do documento pode-se usar espaço duplo ou
simples entre cada parágrafo. e) Não se recomenda o uso de negritos, itálicos, sublinhados, letras
maiúsculas, sombreamentos, relevos, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a
elegância e a sobriedade do documento, salvo extrema importância. É deselegante o negrito do nome
do signatário. f ) A impressão deverá ser feita em cor preta e o papel branco. Cores podem ser usadas
somente para gráficos e ilustrações. O papel deverá ser usado no tamanho A-4 (297x210mm).

22 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impres-
sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich
Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de
trechos para casos análogos;
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser for-
mados da seguinte maneira:
tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do
conteúdo
Ex.: “Of. 123/06 - Curso preparatório dos Promotores Substitutos
recém-empossados.
À apresentação acima, podem-se acrescentar as seguintes
especificações, selecionadas do Manual de Redação Oficial de Goiás:
a) entre a data e a indicação do destinatário pode haver variação de
espaços, visto que não há definição rígida;
b) entre o destinatário e o assunto deve ter apenas um espaço duplo;
c) o assunto deve ser sucinto, usando-se, no máximo, cinco palavras
para indicar ao receptor o tema principal do documento;
d) entre o assunto e o vocativo há somente um espaço duplo;
e) entre o vocativo e o texto deve ser utilizado um espaço duplo;
f ) entre os parágrafos deve ser utilizado espaço duplo;
g) a margem inferior será de 2,0cm;
h) entre a última linha do texto e o desfecho “Atenciosamente” ou
“Respeitosamente” deve haver um espaço duplo;
i) entre o desfecho e o signatário poderá haver variação de espaços;
j) o signatário será o nome do emitente, letra tamanho 12, sem
negrito, itálico ou outra forma de destaque e, logo abaixo, o cargo ocupado.

AVISO E OFÍCIO

Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial muito pa-


recidas. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais
pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
também com particulares. Como o aviso é expedido exclusivamente
por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, será
dada prioridade ao expediente denominado ofício, expedido para e
pelas demais autoridades, incluindo membros e servidores do Minis-
tério Público.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 23


Quanto à sua forma, o aviso e o ofício seguem o modelo do padrão
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário9, seguido de
vírgula.
Ex.:
Senhor Procurador-Geral de Justiça,
Senhor Diretor Geral,
Senhor Promotor,

Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do documento as seguin-


tes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor;
– endereço postal (se comunicação externa);
– telefone e endereço de correio eletrônico (se comunicação externa).

MEMORANDO

O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi-


nistrativas de um mesmo órgão, de igual hierarquia ou não. Trata-se, por-
tanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna.
A tramitação do memorando em qualquer órgão deve ser rápida, por
meio de procedimentos burocráticos simples. Para evitar o desnecessário
aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem
ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de
continuação.
Comunicação, papeleta e nota são documentos que têm as mesmas
características do memorando, usadas conforme a tradição do órgão.
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício,
com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo
que ocupa.
Ex.:
Ao Sr. Chefe do Departamento de Informática
Ao Sr. Chefe do Departamento de Patrimônio

CIRCULAR endereçada a mais de um destinatário ("circula")

É um documento interno de cunho coletivo. Enviado simultanea-


mente a diversos destinatários, com texto idêntico, transmite informações,

9
Ver 2.1 Emprego dos Pronomes de Tratamento.

24 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


instruções, ordens ou recomendações, determinando a execução de serviços
ou esclarecendo o conteúdo de leis e regulamentos.
Admite várias apresentações – ofício, memorando, carta ou fax –,
mas é sempre multidirecional.
No âmbito do Ministério Público do Estado de Goiás, é comum as
circulares adotarem a forma de ofício circular.

PORTARIA

É ato expedido por Ministro de Estado, Secretário de Estado ou


dirigentes de órgãos e entidades da Administração Pública, podendo ter,
dentre outros, os seguintes objetivos: a) dar instruções concernentes à
administração, com referência a pessoal ou a organização e funcionamen-
to de serviços; b) orientar a aplicação de textos legais; c) disciplinar maté-
ria não regulada.
No âmbito de atuação do membro do Ministério Público, merece
destaque a sua utilização para a instauração de Inquérito Civil Público.
Deve conter, na parte inicial, a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o
enunciado do objeto e a indicação do seu âmbito de aplicação.
A parte normativa compreende o texto das normas de conteúdo subs-
tantivo relacionado com a matéria regulada.
A parte final compreende as medidas necessárias à implementação, a
cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber.

REGIMENTO

É o ato normativo da situação interna de um órgão, designando-lhe


a categoria e a finalidade, delineando sua estrutura, especificando as unida-
des que o compõem e definindo atribuições. É obrigatória a sua publicação
na imprensa oficial.
A estrutura do Regimento contém as seguintes partes:
a) o timbre do órgão que o expede;
b) a denominação do ato (REGIMENTO INTERNO do(a), segui-
do do nome do órgão pertinente);
c) a fundamentação legal do ato;
d) o texto, dividido em títulos, capítulos, artigos, parágrafos, incisos
e letras;
e) o local e a data, por extenso;
f ) a assinatura (o nome da autoridade e o cargo ocupado).
Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 25
RESOLUÇÃO

Trata-se de ato de autoridade emanado de órgão superior, consisten-


te em determinação ou deliberação relativa a assuntos administrativos. Será
denominada Resolução Conjunta quando regular área de competência de
mais de um órgão.
A estrutura da Resolução contém as seguintes partes:
a) o timbre do órgão que o expede;
b) no centro do texto, a denominação do ato, sua numeração, o ano
e a sigla do órgão: Resolução nº / 2006 (+ sigla);
c) a ementa, à direita da página;
d) o preâmbulo, com a denominação completa da autoridade, em
maiúsculas e negrito, o fundamento legal do ato, a palavra RESOLVE, em
maiúsculas, à esquerda da página, duas linhas abaixo;
e) o texto, opcionalmente dividido em artigos, parágrafos, incisos e
letras;
f ) o local e a data, por extenso;
g) a assinatura (o nome da autoridade e o cargo ocupado).

ATO (NORMATIVO)

Trata-se de ato oficial emanado de autoridade superior, com o fim de


normatizar matéria administrativa.
A estrutura do Ato (Normativo) contém as seguintes partes:
a) o timbre do órgão que o expede;
b) no centro do texto, a sua denominação, com a numeração, o ano e
a sigla do órgão: Resolução nº / 2006 (+ sigla);
c) a ementa, à direita da página;
d) o preâmbulo, com a denominação completa da autoridade, em
maiúsculas e negrito, o fundamento legal do ato e a palavra RESOLVE;
e) o texto, opcionalmente dividido em artigos, parágrafos, incisos e
letras;
f ) o local e a data, por extenso;
g) a assinatura (o nome da autoridade e o cargo ocupado).

EDITAL

É o ato escrito oficial em que há determinação, aviso, postura, cita-


ção, etc., o qual é afixado em lugares públicos, acessíveis aos interessados,
ou publicado na imprensa oficial ou particular.

26 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


A estrutura do Edital contém as seguintes partes:
a) o timbre do órgão que o expede;
b) a denominação do ato, sua numeração e data: Edital nº dedede
2006;
c) a ementa (facultativa);
d) o desenvolvimento do assunto tratado, com numeração arábica a
partir do segundo parágrafo;
e) o local e a data;
f ) a assinatura (o nome da autoridade e o cargo ocupado);
g) visto de autoridade superior, quando necessário para a validade do
ato (a palavra visto, seguida do nome e do cargo ocupado).

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

É forma de correspondência oficial dirigida ou assinada por Ministro


de Estado ou por dirigentes de órgãos da Presidência da República, com o
intuito de justificar medidas propostas em anexo ou submeter à deliberação
presidencial assuntos administrativos. O Chefe do Poder Executivo, confor-
me o caso, soluciona-os por despacho, decreto ou mensagem ao Congresso
Nacional.
Por extensão, recebe também essa denominação a correspondência
usada para os mesmos fins, dirigida a outras autoridades por seus auxiliares.
Os parágrafos devem ser numerados, com exceção do primeiro e do
fecho.
O Manual de Redação da Presidência da República recomenda que,
“a partir da página dois de seu texto e em todas as páginas de seus anexos, no alto
da folha, a pelo menos um centímetro de sua borda”, a Exposição de Motivos
traga o seguinte cabeçalho:
Fl. nº ___________da E.M. nº ______de__________________de______
Fl. n.º____________do Anexo à E.M. n.º______de_________________
de____________

O anexo à exposição de motivos deve ter todas as páginas rubricadas.

MENSAGEM

Num sentido mais estrito, é o ato escrito e solene com que o chefe de
Estado se dirige ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração
Pública, expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa,
submeter matérias que dependem de deliberação, apresentar veto, etc.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 27


As mensagens mais usuais do Presidente da República ao Congresso
Nacional têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou
financeira; b) encaminhamento de medida provisória; c) indicação de pes-
soas para a ocupação de cargos; d) pedido de autorização para o Presiden-
te ou o Vice-Presidente da República ausentarem-se do País por mais de
15 dias; e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de conces-
são de emissoras de rádio e TV; f ) encaminhamento das contas referentes
ao exercício anterior; g) mensagem de abertura da sessão legislativa; h)
comunicação de sanção (com restituição de autógrafos); i) comunicação
de veto.
A estrutura da mensagem contém as seguintes partes:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, no início da
margem esquerda: Mensagem nº
b) vocativo, com o pronome de tratamento adequado e o cargo do
destinatário, no início da margem esquerda;
Ex.: Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
c) o texto, iniciando a 2cm do vocativo;
d) o local e a data, 2cm abaixo do final do texto, fazendo coincidir
seu final com a margem direita.
A mensagem assinada pelo Presidente da República, como os demais
atos dessa autoridade, não traz identificação de seu signatário.
É por meio de mensagem que o Procurador-Geral de Justiça submete
projetos de lei à apreciação da Assembléia Legislativa.

REQUERIMENTO

É o documento pelo qual se dirige a uma autoridade pública para


solicitar o reconhecimento de um direito ou a concessão de algo amparado
pela lei. Caso indeferido, pode-se reiterar a solicitação em um documento
denominado “pedido de reconsideração” – cuja denegação, desta feita, po-
derá ensejar um outro requerimento, denominado “recurso”, dirigido à ins-
tância superior.
O requerimento, redigido sempre na terceira pessoa, poderá conter
apenas dois parágrafos. O primeiro trará, num só período, a identidade
completa do peticionário, inclusive a profissão, residência e domicílio, bem
como a explicitação do direito ou da concessão pedida. No segundo, virá a
forma terminal, em uma ou duas linhas.
A fórmula terminal mais usada é: “Nestes termos, pede deferi-
mento”.

28 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


PARECER

Consiste no exame apurado que se faz acerca de determinado assun-


to, com a apresentação fundamentada de solução, favorável ou contrária,
com o fito de oferecer subsídios a uma decisão a ser proferida por outrem.
Em geral, é vazado no corpo de um procedimento e serve de base para
despachos e decisões, devendo conter, no mínimo, o seguinte:
a) assunto ou ementa;
b) relatório das peças processuais e resumo do pedido;
c) legislação aplicável;
d) fundamentação e argumentação do autor do parecer;
e) proposta de solução.
Ressalte-se que não se trata aqui de parecer exarado pelo membro do
Ministério Público em processos judiciais – melhor denominado manifes-
tação –, mas de parecer em procedimento administrativo.

DESPACHO

É a decisão proferida por autoridade pública sobre documentos sub-


metidos pelas partes a seu conhecimento e solução. É também o ato que dá
encaminhamento a procedimentos, devendo ser numerado e fazer referên-
cia ao número dos autos. Pode ser conciso, com uma só palavra ou expressão
(registre-se, autue-se, defiro, aprovo, de acordo, etc.), ou consistir em um
texto mais longo.
Pode ser:

• Decisório, quando profere, em caráter conclusivo, a decisão da ques-


tão suscitada, em resposta ao pedido formulado.

• Interlocutório, quando trata de encaminhamento da matéria para


análise ou para outras providências que o caso concreto requeira.
Às vezes é exarado no próprio rosto da petição ou representação.
Em geral, deve conter:
a) o nome do órgão de onde provém (facultativo);
b) a palavra DESPACHO, seguida de numeração, se pertinente;
c) o texto, com menção da base legal;
d) o fecho: cumpra-se, publique-se, encaminhe-se, etc.;
e) o nome do signatário e o cargo ocupado.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 29


TERMO

É a peça escrita em que se formaliza determinado ato processual,


tornando-o apto a produzir efeitos jurídicos. Dentre as várias espécies de
termo, citam-se os seguintes exemplos: termo de assentada, termo de pro-
testo, termo de declarações, termo de constatação e termo de conclusão.
Recebe o mesmo nome a menção escrita nos autos pela qual o servi-
dor responsável (escrivão, secretário, etc.) promove e regulariza o processo
ou procedimento.

COMUNICAÇÃO

É o meio pelo qual se dá a outrem ciência ou conhecimento a respei-


to de fato ocorrido ou ato praticado. Em nosso ordenamento jurídico, a
comunicação recebe várias denominações, dependendo do conteúdo que se
busca comunicar (citação, intimação ou notificação).
A comunicação expedida por órgão ministerial em inquérito civil é
denominada notificação.
Não se confunda comunicação com comunicado, que é o aviso ou in-
formação transmitidos oficialmente por uma instituição pública, seja oral-
mente ou por escrito.

RELATÓRIO

Narração ou descrição de um ou mais fatos, verbal ou escrita, onde se


discriminam seus aspectos e elementos. É em geral dirigido à autoridade
hierarquicamente superior, circunstanciando atividade realizada em razão
da função pública exercida.
A estrutura do Relatório contém as seguintes partes:
a) o título: RELATÓRIO;
b) a invocação, contendo a fórmula de tratamento e o cargo ou a
função da autoridade a quem é dirigido;
c) o desenvolvimento do assunto tratado;
e) o local e a data;
f ) a assinatura (o nome da autoridade – ou do servidor – e o cargo
ocupado);

CERTIDÃO

É o documento lavrado por funcionário que tem fé pública (escrivão,


tabelião, secretário, etc.), com a finalidade de comprovar ato ou assenta-

30 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


mento constante de processo, livro ou documento pertencentes à reparti-
ção. As mais comuns são a de inteiro teor, que transcreve integralmente o
registro, e a resumida, que deve preservar o conteúdo original.
Sua estrutura é simples:
a) a palavra CERTIDÃO, em maiúsculas, centralizada e numerada;
b) o texto, normalmente em um só parágrafo;
c) local e data, por extenso;
d) assinatura do digitador, com o visto do servidor hierarquicamente
superior.
A certidão autenticada possui o mesmo valor legal do documento
original.

ATA

É o registro sucinto, em forma eminentemente narrativa, de ocorrên-


cias, fatos, resoluções e decisões de uma assembléia, sessão ou reunião. Ge-
ralmente é lavrada em livro próprio, o qual deve ser autenticado, tendo suas
páginas rubricadas pela autoridade que redigiu os termos de abertura e de
encerramento. Quando pertinente, deve ser assinada pelos presentes.
O texto é encimado pelo termo ATA, seguido do número de ordem
da reunião ou sessão e do nome da entidade.
Devem-se evitar rasuras, emendas ou entrelinhas. A linguagem é sim-
ples, clara e concisa, sem abreviaturas e com eventuais números escritos por
extenso.
Em caso de erro, a retificação se dará pelo emprego da palavra digo,
seguida da palavra ou frase correta. Se algum erro ou omissão for identifica-
do após o término da lavratura, poder-se-á fazer uma ressalva com a expres-
são: “em tempo: na linha________________ , onde se lê ____________________
leia-se _________________________”.

CONVÊNIO

É acordo bilateral ou multilateral celebrado entre entidades públi-


cas, por meio do qual assumem o compromisso de cumprir cláusulas regu-
lamentares. Com estrutura semelhante à do Contrato, pode ser
complementado, modificado ou prorrogado mediante a celebração de Ter-
mo Aditivo, desde que isso se dê dentro de sua vigência.
Deve sempre se iniciar com data, local, nome e qualificação dos
convenentes, seguidos da legislação pertinente. Não há limite para o núme-
ro de cláusulas.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 31


A assinatura das partes deve ser centralizada, enquanto a das teste-
munhas será alinhada à esquerda.

INSTRUÇÃO NORMATIVA E INSTRUÇÃO DE SERVIÇO

A instrução normativa destina-se a complementar, integrar ou inter-


pretar lei ou regulamento. Pode ter efeito externo ou interno.
A instrução de serviço, de efeito meramente interno, destina-se a
complementar, integrar ou interpretar lei, regulamento ou instruções
normativas, orientando a conduta funcional dos agentes da administração,
para assegurar a homogeneidade de sua ação.
A instrução normativa e a instrução de serviço devem conter as três
partes já presentes na Portaria. Na parte inicial, constam a epígrafe, a emen-
ta, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a indicação do seu âmbito de
aplicação.
A parte normativa compreende o texto das normas de conteúdo subs-
tantivo relacionado com a matéria regulada.
A parte final compreende as medidas necessárias à implementação, a
cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber.

ORDEM DE SERVIÇO

Destina-se a definir atribuições ou disciplinar trabalhos no âmbito


de cada unidade administrativa, possuindo efeito meramente interno. Com-
põem a sua estrutura: a) identificação da comunicação, com numeração
seqüencial iniciada a cada ano civil e sigla do órgão emissor; b) local e data
de comunicação; c) identificação do destinatário; d) vocativo seguido de
vírgula; e) texto, utilizando um parágrafo por assunto; f ) expressão de
encerramento; g) identificação do emissor.

COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA

O correio eletrônico (e-mail), por seu baixo custo e celeridade, tor-


nou-se a principal forma de comunicação para a transmissão de documen-
tos. Não há forma rígida para a sua estrutura, mas não se deve fazer uso de
linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
O preenchimento do campo assunto do formulário da mensagem eletrô-
nica deve levar em conta a necessidade de facilitar a organização documental de
quem a envia e de quem a recebe. Quando houver arquivos anexos, a mensagem
que os encaminha deve informar em poucas palavras o seu conteúdo.

32 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Para dar validade documental à mensagem eletrônica, é indispensá-
vel que exista certificação digital que ateste a identidade do remetente, na
forma estabelecida em lei.

FAX

O fax é uma forma de comunicação utilizada para a transmissão de


mensagens urgentes, quando não há condições de envio do documento por
meio eletrônico. A comunicação chega ao destinatário por via telefônica. O
original fica com o expedidor, podendo, se necessário, seguir posteriormen-
te pela via e na forma habituais.
Por sua velocidade e por ser menos oneroso que o telegrama ou telex,
passou a ser adotado pelo Serviço Público e vem substituindo outras formas
de correspondência.
Pela rápida deterioração do papel de fax, o arquivamento, se necessá-
rio, deve ser feito com fotocópia.
Juntamente com o documento principal, convém o envio de folha de
rosto, consistente em um pequeno formulário com os dados de identificação
da mensagem.

TELEGRAMA

Essa forma de comunicação deve pautar-se pela concisão do texto, o


que diminui seu custo. Hoje, só se justifica o seu uso quando não houver
correio eletrônico ou fax disponíveis.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 33


CAPÍTULO III
MODELOS
36 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás
Modelo de Ofício

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ____________________

Ofício nº ____________

Goiânia,____de________________de________

A Sua Excelência o Senhor


Fulano de Tal
Prefeito Municipal de
(endereço)
Assunto: Inquérito Civil nº
3cm
1,5
Senhor Prefeito,
cm
2,5cm
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS,
por intermédio do Promotor de Justiça em exercício na Promotoria de
Justiça desta Comarca (endereço), vem, nos termos do art. 129, inciso VI,
da Constituição da República e do art. 26, inciso I, letra “b”, da Lei nº
8.625/93, requisitar, no prazo de dez dias úteis, a contar do recebimento
deste, com o intuito de instruir o inquérito civil em epígrafe, informações
quanto [...]

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
Promotor de Justiça

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 37


Modelo de Aviso
(Modelo do Manual de Redação Oficial da Presidência da República)

5cm

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 1991.

A Sua Excelência o Senhor


[Nome e cargo]

3cm

Assunto: Seminário sobre uso de energia no setor público.


1,5
cm
2,5cm

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Pri-


meiro Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública - ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas Sul, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Naci-
onal das Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgão Públicos, insti-
tuído pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

[nome do signatário]
[cargo do signatário]

38 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Memorando
(Manual de Redação Oficial da Presidência)

5cm

Mem. 118/DJ
Em 12 de abril de 1991.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

Assunto: Administração. Instalação de microcomputadores

1 Nos termos do Plano Geral de informatização, solicito a Vossa Senhoria verificar


3cm a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores neste Departa-
mento.
2 Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria que
o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA. Quanto a 1,5
programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos, e outro cm
gerenciador de banco de dados.
3 O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo da Seção
de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já manifestou seu
acordo a respeito.
4 Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste Departamen-
to ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e, sobretudo, uma
melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

[nome do signatário]
[cargo do signatário]

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 39


Modelo de Ofício Circular

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

Ofício Circular nº ____________

Goiânia,____de________________de________

A Sua Excelência o Senhor


Fulano de Tal
Promotor Eleitoral
(endereço)

Assunto: convocação para encontro estadual.


3cm

2,5cm 1,5
Senhor Promotor Eleitoral,
cm

Em atendimento à solicitação da procuradoria Regional Elei-


toral, faço uso do presente para CONVOCAR Vossa Excelência, nos ter-
mos do art. 91, inciso XXXI, da Lei Complementar Estadual nº 025/98,
para o Encontro Estadual dos Promotores e Juízes Eleitorais do Estado de
Goiás, a realizar-se no dia ____de____________do corrente ano, às 09h,
no auditório da Sede do Ministério Público do Estado de Goiás.

Para viabilizar sua presença, anoto que deverá ser providen-


ciado o adiamento dos atos judiciais para os quais tenha sido devidamente
notificado (a).

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
Procurador-Geral de Justiça

40 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Portaria

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE___________________

Portaria nº ____________

Goiânia,____de________________de________

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo promo-


tor infra-assinado, com fundamento no art. 129, inciso III, da Constitui-
ção da República e no art. 25, inciso IV, letra "b", da Lei nº 8.625/93
(Lei Orgânica Nacional do Ministério Público),

Considerando que a administração pública dos municípios deve


3cm obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e pu-
blicidade, nos termos do artigo 37, caput, da Constituição Federal;
1,5
Considerando que o Tribunal de Contas dos Municípios, após cm
apurar irregularidades nas prestações de contas, referentes ao período
compreendido entre janeiro de 2005 a agosto de 2005, do Hospital
Municipal ___________________________, localizado no município
de ____________________ , imputou um débito total de 50.244
UFIR ao ex-Prefeito ________________ , por meio das Resoluções de
Imputação de Débito de nº________________;

Considerando que, segundo o art. 10, inciso XI, da lei nº 8.429/


92, liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinen-
tes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular constitui
ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário;

RESOLVE:

INSTAURAR Inquérito Civil para averiguar eventuais danos causados


ao patrimônio público municipal, DETERMINANDO:

1. Seja a presente PORTARIA autuada com o ato de nomeação da


Srta.________________ para atuar como secretária do feito, bem como
o devido termo de compromisso;

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 41


2. Seja o presente INQUÉRITO CIVIL registrado em livro
próprio;

3. Sejam juntadas aos autos do Inquérito Civil as Resoluções de


Imputação de Débito de nº _______, bem como os documentos que
as acompanham, encaminhados pelo Tribunal de Contas dos Municí-
pios ao Ministério Público do Estado de Goiás;

4. Sejam requisitadas maiores informações a respeito dos fatos, bem


como os respectivos documentos, à Prefeitura Municipal e à Câmara
Municipal de ____________________.

5. Seja remetida cópia desta PORTARIA ao Centro de Apoio Ope-


racional de Defesa do Patrimônio Público e Social, nos termos do art. 27
da Resolução nº 09/95 da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de 1,5
3cm
Goiás. cm

________________ , ____ de ____________ de ____

(Nome)

42 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Autuação de Portaria para a
Instauração de Inquérito Civil - Capa dos autos

INQUÉRITO CIVIL Nº________/________

REPRESENTANTE:

REPRESENTADO:

NATUREZA: (ambiental, consumidor, infância, patrimônio pú-


blico, etc)

ASSUNTO: (resumir o fato objeto da investigação)

AUTUAÇÃO: Aos ______dias do mês de __________________ do


ano de_________ , na Promotoria de Justiça de __________________,
cumprindo a determinação do Doutor________________________,
AUTUO a portaria nº ______/______ , que determinou a instaura-
ção do inquérito civil, a representação e os documentos que a ins-
truíram.

REGISTRO: Registro no Livro de Registro de Inquérito Civil, sob


o nº ______ folhas ______

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 43


Modelo de Regimento

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE___________________

REGIMENTO INTERNO DA CORREGEDORIA-GERAL DO


MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

(Arts. 26, § 7º, e 28, IV, da Lei Complementar nº 25, de 06/07/1998.)

3cm TÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO DE ATRIBUIÇÕES

CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO
2,5cm
Art. 1º. A Corregedoria-Geral do Ministério Público do
Estado de Goiás é o órgão da administração superior encarregado de 1,5
cm
orientar e fiscalizar as atividades funcionais e a conduta dos membros da
instituição, bem como avaliar os resultados das atividades dos demais
órgãos da administração e dos órgãos auxiliares da atividade funcional.

Art. 2º. Este Regimento regula a organização dos serviços


da Corregedoria-Geral e do estágio probatório e define a estrutura de sua
Secretaria.

[...]

Art. 82. Este Regimento entrará em vigor na data de sua


publicação, revogadas as disposições em contrário, o ATO CGMP nº
001/99 e as Resoluções nº 001/99/CPJ, 007/2001/CSMP e 005/2000/
PGJ.

Goiânia, ___de ____________ de ______

NOME DO SIGNATÁRIO
Corregedor-Geral do Ministério Público

44 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Resolução

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA

RESOLUÇÃO Nº ______/______ - CPJ

Aprova o Plano Geral de Atuação do Ministério Público


do Estado de Goiás para o ano de _________.
3cm

O Egrégio Colégio de Procuradores de Justiça, no exercí-


cio de suas atribuições e na forma do artigo 18, inciso III, da Lei Comple-
mentar Estadual nº 25, de 6 de julho de 1998, acolhendo proposta
apresentada pelo insigne Procurador-Geral de Justiça,

1,5
cm
RESOLVE:

Art. 1º. Fica aprovado o Plano Geral de Atuação do Mi-


nistério Público do Estado de Goiás para o ano de _________, na forma
do Anexo Único da presente Resolução.

Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua


publicação.

Goiânia, ___de ____________ de ______

NOME DO SIGNATÁRIO
Procurador-Geral de Justiça
PRESIDENTE DO COLÉGIO DE
PROCURADORES DE JUSTIÇA

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 45


Modelo de Ato

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA

ATO Nº ______/______

3cm Altera a escala de substituições automáticas e eventuais das Promotorias


de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás.
2,5cm
O PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ES-
TADO DE GOIÁS, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos
arts. 15, inciso LII, letra "b", 176 e seguintes da Lei Complementar
Estadual nº 25, de 06 de julho de 1988, visando assegurar a continui-
dade dos serviços prestados pelo Ministério Público do Estado de Goiás,
RESOLVE alterar a escala de substituições automáticas e eventuais das
Promotorias de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás.
Art. 1º. As substituições entre as Promotorias de Justiça 1,5
cm
do Ministério Público do Estado de Goiás dar-se-ão segundo o anexo
único e artigo segundo deste Ato Normativo.
Art. 2º. Na Comarca de Goiânia - GO, quando numa
área de atuação o substituto automático não puder realizar as audiências
do substituído, em razão de já ter audiências designadas regularmente
em um determinado turno, e na mesma área houver outra promotoria
que não esteja nessa situação, a esta caberá a realização das referidas audi-
ências, e não ao substituto eventual, se este for de outra área.
Art. 3º. Ficam revogadas as disposições em contrário,
especialmente o Ato nº __________, de____de__________ de____.
Art. 4º. Este ato entrará em vigor na data de sua publica-
ção.

GABINETE DO PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, ____de ____________ de ____.

NOME DO SIGNATÁRIO
PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA
PROCURADORES DE JUSTIÇA

46 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Edital

5cm
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO PÚBLICO
COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA

EDITAL DE LICITAÇÃO Nº _____/______


3cm
Modalidade: Concurso

2,5cm
A PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DE GOIÁS, por sua Comissão Permanente de Licitação
(Portaria nº ____, de __/__/____), TORNA PÚBLICO, para conhe-
cimento dos interessados, que estarão abertas as inscrições para o Concur-
so destinado a selecionar o logotipo do Ministério Público do Estado de
Goiás, mediante normas e condições contidas neste Edital, na forma da
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com as alterações posteriores, em
atendimento ao processo administrativo nº _______, de ____ de
__________ de______. 1,5
cm

NORMAS DO CONCURSO PARA A SELEÇÃO DO LOGOTIPO


DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - MP - GO.

1 OBJETIVO

1.1 O objetivo do concurso é a seleção de um logotipo para o Minis-


tério Público do Estado de Goiás, o qual irá representá-lo em sua página
eletrônica, cartazes, cartões, adesivos, pastas, publicações e outros.

1.2 O logotipo deverá enfocar a importância das funções institucionais


do Ministério Público na defesa da ordem jurídica, do regime democrá-
tico e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, assim como seu
papel no contexto de Estado de Goiás.

[...]

8.4 Em caso de dúvida, o interessado deverá contatar a Comissão


Permanente de Licitação da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de
Goiás, na sala 241, 2º andar, Edifício-sede, situado na Rua 23, esquina

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 47


com a Av. Fued José Sebba, Qd. A6, lotes 1/24, Setor Jardim Goiás,
CEP 74.805-100, Goiânia - GO, ou pelos telefones (062) 3243-
8328 e 3243-8329 (fax), no horário das 08 às 18h, para a obtenção
dos esclarecimentos que julgar necessários.

Para o conhecimento de todos, lavrou-se o presente


Edital, que será afixado na Procuradoria-Geral de Justiça, no lugar de
3cm costume.
1,5
cm

COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO


DA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA, em Goiânia,___
de ____________de ___.

