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Tipos de trama: arquitrama, minitrama, antitrama

O que é Arquitrama, Minitrama e Antitrama? São definições que Robert McKee usou em
seu livro "Story" para diferenciar os diversos tipos de tramas. Principalmente para diferenciar o
"clássico" do "não-clássico".

A Arquitrama se baseia no "design clássico", que segundo ele é: uma história construída ao
redor de um protagonista ativo, que luta contra forças do antagonismo fundamentalmente externas
para perseguir o seu desejo, em tempo contínuo, dentro de uma realidade ficcional consistente e
causalmente conectada, levando-o a um final fechado com mudanças absolutas e irreversíveis.

"Arqui" tem o sentido de "eminente sobre os outros do mesmo tipo".

A Minitrama não significa sem trama. Significa que o escritor começa com os mesmos
elementos do "design clássico", mas em seguida os reduz, encolhendo ou comprimindo, adaptando
ou mutilando os aspectos proeminentes da Arquitrama.
Já Antitrama é a contrapartida do cinema para o Anti-Romance ou o Novo Romance e o
Teatro do Absurdo. Não há uma redução do clássico e sim uma inversão, contradizendo as formas
tradicionais para explorar, talvez ridicularizar, a idéia dos princípios formais. O criador de
Antitramas raramente está interessado em suavizar sua visão, ou em uma austeridade quieta;
geralmente, para deixar claro suas ambições "revolucionárias", o filme tende para a extravagância e
o exagero autoconsciente.

Alguns elementos que vão variar de acordo com o tipo de trama. 

Final aberto x Final Fechado

Causalidade x Coincidência

Protagonista único x Protagonistas Múltiplos

Protagonista ativo x Protagonista passivo

Tempo Linear x Tempo Não-Linear

Realidades Consistentes x Realidades Inconsistentes

Final fechado, causalidade, protagonista único e ativo, tempo linear e realidades consistentes
tendem a aparecer mais em arquitramas. Final aberto, protagonistas múltiplos ou passivos e conflito
interno tendem a aparecer mais em minitramas. E coincidências, tempo não-linear e realidades
inconsistentes tendem a aparecer mais em Antitramas.

Alguns exemplos que McKee dá:

ARQUITRAMA
"Cidadão Kane", "Os Sete Samurais", "O Poderoso Chefão II", "O Sétimo Selo", "2001:
Uma Odisséia no Espaço".
MINITRAMA
"A Paixão de Joana D´Arc", "Deserto Vermelho", "O Joelho de Claire", "Morangos
Silvestres", "Paris, Texas".

ANTITRAMA
"O Ano Passado em Marienbad", "Quando Duas Mulheres Pecam", "Weekend à Francesa",
"Monty Python e o Cálice Sagrado", "Esse Obscuro Objeto de Desejo".

Fonte: http://sobreroteiroseroteiristas.blogspot.com.br/2014/07/arquitrama-minitrama-e-
antitrama.html

Robert McKee, Story (2002) “O Espectro da Estrutura”

McKee faz uma interessante sugestão de uma tipologia de estruturas narrativas. Segundo ele
seria possível distribuir as narrativas fílmicas (e literárias, por certo) em três modelos, que ele
denomina de  arquitrama, minitrama e  antitrama. Elas compõem o que chama de um  “triângulo
de possibilidades formais que mapeiam o universo da estória.” Quando um escritor decide contar
uma história, queira ou não, vai se situar em algum ponto deste triângulo.

Imagine um triângulo equilátero: a arquitrama fica situada no topo do triângulo; uma


arquitrama encarna os princípios do design clássico no cinema: Para citar as palavras dele. O
“Design Clássico quer dizer uma estória construída ao redor de um protagonista ativo, que luta
contra forças do antagonismo fundamentalmente externas para perseguir o seu desejo, em tempo
contínuo, dentro de uma realidade ficcional consistente e causalmente conectada, levando-a a um
final fechado com mudanças absolutas e irreversíveis.” Nas arquitramas, predomina o final fechado
e claro, o tempo é linear, os conflitos vem de fora dos personagens, o protagonista é apenas um e é
ativo, e a realidade tem uma consistência plausível ao espectador.

No canto inferior esquerdo do triângulo fica a minitrama; aqui situam-se os roteiros e


histórias minimalistas, aqueles que iniciam com os mesmos elementos do design clássico, mas que
em seguida reduzem esses elementos, introduzindo valores de  simplicidade,  economia; nas
minitramas os finais são abertos, os conflitos dos personagens surgem de dentro dos mesmos,
existem muitos protagonistas e as coisas acontecem sem que eles possam interferir muito. Woody
Allen flerta com essas estruturas todo o tempo.

No canto inferior direito do triângulo está a antitrama, aquelas histórias que o espectador
diz, com certa razão, que parecem não ter nem pé nem cabeça. Veja o filme do comedor de picanha
crua, Alain Robbe-Gillet, “O ano passado em Marienbad”. Ou ainda Ulysses, de James Joyce. Ou
ainda as peças de teatro de Ionesco. As antitramas não estão nem aí para os princípios tradicionais.
Nas antitramas as coisas acontecem simultaneamente, o tempo pode ser o da consciência de cada
um e a realidade é mais ou menos como a sentimos, isto é, por vezes, inconsistente…

Fonte: https://didaticadafilosofia.wordpress.com/2010/11/26/a-filosofia-como-narrativa-1/

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