NOME DO SIGNATÁRIO
Presidente

NOME DO SIGNATÁRIO
Procurador-Geral de Justiça

48 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Exposição de Motivos (de caráter informativo)
(Manual de Redação Oficial da Presidência)

5cm

EM nº 00146/1991-MRE
3cm
Brasília, 24 de maio de 1991.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República.

O Presidente George Bush anunciou, no último dia 13,


significativa mudança da posição norte-americana nas negociações que se
realizam – na Conferência do Desarmamento, em Genebra – de uma
convenção multilateral de proscrição total das armas químicas. Ao renun-
ciar à manutenção de cerca de dois por cento de seu arsenal químico até 1,5
a adesão à convenção de todos os países em condições de produzir armas cm
químicas, os Estados Unidos reaproximaram sua postura da maioria dos
quarenta países participantes do processo negociador, inclusive o Brasil,
abrindo possibilidades concretas de que o tratado venha a ser concluído
e assinado em prazo de cerca de um ano. [...]

Respeitosamente,

[Nome]
[cargo]

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 49


Modelo de Mensagem
(Manual de Redação Oficial da Presidência)

5cm

Mensagem nº 118
3cm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

Comunico a Vossa Excelência o recebimento das Men-


sagens SM nº 106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos
Decretos Legislativos nos 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de 1,5
serviços de radiodifusão. cm

Brasília, 28 de março de 1991

Respeitosamente,

[Nome]
[cargo]

50 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Termo de Conclusão

TERMO DE CONCLUSÃO

Aos ____dias do mês de ____________de 2006,


faço estes autos conclusos ao Doutor ______________, Promotor de
Justiça.

_______________________________
Secretário (a)

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 51


Modelo de Termo de Declarações

5cm ESTADO DE GOIÁS


MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE_____________________________

TERMO DE DECLARAÇÕES
3cm NOME:
NACIONALIDADE:
NATURALIDADE:
DATA DE NASCIMENTO:
ESTADO CIVIL:
PROFISSÃO:
FILIAÇÃO:

ENDEREÇO:
REGISTRO GERAL (C.I):
CADASTRO DE PESSOA FÍSICA (CPF): 1,5
TELEFONE RESIDENCIAL: cm

Aos ____ dias do mês de _______ de ___________ ,


compareceu a esta Promotoria de Justiça de___________, (endereço), o
Sr.___________, e, após devidamente compromissado na forma da lei,
prestou, perante o Promotor de Justiça, Dr____________, as seguintes
declarações:

Nada mais havendo a declarar, vai, depois de lido e


achado conforme, devidamente assinado por mim, ______________ ,
que o digitei e pelo declarante.

__________________________________
Declarante

__________________________________
Promotor de Justiça

52 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Termo de Constatação

5cm ESTADO DE GOIÁS


MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE.______________________________

TERMO DE CONSTATAÇÃO
2,5cm
Aos ____dias do mês de ____________ de ________, às
margens do Rio ___________ , próximo à rodovia estadual GO nº_____,
3cm KM_____, no município de _______________, onde se encontrava em dili-
gência decorrente do Inquérito Civil (ou PA) nº__________, compareceu o
Oficial de Promotoria,__________ , a quem foi determinado lavrar este
termo para que, na presença de (policial militar, agente civil, fiscal de
postura, etc), que também o subscreve, nele fique consignado este compa-
recimento e o resultado da diligência a que se reporta. Esta decorre de
determinação do titular da Promotoria de Justiça de _______________,
Doutor _______________ , para o fim específico de ser perfeitamente con-
signada a situação em que se encontra o mencionado trecho do Rio 1,5
__________, em relação ao despejo de lixo doméstico e hospitalar nas suas cm
margens. Realizadas as diligências preliminares no dia _____do corrente
mês, às __________horas, e finalmente concluídas nesta data, foi mandado
lavrar este termo. Assim, foi constatado que realmente está sendo deposita-
da, às margens do Rio__________, grande quantidade de lixo pela empre-
sa__________, contratada do município __________para realizar a limpeza
urbana e a coleta de lixo; verificou-se, também, que parte do lixo já está em
contato com o curso d'água. Nas buscas empreendidas no local, não foi
constatada a existência de nenhuma unidade de tratamento ou reciclagem.
Do que, para constar, foi lavrado este termo, que vai assinado por _____
_______________ , e por mim, ____________ , Oficial de Promotoria.

NOME DO SIGNATÁRIO
Cargo

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 53


Modelo de Notificação

5cm ESTADO DE GOIÁS


MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE______________________________

NOTIFICAÇÃO
2,5cm
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS,
nos termos do art. 129, VI, da Constituição da República e das Leis nº
3cm 7.347/85 e 8.625/93, notifica-o para comparecer na Promotoria de Justiça
________________________, (endereço), no dia ________ do mês____________
de 2005, às ________ horas, a fim de prestar depoimento nos autos de
inquérito civil nº________________.

Adverte que o seu não-comparecimento importará na to-


mada das medidas legais cabíveis, inclusive condução coercitiva pela força
policial, sem prejuízo de eventual processo por crime de desobediência. 1,5
cm
Goiânia, ___de ________________________ de ______

____________________________________________________
Promotor de Justiça

NOTIFICADO:

ENDEREÇO:

54 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Modelo de Certidão

5cm ESTADO DE GOIÁS


MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE_____________________________

CERTIDÃO
2,5cm
Certifico que, dando cumprimento à presente notifica-
ção, dirigi-me ao endereço indicado, no dia_____ /_____/_____, às _____:_____
3cm horas, e, lá estando, procedi à competente notificação do Sr.
__________________________________________________ , o qual lançou sua
assinatura, tendo ficado ciente do seu conteúdo.

O referido é verdade e dou fé.

Goiânia, ___de ________________________ de ______


1,5
cm
____________________________________________________
Oficial de Promotoria

NOTIFICADO:

ENDEREÇO:

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 55


Modelo de Fax

[Órgão Expedidor]
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: ____________________________________________________________________________
Nº do fax de destino:____________________________________________________________________
Data:______ / ____________
Remetente: _____________________________________________________________________________
Tel. p/ contato:_______________________________________________________________________
Fax/correio eletrônico:________________________________________Nº de páginas: esta
+_________
Nº do documento:___________________
Observações:_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

56 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


PARTE II - REDAÇÃO PROFISSIONAL

CAPÍTULO I
APORTE TEÓRICO

1 Elementos da comunicação

Comunicar-se é o ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensa-


gens por meio de métodos ou processos convencionados, sejam palavras ou
outros sinais, signos ou símbolos. A mensagem é emitida a partir de códi-
gos de comunicação os mais diversos (palavras, sons, gestos, desenhos, si-
nais de trânsito, etc.). Toda mensagem depende de um meio transmissor –
denominado canal de comunicação – e refere-se a um contexto. Interessa-
nos aqui, particularmente, a comunicação por meio da linguagem falada e
escrita.

Os elementos da comunicação são os seguintes:

Emissor: o que emite a mensagem;


Receptor: o que recebe a mensagem;
Mensagem: o conjunto de informações transmitidas;
Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma
mensagem, os quais devem ser compartilhados pelo emissor e receptor, po-
dendo, assim, ser decodificados por este;
Canal de Comunicação: o meio pelo qual a mensagem é transmitida:
livro, jornal, revista, TV, rádio, cordas vocais, ar, etc.;
Contexto: a situação contextual a que a mensagem remete (denomi-
nada referente).

O texto jurídico, evidentemente, é uma forma de comunicação. Há


nele, portanto, um objeto de comunicação (mensagem), inserido num con-
texto e transmitido ao receptor por um emissor, por meio de um canal, com
seu próprio código.
A efetiva comunicação depende do bom funcionamento de todos os
seus componentes, devendo resultar na perfeita captação da mensagem.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 57


Falhas provocadas pelo emissor, pelo receptor ou pelo canal resultam no
que se denomina ruído, uma interferência no ato comunicativo.

Veja-se, como exemplo, a seguinte manifestação do Ministério Pú-


blico:

Meritíssimo Juiz,

Conforme certidão a fls. 35, o réu não pôde ser citado, porquanto não mais
reside no endereço constante da petição inicial, estando em lugar desconhecido.

Dessarte, manifesta-se o Ministério Público pela sua citação por edital.

Nesse texto, identificamos os seguintes elementos da comunicação:

Emissor: é o autor da manifestação, a fonte da mensagem, ou seja, o


Ministério Público, por um de seus órgãos.

Receptor: é o destinatário da mensagem, ou seja, o Juiz de Direito.

Mensagem: deve ser feita citação por edital.

Código: é a linguagem verbal, escrita em língua portuguesa.

Canal: é a folha, o papel em que se faz a manifestação.

Contexto: processo judicial em que se discute a citação do réu.

2 Funções da linguagem

Tendo como critério o objetivo da transmissão de uma mensagem,


são seis as denominadas funções da linguagem:

2.1 Função referencial, cujo objetivo é informar (linguagem técnica,


científica, jornalística, etc.). Ex.: O presidente reuniu-se com seus Minis-
tros na manhã de hoje para discutir a crise política.
2.2 Função conativa (do verbo latino conari – suscitar, provocar estí-
mulos), cujo objetivo é atuar sobre o destinatário (linguagem publicitária,
ordens, etc.). Ex.: Compre no Bazar Pereira, o melhor para o seu bolso! –
Faça isso já!

58 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


2.3 Função emotiva (ou expressiva), cujo objetivo é demonstrar sen-
timentos e sensações ou opinar a respeito de algum tema. Ex.: Acho formi-
dável esse filme!
2.4 Função metalingüística, cujo objetivo é falar do próprio código
utilizado (v.g., um escritor dissertando sobre o ofício de escrever). Ex.: Eu
não escrevo por vocação, mas por dever de ofício.
2.5 Função fática, cujo objetivo é testar o canal de comunicação para
certificar-se da perfeita ocorrência desta. Ex.: Não é mesmo? Compreen-
deu? Né?
2.6 Função poética, cujo objetivo é de caráter estético (literatura em
prosa ou verso). Ex.: “Sonhar é acordar-se para dentro.” (Mario Quintana.)

O texto jurídico deve primar pela precisão, clareza e objetividade,


sendo eminentemente denotativo. A função referencial, portanto, ganha
importância, pois hão de predominar as mensagens centradas no referente
ou contexto, de caráter cognitivo. Ressalte-se, porém, que, em um mesmo
contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente.
A função emotiva, de sua parte, ajusta-se melhor à função do advoga-
do, do qual é razoável esperar parcialidade, não se coadunando com contex-
tos que exijam objetividade e impessoalidade. É bastante comum, todavia,
nos debates do tribunal do júri.
A função poética, que enfatiza a sonoridade, o ritmo e a singularida-
de da expressão, é secundária no discurso jurídico, podendo, todavia, estar
presente, desde que não interfira na adequada transmissão da mensagem.
Está presente a função metalingüística, por exemplo, quando nos
dicionários ou em textos jurídicos um conceito é definido.
A função conativa aparece de dois modos: imperativo ou
persuasório. Imperativa é a linguagem dos códigos, que ordenam a con-
duta humana, bem como das decisões judiciais. Ex.: “A petição inicial
indicará: [...].” (Art. 282, CPC) – “Intime-se a parte autora para que se
manifeste em dez dias.”
A função persuasória transparece, sobretudo, nos debates do Tribu-
nal do Júri e em petições dirigidas ao juiz, situações em que se mostra
acentuada a intenção persuasória. Ex.: “Senhores Jurados, é imperiosa a
absolvição do réu.” – “Faça-se Justiça.”
Observando-se o ato comunicativo jurídico por um prisma mais
amplo, nota-se que, em última instância, o aspecto conativo (imperativo e
persuasório) é dominante, porquanto, em geral, a função mediata da lin-
guagem é ordenar condutas ou convencer alguém a ordená-las de determi-
nado modo.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 59


3 O sentido das palavras: denotação e conotação

A efetividade da comunicação depende de as palavras terem um sig-


nificado, representando um conceito. Esse encontro do conceito e da pala-
vra dá-se no signo, unidade lingüística que tem um significante e um signi-
ficado. O signo lingüístico une um elemento concreto (som ou letras im-
pressas), chamado significante, a um elemento inteligível ou imagem men-
tal (o conceito), chamado significado. A palavra cão, por exemplo, é o
significante. Quando é ouvida ou lida, forma-se na mente a imagem ou
noção do animal que assim é chamado – embora tal palavra possa ter outros
significados. Reunidos, o aspecto objetivo e o subjetivo (palavra e imagem /
noção) formam o signo.
As palavras podem ser usadas num sentido denotativo ou conotativo.

Denotação consiste no ato de denotar (revelar por meio de notas ou


sinais; fazer notar; fazer ver; manifestar, significar, exprimir, simbolizar), é o
uso do símbolo em seu sentido convencional.
Conotação (relação que se nota entre duas ou mais coisas) é o sentido
translato, metafórico, figurado ou subjacente, de teor amiúde subjetivo,
que uma palavra ou expressão pode apresentar.

Pode-se dizer: o réu deixou sem vigilância seu cão feroz, não atentando
para os riscos dessa omissão. Nesse caso, cão feroz possui sentido denotativo,
convencional. Pode-se, também, dizer: o réu agiu como um cão feroz. Nesse
exemplo, usa-se cão feroz em sentido conotativo, metafórico (metáfora, ali-
ás, de gosto duvidoso), para aproximar a conduta do réu daquela típica de
um animal bravio.

4 Alguns conceitos úteis

Homonímia - identidade fonética entre formas de significado e ori-


gem completamente distintos.
Exemplos de termos homônimos: jogo (substantivo) e jogo (verbo);
para (preposição) e pára (verbo); falácia (qualidade de falaz) e falácia
(falatório).

Sinonímia - existência de palavras ou locuções com significado seme-


lhante.
Exemplos de termos sinônimos: retificar e consertar; perigoso e
periclitante; brancura e palidez.

60 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Antonímia – existência de palavras ou locuções de significação oposta.
Exemplos de termos antônimos: soberba e humildade; patente e la-
tente; fenecer e vicejar.

Paronímia – existência de palavras com o som parecido.


Exemplos de termos parônimos: vultoso (de vulto) e vultuoso
(ruboroso); descrição (ato de descrever) e discrição (qualidade de discreto);
conjuntura (situação) e conjetura (suposição).

Homografia – característica de vocábulos que têm a mesma grafia,


mas significação diferente.
Exemplos de termos homógrafos: colher (substantivo) e colher (ver-
bo); providência (substantivo) e providencia (verbo); canto (ato de cantar)
e canto (esquina).

Homofonia – característica de palavras que têm o mesmo som, mas


grafia e sentido diferentes.
Exemplos de termos homófonos: paço (palácio) e passo (verbo); cen-
so (recenseamento) e senso (juízo); esperto (sagaz) e experto (perito).

Arcaísmo - Palavra ou construção que sai de circulação, caindo em


desuso quer na fala, quer na escrita padrão, ainda que possa continuar a
existir em usos especializados.

Neologismo - Palavra ou expressão nova numa língua, resultante de


empréstimo de língua estrangeira ou de transformação do material
preexistente pelo processo de derivação e composição. Ex.: dolarizar (intro-
duzir a utilização do dólar).

Há também o chamado neologismo semântico, consistente na aqui-


sição de um novo sentido por um termo já existente. Ex.: Formidável (de
terrível para excelente), insolente (de fora do comum para grosseiro), contumaz
(de animal cabeçudo para pessoas arrogantes e teimosas).

Estrangeirismo - Emprego de palavra, frase ou construção sintática


estrangeira; peregrinismo. Ex.: “deport”, “quérable”, “portable” e “draw
back”.

Latinismo - Construção gramatical própria do latim. Ex.: déficit,


superávit, álibi (do latim alibi – outro lugar), grátis.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 61


QUADROS DE EXEMPLOS
EXEMPLOS DE PARÔNIMOS
absorver (assimilar) absolver (perdoar)
apreciar (dar apreço) apreçar (dar preço)
comprimento (extensão) cumprimento (saudação, execução)
conjuntura (situação) conjetura (suposição)
deferimento (concessão) diferimento (adiamento)
descrição (ato de descrever) discrição (reserva,modéstia)
descriminar (isentar de crime) discriminar (diferenciar)
despensa (cômodo para mantimentos) dispensa (desobrigação)
despercebido (desatento) desapercebido (desprevenido)
destratar (ofender) distratar (romper o trato)
delatar (denunciar) dilatar (alargar)
dessecar (enxugar) dissecar (analisar em detalhes)
devisar (planejar) divisar (avistar)
elidir (suprimir) ilidir (refutar, anular)
emenda (correção) ementa (resumo)
emergir (vir à tona) imergir (mergulhar)
emigrar (sair do país) imigrar (entrar no país)
eminente (destacado) iminente (prestes a ocorrer)
emérito (insigne) imérito (imerecido)
emitir (mandar para fora) imitir (investir em)
entender (compreender) intender (superintender)
espavorido (apavorado) esbaforido (ofegante)
flagrante (evidente) fragrante (perfumado)
incontinenti (sem demora) incontinente (falto de moderação)
infligir (aplicar pena) infringir (desobedecer)
intemerato (íntegro) intimorato (destemido)
invicto (sem derrota) invito (involuntário)
lide (demanda) lida (trabalho)
mandato (procuração) mandado (ordem, determinação)
preeminente (distinto) proeminente (saliente)
preito (homenagem) pleito (eleição)
prescrever (ordenar) proscrever (banir)
ratificar (confirmar) retificar (corrigir)
reincidir (incidir novamente) rescindir (desfazer)
senáculo (lugar de sessões) cenáculo (lugar de ceia)
suar (transpirar) soar (tilintar)
sucessão (seqüência) secessão (separação)
torvo (que causa terror) turvo (escuro)
tráfico (comércio ilegal) tráfego (trânsito)
treplicar (fazer tréplica) triplicar (tornar três vezes maior)
vultoso (volumoso) vultuoso (vermelhidão da face)

62 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


EXEMPLOS DE HOMÔNIMOS HOMÓFONOS
acender (alumiar) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (lugar de sentar-se)
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
acessório (que não é fundamental) assessório (relativo a assessor)
apressar (dar pressa a) apreçar (dar preço de)
caçar (apanhar animais) cassar (anular)
cédula (bilhete) sédula (cuidadosa)
cegar (privar da vista) segar (ceifar)
cerrar (fechar) serrar (cortar)
cessão (ato de ceder) sessão (reunião); seção (repartição)
cela (prisão) sela (arreio)
cesta (caixa de vime) sexta (6ª)
cheque (ordem de pagamento) xeque (lance de xadrez)
concelho (circunscrição administrativa) conselho (aviso, reunião de pessoas)
conserto (reparo) concerto (sessão musical)
coser (costurar) cozer (cozinhar)
espectador (aquele que vê) expectador (aquele que tem expectativa)
esperto (astuto) experto (perito)
estático (imóvel) extático (em êxtase)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
paço (palácio) passo (verbo passar)
remissão (perdão) remição (resgate)
russo (da Rússia) ruço (pardacento)
sede (lugar) cede (verbo ceder)
silha (assento) cilha (cinta)
tacha (pequeno prego) taxa (tributo)
tenção (propósito) tensão (qualidade de tenso)
vês (verbo ver) vez (ocasião)
viagem (substantivo) viajem (verbo viajar)

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 63


EXEMPLOS DE HOMÔNIMOS HOMÓGRAFOS
cara (rosto) cará (planta)
colher (substantivo) colher (verbo)
diligência (execução de serviço judicial) diligencia (verbo diligenciar)
leste (verbo ler) leste (oriente)
lobo (animal) lobo (ó) (saliência)
pego (parte funda de um rio) pego (ê) (verbo pegar)
providência (substantivo) providencia (verbo providenciar)
sábia (feminino de sábio) sabia (verbo saber)
sede (lugar) sede (vontade de beber água)

Homógrafas que são homófonas Homógrafas que são homófonas

amo (patrão) amo (verbo amar)


assentar (sentar) assentar (firmar, estabelecer)
assentar (ajustar) assentar (fundamentar)
canto (ângulo) canto (verbo cantar)
decadência (declínio) decadência (extinção do direito)
fui (verbo ir) fui (verbo ser)
livre (solto) livre (verbo livrar)
mato (bosque) mato (verbo matar)
morto (verbo morrer) morto (verbo matar)
mole (grande massa informe) mole (brando)
rio (curso d'água) rio (verbo rir)
trago (sorvo) trago (verbo trazer ou verbo tragar)
vimos (verbo ver) vimos (verbo vir)

5 Coesão e coerência textual

Todo texto constitui-se de um entrelaçamento de idéias expostas por


meio de palavras, exigindo, para a sua compreensibilidade, uma seqüência
de inter-relações semanticamente adequadas. Diz-se, assim, que um texto
deve ter coesão e coerência.
A coesão pode ser definida como a união íntima das partes de um
todo, enquanto a coerência é conceituada como o adequado conjunto de
relações que integra essa união.
O texto jurídico, no qual se destacam as funções de ordenação e con-
vencimento, exige que a pertinência de idéias e o seu encadeamento apre-
sentem-se de modo claro e objetivo, o que requer redobrados cuidados da
parte de quem escreve.
A título de exemplo, vejam-se os dois textos seguintes:

64 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


(1) O denunciado adentrou a residência da vítima por volta das 22h. A
vítima tomava banho. O denunciado subtraiu para si um videocassete e um
televisor de vinte polegadas. A vítima saiu do banho, percebeu o furto e avisou a
polícia.

(2) O denunciado adentrou a residência da vítima por volta das


22h, enquanto a vítima tomava banho. De imediato, subtraiu para si um
videocassete e um televisor de vinte polegadas. Logo em seguida, a vítima saiu do
banho e, ao perceber o furto, avisou a polícia.

Percebe-se com facilidade que o segundo texto possui uma unidade


mais forte do que o primeiro, o que ocorre graças à existência de elos coesivos
que costuram perfeitamente o texto. As palavras sublinhadas (enquanto, de
imediato, logo em seguida e ao perceber) ligam as orações e dão a cada uma
delas maior clareza no percurso narrativo.

Veja-se, a seguir, a mesma narrativa, incluindo-se, porém, as conjun-


ções mas e embora (percebesse), no lugar de enquanto e ao (perceber), respec-
tivamente.

(3) O denunciado adentrou a residência da vítima por volta das 22h,


mas a vítima tomava banho. De imediato, subtraiu para si um videocassete e um
televisor de vinte polegadas. Logo em seguida, a vítima saiu do banho e, embora
percebesse o furto, avisou a polícia.

Nota-se, de imediato, que a narrativa perdeu a sua coerência. Não


existe relação de oposição ou restrição entre a entrada do denunciado na
casa e o banho da vítima. Outrossim, não há relação de concessão entre
perceber o furto e avisar a polícia. O uso equivocado de elos de coesão tirou
do texto a adequada relação lógico-semântica de suas partes.

Os três quadros seguintes, retirados da obra Damião e Henriques10 ,


exemplificam elementos de coesão que podem ser úteis na redação jurídica.

10
Curso de Português Jurídico, p. 108 a 110.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 65


ELEMENTOS DE COESÃO ENCONTRADIÇOS NO
DISCURSO JURÍDICO

realce negação afeto exclusão


inclusão oposição afirmação
adição igualdade
além disso embora felizmente só
ainda não obstante isso infelizmente somente
demais inobstante* isso ainda bem sequer
ademais de outra face obviamente senão
também entretanto em verdade apenas
vale lembrar no entanto realmente excluindo
pois ao contrário disso em realidade tão-somente
outrossim qual nada de igual forma
agora por outro lado do mesmo modo
de modo geral por outro enfoque que
por iguais razões diferente disso da mesma sorte
em rápidas pinceladas de outro lado no mesmo sentido
inclusive de outra parte semelhantemente*
até contudo bom é
é certo de outro lado interessante se faz
é porque diversamente disso
é inegável
em outras palavras
sobremais*
além desse fator

*Observações:
As palavras sobremais e inobstante, embora encontradiças em peças jurídicas, não são registrados
pelo VOLP, o que desautoriza o seu uso.
Semelhantemente é advérbio formado de acordo com a norma culta, pois consiste em adjetivo +
o sufixo mente. Equivale a de modo semelhante.
Não se autoriza, todavia, a formação de palavras por meio do sufixo mente quando a palavra
modificada for advérbio, não adjetivo. Ex.: apenasmente.

66 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


realce afeto exclusão
inclusão afirmação
adição igualdade
em primeiro plano isto é destarte
lugar por exemplo dessarte
momento a saber em suma
a princípio de fato em remate
em seguida em verdade por conseguinte*
depois (depois de) aliás em análise última
finalmente ou antes concluindo
em linhas gerais ou melhor em derradeiro
neste passo (nesse) melhor ainda por fim
neste lanço (nesse) como se nota finalmente
no geral como se viu por tais razões
aqui como se observa do exposto
neste momento com efeito* pelo exposto
desde logo como vimos** por tudo isso
em epítome* daí por que em razão disso
de resto* ao propósito em síntese
em análise última por isso enfim
no caso em tela a nosso ver** posto isto (isso)
por sua vez de feito assim
a par disso como vimos de ver** conseqüentemente
outrossim portanto
nessa esteira é obvio, pois
entrementes*
nessa vereda
por seu turno
no caso presente
antes de tudo
*Vocabulário:
Em epítome - em resumo; de resto - quanto ao mais, aliás; entrementes - naquela ocasião,
naquele intervalo; com efeito - efetivamente, realmente; por conseguinte - por conseqüência,
conseqüentemente.
**Observação:
O uso da terceira pessoa do plural não é recomendável em peças técnicas.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 67


EXPRESSÕES DE TRANSIÇÃO

É de verificar-se...11 Registre-se, ainda...


Não se pode olvidar*... Bom é dizer que...
Não há olvidar-se... Cumpre-nos assinalar que**...
Como se há verificar... Oportuno se torna dizer...
Como se pode notar... Mister se faz ressaltar...
É de ser relevado... Neste sentido deve-se dizer que...
É bem verdade que... Tenha-se presente que...
Não há falar-se... Inadequado seria esquecer, também...
Vale ratificar (cumpre ratificar)... Assinale, ainda, que...
Indubitável é... É preciso insistir também no fato de que...
Não se pode perder de vista... Não é mansa e pacífica a questão...
Convém ressaltar... É de opinião unívoca* que...
Posta assim a questão, é de se dizer... À guisa* de exemplo podemos citar**...
Cumpre observar, preliminarmente, A mais das vezes, convém assinalar...
que... No dizer sempre expressivo de...
Como se depreende*... Em consonância* com o acatado...
Convém notar, outrossim, que... A nosso pensar**...
Verdade seja, esta é... Roborando* o assunto...
Em virtude dessas considerações... Cumpre obtemperar*, todavia...
Empós* as noções preliminares em bre- Em assonância* com a lição sempre
ve trecho, podemos**... precisa de...
Cumpre examinarmos, neste passo**... Cai a lanço* notar que...
Consoante noção cediça... Convém ponderar, ao demais que...
Não quer isto dizer, entretanto, que...
Ao ensejo da conclusão deste item...
Impende observar que...
É sobremodo importante assinalar que...

*Vocabulário:
Olvidar - perder de memória, esquecer; empós - após, depois; depreender - perceber, compreender,
concluir; cediço - sabido de todos; unívoco - que só comporta uma forma de interpretação; à guisa
de - à maneira de, ao modo de; consonância - harmonia, acordo, conformidade; roborar - corroborar,
confirmar, ratificar; obtemperar - dizer humildemente em resposta, ponderar; assonância - semelhança
de sons, conformidade; a lanço - a propósito, a jeito (cair a lanço - calhar, vir a propósito).
**Observação:
O uso da terceira pessoa do plural não é recomendável em peças técnicas.

11
Segundo Napoleão Mendes de Almeida, a partícula se, nessa construção, é desnecessária. O correto
seria, apenas, é de verificar... Ver a respeito o item 2.3.3 Inutilidade do se, na Parte III.

68 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


CAPÍTULO II
PARTE PRÁTICA

1 Peças processuais

No exercício de suas funções em juízo, o Ministério Público poderá:

a) Ocupar o pólo ativo de uma relação processual - o Ministério


Público tanto pode ajuizar uma ação quanto assumi-la posteriormente, como
no caso de desistência do autor da ação popular (art. 9º, caput, da Lei 4.717/
65). Em ambos os casos, não está obrigado a contrapor-se sempre e incon-
dicionalmente aos interesses da parte contrária, antes devendo manter-se
fiel à sua função de zelar pela ordem jurídica.

b) Intervir no feito como fiscal da lei (custos legis) - a qualidade das


partes envolvidas ou a natureza da lide podem tornar obrigatória a inter-
venção do Ministério Público no feito, desde que tal intervenção seja exigida
por norma legal e harmonize-se com os fins institucionais (art. 129, IX, da
CR/88).
O art. 82 do Código de Processo Civil estatui que

Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que


há interesses de incapazes; II - nas causas concernentes ao esta-
do da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casa-
mento, declaração de ausência e disposições de última vonta-
de; III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da
terra rural e nas demais causas em que há interesse público
evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

Os dois primeiros incisos e a primeira parte do terceiro estabelecem


regras de fácil aplicação, porquanto delimitam perfeitamente os casos de in-
tervenção. A segunda parte do inciso III, todavia, traz como critério a expres-
são interesse público, conceito de natureza claramente fluida (ou indeterminada),
cujo sentido preciso só poderá ser densificado à luz do caso concreto.
Como modelos de peças ministeriais, optou-se por trazer dois exem-
plos de ações ajuizadas pelo Ministério Público (Denúncia e Ação Civil
Pública) e uma manifestação como fiscal da lei.

1.1 Denúncia

Denomina-se denúncia a peça escrita (ou oral, no caso dos crimes de


menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95) por meio da qual o Ministério

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 69


Público promove a instauração do processo penal, dependendo, quando a
lei assim o exigir, de requisição do Ministério da Justiça ou de representação
do ofendido (na chamada ação penal pública condicionada).
Ao propor a ação penal, o Ministério Público exerce uma parcela da
soberania estatal, função que lhe é atribuída, com exclusividade, pelo art.
129 da Constituição da República e que se confunde com a própria história
da instituição.
Cabe ao Ministério Público a palavra final quanto à propositura ou
não da denúncia, ressalvada a hipótese de ação penal privada subsidiária da
pública (art. 5º, LIX, da CR e art. 29 do CPP).
Os requisitos da denúncia vêm arrolados no art. 41 do Código de
Processo Penal. Nas palavras de João Mendes Júnior 12 , essa peça possui
caráter narrativo e demonstrativo. Possui caráter narrativo porque

deve revelar o fato com todas as suas circunstâncias, isto é, não


só a ação transitiva como a pessoa que a praticou (quis), os
meios que empregou (quibus auxiliis), o malefício que produ-
ziu (quid), os motivos que a determinaram a isso (cur), a ma-
neira por que a praticou (quomod), o lugar onde a praticou
(ubi) e o tempo (quando).

É, outrossim, demonstrativa “porque deve descrever o corpo de delito,


dar razões de convicção ou presunção e nomear as testemunhas e informantes.
A denúncia constitui uma peça processual sintética, na qual não se
inserem análises de prova ou elementos doutrinários e jurisprudenciais. Seu
recebimento pelo órgão jurisdicional, todavia, depende da descrição de to-
dos os elementos do tipo, para permitir a individualização da conduta e a
ampla defesa do acusado.
Dispositivos legais pertinentes: art. 129, I, da Constituição da Re-
pública, arts. 41 e 43 do Código de Processo Penal e art. 25, III, da Lei nº
8.625/93.
Alguns termos cognatos, arrolados no Dicionário Jurídico da Acade-
mia Brasileira de Letras Jurídicas, são: denunciar (v.), oferecer denúncia;
denunciativo (adj.), diz-se de instrumento que encerra denúncia; denunciatório
(adj.), que envolve ou implica denúncia.
A denúncia, em sua melhor técnica, deve conter as seguintes partes:
a) endereçamento ou vocativo;
b) introdução – onde devem constar os termos oferecer denúncia ou
promover ação penal;
12
O Processo Criminal Brasileiro, vol. II, 4ª ed., Rio: Editora Freitas Bastos, 1959, p. 183, in
GARCIA, Emerson, Ministério Público – Organização, Atribuições e Regime Jurídico, Rio de
Janeiro, Lumen Júris, 2004, p. 224.

70 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


c) qualificação do denunciado - ou esclarecimentos que o identifi-
quem (art. 41, CPP);
d) exposição do fato criminoso e de suas circunstâncias (art. 41, CPP);
e) classificação do crime (art. 41, CPP);
f ) pedido de condenação e requerimentos (citação e produção de
provas);
g) local e data: cidade, dia, mês e ano;
h) dados do órgão atuante: assinatura, nome e indicação;
i) rol de testemunhas, quando necessário (art. 41, CPP);
j) cota de oferecimento da denúncia.

a) Endereçamento ou vocativo – o juiz ou tribunal a que é dirigida.


É o cabeçalho ou endereço da petição, escrito por extenso e com
letras maiúsculas. O juiz, obviamente, não é indicado pelo nome, mas ape-
nas pelo cargo. Se houver diversas varas, deve-se deixar um espaço em bran-
co a ser preenchido pelo distribuidor.
Para certificar-se quanto à existência de varas especializadas, bem como
sobre sua competência, deve-se consultar o Código de Organização Judiciá-
ria de Goiás (Lei 9.129/1981 e Lei 13.644/2000).

b) Introdução – onde devem constar o termo oferecer denúncia ou


promover ação penal.
A introdução deve iniciar-se por O MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DE GOIÁS, pelo Promotor de Justiça que esta subscreve, ou fórmula
semelhante. O termo a Justiça Pública, para referir-se à instituição, não é
recomendável.
Deve-se fazer referência, quando houver, aos autos de investigação
que serviram de base para a denúncia.
O fecho da introdução deve trazer a expressão oferecer denúncia ou pro-
mover ação penal. Ambas são abonadas pelo direito positivo brasileiro. A pri-
meira consta, dentre outros, do art. 40 do CPP; a segunda, do art. 129, I.

c) Qualificação do denunciado – ou esclarecimentos que o identifi-


quem (art. 41, CPP).
Qualificar o denunciado significa, simplesmente, fornecer os dados
que permitam a sua perfeita identificação. A forma mais fácil de fazê-lo é
por meio de informações constantes dos registros públicos: nome, preno-
me, estado civil, profissão, domicílio, residência, naturalidade, filiação, RG
e CPF. Eventuais alcunhas também são importantes, sobretudo para facili-
tar sua identificação na colheita da prova testemunhal.
Caso não estejam disponíveis tais informações, pode-se recorrer a outros ele-
mentos, como suas características físicas, desde que suficientes para individualizá-lo.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 71


d) Exposição do fato criminoso e de suas circunstâncias (art. 41,
CPP).
É a parte que maiores cuidados exige, porquanto é pelo fato descrito
na denúncia que o acusado responderá e, ao final, poderá ser condenado.
Antes da narrativa circunstanciada do fato, é de boa técnica a elabora-
ção de um parágrafo onde se informe – de modo conciso, direto e sem desen-
volvimento narrativo – o seguinte: a) o quê – ou seja, a conduta, com o uso do
verbo presente no tipo penal, e o resultado; b) quando; c) onde; d) quem – ou
seja, quem fez o que contra quem; e) o elemento subjetivo – dolo ou culpa.
O segundo parágrafo há de ser mais extenso, detalhando o que se
aduziu no primeiro, circunstanciando o iter criminoso para esclarecer o modo
pelo qual foi praticado o crime e por qual motivo13 .

e) Classificação do crime (art. 41, CPP).


Conquanto só se vincule o juiz ao fato narrado na denúncia, e não à
capitulação aduzida pelo Ministério Público, exige o art. 41 do CPP a clas-
sificação do crime já na peça vestibular da ação penal.
A classificação do crime, em geral, é introduzida por uma das seguin-
tes fórmulas: a) Pelo (em razão do, em face do) exposto, o Ministério Público
denuncia...; b) Assim agindo, encontra-se o denunciado incurso nos artigos...;
c) Assim agindo, o denunciado praticou a conduta prevista...
Não é recomendável a construção Infringir o artigo tal do Código Pe-
nal, pois os artigos da parte especial desse diploma – e as normas
incriminadoras em geral – descrevem condutas típicas 14 . Em rigor, tais
artigos não proíbem uma determinada conduta, apenas estabelecem san-
ções como conseqüência da sua prática. Infringir significa violar, transgre-
dir. Ao agir criminosamente, não há violação da norma incriminadora, mas
subsunção a ela. A conduta do agente subsume-se, ou seja, encaixa-se na
descrição de um tipo penal. O melhor, portanto, é escrever incidiu ou incor-
reu no artigo.
Além do tipo penal que encerra a ação praticada (tipo simples, tenta-
do, qualificado, privilegiado e causa especial de aumento), faz-se necessária
a referência aos demais artigos incidentes: concurso de agentes: art. 29,
caput, do CP; circunstâncias agravantes obrigatórias ou legais: art. 61 ou 62
do CP; concurso material: art. 69 do CP; concurso formal: art. 70, caput,
do CP; crime continuado: art. 71, caput, do CP.
13
Quando o modo ou o motivo estiverem inseridos no tipo, devem também ser mencionados no primeiro
parágrafo.
14
Considerações retiradas dos relatórios de acompanhamento da Corregedoria-Geral do Ministério
Público do Estado de Goiás.

72 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Em regra, logo após a especificação dos dispositivos nos quais se en-
contra incurso o denunciado, apresenta-se o pedido de sua condenação.

f ) Pedido de condenação e requerimentos (citação e produção de


provas).
Na denúncia, o Estado-Administração (no caso, o Ministério Públi-
co) deduz sua pretensão perante o Estado-Juiz. Como o Estado não pode
auto-executar sua pretensão punitiva, mister se faz dar início a um procedi-
mento contraditório, que redundará num provimento jurisdicional quanto
àquela. O pedido de condenação, portanto, é a própria razão de ser da peça
ora estudada.
Juntamente com o pedido, devem ser aduzidos os requerimentos de
citação e produção de provas. É de boa técnica, outrossim, informar o pro-
cedimento a ser adotado, citando-se os artigos pertinentes.
Principais procedimentos: arts. 394 a 405 e 498 a 502 do CPP (re-
clusão); arts. 538 e 539 do CPP (detenção); arts. 394 a 497 do CPP (júri);
arts. 77 a 81 da Lei 9.099/95.

g) Local e data: cidade, dia, mês e ano.


Devem ser escritos por extenso. Ex.: Goiânia, 23 de setembro de
2006.

h) Dados do órgão atuante: assinatura, nome e indicação.


Devem vir na forma de praxe, centralizada e em negrito. Caso neces-
sário, deve-se indicar o caráter da atuação:

Fulano de Tal
Promotor de Justiça em substituição
Portaria _____/_____

i) Rol de testemunhas, quando necessário (art. 41, CPP).


Convém indicar primeiro a(s) vítima(s), seguida(s) da(s)
testemunha(s). É preciso cuidado para não exceder o número máximo de
testemunhas previsto em lei.
De cada pessoa arrolada devem constar o nome completo, eventual
apelido e o endereço onde deverá ser feita a intimação. Convém, outrossim,
fazer remissão à folha dos autos onde se possa encontrar a qualificação com-
pleta, se houver.
A apresentação do rol na denúncia é facultativa. Todavia, caso o
Ministério Público pretenda oferecê-lo, deve fazê-lo, obrigatoriamente, na

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 73


denúncia, sob pena de preclusão da oportunidade de requerer prova teste-
munhal. 15

j) cota de oferecimento da denúncia.


A cota serve para introduzir e suplementar a denúncia. É o local
idôneo para inserir os demais requerimentos e informações que se fizerem
necessários.
Dentre outros, a cota pode conter os seguintes elementos:
a) requisição de folha de antecedentes e certidão criminal; b) propos-
ta de suspensão condicional do processo; c) promoção de arquivamento
quanto aos indiciados que não foram denunciados; d) requerimento de pri-
são preventiva; e) requisição de remessa dos laudos de exame ainda não
juntados; f ) manifestação sobre pedido da autoridade policial ou outro as-
sunto que exigir esclarecimento.

MODELO DE DENÚNCIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE__________________ , GOIÁS.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo(a)


Promotor(a) de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições cons-
titucionais e legais, com fulcro no Inquérito Policial registrado sob o núme-
ro _______/_______, vem à digna presença de Vossa Excelência oferecer
DENÚNCIA em desfavor de

FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, estudante, RG nº


______________ , SSP/GO, nascido em _______/_______/_______ com
_______ (_____________) anos de idade, natural de____________________.
filho de ____________________________e ____________________________,
residente na ____________________________ ;

BELTRANO DE TAL, brasileiro, solteiro, estudante, RG nº


______________ , SSP/GO, nascido em _______/_______/_______ com

15
Considerações retiradas dos relatórios de acompanhamento da Corregedoria-Geral do Ministério
Público do Estado de Goiás, onde constam as seguintes fontes: Nucci, Guilherme de Souza. Op. cit.,
p. 151; Jesus, Damásio Evangelista de. Código de Processo Penal Anotado. 21ª. ed. São Paulo:
Saraiva, p. 57; Mirabete, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 17ª. ed. São Paulo: Atlas, p. 138.

74 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


_______ (_____________) anos de idade, natural de____________________.
filho de ____________________________e ____________________________,
residente na ____________________________ ;

pelas seguintes motivações fáticas e jurídicas.

1 No dia _____ de __________ de __________, por volta de _____h.


na residência localizada na ______________________ , os denunciados16/17
FULANO DE TAL e BELTRANO DE TAL, após prévio consenso crimi-
noso e divisão de tarefas, utilizando-se de uma arma de fogo, tipo revólver,
calibre 38, marca Taurus, numeração picotada, com duas munições, medi-
ante restrição da liberdade das vítimas, que foram mantidas sob seu poder,
tentaram subtrair, para si, a quantia de R$ 119,00 (cento e dezenove reais)
em cédulas. R$ 4,40 (quatro reais e quarenta centavos) em moedas, algu-
mas bijuterias, dois relógios, um aparelho celular Motorola, com carrega-
dor, pertencentes a X e Y, somente não consumando seu intento por cir-
cunstâncias alheias à sua vontade.
Consta, ainda, que no mesmo dia, local e horário, os denunciados,
em concurso de vontades, porém de forma sucessiva, mediante violência e
grave ameaça, constrangeram a vítima Z a permitir que com ela se praticas-
se ato libidinoso diverso da conjunção carnal, beijando-a à força, passando
a mão pelo corpo desta e tentando despi-la.

2 Exsurge do caderno informativo que, na data dos fatos, após prévia


combinação de vontades no sentido de praticar crime contra o patrimônio,
os denunciados transitavam pelas ruas da cidade, ocasião em que vislum-
braram a residência das vitimas e resolveram invadi-la.
Nesse sentido, os denunciados, empunhando a arma de fogo descri-
ta, colocaram-se a postos na porta da residência e chamaram pelos morado-
res, invadindo a casa tão logo foram atendidos pela vítima X.
Em seguida, os denunciados anunciaram o assalto. Ordenaram que os
presentes se deitassem no chão e conduziram as vítimas Z e W para dentro do
banheiro da casa, restringindo a liberdade de todos e mantendo-os sob seu poder.

16
Tecnicamente, não convém que o autor da conduta típica seja aqui denominado réu ou acusado, o que
só pode ocorrer depois de iniciada a ação penal, ou seja, com o recebimento da denúncia.
17
Vozes há que criticam o uso do termo denunciado, alegando ser este adequado apenas àquele contra
quem já há denúncia oferecida. No decorrer da elaboração da mencionada peça processual, denunciado
poderia com vantagem ser substituído por denunciando. É de observar, porém, que a denúncia só
adentra o mundo jurídico no momento em que é protocolada. Assim, quando a peça passa a ter
existência jurídica, o autor da conduta típica já é denunciado, porquanto em seu desfavor já foi oferecida
denúncia. Em razão disso, não se opta aqui por tal entendimento.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 75


A seguir, os denunciados passaram a recolher os objetos acima descri-
tos, com o intuito de subtraí-los.
Ato contínuo, de maneira sucessiva, mediante revezamento, o denun-
ciados se dirigiram até o banheiro da residência e constrangeram a vítima Z a
permitir que com ela praticassem atos libidinosos diversos da conjunção car-
nal, beijando-a à força, acariciando seu corpo e tentando despi-la.
Apurou-se que, realizados todos os atos necessários à consumação do
roubo, este não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos agen-
tes, porquanto estes foram surpreendidos por um cerco realizado no local
pela Polícia Militar, que logrou prendê-los em flagrante delito.

3 Assim agindo, FULANO DE TAL e BELTRANO DE TAL prati-


caram as condutas descritas no artigo 157, § 2º, incisos I, II e V, combina-
do com o artigo 14, inciso II, do Código Penal, e no artigo 214 do mesmo
Diploma Legal, todos combinados com o artigo 69 do Código Penal Brasi-
leiro, razão pela qual o MINISTÉRIO PÚBLICO oferece a presente de-
núncia, requerendo a instauração da competente ação penal e, após recebi-
mento e autuação, a citação dos denunciados para que sejam interrogados e
respondam aos termos do processo, sob pena de revelia, até final julgamen-
to e condenação, observado o procedimento ditado pelos artigos 394/405 e
498/502 do Código de Processo Penal Brasileiro.
Por fim, requer a intimação das vítimas e das testemunhas abaixo
arroladas para que venham depor em juízo, sob as cominações legais.

__________________________ , ____de ____________ de ________.

(NOME)
Promotor(a) de Justiça

VÍTIMAS:

1[...]

ROL DE TESTEMUNHAS:

1[...]

(Nome)

(Cargo ocupado)

76 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


MODELO DE COTA DE OFERECIMENTO DE DENÚNCIA

Autos de I.P. nº ______/______


Denunciado: Fulano de Tal

Meritíssimo Juiz,

1 Segue nesta data, separadamente, Denúncia em XX (XXXX) laudas


rubricadas.
2 O Ministério Público requer sejam determinadas as seguintes pro-
vidências:
2.1 Seja expedida certidão do cartório distribuidor desta comarca, com
informações acerca da existência de eventuais processos criminais instaurados
contra o denunciado, devendo o cartorário, em caso positivo, informar a data
da distribuição e das decisões condenatórias com trânsito em julgado;
2.2 Seja requisitada a folha atualizada de antecedentes criminais do
denunciado.
2.3 Seja requisitada a imediata remessa do laudo pericial de corpo
de delito.

3 Na oportunidade, o Ministério Público promove o arquivamento


do feito relativamente a Sicrano de Tal, pelos motivos a seguir expostos:
[...]

(Local, dia, mês e ano)

(Nome)

(Cargo ocupado)

1.2 Ação Civil Pública

O delineamento da ação civil pública encontra-se na Lei 7.347/85,


com adicionamentos e variações terminológicas previstas nas Leis nº 7.853/
89 (pessoas portadoras de deficiência), 7.913/89 (investidores no mercado
de capitais), 8.069/90 (crianças e adolescentes) e 8.078/90 (consumidores).
A ação civil pública apresenta objeto semelhante ao da ação popular,
mas ambas não são mutuamente excludentes. Antes, formam, juntamente
com as disposições do Título III da Lei 8.078/90, um microssistema de
defesa dos direitos difusos e coletivos.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 77


A atribuição do Ministério Público para a propositura de ações desse
jaez tem assento constitucional no art. 129, III. Já a Lei 8.625/93 (Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público), em seu art. 25, IV, arrola as
hipóteses em que a instituição está legitimada à propositura, quais sejam,
“para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambi-
ente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, históri-
co, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e indivi-
duais indisponíveis e homogêneos”. E, especificando um dos interesses
difusos sob a tutela do Ministério Público, continua: “para a anulação ou
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou à morali-
dade administrativa do Estado ou de Município, de suas administrações
indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas de que participem”.
Como qualquer petição inicial, a peça vestibular da ação civil pública
concretiza o direito geral e abstrato de agir, formulando ao juiz uma preten-
são em face de um sujeito passivo. Além do pedido propriamente dito, deve
conter um requerimento relativo às provas e à citação do réu para tomar
conhecimento da ação contra ele ajuizada, respeitando os requisitos exigi-
dos pelo art. 282, CPC, quais sejam:

a) Endereçamento ou vocativo – o juiz ou tribunal, a que é dirigida


(art. 282, I).

É o cabeçalho ou endereço da petição, escrito por extenso e com


letras maiúsculas. O juiz, obviamente, não é indicado pelo nome, mas ape-
nas pelo cargo. Se houver diversas varas, deve-se deixar um espaço em bran-
co a ser preenchido pelo distribuidor.
Para certificar-se quanto à existência de varas especializadas, bem como
sobre sua competência, deve-se consultar o Código de Organização Judici-
ária de Goiás (Lei 9.129/1981 e Lei 13.644/2000).

b) Qualificação do autor – o nome, prenome, estado civil, profis-


são, domicílio e residência do autor (art. 282, II).

Além dos dados expressamente exigidos, convém, quando possível,


informar a naturalidade e o número dos documentos (RG e CPF).

c) Presença do verbo propor, seguido da denominação da ação.

Deve-se indicar a ação e o rito a que se pretende dar início, bem


como os dispositivos legais pertinentes. A ausência ou a menção equivocada

78 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


dos artigos legais nos quais se fundamenta o pedido, todavia, não invalidam
a inicial (da mihi factum et dabo tibi jus, dá-me o fato e te darei o direito). A
especificação da natureza da ação, outrossim, é retificável, desde que com-
patível com o pedido pretendido.

d) Qualificação do réu – o nome, prenome, estado civil, profissão,


domicílio e residência do réu (art. 282, II).

Quando forem desconhecidos os dados supramencionados, devem-


se fornecer elementos esclarecedores que sejam suficientes para distingui-
lo, tornando certo o pólo passivo da relação processual pretendida.

e) Narrativa dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido (art. 282, III).

Impende expor com clareza e objetividade a causa de pedir (causa


petendi). Como o legislador brasileiro adotou a teoria da substanciação,
devem-se mencionar tanto a causa próxima (fundamento jurídico) quan-
to a causa remota do pedido (fato, entendido como fato constitutivo do
direito).
Conquanto se devam especificar os dispositivos legais, sejam os rela-
tivos ao direito material ou ao direito processual, o juiz não ficará a eles
adstrito (iura novit curia - o tribunal - a cúria - conhece o direito).
A falta de clareza e objetividade da narrativa pode constituir dificuldade
para o julgamento do mérito, fazendo incidir o art. 284 do CPC, que ordena
seja o autor intimado para emendar a inicial no prazo de 10 (dez) dias.

f) O pedido e suas especificações (art. 282, IV).

O pedido é o próprio objeto da ação, devendo em regra ser certo e


determinado – embora seja possível o pedido genérico, nos casos previstos
nos incisos do art. 286. Deve decorrer logicamente da exposição do fato e
dos fundamentos jurídicos do pedido, sob pena de ser julgada inepta a
inicial, nos termos do art. 295, parágrafo único, II, do CPC.
Tecnicamente, requerer não é o mesmo que pedir. Pede-se a tutela
jurisdicional e requerem-se medidas no curso do processo. O mais correto,
portanto, é falar em deferir ou indeferir um requerimento e em julgar pro-
cedente ou improcedente um pedido.18
18
Considerações retiradas dos relatórios de acompanhamento da Corregedoria-Geral do Ministério
Público do Estado de Goiás, onde consta a seguinte fonte: Cândido Rangel Dinamarco Instituições
deDireitoProcessualCivil.2ª. ed. São Paulo: Malheiros, vol. II, p. 114

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 79


Ressalte-se, outrossim, a impropriedade da construção improcedência
da ação19 , porquanto encerra confusão entre direito material e direito pro-
cessual.

g) As provas para a demonstração do alegado (art. 282, VI).

Ao autor incumbe provar o alegado, o que se faz por meio de prova


testemunhal, documental ou pericial. Já na inicial, devem-se comunicar ao
juiz os meios de prova que o autor pretende produzir, requerendo-os desde
então, não havendo, porém, obrigatoriedade de especificá-los todos nessa
oportunidade.

h) Requerimento para a citação do réu (art. 282, VII).

Essa exigência atende ao princípio constitucional do contraditório,


permitindo que se complete a constituição da relação processual.

i) Valor da causa (art. 282, V).

Do valor da causa dependem, às vezes, a competência e o rito a ser


seguido. Ainda que não tenha a ação conteúdo econômico, deve constar da
inicial, conforme exige o art. 285 do CPC. Os critérios para a sua avaliação
constam dos artigos 259 e 260 desse diploma.

j) Documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 283).

Observe-se que a lei menciona apenas os documentos indispensá-


veis à propositura da ação, não vedando a posterior juntada de novos do-
cumentos.

MODELO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA COMARCA DE _______________-GO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu


Promotor de Justiça infra-assinado, com arrimo nos artigos 127, caput, e

19
Considerações retiradas dos relatórios de acompanhamento da Corregedoria-Geral do Ministério
Público do Estado de Goiás.

80 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


129, II e III, da Constituição da República, no artigo 25, IV, letra “a”, da
Lei nº 8.625/93, art. 46, VI, letra “a”, da Lei Complementar Estadual nº
25/98, nas disposições contidas nas Leis n.ºs 7.347/85 (Lei da Ação Civil
Pública) e 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), vem respeitosa-
mente ante a douta presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA


com requerimento liminar

em face do MUNICÍPIO DE _____________, representado pelo


Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal, pelos motivos de fato e de direi-
to doravante narrados:

I PRELIMINARMENTE - DA LEGITIMIDADE DO PARQUET:

A legitimidade ativa do Ministério Público decorre da própria Cons-


tituição da República (artigo 129, incisos II e III). São funções da institui-
ção, dentre outras, zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, pro-
movendo as medidas necessárias à sua garantia, bem como promover a ação
civil pública para a proteção dos interesses difusos e coletivos.
Como se verá, a presente ação visa assegurar a proteção dos direitos
difusos de consumidores de produtos perecíveis, expostos que estão aos riscos
oriundos da comercialização de gêneros alimentícios não fiscalizados pelo Poder
Público local. Trata-se, portanto, de direito difuso por excelência, já que o
grupo de interessados é indeterminável, o objeto é indivisível e a origem de-
riva de uma situação de fato (Nesse sentido, Hugo Nigro Mazzilli, A Defesa
dos Interesses Difusos em Juízo, Editora Saraiva, 17ª Edição, fls. 55).
De outra banda, a legitimação do Parquet também encontra funda-
mento legal no artigo 82, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor.
No mesmo sentido é o teor do artigo 50, caput, da Lei nº 7.347/85.
Por derradeiro, vale ainda consignar outros dispositivos legais que dão suporte
à legitimidade do Parquet: artigo 25, inciso IV, letra “a”, da Lei 8.625/93 e
artigo 46, inciso VI, letra “a”, da Lei Complementar Estadual nº 25/98.

II FATOS:

O Ministério Público instaurou, nesta Comarca de _____________ ,


procedimento administrativo visando apurar as condições de higiene e ade-
quação às normas sanitárias pertinentes por parte dos estabelecimentos que

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 81


comercializam carne animal nesta urbe (procedimento administrativo
____/___________- anexo). Instaurou, também, inquérito civil público vi-
sando apurar a ineficiência do órgão de vigilância sanitária do município de
________ (inquérito civil ____/________ - anexo).
Por um período, após as insistentes tentativas de regularização da
situação pelo Ministério Público, que até mesmo realizou audiência públi-
ca com tal desiderato (fls. ____, procedimento administrativo ____/____),
os comerciantes de carne animal e outros produtos perecíveis passaram a
adquirir carne devidamente inspecionada. Escoados alguns meses, porém,
voltaram a infringir as normas de saúde, adquirindo carnes de abatedouros
clandestinos.
Recente visita do órgão da Vigilância Sanitária Estadual consta-
tou, após fiscalizações requisitadas pelo Ministério Público, que os esta-
belecimentos comerciais situados nesta cidade não estão adequados às
condições sanitárias previstas em lei. Frise-se que o problema não se
limita à carne clandestina, porquanto foi constatada a comercialização
indevida de produtos derivados do leite, com data de validade vencida,
etc.
[...]

III FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

1. O direito pleno à saúde, garantido constitucionalmente:


De acordo com a Constituição da República, a saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doenças e outros agravos e ao acesso univer-
sal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recupera-
ção (artigo 196).
Ainda, segundo o artigo 198 da Lei Maior, as ações e serviços públi-
cos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
a) descentralização, com direção única em cada esfera de governo; b)
atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais; c) participação da comunidade.
E ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, consoante regra
do artigo 200, inciso II, da Constituição da República.
Outrossim, a Carta Cidadã estabelece que é competência comum da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios tratar de saúde e
assistência pública (artigo 23, inciso II).

82 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Portanto, o direito pleno à saúde é previsto e garantido constitucio-
nalmente, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços de tratamento e recuperação.
Seguindo a orientação definida pela Constituição da República, a
legislação infraconstitucional (federal, estadual e municipal) também esta-
belece a obrigação de o poder público municipal exercer a fiscalização das
condições sanitárias dos estabelecimentos, especialmente daqueles que pra-
ticam comércio de alimentos.
[...]

IV LIMINAR:

Estabelece o § 3º do artigo 84 do Código de Defesa do Consumidor


que, “sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado re-
ceio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu”.
Trata-se de tutela de mérito, não se confundindo com medida cautelar,
embora haja coincidência nos seus requisitos. Os pressupostos para a ante-
cipação liminar do provimento definitivo são a relevância do fundamento
da demanda (fumus boni juris) e o justificado receio de ineficácia do provi-
mento final (periculum in mora).
Por meio de recente documento da Vigilância Sanitária Estadual,
ficou demonstrado que os estabelecimentos comerciais de ____________
têm vendido produtos alimentícios impróprios para o consumo humano,
evidenciando a omissão da Municipalidade na fiscalização. Presente, pois, o
fumus boni juris.
Por outro lado, é notório que a comercialização de produtos alimen-
tícios deteriorados ou sem fiscalização representa sério risco à saúde dos
consumidores, havendo uma gama infinita de patologias causadas pela
inadequação de condições sanitárias, desde distúrbios gástricos e infecções
bacteriológicas até a cisticercose.
A demora de uma decisão final pode acarretar graves danos aos cida-
dãos locais, já que, em razão da ausência de fiscalização sanitária por parte
do réu, estão sujeitos ao iminente risco de contaminação e de lesões
irreparáveis à saúde. Portanto, está configurado também o pressuposto do
periculum in mora.
Assim, presentes os dois requisitos imprescindíveis ao deferimento
da liminar, conforme autoriza o artigo 84, §§ 3º e 4º, do Código de Defesa
do Consumidor, o MINISTÉRIO PÚBLICO requer, após a prévia notifica-
ção do réu (artigo 20 da Lei 8.437/92), seja concedida a tutela liminar,

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 83


determinando ao Município de ______________________-GO, por meio
de seu representante legal, a obrigação de fazer consistente em providenci-
ar, imediatamente, a fiscalização de todos os estabelecimentos que
comercializem gêneros alimentícios nesta comarca, de acordo com todas as
exigências sanitárias pertinentes, inclusive cassação da licença sanitária e
fechamento do estabelecimento irregular, se for o caso, sob pena de:
a) pagamento de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais) (art. 84, §
4º, CDC); e
b) decretação da indisponibilidade das transferências, efetuadas pelo
Ministério da Saúde, as parcelas do programa de incentivo à vigilância sani-
tária.

V REQUERIMENTOS E PEDIDOS:

Ante o exposto, O MINISTÉRIO PÚBLICO:


a) requer, após o deferimento da medida liminar, a citação do réu, na
pessoa de seu representante legal, Excelentíssimo Senhor Prefeito Munici-
pal, Sr. ____________________, para, querendo, contestar a presente ação
no prazo legal, sob pena de revelia;
b) pede a procedência do pedido, condenando-se o Município de
______________________ a estruturar o órgão de vigilância sanitária – me-
diante a contratação de funcionários concursados, aos quais devem ser ga-
rantidos os meios adequados ao fiel desempenho de suas funções, tais como
cursos de capacitação, recursos, meio de transporte, etc –, visando ao cum-
primento de obrigação de fazer consistente no exercício da efetiva, imediata
e contínua fiscalização das atividades dos estabelecimentos que comercializam
alimentos na sua circunscrição territorial, de acordo com todas as exigências
sanitárias pertinentes, incluindo a cassação da licença sanitária e o fecha-
mento do estabelecimento irregular, se for o caso, sob pena de responsabi-
lidade e pagamento de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), acrescida
de juros e correção monetária, a ser recolhida ao Fundo Municipal de Pro-
teção e Defesa do Consumidor, caso venha a ser criado, ou, subsidiariamente,
ao Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor — FEDC, criado
pela Lei Estadual nº 12.207, de 20 de dezembro de 1993;
c) requer a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros
encargos, ex vi do disposto no artigo 18 da Lei nº 7.347/85 e no artigo 87
do Código de Defesa do Consumidor;
d) requer, ainda, a inversão do ônus da prova, conforme previsto no
artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, pleiteando, todavia,
no que for pertinente, o uso de todos os meios de prova em direito admiti-

84 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


dos, desde já os requerendo, principalmente a juntada de documentos, de-
poimento pessoal, oitiva de testemunhas, perícias e outros elementos que se
fizerem necessários.
Dá-se à causa, para os fins de mister, o valor de R$ 1.000,00 (mil
reais).

________________________, ____ de ____________ de ________.

(NOME)
Promotor(a) de Justiça

ROL DE TESTEMUNHAS:

1) ...

1.3 Manifestação

Intervindo como fiscal da lei (custos legis), o Ministério Público será


intimado de todos os atos do processo e terá vista dos autos após as partes (art.
83, I, do CPC). A regra justifica-se em razão da função exercida pelo Parquet
no feito. Ora, sendo este incumbido de zelar pela realização de um julgamen-
to justo, nada mais razoável do que lhe dar a oportunidade de analisar os
autos depois de as razões de ambos os lados já terem sido apresentadas.
Em sua intervenção, também terá o Ministério Público outros pode-
res equivalentes aos das partes, como juntar documentos e certidões, pro-
duzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao
descobrimento da verdade (art. 83, II, do CPC).
Enseja-se a manifestação nos autos mediante a abertura de vistas ao
Ministério Público, o que permite uma simplificação da fórmula vocativa.
Em geral, no primeiro grau de jurisdição, usa-se a expressão Meritíssimo
Juiz, separando-a com vírgula do restante do texto.
Antes, porém, no canto esquerdo superior da folha, deve-se apor a
epígrafe, informando o número dos autos, o nome das partes e a natureza
do pedido, o que pode ser feito com fonte de tamanho inferior ao daquela
do texto principal.
A manifestação propriamente dita deve compor-se de três partes:
exposição, fundamentação e conclusão. Guarda, portanto, claro paralelismo
com a sentença, cujos requisitos essenciais – relatório, fundamentação e
dispositivo – estão previstos no art. 458 do Código de Processo Civil.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 85


A exposição consiste no histórico de toda a relação processual. Deve
identificar as partes, informar resumidamente o pedido do autor e a respos-
ta do réu e narrar, de forma concisa, as principais ocorrências do processo.
Sua função é delimitar o pedido, identificando as questões que hão de ser
decidas.
A fundamentação atende à necessidade de expor os motivos do
posicionamento que, ao final, será aduzido na conclusão. É a parte idônea
para construir as premissas e deixar claro o encadeamento lógico que con-
duz àquilo que se concluirá.
A conclusão é a razão de ser da manifestação, equivalendo à parte
dispositiva da sentença. Sendo omitida a conclusão, não se pode falar, ver-
dadeiramente, em manifestação.
A conclusão pode versar sobre questões preliminares ou estender-se à
análise do mérito. Neste último caso, o Ministério público pode simples-
mente se reportar ao pedido do autor, manifestando-se por sua procedência
ou improcedência, ou especificar diretamente a prestação jurisdicional ade-
quada ao caso concreto.

MODELO DE MANIFESTAÇÃO

Autos: ________
Autora: Fulana de Tal
Réu: Beltrano de Tal
Natureza: Declaração de união estável

Meritíssimo Juiz,

Trata-se de ação declaratória de união estável cumulada com pedido


de indenização proposta por Fulana de Tal em desfavor de Beltrano de Tal.
Alegou a autora que manteve com o réu união pública e contínua
durante 25 anos, dedicando-lhe amor, compreensão e afeto. Conquanto
tenha abandonado sua atividade profissional em razão das falsas promessas
do réu, foi abandonada em 2002, sem nenhuma satisfação por parte deste.
Requer o reconhecimento da união estável e a concessão de pensão
alimentícia no valor de dois salários mínimos mensais, bem como indeniza-
ção por danos materiais, no valor de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta
mil reais), e cem salários mínimos a título de danos morais.
Devidamente citado, o réu não apresentou contestação.

86 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Foi colhido o depoimento pessoal da autora e foram ouvidas três
testemunhas.
Em memoriais, a autora ratificou os termos da inicial.
Vieram os autos ao Ministério Público para a sua manifestação.

FUNDAMENTAÇÃO

Presentes as condições de ação e os pressupostos processuais.


O processo transcorreu sem vícios, o que autoriza a imediata análise
do mérito.
Três são as questões por abordar para a perfeita elucidação da causa:

1. Os efeitos da revelia;

2. A caracterização da união estável;

3. A existência de lesão pela ruptura do relacionamento.

1. O réu, conquanto devidamente citado, não contestou o pedido,


tornando-se revel (ver certidão de fls. 50). Mister, portanto, assentar os
corretos lindes do instituto da revelia, para bem compreendermos os efeitos
desta no presente feito.
Reza o art. 319 do CPC que, em caso de ausência de contestação por
parte do Requerido, “reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor”.
Clara está, portanto, a referência aos fatos. A revelia não cria direitos
não recepcionados pelo ordenamento jurídico, mas apenas torna desneces-
sária a prova dos fatos, quando em jogo estiverem direitos disponíveis.
Tal presunção é relativa e não prevalece se dos fatos narrados não se
depreende o direito pretendido.
Portanto, a revelia não enseja necessariamente a procedência do pedi-
do, ainda que disponível o direito discutido em juízo, sendo indispensável
uma posterior análise da subsunção do fato ao Direito.
2. Consagrando o instituto da união estável, estabelecem os arts.
226, § 3º, da Constituição da República e 1º da Lei 9.278/96 o seguinte:

Art. 226, § 3º, CR - “Para efeito de proteção do Estado, é reconhe-


cida a união estável entre o homem e a mulher como entidade
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.”
Art. 1º da Lei 9.278/96 – “É reconhecida como entidade
familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um
homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de cons-
tituição de família.”

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 87


É irrelevante discutir aqui se a convivência há de ser sobre o mesmo
teto. Claramente, o desiderato legal é proteger o núcleo familiar, em suas
diversas formas. Impende perquirir, portanto, se o objetivo da união é a
constituição de família, intenção que se torna manifesta por meio de deter-
minadas características, tais como duração no tempo, publicidade e conti-
nuidade.
Pela própria narrativa contida na inicial e pelo que ficou apurado nos
autos, claro está que a união entre as partes, conquanto duradoura, não
tinha a finalidade de constituição de família.
Alguns trechos do depoimento pessoal da autora são suficientes para
permitir tal ilação:

[...]

As fotos carreadas a fls. XX antes reforçam que ilidem essa convicção.


Iniludível, portanto, que autora e réu mantiveram um romance clan-
destino, o qual, embora fosse tolerado pela família daquela, não era conhe-
cido pelos familiares deste nem socialmente reconhecido como entidade
familiar. Ambos possuíam vida econômica autônoma e não uniram esforços
para constituir um patrimônio comum. Não se trata sequer de uma situa-
ção com traços de bigamia, porquanto a autora sempre soube que o réu era
casado e tinha filhos.

3. Não se vê, outrossim, como reconhecer a existência de lesão na


ruptura do relacionamento por parte do réu.
Num primeiro plano, pelas próprias palavras da autora é possível
concluir que o réu não a ludibriou, tendo revelado sua verdadeira condição
de homem casado e pai de família.
Em segundo lugar, não se pode obrigar um homem a viver marital-
mente com outrem, pois a união conjugal, por sua própria natureza, exige
adesão voluntária de ambas as partes. Ademais, planos e expectativas sem-
pre há, mas jamais está presente a garantia de perpetuação do relaciona-
mento. Em nossos tempos, mesmo os casamentos gozam de acentuada ins-
tabilidade – a qual, iniludivelmente, se acentua em uma relação de nature-
za clandestina.
Relembra-se aqui, por pertinente, acórdão do Superior Tribunal de
Justiça, o qual, versando sobre o affectio maritalis, deixa claro que “do mero
relacionamento afetivo e sexual, sem vida em comum, não se retira qualquer
seqüela patrimonial” (STJ, 3ª Turma, AI nº 545.175 – RS, 2003/0142544
– 0, Relator Min. Carlos Alberto Menezes Direito. DJ 05.05.2004).

88 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


CONCLUSÃO

Instado a falar nos presentes autos, como órgão interveniente, mani-


festa-se o Ministério Público pela improcedência do pedido constante de
fls. XX a XX.

_______________ , ___ de ____________de ______

(NOME)
Promotor(a) de Justiça

1.4 O nome das partes no Processo Civil

Autor – Termo derivado do latim auctor. Segundo o Dicionário Jurídi-


co da Academia Brasileira de Letras Jurídicas20 , autor, no Direito Processual
Civil, é a parte que toma a iniciativa de provocar a atividade judicial, por via
da propositura da ação (jurisdição contenciosa), obtendo ou não o reconhe-
cimento de seu alegado direito (pretensão) na sentença de mérito.
Réu – Termo derivado do latim reus (uma das partes litigantes). Se-
gundo o mencionado Dicionário Jurídico21 , é a pessoa contra quem é in-
tentada a ação (cível ou penal), a quem o Estado chama a juízo, atendendo
a pedido do autor.
Requerente – É o termo empregado em lugar de autor nos processos
de jurisdição voluntária, dada a ausência de réu22 . Observe-se, porém, que
requerente e requerido são denominações usadas pelo Código de Processo
Civil em seu título III, para designar as partes do processo cautelar.
Demandante e demandado – São, respectivamente, a parte ativa e a
passiva numa demanda, ou seja, o autor e o réu23 .
Exeqüente e executado – São, respectivamente, credor e devedor no
processo de execução, equiparados a autor e réu no processo de conheci-
mento24 . Note-se, todavia, que credor e devedor são os termos preferidos
pelo Código de Processo Civil em seu Livro II, que trata do Processo de
Execução.
Suplicante e suplicado - Termos inidôneos usados para designar, res-
pectivamente, autor e réu25 .
20
Verbete Autor.
21
Verbete Réu.
22
Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, verbete Requerente.
23
Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, verbete Demanda (1).
24
Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, verbete Execução (1).
25
Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, verbete Súplica.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 89


Prefira, portanto, o seguinte uso: a) autor e réu (ou demandante e
demandado) como termos genéricos da jurisdição contenciosa; b) exeqüente
e executado (ou credor e devedor) no processo de execução; c) requerente e
requerido no processo cautelar; d) requerente no processo de jurisdição vo-
luntária.
Não use, em nenhum caso, suplicante e suplicado, pois súplica é um
termo inadequado para o ato de propor ou requerer em juízo.

90 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


PARTE III – GRAMÁTICA

CAPÍTULO I
O CONCEITO DE ERRO EM PORTUGUÊS

1 Introdução

A língua é um código de que se serve o homem para elaborar mensa-


gens e estabelecer a comunicação. Entre os lingüistas, há, basicamente, duas
posições extremas quanto às normas de linguagem26. A primeira concebe a
língua como um fato homogêneo e estático, cabendo aos mestres definir
suas normas. Da necessária homogeneidade da língua decorreria só haver
correção no seu uso quando fossem respeitadas tais normas, incorrendo em
erro aqueles que não o fizessem. Ademais, essas normas seriam feitas para
perdurar, sendo infensas a inovações. Uma segunda corrente, de sua parte,
vê como falso o problema do respeito às normas de linguagem. O apego a
normas estabelecidas por especialistas representaria, na verdade, a tentativa
de fazer avançar no campo da comunicação a superioridade de um grupo
socialmente dominante.
De qualquer modo, é cediço que o uso pode contrariar as prescrições
que a tradição ensina – e freqüentemente o faz. Cada uma dessas correntes,
em verdade, enfatiza uma das duas modalidades básicas da língua, quais
sejam:
a) a língua funcional de modalidade culta (língua culta ou língua-
padrão), que tem por base a norma culta, sendo a forma lingüística utiliza-
da pelo segmento mais culto e influente da sociedade e pelos meios de
comunicação de massa;
b) a língua funcional de modalidade popular (língua popular ou
língua cotidiana), que está presente na comunicação informal das pessoas,
possuindo cunho mais flexível e espontâneo, com gradações as mais diver-
sas, cujos limites são a gíria e o calão.
A norma culta assegura a unidade da língua nacional, sendo por isso
uniformemente ensinada na escola e difundida nas gramáticas. A língua
popular, de sua parte, afigura-se mais heterogênea e dinâmica, apresentan-
do significativas diferenças de região para região.

26
Maria Helena de Moura Neves, Guia de Uso do Português, p. 9.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 91


O adequado uso dessas modalidades vai depender do momento
discursivo em que se encontra o emissor. Esse momento pode ser íntimo,
neutro ou solene27. O momento íntimo é o das liberdades da fala, o da
expressão espontânea. O momento neutro é o do uso da língua-padrão,
tomando-se como parâmetro a gramática normativa, ou seja, a norma culta.
É a forma utilizada em situações formais e nos veículos de comunicação de
massa. O momento solene, por fim, é o da criação poética, na qual a norma
se submete à estética, à busca da expressão mais bela.
Porquanto existem vários níveis de fala, o conceito de “certo” ou “er-
rado” em língua há de ser considerado em relação ao contexto do ato comu-
nicativo. É melhor, portanto, falar em adequação, em lugar de correção da
linguagem. A função primordial da língua é permitir a eficiente transmis-
são de uma mensagem entre o emissor e o receptor, o que só pode ser obtido
se houver um compartilhamento do código utilizado. Ademais disso, a lin-
guagem é por natureza dinâmica e criativa, o que não se coaduna com crité-
rios perenes e inflexíveis para o seu uso. Portanto, nem sempre a transgres-
são da norma culta pode ser considerada um erro.
Ainda que a transgressão da norma se dê num contexto em que se
exija proficiência lingüística, só devemos considerar “erro” o desvio da nor-
ma quando este ocorre por ignorância – por desconhecê-la, o falante dela se
desvia. Há, todavia, desvios intencionais, que ocorrem com a intenção deli-
berada de reforçar a mensagem.
Os desvios da norma decorrentes do desconhecimento da língua-pa-
drão constituem, segundo a gramática normativa, vícios de linguagem e por
isso são condenáveis. Já os desvios da norma praticados com o fim de reforçar
algum aspecto da mensagem não constituem erros, sendo classificados como
figuras de linguagem. São a originalidade e a eficácia da mensagem que con-
ferem ao desvio da norma a qualidade de figura, em vez de vício.
O bom usuário da língua deve conhecer tanto a norma-padrão quanto
os usos diversos que da língua se faz. Do conhecimento de ambos, surgem as
condições para que, considerando o momento discursivo em que emite sua
mensagem, decida-se pela norma culta ou por uma das formas usuais.
Em tal escolha, é fundamental conhecer a norma-padrão, para que se
possa, conscientemente, confrontando-a com a situação real de uso, delibe-
rar acerca da melhor expressão lingüística. O uso consciente do Português –
como o de outras línguas – depende do conhecimento do vernáculo em sua
forma mais culta, ainda que não seja esta a mais adequada em todos os
momentos.

27
Luiz Antonio Sacconi, Nossa Gramática Contemporânea - Teoria e Prática.

92 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


De outra parte, porém, há que se rejeitar a rigidez das receitas de
certo e errado em Português, salvo no campo da ortografia, regida por norma
legal, e naquelas situações, pouco freqüentes, em que a própria lógica inter-
na da língua limita as formas variantes.
Não há que se apegar, portanto, à prescrição pura e simples de for-
mas corretas, mas há que se respeitar o valor da norma-padrão, sem cujo
conhecimento não se pode falar em uso consciente da língua. Descarta-se,
assim, o entendimento de que aquela consistiria apenas em instrumento de
diferenciação cultural. Aceitar a permeabilidade da língua ao uso que dela
popularmente se faz é indispensável, mas também o é reconhecer o valor do
zelo para com a pureza vernacular. Àqueles que vêem como puro pedantis-
mo as lições dos gramáticos, convém lembrar que as alterações surgidas na
práxis lingüística advêm também – e principalmente – do falar e do escre-
ver de pessoas que desconhecem toda a riqueza do idioma. Enfraquecer a
norma culta é empobrecer a cultura do país.
Por seu caráter formal e impessoal, a redação oficial constitui o mo-
mento discursivo neutro por excelência, no qual é imperioso o respeito à
norma culta. Na redação jurídica, outrossim, devem-se evitar as transgressões
à norma-padrão, dada a natureza eminentemente instrumental daquela.

2 O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP)

Como bem explica José Maria da Costa28, o Vocabulário Ortográfico da


Língua Portuguesa (VOLP) é uma lista de palavras reconhecidas oficialmente
como pertencentes à Língua Portuguesa, fornecendo-lhes a grafia oficial e
classificando-as pelo gênero (masculino ou feminino) e categoria morfológica
(substantivo, adjetivo...). Diferentemente dos dicionários convencionais, não
traz usualmente o significado dos termos que registra. A Academia Brasileira
de Letras tem a responsabilidade legal de editá-lo, dando cumprimento à Lei
nº 726, de 8 de dezembro de 1900 (Lei Eduardo Ramos).
O Formulário Ortográfico, com as primeiras instruções para a organi-
zação do VOLP, foi aprovado pela Academia Brasileira de Letras na sessão
de 12 de agosto de 1943 e mais tarde atualizado pela Lei 5.765, de 18.12.71.
Em 1998, foram incorporados aproximadamente 6.000 termos às 350.000
palavras já reconhecidas (sobretudo termos relativos ao desenvolvimento
científico e tecnológico).
O VOLP traz a palavra oficial sobre a existência de vocábulos e sua
ortografia. Assim, a redação oficial deve-lhe obediência, como direito posi-
tivo que ele é.
28
Manual de Redação Profissional, verbete Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 93


O portal da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br) traz
as regras oficiais de ortografia, abreviatura e redução de palavras, além de forne-
cer um útil sistema de busca dos termos existentes na Língua Portuguesa.

CAPÍTULO II
TEMAS COMPLEXOS

1 O uso do infinitivo pessoal

Há duas espécies de infinitivo: o impessoal e o pessoal. A forma pura,


nominal, inflexível e essencialmente substantiva é o infinitivo impessoal.
De outra parte, o infinitivo pessoal é o empregado com referência a um
sujeito, flexionando-se. A dúvida que freqüentemente se apresenta consiste
em saber quando é possível se servir corretamente deste último.
O tema é difícil e não há consenso entre os gramáticos. Primeira-
mente, apresenta-se aqui o posicionamento de Napoleão Mendes de Almeida,
que, com brilhantismo, defende um uso bastante restrito da flexão29 . Em
seguida, expõe-se o posicionamento mais liberal, decorrente da atual gene-
ralização do uso do infinitivo pessoal.

1.1 Napoleão Mendes de Almeida arrola três possíveis vantagens exis-


tentes na correta flexão do infinitivo: clareza, decorrente da especificação do
sujeito; beleza, decorrente da maior liberdade de variação e colorido do
estilo; e concisão, propriedade de toda oração subordinada reduzida. En-
tretanto, o autor alerta para os exageros do seu uso e critica a noção segundo
a qual apenas a clareza e a eufonia serviriam de critério para a flexão.

1.2 Fazendo um retrospecto da abordagem do tema pelos especialis-


tas, o autor cita duas tentativas de regular o problema, uma de Soares Bar-
bosa, outra de Frederico Diez.

Soares Barbosa elaborou duas regras para a flexão:

a) deve-se flexionar o infinitivo quando seu sujeito é próprio, diverso


do sujeito do verbo regente. Ex.: Declaramos (nós) estarem (eles) prontos –
Julgo (eu) poderes (tu) com isso – Solicitamos (nós) o obséquio de enviarem
(V. Sas.) – Referi-me à intenção de partires (tu).

29
As regras e exemplos adiante aduzidos foram retirados de sua obra Dicionário de Questões Vernáculas,
verbete infinitivo pessoal.

94 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


b) deve-se flexionar o infinitivo quando este, na função de sujeito,
predicado, ou complemento de alguma preposição, não é empregado em
sentido abstrato, vago, mas concreto, determinado – em outras palavras,
quando empregado em referência a um sujeito específico, não em significa-
ção geral. Ex.: Lutarmos é o nosso dever – Não é necessário pedires-me tu
isso – É certo terem partido os navios – A maneira de os alunos estudarem as
lições – É tempo de partires.

Para Frederico Diez, o infinitivo só pode ser flexionado quando passí-


vel de substituição por uma forma modal, independentemente de ter sujei-
to próprio ou não. Ressalte-se que tal possibilidade torna justificável a flexão,
mas não a obriga. Ex.: Alegram-se por terem visto o pai (alegram-se por
virem) – Afirmo terem chegado os navios (que chegaram) – O governo obri-
gou as fábricas a produzirem (a que produzissem) – Já tivemos a oportunida-
de de nos referirmos (de que nos referíssemos).

1.3 Ambas as regras se mostram insuficientes para explicar todos os


exemplos clássicos do uso do infinitivo pessoal. Ademais, chocam-se quanto
à possibilidade de flexão do infinitivo nos casos de sujeitos idênticos. Não
obstante isso, podem ser usadas como diretrizes esclarecedoras da questão
que se propõem a resolver, desde que, como ensina Napoleão Mendes de
Almeida, sejam vistas apenas como justificadoras da flexão, que só se impo-
rá quando assim o exigir a clareza. Em lição lapidar, assevera: “A pessoalização
do infinitivo dos nossos verbos [...] deve limitar-se aos casos de real necessi-
dade de evidenciar, de identificar, de indicar o sujeito e não se subordinar a
caprichos de estilo”. E apresenta alhures a seguinte dica: “Sempre que na
ocorrência de dúvida de flexão notarmos que nenhuma necessidade há para
clareza de pessoalização, deixemo-lo invariável”.

1.4 Referido autor arrola, ainda, os seguintes casos especiais em que


não há flexão:

Locução verbal – É errada a flexão quando o infinitivo formar com o


verbo subordinante uma locução verbal, ou seja, quando vier intimamente
subordinado a um verbo que o antecede. Ex.: Desejamos comprar livros (e
não desejamos comprarmos) – Lamentamos não poder ir à festa (e não lamen-
tamos não podermos) – acham-se em mau estado, devendo ser substituídas (e
não devendo serem).
Não há flexão, outrossim, quando há elipse do verbo poder, que for-
maria uma locução verbal com o infinitivo. Ex.: Tinham muito com que se

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 95


(pudessem) alegrar (e não com que se alegrarem) – Tiveram bastante com
que se (pudessem) ocupar (e não com que se ocuparem).

Oração infinitivo-latina – As construções com sujeito acusativo, tam-


bém conhecidas como orações infinitivo-latinas, são aquelas formadas pelos
verbos auxiliares causativos (deixar, fazer, mandar e sinônimos) ou sensitivos
(ouvir, sentir, ver e sinônimos). Nesses casos, não há flexão do infinitivo,
ainda que se apliquem as regras de Soares Barbosa e Frederico Diez – ou
seja, ainda que sejam diferentes os sujeitos e seja possível a conversão a uma
forma modal.
Ex.: Não nos deixeis cair em tentação (e não deixeis cairmos) – Deixai
vir a mim os pequeninos (e não deixai virem) – Napoleão viu seus batalhões
cair (e não viu caírem) – Os raios matutinos faziam alvejar os turbantes (e
não faziam alvejarem) – Ouvi as cornetas tocar (e não ouvi tocarem).
Nos casos acima, o uso de pronome oblíquo acusativo (como sujeito
do infinitivo) não autoriza a flexão. Ex.: Mandaram-nos sair (e não sairmos) –
Vejamo-los partir (e não partirem) – Não os ouvimos cantar (e não cantarem).

Preposição e infinitivo – Não se flexiona o infinitivo antecedido da


preposição a quando for equivalente ao particípio presente latino (flores a
recender cheiros – flores recendentes) ou a um gerúndio (andavam a entrar-
lhe por casa – andavam entrando).
Ainda que o infinitivo regido da preposição a constitua complemen-
to de substantivo ou de adjetivos, não se deve flexioná-lo. Tal regra, aliás, é
aplicável qualquer que seja a preposição.
Ex.: Destinados a conseguir grandes coisas (e não conseguirem) – De-
sejosos de alcançar vitória (e não alcançarem) – Preparados para sofrer (e
não sofrerem).
Relativamente a este tópico, cuidado especial merecem as constru-
ções em que o infinitivo, precedido da preposição de, serve de complemento
nominal a adjetivos como fácil, possível, bom, raro e semelhantes, não de-
vendo ser flexionado. Ex.: cartas difíceis de ler, decisões fáceis de tomar.

1.5 De outra parte, a flexão é possível nas seguintes hipóteses:

Posição e distância – Para o fim de dar mais clareza à oração, a flexão


é permitida quando o infinitivo preposicionado precede ao verbo regente,
ou quando o infinitivo, preposicionado ou não, vem muito distanciado do
verbo regente, sobretudo quando houver intercalação de palavras ou frases
entre ambos.

96 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Ex.: Na expectativa de sermos atendidos, muito lhe agradecemos –
Possas tu, descendente maldito de uma tribo de nobres guerreiros, implo-
rando cruéis forasteiros seres presa de vis aimorés.
Parecer – Seguido do infinitivo, o verbo parecer faculta duas constru-
ções quando o sujeito está no plural: a) eles parecem estar doentes; b) eles
parece estarem doentes. No primeiro caso, parecem é verbo de ligação, sendo
estar doentes o seu predicativo. No segundo caso, o verbo parecer é intransitivo,
tendo como sujeito estarem doentes, em construção equivalente a estarem eles
doentes parece ou parece estarem eles doentes.
Ex.: Pessoas que pareciam desprezar as tribos berberes – Lanças que
parecia encaminharem-se.

Exclamações e interrogações – Pode-se flexionar o infinitivo quando,


em exclamações ou interrogações, quer-se mostrar que a ação se refere a
certo sujeito. Ex.: Tu, Hemenengarda, recordares-te? – Assassinares uma fraca
mulher!

1.6 Para Napoleão Mendes de Almeida, portanto, o infinitivo pesso-


al é exceção e como tal há de ser tratado. A regra a ser seguida na elaboração
de um texto é restringir a pessoalização aos casos em que esta for estrita-
mente necessária para evitar a ambiguidade de uma oração. Ainda assim, há
que se proceder com cautela para identificar as construções em que seu uso
é vedado. Na dúvida, que se mantenha inflexível o infinitivo.

1.7 Celso Cunha e Lindley Cintra30 afirmam que os escritores da


língua portuguesa “nunca se pautaram, no caso, por exclusivas razões de
lógica gramatical, mas se viram sempre, no ato da escolha, influenciados
por ponderáveis motivos de ordem estilística, tais como o ritmo da frase, a
ênfase do enunciado, a clareza da expressão”. Sendo assim, preferem falar
não em regras, mas em tendências no emprego do infinitivo pessoal.
Concluindo, asseveram que a pessoalização do infinitivo depende da
intenção do escritor de pôr em evidência não apenas a ação, mas também o
agente da ação, constituindo, portanto, “emprego seletivo, mais do terreno
da estilística do que da gramática”31 .
Tais autores apresentam as seguintes hipóteses de flexão do infinitivo:
a) Quando o verbo tem sujeito claramente expresso:
Ex.: O estranho é tu não perceberes o equívoco.

30
Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 485.
31
Idem, p. 490.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 97


b) Quando o infinitivo se refere a um agente que não é expresso, que
se torna conhecido pela flexão:
Ex.: Acho melhor não fazeres (tu) isso.
c) Quando, na 3ª pessoa do plural, torna indeterminado o sujeito:
Ex.: Ouvi dizerem que és o culpado.
d) Quando se quer dar à frase maior ênfase ou harmonia:
“Tomar um tema é trabalhá-lo em variações ou, como na forma sona-
ta, tomar dois temas e opô-los, fazê-los lutarem, embolarem, ferirem-se e
estraçalharem-se e dar a vitória a um ou, ao contrário, apaziguá-los num
entendimento de todo repouso... creio que não pode haver maior delícia
em matéria de arte.” (Manuel Bandeira)32

1.8 Conclusão – O tema é controvertido, sendo difícil a elaboração


de regras de flexão aplicáveis a todos os casos. Todavia, isso não autoriza o
usuário da língua a adotar uma postura irrefletida, como se fosse indiferen-
te o uso do infinitivo pessoal ou impessoal. Ao invés disso, aquele que redi-
ge deve redobrar seus cuidados na elaboração do texto, sabendo que a ex-
pressão correta dependerá de uma reflexão sobre cada uma das construções
em que o problema se apresente, sem que se possa recorrer a uma fórmula
apriorística.
Na redação oficial, pautada pela clareza, objetividade e precisão, pouco
espaço há para idiossincrasias de estilo. Recomenda-se, portanto, um uso
comedido do infinitivo pessoal, restringindo-o àquelas hipóteses que a tra-
dição não vede e nas quais se faça necessária a identificação do sujeito da
oração.

2 O uso da partícula SE

Outra questão que engendra muitas dificuldades para quem redige é


o uso da partícula se, que ora aparece como conjunção, ora como pronome.
Seguem-se, neste ponto, as lições de Napoleão Mendes de Almeida33 .

2.1 Como conjunção, o se pode ser:

2.1.1 Conjunção condicional, ligando à oração principal uma subor-


dinada que se apresenta como condição da primeira. Ex.: Todos iríamos à
festa se tivéssemos transporte.

32
In Poesia e Prosa, apud Cunha e Cintra, op. cit., p. 490.
33
Dicionário de Questões Vernáculas, verbete Se.

98 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


2.1.2 Conjunção integrante, iniciando uma oração subordinada subs-
tantiva, com o sentido de se porventura, se por acaso. Ex.: Veremos se ele será
aprovado.

2.1.3 Conjunção expletiva, exercendo a função retórica de reforçar


uma afirmação, sendo porém dispensável sintaticamente. Ex.: Ela vai se ver
comigo! Ah, se vai!

2.2 Todavia, a maior fonte de dificuldades reside mesmo no uso da


partícula se como pronome, situação em que pode exercer as seguintes fun-
ções:

2.2.1 Reflexibilidade pronunciada, tornando o sujeito, ao mesmo


tempo, agente e recipiente da ação verbal. Emprega-se o se com verbos
transitivos diretos, que passam a ter força reflexiva. Essa reflexibilidade é
dita pronunciada porque a ação deve necessariamente atingir um objeto –
no caso, o próprio sujeito. Ex.: Ele se feriu. Ela se viu no espelho.
Tal função é exercida também pelos pronomes me, te, nos e vos.
Existe uma variante dessa função reflexiva pronunciada, na qual, to-
davia, o se ocupa função sintática de objeto indireto – e não objeto direto,
como no exemplo anterior. Ex.: Ele se arroga o direito de comprar a casa.
(Ele arroga a si o direito de comprar a casa – objeto direto: o direito de
comprar a casa – objeto indireto: a si.)
Entretanto, tal variante só é sintaticamente correta com alguns ver-
bos, em construções já consagradas. Não se pode dizer, por exemplo, ele se
construiu uma bela casa, mas sim ele construiu para si uma bela casa.
Napoleão Mendes de Almeida arrola os seguintes exemplos de cons-
truções corretas: reservar-se o direito, dar-se a pressa, dar-se importância, pro-
por-se fazer, propor-se esclarecer, impor-se o dever.

2.2.2 Reflexibilidade atenuada, na qual o se indica que a ação deve


necessariamente ficar no sujeito. Ex.: Ele se arrependeu de seus atos. Ela se
queixou de seu marido.
Para bem entender a diferença entre a reflexibilidade pronunciada e a
atenuada, é preciso considerar as duas espécies de verbos pronominais - os
essenciais e os acidentais.
Os pronominais essenciais são aqueles que necessariamente vêm acom-
panhados do pronome se; os acidentais, de seu lado, só vêm acompanhados
do pronome quando a ação se volta contra o próprio sujeito. Neste último
caso (acidentais), o se tem um caráter reflexivo evidente, claro – portanto,

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 99


pronunciado. (Ex.: ele se feriu, no qual a ação do verbo poderia se dirigir a
outro, como em ele feriu o amigo). No primeiro caso (essenciais), a
reflexibilidade já está incorporada ao verbo, tendo já a sua força atenuada
pelo uso. (Ex.: ele se esqueceu do compromisso, no qual a reflexão se dá em
razão do próprio verbo.)
Uma variante de função reflexiva atenuada dá-se em construções com
verbos intransitivos, os quais se aproximam dos pronominais essenciais em
razão de a ação verbal limitar-se obrigatoriamente ao sujeito. Nesses ca-
sos, o pronome se é indicativo de certa espontaneidade de ação por parte
do sujeito. Napoleão Mendes de Almeida arrola os seguintes exemplos:
ele se morre de tristeza, ele se foi, ele se estava descansando, ele se rasgava e
desfazia em elogios.

2.2.3 Reciprocidade, quando, em orações de sujeito composto, a ação


de cada um se dirige ao outro. Ex.: Eles quase se mataram (um ao outro) em
uma briga. Apesar de inimigos, eles se trocaram cumprimentos.

2.2.4 Passividade, quando atua como indicador da voz passiva na


oração, sendo então denominado pronome apassivador. Isso ocorre quando
o sujeito é coisa inanimada ou quando o sentido da oração revela que o
sujeito é o paciente da ação verbal. Ex.: vendem-se casas (casas são vendidas)
– consertam-se relógios (relógios são consertados).
Maior cuidado exigem as construções nas quais o verbo principal
vem acompanhado de um infinitivo. Nesses casos, convém tentar construir
a oração na forma passiva analítica e verificar se o sentido correto é preserva-
do. Ex.: devem-se transformar as leis (as leis devem ser transformadas, cons-
trução correta) – podem-se arrolar quatro exemplos (quatro exemplos podem
ser arrolados, construção correta).
Em geral, os verbos indicadores de intenção e declaração de vontade
têm o infinitivo como sujeito, mantendo no singular o verbo. Nesses casos,
a construção passiva analítica (verbo ser + particípio) não faz sentido com o
substantivo plural inanimado no papel de sujeito. Ex.: pretende-se distri-
buir cestas básicas (não faz sentido dizer cestas básicas pretendem ser distribu-
ídas; o correto é distribuir cestas básicas é pretendido) – proíbe-se lavar roupas
no local (não roupas proíbem ser lavadas no local, mas sim lavar roupas no
local é proibido) – consegue-se concluir as lições com brevidade (não lições
conseguem ser concluídas com brevidade, mas sim concluir as lições com brevi-
dade é conseguido).
Com os verbos ver e ouvir, tanto podem estes ir para o plural como
podem permanecer no singular, levando o verbo infinitivo para o plural. Os

100 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


exemplos são de Napoleão Mendes de Almeida: viram-se relampaguear as
armas ou viu-se relampaguearem as armas; ouvem-se os sinos tocar a rebate ou
ouve-se os sinos tocarem a rebate.
Quando o sujeito é constituído de ente capaz de ação, é preciso cau-
tela para evitar ambigüidade na oração. O se pode perder seu valor passivo e
passar a indicar reflexibilidade, como na oração essas pessoas se vendem caro
(vendem a si mesmos, em vez de são vendidas).
Examinando a oração Pedro e Paulo feriram-se, Napoleão Mendes de
Almeida leciona que três sentidos dela se podem extrair: a) com o verbo na
passiva, no sentido de Pedro e Paulo foram feridos; b) com o verbo reflexivo,
como em Pedro e Paulo feriram-se a si próprios; e c) com o pronome se como
índice de reciprocidade, tal qual Pedro e Paulo feriram-se reciprocamente.
Nesses casos, como se viu acima, costuma-se especificar o sentido da
oração por meio do acréscimo de alguma expressão esclarecedora: reciproca-
mente, um ao outro ou uns aos outros, indicando reciprocidade, e a si próprios,
indicando reflexibilidade. No caso da voz passiva, pode-se deixar sem
especificação a oração.
Calha aqui, por fim, lembrar a lição de Mário Barreto – menciona-
da por José Maria da Costa34 –, segundo a qual a voz passiva sintética é
hoje usada apenas quando não se menciona o agente da passiva. Quando
este aparece, há de se preferir a voz passiva analítica (verbo ser + particí-
pio). Assim, diga-se casas são construídas por operários competentes (voz pas-
siva analítica), ou apenas constroem-se casas, sem nomear o agente (voz
passiva sintética).

Observação necessária – Não obstante as lições acima, há hoje


gramáticos que se mostram bem menos rigorosos quanto ao uso do prono-
me se na função de partícula apassivadora. Domingos Pascoal Cegalla35
afirma que nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares poder e
dever, “é lícito considerar como sujeito a oração iniciada pelo infinitivo e,
nesse caso, não há locução verbal e os verbos dever e poder concordarão no
singular”. Seriam corretas para ele, portanto, construções como não se po-
dia tolerar esses abusos (sujeito: tolerar esses abusos) e deve-se respeitar
todas as suas cláusulas (sujeito: respeitar todas as suas cláusulas).

2.2.5 Impessoalidade, quando se presta a indeterminar o sujeito do


verbo, que fica sempre no singular. Essa construção ocorre com verbos

34
Manual de Redação Profissional, p. 1.478.
35
Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, p. 366.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 101


intransitivos e transitivos indiretos. Ex.: passeia-se muito – ou se vence, ou
se morre (verbos intransitivos) – precisa-se de empregados – trata-se de pes-
soas (verbos transitivos indiretos).
Uma variante da função de impessoalidade ocorre com verbos transi-
tivos diretos preposicionados, como nos exemplos louva-se aos juízes e previ-
ne-se às pessoas presentes. Nesses casos, se não houvesse a preposição, os juízes
e as pessoas presentes se transformariam em sujeitos, alterando o sentido da
oração, a qual poderia ter força passiva (os juízes são louvados) ou reflexiva (os
juízes louvam a si mesmos), gerando ambigüidade.
Dois requisitos são necessários para que se construam orações impes-
soais com verbos transitivos diretos: a) que se queira dar à oração um senti-
do diverso da construção passiva; b) que o objeto indireto seja constituído
de pessoa, havendo em razão disso o perigo da ambigüidade descrita no
parágrafo anterior.
Os verbos ser e estar podem também ser impessoalizados por meio do
se, como em a vida é dura quando se é pobre e está-se muito bem até aqui.

2.3 Particularidades do uso do pronome se

2.3.1 Osso duro de roer – O uso do pronome se é desnecessário em


construções nas quais os verbos ativos, no infinitivo, funcionam como com-
plemento nominal de adjetivos e certos substantivos. Nesses casos, a oração
já possui força passiva. Ex.: osso duro de roer (equivale a osso duro de ser
roído), estrada difícil de passar (estrada difícil de ser passada). São equivoca-
das, portanto, as construções osso duro de se roer e estrada difícil de se passar.
Algumas locuções verbais formadas com verbos transitivos também
possuem força passiva se antecedidos de para, por e a. Ex.: há muitas tarefas
por fazer e um livro começado a ler – não é para estranhar que seja assim.

2.3.2 Se o, se a, se os e se as – Não se usam os pronomes do caso


oblíquo o, os, a e as após o pronome se. Erradas, portanto, construções como
não se o comprou, encontrou-se-o, aprendeu-se-o, não se a vê e cortou-se-o.
Equivocada, outrossim, a construção cite-se-o, encontradiça em des-
pachos judiciais. José Maria da Costa36 explica que, na expressão cite-se o
réu, o se funciona como partícula apassivadora. Cite-se o réu equivale a que o
réu seja citado (forma passiva analítica), onde o réu é o sujeito. Assim, em
caso de substituição de o réu por um pronome, este deverá ser um pronome
do caso reto (ele), porquanto os pronomes oblíquos (o, lhe e assemelhados)

36
Manual de Redação Profissional, p. 252.

102 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


não se prestam à função de sujeito. Desse modo, poder-se-ia dizer cite-se ele,
mas não cite-se-o.
Observe-se que a construção cite-se ele, conquanto pouco freqüente, é
plenamente correta, pois ele é sujeito da oração (não é objeto direto como
em eu vi ele, que deveria ser substituído por eu o vi). Pode-se, porém, man-
tendo-se a forma passiva sintética, simplesmente substituir a construção
errônea por cite-se.
A mesma lição mostra-se válida para qualquer construção semelhan-
te, como se vê pelos exemplos aduzidos por Domingos Pascoal Cegalla37 : A
vida fica mais leve quando se encara com fé e amor (e não quando se a encara)
– Se esses livros são medíocres, por que se compram? (e não por que se os
compram?) – há estrelas tão distantes que não se enxergam (e não que não se
as enxergam).

2.3.3 Inutilidade do se – Napoleão Mendes de Almeida aponta uma


série de construções freqüentes nas quais o se não exerce função nenhuma,
devendo ser deixado de lado. Eis algumas de suas lições:
É preciso pensar-se nisso – Pensar nisso é sujeito de é preciso. Equivale a
pensar nisso é preciso, sem o se.
No momento de estourar-se a bomba – Bomba é sujeito de estourar,
dispensando o se. Poder-se-ia dizer no momento de a bomba estourar.
Era de ver-se a algazarra – A expressão é de ver já tem força passiva,
dispensando o se.
Houve dificuldades em se obter entradas – obter entradas é complemen-
to nominal de dificuldades, mesma função que exerceria o substantivo obten-
ção na frase houve dificuldades na obtenção de entradas. O infinitivo (obter) é
apenas um substantivo virtual (obtenção), acompanhado de seu comple-
mento (entradas).
Como regra, por fim, ensina o autor que “não devemos empregar o
pronome se quando não lhe conhecemos a função”.

3 Colocação dos pronomes átonos (me, te, se, lhe, o , a, nos, vos,
lhes, os e as)
Em relação ao verbo, o pronome átono pode estar posicionado de-
pois (ênclise), antes (próclise) ou no meio (mesóclise). A colocação prono-
minal é matéria que costuma apresentar dificuldades a quem escreve e na
qual, muitas vezes, discordam os especialistas. A questão é sobretudo de
eufonia, mas isso não a deixa ao talante do escritor. A quem segue a norma

37
Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, p. 366.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 103


culta da língua, cumpre atentar para a existência de construções inaceitá-
veis e construções obrigatórias, ao lado das optativas. Vale ressaltar, ainda,
que as regras para o Português do Brasil diferem significativamente daque-
las de Portugal, dadas as diferenças de sonoridade e uso da língua nesses
dois países.
Fornecem-se, a seguir, três regras gerais e várias regras específicas para
orientar o redator na elaboração de documentos oficiais e textos jurídicos.

3.1 Regras gerais:

3.1.1 O pronome átono, em princípio, deve vir depois do verbo


(ênclise). Ex.: os torcedores feriram-se no acidente.

3.1.2 Algumas palavras ou tipos frasais atraem o pronome para antes


do verbo (próclise). Ex.: os torcedores não se feriram no acidente.

3.1.3 Os verbos no futuro do presente e no futuro do pretérito não


admitem pronome posterior, o que torna obrigatória a mesóclise quando
iniciam a frase. Ex.: far-se-ia melhor se houvesse mais tempo.

3.2 Atração pronominal – uso de próclise:

3.2.1 Verbo precedido de palavra com sentido negativo (não, nunca,


jamais, nada, nenhum, nem, ninguém). Ex.: eu não me altero facilmente –
ele nunca se disse cansado do emprego – jamais lhe deram explicações.

3.2.2 Verbo precedido de advérbio (aqui, ali, cá, lá, muito, bem,
mal, sempre, somente, depois, após, já, ainda, antes, agora, talvez, acaso,
porventura), quando não houver separação por vírgula. Ex.: aqui se come
muito bem – sempre me pautei pela honestidade – acaso lhe sorrisse a sorte
– antigamente, dormia-se o sono dos justos – hoje, erra-se muito em Portu-
guês (nos dois últimos exemplos, a vírgula anula a atração).

3.2.3 Verbo precedido de que, salvo quando este é substantivo. Ex.: é


o mínimo que se pede a você – a dica que você nos deu ajudou bastante – o
que se leva da vida é a vida que se leva – o quê (substantivo) da questão
revelou-se difícil.

3.2.4 Verbo precedido de conjunção subordinativa (porque, embo-


ra, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, conso-
ante, enquanto, quanto mais... mais). Ex.: conquanto lhe dissesse o contrá-

104 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


rio, amava-a muito – quando se preparava para sair, tocou o telefone – agiu
conforme lhe pediram.

3.2.5 Verbo precedido de pronome relativo (o qual, quem, cujo,


onde). Ex.: as técnicas às quais me referi – os países onde se preza a família –
os veículos cujo desempenho se conheça.

3.2.6 Verbos precedidos de pronome indefinido (algum, alguém, diver-


sos, muito, pouco, vários, tudo, outrem, algo). Ex.: alguém me disse o contrário
– tudo se resolve com calma e bom-senso – alguns se perderam no passeio.

3.2.7 Verbo precedido de pronome demonstrativo (isto, isso, aqui-


lo). Ex.: isto se chama assertividade – aquilo muito me apetece.

3.2.8 Frases que exprimem desejo ou exclamação. Ex.: Deus lhe pa-
gue – bons ventos o levem.

3.2.9 Construções com em seguido de gerúndio. Ex.: em se tratando


de combate à improbidade – em se cumprindo o prometido, haverá festejos.

3.2.10 Verbo precedido das conjunções coordenativas não só...mas


também, quer...quer, já...já, ou...ou, ora...ora. Ex.: não só me fez elogios, mas
também me ofereceu emprego – ora se diz ocupado, ora se faz de rogado.

3.2.11 Com formas verbais proparoxítonas. Ex.: nós nos culpávamos


pelo ocorrido – nós lhe conseguiríamos um emprego.

3.2.12 Em orações iniciadas por pronome interrogativo. Ex.: quem te


falou sobre isso? – como o prepararam para a notícia?

3.3 Pronome posterior ao verbo – ênclise:

3.3.1 Quando inexistir palavra atrativa - a ênclise é a norma do Por-


tuguês escrito no Brasil. Assim, o pronome deve vir depois do verbo quando
não houver nenhuma palavra que o atraia. Ex.: as notícias antecederam-me
– os galhos quebraram-se.

3.3.2 Quando o verbo vier no início da frase e não estiver no futuro


do pretérito ou futuro do presente. Ex.: falou-se muito em você ontem –
alugam-se quartos – preparei-me para a prova.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 105


Observação: não se inicia período com pronome oblíquo, o que só se
admite em linguagem coloquial e em declarações postas entre aspas.

3.3.3 Com o verbo no gerúndio, não precedido de em e de advérbio.


Ex.: fiquei calado, fazendo-me de mal informado – saí, pondo-me a cami-
nho de casa.

3.3.4 Com o verbo no imperativo afirmativo. Ex.: prepara-te para a


guerra – vem vindo alguém, cala-te.

3.4 Pronome intercalado – mesóclise:

3.4.1 Quando o verbo, no futuro do presente ou futuro do pretéri-


to, inicia a frase. Ex.: dir-se-ia que você está bem – compra-lo-ei se tiver
dinheiro.

3.4.2 Quando, nesses tempos verbais, não houver palavra que atraia
o pronome (embora tal construção seja rara hoje no Brasil). Ex.: as provas
iniciar-se-iam no domingo.

3.5 Casos em que se pode optar entre próclise e ênclise:

3.5.1 Quando o verbo vier após pronome pessoal do caso reto. Ex.:
eu convido-o a entrar ou eu o convido a entrar – ele lembrou-se da história ou
ele se lembrou da história.

3.5.2 Com verbo no infinitivo que não integre locução verbal. Ex.:
depois de se concluir o inquérito ou depois de concluir-se o inquérito – por lhes
dizer a verdade, foi punido ou por dizer-lhes a verdade, foi punido.
Observação: não se devem combinar as preposições por e a com os
pronomes o, a, os e as. Ex.: use por fazê-los no lugar de por os fazer – use a
deixá-los no lugar de a os deixar.

3.6 Locuções verbais formadas por auxiliar mais infinitivo:

3.6.1 Não havendo atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do


infinitivo. Ex.: quero te provar algo ou quero provar-te algo – o juiz deve se ater
ao pedido ou o juiz deve ater-se ao pedido.

3.6.2 Havendo atração, o pronome fica antes do auxiliar ou


depois do infinitivo. Ex.: não te quero provar algo ou não quero pro-

106 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


var-te algo – o juiz não se deve ater ao que disse ou o juiz não deve ater-se
ao que disse.

3.7 Locuções verbais formadas por auxiliar mais preposição e


infinitivo:

3.7.1 Não havendo atração, o pronome fica depois da preposição ou


do infinitivo. Ex.: deixou de o avisar ou deixou de avisá-lo.

3.7.2 Havendo atração, o pronome fica antes do auxiliar ou depois


do infinitivo. Ex.: não o deixou de avisar ou não deixou de avisá-lo.

3.8 Locuções verbais formadas por auxiliar mais gerúndio:

3.8.1 Não havendo atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do


gerúndio. Ex.: vinha se queixando ou vinha queixando-se.

2.8.2 Havendo atração, o pronome fica apenas antes do auxiliar. Ex.:


não se vinha queixando.

3.9 Locuções verbais formadas por auxiliar mais particípio:

3.9.1 Não havendo atração, o pronome fica antes ou depois do auxi-


liar. Ex.: a médica lhe havia recomendado descanso ou a médica havia lhe
recomendado descanso.

3.9.2 Havendo atração, o pronome fica apenas antes do auxiliar. Ex.:


a médica não lhe havia recomendado descanso.
Observação: não se admitem construções em que o pronome átono
se posicione depois do particípio. Ex.: use o chefe lhe havia dito ou o chefe
havia lhe dito no lugar de o chefe havia dito-lhe.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 107


CAPÍTULO III
QUADROS GRAMATICAIS

(Fontes: Manual da Redação de A Folha de São Paulo e Manual de Redação e Estilo de O Estado de São
Paulo)

108 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


(Fonte: Manual da Redação de A Folha de São Paulo)

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 109


(Fontes: Manual da Redação de A Folha de São Paulo e Manual de Redação e Estilo de O Estado de São
Paulo)

110 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


(Fontes: Manual da Redação de A Folha de São Paulo e Manual de Redação e Estilo de O Estado de São
Paulo)
* Ver o verbete quem, do Pequeno dicionário de dificuldades do Português.
** Ver o texto O uso da partícula SE (item 2, parte III).

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 111


(Fonte: Manual da Redação de A Folha de São Paulo, com pequenas alterações)

112 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


(Fonte: Manual da Redação de A Folha de São Paulo, com pequenas alterações)

(Fonte: Manual da Redação de A Folha de São Paulo)

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 113


(Fontes: Manual da Redação de A Folha de São Paulo e Uso da Vírgula, Coleção Entender o Português)

114 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 115
116 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás
Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 117
(Fonte: Manual da Redação de A Folha de São Paulo)
* Exceções: antissepsia, antissepsiar, antisséptico (formas alternativas), extraordinário, hiperepatia,
hiperidrose, sobressair, sobressaltar, sobressalente, sotaventar e sotopor.
** Há hífen apenas em formações modernas, não em formações mais antigas (co-inquilino, co-piloto,
co-signatário, co-seno, mas comensal, corredor, comover, correligionário).

118 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Fontes: Dicionário de Pronúncia Correta, Luiz Antônio Sacconi, Dicionário Aurélio e VOLP.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 119


CAPÍTULO IV
PEQUENO DICIONÁRIO DE DIFICULDADES DO PORTUGUÊS

Abreviatura – É a representação escrita de uma palavra sem algumas


das letras que a compõem. Ex.: art. por artigo, inc. por inciso, par. por pará-
grafo, decr. por decreto.
Abreviação, por sua vez, é o ato ou efeito de abreviar, a redução da
palavra até o limite do compreensível.
Finalmente, sigla é a reunião das letras iniciais dos vocábulos funda-
mentais de uma denominação ou título, sem articulação prosódica, consti-
tuindo meras abreviaturas. Ex.: E.F.C.B. – Estrada de Ferro Central do
Brasil, I.N.S.S. – o Instituto Nacional de Seguridade Social.
O VOLP38 indica algumas reduções corretas, mas não usa critérios
únicos, sendo pouco esclarecedor neste tópico. A única regra definitiva,
portanto, é a obtenção de clareza no que se quer expressar.
Todavia, indicam-se aqui algumas regras arroladas por José Maria da
39
Costa :

1. Terminar a abreviatura em consoante, não em vogal. Ex.: filosofia –


filos. ou fil., mas não filo.

2. Se a palavra é cortada num grupo de consoantes, todas estas de-


vem aparecer na abreviatura. Ex.: geografia – geogr., e não geog.

3. Algumas abreviaturas técnicas modernas, segundo a ABNT (As-


sociação Brasileira de Normais Técnicas), recebem o ponto após a vogal ou
depois da primeira consoante do encontro. Ex.: ago. (agosto), anu. (anuá-
rio), téc. (técnica), fáb. (fábrica).

4. O acento gráfico da palavra deve continuar na abreviatura. Ex.:


página – pág., jamais pag.

5. Siglas – não se deve usar o ponto de separação, se as letras são


pronunciadas formando nova palavra. Ex.: ARENA (Aliança Renovadora
Nacional, antigo partido político dos tempos da ditadura). Se a leitura da
sigla se dá em soletração, usa-se o ponto. Ex.: I.N.S.S. (Instituto Nacional
de Seguridade Social).
38
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa será aqui designado pela sigla VOLP. Para mais
informações, ver o texto homônimo (item 2, parte IV).
39
Manual de Redação Profissional, verbete Abreviatura.

120 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Não obstante isso, existe hoje uma tendência a eliminar os pontos
das siglas. Ex.: MP (Ministério Público), OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), CPC (Código de Processo Civil), TJ (Tribunal de Justiça), RT (Re-
vista dos Tribunais), STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (Superior Tri-
bunal de Justiça), CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), MP (Medida
Provisória), PM (Polícia Militar).

6. As unidades de medida de peso, extensão e tempo são escritas com


inicial minúscula e sem ponto final. Devem permanecer invariáveis no plu-
ral. Ex.: grama – g; metro – m; hora – h; o plural de gramas é g, de metros
é m e de horas é h.

7. Em alguns casos, emprega-se a mesma forma abreviada no singu-


lar ou no plural. Ex.: ex. – exemplar ou exemplares; esc. – escudo ou escudos;

8. Usa-se, às vezes, uma forma para cada número. Ex.: p. ou pág.


(singular) – págg. ou págs. (plural).

9. Em regra, portanto, é facultativa a pluralização da forma abrevia-


da. Ex.: artigos – art. ou arts; incisos – inc. ou incs.; colaboradores – colab. ou
colabs.
10. Se a palavra abreviada aparecer no final do período, não haverá
repetição do ponto.

Abreviatura no processo – O art. 169, parágrafo único, do Código


de Processo Civil estatui: “É vedado usar abreviaturas”.
Como bem assevera José Maria da Costa40 , tal vedação não é absolu-
ta, aplicando-se apenas aos casos em que a abreviatura possa dificultar a
compreensão do texto. Não impõe óbice, portanto, ao uso de abreviaturas
muito freqüentes no meio jurídico, como art. ou CPC.
Não se veda, outrossim, a abreviação de datas, pelo conhecido pa-
drão DD / MM / AA.

Acerca de / a cerca de / há cerca de / cerca de – Acerca de é uma


locução prepositiva. Significa sobre, a respeito de. Ex.: Na Assembléia, pou-
co se falou acerca do aumento salarial.
A cerca de é expressão empregada para indicar uma distância aproxi-
mada. Ex.: O desastre aconteceu a cerca de cem metros daqui.

40
Manual de Redação Oficial, verbete Abreviatura no processo.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 121


Há cerca de é expressão empregada para indicar o tempo transcorri-
do. Ex.: Estou no Brasil há cerca de dez anos.
Cerca de equivale a aproximadamente, perto de. A concordância verbal
deve ser feita com o numeral. Ex.: Cerca de mil alunos não compareceram às
provas.

À custa de / às custas de – embora muito usada no plural, a locução


prepositiva correta é “à custa de”. É importante lembrar que as locuções
prepositivas de base feminina devem receber o acento da crase: à custa de, à
mercê de, à base de, à procura de, à moda de...

Adequar – Significa amoldar, apropriar, conformar, adaptar. Adequar


é verbo defectivo. Só é conjugado nas formas arrizotônicas (quando a sílaba
tônica está fora da raiz ou radical primário).
Para suprir as formas inexistentes, usa-se uma locução verbal (vou
adequar, posso adequar) ou uma expressão sinônima (fazer adequação).
No presente do indicativo, só é conjugado em duas pessoas - nós e
vós. Formas erradas: adequo, adequas, adequa, adequam.
No presente do subjuntivo (forma derivada da primeira pessoa do
presente do indicativo), não pode ser conjugado. Formas erradas: adeque,
adeques, adequemos, adequeis, adequem.

A fim de / afim (de) – o primeiro é locução conjuntiva, com o senti-


do de com o propósito de; o segundo, substantivo, indicando a presença de
afinidade entre dois ou mais elementos (no direito, usa-se para indicar pa-
rentesco por afinidade).
Ex.: O Promotor requisitou documentos a fim de (separado) instruir
o inquérito civil / a vítima era parente afim do denunciado.

A final – locução que deve ser evitada em frases do tipo: requer, a


final, a procedência do pedido. Exige-se, no caso, a presença do artigo o,
dizendo-se, portanto, requer, ao final, a procedência do pedido. Pode-se usar,
todavia, a palavra afinal, com o sentido de enfim, finalmente, quando a frase
encerra uma lista de requerimentos (requer, afinal, a procedência do pedido).

A folhas vinte e duas – A construção é correta. Segundo Napoleão


Mendes de Almeida, equivale a a vinte e duas folhas do início do trabalho. A
construção assemelha-se a, por exemplo, a casa está a duas léguas (ou dois
quilômetros) daqui. Nesse caso, o numeral flexiona-se de acordo com o subs-
tantivo modificado – a folhas vinte e duas e não a folhas vinte e dois.

122 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Correto, outrossim, o uso da preposição em – na folha vinte e dois.
Nessa construção, subentende-se a palavra número, ficando invariável o
numeral (na folha número vinte e dois, como em na página vinte e dois, que
equivale a na página número vinte e dois). Como a preposição em é muitas
vezes substituível pela preposição a – ambas indicando lugar -, é também
correta a construção à folha vinte e dois.
Tal construção justifica-se em razão do freqüente uso de numerais
cardinais no lugar de ordinais, em nome da brevidade. Uma vez que os
cardinais estão empregados pelos ordinais, pode-se deixar no singular o
substantivo – folha vinte e dois, isto é, folha vigésima segunda.
Como o VOLP não mostra uniformidade quanto à abreviação de
palavras e expressões, são gramaticalmente corretas fl. e fls., como abrevia-
tura da palavra folhas. Entretanto, é de ressaltar que a linguagem forense já
consagrou a abreviatura fls. – cujo emprego, aliás, ganha em clareza -, o que
confere a esta preferência no uso. Ressalte-se, ademais, que não se poderá
querer abreviar o substantivo singular folha por meio de fls.
São inquestionáveis, portanto, as seguintes construções: a folha vinte
e dois, à folha vinte e dois, a folhas vinte e duas e na folha vinte e dois. Se
aceitarmos que a linguagem forense já consagrou o uso de folhas no sentido
de folha, serão também corretas a folhas vinte e dois, às folhas vinte e dois, em
folhas vinte e dois e nas folhas vinte e dois. Se nos ativermos ao uso forense,
óbice não haverá, outrossim, a de folhas vinte e dois. A construção à folhas
vinte e dois, todavia, é flagrantemente incorreta.

A jusante – Escreve-se assim mesmo, sem crase. Trata-se de uma lo-


cução adverbial de modo. Significa para o lado em que vaza a maré, ou um
curso de água. Seu antônimo é A montante (também sem crase).
Ver a montante.

Algarismos romanos – Números de 1 a 10: I, II, III, IV, V, VI, VII,


VIII, IX, X; dezenas de 10 a 100: X, XX, XXX, XL, L, LX, LXX, LXXX,
XC, C.
Podem ser lidos tanto como cardinais quanto como ordinais: capítulo
VII (sétimo), Tomo II (segundo), capítulo XIII (treze).
José Maria da Costa41 cita lição de Silveira Bueno, segundo a qual
reis, papas, séculos e capítulos são sempre lidos como ordinais de 1 a 10: Pedro
II (segundo), João IV (quarto), Pio X (décimo), século VII (oitavo), capítulo V
(quinto). De 11 em diante, todavia, a leitura dependerá da posição do nume-

41
Manual de Redação Profissional, verbete Algarismos Romanos.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 123


ral em relação ao substantivo. Se vier antes, emprega-se sempre o ordinal: o XIII
século (décimo terceiro século), o XV Luís (o décimo quinto Luís), o XXV capítulo
(vigésimo quinto capítulo); se vier depois, emprega-se o cardinal: O Luís XV (quin-
ze), o século XXV (vinte e cinco), Pio XII (doze), o capítulo XIII (treze).
Ver Inciso.

Alínea – Segundo o Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de


Letras Jurídicas42 , erra-se ao empregar o termo alínea como sinônimo de
letra – ou seja, para designar a subseção de um dispositivo legal classificada
com o emprego de uma letra [a), b), c)...].
Alínea, em verdade, consiste “em mudar a escrita para linhas novas,
quando os fatos são distintos” 43 . É a ação de mudar, e não o objeto da
mudança, que se chama alínea. Portanto, em vez de inciso VII, alínea “a”,
use inciso VII, letra “a”.
Ver Artigo de lei e Inciso.

Ambos – É numeral, equivalente a os dois. O gênero deve concordar


com o substantivo:
Ex.: Pedro e Maria, ambos foram à festa ontem à noite. Ana e Maria,
ambas estavam elegantes.
Quando antecede o substantivo, vem seguido de artigo definido:
Ex.: Ambas as construções estão corretas. Ambos os carros foram dani-
ficados no acidente.
Ambos os dois e ambos de dois são construções encontradas em boa
literatura, mas só se justificam quando houver forte necessidade de realçar a
idéia de dualidade, sob pena de redundância.

À medida que – É locução conjuntiva e, como tal, aparecerá sempre


com crase. A expressão à medida em que é errada. Ex.: A situação piorava à
medida que os dias passavam.
À medida que equivale à locução conjuntiva à proporção que, não de-
vendo ser usada para indicar causa, condição ou hipótese.
Ver na medida em que.

A montante – Escreve-se assim mesmo, sem crase. Trata-se de uma


locução adverbial de modo. Significa para o lado da nascente (de um rio). Seu
antônimo é a jusante (também sem crase).
Ver a jusante.
42
Verbete Alínea.
43
Gramática Portuguesa, João Ribeiro, in Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas,
verbete Alínea.

124 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Anexo – É adjetivo, sendo variável, portanto, em gênero e número.
Ex.: Os arquivos seguem anexos. As pastas seguem anexas.
Em textos jurídicos, é comum o uso a locução adverbial em anexo,
provavelmente surgida da analogia com em separado. É construção conde-
nada pelos gramáticos. Se usada, todavia, deve manter-se invariável.

Ao encontro de / de encontro a – São expressões com sentido diverso.


Ex.: Os governantes deveriam ir ao encontro das necessidades do povo.
(Indica conformidade, acordo.)
A cláusula de barreira vem de encontro às expectativas dos pequenos
partidos. (Indica oposição, conflito.)

A par / ao par – A par de significa ao lado de, mas também ao corrente


de, informado sobre. Ex.: O advogado estava a par do posicionamento do
Tribunal de Justiça.
Ao par é locução usada no mercado de capitais para designar títulos
cuja cotação de mercado é igual ao valor nominal ou legal. É preferível não
usar ao par como sinônimo de a par.

A partir de – Significa a começar de. Ex.: As inscrições poderão ser


feitas a partir da próxima semana.
É necessário cuidado para não ser redundante, repetindo a idéia de
começo já contida na locução. Ex.: Começará no próximo ano (e não começa-
rá a partir do próximo ano).

Apenar / penalizar – Apenar é punir ou fazer sofrer, supliciar. Ex.: O


Juiz apenou duramente o acusado. A inflação só apena os mais pobres.
Penalizar é causar pena, dor ou aflição a, afligir, desgostar. Ex.: A
morte de Airton Senna penalizou os brasileiros. Penaliza-nos o fato de não
podermos ajudar os mais necessitados.
O uso de penalizar no sentido de punir é neologismo dispensável em
nossa língua, surgida, segundo Celso Pedro Luft, por influência do Inglês
(verbo “to penalize”). Dizer que alguém foi penalizado (punido) por algo
que não cometeu é erro comum em textos jornalísticos e jurídicos.

Apenso – É adjetivo, concordando em gênero e número com o subs-


tantivo modificado. Ex.: Seguem apensos os autos – segue apensa a fotocópia.
Para em apenso, ver em anexo.

A persistirem/ao persistirem (os sintomas, os efeitos, as dúvi-


das, etc.)

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 125


As duas construções são corretas, mas possuem sentido diverso.
A persistirem é uma estrutura condicional, equivalendo a se persisti-
rem.
Ao persistirem é temporal, equivalendo a quando persistirem.
Ex.: A persistirem os sintomas, procure o seu médico equivale a se persisti-
rem os sintomas, procure o seu médico.
Ao persistirem as dúvidas, não hesite, consulte o dicionário equivale a
quando persistirem as dúvidas, não hesite, consulte o dicionário.

A princípio / em princípio – Em princípio significa em tese, teorica-


mente, antes de qualquer consideração. Ex.: Em princípio, sua proposta nos
interessa, mas só a direção da empresa é que pode aceitá-la.
A princípio significa no começo, inicialmente. Ex.: A princípio, tudo
estava bem, mas logo surgiram problemas.

Artigo de Lei – Cada uma das divisões numeradas de lei, decreto,


código, etc.
Relativamente ao numeral que acompanha o artigo, seguem-se as
seguintes regras:
a) quando o numeral vier anteposto ao substantivo, emprega-se o
ordinal. Ex.: vigésimo artigo.
b) em artigos de lei, emprega-se o ordinal até nove e o cardinal de
dez em diante: artigo primeiro, artigo segundo, artigo nono, artigo dez, artigo
onze.
Ver Inciso e Alínea.

Assinar prazo / assinalar prazo – No sentido de fixar prazo, a forma


correta é assinar prazo, e não assinalar prazo. Como bem registra o Dicioná-
rio Aurélio, assinar possui também o sentido de aprazar, fixar.

Através de – O uso de através de como sinônimo de por intermédio de,


por meio de é condenado pelos gramáticos. Não se deve dizer, por exemplo,
consegui vender meu carro através dos classificados, mas por meio dos classificados.
A acepção correta dessa locução é por dentro de, de lado a lado, no
decurso de.
Ex.: Para construir esta estrada, tivemos de passar através de rios e
montanhas.
A criança já consegue nadar através da piscina.
Ele manteve o bom humor através dos anos.

126 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Bacharel – Tem o feminino bacharela. Plural: bacharéis, bacharelas.
É o título concedido ao indivíduo que conclui o primeiro grau universitá-
rio. O feminino bacharela é reconhecido pelo VOLP.

Bacharelado e bacharelato – No sentido de grau de bacharel ou do


curso para obtenção do grau de bacharel, ambas as grafias são corretas, reco-
nhecidas pelo VOLP. Prefira, porém, bacharelado, que é a forma mais usual.

Cada um(a) – concordância – Cada um(a), seguido de pronome ou


substantivo no plural, leva o verbo para a terceira pessoa do singular.
Ex.: Após a festa, cada um de nós foi para a própria casa.
Nessa repartição, cada um dos servidores exerce com denodo suas funções.

Cláusulas terceira e quarta – Tal construção (um substantivo no plu-


ral modificado por dois adjetivos no singular) é condenada por alguns
gramáticos, sob a alegação de que, em Português, é o adjetivo que deve
concordar com o substantivo, não o inverso. Não obstante isso, seu uso vem
abonado por vários mestres da língua, o que lhe dá vernaculidade. Ademais,
lecionam alguns estudiosos que a construção já se fazia presente no latim.
Querendo, pode-se substituí-la por a cláusula terceira e a quarta, re-
tomando-se o substantivo por meio do pronome demonstrativo a. Não se
deve escrever, porém, a cláusula terceira e quarta (sem o pronome a).

Como + por exemplo – É construção desnecessária. Isoladamente,


como e por exemplo já implicam a idéia de exemplificação. Em vez de ele
comprou vários livros religiosos, como, por exemplo, a Bíblia e o Alcorão, use ele
comprou vários livros religiosos, como a Bíblia e o Alcorão ou ele comprou vários
livros religiosos, por exemplo, a Bíblia e o Alcorão.

Comprobatório / comprovatório – Ambos os adjetivos constam do


VOLP e têm o significado de que serve para provar. Comprovatório é forma
ausente de alguns bons dicionários. Existem também as variantes
comprobativo e comprovativo.

Conosco / com nós – Só se usa com nós quando depois da expressão


vierem as palavras: próprios, todos, outros, mesmos e numerais (dois, três...).
Ex.: Mamãe saiu com nós dois. Estamos felizes com nós mesmos.

Consigo – Só pode ser usado com sentido reflexivo, ou seja, quando


a ação recai sobre a mesma pessoa que a pratica.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 127


Ex.: O advogado não trouxe consigo os autos. É um sujeito estranho, que
vive falando consigo mesmo. Guarda consigo a carta que ela lhe enviou há anos.
No Brasil, não se usa consigo como substituto de com você, com o
senhor, construção que ocorre em Portugal.

Contra-arrazoar – Em termos de técnica jurídica, significa produzir


contra-arrazoado em oposição a um arrazoado, de um modo geral em res-
posta às razões de um recurso. É empregado ora como intransitivo, ora como
transitivo direto. Ex.: O apelado contra-arrazoou o recurso – o apelado con-
tra-arrazoou a fls. 150.
Na qualidade de transitivo direto, o verbo admite a voz passiva. Ex.:
O recurso deve ser contra-arrazoado dentro do mesmo prazo.

Convalescença / convalescência – Não existe a palavra convalescência,


grafia não registrada no VOLP. O correto é convalescença, seguindo o pa-
drão dos verbos terminados em -scer, -ecer e -erer. Renascer, renascença; pare-
cer, parecença; malquerer, malquerença; convalescer, convalescença. A termina-
ção -ência, por sua vez, deriva da substantivação de adjetivos terminados em
ente, como beneficente (beneficência).
Ex.: Após a operação, demorou pouco a sua convalescença.

Cujo – É pronome relativo com o sentido de de que ou de quem, do


qual, da qual, dos quais, das quais. Varia em número e gênero. Ex.: O fato
criminoso, cujas provas já foram apresentadas, é de extrema gravidade.
Não se usa artigo após cujo. Ex.: A pessoa cujo nome foi citado em
audiência encontra-se desaparecida (e não pessoa cujo o nome).

Curriculum vitae (latim) – Conjunto de dados concernentes ao esta-


do civil, ao preparo profissional e às atividades anteriores de quem se candidata
a um emprego, a um concurso. Seu plural é curricula vitae. As palavras
correspondentes em Português são currículo e currículos.

Daqui a – É expressão correta para sugerir tempo futuro ou distância.


Não pode ser empregada para indicar tempo decorrido.
Ex.: Daqui a seis meses, sairemos de férias.

Dar a luz a / dar à luz – Como sinônimo de parir, a construção


correta é dar alguém à luz (luz, neste caso, simboliza vida).
Ex.: Mãe dá à luz trigêmeos dentro de um táxi.

128 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Dar-se ao / o trabalho – Quanto à regência, dar é transitivo direto e
indireto (dar alguma coisa a alguém). Por isso, o correto é dar-se o trabalho
(se, objeto indireto; o trabalho, objeto direto).
Ex.: Ronaldinho deu-se o luxo de um drible a mais antes de marcar
o gol.
Elas deram-se o trabalho de caprichar na maquiagem para recebê-lo.

Datas – quando possível, para economia de espaço, prefira a forma


abreviada, separada por barras (ex.: 16/03/05).

Debater – Examinar em debate; tratar de; discutir: Os parlamentares


debateram as novas leis. É verbo transitivo direto, não admitindo constru-
ções como debateu sobre o tema alcoolismo.

Deferimento / diferimento – Deferimento significa ato de deferir, de


conceder, equivalente a anuência, aprovação.
Diferimento significa ato ou efeito de diferir, de adiar, equivalente a
adiamento, retardação.

Demais / de mais – Demais, como advérbio, significa em demasia,


excessivamente, muitíssimo. Ex.: Ele comeu demais e passou mal. Eles se amam
demais.
Demais, como pronome indefinido, equivale a os restantes, os outros, os
mais, vindo quase sempre precedido de artigo. Ex.: Lula permaneceu em
Brasília; os demais candidatos visitaram o Rio de Janeiro.
De mais, como locução adjetiva equivalente a a mais, significa além
do necessário, do essencial, do ideal, com sentido contrário a de menos. Ex.:
Faltaram salgadinhos na festa, pois convidaram gente de mais. Está presente
também na expressão nada de mais, equivalente a nada de anormal, nada de
estranho.
Demais, também como advérbio, sinônimo de demais disso e ade-
mais, significa além disso. Ex.: Já disse tudo; demais, não lhe devo tantas
explicações.

De + o (a) + (sujeito) + (verbo) – Presente em construções como fui


ao cinema, apesar de o filme não me parecer bom e sairemos antes de o sol
nascer. Nesses casos, não há contração da preposição de com o artigo defini-
do, porquanto este é adjunto de um substantivo que é sujeito de oração.
Igual situação ocorre quando em lugar do artigo há certos pronomes inici-
ados por vogal. Ex.: Vou prosseguir, apesar de essa ser uma decisão arriscada.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 129


Denunciação (ou denúncia) da lide – É o chamamento de terceiro –
ou litisdenunciado – para intervir na ação como litisconsorte, com o fim de
eliminar eventuais ações regressivas posteriores.
O art. 70 do Código de Processo Civil aduz: “A denunciação da lide
é obrigatória: I – ao alienante [...]”. Assim, as construções abonadas pela lei
são denunciar a lide a alguém e a lide é denunciada a alguém.
São equivocadas construções como denúncia à lide ou denúncia de
alguém à lide.

De ofício – Na técnica jurídica, significa por iniciativa e autoridade


próprias, por dever de ofício, sem necessidade de provocação. Tem idêntico sen-
tido da expressão latina ex officio (com dois efes e sem acento). Esta última,
como expressão estrangeira que é, deve vir em itálico.

Despercebido / desapercebido – São palavras parônimas (com pronún-


cia parecida). Despercebido significa em que não se atentou, impercebido, ou, em
outro sentido, desatento, distraído. Ex.: Na revisão, o erro passou despercebido.
Desapercebido tem o sentido de desprevenido, desacautelado, desguarnecido.
Ex.: Eu estava desapercebido e fui facilmente derrotado no tênis.

Dilação probatória – Dilação significa adiamento, prorrogação, demo-


ra, tardança, delonga. Portanto, não faz sentido o seu uso para designar a
fase probatória, como amiúde se encontra no linguajar forense. Nessa etapa
processual, dá-se a oportunidade para a produção de provas, não o adia-
mento ou o alongamento de sua produção.
No livro Manual de Redação Profissional, de José Maria da Costa,
encontra-se explicada a origem dessa expressão no vocabulário jurídico na-
cional. Segundo o autor,

a legislação processual civil anterior ao Código de Processo


Civil de 1939 determinava que, após a petição inicial e uma
vez citado o réu, haveria de instaurar-se a instância pelo com-
parecimento do autor a juízo, abrindo-se o prazo para contes-
tação, após contestação, réplica e tréplica, assinava-se uma
parada do feito, normalmente pelo prazo de vinte dias, para
a produção das provas requeridas, seguindo-se as razões finais
das partes e a sentença. [...] A tal parada do feito para a pro-
dução de provas, dava-se o nome de dilação probatória.”

Tal instituto não mais existe em nosso ordenamento jurídico, não


tendo relação com a fase probatória prevista no Código de Processo Civil.
Desaconselha-se, portanto, o seu uso.

130 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


É bom... É proibido... É necessário... – A concordância nominal
obedecerá a duas regras:
a) Se o sujeito está sem determinante (adjunto adnominal), o adjeti-
vo predicativo fica no masculino. Ex.: Proibido entrada. Fruta é bom para a
saúde. É necessário paciência.
b) Se o sujeito vem determinado por um adjunto adnominal (artigo, pro-
nome ou numeral), o adjetivo predicativo (bom, proibido, necessário) com ele con-
corda. Ex.: A entrada é proibida. Proibida a entrada de animais. Esta fruta é boa.
Quando não houver indeterminação explícita, é preferível a concor-
dância regular.

Editar decretos, medidas – O verbo editar, em seu sentido original,


significa publicar livros, revistas, periódicos, etc. Para decretos, leis, medi-
das, deve-se preferir baixar, expedir ou assinar.

Edito e édito – Possuem significados diferentes. Edito é sinônimo de


preceito legal, mandato, decreto, ordem.
Édito significa ordem judicial publicada por anúncios ou editais.

Égide – É palavra proparoxítona. Pronunciá-la como paroxítona cons-


titui erro de pronúncia (silabada, ou seja, o deslocamento indevido da síla-
ba tônica). Significa escudo, proteção, defesa, proteção. Por extensão, abrigo,
amparo. O plural é égides.

Egrégio – Muito distinto, insigne, nobre. Diz-se dos tribunais e dos


magistrados que os compõem.

Eis aqui – Expressão redundante. Eis (advérbio) é sinônimo de aqui


está. Ex.: Eis o homem. Eis os exemplos.

Eis que – Locução que abre frases anunciativas e exprime surpresa.


Ex.: “Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás Jesus”. Eis
que o trovão soou no céu, assustando-nos.
É incorreto o seu uso no sentido causal, em substituição a porquanto,
porque e uma vez que, comum no meio forense. Ex.: Requeiro a condenação
do acusado, porquanto as provas produzidas confirmaram inteiramente as
imputações (e não eis que as provas produzidas...).

Eis senão quando – Expressão que significa quando menos se espera, repen-
tinamente. Ex.: Eu dormia profundamente; eis senão quando, explodiu o
foguetório.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 131


Elegido e eleito – As duas formas são corretas. O verbo eleger é abun-
dante, possuindo dois particípios. Com os verbos auxiliares ter e haver, usa-
se elegido. Com os auxiliares ser e estar (voz passiva), eleito. Ex.: O povo o
havia elegido no primeiro turno. Ele foi eleito Deputado Federal seis vezes
seguidas.

Elencar – Significa listar, arrolar, catalogar. É palavra freqüente na


linguagem jurídica e jornalística. Consta do VOLP.

Elidir / ilidir – Elidir significa eliminar, suprimir, fazer elisão de. Ex.:
elidir uma letra. Do verbo elidir derivam elidente (que tem força de elidir),
elidível (que se pode elidir) e elisão (supressão, eliminação).
Ilidir significa destruir por meio de refutação, rebater, contestar. Desse
verbo deriva a palavra ilidível (que se pode ilidir).

Em anexo (em + adjetivo) – Trata-se de locução a ser evitada. Use em


seu lugar o adjetivo anexo, que deve variar em número e gênero. Ex.: Se-
guem anexas as informações pedidas (e não seguem em anexo).
São francesismos as locuções adverbiais formadas com a preposição
em seguida de adjetivo, tais como em anexo, em aberto, em apenso, em abso-
luto, em definitivo, em suspenso. Devem ser substituídas por advérbios termi-
nados em mente ou por adjetivo com força adverbial. Ex.: O prazo perma-
nece aberto (e não permanece em aberto). Absolutamente não quero (em vez
de não quero em absoluto).

Em domicílio / a domicílio – As locuções têm sentido diverso. A


correção do uso dependerá da preposição regida pelo verbo ou vocábu-
lo da frase. Ex.: levar compras a domícilio (sentido dinâmico exige a
preposição a) – entregar compras em domicílio (sentido estático exige
preposição em) – enviar a domicílio – entrega em domicílio – atende-se
em domicílio.

Em que pese – Significa ainda que custe, ainda que pese. Pesar, portan-
to, tem o sentido de causar mágoa, desgosto.
Quanto à concordância do verbo pesar, não há consenso entre os
manuais. A melhor lição parece ser a de Napoleão Mendes de Almeida,
segundo o qual é preciso sempre identificar o sujeito do verbo. Na frase em
que pesem ao advogado os argumentos da sentença, o sujeito de pesar é argu-
mentos, exigindo a flexão de número. Advogado é objeto indireto, antecedi-
do da preposição a.

132 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Quando se diz em que pese a fulano, farei o negócio, o sujeito é a
própria oração farei o negócio, o que fica claro quando se adiciona isto ou
outra palavra equivalente: em que pese isto a fulano, farei o negócio.
Como regra prática, deve-se fazer a concordância quando a referência for
coisa (em que pesem as dúvidas), mantendo a expressão invariável, com a prepo-
sição a, quando for relativa a pessoa (em que pese aos filhos, casou-se de novo).
Não obstante isso, há gramáticos que entendem em que pese a como
locução prepositiva, invariável. Segundo essa corrente, deve-se escrever em
que pese aos sinais contrários, ele prosseguiu.
Originalmente, o primeiro e de pesem tinha pronúncia fechada, como
em pêsames e no substantivo pesar. Hoje, todavia, a pronúncia amplamente
dominante é aberta.

É muito... é pouco... – Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é


demais, é mais que (ou do que), é menos que (ou do que), cujo sujeito exprime
quantidade, preço, medida, o verbo ser fica no singular.
Ex.: Para mim, dez mil reais é muito. Cinco quilos é pouco para seis
meses de dieta. Cem quilômetros é demais para andar a pé.

Em vez de / ao invés de – Em vez de significa em lugar de. Ex.: Vou


pedir lasanha em vez de macarrão. Em vez de ir ao cinema, foi caminhar.
Ao invés de significa ao contrário de, ao revés de. Ex.: Ao invés de virar à
esquerda, virou à direita. Ao invés de reclamar, você devia me agradecer.
Note-se que o uso de ao invés de só se justifica em frases antitéticas,
que exprimem oposição. Quando a idéia for de mera substituição, usa-se
em vez de.

Ensejador – Conquanto encontrável em textos jurídicos, essa palavra


não consta do VOLP. Use motivador, ocasionador. Ex.: Descobriremos em
breve o fator ocasionador dessa crise (e não fator ensejador).

Entre mim e ti – Entre é uma preposição e como tal exige a forma


oblíqua do pronome pessoal. Diz-se, portanto, entre mim e você, entre mim
e ti (e não entre eu e tu). Ex.: Entre mim e ti há sérias diferenças de tempera-
mento. Ela pensou em mim e ti.

Estado – Conquanto haja divergências, a tendência hoje é usar mai-


úsculas para designar tanto o organismo político soberano, quanto as uni-
dades em que se divide um país. Ex.: A independência do Estado é inalienável.
O Estado de Goiás possui uma agropecuária forte.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 133


Estar ao abrigo de – Alguns gramáticos condenam como galicismo
tal expressão, sugerindo sua substituição por estar a salvo de.

Etc.- Abreviatura da expressão latina et caetera (pronuncia-se et cetera),


com o sentido de e as demais coisas.
Como o VOLP, na sua redação, usou vírgula antes de etc., o seu uso é
recomendável, não obstante as razões semânticas em contrário. Ex.: Fui ao
supermercado e comprei iogurte, leite, queijo, frutas, etc.
É certo, porém, que não se põe e antes de etc.
Outrossim, não se duplica o ponto final, como visto no exemplo
acima.

Exceção feita de / abstração feita de – Trata-se de galicismos conde-


nados pelos gramáticos, porquanto antecipam o sujeito em orações reduzi-
das de particípio. Use à exceção de, com exceção de e feita abstração a.

Existir – O verbo haver, no sentido de existir, é invariável. O verbo


existir, todavia, não segue essa regra, concordando normalmente com o su-
jeito. Ex.: Existem pessoas que se acham infalíveis.
Ver Haver.

Face a – Essa locução não existe na língua culta. Use em face de ou


ante.: Ex.: A presente ação foi proposta em face de fulano de tal. Ante a
confusão reinante, cancelei a viagem.

Fac-símile – Cópia exata de documento impresso. Exige hífen. Plu-


ral: fac-símiles. Abreviatura: fax. Palavras derivadas: fac-similado, fac-simi-
lar. Fax é palavra invariável. Ex.: os fax, uns fax, estes fax.

Fato verídico – Trata-se de construção redundante. Não existe fato falso.


Falsas podem ser notícias, informações, versões, insinuações relativas ao fato.

Fazer – O verbo fazer, no sentido temporal, é invariável, mantendo-


se na terceira pessoa. Ex.: Faz dois anos que não vou ao Rio de Janeiro.
Ver Haver.

Fazer que / Fazer com que – Fazer que tem dois sentidos: a) fingir ou
b) esforçar-se por, causar. Ex.: a) Fez que não ouviu a advertência. Fez que não
me viu e foi embora (fingir). b) Fez que lhe pagassem a conta. O seu traba-
lho fez que tivesse sucesso (causar).

134 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Fazer com que possui apenas o sentido de esforçar-se por, causar. Ex.: Fez
com que lhe pagassem a conta. O seu trabalho fez com que tivesse sucesso.

Foro – Os sentidos mais freqüentes na linguagem jurídica são os


seguintes:
Foro (ô), plural foros (ó) – jurisdição, alçada, poder, julgamento. Ex.:
foro de eleição, foro íntimo.
Foro (ó), plural foros (ó) – prédio onde estão os órgãos do Poder Judi-
ciário. Sinônimo de fórum. Ex.: audiência a se realizar neste foro.

Fulano, sicrano e beltrano – Três pessoas mencionadas


indeterminadamente, usadas quando se quer fazer uma referência vaga ou
falar de pessoas cujo nome se desconhece. Iniciam-se com letra minúscula.
Ex.: Aqui mora fulano, ali sicrano, acolá beltrano.
Na seqüência, sicrano e beltrano podem trocar de posição.
Cada uma dessas palavras pode também ser usada isoladamente.

Gerúndio – emprego
Emprega-se o gerúndio nos seguintes casos:
a) Para formar locuções verbais com os verbos auxiliares andar, estar,
ficar, viver, ir, vir, etc. Nesse caso, o gerúndio substitui o infinitivo, regido
da preposição a – construção preferida em Portugal.
Ex.: Andavam correndo na floresta. (Andavam a correr na floresta.)
Demoramos a chegar porque estava chovendo.(...porque estava a chover.)
b) Para formar orações reduzidas adverbiais, sob a forma simples ou
composta.
Ex.: Terminando o recreio, todos foram para a sala. (Quando terminou
o recreio, todos...)
Sendo muito estreita a passagem, resolveu escalar a montanha. (Por-
que era muito estreita a passagem, resolveu...).
c) Para formar orações reduzidas adjetivas, sob a forma simples.
Ex.: Ao vê-la dançar, imaginei uma sílfide rodopiando no ar. (...ima-
ginei uma sílfide que rodopiava no ar.)
Ele se via como um douto distribuindo sabedoria por onde passava.
(...um douto que distribuía sabedoria por onde passava.)
d) Para formar o imperativo, com o sentido de ordem coletiva.
Ex.: Correndo! Correndo! O último a chegar é mulher do padre!
Não se deve empregar o gerúndio:
a) Quando o gerúndio equivale a uma oração adjetiva e pode ser subs-
tituído por que mais indicativo ou subjuntivo, para exprimir uma qualida-
de do substantivo.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 135


Ex.: Procura-se uma cozinheira que saiba ler. (E não sabendo ler.)
Queria um carro que tivesse freios ABS. (e não tendo freios ABS.)
b) Quando se pretende substituir as preposições de ou com.
Ex.: Escreveu uma peça com três atos. (e não contendo três atos.)
Pescou um peixe de vinte quilos. (e não pesando vinte quilos.)

Grama – No sentido de unidade de medida de massa (1g = 10-3kg),


é substantivo masculino. Ex.: Comprei duzentos gramas de queijo.

Gravidez – O VOLP traz a forma alternativa gravideza. O plural é


gravidezes.

Grosso modo – Expressão latina que significa por alto, de modo gros-
seiro, impreciso. A pronúncia correta é com o aberto (grósso módo).
Por estar na forma latina, deve vir em itálico ou outro modo de des-
taque.
Não existe a expressão a grosso modo.

Haja vista – É expressão cristalizada, invariável, com o sentido de


veja.
Ex.: Não se avançou muito, haja vista os últimos acontecimentos.
(Os últimos acontecimentos é objeto direto da locução.)

Haurir – Significa esgotar; beber, sorver.


É verbo defectivo. Não possui a primeira pessoa do singular do pre-
sente do indicativo e, conseqüentemente, o presente do subjuntivo.

Haver – É verbo invariável, mantendo-se na terceira pessoa, quando


seu sentido equivale a existir, acontecer, realizar-se e fazer. Ex.: Havia poucos
espectadores assistindo ao filme no cinema. Há duas semanas que não dur-
mo direito.
No sentido temporal, quando a referência de quem se expressa está
no passado, o verbo haver vai para o pretérito imperfeito do indicativo. Ex.:
Quando reencontrei Beatriz, não a reconheci, pois havia muitos anos que
não a via.
Ver Fazer e Existir.

Hífen depois de não – Só se usa hífen depois do não se a palavra


seguinte for substantivo. Ex.: A não-restituição do lote de imposto de

136 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


renda causou protestos. A não-exibição do filme no festival foi uma opção
do diretor.
Todavia, deve-se preferir a palavra formada por prefixo negativo, quan-
do houver. Ex.: A inexistência de provas levou à absolvição (em vez de a não-
existência).
Observe-se, porém, que é possível haver formas paralelas, cujo uso
dependerá do sentido que se quer dar à negação. É o caso, por exemplo, de
não-amizade e inimizade, que possuem sentidos claramente diversos.
Quando a palavra seguinte for adjetivo, não se usa hífen. Ex.: Países
não alinhados. Mercadorias não perecíveis.

Horas – abreviatura – A abreviatura mais recomendável é, simples-


mente, h, sem ponto e invariável no plural. Ex.: 15h, 19h, 10h15min. (ou
10h15).

Hum mil reais / mil reais – Deve-se escrever sempre mil reais. A
inclusão de hum, com o intuito de evitar fraude em cheque, pode ser com
vantagem substituída pela inclusão de dois traços (=) antes do valor por
extenso.

Ibidem – Significa no mesmo lugar, na mesma obra. Também aparece


na forma abreviada ib. ou ibid.

Idealizar / idear – As duas palavras existem e são sinônimas, com o


sentido de fantasiar, imaginar, criar na imaginação, planejar, programar.

Idem ao anterior – A expressão é incorreta, pois idem não significa


igual, mas a mesma coisa, o mesmo autor, da mesma forma.

Ilação e elação – Ilação significa dedução, conclusão, inferência.


Elação significa altivez, arrogância, elevação, sublimidade.

Inciso – Termo derivado do latim incisus. (aberto, cortado). Em lingua-


gem jurídica, designa cada uma das divisões do artigo, sendo em regra en-
cabeçado por um algarismo romano. Ex.: Art. 20, inciso VI, da Constituição
da República.
José Maria da Costa44 informa que, em geral, qualquer especificação
da ordem de disposição de seres ou coisas há de ser feita por meio de nume-

44
Manual de Redação Profissional, verbete Inciso.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 137


ral ordinal. Correto, portanto, seria dizer artigo vinte, inciso quinto, da Cons-
tituição da República.
Não obstante isso, continua o mencionado autor, tem-se dado prefe-
rência, por razões de brevidade e simplificação, ao uso de cardinais, suben-
tendendo-se a palavra número antes do algarismo. Dir-se-ia, assim, artigo
vinte, inciso cinco, da Constituição da República.
Este último entendimento parece ser hoje predominante nas letras
jurídicas, valendo também para títulos e capítulos de diplomas legais.
Ver Artigo de lei, Alínea e Algarismos romanos.

Inclusive: Napoleão Mendes de Almeida45 ensina não ser correto o


seu emprego com o sentido de até, até mesmo. Inclusive seria um advérbio,
equivalente à forma adverbial portuguesa inclusivamente e antônimo de
exclusive.
Damião e Henriques46 condenam o uso dessa palavra antes daquilo
que ela busca incluir. Nesse caso, em vez de inclusive, dever-se-ia usar inclu-
indo. Ex.: Todos esperavam uma condenação, incluindo o próprio réu (e não
inclusive o próprio réu).
Tais usos, todavia, encontram-se tão disseminados que é razoável en-
tender, com Pascoal Cegalla47 e outros, que inclusive já se transformou em
palavra denotativa de inclusão, equivalente a com a inclusão de. Ex.: Analisei
todos os documentos, inclusive os dispensáveis.
José Maria da Costa anota que os textos legais fazem uso de inclusive
como palavra denotativa de inclusão (equivalente a com a inclusão de), for-
necendo como exemplos os arts. 44, I, do Código Civil e 616 da CLT.
De qualquer modo, deve-se evitar o uso abusivo de inclusive, retiran-
do-o de frases cujo sentido permaneceria intacto sem a sua presença. Ex.:
Não posso informar nada, porque nada sei (e não inclusive porque nada sei).

Inobstante – Trata-se de palavra que não consta do VOLP. Deve ser


substituída por não obstante ou nada obstante.

Ínterim – Significa estado interino, intervalo de tempo. Como toda


palavra proparoxítona, traz acento gráfico. A expressão nesse ínterim, co-
mum em narrativas forenses, possui sentido idêntico a entrementes. Ex.:
“Nesse ínterim, o denunciado subtraiu o dinheiro.

45
Dicionário de Questões Vernáculas, verbete Inclusive.
46
Curso de Português Jurídico, p. 186.
47
Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, verbete Inclusive.

138 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Investigativo / investigatório – Ambas as palavras são encontradiças
em textos jurídicos, com o sentido de aquele que investiga, que contém inves-
tigação, relativo a investigação. Não obstante isso, apenas o adjetivo investigativo
consta do VOLP.
Curiosamente, investigativo não é vocábulo registrado no Dicionário
Aurélio.

Ir para / ir a – A preposição para dá ao verbo um sentido de perma-


nência mais duradoura do que a preposição a. Ex.: Ele morreu e foi para o
céu. Os retirantes vão para São Paulo em busca de trabalho. Vou ao super-
mercado comprar frutas. Nas férias, vou ao Rio de Janeiro.

Jazer (conjugação) – Não é verbo defectivo, sendo conjugado em


todas as formas.
Presente do indicativo: eu jazo, tu jazes, ele jaz, nós jazemos, vós
jazeis, eles jazem.
Presente do subjuntivo: que eu jaza, que tu jazas, que ele jaza, que
nós jazamos, que vós jazais, que eles jazam.

Juiz a quo / juiz ad quem – Juiz a quo é aquele de cuja decisão ou


sentença se recorreu. Juiz ad quem é o juiz de instância superior, a quem
caberá a análise do recurso.

Junto a – É locução prepositiva, invariável, indicando uma posição.


Significa ao lado, próximo, perto. Ex.: Comprei um apartamento junto a
uma bela praça. Ele guarda suas gravatas junto aos ternos.
A locução possui, portanto, um sentido muito bem definido, não se
prestando a substituir preposições. Ex.: Tentei obter um empréstimo no
Banco do Brasil (e não junto ao Banco do Brasil). Ele perdeu seu prestígio
com o Presidente (e não junto ao Presidente). A parte entrou com um recurso
no STF (e não junto ao STF).

Laborar em erro – A expressão é correta com o sentido de incidir,


incorrer em erro. Laborar, originariamente, significa trabalhar, labutar. Ex.:
O juiz laborou em erro ao analisar o mérito da ação.

Lança-perfume – É substantivo masculino. Escreve-se com hífen,


por ser palavra composta. O plural é lança-perfumes.

Legiferante – É adjetivo constante do VOLP. Significa aquele que


legifera (verbo legiferar, sinônimo de legislar).

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 139


Maestria / mestria – Ambas as grafias são corretas, com o significado
de qualidade de mestre, perícia, habilidade, destreza.
Há gramáticos que criticam o uso indiferente das duas formas, argu-
mentando que maestria, em verdade, significa qualidade de maestro, o regen-
te de orquestra. Entretanto, a sinonímia dessas palavras vem desde o portu-
guês arcaico, que nos séculos XIII e XIV já registrava, com o mesmo senti-
do, as formas meestre e maestre, meestria e maestria48.

Má-formação / malformação – Ambas as formas constam do VOLP.


São palavras sinônimas, com o significado de formação anômala, deformida-
de. Plural: más-formações e malformações.

Mais pequeno / mais grande – No Brasil, só se usam como forma


comparativa de qualidades do mesmo ser. Ex.: Francisco é mais grande do
que inteligente. Paula é mais pequena do que formosa.
Em Portugal, é freqüente o uso de mais pequeno.

Maiúsculas – Não há consenso quanto ao seu emprego, mas existem


regras muito úteis.
Deve iniciar-se a palavra com letra maiúscula nos seguintes casos:
a) Nomes de pessoas, incluindo epítetos e alcunhas. Ex.: Sérgio,
Carlos, Maria, Alexandre, o Grande.
b) Pronomes de tratamento. Ex.: Vossa Excelência, Vossa Senhoria.
c) Citações, quando o original assim estiver, ainda que não se usem
dois pontos. Ex.: Quando Jesus disse “Deixai vir a mim as criancinhas!”,
surpreendeu os apóstolos.
d) Entidades sagradas, religiosas, mitológicas. Ex.: Deus, Alá, Jeová, Tupã,
Júpiter, Espírito Santo, Nossa Senhora. Relativamente a Deus, mesmo os prono-
mes costumam iniciar-se com maiúsculas. Ex.: A Ele rogamos e nEle confiamos.
e) Lugares (países, cidades), regiões geográficas, topônimos (mares, rios,
lagos, montanhas), linhas geográficas imaginárias. Ex.: o Brasil, a França,
Goiás, o Equador, o Deserto do Saara, o Rio São Francisco, o Everest, o Ocidente.
f) Corpos celestes, quando dentro de um contexto astronômico. Ex.. O
Sol, a Lua, Júpiter, Saturno, o Cometa Halley. Mas banho de sol e banho de lua.
g) Eras e períodos históricos. Ex.: Renascença, Idade Média, Procla-
mação da República, Era Mesozóica.
h) Títulos de livros, jornais, revistas, peças e filmes. Ex.: Os Lusíadas,
Folha de São Paulo, E o Vento Levou, Engraçadinha.

48
Dicionário Etimológico, verbete mestria

140 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


i) Instituições públicas e privadas. Ex.: Ministério da Fazenda, Secre-
taria de Educação, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, Academia
Brasileira de Letras.
j) Altos conceitos religiosos, filosóficos, nacionais e políticos, salvo
quando usados em sentido geral. Ex.: a Igreja, a Nação, a Pátria, o Bem, o
Estado, a Democracia. Mas o bem de todos e as nações indígenas.
k) Artes e ciências. Ex.: Astronomia, Português, Inglês, Física, Educação
Artística, Medicina.
l) Festas religiosas. Ex.: Natal, Páscoa, Pentecostes.
m) altos cargos, dignidades ou postos. Ex.: Presidente da República,
Governador, Prefeito, Papa, Desembargador, Juiz, Promotor de Justiça, Minis-
tro, Bispo.
Obs.: Não se iniciam com maiúsculas os nomes de meses e dias. Ex.:
janeiro, março, dezembro, segunda-feira, sábado.

Mas / no entanto – Constitui redundância usar ambas na mesma


frase, porquanto unem idéias com sentido contrário. Ex.: Saí cedo, mas che-
guei atrasado ou saí cedo, no entanto cheguei atrasado. Mas nunca saí cedo,
mas, no entanto, cheguei atrasado.

Meio/ meia – Como advérbio, a palavra meio é inflexível. Ex.: Ela


estava meio cansada após a festa. Todos ficaram meio tristes com o resultado
do jogo.
Como adjetivo ou numeral, a palavra meio flexiona-se, concordando
com o substantivo ao qual se refere. Ex.: Comi apenas meia laranja no
desjejum. Estou cansado de meias verdades.
Para simplificar, pode-se adotar a seguinte regra: quando meio signi-
ficar metade, referindo-se a substantivo, é flexível; se o sentido for um tanto,
mais ou menos, referindo-se a adjetivo, não tem variação.

Mesmo – Não use mesmo como referência a pessoa ou coisa já citada.


Prefira o pronome (ele, o, este ou aquele, etc.). Ex.: Não escreva O laudo
consta da fl. 45. O Requerido contestou o mesmo a fls. 54. Escreva O laudo
consta da fl. 45. O Requerido contestou-o a fls. 54.

Morto – É uma das formas de particípio tanto de matar quanto de


morrer. Quando necessário para evitar ambigüidade, substitua morto por
que morreu. Ex.: Tancredo Neves, que morreu em 1985 ... (evitando assim a
falsa idéia de que alguém o teria matado.)
Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 141
Na medida em que – Trata-se de locução conjuntiva que vem sendo
abusivamente usada em textos jurídicos e jornalísticos. Como leciona Pas-
coal Cegalla49, o uso dessa expressão só é correto quando exprime quantida-
de. Nesse caso, que é pronome relativo e não faz parte da conjunção. Ex.:
Não há crédito no mercado na medida em que (na quantidade em que)
apregoa o governo. Não se produz hoje na medida em que (na quantidade
em que) se produzia no passado.
Não se deve usar na medida em que com o sentido de à medida que, à
proporção que – locuções que exprimem a idéia de proporção, não de quan-
tidade. Tampouco se deve empregá-la em sentido causal. Ex.: Aprendemos
a viver à medida que crescemos (e não na medida em que crescemos). Uma vez
que fomos aprovados, podemos nos considerar vitoriosos (e não na medida
em que fomos aprovados...).
Ver à medida que.

Não obstante que – Trata-se de locução conjuntiva presente nos clás-


sicos. José Maria da Costa, para abonar o seu uso, transcreve o seguinte
trecho de Padre Manuel Bernardes: “Aos sábados era certo na ladainha, não
obstante que a freguesia lhe ficava longe do campo onde morava”.

Não restar (ter) outra alternativa – É expressão redundante, pois


alter já transmite a idéia de alteridade. Para obter o sentido completo da
oração, basta dizer não restar alternativa ou não ter alternativa. Ex.: Para o
Ministro, não restou alternativa senão renunciar.
Registre-se, porém, que é possível falar corretamente em outra alter-
nativa quando, anteriormente, já se fez menção ao menos a uma primeira
alternativa. Ex.: O plano B também não deu certo. Procuremos uma outra
alternativa.

Naquela noite / aquela noite – Ambas as construções são corretas.


Nas locuções adverbiais de tempo, com dias da semana ou com as palavras
dia, noite, semana, mês, ano, pode haver a omissão da preposição em. Ex.:
Chovia muito naquela noite. Chovia muito aquela noite. Chegarei na sexta-
feira. Chegarei sexta-feira.

Negritar – Conquanto ausente de alguns bons dicionários (como o


Aurélio), a palavra encontra-se registrada no VOLP.

49
Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, verbete na medida em que.

142 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


No entanto/ no entretanto – Diz-se no entanto ou entretanto. São
expressões sinônimas, com o sentido de mas, porém, todavia, contudo. Com
essa significação, o uso de no entretanto é incorreto.
A construção no entretanto é registrada apenas com o sentido de nesse
ínterim, nesse intervalo.

Novel – Trata-se de adjetivo, sinônimo de novo. Segundo o VOLP, é


palavra oxítona. Seu plural é novéis.

Obedecer – É verbo intransitivo ou transitivo indireto. Não se admi-


te seu uso como transitivo direto.
Obedecer-lhe é construção correta quando o complemento do verbo é
representado por pessoa (objeto indireto).
Obedecê-lo é construção incorreta, pois o verbo não admite objeto
direto (o que também vale para desobedecer).
Obedecer a ele é construção correta quando o complemento do verbo
obedecer (objeto indireto) é representado tanto por coisa quanto por pessoa.
Ex.: Sempre se deve obedecer aos pais (obedecer-lhes ou obedecer a eles).
Convém obedecer ao regulamento interno (obedece a ele).

Ob-rogar – Escreve-se sempre com hífen. Significa fazer contrapor-se


uma lei a outra. Ob-rogação e ob-rogatório são palavras derivadas.

Obstar a que / obstar que – A sintaxe original é transitiva indireta


(obstar a que), mas a proximidade de sentido com impedir fez surgir a cons-
trução transitiva direta (obstar que).
Na linguagem culta, prefira a forma consagrada: obstar a que. Ex.: O
incidente obstou a que ele alcançasse seus objetivos.

O fato de – Trata-se de expressão corrente, mas que pode ser, com


vantagem de estilo, substituída pelo uso do verbo substantivado. Ex.: O
entender nosso idioma deixou-lhe envaidecido (preferencialmente a o fato de
entender nosso idioma...).

Onde – Como pronome relativo, onde equivale a em que. Deve ser


usado apenas com referência a lugar físico, nunca a tempo ou circunstância.
Ex.: O país onde nasci. A empresa onde trabalho.

Onde / aonde – Usa-se onde (em que lugar) com verbos que regem a
preposição em. Ex.: Estou grogue, não sei onde estou. Ele não se lembra
onde colocou a tesoura. Onde está Maria?

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 143


Usa-se aonde (a que lugar) com verbos que regem a preposição a. Ex.:
Aonde vais? Aonde queres chegar com isto?

Oportunizar – Trata-se de palavra que não consta do VOLP. Pode-se


substituí-la por dar oportunidade a, ensejar, ocasionar.

O quanto antes / quanto antes – Embora ambas as formas sejam


hoje correntes, o correto é quanto antes. Ex.: Quanto antes chover, melhor.
Termine seu trabalho quanto antes.
Aliás, o advérbio quanto prescinde sempre da partícula o. Ex.: Ela
não sabia quanto ele a amava. Quero que saiba quanto o aprecio.

Parêntese / Parênteses / Parêntesis – Parêntese é a inserção de palavra


ou frase que interrompe o fluxo de uma oração, como também o sinal de
pontuação que inicia e encerra essa interrupção – (). Ex.: O orador abriu
um parêntese em seu discurso.
Parênteses é o plural de parêntese, muito usado na expressão entre
parênteses. Ex.: Coloquei entre parênteses as alterações que fiz no seu texto.
Parêntesis é forma alternativa usada tanto no singular (o parêntesis)
quanto no plural (entre parêntesis).
Caso se faça necessário abrir um parêntese dentro de um trecho entre
parênteses, devem-se substituir os parênteses externos por colchetes – [ ].

Pena de talião – Pena antiga pela qual se punia o delinqüente com


o mesmo dano ou mal que ele praticara. A forma correta não tem hífen e
traz talião com inicial minúscula. Ex.: Para ela, no amor, valia a pena de
talião.

Percentagem / porcentagem – Ambas as formas são corretas. Segun-


do Pascoal Cegalla50 , a primeira deriva do latim percentum, enquanto a se-
gunda advém da locução portuguesa por cento.
Existe também a forma sinônima percentualidade, menos usada.

Perfilar / perfilhar – São palavras com sentido diverso. Perfilar signi-


fica fazer o perfil de, alinhar, pôr-se direito. Ex.: O sargento perfilou os solda-
dos. A candidata perfilou o corpo durante a entrevista.
Perfilhar tem o sentido de emitir rebentos (a planta), receber como filho,
filiar. Ex.: Ele perfilhou as duas filhas de sua amante.

50
Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, verbete percentagem.

144 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Plebiscito popular – A construção é redundante. Plebiscito só pode
ser popular (vem do latim plebs / plebis, que significa povo, em oposição a
nobres).

Plêiade / pleiade – Originalmente, cada uma das estrelas do aglome-


rado das Plêiades (grupo de sete estrelas visíveis a olho nu, situado na cons-
telação do Touro). Em sentido figurado, é a reunião de homens ou poetas
célebres. Use plêiade, e não pleiade, vocábulo inexistente. A forma variante é
plêiada.

Plural de atributos e partes do corpo – Atributos e partes do corpo


são únicos em cada indivíduo, não admitindo pluralização. Ex.: Todos guar-
daremos o falecido em nosso coração (e não em nossos corações). É necessário
que aproveitemos ao máximo nossa vida (e não nossas vidas).

Por que / por quê / porque / porquê – Usa-se por que:


a) Nas interrogações diretas. Ex.: Por que o escolheram?
b) Como substituto de pelo qual. Ex.: O objetivo por que lutamos
será alcançado (objetivo pelo qual lutamos).
c) Quando se pode adicionar a palavra motivo, sem alteração do sig-
nificado. Ex.: Diga-me por que você fez isso (por que motivo).
Usa-se por quê:
a) Em interrogações diretas ou indiretas, no fim da oração. Ex.: Por
quê? Elas vieram não sei por quê.
Obs.: Em perguntas, só se usam as formas separadas: por que ou por quê.
Usa-se porque (conjunção):
a) Como conjunção, em respostas que explicam causas. Ex.: Não fui
ao teatro porque não gosto. Fi-lo porque o quis.
Usa-se porquê:
a) Como substantivo, significando motivo ou razão. Ex.: Explique-
me o porquê disso tudo. Falta saber o porquê de sua teimosia.
Obs.: A palavra que também recebe o circunflexo: a) No final de
oração. Ex.: Fazer o quê? / b) como substantivo, com o sentido de alguma
coisa ou complicação. Ex.: qual é o quê da questão?

Posto que – Trata-se de locução conjuntiva de sentido concessivo,


equivalente a ainda que, se bem que, embora, apesar de. Ex.: Posto que ferido,
José venceu a luta. Ela era humilde, posto que famosa.
Os gramáticos criticam o uso de posto que no sentido causal, idêntico
a porquanto, porque, visto que. Deve-se, portanto, evitar o uso da locução

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 145


nesse sentido, embora já bastante difundido. É cediço, por exemplo, que
Vinícius de Moraes emprestou-lhe significado causal em seu poema Soneto
de Fidelidade, de 1939: “...Que não seja imortal, posto que é chama / Mas
que seja infinito enquanto dure”.
Na acepção correta, ou seja, concessiva, o verbo que se segue à locução deve
vir no modo subjuntivo. Ex.: Posto que de tudo tenha tentado, nada adiantou.

Presidenta – Mulher que preside. É forma registrada no VOLP.

Procedida a citação – Conquanto encontradiça em peças jurídicas, é


incorreta a construção procedida a citação. O verbo proceder, no sentido de
fazer, executar, realizar, é verbo transitivo indireto, regendo a preposição a.
Ex.: O juiz procedeu à citação do réu. Assim, como apenas os verbos transi-
tivos diretos admitem a voz passiva, deve-se substituir a construção em
epígrafe por feita a citação ou realizada a citação.

Propositalmente / propositadamente – São construções corretas. Hoje,


a palavra proposital vem registrada em bons Dicionários e no VOLP, deixan-
do para trás as críticas que a qualificavam como neologismo condenável.
Assim, pode-se usar propositalmente como sinônimo de propositadamente.
Ambas as formas são advérbios legitimamente formados a partir de proposi-
tal e propositado, respectivamente.

Protocolizar / protocolar – São palavras sinônimas, com o sentido de


registrar ou inscrever no protocolo. Ambas constam do VOLP.

Pugnar – Significa tomar a defesa de, tomar parte em luta, combater,


brigar, pelejar, lutar. Como ocorre com todos os verbos terminados em
-gnar, -bstar, -ptar, -psar e -tmar, é preciso atenção à pronúncia de pugnar no
presente do indicativo e nas formas dele derivadas. As formas rizotônicas
(formas em que o acento tônico recai na raiz) são paroxítonas, sem acento.
Nesses casos, a sílaba tônica cai sobre a vogal que forma sílaba com a conso-
ante muda. Ex.: O advogado pugna os direitos de seu constituinte. (transi-
tivo direto, com o sentido de defender). Pugnou sozinho com os demais
membros da assembléia (transitivo indireto, com o sentido de discutir aca-
loradamente). A parte pugna por seus direitos (transitivo indireto, com o
sentido de lutar).

Qualquer – Trata-se de pronome indefinido que deve ser usado ape-


nas em frases declarativas afirmativas. A norma culta não autoriza o seu uso

146 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


em frases negativas, como substituto de nenhum. Ex.: Faço qualquer coisa
para evitar tão desagradável situação (declarativa afirmativa). Não faço ne-
nhuma concessão a esses meliantes (e não qualquer concessão).

Quantia de dinheiro – Trata-se de expressão redundante, pois quan-


tia já possui o significado de quantidade de dinheiro.
O Aurélio registra quantidade como sentido antiquado de quantia.

Quem – Como pronome relativo, quem significa aquele que. Assim, o


verbo deve sempre ficar na terceira pessoa do singular (ao contrário do prono-
me relativo que, o qual leva o verbo a concordar com o termo antecedente).
Ex.: Somos nós quem fica prejudicado (quem fica prejudicado somos nós).
Fui eu quem o fez (quem o fez fui eu).
Forçar a concordância, no caso, levaria a construções absurdas, tais
como: Não fui eu quem o fiz (quem o fiz não fui eu). Não fui eu quem comi
a bolacha (quem comi a bolacha não fui eu).
Em perguntas formadas com o verbo ser, todavia, há concordância.
Ex.: Quem sou eu? Quem são os culpados?

Quite – Significa desobrigado, quitado, igualado. Trata-se de adjeti-


vo – palavra variável, portanto. Ex.: Estou quite com o serviço militar. Agora
estamos quites: você me ajudou e eu já retribuí o favor.

Quota / cota – São formas sinônimas, registradas no VOLP.


Seus principais significados são: quinhão, porção do capital de um
sócio, pronunciamento escrito de advogados e membros do Ministério Pú-
blico nos autos de um processo, nota à margem dum escrito.

Remissão legal – Quanto às remissões a dispositivo legal (lei, artigo,


inciso, letra e parágrafo), vejam-se os seguintes exemplos:
a) Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Devem-se separar com vírgula o número da lei e a data, porquanto
esta não exerce função restritiva, mas sim explicativa. No ordenamento ju-
rídico brasileiro há apenas uma lei 9.099, cuja numeração foi definida em
razão da ordem cronológica de leis da mesma natureza. A data, portanto,
apenas acrescenta uma informação útil, sem contudo ser necessária para a
individualização do diploma.
É também usual a forma sintética Lei 9.099/1995.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 147


b) Art. 2º da Constituição da República.
Não se separam com vírgula o artigo e o nome do diploma, quando
presente estiver a preposição do(a). No caso, o complemento exerce função
restritiva, identificando o artigo ao qual se faz remissão. Há vários artigos
segundos em nosso ordenamento jurídico, sendo indispensável o comple-
mento para a sua individualização.
É também usual a forma sintética art. 2º, CR.
c) Art. 5º, XXXVII, da CR.
Devem-se separar com vírgula o inciso e o nome do diploma. A pre-
posição da introduz o complemento do artigo, não do inciso. Este serve
para tornar mais precisa a remissão, mas não é necessário para a
individualização do artigo.
d) Art. 5º, XXXVIII, “b”, da CR.
Raciocínio semelhante justifica a necessidade da vírgula neste exemplo.
A preposição da introduz o complemento do artigo, não da letra ou do inciso.
e) Inciso XXXVII do art. 5º da CR.
Neste exemplo, as preposições do e da introduzem os complementos,
respectivamente, do inciso e do artigo, necessários para a individualização
de ambos (função restritiva, portanto). Para evitar o excesso de preposições,
convém preferir a forma sintética apresentada em exemplos anteriores.

Requerer – Use sempre o verbo requerer da seguinte forma: requerer


algo (transitivo direto) a alguém (transitivo indireto). Ex.: O Ministério
Público requereu a extinção do feito ao Juiz. Por razões estilísticas, pode-se
suprimir o que, quando este introduzir oração com função de objeto direto.
Ex.: O Ministério Público requer seja investigado o fato (o MP requer que
seja investigado o fato).

Reside na rua / à rua – Celso Pedro Luft51 anota que, conquanto na


rua seja a construção original, à rua possui boa tradição escrita. Ao final,
porém, sugere o uso de na rua na linguagem culta formal.
Convém empregar na rua em orações com verbos que regem a prepo-
sição em (residir, morar, estar, situar-se, ficar).
Ex.: Ele residia na Rua Augusta. Ela morava na Avenida Goiás.

Restou – Não use o verbo restar no sentido de ficar (como verbo de


ligação seguido de particípio). Ex.: Não escreva Restou provada a culpa do
Acusado, mas Ficou (ou foi) provada a culpa do Acusado.

51
Dicionário Prático de Regência Verbal, verbete Residir.

148 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Resultou – Não use o verbo resultar no sentido de veio a ser (como
verbo de ligação seguido de particípio). Ex.: Não escreva A investigação re-
sultou infrutífera, mas A investigação foi infrutífera (ou não deu resultado).

Reverter o quadro – Evite essa expressão, bem como qualquer outra


em que se empregue reverter com o sentido de mudar, inverter.
Reverter é verbo transitivo indireto (ou transitivo direto e indireto) e
significa regressar, retroceder, ou, ainda, destinar-se, converter-se. Ex.: Precisa-
mos reverter ao ponto de partida e tentar tudo novamente. É hora de reverter
em lucro os investimentos da empresa.

Risco de morte / risco de vida – Para Napoleão Mendes de Almeida52,


é incorreto o uso da expressão risco de vida em acidentes ou situações insalu-
bres, pois o que existe é o risco de morrer, não o risco de viver.
Seguindo esse raciocínio, é melhor usar a expressão risco para a vida,
quando não se quiser falar ou escrever risco de morte.
Gramáticos há, porém, que defendem a expressão risco de vida, en-
tendendo-a como a forma elíptica de risco de perder a vida.

Se – dificuldades de emprego – Ver texto O uso da partícula SE (item


2, parte III).

Sedizente – Trata-se de neologismo encontradiço em peças jurídicas,


resultado do aportuguesamento do francês “soi-disant”. Não vem registra-
do no VOLP, devendo ser substituído por pretenso ou auto-intitulado.

Senão / se não – Se não: 1. Conjunção se mais o advérbio não, equi-


valendo a caso não. Ex.: Se não fizer frio, irei à festa (caso não faça frio...). 2.
Pronome se mais o advérbio não. Ex.. Fizemos o que se não deve fazer. 3.
Com o sentido de ou, quando não. Ex.: Seriam como irmãos, se não (quando
não) como pais e filhos.
Senão: 1. Como substantivo, com o sentido de erro, falha. Ex.: Não
vejo um senão em sua conduta. 2. Com o sentido de do contrário, de outro
modo. Ex.: Estude, senão será reprovado. 3. Com o sentido de com exceção
de, a não ser. Ex.: Ninguém veio senão eles. 4. Com o sentido de mas, mas
sim, mas também. Ex.: Isso não cabe a ele, senão aos amigos.

Sendo que – A expressão culta não admite essa combinação. Pode-se


simplesmente omiti-la ou substituí-la por mas, porém ou todavia. Ex.: Fui

52
Dicionário de Questões Vernáculas, verbete Risco.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 149


ao baile, mas saí cedo (e não ...sendo que saí cedo). Maria foi ao cinema e
apreciou bastante o filme (e não ...sendo que apreciou bastante o filme).

Sofrível – Significa que se pode sofrer, suportável, quase suficiente, modera-


do, acima de medíocre, razoável, entre o bom e o mau. Ex.: Seu comportamento
era péssimo, mas melhorou e tem sido sofrível de algum tempo para cá.
É errado o freqüente uso que hoje se faz de sofrível no sentido de ruim
ou muito ruim.

Subsídio (pronúncia) – O s posterior ao b mudo é pronunciado como


nas palavras obseqüente, obsessão, observação, obsoleto.
Uma exceção a essa lista é a palavra obséquio, cuja etimologia latina
autoriza a pronúncia do s como z.

Tão pouco / tampouco – A expressão tão pouco é usada para enfatizar


o aspecto diminuto, curto ou escasso de um substantivo. A palavra pouco é
variável, concordando com o substantivo em questão. Ex.: Não acredito que
o nenê tenha estragado o brinquedo em tão pouco tempo. Ela ganhava tão
pouco que deixou o emprego sem pestanejar.
A expressão tampouco é um advérbio de valor negativo, equivalente a
também não. Refere-se a um verbo e mantém-se invariável. Ex.: Eu não fiz o
trabalho, tampouco ele o fez. Não acho tampouco que você deva preocupar-se
com o assunto.
A forma lusitana tão-pouco, com sentido semelhante a tampouco, não
vem registrada no VOLP.

Tão-somente – Advérbio usado como forma reforçada de somente,


tão-só. Deve sempre vir com hífen. Ex.: Na faculdade, estudava tão-somente
os tópicos que lhe agradavam.

Ter que / ter de – O tema é controvertido, mas há duas regras úteis:


1. Usa-se ter de quando estiver subentendida a idéia de necessidade
ou obrigação. Ex.: Tenho de terminar este trabalho hoje (tenho a obrigação
de terminar). Ele tinha de comprar um remédio para aplacar suas dores
(tinha necessidade de comprar).
2. Usa-se ter que quando estiver explícita ou subentendida a pala-
vra algo (ou coisa), a qual é ligada ao verbo pelo pronome relativo que.
Ex.: Tinha algo que fazer. Tenho muito que fazer hoje (tinha muitas coi-
sas que fazer). Não vou ao jogo, pois tenho mais que fazer (tenho algo
mais que fazer).

150 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Trema – Ainda faz parte do sistema ortográfico vigente. É usado so-
bre o u átono nos grupos qüe, qüi, güe e güi. Ex.: freqüentar, ungüento, tranqüilo,
argüir, cinqüenta, qüiproquó.

Um dos que – Em regra, o verbo que se segue vai para o plural. Ex.:
Fui um dos que conseguiram a nota máxima. O Brasil é um dos países sul-
americanos que integram o Mercosul. O Tietê é um dos rios paulistas que
estão poluídos.
Só se mantém no singular o verbo, quando este se aplica apenas ao ser
de que se fala. Ex.: O Tietê é um dos rios paulistas que atravessa o Estado de
São Paulo (o Tietê é o único que o faz). Santos Dumont foi um dos cientistas
brasileiros que inventou o avião (Santos Dumont foi o único inventor).

Verbos abundantes – Verbo abundante, segundo o Dicionário Auré-


lio, é aquele que tem duas ou mais formas para um ou mais modos, tempos
ou pessoas. Embora o particípio não seja a única forma verbal em que o
fenômeno ocorre, é relativamente a ele que surgem as maiores dificuldades
para falar e escrever corretamente.
1. Verbos com mais de uma forma no particípio (regular e irregular):

Primeira conjugação: aceitar: aceitado / aceito / aceite (pouco usado


no Brasil); entregar: entregado / entregue; enxugar: enxugado / enxuto;
expressar: expressado / expresso; expulsar: expulsado / expulso; fartar: far-
tado / farto; findar: findado / findo; ganhar: ganhado (pouco usado) /
ganho; gastar: gastado (pouco usado)/ gasto; isentar: isentado / isento;
matar: matado / morto; pagar: pagado (pouco usado) / pago; salvar: salva-
do / salvo; soltar: soltado / solto; vagar: vagado / vago.

Segunda conjugação: acender: acendido / aceso; benzer: benzido /


bento; eleger: elegido / eleito; envolver: envolvido / envolto; incorrer: in-
corrido / incurso; morrer: morrido / morto; nascer: nascido / nato / nado
(pouco usado); prender: prendido / preso; romper: rompido / roto (usado
mais como adjetivo); suspender: suspendido / suspenso.

Terceira conjugação: emergir: emergido / emerso; erigir: erigido /


ereto; exprimir: exprimido / expresso; extinguir: extinguido / extinto; fri-
gir: frigido / frito; imergir: imergido / imerso; imprimir: imprimido /
impresso (apenas no sentido de gravar, estampar); incluir: incluído / in-
cluso; inserir: inserido / inserto; omitir: omitido / omisso; submergir: sub-
mergido / submerso; tingir: tingido / tinto.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 151


2. Regras para o uso do particípio:
2.1. Os particípios regulares empregam-se na voz ativa, acompanha-
dos de ter e haver.
2.2. Os particípios irregulares empregam-se na voz passiva, acompa-
nhados de ser e estar.
2.3. As formas irregulares podem ser usadas como adjetivo, combi-
nando com ser, estar, ficar, andar, ir e vir.
3. Verbos que só possuem o particípio irregular:
Dizer: dito; escrever: escrito; fazer: feito; ver: visto; pôr: posto; abrir:
aberto; cobrir: coberto; vir: vindo (também é gerúndio).

Vítima fatal – Fatal não significa que morre, mas sim que produz a
morte, mortífero. Portanto, é incorreta a expressão. Use morto, pessoa que
morreu, vítima que veio a morrer.

Vultoso / vultuoso – Vultoso significa que faz vulto, volumoso, muito


grande, considerável.
Vultuoso significa estar sofrendo de vultuosidade, avermelhamento e
inchaço da face.
O correto, portanto, é vultosa quantia (e não vultuosa quantia)

Zero-quilômetro – Significa novo, que ainda não foi rodado. Termo


empregado originariamente para veículos, passou a ser usado também em
relação a outros substantivos. É palavra invariável, sempre ligada por hífen.
Ex.: De uma só vez, comprou dois carros zero-quilômetro.

152 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


ANEXOS

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 153


154 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás
ANEXO I

BREVES NOÇÕES SOBRE A PRONÚNCIA DO LATIM

Conquanto se trate aqui de um livro sobre redação jurídica, convém


apresentar algumas breves noções acerca da pronúncia latina, retiradas do
livro Introdução à Teoria e Prática do Latim, de Janete Melasso Garcia.
Originariamente, o alfabeto latino apresentava 21 letras: A B C D E
F G H I K L M N O P Q R S T V(u) X. Posteriormente, duas letras gregas,
Y e Z, foram incorporadas em razão do empréstimo de palavras.
Até aproximadamente o séc. XVI, as letras i e u possuíam valor de
consoante e de vogal, dependendo do contexto fônico. Hoje, costumam-se
grafar as palavras latinas com j e v quando i e u apresentam valor
consonântico.
A bráquia (ă) e o macron (ā) , colocados sobre as vogais, são indicativos,
respectivamente, de pronúncia com duração breve e longa.

As gramáticas apontam a existência de três tipos de pronúncia no


latim:

1. a eclesiástica, uma pronúncia italianizada difundida pela Igreja


Católica a partir do Vaticano;

2. a tradicional, pronúncia típica dos acadêmicos de Direito, consis-


tente no simples aportuguesamento dos fonemas latinos;

3. a restaurada, pronúncia usada nos cursos universitários de Latim


Lingüística, resultante de cuidadosos estudos e pesquisas.

Esta última, conquanto pouco conhecida, é dotada de maior valor


Lingüístico, seguindo as seguintes regras:

1º - C, diante de vogais, tem sempre valor de /k/; ex.: Cícero /kikero;

2º - G tem sempre o valor de /g/, sendo pronunciado como na pala-


vra portuguesa gato;

3º - H é sempre levemente aspirado;

4º - J e o V são pronunciados como /i/ e /u/, respectivamente;

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 155


5º - m e n finais não são anasalados, sendo pronunciados como se
fossem seguidos de um e levemente articulado; ex.: bellum(e), flumen(e);

6º - S, entre vogais é pronunciado como –SS-; ex.: rosa /rossa/;

7º - T, em qualquer circunstância, conserva o som de /t/; ex.: iustitia


/iustitia/;

8º - Os grupos consonantais conservam a pronúncia de todos os seus


elementos; ex.: gn /gn/;

9º - X representa dois fonemas, /ks/; ex.: Alexander /Aleksander/;

10º - Z tem o som /dz/; ex.: zona /dzona/;

11º - CH tem o som /k/; ex.: pulcher /pulker/;

12º - Qu tem o valor de /ku/; ex.: qui /kui/;

13º - S, iniciando palavra, é pronunciado como uma simples


assibilação, sem apoio vocálico inicial; ex.: spes /sspes/ em vez de /ispes/;

14º - Os ditongos ae, oe e au são pronunciados, respetivamente, como


/ae/ ou /ai/, /oe/ ou /oi/ e /au/; ex.: Caesar /kaessar/ ou /kaissar/, poena /
poena/ ou /poina/ e aurum /aurum(e)/.

Por fim, vale dizer que em latim não há palavras oxítonas. A acentu-
ação da palavra é comandada pela penúltima sílaba. Quando esta for longa,
a palavra será paroxítona; quando breve, proparoxítona. Ex.: penates é
paroxítona; agricŏla é proparoxítona.

156 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


ANEXO II

TERMOS EM LATIM MAIS UTILIZADOS NO DIREITO53

A contrario sensu - Em sentido contrário


A fortiori - Com maior razão; v. infra: a pari
A non domino - Da parte de quem não é dono, sem titularidade dominial
A pari - Pela mesma razão, com igual razão; v. supra a fortiori
A posteriori - Após exame das conseqüências de um fato, de uma situação, de
uma proposição; v. infra: a priori
A priori - Antes de qualquer exame; v. supra: a posteriori
A quo - De quem, do qual (procedência); Juiz ou tribunal de instância inferior
de onde procede o processo; termo inicial de um prazo; v. infra: ad quem
Ab absurdo - Por absurdo
Ab aeterno - Desde a eternidade, desde sempre
Ab initio - Desde o começo
Ab intestato - Sem testamento (diz-se da sucessão)
Ab origine - Desde a origem
Ab ovo - Desde o início (Lit.: desde o ovo)
Aberratio delicti - Lit.: erro de delito. É a figura capitulada no Código Penal
Brasileiro (art. 74) como “resultado diverso do pretendido”
Aberratio ictus - Lit.: erro de alvo. É o chamado erro na execução (art. 73 do
Código Penal Brasileiro)
Abolitio criminis - Extinção do crime
Accessorium sequitur suum principale - O acessório segue o principal
Accessorium sui principalis naturam sequitur - O acessório segue a natureza
do principal
Ad absurdum - Ao absurdo
Ad arbitrium - Arbitrariamente
Ad argumentandum tantum - Só para argumentar
Ad causam - Para a causa
Ad cautelam - Por cautela
Ad corpus - Como coisa certa e discriminada (Art. 500 do NCC); v. infra: ad
mensuram
Ad hoc - Para isto, para este caso ou finalidade
Ad instar - À semelhança de
Ad iudicia - Para o foro em geral. Diz-se da procuração. Opõe-se a ad negotia
Ad libitum - À vontade
53
Fonte: Ivan Horácio, Dicionário Jurídico Referenciado e Dicionário Jurídico da Academia Brasileira
de Letras Jurídicas.

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 157


Ad mensuram - De acordo com a medida (Art. 500 do NCC); v. supra: ad
corpus
Ad negotia - Para negócios; aplica-se à procuração para atuar
extrajudicialmente. Opõe-se a ad judicia
Ad nutum - À vontade, às ordens; condição para anulação ou revogação de
ato unilateralmente
Ad perpetuam rei memoriam - Lit.: para perpetuar a memória da coisa. Dili-
gências requeridas e promovidas com caráter definitivo, quando haja
receio de que a prova possa desaparecer
Ad probandum tantum - Apenas para provar
Ad probationem - Para a prova
Ad processum - Para o processo
Ad quem - Juiz ou Tribunal de instância superior para onde se encaminha o
processo; termo final da contagem de um prazo; v. supra: a quo
Ad referendum - Para apreciação posterior
Ad usucapionem - A posse que se exerce por usucapião
Ad voluntatem - Segundo a vontade
Aequitas - Eqüidade
Affectio maritalis - Ânimo de marido e mulher
Affectio societatis - Ânimo de constituir sociedade
Alter ego - Lit.: outro eu. A pessoa que merece toda confiança de alguém
Animus - Ânimo, intenção, vontade
Animus abutendi - Intenção de abusar
Animus adjuvandi - Intenção de ajudar
Animus aemulandi - Intenção de imitar
Animus apropriandi - Intenção de apropriar
Animus calumniandi - Intenção de caluniar
Animus confitendi - Intenção de confessar
Animus contrahendi - Intenção de contratar
Animus corrigendi - Intenção de corrigir
Animus decipiendi - Intenção de enganar
Animus defendendi - Intenção de defender
Animus delinquendi - Intenção de delinqüir
Animus dereliquendi - Intenção de abandonar
Animus diffamandi - Intenção de difamar
Animus disponendi - Intenção de dispor
Animus dolandi - Intenção de prejudicar
Animus domini - Consciência de dono, de titular da propriedade
Animus dominii - Intenção de domínio ou posse
Animus donandi - Intenção de doar

158 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Animus falsandi - Intenção de falsear a verdade
Animus falsificandi - Intenção de falsificar
Animus fraudandi - Intenção de fraudar
Animus furandi - Intenção de furtar
Animus infringendi - Intenção de infringir
Animus iniuriandi - Intenção de injuriar
Animus insaeviendi - Intenção de exercitar crueldade ou sevícia
Animus jocandi - Intenção de brincar
Animus laedendi - Intenção de ferir
Animus lucrandi - Intenção de lucrar
Animus manendi - Intenção de permanecer, de fixar residência definitiva
Animus narrandi - Intenção de narrar
Animus necandi - Intenção de matar
Animus nocendi - Intenção de prejudicar
Animus novandi - Intenção de inovar
Animus offendendi - Intenção de ofender
Animus prevaricandi - Intenção de prevaricar
Animus recipiendi - Intenção de receber
Animus renunciandi - Intenção de renunciar
Animus retinendi - Intenção de reter a posse
Animus simulandi - Intenção de simular
Animus solvendi - Intenção de pagar
Animus tenendi - Intenção de conservar ou manter
Animus violandi - Intenção de violar
Apud - Junto de
Apud acta - Junto aos autos. Diz-se da procuração
Auctori incumbit probatio - Ao autor (da alegação) incumbe o ônus da prova
Bis in idem - Incidência duas vezes sobre a mesma coisa. Diz-se da bitributação
Capitis deminutio ou diminutio - Diminuição da capacidade
Caput - Cabeça; personalidade; em técnica legislativa, significa a parte geral
de um dispositivo ou artigo
Causa debendi - Causa da dívida
Causa mortis - Causa da morte
Causa petendi - Causa de pedir
Citra petita - Aquém do pedido
Communis opinio - Opinião comum
Concessa venia - Com o devido consentimento
Consilium fraudis - Plano, intenção de fraude
Contra legem - Contra a lei
Contradictio in adiecto - Contradição na afirmação

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 159


Contradictio in terminis - Contradição nos termos
Corpus delicti - Corpo do delito
Corpus iuris civilis - Corpo do Direito Civil. Codificação do direito romano
elaborada durante o reinado do Imperador Justiniano (Institutas,
Pandectas, Código e Novelas)
Da mihi factum et dabo tibi jus - dá-me o fato e te darei o direito; v. infra:
Jura novit Curia
Damnum emergens - Dano emergente
Damnum infectum - Dano temido
Data permissa - Com a devida permissão
Data venia - Com o devido respeito, com licença
De cujus - Morto, falecido (ille de cujus successione agitur - aquele de cuja
sucessão se está tratando)
De facto - De fato
De iure - De direito
De iure condendo ou constituendo - Do direito a ser constituído. Opõe-se a de
iure condito ou a de iure constituto
De lege ferenda - Segundo a lei a ser criada. Opõe-se a de lege lata
De lege lata - Segundo a lei criada
De meritis - Do mérito
Debitum conjugale - Débito conjugal
Decisum - Decisório
Delirium tremens - Delírio de alcoólatra
Desideratum
Dies a quo - Ponto de partida na contagem de um prazo certo
Dies ad quem - Último dia na contagem de um prazo certo
Dies interpellat pro homine - O dia interpela pelo homem (interpelação ju-
dicial)
Dolus bonus - Dolo bom
Dolus malus - Dolo mau
Dolus res ipsa - Dolo presumido
Dominus - Dono, senhor, proprietário
Dominus litis - Senhor da lide
Erga omnes - Contra todos
Error facti - Erro de fato
Error in eligendo - Erro na escolha
Error in iudicando - Erro no julgamento
Error in objecto - Erro sobre o objeto
Error in persona - Erro sobre a pessoa
Error in procedendo - Erro no procedimento

160 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


Error in vigilando - Erro na vigilância (falta de vigilância)
Et alii - E outros
Eventus damni - Evento do dano
Ex iure - Conforme o direito
Ex abrupto - De súbito
Ex abundantia - Com abundância
Ex adverso - Do lado contrário
Ex ante - De antemão
Ex auctoritate propria - Por própria autoridade
Ex bona fide - De boa-fé
Ex cathedra - Do alto da cátedra, exprimir-se com autoridade
Ex causa - Em decorrência da causa. Diz-se das custas na justiça gratuita
Ex delicto - Diz-se do dano causado por ilícito penal com repercussão na
área cível
Ex empto - Que é decorrente de compra. Actio ex empto: ação do comprador
para exigir a entrega de coisa vendida.
Ex nunc - A partir de agora, que não retroage. Oposto a ex tunc, v. infra
Ex officio - De ofício
Ex positis - Do exposto
Ex post facto - Depois de fato
Ex professo - Claramente; abertamente; cabalmente; com verdadeiro conhe-
cimento de causa
Ex tunc - Que retroage, a partir de então. Oposto a ex nunc, v. supra
Ex vi - Por força de
Ex vi legis - Por efeito da lei
Exceptio - Exceção
Exceptio non adimpleti contractus - Exceção de contrato não cumprido
Exceptio veritatis - Exceção de verdade
Exempli gratia - Por exemplo
Exequatur - Execute-se, cumpra-se. Autorização para executar
Expressis verbis - De maneira expressa
Extrema ratio - Extrema razão
Facta praeterita - Fatos passados
Facti species - Figura jurídica, características de um instituto jurídico; a es-
trita definição legal
Factum principis - Fato do príncipe
Facultas agendi - Faculdade de agir
Fumus boni iuris - Fumaça do bom direito
Furtum improprium - Furto impróprio
Furtum proprium - Furto próprio

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 161


Gratia argumentandi - Apenas para argumentar
Habeas corpus - que tenhas o corpo (direito do acusado de aguardar o julga-
mento em liberdade)
Habeas data- Conheças, ou tenhas os dados. Garantia destinada a assegurar
o conhecimento e a retificação de informações relativas à pessoa do
postulante, mantidas em registros de natureza pública.
Hic et nunc - Aqui e agora
Homo medius - Homem comum
Honeste vivere - Viver honestamente
Honoris causa - Para honra, título honorífico
Ibidem - No mesmo lugar
Id est - Isto é
Idem - O mesmo ou a mesma coisa
Impotentia coeundi - Impotência para copular
Impotentia concipiendi - Impotência para conceber
Impotentia generandi - Impotência para fecundar
Imprimatur - Imprima-se
Improbus administrator - Administrador desonesto
In abstracto - Em abstrato (diz-se da culpa levíssima)
In actu - No ato
In albis - Em branco
In articulo mortis - No momento da morte
In casu - No caso
In commitendo - Em cometer (diz-se da culpa)
In concreto - Em concreto (diz-se da culpa objetiva)
In custodiendo - Em guardar (diz-se da culpa)
In dubio pro libertate - Em dúvida (deve-se decidir) pela liberdade
In dubio pro reo - Em dúvida (deve-se decidir) a favor do réu
In eligendo - Em escolher (diz-se da culpa)
In extenso - Na íntegra
In extremis - Nos últimos momentos (da vida)
In faciendo - Diz-se da culpa decorrente de uma ação
In fine - No fim
Infra - Abaixo
In initio litis - No início da lide
In limine - No começo, liminarmente
In limine litis - No começo da lide
In litem - Para a lide
In loco - No próprio local
In memoriam - Em memória
In natura - Ao natural, de acordo com a natureza

162 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


In omittendo - Em omitir (diz-se da culpa)
In rem propriam - No interesse próprio
In rerum natura - Na natureza das coisas
In specie - Em espécie
In terminis - No término
In thesi - Em tese
In totum - No todo, na totalidade
In verbis - Textualmente
In vigilando - Em vigiar (diz-se da culpa)
Inaudita altera parte - Lit.: sem ouvir a outra parte. Diz-se das medidas liminares que
podem ser concedidas pelo juiz sem audiência prévia da parte demandada
Informatio delicti - Informação do delito
Inter alios - Feita entre outros
Inter partes - Entre partes
Inter vivos - Entre vivos (diz-se da doação ou sucessão)
Intercessio - Oposição
Interdictum - Decisão provisória
Interlocutio - Decisão interlocutória
Interna corporis - Coisas ou assuntos de âmbito interno
Interpretatio cessat in claris - A interpretação cessa quando a lei é clara
Intra muros - Dentro dos limites (dos muros)
Intuitu personae - Em consideração à pessoa
Ipsis litteris ou verbis - Literalmente
Ipso facto - Pelo mesmo fato
Ipso iure - Pelo mesmo direito
Iter criminis - Itinerário do crime
Iura in re aliena - Direitos sobre coisa alheia
Iura novit curia - O Tribunal (a Cúria) conhece o direito; v. supra: Da mihi
factum et dabo tibi jus
Iure et de iure - De direito e por direito (diz-se da presunção absoluta, que
não admite prova em contrário)
Juris tantum - Presunção relativa (somente de direito)
Jus - Direito
Jus ad rem - Direito sobre a coisa
Jus agendi - Direito de agir
Jus ambulandi - Direito de locomoção
Jus applicationis - Direito de aplicação
Jus civile - Direito civil (No direito romano é o direito mais antigo, conser-
vador, estrito e formalista)
Jus commune - Direito comum;
Jus fruendi - Direito de gozar

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 163


Jus imperii - Direito de império
Jus persequendi - Direito de perseguir
Jus possessionis - Direito de posse
Jus possidendi - Direito de possuir
Jus postulandi - Direito de postular
Jus puniendi - Direito de punir
Jus sanguinis - Direito de sangue. Oposto a jus soli, v. infra
Jus scriptum - Direito escrito
Jus soli - Direito do solo. Oposto a sanguinis, v. supra
Jus sufragii - Direito de sufrágio
Jus utendi - Direito de usar
Lapsus calami - Lapso no escrever
Lapsus linguae - Lapso no falar
Lato sensu - Em sentido lato ou amplo; v. infra: sensu lato
Legem habemus - Temos lei
Legitimatio ad causam - Legitimação para a causa (titularidade da ação)
Lex - Lei
Lex domicilii - Lei do domicílio
Lex fori - Lei do foro
Lex fundamentalis - Lei fundamental
Lex loci - Lei do lugar
Lex mitior - Lei mais benigna
Lex posterior derogat priori - A lei posterior derroga a anterior
Loco citato - No lugar citado
Locus regit actum - A lei do lugar que rege o ato
Mandamus
Mandatum - Mandado
Manu militari - Lit.: Com mão militar; execução de ato ou obrigação com
uso da força
Mens legis - Espírito da lei
Mens legislatioris - Vontade do legislador
Meritum causae - Mérito da causa
Modus adquirendi - Modo de adquirir
Modus faciendi - Modo de fazer
Modus vivendi - Modo de viver
Mora accipiendi - Mora em receber (mora do credor)
Mora debitoris - Mora do devedor; v. infra: mora solvendi
Mora ex persona - Mora fixada por interpelação judicial
Mora ex re - Mora por inadimplemento da obrigação na data do vencimento
Mora solvendi - Mora em pagar (mora do devedor); v. supra: mora debitoris
More uxorio - À maneira de casamento, coabitação sem casamento,

164 Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás


concubinato
Mores - Costumes, usos
Mortis causa - Por causa da morte (diz-se da doação ou da sucessão)
Motu proprio - Por iniciativa própria
Mutatis mutandis - Feitas as modificações necessárias
Negotium iuris - Negócio jurídico
Nemo iudex sine lege - Não há juiz sem lei
Nihil obstat - Nada obsta
Nomen iuris - Denominação legal
Ne bis in idem - Não se repita inutilmente
Non dominus - Não dono
Non liquet - Não está esclarecido
Non plus ultra - Lit.: não mais além; que não pode ser ultrapassado; excelente
Norma agendi - Norma de agir
Notitia criminis - Notícia do crime
Novatio legis - Novação da lei
Nulla poena sine lege - Não há pena sem lei
Nullum crimen sine lege - Não há crime sem lei
Numerus clausus - Número fechado
Obligatio faciendi - Obrigação de fazer
Onus probandi - Ônus de provar
Ope contractus - Por força do contrato
Ope iuris - Por força do direito
Ope legis - Por força da lei
Ope sententia - Por força da sentença
Opinio iuris doctorum - Opinião jurídica dos juristas
Opportuno tempore - Em tempo oportuno
Pacta sunt servanda - Os contratos devem ser cumpridos
Pactum sceleris - Pacto criminoso
Pari passu - Ao mesmo tempo
Passim - Aqui e ali; a cada passo
Pater familias - Pai de família
Patria potestas - Pátrio poder
Per capita - Por cabeça
Permissa venia - Com a devida venia
Persecutio criminis - Persecução do crime
Persona - Pessoa
Persona grata - Pessoa grata
Persona non grata - Pessoa não grata
Post factum - Depois do fato
Post mortem - Depois da morte

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 165


Potestas - Poder
Praescriptio - Prescrição
Praeter legem - Além da lei
Pretium doloris - Preço da dor
Prima facie - À primeira vista
Primus inter pares - Primeiro entre iguais
Prius - Inicialmente
Pro diviso - Considerado como divisível (condomínio)
Pro forma - Por mera formalidade
Pro indiviso - Considerado como indivisível (condomínio)
Pro labore - Pelo trabalho
Pro rata - Em proporção (diz-se das custas)
Pro soluto - Considerado como pago
Pro solvendo - (quantia) que deve ser paga
Pro tempore - Temporariamente
Pro veritate - Pela verdade
Propter rem - Obrigação real
Punctum saliens - Ponto principal
Quaestio facti - Questão de fato
Quaestio iuris - Questão de direito
Quanti minoris - Actio quanti minoris: ação estimatória, ação para obter aba-
timento do preço (retribuição parcial)
Quantum - Quantia
Quantum debeatur - Quantia devida
Quantum satis - o suficiente
Quid iuris? - Qual o direito?
Quid pro quo - Confusão
Quorum
Quota litis - Cota-parte
Ratio agendi - Razão de agir
Ratio essendi - Razão de ser
Ratio iuris - Razão de direito
Ratio legis - Razão da lei
Ratione contractus - Em razão do contrato
Ratione loci - Em razão do lugar
Ratione materiae - Em razão da matéria
Ratione personae - Em razão da pessoa
Ratione temporis- Em razão do tempo (prazo)
Ratione valori - Em razão do valor
Ratione auctoritatis - Em razão da autoridade
Rebus sic stantibus - Lit.: estando assim as coisas. Trata-se de cláusula histo-

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ricamente utilizada nos contratos de execução diferida no futuro, que
possibilitava a revisão dos contratos pelo juiz (teoria da imprevisão)
Rectius - Mais corretamente
Referendum - Referendo (plebiscito)
Reformatio in melius - Reforma para melhor (sentença)
Reformatio in pejus - Reforma para pior (sentença)
Remedium iuris - Remédio de direito
Res - Coisa(s), Bem (bens)
Res aliena - Coisa alheia
Res communis - Coisa comum
Res furtiva - Coisa furtada
Res inter alios acta - Assunto que diz respeito a terceiros, que não vem ao
caso: res inter alios acta nec prodest, nec nocet
Res ipsa - A própria coisa
Res iudicata - Coisa julgada
Res nullius - Coisa de ninguém
Res perit domino - A coisa perece por conta do dono
Res petita - Coisa pedida
Restitutio in integrum - Restituição por inteiro
Retro - Que já foi mencionado
Sanctio iuris - Sanção jurídica
Secundum ius - Segundo o direito
Secundum legem - Segundo a lei
Sensu lato - Em sentido amplo, lato; v. supra: lato sensu
Sic - Assim
Sic et simpliciter - Pura e simplesmente
Sine die - Sem data
Sine iure - Sem direito
Societas sceleris - Associação para o crime
Sponte propria - Por vontade própria
Sponte sua - Por sua própria vontade
Statu quo - No estado em que se encontra
Status - Estado
Status civitatis - Estado de cidadania
Status familiae - Estado de família
Status libertatis - Estado de liberdade
Stricto iure - De direito estrito
Stricto sensu - Em sentido estrito
Sub censura - Sob censura ou crítica
Sub conditione - Sob condição
Sub examine - Sob exame

Manual de Redação do Ministério Público do Estado de Goiás 167


Sub judice - Sob julgamento
Sui generis - Especial
Supra - acima
Suum cuique tribuere - Dar a cada um o que é seu
Tabula rasa - Tábua rasa
Tempus regit actum - O tempo rege o ato
Tertium genus - Nova classificação (terceiro gênero, lit.)
Testis unus testis nullus - Uma só testemunha é o mesmo que nenhuma
Thema probandum - Tema a se provar
Tollitur quaestio - Afasta-se a questão, fim da questão
Tradens - Aquele que entrega uma coisa ou uma prestação a outrem. Opõe-
se a accipiens
Turpis causa - Causa torpe
Ubi societas, ibi ius - Onde há sociedade, aí há direito
Ultima ratio - Última razão
Ultra - Além
Ultra partes - Além das partes
Ultra petita - Além do pedido
Urbi et orbi - À cidade e ao mundo (a Roma e ao mundo)
Ut infra - Como abaixo
Ut supra - Como citado acima
Vacatio legis - Vacância da lei (tempo que medeia entre a publicação da lei e
sua entrada em vigor).
Vanum argumentum - Argumento vazio
Venia permissa - Permissão concedida, com licença
Venia concessa
Verbi gratia (v.g.) - Por exemplo
Veredictum - Veredito
Versus - Contra
Vexata quaestio - Questão agitada, longa discussão
Vis absoluta - Violência absoluta
Vis atractiva - Força atrativa
Vis compulsiva - Coação moral
Vis corporalis - Violência física
Vis maior - Força maior
Vocatio in ius - Chamamento a juízo

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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2006, 9ª edição.
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de Janeiro, Nova Fronteira, 2ª edição, 17ª impressão.
- Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo dicionário Aurélio, Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
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- Cândido Jucá (Filho), Dicionário das Dificuldades da Língua Portuguesa, Livraria Garnier, Belo
Horizonte, 2001, 6ª edição.
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